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FUNDAÇÃO INSTITUTO CAPIXABA DE PESQUISAS EM CONTABILIDADE, ECONOMIA E FINANÇAS – FUCAPE
SIMONY PEDRINI NUNES RÁTIS
DETERMINANTES PARA O ATRASO NA DIVULGAÇÃO DAS CONTAS PÚBLICAS ANUAIS DOS MUNICÍPIOS DO ESTADO DO ESPÍRITO
SANTO
VITÓRIA
2012
SIMONY PEDRINI NUNES RÁTIS
DETERMINANTES PARA O ATRASO NA DIVULGAÇÃO DAS CONTAS PÚBLICAS ANUAIS DOS MUNICÍPIOS DO ESTADO DO ESPÍRITO
SANTO
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis, Fundação Instituto Capixaba de Pesquisas em Contabilidade, Economia e Finanças (FUCAPE), como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Ciências Contábeis – Nível Profissionalizante, na área de concentração Contabilidade e Finanças.
Orientador: Prof. Dr. Fábio Moraes da Costa
VITÓRIA
2012
FICHA CATALOGRÁFICA
Elaborada pelo Setor de Processamento Técnico da Biblioteca da FUCAPE
Rátis, Simony Pedrini Nunes.
Determinantes para o atraso na divulgação das contas públicas anuais dos municípios do Estado do Espírito Santo. / Simony Pedrini Nunes Rátis. Vitória: FUCAPE, 2012.
77p. Dissertação – Mestrado. Inclui bibliografia. 1. Contas públicas 2. Lei de responsabilidade fiscal I.Fundação
Instituto Capixaba de Pesquisas em Contabilidade, Economia e Finanças II.Título.
CDD – 657
SIMONY PEDRINI NUNES RÁTIS
DETERMINANTES PARA O ATRASO NA DIVULGAÇÃO DAS CONTAS PÚBLICAS ANUAIS DOS MUNICÍPIOS DO ESTADO DO ESPÍRITO
SANTO.
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis, Fundação Instituto Capixaba de Pesquisas em Contabilidade, Economia e Finanças (FUCAPE), como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Ciências Contábeis – Nível Profissionalizante, na área de concentração Contabilidade e Finanças.
Aprovada em 13 de dezembro de 2012.
COMISSÃO EXAMINADORA
Prof° Dr. FÁBIO MORAES DA COSTA (Fundação Instituto Capixaba de Pesquisas em Contabilidade, Economia e
Finanças – FUCAPE / Orientador)
Prof° Dr. Aridelmo José Campanharo Teixeira (Fundação Instituto Capixaba de Pesquisas em Contabilidade, Economia e
Finanças - FUCAPE)
Prof° Dr. José Elias Feres de Almeida (Universidade Federal do Espírito Santo - UFES)
Dedico este trabalho ao meu
esposo César, aos meus filhos
Gustavo e Henrique e aos meus
pais Elyseu e Martha.
AGRADECIMENTOS
A construção do conhecimento se dá durante toda a vida, no entanto assumir o
desafio de desenvolver uma dissertação nos exige grande esforço e dedicação. Para
conseguirmos alcançar nossos objetivos precisamos contar com a compreensão dos
familiares, amigos, professores e outros profissionais sem os quais seria impossível
realizar tal sonho.
Em primeiro lugar agradeço a Deus por ter estado ao meu lado durante toda
longa caminhada me ungindo de determinação e força nos momentos mais difíceis.
Aos meus pais pela dedicação em todas as fases da minha vida e pelo
ensinamento de que o conhecimento é o maior bem que podemos adquirir.
Ao meu esposo César por sua compreensão e apoio, na realização desse sonho
pessoal, suportando minha ausência e me encorajando nos momentos de ansiedade e
enfraquecimento.
Aos meus filhos Gustavo e Henrique que me apoiaram com carinho e
compreensão e, apesar da pouca idade, souberam abrir mão de momentos de partilha
e lazer comigo durante essa jornada de estudo.
Aos colegas do curso de Mestrado da Fundação Instituto Capixaba de Pesquisas
em Contabilidade, Economia e Finanças pelo convívio e dedicação.
Ao Professor Doutor Valcemiro Nossa, ao Professor Doutor Aridelmo José
Campanharo Teixeira e demais professores desta instituição pelas valiosas
contribuições no desenvolvimento do curso, na elaboração e conclusão deste trabalho e
por nos ter proporcionado, apesar dos grandes desafios, desenvolver pesquisas em
contabilidade aplicada ao setor público.
Em especial ao Professor Doutor Fábio Moraes Costa, que com seu
conhecimento e experiência transformou o que parecia complexo em simples me
fazendo acreditar que era possível.
Não poderia deixar de agradecer ao Prof. Lino Martins da Silva pelo seu exemplo
de vida, pela sua dedicação ao setor público e, principalmente, pela sua capacidade de
transferir conhecimento e despertar em nós o interesse pela pesquisa e a necessidade
de contínuo aprendizado. Faria tudo novamente, somente pela oportunidade de ser sua
aluna outra vez.
“Se você pensa ou sonha que pode, comece.
Ousadia tem poder, genialidade e mágica. Ouse
fazer e o poder lhe será dado”
(Joahnn Goethe)
RESUMO
Após a Lei de Responsabilidade Fiscal, a divulgação das contas públicas por meio do
envio a Secretaria do Tesouro Nacional – STN passou a ser obrigatória. Apesar da
regulamentação e das iniciativas que visam facilitar o processo de divulgação das
contas públicas anuais, bem como, a existência de punições para o descumprimento
dos prazos, observa-se o não envio ou o atraso da divulgação das informações
contábeis. No período de 2000 a 2011, em média, 64,87% dos municípios do estado do
Espírito Santo atrasaram o envio das referidas informações. O objetivo da presente
pesquisa foi identificar os fatores determinantes para o atraso da divulgação das contas
públicas anuais dos municípios do Estado do Espírito Santo. Para isso, foram utilizados
dois modelos de regressão com base nos dados dos 78 municípios capixabas, no
período de 2000 a 2011, e avaliadas seis dimensões: natureza da notícia, nível de
escolaridade, tipo de autoridade (partido político), tamanho do município, competição
política e restrições regulamentares (dependência de receitas de transferências
voluntárias e operações de crédito). No modelo 1, quantidade de dias entre o
fechamento do exercício e a data da divulgação, nenhuma das dimensões foi
estatisticamente significativa. Por outro lado, no modelo 2, pode-se afirmar que o nível
de escolaridade do gestor, o tamanho, a competição política e as restrições
regulamentares são determinantes para a divulgação em atraso (prazo superior a 120
dias). As evidências encontradas podem contribuir para o estabelecimento de políticas
que visam minimizar os atrasos, como iniciativas de simplificação dos demonstrativos
para municípios de menor porte e a ampliação das restrições regulamentares para
aqueles que não atendam ao prazo limite estipulado.
Palavras-chave: Divulgação. Contas Públicas. Lei de Responsabilidade Fiscal.
ABSTRACT
After the Lei de Responsabilidade Fiscal (Fiscal Responsibility Law) the disclosure of
financial statements in the public sector became mandatory by requiring to send them to
the by sending the Secretaria do Tesouro Nacional (Secretary of National Treasury).
Despite the regulations and initiatives that aim to facilitate the process of disclosure of
annual public accounts, as well as the existence of sanctions for noncompliance with
deadlines, many local governments delay the disclosure of accounting information. From
2000 to 2011, 64.87% of the municipalities of the state of Espírito Santo delayed
submission of such information, on average. Thus, the objective of this research was to
identify the determinant factors for delaying disclosure of annual public accounts of the
municipalities of the state of Espírito Santo. In this regard, two regression models were
applied based on data from 78 municipalities of Espírito Santo, in the period from 2000
to 2011. Six dimensions were evaluated: type of the message, education level, type of
authority (political party), size, competition policy and regulatory constraints. None of
these dimensions was significant in explaining the number of days between the end of
the fiscal year and the date of disclosure. On the other hand, low education level of the
manager, size, competition policy and regulatory constraints are determinants the help
to explain the delay in disclosure (greater than 120 days from the end of fiscal year).
The evidence can contribute to the establishment of policies to minimize delays, such as
initiatives related to simplification of requirements for small municipalities and expansion
of regulatory restrictions for those who do not meet the stipulated deadline.
Keywords: Disclosure. Public Accounts. Fiscal Responsibility Law.
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - ESTATÍSTICA DESCRITIVA DA AMOSTRA ............................................. 62
TABELA 2 - REGRESSÃO PARA DIAS PARA DIVULGAÇÃO DAS CONTAS (Ddiv) ... 63
TABELA 3 - REGRESSÃO LOGÍSTICA PARA ATRASO NA DIVULGAÇÃO DAS
CONTAS (ADC) ............................................................................................................. 65
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Categorias da pesquisa em Disclosure e suas características....................... 19
Quadro 2 - Aspectos favorecedores da accountability presentes na LRF ........................ 34
Quadro 3 - Situação de Divulgação das Contas Anuais Municípios Capixabas .............. 44
Quadro 4 - Dados de observações não disponíveis. ............................................................ 45
Quadro 5 - Dados de receita total coletados do SIOPS. ...................................................... 46
Quadro 6 - Diferenças entre dados apresentados no SISTN e FINBRA. ......................... 47
Quadro 7 – Classificação do nível de escolaridade. ............................................................. 50
Quadro 8 - Classificação dos Partidos Políticos. ................................................................... 51
Quadro 9 - Variáveis utilizadas e suas descrições. .............................................................. 55
LISTA DE SIGLAS
ADCT – Atos das Disposições Constitucionais Transitórias
COC – Cadastro de Operações de Crédito
FINBRA – Finanças do Brasil
FNDE – Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
LRF – Lei de Responsabilidade Fiscal
RCL – Receita Corrente Líquida
RGF – Relatório de Gestão Fiscal
RREO – Relatório Resumido de Execução Orçamentária
SIOPE – Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Educação
SIOPS - Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Saúde
SISTN – Sistema de Coleta de Dados Contábeis de Estados e Municípios
STN – Secretaria do Tesouro Nacional
TRE – Tribunal Regional Eleitoral
TSE – Tribunal Superior Eleitoral
SUMÁRIO
Capítulo 1 ....................................................................................................................... 13
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 13
Capítulo 2 ....................................................................................................................... 19
2 REVISÃO DE LITERATURA E DESENVOLVIMENTO DE HIPÓTESES................ 19
2.1 TEORIA DA DIVULGAÇÃO (Theory of Disclosure) .......................................... 19
2.2 PESQUISAS RELACIONADAS COM DISCLOSURE ....................................... 21
2.3 RELAÇÃO DA PRESTAÇÃO DE CONTAS E A DIVULGAÇÃO NO SETOR
PÚBLICO .................................................................................................................... 32
2.4 OS LIMITES CONSTITUCIONAIS E OS ESTABELECIDOS PELA LEI DE
RESPONSABILIDADE FISCAL - LRF ........................................................................ 35
2.4.1 Limite dos Gastos com Pessoal.................................................................. 35
2.4.2 Limite para aplicação mínima na Educação ............................................... 38
2.4.3 Limite para aplicação mínima na Saúde ..................................................... 39
2.4.4 Limite da Dívida Consolidada Líquida ........................................................ 40
Capítulo 3 ....................................................................................................................... 42
3 METODOLOGIA ..................................................................................................... 42
3.1 COLETA DOS DADOS ..................................................................................... 42
3.2 DESCRIÇÃO DAS VARIÁVEIS ......................................................................... 47
3.3 REGRESSÃO LOGÍSTICA E DADOS EM PAINEL .......................................... 56
3.4 MODELOS DE REGRESSÃO ........................................................................... 56
Capítulo 4 ....................................................................................................................... 61
4 RESULTADOS DA PESQUISA ............................................................................... 61
4.1 ESTATÍSTICAS DESCRITIVAS ........................................................................ 61
4.2 RESULTADOS PARA DIAS PARA DIVULGAÇÃO DAS CONTAS .................. 63
4.3 RESULTADOS PARA ATRASO NA DIVULGAÇÃO DAS CONTAS ................. 65
Capítulo 5 ....................................................................................................................... 70
5 CONCLUSÃO ......................................................................................................... 70
5.1 LIMITAÇÃO E TRABALHOS FUTUROS ........................................................... 72
REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 74
Capítulo 1
1 INTRODUÇÃO
O presente trabalho investigou os determinantes do atraso na divulgação das
contas públicas anuais dos municípios do Estado do Espírito Santo, no período de 2000
a 2011. As evidências visam contribuir para ações de tomadores de decisão e órgãos
de controle, dado que existem incentivos para divulgação ou não das informações
contábeis (DWYER; WILSON, 1989).
A discussão sobre divulgação, pontualidade e qualidade das informações
produzidas pela contabilidade vem ocorrendo em várias dimensões. Dentre as
pesquisas realizadas, é possível destacar as de Feldman e March (1981), Dwyer e
Wilson (1989), Ryan et al. (2002), Sengupta (2004), Dantas et al. (2005), Laswad
(2005), Szüster, Szüster e Szüster (2005), Owusu-Ansah e Leventis (2006) e Greiling e
Spraul (2010).
A contabilidade, tanto no setor privado quanto público, tem como objetivo
fornecer informações úteis sobre a entidade para usuários distintos (HENDRIKSEN;
VAN BREDA, 1999, p. 93-94). Segundo Szüster, Szüster e Szüster (2005), para
atender aos usuários internos e externos a informação contábil deve possuir qualidade
e credibilidade.
Carslaw e Kaplan (1991) afirmam que um atributo qualitativo relevante das
demonstrações financeiras é a pontualidade, logo a informação deve ser disponibilizada
ou divulgada aos usuários o mais rapidamente possível. Portanto, conforme Gonçalves
e Ott (2002), a qualidade e a credibilidade da informação contábil estão relacionadas
14
com o termo evidenciação (Disclosure). Neste trabalho, o tema Disclosure será tratado
como sinônimo de divulgação.
A divulgação das contas públicas no setor público brasileiro, conforme legislação
em vigor, deve ocorrer para atender as seguintes finalidades: prestação de contas (art.
82, Lei nº. 4.320/64), transparência (art. 48 da Lei Complementar nº. 101/2000 – Lei de
Responsabilidade Fiscal, alterada pela Lei Complementar nº. 131/2009) e consolidação
das contas nacionais (art. 51 da Lei Complementar nº. 101/2000 e Portaria – STN nº.
109/2002 e posteriores).
Na visão de Platt Neto et al. (2007, p. 80), as contas públicas representam o
conjunto de dados e informações de natureza econômico financeira das entidades
públicas, produzidas pelos órgãos de contabilidade, planejamento e orçamento.
Nesta pesquisa consideram-se como “contas públicas” os quadros e
demonstrativos encaminhados a Secretaria do Tesouro Nacional (STN) com a
finalidade de consolidação, controle e acompanhamento, por meio do Sistema de
Coleta de Dados Contábeis dos Entes da Federação (SISTN); Sistema de Informações
sobre Orçamentos Públicos em Educação (SIOPE) e Sistema de Informações sobre
Orçamentos Públicos em Saúde (SIOPS).
Os quadros e demonstrativos encaminhados a STN são:
1. Relatório Resumido da Execução Orçamentária (RREO);
2. Relatório de Gestão Fiscal (RGF);
3. Quadro dos Dados Contábeis Consolidados (QDCC);
4. Cadastro de Operações de Crédito (COC).
15
Apesar de toda a regulamentação sobre prazo e das iniciativas que visam
facilitar o processo de divulgação das contas públicas anuais dos entes públicos, bem
como a existência de punições para o descumprimento dos prazos previstos na
legislação, observa-se, com base nos dados disponíveis no sítio da Secretaria do
Tesouro Nacional, o não envio ou o atraso da divulgação das informações contábeis.
Feldman e March (1981) abordaram o problema de que as informações
coletadas a posteriori, ou seja, com atraso, não atendem as necessidades dos
tomadores de decisão.
No setor público, várias pesquisas sobre divulgação de informações também
foram realizadas. Os resultados indicam que a divulgação depende da natureza da
notícia (DWYER; WILSON, 1989), do atraso da auditoria governamental (CARSLAW;
KAPLAN, 1991) e da relutância do gestor em virtude das consequências da divulgação
(GREILING; SPRAUL, 2010).
Com base nos dados disponíveis no sítio da Secretaria de Tesouro Nacional
(STN), nos anos de 2010, 2011 e 2012, observa-se que, respectivamente, 65,38%,
70,51% e 87,17% dos municípios capixabas entregaram as contas públicas anuais com
atraso. Assim, torna-se relevante estudar se os gestores municipais usam de sua
liberdade discricionária (GREILING; SPRAUL, 2010) para decidir pela divulgação ou
não das informações contábeis e se existem fatores ou incentivos que são
determinantes para tal comportamento (DWYER; WILSON, 1989).
Diante do exposto, este trabalho busca responder a seguinte questão: Quais os
fatores determinantes para o atraso na divulgação das contas públicas anuais
dos municípios do Estado do Espírito Santo?
16
Conforme já citado anteriormente, a divulgação das contas públicas ou dos
dados contábeis é realizada com três finalidades: prestação de contas, transparência e
consolidação das contas nacionais. Para cada uma dessas finalidades existem formas
e datas distintas. Quais sejam:
1. Prestação de Contas: as informações definidas em atos normativos do
Tribunal de Contas do Estado do Espírito Santo são encaminhadas para o
referido órgão através do Sistema Informatizado de Suporte a Auditoria -
SISAUD até o 35º (trigésimo quinto) dia após o encerramento do bimestre
para dados contábeis e até 45 (quarenta e cinco) dias após o
encerramento do período para os relatórios da LRF;
2. Transparência: as informações determinadas pela Lei de
Responsabilidade Fiscal são publicadas até 30 (trinta) dias após
encerramento do período;
3. Consolidação das contas nacionais: as informações contábeis serão
encaminhadas para Secretária do Tesouro Nacional – STN por meio do
“Quadro dos dados contábeis” até o dia 30 (trinta) de abril de cada ano.
Neste trabalho, entende-se como atraso o envio, para a STN, das contas
públicas anuais (quadro de dados contábeis) pelo menos um dia após o prazo
estabelecido, ou seja, após 30 de abril do exercício subsequente (inciso I, § 1º do artigo
51 da Lei nº 101/2000-LRF).
Com o objetivo de facilitar o processo de divulgação das informações contábeis
e resolver o problema das diversidades entre os entes federados (estados e
17
municípios), a Secretaria do Tesouro Nacional (STN) regulamentou que o envio e a
divulgação das contas públicas anuais, para fins de consolidação e acompanhamento,
seriam realizados pelo preenchimento do “Quadro dos Dados Contábeis Consolidados”
no Sistema de Coleta de Dados Contábeis dos Entes da Federação (SISTN), disponível
no sítio da Caixa Econômica Federal.
Com base na questão formulada, definiu-se como objetivo geral desta pesquisa
testar se natureza da notícia, nível de escolaridade, tipo de autoridade, tamanho,
competição política e restrições regulamentares são determinantes para o atraso na
divulgação das contas públicas anuais dos municípios do Estado do Espírito Santo.
Como objetivos específicos, tem-se: (i) identificar atraso na divulgação das
contas púbicas pelos municípios capixabas e (ii) identificar o lapso temporal entre a
data de encerramento do exercício e a data de divulgação.
Esta pesquisa limitou-se às divulgações das contas públicas anuais obrigatórias,
ou seja, determinadas pela LRF e regulamentadas pela Secretaria do Tesouro Nacional
(STN), realizadas no período de 2001 a 2012, ou seja, referentes às contas públicas
dos exercícios de 2000 a 2011.
Foi selecionada a divulgação realizada por meio da STN uma vez que este é o
Órgão Central do Sistema de Contabilidade Federal ao qual compete, entre outras,
definir, coordenar e acompanhar os procedimentos relacionados com a disponibilização
de informações da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, para fins
de consolidação e acompanhamento dos limites estabelecidos pela Constituição
Federal e Lei de Responsabilidade Fiscal.
18
Desta forma, não foram consideradas as divulgações de prestações de contas de
períodos anteriores a 2001 porque as informações não estão disponíveis no sítio da
Secretaria do Tesouro Nacional.
Com base, principalmente, nas pesquisas de Dwyer e Wilson (1989), Carslaw e
Kaplan (1991) e Laswad et al. (2005), esta pesquisa testa se natureza da notícia, nível
de escolaridade do gestor, tipo de autoridade (partido político), tamanho, competição
política e restrições regulamentares (dependências das receitas de transferências
voluntárias e de operações de crédito) possuem relação com o atraso da divulgação
das contas públicas para a STN.
A metodologia empregada é regressão logística para o modelo desenvolvido
para Atraso na Divulgação das Contas – ADC, por ser a mais adequada para
tratamento de dados em que a variável dependente é categórica (dummy). Para o
modelo de Dias para Divulgação das Contas – Ddiv é utilizada regressão linear com
dados em painel, pois, neste caso, a variável dependente é contínua com dados em
séries temporais.
Os resultados obtidos para Dias para Divulgação das Contas – Ddiv não
evidenciaram relação entre as variáveis citadas e o número de dias para divulgação.
Enquanto que, para Atraso na Divulgação das Contas – ADC foram encontradas
evidências de que o nível de escolaridade do gestor, o tamanho do município, a
competição política e as restrições regulamentares possuem relação com o atraso na
divulgação para a STN.
Capítulo 2
2 REVISÃO DE LITERATURA E DESENVOLVIMENTO DE HIPÓTESES
2.1 TEORIA DA DIVULGAÇÃO (Theory of Disclosure)
Autores como Verrecchia (2001) afirmam que não existe uma teoria unificada a
respeito de disclosure, mas apesar desse fato, vários autores realizam pesquisas sobre
tal tema. O referido trabalho utiliza uma abordagem analítica para descrever os modelos
matemáticos desenvolvidos pela teoria para explicar e prever fenômenos relacionados
ao disclosure. Assim, Verrecchia (2001, p. 99) procura classificar os trabalhos
existentes sobre o assunto em três categorias: Baseada em Associação; Baseada em
Julgamento e Baseada em Eficiência.
Baseando-se no trabalho de Verrecchia (2001), Goldner (2006) elaborou o
Quadro 1, apresentado a seguir, que relaciona as categorias de pesquisa e descreve as
características da divulgação.
Categorias de Pesquisa Características da Divulgação
Divulgação Baseada em Associação (association-based disclosure)
Investigação da divulgação como um processo exógeno, e sua relação entre a divulgação com as mudanças no comportamento dos investidores. Estudo dos efeitos da divulgação nas mudanças das ações dos investidores através dos preços e do volume de negociação dos ativos.
Divulgação Baseada em Julgamento (discretionary-based disclosure)
Investigação da divulgação como um processo endógeno, através das decisões dos gestores em divulgar determinadas informações, considerando determinados incentivos para isso. Assim sendo, o mercado de capitais nesta categoria de pesquisa é o único consumidor das informações produzidas e divulgadas pelas empresas.
Divulgação Baseada em Eficiência (efficiency-based disclosure)
Investigação de informações que ainda não ocorreram ou ex ante. Discussão acerca dos tipos de divulgação mais eficientes, ou os mais preferidos pelas empresas, considerando que essas ações são endógenas.
Quadro 1 - Categorias da pesquisa em Disclosure e suas características. Fonte: Elaborado por Goldner (2006) – Adaptado de Verrecchia (2001).
20
Com base nas categorias citadas, o problema de pesquisa apresentado
enquadra-se na Pesquisa sobre Divulgação Baseada em Julgamento, uma vez que os
incentivos que os gestores públicos têm para divulgar ou não a informação passam a
ser considerados e procura-se investigar os fatores determinantes do comportamento
dos gestores na divulgação das contas públicas anuais.
Apesar da divulgação das contas públicas ser uma obrigação legal, observa-se
alto percentual de atraso no envio das mesmas para a STN. Portanto, avaliando os
incentivos, os gestores públicos podem decidir ou julgar se preferem divulgar dentro do
prazo ou adiar a disponibilização das informações.
Dentre os possíveis incentivos, identifica-se:
1. Evitar conflitos de entendimentos técnicos existentes entre a equipe
técnica responsável pela geração das informações contábeis e a equipe
de gestores;
2. As consequências da divulgação das informações, na visão dos gestores,
podem ser mais prejudiciais do que as penalidades impostas pelo não
envio;
3. Não existência de equipe técnica suficiente para disponibilizar as contas
públicas para todas as finalidades, sendo priorizado o envio das que, para
os gestores, causam maiores prejuízos para o município (publicação dos
demonstrativos em atendimento à LRF e envio para o Tribunal de Contas).
21
2.2 PESQUISAS RELACIONADAS COM DISCLOSURE
As pesquisas no setor privado relacionadas ao atraso da divulgação procuram
indicar seus potenciais determinantes. Dentre as quais se destacam as realizadas por
Sengupta (2004), Dantas et al. (2005), Brown e Hillegeist (2007), Chang et al. (2008) e
Dantas et al. (2010).
Sengupta (2004) pesquisa como os gerentes escolhem o momento de liberar
informações financeiras e os resultados indicam que os custos e os benefícios de
divulgação não só afetam a natureza da informação a ser divulgada, mas também o
“timing” dessa divulgação. Além disso, mostra consistentemente que os atrasos estão
associados com más notícias.
Dantas et al. (2005) afirmam que a relutância de organizações em aumentar o
grau de evidenciação, sustentada em estudos científicos, baseia-se nos argumentos da
necessidade de proteção à informação de natureza estratégica, receios de
questionamentos jurídicos ou mesmo custo de elaboração e divulgação das
informações.
Brown e Hillegeist (2007) estudam como a qualidade da divulgação afeta o nível
de assimetria de informação e seus resultados indicam que a assimetria de informação
está negativamente associada com a qualidade do relatório anual e as atividades de
relações com investidores e positivamente associada com a qualidade relatório
trimestral de divulgação.
22
Chang et al. (2008) procuram examinar a associação entre a qualidade da
divulgação e a assimetria de informação, onde uma lista de verificação foi utilizada para
avaliar uma empresa baseada na relação com investidores via internet.
Dantas et al. (2010) tiveram como objetivo principal avaliar o grau de
transparência praticado pelas instituições financeiras brasileiras, tendo por referência as
divulgações qualitativas e quantitativas.
No setor público, destacam-se as pesquisas de Dwyer e Wilson (1989), Carslaw
e Kaplan (1991), Laswad et al. (2005) e Greiling e Spraul (2010).
A pesquisa de Dwyer e Wilson (1989) foi baseada em uma amostra de 142
cidades selecionadas com base na disponibilidade dos dados e com três variáveis
dependentes, sendo (1) intervalo de tempo total (TOTTIME), medido como o tempo total
decorrido entre a data de término do ano fiscal e a data em que os relatórios anuais
foram enviados para os usuários, (2) intervalo de tempo entre o final do ano fiscal e a
data do relatório de auditoria (RPTTIME) e (3) intervalo de tempo entre a data do
relatório de auditoria e o envio das demonstrações financeiras (MAILTIME).
Dwyer e Wilson (1989) investigaram o tempo para divulgação com base em
quatro dimensões: mensagem favorável do relatório (viabilidade financeira e relatório de
auditoria); competência profissional (forma de governo e participação no Certificado de
Conformidade); limitações tecnológicas (temporada de ocupação do auditor, tipo de
auditor, responsável pela impressão e tamanho) e restrições regulamentares (regulação
da contabilidade e de comunicação).
23
Os resultados observados por Dwyer e Wilson (1989) para as dimensões
definidas foram:
Mensagem favorável do relatório. Para o modelo MAILTIME, os coeficientes
de “viabilidade financeira” e “nível do parecer de auditoria” são significativos e na
direção esperada (negativamente). Para os modelos RPTTIME e TOTTIME nenhuma
variável é significativa.
Competência gerencial. Das duas proxies utilizadas para capturar competência
profissional, “forma de governo” está na direção esperada para todos os três modelos,
mas apresenta coeficientes insignificantes, e “participação voluntária no Certificado de
Conformidade” possui coeficientes significativos e na direção esperada para os
modelos TOTTIME e RPTTIME.
Limitações Tecnológicas. Não foram observados efeitos significativos para
“final do ano fiscal coincide com a temporada tradicional de ocupação do auditor”. Os
sinais dos coeficientes de “utilização de auditor independente ao invés de auditor
governamental” são na direção esperada para os modelos TOTTIME e RPTTIME, mas
é significativo apenas no modelo RPTTIME. Responsável pela impressão é significativo
somente para RPTTIME e tamanho (população) não foi significativo, parece aumentar o
tempo somente para cidades com regulamentação contábil.
Restrições Regulamentares. “Regulação estatal da contabilidade” parece
aumentar significativamente o tempo total do relatório, enquanto a “regulação estatal de
comunicação” parece reduzir o tempo de apresentação de relatórios, embora apenas
fracamente.
24
Carslaw e Kaplan (1991) realizam um exame do atraso da auditoria, pois
acreditam que o mesmo é um determinante importante que afeta a divulgação dos
resultados.
Carslaw e Kaplan (1991) investigaram os fatores que afetam o atraso da
auditoria para empresas públicas da Nova Zelândia, nos anos de 1987 e 1988, e
consideraram atraso da auditoria o número de dias entre a data das demonstrações
contábeis e a data do relatório do auditor.
O modelo utilizado foi desenvolvido com nove variáveis explicativas: perda, item
extraordinário, parecer de auditoria qualificado, dívida versus ativo total, empresas
controladas por gerentes, tamanho, tipo de indústria, tipo de auditor e temporada de
ocupação do auditor.
Os resultados evidenciados por Carslaw e Kaplan (1991) foram:
Ano de 1987. Cinco das nove variáveis explicativas foram significativas e
apresentaram coeficientes no sentido previsto, são elas: perda, item extraordinário,
parecer de auditoria qualificado, dívida versus ativo total e empresas controladas por
gerentes. Com relação as quatro variáveis explicativas não significativas, os
coeficientes para “indústria” e “auditor” não foram na direção prevista.
Ano de 1988. Quatro das nove variáveis explicativas foram significativas, são
elas: tamanho, perda, tipo de indústria e dívida versus ativo total. Com relação as cinco
variáveis explicativas não significativas, os coeficientes foram na direção prevista.
Laswad et al. (2005) examinaram as determinantes da divulgação de relatórios
financeiros por parte das autoridades do governo local na Nova Zelândia e utilizaram
25
seis variáveis associadas com a divulgação voluntária: competição política (relação de
candidatos na última eleição), tamanho (ativo total e receita total), alavancagem (total
exigível a longo prazo em relação ao ativo total e total de passivos de longo prazo em
relação ao patrimônio público total), riqueza municipal (receitas próprias per capita),
visibilidade de imprensa (número de notícias na imprensa) e tipo de autoridade local
(conselho distrital e conselho regional ou municipal).
Laswad et al. (2005) classificam as autoridades locais em aqueles que fornecem
relatórios financeiros na Internet (IFRAs) e aqueles que mantêm um site, mas optam
por não usá-lo para divulgar informações financeiras (N-IFRAs). O objetivo é identificar
os determinantes da divulgação de relatórios financeiros na internet entre as
autoridades locais na Nova Zelândia utilizando abordagens univariada e multivariada.
Na análise de regressão multivariada, onde a variável dependente é uma variável
dicotômica que indica se uma autoridade local fornece ou não informações financeiras
na internet, as evidências observadas por Laswad et al. (2005) são descritas a seguir.
Como existem duas proxies para medir tamanho e alavancagem, foram
desenvolvidos quatro modelos. Nos modelos que utilizaram ativos totais como proxy de
tamanho, apenas a visibilidade de imprensa é significativa na direção prevista.
Usando uma interpretação alternativa, além de fortalecer os resultados de
visibilidade de imprensa, outras três variáveis (alavancagem, riqueza municipal e tipo de
autoridade local) são diferentes de zero e na direção esperada.
A relação positiva entre competição política e práticas de IFR das autoridades
locais de Nova Zelândia não foi encontrada. Segundo Laswad et al. (2005), este achado
26
é surpreendente, dado descobertas anteriores na literatura de divulgação
governamental do setor financeiro.
Com base no fato de que, em todos os quatro modelos, o tamanho não explica
práticas de IFR, Laswad et al. (2005) afirmam que os resultados são contrários aos
achados de estudos anteriores, tanto no setor público como no setor privado.
Resumindo, Laswad et al. (2005) encontraram evidências para quatro das seis
hipóteses com base na análise multivariada. A previsão da associação positiva entre
práticas de IFR e alavancagem, riqueza municipal e visibilidade de imprensa foram
evidenciadas. Além disso, a relação negativa entre tipo de autoridade local e práticas
de IFR também foi confirmada. No entanto, as hipóteses que previam uma relação
positiva entre as práticas de IFR, por um lado, competição política e tamanho, por outro,
não foram evidenciadas.
O trabalho de Greiling e Spraul (2010) analisa a relutância em divulgar
informações relevantes e a sobrecarga deliberada ou intencional das mesmas nas
prestações de contas. Os autores afirmam que seria ingênuo acreditar que as
informações são fornecidas gratuitamente, mas na verdade há espaço para manobras
táticas e estratégicas no processo de divulgação das informações.
Um dos principais objetivos de Greiling e Spraul (2010) foi chamar a atenção
para o desafio de revelar o grau adequado de informação no contexto da prestação de
contas do setor público. Foram utilizados quatro teorias, assim como investigações
fragmentadas sobre a sobrecarga de informações.
27
Greiling e Spraul (2010) concluem que, na fase de divulgação das informações, é
elevada a liberdade discricionária do gestor para reter informações relevantes ou para
sobrecarregar os organismos de controle e fiscalização com informação demasiada ou
irrelevante.
Greiling e Spraul (2010) afirmam ainda que as reflexões tem mostrado que pode
haver oportunidades para o gestor usar a assimetria informacional para vantagem
própria, incluindo a opção de retenção de informações estrategicamente relevantes e
que a probabilidade desse comportamento acontecer depende dos ganhos esperados.
Por estudarem o setor público e por apresentarem aderência com o objeto desta
pesquisa, os trabalhos de Dwyer e Wilson (1989), Carslaw e Kaplan (1991) e Laswad et
al. (2005) foram selecionados como base para desenvolvimento das hipóteses e
definição das variáveis, conforme descrito a seguir.
Dwyer e Wilson (1989) afirmam que tanto a literatura do setor privado quanto a
do setor público incluem como incentivos para divulgação (1) a presença de mensagem
favorável para ser relatada; (2) o desejo de sinalizar competência de gestão acima da
média e (3) as restrições regulamentares e limitações tecnológicas.
Dwyer e Wilson (1989) concluem que, no contexto municipal, a presença de
mensagem favorável, em um dos modelos testados, está relacionada negativamente
com o intervalo de tempo dos relatórios municipais. Consequentemente, a presença de
más notícias poderá causar o atraso da divulgação devido ação da administração para
evitar a comunicação dessas notícias.
28
Carslaw e Kaplan (1991) também estudaram a relação da mensagem contida no
relatório utilizando Lucro (Prejuízo), sendo evidenciado que tal variável é significativa e
apresenta coeficiente no sentido previsto.
No setor público brasileiro pode-se considerar como mensagem desfavorável o
descumprimento dos limites constitucionais e os estabelecidos pela Lei de
Responsabilidade Fiscal. São eles: Gastos com Pessoal, Aplicação Mínima na
Educação, Aplicação Mínima na Saúde e Limite da Dívida Consolidada Líquida.
Com base nesses argumentos e nas pesquisas citadas, a primeira hipótese
desenvolvida é:
H1: Há uma relação positiva entre a presença de mensagem desfavorável e o
atraso na divulgação das contas para STN.
Dwyer e Wilson (1989) afirmam que gestor altamente competente tem maior
incentivo para sinalização de alta qualidade e, portanto, são mais propensos a escolher
comunicação tempestiva.
Os mesmos autores afirmam ainda que investigações empíricas da relação entre
a tempestividade e os indicadores de profissionalismo e de preocupações com a
reputação são limitados na área municipal. No entanto, Dwyer e Wilson (1989) para
representar a competência profissional utilizam uma proxy, denominada “Forma de
Governo”, que capta se o município tem conselho gestor profissional ou não.
Diante de tais constatações, a segunda hipótese será:
H2: Há uma relação positiva entre nível de escolaridade do gestor e o atraso na
divulgação das contas para STN.
29
Laswad et al. (2005) examinaram as determinantes da divulgação de relatórios
financeiros por parte das autoridades do governo local na Nova Zelândia.
No referido trabalho seis variáveis associadas com a divulgação voluntária são
examinadas: competição política, tamanho, alavancagem, riqueza municipal,
visibilidade de imprensa e tipo de autoridade local.
Laswad et al. (2005) encontram evidências de que o tipo de autoridade local
explica práticas de divulgação de relatórios financeiros na internet. Os autores
classificam as autoridades locais como “distrital” ou “conselho regional ou municipal”.
Rogoff (1990) sugere que na esfera subnacional encontra-se o ambiente mais
adequado para testar as evidências de associação entre diferenças ideológicas e o
comportamento das finanças públicas. Portanto, políticos de partidos com orientação
ideológica distinta podem apresentar comportamentos diferentes quanto a divulgação
das informações, ou seja, o partido político do governante poderá ser determinante no
comportamento de atrasar ou não a divulgação das informações.
Essa discussão fornece base para o desenvolvimento de uma terceira hipótese
que é:
H3: Há diferença de comportamento dependendo do tipo de autoridade local
(partido político do governante) com relação ao atraso na divulgação das contas para
STN.
Segundo Dwyer e Wilson (1989) municípios de maior porte podem ter menor
atraso dos relatórios, pois normalmente possuem maiores e melhores equipes de
contabilidade e sistemas contábeis mais sofisticados. Além disso, segundo os mesmos
30
autores, municípios maiores possuem uma maior gama de serviços e maior volume de
transações, devido à sua maior complexidade organizacional.
Para captar os efeitos do volume de transações e da complexidade
organizacional, os referidos autores utilizaram, dentre outras variáveis, a população.
Laswad et al. (2005) utilizaram o ativo total e a receita total como proxy de
tamanho.
Carslaw e Kaplan (1991) adotaram um modelo com nove variáveis para
investigar os fatores que afetam o atraso da auditoria para empresas públicas da Nova
Zelândia e para capturar tamanho foi utilizado valor dos ativos totais.
Ryan et al. (2002) investigaram os fatores que podem contribuir para nível de
qualidade dos relatórios anuais dos governos locais e os resultados indicaram que há
uma relação entre o tamanho do governo local e qualidade dos relatórios.
Ryan et al. (2002) afirmam ainda que é de se esperar que as organizações de
maior porte serão capazes de comprometer mais recursos para o processo de produção
de um relatório. Baseando-se em pesquisas anteriores informam que receitas totais e
ativos totais são muitas vezes utilizados como proxy para tamanho, sendo que, na
pesquisa, decidiram trabalhar somente com a receita total, devido a controvérsia
existente quanto a valorização dos ativos no setor da administração local.
Com base nos argumentos anteriores, a quarta hipótese desenvolvida
relacionada com restrições regulamentares e tecnológicas é:
H4: Há relação negativa entre o tamanho do município o atraso na divulgação
das contas para STN.
31
Laswad et al. (2005) afirmam que a relação entre o gerente de política (setor
público) e o eleitor pode ser descrito como uma relação de agência pela qual o eleitor é
o principal e o gerente é o agente político. Portanto, citando Baber (1983), os autores
concluem que os políticos eleitos fornecem informações para mostrar que eles estão
honrando promessas pré-eleitorais, e os incentivos para fazê-lo aumentam à medida
que aumenta a competição política.
Vários estudos, dentre eles, Baber (1983), Baber e Sen (1984) e Evans e Patton
(1987), tem testado empiricamente a relação entre a competição política e divulgação e
a maioria destes mostram uma relação positiva (LASWAD et al., 2005).
Para capturar competição política, Laswad et al. (2005) utilizaram a relação de
candidatos a cargos na eleição do último governo local como uma proxy e os resultados
não encontraram a relação positiva dos trabalhos anteriores, logo, sugere que quando
maior a competição política menor a divulgação.
O resultado da pesquisa de Laswad et al. (2005) permite supor que quanto maior
a competição política maior será o atraso na divulgação e fornece argumentos para
desenvolvimento de uma quinta hipótese, que é:
H5: Há relação positiva entre competição política e o atraso na divulgação das
contas para STN.
Dwyer e Wilson (1989) estudaram a relação entre restrições regulamentares e a
pontualidade dos relatórios. Para capturar os efeitos de tal dimensão foram utilizadas as
seguintes proxies: (1) se o município está sujeito à regulação estatal da contabilidade e
(2) se o município está sujeito à regulação estatal de comunicação.
32
Dwyer e Wilson (1989) encontraram evidências de que regulação estatal da
contabilidade aumenta significativamente o tempo de relatório total, enquanto a
regulação estatal de comunicação parece reduzir o tempo de apresentação de
relatórios.
Com base nos resultados apurados e como, no caso da presente pesquisa,
existe regulamentação da divulgação de tais informações, inclusive com previsão de
punição, desenvolve-se a sexta hipótese:
H6: Há relação negativa entre restrições regulamentares e o atraso na
divulgação das contas para STN.
2.3 RELAÇÃO DA PRESTAÇÃO DE CONTAS E A DIVULGAÇÃO NO SETOR PÚBLICO
Levy (1999) define accountability como “a obrigação de prestar contas e assumir
responsabilidades perante os cidadãos, imposta àqueles que detêm o poder de Estado,
objetivando criar transparências e, consequentemente, maiores condições de confiança
entre governantes e governados”.
Bogoni et al. (2010) afirmam que os principais alicerces da LRF representam
uma importante contribuição à causa da boa governança, pois dão subsídios para a
promoção de um debate público mais bem qualificado a respeito da concepção e dos
resultados da política fiscal, o que permite uma melhor fiscalização das contas públicas
pelos órgãos competentes e pela própria sociedade.
O’Donnell (1998) enxerga a accountability como bidimensional, ou seja, identifica
duas dimensões: vertical e horizontal. Assim, nos países em que existem eleições
33
razoavelmente livres e justas existe accountability vertical, pois os cidadãos podem
punir ou premiar um mandatário votando a seu favor ou contra ele ou os candidatos que
apoie na eleição seguinte (O’DONNELL, 1998).
Ainda, para que a accountability horizontal seja efetiva “deve haver agências
estatais autorizadas e dispostas a supervisionar, controlar, retificar e/ou punir ações
ilícitas de autoridades localizadas em outras agências estatais”. As primeiras devem ter
não apenas a autoridade estabelecida em lei, mas também autonomia suficiente em
relação às agências fiscalizadas (O’DONNELL, 1998).
Com base nas constatações de O’Donnell (1998), Pinto e Sacramento (2009, p.
1351) concluem que “a dimensão vertical pressupõe uma ação entre desiguais —
cidadãos versus representantes — e a dimensão horizontal pressupõe uma relação
entre iguais — poderes constituídos”.
Segundo Sacramento (2005, p. 28), na análise efetuada por Figueiredo (2001),
“a deficiência dos mecanismos de accountability horizontal no Brasil, decorre do padrão
de formação de governos de coalizão aliado ao fato de que a Constituição Brasileira
concede ao executivo fortes poderes legislativos e de agenda”. Além disso, a autora,
citando Figueiredo (2001, p. 28), afirma que a eficácia da accountability horizontal
passa a depender da atuação dos mecanismos da accountability vertical, como a
mobilização da opinião pública pela imprensa e por grupos organizados.
Pagliarussi, Nossa e Lopes (2005, p. 30) afirmam que Sacramento (2004)
entende que a LRF é:
tida como marco no ajuste fiscal e introdutória do conceito de accountability no país [...], exemplo de consenso de aceitação nacional, trouxe inovações para a gestão do dinheiro público e é vista por nós como um ponto de inflexão para
34
mudanças sociais profundas, dado que a sua aplicação demanda uma gestão fiscal mais eficiente e mais democrática.
Sacramento (2005) cita a aprovação da LRF como uma das principais
ocorrências favorecedoras da accountability no Brasil, pois esta contempla aspectos
destacados pelos autores O’Donnell (1998), Stark e Bruszt (1998) e Schedler (1999),
quais sejam:
Autor Aspectos favorecedores da accountability presentes
na LRF
O’Donnell (1998)
Reforça as dimensões horizontal e vertical quando: 1) estabelece que a fiscalização será exercida pelo Poder Legislativo, diretamente ou com o auxílio dos Tribunais de Contas, pelo sistema de controle interno, e 2) incentiva à participação popular e realização de audiências públicas; 3) determina que os instrumentos de planejamento e execução orçamentária serão objetos de ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso público.
Stark e Bruszt (1998)
Limita a autoridade do Poder Executivo quando: 1) estabelece a conexão e a articulação entre o Plano Plurianual, a Lei de Diretrizes Orçamentárias e a Lei Orçamentária Anual, e 2) determina percentuais máximos de endividamento e despesa de pessoal, entre outros.
Schedler (1999)
Estabelece no seu texto questões relacionadas a answerability (obrigação dos detentores de mandatos públicos informarem e explicarem os seus atos) e ao enforcement (capacidade das agências de impor sanções e perda de poder para aqueles que violarem os deveres públicos), tais como: 1) publicação de relatórios e realização de audiências públicas; 2) estabelecimento de penalidades ao descumprimento das regras estabelecidas – punição.
Quadro 2 - Aspectos favorecedores da accountability presentes na LRF Fonte: Elaborado com base em Sacramento (2005).
A definição de accountability horizontal possui aderência com o objeto desta
pesquisa, uma vez que as divulgações de informações contábeis analisadas são
baseadas no direito e no poder legal de um determinado órgão governamental (STN)
35
cobrar de outros entes a realização de ações (envio e divulgação das contas públicas
anuais), podendo, o referido órgão, aplicar sansões legais pelo descumprimento. Que
no caso em análise, o não envio e divulgação nos prazos previstos impedirá, até que a
situação seja regularizada, que o ente receba transferências voluntárias e contrate
operações de crédito.
2.4 OS LIMITES CONSTITUCIONAIS E OS ESTABELECIDOS PELA LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL - LRF
Considerando que a primeira hipótese desenvolvida pressupõe uma relação
positiva entre o atraso e a presença de mensagem desfavorável e que nesta pesquisa
considera-se que tal dimensão será avaliada com base no descumprimento dos limites
constitucionais e dos estabelecidos pela Lei de Responsabilidade Fiscal. A seguir são
descritos cada um dos limites utilizados.
2.4.1 Limite dos Gastos com Pessoal
Com relação às previsões legais de limitações de despesas de pessoal
destacam-se as Constituições de 1946 e 1988, além de três Leis Complementares, que
são: 82/1995, 96/1999 e 101/2000.
A Constituição de 1946 foi pioneira em mencionar disposições acerca do controle
dos gastos com pessoal, mesmo que só em âmbito municipal. As Constituições
anteriores, no tocante ao assunto em epígrafe, apenas, fazem citações com relação à
criação ou supressão de empregos públicos e quanto ao provimento de cargos
públicos.
36
Com relação aos gastos com pessoal, o Ato Complementar N° 15, de 15 de
Julho de 1966, limitou os gastos com pessoal a 60% das receitas no âmbito municipal,
conforme prevê seu art. 3º: “Os municípios não despenderão anualmente com pessoal
de todos os seus serviços mais de 60% de suas receitas”.
Posteriormente, a Constituição Federal, de 05 de Outubro de 1988, vigente até a
presente data, prevê limitação no âmbito federal, estadual e municipal, quando dispõe
que: “A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios não poderá exceder os limites estabelecidos em lei complementar”.
Antecipando-se à edição da respectiva Lei Complementar, a Constituição
Federal de 1988 dispôs, no art. 38 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias,
que:
Art.38 – Até a promulgação da lei complementar referida no art. 169, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios não poderão despender com pessoal mais do que sessenta e cinco por cento do valor das respectivas receitas correntes. Parágrafo Único – A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, quando a respectiva despesa de pessoal exceder o limite previsto neste artigo, deverão retornar àquele limite, reduzindo o percentual excedente à razão de um quinto por ano.
A Lei Complementar nº. 101, de 04 de maio de 2000, conhecida como Lei de
Responsabilidade Fiscal - LRF, nos artigos 19 e 20, fixa os limites máximos de
comprometimento da Receita Corrente Líquida com as despesas com Pessoal, para
cada um dos Poderes, de todos os entes da Federação, que são:
- na esfera federal, o limite máximo de 50% da Receita Corrente Líquida - RCL
assim distribuído:
Poder Legislativo, incluindo o Tribunal de Contas da União – 2,5%
Poder Judiciário – 6%
37
Ministério Público da União – 0,6%
Poder Executivo – 40,9%
- na esfera estadual, o limite máximo de 60% da Receita Corrente Líquida - RCL
assim distribuído:
Poder Legislativo, incluindo o Tribunal de Contas da Estado – 3%
Poder Judiciário – 6%
Ministério Público da União – 2%
Poder Executivo – 49%
- na esfera municipal, o limite máximo de 60% da Receita Corrente Líquida - RCL
assim distribuído:
Poder Legislativo, incluindo o Tribunal de Contas do Município – 6%
Poder Executivo – 54%
Em seu art. 22, determina que a verificação do cumprimento dos limites citados
seja realizada ao final de cada quadrimestre e estabelece o limite chamado de Limite
Prudencial1, a partir do qual sujeita o ordenador de despesas a diversas vedações
impedindo o aumento das despesas de pessoal, como por exemplo: concessão de
vantagens; aumentos; criação de cargos, empregos e funções públicas; contratação de
hora extra; provimento de cargo ou admissão a qualquer título; etc.
Em seu art. 23, determina que ao exceder o limite máximo ao final de um
quadrimestre civil terá o prazo de dois quadrimestres subsequentes para eliminação do
excesso, com adoção dos mecanismos previstos nos §§ 3° e 4° do art. 169 da
Constituição Federal, que são:
1 95% do limite estabelecido nos artigos 19 e 20 da Lei Complementar Nº 101/2000
38
a) Redução de pelo menos 20% das despesas com cargos em comissão,
com exoneração dos ocupantes;
b) Exoneração de servidores não estáveis;
c) Exoneração de servidores estáveis.
Finalmente, no parágrafo 3º de seu artigo 23, estabelece penalidades para os
entes que não se ajustarem no prazo previsto, ou seja, o ente não poderá: receber
transferências voluntárias; obter garantia, direta ou indireta, de outro ente e contratar
operações de crédito, ressalvadas as destinadas ao refinanciamento da dívida
mobiliária e as que visem à redução das despesas com pessoal.
2.4.2 Limite para aplicação mínima na Educação
A Constituição de 1946 marcou o início da preocupação com o controle e
direcionamento dos gastos públicos, como, por exemplo, a determinação da aplicação
mínima de 10% das receitas de impostos na manutenção e desenvolvimento do ensino
para a União e de 20% para Estados, Distrito Federal e Municípios (art. 169).
Posteriormente, a Constituição de 1988 estabelece, no artigo 212, que a União
aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de impostos,
compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do
ensino.
A obrigatoriedade de divulgação de tal aplicação está prevista no artigo 72 da Lei
nº. 9.394/96, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB, que prevê a
39
publicação nos balanços do Poder Público, assim como dos relatórios a que se refere o
§3º do Art. 165 da Constituição Federal. O artigo 165 da Constituição determina que o
Poder Executivo publique, até trinta dias após o encerramento de cada bimestre,
relatório resumido da execução orçamentária.
Também constitui fator determinante para elaboração e divulgação de tal
relatório, o disposto no artigo 25 da Lei Complementar nº. 101, de 04 de maio de 2000,
que condiciona o recebimento de transferências voluntárias ao cumprimento dos limites
constitucionais de educação e saúde.
Por meio da Portaria nº. 06, de 20 de junho de 2006, o Ministério da Educação
institui o Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Educação – SIOPE
para coleta, processamento e disseminação de dados orçamentários da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios relativos à aplicação da receita vinculada
à manutenção e ao desenvolvimento do ensino.
Além disso, como forma de obrigar tal divulgação, condiciona a realização de
transferências voluntárias pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação –
FNDE ao preenchimento do referido sistema.
2.4.3 Limite para aplicação mínima na Saúde
A Constituição de 1988, nos parágrafos 2º e 3º do artigo 198, estabelece que a
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios aplicarão, anualmente, um limite
mínimo em ações e serviços públicos de saúde a ser estabelecido em lei
complementar.
40
Na ausência da lei complementar, os limites mínimos foram estabelecidos no
artigo 77 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias – ADCT que determina
12% para Estados e Distrito Federal e 15% para Municípios.
Através da Portaria Conjunta nº. 446, de 16 de março de 2004, o Ministério da
Saúde e a Procuradoria Geral da República resolvem implementar o Sistema de
Informações sobre Orçamentos Públicos em Saúde – SIOPS para coleta,
processamento e disseminação de dados orçamentários da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios relativos à aplicação da receita vinculada às ações e
aos serviços públicos de saúde.
Conforme já afirmado, o disposto no artigo 25 da Lei nº. 101/2000 constitui fator
determinante para elaboração e divulgação de tal relatório, pois condiciona o
recebimento de transferências voluntárias ao cumprimento dos limites constitucionais
de educação e saúde.
2.4.4 Limite da Dívida Consolidada Líquida
Conforme estabelece o artigo 30 da Lei de Responsabilidade Fiscal, o Presidente
da República, no prazo de noventa dias após a publicação da referida lei
complementar, deveria submeter ao Senado Federal proposta de limites globais para o
montante da dívida consolidada da União, Estados e Municípios, cumprindo o que
estabelece o inciso VI do art. 52 da Constituição, bem como de limites e condições
relativos aos incisos VII, VIII e IX do mesmo artigo.
Os parágrafos 1º e 2º do artigo 31 da LRF estabelecem que enquanto perdurar o
excesso, o ente que nele houver incorrido estará proibido de realizar operação de
41
crédito interna ou externa, e vencido o prazo para retorno da dívida ao limite, ficará
também impedido de receber transferências voluntárias da União ou do Estado.
Em atendimento ao que prevê o artigo 30, o Senado Federal editou a Resolução
nº 40, de 2001, que estipula o limite de 200% da receita corrente líquida para Estados e
120% para Municípios, a partir de 2016. Estabelecendo ainda que, até o exercício 2016,
eventuais excessos aos limites estabelecidos deverão ser reduzidos na proporção de
1/15 por ano no mínimo.
Capítulo 3
3 METODOLOGIA
3.1 COLETA DOS DADOS
Nesta pesquisa o objeto de estudo é a prestação de contas realizada pelos
municípios capixabas por meio do envio de informações à Secretária do Tesouro
Nacional através do SISTN. Portanto, em vez de ser utilizada amostragem aleatória a
amostra dos municípios foi com base na disponibilidade dos dados e considerando que,
conforme demonstrado no Quadro 3, os municípios capixabas apresentam percentuais
de atraso significativos.
Nesse sentido, a amostra englobou a totalidade dos municípios do Estado do
Espírito Santo, perfazendo o total de 78 no total.
Com relação ao tempo, a amostra é composta por observações no período de 12
anos, exercícios de 2000 a 2011, totalizando 936 observações. A disponibilidade dos
dados e a obrigatoriedade de envio das contas por meio de sistema informatizado
interferiram na definição do período a ser analisado, uma vez que somente a partir de
2000, com a Lei de Responsabilidade Fiscal, as informações com relação a divulgação
das contas encontram-se disponíveis para acesso.
A principal fonte de dados é o sítio da Secretaria do Tesouro Nacional, através
da opção “Estados e Municípios”. No sítio citado estão disponíveis, dentre outras, as
seguintes informações:
43
Consulta a Encaminhamento de Contas – Art. 51 LRF, onde estão disponíveis
os dados relativos à data de envio das contas;
Consulta a dados coletados de Estados, Distrito Federal e Municípios pelo
SISTN: Relatório de Gestão Fiscal (RGF), Relatório Resumido da Execução
Orçamentária (RREO), Balanço Anual e Cadastro de Operações de Crédito
(COC), onde estão disponíveis os dados relativos a limites constitucionais e
da LRF, Receita Total, Receita de Transferências Voluntárias e Receita de
Operação de Crédito;
Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Educação (SIOPE):
Dados de aplicação em Educação;
Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Saúde (SIOPS):
Dados de aplicação em Serviços e Ações de Saúde;
Finanças do Brasil (FINBRA): Dados contábeis dos municípios, onde estão
disponíveis as informações de Receita Total, Receita de Transferências
Voluntárias e Receita de Operação de Crédito.
Os dados referentes eleições (partido político do governante, escolaridade e
quantidade de candidatos) foram obtidos através de consultas aos sítios do Tribunal
Superior Eleitoral (TSE) e Tribunal Regional Eleitoral (TER). No sítio do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foram obtidos os dados relativos à
população.
Realizando análise da situação do encaminhamento das contas públicas dos
municípios do Estado do Espírito Santo ao Poder Executivo da União, referente ao
44
período de 2000 a 2011 (12 anos), observa-se os quantitativos e percentuais de atraso
apresentados no Quadro 3, a seguir.
Contas Nº Municípios com atraso % Municípios com atraso
2000 13 16,67%
2001 41 52,56%
2002 57 73,08%
2003 41 52,56%
2004 58 74,36%
2005 20 25,64%
2006 74 94,87%
2007 55 70,51%
2008 41 52,56%
2009 51 65,38%
2010 55 70,51%
2011 68 87,18%
Quadro 3 - Situação de Divulgação das Contas Anuais Municípios Capixabas Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional - STN.
Não foi possível coletar as 936 observações do período para os municípios e
anos descritos no Quadro 4 a seguir. No referido quadro, são apresentados os motivos
para não disponibilização das referidas informações.
A amostra final, para o período de 2000 a 2011, é composta de 920 observações
completas, ou seja, com dados disponíveis para todas as variáveis em análise.
45
Dados Municípios Exercício Motivo
Dias para divulgação das
contas
Alto Rio Novo 2011
Não envio dos dados até 05/10/2012
Apiacá 2011
Guaçui 2011
Laranja da Terra 2011
Marataízes 2011
Mimoso do Sul 2011
Rio Bananal 2011
Governador Lindenberg 2000 Município não sujeito ao encaminhamento das contas deste ano.
População Governador Lindenberg 2000 Município não sujeito ao encaminhamento das contas deste ano.
Receita total
Afonso Cláudio 2002 Não envio dos dados até 05/10/2012
Bom Jesus do Norte 2000 a 2003 Decisão judicial determinando a exclusão da inadimplência do Município.
Governador Lindenberg 2000 Município não sujeito ao encaminhamento das contas deste ano.
Receita de transferência voluntária e Receita de
operação de crédito
Afonso Cláudio 2002
Não envio dos dados até 05/10/2012
Água Doce do Norte 2005
Águia Branca 2005
Alto Rio Novo 2011
Barra de São Francisco 2004
Ecoporanga 2005
Guaçui 2011
Laranja da Terra 2011
Linhares 2005
Mimoso do Sul 2011
Rio Bananal 2011
Bom Jesus do Norte 2000 a 2003 Decisão judicial determinando a exclusão da inadimplência do Município.
Governador Lindenberg 2000 Município não sujeito ao encaminhamento das contas deste ano.
Quadro 4 - Dados de observações não disponíveis.
Tendo em vista que os dados de receita total, receita de transferência voluntária
e receita de operação de crédito estão disponíveis tanto no SISTN como no FINBRA, foi
46
adotado o seguinte procedimento para coleta: (i) foram considerados os valores
apresentados no SISTN; (ii) quando tais dados não estavam disponíveis no referido
sistema, foram coletados do FINBRA e (iii) para os casos que não constam no SISTN e
no FINBRA, foi coletado do Demonstrativo da Receita de Impostos Líquida e das
Despesas Próprias com Ações e Serviços Públicos de Saúde disponíveis no SIOPS.
O Quadro 5 demonstra as observações da receita total que foram coletadas do
SIOPS.
Municípios Exercício
Água Doce do Norte 2005
Águia Branca 2005
Alto Rio Novo 2011
Barra de São Francisco 2004
Ecoporanga 2005
Guaçui 2011
Laranja da Terra 2011
Linhares 2005
Mimoso do Sul 2011
Rio Bananal 2011
Quadro 5 - Dados de receita total coletados do SIOPS.
Como as informações de receita total, receita de transferência voluntária e
transferência de operação de crédito encontram-se disponíveis nas bases de dados
citadas. Para testar a consistência de tais informações, foi realizada a confrontação dos
dados sendo identificadas diferenças insignificantes (centavos de reais), com exceção,
dos casos descritos no Quadro 6.
Nos casos em que foram identificadas divergências, os valores adotados foram
os apresentados no SISTN por ser esta a base de dados principal da pesquisa.
47
Dados Municípios Ano SISTN FINBRA Diferença
Receita total
Barra de São Francisco 2005 29.009.471,99 31.593.050,00 -2.583.578,01
Itaguaçu 2005 14.805.720,00 14.805.732,55 -12,55
Pancas 2005 18.577.635,79 18.581.190,98 -3.555,19
São Roque do Canaã 2005 9.945.716,00 9.945.717,55 -1,55
Receita de Transferência
Voluntária
Alto Rio Novo do Sul 2005 1.303.348,21 191.279,04 1.112.069,17
Itaguaçu 2005 1.630.916,00 1.630.917,35 -1,35
Quadro 6 - Diferenças entre dados apresentados no SISTN e FINBRA.
3.2 DESCRIÇÃO DAS VARIÁVEIS
Conforme já relatado, o objeto desta pesquisa é o atraso na divulgação das
contas públicas. O atraso em determinado município i (i = 1 a 78) em um ano t (t = 2000
a 2011) pode ser explicado por diversas variáveis.
Com base nos trabalhos citados, em especial Dwyer e Wilson (1989), Carslaw e
Kaplan (1991) e Laswad et al. (2005), foram selecionadas as variáveis da presente
pesquisa, conforme descrito a seguir:
As variáveis dependentes utilizadas no estudo são: (1) Dias para Divulgação
das Contas – Ddivit e (2) Atraso na Divulgação das Contas - ADCit. Tais medidas
foram construídas da seguinte forma:
DDiv – lapso temporal, em número de dias, entre a data do término do ano fiscal
(31 de dezembro) e a data de envio para o SISTN. Sendo necessário proceder uma
transformação logarítmica para aproximá-la de uma função linear.
48
ADC – é uma variável binária (dummy) que faz a distinção entre municípios que
atrasam daqueles que não atrasam, estabelecendo-se o valor igual a 1 (UM) para os
municípios que atrasam e valor igual a 0 (ZERO) para os municípios que não atrasam.
Tomando por base o trabalho de Dwyer e Wilson (1989), é utilizada como
presença de mensagem desfavorável a proxy Descumprimento dos limites
constitucionais e da LRF (DLimit). Onde, DLimit é uma variável binária (dummy) que
assume o valor 0 (ZERO) se o município cumprir os limites descritos abaixo e assume o
valor de 1 (UM) se qualquer um dos limites descritos for descumprido.
Para fins de definição da variável DLimit serão utilizados os limites
constitucionais e da LRF descritos abaixo:
Limite do Gasto com Educação (25% da Receita Líquida de Impostos);
Limite do Gasto com a remuneração do magistério (60% dos recursos do
Fundo de Desenvolvimento da Educação);
Limite do Gasto com Saúde (15% da Receita Líquida de Impostos);
Limite Legal da despesa com pessoal (54% da Receita Corrente Líquida);
Limite Prudencial da despesa com pessoal (51,30% da Receita Corrente
Líquida);
Limite da Dívida Consolidada Líquida (120% da Receita Corrente Líquida).
Pode-se relacionar a afirmação de Dwyer e Wilson (1989) com a variável
selecionada (DLimit) uma vez que se um determinado município não cumpre qualquer
49
dos limites estabelecidos estará sujeito a punições maiores do que as previstas na
regulamentação da divulgação, existindo incentivo para evitar a divulgação de más
notícias. Portanto, sendo o desempenho ruim poderá o gestor optar por não incorrer
nos custos da divulgação no prazo estabelecido com o objetivo de obter vantagens com
o atraso.
Considerando que Dwyer e Wilson (1989) afirmam que gestor altamente
competente é mais propenso a escolher comunicação tempestiva e que os referidos
autores, para captar a competência profissional, utilizaram a forma de governo,
classificando os municípios entre aqueles que possuem conselho gestor do governo
profissional e os que não possuem.
Para avaliar o nível de competência profissional é utilizada nesta pesquisa a
proxy Ensino Fundamental Incompleto (Funinc). Onde, Funinc é uma variável
binária (dummy) que assume o valor 1 (UM) se o governante possuir tal escolaridade e
assume o valor de 0 (ZERO) se possuir qualquer outra escolaridade (Ensino
Fundamental Completo, Ensino Médio Completo ou Ensino Superior Completo).
Com base nas informações disponíveis, foram desenvolvidas 04 (quatro) tipos de
classificações apresentadas no Quadro 7.
Nesta pesquisa optou-se por utilizar a classificação de menor nível de ensino
(Fundamental Incompleto), uma vez que, a hipótese elaborada de acordo com
pesquisas anteriores pretende evidenciar que o nível de ensino do prefeito possui
relação positiva com o atraso.
50
Nível de Escolaridade Informação da Base de Dados
Ensino Fundamental Incompleto
Lê e escreve
1º grau incompleto
Fundamental incompleto
Ensino Fundamental incompleto
Ensino Fundamental Completo
1º grau completo
Ensino Fundamental Completo
Fundamental Completo
Ensino Médio incompleto
Ensino Médio Completo
2º grau completo
Ensino Médio Completo
Médio Completo
Superior Incompleto
Ensino Superior Completo Superior
Superior completo
Não informado Não informado
Quadro 7 – Classificação do nível de escolaridade. Fonte: Tribunal Regional Eleitoral – TRE.
Laswad et al. (2005) utilizou como variável o tipo de autoridade local para
examinar as determinantes da divulgação de relatórios financeiros, sendo que na
pesquisa dos referidos autores os governos foram classificados com Distrital ou
Conselho Regional ou Municipal.
Rogoff (1990) sugere que na esfera subnacional encontra-se o ambiente mais
adequado para testar as evidências de diferenças ideológicas no comportamento das
finanças públicas.
Para avaliar o tipo de autoridade é utilizada nesta pesquisa a proxy partido
político do governante para capturar tal dimensão, onde Partido de esquerda (Pesqu)
é uma variável binária (dummy) que assume o valor 1 (UM) se o governante pertencer a
um partido classificado como “de esquerda” e assume o valor de 0 (ZERO) se pertencer
a outros partidos.
51
Para identificar os partidos políticos foi utilizada a classificação apresentada em
Carreirão (2006) e Oliveira e Carvalho (2009), conforme Quadro 8, sendo necessário
adequar a classificação dos partidos descritos abaixo:
(1) Inclusão do Partido da República (PR) como de “direita” por ter se
originado da união de dois partidos: o Partido Liberal (PL) e o Partido da
Reedificação da Ordem Nacional (PRONA);
(2) Inclusão do Democratas (DEM) como de “direita” por ter substituído o
Partido da Frente Liberal (PFL);
(3) Inclusão do Partido Republicano Brasileiro (PRB) como “indefinido” por
insuficiência de informações para classificá-lo ou relacioná-lo a algum
partido existente anteriormente.
Classificação Partido político
ESQUERDA PT, PDT, PPS, PCdoB, PSB, PV, PSTU, PCO e PMN.
DIREITA PP (PPB, PPR, PDS), DEM (PFL), PRN, PDC, PR (PL, PRONA), PTB, PSC, PSP, PRP, PSL e PSD.
CENTRO PMDB e PSDB.
INDEFINIDO PST, PHS, PTC, PTdoB, PRB, PRTB, PSDC e PAN.
Quadro 8 - Classificação dos Partidos Políticos. Fonte: Adaptado de Carreirão (2006).
Conforme relatado, Dwyer e Wilson (1989) afirmam que municípios de maior
porte podem ter menor atraso dos relatórios e para captar os efeitos de tamanho
utilizaram, dentre outras variáveis, a população.
Ryan et al. (2002) afirmam que organizações de maior porte serão capazes de
comprometer mais recursos para o processo de produção de um relatório e para captar
tamanho utilizaram receitas totais.
52
Laswad et al. (2005) para examinar as determinantes da divulgação de relatórios
financeiros utilizaram a receita total e o ativo total como proxy de tamanho.
Diante de tais pesquisas, para capturar a dimensão tamanho foram utilizadas
(02) duas proxies: a população (Popit) e a receita total (RecTotit). Onde, Popit é
representado pela população total do município, RecTotit pelo total da receita
arrecadada.
Uma análise prévia das variáveis população (Popit) e receita total (RecTotit)
mostrou elevada variabilidade nos dados quando comparados entre os municípios nos
doze anos analisados.
Dessa maneira, as variáveis citadas devem ser controladas para evitar o efeito
tamanho e, para aproximá-las de uma função linear, é necessário proceder a uma
transformação logarítmica nas referidas variáveis. Assim, foram utilizadas as variáveis
Log(Popit) e Log(RecTotit).
Laswad et al. (2005) examinaram as determinantes da divulgação de relatórios
financeiros por parte das autoridades do governo local na Nova Zelândia e entre as
variáveis selecionadas destacamos a competição política, sendo que os autores
utilizaram a relação de candidatos a cargos na eleição do último governo local como
uma proxy para a competição política.
Oliveira e Carvalho (2009) encontraram evidência de que “pertencer ao mesmo
partido do governador e/ou do presidente significa uma redução em determinados
gastos municipais, sugerindo uma espécie de “pacto de ajuste fiscal” entre estes níveis
de governo”.
53
Portanto, com base nas pesquisas de Laswad et al. (2005) e de Oliveira e
Carvalho (2009), para captar os efeitos da competição política, serão utilizadas (04)
quatro proxies: quantidade de candidatos (QCandit), prefeito reeleito (Prefreelit),
partido do prefeito igual do governador (Partgovit) e partido do prefeito igual do
presidente (Partpresit).
Em que:
QCandit é representado pela quantidade de candidatos a prefeito na eleição do
governante (prefeito) com mandato no ano da entrega da prestação de contas;
Prefreelit é representada pela identificação se no ano o prefeito foi reeleito ou
não, sendo uma variável binária (dummy) que assume o valor 0 (ZERO) se no ano não
houve eleição ou se houve, mas o prefeito não foi reeleito, e assume o valor de 1 (UM)
se houve eleição e o prefeito foi reeleito;
Partgovit é representada pela identificação se o partido do prefeito é o mesmo
do partido do governador ou não, sendo uma variável binária (dummy) que assume o
valor 0 (ZERO) se não for o mesmo partido e assume o valor de 1 (UM) se for;
Partpresit é representada pela identificação se o partido do prefeito é o mesmo
do partido do presidente ou não, sendo uma variável binária (dummy) que assume o
valor 0 (ZERO) se não for o mesmo partido e assume o valor de 1 (UM) se for.
Dwyer e Wilson (1989) encontraram evidências de que restrições regulamentares
estão relacionadas com a pontualidade dos relatórios. Para capturar os efeitos desta
dimensão foram utilizadas duas regulações: da contabilidade e de comunicação.
54
Nesta pesquisa, devido à restrição dos municípios em atraso receberem
transferências voluntárias e contratarem operações de créditos, utiliza-se para capturar
restrições regulamentares (02) duas proxies: o índice de dependência da receita de
transferências voluntárias (IDRtvit) e o índice de dependência da receita de
operações de crédito (IDRopit).
IDRtvit é representado pela divisão da receita de transferências voluntárias pela
receita total e IDRopit é representado pela divisão da receita de operações de crédito
pela receita total.
As proxies IDRopit e IDRtvit apresentam uma variação entre 0 (ZERO) e 1 (UM),
sendo que ao aproximar-se de UM o índice indica uma maior dependência das receitas
de operação de crédito e de transferências voluntárias, respectivamente, e no caso do
índice se aproximar de ZERO demonstra uma menor dependência de tais receitas.
Assim, a relação existente entre as proxies IDRopit e IDRtvit e o atraso na
divulgação das contas públicas se justifica pelo fato de que a regulamentação no Brasil
estabelece que a não divulgação das contas impedirá a contratação de operações de
créditos e o recebimento de transferências voluntárias. Portanto, os municípios que
possuem maior dependência de tais recursos tendem a não atrasar a divulgação para
não inviabilizar o recebimento de tais recursos.
Como controle será utilizado a variável ano (Anocta), sendo desenvolvida uma
variável binária (dummy) para cada ano (2000 a 2011), que assume o valor 1 (UM) se
for um determinado ano e assume o valor de 0 (ZERO) se for qualquer um dos outros
anos.
55
No Quadro 9 estão relacionadas todas as variáveis utilizadas e suas descrições.
Variáveis dependentes
Descrição Resposta Frequência % Total
ADC Atraso na divulgação das contas – envio após a data limite estabelecida
0 - se não atrasa 362 38.68 936 1 - se atrasa 574 61.32
Log(Ddiv) Tempo total em dias do término do ano fiscal e o envio das contas
contínua 928
Variáveis explicativas
Descrição Resposta Frequência % Total
Dlim Descumprimento dos limites constitucionais e da LRF
0 - se não descumpre 396 42.31 936 1 - se descumpre 540 57.69
Ensfuninc Ensino Fundamental Incompleto
0 - se não possui 800 85.47 936
1 - se possui 136 14.53
Pesqu Partido político de esquerda
0 - outros partidos 612 65.38 936
1 - partido de esquerda 324 34.62
Log(Pop) Logaritmo da população contínua 935
Log(RecTot) Logaritmo da receita total contínua 930
QCand Quantidade de candidatos
à eleição para prefeito
1 candidato 4 0.43
936
2 candidatos 412 44.02
3 candidatos 273 29.17
4 candidatos 150 16.03
5 candidatos 70 7.48
6 candidatos 21 2.24
7 candidatos 1 0.11
8 candidatos 5 0.53
Prefreel Prefeito reeleito 0 - se não reeleito 660 70.51
936 1 - se reeleito 276 29.49
PartGov Partido do Prefeito igual ao do Governador
0 - se não for igual 766 81.84 936
1 - se for igual 170 18.16
PartPres Partido do Prefeito igual ao do Presidente
0 - se não for igual 854 91.24 936
1 - se for igual 82 8.76
IDRtv Índice de dependência da receita de transferências voluntárias
contínua
920
IDRop Índice de dependência da receita de operações de crédito
contínua
920
Anocta Ano da conta (controle) 2000 a 2011 936
Quadro 9 - Variáveis utilizadas e suas descrições.
56
3.3 REGRESSÃO LOGÍSTICA E DADOS EM PAINEL
As técnicas aplicadas para análise dos dados, com base nas variáveis
dependentes, foram regressão logística binária e regressão linear com dados em
painel.
Regressão logística binária foi utilizada para avaliar as características que
estariam relacionadas ao Atraso na Divulgação das Contas – ADC. Dado que a variável
dependente ADC é categórica (dummy), a regressão logística seria adequada
(GUJARATI, 2006).
Já para a análise da variável Dias para Divulgação das Contas – Ddiv será
utilizada regressão linear, pois permite investigar situações nas quais a variável
dependente é contínua, ou seja, podem assumir um número infinito de valores
(GUJARATI, 2006).
Como os dados apresentam características de séries temporais, período de 12
anos, e de cortes transversais, pois serão analisados os 78 municípios capixabas, o
método estatístico a ser utilizado para variável dependente contínua será regressão
linear com dados em painel.
3.4 MODELOS DE REGRESSÃO
Diante do exposto, esta pesquisa utiliza dois estimadores, sendo um para a
variável Dias para Divulgação das Contas – Ddivit e outro para Atraso na
Divulgação das Contas - ADCit.
57
Para verificar a associação entre os Dias para Divulgação das Contas – Ddivit
e as variáveis explicativas descritas é utilizada a Equação 1, a seguir.
Ddivit = β0 + β1DLimit + β2Funincit + β3Pesquit + β4Tamanhoit + β5Qcandit +
β6PrefReelit + β7PartGovit + β8PartPresit + β9Idrtvit + β10Idropit + β11Anoctait + ε
(1)
Em que:
Ddivit = logaritmo do lapso temporal, em número de dias, entre a data do término
do ano fiscal (31 de dezembro) e a data de envio pelo município i (i = 1 a 78) no período
t (t = 2000 a 2011);
DLimit = descumprimento dos limites constitucionais e da LRF por um município i
no período t, assumindo valor 1 para os municípios que descumprem e caso contrário 0;
Funincit = Ensino Fundamental Incompleto, assumindo valor 1 para governante
com ensino fundamental incompleto e 0 para os demais casos;
Pesquit = Partido de esquerda, assumindo valor 1 para partido de esquerda e 0
para os demais casos;
Tamanhoit: foram utilizadas duas proxies para tamanho do município, sendo:
Log(Popit) = logaritmo da população de um município i no período t e Log (RecTotit) =
logaritmo da receita total de um município i no período t;
QCandit = quantidade de candidatos à eleição para prefeito de um município i no
período t;
58
Prefreelit = prefeito reeleito em um município i no período t, assumindo valor 1
para prefeito reeleito e 0 caso contrário;
Partgovit = partido do prefeito igual ao do governador, assumindo valor 1 para
ano em que o partido do prefeito for o mesmo que o do governador e 0 caso contrário;
Partpresit = partido do prefeito igual ao do presidente, assumindo valor 1 para
ano em que o partido do prefeito for o mesmo que o do presidente e 0 caso contrário;
IDRopit = divisão da receita de operações de crédito pela receita total em um
município i no período t;
IDRtvit = divisão da receita de transferências voluntárias pela receita total em um
município i no período t;
Anoctait = variável binária (dummy) para cada ano (2000 a 2011), que assume o
valor 1 (UM) se for um determinado ano e assume o valor de 0 (ZERO) se for qualquer
um dos outros anos;
ε = termo de erro da regressão.
A Equação 2 é utilizada para verificar a associação entre o Atraso na
Divulgação das Contas - ADCit e as variáveis explicativas descritas.
ADCit = β0 + β1DLimit + β2Funincit + β3Pesquit + β4Tamanhoit + β5Qcandit +
β6PrefReelit + β7PartGovit + β8PartPresit + β9Idrtvit + β10Idropit + β11Anoctait + ε
(2)
Em que:
59
ADCit = atraso na divulgação das contas em um município i (i = 1 a 78) no
período t (t = 2000 a 2011), assumindo valor 1 para atrasa e 0 para não atrasa;
DLimit = descumprimento dos limites constitucionais e da LRF por um município i
no período t, assumindo valor 1 para os municípios que descumprem e caso contrário 0;
Funincit = Ensino Fundamental Incompleto, assumindo valor 1 para governante
com ensino fundamental incompleto e 0 para os demais casos;
Pesqit = Partido de esquerda, assumindo valor 1 para partido de esquerda e 0
para os demais casos;
Tamanhoit: foram utilizadas duas proxies para tamanho do município, sendo:
Log(Popit) = logaritmo da população de um município i no período t e Log (RecTotit) =
logaritmo da receita total de um município i no período t;
QCandit = quantidade de candidatos à eleição para prefeito de um município i no
período t;
Prefreelit = prefeito reeleito em um município i no período t, assumindo valor 1
para prefeito reeleito e 0 caso contrário;
Partgovit = partido do prefeito igual ao do governador, assumindo valor 1 para
ano em que o partido do prefeito for o mesmo que o do governador e 0 caso contrário;
Partpresit = partido do prefeito igual ao do presidente, assumindo valor 1 para
ano em que o partido do prefeito for o mesmo que o do presidente e 0 caso contrário;
IDRopit = divisão da receita de operações de crédito pela receita total em um
município i no período t;
60
IDRtvit = divisão da receita de transferências voluntárias pela receita total em um
município i no período t;
Anoctait = variável binária (dummy) para cada ano (2000 a 2011), que assume o
valor 1 (UM) se for um determinado ano e assume o valor de 0 (ZERO) se for qualquer
um dos outros anos;
ε = termo de erro da regressão.
Capítulo 4
4 RESULTADOS DA PESQUISA
Nesta seção serão apresentados as estatísticas descritivas e os resultados
encontrados nas regressões. Conforme relatado, para Dias para Divulgação das
Contas – Ddivit é usada a regressão linear com dados em painel e para Atraso na
Divulgação das Contas - ADCit é usada a regressão logística.
Cada um dos modelos, Equações 1 e 2, foram analisados utilizando as proxies
de tamanho separadamente.
4.1 ESTATÍSTICAS DESCRITIVAS
A Tabela 1 apresenta as estatísticas descritivas dos dados dos 78 municípios do
estado do Espírito Santo para os anos de 2000 a 2011, elaborados em um painel de
936 observações. Conforme já relatado, nem todas as variáveis possuem informações
completas.
As variáveis População e Receita Total apresentam dispersão significativa. A
variável População possui um valor mínimo e máximo, respectivamente, de 4.493 e
419.854, enquanto que a variável Receita Total possui um valor mínimo de R$
2.628.953,00 e máximo de R$ 1.388.154.782,21.
Tais discrepâncias estatísticas eram previsíveis, devido ao tamanho e as
particularidades existentes em cada município analisado. Com o objetivo de minimizar o
problema foi utilizado logaritmo da População e da Receita Total. Assim, a Tabela 1
62
mostra a estatística descritiva das 936 observações das variáveis População e Receita
Total após a transformação logarítmica (LogPopit e LogRecTotit).
TABELA 1 - ESTATÍSTICAS DESCRITIVAS DA AMOSTRA
VariáveisTamanho da
amostraMédia Desvio Padrão Mínimo Máximo
Adc 936 0,61 0,48 0 1
Log(Ddiv) 928 4,92 0,33 4,04 8,09
Dlim 936 0,58 0,49 0 1
Funinc 936 0,14 0,35 0 1
Pesqu 936 0,34 0,47 0 1
Log(Pop) 935 9,98 0,98 8,41 12,95
Log(RecTot) 930 16,96 1,08 14,78 21,05
QCand 936 2,96 1,13 1 8
Prefreel 936 0,5 0,5 0 1
Partgov 936 0,18 0,38 0 1
Partpres 936 0,09 0,28 0 1
IDRtv 920 0,08 0,06 0 0,41
IDRop 920 0 0 0 0,04
AnoCta 936 0,08 0,28 0 1
Em que:
ADCit = atraso na divulgação das contas em um município.
Log(Ddiv)it = logaritmo do lapso temporal, em número de dias, entre a data do término do ano fiscal (31 de dezembro) e a data de envio.
DLimit = descumprimento dos limites constitucionais e da LRF pelo município, assumindo valor 1 para os municípios que descumprem e caso contrário 0.
Funincit = Ensino Fundamental Incompleto, assumindo valor 1 para governante com ensino fundamental incompleto e 0 para os demais casos.
Pesquit = Partido de esquerda, assumindo valor 1 para partido de esquerda e 0 para os demais casos.
Log(Popit) = logaritmo da população de um município i no período t.
Log (RecTotit) = logaritmo da receita total de um município i no período t.
QCandit = quantidade de candidatos à eleição para prefeito.
Prefreelit = prefeito reeleito em um município, assumindo valor 1 para prefeito reeleito e 0 caso contrário.
Partgovit = partido do prefeito igual ao do governador, assumindo valor 1 para ano em que o partido do prefeito for o mesmo que o do governador e 0 caso contrário.
Partpresit = partido do prefeito igual ao do presidente, assumindo valor 1 para ano em que o partido do prefeito for o mesmo que o do presidente e 0 caso contrário.
IDRopit = divisão da receita de operações de crédito pela receita total em um município i no período t.
IDRtvit = divisão da receita de transferências voluntárias pela receita total em um município i no período t.
AnoCta =variável binária (dummy) para cada ano (2000 a 2011), que assume o valor 1 (UM) se for um determinado ano e assume o valor de 0 (ZERO) se for qualquer um dos outros anos.
63
4.2 RESULTADOS PARA DIAS PARA DIVULGAÇÃO DAS CONTAS
Na tabela 2, a seguir, são apresentados os resultados da regressão linear com
dados em painel para Dias para divulgação das contas (Ddiv), sendo demonstrados os
resultados tanto para variável população quanto para receita total e tendo como variável
de controle o ano da conta.
TABELA 2 - REGRESSÃO PARA DIAS PARA DIVULGAÇÃO DAS CONTAS (Ddiv)
Coef. β Prob. Coef. β Prob.
Dlim + 0,02 0,592 0,02 0,579
Funinc + 0,03 0,327 0,03 0,292
Pesqu -0,01 0,497 -0,01 0,485
Log(Pop) - -0,16 0,41
Log(RecTot) - 0 0,94
QCand + 0 0,651 0 0,633
Prefreel - -0,05 0,174 -0,04 0,195
Partgov - 0,02 0,464 0,02 0,45
Partpres - 0,03 0,403 0,03 0,395
IDRtv - -0,2 0,21 -0,19 0,229
IDRop - 0,15 0,943 0,08 0,969
R2 = 0,05 R2 = 0,10
Prob>F = 0,00 Prob>F = 0,00
Ddivit = β0 + β1DLimit + β2Funincit + β3Pesquit + β4Tamanhoit + β5Qcandit +
β6PrefReelit + β7PartGovit + β8PartPresit + β9Idrtvit + β10Idropit + β11Anoctait + ε
Variável dependente: Ddiv - lapso temporal, em número de dias, entre a data do
término do ano fiscal (31 de dezembro) e a data de envio das contas.
Método: Efeitos Fixos
Período: 2000 a 2011
Número de cross-sections usadas: 78 municípios
Total de observações do painel: 918
VariáveisSinal
esperado
Log (Pop) Log (RecTot)
***, **, * Estatisticamente significantes ao nível de 1%, 5% e 10% respectivamente.
Onde,
Log(Ddiv)it = logaritmo do lapso temporal, em número de dias, entre a data do término do ano fiscal (31 de dezembro) e a data de envio.
DLimit = descumprimento dos limites constitucionais e da LRF pelo município, assumindo valor 1 para os municípios que descumprem e caso contrário 0.
64
Funincit = Ensino Fundamental Incompleto, assumindo valor 1 para governante com ensino fundamental incompleto e 0 para os demais casos.
Pesquit = Partido de esquerda, assumindo valor 1 para partido de esquerda e 0 para os demais casos.
Log(Popit) = logaritmo da população de um município i no período t.
Log (RecTotit) = logaritmo da receita total de um município i no período t.
QCandit = quantidade de candidatos à eleição para prefeito.
Prefreelit = prefeito reeleito em um município, assumindo valor 1 para prefeito reeleito e 0 caso contrário.
Partgovit = partido do prefeito igual ao do governador, assumindo valor 1 para ano em que o partido do prefeito for o mesmo que o do governador e 0 caso contrário.
Partpresit = partido do prefeito igual ao do presidente, assumindo valor 1 para ano em que o partido do prefeito for o mesmo que o do presidente e 0 caso contrário.
IDRopit = divisão da receita de operações de crédito pela receita total em um município i no período t.
IDRtvit = divisão da receita de transferências voluntárias pela receita total em um município i no período t.
AnoCta = variável binária (dummy) para cada ano (2000 a 2011), que assume o valor 1 (UM) se for um determinado ano e assume o valor de 0 (ZERO) se for qualquer um dos outros anos.
Apesar de não apresentarem resultados significativos, 07 (sete) variáveis
evidenciaram os sinais esperados. São elas: sinal positivo – descumprimentos dos
limites (Dlim), ensino fundamental incompleta (Funinc) e quantidade de candidatos
(Qcand) e sinal negativo – população (Pop), receita total (RecTot), prefeito reeleito
(Prefreel) e índice de dependência de receitas de transferências voluntárias (Idrtv).
As variáveis partido do prefeito igual ao partido do governador (Partgov), partido
do prefeito igual ao partido do presidente (Partpres) e índice de dependência de
receitas de operações de créditos (Idrop) não são significativas e apresentaram sinal
contrário aos esperados.
Concluindo, as variáveis selecionadas não são estatisticamente significantes, ou
seja, não foram encontradas evidências de relação entre elas e o lapso temporal entre
a data de encerramento do ano fiscal (31/12) e a data do envio das contas.
65
4.3 RESULTADOS PARA ATRASO NA DIVULGAÇÃO DAS CONTAS
Na tabela 3, a seguir, são apresentados os resultados da regressão logística
para atraso na divulgação das contas – ADC.
São demonstrados os resultados para variável população e para receita total e
tendo como variável de controle o ano da conta.
TABELA 3 - REGRESSÃO LOGÍSTICA PARA ATRASO NA DIVULGAÇÃO DAS CONTAS (ADC)
Coef. β Prob. Coef. β Prob.
Dlim + 0,15 0,635 0,13 0,674
Funinc + 0,57 0,020** 0,56 0,025**
Pesqu -0,19 0,287 -0,21 0,248
Log(Pop) - -0,27 0,006***
Log(RecTot) - -0,31 0,003***
QCand + 0,2 0,012*** 0,19 0,014***
Prefreel - -0,39 0,25 -0,38 0,269
Partgov - 0 0,995 -0,01 0,967
Partpres - -0,14 0,643 -0,13 0,664
IDRtv - -3,44 0,018** -3,75 0,011***
IDRop - -38,11 0,059* -34,99 0,086*
Pseudo R2 = 0,20 Pseudo R2 = 0,21
Prob>chi2 = 0,00 Prob>chi2 = 0,00
ADCit = β0 + β1DLimit + β2Funincit + β3Pesquit + β4Tamanhoit + β5Qcandit +
β6PrefReelit + β7PartGovit + β8PartPresit + β9Idrtvit + β10Idropit + β11Anoctait + ε
Variável dependente: ADC - atraso na divulgação das contas.
Total de observações do painel: 920
VariáveisSinal
esperado
Log (Pop) Log (RecTot)
***, **, * Estatisticamente significantes ao nível de 1%, 5% e 10% respectivamente.
Onde,
ADCit = atraso na divulgação das contas em um município.
DLimit = descumprimento dos limites constitucionais e da LRF pelo município, assumindo valor 1 para os municípios que descumprem e caso contrário 0.
Funincit = Ensino Fundamental Incompleto, assumindo valor 1 para governante com ensino fundamental incompleto e 0 para os demais casos.
Pesquit = Partido de esquerda, assumindo valor 1 para partido de esquerda e 0 para os demais casos.
Log(Popit) = logaritmo da população de um município i no período t.
Log (RecTotit) = logaritmo da receita total de um município i no período t.
QCandit = quantidade de candidatos à eleição para prefeito.
66
Prefreelit = prefeito reeleito em um município, assumindo valor 1 para prefeito reeleito e 0 caso contrário.
Partgovit = partido do prefeito igual ao do governador, assumindo valor 1 para ano em que o partido do prefeito for o mesmo que o do governador e 0 caso contrário.
Partpresit = partido do prefeito igual ao do presidente, assumindo valor 1 para ano em que o partido do prefeito for o mesmo que o do presidente e 0 caso contrário.
IDRopit = divisão da receita de operações de crédito pela receita total em um município i no período t.
IDRtvit = divisão da receita de transferências voluntárias pela receita total em um município i no período t.
AnoCta = variável binária (dummy) para cada ano (2000 a 2011), que assume o valor 1 (UM) se for um determinado ano e assume o valor de 0 (ZERO) se for qualquer um dos outros anos.
Com base nos resultados apresentados na Tabela 3, verifica-se que, utilizando
população ou receita total para capturar tamanho, são estatisticamente significativas
com sinais esperados as variáveis: ensino fundamental incompleto (Funinc), tamanho
(LogPop e LogRecTot), quantidade de candidatos (Qcand), índice de dependência das
receitas de transferências voluntárias (Idrtv) e índice de dependência das receitas de
operações de crédito (Idrop).
Considerando que ensino fundamental incompleto (Funinc) é significativo com
relação positiva, sugere que municípios com prefeitos com este nível de escolaridade
possuem maiores probabilidades de atrasarem a divulgação das contas. Logo, neste
caso, os resultados encontrados não corroboram com os apurados por Dwyer e Wilson
(1989), que evidenciaram relação positiva e não significativa para competência
profissional.
Os resultados apurados para as variáveis população e receita total, utilizadas
para capturar tamanho, apontam que municípios maiores apresentam menor
probabilidade de atrasar na divulgação das contas. Assim, os resultados corroboram
com Carslaw e Kaplan (1991) e são contrários às pesquisas de Laswad et. al. (2005) e
de Dwyer e Wilson (1989) que evidenciaram resultados não significativos para tamanho.
67
A variável quantidade de candidatos (Qcand) é significativa e apresenta relação
positiva, conclui-se que quanto maior a competição política, maior a probabilidade de
atrasar. Tal resultado corrobora com a pesquisa de Laswad et. al. (2005) que afirma
que quanto maior a competição política menor a divulgação.
Apesar de não significativos, a relação negativa para prefeito reeleito (Prefreel),
partido do prefeito igual ao do governador (Partgov) e partido do prefeito igual ao do
presidente (Partpres) também corroboram com Laswad et. al. (2005).
Dwyer e Wilson (1989) evidenciaram que restrições regulamentares são
significativas, portanto a relação negativa e significante para índice de dependência das
receitas de transferências voluntárias (Idrtv) e para índice de dependência das receitas
de operações de crédito (Idrop) corrobora com a referida pesquisa e sugere que
municípios com maior dependência de tais receitas tendem a atrasar menos.
Os resultados não significativos para descumprimento dos limites (Dlim), apesar
apresentar o sinal esperado, sugerem que mensagem desfavorável não explica o
atraso e, portanto, conflitando com a pesquisa de Dwyer e Wilson (1989).
Finalmente, o resultado não significativo para partidos de esquerda (Pesqu)
corrobora com a pesquisa de Dwyer e Wilson (1989), que também não encontrou
evidências para forma de governo.
Tendo em vista os resultados obtidos, pode-se concluir que:
Como os resultados obtidos com DLim são positivos e não significativos,
rejeita-se H1, ou seja, não foram encontradas evidências de relação
68
positiva entre a presença de mensagem desfavorável e o atraso na
divulgação das contas;
Como os resultados obtidos para Funinc são positivos e significativos a
5%, H2 não pode ser rejeitada, ou seja, foram encontradas evidências de
relação positiva entre o nível de escolaridade do governante e o atraso na
divulgação das contas;
Como os resultados obtidos para as variáveis de Pesqu não são
estatisticamente significativos, rejeita-se H3, ou seja, não foram
encontradas evidências de relação entre partido político do governante
(tipo de autoridade local) e o atraso na divulgação das contas;
Como os resultados obtidos para Log(Pop) e Log(RecTot) são negativos
e significativos a 1%, não se rejeita a H4, pois foram encontradas
evidências de relação negativa e significativa entre tamanho e o atraso na
divulgação das contas;
Como os resultados obtidos para QCand são positivos e significativos a
1% e como os resultados para Prefreel, Partgov e Partpres, apesar de
não significantes, são negativos, não se rejeita H5, pois foram
encontradas evidências de relação entre a competição política e o atraso
na divulgação das contas;
Como os resultados de IDRtv e de IDRop são negativos e significativos,
não se rejeita a H6, pois foram encontradas evidências de relação
69
negativa e significativa entre restrições regulamentares e o atraso na
divulgação das contas.
Então, respondendo ao problema apresentado no início desta pesquisa: “Quais
os fatores determinantes para o atraso na divulgação das contas públicas anuais dos
municípios do Estado do Espírito Santo?” pode-se afirmar que o nível de escolaridade
do governante, o tamanho, a competição política e as restrições regulamentares são
determinantes para o atraso na divulgação das contas.
Considerando os resultados para tamanho (quanto menor o município maior a
probabilidade de atrasar) pode-se propor a simplificação dos demonstrativos a serem
enviados pelos pequenos municípios de forma a minimizar a probabilidade de atraso e
para restrições regulamentares (quanto maior, menor a probabilidade de atrasar) pode-
se prever restrições que realmente penalizem o atraso e incentivem a divulgação de
forma tempestiva.
Capítulo 5
5 CONCLUSÃO
Este trabalho analisou os fatores determinantes para o atraso na divulgação das
contas públicas anuais dos municípios do Estado do Espírito Santo, no período de 2000
a 2011. A amostra deste estudo inclui os 78 municípios do estado do Espírito Santo,
sendo que deste total, para o período analisado, em média, 64,87% atrasaram o envio
das referidas demonstrações e o número de dias de atraso variam de 2 a 3.159 dias.
Foi investigada a relação entre o referido atraso com a natureza da notícia (boas
contra más), com o nível de ensino do governante, com o partido político do
governante, com o tamanho do município, com a competição política e com a
dependência de recursos de transferências voluntárias e de operações de crédito.
Com relação ao lapso temporal entre o encerramento do ano fiscal e a
divulgação, não foram encontradas evidências de relação com as varáveis estudadas.
Para atraso na divulgação, os resultados permitem concluir que a presença de
mensagem desfavorável (H1) e partido político (H3) não são determinantes para o
mesmo. Enquanto que foram encontradas evidências de relação positiva para nível de
escolaridade do governante (H2) e competição política (H5), bem como, relação
negativa para tamanho do município (H4) e restrições regulamentares (H6).
Considerando que órgãos fiscalizadores necessitam de informações tempestivas
para detectar e corrigir desvios antes que se tornem maiores e insustentáveis, e que os
resultados apresentados demonstram que quanto menor o município maior a
71
probabilidade de atraso na divulgação, pode-se propor a simplificação dos
demonstrativos a serem enviados ou a disponibilização de sistema informatizado
próprio para pequenos municípios de forma a minimizar a probabilidade de atraso e
permitir a divulgação das informações essenciais no prazo oportuno.
Considerando que os quadros de dados contábeis utilizados para envio das
informações para a STN é igual para estados e municípios, sejam eles grandes ou
pequenos, a simplificação dos mesmos para pequenos municípios gerará a redução
dos custos de geração ou preenchimento dos mesmos e, portanto, poderá contribuir
para a redução do atraso.
Apesar do fato das restrições regulamentares contribuírem para o não atraso, foi
evidenciado que o bloqueio de receitas não significativas para a grande maioria dos
municípios, não se tornam restrições eficientes, portanto as penalidades devem ser
avaliadas e ampliadas para que se tornem incentivos para divulgação.
Por exemplo, a proibição de receber transferências voluntárias e de contrair
operações de créditos deveria ser por um período superior ao atraso, ou seja, a
situação do município que em atraso não poderia ser regularizada no momento da
divulgação, pois tal prática incentiva o gerenciamento da divulgação por parte dos
gestores dos municípios.
Além disso, tendo em vista que parte das transferências voluntárias são
realizadas pelos governos estaduais, sugere-se a criação ou avaliação de mecanismo
de verificação se os referidos governos, além do governo federal, estão aplicando a
penalidade atualmente estabelecida.
72
5.1 LIMITAÇÃO E TRABALHOS FUTUROS
Destaca-se como limitação aos resultados deste trabalho a não realização de
análise jurídica com relação ao tema, uma vez que aspectos jurídicos podem
eventualmente impactar os resultados estudados. Outra limitação é o não
aprofundamento na análise das penalidades impostas aos respectivos entes e gestores
quando do descumprimento de cada um dos limites constitucionais e da LRF e que
podem impactar o resultado, mas não foram adequadamente verificados. Também não
se mediu o nível de competência da equipe técnica responsável para elaboração das
contas, focando a análise da competência profissional no gestor. Com relação às
restrições regulamentares e tecnológicas, foram considerados os reflexos do tamanho e
da dependência de recursos de transferências voluntárias e de operação de crédito,
não sendo estudado o impacto do nível de informatização e qualidade dos sistemas
informatizados responsáveis pela elaboração das contas.
Diante do exposto, consciente das diversas limitações apresentadas, deseja-se
que as mesmas não desqualifiquem o trabalho, mas venham incentivar a realização de
novas pesquisas sobre o mesmo tema. Portanto, trabalhos futuros podem abordar:
(1) Em que proporção cada um dos limites constitucionais e da LRF impactam o atraso
da divulgação das contas? O resultado poderia esclarecer o motivo pelo qual,
apesar de haver penalidade, o descumprimento não foi possível identificar relação;
(2) Em que proporção à competência da equipe técnica responsável para elaboração
das contas impacta o atraso da divulgação das contas? Os resultados poderiam
73
indicar caminhos para que os responsáveis pela contratação e qualificação de tais
profissionais possam adotar medidas para redução dos atrasos;
(3) Em que proporção o nível de informatização, bem como a qualidade dos sistemas
informatizados responsáveis pela elaboração das contas impactam o atraso da
divulgação das contas? Os resultados poderiam indicar caminhos para que os
responsáveis pela contratação e desenvolvimento de tais sistemas possam adotar
medidas para redução dos atrasos.
74
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75
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