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Gestão FinanceiraApontamentos dos slides2º ano Marketing, Publicidade e Relações Públicas1º Semestre
Prof. Mestre André
Gestão Financeira
Conteúdo
1. -INTRODUÇÃO E CONCEITOS FUNDAMENTAIS.....................................................................3
1.1. Gestão Financeira versus Análise Financeira...............................................................3
1.1.1. Gestão financeira:.................................................................................................3
1.1.2. Análise Financeira.................................................................................................3
1.1.3. Prazos, tempo e risco...........................................................................................4
1.2. O sistema financeiro português....................................................................................6
1.2.1. Papel das instituições financeiras.........................................................................6
1.3. A normalização dos documentos fundamentais contabilísticos...................................7
2. Análise Financeira................................................................................................................9
2.1. Equilíbrio Financeiro.....................................................................................................9
2.2. Conceitos de Liquidez e de Tesouraria. Tipos de Fundos de Maneio.........................11
2.3. O financiamento a curto prazo. Tipo de empréstimos...............................................14
2.4. A análise CPV: graus de Leverage e o ponto morto económico..................................15
2.4.1. Graus de Alavanca..............................................................................................15
2.4.1.2. Grau Financeiro de Alavanca..........................................................................16
2.4.1.3. Grau Combinado de Alavanca (GCA)..............................................................17
2.4.2. O ponto morto económico.....................................................................................20
2.5. Método de avaliação Financeira aplicando rácios, A Solvabilidade, a Rentabilidade e o crescimento sustentado, Metódo dos Rácios. Análise económica e financeira..................25
2.6. O Planeamento financeiro..........................................................................................34
2.6.1.Políticas financeiras...................................................................................................34
2.6.2.Plano financeiro.........................................................................................................35
3. O MÉTODO ORÇAMENTAL..........................................................................................35
4. O CUSTO DO CAPITAL DA EMPRESA...................................................................................39
4.1. Conceito de investimento...........................................................................................39
4.2. O cash-flow.................................................................................................................40
4.3. O VAL , a TIR, o IR o Payback......................................................................................42
4.3.1.VAL- Valor Actualizado Liquido..................................................................................44
4.3.2.TIR-TAXA INTERNA DE RENDIBILIDADE......................................................................46
4.3.3.IR-INDICE DE RENDIBILIDADE....................................................................................47
4.3.4.PB-PAY BACK PERIOD................................................................................................49
4.3.5.Actualização financeira e risco..................................................................................51
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4.3.6.Análise da sensibilidade............................................................................................51
4.4.Avaliação de projectos.....................................................................................................52
5. O CUSTO DO CAPITAL DA EMPRESA...................................................................................55
5.1. Interpretação do conceito(Tx Actualização e custos de capitais)...............................55
5.2. O Custo do capital alheio e o custo do capital próprio do investidor.........................56
5.3. Casos práticos.............................................................................................................58
6. O Relatorio financeiro........................................................................................................59
6.1. Relatorio Financeiro-Objectivos e destinatários.........................................................59
6.1.1. Balanço Social.....................................................................................................59
6.1.2. Relatório da Sustentabilidade.............................................................................59
6.1.3. Relatórios de Gestão..........................................................................................60
6.1.4. Relatórios de auditoria.......................................................................................61
6.1.5. Relatórios de fiscalização....................................................................................61
6.1.6. Relatórios de Investigação Criminal....................................................................61
6.2. Rating e Scoring empresariais.....................................................................................62
6.2.1. RATING...............................................................................................................62
6.2.2. SCORING.............................................................................................................64
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1. -INTRODUÇÃO E CONCEITOS FUNDAMENTAIS
1.1.Gestão Financeira versus Análise Financeira
1.1.1. Gestão financeira:
Conjunto de decisões que optimizem a obtenção dos recursos necessários, ao menor custo e com o menor risco patrimonial e que maximizem os benefícios resultantes dos excedentes financeiros
Funções do gestor financeiro:
Planeia Decide nos principais investimentos Coordena e controla Negoceia com os mercados financeiros Gere as situações de risco financeiro
1.1.2. Análise Financeira
Principal instrumento de apoio à tomada de decisão em gestão financeira.
Resulta da aplicação de um conjunto de técnicas que permitem a avaliação dos
recursos disponíveis e dos recursos necessários, bem como das rendibilidades obtidas
nas várias decisões financeiras e de gestão passadas.
Como a situação financeira das empresas tem assumido importância crescente,
agravada no contexto da crise internacional, as técnicas de análise financeira tendem a
ser mais sofisticadas e abrangentes, de modo a reduzirem o risco associado à incerteza
sobre os resultados futuros de uma decisão financeira
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Gerir é tomar decisões, avaliando e assumindo riscos, tomando por base o
resultado da análise. Analisar é verificar, medir, concluir, sugerir caminhos para a
decisão.
A crise financeira internacional e a mundialização das economias criou a
oportunidade de alargamento da gestão financeira pelas suas implicações económicas
na empresa. Este facto exige o aumento do rigor e da abrangência dos campos da análise
financeira e da gestão financeira.
1.1.3. Prazos, tempo e risco
A questão do prazo, curto, médio ou longo, prende-se com o TEMPO, que afecta
duplamente os dados financeiros: o tempo aumenta a incerteza e amplia a probabilidade
de risco.
Medidas de gestão financeira do curto prazo (até um ano de efeitos):
Gestão das disponibilidades financeiras
Gestão dos créditos comerciais
Gestão de stocks
Gestão de pagamentos a fornecedores
Negociação de créditos bancários a curto prazo
Medidas de gestão financeira de médio e longo prazo (de efeitos superiores a um
ano):
Realização de novos investimentos
Escolhas das fontes de financiamento
fixação da estrutura dos capitais próprios e de terceiros
Definição das politicas de distribuição de dividendos
Tempo, risco, gestão e análise financeira
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O efeito do tempo nos dados financeiros exige a sua correcção para que dados
gerados em momentos diferentes possam ser comparados e sobre eles possam ser feitas
quaisquer operações matemáticas.
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1.1.3.1. Técnicas de actualização financeira:
Aplicando hoje determinado Capital C a uma taxa de juro j, por um período de N
anos, teremos que ao fim desses anos o novo valor é:
CN=Co(1+j)(1+j)…(1+j)
ou seja, CN=Co(1+j)^N. Mas importa conhecer o que representa hoje um fluxo
financeira gerado em momento diferente de hoje (passado ou futuro). Por isso, teremos:
Co=CN/(1+j)^N, ou Co=CN(1+j)^-N
Exercício1-Juros compostos
Aplica , em Out/2010,2000€ a prazo de 1 ano, à taxa de juro de 4%, em que os
juros acumulam ao capital inicial. Qual é o valor a receber em 2013?
R: C2013=C2010(1+j)^3=2250
Exercício 2-Dados monetários/dados reais
Salários Reais: suponha que o seu salário, em Set. 2010, seja de 1500€/mês e
que a inflação de 2011 seja de 2%.
Suponha ainda que em 2011, devido à crise, não lhe aumentam o salário.
Determine e o seu salário real em Set. de 2011, no perspectiva de Set. de
2010.
R:S2011(Base2010)=S2010/(1+Infl)=1471
Exercício 3-Actualização financeira
Uma aplicação financeira de 10 mil €, efectuada hoje, por uma empresa, pelo prazo
de 4 anos, à taxa de juro de 5%,
Co=10000
J= 5%/ano
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Tempo 4 anos
CN, em 2013=Co*(1+j)^N; CN=10000(1,05)^4=12155€; querendo determinar o
valor base Co que vale 12155 dentro de 4 anos, teremos: Co=12155(1+j)^-4=9999,
9€, cerca de 10000€-
1.2.O sistema financeiro português
Enquadramento institucional:
O funcionamento da Economia e da Sociedade pressupõe um conjunto de regras,
em qualquer país do Mundo e em qualquer agrupamento de países, como a União
Europeia
Essas regras, no que se refere ao financiamento da economia e da sociedade, deu
origem ao Sistema Financeiro. É constituído por um vasto conjunto de instituições e
funciona segundo regras legalmente definidas e controladas
Sociedades financeiras:
Sociedades de capital de risco
Sociedades Gestoras de Património
Agências de Câmbios
Sociedades Correctoras
1.2.1. Papel das instituições financeiras
Autoridades Monetárias
-Supervisionam o funcionamento das instituições
-Definem e controlam as normas de funcionamento das instituições no seu relacionamento com os agentes económicos
-Apreciam actos e situações e aplicam penalizações
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Instituições de crédito:-Obtêm os recursos financeiros disponíveis na poupança das pessoas singulares e colectivas
-Obtêm financiamentos internos, comunitários e externos, para financiar os agentes económicos
-Financiam os agentes económicos
Sociedades financeiras:
-Actuam em situações especificas do funcionamento financeiro da economia, com especial relevo para o Investimento.
Gestão Financeira exige:
Detalhado conhecimento sobre o sistema, as instituições, e o papel de cada uma
das instituições.
A defesa legal dos interesses das empresas na obtenção dos recursos.
A gestão dos excedentes financeiros resultantes da actividade da empresa.
1.3. A normalização dos documentos fundamentais contabilísticos
Os documentos contabilísticos fundamentais resultam da aplicação de
complexos sistemas de contabilidade, e correspondem basicamente aos registos
financeiros de prestação de contas aos Accionistas e ao Estado, e abrangem duas
realidades concretas de cada empresa: Património e Actividade.
Os sistemas de contas têm assumido uma expressão de tendência universal
(OCDE, ONU, FMI, União Europeia) e estão em evolução permanente, tendo em conta
a evolução das realidades das economias.
Em Portugal o primeiro sistema de contas de âmbito geral, foi criado em 1977,
com o POC (Plano Oficial de Contabilidade), que teve diversas actualizações até 2009.
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Em 1 de Janeiro de 2010 entrou em vigor o novo sistema de contas (Sistema de
Normalização Contabilística) – SNC.
Todos estes sistemas incluem a obrigatoriedade de apresentar contas com base
em dois documentos fundamentais- Patrimonial (Balanço) e da Actividade
(Demonstração de Resultados).
SNC-BALANÇO (RESUMO) Milhões euros
RUBRICAS 31DezN 31Dez(N-1)
ACTIVO
1- Activo n/corrente
2-Activo Corrente
3-TOTAL DO ACTIVO
CAP PROP E PASSIVO
1-Capital Proprio
2-Passivo
2.1-Passivo não corrente
2.2-Passivo Corrente
3-TOTAL DO CAP PROPRIO E PASS
SNC-DEMONST.DE RESULT.(RESUMO) Milhões euros
RENDIMENTOS E GASTOS Ano N Ano (N-1)
1-Vendas e serviços prestados +2-Subsidios à exploração +3-Custos das merc. vend.e das mat.cons. -4-Fornecim e serviços externos -5-Gastos com pessoal -6-Imparidades de inventários -7-Provisões -8-Outros rend e ganhos +9-Outros gastos e perdas -10-RES.ANTES DEPR.,GAST FIN E IMP. =11-Gastos e imparidades de amortizaç -12-RES.OPER.(ANT.GAST FIN E IMP) =13-Juros recebidos +14-Juros pagos -15-RESULT ANTES DE IMP.(RAI) =16-IRC(% DO RAI)
17-RES LIQUIDO DO PERÍODO(RL)
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Estes dois documentos constituem o suporte mais credível, mundialmente, para
avaliar económica e financeiramente uma empresa, para calcular rácios e outros
indicadores económicos e financeiros da análise e da decisão financeira.
2. Análise Financeira
2.1.Equilíbrio Financeiro
Todos os documentos de demonstrações financeiras de uma empresa têm
subjacente o princípio do equilíbrio:
Património=Financiamento
Proveitos=Custos
Este equilíbrio pressupõe que um activo seja financiado com capitais de
maturidade compatível com a vida económica do activo.
A ausência de equilíbrio financeiro na empresa pode implicar:
Rupturas financeiras, impossibilitando o pagamento no prazo estabelecido entre
a empresa e os seus credores
Excedentes financeiros, ou excedentes não rendibilizáveis
Os principais instrumentos de controlo e do equilibro financeiro são o Fundo de
Maneio, nas suas diversas expressões, a Tesouraria e alguns rácios.
O Fundo de Maneio constitui uma margem de segurança para evitar as rupturas
e os excedentes desnecessários financeiros com efeitos negativos nos resultados da
empresa,
A sua forma de cálculo simples é:
FM=Capitais permanentes (Capital próprio+ Passivo não corrente) -Activo fixo
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A análise do FM pode ser considerada estática se for efectuada a posteriori sobre os
dados de balanço.
Se tiver por base demonstrações previsionais de curto prazo, é um bom instrumento
de gestão de tesouraria
Alguns rácios, construídos a partir dos Quadros de Contas (Balanço e
Demonstração de Resultados), podem ajudar a garantir o Equilíbrio financeiro, tais
como:
A.Imobilização dos capitais Permanentes (ICP) deve ser> 1, ou seja,ICP=Cap
Perman/Imobiliz liquido:
ICP= (Cap. Prop+Pass n/corr) /Activo ñ Corr
B.Capacidade de Endividamento (deve ser> 0,5):
CE=Cap Próprios/Cap. Permanentes
C.Autonomia Financeira (Máximo):
AF=Cap Próprios/Activo liquido total.
D.Solvabilidade (Máximo):
SL=Cap Próprios/Passivo (Capitais Alheios)
Exercico 4-Equilibrio financeiro Portucel
Com base nos dados dos Anexos 1 e 2, calcule o FM e os rácios de equilíbrio financeiro CE e AF da Portucel.
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Solução Exercio 4
Anos: 2008 2009 2010
FM=(CP+Pass não Cor)-Act n/Cor >(0 )
405 -241 120 (milhões €)
CE=CP/(CP+Pass não Corr) >(0,5)
0,58 0,67 0,59 (Coeficiente)
AF=CP/Activo Liq Total (Máx)
0,51 0,50 0,51 (Coeficiente)
2.2.Conceitos de Liquidez e de Tesouraria. Tipos de Fundos de Maneio
Liquidez, Tesouraria e Fundos de maneio, são várias faces da mesma realidade:
a situação financeira de uma empresa, relativamente ao equilíbrio entre necessidades e
disponibilidades financeiras.
Da tesouraria importa realçar os seguintes aspectos:
-Permite avaliar, permanentemente, as situações de potenciais excedentes,
défices e equilíbrios nos pagamentos e nos recebimentos
-A constituição de uma Reserva de Segurança de Tesouraria (RST) é uma das
preocupações do gestor financeiro. Destina-se a fazer face a necessidades financeiras
cíclicas.
Dos Fundos de Maneio e Tesouraria ,dos métodos possíveis, importa comparar o
Fundo Maneio Funcional (FMF e o Fundo de Maneio Necessário (FMN).
FMF(ou FM)= Capitais Permanentes (Cap.Prop+Pass a M/L Prazo) –Passivo N/Corr.
ou seja:
FMF=(CP+PASS Ñ CORR)-ACTIVO Ñ CORR
O Fundo de Maneio Necessário (FMN) resulta do confronto entre necessidades financeiras e recursos financeiros de exploração da empresa:
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FMN=Necessidades Financeiras(ACT COR)-Recursos Financeiros(PASS COR)
FMN=
+(RST+INV+CL/R+FRN/AD+EST/R+OUTC/R)
-(FNC/P+CL/AD+EST/P+OUTC/P)
Sendo as necessidades(do Activo Corrente):
RST-Reserva Segurança TesourariaINV-Inventario(existencias)CL/R-Clientes a receberFRN/AD-Adiantamentos a fornecedoresEST/R-Estado e entidades públicas(a receber)OUTC/R-Outras contas a receber
Sendo os Recursos (do Pass corr):
FR/R-Fornecedores a pagarCL/AD-Adiantamentos de clientesEST/P-Estado e entes públicos, a pagarOUTC/P-Outras contas a pagar
A optimização do Fundo de Maneio Funcional (FMN) conduz à Tesouraria
Liquida (TRL), que representa a Relação Fundamental de Tesouraria, ou seja:
TRL=FMF-FMN
Assim, estabelecem-se as seguintes situações tesouraria da empresa:
TRL=0,Adequação do fundo de maneio, equilíbrio financeiro
TRL> 0,Excedentária, com efeitos negativos para a rendibilidade da empresa
TRL <0,Deficitaria,pode conduzir a dificuldades de incumprimento de
compromissos financeiros.
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Fundos de Maneio(FMF/FMN) milhões euros
anos 2008 2009 20101-Capital Próprio 1246 1270 1330
2-Passivo n/corrente(Debitos a M/L Prazo) 901 631 931
3-Capitais Permanentes (1+2) 2147 1901 2261
4-Activo n/Corr 1742 2142 2141
5-FM F(Fundo de Maneio Func. (3-4) 405 -241 1206-Necess. Financ. de Explor.(do ACT COR) 534 415 478 -RST(Reser.segur. Tesour.)-5%vendas 57 55 59
-INV(Inventarios=existências) 240 147 161
-CL/R(Clientes, a receber) 160 150 200
- FRN/AD(Adinat a fornecedores) 16 7 4
-EST/R(Estado e outros publicos,a rec) 47 51 50
-OUTC/R(Outras contas, a receber) 14 5 4
7-Recur.Financ.de Explor.(do PAS CORR) 283 327 327 -FNC/P(Fornecedores, a pagar) 228 250 242 -CL/AD(Adiantamentos de clientes) 12 15 18
-EST/P( Estado e outros pub, a pagar) 39 56 59
-OUTC/P(Outras contas, a pagar) 4 6 8
8-FMN (Fundo Maneio Necessário) (6-7) 251 88 151
9-TRL(Tesouraria Liquida)(FMF-FMN)(5-8) 154 -329 -31
10-Posição de Tesouraria(<0,=0,>0) >0 <0 <011-Caracterização da Tesouraria Superav. Deficit. Deficit.
PORTUCEL, S.A.
Da liquidez, importa considerar três indicadores inter-relacionáveis com a gestão de
Tesouraria:
Liquidez Geral,
Liquidez Reduzida
Liquidez Imediata.
Cada um destes indicadores interage com a gestão de Tesouraria:
Liquidez Geral (LG), que mede a relação entre activos correntes e passivos
correntes, ou solvabilidade de curto prazo, ou seja:
LG== Activo corr./Pas.cor.
(deve ser >1)
Liquidez Reduzida (LR), que mede a relação entre recursos financeiros
disponíveis e realizáveis face a passivo corrente, ou seja:
LR= (Activo Cor.-Inventario)/Pas. Corr (deve ser >1)
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Liquidez Imediata (LI), que mede a relação entre disponibilidades de curto
prazo e passivo de curto prazo, ou corrente, ou seja:
LI=(Banca+Caixa+Tit Negoci.)/Pas.Cor. (deve ser >1)
2.3.O financiamento a curto prazo. Tipo de empréstimos
Conceito:
O financiamento de uma empresa a curto prazo (menos de um ano) corresponde
às necessidades financeiras relacionadas a resolução de problemas de tesouraria
resultantes da sua actividade operacional, usualmente financiado por terceiros, com
custos elevados, afectando as condições de financiamento a médio-longo prazo.
Tipos de financiamentos:
Empréstimos bancários internos de curto prazo
Empréstimos bancários externos de curto prazo
Alargamento dos prazos de pagamento a fornecedores, com o aumento do
passivo corrente
Encurtamento do prazo de recebimento de clientes
Operações de leasing de curta duração
Operacionalização dos recebimentos do Estado
Custo dos recursos financeiros de curto prazo:
Juros e taxas pagas pelos empréstimos obtidos
Valor dos descontos a clientes para encurtar prazo de recebimento
Juros e outros encargos associados a operações de leasing
Custo das garantias prestadas para obter os financiamentos
Perda de oportunidade de negócios por efeito da restrição de crédito a médio-
longo prazo
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Análise dos custos financeiros de financiamento por terceiros
Com base nos dados do Balanço e da Dem. Res de uma empresa é possível
avaliar comparativamente, os custos do financiamento por terceiros, pela Taxa de
Custos Financeiros(TCF):
TCFn=JUR PAGn/[[(PASSn+PASS(n-1)/2]
2.4.A análise CPV: graus de Leverage e o ponto morto económico
2.4.1. Graus de Alavanca
2.4.1.1. Grau Económico de Alavanca
O efeito económico de Alavanca compreende os efeitos das variações do nível
da actividade nos resultados de exploração da empresa.
Assim, o Grau Económico e Alavanca (GEA), num ano base, mede-se pela
relação entre Margem Total (MT) das vendas liquidas (Vendas-Custos Variáveis) e os
respectivos resultados de Exploração (REo =MTo – CFo ):
MTo=Vo-CVo
REo=MTo-Cfo
Para cenários de vendas diferentes dos valores do ano base, considera-se que:
os Custos Variáveis variam proporcionalmente à variação das Vendas;
os Custos Fixos e os Custos Financeiros não se alteram.
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Principio da alavancagem:
GEAo(GEA no ano zero) mantém o mesmo valor desde que os cenários de
gestão não impliquem novos investimentos.
O Grau Económico de Alavanca pode ser medido pela seguinte expressão:
GEAo=MTo/REo
Sendo:
GEA= Grau Económico de Alavanca
MTo Margem total no momento zero
REo Resultado de exploração
Quanto maior for o valor de GEA de uma empresa maior o seu risco
Os efeitos de aumento ou diminuição das vendas mede-se através de GEAo, que
é constante para todos os cenários, ou seja:
GEA=Var%REo / Var % V o
2.4.1.2. Grau Financeiro de Alavanca
O Grau Financeiro de Alavanca (Financial Leverage),GFA, permite explorar a
relação existente entre Resultados de Exploração Anuais e Resultados Líquidos Anuais.
Pode medir-se pela expressão:
GFAo=REo/RAIo
Em que:
GFA=Grau Financeiro de Alavanca
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REo=Resultado de exploração da empresa no momento zero, ou
seja, valor das Vendas-Valor dos Custos Variáveis Totais- Valor dos Custos
Fixos Totais
RAIo=Resultados Líquidos antes de Impostos sobre lucros no
momento zero.
GFA varia desde 1 (quando não existem juros e outros encargos financeiros) até
mais infinito.
O cálculo dos efeitos de vários cenários de variação de vendas, mede-se por:
Var%RLo /Var%Reo
2.4.1.3. Grau Combinado de Alavanca (GCA)
Permite relacionar directamente as variações do nível de actividade com as
variações dos Resultados Líquidos.
Sendo GCA um conceito mais amplo do que os GEA e GFA, ele pode ser
deduzido a partir das suas expressões matemáticas, ou seja:
GCAo=GEAo*GFAo,
ou , para qualquer cenário de variação de vendas,
GCA= GEA*GFA
Exercio 6-Aplicação dos GA à Portucel
Tomando os dados económicos e financeiros de qualquer empresa, podemos
verificar os efeitos de vários cenários de variação de vendas, mantendo constantes os
vários Graus de Alavanca(GEA,GEF GCA).
Assim, para os dados da Portucel(Anexos 1 e 2) Balanço e Demonstração de
Resultados da Portucel, 2008 a 2010, podemos verificar os efeitos de um cenário de
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menos 10% das vendas e de outro cenário de mais 10% das vendas(V), avaliando os
efeitos dessas variações no resultado de exploração(RE).
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GEAo,GFA e GCA-Passos do calculo:
Classificar todos os ganhos como Vendas(V o)
Classificar todos os Custos Variáveis em CV o
Classificar todos os Custos Fixos em Cfo
Calcular o valor do GEAo, pela expressão:
GEAo=MTo/RE o
Calcular as vendas de cada cenário e os correspondentes RE.
Provar que as variações das vendas vêm sempre multiplicados pelo coeficiente
GEA sobre os RE(efeito alavanca).
Calcular GFA e os efeitos da variação das vendas.
Comparar resultados com CGA.
SNC-DEM RES-PORTUCEL Class EXERCICIOS DOS ANOS
RENDIMENTOS E GASTOS 2008 2009 2010(EST)Vendas e serviços prestados V + 1131 1095 1176Subsidios à exploração V + 3 13 26Ganhos/perdas associadas V +/- 25 34 5Variação de inventarios da prod. V +/- 27 1 -5Trabalhos para a prop entidade V - 1 1 2Outros rend ganhos V + 22 63 53Custos das matr vendi e consum CV - -282 -289 -300Forn e serv externos CF - -25 -35 -40Gastos com pessoal CF - -112 -114 -110Imparid.de inventarios e dividas CF +/- -503 -485 -500Provisões CFp - -13 -21 -30Imparid. de invest. n/amortiz CF +/- 1 1 28Aumentos/deduç justo valor CF +/- -1 -5 -10Outros gastos e perdas CF - -17 -16 -10
RESULT ANT DEPREC, G FIN E IMP = 257 243 285Amortizações CF a - -77 -112 -110Imparidades bens amortizaveis CF a +/- 1 0 0
RES.OPER.(Ant gasto fianc e Imp) = 181 131 175Juros obtidos Cfin + 5 2 3Jurois suportados Cfin - -25 -9 -20
RES.ANT IMPOSTOS S/LUCROS = 161 124 158
Imposto sobre o rendimento(IRC) - -30 -19 -38
RES LIQ DO PERÍODO = 131 105 120
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1) GRAU ECONÓMICO ALAVANCA(GEA)=MT o/RE o V (Vendas) 1209 1207 1257
CV(Cistos Variaveis) 282 289 300
CF(Custos Fixos) 746 787 782
C Fin(Custos Fianceiros) 20 7 17 MT(Margem Total)=V-CV 927 918 957 RE (MT-CF) 181 131 175 RAI o(V-CF-CV-C Fim) 161 124 158 ISL(GERAL=25%*RAI;2010=24,05%RAI) -30 -19 -38 RL (RAI-ISL) 131 105 120 GEAo=MT o/ RE o=(V-CV)/(V-CV-CF) 5,1 7,0 5,5
CEÁRIO 1-VENDAS 2011=VENDAS 2010-10% 2011 V1=V O-10% 1.131 CV 1(CV O-10%) 270 RE 1(V1-CV1-CF o) 79 VAR RE/VAR V = GEA 5,5
VAR RE[(RE 1/RE o)-1]*100=VAR V*GEA= -10%*GEA -55% CENÁRIO 2-VENDAS 2011=VENDAS 2010+10% V1=V O+10% 1.383 CV 1(CV O+10%) 330 RE 1(V1-CV1-CF o) 271
VAR RE/VAR V = GEA 5,5
VAR RE[(RE 1/RE o)-1]*100=VAR V*GEA= +10%*GEA 55%
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2)GRAU FINANCEIRO DE ALAVANCA=GFAo=RE o/RAI o2.008 2.009 2.010
V o(Vendas de base) 1.209 1.207 1.257
CV (Custos variaveis de base) 282 289 300 CF o(Custos Fixos de base) 746 787 782 MT o(Margem total de base)=V-CV 927 918 957 RE o (Res.de explor.de base)=V-CV-CF 181 131 175 C Fin 20 7 17 RAI o(Res. Antes Imp.)=V-CV-CF-C Fin 161 124 158 GFAo(Grau Fin Alavanca))=RE o/RAI o 1,12 1,06 1,11
CEÁRIO 1-VENDAS 2011=VENDAS 2010-10% 2011 V 1 =V o-10% 1.131
CV 1=CV o-10% 270 RE (Res.de explor.de base)=V-CV-CF 79,3 C Fin 17 RAI (Res. Antes Imp.)=V-CV-CF-C Fin 62 ISL(24,1% RAI) 15 RL(RAI-ISL) 47,3 VAR RL/VAR RE= GFA 1,11
VAR RL/VAR V(=GEA*GFA) 6,06
CEÁRIO 2-VENDAS 2011=VENDAS 2010+10% 2011 V 1 =V o+10% 1.383
CV 1=CV o+10% 330 RE (Res.de explor.de base)=V-CV-CF 270,7 C Fin 17 RAI (Res. Antes Imp.)=V-CV-CF-C Fin 254 ISL(24,1% RAI) 61 RL(RAI-ISL) 192,7 VAR RL/VAR RE= GFA 1,11
VAR RL/VAR V(=GEA*GFA) 6,06
2.4.2. O ponto morto económico
Conceitos:
Ponto Morto, ponto de equilíbrio, ponto crítico, break even point, são
expressões do mesmo instrumento técnico, através do qual é possível avaliar a partir de
que nível de actividade a empresa não perde nem ganha.
Para isso articulamos três características financeiras e uma economica da
empresa:
Custos Fixos (CF),
Custos Variáveis (CV;CV u),
Preços de Venda (V;PV u)
Quantidade vendida (QR)
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Gestão Financeira
Custos Fixos(CF):
-São fixos os custos de uma empresa
quando na totalidade não variam em resposta a variações dos níveis de produção e
venda, em determinada estrutura técnica.
-Unitariamente, os custos fixos variam com os níveis de actividade (CFu)
Custos Variáveis(CV):
São os custos de uma empresa que em termos globais variam directamente com os
níveis de produção e venda.
- Unitariamente, os Custos Variáveis são constantes, em determinada estrutura
técnica (CVu).
Preços de Venda (PV u):-Correspondem ao valor unitário dos produtos e dos serviços de uma empresa.
-Em termos analíticos calculam-se com base nos dados contabilísticos de uma empresa e correspondem ao valor médio unitário das vendas, dos serviços e de outros ganhos obtidos.
A articulação destes três conceitos (CF, CFu;CV, CVu;PV, PVu) permite
determinar os níveis de produção de um produto, de um serviço ou de todas as
actividades de uma empresa.
Como? Através do processo técnico designado Ponto Crítico (PC), em que,
graficamente representa o ponto a partir do qual a empresa tem lucro.
O PC pode ser determinado na óptica das quantidades e na óptica dos
valores monetários.
O PC constitui um importante instrumento de análise para efectuar estudos de:
-- benchmarking,
--politicas de marketing,
Page 23
Gestão Financeira
--politicas de preço,
-decisões de investimento
O PC permite igualmente determinar a Margem de Segurança, ou seja, a
margem de redução de preços ou de aumento de custos que é possível para
combater a concorrência.
Ponto Crítico das Vendas, em Quantidades <QR
Q= soma Custos Fixos/ (Preço unitário -Custo Variável Unitário)
Q=ΣCF/ (PVu-CVu)
Ponto Crítico das Vendas, em Valores <VR
V=Soma Custos Fixos/ ( (Preço unitário-Custo Variav Unitário) /Preço unitário)
PCV=ΣCF/ [ (PVu-CVu)/PV u]
Ponto critico financeiro <VR
PCF=(ΣCF-Amort-Provis)/[(PVu-CVu)/Pvu]
Ponto CríticoTotal<QR
PCT= (Soma Custos Fixos+Custos financeiros) / ( (Preço Venda Unitário -Custo Var
Unit) /Preço Venda Unitário
PCT= (ΣCF+ΣCfin) / [ (PVu-CVu)/PVu]
Margem de Segurança de actividade
Margem de Segurança da actividade de uma empresa corresponde à margem de
que dispõe para reduzir preços(reduzindo as receitas) ou para aumentar custos(pela
qualidade).
MS=(Valor das Vendas(V)-Ponto Critico das Vendas, em valor( V’))/Ponto
Critico das Vendas, em valor(V’).
MS=(Valor das Vendas(PV)-Ponto Critico das Vendas, em valor( V)/Ponto
Critico das Vendas, em valor(V)
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Gestão Financeira
MS=[(V-PCV)/PCV](%)>20%
Ou
CF
PV- [-------------------------]
PVu-CVu)/PVu
MS= --------------------------------------(%)
CF
[-------------------------]
(PVu-CVu)/Pvu
Opções de gestão face a MS elevada:
Redução do valor das vendas, com redução de preços
Aumento dos custos fixos(novos investimentos)
Aumento dos custos variáveis(qualidade, tecnologia)
Aplicação dos PC
Calcular e avaliar os vários PC e respectivas Margens de Segurança para
empresa Portucel, com base nos seus Balanços e Dem. Resultados, de 2008 a 2010, para
niveis de actividade de 1,5;1,3 e 1,4 milhões de ton, respectivamente
Metodologia:
Seleccionar cada fórmula a aplicar
Classificar CV e CF e Ganhos(V)
Aplicar as fórmulas para cada ano
Representar graficamente cada resultado para cada ano
Comentar resultados
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Gestão Financeira
Ponto critico em quantidades(M Ton)<QR
Q=ΣCF/ (PVu-CVu)
Ponto Critico em Valor(M €)<VR
PCV=ΣCF/ [ (PVu-CVu)/PV u]
Ponto critico financeiro(M€)<VR
PCF=(ΣCF-Amort-Provis)/[(PVu-CVu)/PV u]
Ponto Critico Total(M€)<VR
PCT= (ΣCF+ΣCfin) / [ (PVu-CVu)/Pvu]
CF
V- [-------------------------]
(PVu-CVu)/PVu
MS= -------------------------------------------------(%)
CF
[-------------------------]
(PVu-CVu)/PV u
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Gestão Financeira
2.5.Método de avaliação Financeira aplicando rácios, A Solvabilidade, a Rentabilidade e o crescimento sustentado, Metódo dos Rácios. Análise económica e financeira
O método de avaliação da situação e da gestão económica e financeira de
uma empresa utilizando rácios, constitui um valioso instrumento objectivo de apoio
à decisão financeira.
Do ilimitado número de rácios que é possível definir para avaliar qualquer
empresa, importa considerar a sua classificação segundo as principais áreas da
gestão da empresa, com efeitos na sua relação com o meio envolvente externo .
Áreas de avaliação económica e financeira
1)-RENDIBILIDADE SOCIAL
2)-MERCADO DE CAPITAIS
3)-RENDIBILIDADE ECONÓMICA E FINANCEIRA
4)-GESTÃO OPERACIONAL
5)-FINANCIAMENTO
6)-FORNECEDORES E CLIENTES
7)-ESTRUTURA TECNOLOGICA
9)-GRAU DE INTERNACIONALIZAÇÃO
RENDIBILIDADE SOCIAL
Rendibilidade Social (RS)(Máximo)
RS=Valor Acrescentado Bruto/ Imobilizado total Liquido
VAB=Vendas+Trab.para empresa+ Subsidios Exploração-Cmvmc=V-CMVMC
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Gestão Financeira
RS n= Vn-CMVMC n/ACTn/COR n
MERCADO DE CAPITAIS Price Earnings Ratio(PER)(Minimo)
PER=(Cot n)/Res Liq por acção
PER n=COTn/(RLn/n.º Acç CS) (Anos)
Rendibilidade por Acção(RA )(Maximo)
RA=Resultados líquidos/Cotação de uma acção
RA n=RL n/COT. n (%)
Rendibilidade Directa dos Accionistas (RDA)(Máximo) RDA= percentagem dos lucros distribuídos
RDA n=DIV n/RL n (%)
Rendibilidade directa da cotação (RDA)(Máx) RDA=Dividendo por acção/Cotação
RDn =DIV n/COT n(%)
Lucro por acção (LAC)(Max) LAC= Res líquidos/número acções da empresa
LAC n=RL n/N.º ACÇÕES n(Val monetário)
Taxa de capitalização(TCB)(Max) TCB=Res liquido/Valor empresa em Bolsa
TCB n= RL n/VAL BOLS n(%)
Valor contabilístico de cada acção (VCA) (Max)VCA= Capital próprio/número acções
VCA n=CP n/N.ACÇ n(Valor monetário)
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Gestão Financeira
RENDIBILIDADE ECONÓMICA E FINANCEIRA
Rendibilidade dos capitais próprios (RCP) ou Return on Equity, ou
rendibilidade integrada(Max). RCP=RL/Capital próprio
RCP n= RL n/CP n (%)
Rendibilidade das Vendas(RVN) (Max) RVN=Res líquidos n/Vendas n
RVN n= RL n/V n (%)
Rendibilidade do Activo(RDA)(Max)RDA= Resultados antes encargos financeiros /Activo
RDA n= RAEF n/[[(ACT n+ACT (n-1)/2] (%)
GESTÃO OPERACIONAL
Margem de segurança nível actividade (MS s)(>20%)
MS n=[(Vn-PCVn)/PCVn](%)
Gestão de stocks(GST)(Minimo técnico)
GST =[[Invent n+ Invent (n-1)]/2]/Cmvmc n
GST n=[[INVENT n+INVENT(n-1)]/2]/CMVMC n (%)
Rotação de Stocks (RST)(Minimo tecn) RST =[[Invent n+ Invent (n-1)]/2]/VENDAS n
RST n=[[INVENT n+INVENT(n-1)]/2]/V n (%)
Rotação do activo(ROTA) (Max)ROTA=Vendas/[(Act n+Act n-1)/2]
ROTA n= V n/[(ACT n+ACT n-1)/2] (%)
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Gestão Financeira
Rotação de existências (ROTX) (Max) ROTX=Vendas/[(Invent n+Invent n-1)/2]
ROTX n= Vn/[(INVENT n+ INVENT n-1)/2] (%)
Rendibilidade da Margem Exploração (RMX) (Max) RMX=RE n/VENDAS n
RMX n =RE n/Vn (%)
Rendibilidade do activo de exploração(RAX) (Max) RAX n=Res Exploração/Activo líquido Total.
RAX n= RE n/ACTL n (%)
FINANCIAMENTO
Estrutura do endividamento (END) (Min) END=Capitais Alheios C Prazo/Passivo total
END n=PASS COR n/PASS n
liquidez geral(LG)(Max,>1) LG=ACT corr n/PAS CORR n
LG n=ACT CORR n/PASS CORR n
Liquidez Reduzida(LR)(Max,>1) LIQ RED =(ACT CORR-INVENT)/PASS COR
LR n=(ACT COR n-INVENT n)/PASS COR n
Liquidez imediata (LI)(Max,>1)LI=(dep bank+Caixa+tit negoc)/PASS cor
LI= (BKn+CXn+TIT NEGn)/PASS CORn
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Gestão Financeira
Capacidade de Endividamento (GE)(Max,>0,5): CEn=CP n/CP+PASS n
Ratio de estrutura(Debt on Equity)(EST)(Minimo) EST=Passivo não corrente/Capital próprio
ESTn=PAS ñ cor/CP n
Solvabilidade(SV)(Máximo) SV n=CPn /PASS n
SV n= CP n/(PAS n/COR n+PAS COR n )
Endividamento a medio longo prazo(ELP)(Minimo) ELP=PASS n/cor/Capitais Próprios
ELP n =PAS n/COR n/CP n
Estrutura de endividamento(EED)(Min) EED= Passivo corr/Passivo total
EED n=PAS COR n/PAS T n
Cobertura de Custos financeiros(CCF) (Max)CCF=Resultados de Exploração/Custos Financeiros
CCF n= RE n/ C FIN n
Imobilização dos capitais Permanentes (ICP) deve ser> 1, ou seja, ICP=Cap Perman/Imobiliz liquido
ICP n= (CP n+PAS n/CORn) /ACT nCOR n
Autonomia Financeira (Máximo):
AFn=CPn/ACT n
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Gestão Financeira
FORNECEDORES E CLIENTES
Prazo de Cobranças de clientes(PZC) (Min)PZC=[(ACT COR(clientes)/Vendas)]*360d
PZC=(ACT COR CLIEN n/V n)*360d
Prazo de Pagamento a Fornecedores(PPF)(Max) PPF=PASS COR FORN/(CMVMC+FORNE SERV EXT)*360 DIAS
PPF n=[PAS COR FORNED n/(MVMC n+FSE n)]*360 dias
ESTRUTURA TECNOLOGICA
Estrutura tecnológica (ET)(Min.) ET= Custos com pessoal/Custos totais
ET n= CUSTOS PESS n/CUSTOS TOT n
Produtividade do Trabalho (PTR)(Max) PTR=Vendas/número trabalhadores
PTR n= V n/ N TRAB n (un.monet.)
GRAU DE INTERNACIONALIZAÇÃO
Vendas Internacionais(VX) (Max) VX n=Vendas merc externos/Vendas totais
VX n= EXP n/ V n(%)
Grau de Trocas Internacionais(GTI)(Max)GTI= Exportações/Importações
GTI=EXP n/ IMP n(%)
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Gestão Financeira
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Gestão Financeira
Rácio de Índice Integrado (RII)
Calculados os valores dos vários rácios é possível analisar a situação
representada por cada rácio e, finalmente, criar um índice integrado de rácios, a partir
dos vários grupos de análise, de modo a obter um referencial com o máximo de 100% e
o mínimo de 0.
ÁREAS DE GESTÃO PONDER RÁCIOS(a)
1)-RENDIBILIDADE SOCIAL 5% 100%
2)-MERCADO DE CAPITAIS 10% 100%
3)-RENDIBILIDADE ECONOMICA E FINANCEIRA 20% 100%
4)-GESTÃO OPERACIONAL 5% 100%
5)-FINANCIAMENTO 15% 100%
6)-FORNECEDORES E CLIENTES 10% 100%
7)-ESTRUTURA TECNOLOGICA 15% 100%9)-GRAU DE INTERNACIONALIZAÇÃO 20% 100%
100% 100%(a) Por exemplo, considerando a percentagem resultante da relaçãoentre os racios com resultados favoraiveis e o total dos racios da area de gestão
HIPOTESE 1
ÁREAS DE GESTÃO PONDER RÁCIOS(a)
1)-RENDIBILIDADE SOCIAL 5% 0%
2)-MERCADO DE CAPITAIS 10% 50%
3)-RENDIBILIDADE ECONOMICA E FINANCEIRA 20% 60%
4)-GESTÃO OPERACIONAL 5% 30%
5)-FINANCIAMENTO 15% 50%
6)-FORNECEDORES E CLIENTES 10% 80%
7)-ESTRUTURA TECNOLOGICA 15% 40%
9)-GRAU DE INTERNACIONALIZAÇÃO 20% 100%
100% 60%(a) Por exemplo, considerando a percentagem resultante da relaçãoentre os racios com resultados favoraiveis e o total dos racios da area de gestão
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Gestão Financeira
EXERCICIO SOBRE RACIO INTEGRADO PORTUCEL 2010
Objectivo: calcular o RII (Rácio Índice Integrado) para a Portucel , em 2010,
com vista a uma nova estratégia da empresa para 2011.
Metodologia:
Definir as áreas de análise
Determinar a ponderação de cada área, cuja soma é de 100%
Definir os rácios a aplicar
Definir o objectivo mínimo para cada rácio
Calcular o valor de cada rácio
Calcular, para cada área o grau de objectivos atingido
Calcular o RII.
Possíveis decisões para 2011
MERCADO DE CAPITAIS-15%
RENDIBILIDADE ECONÓMICA E FINANCEIRA-50%
FINANCIAMENTO-15%
ESTRUTURA TECNOLOGICA-20%
1. MERCADO DE CAPITAIS
Price Earnings Ratio(PER)(Minimo)(< 5 anos) PER=(Cot n)/Res Liq por acção
PER n=COTn/(RLn/n.º Acç CS) (Anos)
Taxa de capitalização(TCB)(Max)(>10%) TCB=Res liquido/Valor empresa em Bolsa
TCB n= RL n/VAL BOLS n(%)
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Gestão Financeira
2. RENDIBILIDADE ECONÓMICA E FINANCEIRA
Rendibilidade dos capitais próprios (RCP) ou Return on Equity, ou rendibilidade integrada(Max)(>10%),RCP=RL/Capital próprio
RCP n= RL n/CP n (%)
Rendibilidade das Vendas(RVN) (Max), RVN=Res líquidos n/Vendas n
RVN n= RL n/V n (%)
3. FINACIAMENTO
Capacidade de Endividamento (GE)(Max,>0,5):
CEn=CP n/CP+PASS n
Autonomia Financeira (Máximo) (>0,5):
AFn=CPn/ACT n
4. ESTRUTURA TECNOLOGICA
Estrutura tecnológica (ET)(Min.)(<15%), ET= Custos com pessoal/Custos totais
ET n= CUSTOS PESS n/CUSTOS TOT n
Produtividade do Trabalho (PTR)(Max)(1M €), PTR=Vendas/número trabalhadores
PTR n= V n/ N TRAB n (un.monet.)
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Gestão Financeira
2.6.O Planeamento financeiro
Conceito:
O planeamento financeiro de uma empresa consiste na adopção de um conjunto
de políticas com expressão financeira, que podem abranger Planeamento a Curto Prazo
(Tesouraria) e o Planeamento a Médio e Longo Prazo (investimentos), em aplicação de
uma opção estratégica.
2.6.1.Políticas financeirasInstrumentos da opção estratégica financeira de uma empresa, compreendendo:
Política de desenvolvimento: corresponde às decisões de investimento, com
efeitos no activo e no nível de actividade de uma empresa;
Política das amortizações: destinando-se a amortização do activo fixa à
correcção fiscal e ao financiamento de investimentos de substituição, o
método de amortização anual de cada bem do activo não corrente , deve
considerar os aspectos tecnológico,legal, de desvalorização da moeda
(inflação);
Política de distribuição de dividendos: corresponde à decisão do Conselho
de Administração de uma empresa, depois da aprovação pela Assembleia
Geral, de distribuir pelos accionistas uma parte dos resultados líquidos da
empresa. Produz efeitos nas disponibilidades financeiras, na posição dos
accionistas sobre as cotações da empresa e na sua visibilidade externa
Política da transformação do capital social: corresponde a decisões de
aumento de capital social , por incorporação de reservas, ou por reforço do
capital social, para equilibrar os capitais permanentes, com entrada de meios
financeiros pagos pelos accionistas;
Política dos limites de endividamento: sempre que uma empresa estabelece
limites do nível de endividamento, através da fixação do valor dos rácios
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Gestão Financeira
correspondentes, deverá assegurar a optimização dos activos,a elevada
remuneração dos capitais próprios da empresa,a sustentabilidade do
financiamento através de aumentos de capital social.
2.6.2.Plano financeiro
Corresponde ao registo dos efeitos de todas as decisões financeiras resultantes
das políticas adoptadas, para um longo período, através dos documentos previsionais
de carácter económico e financeiro, designados por Balanços e Demonstrações de
Resultados previsionais, com aplicação dos correspondentes rácios-objectivo.
3. O MÉTODO ORÇAMENTAL
Conceito:
O método orçamental corresponde à elaboração de documentos económicos e
financeiros de uma empresa, em aplicação das suas políticas financeiras.
Compreende Balanços, Demonstrações de Resultados e outros documentos de
demonstração financeira, aplicados para cada um dos anos, ou períodos inferiores, até
ao limite temporal fixado na opção estratégica financeira.
O sistema deve ser testado com os principais indicadores integrados de análise
financeira, tais como:
- Grau Combinado de Alavanca (GCA),
- Margem de Segurança (MS)
- Rácio de Índice Integrado(RII)
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Gestão Financeira
Metodologia
Tomar como referência os dados do último ano;
Registar as decisões adoptadas em cada uma das políticas financeiras;
Calcular os efeitos financeiros resultantes da aplicação de cada uma das
políticas;
Registar os dados financeiros no Balanço Previsional em cada um dos anos do
planeamento;
Registar os dados financeiros na Demonstração de Resultados Previsional;
Calcular as necessidade de financiamento através dos fundos de maneio
previsionais;
Aplicar os Indiciadores integrados para cada ano (pelo menos ao nível de GCA,
MS e RII).
Controlo orçamental
Os dados previsionais devem ser submetidos a processos de controlo automático
e permanente, podendo, no caso de grave incumprimento de algum dos objectivo
estabelecidos, ser refeito o processo de planeamento financeiro.
Exercício -Planeamento Financeiro para a Portucel, de 2011 a 2014:
Considerar os seguintes dados da empresa:
Balanço e a Demonstração de Resultados de 2010(Anexo 6) ;
As decisões de politicas financeiras a seguir indicadas, para 2011 a 2014:
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GF ANEXO 06SNC-BALANÇO-EMPRESA:Portucel,S.A. Milhões euros
RUBRICAS BASE PREVISIONAL
ACTIVO 2010(Estim) 2011 1012 2013 2014
1- Activo n/corrente 2141 0 0 0 0
-Activos fixos (tangiveis e intangíveis) 1621
-Activos biologicos n/correntes 114
-Goodwill 380
-Participações fianceiras 3
-Outros activos n/corrrentes 23
2-Activo Corrente 484 0 0 0 0
-Inventario (existências) 161 -Activos Biologicos corr. 1
-Créditos a clientes 200
-Adiantamentos a fornecedores 4
-Estadoe outros entes pub(cred) 50
-Outras contas a receber 4
-Outros activos correntes 1
-Caixa e Bancos 63
3-TOTAL DO ACTIVO 2625 0 0 0 0
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Gestão Financeira
SNC-DEM.RESULT-EMPRESA:Portucel,S.A. Milhões euros
Class BASE PREVISIONAL
RENDIMENTOS E GASTOS 2010(Estim) 2011 2012 2013 2014
Vendas e serviços prestados V + 1176Subsidios à exploração V + 26Ganhos/perdas associadas V +/- 5Variação de inventarios da prod. V +/- -5Trabalhos para a prop entidade V - 2Outros rend ganhos V + 53Custos das matr vendi e consum CV - -300Forn e serv externos CF - -40Gastos com pessoal CF - -110Imparid.de inventarios e dividas CF +/- -500Provisões CF - -30Imparid. de invest. n/amortiz CF +/- 28Aumentos/deduç justo valor CF +/- -10Outros gastos e perdas CF - -10
RESULT ANT DEPREC, G FIN E IMP = 285 0 0 0 0Amortizações CF - -110Imparidades bens amortizaveis CF +/- 0
RES.OPER.(Ant gasto fianc e Imp) = 175 0 0 0 0Juros obtidos Cfin + 3Jurois suportados Cfin - -20
RES.ANT IMPOSTOS S/LUCROS = 158 0 0 0 0
Imposto sobre o rendimento(IRC) - -38
RES LIQ DO PERÍODO = 120 0 0 0 0Teste1: RL Bal-RL Dem Result 0 0 0 0 0
Fonte: Quadros do SNC e Relatorio e Contas Consolidadas da Portucel, 2010-1.º Semestre
POLÍTICAS FINANCEIRAS-2011-2014:
(1)Aumentar capital social em 300 milhões acções, valor nominal 1 €, com preço
emissão 0 ,5€/acção
(2)-Investir em tecnologia 450 milhões euros, a amortizar em 7%/ano, em DR, e a
transitar para Activo
(3) Reduzir efectivos pessoal em 20%, com indm de 1,5 anos e aumentar salarios
5%/ano anos seguintes
(4)-Reduzir CV em 10%, por efeitos modernização processo
produtivo(investi.tecnológio)
(5) Aumentar vendas residualmente em 1%/ano, por aumento qualidade
(6)-Assumir a fiscalidade de IRC= 25% RAI
(7)-Calcular RL em DR, que são assumidos automaticamente pelo Bal-Cap Próprio.
(8) Acertar Balanço em Passivo não corrente e em Caixa-Bancos
(9)-Considerar que os financiamentos bancários custam 3% ao ano
(10)-Considerar que a nova cotação Bolsista =[(N.ºAcç/(N.ºAcç+Aum Cap)]*COTo)
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Gestão Financeira
DIAGNOSTICO RESUMO 2010(Est) 2011 1012 2013 2014
MS (>20%) 22% 21% 26% 27% 28%
GCA(PROXIMO DE 1) 6,06 6,29 4,85 4,63 4,54
RII(OBJECTIVO =100%) 50% 25% 50% 50% 50%
CONCLUSÃO
As politicas financeiras adoptadas pela Portucel produziram efeitos positivos na
Margem de Segurança e no Grau Combinado de Alavanca.
Mas as politicas adoptadas não alteraram o quadro integrado de rácios(RII)
Estas politicas deveriam ser articuladas com outras medidas, de modo a ultrapassar as
dificuldades traduzidas por RII, nomeada,mente reduzindo mais custos para aumentar os RL.
4. O CUSTO DO CAPITAL DA EMPRESA
4.1.Conceito de investimento
Investimento:
-Aplicação de recursos escassos, na expectativa de maximizar a riqueza de uma empresa ou pessoa
-Resultado de uma decisão de um investidor que decide aplicar fundos financeiros assumindo riscos de que previamente calculados
Projecto de investimento:
Plano de intenções de realizar um investimento. Processo escrito completo,
operacional, estratégico e financeiro demonstrativo da oportunidade, da exequibilidade
e da rendibilidade dos recursos escassos a aplicar.
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Gestão Financeira
Tipologia dos investimentos
Por sectores (Agrícolas, Industriais, Comerciais, dos Serviços)
Por tipo de investidor (Projectos privados, Projectos públicos, Projectos
nacionais, projectos internacionais)
Por actividade produtiva:
-Directamente produtivos -originam bens e serviços transaccionáveis no
mercado;-
-Indirectamente produtivos -actividade de suporte às actividades produtivas;
-Sociais- actividades não produtivas mas de apoio, como infra-estruturais.
Finalidade institucional (Reposição ou substituição;
Modernização/racionalização; Expansão; diversificação/inovação; Estratégico,
com elevado potencial tecnológico)
Inter-relacionados (Independentes-um projecto não depende de outro;
Dependentes-mutuamente exclusivos-aceitar implica rejeitar outro;Dependentes-
complementares, em que a implantação de um projecto implica a implementação
de outro).
4.2.O cash-flow
Conceitos:
Cash Flow (CF), ou em Português, aproximadamente Fluxo de Caixa, aplicado a
um investimento, corresponde aos fluxos líquidos, em numerário, gerados pela
exploração do projecto.
Assim, os recebimentos e os pagamentos efectivos em numerário são os registos
relevantes para o CF
O conceito de CF é desagregável em:
CF de Investimento
CFde exploração
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Gestão Financeira
CF de investimento=Investimento em Capital Fixo+Fundo de Maneio-Valor
Residual do Investimento,
CF Investimento= (somatório das saídas efectivas de numerário para adquirir
todos os equipamentos, serviços, edifícios, etc., necessários à realização do
investimento) +Fundo de maneio;
VR- valor associado à extinção do projecto (situado entre o valor de mercado e o
activo não amortizado no período de vida económica do projecto;
CF de Exploração=Resultados Líquidos de exploração+Amortiz do
Exercício+Provisões do Exercício+Encargos financeiros;
CF de Exploração =Receitas geradas pela exploração do projecto-despesas
relacionadas com produção, consumos, serviços esterno, impostos, despesas com
pessoas, outras despesas, amortizações, provisões, encargos financeiros, impostos
sobre lucros;
CF líquido do projecto=CF de Exploração-CF de Investimento
Processo de cálculo:
O processo prático directo de determinação dos fluxos financeiros
necessários à avaliação de um projecto de investimento consiste em:
Elaboração de um Balaço , de uma Demonstração de Resultados e da
Demonstração dos Fluxos de Caixa previsionais, de acordo com as normas
contabilísticas em vigor, associados à realização e à exploração do investimento.
Determinação a partir dos dados anteriores do CF de Investimento, do CF de
Exploração e CF liquido do projecto de investimento
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Gestão Financeira
Na determinação do Valor Residual, ter em conta a parte do imobilizado a
investir ainda não amortizado, comparado com o valor de mercado dos
equipamentos, edifícios, etc., do investimento no final do período estabelecido
como vida económica do projecto.
Projectos privados versus projectos públicos
É possível aplicar o mesmo método para estabelecer a Demonstração de
Resultados de um projecto público como num projecto privado?
Se os custos/gastos e os proveitos/ganhos obedecem aos mesmos princípios,
os proveitos/ganhos ou receitas como são quantificados?
O projecto privado, ainda que tenha efeitos para a sociedade e para a economia,
é sempre quantificável, por envolver a necessidade de quantificação de toda a produção,
a armazenagem, a distribuição, a venda, etc., todos relevantes para os interesses do
investidor.
O projecto público, emergindo de decisões e de estratégias politicas e
destinando-se a resolver problemas que o mercado não resolve (teoricamente, falhas de
mercado), tem efeitos para a sociedade e para a economia que não são directamente
quantificáveis com rigor.
4.3.O VAL , a TIR, o IR o Payback
A quantificação de dados
São dados técnicos e a sua expressão fumaceira, relativos ao investimento, aos
custos de exploração, aos ganhos de exploração, ao valor residual do investimento
Exige que o seu registo seja reportado ao momento em que ocorre, de acordo
com a opção preços correntes ou preços constantes.
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Gestão Financeira
Configuração dos dados:
Limite temporal, previamente fixado para a analise do projecto, designado
PERIODO DE VIDA ECONOMICA DO PROJECTO (N), com inicio no momento da
analise (Ano Zero).
Dados do investimento, em condições de poder assumir a forma de Balanço
Previsional, de 0 a N e constituir uma série temporal de valores igualmente de 0 a N,
sob a forma: Io,I1,I2,I3,..In…IN, ou seja a série In.
Dados de exploração do investimento, para cada um dos anos de 0 a N, relacionando
custos (gastos) e proveitos (ganhos) que permitam agrupa-los sob a forma de
Demonstração de Resultados Previsionais com a correspondente determinação do
Cash Flow de exploração anual, que constitua a serie de valores seguinte:
CFo,CF1,CF2,…CFn,…CFN, ou seja, a série CFn
Dados relativos ao valor residual do investimento no final do período de vida
económico (N), correspondente a valor situado entre preço previsível de mercado e o
valor do Investimento não amortizado desde do ano 0 ao ano N, sob a forma: VRn.
Determinação de Taxa de Actualização/correcção financeira dos dados, designada
matematicamente por “i” a utilizar em todo o período de 0 a N, podendo ser
constante ou diferenciada, mas sempre sustentada numa prévia avaliação do risco
associado ao projecto, da rendibilidade real pretendida para o investimento e da
inflação considerada nos dados do Investimento e da sua exploração.
Valor Residual
Por tipo de recursos técnicos investidos
Localizado no tempo, eventualmente depois do ano N
Enquadrado nas amortizações acumuladas e no valor de mercado
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Gestão Financeira
Quadro resumo
QUADRO RESUMO DOS FLUXOS FINANCEIROS
PROJECTO DE INVESTIMENTO EM… Mil euros
VARIAVEIS 2010 2011 2012 … N
Indice temporal(n) 0 1 2 … nCusto do investimento (In) Io I1 I2 … InCash Flow exploração(CFn) Cfo CF1 Cf2 … CFnVarlor Residual do Inv(VRn) - - - - VRnTaxa de actualização (i) i i i … i
4.3.1.VAL- Valor Actualizado LiquidoConceitos:
Corresponde ao somatório dos recursos financeiros libertos durante a fase de
exploração do investimento, deduzidos dos custos do investimento, ambos
actualizados à taxa previamente.
Pode ser designado por VAL (Valor Actual Liquido ou Valor Actualizado
Liquido) ou por VLA (Valor Liquido Actualizado)
De entre vários projectos é mais rentável o que apresentar maior valor do VAL e
este deverá ser positivo para que o projecto seja rentável.
O VAL não permite comparar projectos de duração de vida económica e de
valores de investimento diferentes
O VAL é altamente influenciado pelo valor da Taxa de Actualização (i), sendo
decrescente quanto maior for o valor de (i)
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Gestão Financeira
Método financeiro de cálculo do VAL
Considerar as séries de valores In, CFn e VRn
Proceder à correcção financeira das séries In, CFn e VRn, coma Taxa de
Actualização (i), em percentagem.
Nessa correcção financeira considerar que In resulta de fluxos negativos do
projecto e que CFn e VRn resultam de fluxos positivos do projecto.
Assim, o valor de VAL corresponde a :VAL, à taxa i, é igual ao somatório de
CFn, actualizado à taxa i, mais o somatório do VRn, actualizado à taxa i ,
deduzido do somatório do investimento, actualizada à taxa i .
O VAL é assim apresentado sob a forma de unidades monetárias
No processo de actualização financeira utiliza-se a expressão V=Vn/[(1+i)^n]
=Vn*[(1+i)^-n
VAL(i) = -[ΣIn(1+i)^-n] + [ΣCFn(1+i)^-n] + [ΣVRn(1+i)^-n]
Sensibilidade do VAL aos valores dos componentes
O VAL é sensível a todas as variações dos seus componentes :
Componentes variação efeitos em VAL
I +/- -I+
CF +/- +/-
VR +/- +/-
i +/- -/+
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Gestão Financeira
4.3.2.TIR-TAXA INTERNA DE RENDIBILIDADEConceitos:
A Taxa Interna de Rendibilidade é a taxa mais elevada que um investidor pode
pagar pelo financiamento integral de um projecto, sem desequilibrar o investimento.
Corresponde à taxa de actualização que anula o VLA do investimento.
Como condição para que um projecto seja rentável e exequível, é necessário que
a TIR seja mais elevada do que a taxa de actualização.
A TIR é um indicador complementar do VLA, dado que cada um dos
indicadores traduz situações diferentes do projecto:
A TIR é única, em termos práticos
O VLA assumirá tantos valores quantos os valores da taxa de actualização
fixada.
A TIR é uma taxa de ponto de equilíbrio, aquela em que os Cash Flow do
investimento igualam os Cash Flow de exploração do investimento.
Método de cálculo do valor da TIR
O calculo matemático do valor da TIR, designada “t” exigiria a resolução de um
polinómio de grau N , ou seja:
C.(1+t)^0+c.(1+t)^1+…+c.(1+t)^n+…+c.(1+t)^N=0
Sendo N o limite máximo do período de vida económico do projecto e t=TIR
TIR=t=>VLA(t) =0,
ou seja
TIR= -[ΣIn(1+t)^-n] + [ΣCFn(1+t)^-n] + [ΣVRn(1+t)^-n]=0
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Gestão Financeira
Porém, a resolução deste polinómio não é prática. Mas o que se pretende ao
calcular?
O valor de uma taxa(TIR ) em função de vários conjuntos de dados , todos
previsionais,
Na condição de se verificar o principio de VLA(t) =+/-0
Assim, por interpolação, é possível determinar o valor aproximado de t:
Calcula-se um VLA1(t1) positivo e um VLA2(t2) negativo
TIR=t1+[(t2-t1)*VLA1]/(VLA1-VLA2)
Outro método de cálculo da TIR consiste em sucessivas tentativas de
aproximação, numa simples folha em Excel, com fórmulas automáticas do VLA(t), que
permite rápida e facilmente localizar o valor aproximado da TIR, para um VLA(t) muito
próximo de zero.
Observações sobre a TIR
A TIR não é sensível a variações da taxa de actualização (i), porque o papel
de (t) é, matematicamente, equivalente ao de (i).
A TIR, medindo uma taxa máxima comportável pelo projecto, poderá ser
aplicada a projectos de vida económica e de custos do investimento diferentes, mas deve
ser complementada com outros indicadores, como o Índice de Rendibilidade e o VLA.
4.3.3.IR-INDICE DE RENDIBILIDADEConceitos:
Índice de Rendibilidade é um indicador que mede a capacidade geradora de
resultados líquidos por cada unidade de investimento gasta, sendo todos os dados
actualizados à taxa de actualização (i).Designa-se por IR(i).
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Gestão Financeira
IR(i) deve assumir a forma matemática de Índice tendo por base 100 o valor
que se obtém quando os fluxos de exploração do projecto são iguais ao valor do
investimento, isto é, quando a
[ Soma CFn(1+i)^-n]+[soma de VRn(1+i)^-n]=Soma In(1+i)^-n.
Como indicador de avaliação de projectos de investimento, IR(i) deve
assumir um valor maior do que 100 para que o projecto seja rentável.
No processo de actualização conducente ao calculo do valor do IR(i) a taxa de
actualização (i) é obrigatoriamente a mesma que tenha sido fixada para qualquer
processo de actualização do projecto, nomeadamente quanto a poder ser constante ou
diferenciada ao longo da vida do projecto.
Processo de cálculo
Se IR(i) mede a relação entre resultados e custos de investimento, recordando
a expressão de VAL(i)=-Som In(1+i)^-n +Som CFn(1+i)^-n+Som VRn(1+i)^-n, resulta
que:
IR(i)={[SomCFn(1+i)^-n]+[SomVRn(1+i)^-n]}/[SomIn(1+i)^-n] *100
Para que um projecto seja rentável, exequível, realizável, é necessário que
IR(i) do projecto seja >100.
Observações sobre o IR(i)
O IR(i) é um importante instrumento complementar do VLA, na medida em
que este mede os resultados globais actualizados do projecto e aquele mede os
resultados obtidos por cada unidade monetária investida.
O IR(i) é um importante instrumento para hierarquizar projectos com valores
de investimento e períodos de vida económica diferentes
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Gestão Financeira
O IR(i), traduzindo uma relação entre resultados obtidos e investimento
necessário, corresponde ao rácio ROI (Return of Investimento).
IR(i) sendo uma relação entre várias grandezas financeiras, corresponde a um
Rácio que avalia “benefício-custo”, dado que relaciona benefícios globais líquidos com
custos do investimento.
IR(i) é sensível ao valor da taxa de actualização (i), sendo menor quanto
maior for (i).
Quando VLA(i) < o, IR(i) <100
Quando VLA(i) >o, IR(i)>100
Quando VLA(i)=0,IR(i) =100
4.3.4.PB-PAY BACK PERIOD
Conceito:
Pay Back Período (PB) ou Período de Recuperação do Investimento (PR) é um
instrumento de avaliação do número de anos que é necessário para recuperar os capitais
investidos.
O PB está directamente associado aos fluxos financeiros do projecto de
investimento gerados durante o período de vida económica do projecto.
O PB pode ser apresentado sob várias ópticas, nomeadamente com base em
fluxos médios de caixa, em fluxos contínuos, em valores não actualizados e em valores
actualizados.
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Gestão Financeira
Metodologia
Pay Back Médio (PBM), associando o valor do investimento total ao valor médio
dos Cash Flow.
PBM=ΣIn/ [Σ(CFn+VRn)/N]
Pay Back Médio Actualizado (PBMA) -produz efeitos mais realistas do que o Pay
Back Médio, porque considera todos os fluxos financeiros actualizados:
PBMA= [ΣIn (1+i) ^-n] / [Σ(CFn+VRn) (1+i) ^-n]
Pay Back Continuo não Actualizado(PBC)Associa a totalidade dos fluxos gerados
pelo projecto, até que a sua soma acumulada seja positiva. O ano em que esse facto
ocorre, corresponde ao ano de recuperação do investimento:
PBC=K=> [Σ(CFn+VRn), com n de 0 a K]> Σin
Pay Back Contínuo Actualizado (PBCA), associa a totalidade dos fluxos gerados
pelo projecto, até que a sua soma acumulada seja positiva, sendo todos os fluxos
actualizados à taxa i. O ano em que esse facto ocorre corresponde ao ano de
recuperação do investimento:
PBCA=K=> [Σ(CFn+VRn) (1+i) ^-n, com n de 0 a K]> ΣIn (1+i) ^-n
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Gestão Financeira
Observações sobre PB
Qualquer dos quatro métodos reflecte o tempo necessário para recuperar o valor
investido.
O método PB, médio e não actualizado, revela duas fragilidades: não é realista
se os CF não são homogéneos e não tem em conta a questão da desvalorização
monetária associada ao tempo.
O método PBCA, por contemplar os aspectos da actualização e da não
homogeneidade dos CF é o método mais adequado à realidade de qualquer projecto.
4.3.5.Actualização financeira e risco
A literatura sobre o temas do risco associado a projectos de investimento não é
consensual sobre qual ou quais são os métodos mais infalíveis para avaliar e minimizar
o risco.
Mas é consensual que o risco é uma realidade e que devem ser tomadas
precauções para reduzir os seus efeitos nos investimentos.
Métodos de avaliação do risco:
Ponto crítico do projecto
Rácios do projecto
Dimensão temporal do projecto
Método empírico geral
4.3.6.Análise da sensibilidade
Baseia-se na formulação de vários cenários sobre a variação das principais
variáveis do projecto.
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Gestão Financeira
Mede os efeitos dessas variações sobre os indicadores de avaliação do projecto
(VLA, TIR, IR, PB).
Analisam-se as tendências estatísticas dos resultados e calcula-se a
probabilidade de ocorrência do cenário que inviabiliza o projecto.
Situa-se na fase posterior a todos os estudos necessários à preparação de uma
proposta quantificada de investimento, fundamentada nas hipóteses que se afiguram
mais prováveis.
Selecciona-se a principal variável do projecto, ou seja, a de maior risco,
mantendo todas as restantes variáveis inalteráveis.
Atribui-se a essa variável vários cenários de variabilidade, pessimista e
optimista, com valores simétricos em relação ao valor de partida.
Refazem-se os cálculos dos valores de todos os indicadores considerados para
aprovar ou rejeitar o projecto
Analisam-se os efeitos de cada cenário de variabilidade da variável escolhida em
cada um dos indicadores de avaliação do projecto.
Se a análise provar que o projecto é sensível a um ou mais cenários de
variabilidade da variável seleccionada, reformular o projecto e recalcular os indicadores
resultantes da nova situação.
4.4.Avaliação de projectos
Metodologia
Calculam-se os valores financeiros necessários para realizar o investimento,
registando-os nos anos em que ocorrem;
Calculam-se os valores financeiros gerados pela exploração do projecto, para
um período de vida económica escoljhido(5-10 anos)
Calcula-se o valor residual do investimento, ou seja, o seu valor no final do
período de análise
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Gestão Financeira
Calcula-se a taxa de actualização a aplicar na correcção financeira dos dados
do projecto
Registam-se os dados financeiros do investimento e da sua exploração em
Balanços e Demonstrações de Resultados Previsionais
Calculam-se os rácios possíveis a partir dos dados do projecto
Calcula-se o valor residual do investimento, ou seja, o seu valor no final do
período de análise
Calcula-se a taxa de actualização a aplicar na correcção financeira dos dados
do projecto
Registam-se os dados financeiros do investimento e da sua exploração em
Balanços e Demonstrações de Resultados Previsionais
Calculam-se os rácios possíveis a partir dos dados do projecto:
VAL>0
TIR> Taxa de actualização fixada
IR>100
PB< número de anos de análise
Maioria dos rácios utilizados sejam favoráveis
O projecto não seja sensível a cenários de ocorrència provavel
Aplicação pratica
Tomam-se o quadro base e as fórmulas a aplicar
Calculam-se os valores
Extrai-se conclusão
QUADRO RESUMO DOS FLUXOS FINANCEIROS
PROJECTO DE INVESTIMENTO EM… Mil euros
VARIAVEIS 2010 2011 2012 … N
Indice temporal(n) 0 1 2 … nCusto do investimento (In) Io I1 I2 … InCash Flow exploração(CFn) Cfo CF1 Cf2 … CFnVarlor Residual do Inv(VRn) - - - - VRnTaxa de actualização (i) i i i … i
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Gestão Financeira
VAL(i) = -[ΣIn(1+i)^-n] + [ΣCFn(1+i)^-n] + [ΣVRn(1+i)^-n]
TIR=t=>VLA(t) =0,
ou seja
TIR= -[ΣIn(1+t)^-n] + [ΣCFn(1+t)^-n] + [ΣVRn(1+t)^-n]=0
IR(i)={[SomCFn(1+i)^-n]+[SomVRn(1+i)^-n]}/[SomIn(1+i)^-n] *100
PBM=ΣIn/ [Σ(CFn+VRn)/N
Exercicio de Projecto de Investimento
Aquisição de 5% das acções(total=769M) da Portucel em 2011, ao valor de
mercado de 2,3 € ,vendidas no final de 2015, ao preço estimado de 3,0€
Considere para calcular os CF o RL(120)+Amort(110)+Prov(30)M€ de 2010,
acrescidos de 2% ao ano;
Considere a taxa de actualiz com rendibilidade sem risco de 5% acrescida de
risco de 3%
Valor do Investimento, em 2011,de 5%*769M*2,3€=88,4M€
Valor dos CF, em 2011=CF empresaX5% =120+110+30)*5%=13,0M€
Valor CF 2012,2013,2014,2015=CF de 2011, acrescido de 2%/ano
=(13,3;13,5;13,8;14,1M€)
Valor Residual (VR)=%*769*2,1€=80,7M€
Taxa de actualização =Rendibilidade sem risco+ risco= 5%+3%=8%
Período de vida económica do projecto = 2011 a 2015=5 anos=> N=5
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Gestão Financeira
Calcular:
-VAL(M€)=
-PB(Anos)=
-IR(Indice)=
-TIR(%)=
Comentar
5. O CUSTO DO CAPITAL DA EMPRESA
5.1.Interpretação do conceito(Tx Actualização e custos de capitais)
Taxa de actualização e custos de capitais
Como vimos anteriormente, a fixação da taxa de actualização (i) depende da
rendibilidade esperada, do risco e da inflação associadas ao projecto.
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Gestão Financeira
Verificámos também que o valor da taxa de actualização influencia directamente
todos os indicadores de avaliação de projectos.
Como sabemos na generalidade dos projectos de investimento são utilizados
capitais do investidor e capitais de terceiros.
5.2.O Custo do capital alheio e o custo do capital próprio do investidor
Custos do capital do investidor
O custo dos capitais do investidor, ainda que possa ser determinado têm uma
forte carga subjectiva, dependendo do risco percebido pelo investidor e de outras
alternativas de remuneração disponíveis.
Os accionistas de uma sociedade anónima ou de uma sociedade por quotas, são
influenciados nas suas decisões de investir:
pelos dividendos que recebem
pelos lucros obtidos;
pela rendibilidade dos capitais próprios da empresa ou do sector onde
pretendem investir.
Assim, podemos estabelecer que, no mínimo, a remuneração esperada por um
investidor, se aproxime do valor histórico da taxa de rendibilidade dos capitais próprios
da empresa ou do sector de actividade correspondente.
Exemplo, a média da rendibilidade dos capitais próprios de alguns sectores,
ponderada com os respectivos capitais, relativa aos anos de 2005 a 2008 é a seguinte:
Sectores 2008 2007 2006 2005 Média
Ind Papel 13% 12% 12% 7% 11%
Comunic 33% 29% 25% 22% 27%
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Gestão Financeira
Assim, um projecto na indústria do papel teria um custo de capitais próprios de
11% ( a incluir na formação de “i”)e um investimento no sector das comunicações teria
um custo de capitais próprios de 27%( a incluir na formação de “i”).
Financiamento do investimento por terceiros
O custo dos capitais alheios corresponde sempre aos custos suportados com todo
o processo de financiamento, nomeadamente juros, taxas e custo das restrições de
financiamento posterior.
Estas taxas são sempre do conhecimento do investidor e do analista do projecto.
Taxa de actualização ponderada com opção de financiamento
A taxa de actualização deve resultar da ponderação dos dois tipos de custos de
financiamento (próprio e alheio) e do peso de cada uma das componentes do
financiamento, ou seja:
i=[1+(Kp*Ip+Kt*It)/In](1+ir)(1+if)-1
Sendo:
Kp=(Média Rendibilidade Capitais Próprios)
Ip= Parcela do investimento financiado por capitais próprios
Kt= Custo Capital de Terceiros , ou seja, (Juros+taxas+encargos)
It= parcela do investimento financiado por terceiros
ir =taxa de prémio de risco do projecto, de base financeira, relacionada com a
probabilidade de falência de empresa por endividamento, e de base económica
relacionada com a situação de desenvolvimento da economia onde se situa a
empresa
if =taxa de inflação esperada para o período em análise
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Gestão Financeira
5.3.Casos práticos
Considerar os seguintes elementos relativos a um investimento industrial na Portucel:
Composição do financiamento: 80% de capitais próprios e 20% de empréstimo
bancário
Custo do capital proprio:valor médio do sector do papel(11%)
Custo do capital de terceiros: custo médio dos capitais de terceiros em
2010(Juros pagos 2010 e passivo médio do ano)=20M€/[(1295+1293)/2]
Risco do sector:3%;Inflação=2%
Os dados financeiros do projecto serão a preços correntes.
Nestas condições , calcule o valor da taxa de actualização i, utilizando o método
de caculo:i=(1+i1)(1+i2)(1+i3)-1,ou seja,
i=[1+(Kp*Ip+Kt*It)/In](1+ir)(1+if)-1
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Gestão Financeira
6. O Relatorio financeiro
6.1.Relatorio Financeiro-Objectivos e destinatários.
Que Relatórios sobre a gestão ?
Balanço Social
Relatório da Sustentabilidade
Relatório de Gestão
Relatórios de auditoria
Relatórios de fiscalização
Relatórios de investigação criminal
6.1.1.Balanço Social
Caracterização anual do factor trabalho da empresa
Obrigatório(Lei 35/2004, de 29 de Junho, para empresa com mais de 100
trabalhadores, a preparar até 31 Março N+1
A entregar ao Ministério do Trabalho até 15 de Maio N+1
Tópicos do relatório, para além da total identificação:
EMPREGO
CUSTOS COM PESSOAL
HIGIENE E SEGURANÇA
FORMAÇÃO PROFISSIONAL
PROTECÇÃO SOCIAL COMPLEMENTAR
6.1.2.Relatório da Sustentabilidade
Definição : é um relatório anual, ainda não generalizado, da responsabilidade dos
Gestores da Empresas, relativo ao seu desempenho social, económico , da qualidade,
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Gestão Financeira
do ambiente, enquadrado pelo CONSELHO EMPRESARIAL PARA O
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL( cerca de 100 grandes empresas)
Destinatários : entidades públicas de supervisão e tutela jurídica
Efeitos : permite estabelecer a ponte entre o relatório de gestão, o balanço e social e
as praticas da empresa
Interessados : investidores, entidades públicas, analistas, clientes, fornecedores,
trabalhadores.
6.1.3.Relatórios de Gestão
Periodicidade : anual para todas as empresas; anual e trimestral para cotadas nas
Bolsas
Designação : Relatório e Contas
Caracterização : sobre os aspectos mais relevantes da gestão, dos insucessos e
insucessos, sobre os resultados financeiros obtidos;
Quem prepara ?-Decisores da empresa
Quem aprova ?-Proprietarios da empresa (sócios, accionistas), ao nível
anual.Decisores, ao nível trimestral
Suporte quantificado : resultados da gestão- Demonstração dos Resultados(Os
proveitos, os Custos e os lucros ou prejuízos); Balanço( registo da situação
patrimonial , parcela auto-sustentada -Capital próprio e parcela externa-Passivos)
Destinatários: investidores, clientes, concorrentes, fornecedores, trabalhadores,
investigadores, entidades públicas, supervisores, comunicação social, organismos
internacionais,
Divulgaçã o: nas PMEs de acesso difícil. Nas grandes empresas o Marketing obrigou
a associar esta informação à Imagem, através da internet
Consolidação : para grupos financeiros , contas e relatório
Prática mundial : informação complexa, falta de objectividade, omissão de
situações, informação financeira não perceptível pela maioria dos cidadãos,
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Gestão Financeira
6.1.4.Relatórios de auditoria
Definição : relatos efectuados por entidades externas, impostas por entidades públicas
ou supervisores, que pela sua grande visibilidade exigem responsabilidade dos seus
autores, pelo que são de elevada qualidade técnica.
Efeitos : produzem sempre efeitos na esfera dos decisores envolvidos, conduzindo a
mudanças de práticas e a eventuais penalizações financeiras, pessoas, profissionais
e criminais.
Divulgação : muito restrita, mas com divulgações parciais, ilegais, pela
Comunicação Social.
Fiabilidade : pelo seu mediatismo, a sua fiabilidade é muito elevada, aumentando o
prestigio empresarial dos auditores.Mas omitiram o caso MADOF nos USA.
6.1.5.Relatórios de fiscalização
Definição : Pareceres de acompanhamento da gestão, emitidos pelos órgãos de
fiscalização das sociedades, eleitos pelos proprietários das empresas
Efeitos : muito reduzidos, ainda que sejam obrigatoriamente incluídos no
relatório anual de gestão
Divulgação : geral, por serem incluídos nos relatórios e contas
6.1.6.Relatórios de Investigação Criminal
Definição: relatos de investigação de actos ou situações susceptíveis de serem
consideradas crime ou ilegalidade, desenvolvidas por entidades especializadas
sobre a matéria em apreço
Efeitos : teoricamente, têm sempre efeitos: ou provando a não existência das
situações e práticas suspeitas ou penalizando legal e criminalmente os seus
autores.
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Gestão Financeira
Divulgação : obrigatoriamente não divulgado. Mas é. Em muitos casos inclui-se
nos chamados segredos de justiça.
6.2.Rating e Scoring empresariais
Como resultado lógico da utilização dos Relatórios de Gestão que analisámos e
outros, surge a sua utilização por entidades externas como forma de garantia dos
financiadores e investidores das empresas, designados por duas siglas
internacionais(origem Norte Americana).
RATING ( base qualitativa, criada nos Usa, antes crise 1929, empresa Robert
Morris Associates) e SCORING (base quantitativa, originário USA, na incerteza do pós
guerra, empresa Fair Isaac).
Trata-se de formas técnicas supostamente mais credíveis com a simples
informação da empresa que pretenda obter ou efectuar financiamentos ou mesmo
desenvolver qualquer actividade, para sustentar a sua credibilidade nos mercados.
6.2.1.RATING
Origem:
-Estados Unidos, antes da crise financeira profunda de 1929, pela empresa
Robert Morris Associates (RMA), que desenvolveu o conceito, a técnica e a sigla
-Portugal, empresa Sociedade Portuguesa de Rating (SPR), constituída em 1988
que emite relatórios com notações de Rating, ou graduação de risco,
Âmbito
Em todo o Mundo, sendo de maior aplicação nos países e na situações de maior
incerteza financeira e económica
Conceito
Consiste na atribuição de uma classificação a determinada operação de
financiamento, com base na informação disponível pela empresa , relatórios, etc. A
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Gestão Financeira
classificação atribui conjunto de caracteres que definem o nível de risco, mas é
essencialmente qualitativa.
Rating VS Scoring Rating Scoring
I nformação confidencial (mais completa) Estudo exaustivo Entidade independente Orientada para o futuro Sem operadores rígidos (ênfase qualitativa)
I nformação pública (menos completa) Estudo limitado Entidade interessada Baseada no passado Com operadores rígidos (ênfase quantitativa)
Notações para os clientes são do seguinte tipo:
Esta notação é atribuída quando a capacidade de pagamento do emitente relativa aos compromissos financeiros em causa é muito elevada ou muito forte. Os compromissos financeiros em que se considere que o emitente possui uma extraordinária capacidade de pagamento serão distinguidas com o sinal mais (+).
Um compromisso financeiro com esta notação é um pouco mais vulnerável a modificações adversas, de conjuntura ou outras, do que os compromissos financeiros notados com “A-1”. No entanto, a capacidade do emitente para satisfazer estes compromissos financeiros é forte.
Um compromisso financeiro com esta notação tem capacidade satisfatória de pagamento. Contudo, apresenta uma maior susceptibilidade a modificações adversas, de conjuntura ou outras, do que os compromissos financeiros com uma nota mais alta.
Um compromisso financeiro notado com “B” é considerado como tendo características especulativas significativas. O emitente possui actualmente uma capacidade adequada para cumprir o compromisso financeiro em causa, mas depara-se com um conjunto de incertezas que poderão levar a que a sua capacidade se torne inadequada.
Um compromisso financeiro notado com “C” está actualmente vulnerável ao não pagamento, estando o seu cumprimento dependente da evolução favorável do negócio, da situação financeira do emitente e da conjuntura económica.
Esta notação indica que o compromisso financeiro em causa está ou estará em incumprimento na sua maturidade.
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Gestão Financeira
Um compromisso financeiro com notação “AAA” apresenta a notação mais elevada atribuída pela CPR. A capacidade do emitente para cumprir o compromisso financeiro é extremamente forte.
Um compromisso financeiro com notação “AA” difere da anterior notação apenas em pequeno grau. A capacidade do emitente para cumprir o compromisso financeiro é muito forte.
Um compromisso financeiro com notação “A” é um pouco mais vulnerável a modificações adversas, de conjuntura ou outras, do que os compromissos financeiros com notações mais elevadas. No entanto, a capacidade do emitente para cumprir o compromisso financeiro em causa ainda é forte.
Um compromisso financeiro com notação “BBB” apresenta adequados parâmetros de protecção. No entanto, modificações adversas, de conjuntura ou outras, poderão levar a uma capacidade mais enfraquecida do emitente para cumprir o compromisso financeiro em causa.
Um compromisso financeiro com notação “BB” é menos vulnerável a incumprimento do que os classificados noutras categorias especulativas. Contudo, apresenta exposição a condições adversas do negócio, financeiras ou económicas, que poderão levar a uma capacidade inadequada para cumprir o compromisso financeiro em causa.
Um compromisso financeiro com notação “B” é mais vulnerável a incumprimento do que compromissos financeiros com notação “BB”, mas o emitente tem presentemente capacidade para cumprir o compromisso financeiro em causa. Condições adversas do negócio, financeiras ou económicas deverão provavelmente prejudicar a capacidade ou a vontade do emitente em cumprir o compromisso financeiro em causa.
Um compromisso financeiro com notação “CCC” é vulnerável a incumprimento, e está dependente de condições favoráveis do negócio, financeiras e económicas para que o emitente consiga cumprir o compromisso financeiro em causa. No caso destas condições serem adversas, não é provável que o emitente tenha capacidade para cumprir o compromisso financeiro em causa.
OBJECTIVOS para o emitente(credor):
avaliação estratégica do risco e da gestão do mesmo;
melhoria das condições de financiamento, através de menores prémios de risco e
melhores condições de colocação;
melhoria da imagem e da credibilidade e solidez da empresa.
OBJECTIVOS para o investidor:
melhor informação, sintética e comparável entre empresa, sector e países;
aplicação mais racional de recursos.
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Gestão Financeira
6.2.2.SCORING
Enquadramento
Quando uma entidade financiar outra, não tem qualquer possibilidade de obter a
certeza do retorno do empréstimo.
O risco , com probabilidade de cobrança com sucesso , jamais foi e será igual a
um. Isto é , haverá sempre risco de incobrança.
Em condições de funcionamento sem sobressaltos da economia, as situações
são previsíveis, o risco é estimável. Em situações de turbulência financeira e
económica, a previsibilidade dos comportamentos futuros de qualquer entidade
individual ou colectiva, publica ou privada, empresarial ou associativa, é menor, menos
seguro.
Utiliza técnicas predominantemente objectivas, baseadas em dados reais, mas
testados e filtrados, em oposição ao RATING, que é meramente subjectivo, ainda que se
baseie em dados objectivos.
Conceito
SCORING, derivado a palavra inglesa SCORE(Resultado, Pontuação,
Classificação)
Pode ser aplicado a qualquer pessoa, singular ou colectiva, a situações
financeiras, de saúde, de inteligência, de sucesso pessoal, de desempenho, etc.
Interessa-nos, especialmente o Scoring Financeiro, centrado no risco do credito a
conceder.
Utiliza dados específicos de uma pessoa individual ou colectiva e dados de um
conjunto ao qual pertence( classe social, profissional, nível etário, nível de riqueza,
sector de actividade,etc). Sempre dados passados , objectivos.
Conclusão sobre Rating e Scoring
Com a crise financeira mundial a atenção dos financiadores voltou-se para os
Estados (dívidas públicas) e menos para as empresas.
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Gestão Financeira
As empresas ,tenham ou não risco, são afectadas pelo nível de Rating do Estado
onde actuam.
Predomina a aplicação do Rating (qualitativo).
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