freire resumo

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FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. p.144. Resumo 1.6Ensinar exige a corporeificação das palavras pelo exemplo. p.16 Paulo Freire explicita a vivência didática projetada pelo professor, trata-se de um ensino que reflete a prática docente. Para o professor que realmente trabalha os conteúdos, e possui a atitude de “pensar certo”, deve-se negar a frase farisaica do "faça o que mando e não o que eu faço", e dessa forma, ele faz referência (intertextualidade) aos fariseus da época de Jesus que aparentavam santidade nas ações públicas, porém na vida íntima eram verdadeiros "sepulcros caiados", mantinham atitudes secretas e modos de pensar que denotavam putrefação. A aparente devoção judaica de nada valia e assim foram condenados por Jesus. De modo similar "as palavras a que falta a corporeidade do exemplo, nada valem”, o que demonstra a seriedade e comprometimento do professor que precisa ensinar e agir de acordo com o ensino. Ainda, o autor menciona outro exemplo: quando o professor que se identifica e se autoproclama de esquerda, (a favor da classe trabalhadora), chega ao nível de conformismo e curva-se diante do conservadorismo, ensinando aos alunos a necessária e obediente rotina operária, e assim questiona se os alunos não percebem o desnível de discursos, a incoerência entre o discurso e a prática. Para o autor as palavras ensinadas necessitam de uma existência quase física, perceptível por meio das ações de quem está ensinando- as, de quem está predicando. Palavras sem ações são semelhantes a discursos vazios, por isso não possuem poder de modificar, de fazer progredir, de tornar o aluno um ser transformador da sociedade, capaz de um pensar revolucionário, com capacidade de compreensão da realidade social, portanto, disposto a mudá-la por meio de fazer com que outras pessoas passem a ter o pensamento de intervenção social em oposição à subserviência/submissão. Portanto, pensar certo, é ensinar a criticidade. 1.7 – Ensinar exige risco, aceitação do novo e rejeição a qualquer forma de discriminação. Um aspecto relevante é a necessidade da “aceitação do novo” como uma forma de preservação dos direitos democráticos, isto é, evita-se qualquer tipo de preconceito, discriminação de raça, gênero e nível social, por conseguinte, isso implica a inexistência de atos violentos, mortes de menores de ruas e tantas outras atrocidades. A estrutura frasal sob a analogia: “Se, do ângulo da gramática, o verbo entender é transitivo no que concerne à “sintaxe” do pensar

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Page 1: FREIRE Resumo

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. p.144.

Resumo 1.6Ensinar exige a corporeificação das palavras pelo exemplo. p.16

Paulo Freire explicita a vivência didática projetada pelo professor, trata-se de um ensino que reflete a prática docente. Para o professor que realmente trabalha os conteúdos, e possui a atitude de “pensar certo”, deve-se negar a frase farisaica do "faça o que mando e não o que eu faço", e dessa forma, ele faz referência (intertextualidade) aos fariseus da época de Jesus que aparentavam santidade nas ações públicas, porém na vida íntima eram verdadeiros "sepulcros caiados", mantinham atitudes secretas e modos de pensar que denotavam putrefação. A aparente devoção judaica de nada valia e assim foram condenados por Jesus. De modo similar "as palavras a que falta a corporeidade do exemplo, nada valem”, o que demonstra a seriedade e comprometimento do professor que precisa ensinar e agir de acordo com o ensino.

Ainda, o autor menciona outro exemplo: quando o professor que se identifica e se autoproclama de esquerda, (a favor da classe trabalhadora), chega ao nível de conformismo e curva-se diante do conservadorismo, ensinando aos alunos a necessária e obediente rotina operária, e assim questiona se os alunos não percebem o desnível de discursos, a incoerência entre o discurso e a prática.

Para o autor as palavras ensinadas necessitam de uma existência quase física, perceptível por meio das ações de quem está ensinando-as, de quem está predicando. Palavras sem ações são semelhantes a discursos vazios, por isso não possuem poder de modificar, de fazer progredir, de tornar o aluno um ser transformador da sociedade, capaz de um pensar revolucionário, com capacidade de compreensão da realidade social, portanto, disposto a mudá-la por meio de fazer com que outras pessoas passem a ter o pensamento de intervenção social em oposição à subserviência/submissão. Portanto, pensar certo, é ensinar a criticidade.

1.7 – Ensinar exige risco, aceitação do novo e rejeição a qualquer forma de discriminação.

Um aspecto relevante é a necessidade da “aceitação do novo” como uma forma de preservação dos direitos democráticos, isto é, evita-se qualquer tipo de preconceito, discriminação de raça, gênero e nível social, por conseguinte, isso implica a inexistência de atos violentos, mortes de menores de ruas e tantas outras atrocidades.

A estrutura frasal sob a analogia: “Se, do ângulo da gramática, o verbo entender é transitivo no que concerne à “sintaxe” do pensar certo ele é um verbo cujo sujeito é sempre copartícipe de outro.”, é instigante, pois compara a transitividade do verbo “entender” entre a troca comunicativa/cognoscitiva entre professor e aluno e sob esse ponto de vista não aceita-se o saber mecânico, a alienação.

Assim, o dever do educador que pensa certo é, exercer sua prática docente de modo humanizador, é ser um ser humano na atitude irrecusável da prática de inteligir, é desafiar sempre o educando com quem se comunica, produzindo assim compreensão. Não existe intelegibilidade sem comunicação, pois culmina na dialogicidade. Portanto, pensar certo é agir de modo dialógico e não polêmico. Dessa forma, o autor reflete o dialogismo de Bakhtin, no qual um fala ao outro e ambos ouvem tons diferenciados e enriquecidos de uma mesma esfera do saber.