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LIVRO 4

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AS DROGAS, OS SUFIS E A ENERGIA BIOELÉTRICA

Alguns dos modernos estudiosos dos escritos de Nostradamus alegaram que o vidente devia suas notáveis capacidades de clarividência ao uso de drogas alucinógenas. Entretanto parece não haver prova real, nem da mais tênue espécie, sobre a veracidade dessa afirmação, e talvez seja significativo que alguns dos escritores que a disseminaram tenham feito outras declarações a respeito da vida do vidente que são inerentemente improváveis.Por exemplo, o autor de um livro recente não apenas declara que Nostradamus recorria a drogas para potencializar suas capacidades de clarividência, mas também que, quando o vidente esteve na Sicília, ele estabeleceu contato com místicos sufis e que, quando se dedicava a profetizar, costumava sentar-se sobre um tripé de latão com as pernas "inclinadas no mesmo ângulo das pirâmides do Egito, para criar uma força bioelétrica igual, que, se acreditava, aguçaria os poderes psíquicos".Como os historiadores estão convencidos de que todos os muçulmanos, sufis e outros foram expulsos da Sicília muito antes do nascimento de Nostradamus, e considerando que os ângulos das

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pirâmides só foram medidos adequadamente mais de trezentos anos após o enterro do vidente, é uma grande pena que as fontes dessa nova e fascinante informação não tenham sido dadas ao mundo!

É possível que algumas das estranhas quadras ocultistas encontradas nas Centúrias forneçam detalhes codificados de técnicas proféticas antigas, secretas e proibidas, utilizadas por Nostradamus para ver longe no futuro. Dessas quadras, as mais fáceis de entender e as mais significativas são as duas primeiras estrofes da obra: as Quadras 1 e 2 da Centúria I. Nelas, Nostradamus descreve a si mesmo, em linguagem que podia ser compreendida por todos que tivessem alguma familiaridade com o misticismo da última época clássica, como alguém que realiza "obras" relativas à magia branca. Argutamente, ele expressou suas descrições em termos que teriam bem pouco significado para o leitor comum. As quadras dizem:

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Sentado sozinho à noite em estudo secreto,Apoiado sobre um tripé de latão,

Uma chama exígua sai da solidão,Tornando bem-sucedido o que é digno de crença.

O bastão seguro na mão é colocado no meio dos GALHOS (14),Ele umedece com água seu pé e a bainha da veste,

Medo e uma Voz o fazem estremecer em suas mangas,Esplendor divino, o divino está próximo.

14. N. da T.: Tanto no original francês como em inglês, a palavra é BRANCHES.

Ao longo dessas duas quadras, Nostradamus descreveu uma variante de um ritual mágico divinatório de grande antiguidade, mas a terceira linha de cada quadra é de enorme significado. Arranjando essas linhas como o fez, o vidente estava fazendo duas coisas: primeiro, deixava claro para os estudiosos da filosofia oculta que ele conhecia os Oráculos Caldeus, uma coletânea de antigo conhecimento hermético, ao ecoar uma passagem familiar como "Fogo sem Forma" do qual sai uma "divina Voz do Fogo", na qual o vilegiaturista entre os deuses deve prestar atenção. Em segundo lugar, ele insinuou que a "chama exígua” sobre a qual escreveu era de origem celeste, uma emanação da solidão que, nesse contexto, só poderia significar "Unidade".

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As duas quadras contêm também diversas pistas quanto à natureza dos rituais divinatórios empregados por Nostradamus. Um deles é o uso da palavra branches ["galhos"]. Ela foi grafada em letras maiúsculas na edição original das Centúrias; uma indicação clara, da espécie repetidamente dada por Nostradamus, de que a intenção era que ela fosse entendida de mais de uma maneira ou que estivesse envolvida em algum jogo de palavras trocadilhesco ou alusivo.Nesse caso em particular, Nostradamus quase certamente usou a palavra em três sentidos, todos relativos à inspiração profética. O mais importante foi seu uso como uma palavra que lembra o nome do semi-deus grego Branchus, filho de ApoIo, o deus Sol. Segundo a lenda grega, quando jovem, Branchus tinha recebido o dom da profecia e a capacidade de conceder o mesmo dom a outros. Em

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conseqüência disso, ele era o centro de um culto que floresceu até o triunfo do cristianismo. O culto se concentrava em revelações sobre o futuro recebidas por meio da mediação de sacerdotisas inspiradas, e as técnicas empregadas para obtê-las foram descritas por lamblichus de Chalcis, que morreu por volta do ano 335: ''A profetisa de Branchus senta-se sobre um pilar ou segura na mão um bastão que lhe foi confiado por alguma divindade, ou umedece os pés ou a orla de sua veste com água [...] e por esses meios [...] ela profetiza. Com essas práticas ela se adapta ao deus, o qual recebe de fora”.

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Essa passagem, que descreve um ritual divinatório de umedecer os pés e a bainha de uma veste, foi claramente mencionada por Nostradamus na segunda linha da segunda quadra da Centúria I. Outra passagem do mesmo texto antigo menciona o uso de um banquinho-tripé de bronze em um ritual de profecia.A obra da qual se retirou a citação acima foi escrita originalmente em grego; no século 15 ela foi traduzida para o latim como De Mysteriis Aegyptorum ("Dos Mistérios do Egito"). É muito provável que Nostradamus tenha conhecido essa obra bem cedo em sua vida, pois há razões para acreditar que havia cópias de edições italianas da versão em latim circulando entre os estudantes franceses de misticismo neoplatônico desde 1500. De qualquer forma, é certo que De Mysteriis Aegyptorum foi publicada na França na década de 1540, e pode ser bastante significativo saber que Nostradamus começou a editar seus almanaques não muito depois desse acontecimento. Certamente se pode inferir, dessas duas quadras, que o vidente empregava métodos semelhantes aos descritos no texto de Iamblichus como um modo de obter conhecimento acerca do futuro.

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AS PÍTIAS

Na Grécia antiga, as mulheres que atuavam como oráculos eram chamadas "pítias" ou "pitonisas", por causa da píton que se dizia ter sido morta por ApoIo, a quem todos os oráculos eram consagrados. As pitonisas eram sempre nativas da cidade de Delfos e, uma vez que ingressavam no serviço do deus, nunca mais tinham a permissão de deixá-Io, nem tinham a permissão de casar-se. Nos tempos primitivos, elas eram sempre selecionadas dentre as jovens da cidade, mas, depois que uma delas foi seduzida por Eucrates, o Tessálio, o povo de Delfos alterou a lei de modo que ninguém com

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menos de 50 anos devesse ser eleito para a posição de profetiza. Entretanto, o vestido das pitonisas continuou sendo o de virgens, e não o de matronas.Quando o oráculo estava em seus dias de prosperidade, havia sempre três pitonisas prontas para tomar assento sobre o tripé. O efeito do fumo que subia saindo de sob o tripé era tão grande que às vezes uma profetiza caía dele em seu delírio profético, entrava em convulsões ou até morria.

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Há evidências na quadragésima segunda quadra da Centúria I que fazem parecer bastante certo que Nostradamus tinha algum conhecimento tanto dos aspectos mais sombrios das artes ocultas como das modalidades de divinação que envolviam o uso de bacias. Essa quadra diz:

O décimo dia das Calendas Góticas de AbrilÉ ressuscitado por uma raça iníqua,

O fogo é extingüido e a Assembléia DiabólicaProcura os ossos do Demônio de [e] Psellus.

Quando lida em conjunção com a referência de Nostradamus a um ritual divinatório com envolvimento de água (ver página 257), essa estrofe indica a natureza de uma das técnicas de magia branca que eram utilizadas pelo vidente de Salon para complementar suas capacidades de clarividência e sua competência astrológica.Essa técnica foi descrita pelo filósofo neoplatônico Psellus assim: "Existe um tipo de poder profético no uso da bacia, conhecido e

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praticado pelos assírios [...] Os que vão profetizar tomam uma bacia de água, que atrai os espíritos das profundezas. A bacia parece então respirar como se fosse com sons [...] A água da bacia [...] sobressai [...] por causa de um poder conferido a ela por encantamentos que a tornaram capaz de ser imbuída das energias dos espíritos da profecia [...] uma voz fina começa a articular predições. Um espírito dessa espécie viaja por onde quer e sempre fala em voz baixa”.Parece claro e acima de qualquer dúvida que era essa passagem de Psellus a que Nostradamus se referiu quando fez alusões a um ritual divinatório com envolvimento de água.À luz disso, estamos agora em posição de compreender a Quadra 42 da Centúria I, que, quando examinada em conjunto com as Quadras 1 e 2 da Centúria I, é a mais importante das estrofes de Nostradamus em relação à sua vida e ao seu provável envolvimento com divinação ritual e outras variedades da magia branca.Em uma Sexta-Feira Santa - nas palavras de Psellus, "o tempo em que comemoramos a Paixão redentora de Nosso Senhor" e, segundo ele, o festival eclesiástico anual no qual feiticeiros 'messalinos' (ver quadro na página 263) costumavam promover uma orgia incestuosa que era um prelúdio a assassinato e canibalismo -, Nostradamus começou a fazer sério uso de uma modalidade de divinação ritualística na qual era empregada uma tigela de água. Parece provável que sua técnica tivesse uma semelhança geral com a que foi descrita, de uma maneira que parece ligeiramente desordenada, por Psellus, embora não haja necessidade de acreditar que a água de fato falasse com ele com uma "voz fina”. Entretanto, nas palavras do falecido James Laver, que escreveu sobre Psellus em 1942, embora haja "algo ligeiramente cômico na idéia de uma bacia de água compondo versos [...] parece que estamos na trilha de uma

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modalidade de divinação que se aproxima dos métodos de Nostradamus (de predição do futuro), muito conhecida na antigüidade e [...] ainda praticada entre pessoas primitivas. Diz-se que os faquires da índia são capazes de fazer a água ferver e borbulhar sob seu olhar. Não é simplesmente uma técnica de entrar em transe?

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Na opinião deste escritor, o uso de uma tigela de água pode ser (embora nem sempre seja) algo mais do que "simplesmente uma

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técnica de entrar em transe". Entretanto, de fato, parece provável que Nostradamus tenha usado uma tigela de água como foco, quando desejou induzir o tipo de dissociação da consciência que é uma preliminar essencial do autêntico scrying (ver páginas 281-4). Em outras palavras, Nostradamus procurava o "demônio de Psellus".

Entre as primeiras coisas discernidas por ele em sua visualização da Sexta-Feira Santa, estava uma "Assembléia Diabólica” dedicada a um ritual de magia negra, que pode ter ocorrido em qualquer lugar e

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quase em qualquer tempo. Essa cerimônia blasfema pareceu a Nostradamus uma reencenação da conduzida por aquela "raça iníqua" de supostos messalinos.

ORGIAS ASSASSINAS

A conexão que Nostradamus discerniu entre sua visão de um ritual de magia negra conduzida por uma "Assembléia Diabólica” e a magia negra descrita pelo escritor Psellus se baseou em um relato dado por este último sobre um ritual herético realizado por pessoas que ele chamou de "messalinos": "Na noite [...] na época em que comemoramos a Paixão redentora de Nosso Senhor, eles juntam meninas jovens que iniciaram em seus ritos. Então apagam as velas [...] e se atiram lascivamente sobre as meninas [...] cada um sobre qualquer uma que lhe caia às mãos [...] Eles acreditam estar fazendo algo muito agradável aos demônios, aos transgredirem as leis de Deus que proíbem o incesto. [...] Após esperar nove meses, quando chega o tempo de nascerem os frutos desnaturais das uniões desnaturais, eles se reúnem novamente [...] No terceiro dia após o nascimento, eles [...] cortam a carne tenra [dos bebês] com facas afiadas e coletam o sangue que salta em tigelas. Atiram os pequeninos [...] em uma fogueira e queimam os corpos até que virem cinzas. Depois disso, misturam essas cinzas com o sangue nas tigelas e dessa maneira fazem uma bebida abominável [...] Eles partilham desse alimento".Não se sabe ao certo se um rito assim era de fato celebrado na época em que Psellus escreveu sua descrição. Certamente, porém, se era celebrado em alguma parte do Império Bizantino em alguma época durante a vida de Michael Psellus, então não era celebrado por messalinos, pois essa seita já estava extinta havia muito tempo.

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Isso não significa que nunca ocorreram orgias assassinas dessa espécie; existem alguma semelhança entre o ritual descrito por Psellus e relatos bem-autenticados de cerimônias sinistras realizadas pelos iniciados de cultos tântricos necrófilos não-ortodoxos.

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Embora a maior parte das predições às quais Nostradamus associou datas específicas tenha se verificado ao longo da história, não se pode dizer isso de todas elas. O vidente de Salon fez alguns notáveis erros proféticos, assim como muitos acenos. Por exemplo, na Quadra 49 da Centúria I, ele fez uma predição especificamente relativa ao ano de 1700:

Longo tempo antes desses eventos,Os povos do Leste, por influência lunar,

No ano 1700 farão que muitos sejam levados embora,E quase irão subjugar a extremidade [área] norte.

Os acontecimentos mencionados na primeira linha dessa quadra obviamente são os descritos na estrofe precedente, a Quadra 48, que parece referir-se a um ciclo de tempo a se iniciar por volta do ano de 1700. Mas o que dizer das três linhas restantes da quadra, com a data exata para "que muitos sejam levados embora”?

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Ocorre que não há sinal de nenhum acontecimento, no ano de 1700 ou próximo a ele, que realmente se encaixe nessa predição - embora alguns sectários de Nostradamus, ansiosos para encontrar o acontecimento certo para encaixar na profecia, tenham tentado aplicar-lhe coisas como a ocupação da Islândia pelas forças de Carlos XII da Suécia e uma campanha no norte da índia promovida por um dos comandantes dos exércitos do "Grande Mugal", o imperador Aurungzeb. Entretanto, estudiosos mais sensatos de Nostradamus - isto é, aqueles cujo entusiasmo e credulidade não são

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desmedidos - admitem que nesse exemplo em particular o vidente tenha se enganado.

Existe prova de que todas as capacidades mediúnicas de uma pessoa - sejam essas capacidades inatas ou adquiridas com o uso de treinamento e disciplina nos arcanos - estão sujeitas a oscilações periódicas. É como se aqueles que poderiam ser chamados de "atletas médiuns" pudessem, como seus equivalentes do atletismo físico, ficar completamente fora de forma sem nenhuma razão que se perceba facilmente. Assim, por exemplo, médiuns que tendo, no passado, produzido fenômenos espantosos se tornariam tão debilitados psiquicamente que perderiam suas capacidades autênticas e recorreriam a truques infantis que não enganariam uma pessoa dotada dos poderes de observação mais elementares.Não há razão para acreditar que Nostradamus fosse imune à tendência que assola médiuns menores de ter seus dias ruins, em que a energia psíquica é baixa e a visão clarividente fica distorcida ou, muito pior, inteiramente ausente e substituída pela auto-ilusão.É perfeitamente possível, portanto, que quando Nostradamus fez sua predição, aparentemente bem errada, de que o ano de 1700 seria marcado por algum acontecimento notável, suas capacidades mediúnicas estivessem em um ponto baixo de sua oscilação cíclica. Se é assim, parece surpreendente que, por um lado, essa predição tenha sido tão específica quanto à data e que, por outro, um clarividente tão experiente como Nostradamus não tenha percebido que suas capacidades estivessem tão diminuídas que essa profecia deveria ser suprimida por ser duvidosa.Talvez uma sugestão mais plausível seja a de que, na época em que essa predição foi feita, Nostradamus não estivesse - como talvez em muitas outras ocasiões - olhando o futuro de sua própria realidade, e

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sim o de uma realidade alternativa (ver páginas 245-8) na qual algum importante acontecimento mundial aconteceu no ano de 1700.

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KENNEDY E O XÁ

Nostradamus foi apenas um de muitos médiuns que tiveram uma série notável de acertos de previsão, mas que também fizeram prognósticos que o tempo mostrou serem parcial ou totalmente incorretos. Tome-se, por exemplo, as profecias feitas por Jeane Dixon, a mais conhecida de todos os videntes que praticaram sua arte na América do século 20.Algumas das profecias dela foram verdadeiramente notáveis. Predisse o assassinato do presidente Kennedy, ocorrido em 1963, já em 1956, quando a revista Parade publicou uma entrevista na qual ela descreveu uma visão que tivera cerca de quatro anos antes: "Uma voz saiu do nada, contando-me de maneira suave que esse homem jovem, um democrata que será eleito presidente em 1960, seria assassinado enquanto estivesse no cargo".No início dos anos 1970, ela predisse corretamente que o xá do Irã seria destronado por uma revolta popular. Até aí, tudo bem; mas ela previu que isso se daria em 1977, dois anos antes de realmente ter ocorrido. Além disso, ela declarou que, depois de viver em um exílio retirado, o xá novamente "caminharia sob os holofotes do mundo". Na realidade, ele morreu de câncer no exílio.As previsões iranianas de Jeane Dixon estavam ao menos parcialmente corretas; as que fez nos anos 1970 em relação à Grã-Bretanha estavam totalmente erradas. Por exemplo, ela disse que o trabalhista Eric Varley, membro do Parlamento, "saltaria para a luz dos holofotes"; ele está quase esquecido. Ela também apontou sir Geoffrey Howe como o primeiro-ministro do Partido Conservador que viria a seguir. Ele nunca assumiu esse cargo. Além disso, é lembrado

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principalmente pelo discurso que fez ao renunciar ao cargo de secretário do Exterior.

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Outra explicação de como Nostradamus foi capaz de obter vislumbres dofuturo - e talvez a mais interessante delas - se relaciona com a existência de realidades alternativas, como foi explicado nas páginas 245-8. Foram alguns escritores de ficção científica que primeiro expressaram de uma forma fácil de ser entendida a idéia de que vivemos em apenas uma dentre diversas realidades e de que só temos noção da existência dessa realidade em que vivemos. Essa idéia não se torna nem um pouco menos crível por isso, pois vale a pena lembrar que os primeiros escritores de ficção científica produziram histórias relacionadas com a exploração da energia nuclear em uma época em que quase todos os físicos estavam convencidos de que tal coisa simplesmente não era possível.O conceito todo de realidades alternativas, cada ramificação de uma outra linha do tempo ocorrendo em conseqüência de alguma decisão aparentemente insignificante - e às vezes destruindo a realidade original no processo de ramificação -, vem sendo o conceito favorito dos escritores de ficção científica e de histórias fantásticas desde os anos 1930. Um exemplo de destruição assim acontece em Bring the

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Jubilee (1976). O autor dessa obra, Ward Moore, descreve um viajante do tempo que é um historiador, vindo do futuro de um mundo em que a Confederação (15) venceu a Guerra Civil dos Estados Unidos, que viaja ao passado e visita a cena de uma das mais significativas vitórias dos confederados. Suas atividades no local são erroneamente interpretadas, por um guarda avançado das forças sulistas, como indicação da presença de tropas da União. As tropas confederadas recuam em pânico.

15. N. da T.: A aliança dos onze estados do Sul ("confederados") que quiseram se separar dos estados do Norte ("unionistas" ou "yankees"), mas que foram derrotados na Guerra Civil dos Estados Unidos.

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Isso faz com que o triunfo sulista que o viajante do tempo veio assistir se transforme em uma derrota sulista. A Confederação perde a guerra, e o futuro do qual o viajante veio se desvanece em um instante! Ele se vê apanhado em um mundo alternativo totalmente estranho - o nosso, aquele em que o Norte venceu a Guerra Civil.

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Idéias iguais a essas receberam também expressão literária em The Man in the High Castle ["O homem do castelo alto"], de 1962, do falecido Philip K. Dick, que se passa em uma realidade alternativa na qual a decisão que fez com que brotasse aquele determinado raminho da árvore do tempo fora uma decisão coletiva, e não individual - a dos votantes na eleição americana de novembro de 1931, que resolveram eleger para presidente outro que não Franklin Delano Roosevelt. Isso resultou na criação de uma linha do tempo na qual a Alemanha e o Japão vencem a Segunda Guerra Mundial e os Estados Unidos, no início dos anos 1960, se encontram divididos em três entidades políticas separadas: os Estados da União do Leste, sob brutal dominação nazista; a área ocidental, praticamente uma colônia do Japão, que adotou um tratamento muito mais benevolente para seus súditos americanos do que os nazistas em seu domínio; e, finalmente, tudo o que resta dos Estados Unidos, país que já tinha sido tão poderoso, são os estados economicamente atrasados da montanhosa área central.

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Existem muitas complexidades no enredo desse livro. Por exemplo, o personagem central, o homem do castelo alto - que é um retiro fortificado em que o homem se refugiou das gangues assassinas nazistas -, está de alguma maneira em contato subliminar com uma realidade alternativa, ou linha do tempo alternativa, na qual o Japão e a Alemanha perderam a guerra. Entretanto, não é do nosso mundo

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que ele tem conhecimento - a outra realidade que ele percebe é ainda um outro ramo da árvore do tempo, no qual nenhum navio da Marinha americana sofreu dano algum em conseqüência do ataque japonês a Pearl Harbor porque tinham sido todos mandados para o mar por um presidente americano sensato e cauteloso.Outros romances de realidade alternativa que vale a pena ler, nesse mesmo contexto, são Pavane (1968), de Keith Roberts, e The Alteration (1976), de Kingsley Amis. Ambos se passam em um mundo alternativo no qual a Reforma protestante do século 16 foi esmagada e uma Igreja Católica triunfalista domina todos os aspectos da vida e da cultura européia. O livro de Amis, que apresenta Foot e Redgrave, dois caçadores de heresias notavelmente desagradáveis, é engraçado e fácil de ler, mas Pavane, ambientado em uma Dorset alternativa, em uma Inglaterra onde a rainha Elizabeth I foi assassinada em 1588, certamente é o mais original desses dois livros.

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O mago sempre foi capaz de ver além do reinos das coisas físicas. Sua visão do mundo admite que pela penetração em outros mundos, planos ou realidades, ele é capaz de ocasionar surpreendentes mudanças no plano físico - "surpreendentes" porque, sem um conhecimento das elaboradas e serpenteantes conexões entre realidades diferentes, os efeitos causados pelo mago são tão surpreendentes quanto o funcionamento do rádio seria para um caçador da Idade da Pedra. A teoria de como um rádio funciona é bem compreendida hoje, mas mesmo assim ninguém pode mostrar as ondas de rádio indo pelo ar, levando o som. Da mesma forma ocorre com a magia; a menos que seja compreendida a teoria de outras realidades tais como o plano astral, fica determinado que os efeitos da magia não podem ser compreendidos.Os magos sempre foram dados a explicar o universo em termos de cosmologias complexas, e de fato empregam freqüentemente a árvore como metáfora. Um exemplo tradicional disso é a utilização da árvore da vida, que foi feita durante mais de mil anos por cabalistas judeus e, mais tarde, por gerações de magos europeus que se

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apropriaram desse diagrama complexo para tê-Io como seu guia do universo.A imagem da árvore da vida reproduz a idéia do tempo como uma árvore de infinitas ramificações. Cada galho e ramo contém uma realidade que é diferente, ainda que talvez só ligeiramente, da de seu vizinho. Essa visão de realidades alternativas pode explicar o não-cumprimento da profecia feita pelo vidente Cheiro, que falou de uma guerra na Palestina na qual estariam diretamente envolvidas tropas russas; ela pode ter acontecido em uma realidade alternativa, embora não tenha ocorrido na nossa. Fantástico? Talvez, mas a hipótese de realidades alternativas explicaria também algumas variedades de fenômenos mediúnicos que vêm desconcertando pesquisadores há mais de um século.

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Os fenômenos mediúnicos em questão são aqueles associados com os acertos, mas não com acertos totais, das premonições, dos sonhos precognitivos e das visões do futuro, que são e foram relatados como experiências tidas às vezes por pessoas bastante comuns - homens e mulheres que não alegam possuir vidência nem capacidades supranormais de nenhum tipo.Por comparação, a ciência moderna está se afastando dos sólidos blocos constituintes da matéria, os elementos, e se aproximando de um universo em que a força (energia) e a forma (matéria) se

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convertem uma na outra. Stephen Hawking, no seu clássico livro Uma Breve História do Tempo, leva o leitor moderno por vários estágios do pensamento científico moderno, desde o filósofo grego Aristóteles, passando por Newton e Einstein, até as últimas teorias de espaço e tempo. A cada ponto da evolução do pensamento científico, mais "certeza" aparente é jogada fora. Ptolomeu, por exemplo, estava certo de que a Terra era o centro do universo e de que tanto o Sol como os planetas giravam em torno dela. Em 1514, Nicolau Copérnico observou a forma mutante da Lua e teorizou que, ao contrário, os planetas é que giravam em torno do Sol, embora isso não tenha sido reconhecido amplamente até que Galileu Galilei usou um telescópio para confirmar o fato em 1609, quase um século mais tarde. A Terra tinha finalmente saído do centro do universo para se tornar apenas um outro planeta.Em 1687, Newton publicou seus achados que definiam a gravidade - uma força invisível, não-mensurável diretamente, que parecia fazer com que todos os corpos do universo fossem atraídos por todos os outros corpos, como que por magia! O homem se tornou menos importante, e até mesmo a Terra se tornou dependente (de todos os outros corpos no universo). Levou quase 130 anos para que alguém começasse a pensar a respeito da relação entre a gravidade e a luz. Mesmo essa certeza, a luz, pode agora ser "curvada” pela gravidade.No século 20, Einstein estendeu a ciência ainda mais, para abraçar o conceito de que matéria e energia podem ser intercambiáveis, atingindo finalmente o ponto de vista do mago, de que o universo é gerado do jogo entre força e forma. Ainda parecia que o tempo era "eterno", mas então Hawking revelou que "a teoria da relatividade pôs um fim à idéia de tempo absoluto! [...] Cada observador deve ter sua própria medida do tempo, registrado por um relógio carregado consigo, e relógios idênticos carregados por observadores diferentes

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não coincidem obrigatoriamente". Se observadores diferentes têm tempos diferentes por causa de seus pontos de vista diferentes, um ponto de vista realmente diferente poderia fazer com que você observasse um tempo que está décadas ou séculos diferente (distante) do nosso. Nostradamus tinha encontrado o segredo desse ponto de observação diferente.

Hawking gradualmente descarta, uma a uma, cada teoria científica desenhada para explicar as deficiências da anterior, até que a explicação científica do universo fica parecendo muito mais mística do que a mais complexa cosmologia mágica, e o tempo parece tão mutável quanto qualquer outra coisa no universo. Nós,

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definitivamente, não estamos viajando ao longo de um simples rio do tempo - estamos vivendo em algo infinitamente mais complexo.

A ÁRVORE DA VIDA

A árvore da vida é um diagrama místico do universo de grande antiguidade, muito mais velho que o diagrama das órbitas dos planetas em torno do Sol. É também um mapa da conformação mística do homem, porque se supõe que a "anatomia” mística do universo e a do homem sejam iguais.A árvore da vida consiste em dez Círculos ou Esferas (Sefirot) que são interconectados por 22 Caminhos (marcados com as 22 letras do alfabeto hebraico). Cada uma das Esferas está simbolicamente (mas não fisicamente) associada ou a um dos planetas, ou ao Solou à Lua. Acredita-se que esse total de 32 elementos - Esferas e Caminhos - esteja duplicado ao longo de quatro "Mundos" de graus variados de solidez, compondo um total de 128 Caminhos e Esferas.De todas essas diferentes Esferas, somente uma corresponde ao mundo físico ao redor de nós, tal como o conhecemos. O resto do diagrama permite ao cabalista ou mago descrever as partes secretas e místicas do universo: a fonte dos sonhos, a casa do tesouro das imagens arquetípicas da mente subconsciente, o território dos anjos e dos demônios e um milhão de outras coisas das quais a nossa consciência do século 20 nos separou, mas que entretanto são reais.Essas profundidades de descrição e delineação tratam de preocupações muito mais amplas do que simplesmente a luz, a gravidade e a relatividade, embora, sem dúvida, os mundos do cosmologista e do mago não passem de metáforas para a terrificante realidade do próprio universo - uma realidade que compreendemos

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aproximadamente tão bem quanto um bebê recém-nascido é capaz de entender o conteúdo de um conjunto de enciclopédias.

O problema com que somos confrontados ao lidar com Nostradamus e com as Centúrias é que simplesmente não temos uma perspectiva suficientemente ampla acerca de suas predições. Só podemos ver uma janela da história desde antes do tempo dele até o dia de hoje, enquanto ele era capaz de percorrer os vários ramos tomados pelos acontecimentos, para a frente e para trás. Na Quadra 2 da Centúria 1, ele fala de "au milieu des BRANCHES” (16), uma referência às profetisas de Branchus (ver páginas 257-9) e também aos ramificados caminhos do destino sobre os quais escreveu o escritor argentino Jorge Luis Borges.

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Existe uma implicação, nessa quadra, de que os acontecimentos da história não são uma longa linha contínua, um conceito caro ao coração do historiador moderno, mas, sim, um sutil entrelaçamento de eventos e pessoas que pode permitir que o viajante do tempo apareça em lugares e tempos muito díspares e veja acontecimentos que estão separados por muitas décadas ou séculos como parecendo estar quase lado a lado.

16. N. da T.: No meio dos GALHOS (veja Quadras 1 e 2 da Centúria 1, p. 257).

Essa abordagem da obra de Nostradamus ajuda a explicar por que suas quadras aparentemente pulam para trás ou para a frente no

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tempo sem nenhum padrão evidente. Talvez o vidente simplesmente tenha escrito sobre o que viu na ordem em que viu, e essa ordem seja de fato um reflexo da maneira como o passado e o presente se entrelaçam, e não uma engenhosa "venda” inserida deliberadamente para tornar mais difícil a tarefa de decifração. Na verdade, pode ser que tenha sido impossível para Nostradamus desembaraçar as meadas do tempo sem a vantagem da abrangência de visão que nos foi parcialmente concedida. Talvez tenhamos aqui não um obscurantismo proposital, mas uma verdadeira chave para a estrutura dos "ramos do tempo".

Um leque, o símbolo dos caminhos ramificados da escolha e do destino

Finalmente, em muitas teorias do tempo ou mesmo na realização comum de desejos, é reconhecido que, se à ação anterior tivesse sido diferente, o curso dos acontecimentos provocados também teria

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sido muito diferente. De fato, uma vez que se tomou um desvio diferente no jardim de caminhos ramificados, o curso dos acontecimentos nunca poderá retomar ao caminho antigo. O tempo, os acontecimentos e as pessoas envolvidas desviaram para uma direção diferente.A cada grande (ou mesmo pequeno) ponto de decisão na vida de uma pessoa, existe um certo número de escolhas, e cada decisão leva você por um certo galho de cada leque de opções. Nosso destino é como uma sucessão de decisões no formato de leque, ou como um jardim de caminhos ramificados. Talvez a verdadeira natureza de nosso destino coletivo, a história, também tenha o formato de um leque - e, nesse caso, não surpreende que apenas alguns videntes, como Nostradamus, encontraram seu caminho através desse jardim de caminhos ramificados, séculos antes que as decisões que mapearam essa rota tivessem sido tomadas. Talvez isso explique por que algumas quadras não se encaixam muito bem - elas seriam visões de uma realidade alternativa no fim de um caminho que afinal não foi tomado.Isso parece nos fornecer algumas conclusões sólidas. A primeira é que o tempo não é linear, mas se ramifica infinitamente, dividindo-se constantemente tal como uma árvore viva e em crescimento. A segunda é que alguns profetas, por meio de um "talento bruto" ou de um conhecimento de certas técnicas tradicionais, podem adotar um ponto de vista que lhes permite ver realidades alternativas. A terceira é que essas realidades alternativas podem muito bem estar "à frente" de nossa própria realidade, portanto o profeta pode ver o que para nós é um acontecimento futuro, mas que para aquela realidade é o presente. A quarta é que nós temos livre arbítrio para tomar decisões que podem alterar o fluxo e que algumas realidades alternativas

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vislumbradas por profetas muito talentosos nunca acontecerão na nossa realidade.

As páginas a seguir examinam de perto certas técnicas de profecia que você, leitor, pode experimentar por si mesmo.

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O ALEPH

O escritor, poeta e erudito argentino Jorge Luis Borges (1899-1986) escreveu muitas aparentes ficções sobre a relação do tempo com o espaço e sobre como os acontecimentos se relacionam uns com os outros. Em seu livro O Aleph ele descreve uma visão que foi trazida por sua concentração sobre um único ponto luminoso que age à maneira de uma bola de cristal chamado por ele de "o Aleph". Era "uma pequena esfera iridescente de brilho quase intolerável. A princípio, pensei que ela girava; depois entendi que seu movimento era uma ilusão provocada pelas visões vertiginosas que ela continha”. Olhando para ela, Borges pôde ver outros tempos, outros espaços e infinitos objetos - um mar muito carregado, um ladrilho que ele vira trinta anos antes na entrada de uma casa, cavalos em uma praia do Mar Cáspio e desertos equatoriais convexos e cada grão de areia deles.

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Não há razão para que Nostradamus, Cheiro e um punhado de outros videntes devam ser os únicos com a capacidade de percorrer a árvore do tempo; as técnicas utilizadas para espiar o futuro pessoal ou coletivo não constituem propriedade de algumas pessoas dotadas.Oráculos costumavam fazer parte da vida religiosa comum na antiga Grécia; o culto de ApoIo incluía a criação e a manutenção de locais de profecia, por meio dos quais os deuses podiam se comunicar com a humanidade. A prática em Delfos era que a profetiza se sentasse sobre um tripé de latão colocado sobre um respiradouro no chão de uma caverna, do qual emanavam vapores narcóticos. Isso faz um paralelo muito próximo com a descrição do método do próprio Nostradamus, encontrada na Quadra 1 da Centúria I (ver páginas 257-60).Não podemos repetir esses métodos com facilidade, mas podemos encontrar, menos de um século após o tempo de Nostradamus, um método de divinação que podemos utilizar. Na época elizabetana, o dr. John Dee, matemático e conselheiro da corte da rainha Elizabeth

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I, queria ver o futuro, não pela consulta aos oráculos profissionais, mas por scrying - o ter visões através de um cristal ou "vidro". Dee foi ainda além em seus esforços para obter conhecimento divino: ele tentou conversar com os anjos através do cristal. Suas técnicas, se não os seus anjos, ainda estão disponíveis para nós.

A técnica do scrying exige apenas um aposento silencioso e escurecido e uma superfície não-refletora sobre a qual é depositado o cristal, algumas vezes numa moldura de madeira escura; o berilo é

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uma pedra apropriada para esse uso. Após uma preparação adequada, para limpar a mente de pensamentos que distraem, o vidente olha dentro da pedra, que normalmente é um volume esférico de cristal natural polido - geralmente uma variedade de quartzo. Não deve haver nenhum reflexo sobre a superfície do cristal que possa perturbar a visão.O objetivo de olhar atentamente para a pedra é entediar, por assim dizer, a parte da mente que se relaciona com a consciência cotidiana, de forma que ela seja desligada e que a visão fique livre para explorar outros tempos ou lugares ou, algumas vezes, outros planos. O vidente pode ter sorte dentro de alguns minutos ou pode ter que esperar várias horas, dependendo das condições e da aptidão natural. Quando você estiver experimentando essa técnica, tente não olhar para a superfície da pedra, mas para dentro dela, mais ou menos no centro. Quando os processos perceptivos ultra-sensórios estiverem totalmente em operação, o contemplador do cristal "vê", como se fosse através de um sentido medi único análogo ao da visão física, coisas distantes no tempo e/ou no espaço. No caso de certas formas avançadas de contemplação de cristais que envolvem experiências conhecidas como extracorpóreas, o escrutinador tem de fato a sensação de ter estado fisicamente presente à cena da visão (ver páginas 301-5).A técnica de scrying é freqüentemente considerada uma técnica de dissociação eficaz por aqueles que desejam olhar o futuro e colocar em ação suas capacidades medi únicas. Somente uma minoria dos praticantes empregam bolas de cristal verdadeiro, pois elas tendem a ser muito caras, e uma imitação feita de vidro moldado é mais fácil de se conseguir, pois é muito mais barata e normalmente produz resultados igualmente satisfatórios ou insatisfatórios. Na verdade,

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quase qualquer coisa pode servir como um foco assim - um copo de água, uma poça de tinta ou uma pedra semi-transparente.

O fato de que algumas visões corretas foram obtidas no passado por esse método não pode ser objeto de dúvida para uma pessoa que considere desapaixonadamente as provas. Alguns leitores de bola de cristal possuem um "talento bruto" que às vezes é inato e às vezes é deliberadamente cultivado pelo uso dos exercícios mediúnicos que são descritos nas páginas 301-5.

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A QUEDA DE UMA RAINHA

Um praticante de scrying da época elizabetana previu corretamente a execução de Mary, Rainha da Escócia, e a partida da armada espanhola com base em visões obtidas em um pedaço duro e polido de "repolho de carvão" - que no contexto do século 16 provavelmente significa "antracito" ou "azeviche".O vidente em questão, Edward Kelley (1555-1595), foi uma dessas pessoas talentosas mas amorais, uma combinação de vidente autêntico e pequeno criminoso. O dr. John Dee empregou Kelley para ler o cristal em suas experiências com "revelações angélicas". A visão que à época foi interpretada como um prognóstico da execução de Mary e uma tentativa de invasão da Inglaterra por mar foi registrada nos diários de Dee em 5 de maio de 1583. Por meio da mediunidade de Kelley, Dee invocou "o anjo Uriel": "Com relação à visão que foi apresentada ontem aos olhos de E[dward] K[elley] quando ele se sentava comigo para a ceia em meu salão - quero dizer, a aparição do mar muito grande e muitos navios nele e a decepação da cabeça de uma mulher por um homem alto e negro, o que devemos imaginar disso?" Uriel respondeu: "Providência de poderes estrangeiros contra o bem-estar desta terra: que eles devem pôr em prática brevemente. A outra, a morte da rainha dos escoceses: não falta muito para ela".E assim aconteceu. Em 1587, Mary, Rainha da Escócia, foi executada por traição, e no ano seguinte a armada espanhola avançou contra a Inglaterra. Dee já havia informado Elizabeth I de sua profecia, e Drake tivera tempo mais do que suficiente para se preparar; a profecia de Kelley pode ter mudado a história.

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Não existem registros de instruções precisas para o uso de métodos clássicos de profecia oracular, tais como os que eram empregados por Nostradamus, e o scrying requer uma certa quantidade de capacidade natural. Entretanto, existem alguns métodos de divinação que podem permitir, com um pouco de aplicação, que qualquer pessoa explore a árvore do tempo e veja o futuro. Um desses métodos divinatórios, o tradicional tarô europeu, é examinado em detalhe nas páginas 293-6, e mesmo sortes e livros oraculares mais antigos são comentados nas páginas 226-9.Para conhecer um dos mais confiáveis de todos os métodos de se obterem respostas para questões específicas, temos que considerar o I Ching ou "Livro das Mutações", o mais antigo e conhecido livro de oráculo do mundo. Esse clássico texto chinês é atribuído ao rei Wen e a seu filho, o Duque de Chou, que, no século 12 a.C. organizou o livro "para libertar o administrador sensato da dependência de instáveis tipos sacerdotais para interpretar o oráculo", uma indicação clara de que esse oráculo é para uso cotidiano.

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A técnica envolve a geração de um ou dois hexagramas, entre 64 hexagramas diferentes, cada um formado por sua combinação única de seis linhas inteiras ou quebradas, chamadas de linhas Yang (inteiras e masculinas) ou Yin (quebradas e femininas). Segue-se a consulta ao texto. Além disso, devem ser consultados os numerosos comentários que o I Ching faz sobre os hexagramas. O hexagrama é obtido ou pela manipulação de cinqüenta varinhas de milefólio especiais ou, mais recentemente, pelo lançamento de moedas, que pelo padrão mostrado, após caírem, vaticinarão corretamente as condições do momento e, a partir daí, o resultado da pergunta que está sendo feita.Para executar a divinação, primeiro aquiete a mente e queime talvez um pouco de incenso para invocar a disposição correta. Formule então a questão da maneira o menos ambígua e o mais cuidadosa possível. Escreva-a. Pegue três moedas (idealmente, mas não necessariamente, moedas chinesas) com buracos no centro. Cada lado delas representa Yang (geralmente, cara) ou Yin (geralmente, coroa). As moedas devem ser lançadas ao ar seis vezes, indicando em cada lançamento o tipo de linha. Se caírem com dois lados Yang (cara) e um lado Yin (coroa), a linha indicada é Yang. Da mesma forma, se aparecerem dois Yin e um Yang, a linha é Yin. Se todas as três moedas mostrarem o lado Yang, a linha é considerada uma linha Yang "móvel" - isto é, Yang, mas com tendência de se converter em Yin no futuro. Três lados Yin dão uma linha Yin "móvel".

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Tomemos uma questão e uma resposta como exemplo para ilustrar a técnica. Suponhamos que a questão seja "Qual será o resultado, para mim, nesse processo judicial?" As três moedas são então lançadas seis vezes, dando as seguintes linhas:

1ª.) 2 lados Yang + 1 Yin = YANG2ª.) 1 lado Yang + 2 Yin = YIN 3ª.) 3 lados Yang = YANG móvel 4ª.) 1 lado Yang + 2 Yin = YIN 5ª.) 1 lado Yang + 2 Yin = YIN 6ª.) 2 lados }Yang + 1 Yin = YANG

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Depois de ter construído o hexagrama com as seis linhas desse modo, você precisa consultar seu sentido no I Ching, que dará uma interpretação do resultado da questão. Nesse caso, o hexagrama é o de número 21, chamado Shi Ho, cujo texto diz: "Sucesso em procedimentos legais. Você não deve ser culpado pelo problema atual. Separação".Essa é uma resposta bem direta para a questão, mas sua interpretação pode ser levada um passo além, tomando-se a chamada "linha móvel" e substituindo-a pela linha oposta, nesse caso, de Yang para Yin. O hexagrama resultante é o de número 27, chamado Shi Ho, cujo texto é: "O esforço consistente traz sucesso". Isso confirma a leitura.A prática faz a perfeição, e o uso do I Ching de maneira periódica leva a uma maior facilidade. Embora o método não seja muito bom para datar suas predições, ele algumas vezes oferece conselho nas situações apropriadas. Se alguém apenas mergulha no texto, ele dirá coisas quase tão obscuras quanto as quadras de Nostradamus, mas quando usado adequadamente o texto em particular escolhido pelo oráculo será freqüentemente claro e pertinente à questão formulada.