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I
GESTÂ.ODAFERTILIDADEDENTRODOSSISTEMASDECULTURAMECANIZADOSNOS TROPICOSÛMIDOS:OCASODASFRENTESPIONEIRASDOSCERRADOSEFLORESTAS ÛMIDAS DO CENTRO-NORT.E DO ESTADO DO MATO GROSSO 1. GESTÂ.O DA FERTILIDADE PELO SIST.EMA DE CULTURA- 1995
Lucien SÉGUY(l), Serge BOUZINAC(l), Ayrton TRENTINI(2), Nelson de Angelis CORTÊS(3)
RESUMO
As fronteiras agrfcolas do Brasil chegaram, no infcio dos a nos 80, nos tr6picos umidos do Oeste, na beira da flores ta amazônica, nos cenados de solos acidos, corn uma pluviometria variando entre 2 000 e 3 000 mm, distribufda sobre 8 meses. Os agricultores colonizadores, procedentes dos estados do Sul, trouxeram nas fren tes pioneiras, suas praticas de preparo do solo corn gradagens e a monocultura de soja. Corno nos estados do Sul, todavia de modo mais veloz, nessas regiôes quentes e umicfas, a gestao do solo inadequa<la e contfnua corn sra:des, sem restituiçôes orgânicas marcantes, levou também a uma erosâo acelerada e catastr6fica do capital-solo, m<luzindo nos casos mais severos, falências rapi<las e abandonos <las ten-as.
A pesquisa franco-brasileira e seus parceiros da extensao interviram nessas frentes pioneiras a partir de 1986. Ap6s um diagn6stico rapide caracterizando a situaçâo agro-econômica regional inicial, que evidenciou os p rejuîzos fisJCos inflingïaos aos sofos pelo sistema de monocultura de soja, e o isofamento economico dessas frentes pioneiras, a pesquisa se empenhou na restauraçâo do estatuto de fertili<lade dos solos através de um enfoque de mtervençâo origmal no me10 real, corn e para os produtores nas suas fazendas.
Elaborou-se, a partir <leste enfoque dinâmico e participativo, sistemas de cultw,is cada vez mais atuantes, 3iversificados, agronômicamente justificados e reproduzfveis, técnicamente praticaveis e preservadores do capitalsolo, e que levem a afolhamentos mais lucrativos e relativamente estaveis, apesar da conjuntura econômica ca6tica no perfodo de 1986-1992.
Esta experiência mostraque o objetivo de gestao da fertilidade dos solos acidos degradados, nâo pode ser dissociado do objetivo de gestao do risco econômico, o quai passa necessariamente pela elaboraçâo de uma larga escolha de sistemas diversificados.
Estes sistemas elaborados foram difundidos sobre centenas de milhares de hectares no Oeste e Centro-Oeste do Brasil, confinnando a abrangência <lestes modos de gestao dos solos e das culturas nos solos acides dos cerrados e a confiabilidade do método de criaçâo-difusâo da inovaçâo.
Palavras e expressôes chaves : Sistemas de cultura, criaçiio-difusào, gestào do sow, restauraçào da ferti1idade, matéria orgâ,nica, rotaçôes, sucessoes anuais, modos de preparo d sow, planno direto, s(!ja, arroz de sequeiro, performances agronûmicas, técnicas, econômicas, adoçào de tecnowgi_as.
SUMMARY
SOIL FERTILTIYMANAGEMENT IN MECHANIZED CROPPING SYSTEMS OF THE HUMID TROPICS: THE CASE OF THE CERRADO AND FOREST AREAS OF THE CENTRE-NORTH OF MATO GROSSO I. MANAGEMENT OF SOIL FERTILITY THROUGH THE CROPPING SYSTEM
Bythe beginningofthe 1980's,in Mato Grosso, Brazil'sagriculturalfrontier ha<lreached theAmazonforest,aregion of acid soils, with rainfall va.rying between 2 000 and 3 000 mm/year, concentrated dming 8 months. The colonizing farmers, from the South ofBraz1l, brought to these pioneeringareas theirs practice of soil preparation with offsetdiscs and adopted the monoculture of soya. As in the southern states, but faster in these hot and humid regions, the continuedinadequate soil management, withinsufficientreturnsof organicmatter, leads to accelerated and catastrofic erosion of the soil' s capital. This results, in the most severe cases, in rapid bankruptcy and abandonment of the land.
The Franco-Brazilian research programme and it's partners in extension became intereste<l in the pioneer areas startingin 1986. Followingona rapiddiagnosticsurvey, to characterize the initial situation, which indicated thephysical lossesof soi! provoked bymonoculture ofsoya plus the isolated location of these frontiers, the research addressed itself to the restoration of fertility via a strategy of inte1vention at farm level, with and for the farmers.
From thisdynamic and participative focus, increasinglydiversified, reproducible and practical cropping systems were developed. Besicles preserving the soil's capital, these proved to be more lucrative and relativelystaole, 111 spite of the chaotic economic conditionsbetween 1986-1992.
This expe1ience shows that the objective of soil fertility management in degraded acid tropical soils cannot be dissociated from thatoffinancial risk management, which necessarilydemands the choice of more diversified systems.
The systems <levelope<l have been adopted over tensof thousands ofhectares in the West and Centre-WestofBrazil, con:finning_ the wide range of application of these soi! management techniques and cropping systems in the acid Cen-ado (Savannah) soifs. This vindicates the methods developed for generation and extension of innovative technology.
Keywords and phrases : cropping systems, technowgy generation and extension, soil managernent,Jertility restoration, organic matter, crop rotatzons and successions, soil preparation methods, double cropping, soybeans, upland rice, technowgy adoption.
(1) Agrônomosdo CIRAD-CA, baseados em Goiânia - CP 504 a/c Tasso de Castro· Ag. Central · 74001-970 · Goiânia . Goiis - Brasil · Tel e Fax 062. 2481591 (2) Agrônomo da Cooperlucas · Lucas do Rio Verde · Mato Grosso (3) Pesquisador da EMPAER-MT · Cuiaba-MT
I - INTRODUÇAO - Os oxysols e u ltisols da classificaçào dos solos do USDA (1975) que correspondem aproximadamente aos la tossolos vermelho-amarelos da classificaçào brasileira representam a maioria dos solos <las areas tr6picas umidas corn 63% desses solos (Robert M., 1992[5]). Esses solos acidos sào, antes do desmatamento, geralmente bem providos em matéria orgânicae bem estruturados, porém sào sempre carentes em Ca, Mg, P, K frequenteme mte em zinco (Brasil), e apresentam uma taxa alta de saturaçào em Al, t6xica para a maioria das culturas.
Na América do Sul, os cerrados corn solos acidos cobrem quase a metade <las terras araveis, ou seja, em torno de 243 milhoes de hectares, concentrados p rincipalmente no Brasil, na Colômbia e na Venezuela, ou seja, umaarea maior do que a totalidade <las terras araveis da Africa sub-sahariana. Portanto, os cerrados representam um vasto reservat6rio ainda pouco explorado, para alimenta r a humanidade am anh a, e particularmen te, os cerrados umidos caracterizados por um alto potencia l climatico que podem ser usados para culturas perenes, alimentfcias e industriais anuais, e para pecuaria, se o homem sou ber explora-la sem degrada-la.
Um dos maiores objetivos para a pesquisa e o desenvolvimento é de fixar a agricultura nos cerrados, a fim de prese1var a floresta e sua biodiversidade.
No Brasil, o desmatamento dos cerrados da area tropical umida, iniciou no final dos anos 70, corn a chegadadeagricultoresdosestados do Sul, que colonizaram 1-apidamen te os estados do Centro-Oeste, e depois do Oeste mais umido (Figura l); aagriculturapraticadaé mecanizada e foi constrnfda, no in fcio, sobre uma monocultura industrial de soj a, para gerar excedentes exportaveis ; esta se tornou r apidamente mui to predadora do capital solo [Séguy L., Bouzinac S. e al. 1989(9)].
0 CIRAD CA<1> atuou nasfrentes pioneiras do Centro Norte do Mato Grosso, onde mais de um milhào de h ectares estao a tualmente cultivados, parn construir as bases da fixaçao de uma agricultura su stentave l , corn e para os
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produtores, nas suas fazendas, no seu ambiente, em primeiro lugar nos cerrados entre 1983 e 1989, e depois na zona de floresta para preceder e preparar a chegada eventual das frentes pioneiras mecanizadas nesta ecologia.
Essas frentes pioneiras do Oeste brasileiro, estào muito afastadas dos grandes centras de transformaçao e con suma, dos portos de exportaçàoe nafaltadeumapolftica agrfcola incentivadora, sào altamente penalizados econômicamente, pois dependem do estado da rede rodoviaria, na maioria das vezes muito precaria e mal conserva.da, o que aumenta consideravelmente ocusto dofrete,portantoos custos de produçao e diminui os preços pagos aos agricultores pelos seus produtos.
Num ta] cenario econômico, muito sensivel, se a gestào da fertilidade dos so los, a cus to mfnimo, constitu i, sem sombra de duvidas, um objetivo maior para a pesquisa, esta nào pode se r dissociada do objetivo de gestào do risco econômico. Partindo da situaçào generalizada de monoculturn de soja, esta gestào do risco econômico passa em prioridade pela e laboraçao de sistemas de culturndiversificados,agronomicamente justificados e reprodutfveis, técn icamente praticaveis e preservadores do capital solo, que devem levar a cons truçào de afolhamentos lucrativos e mais estaveis possfveis.
Neste trabalho,descreveremosde modo muito simplificado, as varias etapas da gestào da fertilidade nas frentes pioneirasatravés da elaboraçào e adoçào dos sistemas de culturas mais atrativos e estaveis econômicamente, e salientaremos os novos conceitos de gestào mais ecol6gica dos solos que foram criados a partir das limitaçôes do me io ffsico e da conjuntura econô mica, e em se guida adotados em larga escala pelos agricultores do Oeste e Centro Oeste brnsileiro.
II - A SITUAÇÂO INICIAL - A MONOCULTURA EXCLUSIVA DE SOJA, AL TAMENTE DEPREDADORA DO CAPITAL SOLO : UM IMPASSE ECONÔMICO.
h frentes pioneirns começarnm
a colonizaçào dos cerrados umidos do Centro Norte do Mato Grosso no final dos anos 1970 ; os colonizadores, provenientes dos estados do Sul, sào empresas diversificando seus investimentos (Olacyr de Moraes por exemplo, grande empreiteiro e banqueiro), cooperativas agrfcolas do Sul, e colonizadores experientes ( estados do Parana e Sào Paulo). Trata-se portanto de uma colonizaçào p rivada, que criou tamanho de propriedade muito variaveis, indo de 200 a mais de 2 000 hectares, e que a priori foi atrafda pela especulaçào da terra ; vale salientar que, de fato, afederaçào e o estado permitem a valorizaçào da terra e por conseguin te assegu ram os beneffcios das empresas colonizadoras, através d a abertura e manu tençào das estradas, de cessào dos tf tulos definitivos de propriedade, da implantaçào do sistema federal de crédito (Banco do Brnsil e ntre outras), etc ... [Lena, P. 1988(2)].
Os colonos do Sul, trouxeram seu sistema de cultura tradicional: desmatamento corn correntào, enleii-amentodasan,oresequeima, plantio de arroz de sequeiro corn calagem mfnima(2,5 t/h a de calcario) e adubaçào minerai baixa (40N-60 P20 5-40 ~0/ ha) no dois ou três p rimeiros anos, depois complementaçào de calagem (2,5 t/ha) a partir do 3'ano para entrnr no ciclo ininterrupto de monocu l tu ra de soj a ; u m a outra alternativa, ap6s 2 a 3 anos de arroz, consiste em implantar, corn custo mfnimo, um pasto de Brachiaria decurnbems (plantio em misturacom arroz de sequeiro), para uma exploraçàoextensiva de lOanosou mais ; as atividades : produçào de gràos e pecuaria estào totalmente separadas.
A pesquisa pilota essa monocu ltura de soj a no infcio dos anos 80, a través de um diagn6stico agronômico exclusivamente qufmico, baseado nas recomendaçôes de correçào de acidez combinada corn n fveis de adubaçào minerai localizada na linha de p lantio, estabelecidos a partir de nf veis crfticos para o crescimento da soja [Van Raij , B., 1991 (21); Souza D. M. G. , 1987 (5) ], e através da introduçào de novas cultivares,
(I) Em cooperaçâo corn CNPAF/EMBRAPA e a EMPAER-MT e depois, ern parceria corn RHODIA-AGRO e a cooperaüva COOPERLUCAS ern Lucas do Rio Verde, de 1983 à 1995.
.. 1/> E o ?.! R ·-o Cc eg100 C 00
·:::1 ~ Centro·Oeste $'- (J)
0 400 km L__J
• lmplontoçào do CIRAD-CA
65° 55°
MATO
- Fronteira --- L imite de Estodo - Rodovi a D Zona de cerrodos
~ lmplontoçëio do CIRAD-CA
~ 200km
Os cerrados do Centro Oeste do Brasil e . implantaçôes do CIRAD:-CA
50
~
20°
novos princ1p1os ativos pesticidas (herbicidas, inseticidas).
~TERVENÇAO DAPF.sQUISAAÇAO, ,A PARTIR DE 1986: DIAGNOSTICO DAS LIM ITAÇÔES, E EM SEGUIDA MODELIZAÇÂO DE SISTEMAS DE CULTURA INOVADORES COM E PARA O PRODUTOR E NA SUA FAZENDA.
Duran te seu diagn6stico agronômico regional , baseado no funcionamento do perfil cultural e nas suas relaçôes corn técnicas culturais e o crescimento das culturas (arroz de sequeiro, soja), a pesquisa descobre um ambiente fisico muito dificil para a produçâ.o de grâ.os (l) : pluviometria variando entre 2 000 e 3 000 mm, distribufda sobre 7 meses de outubro a abril, corn intensidades erosivas altfssimas (> 100 mm/ hora) corn fortfssimo podererosivo e responsaveis por uma drenagem profunda importante, superior a 750 mm a.nuai [Steinmetz S. e al., 1988 (7)], o que deixa augurar um risco de lixiviaçâ.o marcante de nutrientes em profundidade (nitratas, bases : Ca, Mg, K) e portanto pode constituirum handicap importante paraagestâ.oda adubaçâ.o minera.l. As un idades d e paisagem sâ.o p lanaltos e colinas corn encostas muito longas,superiores a 1500m; seu declive baixo nas partes superiores e medianas dos inter-
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fluvios (2 a 4%) , aumenta no final da en cos ta ( 5-8%), caracterfsticas muito favoraveis para erosâ.o superficial muito ativa sob essa p luviometria. Os solos sâ.o latossolos vermelho-amarelos, desenvolvidos em cima de um substrato acido de arenitas; de texturaargilosaaargiloarenosa em 95% dos interfluvios, passam para uma textura arenosa no baixo da encosta. Très tipos de solos caracterizam o potencial pedol6gico das frentes pioneiras dos cerrados umidos: o solo nativo sob cerrado, o solo sob pasto extensivo de longa duraçâo, e o solo sob monocultura de soja, desmatado ha 10 a.nos no maximo em 1986, para os prime iros pioneiros.
A tabela 1, que reune as principais caracterfsticas qufmicas desses perfis (indicadores de fertilidade exclusivo no começo) evidencia que os perfïs culturais localizados sob cerrado natural antes do desmatamento e sob pasto extensivo de longa duraçâo (Il a.nos) sâ.o "pratos vazios" para as cul tu ras: carências em Ca, Mg, K, P, al tas taxas de saturaçâo de alumfnio; ao contrario, ambos apresentam uma belfssima estrntura e teores elevados de matéria orgânica no horizon te 0-30 cm, principalmente no perfil sob Brachiaria decumbems, corn teores superiores a 3%, indicando a potência deste ultimo para fornecer matéria orgânica. Pelo contrario, o perfil debaixo da
Tahela 1 Caracteristicas quimicas dos latossolos fvennalho-amarelos das frentes pioneiras
em funçâo de scu uso
Localizaçâo Horizonte pH M.O. p K meq/ lOOm) V% dos (cm) âgua % (ppm) (1) (ppm) Ca+Mg Al CEC
perfis
Sob 0-10 5,0 3,0 0,5 27 0,4 2,1 7,2 9,4 cerrado 10-20 5,3 2,3 0,4 25 0,6 1,2 6,4 7,2
20-30 5,3 2,3 0,3 20 0,6 1,0 7,1 6,9
Sob 0-10 4,8 3,6 2,0 25 0,9 0,9 8,7 8,0 pasto 10-20 4,7 3,4 1,0 22 1,0 1,0 9,4 6,2
extensivo 20-30 4,7 3,3 1,0 22 1,0 1,0 9,6 8,2
Sob cuJtura 0-10 5,9 2,2 6,2 63 3,9 0,1 7,4 54 ap6s 11 anos 10-20 4,9 1,8 2,1 27 1, 1 0,6 6,2 27
de cuJtivo 20-30 4,8 1,8 1,8 24 0,6 0,9 6,1 26 continuo
(1) Método Carolina do Norte (duplo acido) Fonte : Séguy L., Bouzinac S., Fazenda Progrcsso - MT - 1986
cultura (3 a.nos de arroz seguidos de 7 anos de monocultura de soja) indica uma boa correçâo das propriedades qufmicas do perfil, todavia com propriedades ffsicas altamente limitan tes para o enra.izamento das culturas corn a presençadeum pé-de-grade muito compactado entre 15 e 25 cm de profundidade.
Da mesma forma que as grandes regiôes produtoras mecanizadasdo Centro Oeste brasileiro, os latossolos das frentes pioneiras dos cerra.dos umidos, sâ.o sistematicamente compactados na superficie, desestrnturados 7 a 8 anos ap6s o desmatamento, dos quais os 5 ultimos estâ.o em monocultura de soja; esta desestrntura.çâ.o do perfil cultural é ligada ao uso exclusivo e inadequado <las grades niveladoras e aradoras, em condiçôes umidas demais :escalonamentodo preparo de solo sobre 2 meses ap6s as primeiras chuvas (sub-equipamento), e também em solo sêco (Z> :
incorporaçâ.o da calagem durante a época sêca [Séguy L., Bouzin ac S. e al.1989(9) ].
Esses perfis compactados, qualquer que seja a natureza do latossolo, limitam fortemente o enraizamento profundo das culturas, favorecem o encharcamen to permanente sob alta pluviometria, corn o desenvolvimento de um horizon te reduzido, asfxiador para a cultura. de soj a , e, ao contrario, expoem as culturas a sêcas peri6dicas durante os verânicos.
Ainda mais grave para a fixaçâo de u maagriculturasustentavel, essas condiçôes de solos compactados na.superficie provocam umaerosâ.o rapida e catastr6fica das terras, até mesmoquandoforam implanta.dos dispositivos anti-erosivos [ terraços de base larga - Resck, D .V.S., 1981 (4)].
Além disso, os implementos de discos facilitam a multiplicaçâo e a germinaçâ.o do potencial sementeiro das invasoras, acarretando umaforte concorrência inicial para as culturas [Séguy L., Bouzinac S. e al., 1989(9)].
0 diagn6stico inicialagronômico complementado pela analise das condiçôes técnico-econômicas regionais de produçâ.o, evidencia
(1) Ambiente tradicionaJmente explorado pelas culturas perenes: dendê e seiingueira até o infcio dos anos 80. (2) A erosào e6lica é extremamente ativa ap6s pulveiizaçào dos solos no meio da estaçào sêca.
Esquema 1 - EXEMPLO DE ESTRUTURA MATRICIAL SISTEMAS - CERRADOS CENTRO-OESTE (L. SEGUY, 1989)
Modos de gestao dos solos e das culturas ·discriminantes principais das relaçôes âgua-solo-culturas
Rotaçôes de culturas @ Sistemas corn uma s6 cultura anual
S - S - S - S ..,. Monocultura
M- s -M - s] Anâlise dos S - M - S - M efeitos ~ A - S - A - S precedentes S - A - S - A efeitos ariuais
Cada rotaçào é submetida
a ..... .
Modos de preparo do solo
{
- Gradagem contînuo - Araçào entrada chuvas - Araçào de final de ciclo - Plantio direto
A - S - X1 - S l Rotaçôes abertas
~.-.. ~.~~~.~.~ (flexibilidade de matriz)
SUCESSÔES ANUAIS @ COM 2 CULTURAS POR ANO
• Sc +S0 /Sc +SO • Sc +Mcf Sc +Mc • Sc+AV/Sc+AV 111111111110111~
• Ac+AV/Ac+AV
Alternância de rotaçôes (1 s6 cultura anual) corn sucessôes de 2 culturas no ano seguinte
Cada lsucessào é submetida
a ..... . {
- Escarificaçào + plantio direto
- Plant io direto continuo
{
Combinaçào de técnica ·
Rexibilidade @ e @
CADAMODO DE
GESTÀO DOS
SOLOS E DAS
CULTURAS É
SUBMETIDO
À ........ .
LEGENDA: • = Variedades, H=Herbicida, F=Adubaçào, l=nseticida, A= Atual, N=Novo
lncorporaçào contînua dos avanças temâticos:
! VA@ FA 0 HA G)IA (nîveis insumos atuais constantes)
VN@FA@ HA@IA (variedade nova, insumos constantes)
VN @FN@ HN GIN (variedade nova, nîveis de herbicidas, adubaçào, pesticidas reajustados)
! - Sistemas de cultura - ltinerârios técnicos por cultura _ Afolhamentos } combinaçào anual
. . dos melhores otimizados itinerârios
• Culturas: S=Soja, M=Milho, A=Arroz, So=Sorgo, S0=Soja ciclo curto, M
0=Milho ciclo curto, A
0=Arroz ciclo curto, AV= Adubo verde,
\ e X2= outras espécies novas
- Area cultivada da rnatriz na toposequência representativa = 180 ha - Manejo da ârea cont"? erosao = terraços de absorçao total, de base larga.
1.11
também a grande sensibilidade econômica do sistema de monoculturageneralizado: àsflutuaçôes dos preços mundiais da soja, se conjugam os custos elevado do frete rodoviario, ligado ao estado de conservaçao das est.radas, geralmente precario.
Afinal, ao terminar o diagnôstico inicial regional no fim de 1985, a produçao agrfcola das frentes pioneiras do Centra Norte do Mato Grosso, parece ser uma heresia agronômica, que sô utiliza uma pequena fraçao do amplo potencial pedoclimatico disponîvel, e expôe os agricultores a riscos econômicos consideraveis, levando em consideraçao afalta de uma polîtica agrfcola que seja incentivadora e que poderia agir ao mesmo tempo sobre os preços de soja compensadores do custo do frete, a manutençao perfeita da rede rodoviaria, financiamentos ajuros moderados tanto para o custeio anual, quanta para sua transformaçao in loco.
Frente a essa situaçao de alto risco econômico, os agricultores adotam geralmente uma atitude "imediatista",eexigemda pesquisa, resultados que possam trazer beneff cios a curtfssimo prazo.
III - MATERIAL E MÉTODOS -A PESQUISA-AÇÂO INVESTIGA AS TERRAS MAIS DEGRADADAS : A EXPERIÊNCIA DA FAZENDA PROGRESS0-(1986-1992)
Apesquisase instalou na Fazenda Progressa<•>, a pioneira na regiao (10 anos de cultiva em 1986), a pedido do Sr. Munefumi Matsubara,comopropôsitodeciiar e difundir os sistemas de cultura mais lucrativos e estaveis a nfvel regional, de formar os agrônomos da regiao ao domfnio das inovaçôes que serao escolhidas pelas agricultores.
Realiza-se uma modelizaçao dos sistemas de cultura, traduzida na formadeumamatrizsistematizada ( esquema 1) ,a partirdas limitaçôes identificadas no decorrer do diagnôstico inicial ; a ferramenta operacional de campo para a ef etivaçao dessa mattiz dos sistemas é constituîda por uma unidade expelimen tal chamadade "cliaçaodifusâo" de tecnologias, verdadeira
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!ESQUn!A31 Proccsso de criaçào-difus.i.o nas frentes pioneiras
Fazenda Progresso /L Fazendas de referêncla -/
Vitrine principal dos / Feed bac.k Ecologla \ \ ,r- -si.stemas de culrura de ~
~ florcsta
,1,
Crlaçao da oferta Condiçôes tecnol6gica técnlco-econôrnicas
Ecologla dh·ersificad a na dlversit1cadas toposequêncla e solos representatlvos
de ~ -45 a 180 ha cerTados
-1986al992 ± 10 ha/ fazenda
Fonte: Séguy L. , Bouzinac S., 1994
vitrine daoferta tecnolôgica, a qual cria e avalia uma ampla gama de sis te mas diversificados, part.in do do sistema de cultura tradicional, em condiçôes reais de exploraçâo e na escalade uma unidade de paisagem represen tativa ( declives, fluxo hîdrico, limitaçôes do perfil cultural) - [Séguy L. e al. 1994 (17) (18)].
A unidade experimental montada na Fazenda Progressa começa corn uma area de 45 hectares em 1986, e depois cobre progressivamente até 180 hectares em 1992, a fim de incorporar a criaçâo continua de sistemas de cultura sempre mais atuantes ( esquema 2). Os dados plurianuais coletados na unidade, oferecem apôs 2-3 anos, possibilidades e garantias de generalizaçâo a partir de elementos explicativos rigorosos: crescimento,desenvolvimento, formaçao da produtividade das culturas e de sua estabilidade em relaçao corn os estados do perfil cultural.
Em seguida, para tt·azer uma maior abrangência dos resultados experimentais mais significativos, varias unidades de criaçâo-difusao simplificadas de validaçâo foram implantadas a nîvel multilocal regional sobre "fazendas de referência" por agrônomos tt·einados na unidade principal. Essas permitem controlara validade dosresultados técnico-econômicos alcançados performances agronômicas, tipo de material e capacidade, pont.os de estt-angulamento técnico , margens, etc .... (esquema 3).
Amatt·izdossistemas, naunidade principal deve responder, em primeiro lugar, a objetivos de curtissimo prazo, a pedido dos
agricultores, a fim de resolver as limitaçôes imediatas maiores : descompactaçao dos solos, reduçao da pressao parasitaria ( invasorns em particular), identificaçao de uma cultura de rotaçao, a altura econômica da soja. Esta deve também darsoluçôes amaiorprazo na gestâo da fertilidade a custo mfnimo numa agricu ltu ra sustentavel [Séguy L., Bouzinac S., e al. 1994 (20)].
Os componentes principais dos sistemas de cul tu ra sao no inîcio, os modos de preparo dos solos combinados a rotaçôes e sucessôes anuais diversificados- ( esqu ema 1).
A mat.riz de sistemas construîda inclui : o sistema dos agricultores, coma referência agro-técnica e econômica permanente, sistemas corn uma cultura anual, sistemas corn uma cultura anual alternados corn 2 culturas em sucessâo no ano seguinte e sistemas continuos corn 2 culturas anuais em sucessâo (esquema 2) ; o conjunto experimental responde simultâneamen te a usos diferenciados da biomassa, do potencial pedoclimatico disponfvel, da capacidade dos equipamentos, da diversificaçâo <l as atividades agrîcolas ( esqu ema 2).
A unidade experimenta l é evolutiva e perenizada para 6 anos, para poder : avaliar os efeitos cumulativos dos sis temas na evoluçao das propliedades ffsicoquîmicas e biolôgicas dos solos, a capacidade dos equ ipamentos e sua flexibilidade de uso, identificar os sistemas de culturas mais lucrntivos e estaveis que realizam a melhor sfntese agronômica, técnica e econômica para a elaboraçâo de afolhamentos otimizados.
Em cada cultura, em cada
(1) Localizada perto de Lucas do Rio Verde, 350 Km ao Norte de Cuiaba, na BR 163 Cuiaba-Santarém.
7
Esquema 2
EVOLUÇÂO DOS SISTEMAS AGRiCOLAS
CD NOS CERRADOS ÛMIDOS DO MÉDIO NORTE DO MATO GROSSO 1986-1992 - CIRAD-CA
ETAPAS -+ Partindo da
©
©
MONOCUL TURA DE SOJA
Sisternas corn urna s6 cultura anual
Sisternas alternando urna s6 cultura anual corn 2 culturas ern sucessâo o ano seguinte
0 Sistemas corn 2 culturas anuais em sucessâ
- 1 cultura principal + safrinhas
Sisternas - "Produçâo de grâos-pecuâ.ria"
1 1
Sucessâo a nuai Rotaçao = Grâos + pasto 3 anos-graos em sucessâo 3 anos-pastos
Produto = Soja
Monocultura -----i x Gradagens '7
[agronômica j Criaçao e avaliaçao j [técni~a .
D- econom1ca
Restaurar a fertil idade Assentar o plantio direto
D-l~ P-r-od_u_t-os_,j: Soja, milho, arroz,
milheto e guar ~ . Produtos de qualidade
1 Modos de gestao do solo j
-[ Final da chuvas
· Araçao lnf cio das chuvas
E .fi _ {Final da chuvas · scan icaçao ln f cio das chuvas
. Gradagens
. Plantio direto
1 Rotaçôes ! X e
j Sucessôes l
1 X Niveis de correçâo do solo I c:) 1 ern 6 anos Correçao progressiva
- Correçao alta
Melhor gestao dos recursos naturais
• Diminuir os custos de produçao : - menas insumos quf mi cos (pesticidas, adubos minerais)
• aumentar produtiVidades e sua estabil idade • aumentar rendas liquidas/ha • capitalizar o agricultor corn sistemas "produçao de
graos-pecuaria" de menor risco.
itinerario técnico em rotaçâo, sâo registradoseanalizados,nodecorrer de cada ano, da.dos agronômicos sobre o funcionamento do perfil cultural e as relaçôes agua-solocultura, suas consequências na produtividade de matéria sêca e na evoluçâo da fertilidade do solo . A analise dos resultados serealiza a partir de diveros parâmetros nas quais se estabelece a convergência e coerência ao nfvel do perfil cultural, abaixo da superficie do solo : porosidade, resistência mecânicaa penetraçâo, velocidade de infiltraçâo da agua, dinâmica de progressâo da frente radicular, e evoluçâo <las proprie dades qufmicas e biol6gicas) - [Séguy L., Bouzin ac S., e al. 1994 ( 19)] . Acima do solo, sâo avaliados a competiçâo <las invasoras, o crescimento das culturas componentes do rendimento, produtividade de matéria sêca, exportaçôes de nutrientes e suas variaçôes interanuais. Dados técnicos e econômicos sâo também registrados e analizados em areas represe n tati vas das condiçôes d e exploraçâo reais : calendarios culturais, capacidade dos equipamentos,factibilidade dos trabalhos para cada operaçâo, custos de produçâo detalhados, receitas, margens bru tas e lfquidas paracada itinerario técnico, eem seguidapara cadasistemade culturano decorrer do tempo (Séguy L., Bouzinac S., e al. 1994 (20)].
Logo no 22 ano d e estudo dos sistem as, efetua-se uma primeira triagem dos sistemas que responde m ao objetivo imediato d e lucratividade. Nestes m elhores sistemas realiza-se, paralelamente a mat.riz dos sistemas, um estudo mais fino da fertilizaçâo minerai : formas de adubos soluveis ou n âo, doses e ritmos de aplicaçâo, consequências, visando a o timizaçâo econômica nas frentes pioneiras. Entre a mat.riz sistema e aexperimentaçâo em condiçôes de exploraçâo reais sobre a adubaçâo minerai dos sistemas, preserva-se componentes comuns dos itinerarios técnicos ; essas pontes entre experimen taçôes d e objetivos
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diferentes permitem hierarquizara 2 : importância do fator adubaçâo minerai em relaçâo aos demais componentes dos sistemas. Da mesma forma, outros experimen tos tematicos especfficos acadasistema podem ser empreendidos para assegurar a progressào dos sistemas
-no piano agronômico, os modos de gestâo dos solos e das culturas constituem sem duvidas, os fatores determinantes para a a ai t.a produçao de m atéria sêca e sua estabilidade no decorrerdo tempo:
de cultura e avaliar a importância de cada tema : avaliaçôes tratando de variedades ou pesticidas para cada cultura, por exemplo [Séguy L., Bouzinac S. e al. 1994 (19)].
A partir <leste conjunto de referências obtidas num inte1valo climatico e econômico significativo (6 anos) estabelece-se as bases da produçao vegetal e identifica-se as fen-amentasanalfticas,em primeiro lugarinsitu, baratas,quepermitem de identifica-las. Os sistemas, realizado as melhores sfnteses ao mesmo tempo agronômicas, técnicas e econômicas, estâo assim identificados e suas condiçôes de praticabilidade e de reproductibilidade sao determinadas assim como sao escolhidos os parâmetros do perfil cultural mais explicativos e pertinentes para a elaboraçâo da produtividade das culturas nos sistemas e de sua estabilidade (ferramentas do diag6stico).
Dias de campo sâo organizados a cada ano para os agricultores, pesquisadores e extensionistas. As unidades de pesquisa estâo abertas permanentemente ao publico e estruturadas em consequê ncias (Séguy L., Bouzinac S. e al. 1994 (19)].
Os produtores podem decidir livremente suas escolhas técnicas, sem diretrizes nem imposiçôes da pesquisa ou da extensao.
IV - RESULTADOS
PRIMEIRA ETAP A A RESTAURAÇÂO DA FERTILIDADE DOS SOLOS DEGRADADOS PELA MONOCUL TURA DE SOJA - ALGUMAS TÉCNICAS CUL TURAIS UNIVERSAIS.
Os principais resultados extrafdos da vitrine sistemas, durante 6 anos, evidenciam as primeiras conclusôes seguintes, expostas nas figuras 1 e
Na soja, em relaçao ao sistema de monocultura tradicional corn os mesmos nfveis de insumos e na mesma data de plantio, o fator rotaçâo corn alta restituiçâo de palhas, procura um aumento de produtividade que varia de 46 a 70% em funçâo do modo de preparo do solo. 0 fator modo de preparo, nas mesmas condiçôes acarretaacréscimos de rendimentos d e 6 até 27% em funçao da rotaçao. As melhores combinaçôes "modo de preparo X rotaçao" ; araçadl) e plantiodiretox rotaçôescom milho e arroz, induzem ganhos de produtividade de 82 a85%, ou seja, duplicam quase a produtividade em relaçâo ao sistema tradicional corn os mesmos nfveis de adubaçâo minerai (figura 1). Os melhores rendimentos médios alcançados nesses sistemas ultrapassam 3 000 Kg/ ha, enquanto esta de 1 674 Kg/ ha no sistema contînuo de monocultura de soja (13 anos) x gradagem .
Salien ta-se, sistematicamente nesses melhores s istemas cereaisleguminosas em rotaçâo, uma melhora muito marcante do nfvel de controledo complexo parasitario em geral : invasoras, insetos ; pelo contrario, no sistemade monocultura x gradagem, a pressào do complexo parasitario aumenta de maneira constante, apesar do uso de princfpios ativos mais a.tuantes: proliferaçâo dificilmente controlavel das invasoras, desenvolvimento acelerado <las doenças criptogâmicas tais como Rhizoctonia solani, da incidência de nemat6ides Mel.oidogyne javanica, incognita e arenaria [Séguy L., Bouzinac S. e al. 1991 (15)] .
Noarrozdesequeiro,em rotaçao corn asoja,ofatorpreparo profundo do solo (araçao de a ivecas , escarificaçao), procura, em relaçao agradagemeaoplantiodiretosobre
( 1) -As araçoes elaboradas nâo sâo as tradicionais: estâo precedidas por uma ui turaçâo e pré-incorporaçâo <las restevas corn grade aradora ; em seguida, ara-se corn arado de aivecas, enll·e 30 e 40 cm de profundidade (,profundidades alternadas a cada a.no). Portanto, as araçoes estâo e1·guidas, corn muitos torroes na superficie, e o nivelamento esta realizado corn speed-tiller ( de den tes), a fim de deixar uma forte rugosidade superficial que faci lita.ra a infüu·açâo da agua, o desenvolvimento radicular rapido em profundiclade e que retardara a formaçâo de crosta superficial e a germinaçâo <las invasoras. Quando a araçâo é efetuada no final da estaçâo chuvosa, esta precedida de uma ~radagem no pe rfil cultural. Esta técnica de rn ptura da capilaridade acarreta uma grande capacidade de u-abalho de mais de 60 clias em condiçoes ideais de realizaçâo.
restave, ganhos médios de produtividade, respectivamente de 69% e 87%: a produtividade média na araçao é de 3 093 Kg/ha contra 1 835 Kg/ha na gradagem e, 1 655 Kg/ha no plantio direto (figura 2). Da mesma forma que na soja, o melhorsistemadeculturacombinado a uma correçao fosfatada corn termofosfato Yoorin (2 000 Kg/ha amortizado sobre 3 anos) permite reduzir muito significativamente a incidênciade doenças especialmente Pyricularia oryzae [Séguy L., Bouzin ac S. e al. 1989 (8)] e elevar o nfvel de produtividade acima de 4 000 Kg/ha (tabela 2).
Omilhorevela-seaculturamenos sensfvel aos modos de preparo do solo (figura 2).
Para alcançar objetivos de rendimentos pr6ximos de 3 000 Kg/ha para a soja, 2 500 a 3 000 Kg/ha para o arroz de sequeiro, 4 500 Kg/ haparaomilho,ousodaadubaçao mineral NPK de correçào progressiva, aplicada na linha de plantio, é suficiente corn a pratica dos melhores modos de gestao dos solos e das cul tu ras descritos acima; essa adubaçao NPKlocalizadaé de: 8N-80 P.2.0.-80 ~0/hanasoja, 35 a40 N - '/0 Î\0
5 - 70 1',0 no arroz de
sequeiro, 60 a 80 N - 70 P20 5 - 70 1',0 no milho.
'Essas adubaçôes anuais devem sercomplementadas pelaaplicaçao de calcario dolomftico, quando o teor de saturaçao de bases desce abaixo de 40% para a cultura mais exigente darotaçao, a soja ( o arroz sendo a cultura mais tolerante a acidez) [Van Raij B., 1991 (21),Lopes, A S., 1984(3), Séguy L., Bouzinac S. e al. 1993 (18)].
Para objetivos de produtividade de mais de 4 000 Kg/ha, lucrativos, para a rroz de sequeiro e soj a, o nfvel de correçào fosfatada deve ser elevado entre 1 500 Kg/ ha e 2 000 Kg/ha de termofosfato Yoorin, investimento aplicado para mais de 3 anos<1> (5-6 culturas), junto corn 600 Kg/ha de gesso para facilitar a migraçao das bases em profundidade, e por consequinte o enraizamento (tabela 4).
Na soja e no arroz de sequeiro, culturas mais sensfveis aos modos de gestao dos solos e das culturas, a melhoria espetacular dos rendi-
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mentos, provocada pelo preparo profundo do solo e as rotaçôes, se traduz, a nfvel do perfil cultural, simult.âneamente: poruma melho-1ia marcante da estrutura do solo, sem discontinuidadefisicano pe1fil, uma redistribuiçao das bases e da matériaorgânicaem profundidade, as quais indu ze m dinâmicas radiculares extremamente passantes nos horizontes profundos. Ao invés, o enraizamento dessas mes mas cul tu ras na gradagem, esta preso nos 10-20 primeiros cm de solo, oferecendo uma capacidade limitadade interceptaçao dos flux os hfdricos e minerais, expondo as culturas aos excessos climaticos ( sêcas ou asfixias periédicas )- [ Séguy L., Bouzin ac S. e al. 1989 (9)] .
A ~rodutividade das culturas de soja > e milho, em plantio direto nas restevas, é inferior nos dois piimeiros anos à obtida no preparo profundo nas mesmas rotaçôes, porém progride regularmente e ultrapassa até a do preparo profundo nos dois ultimos anos.
Quando umaleguminosa voluvel éutilizadacomo planta de cobertura consorciada corn cereais de ciclo curto nas rotaçôes, tais como Cawpogoniurn mucunoïdes ( nativo do Mato Grosso), a técnica do plantio direto autoriza produtividades de sojae milho nitidamente supetiores às alcançadas no preparo profundo( tabela 3) . Neste caso, onde a cobertura do solo é reforçada, a atividade d a fauna (macro e mesofauna) sedesenvolvede modo espetacular, o que acarreta uma "braçagem" profunda da matéria orgânica, e criacondiçôes de macroporosidade excepcionais notadamente pelo trabalho de uma larva de "rola bosta" (Diloboderus abderus), que fura, apés 5 anos sucessivos de plantio direto, mais de 20 gale1ias verticais por m2
, de 2 a 3 cm de diâmetro, sobre mais de 1,20 m de profundidade, gerando condiçôes de enraizamento extremamente favoraveis para as culturas (tabela 3). Nessas condiçôes, a fosfatagem corn termofosfato Yoorin (1 500 Kg/ ha) amortizado sobre 3 anos, eleva a produtividade do milho, entre 5 500 e 6 500 Kg/ ha, e a da soja acima de 3 000 Kg/ ha.
Em todos os casas de preparo do
solo (profundo, plantio direto), exceto a gradagem, cada vez que a produçao de biomassa de pallia de cereal for maxima, o que de praxe corn afosfatagem corn te1mofosfato, a produtividade da soja a seguir é sempre a maior : é o caso das rotaçôes usando um maxima de palhas nas experimentaçôes sobre aotimizaçao daadubaçâo minerai, exposta na tabela 2.
Noquedizrespeitoaodiagn6stico agronômico (fig. 3 a 6), dentre os parâmetros fisicos, acompanhados no perfil cultural, in situ, nos sistemas de cultura que induzem as produçôes de matéria sêca mais diferenciadas , a velocidade d e infiltraçâo da agua esta correlata positivamente a produtividade do arroz de sequeiro, corn um coeficiente de correlaçào vizinho de 0,9, aparecem em seguidaas densidades radiculares e aparentes no ho1izonte 20-30 cm ; ao co ntrario , os rendimentos estao correlatos negativamente a densidade aparente crescente, ao numero de invasoras e a resistência mecânica a penetraçâo. Para a cultu ra de soja, os rendimentos estao correlatos positivamente adensidade radicular em profundidade- [Ségu y L., Bouzinac S. e al. , 1993(18) ]. Em todos os casas, o exame aprofundado do pedil cultural mostra sempre relaçào estreita de causae efeito entre o enraizamento rapido, potente e profundo e altas produtividades para todas as culturas. 0 enraizamento d arroz de sequeiro, na floraçâo nos s istemas mais produtivos (em rotaçao corn soja, plantio precoce corn correçao corn termofosfato e preparo profundo) é sempre superiora 1,20 m de profundidade, o que corresponde a um seguro total contra os d éficits hîdricos na fase reprodutiva- (1 mm de resetva d'agua/ 1 cm de espessura do solo, se o teor de argila for supetior a 45%).
As rafzes de soja, na floraçâo, descementre60e80cm nos melhores sistemas de cultura [ (Séguy L., Bouzinac S. e al., 1993(18)) .
Portanto, o acompanhamento da dinâmica de enraizamento <las culturas, até a floraçâo revela-se como aferramenta de diagn6stico mais simples, mais confiavel e mais
(1)- Se as condiçoes do c rédito permitirem, ou seja, ta..xas de juros mfnimas. (2)-A produtividade da soja de ciclo curtoestainferioradasoja de ciclo médio, o que constitui umadesvan tagem inicial importan te para os sistemas corn 2 culturas a.nuais em sucessào. Para con tomai· essa dificuldade, conserva.inos as varied ades de soja de ciclo médio e semeado de aviào o sorgo em sucessào, um mês a.i1tes da colheita da soja - (Séguy L., Bouzinac S. et al . 1989 (11)].
10
Fig.1
PRODUTIVIDADE MÉDIA SOBRE 5 ANOS DO ARROZ DE SEQUEIRO EM ROTAÇÂO COM SOJA-FAZ. PROGRESSO-SORRISO/MT- 1986/91
C 3500---------------. .c
' OI .:.::: 3000
E G> 2500 w 0
c5 2000 1835 > 5 1500 0 0
3093
ct: 1 0 0 0 ..___._.l..L.I..WLJ..LW,JWJ.IIL-
~ GRADAGEM ~RAÇiO
0 ARROZ • EXIGE SEMPRE
UMA FORTE MACROPOROSIDADE
+ 0 Preparo do solo corn crado de aivecas satisfaz a esta necessidade,
em pr ioridade PLANTIO o Escar ificador , em DIRETO segunda pr ioridade
PRODUTIVIDADE MÉDIA, SOBRE 6 ANOS, DO MILHO EM ROTAÇAO COM SOJA SOBRE 3 MODOS DE PREPARO DO SOLO.
FAZENDA PROGRESSO - SORRISO/MT- 1986/92 C ~ 4500.----- ---- --- ---~ OI
..:.::
E Q>
4000 3874
w 3500 0
c5 3000 > ~ 2500 0
4037
~ 2000 L--JILU.U.J.W-U.JW..W.W.LI.._
~ GRADAGEM ARAÇÂO PLANTIO DIRETO
FONTE= CIRAD-CA ( L. Seguy, s. Bouzinac- 1986 / 1992)
Fig.2 EFEITOS MÉDIOS DOS MODOS DE GESTÂO DO SOLO E DAS CULTURAS SOBRE A PRODUTIVIDADE DA
200
em 0/o da 1 1
EFEITO MÉDIO, EM 6 ANOS, DO FATOR .
ROTAÇAO SOBRE PRODUTIVIDADE REL ATIVA
DA SOJA- FAZ. PROGRESSO/MT 1986/1992
170
SOJA, EM 6 ANOS ( 1 ) . 1986 / 1992 - FAZ. PROGRESSO-MT
EFEITO MÉDIO, EM 6 ANOS, DO FATOR PREPARO DO SOLO SOBRE A PRODUTIVIDADE RELATIVA DA SOJA - FAZ . PROGRESSO/MT - 1986/ 1992
ern o;o da i 140 127
testemunha 1150
MONOCULTURA 1
testemunhal 120
_ GRADE -IOO
100 ~~~~~~~--, 80
50
MONOCULTURA SOJA SOJA APOS
ARROZ SOJA APOS
MILHO
(J GRADAGEM ( T ) 1 60
• ARAÇÂO 40
([Il PLANTIO DIRETO 20
0 MONOCULTURA SOJA SOJA APOS SOJA APOS
ARROZ MILHO
PRODUTIVIDADE MÉDIA DA SOJA, SOBRE 6 ANOS, EM VARIOS
SISTEMA DE CULTURAS- FAZ PROGRESSO- SORRISO (MT) 1986/ 1992
EFEITO MÉDIO, EM 6 ANOS, DOS FATORES PREPARO 00
SOLO x ROTAÇÔES SOBRE SOJA -FAZ. PROGRESSO/ MT 1986/ 1992
60~;:=====;:;::::::-~~~~~~~~~~ 1 em sacos /ha \
50
40
30
20 MONOCULTURA SOJA
51,5
SOJA APOS ARROZ
SOJA APOS MILHO
.--~~~__,250..--~~~~~~~~~~~~~~~~-,
em 0/o da testernunha T 1200
150
~ GRADAGEM (T) I IOO
• ARAÇAO
(Il] PLANTIO DIRETO
50
0 ' MONOCULTURA SOJA SOJA APOS
ARROZ SOJA APOS
MILHO
• ( 1) COM NIVEL DE ADUBACÂO PROGRESSIVA = 400 kg/ho 02-20-20+ no linho + Correcâo colcdrio dolomitico ( 2 a 3t/ho) o coda 3 onos
• FONTE: CIRAD-CA ( L. Seguy, S. Bouzinac - 1986/ 1992)
... ...
12
Tabela 2 Performances agro-econômicas das melhores rotaçôes durante 3 anos em funçâo da estratégia de fertiJizaçâo minerai c•>
Sistema de cultura Produtividade (Kg/ha) Custos de Margensem US$/ha X produçào --
nive! d e adubaçâo Ano Cultura Cultura %T Cultura (US$/ha) Brutas principal de
sucessâo
Sistema tradicional 1987/88 Soja 1416 (100) - 271 -65 monocultura soja 1988/89 Soja 1572 (100) - 358 -44
X 1989/ 90 Soja 1 320 (100) - 325 -122 gradage m (T)
X x 3 18 -77 NPK
Sistema corn uma sô 1987/88 Arroz 3 245 - 301 +110 cultura/ano 1988/89 Soja 3 048 (194) 350 +260
arroz/ soja/ arroz 1989/90 Arroz 2 090 364 -17 X
araçâo -X 338 +ll8
X
NPK
Siste1na con1 un1a s6 1987/88 Arroz 3 770 343 +138 cultura/ ano 1988/89 Soja 3 396 (216) 395 +284
arroz/ soja/ arroz 1989/90 Arroz 2 900 390 +91 X
araçào x 376 +171 X
1500 tennofosfato
Sistema altemando 1987/88 Soja+ Sorgo 2 785 (197) 648 313 +166 uma cultura/ ano com 1988/89 Arroz 2 480 - 315 +93 2 cult:uras em sucessâo 1989/90
soja+ sorgo/arroz/soj a + sorgo Soja+ Sorgo 3 080 (233) 1620 3,10 +171
-X
araçào<2> X 323 +143
X
NPK
Sistema altemando 1987/88 Soja+ Sorgo 3080 (217) 1711 381 +225 uma cultura/ ano coin 1988/89 AITOZ 2980 . 361 +130 2 culturas em sucessào 1989/90 Soja+ Sorgo 3 580 (271) 2830 444 +211
soja+ sorgo/arroz/soja + sorgo x X 395 +189
araçâo<2>
X
1500 tennofosfato
Sistema altemando 1987/ 88 AITOZ 4 317 382 +164 1 cultu ra/ano corn 1988/89 Soja+ Sorgo 3 450 (219) 2022 514 +368
2 culturas em sucessào 1989/90 An:oz 3 360 . 426 +131 arroz/ soja + sorgo/arroz
X x 441 +221 araçâoC2>
X
2000 tennofosfato
( ! ) - NPK c:, Na soja: ON-84 P:05 - 87 K,O; no arroz: 60 a 80 N - 75 P20
5 - 75 K,O + micro na linha.
Tenn ofosfato : Yoorin Bz (M1tsui) complementado por N, K, equivalente a adubaçào soluvel NPK- Yoorin aplicaclo para 3 anos. (2) - Araçào na cultura p1;ncipal (arroz, soja), plantio direto na safiinha (sorgo), a quai nunca reccbe adubaçâo. (*) Fonte : Séguy L., Bouzinac S. e al., 1989 - Fazenda Progressa - MT
--
Lîquidas
-119 -115 -190
-141
+50 +190 -90
+50
+78 +205 +13
+99
+103 +30 +103
+79
+149 +58
+123
+llO
+88 +265 +46
+133
Tabela 3 : Produtividades cornparadas das culturas de soja e nûlho praticadas corn as técnicas de araçâo profunda continua e plantio diret corn cobertura rnorta permanente
1986-1987 Modo de gestâo dos solos e das culturas
Preparaçâo do solo x aduhaçâo
Ap6s araçâo profunda NPK localizado (1) plantio arroz + calopogonium Araçâo em rrùstura profunda
Produtividade arroz = 3225Kg/ha
coberturado sol no final da estaçâo sêca (palhas de arroz + calopogonium) = 12,5 t/ha
Calopogonium semeia-se s6zinho nos anos seguintes Plantio
direto
(1) Adubaçào NPK localizada no plantio - soja= 350 Kg/ ha 0-25-25
Termofosfato 1 500 Kg/ha (2)
NPK localizado (1)
Termofosfato 1 500 Kg/ha (2)
- milho = 350 Kg/ ha 5-30-15 + 100 Kg/ ha uréia em cobertura (2) Adubaçâo Termofosfato:
1987-1988 1988-1989 1989-1990
Cuttura Produtividade Cuttura Produtividade Cuttura Produtividadc (Kg/ha) (Kg/ha) (Kg/ha)
~a 1 215 Sçja 1 775 (*)
Milho 4700 Milho 4030 Milho 2678
+ Cdopogonium
Sçja 1440 ~a 900 (*) Milho 6500
Milho 4226 Milho 3068 + Cdopogonium
~a 2 040 Sçja 2460 !v.filho 5200
Milho 4360 Milho 5200
Sçja 2486 Sçja 2947 Milho 6400
Milho 4940 Milho 5830
-1 500 Kg/ha Yoorin Bz aplicados em 1987 para três anos. Adubaçào complementada em Ne Kpara alcançar os mesmos nfveis do (1). (*) Parcela dominada parcialmente e/ ou totalmente por Cal.opogrmium sp. Fonte: Séguy L., Bouzinac S. -Fazenda Progressa - Lucas do Rio Verde-MT - 1986-1990.
1990-1991
Cuttura Produtividade (Kg/ha)
-
Sçja 2422
- -
~a 3197
Milho 5472
Sçja 2610
Milho 5419
Sçja 3 084
-~
barato; este acompanhamento pode ser realizado seja através de trincheiras, seja por injeçâo de herbicida [Séguy L., Bouzin ac S., 1992 (16)].
No que diz respeito aos parâmet.ros qufmicos, medidos no infcio e ap6s 6 anos de perenizaçao da unidade experimental, medidos nos mesmos sistemas de cultura, mais contrastados, a tabela 4 mostra que todos os parâmetros : pH CaCl2, Ca, Mg, Al, K, CEC, V%, P, estâo acima dos nfveis crfticos de deficiência fixados pela pesquisa<1>[Van Raij, B., 1991 (21), Lopes A. S., 1984 (3), Souza D. M. G., 1987(6)], exceto para os teores de matéria orgânica, que sofrem uma queda importante ap6s 6 anos das praticas de a.raçâo corn uma s6 cultura a.nuai qualquerquesejaarotaçâo (sojaarroz,milho-soja) e nagradagem x monocultura. Os teores de matéria orgânica, inicialmente de 2,5% em média no horizon te 0-30 cm, caem ap6s 6 anos a menos de 1,4% nesse mesmo horizonte quando as palhas de cereais forem restitufdas um ano em dois narotaçâo, e abaixo de 1 % no caso da monocultura de soja. Nesse clima excessivo, quente e umido, a araçao profunda acelera fortemente a mineralizaçao da matéria orgânica ; a ausência de palhas de cereais na rotaçâo ( celui ose e lignina) a.grava ainda mais o problema. No caso da monocultura x gradagem, a forte compactaçâo do perfil, favorece a erosâo superficial do perfil cultural e por conseguinte da matéria orgânica - [Séguy L., Bouzinac S. e al. 1984 (9)] . Esses resultados sâo muito preocupantes para a gestâo a longo prazo da fertilizaçâo a custo mfnimo.
Ao invés,os sistemas de plantio direto, nao incmporando a palha e oferecendo, pelo menos nos dois primeiros a.nos, condiçôes de macroporosidade bem inferiores a araçâo profunda, permitem man ter os teores de matéria orgânica iniciais, e a.té mesmo aumenta-los no horizonte 10-30 cm, quando a macrofauna associa.da "braceja" e incorpora
14
em profundidade a matéria orgânica (tabela4).
Oconfrontodosdemais parâmetros qufmicosa.nalizadoscomaprodutivida,de dasculturasnesses 6anos, evidencia que para alcançar rendimentos de 6 000 Kg/ha para o milho, 4 000 Kg/ ha para o arroz de sequeiro e 3 500 Kg/ ha para a soja, os parâmetros qufmicos classicos (pH, soma <las bases, P e K assimilaveis), podem apresentar inte1va.los de valores relativamente importantes (tabela 5) [Séguy L., Bouzinac S., e al. 1993,(18)].
Enfim, salienta-se, logo que se pratiquem os modos adequados de gestâo dos solos e das culturas, nos quais os fa.tores biol6gicos tem um pape! preponderante (novidade no caso da monocultura de soja, e ao contrario fa.tores de manutençâo e acréscimo da produtividade dos sistemas corn restituiçôes importantes de palhas), as questôes relativas a correçâo da acidez, e <las carências em P, K, Zn podem ser facilmente resolvidas corn quantias modestas de corretivos e adubos ern relaçâo as produtividades obtidas. Essas correçôes podem serfeitas em terra nova, seja de modo progressivo ( calcirio dolomftico peri6dico + adubaçâo NPK + micronutrien tes levemente superior às necessidades das culturas, aplicados na linha de plantio) , seja imediatas, através de investimento em calcario (2,5 t/ha) + termofosfato (2 t/ ha) + gesso (600 Kg/ha) + 160 Kg/ ha KQ. Estenfvel altodecorreçâoquegarante rendimentos ( e biornassas reciclaveis) mais elevados e estaveis, pode ser renovado a cada 3 a.nos- (tabela 2). A escolha de um desses dois métodos depende essencialmente da<; condiçôes do crédito e dos preços pagos aos produtores [Séguy L., Bouzinac S. e al. , 1993, (18) 1994(20)].
- no piano econômico - A cortjuntura econômica brasileirafoi extrema.mente ca6tica durante o perfodo entre 1986 e 1992, no quai va.rios pianos econômicos se sucederarn. Esta situaçâo de crise permanente foi ainda mais agra.vada nas frentes pioneiras em ra.zâo de seu afastamento dos grandes cen tros de consumo, dos portos de exportaçào, eacimade tudo, por causa da estreita dependência do eixo rodoviario, cujo esta.do de conservaçào, precario na maior parte do tempo, penaliza altamente as receitas dos produ tores, elevando os
(1) IAC de Campinas - Sâo Paulo e EMBRAPA-CPAC (Cenu·o dos cerrados)
custos do frete a nfveis insustentaveis. A titulo de exemplo, em 1994 é preciso produzir, corn os melhores sistemas de cultura, 2 800 Kg/ hade soja para equilibrar os custos de produçâo [Séguy L., Bouzinac S. e al, 1994(20)]; no estado de Goias, menosafastadodosgrandescentros de consumo, é necessario produzir 2 400 Kg/ha de soja para equilibrar os custos de produçâo em sistemas de cultura similares - [Land ers J. 1994(1) ]; nos estados do Sul, pr6ximos aos portos e aos grandes centros de consumo, 2 100 Kg/ ha de soja sào suficientes para cobrir os custos.
Os graficos 3 e 4, traduzem as fortes fluluaçôes dos custos de produçâo e dos preços pagos aos agricultores para os dois produ tos mais importantes na regiào em 1992: a soja dominante corn 300 000 hectares e o arroz de sequeiro corn 68 000 hectares.
Nessaconjunturadesfavoravel, as performances econômicas dos sistemas mais diferenciados estâo expostasnafiguradesfntese 9,e na tabela 2, relativas a otimizaçâo :
Eles evidenciam que os sistemas de monocultura, sempre menos produtivos,levam sistematicamente a prejufzos financeiros, qualquer quesejaacultura, arrozou soja.Pelo contrario, va.rios sistemas usando as rotaçôes e sucessôes de culturas oferecem margens If quidas/ ha atrativas, entre 100 e 370 US$/ ha, rend as que podem ser conside radas como altamente lucrativos, se lembrar que area mfn ima cultiva.da é de 100 hectares por produtor na regiâo. Esses sistemas de cultura mais lucrativos podem sercombinados para formar afolhamentos a.nuaismaisequilibrados,assegurando assim uma melhor gestâo do risco econômico (a.folhamentos "tampôes" dagestâo do risco-figura 9).
Na realidade, esses resultados econômicos calcula.dos a partir dos preços mfnimos garantidos pelo governo, sâo dificilmente extrapolaveis : os preços mfnimos nem sempre sâo respeitados localmente. As vezes, a produçâo nem é comercializada, ou a preços bem abaixo dos preços mfnimos garantidos, o que a.carrela perdasfinanceiras para os agricu ltores e até falênc ias frequentes - (caso do milho , do
Fig. 3
10
20 -
30
40
50 -
60-PROf
!ARROZ!
* 0,3 0,5 W=kgm/cm
0,7
cm LI-- R- e-s-is_t_ê_nc_i_o_ m_e_c_ô_n_ic-o-~à- ~
penelroçào
kg/dm3
15
II- ROTAÇAO-ARROZ~SOJA- 1987/881 1 1 1 1 1
' 1 1
GRADE
<>--<> ARACÂO
o--o ESCAR!IFICAÇAO
•·--+ PLAN,10 OIRETO
!SOJA!
+ V=cm/h 20 60 100 160
3
6
9
12 . 1
15 r IB I l INFILT
cm 2 - Velocidode _de infi ltroçôo do oguo
kg/dml 1,00 1,10 1,20 1,30 0,50 1PO 1,00 1,10 1,20
kg/dm 3
1,30 0 50 1,00 1 50 2po 2 50
10
40
PROf cm.
3- 0ensidodes oporentes 4 -Densidodes de rofzes do orroz de sequeiro
5- Densidodes oporentes sob SOJO
6 - Densidodes de rofzes do soJo
120
110
100
90
BO
0
m
' 116
120
" & 1:i' 1:i' ~ ?. ~
sob orroz
110 110
+ + + ·• + + +
7-AI turo do orroz no colheilo
n- m n2 panic.
57 Fl
8-Numero de ponfculos de orroz/m2
9-Numero de griios cheios/pon(cul_o
n2/m2
30
20 2 1
o-~~--~~~
15-Nûrnero de invosoros/mz,25 O.A. P.
10 -Produtividode
1 1 1
. GRADE ~ARAÇAO
ffillll ESCARIFICAÇAO
{I] PLANTIO DIRETO
mm ,------ "'------,----,
300
250 200
150
100
N 0 F
17 -Pluviometri o por decênio Setembro- Feverefro
n~/pe
59
51 ~ 55 51
~ 30
% + + 30 + 20 + +
o~~-~ ..
60
50
40
30
20
0 " 12-Numero de
plontos/m2 13- Nûmero de
griios/pé
n2/ m2 ,--------,
30 -
20 17
0
0
20 6 7 +
_rn_lill +
16-Nûmero de invosoros/m2, 25 D.A. P
kg/ho
~
3
~
2
1
500 3170 P,'1,0, o,~
= 12675 ~ il! CO) - ~ ...
:;:: + 500 ::: +
0 /, +
14- Produlividod, SOJO em kg/
Fig. 4
PROF cm
16
IARROZI 1 Il - ROTAÇÂO -ARROZ-SOJA - 1988/89j
1
ISOJAI
f i W=kgm/cm v,cm/h ~ +-~ --~0'+5~~0""7~~ .--2=.0~r--'6,'0'---,,---'l.,.00=--,,---'1-.-40~~
40
50 ·
60 -PROf
cm 1- Res1stënc10 mecônico o penetraçôo
kg/dm3
1
-GRADE
,,____, ARACÂO
•- - • PLAN!IO DIRETO
J {( 6
9
12
15
18 INFILT
cm 2-Velocidade de rn f illraçôo da dgua
kg/dmJ kg/dmJ 110 120 1 JO 050 00 50 2,00 10 1,10 120 1 JO \50 2!)0 2
3- Densidades aporentes 4· Densidades de ror'zes do arroz 5 : Densidodes aporentes 6- Dens1dades de ro(zes da soJo sob SOJa
110
100
90
BO
70
m
81
cf.-~~~~~
7-Allura do arroz na colhei to
sob arroz de sequeiro
n<?/panic. kg/ha 125
120
110 1 110 12 Jru Ill 3500 3206
"=j~ ~, 100 97 9~ 100
9 + 90 · 90
2C<X) ',, .. + + 8 15 , +
~ + o..._~ __,.....____,_..,_, o · • oL
8 -Nùmero de pon(culas de orroz/m2
9-Nûmero de grôos IO·Produtividode cheios/ponrcuto orroz em kg/ho
lCv IRAT 2 16)
1
1
19
cm
Il- Altu ro do SOJa no colhei ta
n2/m2 32
JO
20
~"S-+
• GRADE
l?lJ ARACÂO
10 6 r,J +
15· Nûmero de invasoros/m2, 25 O. A. P.
mm
200
150
IOO
50
[I) PLANTIO DIRETO 1 1 1 1 1 1
Plontio orroz
! Plon110 soJo
!
OLJ..""s='---o-'-- N-'-D-'---'--F_.L-,
17- Pluviometrio por decënio Setem bro - Fevereiro
n2/m2
35 39 J7
~ % :, o~ - --~~
70
60
5C
40
30
0
n2/pé
66 ::;
56 ~ 5J + . + + + +
12· Nùmero de plantas/m2
13· Nùmera de grôos /pé
nl'/m2LLJJ 30
20 16
+ 1 +
+
16-Ntlmero de inva · soras,tn2 , 25 O. A. P.
kg/ho 3940
3500
3
2500
2000
1500·
Jl35
% ,, %
28
O·'---'---""'-"'-'-'-' 14· Produt ividade
soJa em kg/ho
>
17
Rg. 5 lm- ROTAÇAO-ARROZ- SOJA- 1989/901
20
30
40 ·
PROF. cm
30
40 -
50 -
60
IARROZ!
+ 03 0,5
~ W=kgm/cm 0,7
PROF. '-------- -~ ----' cm 1- Resislêncio mecornco à
penetroçëio
kg/dm3
1,10 1,20 1,30 0,50 1,00
' ' 1 1 1 ' 1
' ' -- GRADE
t>---<> ARAÇÂO
o---0 ESCARIFICAÇÂO
+-+ PLANTIO DIRETO
1,50 2,00 1,00 1,10 1,20
!SOJA!
+ V=cm/h 20 60 100 140
3
/ fi 6
9 .
12
15
18
IN[~ L 1
L2---V-e-lo-c-id_o_d_e--de- in_f_il_tr_o_ç_ii_o.J do ciguo
kg/dm 3
1,30 0,50 1,00 1,50 2,00 kg/dm3
2,50
3-Densidodes oporenles 4-Densidodes de rorzes do orroz 5-Densidodes oporentes 6- Densidodes de ro(zes do soJo
10
10
·o ;o
;o
0
m
7-Alturo do orroz no col heito
sob orroz de sequel ro sob SOJO
n'!./oonic. n1?m2
115 % 119 kg/ho 134 110
% 3r\312 130 ::: 100 z 3500 · 124 z
120 - % 90 ~ 3000- ::: % % !~ 11 0 80 % 2500 z
98 % ;;, 70 2fXX)
1500 · 0 /, 1100
~~ m 90 79 • cf-- - ~=~,,,~~ 60 · 55 51
0 ~ ~
cm
:90 - die;, 84 180 · ;/,
:10 Z 70 1 /, + 1 58 + 1 /, + 150 +
: oc_ + 8- Nùmero de poni
culos de orroz/m2 9-Numero de groos
c he ios/ponfculo 10-Produtividode
orroz em kg/ho (Cv IRAT 216 l
1 11-Alturo do SOJO 1 no colheito 1 1 1 1 1
30
20
10
15-Numero de invosoros/m2 , 25 D. A. P.
mm
600
500 -
400
300
200
100
0 s
• GRADE
~ ARAÇÂO
IIlill ESCARIFICAÇAO
II] PLANTIO DIRETO : 1 1 1 1
Plonlio orroz:
J Plontio SOJO
!
17- Pluviometrio Dar decënio Set embro - Fevereiro
n'!./pé ·
50
UJJ[ 70
6
50
40
0 ;;, +
12-Nùmero de pl ontos/m2
13- Nûmero de grôos/ pé
n'!./mZ[LJ 30 -
20 15
10 9 3 3
16-Numero de invosoros/m2, 25 D. A. P.
kg/ho "'o .,.... ,J>4'
3500
3000 ·
2500
"1" + + • -•
15 ~ oL-.-.....w ....... ~_.__,
14- Produtividode soJo em kg / ho
Fig. 6
20
JO
4 0
PROF cm
50
60 PROF
cm
18
IARROZI
IN-ROTAÇAO-ARROZ-SOJA- 1990/91 j 1
,J W=kgm,tm 0,1 0,3 0,5 0,7
'--------------' 1- Resistêncio mecônico à
penetroçoo
kg/dm3
()....--,()
~
0-----0
+--+
1
1
GRADE
ARAÇÀO
ESCARIFICAÇÀO
PLANTIO DIRETO 1
1
3
6
9
12
15
18 INFI LT.
cm
1,10 1,20 0 ,50 1,00 1,50 2,00
20 V=cm/h 140
~---------~ 2- Velocidode de infil troçôo
do aguo
150 200 kg/dm 3
3- Densidodes oporentes 4 - Densidodes de ro(zes do orroz 5· Densidodes oporentes 6 - Densidodes de ro(zes do soj(J
cm
90 -
80-
iï BO 79 ;j 70 % + % +
~ + % + ~ +
7-Alturo do orroz no colheito
130
so b orroz de sequeiro sob SOJO
nc:?/m
1
n~/ponic. kg/ho l 1
cm
~ 88 87 3500 -9 0
1 1 1
8 - + 3000 'BO 1: 78
10 ! 2500 ~o 68 ~ 70
:~ 65 ; ~: : I. I ~ ;,;:tJ ~ o o'f__ll_ 10 - +
9-N(rnero de gréios 10 -Produtividode : 11-Al turo do SOJO cheios/ponfculo orroz em kg/ho , no colheito
(Cv. IRAT 216) : 1 1 1
. GRADE:
n• tm
2
~ 30
2 0 16 2•0
10 - 10 , .
3 '
~ARAÇAO
llllID ESCARIFICAÇAO
III PL ANJ IO DIRETO t 5-N(rnero de invo
soros/m2, 25 D. A. P.
250
200
150
100 -
50 ·
0
' 1 1
' Plontio orroz ! Plootio SOJO
~ S O N D F
17 - Pluviometrio por decênio Setembro- Feverei ro
n2/m2 n'!./pé
7
50 60 5 6 56
40· 50 43 30
20
40
0 12· Numero de 13-Numero
plontos/m2 groo/pé
n•/m2D 30
20 16
10 - 7 1 1
16-Numero de invosoros/m2 , 25 O. A. P.
kg/ho
68 3500 ~ff 3 % +
2 z • l< +
0011 ~ : + + 1500 z t-
+ % + 0
de 14- Produtividode soJO em kg/ho
19
Tabela 4
ANAUSES QUIMICAS 00 PERFIL CULTURAL APÔS
RESTAURAÇÂO DA FERTILIOADE - 1986-1992
Modos de Profundidade pH M.O. meq./100ml
gestaodos das % solos edas amostras -- --
culturas (cm) CaCl2 Agua Ca Mg Al K CEC V P (ppm)
%
r\ Monocultura 0-10 4,9 5,5 1,0 2,9 1,1 0,1 0,21 8,4 50,1 8,3
Soja x Gradagem 10-20 5,0 5,6 1,0 2,0 0,8 0 ,1 0,12 6,3 46,2 2,6 (T) (1) 20-30 5,2 5,6 1,0 0,5 0,3 0,4 0,09 4,3 20,7 5,3
Monocultura 0-10 4,5 5,1 1, 1 2,7 0 ,9 0 ,1 0,17 9 42,0 2,6
Soja x Araçao 10-20 4,4 5,0 0,9 2,7 1,0 0 ,1 0,08 10,2 37,1 5,3
profunda 20-30 4,5 5,1 0 ,7 2,5 0 ,8 0 ,1 0,10 9,8 34,7 5,3
Rotaçao 0-10 5,1 5,7 1,5 1,9 0 ,5 0,1 0,15 5,3 47,6 3,0
Soja-Milho 10-20 5,5 6,1 1,3 2,1 0 ,7 0,1 0,16 4,5 64,2 7,6
Araçao profunda 20-30 5,0 5,6 1,3 1,8 0 ,8 0 ,1 0,14 6,4 41 ,0 5,0
Sistemas alternando 0-10 4,7 5,3 2,4 2,0 0 ,9 0,1 0,21 7,8 39,8 6,6
1 s6 cultura corn 10-20 5,1 5,7 2,2 2,8 2,0 0 ,1 0,17 6,8 58,6 10,0 2 em sucessao 20-30 5,2 5,8 2,0 1,2 0 ,9 0 ,1 0,12 4,8 58,5 7,6 x Plantio direto
Rotaçao 0-10 4,6 5,2 1,7 2,5 1,0 0,1 0,24 8,3 49,6 9,6 Soja-Arroz 10-20 4,7 5,3 1,3 2,8 0 ,9 0,1 0,10 8,5 44,7 4,0
Araçao profunda 20-30 5,0 5,6 1,3 2,5 0,7 0, 1 0,10 6,1 53,9 7,8
Sistema Soj a-Milho 0-10 4,3 4,9 2,0 3,4 0,8 0,1 0,20 10,2 43,2 9,5
6 anosde 10-20 3,6 5,2 3,4 2,5 1,0 0,1 0,14 8,3 43,7 2,3
plantio direto 20-30 4,9 5,5 ~ 0,8 0,4 0,1 0,12 7,1 18,6 1,2
(*)
(*) Mais de 20 galerias de 2-3 cm de diametro, verticais, sobre 1,20 m de profundidade/m2 furadas por larvas de "rola bosta". (1) Referência negativa (sistema tradicional).
· Fonte : CIRAD-CA - Fazenda Progresse - Lucas do Rio Verde - 1991 - L. Seguy, S. Bouzinac · Laborat6rio - Lagro - Campinas
Tabela 5
Niveis de fertilidade para alcançar altas produtividades(1) lntervalos de recomendaçôes pelas anâlises quimicas (1)
pH M.O. %
meq./100ml
- -- Al CaCl2
Agua Ca Mg K
entre entre entre entre entre entre entre
5,0 5,6 1,7 2,0 0,8 < 0,2 0,15 e e e e e e
5,4 6,0 3,0 3,5 1,3 0,24
(1) - Na medida em que os modos de gestâo dos solos e das culturas sejam respeitados.
(2) - Mêtodo Mehlich (Carolina do Norte).
(*) Fonte : Séguy L., Bouzinac S., 1993 · Fazenda Progresso e Cooperlucas - MT
CEC
entre
6,5 e 10
p (ppm)
entre
5 e 10
V% Saturaçao de bases
entre
40 e
60
sorgo, e do arroz de sequeiro de baixa qualidade de grâo).
Esta realidade econômicamente local das frentes pioneiras, nos leva a crer que corn a diversificaçâo <las produçôes, é preciso também nos engajar no caminho da qualidade dos produtos , e favorecer sua transformaçâo local, a fim de ao mesmo tempo, garantir os preços pagos aos produtores e diminuir a incidência do custo do frete nos custos de produçâo e nas receitas -(produ tos transformados ou de alta qualidadegarantida, corn altovalor agregado).
- no piano técnico - os melhores sis te mas de culturaalternando uma s6 cultura anual (arroz-soja), corn duas culturas em sucessâo anual em plantio direto no ano seguinte, foram organizados em afolhamentos para otimizar o uso dos equipamentos da Fazenda Progresso, a partir de 1988, ou seja, dois anos ap6s o infcio da intervençâo da pesquisa.
0 perfodo de tempo consagrado ao preparo de solo, era de 80 a 90 dias,epassanosnovosafolhamentos para 220 dias ; da mesma forma, o perfodo total de colheita passa de 80 dias a 135 dias e a ârea total cultivada anualmente, aumenta de 50 a 60% sem abertura de novas terras- [SéguyL., BouzinacS. , 1989 (9), 1990(13)].
Esses resultados evidenciam o aumento muito significativo da capacidade do maquinario, assim como a melhorade suaflexibilidade de uso na Fazenda Progressa.
No Centra-Sul, 6 empresas começam a fabricar arados de aivecas (Ikeda, Sans, Baldan, Lavrale, Tatu, Maschetto) ,e asareas preparadas corn araçâo profunda ultrapassam 367 000 hectares em 1989 [Séguy L., Bouzinac S. e al., 1989 (10), 1990 (14)] .
Difusiiodastecnologins-Ossistemas de cultura criados, foram amplamente difundidos através de organizaçâodediasdecampo(mais de 1 000 produtores participando a cada ano), e por reportagens da imprensa, da televisâo, que fizeram a fama dessa intervençâo da pesquisa-açâo ( numerosas matérias em peri6dicos de grande audiência).
Enquê tes (Il conduzidas, dois anos
20
seguidos, em 1989 e 1990,em todo o Centro-Oeste brasileiro, permitiram medir a importância dessa difusâo e seu impacta no desenvolvimento; as tabelas 6 e 7 que resumem as pe1formances agronômicas dos sistemas numa amostragem de 42 664 hectares (116 produtores) em 1989 e de 17 123 hectares (57 produtores) em 1990,mostramque as performances médias dos sistemas e sua classificaçâo sâo conformes às da unidade experimen tal da Fazenda Progressa, comprovando assim que essas tecnologias tem uma largfssima abrangêncianaag1iculturamecanizada do Centra Oeste e que o método de pesquisa-açâo usado ( diagn6stico, e em seguida criaçàodifusâo dos sistemas no meio real comosatores) éconfiaveleconstitui uma ferramenta metodol6gica preciosa para este tipo de desenvo lvimen to mecanizado, nesse am bien te.
V - CONCLUSÂO
Ao final dessa primeira etapa muito resumida, tratando da restauraçâo da fertilidade dos solos degradados pela monocultura de soja praticada exclusivamente corn grades, va.rios ensinamentos fundamentais podem ser tira.dos para a açâo ulterior da pesquisaextensâo:
-nos plan os agronômicoe técnico, os modos de gestâo dos solos e <las cu lturas (rotaçôes, sucessôes combinadas aos modos de preparo do solo) constituem os fatores preponderantes para a restauraçâo da fertilidade através dos sistemas decultura. Elessâo imprescindfveis, para ao mesmo tempo diversificar as produçôes, aumentar a produtividade <las culturas e sua estabilidade, acapacidade dos equipamen tos mecanizados e sua flexibilidade de uso.
Todavia, o preparo profundo continuo do solo corn ara.do de aivecas, que se mostra a técnica maisrâpidaeeficienteparaeliminar a compactaçâo do perfil cultural, minimizar as limitaçôes, acelera muito a mineralizaçâo da matéria orgânica nas nossas condiçôes pedoclimâticas.
0 perfil cultural se empobrece muito rapidamente em matéria orgânica,anfveis quedeixam prever
a curto prazo um maior consuma de adubos minerais afim de man ter rendimentos altos e estâveis.
Além disso, a araçâo nâo protege totalmente contra os riscos de erosâo.
Entâo é preciso substituir rap idamente esta técnica pelo plantio direto, o quai oferece, todavia de modo mais progressivo, as melhores performances agrotécnicas e econômicas nas cul tu ras de soja, m ilho e sorgo. Esta também protege totalmente as terras contra a erosâo e usa melhor o potencial pedoclimâtico a custo mfnimo, aumentando a ârea cultivada de mais de 50% e a produçâo por hectare.
No plano econômico, a dependência dramâtica <las fren tes pioneiras para uma rede rodoviaria em estado muitas vezes deplorâvel, penaliza pesadamente as rendas dos agricultores (custos do frete proibitivos). Para minimizar esta desvan tagem, é preciso, nâo somente aumentara produtividade dos sistemas de menor custo, mas também produzir g râos de alta qualidade altamente remunerados, colocâ-los no mercado no momento mais favorâve l, favorecer sua transformaçâo local, e <liversificar as opçôes de transformaçâo de alto valor agregado. A pesquisa-açâo deve trilhar este caminho corn determinaçâo .
No p iano da metodologia de trabalho, a ampla difusâo dos sistemas ou de seu s componentes principais (preparo do solo, rotaçâo) no Centre Oeste do Brasil, sobre centenas de milhares de hectares, a concordância das performances dos sistemas entre o dispositivo regional de pesquisa e o meio real numa vasta escala geografica, a rapidez de difusâo das tecnologias, demonstram a importância e a abrangência geral dos modos de gestâo dos latossolos âcidos para a agricultura mecanizada do Centro-Oeste, u ltrapassando amplamente os limites dos cerrados umidos, e confirmam a confiabilidade do enfoque utilizado.
(1) Enquêtes conduzidas pela EMBRAPA/CNPAF, e CIRAD-CA[Séguy L., Bouzinac S. e al., 1989 (10) , 1990 (14) ).
Tabela 6 -Performances das tecnologias adotadas pelos produtores nos municipios de Sorriso (Mato Grosso), Agua Boa (Mato Grosso), Paracatu (Minas Gerais) Maracaju (Mato Grosso do Sul) : 42 664 hectares, 116 produtores, Centro-Oeste brasileiro - 1989-90.
Modos de gestâo dos solos e das culturas
Preparo profundo x todos precedentes
Gradagem x desmatamento
Preparo profundo x rotaçao leguminosa-cereal
Monocultura x gradagem
Gradagem "7 todos precedentes
Ârea (%)
46,5
7,4
19,0
27,1
Soja ( 32 531 ha )
Produtividade (Kg/ ha)
CR D O*
2 551 2 283 2 641
1 650 1 476 1 560
2625 2347 3 673
2025 1827 2132
* Variedades : CR: Cristalina, D: Doko , 0 : outras. Fonte: Séguy L., Bouzinac S. e al. , 1989/ 90
Arrozd e sequeiro ( 7121 ha)
Ârea Produtividad e (Kg/ ha) (%)
Variedad es Variedades antigas novas
14,6 2100 2145
67,0 1 704 1428
10,8 2100 2 512
7,6 1 537 1 451
Milho( 3 012 ha)
Ârea Produtividade (Kg/ ha) (%)
81
3
16
4656
3 360
3507
Tabela 7. Performances das tecnologias adotadas pelos produtores nos municipios de Sorriso (Mato Grosso), Agua Boa (Mato Grosso), Paracatu (Minas Gerais) : 17 123 hectares, 57 produtores - 1990-91
Modos de gestâo dos solos e das culturas
Monocultura x gradagem No desmatamento x gradagem Monocultura x araçao profunda Rotaçao x gradagem Rotaçao x araçao profunda
Fonte : Séguy L., Bouzinac S. e al., 1990/ 91
Ârea (%)
40 1,5 52 1,5 5
Soja ( 13 904 ha )
Produ tividade (Kg/ha)
1 410 1 110 1 875 2480 2 560
Arrozde sequeiro( 1678 ha)
Ârea (%)
28 37
17 18
Produtividade (Kg/ha)
1050 1470
1905 2890
N) ....
' 22
------------------15
~ 3000 ~ ~
! w.1 2000 -Q
~ -> -t-i5 1000 0 ~ c..
FIG.7
< 4000 -:: ........ l,j ~
~ w.l w.1 3000 Q
< Q -> -t-i5 2000 0 ~ c..
FIG. 8
- 7,5
2,5
~~·- 0 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995
~ PRODUÇÂO PARA COBRIR OS CUSTOS
-a- PREÇO PAGO PARA O ARROZ
- 14
- 10
-8
6
- 4
2 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995
Il PRODUÇÂO PARA COBRIR OS CUSTOS
-a- PREÇO PAGO PARA A SOJA
l,j ~ 0
'° ........ ~
""' = ~ w.l
0 V-w.l ~ c..
Fig. 9 Performances econômicos dos melhores sistemos de culturos comporodos corn os dos. monocu l tu ras de soJa e arroz- 1988/91
FAZ. PROGRJ:"c:c:n - · · -
US$/ho
+300
+250 0 +200
..c. , +150 (/)
~ +100 5 +50
,Q _J
-50 (/)
g z w o:: -200
0
~ +80
O +60 z 0::
~ w 0::
+40
+20
MON OC. SOJA
GR ARE
~o /'
MONOC. ,ROTAÇAO I ROTAÇAO I ROTAÇAO ARROZ R/S/R/S/R S/R/S/R/S
ARE I ARE l'?'\'l_ARE I PD
~f>.·
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0:,'
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ROTAÇAO R+So/S/ R+So
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w 01 •111 1 "1111.1 1 •111 1 o -20 <{ X
~ -40
-60
.1988/89
,00
(I]D 19 89/90 E) 1990/9 1
~
GR - Gradagem ESC - Escorificoçëo ARE- Aroi:;ëio profunda corn aivecas
PD - Planti o d ireto So - Sorgo S - S OJ a R - A r roz
• FONTE = CIRAD-C A ( L. Seguy, S. Bouzinac . )
Lucrar é slnônlmo de uso de rotaçoes e sucessoes de culturas : t1... Slstemas tampoes V de melhor gestao
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