gerenciamento de custos hotelaria (plano de contas)

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CONTABILIDADE HOTELEIRA EM UMA VISO DE GERENCIAMENTO DE CUSTOS

Luciano Ferreira da Silva*

RESUMO Este artigo tem como fundamento a viso da complexidade da contabilidade hoteleira em uma viso de um sistema de custos. O hotel uma empresa que necessita de um acompanhamento especial, pois alm de prestar servios tambm vende mercadorias, podendo ter, alm disso, refeitrio dos empregados e restaurante. Por isso um sistema de custos auxilia a gesto fazendo com que as despesas sejam alocadas proporcionando em alguns casos uma economia mensal em alguns setores.

Palavras chave: Contabilidade Hoteleira, Sistema de Custos, Gesto Hoteleira

*Bacharel formado pela Universidade Estadual do Oeste do Paran UNIOESTE Campus de Foz do Iguau Contador atuante registrado no Conselho Regional de Contabilidade do Paran E-mail: [email protected]

1. INTRODUO Segundo Padoveze (2000, p.42), Sistema de Informao o conjunto de recursos humanos, materiais, tecnolgicos e financeiros agregados segundo uma seqncia lgica para o processamento de dados e traduo em informaes, para com seu produto, permitir as organizaes o cumprimento de seus objetivos principais. Na atualidade, um sistema de informao tudo na administrao de uma empresa. A empresa que no possui um sistema simples que for, adaptado as suas necessidades, que no controle pelo menos suas contas a pagar e receber no pode ser considerada uma organizao. Os gestores necessitam obter informaes, sejam elas de suas contas vencveis no dia, at de um controle com um sistema de custos conhecendo o que realmente se passa na sua empresa. Mas para uma implantao com sucesso, so necessrios um planejamento e estudo do que ser til e que tipos de relatrios sero emitidos para uma tomada de decises, pois um sistema deve atender as necessidades de informao, planejamento e controle. Esse estudo de essencial importncia para se delimitar os sistemas que so: o de apoio deciso, necessrio as decises de gerenciamento; o de gesto empresarial, responsvel pela consolidao das informaes; e o de informao contbil, destinado ao setor contbil e financeiro. Em um hotel, um sistema uma ferramenta indispensvel. At tempos atrs cada setor da empresa trabalhava com seu sistema, desunidos, precisando ao final do ms ou do exerccio os relatrios serem impressos, lanados em outro sistema para se chegar a um resultado que era repassado ao gestor para a tomada de decises. Esse processo tende a ter um fim com uma integrao dos sistemas de informao. Praticamente, uma compra seja ela de alimentos ou bebidas efetuada pelo hotel, que lana esta nota de entrada em seu sistema de compras, que automaticamente repassada ao sistema de contabilidade e ao sistema no setor de contas a pagar. O processo o mesmo no sistema de recebimento, quando o

hspede vai pagar sua conta na tesouraria, e esta repassada diretamente pelo seu sistema para a contabilidade. Essa integrao tem um custo elevado, pois no somente a compra junto a uma empresa de software especfico, mas todo um processo de planejamento, incluindo adaptao s necessidades da empresa at o treinamento dos funcionrios que toma um grande tempo de trabalho esforado por parte do fornecedor alm de pacincia com o aprendizado dos colaboradores. Mas este custo ser recuperado com a diminuio da mo de obra utilizada para executar as tarefas junto ao sistema e a agilidade em que essas tarefas sero executadas. Outro problema so as falhas que ocorrem no incio do funcionamento do sistema, que so normais, sendo corrigidas com o uso. Por isso importante um gerenciamento eficaz. Um sistema integrado influi tambm no organograma de uma empresa, pois como a informao flui com mais agilidade e atualidade, podem-se enxugar algumas hierarquias que existiam antes da integrao do sistema, melhorando a estrutura de poder. O termo enxugar no necessariamente se refere reduo de colaboradores, mas de um reescalonamento que far com que o sistema flua com uma maior harmonia. E quando se implanta um sistema deste porte, deve ser controlado o acesso dos colaboradores somente parte do sistema que compete a sua funo, para um controle e organizao do mesmo, sendo necessrio um levantamento para se saber os poderes que cada colaborador ter em relao organizao.

2. O SISTEMA HOTELEIRO O erro mais freqente na gesto empresarial (a hotelaria no faz, infelizmente, exceo), consiste em considerar a contabilidade como um fim em si mesma, em vez de constituir, alm de inevitvel exigncia legal, imprescindvel fonte de informaes, do maior interesse para a gesto consciente e criteriosa dos empreendimentos. Ao planificar e organizar a sua contabilidade, o hoteleiro dever ter em considerao qual a informao que deseja obter, visando, ao mesmo tempo, a forma mais prtica de alcanar aquele objetivo. A contabilidade hoteleira dever, logicamente, dedicar especial ateno as operaes prprias de um hotel, tais como o aluguer de quartos, venda de refeies e bebidas e demais servios assegurados por este tipo de estabelecimento. Em especial, a contabilidade incumbir recolher, classificar, ordenar e registrar as importncias correspondentes s numerosas operaes do hotel, permitindo interpretar e analisar os seus resultados. O empresrio hoteleiro tem, assim, na contabilidade um precioso auxiliar, que lhe permitir planear, dirigir e controlar as atividades econmicas do seu estabelecimento. O hotel uma empresa que apresenta uma complexidade em relao a outras atividades empresariais, pois ela pode desenvolver produo de bens, prestao de servios, comrcio, alm de refeitrio e alojamento de funcionrios; tendo assim um amplo leque para um maior enfoque de um controle gerencial. de fundamental importncia o detalhamento da contabilidade em centros de custo, para a apropriao dos gastos reais das unidades operacionais, tendo uma melhor gesto e aplicao de recursos em centros de custos que realmente necessitam. As unidades so divididas em: Bsicas Operacionais: hospedagem, restaurante, centro de convenes, bar.

De Apoio Operacional: compreendendo lazer, eventos e promoes, loja, esttica e beleza. Auxiliares e de Servios: telefonia, manuteno, lavanderia, limpeza. Administrativas de Suporte: gerncia geral, compras, almoxarifado, refeitrio e alojamento de empregados, vigilncia e segurana. Administrao Central: Superintendncia, diretoria, contabilidade, financeiro, departamento pessoal e recursos humanos, processamento de dados. Vendas e Marketing: vendas, central de reservas.

3. APRESENTAO DO SISTEMA DE CUSTOS

O sistema de custos uma tcnica de apurao e analise de custos incorridos no processo de produo e/ou prestao de servio, podendo ser aplicado de duas maneiras: Por produto e/ou servio, que objetiva a apurao dos custos apropriados diretamente nos produtos e servios. Por setor ou seccional, que objetiva alem de apurar os custos do produto, os custos do setor ou unidade produtora. Conforme o exposto, o Sistema de Custos tem como alvo a apurao do custo de cada produto ou servio e ainda o custo das unidades operacionais, ou seja, o custo seccional. Para efeito de apurao dos custos seccionais, todos os setores e unidades do hotel, operacionais, auxiliares e administrativas, deveria ser classificados em grupos ou ncleos homogneos denominados Centros de Custos. Os agrupamentos seriam compostos de acordo com a natureza das funes desenvolvidas, participao e importncia nos resultados e sua identificao com os objetivos principais da empresa. Contudo os agrupamentos ou Centros de Custos independem do organograma ou da estrutura formal da empresa, pois os diversos setores so classificados, desdobrados ou aglutinados de acordo com a sua importncia e funo em relao ao conjunto de atividades e objetivos do Hotel. Para a implantao do sistema de custos necessrio avaliar a amplitude e ao do sistema de custos sobre a estrutura tcnica e de pessoal dentro da empresa, isto significa desenvolver o sistema atravs do Departamento de Contabilidade, como um instrumento gerencial, de mbito interno e de aplicao restrita pela administrao, desenvolvendo o sistema de forma participativa com todas as reas da empresa hoteleira. Deve-se apurar tambm uma adequao do plano de contas contbil como a metodologia do sistema de custos objetivando plena integrao dos dois sistemas.

Sob o aspecto funcional, os setores do hotel poderiam ser classificados nos seguintes grupos ou unidades: Unidades bsicas operacionais Unidades de apoio operacional Unidades de servios Unidades auxiliares Unidades administrativas de suporte operacional Unidades administrativas Unidades de comercializao e vendas. A diviso em grupos ou unidades serve para uma melhor analise de apurao do sistema de custos, Zanella (1993, p.15) explica de uma forma clara do que se compem todas as unidades do sistema.

4. INTEGRAO DO SISTEMA DE CUSTOS COM A CONTABILIDADE Como j havamos citado anteriormente, de extrema importncia que sistema de custo esteja integrado de uma forma clara e limpa com o sistema contbil, contudo seu plano de contas, a partir deste ponto que destacamos e que o sistema de custos deve ser desenvolvido atravs do Departamento de Contabilidade. Deste modo, a contabilidade fornece informaes econmicas, patrimoniais, financeiras e operacionais de carter geral enquanto que o Sistema de Custos se concentra mais na apurao e anlise detalhada do desempenho e resultados por produtos e servios para a tomada de decises sobre preo, volume de produo e lucro. Isto significa, tambm, que a contabilidade apura todos os custos e despesas da empresa e o Sistema de Custos analisa e apropria estes dispndios nos produtos e servios discriminadamente, atravs de critrios tcnicos especficos. Devendo-se considerar a complexidade da estrutura de funcionamento de um hotel e a dificuldade do registro de todas as suas operaes exclusivamente pela contabilidade, com o detalhamento requerido. Com esta estruturao conjunta e adotados os mesmos conceitos tcnicos, o administrador poder exercer uma ao gerencial mais efetiva sobre todos os que interferem na atividade da empresa. A estrutura conjunta d ao administrador a forma de exercer uma ao gerencial mais efetiva sobre todos os que interferem na atividade da empresa, contudo a integrao plena entre a Contabilidade e o Sistema de Custos devero adotar critrios iguais, especialmente com relao aos seguintes itens: Plano de Contas Contbil Regime de Competncia para apropriao das receitas e despesas Ativo Permanente/Imobilizado Fluxo de informaes e documentos.

5. A CONTABILIDADE PRATICA APLICADA A EMPRESA HOTELEIRA Partindo do principio de que hotel uma empresa, podemos compreender que os hotis, motis ou similares, devem ser compreendidos no contexto global das atividades econmico-sociais, a noo de hotel est diretamente ligada prestao de servios e de aluguel por partes de seu estabelecimento, sem entrar em sua compressibilidade e nos mltiplos aspectos que envolvem uma definio, propomos a definio de empresa hoteleira dada por W. Hunziker (Castelli apud Walter Hunziker (1982, p.26)): aquelas unidades econmicas cujo objeto consiste na preparao e na prestao de bens e servios ao turismo e hospedagem de forma econmica, mediante uma combinao adequada dos meios de produo. importante deixar claro que a contabilidade aplicada a qualquer empresa de vendas ou prestao de servios deve ser a mesma aplicada hotelaria, pois os hotis so empresas prestadoras de servios e tem sua receita obtida atravs de prestao de servio; servios diretamente prestados ao hspede ou no, incluem ainda a venda de produtos aos hspedes ou visitantes, de aluguel de quartos ou outros que oferecer. As receitas de uma empresa hoteleira podem sofrer uma classificao para efeitos de estudo ou assessoramento, podendo diferenciar-se entre si pelo tipo de servio que prestam e/ou pelo conjunto de servio que oferecem: - hospedagem; - recepo e diverso; - servio de guias; - servio de babyciter, segurana ou outros; - congressos e feiras ou cerimnias; - planejamento e assessoramento turstico; - transporte turstico;

- agncia de viagens; - artesanato / souvenirs; - outras empresas que prestam servios secundrios. Particularmente a empresa hoteleira sofre algumas modificaes por assim dizer, no que se refere ao seu PLANO DE CONTAS, a seguir colocamos algumas contas que so usadas na contabilidade de um hotel, apresentamos contas do plano de contas: - Receita de dirias - Receita de restaurante principal - Receita de restaurante piscina - Receita de mini-bar - Receita de bar - Receita de telefone - Receita de lavanderia - Receita de salo de beleza - Receita aluguel de cofre - Receita de passeio a cavalos, bicicletas e caiaque - Receita de aluguel de quadra - Receita de babyciter, segurana pessoal e guia turstico. - Receita de convenes e alugueis de sales - Receita de comisses algumas

- Receita antecipada de dirias - Receita de reservas

- Despesas de uso e costume - Despesa de restaurante principal - Despesa de restaurante piscina - Despesa de bar - Despesa de lavanderia - Despesa de produtos de limpeza - Despesa de salo de beleza - Despesa com passeios a cavalos, bicicletas e caiaque - Despesa de manuteno de quadra - Despesa de manutenes - Despesa de telefone - Despesa de comisses - Despesa com convenes e alugueis de sales - Despesa de guarnio ou Despesa de material de apoio ao hospede

- Credito junto a agencia de viagens - Credito com carto de credito

- Estoque de alimentos no perecveis - Estoque de alimentos perecveis - Estoque de produtos para uso e costume ou; - Estoque de almoxarifado ou ainda; - Estoque de material de apoio ao hospede (sabonetes, pratelaria, roupa de cama, mesa e banho, etc.).

CONTROLE INTERNO

O controle interno constitui o desdobramento til da contabilidade de custos, competindo-lhe a guarda e conservao dos valores da explorao, assim como velar pela correta utilizao e aproveitamento dos recursos mobilizados pela empresa e, em especial, dos valores de caixa e mercadorias destinadas alimentao e bebidas, sem dvida os de mais fcil subtrao. De uma forma geral, o controle interno dever garantir a resoluo dos seguintes problemas: - organizao do servio de compras; - organizao do servio de vendas; - controle dos consumos. Trata-se, pois, de assegurar a indispensvel vigilncia sobre trs dos mais importantes aspectos da explorao hoteleira, ou seja: - compra das matrias-primas e artigos acabados;

- venda a vista ou crdito de produtos e servios, segundo a tarifa adotada pelo estabelecimento; - utilizao racional e legtima das mercadorias consumidas pelo estabelecimento, com vista ao seu aproveitamento ideal e a obteno do maior lucro possvel.

5.1 GESTO PREVISIONAL O empreendedor deve traar metas a que pretende atingir a mdio e longo prazo, determinando condies a fim de alcanar os objetivos de sua gesto. Esse clculo, gerado sob a forma de oramento, dever constituir, por isso, uma das principais preocupaes do chefe da empresa. A gesto previsional ainda raramente utilizada pelos dirigentes. Ela d mais importncia a explorao e visa a maximizao dos lucros no empreendimento, dando base ao empresrio para tomar suas decises nas formas de explorao. Essa planificao do negcio proporciona os meios de controle das operaes, coordenando a ao dos diversos departamentos do hotel, cujos objetivos devero ser previamente estabelecidos, ao mesmo tempo em que concorre para a motivao dos colaboradores da empresa, levando-os a procurar obter, quando no a exceder, os resultados propostos. A definio dos resultados que o empresrio se prope atingir, ajudar, a concentrar todas as atenes e esforos na obteno dos referidos objetivos, em vez de gastar em recursos mau orientados. O clculo de gesto previsional exprime-se, normalmente, sob a forma de oramento, em que se fixam ou estabelecem as metas decididas, e se formula o plano de ao futura para o empreendimento, no deixando de se elaborar um plano geral para o perodo, divididos em departamentos, mas tendo uma coordenao.

O chefe de seo tem importncia decisiva na elaborao dos oramentos, pois ele permite adeso ao departamento dando certeza aos objetivos finais do empreendimento. A elaborao do oramento dever ter uma aprecivel flexibilidade, necessitando admitir, nas previses das receitas e despesas, margens de tolerncia consideradas razoveis, destinadas a fazer face modificao das condies da explorao, em virtude de circunstncias imprevisveis. Tal circunstncia no dever excluir, a necessidade de se proceder, regularmente, confrontao dos valores estimados com os de fato conseguidos, e a anlise das diferenas anotadas. Para alm da gesto previsional de todo o empreendimento, ser possvel, ainda, estabelecer a previso de alguns dos aspectos mais influentes da explorao como o quadro de pessoal e respectivos encargos e quantidades de gneros e mercadorias indispensveis ao aprovisionamento do hotel. A gesto previsional dever permitir tambm o estabelecimento de um plano financeiro destinado, sobretudo, a garantir o desejado equilbrio das disponibilidades de Tesouraria, mas para isso dever ter em considerao o montante provvel das receitas e despesas, o valor dos investimentos a efetuar, e a importncia dos emprstimos a amortizar. O responsvel hoteleiro dever considerar, ainda, para o efeito, os prazos geralmente adotados pelas agncias de viagens para a liquidao dos seus dbitos ao estabelecimento. O referido oramento ser tanto mais eficaz quanto mais corretos e fundados forem os elementos utilizados na previso dos valores provveis da explorao, mas apesar disso, raramente se pe na obteno dos dados indispensveis ao clculo previsional todo o interesse e cuidado capazes de proporcionar a informao ajustada ao fim em vista.

Poder, adotar-se o sistema de solicitar ao responsvel de cada departamento a elaborao da previso mensal do setor a seu cuidado, a submeter Direo do estabelecimento, at ao dia 10 do ms anterior quele a que respeita. A referida previso ser, ento, apreciada pelo Diretor do estabelecimento, que lhe introduzir as correes que julgar justificadas. A previso poder referir-se a todo o ano, o que, embora fornea uma viso geral do exerccio, apresenta; no entanto, o inconveniente de no mostrar as realidades bem diferenciadas da estao alta e estao baixa, como , geralmente, o caso. Mais acertado ser, por isso, que o estudo previsional se exera sobre perodos mais curtos, oferecendo, deste modo, a possibilidade de um mais ajustado controle. A previso mensal, permitindo, embora, limitar a um perodo bastante reduzido o estudo dos aspectos que condicionam a explorao, no pode, no entanto, considerar-se inteiramente satisfatria, tendo em conta que o afluxo turstico no , normalmente, influenciado pelas condies particulares de cada ms, mas sim de pocas do ano, de limites menos rgidos. A elaborao do oramento, ou clculo de gesto previsional, dever permitir a determinao das condies em que a explorao se dever desenrolar, a fim de se obter o resultado considerado timo. Para tanto, ser indispensvel proceder anlise do mercado e, com ela, previso das receitas e definio das condies tcnicas da explorao, das quais dependem, fundamentalmente, as despesas do estabelecimento.

5.2 PREVISO DAS RECEITAS A previso das receitas dever assentar, essencialmente, na capacidade do hotel, na tarifa praticada e no ndice de ocupao provvel, no perodo considerado.

Primeiro deve-se definir qual a receita mdia por dormida (sendo est de difcil previso), ou refeio, tendo em conta as variaes eventualmente sofridas pela tarifa, nas diferentes pocas do ano. Para previsionar as dormidas devero ter-se em conta as tendncias denotadas pelas correntes tursticas, nas pocas do ano, a natureza da clientela do estabelecimento e a das camadas susceptveis de serem influenciadas pelos esforos de promoo que, no deixaro de ser postos em prtica. Por outro lado, o hoteleiro no deixar de ponderar, igualmente, a importncia dos seus concorrentes diretos, cujas caractersticas e condies particulares dever conhecer com razovel profundidade. A elaborao do clculo previsional dever apoiar-se, na experincia anterior, sobre cujos valores importar meditar com profundidade e critrio. O uso de ratios est, normalmente, indicado, permitindo que se estabelea a relao entre os valores conhecidos da explorao sem dvida informao mais vlida e firme que ao chefe da empresa dado conhecer. O clculo previsional incidir sobre cada um dos diversos setores da explorao podendo exercer-se, igualmente, sobre grupos de produo, quando a sua apreciao individualizada se afigure inconveniente, ou sem interesse.

5.3 PREVISO DAS DESPESAS A previso das despesas dever assentar, fundamentalmente, no estudo das condies tcnicas da explorao. Nestes termos, o responsvel hoteleiro dever ter em considerao a natureza das despesas, segundo o seu maior ou menor grau de variabilidade. Dentro desta preocupao, as despesas da explorao so, geralmente, repartidas por trs grupos fundamentais:

A) Despesas fixas: as que no variam, a curto prazo, qualquer que seja a atividade registrada pelo estabelecimento. Ex.: renda. B) Despesas semifixas: as que, no sendo inteiramente fixas, variam, apenas, ligeiramente, em funo do movimento de hspedes: ordenados, reparao e conservao, etc. c) Despesas proporcionais: as que variam na razo direta da maior ou menor atividade acusada pelo estabelecimento: mercadorias, combustveis, etc. A determinao da importncia provvel das despesas da explorao poder efetuar-se pelos seguintes mtodos: A) Por previso direta: quando as despesas reais de cada um dos setores da explorao so avaliadas de forma tanto quanto possvel rigorosa, pelo exame tcnico das condies em que dever desenrolar-se a explorao. Trata-se do processo mais eficaz do clculo das despesas, o qual dever ser utilizado, por isso, sempre que as condies o permitam. B) Por estimativa: quando se tomam por base as despesas do mesmo tipo verificadas no ano anterior, acrescidas da taxa de aumento, quer dos respectivos custos unitrios, quer das quantidades consumidas. O clculo das despesas dever ser rodeado de apreciveis cuidados tcnicos e ajustado critrio pessoal, a fim de que no resultem falsas as premissas de toda a importante gesto previsional.

5.4 COMPARAO DAS PREVISES COM OS RESULTADOS EFETIVAMENTE CONSEGUIDOS O responsvel hoteleiro no dever perder, nunca, de vista que a previso no constitui uma certeza, mas sim uma probabilidade.

Assim, ser indispensvel, confrontar, regularmente, os valores estimados com os de fato conseguidos, analisando escrupulosamente as diferenas verificadas. Por razes de ordem prtica, as previses estabelecidas devero ser apresentadas sob a forma de grficos, ou quadros, nos quais so, progressivamente, anotados os resultados obtidos, de maneira a permitir ao responsvel hoteleiro acompanhar a marcha da explorao.Uma vez detectadas as causas das discrepncias acusadas pela referida anlise, dever proceder-se, seguidamente, s correes que se imponham, atravs de medidas apropriadas. Quintas (1988, p.422) assinala ainda que as diferenas na previso das receitas podero resultar de: - Alterao sensvel e imprevisvel das condies normais da explorao, com reflexo favorvel ou desfavorvel na taxa de ocupao do estabelecimento; - Erro de clculo das vendas provveis do empreendimento, envolvendo, neste caso, a responsabilidade do autor da previso. Tambm as diferenas acusadas pela previso das despesas se podero caracterizar por sinal positivo, ou negativo, exigindo, em qualquer caso, o exame srio das razes que as determinaram. Tais diferenas podero resultar de uma deficiente previso, ou de ocorrncias extraordinrias na gesto do empreendimento. Na hiptese de previso deficiente, poder admitir-se que a mesma resulte de: - Causas internas: erro nos preos de venda, no clculo de quantidades, etc.; - Causas externas: quando estranhas ao empreendimento, podendo subdividir-se em previsveis ou imprevisveis (aumento dos preos dos fornecedores, elevao das taxas e impostos legais, reviso do contrato coletivo de trabalho, etc.). No pode subestimar-se, ainda, a importncia do comportamento doloso do pessoal (roubo, consumo excessivo, utilizao ilegtima ou incorreta dos artigos de consumo, etc.), susceptvel de influenciar, sensivelmente, os resultados da explorao.

6. ESTATSTICA HOTELEIRA A estatstica nos hotis tem a funo de indicar, por meio de nmeros, resumos e grficos os dados que mostram os movimentos dos clientes, da mercadoria, do pessoal, etc. Vrias so as possibilidades que nos oferece esse sistema no que se refere a constataes e concluses. Um bom administrador deve conhecer profundamente as alternativas de negcio que o seu ramo apresenta, para poder bem administrar, considerar a preferncia do cliente, a possibilidade de crescimento de sua empresa e o risco de estagnar. Atravs de dados estatsticos, possvel muitas vezes fixar uma meta definida em termos de futuro da empresa. O administrador de um hotel deve trabalhar corno o diretor de qualquer negcio do tipo industrial. Perseguir um aumento de receitas atravs da melhora do produto, aumentando as vendas, com uma nica diferena: uma empresa industrial pode aspirar um aumento de sua produo e a empresa hoteleira tem um limite em sua capacidade de receita, uma vez que no podem vender nem produzir acomodao em srie, tem um nmero limitado do produto a ser negociado. Como conseqncia deste, o aumento de receitas no hotel s poder ser obtido reativando-se os setores menos rentveis. Neste caso, os dados estatsticos podero ter grande valia, pois atravs deles, pode-se atrair a clientela nas temporadas baixas, preenchendo, muitas vezes uma lacuna nas receitas e no lucro por conseqncia.

6.1 ESTATSTICA E O CLCULO DE CUSTOS

difcil estabelecer a diferena entre escrita contbil e elaborao estatstica, bem como definir especificamente a finalidade dos dados estatsticos em hotelaria. Enquanto muitos hotis no utilizam dados estatsticos para orientao de sua administrao, outros valera-se de informaes tiradas das escritas contbeis mais para verificao de receita e ter uma viso aleatria do possvel lucro. Porm, para haver uma reflexo concreta sobre os dados, cuja representao se poder fazer em cifras concretas, e que devem ser objeto de avaliao, devero forosamente ser

desligados da contabilidade. Um setor de departamento especifico dever fazer as coletas e a composio desses dados. Para no haver sobrecarga e nus com a criao de mais um departamento na estrutura do hotel, podero ser reunidos em um s departamento diversos setores que podero complementar-se entre si, atendendo s diversas necessidades do hotel. Podero ser agrupados os setores de custos, controle de documentos, conferncia, auditoria, etc. A contabilidade e o setor de estatstica e custos devem estar ligados, apesar de ser a primeira quem fornecer dados e informaes para a validade e composio da segunda. Para os hotis pequenos os dados necessrios so poucos. Para hotis de mdio e grande porte a necessidade de avaliao de receita, despesa e urdas futuras exige dados bem mais complexos, no sendo suficientes os fornecidos por Balanos. Em uma avaliao mais racional e segura de bom alvitre que os dados sejam refletidos de maneira a fornecer idias precisas de setor por setor para uma avaliao mais profunda.

6.2 COMPOSIO DO SETOR CUSTOS / ESTATSTICA SUBORDINAO O setor de custos e estatstica obtm dados, quantidade e distribuio de receitas para o departamento de controle geral. Para a obteno desses dados, utilizam-se formulrios, fichas, relatrios e documentos de informao que facilitaro muito a manipulao final dos nmeros. Esses dados junto contabilidade e ao departamento de pessoal, compe-se um quadro completo de informes valiosos, capazes de permitir uma reflexo final lucrativa. Os critrios a serem seguidos devem ser previamente estabelecidos. Os quadros e mapas devem ser confeccionados adequadamente para cada caso, o que requer um cuidado inicial um tanto difcil e complicado, principalmente em se tratando de hotel novo que meio tem retrospecto de dados.

Esse primeiro trabalho dever ser farto de informaes. prefervel, no decorrer de algum tempo, abandonar alguns dados do que ter de retroceder era busca de complementaes numricas, muitas vezes difceis ou impossveis de serem conseguidas.

7. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

CNDIDO, . Controles em hotelaria: sistema mecanizado para hotel. 3. ed. Caxias do Sul: Educs, 1982. 327p. CASTELLI, G. O Hotel como empresa hoteleira. 2.ed. Porto Alegre: Sulina, 1982. 327p. QUINTAS, M. A. Tratado de hotelaria. Lisboa: Instituto Nacional de Formao Turstica,1988. 592p. RIBEIRO, O. M. Contabilidade geral fcil. 3.ed. So Paulo: Saraiva, 1999. 476p. ZANELLA, L. C. Administrao de custos em hotelaria. 1 ed. Caxias do Sul: Educs, 1993. 186p. ZANELLA, L. C. Contabilidade para Hotis e Restaurantes. Coleo Hotelaria. Caxias do Sul: Educs, 2002. 127p.