fotografia vol.2
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Na noite de 3 de dezembro de 2009, em Balnerio Cambori (SC), foi lan-
ada a primeira edio da Foto Graa - Revista Acadmica de Fotograa,
destacando os projetos dos alunos da primeira turma de ps-graduao em
fotograa da UNIVALI. Depois de 3 meses, aps um signicativo aprimoramento
grco e editorial, publicada a segunda edio, fomentando e apoiando cada vez
mais a produo intelectual universitria. Conseguimos, com a Foto Graa, abrir es-
pao para divulgar e incitar t rabalhos de dois grupos que por vezes, infelizmente, no
recebem seu devido mrito: fotgrafos e universitrios.
As pginas dessa edio contemplam diversos e admirveis projetos fotogrcos
elaborados por acadmicos de vrios locais do Brasil. Temos aqui uma mistura sur-preendente de tcnicas, ngulos, paisagens, modelos e temas; tudo isso feito no s
por prossionais, mas tambm por amadores e amantes da arte que fotografar.
Inegavelmente, sabe-se que to importante quanto a produo prtica, a produo
terica. Ela, a teoria, nos revela e explana valiosas informaes que so indispen-
sveis para o crescimento intelectual pessoal, gerando resultados cada vez mais con -
ceituados e elaborados. Incentivar a produo textual cientca, nesse caso, na rea
fotogrca, , para ns, e acreditamos que para todos, algo recompensador. Por isso,
disponibilizamos uma seo destinada unicamente produo textual acadmica,
onde todos podero desfrutar a leitura de artigos plausveis que com certeza abriro
ainda mais o leque do conhecimento de cada leitor.Temos conscincia que criamos e estamos rmando um espao alternativo para pub -
licao de trabalhos acadmicos na rea da fotograa, agora evidenciado por uma
diagramao mais atualizada, juntamente com colunas e entrevistas informativas e
instigantes, resultando em um projeto editorial que estimula cada vez mais a leitura
do conhecimento produzido dentro das universidades.
Para nalizar, fundamental destacar a importncia que a UNIVALI - Universidade
do Vale do Itaja - d s aes de socializao do conhecimento, apoiando iniciativas
como esta. O esprito de coletividade da instituio faz-se presente, pois a UNIVALI
tornou possvel a criao de um espao alternativo para a publicao e divulgao de
novos trabalhos e novos talentos na rea da fotograa, onde as oportunidades no selimitam apenas aos seus alunos, mas alcanam a comunidade acadmica nacional.
LAPIS Comunicao e Cultura
I n the evening of 3rd of December, 2009, in Balnerio Cambori, Santa CatarinaState, it was launched the First Edition of Foto Graa The Academic Photo -gra phy Magazine, highlighting the rst graduation class students projectsof UNIVALI University of Itajai Valley (Universidade do Vale do Itajai, in portu-
guese). Three months later, following a remarkable graphic and editorial upgrading,
it is published the Second Edition, promoting and increasingly supporting university
intellectual production. With Foto Graa, we are succeeding to disclose and encour-
age works of two groups that, often, are not getting their deserved recognition: Pho-tographers and Graduates.
This edition brings several successful photographic projects prepared by graduates
from all over the country. We have here a fascinating mix of techniques, angles, land-
scapes, models and themes; all brought by professionals, amateurs and lovers of the
photography art.
It is well known that as well as practice, theoretical production is also important.
Theory proves and explains valuable crucial information needed for personal intellec-
tual growth, leading to more elaborated and worthy results. Stimulating the scientic
textual production in photography is something fairly rewarding and that is why we
have a special section for academic textual production, where you can enjoy must-readarticles which will certainly expand every readers knowledge.
We are well aware that we have created an alternative path and are strengthening it
by publishing academic works related to photography, now emphasizing a more up
to date layout, along with exciting and informative columns and interviews, making
of Foto Graa a editorial project that stimulates more and more the spreading of the
knowledge produced within the university.
It is fundamental to highlight how much UNIVALI respects and encourages actions
of knowledge sharing like these. UNIVALIs community appeal is visible, as the in -
stitution made possible the creation of an alternative path to publish and advertise
new works and talents in photography, where these opportunities benet not only itsstudents, but also the national academic community.
LAPIS Communication and Culture.
EDITORIAL
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EXPEDIENTE
ErrataNota de redao
Revista Acadmica Foto Grafia
Edio n 2
ABRIL de 2010
Idealizador/Editor: Ricardo Gallarza
Projeto grfico: LAPIS Comunicao e CulturaEstagiria de jornalismo: Paola Carolina Santos Donner
Colunistas: Estdio Nag, Janaina Souza,
Marcelo Juchem e Santiago Adolfo Ramos
Reviso: Marcia Haeser
Traduo: Brbara Dvojatzki
Grfica: COAN
Editora:
RGF Comunicao e Cultura
Balnerio Cambori - Santa Catarina - Brasil
fone - 55-47-33490980
www.grupolapis.com.br
twitter.com/grupolapis
As fotografias e artigos cientficos assinados so de total
responsabilidade dos autores e no refletem, necessariamente,
a opinio da revista. A produo total ou parcial de qualquer texto
ou imagem, por qualquer meio, sem autorizao dos responsveis
ou da revista totalmente proibida.
A Revista Acadmica Foto Grafia um projeto de fomento produo
intelectual universitria. Agradecemos a todos aqueles que participam
das seles de projeto, tornando possvel a realizao desta. Para ser
um colaborador confira os editais no site da editora e envie seu
material pelo e-mail: [email protected]
Na edio n1 (set. 2009) da Revista Foto Grafia houve um erro de informao no
segundo pargrafo do texto Baleias Francas
(pg. 10). O massacre ocorreu entre os sculos XVIII, XIX e XX e no entre os sculos XVIII,
XIV e XX como mencionado.
A revista Foto Grafia revisda seguindo as normas da
ltima reforma ortogrfica brasileira.
4 - Univero VirtualVeja o que voc pode encontrar demelhor sobre fotograa no universovirtual.
28 - Falando de eninoAprender a eninarveru eninar a aprender
29 - Fae da friaRiardo Daloo retrata adiveridade deum pa p-uerra
30 - Falando de tenoloiaEra diital
38 - Artigos cientcos
49 - Enli verion
5 - Falando de meradoMerado de oportunidade
6 - Projetos fotogrcos
IMAGEM DE CAPA: Ricardo Dalbosco
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6/564 FOTO GRAFIA N 2 / UNIVERSO VIRTUAL
Ainternet oferece novas manei-ras de ver e ser visto. O redutovirtual permite-nos aprimorarhabilidades, mostrar nosso trabalho, ad-
quirir novas tecnologias e conhecer o que
tendncia no mundo todo.
A fotograa tem seu lugar garantido nesseuniverso, ilustrando informaes numa lin-
guagem universal. Prova disso o Google
- maior portal de pesquisa do mundo - e
sua categoria de busca por imagens. Auto-
intitulando-se a pesquisa de imagens mais
completa da web, investem pesado em
maneiras de manter esse ttulo. Ao fazer
uma pesquisa, pode-se escolher a cor pre-
dominante da imagem, alm de close no
rosto, tamanho exato ou aproximado, fotoou desenho, entre outros, a pesquisa por
similaridade, em que se pode buscar uma
imagem e escolher entre suas semelhantes
por visual ou signicado.
Agora vem a o Googles, um sistema de
busca no qual a imagem a base para a
pesquisa. Utilizando uma foto tirada pelo
seu celular, pode-se perguntar o que quiser
sobre o que foi fotografado, seja um produ-
to, logotipo ou ponto turstico.Entretanto, para a fotograa, a internet
no se resume a uma busca de imagens
prontas. Mostramos aqui um pouco do que
podemos encontrar de melhor, para uso on-
line ou no, em diversos setores. Pesquise,
compartilhe, aprenda, divulgue. Apenas
no deixe de desfrutar de tantas possibili-
dades.
Cmr Smutor :www.kmrsmutor.s/g/
Site sueco que simula on-line as funes
de uma cmera fotogrca na congurao
manual. possvel testar diversas combi-
naes de ISO, abertura do diafragma e
velocidade do obturador. Praticar virtual-
mente uma tima maneira de entender
a relao entre eles, serve tambm como
uma eciente ferramenta de ensino. O site
oferece tambm a possibilidade de relacio-
nar abertura e velocidade para que sejam
proporcionais.
Site em ingls.
Touchpuppt :
www.touchpuppt.com
Arte, moda e fotograa se renem nesse
site criado e mantido por um grupo de
americanos jovens, estudantes da rea. O
site contm editoriais das maiores publi-
caes de moda do mundo e atualizado
vrias vezes por dia, informando sempre
o nome do fotgrafo, modelo e revista em
questo. Inspirao de sobra para quem
atua na rea de fotograa de moda ou quer
se manter informado sobre as tendncias
do meio.
Site em ingls.
Fckr :www.ickr.com
O Flickr uma grande sada para com-
partilhar imagens. O site tornou-se popu-
lar no mundo todo e conta com diversos
recursos como estatsticas de acesso, dados
EXIF da foto, busca por tags, georrefer-
ncia, edio e organizao de imagens. O
upload de fotos e vdeos contm algumas
restries na verso gratuita, mas pode-
se adquirir uma conta anual que permitearmazenamento ilimitado. O comparti-
lhamento seguro e permite controle de
privacidade sobre contedo ao seu usurio.
Ideal para portiflio, negcios ou armaze-
namento, e praticamente obrigatrio para
quem trabalha com fotograa.
Site em portugus e ingls.
Dgt Photogrphy Rvw :
www.dprvw.comQuando o assunto anlise de equipamen-
tos fotogrcos, este site considerado uma
autoridade. Alm de noticiar lanamentos
de cmeras e objetivas das principais mar-
cas do mercado fotogrco, seu banco de
dados contm as especicaes detalhadas
de todo esse equipamento e uma galeria de
fotos tiradas com cada uma delas. Em seu
guia de compra, tambm possvel compa-
rar marcas e modelos, colocando-os lado alado para pesar prs e contras. Indispen-
svel na hora de comprar material ou apro -
fundar o conhecimento tcnico.
Site em ingls.
Pck :
www.pck.com
Editor de imagens on-line que permite al-
terar fotos armazenadas no computador ou
hospedadas na internet sem a necessidadede download ou instalao de programas.
Sua interface amigvel possibilita o con-
trole de cores, saturao e brilho; correo
de olhos vermelhos; girar, redimensionar
ou cortar imagens; alm de inserir alguns
efeitos e contar tambm com a ferramenta
autocorreo. Depois de alterada, a foto
pode ser salva ou enviada para outros sites.
Gratuito e fcil de usar, oferece um servio
prtico e de qualidade para retoques rpi-
dos ou emergenciais.
Site em portugus e ingls.
UNIVERsO VIRTUALVEjA O qUE VOc PODE ENcONTRAR DE MELhORsObRE FOTOgRAFIA NA INTERNET.Por Janana Souza,acadmica de Fotograa da Univali responsvel pelotwitter@foto_graa
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5 FOTO GRAFIA N 2 / MERCADO
Oestado de Santa Catarina tornou-se referncia nacional e interna-cional quando o assunto moda.A viso de prestadores de servios quali-
cados, como fotgrafos e designers, deixou
o eixo Rio - So Paulo e as grandes mar-
cas acharam aqui, no estado, prestadores
de servios capacitados para suprir a de -
manda e direcionar de forma criativa suasaes.
A demanda e a concorrncia crescem
paralelamente, o que acentua a busca e a
valorizao de quem atua nesse segmento;
e s quem est realmente qualicado, per-
manecer trabalhando.
A
universidade um grande alierce
para o futuro prossional. ela
quem vai ensinar as tcnicas e
apresentar os ramos de atuaes, mas aproduo de material j deve comear ali,
na academia. A poca de escolher seu cam-
po de atuao e de projetar-se prossional-
mente durante o perodo universitrio,
pois quando h oportunidade de corrigir
os erros e aperfeioar os trabalhos. Alm
disso, onde se pode iniciar um portiflio
na rea de atuao escolhida, auxiliado por
professores e mestres da rea.
A Universidade no o limite, deve-se uniras informaes acadmicas realidade do
mercado para produzir um portiflio coer-
ente s necessidades e tendncias da rea
em que se pretende atuar, isso deve ser uma
constante na formao prossional.
A moda est em constante mudana e pre-
cisa de novas idias, pois as marcas lanam
de duas a quatro colees anuais, no tem
como car parado em um mercado como
esse. graticante quando os clientes
sentem nas ruas o retorno dos materiais
desenvolvidos. Isso resultado de muita pesquisa e percepo das diretrizes do
mercado.
Quando falamos de mercado, falamos tam-
bm de resultados. O ensaio fotogrco, o
design feito com as imagens e a criao de
uma realidade paralela qual vivemos
acelera o consumo e de nossa respon-
sabilidade. No adianta produzirmos fo-
tograas bonitas e grandes idias se elas
no satisfazem as necessidades do cliente. Nosso objetivo sempre posicionar da
melhor forma a marca e aprimorar resul-
tados nas vendas a cada coleo, o que
s possvel graas a todo o planejamento
desenvolvido antecipadamente execuo
dos materiais e isso exige muita pesquisa
e inovao. J trabalhamos para concor-
rentes diretos, mas sempre usamos a tica
como fator de separao dos trabalhos. O
resultado de uma marca no interfere naoutra, o que acaba delizando os clientes.
O conceito e sua contextualizao so as
aes-chave para quem pretende ingres-
sar no mercado de trabalho no ramo de
fotograa e ilustrao de moda. Alm de
vender estilos de vida, comportamento e
vestimenta, a juno do glamour do mundo
fashion com o trivial do dia a dia aproxima
pessoas comuns do mercado da moda. A
imagem o elo entre a moda e o consumi -
dor. So as guras que despertam o desejo
de compra e criam a identicao do cli-ente com o produto consumido.
P or ser tratar de um mercado emconstante mutao, isso no nos permite fazer planejamentos lon-gos. Trabalhamos normalmente com pero-
dos de seis meses, tempo mdio de durao
de uma coleo.
Outro fator que interfere em nosso tra-
balho a r igorosidade do mercado: ele no
permite que voc erre. Por esse motivoachamos que a hora de arriscar e produzir
o momento acadmico. Voc tem nesse
perodo tempo suciente de corrigir seus
erros e criar uma linha de trabalho coe-
rente realidade do mercado em que voc
pretende atuar. Pois ao entrar no mercado
os erros so inadmissveis. Ressaltamos
isso diariamente em nosso Estdio.
O ideal escolher um segmento e tornar-se
referncia nele, assim os clientes passam av-lo como referncia. Por isso, impor-
tante o estudo constante das tendncias e
saber aonde se quer chegar. Ns optamos
por sermos patres de ns mesmos, mas,
antes disso, foram necessrios trs anos de
jornada dupla de trabalho, dividindo nossaatividade prossional entre duas empresas
at estruturarmos o Estdio Nag.
Marcelo e Marcos, idealizadores e proprietrios
do Estdio Nag, falam da realidade do merca-
do de trabalho em que atuam e da necessidade
de especializao de novos prossionais.
MERcADODE OPORTUNIDADEsvisite - www.estudionago.com
FALANDO DE MERcADO
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Um dos maiores objetivos da Foto Graa ceder espao para a publicao autoral defotograas produzidas por universitrios, assim estimulamos a produo e somossurpreendidos com novos talentos.
07 - Vinicius de Oliveira08 - Bruno Ropelato09 - Natlia Cunha Mastrela10 - Flavio Tin11 - Luana Werb12 - Davi Spuldaro13 - Gisele Trevisan14 - Isabela Nishijima15 - Thiago Silva Maia16 - Shester Cardoso Damasco
17 - Rodrigo Acosta
18 - Bruno Alencastro19 - Thaisa Bezerra Figueiredo20 - Jusselen Maria Nunes21 - Pedro Caetano Eboli22 - Alexandra Martins Costa23 - Juliano Baby24 - Julio Cesar Ric25 - Alana Linhares26 - Max Yan Scoz27 - Lincon Mikail
Os seguintes fotgrafos foram selecionadospara esta edio:
PROjETOs FOTOgRFIcOs
Consulte os editais de publicao no site www.grupolapis.com.br
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7 FOTO GRAFIA N 2 / PROJETOS FOTOGRFICOS
Vcus d OvrUniVeRSiDaDe DO Vale DO iTaja - UniVali
www.fckr.com/[email protected]
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8 FOTO GRAFIA N 2 / PROJETOS FOTOGRFICOS
Bruo RoptoUniVeRSiDaDe DO eSTaDO De SanTa CaTaRina UDeSC
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9 FOTO GRAFIA N 2 / PROJETOS FOTOGRFICOS
nt Cuh MstrUniVeRSiDaDe FeDeRal De GOiS UFG
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10 FOTO GRAFIA N 2 / PROJETOS FOTOGRFICOS
Fvo TUniVeRSiDaDe DO Vale DO iTaja UniVali
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11 FOTO GRAFIA N 2 / PROJETOS FOTOGRFICOS
lu WrbUniVeRSiDaDe PaUliSTa UniP
www.fckr.com/[email protected]
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12 FOTO GRAFIA N 2 / PROJETOS FOTOGRFICOS
Dv SpudroUniVeRSiDaDe DO Vale DO iTaja UniVali
www.fckr.com/[email protected]
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13 FOTO GRAFIA N 2 / PROJETOS FOTOGRFICOS
Gs TrvsUniVeRSiDaDe CiDaDe De SO PaUlO UniCiD
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14 FOTO GRAFIA N 2 / PROJETOS FOTOGRFICOS
isb nshmUniVeRSiDaDe TeCnOlGiCa FeDeRal DO PaRan UTFPR
www.fckr.com/[email protected]
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15 FOTO GRAFIA N 2 / PROJETOS FOTOGRFICOS
Thgo Sv MUniVeRSiDaDe FeDeRal DO Vale DO SO FRanCiSCO UniVaSF
www.fckr.com/[email protected]
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Shstr Crdoso DmcoUniVeRSiDaDe CaTliCa De PelOTaS UCPel
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17 FOTO GRAFIA N 2 / PROJETOS FOTOGRFICOS
Rodrgo acostFaCUlDaDeS inTeGRaDaS CORaO De jeSUS FainC
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18 FOTO GRAFIA N 2 / PROJETOS FOTOGRFICOS
Bruo acstroUniVeRSiDaDe DO Vale DO RiO DOS SinOS UniSinOS
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19 FOTO GRAFIA N 2 / PROJETOS FOTOGRFICOS
Ths Bzrr FgurdoUniVeRSiDaDe CaTliCa De PeRnaMBUCO UniCaP
www.fckr.com/[email protected]
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20 FOTO GRAFIA N 2 / PROJETOS FOTOGRFICOS
juss Mr nusUniVeRSiDaDe DO Vale DO iTaja UniVali
www.fckr.com/sus
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21 FOTO GRAFIA N 2 / PROJETOS FOTOGRFICOS
Pdro Cto ebo nogurUniVeRSiDaDe FeDeRal DO RiO De janeiRO UFRj
www.pcbo.mutpy.com
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22 FOTO GRAFIA N 2 / PROJETOS FOTOGRFICOS
axdr Mrts CostCenTRO UniVeRSiTRiO De BRaSlia UniCeUB
br.ohrs.com/[email protected]
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23 FOTO GRAFIA N 2 / PROJETOS FOTOGRFICOS
juo BbyUniVeRSiDaDe DO Vale DO iTaja UniVali
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24 FOTO GRAFIA N 2 / PROJETOS FOTOGRFICOS
jo Csr Rcc Pcdo d SvUniVeRSiDaDe eSTaDUal PaUliSTa - UneSP iaSP
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25 FOTO GRAFIA N 2 / PROJETOS FOTOGRFICOS
a lhrsUniVeRSiDaDe FeDeRal DO CeaR UFC
www.fckr.com/mvrck
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26 FOTO GRAFIA N 2 / PROJETOS FOTOGRFICOS
Mx Y ScozUniVeRSiDaDe DO Vale DO iTaja UniVali
www.fckr.com/mxy_
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27 FOTO GRAFIA N 2 / PROJETOS FOTOGRFICOS
lco Mk Zrbtt d OvrUniVeRSiDaDe FeDeRal De OURO PReTO UFOP
www.fckr.com/cozrbtt
em determinada rea no mais garantia E para contribuir em todos estes aspectos
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28 FOTO GRAFIA N 2 / ENSINO
Aprendi fotograa sozinho, lendo li-
vros mportdos prtcdo tttv
rro. S voc s trss p bogr-
a de grandes fotgrafos nacionais, com
certeza j leu ou escutou uma armao
como esta. Casualmente esta ctcia,
inventei agora, mas cabe perfeitamente
trajetria prossional de diversos fo-
tgrafos de mo cheia e click certeiro.
Em um passado no to distante,
digamos menos de 10 anos, estu-
dar fotograa exigia um enorme
esforo autodidata, como zeram os au-
tores de declaraes semelhantes minha,
ou a busca de um curso que, em algum
momento, teria algumas disciplinas de fo-
tograa no currculo. Jornalismo, publici-
dade, arquitetura e artes so alguns deles,
nos quais os alunos precisam adquirir e
desenvolver conhecimentos de outras es-
feras para s ento ter algum contato com
o aprendizado da fotograa propriamente
dita, muitas vezes de forma breve e super-
cial. No se consideram aqui cursos rpi-
dos de algumas semanas ou meses - cursos
esses que tambm tm seu valor pelo co-
nhecimento que propiciam, mas sim de um
ensino ainda mais terico e aprofundado,
aqui no Brasil normalmente associado
Academia.
Que diversos grandes fotgrafos contem-
porneos armem ter aprendido sozinhos
certamente louvvel, e saber que hoje e-
xistem possibilidades bem mais ecientes,
mais louvvel ainda! Se antigamente
grandes fotgrafos conseguiram alcanar
bons resultados apenas tendo a infor-
mao, ou seja, aprendendo sozinhos nos
raros livros sobre fotograa, hoje em dia
estas informaes esto muito mais dis-
ponveis seja em livros, cursos rpidos ou
mesmo na internet. Mais importante do
que ter a informao saber o que fazer
com ela, esse um dos frutos da sociedade
da informao.
A sociedade atual exige mais capacitao e
conhecimento, pois apenas ser competente
em determinada rea no mais garantia
de sucesso prossional e pessoal, como h
alguns anos parecia ser. A especicidade
dos atuais cursos de graduao, seja aqui no
sul do pas, seja em todo o terr itrio brasil-
eiro, comprova isso. A SME, Sndrome da
Medicina Especializadssima, patologia
que, para efeitos deste raciocnio que aca-
bei de criar, parece ter se espalhado para
todos os cursos. Explico: mdico mdico;
mas cirurgio geral tambm mdico; or-
topedista tambm mdico; dermatologis-
ta, da mesma forma, mdico; e assim por
diante. Ou seja, conhecimentos gerais para
todos e especcos para cada especialista,
com o perdo da redundncia. Na prtica,
quando se tem uma doena especca, bus-
ca-se um mdico especco, certo?
Assim, cada vez mais no basta termos o
conhecimento genrico (nfase s aspas)
de um curso de graduao, pois nos so
exigidos, alm deste, os conhecimentos es-
pecializados de cada rea. De certa forma,
procura-se por generalistas especialistas:
prossionais que tenham conhecimentos
amplos e genricos, mas que, ao mesmo
tempo, tenham seu diferencial especco.
Isso em partes explica a proliferao de
cursos de ps-graduao e a criao de
inmeros outros cursos de graduao in-
imaginveis h poucos anos. Porm, isso
de forma alguma pejorativo, muito antes
pelo contrrio. Voc prefere um advogado
que entenda um pouco de tudo, ou um
que, alm disso, seja especialista em Direi-
to Civil, ou Penal, ou de Famlia, para re-
solver um problema civil, ou penal, ou de
famlia?
Saber usar as informaes acerca da fo -
tograa acaba sendo a maior diculdade
dos aspirantes a fotgrafos. Apenas fo -
tografar fcil: diafragma versus ob-
turador e algumas variantes aqui ou ali.
Pensar fotograa muito mais difcil!
Saber a importncia da fotograa, ana-
lisar o ato fotogrco, o objeto fotograa,
o equipamento, as novas tecnologias e o
prossional fotgrafo acabam sendo muito
mais complexos do que apenas fotogra-
far.
E para contribuir em todos estes aspectos
que temos, hoje em dia, os cursos espec-
cos de fotograa, em mbito de gradu-
ao tecnolgica e ps-graduao. Neles,
busca-se oferecer alguns conhecimentos
genricos arte, sociedade, comunicao,
e diversos especcos desta arte, tendo o
Servio Nacional de Aprendizagem Com-
ercial (SENAC), a Universidade Anhembi
Morumbi de So Paulo, a Universidade do
Vale do Itaja (UNIVALI) e a Universidade
Estadual de Londrina (UEL) como algu-
mas referncias nacionais.
Vontade de aprender, a mesma que os au-
todidatas tm, obviamente muito bem-
vinda na Universidade. Conhecimentos
tcnicos de fotograa sobre equipamentos,
suprimentos ou mesmo da prtica pros-
sional do fotgrafo, tambm. Estes, porm,
se adquirem ao longo do curso; vontade h
que se trazer de casa.
O que podemos desenvolver na Academia
a paixo por esta mdia fenomenal que
a fotograa. Analisar, teorizar, praticar,
pensar fotograa so objetivos destes cur-
sos acadmicos, cujos professores com
certeza gostariam de ter feito exatamente
estes cursos, mas pelo simples fato de que
no eram oferecidos, no puderam faz-los
(falo por mim, mas tomo a liberdade de
assumir por vrios colegas), e buscaram
complementar seus estudos em pesquisas
paralelas e cursos de ps-graduao, bem
como atravs da prtica prossional.
P
or tudo isso, estamos criando
uma forma de ensinar fotograa.
Amantes e praticantes dessa arte,
professores e alunos, todos juntos, esto
reinventando uma Pedagogia da Fotogra-
a. Precisamos separar nossas paixes
fotogrcas particulares dos temas e as-
suntos a serem abordados. Precisamos
aproveitar a experincia dos professores
e os conhecimentos prvios dos alunos,
muitas vezes bastante aprofundados, para
a construo do saber fotogrco entre to-
dos ns. E nada disso fcil. E ningum
disse que seria! E por isso que ensinar
e aprender fotograa s serve para quem
encara grandes desaos.
APRENDER A ENsINARVERsUsENsINAR A APRENDER
FALANDO DE MERcADO
Marcelo Jushen estudou direito, agronomia e comunicao social at pesquisar sobre
fotograa no mestrado em literatura alem. Atualmente professor na UNIVALI, ondepensa, faz e ensina fotograa desde 2004.
signicativa Continuam nas etapas de pr TV do mundo realizado em Cannes (FR)
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29 FOTO GRAFIA N 2 / TECNOLOGIA
Aequipe tcnica de Hasselblad de-
clarou h alguns anos que ingres-
sariam na era digital quando con-
cebessem uma mquina cuja imagem fosse
da mesma qualidade que a gerada pelas
suas cmeras tradicionais. E conseguiram!
Lanaram a Hasselblad HD3 II em janeiro
de 2007, cmera que possui um chip de 39
megapixels, mas com o custo elevado de
aproximadamente USD 30.000.
Falando em cinema, Sidney Lumet (85
anos), aps ter dirigido os maiores astros
de Hollywood, fez seu ltimo lme com
cmeras Sony XDCam, conguradas com
lentes Arriex e que registravam no CMOS
uma imagem de 1920 por 1080 linhas. Na
estria do lme, o diretor declarou para a
imprensa: Entrei na era digital para no
sair mais. Esta a forma mais prtica de
lmar a linguagem do cinema atual.
J o longa-metragem de origem indiana
Quem Quer Ser Milionrio foi lmado
integralmente com cmeras S2K, da Sili-
com Imaging (www.siliconimaging.com),
tendo como resultado o sucesso interna-
cional conhecido por todos. Se a informa-
o sobre este fato no fosse o suporte da
campanha publicitria da Silicom Imag-
ing, ningum saberia do assunto, j que a
qualidade de imagem do lme no mostra
diferenas que nos levem a pensar que
foram utilizadas cmeras digitais ao invs
das tradicionais Panavision.
A televiso tambm est entrando rapida-
mente na era digital. As mais importantes
emissoras do mundo j abandonaram os
antigos sistemas analgicos para produzir
e gerar programao com imagens de alta
qualidade com formato widescreen - tela
em formato de paisagem. Esse padro de
tela usado nos cinemas e a relao entre
sua altura e largura de 16:9.
As vantagens de produzir com sistemas
digitais comeam durante o desenvolvi-
mento do projeto, quando descobrimos que
o oramento sofreu uma reduo altamente
signicativa. Continuam nas etapas de pr-
produo e de produo, quando o sistema
de storage cou mais simples e resolvido
com uma pequena torre de HDs externos
ou quando, no nal de uma cena, podemos
assisti-la num monitor 2K para decidir se
temos que repeti-la ou mandar imprimi-
la e passar para a seguinte. 2K um dos
trs nveis mnimos de qualidade projetiva
para o cinema, proposta em 2005. Sua re-
soluo de 2048 x 1080 pixels e reproduz
24 quadros por segundo (QPS) ou, do in-
gls, frames per second (FPS).
Denitivamente, a ps-produo digi-
tal traz innitas possibilidades para uma
equipe criativa e com um mnimo de e-
quipamentos. Existem inmeros progra-
mas para melhorar as imagens recm-
produzidas e lev-las a resultados com um
padro internacional de qualidade. Isso
amplia os nossos horizontes e nos permite
pensar em coproduzir, juntamente com
empresas de outros pases, ou em ingressar
nossos produtos nos mercados da Europa e
do Oriente.
Para ns, documentaristas, ca s uma in-
terrogao como conseqncia deste avan-
o tecnolgico: O que acontecer quando
necessitarmos utilizar imagens do nosso
arquivo? 16 mm, U-matic, Betacam, S-
VHS, Hi-8, M I I, DV, e DVCam so alguns
dos formatos das imagens de um arquivo
com milhares de horas de vdeo que, para
digitaliz-las e transform-las em Full HD
16:9, deveremos nos resignar a uma grande
perda da qualidade original.
Eeste problema no s nosso. To-
das as equipes jornalsticas das
emissoras de TV utilizam, quando
necessrio, seus arquivos para sustentar a
informao. Cyril Lollivier, da Gaumont
Path Archives - empresa de cinema fran-
cesa fundada em 1897, h dois anos nos
contava que tinham adquirido recente-
mente os arquivos do Kremlin. Ou seja,
so mais de 80 anos da histria da Rssia
em imagens que no so Full HD 16:9.Contudo, parece haver uma luz no m
do tnel. Em outubro de 2009, durante o
MIPCOM - maior mercado de cinema e
TV do mundo, realizado em Cannes (FR),
a maioria das Emissoras e Redes de TV
Internacionais optaram por manter o for-
mato 4:3 para as imagens de a rquivo, ainda
que a emisso normal fosse 16:9 e Full
HD. Resumindo: apesar de a maioria das
emissoras estarem a caminho de emitir em
formato 16:9 ou widescreen, formato muito
diferente em tamanho e forma do tradicio -
nal 4:3 de tela quadrada, o material de
arquivo registrado, editado e guardado
neste formato quadrado, ser utilizado na
sua forma original, sem modicaes que
baixam a qualidade da imagem. uma
excelente notcia para os documentaristas
(que utilizam o arquivo constantemente, j
que as produes levam anos de trabalho
durante os quais a tecnologia sofre mudan-
as) e para os editores de jornalismo das
emissoras que se apoiam no arquivo para
sustentar as notcias polticas, econmicas,
judiciais, comerciais e tantas outras.
P ara os fotgrafos, o trnsito entreas duas tecnologias mais simples.Hoje existem scanneres de grandestamanhos nos quais possvel colocar o
negativo de um lme antigo e, atravs de
um procedimento especco, extrair uma
fotograa digital. Depois, a imagem pode
ser trabalhada em programas de correo
e melhoramento de imagem como se fosse
uma fotograa obtida com uma mquina
digital.
O formato 16:9 deixa a TV mais perto do
cinema, o que representa um avano nas
reais possibilidades das pequenas e mdias
produtoras de realizar uma produo que
se insira em grades de programao nacio -
nais e internacionais. O sistema Full HD
fornece uma imagem similar imagem
de uma cmera de cinema, resultando em
produes com melhor qualidade e muito
mais is realidade que esto docu-
mentando. So estes avanos tecnolgicos
que, apesar de causarem forte impacto
na produo de imagens, garantem a lon-
gevidade dos registros sobre a geograa, ahistria, a cultura e os acontecimentos que
tanto comovem o nosso Planeta.
A ERA DIgITAL
FALA NDO DE TEcNOLOgIA
Analgica e Digital so as duas palavras que denem as diferentes etapas em
que podemos dividir a histria da fotograa, do cinema e da televiso.
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31 FOTO GRAFIA N 2 / ENTREVISTA
O litoral catarinense e suas belezas,
od Rcrdo Dbosco scu fo
criado, serviu como fonte de inspirao
pr su grsso o mudo d fotogr-
a. Da infncia formao prossional,
possbdd d trspor um pouco d
viso e do sentimento dos lugares pelos
qus hv pssdo fo um modo dprmorr rt d fotogrfr.
Com o intuito de beneciar o meio am -
bt trvs d um trbho qu g-
rasse resultados realmente visveis foi
qu Rcrdo optou por cursr Oc-
ograa para dedicar-se ao planejamento
urbo mpctos socombts. Su
perodo de graduao (2002-2008) foi
marcado por muito estudo, trabalho e
vgs rcods os sus protosuvrstros. O rotro cu vsts
o Pru os stdos ort-mrcos
da Califrnia e Arizona, residncia em
Montana e Hawaii (EUA), travessia do
deserto do Atacama (CHL) e estgio nas
cidades de Ubatuba e So Jos dos Cam-
pos (SP).
aS CMeRaS FOTOGRFiCaS
A primeira cmera fotogrca de Ricardo
foi um presente dado por seus pais em
2004, antes da sua primeira viagem a tra-
balho nos Estados Unidos. Foi morando ao
lado do Parque Nacional de Yellowstone,
o parque nacional mais antigo do mundo,
e portando uma cmera Canon compacta
de lme que sua paixo pela fotograa au-
mentou. medida que conhecia outros lu-
gares e expandia seus conhecimentos, esseoceangrafo percebeu a necessidade de ad-
quirir um equipamento fotogrco melhor
e mais completo.
A pesar da paixo pela fotograa,Ricardo estava ciente de quetambm necessitava aprofundarseus conhecimentos tcnicos e tericos.
Durante o ano de 2005 pesquisou a respeito
de cmeras e teve uma breve introduo a
respeito do material que desejava adquirir,uma vez que estava ingressando na era
digital da fotograa. No nal do mesmo
ano, foi estagiar no National Oceanic and
Atmospheric Administration (NOAA ou,
em portugus, Administrao Ocenica e
Atmosfrica Nacional) no Hawaii, Ricardo
conseguiu economizar dinheiro e comprar
uma cmera digital Canon EOS Rebel 300
D, com lentes de 300 mm e de 18-55 mm.
Esse foi o passo decisivo para que a dedi-
cao fotograa se tornasse incansvel.
Aps esse estgio e de volta ao Brasil, Ri-
cardo trocou as milhagens do seu carto
delidade por passagens ao Chile e Peru,
onde leu todo manual de instrues de sua
cmera e, aos poucos, deixou de oper-la
no modo automtico, passando a explorar
as paisagens e a luz no modo manual. Aps
a expedio chilena, o estudante buscou
aperfeioar suas tcnicas fotogrcas. Foiento que recorreu aos seus professores e
orientadores universitrios Marcus Polellte
e Ricardo Magoga Gallarza hoje consi-
derados seus pais e grandes incentivadores
quando o assunto meio-ambiente e fo -
tograa.
COnHeCenDO O VelHO MUnDO
Em novembro de 2008, Ricardo recebeu
um convite para trabalhar com planeja-
mento urbano e regional e consultoria
ambiental, em Angola, principalmente nas
reas mais afetadas pela guerra que termi-
nou em 2002. Foi a que vi a oportuni-dade perfeita para continuar atuando dire-
tamente na minha vertente de formao
e aliar com meus trabalhos fotogrcos,
arma Ricardo.
Se forem somadas, as guerras em Angola
duraram aproximadamente 40 anos e con-
squrd: Mesmo em um pas desiludido
aps a guerra, reunies de igrejas so ocasies
para todos usarem suas melhores vestimentas e
celebrarem as conquistas com os amigos.
abxo: Casa tpica de Angola, construda por
tijolos de adobe (barro) e telhado de zinco com
pedras em cima para o telhado no voar. Os tijo -
los de barro, que so deixado s ao sol para secar e
serem vendidos, so comercializados em mdia
por 25 Kz cada (aproximadamente R$0,46).
FAcEs DA FRIcARiardo Daloo retrataa diveridade deum pa p-uerra
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33 FOTO GRAFIA N 2 / ENTREVISTA
Osis no deserto da Nambia: referncia turs-
tica em Angola, conhecido como Arco e mis-tura deserto, gua, conchas pr-histricas e
animais.
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34 FOTO GRAFIA N 2 / ENTREVISTA
descaso da populao mundial ainda
visvel. H a necessidade de o fotojorna-
lismo ser entendido como uma ferramenta
que completa o texto jornalstico, mas que
tambm causa repercusses quando obser-
vada isoladamente, estimulando a buscapelo entendimento do meio e dos caminhos
frente resoluo dos problemas. Porm,
tambm se faz necessria a inteno de mu-
dar o perl comportamental dos leitores,
de modo que as informaes possam ser
potencializadas e provoquem mudanas e
aes positivas.
a OUTRa FaCe aFRiCana
Apesar das diculdades que o povo enfren-
ta, Angola um pas de belezas raras. Lu-
ao realmente signicativa. inevitvel a
mudana no seu modo de ser, sentir e agir
aps alguns meses no continente afr icano,
diz Ricardo.
Uma viagem a Angola, para quem deseja
apenas visitar o pas, envolve inmeras di-
culdades. Uma expedio fotogrca no
pas, segundo estudos do ECA Internacio-
nal, custa muito caro; Luanda a cidade
mais cara do mundo para trabalhadores
estrangeiros, onde a diria em uma penso
custa cerca de 200 dlares. Luanda tam-
bm um local perigoso para andar com
um equipamento caro, como o fotogrco,
principalmente noite.
Apesar de todas essas diculdades e dife-renas sociais africanas serem mostradas
constantemente na televiso e jornais, o
tabilizam cerca de 500.000 mortos, segun-
do o historiador Daniel Santiago Chaves.
O confronto entre Angola e Portugal pela
independncia do pas africano aconteceu
entre os anos de 1961 e 1975. J a Guerra
Civil Angolana, iniciada no mesmo ano,terminou ocialmente em 2002.
A pesar de ter se informado pre-viamente a respeito de Luanda capital de Angola e primeirolugar onde Ricardo residiu, o espanto com
a nova realidade foi grande. Fui prepar-
ado para muito trabalho, ver muito sofri-
mento, e com a pior imagem possvel. Isso
no demonstra ser pessimista, demonstra
saber para onde estamos indo. O primeiroimpacto o emocional, ter a percepo
da impotncia que temos de fazer alguma
acm: Regio sul de Angola, prxima
fronteira com a Nambia, em meio Savana e
prxima fonte de gua que abastece o gado da
regio, assim como fonte de gua para muitas
pessoas.a drt: Tribo das Mumuilas: o colorido dos
colares contrasta com a pele escura, o tmido
sorriso tenta se opor ao cansao do trabalho
para sobrevivncia.
anda e Lubango, cidades de residncia de
Ricardo, possuem uma beleza cnica m-
par que o fascinaram. Quando se chega na
frica, o barro vermelho e os musseques
(favelas) interminveis j so vistos du-
rante o pouso do avio. Depois se nota a
baguna no trnsito, a falta de saneamento
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36 FOTO GRAFIA N 2 / ENTREVISTA
bsico e os muitos jovens e crianas na
rua, mas essa selva urbana no esconde a
alegria, as cores, a cultura e a dana desse
povo, arma.
Ocontraste entre as crianas e ostanques de guerras chocante
aos olhos estrangeiros e normais
aos olhos de moradores, mas Ricardo con-
segue parar o tempo e nos permite anal-
isar profundamente a imagem, congelar o
instante e revelar uma beleza que jamais
seria enxergada em meio ao caos do dia-
a-dia.
O colorido dos colares usados pelas mu-
lheres contrasta com sua pele escura, aomesmo tempo em que o tmido sorriso
tenta se opor ao cansao do trabalho para
sobrevivncia. Mesmo em um pas de-
vastado, mas esperanoso, aps a guerra,
reunies de igrejas so ocasies para to -
dos usarem suas melhores vestimentas e
celebrarem as conquistas com os amigos,como se nenhum problema ou diculdade
estivesse presente.
A cmera fotogrca algo que chama
a ateno na frica, mas a aceitao dos
moradores bem diversa. Ricardo teve a
oportunidade de conhecer e fotografar
um senhor com idade superior expecta-
tiva de vida angolana 42 anos segundo a
ONU, mas sua reao foi agressiva devido
ao medo da cmera. Em contrapartida,Ricardo no encontrou diculdades para
fotografar seis meninos que aproveitavam
a praia no deserto da Nambia em um dia
de sol forte em fevereiro de 2009. Todos
queriam aparecer na foto e era difcil en -
quadr-los, eles no paravam de se mexer
e virem cada vez mais prximo da lente.Alm disso, todos estavam tomando banho
pelados. Uma simpatia os garotos, lem-
bra.
Abiodiversidade da regio destaca-se por sua beleza e Ricardo tevea oportunidade de retratar algunsdesses lugares incomuns. Em junho de
2009, ele esteve em um osis no deserto
da Nambia, quase no pas da Nambia.
O osis, referncia turstica em Angola, conhecido como Arco e mistura deserto,
gua, conchas pr-histricas e animais.
Luanda foi projetada para 500 mil pes-
soas, mas hoje abriga aproximadamente 6
milhes. A taxa de pobreza enorme e as
diculdades socioeconmicas e culturais
so totalmente diferentes das vividas pormim antes, mas que agora me ajudam a
traar novos objetivos na vida, assim como
reavaliar vrios aspectos e valores relacio-
nados a minha v ida pessoal e prossional,
arma Ricardo.
O FUTURO
Apesar de estar inserido h pouco tempo
no mercado prossional da fotograa, oprximo projeto de Ricardo Dalbosco a
insero de suas imagens no calendrio de
uma ONG internacional com sede na Itlia
e atuao em inmeros pases. O material
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37 FOTO GRAFIA N 2 / ENTREVISTA
ser distribudo em nvel mundial e dever
ter grandes repercusses.
Aps passar um ms no Brasil, ooceangrafo retorna a Lubango cidade localizada ao sul de An -gola, onde mora atualmente, e retoma seusegundo ano de atividades prossionais
na rea de planejamento urbano. Porm, a
fotograa um hobby que o acompanha
constantemente e o incentiva a ajudar a
mostrar a realidade mundial s pessoas,
atravs de uma imagem.
Na frica, mais do que nunca, sinto-me
incapaz em mudar o mundo atravs das
minhas fotos, mas posso comear a provo-
car essa mudana para quem a quiser. An-gola um pas extremamente difcil para
a mdia em geral mas, apesar de restrito,
necessrio que o fotojornalismo busque
consolidao como forma de uma ferra-
menta emancipatria a outros questiona-
mentos, assim como crtica, em funo da
formao de objetivos socioambientais. A
contribuio do fotojornalismo evidente
para o processo de informao e educao
e essa linha de trabalho deve ser enfatizada.Sendo assim, o uso do fotojornalismo pode
ser visto tambm como um processo edu-
cativo, mobilizador e perceptivo quanto
realidade social, estimulando a busca pelo
entendimento e resoluo dos problemas,
encerra Ricardo.
squrd: Os dois garotos no entendiam
nada do meu portugus falavam um dialeto.
Mas quando comecei a tentar danar um pas-
sos de Kuduro (dana tpica no Pas), a dana
tornou-se numa linguagem nica. A fotograa
dos ps foi consequncia da interao com os
garotos demonstrando que desde cedo o tra-
balho duro faz parte desde povo.
drt: Meninos em Nambia (Angola):
Todos queriam aparecer na foto e era difcil
enquadr-los, eles no paravam de se mexer e
vir cada vez mais prximo da lente lembra o
fotgrafo.
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A informao faz rever conceitos, abre novos horizontes, permite a socializao do co-
nhecimento, instrui fornecendo dados, vises, instrues, percepes, e, acima de tudo,bases tericas que so princpios elementares de uma arte ou cincia.Como sabemos, fotografar uma arte e, logicamente, no poderamos deixar de publicarsuas teorias na Foto Graa.
O TRABALHO DE JERRY UELSMANN COMO PROVA DA FOTOMONTAGEM A PARTIR DONEGATIVO FOTOGRFICO
A FOTOGRAFIA COMO PRODUTO NO MERCADO DA ARTEA CONTRIBUIO DA FOTOGRAFIA DIGITAL NO PROCESSO PROJETUAL DO DESIGN
Apreciem, sem o mnimo de moderao, asprodues textuais autorais disponibiliza-das nessa seo.
ARTIgOs cIENTFIcOs
Consulte os editais de publicao no site www.grupolapis.com.br
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39 FOTO GRAFIA N 2 / ARTIGOS CIENTFICOS
ReSUMO
A fotomontagem nasce da fotograa
analgica com a manipulao de nega-
tivos, no da fotograa digital como seconvencionou armar. Jerry Uelsmann
um fotgrfo mrco qu trbh h
50 anos com esse tipo de manipulao,
por sso um prov qu ps co-
rma essa armao. Para a realizao
deste artigo, uma pesquisa de referncias
bibliogrcas foi efetivada em biblioteca
e acervo pessoal, alm da prpria inter-
t. Sobr Usm form cotrdos
apenas artigos na lngua inglesa, o queno dicultou o desenvolvimento deste
trabalho. Suas fotograas tambm ser-
viram como fonte de referncia, uma vez
que servem como comprovao de que o
qu qu xposto vrddrmt x-
st.
1 inTRODUO
Com o advento da fotograa digital, a po- pularizao massicada dessa manifesta-
o artstica visual fez crescer tambm a
proliferao de softwares especializados
em edio de imagens. Logo, tornou-se
mais comum e mais notria a utilizao dos
mesmos por aqueles que acreditavam que
isso no fosse possvel ou que fosse umacoisa recente. O fato que a fotomontagem
to antiga quanto a prpria fotograa e
seu bero no modo analgico da captura
de imagem: o negativo. Apertado o ga-
tilho, nada mais pode mudar (Barthes,
1980, p. 126). esse pensamento cartesia-
no que se pretende mudar com este artigo,
apresentando evidncias que constatam
esse fato e citando um exemplo vivo de que
esse tipo de manipulao possvel: Jer-ry Uelsmann. Esse trabalho ser baseado
em referncias bibliogrcas de tericos
renomados no que concerne a Fotograa,
tais como Michael Busselle, Boris Kossoy,
Philippe Dubois, Vilm Flusser e Roland
Barthes.
2 ONDE TUDO COMEOU
Em sua concepo mais pura, a fotograa tida como um fragmento de realidade
que foi congelado e xado em um suporte,
atravs de um processo fsico e qumico,
sucessivamente. A luz que incide no con-
junto de lentes da cmera escura sofre
uma srie de reexes dentro dela, at que
chega aos nossos olhos para que vejamoso que ser registrado, e, aps o clic, o pro -
cesso fsico cede a vez ao qumico, que vai
gravar em um suporte aquela luz a qual ele
extremamente sensvel, tudo isso em uma
frao de segundos.
Ela nasceu da necessidade do homem em
realizar seus desenhos de maneira mais
simplista. Isto aconteceu no sculo XVII,
quando o cientista Della Porta inventou a
cmara escura: um quarto totalmente ve-dado, possuindo apenas um orifcio que
permitia a entrada da luz, que reetia de
maneira invertida na sua parede oposta a
paisagem exterior cmara. Desse modo, o
trabalho seria apenas copiar os traos dessa
imagem e o desenho estava feito. A partir
de ento surgiu a necessidade de registrar
essa tal imagem, de modo que o homem
no precisasse intervir com seus lpis e
pincis. Foi pensando nisso que Nipce re-alizou testes e conseguiu, por m, em 1826,
em um papel banhado em agentes qumi-
cos. Dubois (1999, p. 132) descreve: a
descoberta da sensibilidade luz que vai
permitir abandonar o trabalho do decalque
e da cpia manual da imagem em proveito
de um novo meio de registro: a inscrioautomtica. Como toda descoberta leva a
outra, novas necessidades nasciam a partir
das que acabavam de ser desvendadas. Sa-
bendo que era possvel registrar a imagem
em papel, o que poderia ser feito para que
ela casse perpetuamente xada? Foi en-
to que, no Brasil, Hercules Florence ini-
ciou seus estudos de impresso da luz e ob-
teve xito, em 1832, fazendo uso de cloreto
de ouro como agente revelador e amniacomo agente xador. Devido ao alto custo,
ele trocou tais produtos por nitrato de prata
e a prpria urina, respectivamente. Contu-
do, muitos armam que o responsvel por
tal descoberta foi Louis Jacque Mand Da-
guerre, em 1835, que, conhecendo Nipce,
observou que os produtos por ele utilizados
limitavam o processo. Testou outros novos
agentes, sensibilizou uma chapa e a exps
luz, porm a imagem no se apresentava.Ele guardou esta chapa em um armrio, e
dias depois voltou a v-la. Para sua surpre -
O TRAbALhO DE jERRy UELsMANNcOMO PROVA DA FOTOMONTAgEMA PARTIR DO NEgATIVOFOTOgRFIcOluc nscmto Urtg
UniVeRSiDaDe FeDeRal De CaMPina GRanDe UFCG
A partir de ento apenas aperfeioou-
se tudo que j havia sido inventado, mas
deve-se destacar o surgimento da fotogra-
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sa, a imagem estava nela xada.A nova necessidade, aps essa descoberta,
era a de diminuio do tempo de exposio,
que era de 15 a 30 minutos. Obtiveram-se
duas respostas: a primeira foi a utilizao
do brometo de prata como acelerador; a se-
gunda foi a criao, em 1830, de uma lente
dupla por Josef Petzval, que, devido a sua
maior abertura de diafragma, o tempo de
exposio reduziu drasticamente. A partir
de ento a fotograa ganha certa notorie-dade e pblico. Busselle arma (1977, p.
31): Mais do que qualquer outro, foi esse
invento o responsvel pela imediata popu-
larizao do daguerretipo e, na verdade,
da fotograa. Apesar de ter sido reconhe-
cida, a fotograa ainda no havia chegado
inveno correta, pois a possibilidade de
fazer cpia era invivel. Deu-se a William
Fox Talbot o reconhecimento de reproduo
de cpias em grande quantidade a partir da
chapa original, que acabou por inuenciar
a origem do lme em rolo e, desse modo,
[...] a morte do daguerretipo, pois almde menos dispendioso, o novo processo
possibilitava a obteno de cpias sem
maiores problemas (idem, 1977, p. 32). Oresponsvel por este foi George Eastman,
que conseguiu popularizar a fotograa
com a cmera da Kodak, em 1888, com o
slogan Voc aperta o boto e ns fazemos
o resto. A chapa de vidro deu lugar a uma
base exvel de nitrocelulose que poderia
ser enrolada, introduzida cmera e car
pronta para fotografar. Tiradas todas as fo-
tos, o cliente mandava a cmera de volta ao
laboratrio de Eastman, onde o lme erarevelado em papel, e a cmera reposta com
um novo rolo de negativo de 100 poses.
deve se destacar o surgimento da fotogra
a digital. Seguindo o mesmo princpio da
cmara escura, a fotograa digital difere
da analgica apenas pelo seu suporte de
xao da imagem, que passa a ser um
CCD (Charge-Coupled Device). A luz,
em vez de ser gravada em uma pelcula
banhada em agentes qumicos, sensibiliza
aquele dispositivo, que converte para el-
tricos esses sinais luminosos, gravando-
os em um disquete. A primeira cmera
digital foi a Mavica, que conseguia gerar
50 imagens, armazenadas em um disco de
1,44MB. Hoje temos modelos dos mais di-
versos, inclusive adaptaes das cmeras
de pequeno, mdio e grande formato, com
capacidade de armazenamento innita-
mente superior.
3 neM TUDO O QUe PaReCe
Por sua semelhana com a realidade, a fo -
tograa por muito foi tida como verdade
absoluta e incontestvel.
A fotograa nunca mais do que umcanto alternado de Olhe, Veja, Aquiest; ela aponta com o dedo um certofrente-a-frente, e no pode sair desta
pura linguagem dectica. [...] teimosiado referente em estar presente, [...] oreferente adere. [...] a Referncia a or-dem fundadora da Fotograa. [...] estacoisa, que nenhuma pintura realista
poderia dar-me: a certeza de que elesestavam l; aquilo que vejo no uma
recordao, uma imaginao, uma re-constituio, um fragmento da Maya,como a arte prodigaliza, mas o realno estado passado: simultaneamenteo passado e o real. [...] A fotograa crua, em todos os sentidos da palavra[...] toda evidncia. (Barthes, 1980,
pp. 18-20,109,117,147,149)
Para Martine Joly (1999, p. 119), a fotogra-
a analgica era intocvel aps sua realiza-
o, armando que:
[...] a transformao da fotograa em
uma cena com personagens e situa-
es acrescentadas ou apagadas iria se
tornar, em menos de vinte anos, uma
aqueles autores supracitados acreditem
que se trata de uma manifestao atual.
complementares para suas montagens que
fogem do real e entram em um universo
fantstico. (Fotos 1, 2, 3, 4.)
DUBOIS, P. O ato fotogrco e outros
ensaios. 3.ed. Campinas: Papirus, 1999.
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41 FOTO GRAFIA N 2 / ARTIGOS CIENTFICOS
possibilidade real atravs das manipu-
laes que os programas de computa-
o grca podem hoje imprimir sobre
uma foto.
Ora, a manipulao da fotograa j
possvel desde a primeira metade do
sculo XIX, quando os fotgrafos mer-
gulhados em seus escuros laboratrios
faziam correes de contraste, de man-
chas em pele etc., e mais tarde, no incio
do sculo XX, com as vanguardas Pop
Art, Dadasmo e Cubismo. Boris Kos-
sy, em seu livro Realidades e ces na
trama fotogrca, defende a idia de
que As possibilidades de o fotgrafo
interferir na imagem e portanto na
congurao prpria do assunto no
contexto da realidade existem desde
a inveno da fotograa. (2002, p. 30)
As fotomontagens nascem em um ambi-
ente reprimido pela Segunda Guerra Mun-
dial, quando os artistas Georg Grosz e John
Hearteld resolveram criticar de maneira
artstica a represso causada pelo governo
alemo. Hoje, com o advento da fotograa
digital e de softwares especcos, a foto-
montagem est cada vez mais se populari-
zando e se expandindo. Talvez, por isso,
3.1 O FanTSTiCO MUnDO De jeR-
RY UelSMann
Jerry Uelsmann um exemplo de que a
manipulao de negativos fato. Ele
um fotgrafo americano que h cinqenta
anos j realiza trabalhos de fotomontagens
a partir de seus negativos. Ele defende a
idia de que a fotograa no depende ex-
clusivamente de um nico negativo, mas
da composio a partir de outros. Perce -
bendo isso e observando suas obras, nota-
se que a fotograa passa a ganhar carter
artstico-visual de grande poder esttico.
Uma citao de Flusser (2002, p. 21) pode
ser aplicada a ele: o verdadeiro fotgrafo
aquele que procura inserir na imagem uma
informao no prevista pelo aparelho fo-
togrco.
Toda sua carreira envereda pelos caminhos
da fotograa, ora como pesquisador, ora
como professor, sendo este ltimo sua fon-
te de renda, uma vez que no produz suas
fotomontagens com interesse comercial.
Ele conta que se tornou inquieto tentando
achar na cmera uma imagem que o sa-
tiszesse . A partir de ento ele partiu com
sua cmera na mo fotografando paisagens
e objetos isolados que ele percebia como
5 COnClUSO
A fotomontagem hoje apenas est mais
vivel e barata, mas isso no signica que
por ter entrado em reconhecimento agora
graas ao advento digital ela seja nova.
antiga, e essencialmente artesanal. o
processo de criao de uma foto a partir de
outras, numa criao simulando a prpria
cmera: o quarto obscuro. Nessa imensido
invisvel, contando apenas com a ilumina-
o de uma pequena luz vermelha, o fo-
tgrafo vai agir tal qual a luz, desenhando
imagens. Uma metalinguagem: fotograa
da fotograa.
6 ReFeRnCiaS
BARTHES, R. A cmara clara. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 1980.
BERMAN, L. Jerry Ueslmann Inter-
view. Disponvel em: . Acesso em: 20 out. 2009.
BUSSELLE, M. Tudo sobre fotograa.
So Paulo: Crculo do Livro, 1977.
FLUSSER, V. Filosoa da Caixa Preta:
Ensaios para uma futura losoa da
fotograa. Rio de Janeiro: Relume Du-
mar, 2002.
JOLY, M. Introduo anlise da ima-
gem. 11.ed. Campinas: Papirus, 1999.
KOSSOY, B. Realidades e ces na tra-
ma fotogrca. 3.ed. So Paulo: Ateli
Editorial, 2002.
SOUZA, D. A manipulao fotogrca
como processo de representao do real:
a reconstruo da realidade. Disponvel
em: .
Acesso em: 20 out. 2009.
UELSMANN, J. Jerry N. Uelsmann.
Disponvel em: .
Acesso em: 20 out. 2009
BERMAN, L. Jerry Uelsmann Interview. Disponvel em: Acesso em: 20 out. 2009
-
8/3/2019 Fotografia Vol.2
44/56
42 FOTO GRAFIA N 2 / ARTIGOS CIENTFICOS
inTRODUO
Algumas perguntas e observaes sobre a
fotograa, seu percurso no reconhecimento
como arte, os fotgrafos que as produzem
e o mercado hoje estabelecido ao redor da
fotograa de arte, trouxeram-me at esta
breve explanao do trajeto da fotograa.
O percurso escolhido vai desde a sua in-veno, sua aceitao como forma de
manifestao artstica, entrada em in-
stituies de arte (museus e galerias) e o
mercado que se formou e ainda se forma ao
redor destas obras.
Por se tratar de algo na fotograa que
ainda manifesto vivo, apresento informa-
es, mas muito mais que isso tento propor
questes e caminhos para serem percor-
ridos e respondidos pelo tempo e pela fo -tograa.
O SURGiMenTO Da FOTOGRaFia
O nascimento da fotograa, assim como
toda a sua histria - arma Francesca A-
linov - baseia-se num equvoco estranho
que tem a ver com sua dupla natureza de
arte mecnica: o de ser um instrumento
preciso e infalvel como uma cincia e, aomesmo tempo, inexato e falso como a arte.
A fotograa, em outras palavras, encarna
a forma hbrida de uma arte exata e, ao
mesmo tempo, de uma cincia artstica,
o que no tem equivalentes na histria do
pensamento ocidental. [1]
Nipce, em suas experincias, traz uma
herana artstica, patente no uso da cmara
escura, no sentido dos valores e do negativo
emprestados gravura e na inuncia do
processo litogrco; uma lgica industrial,derivada sobretudo deste; um vetor cient-
co, presente no uso de lentes de telescpio
ou microscpio.
Daguerre e Nipce so confrontados diari-
amente com a crescente demanda social de
imagens, sentem a inadequao dos modos
de produo tradicionais e a elas tentam
responder, dando incio a uma serie de ex-
perincias que culminaro na daguerreo-
tipia.A daguerreotipia proporciona uma repre-
sentao precisa e el da realidade, retiran-
do da imagem a hipoteca da subjetividade.
A imagem, alm de ser ntida e detalhada,
forma-se rapidamente; o procedimento
simples, acessvel a todos, permitindo uma
ampla difuso. O ato quase mstico e total-
izador da criao manual da imagem cede
lugar a uma sucesso de gestos mecnicos
e qumicos parcelados.O fotgrafo no o autor de um trabalho
minucioso, e sim o espectador da apario
autnoma e mgica de uma linguagem
qumica [2]
No importa que o daguerretipo seja uni-
co como as tcnicas tradicionais da pintura
e da miniatura; seu poder de seduo no
est na sua exclusividade, e sim na deli-
dade da imagem com o referente real.
De 1839 aos anos 50, o interesse pela fo-
tograa se restringe a um pequeno nmerode amadores, provenientes das classes abas-
tadas, que podem pagar os altos preos co-
brados pelos artistas fotgrafos [3] como
Nadar, Carjat, Le Gray, por exemplo.
Por volta de 1880, tem incio um momento
de massicao, quando a fotograa se
torna um fenmeno prevalentemente co-
mercial, sem deixar de lado sua pretenso
a ser considerada arte.
Em armao de uma revista da poca, aelite social prefere as fotograas pintadas,
o que lhes assegura a delidade da fo -
tograa e a inteligncia do artista, ar-
mao esta que reete como uma parte dos
consumidores de fotograa a enxergavam
dentro do contexto das artes visuais.
Embora no seja o homlogo da realidade,
to enfatizado por seus inventores e por
propagandistas entusiastas como Disdri,
a fotograa no escapa facilmente da visonegativa que a acompanha desde o incio.
Deste modo, a histria da fotograa se
caracteriza, de certo modo, pelo recon-
hecimento progressivo de uma forma de
expresso artstica no seu todo, diferente e
especca.
a enTRaDa Da FOTOGRaFia nO
UniVeRSO DaS aRTeS
Desde que a fotograa existe, ela nuncadeixou de se relacionar com a pintura, e de
avali-la em relao a ela mesma.A pintura
teve inuncia histrica sobre a fotograa.
A fotograa herdou da pintura do sculo
XIX a tradicional separao dos gneros:
retrato, paisagem, nu e natureza morta. A
prtica da pintura exerceu-se durante vri-
os sculos em funo desta classicao
temtica.
Os fotgrafos de sculo XIX quiseram serreconhecidos como artistas, apesar de esta
reivindicao nem sempre agradar os crti-
cos da poca.
Baudelaire, um destes crticos, sustentava
que a fotograa: tratava-se de uma arte
fria e mecnica, sem alma, incapaz de sus-
citar emoo.
Tambm Roland Barthes escreve em sua
obra A Cmara Clara que a fotograa foi
essencialmente um problema de qumica,a descoberta de um processo que permitiu
xar a luz. E o que diferencia a fotograa
A FOTOgRAFIA cOMO PRODUTO NO
MERcADO DA ARTEVss avsUniVeRSiDaDe DO Vale DO iTaja - UniVali
da pintura que se trata de uma arte sem
matria.
No incio se xou mais a ateno ao pro-
todos os pases onde se pratica a fotoga.
Assim arma Gisele Freund sobre o movi-
mento pictorialista:
A Straight Photography no se apresenta
como uma simples alterao nas formas
da imagem, trata-se antes da armao de
elevar ao mesmo nvel, atravs do desen-
volvimento de suas particularidades e das
suas diferenas, pelo desabrochar de suas
-
8/3/2019 Fotografia Vol.2
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43 FOTO GRAFIA N 2 / ARTIGOS CIENTFICOS
p
cesso da fabricao da imagem, o re-
curso qumica, portanto a um processo
cientco que sempre foi, na fotograa,
considerado mais importante que o resto, e
em particular fez esquecer que o olhar con-stitua o que mais tarde se admitiu como o
essencial do ato fotogrco.
A idia de rivalizar com a grande arte da
pintura anima os fotgrafos da poca, que
seriam reconhecidos como criadores, no
mesmo nvel de um pintor. Este complexo
tal que os fotgrafos pensam em elevar a
fotograa categoria de uma arte, inspi-
rando-se nos modelos da pintura, e acabam
por no perceber que nela existe algo detotalmente original.
E assim que o movimento pictorialista
toma forma, pois os fotgrafos se interes-
sam mais pelos efeitos da imagem fotogr-
ca do que pelo ato de fotografar propria-
mente dito.
A soluo encontrada pelos pictorialistas na
busca de uma fotograa artstica resultou
em uma verdadeira imitao dos padres
da pintura do sculo XIX: Romantismo, Naturalismo, Realismo e Impressionismo
deslavam, de forma algo pattica, nos
sales do mundo inteiro.
Na tentativa de elevar-se categoria de arte
a fotograa abdicava de sua prpria identi-
dade.Se a fotograa no era arte, a partir
de suas intervenes pictoriais tornava-se
arte.
O pictorialismo inuenciou decisivamente
a realidade da fotograa como um todo,pois sua atuao determinou o m da es-
ttica documental do sculo XIX, e foi, em
suma, uma reao de ordem romntica que,
ignorando as caractersticas realmente ino-
vadoras que a fotograa apresentava, ten-
tou introduzi-la no universo da arte atravs
de uma concepo clssica de cultura.
O dado positivo do pictorialismo foi dar
fotograa o estatuto de obra de arte e
permitir a uma camada de accionados daburguesia acesso expresso artstica.
O movimento pictorialista vai estender-se a
p
Inventam-se novos processos [....], com
o auxilio dos quais se tenta tornar a
fotograa cada vez mais parecida com
a pintura a leo, com o desenho, coma gua-forte, litograas e outras tc-
nicas do domnio da pintura. O seu
efeito principal consiste em substituir
a nitidez da objetiva pela suavidade
dos contrastes. Os fotgrafos julga-
vam conferir uma nota artstica aos
seus trabalhos se apagassem o que
justamente caracterstico da imagem
fotogrca: a sua nitidez [...], Quanto
mais a fotograa parecesse um substi-tuto da pintura, mais o grande pblico
pouco culto a achava art stica. [4]
Com o distanciamento e o conhecimen-
to bastante completo que hoje temos da
poca, os historiadores concordam que o
que vai produzir-se aps o pictorialismo
uma reao face a todos estes processos
que desvirtuaram a fotograa e signica-
ram a sua decadncia.Se o pictorialismo recolhe, de certo modo,
a adeso internacional, a reao no tarda a
fazer-se sentir, vindo em primeiro lugar de
um fotgrafo chamado Alfred Stieglitz.
Juntamente com um grupo de fotgrafos
que rene a sua volta, em Nova Iorque,
demarca-se do esprito reinante nos clubes
pictorialistas da poca.
Alfred Stieglitz intervm neste momento
de efervescncia e provvel que o picto -rialismo lhe parea ento, cada vez mais,
como um estilo pertencente ao sculo pas-
sado, e o academicismo em que a fotograa
tinha mergulhado devia ser derrubado.
Foi neste esprito que organizou ex-
posies, abriu em seguida uma galeria e
fundou a revista Camera Work, contribuin-
do efetivamente com todas estas manifes-
taes e publicaes, para precisar pouco a
pouco a sua idia de Straight Photography(fotograa direta) e tambm o seu ponto de
vista sobre a arte em geral.
g
uma nova concepo do ato fotogrco.
Paul Strand, fotgrafo que tambm com-
partilha com St ieglitz dos ideais da Straight
Photography, em 1916, realiza uma fo-
tograa, The White Fence [A barreirabranca], que os historiadores so unnimes
em considerar como uma imagem-chave
na ruptura denitiva com a paisagem pic-
torialista. De fato ela caracteriza uma nova
atitude esttica.
A publicao de Stieglitz, Camera Work,
representa o produto de uma poca em
plena efervescncia. A fotograa, por seu
turno, debate-se com o movimento picto-
rialista. o reinado dos fotoclubes; e entreos mais importantes contam-se o de Viena
e os de Paris, onde se discutem e questio-
nam a incluso da fotograa no mundo da
arte.
a enTRaDa Da FOTOGRaFia nOS
MUSeUS
Em 1901, Alfred Stieglitz organizou uma
exposio de fotograas no National ArtsClub de Nova Iorque, a que deu o titulo de
An Exhibition of Photography Arranged
by the Photo-Secession, utilizando o ter-
mo secession de um grupo de pintores de
Munique.
Em 1910, organiza, em Bufallo, uma se-
gunda grande exposio fotogrca, que
vai contribuir para consolidar o seu em-
preendimento, conseguindo concretamente
o reconhecimento desta arte, visto que omuseu compra cinquenta dos trabalhos
expostos, constituindo-se assim a primeira
coleo pblica de fotograas.
O posicionamento da publicao Came-
ra Work rearma, atravs de um de seus
representantes, Edward Steichen, o que a
fotograa pode ser quando a pintura est
afastada de sua descrio. Se a fotograa
est misturada nas paredes da galeria e nas
paginas de Camera Work com as restantesartes, no porque nelas encontre mo-
delos estticos, mas sim porque h que se
p
prprias qualidades.
Apesar de a fotograa ter nascido na Fran-
a e ali tenham notabilizado as primeiras
grandes guras da histria desta arte, no
h duvidas de que foi nos Estados Unidosque foram lanadas as bases do seu comr-
cio. Esta palavra no deve ser entendida
apenas no sentido econmico, mas tambm
no sentido de troca, de circulao cultural
de imagens.
De fato, foi em Nova Iorque, no mbito
do Museu de Arte Moderna, que, nos
anos trinta, nasceu a ideia de consagrar
fotograa um espao especco de ex-
posies e de coleo. ainda em Nova Iorque, na galeria Julien
Levy, que o francs Henri-Cartier-Bres-
son apresenta a sua primeira exposio
(1932). Por estas diferentes razes, o mer-
cado da fotograa desenvolveu-se neste
local de forma mais signicativa do que
em qualquer outra cidade. Nova Iorque
um local onde este mercado ganhou hoje
dimenses comparveis s da pintura -
conforme atestam os nmeros praticadospelas salas de leiles e onde os grandes
colecionadores tm certeza de encontrar as
imagens que lhes interessam.
Nos anos sessenta, o mercado organiza-
se realmente ao redor das galerias e dos
leiles. Em 1969, Lee Witkin abre em Nova
Iorque a primeira galeria importante dedi-
cada exclusivamente comercializao da
fotograa. S em 1974 imitado em Paris
por Agathe Gaillard. Trs anos depois, abreo centro Georges Pompidou, e no mbito
do Museu Nacional de Arte Moderna surge
um departamento consagrado fotograa
e ao cinema.
Mas na Frana vai ser necessrio aguardar
o incio dos anos oitenta para assistirmos
ao desenvolvimento de um verdadeiro
mercado da fotograa e para se realizarem
os primeiros leiles que lhe sero inteira-
mente dedicados.Nos anos oitenta, assiste-se a uma autnti-
ca exploso da fotograa, que se torna um
produto cultural, ao mesmo tempo que a li-
teratura, a msica ou o cinema. A fotograa
era conhecida, mas no reconhecida como
N d d l
bra de tabus por parte dos compradores e
aumento considervel da procura.
Segundo armao de Georgianna Basto,
i i i d G l i T
onde foram vendidas mais de 60 obras e
arrecadados R$ 70 mil reais. Tendo em
vista o considervel sucesso do leilo, no
t t d d b il i b
postas.
ReFeRnCiaS BiBliOGRFiCaS:
-
8/3/2019 Fotografia Vol.2
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44 FOTO GRAFIA N 2 / ARTIGOS CIENTFICOS
arte. No se pensava poder pendur-la nas
paredes de uma galeria, da mesma forma
que uma tela.
Paralelamente ao mercado dos leiles, a fo-
tograa fez o seu aparecimento tambm em
feiras de arte contempornea, como a Fiac,
em Paris, que agrupa as mais importantes
galerias atuais.Neste momento, ainda no
podendo rivalizar com a pintura, dado o
volume e a qualidade de suas transaes,
a fotograa procurou rapidamente outros
espaos que lhe conviessem. Desde ento
o mercado da fotograa vem evoluindo
consideravelmente.
Hoje temos, dentro dos museus e galerias,
imagens realizadas sob a perspectiva arts-
tica, ou atravs da fotograa como suporte
pelos artistas contemporneos no registro
de aes efmeras ou na construo de
situaes, alem da insero da fotograa
documental, mais recentemente.
H um registro de que nos ltimos cinco
anos houve um aumento signicativo dos
preos e da procura por obras fotogrcas.
No mercado internacional atual, grandes
casas de leiles tm alcanado cifras mi-
lionrias com a venda de fotograas, como
exemplo podemos citar: em novembro de
2005, Untitled (Cowboy), de Richard
Prince, foi vendida por U$$ 1,248 milhes,
tratava-se de uma fotograa publicitria,
e alguns meses depois, a imagem Pond-
Moonlight(Lago ao Luar), do pioneiro
Steichen, alcanou o valor de U$$ 2,9 mi-
lhes.
No mercado brasileiro de arte tambm
houve esta valorizao da fotograa, que-
scia-proprietria da Galeria Tempo, no
Rio de Janeiro, a fotograa o segmento
artstico que mais cresce no mercado; hoje
30% das obras presentes em minha galeria
so fotogrcas.
Apesar de o mercado de fotograa de arte
no Brasil restringi-se quase ao eixo Rio-
So Paulo, temos fotgrafos e produes
fotogrcas com forte cotao no mercado
internacional.
No Brasil, alm das galerias e dos colecio-
nadores particulares, alguns museus e ins-
titutos vinculados a instituies privadas
mantm importantes acervos de fotogra-
a.
O MAM, Museu de Arte Moderna de So
Paulo, por exemplo, mantm o clube dos
colecionadores de fotograa do MAM, que
um grande aquisitor de imagens, alm de
incentivador de colecionadores particu-
lares. Podemos citar tambm o Instituto
Moreira Salles, que possui um riqussimo
acervo fotogrco, alm de trabalhos em
edies de livros e assuntos relacionados.
Traando um breve perl dos coleciona-
dores particulares de fotograas, vemos
que ele diverso. Encontramos curadores
de museus, artistas plsticos e fotgra-
fos, bem como interessados de um modo
geral, empresrios e apreciadores de artes
visuais.
Percebe-se que ainda h uma timidez no
mercado brasileiro em relao aos valores
das fotograas comercializadas, mas j se
tem um registro do primeiro leilo (bene-
cente) de fotograas realizado no Brasil.
Foi em So Paulo, em setembro de 2006,
contexto do mercado brasileiro, abrem-se
precedentes para que num futuro prximo,
tenhamos outros leiles bem sucedidos e
com pblico crescente.
COnSiDeRaeS FinaiS
O caminho que a fotograa percorreu
desde a sua inveno, no sculo XIX, nos
mostra que desde o seu surgimento trata-se
de uma manifestao da criao humana.
Ainda que nem sempre com a nalidade
primeira de ser arte, a fotograa nunca
conseguiu negar seu carter ideolgico e
autoral, sendo assim uma manifestao
artstica.
Como arte, institucionalizou-se e, desde
ento, tambm produto comercial de gal-
erias, museus, fotgrafos, colecionadores
etc.
Mas o tempo ainda no rmou seu de -
poimento, e hoje temos mais questes a
respeito deste tema que respostas propria-
mente ditas. Algumas questes sero re-
spondidas no futuro. A quanto pode chegar
o valor de uma imagem fotogrca? E
quantas copias ela ter?
O que vale mais para o mercado de fo -
tograas, uma fotograa produzida sob a
perspectiva artstica, documental, publici-
tria ou o seu uso para o registro de outras
manifestaes artsticas? Ou o valor est
no fotgrafo? No seu percurso fotogrco?
Quem decide e responde a tudo isso?
Nesse momento cabe a ns observarmos,
apreciarmos e, se for o caso, produzirmos
obras para que o tempo traga-nos as res-
BARTHES, Roland. A Cmara Clara:
notas sobre a fotograa. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 1984.
BAURET. Gabriel. A Fotograa: Histo-
ria. Estilos. Tendncias e aplicaes.
BenjaMin. Wtr . Obrs escohds
COSTA, Heloise . A Fotograa Moderna
o Brs
SILVA, Renato Rodrigues
FABRIS, Annateresa. Imagem e Con-
hcmto. eD USP
Fotograa: Usos e
funes no sculo XIX
KOSSOY. Boris . Origens e expanso da
fotograa no seculo XIX
SAMAIN. Etienne. O Fotogrco ED
Sc
WiTKn. l D. Th Photogrphy Co-
ctor Gud
lOnDOn Brbr
Revista Imagem n. 7 ED Unicamp Maio/
agosto/2006
Revista Bien art n. 17
Revista Fotosite n. 14 set/out 2006
1: F. alivoni, La fotograa: Illusione della Realu=ita, Bologna, 1981
2: A Roill, L Empire de la fotographie, Paris, 1982 pp 38-39
3: Denominao usada pela autora Annateresa Fabris em A inveno da Fotograa: Repercusses sociais
4: Freund, Gisele, Fotograa e sociedade
5: Edward Steichen, revista Cmera Work
6: . Benjamin Walter, A obra de arte na era de sua reprodutibilidade tcnica 1935
-
8/3/2019 Fotografia Vol.2
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45 FOTO GRAFIA N 2 / ARTIGOS CIENTFICOS
vando seus desejos e necessidades.
As evolues das novas tecnologias im-
pem ao prossional da rea uma atua-
lizao constante e necessria, exigindo a
implementao em uma velocidade prati-
camente imediata. Dessa maneira os pro-
cessos digitais assustam os novos pros-
sionais, pois as referncias estabelecidas
ao longo da histria so substitudas rapi-damente no cenrio atual.
No processo de criao de novos produtos
grcos ou industriais, o designer utiliza
diversas ferramentas para o bom desenvol-
vimento de suas aes.
A construo de um conceito, atualmente,
utiliza instrumentos computacionais (soft-
wares) para o estudo, realizao e concre-
tizao de projetos. Dentre tais instrumen-
tos, a fotograa tem sido subutilizada.A fotograa teve e ainda tem papel sig-
nicativo na metodologia do design, no en-
tanto, o que se v hoje uma distncia do
designer dessa tcnica, to necessria para
a atividade. Possivelmente um dos aspec-
tos a serem conrmados a rpida inser-
o e a evoluo signicativa do processo
digital, ocorrendo num primeiro momento
o distanciamento e na seqncia a rejeio
frente s novas tecnologias.
O artigo tem como objetivo abordar e con-textualizar a fotograa e o design; vericar
a evoluo histrica e sua inteno em cada
momento de registro do design, e como as
novas tecnologias podem contribuir no
processo projetual, especicamente aquele
ligado fotograa e ao design.
ReViSO BiBliOGRFiCa
O PaPel DO DeSiGn
Denir o design e o seu papel no presente
momento se torna abrangente e remete ao
estudo histrico do mesmo, o que no
nossa inteno. No entanto, entender seu
signicado cabe no presente.
Denis (2000) realiza uma reexo perti-
nente, em que aponta que no faltam no
meio prossional denies para o design,
o que tem suscitado debates inndveis e
geralmente maantes. Eles se baseiam naetimologia da palavra, principalmente no
Brasil, onde design um vocbulo de im-
portao relativamente recente e sujeito a
confuses e desconanas. A palavra ori-
gina-se do ingls onde o substant ivo design
se refere tanto idia de plano, desgnio,
inteno, quanto de congurao, arran-
jo, estrutura, tanto de objetos de fabricao
humana como do universo. A origem mais
remota da palavra esta no latim designare,verbo que abrange ambos os sentidos, o de
designar e o de desenhar.
ReSUMO
O prst rtgo tm como obto d
pesquisa a insero da fotograa digital
o procsso protu do dsg pr-
td dscutr o pp ds ovs tco-
logias, suas implicaes e ferramentas.
Para isso sero analisadas as metodolo-
gias existentes do design e se vericarem que momento a fotograa se esta-
bc como frrmt ou suport pr
o to protu.
inTRODUO
O papel do designer na congurao da
nova sociedade vem sendo construdo
sistematicamente na relao consumo x
novas tecnologias. Para que o design exis-ta, preciso que a sua produo seja consu-
mida, isto , inserida na sociedade ,obser-
A cONTRIbUIO DA FOTOgRAFIA
DIgITALNO PROcEssOPROjETUAL DO DEsIgNjco Csr Rcc Pcdo d Sv
UniVeRSiDaDe eSTaDUal PaUliSTa - UneSP iaSP
www.uorcco.com
processo de reproduo dos objetos, que
inicialmente era realizado de forma arte-
sanal, o que possibilitava sua aquisio ou
acesso somente pela classe composta por
Portanto, do ponto de vista etimolgico,
o termo j contm nas suas origens uma
ambiguidade, uma tenso dinmica, entre
um aspecto abstrato de conceber/projetar/
despercebida em nosso cotidiano pelo fato
de que o universo fotogrco est em u-
tuao e uma fotograa constantemente
substituda por outra Criando assim uma
mento fotogrco, nos tempos atuais da
cibercultura, de grande importncia a
construo de um guia interativo.
Devido nova realidade digital a cons-
-
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46 FOTO GRAFIA N 2 / ARTIGOS CIENTFICOS
acesso somente pela classe composta por
reis, clero e a burguesia rica da poca.
aS nOVaS TeCnOlOGiaS Da FO-
TOGRaFia
Com a evoluo da sociedade, esse pro-
cesso sofreu uma reviravolta e os limites
acabaram sendo extrapolados, como visto,
com a insero das novas tecnologias, que
acabaram gerando baixos custos e, assim,
propiciando acesso a todos.
Dentre estas, destaca-se a fotograa, fer-
ramenta necessria ao design, de acordo
com Denis (2000) que, em captulo espe-
cco de sua obra, destaca que a imagem
gerada pela fotograa teve pouco impacto
sobre a arte do design grco, no tendo
sido implementada de imediato. A fotogra-
a permaneceu por um longo tempo como
curiosidade tecnolgica e de uso exclusivo
de poucas pessoas. Causou impacto mais
no plano conceitual do que da tecnologia.
Com o decorrer do tempo, o desenvolvi-
mento tecnolgico e a criao de novas tc-
nicas de produo e reproduo de imagens
propiciaram sua proliferao em grande
escala, em que a presena de tais imagens
no est sendo percebida. Contudo Flsser
(1985) argumenta que a imagem passa
um aspecto abstrato de conceber/projetar/
atribuir e outro concreto de registrar/con-
gurar/formar (DENIS, 2000).
Bonsiepe (1978) a partir da denio de
desenho industrial idealizada por Mal-
donado; Y. Soloviev, em 1969, elaborou
uma denio que continua atual e sugere
reexes sobre a mesma.
El diseo industrial es una actividad
creadora que tiende a la constitucin
de un ambiente material coherente
para subvenir de manera ptima a las
necesidades materiales y espirituales
del hombre. Esta nalidad debe ser
alcanzada por medio de una determi-
nacin de las propiedades formales de
los productos industriales. Por propie-
dades formales no hay que entender
exclusivamente los caracteres exteri-
ores y superciales sino aquellas rela-
ciones estructurales que coneren a un
sistema coherencia funcional y formal
y. al mismo tiempo, contribuyen al in-
cremento de la productividad. (Bon-
siepe, 1978 pg. 22)
A produo do design, ou o resultado de
sua atividade, remonta, segundo De Mo-
raes (1997) s limitaes existentes no
substituda por outra. Criando, assim, uma
alienao do homem ao instrumento, es-
quecendo do motivo pelo qual imagens so
produzidas.
Atualmente a insero da fotograa est
relacionada a novos conceitos e termos que
esto aos poucos ocupando o universo do
design, as inuncias das poesias digitais,
a virtualidade da imagem panormica,
a arte interativa, a criao da vida arti-
cial, o universo multimdia, a internet, o
hipertexto. Todos estes e os novos adven-
tos da tecnologia contempornea inuem
sistematicamente no processo do projeto.
Portanto, numa insero e fundamentao
inicial verica-se a necessidade de estudos
mais aprofundados na rea.
COnSiDeRaeS FinaiS
Hoje a fotograa ainda tem um papel si-
gnicativo para os prossionais de design,
mas seu papel necessita de uma atualizao
constante e necessria, pois esses acabam
no utilizando todas as ferramentas dis-
ponveis. Tem sido relegada a um segundo
plano, no havendo tempo hbil para que
seus conceitos sejam considerados no pro-
cesso projetual do design.
Assim, para diluir a alienao ao instru-
Devido nova realidade digital, a cons
truo de um guia para orientao do
designer se faz necessria; a insero da
fotograa digital na metodologia projetual
poder implementar novas aes para o
Design.
Nele o indivduo poder participar como
coautor ou coprodutor dessa obra em um
determinado espao virtual, onde, atravs
de aes coletivas em um ambiente vir-
t