formação da consciência

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Formação da consciência em Bernhard Häring e suas contribuições para a Vida Religiosa

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Formação da consciência em Bernhard Häring e suas contribuições para a Vida

Religiosa

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-O primeiro capítulo mostra um pequeno recorte histórico da consciência moral cristã. -No capítulo segundo, são descritas as contribuições do pensamento de Bernard Häring acerca do tema da consciência moral cristã.-Por fim, no terceiro capítulo é desenvolvida a questão sobre quais os meios para a formação da consciência, acreditando ser um meio valioso para despertar nos religiosos valores que foram sufocados pelo mundo atual.

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-Em um mundo pluralista, onde tudo é relativo, em que se pensa que todos devem acompanhar a evolução tecnológica entre outros aspectos, será que a formação da consciência está sendo levada a sério ou não se pensa tanto neste assunto?-O presente trabalho tem o objetivo de mostrar a importância da formação da consciência como meio de se viver coerentemente e ser feliz, particularmente na vida consagrada.

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A CONSCIÊNCIA MORAL NO ANTIGO TESTAMENTO E NO NOVO TESTAMENTO

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É o coração o símbolo da interioridade do homem, em que a Palavra de Deus vai chegar como juízo, pedindo um coração contrito, convertido, novo, mostrando assim que o coração é a fonte de toda decisão religiosa e, também, da avaliação moral. A figura do coração no Antigo Testamento vai se revelar como o testemunho dos atos humanos, sendo o lugar onde é interiorizada a lei de Deus e aparece como a fonte da lei moral.

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EvangelhosEncontramos muitos exemplos, podemos citar,a passagem do

Sermão da Montanha, que exige do agir moral a decisão interior que ultrapassa a fidelização a alguns preceitos. A insistência de focalizar no coração o centro da vida moral

parte do Mestre Jesus, ele que se revela a todos como “manso e humilde de coração”.

Mt 5,1-10; Mt 11,28-30.

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A mensagem de Jesus, portanto, mostra claramente que o juízo sobre o que é bom e não bom vem do interior, onde é organizado

na profundidade pessoal de que descende, o coração. Mas essa fonte interior pode contaminar-se, deixar-se corromper, uma vez

que o coração também vive os opostos, “[...] confere o valor ético à ação e, ao mesmo tempo, pode tornar-se cúmplice da iniquidade

[...]” . Aqui já se pode notar o grande empenho que o ser humano deve

fazer para converter o coração segundo a vontade de Deus.

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Escritos PaulinosAntes de São Paulo, o termo consciência não era dito ou utilizado. Foi com ele que essa palavra se torna normal no vocábulo cristão. O apóstolo dos gentios, em suas cartas, escreve de maneira original sobre o homem “novo” que é o mesmo que dizer “ser um homem em Jesus”, no qual aprecia a criatura de maneira dependente de Deus. Tudo isso se revelará através da fé, e Paulo, para fundamentar tudo isso, indica os tipos de consciência para tal vivência: boa consciência, uma consciência pura etc.

2Cor 1,12; 1Tm1,5; 1Pd3,16; Hb13,18.1Tm 3,9; 2Tm1,3.

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O DESENVOLVIMENTO DA CONSCIÊNCIA NA HISTÓRIA DA COMUNIDADE CRISTÃ

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Na escolástica

Nessa teologia, o enfoque é dado mais para o termo consciência, como avaliação aos comportamentos individuais,

para uma tomada de consciência, como orientação do próprio existir cristão.

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Período Pós-tridentinoO ponto inicial foi dado pelo dominicano Bartolomeu de Medina, o

qual, em 1557, expôs o princípio do probabiliorismo e teve relevante sucesso entre os teólogos, que aperfeiçoaram e

aplicaram em muitos casos discutidos. O princípio do probabiliorismo era composto por regras que permitiam tirar dúvidas de casos e davam soluções para os

mesmos. Esses casos eram apresentados por aquilo que era mais provável, não sendo necessária certeza de dados.

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Ainda nesse período, teve início uma moral excessivamente rígida, que se fundamentava no que era mais seguro, tendo

por regra a obrigatoriedade, mas, no final, via-se que essa também era legalista e fixada somente no exterior.

Percebia-se que a lei era o centro da moral, como algo que não se podia violar, um valor supremo. A grande tragédia de

tudo isso foi essa concepção legalista que impregnou muito a moral e se manteve por muito tempo em vigor.

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Foi com Santo Afonso que a consciência ganhou uma linha de pensamento. Isso não quer dizer que surgiu um

sistema novo, mas foi a reflexão moral cristã que ganhou força tendo por base os valores. Ele se destacou no que

diz respeito à moral cristã, pois viveu num período em que as

incoerências eram tamanhas e as leis mais levavam a pecar

do que trilhar o caminho de Deus.

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A CONSCIÊNCIA MORAL NA ATUALIDADE

Várias são as encíclicas que enfocam o tema da consciência. Na Constituição Gaudium et Spes, por exemplo, o Concílio apresenta a

consciência como o núcleo secreto, o sacrário do ser humano, em que ele pode ficar sozinho com Deus, no qual Ele fala no mais íntimo de seu

coração.

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2. BERNHARD HÄRING - MODERNIDADE NA COMPREENSÃO DA CONCIÊNCIA MORAL

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Bernhard Häring nasceu no dia 10 de novembro de 1912, no sudoeste da Alemanha.

Em 1933 ele entrou para o noviciado redentorista, tornando-se sacerdote em 1939.

Quando terminou a guerra ele foi designado para concluir os seus estudos (doutorado) na universidade de Tubinga e, a partir daí, dedicou-se a dar aulas de teologia moral, particularmente

na universidade Alfonsiana de Roma.

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Foi no ano de 1954 que ele publicou a sua primeira e grande obra “A Lei de Cristo”, com grande repercussão na história dos manuais de teologia moral. Nessa obra, oferece-se uma síntese daquilo que foi sendo construído no período pós- concílio. A função da “Lei de Cristo”, no momento de sua publicação, foi ser ponte da Moral Casuística para a Moral Renovada. A partir de então nasceu: “Livres e Fiéis em Cristo”, cujo objetivo é recolher o que tem de mais valioso na reflexão moral e oferecer aos cristãos.

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Para ele é necessário ler os evangelhos segundo aquilo que a vida apresenta, pois a vida cristã, com todas as suas facetas, deve ser confrontada com a vida de Jesus Cristo.Algo que se pode destacar no pensamento de Häring em comparação com ode outros autores, é que para ele a moral não tem como elemento principal o pecado, o erro etc., mas a virtude, pois como bem se sabe o próprio Jesus pediu para a pessoa no seu caminho se esforçar para: “Sede perfeitos como o vosso Pai é perfeito”. Para um desenvolvimento sadio da moral, então Häring indica um caminho, pautado na vida e no exemplo de Cristo. (Mt 5,48.)

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A CONSCIÊNCIA MORAL E BERNHARD HÄRING: UM RESGATE HISTÓRICO

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Pode-se dizer também que a consciência seria o receptor da graça do Criador na vida do ser humano.Segundo Häring, “[...] pela consciência, cada um (mesmo pagão) é capaz de ouvir o apelo de Deus e é, por isso, responsável perante Ele, pelo ‘não’, que constitui o pecado” .A fé deve ser um grande motor e iluminador da consciência, pois para um cristão agir segundo a fé ou guiado pela consciência é a mesma coisa, pois ambas agem em íntima comunhão. Nesse sentido: “[...] a fé aclara a consciência moral e a ‘boa consciência’ protege a fé”.

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CONSCIÊNCIA MORAL E BUSCA DE SENTIDO DA PESSOA

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A pessoa, que nutre a cada dia a sua consciência baseada em valores, desfrutará dos frutos dela recebidos com grande

alegria, pois sabe que dentro de si se encontra o sumo bem e que merece, por parte dela, um amor incondicional. Mesmo a

consciência centrando-se no Eu, só terá sentido enquanto enraizada em valores sólidos.

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FORMAÇÃO DA CONSCIÊNCIA: UMA DIFICULDADE PARA A MORAL

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Se a voz da consciência que clama no interior humano não é atendida e por vezes é privada a sua ação, a

própria consciência se enfraquece e, aos poucos, atrofia-se. Por isso, diante resposta, é de extrema importância o

papel e a ação da vontade, sendo que o intelecto necessita ser estimulado pela vontade.

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OS TIPOS DE CONSCIÊNCIAA consciência perplexa - A consciência perplexa é aquela que não consegue ver meio algum para que o pecado seja evitado. É uma consciência errônea, pois não consegue discernir;A consciência laxa-A consciência laxa é o tipo que vive na tibieza no que se refere ao serviço a Deus. A mesma não dá a mínima importância às exigências morais e minimiza as mesmas. Consciência escrupulosa- A consciência escrupulosa é aquela que vive atormentada por medo de pecar.

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O JUÍZO PRATICADO PELA CONSCIÊNCIA

Bernhard Häring se preocupa com o ser humano como um todo e afirma que é necessário tornar a árvore boa para que a mesma dê bons frutos e por isso, é importante fazer um juízo

maduro.

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UMA CONSCIÊNCIA CRISTÃA consciência cristã é selada mediante o encontro com Cristo e com a alegria de ser uma nova criatura em Jesus. Uma consciência cristã tem duas marcas indeléveis que são a liberdade e a fidelidade que só podem provir de Jesus Cristo.O cristão já não vive aprisionado à lei, mas está na condição da graça. Fazer uma inversão da lei para a graça seria o mesmo que uma mudança das leis que proíbem tudo para orientações que Jesus dá nos evangelhos e que é apresentada também nas epístolas paulinas.

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A MORAL E A FORMAÇÃO DA CONSCIÊNCIA DOS RELIGIOSOS

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ANTES DO CONCÍLIO VATICANO IIO rosto da Vida Religiosa expressava muitas normas a serem cumpridas,

marcadas com um espírito de minimalismo, legalismo,... que, de certa maneira, perdura até os dias

atuais. O grande desafio enfrentado, na

vida consagrada naquele período, não era a vivência coerente dos

votos, mas manter-se fiel às práticas que eram prescritas nas

Constituições.

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Percebe-se, então, que em uma determinada época sempre houve muita força de vontade e disciplina na vida religiosa,

sendo consideradas, inclusive, os dois pilares que a sustentavam. A vida dos membros era permeada pela oração, a vida de sacrifício, os momentos de estudo das constituições e o

trabalho.

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PÓS-CONCÍLIO VATICANO IICom o Concílio Vaticano II, a Igreja quer mostrar à humanidade

inteira as grandes maravilhas que Deus, ao longo da história, realizou e continua a realizar também através da vida consagrada

nas suas diversas formas de viver o Evangelho.Perfecta Caritatis- A Igreja com essa renovação convidou os

religiosos a “[...] tomarem parte ativa em sua vida e lhes pede que se preparem com cuidado para o apostolado [...], pois toda vida religiosa deve ser impregnada de um espírito religioso ardente,

inflamado pelo amor de Deus.

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A Vida Religiosa, segundo o capítulo VI da Lumen Gentium, é um Dom de Deus, sendo que seu fundamento está em Jesus Cristo.

Sua tarefa na Igreja é ser um canal de libertação para o povo, um sinal de vida futura, que já se inicia neste mundo.

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A renovação na Vida religiosa Pós-Concílio Vaticano II veio desacomodar certas estruturas religiosas que estavam

envelhecendo através dos tempos e, também, lançou grandes perspectivas de mudanças, acompanhando as transformações da

época.

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A CONSCIÊNCIA BEM FORMADA NA VIDA RELIGIOSA

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[...] À Vida Consagrada está confiada a missão de indicar o Filho de Deus feito homem como a meta escatológica para onde tudo tende, o esplendor perante o qual qualquer outra luz

empalidece, a beleza infinita, a única que pode saciar totalmente o coração do homem.

JOÃO PAULO II. Exortação Apostólica pós-sinodal Vita Consecrata. São Paulo: Ed. Loyola, 1996. p. 34.

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Dessa maneira, não se pode negar o grande empenho e a preocupação que as congregações religiosas fazem para ajudar

a formar seus membros, não somente para a missão, mas principalmente para a formação pessoal, de seus objetivos, convicções e conduta. É necessário, porém, lembrar que a

formação não é o mesmo que doutrinar, pois a doutrina coloca limites na ação do individuo, cujo caminho a trilhar já se

encontra delimitado por normas.

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O religioso deve ter uma formação adequada para bem discernir e fazer opção de valores em sua vida, devendo estar atento às suas intenções. Quando se diz “o religioso necessita uma séria formação de consciência”, é o mesmo que levá-lo a questionar-se sobre como se pode agradar a Deus por tudo aquilo que Ele

lhe concede diariamente, sendo que esses questionamentos devem ajudá-lo a não cair no conformismo.

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É através da lealdade e da fidelidade do consagrado à sua consciência, portanto, que ele encontrará a verdade e as soluções justas para os próprios problemas e os da sociedade. A ignorância não pode desencaminhar a consciência, nem fazer com que a mesma perca a sua dignidade.A grande amiga da consciência cristã é a fé, pois tem poder de “despertar e aprofundar a nossa consciência”, não como uma fé abstrata, mas uma fé orante, adoradora, uma fé que confia plenamente em Deus.

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Não se tem outra forma de entender a Lei de Cristo a não ser por meio do amor pelo outro, como Ele mesmo fez. Não se

pode entender a lei como aquela gravada em pedra, mas uma lei palpável, que se expressa através dos conselhos

evangélicos, das bem-aventuranças, normas essas que transbordam alegria, transmitem o amor e a sabedoria de

Deus, revelada por Jesus Cristo.