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GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE COORDENADORIA DOS SERViÇOS TÉCNICOS ESPECIALlZADOS INSTITUTO ADOLFO LUTZ SÃO PAULO, SP - BRASIL RIALA6 VOLUME 41 NÚMERO 1 JUNHO. 1981 ISSN 0073 - 9855

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GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULOSECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDECOORDENADORIA DOS SERViÇOS TÉCNICOS ESPECIALlZADOS

INSTITUTO ADOLFO LUTZSÃO PAULO, SP - BRASIL

RIALA6 VOLUME 41 NÚMERO 1 JUNHO. 1981

ISSN 0073 - 9855

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GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULOSECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDECOORDENADORIA DOS SERViÇOS TÉCNICOS ESPECIAlIZADOS

INSTITUTO ADOlFO LUTZSÃO PAULO, SP - BRASIL

REVISTA DO INSTITUTO ADOLFO LUTZ

REDATOR RESPONSÁVEL

AUGUSTO DE ESCRAGNOLLE TAUNAY

Diretor do Instituto Adolf o Lutz

COMISSÃO DE REDAÇÃO

MARCELO OSWALDO ÁLVARES CORRÊA, Presidente

ELZA SCHWARZ GASTALDO BADOLATO

LUíS FLORÊNCIO DE SALLES GOMES

MYRNA SABINO

NEUS PASCUET PREGNOLATTO

ODAIR ZENEBON

PEDRa PAULO CHIEFFI

ROBERTO A. PINTO PAES

MERCEDES DELLA FUENTE, Secretário

REDA TOR-SECRET ÁRIO

DEBORA DOMINGUES ESTRELLA REBOCHO

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Endereço / address

Biblioteca do Instituto Adolfo LutzAv. Dr. Arnaldo, 355 - Caixa Postal 702701000 - São Paulo, SP - BrasilEndereço telegráfico: IAL UTZ

Publicação semestral! Bi-annual publicationSolicita-se permuta/ Exchange desired

(*)

REVISTADO INSTITUTOADOLFOLUTZ. (Secretaria de Estadoda Saúde) São Paulo, SP - Brasil, 1941 -

1941-1980, 1-40

1981, 41 (1,

ISSN 0073-9855

RIALA6

CDD 18 614.07205

o(*) ASSOCIAÇÃOPAULISTA DE BIBLIOTECÁRIOS. Grupo de Bibliotecários Biomédicos. Normas

para catalogação de publicações seriadas nas bibliotecas eeiiecializcdae. São Paulo. Ed. Polígono,1972.

Os artigos publicados na REVISTA DO INSTITUTO ADOLFO LUTZ sãoindexados por Analytical Abstracts, Bibliografia Brasileira de Medicina, Biblio-grafia Brasileira de Medicina Veterinária e Zootecnia, Biological Abstracts, ChemiealAbstracts, Excerpta Medica, Food Science and Technology Abstracts, Index MedicusLatino-americano, Tropical Diseases Bulletin e Virology Abstracts.

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REVISTA ISSN 0073-9855RIALA6

DO

INSTITUTOADOlFO lUTZ

Rev. Inst. Adollo Lutz, São Paulo, 41(1) :1-74, jun. 1981

SUMÁRIO/CONTENTS

515 Obtenção de antitoxina perfringens do tipo A em escala industrialProduction 01 Clostridium perfringens tupe A antitoxin, on industrial scale

Maria Antonieta da SILVA; Hideyo IlZUKA; Edison Paulo Tavares deOLIVEIRA; Hisako Gondo HIGASHI & Raymundo ROLIM-ROSA .. 1-8

516 Níveis de dieldrin em sangue de aplicadores de aldrin na região de São Josédo Rio Preto, São Paulo

Dieldrin leuele in the blood 01 farm workers applying aldrin, in São Josédo Rio Preto, state 01 São Paulo, BrazilWalkyria H. LARA; Heloisa H.C. BARRETTO & Marileila VA-

RELLA-GARCIA 9-14

517 Diretrizes de uma política para a rede de laboratórios de Saúde Pública noEstado de São Paulo

Bases [or planning a network 01 Public Health laboratories for the state ofSão Paulo, BrazilEliseu Alves WALDMAN . 15-21

518 Avaliação da eficácia do método de Kato-Katz no diagnóstico parasitológicoda esquistossomose mansônica

A test 01 the elliciency 01 ihe Kato-Katz thick-smear method for the para-sitologic diagnosis 01 Manson eohietoeomiasiePedro Paulo CHIEFFI; Rubens Murillo MARQUES & José G. Vergetti

de SIQUEIRA . 23-30

519 Contagem de filamentos micelianos em doces em pasta de goiaba, marmelo,pêssego e figo, pelo método de Howard

Mycelia filamente count in Iruit jams o] guava, quince, peach. and tto byHoward meihodClaydes de Quadros ZAMBONI; Helena Ide AL VES & Marlene Correia

dos SANTOS . 31-35

520 Isolamento de Escherichia coli invasora, em São Paulo, no período de junhode 1978 a dezembro de 1980

Isolation of invasive Escherichia coli in São Paulo City [rom june 1978 todecember 1980

Elena KANO; Ethel Sandoval PEIXOTO; Luiza Maria GONÇALVES;Chifumi Takeuchi CALZADA & Gil Vital Álvares PESSÔA . 37-41

RIALA6 515-520 lU

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521 Shigella boydii 9 rápida fermentadora da lactose

lsolation of a strain of fast laciose-fermeniinç Shigella boydii 9Chifumi Takeucho CALZADA; Elena Kano; Suzel NOGUEIRA; Henry

Inácio Zanevan REQUEJO; Luiza Maria GONÇALVES e Gil VitalÁlvares PESSÕA .

522 Avaliação do biiodeto de mercúrio como preservativo de material biológico

Evaluation of mercury bi-iodide as preservative of biological samplesPriscilla Rangel de AGUIAR; Victória Régia VENTURA; Inaíá He-

loísa ViUares BURKART; João Araújo do NASCIMENTO; IveteAparecida Rodrigues de LIMA & Sansão da Rocha WESTPHALEN

523 Isolamento de três novos sorotipos de Saimonella : S. cotia, S. guarapiranga eS. arizonae de águas de superfície, em São Paulo, Brasil

lsolation of three new Salmonella serotypes: S. cotia, S. guarapiranga andS. arizonae 65 :l,v :z35' from water reservoirs around São Paulo City, Brazil

Kinue IRINO; Gil Vital Álvares PESSÕA; Chifumi Takeuchi CALZADA;Maria Terezinha MARTINS & Petra Sanchez SANCHEZ .

524 Inovação na tela metálica utilizada no preparo de material para exame para-sitológico de fezes através do método de sedimentação em copo

lmproved sieving of [eces for cup sedimentation through use of a metallic s'ieveMaria IvaniP. Gonçalves da SILVA; Rita Maria da SILVA; Maria Te-

rum i YAMANAKA & Lúcia de Lacerda CORR~A .

525 óleo de oliva - avaliação de sua qualidadeQuality evaluation of olive oil

Elza S. Gastaldo BADOLATO; Franca DURANTE; Maria Elisa V. deALMEIDA & Neusa V. V. SILVEIRA .

526 Enteropatógenos em Santos: inquérito bacteriológico na população diarréicacom mais de cinco anos de idade

Enteropathogenic bacteria in Santos: a survey in individuals over [iue-uearold with diarrhea

Gil Vital Álvares PESSÔA; Kinue IRINO; Elena KANO; Vera Simon-sen & Suzel NOGUEIRA " '"

IV

43-46

47-52

53-55

57-61

63-70

71-74

RIALA6 521-526

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AOS COLABORADORES

A REVISTA DO INSTITUTO ADOLFO LUTZ tem por finalidade a divulgação detrabalhos especialmente relacionados com as atividades laboratoriais em Saúde Pública.

Os artigos destinados à Revista somente serão recebidos se redigidos de acordo com asseguintes normas:

NORMAS PARA PUBLICAÇÃO

Os or iginais deverão ser redigidos na ortografia oficial, apresen tados em duas vias(original e primeira cópia), datilografados com duplo entrelinhamento em folhas de papeltamanho ofício (evitando cortar as palavras no final da linha, mesmo que a margem fiqueirregular), com margens de 3 em de cada um dos lados e numeradas com algarismos arábicosno ângulo superior direito. As ilustrações e respectivas legendas, e os rodapés serão apre-sentados à parte.

No preparo do original, será observada, sempre que possível, a seguinte estrutura:

Página de rosto

Título do artigo

Nome do Is ) autor(es)

Filiação científica

Texto

Introdução

Material e Métodos

Resultados

Discussão

Conclusões

Agradecimentos (se for o caso)

Material de referência

Resumos (em português e em inglês)Descri tores

Referências bibliográficas

TíTULO - Deverá ser curto e específico, indicando precisamente o conteúdo do artigo;no caso de ser necessário título longo, recorre!' a subtítulo.

ABREVIATURAS - Não serão empregadas nos títulos ou nos resumos. No texto serãoevitadas ou usadas apenas as oficiais, já consagradas.

UNIDADES DE MEDIDA E SEUS SíMBOLOS - Deverão ser usadas somente as unidadeslegais de medir do sistema nacional de metrologia, definidas em decreto (BRASIL. Leis,decretos, etc, Decreto n. 81.621 de 03 de maio de 1978. Diário Oficial, Brasília, 4 mai. 1978.Seção 1, pt. 1, p. 6281-86).

TABELAS - Serão numeradas consecutivamente, com números arábicos e encabeça das pelorespectivo título, que deverá indicar claramente o êõnteúdo. Os dados apresentados em tabelanão deverão ser repetidos em gráfico, a não ser em casos especiais. Na montagem dastabelas, seguir as normas brasileiras para apresentação tabular (FUNDAÇÃO INSTITUTOBRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATíSTICA - Normas de apresentação tabular. Riode Janeiro, IBGE, 1979. 22 p).

Na ausência de um dado numérico, emprega-se um dos seguintes sinais convencionais:

quando, pela natureza do fenômeno, não puder existir o dado;

o0,00,00

X

1J

quando o dado for rigorosamente zezo ;

quando não se dispuser do dado:

quando a aplicação dos critérios de arredondamento nãopermitir alcançar, respectivamente, os valores 1; 0,1; 0,01etc.;

quando o dado for omitido para evitar a individualização da informação.

Z

v

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ILUSTRAÇõES (fotografias, gráficos, desenhos, mapas etc.) ~ Serão designadas no textocomo "figuras"; terão numeração única e seguida, em algarismos arábicos.

Todas as ilustrações deverão ser identificadas com: número, nome do autor, título doartigo e número da página do texto onde serão inseridas; deverão ser tão claras que permitamsua reprodução com redução de até 6,5 cm no sentido da largura, sem perda de nitidez oulegibilidade ; as respectivas legendas deverão estar escritas fora da área de reprodução.

Os gráficos, mapas, desenhos deverão ser feitos a nanquim preta, em papel vegetal, comletras e números escritos com normógrafo.

As fotografias deverão ser nítidas e de bom contraste. No caso de diapositivos, estesdeverão ser apresentados e não fotografias dos mesmos.

RESUMOS - Serão apresentados um em português, antecedendo o texto, outro em inglês(encabeçado pelo título do artigo), no final, antes das referências bibliográficas. Não deverãoexceder 200 palavras. O estilo será claro e conciso, pondo em relevo, de forma precisa, os fatosobservados e os elementos novos essenciais à conclusão. Serão redigidos pelo próprio autor oucom a colaboração deste, observando-se as recomendações da UNESCO (BoI. UNESCO, Bibl.23:72-7, 1969). A fim de facilitar a índexação, o resumo deverá conter:

Descritores - São palavras ou expressões que identificam o conteúdo do artigo. Os trêsprincipais descritores serão escritos em primeiro lugar, por ordem de importância. Reco-menda-se para a escolha dos descritores usar o vocabulário próprio do campo especializado,

REFER~NCIAS BIBLIOGRÁFICAS - Deverão ser mencionadas somente as de trabalhosconsultados diretamente ligados ao assunto.

No texto - Serão citadas por meio de número índice correspondente ao da lista dereferências e escritas em versal ; assim, para um autor: '" TAUNAY 31 verificou ".; paradois autores ... LEME & CARRIJO 19, pesquisando "'; para mais de dois autores: '" Notrabalho de TSUNODA et alii"; ou ainda segundo vários autores 1, e 7, '.

Na lista de referências - Terão numeração consecutiva e serão ordenadas alfabetica-mente pelo último sobrenome do autor (regra geral), citando-se todos os autores do artigo.

Para artigos de periódicos

Último sobrenome does) autor(es) seguido das iniciais dos outros componentes do nome,título do artigo, título do periódico abreviado (World list oi scientific periodicals. 4th ed.London, Butterworths, 963-65. 3 v.) , em grifo, n.? do volume, n.? do fascículo (quando anumeração não for continuada), páginas inicial e final do artigo, data da publicação dovolume ou fascículo.

Ex.:

MORENO, G.; LOPES, C.A.M.; BELLOUMINI, H.E.; PESSõA, G.V.A.;& ANDRADE, J.C.R. - Enterobactérias isoladas de anfíbios e répteis.Med. trop. São Paulo, 15:122-126, 1973.

BIASI, P.Rev. Inst.

Para livros

Último sobrenome does) autor(es) seguido das iniciais dos outros componentes do nome,título da obra, em grifo, n.? da edição (se não for a primeira), local de publicação, editor(quando não coincidir com o autor), ano de publicação, n. de páginas ou volumes (ou n. dapágina consultada).

Ex.:

CANTAROW, A. & SHEPARTZ, B. - Bioquímica.1968. p. 325.

3.a ed. Guanabara, Atheneu,

Rev, Inst. Adolf o Lut«,41(1), 1981

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DA PUBLICAÇÃO

1. Os trabalhos destinados à publicação na Revista do Instituto Adolfo Lui z deverão serencaminhados à Biblioteca do Instituto Adolfo Lutz.

2. A publicação de artigos na Revista está condicionada à aprovação da Comissão de Re-dação, que poderá sugerir ao autor alterações do original. Este original só será aceitoquando tiver o visto da Comissão de Redação.

3. Todo trabalho entregue para publicação deverá ser assinado pelo autor e trazer endereçopara correspondência. No caso de mais de um autor, deverá ser expressamente indicadoo responsável pela publicação.

4. Os trabalhos serão publicados em ordem cronológica de recebimento, salvo o caso especialde nota prévia, que terá prioridade.

5. A data de recebimento do artigo constará obrigatoriamente no final do mesmo.

6. A primeira prova tipográfica será revisada pelo redator-secretário e conferida pelo autor,que a rubricará.

7. Os originais de trabalhos aceitos para publicação não serão devolvidos aos autores.

8. Os autores terão direito a 70 separatas; quando desejarem maior numero, deverão enten-der-se com o redator-secretár!o da Revista.

9. É permitida a reprodução, no todo ou em parte, de artigos publicados na Revista do Ins-tituto Adolfo Lui.z, desde que sejam indicados a origem e o nome do autor, na conformida-de da legislação sobre Direitos Autorais.

DA DISTRIBUIÇÃO

A Revista do Instituto Adolfo Lut:z é distribuída gratuitamente a entidades governamen-tais, culturais, ou em permuta com periódicos nacionais e estrangeiros.

VII

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Rev. Lnst; Aâolfo Lutz,41(1) :1-8, 1981

OBTENÇÃO DE ANTITOXINA PERFRINGENS DO TIPO A EM ESCALAINDUSTRIAL *

Maria Antonieta da SILVA **Hideyo IIZUKA * *Edison Paulo 'I'ava res de OLIVEIRA * *Hisako Gondo HIGASHI **Raymundo ROLIM-ROSA **

RIALA6/515

SILVA, M.A.; IIZUKA, H.; OLIVEERA, E.P.T.; HIGASHI, H.G. & ROLIM-ROSA, R.- Obtenção de antitoxina perfringens do tipo A em escala industrial. Re». Inst.Adolfo Lutz, 41 (1) :1-8, 1981.

RESUMO: Descreve-se o método utilizado na preparação da antitoxina per-fríngica do tipo A, em escala industrial, pela hiperimunização de cavalos, atravésde antígeno misto, adsorvído pelo alúmen de potássio. Empregando-se esquema deimunização próprio, conseguiu-se obter soro antigangrenoso perfríngico tipo A, do-sando ao redor de 200 UI/ml, título este que, após a concentração pelo método dePope, elevou-se ao nível antitóxico de 850 a 1.000 UI/ml. O soro purificado e con-centrado foi diluído convenientemente para compor o soro antigangrenoso poliva-lente.

DESCRITORES: gangrena gasosa; Clostridium perfringens, antitoxina tipo A;antígenos hacterianos; cavalos, imunização; soro antigangrenoso perfríngico.

1 - INTRODUÇÃO

Clostridium perfringens é O agente etioló-gico preponderante da gangrena gasosa hu-mana, seguido por Cl. septicum e Cl. oedema-tiens 2, 8, 21, 22, 26, 33, 35, 36. Este microrganismosecreta inúmeras toxinas e enzimas dota-das de atividade letal, necrosante, hemolí-tica, neurotóxica, enzimática e leucoaglutinan-te. Assim, podem -ser identificados pelo me-nos 13 agentes ou fatores tóxicos, represen-tados pelas letras do alfabeto grego. Sob oponto de vista da atividade letal e de distin-tas doenças que causam no homem e em outrosanimais, são classificados em seis subespéciesou tipos toxigênicos, designados pelas letrasmaiuscúlas do alfabeto latino: A, B, C, D, Ee F. Eles apresentam respectiva especifici-dade ímunológíca 26, 33, 34, 40. O componenteprincipal deste complexo tóxico e responsável

pela atividade letal é a toxina aIfa 26, únicaque é comum aos seis tipos, estudada porMacFarlene e Knight como sendo um enzimaque tem atividade lecitinásiea, e identificadaquimicamente como fosfolipase C 24.

O Cl. perfringens do tipo A e do tipo F sãoresponsáveis pela doença humana, sendo esteúltimo, causador da toxinfecção alimentar, naforma benigna 2.

O Cl. perfringens tipo A tem capacidade deproduzir alia toxina em abundância, e consti-tui normalmente cerca de 50% de Clostridiaisolada de material clínico 20.

Segundo McLENNAN26, o índice de morta-lidade pela gangrena gasosa era da ordem de50%, no início da grande guerra, no períodode 1940-1942, e, cerca de 30% durante a guer-ra de 1943, no norte da África, e finalmente,no noroeste europeu, o índice reduziu-se

* Realizado no Setor de Anaeróbios do Instituto Butantan, São Paulo, SP.** Do Instituto Butantan,

1

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SILVA, M.A.; IIZUKA, H.; OLIVEIRA, E.P.T.; HIGASHI, H.G. & ROLIM-ROSA, R. - Obtençãode antitoxina perfringens do tipo A em escala industrial. Re». Inst. Adolf o Lute, 41(1) :1-8, 1981.

para 22%. A análise desses casos revelamque o índice de mortalidade era significativa-mente menor entre os pacientes que tinhamrecebido o tratamento soroterápico, além deoutros tratamentos indispensáveis, confirman-do assim o valor terapêutico do soro antigan-grenoso,

Além dos dados compilados durante as guer-ras mundiais, inúmeros pesquisadores tambémtêm observado e comprovado a eficiência dosoro antigangrenoso 5, 9, 10, 18, 25, 28, 42.

Apesar dos avanços da quimioterapia, daantibióticoterapia e mais recentemente da oxi-genoterapia hiperbárica 2, 34, 42 terem consegui-do notável conquista no tratamento da gan-grena gasosa, o único tratamento antitóxicoeficaz é a soroterapia específica 5, 9,10, 18,25,31.

A técnica de produção de soro antigangre-noso, pelo Instituto Butantan, foi introduzidaem 1938 35; nela procedemos inúmeras modifi-cações e aperfeiçoamentos tecnológicos, osquais apresentamos neste trabalha, com opropósito de oferecer subsídios à produção, emescala industrial, do referido antissoro.

2 - MATERIAL E MÉTODOS

2.1 Estirpe bacteriana - Clostridium per-fringens SR-12, selecionada dentre as 47amostras da espécie perfringens, existentes nagermotéca do Instituto Butantan, por ser do-tada de elevado poder antigênico.

2.2 lnoculum - A amostra selecionada so-freu o processo de exaltação da virulên-cia 23, 35, pela passagem sucessiva em animaissensíveis como o pombo e cobaio, de cerca de350g de peso. Quando utilizamos o cobaio,inocula-se pela via intramuscular, inicialmen-te, cerca de 0,5 ml da suspensão da culturajovem, desenvolvida no meio de TAROZZI37, nomúsculo .da coxa, com devidas precauções erigorosa assepsia. A passagem é repetida tan-tas vezes, até que o volume de 0,1 rnl da sus-pensão bacteriana, resultante da cultura deaproximadamente 5 horas de desenvolvimento,determine a morte do animal inoculado den-tro de 24 horas. A amostra de virulênciaexaltada, colhida da última passagem esemeada em 20 ml do meio de Tarozzi, previa-mente regenerado, e incubada a 37° C, du-rante 5 horas, correspondente à fase Ioga-rítmica de crescimento, é que constitui oinóculo para o preparo da toxina perfríngica.

2.3 Toxina perfríngica tipo A - A toxinafoi preparada no meio de cultura preconizadopor W ADSWORTH 43 modificado.

Para cada partida de toxina, eram prepa-rados 10.000 ml de meio de cultura, apresen-tando a sua fórmula, a seguinte constituiçãobásica:

Carne de vitela , . , .Peptona (Oxóide) .CIoreto de sódio " ..Acetato de sódio , .. , .Glícerofosfato de sódio " ,Glicose a 20% , .Água., , .

5.000 g200 g50 g

225 g225 g200 ml

10.000 ml

2

O meio de cultura é preparado de acordocom a técnica descrita no trabalho anterior 30.

Ajustado o pH para 7,8 com auxílio de solu-ção de hidróxido de sódio concentrado, a 40%,o meio era dispensado em volumes de 3.000 ml,em frascos Erlenmeyer de 5.000 ml de capaci-dade, juntamente com cerca de 600 g de carnemoída e cozida. Reajustar o pH novamentea 7,8. Após a esterilização, o meio era res-friado bruscamente com água corrente, atéa temperatura de aproximadamente 45°C, afim de garantir a anaerobiose pela eliminaçãodo oxigênio residual 35. No momento da semea-dura, adicionava-se com esterilidade, a soluçãode glicose e de acetato glícerofosfato de sódio,previamente preparado separadamente. Após asemeadura de 20 ml do inóculo em cada fras-co, eram incubados durante 18 horas, a 37°C,no final da qual, transferiam-se para a gela-deira. As amostras eram colhidas de cadafrasco, a fim de proceder as provas biológi-cas e o exame bacterioscópico, para controlede microorganismos não específicos. Os fras-cos contaminados eram desprezados.

2.3.1 Titulação da toxina - As alíquotasde alfa toxina perfríngica, colhidas separada-mente de cada frasco, e submetidas a açãoda força centrífuga equivalente a cerca de3.000 xg (aceleração gravitacional), a 40C,durante aproximadamente 30 minutos, até aobtenção de sobrenadante totalmente Iímpido,eram tituladas em camundongos albinos a fimde determinar a sua atividade em DMM eDL 50, de acordo com a mortalidade verifica-da em 24 e 48 horas de observação.

2.4 A natoxina perfríngica - A toxinaperfríngica destinada ao preparo da anato-xina perfríngica, deve ser altamente imunogê-nica 35, isto é, convém apresentar títulos aoredor de 102 DL 50 em camundongos. A des-toxificação da cultura tóxica era realizadamediante a forrnolização, .na concentraçãofinal de 0,4%, no' produto previamente cen-trifugado. O processo de destoxificação eracompletado na estufa, a 37°C, requerendo nor-malmente incubação por um período de duasa três semanas, acompanhada de agitaçãoconstante. Este processo permite a desativa-ção do fator letal da alf'a toxina, sem afetara capacidade imunogênica. A prova deinocuidade de anatoxina era executada pelainoculaçâo de 0,5 ml do produto pela viasubcutânea, em camundongos, ou 5 ml de ma-neira similar em cobaios de 350 gramas depeso. Os animais de prova não devem apre-sentar sintomas reveladores da ação da toxi-na perf'r íngica, durante o período de obser-vação de 10 dias.

2.5 A ntígeno para imunização de cavalos- Para o preparo de antígeno destinado àimunização de cavalos, a toxina era centrifu-gada a baixa temperatura, e em seguida, pre-cipitada pela solução estéril de 10% de sulfa-to duplo de alumínio e potássio, sob agitaçãoconstante, resultando uma concentração finalde 1,25% do adsorvente. A queda do pH doantígeno era corrigido a 5,5 pela adição de

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SILVA, M.A.; IIZUKA, H.; OLIVEIRA, E.P.T.; HIGASHI, H.G. & ROLIM-ROSA R _ Obte -d titoxí f . d' ,. nçaoe an 1 oxma per rmgens o tipo A em escala industrial. Re», Inst. Adolfo Lutz, 41(1): 1-8, 1981.

solução concentrada de hidróxido de sódio a40%. O antígeno, constituído de anatoxinaadsorvida, era destinado à imunização de base,isto é, a lote de cavalos novos, enquanto que atoxina adsorvida pelo alúmen era utilizadapara hiperimunização de cavalos velhos, istoé, aqueles que já haviam recebido o estímuloprimário.

2.6 Preparo do soro antiperfríngico - Osoro antiperfr íngico misto, de ação antitóxicae antibacteriana era preparado pela imuniza-ção de cavalos selecionados, previamente exa-minados e identificados pelo Serviço de Vete-rinária, vacinados contra tétano e garrotilho.A imunização era realizada em duas fases,visando melhor rendimento de soro e ausênciade reações indesej áveis no animal soropro-dutor.

2.6.1 Imunização de base - Na primeirafase de imunização, os cavalos novos 3, 44 rece-biam o estímulo primário provocado pelainoculação de anatoxina alfa perfr íngica.Principiava-se com a administração de antí-geno, em pequenas doses diárias, progressiva-mente crescentes, de acordo com o esquemade imunização estabelecido em trabalhos ante-riores 19. 30. A sangria exploradora de cadacavalo era realizada sete dias após a inocula-ção da última dose de antígeno. Os animaiscom resposta antigênica satisfatória, isto é,aqueles que apresentavam teor de antitoxinaao redor de 100 UI/ml, eram sangrados naproporção de 5% do seu peso corporal, divi-didos em três vezes, com intervalo de 48 ho-ras entre uma sangria e outra. A seguir, osanimais entravam em fase de recuperação,durante o espaço de tempo de 30 a 45 dias 1.

2.6.2 Hiperimunização Nesta fase,cada cavalo recebia antígeno misto, constituídode toxina contendo suspensão bacteriana,cuja concentração estava controlada pelo pro-cesso de centrifugação, a baixa temperatura.A administração deste antígeno também erafeita em doses fracionadas e progressivamentecrescente de duas injeções semanais, duranteo período de quatro semanas 19, 30. Todos osequídeos que demonstrassem resposta antigê-nica satisfatória eram separados e sangrados.As reimunizações eram sistematicamente repe-tidas após os períodos de sangria e de repousodo animal.

O sangue era recebido em solução anticoa-gulante de citrato de sódio, sendo imediata-mente a seguir, submetido a centrifugação emuma desnatadeira para a separação do plas-ma, e adicionava-se fenol, na concentraçãofinal de 0,4%. O volume de plasma resultan-te, mantido em recipiente de vidro, estéril, eraconservado em câmara fria a 40C, até o mo-mento de ser submetido a concentração e puri-ficação, operação esta efetuada de acordocom o método de POPE14, 32.

O doseamento do teor de antitoxina per-fríngica tipo A, das amostras de mistura deplasma obtidas após a hiperimunízação deequídeos, era realizado em camundongos, se-

gun~o a técnica preconizada pelo "NationalInstituts of Health, USA" 39, e traduzida emUI_ (Unidade Internacional), usando como pa-drao de referência, o Soro AntigangrenosoPerfríngico tipo A, padrão internacional daOrganização Mundial de Saúde. '

Finalmente, o soro antigangrenoso nerf'rin-gico purificado era novamente titulado' e acer-tad? frente a antitoxina padrão internacional,a fim de conter 300 UI!ml do tipo A quan-do, evidentemente se tratasse de soro monova-lent~.. O soro antigangrenoso polivalentepurificado, deve. apresentar como potência mí-nima, as seguintes capacidades antitóxicaspor mililitro do produto: antitoxina perfrin-gen~, 1~0 UI, anti~xina septicum, 100 UI, eantitoxina oedematiens, 150 UI, respectiva-mente 11.

2.7 Soro e toxina padrões

.2.7,.1 Soro padrão - O soro antiperfr ín-gico tipo A, padrão internacional, era pro-vemente do Statens Serum Institute da Or-ganização !dundial de Saúde, Co~nhagen,sendo recebido, sob forma Iiofilizada, em am-polas contendo 90,35 mg de antitoxina perfrín-gica, equivalente a 270 UI 45. Portanto umau~idade interr:~cional do atual padrão é 'a atí-vidade específica que está encerrada em0!3~4? mg de antitoxina eqüina hiperimunel~oÍ!.hzada. <? solvente do soro padrão é cons-t~tuld~ de mistura de duas partes de glicerinabideatilada neutra e de uma parte de soluçãofisiológica estéril, a 0,85% de NaCI, PA.

2.7.2 Toxina perfríngica padrão tipo A- A toxina padrão foi preparada no labora-tório, e padronizada ao nível de 1 L+ (Limi-te morte), frente ao soro padrão internacio-nal antiperfríngico tipo A. O Limite morteda toxina perfringica tipo A é a menor quan-tidade desta toxina que, misturada a 1/5 deunidade antitóxica do soro padrão internacio-nal, provoca a morte de, pelo menos, 50% dolote de camundongos de 17-20 g de pesoinoculados pela via intravenosa, em 48 hora~de observação li, 39.

A toxina padrão deve ser conservada emestado seco e pulverizado, a vácuo, em desse-cador, em atmosfera contínua de pentóxido defósforo ou de cloreto de cálcio, a temperaturade 4.0C. Ela deve apresentar título estável eelevado, e conter quantidade mínima de tetatoxina perfríngica 39.

O solvente da toxina padrão é a solução deproteose peptona a 1% 43, e o diluente paratodos os ensaios biológicos é a solução fisio-lógica, a 0,85% de NaCI, PA, esterilizada emautoclave.

2.8 Animais de laboratório - Os camun-dongos albinos de 17-20 g, e os cobaios de350 g de peso, utilizados, sem distinção deplasma obtidas após a hiperimunização deInstituto Butantan.

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SILVA, M.A.; IIZUKA, H.; OLIVEIRA, E.P.T.; HIGASHI, H.G. & ROLIM-ROSA, R. - Obtençãode antitoxina perfringens do tipo A em escala industrial. Re», Inst. Adolfo Lute, 41 (1) : 1-8, 1981.

3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO

O Clostridium perfringens é um bacilo cos-mopolita e largamente distribuído na natu-reza, estando presente em quase todos ostipos de ambiente. Além de ser habitante nor-mal do intestino do homem e da maioria dosanimais, é encontrado no solo, nas poeiras, nasvestimentas, na pele etc., motivo pelo qualpode contaminar facilmente qualquer ferimen-to. Os ferimentos profundos, principalmenteaqueles causadores de lesões dilacerantes dosmúsculos, favorecem o desenvolvimento dagangrena gasosa 8, 26.

O soro antigangrenoso é utilizado em tra-tamentos tanto preventivo quanto curativo, deferimentos daquela natureza. A soroterapiaantigangrenosa é o único agente capaz de neu-tralizar a letal exotoxina secretada pelos ger-mens da gangrena gasosa.

O processo atual de obtenção de soro anti-gangrenoso, em escala industrial, é o resulta-do de inúmeros ensaios tecnológicos realizadosem nosso laboratório, permitindo o esta-belecimento de condições ideais para a obten-ção de toxina perfríngica tipo A, e de antí-genos para a imunização de cavalos.

Uma das causas primordiais, que mais afetao preparo de antígeno eficaz, dotado de altaimunogenicidade, destinado à obtenção desoros com bons títulos, é a baixa taxa de pro-dução de alfa toxina pelo Cl. perfringens 23, 35.

MÕLBYe col. 27 fazendo estudo comparativoentre as diversas amostras de Cl. perfringensprocedentes do ATCC e do NCTC (AmericanType Culture Collection, USA, e NationalCollection of Type Culture, London, respecti-vamente), verificaram que a taxa de produ-ção de exotoxinas letais depende das caracte-rísticas de crescimento dos germens, inerentesas propriedades associadas intrinsecamente adeterminadas estirpes bacterianas, Em con-dições ótimas de pH, obtiveram toxina per-fríngica tipo A, euja toxicidade oscilava en-tre os valores de 2 a 50 DL/50 por mililitro,para camundongos. Percebe-se logo, que nemtodas as amostras de Cl. perfringens são ca-pazes de sintetizar proteínas extracelularesde elevado teor tóxico. A escolha da estirpecerta, além de condições culturais adequadas,representa fator de grande importância norendimento final das exotoxinas.

No presente trabalho também foram obser-vadas grandes variações toxigênicas entre asdiversas amostras estudadas. Preliminarmen-te, foram selecionadas quatro cepas, indenti-ficadas pelos n.? IB-12, SR-12, IB-23 e IB-39,respectivamente, as quais revelaram seramostras toxigênicas em camundongos, dosan-do ao redor de 40 DL50/ml, após algumaspassagens prévias de exaltação de virulên-cia em cobaios. Em ensaios posteriores, ascepas SR-12 e IB-23 apresentaram maior to-xigenicidade, pois determinaram a morte decobaios num período inferior a 24 horas, quan-do inoculadas pela via intramuscular, no vo-lume de 0,1 ml de suspensão da cultura de

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seis horas de desenvolvimento em meio de Ta-rozzi. A toxina obtida dessas culturas dosouao redor de 100 DL50/mI para camundongos.Por este motivo a estirpe SR-12 foi escolhi-da para a produção de toxina perfríngicatipo A, ficando a IB-23 reservada para even-tuais necessidades.

Inicialmente, nas primeiras passagens, exi-gia-se tempo de incubação mais longo e maiorvolume de suspensão de cultura - cerca de1,0 ml - e a ocorrência da morte do animal,mesmo nessas condições, poderia ultrapassar° período de 24 horas.

A maioria dos autores admite que a adiçãode glicose ao meio de cultura, como fonte decarboidrato, é indispensável, a fim de se obterboa toxigênese de Cl. perfringens tipo A. To-davia, a taxa desse açúcar tem sido experi-mentada em diferentes concentrações: de0,1 % 15, 16, 0,50/0 4,29 e de 0,2 a 20/0 41. Nas con-dições do nosso experimento, a taxa ideal foide 0,40/0. Por outro lado, meios de culturamuito rico em glicose constitui uma das cau-sas que determina a inibição da toxigêne-se 36, 41.

A temperatura de incubação é outra con-dição relevante na produção de toxina, e quetem sido provado em várias experiências an-teriores de 31 a 450C 4, 6, 23, 27, 29, 35. Obtive-mos resultados satisfatórios a 37°C, incubandodurante um período de 18 horas, quando ocor-ria a máxima produção de exotoxina.

A suplementaçâo de fatores de crescimentoe de principais vitaminas ao meio de cultura,sempre estimula a síntese de exotoxina per-fríngica, e esta condição se torna indispen-sável quando se trata de meio de cultura sin-tético, além da adição de 13 aminoácidosessenciais, em sua forma levógira 4, 23, 31.

Para o preparo de antígeno, utilizamos to-xinas que dosavam ao redor de 100DL50/ml.Mas por outro lado, vários pesquisadores têmobtido bons resultados, empregando toxinaperfríngica menos potente, cujos t,tn1ososcilavam entre os valores de 10 a a 60DMM 15, 16, 35, 38.

O sulfato duplo de alumínio e potássio foiutilizado como adjuvante, por ser o mais em-pregado na adsorçâo de antígeno destinado ahiperimunização de cavalos I, 3, 19, 30, 35, 38, em-bora outros tenham também encontrado resul-tados com lanolina 3, 15, 44.

A infecção gangrenosa pelo Clostridiumperfringens caracteriza-se pela exuberantereprodução bacteriana e pelo seu alto poderinvasor razões pelas quais o soro antigangre-noso perfríngico deve ter ação mista, isto é,antibacteriana e antitóxica 12, 13, 35. Porém,muitos autores enfrentaram sérios obstáculosquando empregaram antígeno misto, consti-tuído de toxina e suspensão bacteriana, paraa imunização de cavalos. Os problemas maisdifíceis são aqueles provocados pelas reaçõesindesejáveis do antígeno, impossibilitando ouso deste tipo de imunógeno, inclusivedevido a alta taxa de mortalidade de ca-valos 12. 13, 33, 35, 36, superior a 300/0 3.

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SILVA, M.A.; IlZVKA, H.; OLIVEIRA, E.P.T.; HIGASHI, H.G. & ROLIM-ROSA, R. - Obtençãode antitoxina perfringens do tipo A em escala industrial. Rev, Inst. Adolfo Lutz, 41 (1) :1-8, 1981.

SOUTO& RIVAROLA35 contornaram este pro-blema pelo emprego de anatoxina ~i1trada,neutralizada pela adição de soro antigangre-noso poli valente, no início da imunização.

No presente trabalho, estes inconvenientesforam contornados pela utilização do ~ntígenoinócuo isto é, destoxificado e adsorvído peloalúme~ de potássio, PA, na fase inici~l d.eimunização. Em seguida, na fase de híperi-munização propriamente dita, era ~mpregadoantígeno constituído de toxina mais suspen-são bacteriana virulenta, precipitadas peloalúmen. Os cavalos submetidos ao processo,suportavam normalmente esta forma de antí-geno, pois já tinham adquirido imunidade su-ficiente na fase inicial. Devido à coexistên-cia de dois imunógenos, o microbiano e otóxico a síntese de antissoro de atividadesantimicrobiana e antitóxica perfríngica tipo A,processava-se satisfatoriamente.

O emprego de cavalos jovens é outro fatormuito importante para obtenção constante deantitoxina de elevado título 3. 44.

YAMAMOTOe col. 46, ao estudarem váriostipos dEr antígenos gangrenosos para produ-ção de soro antigangrenoso perfríngico ~ipo A,verificaram que em condições naturais, so-mente uma proporção de cerca de 10% do.sanimais revelam ser bons produtores de anti-toxina. Este fenômeno é explicado pela exis-tência prévia de imunidade potencial 1, isto éde anticorpos naturais circulantes antigangre-noso naturalmente adquiridos. Esta condiçãoimunitár ia ideal pode ser artificialmente indu-iida em cavalos novos, aplicando-se doses deantígeno, em lotes de animais destinados àprodução de soros, antes de iniciar a hiperimu-nização propriamente dita.

SOUTO& FURLANETTO36 verificaram que ossoros antigangrenosos encontrados no merca-do nacional, resultante da pesquisa realizada

durante um período de três anos, apesar daprogressiva melhoria dos títulos antitóxicosrelativos à capacidade terapêutica e profilá-tica, o teor de antítoxina perfríngica oscilavaentre os valores de menos de cinco até cercade 50 VI/m!. Somente duas amostras exibi-ram títulos iguais a 100 VI/ml.

SOUTO& RIVAROLA35 enfatizam que a res-posta antgênica de cada animal é muito va-riável. Os animais imunizados produziramsoro hiperimune cujos títulos oscilavam aoredor de 100 VI/m!. GUILLAUMIEe eol. 17 obti-veram títulos antitóxicos que variavam entreos valores de 35 a 400 VI/ml, "in vivo"; equando dosaram as mesmas amostras pelo mé-todo "in vitro", encontraram resultados queiam de 20 a 4000 VI, em título antihemolítico,e concluíram dessa maneira da inexistência decorrelação entre estes dois métodos de dosa-gens. BITTNER e col. 3, utilizando cavalos jo-vens de dois a três anos de idade, com es-quema de imunização próprio, e antígenoprecipitado pelo alúmen de potássio, consegui-ram obter teor de antitoxina perfríngicacirculante ao redor de 200 a 300 VI/ml, porémo método de dosagem utilizado foi 'in vítro".

Vtilizando o esquema de imunização elabo-rado em nosso laboratório 19. 30, foi obtida anti-toxina perfríngica tipo A, dosando ao redorde 200 VI/ml (tabela), que após a purifi-cação e concentração pela digestão enzimáti~aassociado ao processo de terrnocoagulaçãoproteica, seguida de precipitação fraciona~apelo sulfato de amôneo e diálise 14, atingl.aníveis de 850 a 1000 VI/m!. Este soro, PUTl-ficado e concentrado era finalmente diluídopara apresentar 100 VI/ml de antitoxina. per-fríngica tipo A, para compor o Soro antigan-grenoso poli valente, e 300 VI/ml, quando setratar de Soro antigangrenoso específico mo-novalente 11.

Niueis de antitoxina perfrinçica, observados em quatro cavalos, no decurso de cinco h.iperimu.n.izaçõ ee

TABELA

Cavalosn.?

Títulos em VI/ml

MédiaaritméticaHiperimunização VI/ml

l.a 2.a 3.a 4.a 5.a

,--= 1-'

150 200 250 250 200 210

140 250 200 250 150 198

220 150 140 150 180 168

150 180 250 300 300 236

5

190

325

400

438

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SILVA, M.A.; IIZUKA, H.; OLIVEIRA, E.P.T.; HIGASHI, H.G. & ROLIM-ROSA, R. - Obtençãode antitoxina perfringens do tipo A em escala industrial. Re». Inst. Adolf o Lutz, 41-(1): 1-8, 1981.

4 - CONCLUSÕES

4.1 Utilizando-se Clostridium perfringenstipo A, estirpe SR-12, foi preparada toxinaperfríngica dosando cerca de 100 DL50/ml emcamundongos.

4.2 O antígeno perfríngico empregado nahipermunização de cavalos era constituído detoxina e de suspensão bacteriana, portantoinduzia a síntese de antitoxina dotada de ati-vidade antibacteriana e de antitóxica.

4.3 O soro antigangrenosoapresentou título antitóxico da200 UI de antitoxina perfríngicamililitro nas sangrias de prova.

4.4 A mistura de plasma resultante devárias hiperimunízações permitiu a obtençãode uma antitoxina purificada e concentrada,cujo título atingiu níveis da ordem de 850 a1000 UI/ml, a qual foi convenierttemente di-luída para obtenção de soro antigangrenosopolivalente para fins terapêuticos.

perfríngicoordem detipo A por

RIALA6/515

SILVA, M.A.; IIZUKA, H.; OLIVEIRA, E.P.T.; HIGASHI, H.G. & ROLIM ROSA, R.- Production of Clostridium perfringens type A antitoxin, on industrial scale.Rev. Inst. Adollo Lutz, 41 (1) :1-8, 1981.

ABSTRACT: A method is described for the preparation of Clostridiumperfringens type A antitoxin, on industrial scale, by the hyperimmuniza.tion ofhorses with mixed alum-adsorbed antigen. With the use of the immunizationmethod idealized in laboratory of Instituto Butantan, São Paulo, an antigangrenousCl. perfringens type A antitoxin was obtained with a dosage of about 2'00 lU Iml,a titre that after concentration by .Pope's method, increased to antitoxic Ievels of850 to 1.000 lU Iml. The purified and concentrated antitoxin was convenientlydiluted to constitute a polyvalent gas gangrene antitoxin.

DESCRIPTORS: gas gangrene; Clostridium perfringens type A antitoxin; an-tigens, bacterial; horses, immunization; antitoxins, gas gangrene C. perfringens.

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Recebido para publicação em 15 de 8etembro de 1980.

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Rev. Inst. Adolf o Lute,H (1) :9-14, 1981.

NíVEIS DE DIELDRIN EM SANGUE DE APLICADORES DE ALDRINNA REGIÃO DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO, SÃO PAULO *

Walkyria H. LARA **Heloisa H.C. BARRETTO **Marileila VARELLA-GARCIA ***

RIALA6/516

LARA, W.H.; BARRETTO, H.H.C. & VARELLA-GARCIA, M. - Níveis de dieldrin emsangue de aplicadores de aldrin na região de São José do Rio Preto, São Paulo.Rev. Inst. Adolfo Lute, 41 (1) :9-14, 1981.

RESUMO: Foram determinados os níveis de dieldrin no sangue de 18 lavra-dores profissionalmente expostos ao aldrin, tendo sido encontrados valores muitoelevados (média = 0,49 fLgjml; desvio padrão 0,36 ppm), acima dos citados na Iíte-ratura em casos de intoxicação. Não pôde ser detectada correlação entre o nívelsangüíneo de dieldrin e o tempo de exposição ao aldri n, o intervalo entre a expo-sição e a coleta do sangue, a quantidade do composto empregado ou a natureza daexposição. O grau de contaminação detectado, decorrente principalmente da mani-pulação imprudente do pesticida, enfatiza a necessidade de medidas mais efetivasna conscientização dos aplicadores de aldrin com relação ao risco assumido, e defiscalização pelos órgãos responsáveis.

DESCRITORES: dieldrin, níveis em sangue de aplicadores de aldrin; pesticidas,resíduos; inseticidas organoclorados, aldrin, dieldrin; doença ocuj.aciorial, contami-nação por exposição ao aldrin.

Realizado na Seção de Aditivos e Pesticidas Residuais do Instituto Adolfo Lu tz, São Paulo, SPe no Departamento de Biologia do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas, UNESP,São José do Rio Preto, SP.Do Instituto Adolfo Lutz.Do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas, São José do Rio Preto, São Paulo.

INTRODUÇÃO

O suprimento adequado de alimento à po-pulação mundial e o controle e erradicaçãode doenças, cujos vetores são insetos, tornaminquestionável a utilização dos inseticidas, emnossos dias. Muitos pesticidas são, contudo,substâncias altamente tóxicas ou deletériaspara os animais, especialmente o homem, ecausam sérios prejuízos ao equilíbrio do am-biente. A persistência de certos compostos,como por exemplo os inseticidas organoclora-dos e seus metabolitos, se por um lado é alta-mente conveniente para os obj etivos relacio-nados com a produção agrícola ou a saúdepública, por outro lado tem trazido problemascomplexos de contaminação ambienta!.

*

*****

A toxicidade cromca desses compostos re-veste-se de interesse principalmente para osconsumidores de produtos agrícolas contami-nados com níveis de resíduos acima das tole-râncias estabelecidas, Tal situação pode serdemonstrada com a detecção de resíduos deorganoclorados (DDT, DDE, dieldrin) no san-gue ou em outros tecidos de indivíduos da po-pulação geral, sem exposição profissional aesses produtos 3, 9, !O, li, 12, 14.

A principal causa da contaminação do ho-mem por pesticidas, entretanto, é a sua mani-pulação inadequada ou abusiva e nesse caso osproblemas de toxicidade aguda devem recair.mais acentuada e rapidamente, sobre os encar-regados da sua produção, formulação' ou apli-cação. Nos países desenvolvidos, onde o uso

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LARA, W.H.j BARRETTO, H.H.C. & VARELLA-GARCIA, M. - Níveis de dieldrin em sangue de apli-cadores de aldrin na região de São José do Rio Preto, São Paulo. Re», Inet: Adolfo Lutz, 41 (1):9-14, 1981.

de pesticidas atinge níveis bastante elevados,os casos de intoxicação são raros 6. HAYES&CURLEY5, analisando 28 indivíduos ocupacio-nalmente expostos ao aldrin e dieldrin por pelomenos 19 anos, nos EUA, encontraram umamédia de 0,0247 JLg/ml de dieldrin no sangue e6,12 JLg/ml no tecido adíposo. Esses valores sãoinferiores à faixa limite (no sangue: 0,15-0,20 JLg/ml), abaixo da qual não há sinais ousintomas de intoxicação 2.

No Brasil, çomo em outros países em viasde desenvolvimento, os casos de intoxicação deaplicadores por pesticidas são relativamentefreqüentes, porque as normas de controle deuso desses compostos são menos rígidas e me-nos efetivas e estes são manejados por pessoassem conhecimentos especializados. Atualmentealguns órgãos oficiais, como a Divisão de De-fesa Sanitária Vegetal do Ministério da Agri-cultura, vêm procurando minimizar os efeitosnegativos decorrentes de uma má utilização dospesticidas, através de campanhas educativase de uma fiscalização mais eficiente.

O nível do pesticida no sangue é um parâ-metro que permite avaliar a entrada total dadroga e a concentração estável da mesma noorganismo humano 10. Este trabalho apresentaos resultados de uma investigação sobre osníveis sangüíneos de dieldrin em aplicadoresde aldrin, e discute alguns fatores que afetamo nível de exposição e a sintomatología daintoxicação.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram estudados 18 lavradores da região deSão José do Rio Preto, SP, de nível sócio--cultural representativo da população de la-vradores desta região, profissionalmente en-volvidos na aplicação de Aldrin 40 TS * emculturas de arroz, milho e amendoim. As ida-des variavam de 19 a 43 anos (média = 32,6;desvio padrão = 9,5) e a distribuição racialera de 16 caucasóides e 2 negróides. Essesindivíduos foram selecionados, antes da apli-cação, por não terem tido contacto com qual-quer pesticida nos últimos 11 meses. Nessaocasião foi colhida a primeira amostra de san-gue (amostra A). Após a aplicação do aldrin,em um período variável de 12 a 84 horas, foifeita a coleta de nova amostra (amostra B) eanotados dados referentes a sinais e sintomasclínicos de intoxicação, equipamentos de pro-teção utilizados e cuidados na manipulaçãoe aplicação. Extraído o soro sangüíneo, esteera congelado e encaminhado ao InstitutoAdolfo Lutz para determinação de resíduos deorganoclorados, num intervalo de tempo de nomáximo três horas.

O método de análise empregado foi o de'DALE & MlLES4, que consiste no seguinte:

Da Shell Química S.A.

10

Em um tubo de ensaio colocar 1 ml de soro,mais 1 ml de ácido fórmico. Agitar duranteum minuto, com bastão de vidro. Adicionar5 ml de hexana. Agitar novamente por um mi-nuto. Retirar a camada de hexana, passandopara um segundo tubo de ensaio. Tornar aextrair no primeiro tubo com mais 5 ml dehexana. Retirar a camada de hexana e reu-nir ao primeiro extrato. Se necessário, usarpipeta Pasteur para retirar o final da hexa-na. Colocar 1 ml de carbonato de potássio nosegundo tubo de ensaio com a hexana e agitardurante um minuto. Retirar a hexana, passan-do para um terceiro tubo de ensaio e, nova-mente, se necessário, usar a pipeta Pasteur.Secar com corrente de nitrogênio. Elevar a1 ml, com hexana, e injetar 3 JLI no cromató-grafo.

Para a cromatografia foi utilizado um apa-relho Varian Aerograph 2.100-00, com colunade vidro em U, de 1/4 de polegada de diâme-tro interno, 6 pés de comprimento, com faseestacionária com 2% de OV17 em Chromo-sorb W 100-120 "mesh", com as seguintes con-dições de otimização :

Temperatura da coluna = 1700CTemperatura do detector = 2000CTemperatura do injetor = 2000C

Fluxo do nitrogênio = 40 ml/min

A identificação dos picos encontrados noscromatogramaa foi feita pela comparação dasdistâncias de retenção com padrões submetidosàs mesmas condições de análise e a determi-nação quantitativa foi feita pela comparaçãodas áreas dos picos.

RESULTADOS

Devido à rápida epoxídação do aldrin emdieldrin no fígado, somente resíduos de diel-drin foram encontrados no soro sangüíneo. Aanálise dos indivíduos por ocasião da colheitada amostra A não detectou resíduos de diel-drin, conforme podíamos esperar, consideran-do que a meia-vida do dieldrin no sangue é de0,73 anos 6. Na amostra B foram detectadosos valores apresentados na tabela 1. Esta ta-bela mostra, ainda, para cada indivíduo, otempo de exposição ao inseticida, o intervaloentre a exposição e a coleta do sangue, a quan-tidade empregada de aldrin e a natureza docontacto. O nível ~-,'1güíneo de dieldrin varioude 0,05 JLg/ml a 1,,'/ ",g/ml e o tempo de expo-sição direta ao aldrin foi de 8 a 32 horas.Treze indivíduos acusaram contacto atravésdas vias de absorção respiratória e dérmica,enquanto cinco informaram misturar o aldrine as sementes com auxílio de ferramentas.

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TABELA 1

Níveis de dieldrin no sangue de aplicadores de aldrin, tempo de expoeiçao, intervalo entrea exposição e a coleta do sangue, quantidade empregada do pesticida e natureza da exposição

em 18 indivíduos profissionalmente expostos ao aldrin

Nível Intervalo Natureza da

Individuo sangüíneo Tempo de exposição Quantidade exposição

n.? de dieldrin exposição coleta empregada

(p,g!ml) (h) (h) (kg) Respi- Dérmicaratória

--

1 0,62 32 36 4 + +2 0,47 32 36 4 + +3 1,37 16 12 2 + +4 1,07 14 12 2 + +5 0,08 16 84 0,5 + -6 0,05 16 84 0,5 + -7 0,23 12 36 2 + -8 0,62 20 36 0,5 + +9 0,55 16 60 2 + -10 0,24 8 12 1 + +11 0,12 8 12 1 + +12 0,50 8 12 1 + +13 0,41 24 12 2 + +14 0,18 24 12 2 + +15 0,14 24 12 2 + +16 0,70 16 36 3 + +17 0,60 32 84 4 + +18 0.93 32 84 4 + -

X ± S 0,49 ± 0,36 19,4 ± 8,5 37,3 ± 29,1 2,0 ± 1,2 - -

TABELA 2

Comparação dos níveis sangu~neos de dieldrin (teste t) em indivíduos agrupados de acordocom as vias de absorção, a duração da exposição, o intervalo entre a exposição e a coleta do

sangue, e a quantidade da droga empregada

-Variáveis analisadas N X ± S t P

Vias de absorçãorespiratória + dérmica 13 0,542 0,364 0,708 > 0,05respiratória 5 0,368 0,372

Duração da exposição): 24 horas 7 0,479 0,273

0,133 > 0,05< 24 horas 11 0,503 0,424

Intervalo da exposição> 24 horas 10 0,485 0,282

0,106 > 0,05< 24 horas 8 0,504 0,468

Quantidade da droga empregada): 3 kg 5 0,664 0,170 1,254 > 0,05< 3 kg 13 0,428 0,402

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Na tabela ~ apresentamos os níveis médiosde dieldrin no soro dos indivíduos, agrupadosem 2 classes dentro de cada uma das 4 variá-veis analisadas. Não foi detectada diferençasignificativa entre as classes de qualquer dasvariáveis.

DISCUSSÃO E CONCLUSõES

A aintomatologia de intoxicação pelos inse-ticidas organoclorados aldrin e dieldrin nãoé específica eo mecanismo pelo qual ela ocor-re ainda não é bem conhecido. O grau deabsorção pelo organismo parece ser um dosfatores de maior importância na intoxicação;contudo, os níveis sangüineos de dieldrin dosindivíduos por nós estudados são muito ele-vados. Em 72% dos casos situam-se acima doslimites tidos como de tolerância, e se aproxi-mam mais dos encontrados em casos de enve-nenamento ou intoxicação grave: 0,53 fLg/ml(KAZANTZIZet alii 7), 0,32 ,ug/ml (RÜBINSON&HUNTER 11). Apesar disso, só um indivíduo(n.? 3), com nível de dieldrín no sangue de1,37,ug/ml, manifestou sinais de intoxicaçãomoderada, com cefaléia, tonturas, visão ofus-cada, náuseas e sudorese intensa.

Em estudos toxicológicos uma das questõesmais difíceis que surgem na discussão dos re-sultados se refere à organização genética daspopulações analisadas. LITTLEFIELD& Ko-DELL8 apresentaram dados que demonstram avariabilidade da resposta média de ratos a umcarcinogêníco, resultante da distribuição dife-rente dos mesmos alelos nas populações. Essesautores encontraram diferenças significativasentre duas populações testadas, sendo que ageneticamente heterogênea (com os alelos dis-tribuídos casualmente por toda a população)exibia limites mais amplos de peso corporale maior susceptibilidade ao teste químico doque a geneticamente homogênea (todos os in-divíduos com aleIos idênticos). As populaçõeshumanas são compostas de indivíduos com ge-nótipos muito diferentes, e essa variabi-lidade genética, incontrolável experimental-mente, pode ser um fator explicativo para asrespostas variadas oferecidas por diferentesindivíduos estudados.

Além disso, ANDERSON& WEBER1, estudan-do peixes, apresentaram evidências de que aresposta à dose de díeldrin é uma funçãoquantitativa do tamanho do corpo e, portan-to, a relação entre a dose e a resposta devediferir em indivíduos de tamanhos diferentes.

Vários fatores têm sido relacionados com ograu de contaminação dos manípuladores dospesticidas nas fábricas, ou dos aplica dores : a

12

temperatura e a umidade do ar, o vento ou aventilação, a duração da exposição, o mé-todo e a quantidade de material emprega-do 13, 15, 16. 17, 18, 19. Os dados obtidos no presen-te estudo não permitem o estabelecimento decorrelação entre o nível de dieldrin detectadono sangue e o tempo de exposição ao aldrin, ointervalo exposição-coleta e a quantidade dopestícida utilizada. Possivelmente, as varia-ções entre as 2 classes escolhidas para cadauma das variáveis analisadas não foram sufi-cientes para evidenciar diferenças.

Para o grupo estudado, consideramos que ofator responsável pelo nível elevado de resí-duos de dieldrin detectado no sangue seja anatureza do contacto que os aplicadores tive-ram com o aldrin. Em nenhum caso houve uti-lizaçâo de qualquer proteção pessoal, con-forme solicitado pelo fabricante. Somente 2indivíduos (11% da amostra) tinham lido orótulo da embalagem do pesticida e somente5 misturaram o ald rin com as sementes, utili-zando-se de ferramentas. Não havia, por par-te da totalidade dos indivíduos, valorização deequipamento de proteção (luvas, aventais) oucuidados especiais durante o período de tra-balho (lavagem das mãos e outras partes ex-postas, antes de comer, beber, fumar e após otrabalho). O fato de não encontrarmos dife-rença significativa no nível sangüíneo médiode dieldrin entre indivíduos que acusam absor-ção respiratória e dérrnica e indivíduos que sóacusam absorção respiratória, pode ser atri-buído ao tamanho pequeno da amostra dessasegunda classe e a elevada contaminaçãopela via respiratória desses indivíduos.

Consideramos que os dados obtidos na pre-sente investigação devem se constituir em umalerta no sentido de constatarmos que ohomem do campo, pelo menos na maior partedo nosso país, arrisca sua vida imprudente-mente. Portanto, urge que as medidas geraisde proteção na manipulação e aplicação dospestícidas sejam mais divulgadas entre os la-vradores e que sua execução seja fiscalizadade maneira mais eficiente pelos órgãos res-ponsáveis.

Agradecimentos

Os autores agradecem ao Centro Nacionalde Pesquisas (CNPq do Brasil pelo auxílioconcedido (Proc. n.? 1381/77), ao Environ-mental Protection Agency dos Estados Uni-dos, pelo fornecimento dos padrões de or-ganoclorados, à Srta. Maria Tercília Vilelade Azevedo e à Srta. Caludice Maganha Reypelo valioso auxílio na coleta do material.

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LARA, W.H.; BARRETTO, H.H.C. & VARELLA-GARCIA, M. - Níveis de dieldrin em sangue de ap li-cadores de aldrin na região de São José do Rio Preto, São Paulo. Rev. Inst. Adolfo Luts, 41(1):9-14, 1981.

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LARA, W.H.; BARRETTO, HH.C. & VARELLA-GARCIA, M. - Dieldrin levels inthe blood of farm workers appJying aldrin, in São José do Rio Preto, state ofSão Paulo, Br aztl. Rev. Inst. Adolfo Lute, 41 (1) :9-14, lS81.

ABSTRACT: Dieldrin levels were investigated in 18 farm workers exposed toaldrin. Markedly elevated blood concentrations (mean= 0.49 ppm; standarddeviation= 0.36jLg/ml) were observed. These values are higher than those found inpeople with clinica! manifestations of intoxication by dieldrin. No correlationbetween levels of dieldrin and variables such as duration of exposure, rate of applica-tion and time interval between exposure and blood sarnpling was detected. The highlevels of contamination apparently resulted from the carelessness of the operators.It is advised that farm workers be warned about the danger and tha t official agenciestake more effective measures and a better policy in these aspects.

DESCRIPTORS: dieldrin, levels, in the blood of farm-workers; pesticides, resi-dues; insecticides (organochlorine), aldrin, dieldrin; occupational disease, hazards byexposure to aldrin.

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DIRETRIZES DE UMA POLíTICA PARA A REDE DE LABORATóRIOSDE SAÚDE PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO *

Eliseu Alves Waldman **

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WALDMAN, E.A. Diretrizes de uma política para a rede de Laboratórios deSaúde Pública do Estado de São Paulo. Rev. Inst. Adolfo Lu tz ; 41 (1) :15-21,1981.

RESUMO: Após breve histórico, são discutidas as atribuições da rede de labo-ratórios de Saúde 'Pública do Estado de São Paulo e oferecidos subsídios para o seuplanejamento e organização, além de critérios para sua avaliação.

DESC;RITORES: laboratórios de saúde pública, Brasil; laboratórios de saúdepública, estrutura, organização, redes; planejamento em saúde; programas de saúde.

1 - INTRODUÇÃO

A criação, em fins do século XIX(1892) 4. 8, do Instituto Bacteriológico e doInstituto Vacinogênico, do Laboratório deAnálises Químicas e do Laboratório Farma-cêutico, seis anos após a instituição daprimeira "Inspetoria de Higiene" do Estadode São Paulo, evidencia a preocupação das au-toridades paulistas com o desenvolvimento delaboratórios de saúde pública em nosso meio.

Em 1899, face à ameaça da introdução dapeste bubônica no país, estabeleceu-se no mu-nicípio de Santos um sistema de vigilância econtrole desta moléstia, que enfrentou sériosobstáculos na obtenção do soro antipestosopois, na época, era exclusivamente produzidopelo Instituto Pasteur de Paris. Tal fato tor-nou imprescindível a instalação em nosso paísde um laboratório que assumisse esta respon-sabilidade, criando-se no mesmo ano o Insti-tuto Soroterápico que, posteriormente, dariaorigem ao Instituto Butantã (1901) 4.9. Final-mente, em 1916, incorpora-se ao Serviço Sani-tário o Instituto "Pasteur" de São Paulo 9, quetinha suas atribuições voltadas para o controleda raiva e que era, até então, mantido poruma sociedade particular.

A singular importância destas instituiçõesno desenvolvimento da ciência em nosso meio,foi salientada por Nancy Stepan, em trabalhosobre o assunto 20, que cita o Instituto Bacte-riológico como o "primeiro centro científico doBrasil, organizado segundo linhas modernasde laboratório e cujo trabalho inclui a pri-meira aplicação sistemática da bacteriologiae da parasitologia em Saúde Pública nopaís" 20.

Portanto, já no início deste século, contavao Estado de São Paulo com laboratórios deSaúde Pública que, para melhor distinção desuas atribuições, poderíamos classificar como"de produção", no caso do Instituto Vacinogê-nico, do Instituto Butantan e do Laborató-rio Farmacêutico, e de "prestação de serviços",quando nos referimos ao Instituto Bacterioló-gico, Instituto "Pasteur" e Laboratório deAnálises Químicas e Bromatológicas * * *.Desde seus primórdios, dois aspectos rela-

tivos à organização destas instituições preo-cuparam de maneira especial nossas autorida-des sanitárias:

O imperativo de sua racionalização téc-nico-administrativa, através de unifica-ções em organismos de maior porte,

* Realizado na Divisão de Laboratórios Regionais do Instituto Adolfo Lutz, São Paulo, SP.** Do Instituto Adolfo Lutz e do Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da

Universidade de São Paulo.*** Esta denominação foi dada em 1896 ao antigo Laboratório de Análises Químicas.

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assunto tratado já em 1913 pelo bacte-riologista alemão Martin Ficker que, emestudo a respeito, propôs a fusão do La-boratório de Análises Químicas e Broma-tológicas com o Instituto Bacteriológico 4,

sugestão aceita somente em 1940, com acriação do Instituto "Adolfo Lutz" 4, e.9.

A necessária descentralização dos labo-ratórios destinados a prestação de ser-viços, aspecto previsto pela reforma doServiço Sanitário do Estado, elaboradapor Paula Souza, em 1923, que propunhaa criação, tanto na Capital como no in-terior, de unidades de menor complexi-dade, que se incumbiriam de realizar osexames mais simples 4. No entanto, essadescentralização somente teria início em1938, com a instalação de laboratórios lo-calizados em postos de saúde 9, amplian-do-se em 1943, com a criação dos labora-tórios regionais do Instituto Adolfo Lutz,que viriam a localizar-se nas principaiscidades do interior do Estado 4, 8, 16.

Portanto, no início dos anos quarenta, o Es-tado de São Paulo já contava com duas redeslaboratoriais que, no entanto, desenvolviamsuas atividades sem vínculo algum, isto até1957 quando, por decreto governamental 14,

ficou estabelecido que os laboratórios das uni-dades sanitárias passariam a subordinar-setecnicamente ao Instituto "Adolfo Lutz", per-manecendo administrativamente ligados àunidade sanitária, Esta nova situaçãoteve vigência até 1968, quando novos de-cretos 10, 15 determinam a volta à situaçãooriginal.

Na realidade, o insucesso desta primeiratentativa de unificação da rede de laboratóriosprendeu-se especialmente ao caráter "vertical"da estrutura administrativa que vigorou naSecretaria da Saúde até 1969, permitindo oumesmo estimulando a criação, por parte dosserviços especializados, de suas próprias redeslaboratoriais, fenômeno idêntico ao ocorrido emoutros países subdesenvolvidos 5, 11,

Em 1969, com a reforma administrativa pro-movida na Secretaria da Saúde, procurou-seextinguir praticamente todos os serviços es-pecializados, substituindo-os por programasque passariam a desenvolver-se de maneiraintegrada em centros de saúde polivalentes.Todavia, a nova estrutura manteve a duplici-dade existente nas atividades de laboratório,que continuaram sendo desenvolvidas simul-taneamente pelos centros de saúde e pelas uni-dades do Instituto "Adolfo Lutz", o quepermitiu o reaparecimento da antiga polêmicaa respeito da formulação de uma política paraa rede de laboratórios de saúde pública do Es-tado. Este último aspecto motivou a elabora-ção deste artigo que procurará, a partir dadiscussão da articulação da rede COmo setorsaúde, estabelecer uma proposta para a suaestrutura e organização, dado que ainda nãoestá claramente definido.

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2 - DESENVOLVIMENTO DOS SERVI-ÇOS DE SAúDE PúBLICA E SUASIMPLICAÇõES NA ÁREA LABORA-TORIAL

Após rápido histórico onde foram salienta-dos pontos de importância para melhor situaras origens da rede de laboratórios de saúdepública do Estado de São Paulo, passaremosa discutir algumas modificações surgidas faceà evolução conceitual e ao desenvolvimentodos serviços de saúde pública nos últimos anos.

2.1 Sistema Nacional de Saúde

A ampla discussão desenvolvida ultimamentea respeito da implantação de um sistema inte-grado, regionalizado e hierarquizado de ser-viços de saúde em nosso país, a despeito dainexistência na lei 1 que o propõe, de citaçãoespecífica abordando o papel a ser desempe-nhado pela rede de laboratórios de saúde pú-blica, tem aberto perspectivas para a partici-pação desta última, no nível primário deatenção médica, proposta defendida por técni-cos da Organização Mundial de Saúde 12.

2.2 Sistema Nacional de Vigilância Epide-miológica

No momento em que se cria um sistema deinformação para ações de controle de determi-nadas doenças infecciosas 2, pressupõe-se aparticipação de laboratórios que obedeçam atécnicas padronizadas e que se submetam àsupervisão contínua de órgãos credenciadospelo Ministério da Saúde. Só uma infra-estru-tura de diagnóstico assim estabelecida nosfornecerá dados confiáveis e comparáveis entresi permitindo um diagnóstico fidedigno dasituação epidemiológica das moléstias em ques-tão. Entretanto, sabemos ser pouco provávelque o setor privado se submeta a padrões téc-nicos e à supervisão de órgãos oficiais, motivopelo qual somos favoráveis à atribuição decompetência exclusiva das ações de diagnós-tico referentes às doenças submetidas ao sis-tema de vigilância epidemiológica à rede delaboratórios de saúde pública.

2.3 Sistema Nacional de Laboratórios deSaúde Pública

Este sistema 3 propõe a implantação de umarede regionalizada, com unidades de comple-xidade crescente, que abrange desde o labora-tório local até o laboratório nacional de re-ferência; além disso, define-a não só técnica eadministrativamente, como também estabelecetoda uma nova filosofia de trabalho, sendomais significativos os aspectos que passamos acitar:

- Concebe a rede como constituída de uni-dades dinâmicas que devem ir a campoproceder a inquéritos e levantamentos,antecipando-se a necessidades sentidas

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e não permanecer estática, limitando-se aoatendimento da demanda. No atendimento dacoletividade deverão ser observados critériosepidemiológicos 3.

- Cada unidade deve atender a área geo-gráfica bem definida e utilizar métodose técnicas padronizadas a nível nacío-nal ê.

Deve apoiar o sistema nacional de vigi-lância epidemiológica e o de vigilânciasanitária de determinados produtos deconsumo humano 3.

Entre suas atividades-meio, salienta apadronização de técnicas, de materiais eequipamento, a promoção de treinamen-to de pessoal e o estabelecimento de umsistema de supervisão técnica como fitode garantir a utilização dos padrões fi-xados 3.

Quanto à sua estrutura, obedece ao se-guinte organograma:

Laboratório Nacionalde

Referência

Laboratório Estadualou

Territorial

LaboratórioRegional

Laboratóriolocal

2.4 Implantação de programas de saúde de-senvolvidos em unidades sanitárias poli-valentes

Em 19n;, as discussões para a elaboraçãodos programas a serem desenvolvidos por cen-tros de saúde poli valentes tiveram como umdos pontos mais polêmicos a definição da es-trutura lalboratorial que lhe daria suporte.Este fato determinou estudos na Secretaria daSaúde, a respeito da conveniência ou não damanutenção de duas redes laboratoriais noEstado de São Paulo, a do Instituto "AdolfoLutz" e a das Unidades Sanitárias. Estes estu-

dos chegaram a conclusões cuja síntese passa-remos a apresentar:

Os laboratórios localizados nas unidadessanitárias praticamente não consegui-ram suprir as necessidades dos progra-mas em virtude da inexistência de umaestrutura especializada, de maior com-plexidade, que lhes desse apoio técnico elogístico.

O número excessivo destes laboratórios,além da falta de critérios na sua locali-zação, tornava-os demasiadamente dis-pendiosos, não só quando da aquisiçãode seu equipamento mínimo indispensá-vel, mas principalmente devido ao altocusto de sua manutenção.

A excessiva descentralização tornavaimpraticável, dentro dos recursos exis-tentes, a criação de um sistema de trei-namento e supervisão contínua que ga-rantisse um mínimo de qualidade nosexames executados.

O problema de reposição de pessoal mos-trou-se dos mais sérios, uma vez que, dorol de prioridades estabelecidas peloscentros de saúde, geralmente não cons-tava a atividade de laboratório, redun-dando em freqüentes paralisações de ati-vidades.A tentativa, realizada durante o períodode 1957 a 1968, de subordinar tecnica-mente os laboratórios locais ao Instituto"Adolfo Lutz", e administrativamente aocentro de saúde, gerou uma situação deduplo mando.

O fato de ter a descentralizaçâo da co-lheita de amostras para exames pratica-mente acompanhado o das atividades delaboratório, criou sérios problemas dadoque forçava o deslocamento dos pacien-tes, quando o mais lógico seria a cria-ção de postos de coleta em cada centro desaúde, e o estabelecimento de fluxos parao encaminhamento das amostras ao la-boratório mais próximo.

A grande disparidade entre as ativida-des desenvolvidas pelos laboratórios re-gionais e o laboratório central do Ins-tituto "Adolfo Lutz", e a falta dedefinição das atribuições dos primeiros,impedia a consolidação desta rede comoum sistema hierarquizado com complexi-dade crescente.As unidades regionais do Instituto"Adolfo Lutz", pela ausência de umvínculo maior com os programas desen-volvidos pelos diversos órgãos da Secre-taria da Saúde, assumiam, na realidade,o papel de laboratórios de análises clí-nicas, voltados para a prestação de ser-viços à população destituída de segu-ros previdenciários.

A duplicidade de atribuições em questãopermitiu, com certa freqüência, a exis-

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tência de dois laboratórios num únicomunicípio, um pertencente ao Instituto"Adolfo Lutz" e outro, a um centro desaúde, com a conseqüente subutilizaçãode ambos.

Com base nas considerações acima e, ainda,no fato de que a integração dos serviços cons-titui uma das diretrizes básicas da atualestrutura da Secretaria da Saúde do Estado deSão Paulo, preconizou-se a instituição de umaúnica rede de laboratórios de saúde pública,estabelecendo-se um processo gradual de uni-ficação 18, 19, que alcançaria seu objetivo em1979, por um ato administrativo 17 que esta-beleceu a subordinação técnica e administra-tiva das unidades sediadas em centros de saú-de ao Instituto "Adolfo Lutz", o que permitiua constituição de um sistema regionalizado ehierarquizado, obedecendo a normas técnicaspadronizadas pelo seu nível mais alto.

Considerando, no entanto, que a situaçãoora exposta pode apresentar caráter transitó-rio, uma vez que o ato administrativo que lheconfere cunho formal não possui a força deuma lei, podendo ser alterado mediante sim-ples redirecionamento na política da Secretariada Saúde para este setor, fomos levados aapresentar uma proposta que possa fornecersubsídios para novos estudos,

3 - PROPOSTA DE ORGANIZAÇÃO DAREDE DE LABORATóRIOS DE SAú-DE PúBLICA DO ESTADO DE SÃOPAULO

3.1 Estrutura

Pelo exposto, parece-nos inconteste que oEstado de São Paulo deverá ter uma únicarede de laboratórios de saúde pública, no setorconceituado, no início deste trabalho, como de"prestação de serviços", subordinado ao Ins-tituto "Adolfo Lutz". Sua estrutura deveráobedecer àquela estabelecida pelo Ministérioda Saúde 3, acrescentando-se-lhe um tipo in-termediário de unidade que se situará entre oLaboratório Regional e o Local, que podere-mos designar de laboratório "sub-regional" eque virá atender às necessidades da área me-tropolitana e das regiões com grande númerode cidades de média concentração populacio-nal.

Este laboratório sub-regional terá atribui-ções até certo ponto semelhantes às do labo-ratório regional, excluídas as de exames bro-matológicos; sua estrutura, tanto técnica comoadministrativa, será mais simples, dando co-bertura a um número menor de Distritos Sa-nitários, mas tendo obrigatoriamente em seucomando um elemento de nível universitário.Quanto à sua distribuição geográfica, os

laboratórios regionais deverão acompanhar emnúmero as Divisões Regionais de Saúde e,sempre que possível, localizarem-se nos muni-

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crpios sede das mesmas. Já para a localiza-ção das Unidades sub-regionais e locais propo-mos dois critérios distintos:

a) Região da Grande São Paulo

Esta área, além do laboratório central e deum regional, deverá possuir de cinco a seteunidades localizadas em setores de maior con-centração populacional, próximos às principaisvias de comunicação.

Quanto à sua complexidade, será a de umlaboratório "sub-regional", dada a necessida-de de maior flexibilidade no atendimento dademanda existente numa região metropolita-na, e pelo importante fator de ter em seu co-mando um elemento de nível universitário,características que não poderiam ser apresen-tadas por um laboratório "local".

b) Regiões do Interior do Estado

Para estas áreas, as unidades tanto "sub--regionais" como "locais" deverão localizar-seem municípios sede de Distritos Sanitários ea opção, quanto à complexidade do laboratório,estará condicionada às características demo-gráficas da área, ao desenvolvimento sócio--econômico e, conseqüentemente, ao padrãotécnico dos demais serviços de atenção mé-dica.

Para a consolidação desta estrutura, é fun-damental a criação de postos de coleta deamostras em todos os centros de saúde da Se-cretaria, ficando esta atividade sob a respon-sabilidade do setor de enfermagem,A eficácia deste sistema estará condiciona-

da à capacidade de se estabelecerem fluxoságeis de encaminhamento aos laboratórios deamostras colhidas nas unidades sanitárias, edas respectivas devoluções dos resultados, tor-nando indispensável a utilização de formas al-ternativas de transporte, seja através deveículos dos próprios órgãos da Secretaria,de ônibus intermunicipais e, sempre que pos-sível, através do correio, supondo como pré--requisito a existência de embalagens adequa-das a esta finalidade 6, 7.

Quando completamente implantada, estarede terá aproximadamente setenta laborató-rios. Contudo, consideramos aconselhável quea criação de novas unidades se processe deforma gradual, com a observação prévia daexistência de demanda que a justifique e deuma infra-estrutura que garanta o seu fun-cionamento regular e a qualidade de seus ser-viços.

3.2 Atribuições

A rede de laboratórios de saúde pública de-verá assumir as seguintes atribuições:

a) Constituir suporte laboratorial de:Programas e sub-programas de saú-de 5,6.

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Sistema de Vigilância Epidemioló-gica 6. 7.

Programas de controle de qualidadede medicamentos e alimentos de con-sumo humano.Sistema primário de atenção médicaoficial, constituído pela rede de cen-tros de saúde do Estado, e dos muni-cípios.

b) centro de referên-para laboratóriosexistentes em sua

Capacitar-se comocia e treinamentooficiais e privadosárea.

c) Constituir-se em fonte de informaçõesde interesse epidemiológico

Neste último item cabem alguns comentá-rios, uma vez que estabelecemos uma distin-ção entre as informações destinadas a açõesimediatas de controle relativo às doenças in-cluídas no sistema de vigilância epidemioló-gica, e aquelas de "interesse epidemiológico"que dizem respeito a moléstias que, por suaimportância, devem ter sua freqüência e dis-tribuição acompanhadas, para eventuais medi-das ou programas de controle.

Citaremos, como exemplo, os exames paradiagnóstico sorológico da sífilis, feitos de ro-tina em gestantes atendidas pelos centros desaúde, e aqueles destinados ao controle dasinfecções chagásica, luética, e por antígenoRBs em doadores de sangue. Se o registrodestes dados no laboratório se fizer de formaa torná-los recuperáveis, possibilitará aos ser-viços de epidemiologia do Estado colher infor-mações a respeito da tendência secular destasdoenças nestes segmentos da população, per-mitindo igualmente calcular o risco de suatransmissão por via transplancentária ou portransfusão sangüínea nos grupos expostos.

3.3 Integração da rede de laboratórios desaúde pública com outras instituições dosetor saúde

Para o efetivo cumprimento de suas atribui-ções, impõe-se um estreito relacionamento comas demais entidades do setor saúde, existentesem sua área de atuação. Esta postura dinâ-mica, assumida pelos laboratórios de saúdepública, constitui aspecto relevante em sua di-ferenciação com os de análises clínicas.

Com o intuito de salientar a importânciadesta integração, teceremos alguns comentá-rios relativos aos setores que consideramosprioritários:

a) HospitaisSalientamos o interesse no estabelecimento

de vínculo com os hospitais que internam sus-peitos de acometimento por doença submetidaao sistema de vigilância epidemiológica. Esteentrosamento é indispensável à criação de flu-xos de encaminhamento de amostras para aconfirmação laboratorial do diagnóstico etio-

lógico por técnicas padronizadas. Por outrolado, consideramos importante que cada unida-de de nível regional efetue controle bacterio-lógico para a detecção de infecções hospita-lares, especialmente em berçário, uma vez queesta atividade, além de permitir a obtençãode informações epidemiológicas a respeito doproblema, propicia à sua equipe oportunidadede familiarizar-se com métodos de isolamen-to e identificação de enterobactér ias, uma vezque lida com população de alto risco para taisinfecções.

Se conseguirmos a manutenção de uma de-manda regular, mesmo que não elevada, decoproculturas nos moldes acima referidos, serápossível ao laboratório central, desde que re-ceba das unidades regionais as cepas de ente-robactér ias isoladas, estabelecer um sistemade controle de qualidade.

b) Bancos de sangueA prestação de serviço a estas entidades,

além de permitir a obtenção de informaçõesde interesse epidemiológico, contribui para oaprimoramento de padrão técnico das trans-fusões sangüíneas, diminuindo o risco detransmissão de infecção por esta via.

Por outro lado, à medida em que estes labo-ratórios adquirem maior experiência nestesetor, terão melhores condições de assessoraro Serviço de Fiscalização do Exercício Profis-sional na verificação do cumprimento da le-gislação sanitária, no que se refere a hemo-terapia 13.

c) Centros de Saúde e Superintendência doControle de Endemias (SUCEN)

Julgamos dispensáveis considerações relati-vas à importãncia da integração da rede delaboratórios com estas Instituições, haja vistoa clara interrelação de suas atividades.

3.4 Padronização de técnicas

A implantação de técnicas padronizadas éimprescindível, não só para maior racionaliza-ção administrativa na compra de equipamen-tos e material de consumo, como também parafacilitar o treinamento do pessoal, permitir acomparabilidade dos resultados dos examesrealizados nas diversas unidades da rede e,finalmente, possibilitar o estabelecimento deum sistema de supervisão.

É forçoso salientar que, em se tratando deações voltadas para a saúde pública, asopções por técnicas devem recair sobre as queapresentam características de fácil reproduti-bilidade, baixo custo, alta· sensibilidade, semobrigatoriedade de igual especificidade.

3.5 Formação de pessoal

Nunca é demasiado ressaltar a importânciado treinamento e da reciclagem periódica, nãosó para a garantia da fiel observância dastécnicas padronizadas, como também pelo es-

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t.ímulo profissional à equipe, uma vez quepermite contínua atualização, interessando-apela pesquisa e desenvolvimento de novos co-nhecimentos.De igual relevância é a manutenção, na

equipe, de uma supervisão contínua, poismantém a homogeneidade e a qualidade dosserviços prestados; contudo, o seu êxito de-pende não só de conhecimento e experiência doresponsável, como também da nítida dife-renciação desta atividade com a de fiscaliza-ção.

3.6 Critérios de avaliaçãoO processo de avaliação é fundamental para

o acompanhamento da eficiência e eficáciado sistema; sua elaboração se fará através deindicadores, tais como:

a) Controle de qualidadeEste aspecto deverá ser apreciado através

de relatórios referentes às supervisões diretae indireta, os quais serão consolidados em"matrizes de avaliação" especialmente elabo-radas para este fim.

b) CoberturaEste indicador apresentará uma visão da co-

bertura oferecida pelos diversos laboratóriosàs unidades sanitárias pertencentes à área sobsua responsabilidade. Esta informação pode-rá ser obtida através de boletim que especi-fique a procedência das amostras examinadas.

c) Caracterização da demandaQuanto a este item procuraremos ana-

lisar o tipo de serviços prestados, pela resul-tante da razão entre o número de examesde "interesse em saúde -pública" e o total rea-lizado durante o período estudado.

n.? de exames de "interesse emsaúde pública" realizados

I --------------------------- X 100total de exames realizados

Para a obtenção deste indicador, considera-mos de interesse em saúde pública:

-- Exames destinados aos programas e sub--programas de saúde.Exames destinados ao diagnóstico dedoenças submetidas ao Sistema de Vigi-lância Epidemiológica.

Exames bacteriológicos.Provas para o diagnóstico sorológico dasífilis e de outras infecções, quando des-tinadas ao controle de bancos de sangue.Exames bromatolôgícos.Exames destinados ao estudo dos vetorese dos hospedeiros intermediários.

É interessante salientar, para análise desteindicador, que a partir do momento em queesta rede participar de forma efetiva e nor-matizada como suporte laboratorial do siste-ma de atenção médica primária, todos os exa-mes originados desta demanda deverão serconsiderados como de interesse em saúde pú-blica.

4 -- CONCLUSÕES

Para que se alcance a eficácia e eficiênciaesperadas, a rede de laboratórios de saúdepública do Estado de São Paulo deverá:

Ser única e plenamente integrada aosprogramas desenvolvidos pela Secreta-ria da Saúde.Ter seu pessoal integrado à equipe daSecretaria da Saúde, participando namesma, desde a elaboração até a avalia-ção dos programas.Assumir uma postura dinâmica, sem serestringir unicamente ao atendimentoda demanda, procurando relacionar-secom todos os órgãos do setor saúde exis-tentes na área sob sua responsabilidade.Centralizar, tanto quanto possível, aexecução dos exames, descentralizandoao máximo a coleta de amostras, com ointuito de racionalizar o sistema, dimi-nuindo seus custos, aprimorando a qua-lidade técnica dos exames, tornando oserviço mais accessível à clientela doscentros de saúde.

-- Padronizar as técnicas utilizadasunidades da rede, estabelecendo uma po-lítica de treinamento de pessoal, umsistema de supervisão e outro de con-trole de qualidade.Proceder a uma avaliação contínua dodesempenho das unidades da rede e dosistema como um todo.

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WALDMAN, E.A. - Bases for planning a network of Public Health Laboratoriesfor the state of São Paulo, BraziJ. Rev. Inst. Adolfo Lut.z ; 41 (1) : 15,21, 1981.

ABSTRACT: A brief historical review of the pubJic health laboratory networkof the state of São Paulo, Brasil, is made. A rationale for planning and improvednetwork is offered as well as suggestions for evaluation of the results of thisplanning.

DESCRIPTORS: health planning; state health planning, Brazil; public healthlaboratory ; public health laboratory network, Brazil.

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WALDMAN, E.A. - Diretrizes de uma política para a rede de laboratórios de saúde pública doEstado de São Paulo. Rev. Inst. Adol] o Lut.z ; 41 (1 ) :15-21, 1981.

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Recebido para publicação em 4 de novembro de 1980.

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ee». Inst. Aâolto Lute,41 (1) :23-30, 1981.

AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO MÉTODO DE KATO-KATZ NO DIAGNóSTICOPARASITOLóGICO DA ESQUISTOSSOMOSE MANSóNICA *

Pedro Paulo CHIEFFI **Rubens Murillo MARQUES ***José G. Vergetti de SIQUEIRA ****

RIALA6/518

CHIEFFI, P.P.; MARQUES, R.M. & SIQUEIRA, J.G.V. Avaliação da eficáciado método de Kato-Katz no diagnóstico parasito lógico da esquistossomose man-sônica. Rev. Inst. Adolf o Lutz, 41 (1) :23-30, 1981.

RES UMO: Para avaliar a variação dos resultados de exames coprológicos rea-lizados pelo método de Kato-Katz selecionaram-se 11 pacientes, comprovadamenteinfectados por Schistosoma mansoni e nunca submetidos à terapêutica específica, ecoletaram-se 19 amostras diferentes de fezes de cada um, durante quatro semanasconsecutivas. De cada amostra preparam-se quatro lâminas e cada uma foi exami-nada por quatro microscopistas que determinaram o número total de ovos de S. man-soni presentes, em experimento cego. Os resultados indicaram a existência de dife-rença significante entre o número médio de ovos eliminados por um mesmo paciente,ao longo dos 19 dias de pesquisa. Notou-se, também, variação significativa entreas médias das leituras de cada examinador, para o mesmo dia. Por outro lado,quando se comparou o resultado de um mesmo examinador na leitura das quatrolâminas de cada amostra, no mesmo dia, observou-se diferença significativa naquantidade de ovos encontrados. Raramente verificou-se discordância entre os mi-croscopistas quanto aos resultados qualitativos.

DESCRITORES: esquistossomose mansô nica, diagnóstico parasitológico; métodode Kato-Katz, eficácia, variabilidade.

Realizado no Laboratório Regional da 'luperintendência da Campanha de Saúde Pública,Maceió, AL.Do Instituto Adolfo Lutz, São Paulo, SP.Da Secretaria de Economia e Planejamento, São Paulo, SP.Da Diretoria Regional da Superintendência da Campanha de Saúde Pública, Macei ó, AL.

INTRODUÇÃO

O diagnóstico da esquistossomose mansôni-ca, quando se quer determinar a prevalênciado parasita com o objetivo de avaliar o índi-ce de endemicidade em extensos setores dapopulação, é geralmente realizado através detécnicas de exame coprológico.

Por recomendação da Organização Mundialda Saúde 15, ultimamente, têm-se adotado téc-nicas coprológícas quantitativas com a finali-dade de avaliar não apenas a prevalência deesquistossomose, mas também a intensidade

*********

de infecção em populações de regiões endê-micas,

HAIRSTON 9 chamou a atenção para o fato deque a determinação da prevalência de esquis-tossomose por meio de métodos quantitativospode, às vezes, fornecer resultados menos sen-síveis do que quando se empregam técnicas deconcentração, normalmente utilizadas nos exa-mes coproscópicos qualitativos. Contudo, di-versos autores 4. 6. 12 referem bons resultadosno diagnóstico da esquistossomose mansônicaquando é empregado o método de Kato.

O objetivo do presente trabalho é avaliar avariabilidade, nos resultados quantitativos e

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qualitativos, de exames coproscopicos de pa-cientes comprovadamente infectados por Schis-tosoma mansoni e nunca submetidos a trata-mento específico, quando realizados pelo mé-todo de Kato-Katz e examinados por quatromicroscopistas, em condições comparáveiscom as utilizadas em trabalhos de campo.

MATERIAL E MÉTODOS

Selecionaram-se 11 pacientes comprovada-mente infectados por S. mansoni, sem nuncaterem recebido tratamento específico, residen-tes no município de Maceió, Alagoas. A ida-de dos pacientes variou de 9 a 56 anos; cincopertenciam ao sexo feminino e seis ao mas-culino. Solicitou-se de cada paciente que, du-rante o período de quatro semanas consecuti-vas, fornecesse diariamente uma amostra defezes, de maneira a completar 20 amostras di-ferentes ao longo do tempo. Nenhum pacienteconseguiu obter o número total de amostras,variando de 10 a 19 a quantidade fornecidapor cada um (ver tabela 1).

De cada amostra, após cuidadosa homoge-neízação do material, prepararam-se quatrolâminas, conforme a técnica quantitativa paraa realização do método de Kato, descrita por

KATZ et alii 11. As lâminas foram identifica-das através de números sorteados aleatoria-mente, de forma a não permitir aos mi-croscopistas o reconhecimento do paciente.Cada lâmina foi examinada por quatro mi-croscopistas que determinaram o número totalde ovos de S. mansoni presentes, em experi-mento cego. Um dos microscopistas foi consi-derado como padrão em conseqüência de suamelhor capacitação técnica. Os demais, tive-ram seus resultados comparados com os obti-dos pelo microscopista-padrão.

Antes de iniciar o trabalho, os microscopis-tas foram submetidos a treinamento prévio,ministrado pelo microscopista-padrão, com afinalidade de tentar eliminar fatores indivi-duais de erro na leitura das lâminas.

Todos os examinadores utilizaram micros-cópios semelhantes, empregando objetiva eocular que proporcionavam aumento de 100vezes. A determinação do número de ovos emcada lâmina se fez através do uso de registra-dor manual.

A abordagem estatística empregada na in-terpretação dos resultados foi a de construçãode um modelo de Análise de Variância, a qua-tro critérios de classificação, parcialmentehierárquico 2.

TABELA 1

Relação dos pacientes examinados quanto ao sexo, idade e número deamostras de fezes fornecidas

Paciente Sexo Idade Amostras

1 masculino 21 182 masculino 21 173 masculino 21 174 masculino 21 165 masculino 27 106 feminino 39 197 feminino 14 19

8 feminino 38 159 feminino 9 18

10 feminino 10 1811 feminino 56 15

RESULTADOS

Os resultados das leituras realizadas pelomicroscopista-padrão indicaram a existência

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de diferença altamente significante entre onúmero médio de ovos eliminados por um mes-mo paciente ao longo dos 19 dias de pesquisa,conforme pode se observar na tabela 2.

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TABELA 2

Número médio de ovos de Schistosoma mansoni por grama de fezes eliminado por dia (média da leitura de quatro lâminas) em 11 pacientessubmetidos a 19 exames pelo método de Kato-Kaiz, em ocasiões diferentes conforme resultados do microscopista-padrão

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19

e~

1 168 36 372 504 444 96 150 184 78 18 120 96 - 24 384 300 150 468 1202 36 - - 54 224 12 12 114 24 66 32 54 12 12 48 18 90 54 483 162 84 888 720 642 1.176 618 108 - 312 594 1.320 - 528 396 1.140 978 546 1.1104 42 24 150 138 24 108 144 72 200 176 42 42 - - 24 90 24 48 -5 36 12 132 12 - 6 84 - - - O - 36 O 72 - - - -6 108 96 174 138 198 222 258 246 296 96 54 66 114 198 240 114 48 138 3247 78 312 320 432 474 612 1.266 1.566 318 72 720 534 864 282 108 78 210 234 3548 528 48 - - 528 1.368 606 336 222 984 576 - 954 - 876 462 1.146 714 1.0149 36 6 6 - 6 24 144 12 78 54 84 18 84 24 30 18 36 12

10 - 1.416 2.592 750 1.086 1.290 2.112 1.062 2.730 1.296 2.472 1.776 1.326 1.140 1.590 1.428 2.028 2.094 2.38811 - 18 30 O - 24 12 6 12 12 6 12 6 - 30 - 6 6 72

1.056

As casas vazias (-) indicam que o paciente não enviou fezes neste dia.

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CHIEFFI, P.P.; MARQUES, R.M. & SIQUEIRA, J.G.V. - Avaliação da eficácia do método de Kato--Katz no diagnóstico parasitológico da esquistossomose mansônica. Rev. Inst. Adolfo Lutz, 41 (1) :23-30, 1981.

Ao se compararem os resultados obtidospelos quatro examinadores notou-se diferen-ça significativa entre as médias das leiturasde cada um, para o mesmo paciente, no mes-mo dia. E, ao se confrontarem os resultadosde um mesmo examinador na leitura das qua-tro lâminas que compunham o total das amos-

tras provenientes de um mesmo paciente emdeterminado dia, observou-se diferença esta-tisticamente signif'ícante entre o número totalde ovos encontrados em cada lâmina. Na ta-bela 3 são sumariados os dados fornecidospela análise de variância dos resultados.

TABELA 3

A nálise estatística dos resultados, através de modelo de análise de variância,a quatro critérios de classificação

Fonte de variação Soma dos G.l. Quadrado Fquadrados médio

Entre dias 29.210.557 18 1.622.809 50,12

Entre pacientes (dia) 1.082.448.500 151 7.168.534 221,39

Entre examinadores (dia) 101.194.250 510 198.420 6,13

Entre lâminas (dia) 77.977.750 510 152.898 4,72

Inte raçã o examinador Xlâmina (dia) 49.540.250 1.530 32.379 -

Total 1.340.371.380 2.719 - -

As diferenças entre os quatro examinado-res tornaram-se mais patentes nos pacientesque apresentaram baixo nível de infecção; na-queles que eliminaram grande número de ovosnotou-se tendência a maior uniformidade en-tre as leituras realizadas, como indica a aná-lise das figuras 1 e 2.

Com relação aos resultados qualitativos, ra-ramente ocorreu discrepância entre as leitu-ras dos quatro examinadores.

DISCUSSÃO

A avaliação da prevalência e intensidade deinfecção por S. mansoni em populações resi-dentes em áreas endêmicas é tarefa queencerra dificuldades, em conseqüência de va-riações na presença e quantidade de ovos eli-minados pelas fezes dos indivíduos inf'ectados.Em trabalho anterior, comentaram-se as prin-cipais variáveis relacionadas com este fato 5;todavia, é interessante retomar a discussãosobre dois aspectos irregularidade noritmo de eliminação f'ecal de ovos de S. man-

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soni e distribuição dos ovos do parasita namatéria fecal - à luz dos dados obtidos nopresente trabalho.

A ocorrência de postura irregular em fê-meas de S. mansoni e, conseqüentemente, eli-minação inconstante de ovos pelas fezes já foiassinalada em diversas ocasiões 16.9, emboraexistam relatos referindo-se à estabilidade naeliminação fecal de ovos em pacientes infec-tados por S. haematobium 13 e mesmo S. man-soni I, quando se avalia a quantidade de ovoseliminada em períodos relativamente longos.Recentemente, DOMINGUES et alii. 8 tambémencontraram ampla flutuação na contagem deovos de S. mansoni, eliminados em dias con-secutivos por pacientes infectados, porém atri-buíram este fato a fatores intervenientescomo variação na consistência das fezes, pre-sença de resíduos no material examinado eocorrência de poliparasitísmo. Nossos resul-tados, expressos na tabela 2, mostram grandevariação na quantidade de ovos eliminadosao longo de 19 dias pelos pacientes examina-dos, reforçando a hipótese de que, pelo menospara períodos curtos de tempo, é extrema-mente irregular a excreção f'ecal de ovos deS. mansoni por um mesmo paciente.

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CHIEFFI, P.P.; MARQUES, R.M. & SIQUEIRA, J.G.V. - Avaliação da eficácia do método de Kato--Katz no diagnóstico parasitológico da esquistossomose mansônica. Rev. Inst. Adolfo Lute, 41 (1) :23-30, 1981.

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/0 /52 3 4 5 /9DiasExaminador /

Examinador 3

FIGURA 1 - Média diária do número de ovos de Sch isiosoma manson; diagnosticados por examinador,em paciente com infecção esquis tossomó ticn intensa.

Examinador - padrão

Examinador 2

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2 4 5 7 8 Dias63

Examinador - padrãoExaminador IExorntncdor 2Exornlnodor 3

FIGURA 2 - Média diária do número de ovos deSchistosoma mansoni diagnostica-dos por examinador, em pacien-te com infecção esquistossomóticaleve.

Com relação à distribuição dos ovos deS, mansoni na matéria fecal também existedivergência de opiniões entre os autores queestudaram o assunto. Alguns pesquisadoresdefendem a hipótese de que os ovos do tre-matódeo distribuem-se ao acaso nas fezes,sendo encontrados em quantidade semelhan-te em qualquer porção do bolo fecal 4. 10. 12, To-davia, existem relatos de que ocorreria con-centração de ovos de S. mansoni na superfíciee nas porções terminais do bolo fecal 3, con-dicionando distribuição irregular nas amos-tras submetidas a exame coprolôgico. A exis-tência de diferença estatisticamente signífi-cante nos resultados da leitura de quatrolâminas preparadas, no mesmo dia, com amos-tra proveniente de um mesmo paciente e exa-minadas pelo mesmo microscopista, verificadano presente trabalho, não obstante o cuidadoem homogenizar o material fecal (ver ta-bela 3), revela distribuição irregular dos ovosdo parasita nas amostras examinadas, suge-rindo .que este fato alteraria o resultado detécnicas de exame quantitativo.

Outro aspecto que merece consideração é agrande variabilidade observada nos resultadosobtidos por microscopistas diferentes ao exa-minarem a mesma preparação, em experimen-to cego, indicando que existem fatores subjeti-vos de erro quando se empregam técnicas quan-titativas. Neste particular, aceitando-se comomais próxima do valor exato a contagem deovos realizada pelo microscopista-padrão, éinteressante notar que a variabilidade entreos resultados dos diversos microscopistas foimais acentuada quando as fezes continhammenor quantidade de ovos, conforme mostramas figuras 1 e 2, fato que pode resultar emsuperestimação da carga parasitária em le-vantamentos epidemiológicos.

Os resultados obtidos neste trabalho, ao in-dicarem f'lutuaçâo entre o número de ovos deS. mansoni eliminados por um mesmo pacien-te quando acompanhado por vários dias conse-cutivos, além de revelarem grande variabili-dade nos resultados de diversos microscopistasao examinarem a mesma preparação, tornampatente as dificuldades que surgem, em con-dições de trabalho de campo, quando se pre-tende avaliar, por técnicas quantitativas, aintensidade de infecção esquistossomótica emuma população. Entretanto, a ocorrência dediscordância insignificante com relação a re-sultados qualitativos, entre os quatro micros-copistas, permite supor que é aceitável a con-fiabilidade de inquéritos coprológicos realiza-dos pelo método de Kato, quando o objetivo édeterminar os índices de prevalência de in-fecção por S. mansoni em população residenteem área endêmica.

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CHIEFFI, P.P.; MARQUES, R.M. & SIQUEIRA, J.G.V. - A test of the efficiencyof the Kato-Katz thick-smear method for the parasitologic diagnosis of Mansonschistosomiasis. Rev. Inst. Adoito Lutz, 41 (1) :23-30, 1981.

ABSTRACT: The variability in results of quantitative coprological examina-tions by the Kato-Katz thick-smear method was measured in 11 patients from abilharziasis endemic area. Ali patients were infected by Schistosoma mansoni asshown by laboratory tests and they had not been subjected to specific therapy.During four weeks, stool specimens were daily co1!ected from each patient. Fourthick-smear slides of each stool specimen were prepared. Each smear was examinedby four technicians who did not know which preparation they were examining. Thetotal number of S. mansoni eggs laid by each patient was determined. The re-sults were subjected to regression analysis which showed a significant differenceamong the rates of eggs eliminated daily by a given patient. However, the quan-titative data, but not the qualitative data, furnished by the technicians variedsignificant1y among them.

DESCRIPTORS: Manson schistosomiasis, parasitologic diagnosis; Kato-Katzthick-smear method, accuracy, variability; bilharziasis.

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29

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CHIEFFI, P.P.; MARQUES, R.M. & SIQUElRA, J.G.V. - Avaliação da eficácia do método de Kato--Katz no diagnóstico parasitológico da esquistossomose mansônica. Rev. Inst. Adolfo Lut.z, 41 (1):23-30, 1981.

15. ORGANIZACION MUNDIAL DE LA SALUD.Comite de expertos de Ia OMS en luchacontra Ia esquistosomiasis, Ginebra, 1972.Lucha contra Ia esquistosomiasis. Ginebra,1973. Informe. [Ser. inf. técn. 515]

30

16. PESSÕA, S.B. - Aspectos comparativos en-tre a epidemiologia e a profilaxia da es-quistossomose japônica na China e da es-quistossomose mansônica no Brasil. Rev.paul. Med., 55:101-22, 1959.

Recebido para publicação Mn 17 de novembro de 1980.

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Reu, Inst, Adolf o Lutz,41 (1) :31-35, 1981.

CONTAGEM DE FILAMENTOS MICELIANOS EM DOCES EM PASTADE GOIABA, MARMELO, PÊSSEGO E FIGO, PELO MÉTODO DE HOWARD *

Claydes de Quadros ZAMBONI **Helena Ide ALVES *.Marlene Correia dos SANTOS **

RIALA6/519

ZAMBONI, C.Q.; ALVES, H.I. & SANTOS, M.C. - Contagem de filamentos mice-lianos em doces em pasta de goiaba, marmelo, pêssego e figo, pelo método deHoward. Rev. Fnst, Adolfo .Lut.z ; 41 (1) :31-35, 1981.

RESUMO: Foram analisadas 184 amostras de doces em pasta, sendo 83 dedoces em pasta de goiaba, 54 de doces em pasta de marmelo, 32 de doces em pastade pêssego e 15 de doces em pasta de figo. Foi utilizado o método de Howard paracontagem de filamentos micelianos. Concluiu-se que 31,32% das amostras de goia-bada apresentaram contagem superior a 500/0 de campos positivos com filamentosde cogumelos, o que caracterizou o uso de matéria-prima deteriorada. Verificou-se,também, que as marmeladas, as pessegadas e as figa das estavam em boas condiçõesde higiene, com relação à quantidade de fungos. Foi proposta a necessidade da exi-gência pelo Código Brasileiro de Alimentos do Conselho Nacional de Saúde de limitesde tolerância na contagem de filamentos micelianos em doces em pasta.

DESCRITORES: doces de fruta em pasta, figo (Ficus carica), goiaba (Psidiumguajava), marmelo (Pyrus cydonia), pêssego (Prunus persica); fungos em doce defruta em pasta; contagem de micélios pelo método de Howard.

INTRODUÇÃO

A legislação em vigor no Brasil para "Do-ces em pasta" exige, no item "Higiene",que os mesmos não apresentem fungos emquantidade que indique a utilização de ingre-dientes em condições insatisfatórias 3,6.

Temos observado, em nosso trabalho de pes-quisa, que a variação na quantidade de fungosno doce em pasta está relacionada com a es-pécie de fruta empregada na confecção dosmesmos. Por outro lado, podemos afirmar queem um mesmo tipo de doce esta variação estárelacionada com a fábrica produtora.

A indústria de confecção de doces em pas-ta alega haver impossibilidade de se conse-guir ausência total de fungos nestes produtos,uma vez que escapa ao controle a seleçãoperfeita dos frutos.

Diante destas assertivas, realizamos estetrabalho com a finalidade de demonstrarquais os tipos de doces em pasta que apresen-tam maior contaminação por fungos, e proporum limite de tolerância na contagem dos fila-mentos micelianos.

MATERIAL E MÉTODO

Foram analisadas 184 amostras de docesem pasta, assim distribuídas:

Doces em pasta de goiaba

Doces em pasta de marmelo

Doces em pasta de pêssego

Doces em pasta de figo

83

5432

15

* Realizado na Seção de Microscopia Alimentar do Instituto Adolfo Lutz, São Paulo, SP.*" Do Instituto Adolfo Lutz.

31

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ZAMBONI, C.Q.; ALVES, H.I. & SANTOS, M.C. - Contagem de filamentos micelianos em docesem pasta de goiaba, marmelo, pêssego e figo, pelo método de Howard. Rev. Inst. Adolfo Lutz,41(1) :31-35, 1981.

As amostras foram colhidas pela Divisão deAlimentação Pública da Secretaria de Saúdedo Estado de São Paulo, nos diversos super-mercados e mercearias da Capital de SãoPaulo, sendo, portanto, amostras do produtoque normalmente é consumido pela população.

o método de Howard foi aplicado de acordocom o descrito no "Official Methods of Ana-lysis" da A.O.A.C. 2:

Pesar 7 g da amostra e estabilizar em 40 mlde solução de carboximetil-celulose, a 0,5%.Em seguida, fazer uma diluição na proporçãode 1 :5, para goiabada e marmelada, e de 1 :4,para pessegada e figada, utilizando a soluçãode azul de algodão, a 0,1%, em lactofenol,como corante e diluente 5. 7. Carregar a câ-mara de Howard e fazer as contagens dos fila-mentos de fungos.

Foi determinado analiticamente nas amos"tras o teor de sólidos solúveis, a fim de sep~-der calcular a diluição que deveria ser empre-gada. A concentração de sólidos solúveis: foi

TABELA 1

de, aproximadamente, 80 g por 100 g do pro-duto nos doces de goiaba e marmelo, e de 70 gpor 100 g nos doces de pêssego e figo; o teorde fruta foi de 60%.

RESULTADOS

Os resultados estão relaeíonados nas tabe-las 1 e 2.

Se fixarmos como limite de tolerância 50%de campos positivos com filamentos de cogu-melos, analogamente com extratos de toma-te 1. 3, vamos considerar:

aceitável - a unidade que apresenta, nomáximo, 50% de campos po-sitivos com micélios de fun-gos;

inaceitável - a unidade que apresenta aci-ma de 50% de campos posi-tivos com micélios de fungos.

Campos positivos com filamentos de fungos em doces em pasta de goiaba

Amostras analisadasCampos positivos com

filamentos de fungos (%ln.? %

O a 10 2 2,41

11 a 20 18 21,69

21 a 30 13 15,66

31 a 40 13 15,66

41 a 50 11 13,25

51 a 60 7 8,43

61 a 70 8 9,64

71 a 80 5 6,03

81 a 90 4 4,82

91 a 100 2 2,41

Total 83 -

32

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TABELA 2

Campos positivos com filamentos de fungos em doces em pasta de marmelo, pêssego e figo

Doces em pasta de marmelo Doces em pasta de pêssego Doces em pasta de figo

Campos positivoscom filamentos de fungos Amostras analisadas Amostras analisadas Amostras analisadas

%n.? % n.? % n,? %

O 3 5,55 4 12,50 2 13,33

2 10 18,52 11 34,37 3 20,00

4 3 5,55 6 18,75 1 6,67

6 7 12,96 4 12,50 4 26,66

8 11 20,37 2 6,25 1 6,67

10 10 18,52 O 0,00 3 20,00

11 a 20 8 14,82 4 12,50 1 6,67

21 a 30 2 3,71 1 3,13 O 0,00

Total 54 - 32 - 15 -

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ZAMBONI, C.Q.; ALVES, H.I. & SANTOS, M.C. - Contagem de filamentos micelianos em docesem pasta de goiaba, marmelo, pêssego e figo, pelo método de Howard. Rev. Inst. Adolfo Lutz,41 (1) :31-35, 1981.

Classificando as unidades dos quatro docescomo aceitáveis e inaceitáveis, encontramos,para os doces em pasta de goiaba, o resultadoapresentado na tabela 3:

TABELA 3

Classificação dos doces em pasta de goiabaanalisados, comparando com o padrão fixadode 50% de campos positivos com [ilamenios

de fungos

Amostras

83

N.o

aceitáveis 57 (68,68%)

26 (31,32%)inaceitáveis

Total

Os doces de marmelo, pêssego e figo apre-sentaram contagens inferiores a 30%, poden-do ser considerados como 100% aceitáveis.

DISCUSSÃO E CONCLUSÕESEm virtude dos resultados obtidos, podemos

deduzir que os doces em pasta que se apresen-tam com maior quantidade de f'ilamentos defungos são as goiabadas, que estão sendo f'a-bricadas com frutos de qualidade inferior.

Os frutos utilizados na produção da mar-melada, pessegada e f'igada, em relação àquantidade de fungos, estão em condições dehigiene satisfatórias.

Concluímos, portanto, que deve ser incluídanas normas da Câmara Técnica de Alimentospara "Doces em pasta" a exigência de con-tagem de f'ilamentos de cogumelos, principal-mente para as goiabadas, que apresentaram31,32% de amostras inaceitáveis, quando sefixou o limite de tolerância de 50% de cam-pos positivos com filamentos de cogumelos.

Propomos, portanto, o limite de 50% decampos positivos com f'ilamentos de cogume-los para os doces em pasta, analogamente aospurês e extratos de tomate.

AgradecimentosAgradecemos à Divisão de Alimentação PÚ-

blica da Coordenadoria da Saúde da Comuni-dade pelo fornecimento das amostras e à Seçãode Bebidas do Instituto "Adolfo Lute" peladeterminação dos sólidos solúveis totais nosdoces em pasta.

RIALA6/519

ZAMBONI, C.Q.; ALVES, H.I. & SANTOS, M.C. - Mycelia filaments count infruit jams of guava, quince, peach and fig by Howard method. Rev. Inst. AdolfoLutz, 41 (1) :53-55, 1981.

ABSTRACT - Howard method was ernployed for count mycelial filaments incommercial preserves such as 83 sarnples of guava jam, 54 af quince jam, 32 ofpeach jam and 15 samples of fig pasts. It was found that 31,3% of guava jamhad over 50% of fields with mycelia , The quince, peach and fig jam samples werein the accepted limits. It is proposed that the Brazilian Foad Cadex issued by theNational Health Council fix limits to the acceptable number of mycelia filaments infruit jams.

DESCRIPTORS: fruit jam, fig (Ficus carica), guava (Psidium guajava), peach(Prunus persica), quince (Pyrus cydonia); mold (fungus ) in fruit jam; Howardmycelia count method.

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ZAMBONI, C.Q.; ALVES, H.I. & SANTOS, M.C. - Contagem de filamentos micelianos em docesem pasta de goiaba, marmelo, pêssego e figo, pelo método de Howard. Rev, Inst; Adolfo Lutz,41 (1) :31-35, 1981.

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Recebido para publicação em 4 de fevereiro de 1981.

35

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Rev. Inst. Adolf o Lute,41 (1) :37-41, 1981.

ISOLAMENTO DE ESCHERICHIA COLI INVASORA, EM SÃO PAULO,NO PERíODO DE JUNHO DE 1978 A DEZEMBRO DE 1980

Elena KANO"Ethel Sandoval PEIXOTO **Luiza Maria GONÇALVES **Chifumi Takeuchi CALZADA * *Gil Vital Alvares PESSOA **

RIALA6/520

KANO, E.; PEIXOTO, E.S.; GONÇALVES, L.M.; CALZADA, C.T. & PESSOA,G.V.A. - Isolamento de Escherichia colí invasora, em São Paulo, no periodo dejunho de 1978 a dezembro de 1980. Rev. Inst. Adolfo Lutz, 41 (1) :37-41, 1981.

RESUMO: É relatada a ocorrência de Escherichia coli invasora, a partir decoproculturas provenientes da cidade de São Paulo, Brasil, de junho de 1978 a de-zembro de 1980, realizadas na Seção de Bacteriologia do Instituto Adolfo Lutz. Fo-ram isoladas 32 cepas pertencentes aos sorogrupos: 028a,c (37,60/0); 0136 (18,70/0);0124 (15,60/0); 0152 (12,50/0); 029 (9,40/0); 0143 (6,20/0). Foi verificada em seisoportunidades infecção dupla: E. coli 0136 + E. coli 0143; E. coli 0136 + E. coli0127K63; E. coli 028a,c + E. coli 086:K61; E. co-li 0124 + S. oranienburg; E. coli029 + S. agona; E. coli 0152 + Salmonella typhi.

DESCRITORES: infecções por Escherichia coli invasora, São Paulo, Bràsil.

INTRODUÇÃO

A importância de Escherichia coli invasoracomo agente etiológico de infecções intestinais,tanto em crianças como em adultos, tem sidoressaltada por vários autores 2, 6, 9, 10, ll.

As linhagens invasoras de E. coli provocamum quadro diarréico agudo semelhante ao dasshigeloses. A capacidade invasora é demons-trada pelo teste de Serény 7 cuja positividadepermite o reconhecimento das estirpes inva-soras de E. coli 2, 6, 9, 10, II anteriormente con-fundidas com as pertencentes à microbiotanormal do intestino,

Apesar da patogenicidade comprovada daE. coli invasora, tanto em crianças como emadultos 2,6,9,10, ll, este agente etiológico só co-meçou a ser pesquisado, na rotina de copro-cultura da Seção de Bacteriologia do InstitutoAdolfo Lutz, a partir de 1978.

MATERIAL E MÉTODOS

As fezes provenientes de Centros de Saúdee de Hospitais foram manipuladas de acordocom a metodologia utilizada na rotina do Se-tor de Enterobactérias da Seção de Bacteriolo-gia do Instituto Adolfo Lutz 3. As cepas que,no meio IAL 5 de diagnóstico presuntivo, apre-sentavam comportamento bioquímico compatí-vel com o de E. coli não descarboxiladora daL-lisina, suspeitas de serem E. coli invasoras,foram selecionadas por testes bioquímicos com-plementares (tabela 2) e submetidas a testessorológicos.

A confirmação sorológica foi feita, em placade Hudleson, com o crescimento bacteriano,utilizando soros polivalentes que contêm os 11anti-soros conhecidos (028a,c; 029; 042;0112a,c; 0124; 0136; 0143; 0144; 0152; 0164;E. coli São Paulo). Na presença de agluti-

* Realizado na Seção de Bacteriologia do Instituto Adolfo Lutz, São Paulo, SP.** Do Instituto Adolfo Lutz.

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KANO, E.; PEIXOTO, E.S.; GONÇALVES, L.M.; CALZADA, C.T. & PESSOA, G.V.A. - Isolamentode Escherichia coZi invasora, em São Paulo, no período de junho de 1978 a dezembro de 1980.Rev. Inst. Adolf o Lutz, 41 (1) :37-41, 1981.

nação, a reação foi repetida com os respec-tivos anti-soros monovalentes.

Para confirmação do diagnóstico foi reali-zada titulação em tubo com o antígeno fervidoa 100°C, durante 1 hora 1.

A capacidade invasora das cepas que foramidentificadas por testes bioquímicos e testessorológicos, como pertencentes aos sorogruposde E. coli invasoras, foi verificada através doteste de Serény 7. Este teste foi realizado ins-til ando-se no olho de cobaio albino de 0,05 a0,1 ml da suspensão bacteriana em solução fi-siológica, a partir do crescimento no meio

TABELA 1

base ágar-sangue. O animal foi observadodiariamente durante sete dias. O teste foi con-siderado positivo quando houve a formaçãode cerato-conjuntivite e recuperação da amos-tra inoculada em cultura pura, a partir da se-creção ocular.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os -sorogrupos isolados 028a,c; 0136; 0124;0152; 029 e 0143 encontram-se discriminadosna tabela 1, sendo o sorogrupo 028a,c predo-minante, responsável por 37,6% dos achados.

Distribuição e perceniual dos sorogrupos de Escherichia coli invasora isolados na Seção deBacteriologia do Instituto Adolfo Lute, no período de 1978 a 1980, e idade dos pacientes

Sorogrupos Amostra Idade dos(percentagem) IAL n,? pacientes

2946/78 34 anos2971/78 3 anos355/79 9 anos1290/79 5 meses1475/79 1 ano e 3 meses

E. coli 028 a,c 344/80 31 anos(37,6%) 1023/80 4 meses

1093/80 2 anos2033/80 6 anos2057/80 34 anos1276/80 • desconhecida08/80 2 meses

176/79 34 anos47/79 3 anos

E. coli 0136 288/80 5 meses(18,7%) 1227/80 * desconhecida

2527/80 6 anos2764/80 26 anos

2182/79 35 anosE. coli 0124 2050/80 16 anos

(15,6%) 189/80** 21 anos55/80 6 anos

244/81 37 anos

3504/78 15 anosE. coli 0152 1654/79 10 anos

(12,5%) 34/81 5 anos35/81 desconhecida

E. coli 029 890/78 54 anos

(9,4%) 2039/80 42 anos292/81 2 anos e 10 meses

E. coli 0143 2527/80 6 anos(6,2%) 232/81 2 anos

* Cepas identificadas no Laboratório Central do Instituto Adolfo Lutz, São Paulo, SP, isoladas noHospital das Clínicas da USP.

** Cepas identificadas no Laboratório Central do Instituto Adolfo Luti, isoladas no Laboratório I doInstituto Adolfo Lutz, Santos, SP.

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TABELA 2

Comportamento bioquímico das linhagens de E. coli invasoras isoladas no periodo de 1978 a 1980 na Seção deBacteriologia do Instituto Adolfo Lutz

E. coZi 28 a,c E. coZi 136 E. coZi 124 E. coZi 152 E. coli 29 E. coli 143(12 amostras) (6 amostras) (5 amostras) (4 amostras) (3 amostras) (2 amostras)

Teste ou substrato Positi- Positi- Positi- Positi- Positi- Positi-Sinal vidade Sinal vidade Sinal vidade Sinal vidade Sinal vidade Sinal vidade

(0/0 ) (%) (%) (%) (%) (%)

Glicose (ácido) + 100 + 100 + 100 + 100 + 100 + 100Glicose (gás) - O + 100 + 100 + 100 + 100 + 100Lactose + 100 - O - O - O + 100 + 100Sacarose - O - O - O - O - O - OXilose + 100 + 100 + 100 + 100 - O + 100L-lisina descarboxilase - O - O - O - O - O - OL-ornitina descarboxilase + 58,3 + 100 - O - O + 100 - OAcetato de sódio + 25,0 + 33,3 + 100 + 100 - O -- OCitrato de sódio (Simmons) - O - O - O - O - O - OIndol + 100 + 100 + 100 + 100 + 100 + 100L-triptofano desaminase - O - O - O - O - O - OTeste ONPG * + 100 + 100 + 100 + 100 + 100 + 100Urease - O - O - O - O - O - OH.S - O - O - O - O - O - OMotilidade - O - O + 60 - O - O - O

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KANO, E.; PEIXOTO, E.S.; GONÇALVES, L.M.; CALZADA, C.T. & PESSõA, G.V.A. - Isolamentode Escherichia coli invasora, em São Paulo, no período de junho de 1978 a dezembro de 1980.Rev. Inst. Adolfo Lutz, 41 (1) :37-41, 1981.

TABELA 3

Infecções múltiplas relacionadas à Escherichia coli invasora ocorridas no período de 1978 a1980 e identificadas na Seção de Bacteriologia do Instituto Adolfo Luiz

Amostra Bactérias enteropatogênicasIAL n.?

2527/80 E. coli 0136 + E. coli 0143

288/80 E. coli 0136 + E. coli 0127: K63

1290/79 E. coli 028 a,c + E. coli 086:K61

55/80 E. coli 0124 + Salmonella oranienburg

2039/80 E. coli 029 + Salmonella agona

1654/79 E. coli 0152 + Salmonella typhi

Na tabela 2 encontra-se o perfil bioquímicoapresentado pelas 32 cepas de E. coli inva-soras.

SILVAet alii 8 analisaram as característicasbioquímicas e sorológicas de 97 cepas isoladasem São Paulo, relatando a ocorrência de 9sorogrupos dos 11 conhecidos.

Na pesquisa efetuada foram isolados 6 so-rogrupos em 32 casos positivos; entretanto,houve diferença marcante no sorogrupo pre-dominante, pois o sorogrupo 028a,c, corres-ponde a mais de 1/3 dos isolamentos, enquan-to que no trabalho de SILVAet alii este soro-grupo corresponde a apenas 14% do total.

É digno de nota o encontro de seis casos deinfecção dupla, demonstrados na tabela 3, quecorrespondem a 18,7% do total de casos posi-tivos.

O encontro de infecção dupla, em alto per-centual, semelhante àquele por nós relatadoem trabalho anterior 4, demonstra a importân-cia do emprego de uma metodologia adequada,na rotina de coprocultura.

AgradecimentosNossos agradecimentos aos Professores Dr.

Luiz Rachid Trabulsi e Dra. Maria ReginaFernandes Toledo pela orientação no preparodos anti-soros.

RIALA6/520

KANO, E.; PEIXOTO, E.S.; GONÇALVES, L. M.; CALZADA, C.T. & PESsõA,G.V.A. - Isolation of invasive Escherichia colí in São Paulo City from June1978 to décember 1980. Rev. Inst. Adolfo Lutz, 41 (1) :37-41, 1981.

ABSTRACT: The occurrence of invasive Escherichia coli was disclosed in stoolspecimens collected in São Paulo City, Brazil, during the period from June 1978 toDecember 1980. Thirty two strains were isolated which belonged to the serogroups:028 a,c (37.6%); 0136 (18.7%); 0124 (15.6%); 0152 (12.5%); 029 (9.4%);0143 (6.2%). Double infections were observed on six occasions: E. coli 0136 +E. coli 0143; E. coli 0136 + E. coli 0127K63; E. coli 0,28a,c + E. coli 086:K61; E. coli0124 + S. oranienburg; E. coli 029 + S. agona; E. coli 0152 + Salmonella typhi.

DESCRIPTORS: Escherichia coli infections, São Paulo, Brazil. E. coli, invasivestrain,

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KANO, E.; PEIXOTO, E.S.; GONÇALVES, L.M.; CALZADA, C.T. & PESSôA, G.V.A. - Isolamentode Escherichia coli invasora, em São Paulo, no período de junho de 1978 a dezembro de 1980.Rev. Inst. Adolfo Lutz, 41 (1) :37-41, 1981.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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6. SAKAZAKI, R.; TAMURA, K. & SAlTO, M.- Enteropathogenic Escherichia coli as-sociated with diarrhea in children andadults, Jpn. J. Med. Sci. Biol., 20:387-99,1967.

7. SERÉNY, B. - Experimental Shigella kera-toconjunctivitis. A preliminary reportoActa microbiol. Acad. Sci. Hung., 2:293-6,1955.

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Recebido para publicação em 23 de fevereiro de 1981.

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Reu. Inst, Adolf o Lutz,41 (1) :43-46, 1981.

SHIGELLA BOYDIl 9 RÁPIDA FERMENTADORA DA LACTOSE *

Chifumi Takeuchi CALZADA **Elena KANO **Suzel NOGUEIRA **Henry Inácio Zanevan REQUEJO **Luiza Maria GONÇALVES **Gil Vital Álvares PESSôA **

RIALA6j521

CALZADA, C.T.; KANO, E.; NOGUEIRA, S.; REQUEJO, H.I.Z.; GONÇALVES,L.M. & PESSôA, G.V.A. - Shigella boydii 9 rápida fermentadora da lactose.Rev. Inst. Adolfo Lutz, 41 (1) :43-46, 1981.

RESUMO: E relatado pela primeira vez no Brasil o isolamento de uma cepade Shigella boydii 9, rápida fermentadora da lactose.

DESCRITORES: Shigella; Shigella boydii 9, rápida fermentadora da lactose,

INTRODUÇÃO

Em janeiro de 1980 foi isolada da coprocul-tura de uma criança diarréica, com dois anosde idade, uma cepa de Shigella boydii que, nosmeios diferenciais, era rápida fermentadora daIactose, Esta amostra apresentou perfil bio-químico e sorológico compatível com Shigellaboydii 9, diferenciando-se do sorotipo normalpela fermentação rápida deste díssacarídeo.

COURTOIS& VANDEPITTE1, em 1949, isolaramno Congo três cepas que se comportaram anti-genicamente como S. boydii 9, mas que tam-bém produziam rapidamente ácido da lactose.EDWARDS& EWING2 sugeriram que estas cepasfossem consideradas como cepas aberranteslactose positivas de S. boydii 9, uma vez quediferiam do sorotipo normal somente pela rá-pida fermentação da lactose,

É importante assinalar o comportamentoatípico desta cepa por ser a primeira vez emque ocorre em nosso meio e porque, com fre-qüência, amostras de Shigella sp. e de Esche-richia coli apresentam perfil bioquímico se-melhante nos meios de diagnóstico presuntivo,

não sendo raro ocorrerem reações sorológicascruzadas entre os componentes desses doisgêneros 3, 4, 5, 6.

MA TERIAL E MÉTODOS

A cepa foi isolada de coprocultura de doentediarréico e recebeu o número IAL-333/80. Nosmeios diferenciais apresentou-se como rápidafermentadora da lactose e com perfil bioquí-mico compatível com Shigella sp.

A sorotípagem em lâmina, realizada comanti-soros poli valentes e tipo-específicos, foipositiva para S. boydii 9.

As titulações realizadas em tubo com a cepaIAL-333/80, e com o anti-soro preparado comcepa padrão S. boydii 9 do Instituto Pasteurde Paris (IP-76), demonstraram a identidadedo título. Este anti-soro também foi totalmen-te absorvido pela cepa IAL-333/80; o anti--soro preparado com a mesma cepa também foitotalmente absorvido pela amostra padrãoIP-76 (tabela 2).

* Realizado na Seção de Bacteriologia do Instituto Adolfo Lutz. São Paulo, SP.** Do Instituto Adolfo Lutz.

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CALZADA, C.T.; KANO, E.; NOGUEIRA, S.; REQUEJO, H.I.Z.; GONÇALVES, L.M. & PESSOA,G.V.A. - Shigella boydii 9 rápida fermentadora da lactose. Rev, Inst. Adolfo Lute, 41 (1) :43-46,1981.

TABELA 1 As reações de aglutinação em tubo do anti--soro preparado com a cepa IAL-333/80 con-tra os antígenos preparados com as amostraspadrões de S. boydii apresentaram os resulta-dos espelhados na tabela 3, que estão de acor-do com o que normalmente ocorre entre osmembros do grupo.

Perfil bioquímico de ShigelIa boydii 9(lAL-333/80)

Lactose +Glicose/gás +/-Sacarose

Manitol

Xilose+

RESULTADOS E CONCLUSÁOIndol +Motilidade

Teste de Sereny +Lisina descarboxilase

Ornitina descarboxilase

L. triptofano desaminase

H2S

A absorção total recíproca dos respectivosantí-soros pelos antígenos correspondentes (ta-bela 2) demonstra a identidade antigêníca dacepa IAL-333/80 com S. boydii 9.

Acetato de sódio

Os resultados obtidos na tabela 3 são seme-lhantes aos relatados por Edward & Ewing.A cepa IAL-333/80 apresentou reações cruza-das com os sorotipos de S. boydii 4, 5 e 13, pra-ticamente nas mesmas diluições que foramencontradas pelos referidos autores.

Urease

Citrato de SimmonsA análise dos resultados obtidos indica que

a cepa IAL-333/80 é uma cepa aberrante deS. boydii 9.

Observação: testes positivos em 24 horas, ne-gativos até 7 dias.

TABELA 2

Reações de aglutinação em tu60 entre S. boydii ~, padrão IP-76, e cepa IAL-333/80

~

IP-76 IAL-333/80 IP-76 IAL-333/80Não absorvido não absorvido absorvido com absorvido com

o IAL-333/80 IP-76

IP-76 1/1 280 1/5 120 O O

IAL-333/80 1/1 280 1/5 120 O O

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CALZADA, C.T.; KANO, E.; NOGUEIRA, S.; REQUEJO, H.I.Z.; GONÇALVES, L.M. & PESSÔA,G.V.A. - Shigella boydii 9 rápida fermentadora da lactose. Rev. Inst. Adolf o Lutz, 41 (1) :43-46,1981.

TABELA 3

Reações de aglu~inação * do anti-soro IAL-333 / 80 com cepas padrões de Shigella boydii

AI 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15~

1(10 O O O 4 2 O O O 4 O O O 4 O O

1(20 O O O 4 O O O O 4 O O O 4 O O

1(40 O O O 4 O O O O 4 O O O 4 O O

1(80 O O O 4 O O O O 4 O O O 4 O O

1(160 O O O 2 O O O O 4 O O O 4 O O

1(320 O O O O O O O O 4 O O O 4 O O

1(640 O O O O O O O O 4 O O O 2 O O

1(1 280 O O O O O O O O 4 O O O O O O

1(2 560 O O O O O O O O 4 O O O O O O

1(5 120 O O O O O O O O 3 O O O O O O

1(10 240 O O O O O O O O 1 O O O O O O

1(20 480 O O O O O O O O O O O O O O O

* Observação: O, 1, 2, 3, 4 (cruzes) indicam as intensidades de aglutinação.

RIALA6/521

CALZADA, C.T.; KANO, E.; NOGUEIRA, S.; REQUEJO, H.r.Z.; GONÇALVES, L.M.& PESSóA, G.V.A. - IsoIatian of a strain aí fast Iactase-fermenting Shigellaboydii 9. Rev. Inst. Adolfo Lutz, 41 (1) :43-46, 1981.

ABSTRACT: For the first time in Brazil, a fast Iactase-fermenting strain ofShigella boydii 9 is isalated.

DESCRIPTORS: Shigella; Shigella boydii 9, fast lactose fermenting.

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CALZADA, C.T.; KANO, E.; NOGUEIRA, S.; REQUEJO, H.I.Z.; GONÇALVES, L.M. & PESSOA,G.V.A. - Shigella boydii 9 rápida fermentadora da laetose, Rev. Inst. Adolfo Lutz, 41 (1) :43-46,1981.

REFER:f::NCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. COURTOIS, Gh. & VANDEPITTE, J. - Unnouveau sérotype de Shigella paradysen-teriae type 112 de Cox et WalIace. Ann.Soco Belae Med. trop., 30:149-54, 1950.

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Recebido para publicação em 27 de fevereiro de 1981.

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Re». Inst, Adolfo Lute,41 (1) :47-52, 1981.

AVALIAÇÃO DO BIIODETO DE MERCúRIO COMO PRESERVATIVODE MATERIAL BIOLóGICO*

Priscilla Rangel de AGUIAR **Vitória Régia VENTURA **Inaiá Heloísa Villares BURKART ***João Araújo do NASCIMENTO **Ivete Aparecida Rodrigues de LIMA **Sansão da Rocha WESTPHALEN **

RIALA6/522

AGUIAR, P.R.; VENTURA, V.R.; BURKART, LH.V.; NASCIMENTO, J.A.; LIMA,LA.R. & WESTPHALEN, S.R. - Avaliação do biiodeto de mercúrio como pre-servativo de material biológico. Re». Inst. Adolfo Lutz, 41 (1) :47-52, 1981.

RESUMO: Foi feita uma avaliação do biiodeto de mercúrio (HgI2) como pre-servativo de material biológico, tendo em vista a sua capacidade de conservaçãopor longo tempo, e a propriedade de não aglutinar partículas. Ao sedimento obtidode 400 amostras de fezes acrescentou-se o iodo-mercurato de potássio a 0,20/0, pre-parado com formol, álcool e soluto fisiológico, na proporção de três partes de con-servante para uma parte de sedimento. Numa segunda etapa empregou-se o con-servante a 0,1%, preparado com benzeno, álcool, e soluto fisiológico isotônico. Comocontroles utilizaram-se os conservantes de Railliet & Henry, o MIF (mertiolato,iodo e formol) e o de Schaudinn. Os resultados avaliados após seis meses revelaramque o iodo-mercurato de potássio a 0,2% (primeira fórmula) preservou adequada-mente cistos e trofozoítos de protozoários, além de ovos e exemplares adultos dehelmintos, com exceção dos ovos de Humenolepis nana e Hymenolepis diminuta, quese apresentaram mais bem conservados usando a segunda fórmula. Resultados se-melhantes obtiveram-se com os controles, evidenciando-se o iodo-mercurato de potás-sio pela propriedade de não aglutinar as partículas de fezes.

DESCRITORES: preservativo de material biológico, biiodeto de mercúrio(HgI2); biiodeto de mercúrio como preservativo de material biológico; fezes, preser-vativo de material biológico.

INTRODUÇÃO mico, possua a capacidade de conservar pro-tozoários e helmintos (ovos e exemplares adul-tos), testou-se o complexo de iodo-mercuratode potássio em solução na concentração de 0,1e 0,2%.

O hiiodeto de mercúrio já havia sido usadopor WALTER 9, em 1932, como preservativo decatgute, tendo-o empregado JUNOD 4, em 1972,em solução concentrada, numa técnica parafacilitar a detecçâo de trofozoítos de amebasintestinais.

Os preservativos de material biológico emfezes têm grande importância na rotina deum laboratório de Parasitologia por conser-varem as amostras para exame posterior efacilitarem a seleção de espécimes para finsdidáticos.

Com o objetivo de obter-se um preservativoque, além de ser de fácil preparo e econô-

******

Realizado na Seção de Enteroparasitoses do Instituto Adolfo Lutz, São Paulo, SP.Do Instituto Adolfo Lutz.Bolsista. Instituto Adolfo Lutz.

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AGUIAR, P.R.; VENTURA, V.R.; BURKART, I.H.V.; NASCIMENTO, J.A.; LIMA, 1.A.R. & WEST-PHALEN, S.R. - Avaliação do biiodeto de mercúrio como preservativo de material biológico.Rev. Inst. Adolf o Lutz, 41 (1) :47-52, 1981.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram selecionados os sedimentos (métodode Hoffman, Pons & Janer 3) de 400 amos-tras de fezes durante um período de 6 meses.Diariamente, após a constatação de positivida-de para cistos de protozoários e ovos de hel-mintos, coletamos de 10 a 20 amostras defezes, cujos sedimentos eram lavados por cen-trifugação e distribuídos em recipientes de15 a 30 ml, até completar as 400 a-mostras.

O conservante foi utilizado na proporção detrês partes para uma parte do sedimento.

Preparou-se o iodo-mercurato de potássio,segundo a fórmula seguinte:

Biiodeto de mercúrio .Iodeto de potássio .F'orrnol a 40% .Alcool a 99,50GL .Solução fisiológica a 0,85% q.s.p.

2g2g5m!

500 ml1.000 ml

Como controles foram utilizados os líquidosde Railliet & Henry 5, de MIF (mertiolato,iodo e formol) 7, e o fixado r de Schaudinn,modificado a.

Após cada-adição do conservante, agitava-separa homogeneizar, tirava-se uma porção domaterial com pipeta Pasteur para lâmina e,após cobrir com lamínula, levava-se paraexame microscópico; paralelamente em outraporção do mesmo material juntava-se umagota de Lugol ! e, após completa mistura como auxílio da própria lamínula, examinava-seao fotomicroscópio II Zeiss para fotografia.

Fezes diarréicas, positivas para trofozoítosde protozoários, eram coadas através de gazedobrada quatro vezes, antes da adição do con-servante, na mesma proporção descrita acima.

Em outras alíquotas dos mesmos sedimentosjuntamos os controles na proporção de umaparte de sedimento para três de cada conser-vante-controle,

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O exame microscópico das amostras mostrouque os ovos de Ascaris luanbricoides, Trichuristrichiura, Enterobius vermicularis, A nculos-tomidae, Taenia sp. e Schistosoma mansoniconservaram-se em ótimas condições, paraexame posterior durante pelo menos seis me-ses, com o iodo-rnercurato de potássio a 0,2%(f'ig. 1a, b, c, f, g, h).

Exemplares adultos de Ascaris lumbricoides,Trichuris trichiura e Enierobiue vermicularis,mantidos na solução conservadora referida,por seis meses, não apresentam quaisquer si-nais de degeneração.

Os cistos de Isoepora belli são facilmente de-tectados no material conservado, tanto pelo

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exame direto, como após o uso do método deFaust 2 (fig. 2d).

Os cistos de protozoários (fig. 2a, b, c, d)mostram nitidamente os núcleos, as estruturasnucleares e os elementos citoplasmaticos, en-quanto nos trofozoítos de amebas (Entamoebahistolytica) nota-se, sem dificuldade, a dif e-renciaçâo entre ectoplasma hialino e endoplas-ma granuloso (fig. 2b).

Nos trofozoítos e cistos de flagelados, os f'Ia-gelos são bem visíveis (f'ig. 2c). Bactérias in-geridas por trofozoítos de Entamoeba coli apa-recem bem distintas no citoplasma vacuoli-zado (fig. 2a).

Os cristais de Charcot-Leyden são facil-mente detectados. Os detritos fecais mos-tram-se transparentes e corados de amarelo--claro ou amarelo pardacento nas amostras emque se juntou a solução de Lugol no momentoda leitura microscópica.

Após seis meses de preservação, parece ocor-rer gradativa deterioração porém, nas amos-tras com alta concentração de ovos e cistos, odiagnóstico específico mantém-se satisfatório.

Entretanto, com ovos .de Hymenolepis nanae de Humenolepis diminuta, não obtivemosbons resultados quando utilizamos o biiodetode mercúrio em concentração de 0,2%. Toda-via, quando empregamos o biiodeto de mer-cúrio a 0,1% (segunda solução), obtivemosbons resultados para todos os ovos de helmin-tos e principalmente para os ovos de Hymeno-lepis diminuta e de Hymenolepis nana (fig.1d, e. Neste caso, contudo, não houve boa pre-servação de cistos e trofozoítos de protozoá-rios.

O iodo-mercurato de potássio não aglutinouas partículas, o que favoreceu na identifica-ção dos trofozoítos e cistos de protozoários,bem como na de ovos de helmintos.

Em outras alíquotas dos mesmos sedimentos,juntamos os controles na proporção de umaparte do sedimento para três de cada conser-vante controle, examinando-os ao microscópionas mesmas condições do conservante testado,com exceção das amostras fixadas pelo Schau-dinn, que foram examinadas sem adição desolução de Lugol.

Mensalmente examinávamos ao microscópioporções de todas as amostras conservadas, querpelo exame direto ou após aplicar os métodosde Faust 2 e de Ritchie 6.

As amostras preservadas que continhamtrofozoítos de protozoários foram lavadas porcentrifugação a 500 rpm, durante 1 minuto,duas a três vezes, antes do exame ao micros-cópio. Os espécimes adultos, separados dasfezes, eram lavados em água corrente, depoisem solução fisiológica e, em seguida, eram co-locados em recipientes de boca larga dentrodos quais se colocava o conservante de maneira

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AGUIAR, P.R.; VENTURA, V.R.; BURKART, I.H.V.; NASCIMENTO, J.A.; LIMA, 1.A.R. & WEST-PHALEN, S.R. - Avaliação do biiodeto de mercúrio como preservativo de matérial biológico.Rev. Inst. Adolfo Lutz, 41 (1) :47-52, 1981.

a

c

e

d

h

FIGURA 1 - Helmintos

a) Ovo de Ancylostomidae; b) ovo de Ascaris lumbr·icoides; c) ovos de Enterobius vermicularis; d ) ovode Hymenolepis diminuta; e) ovo de Hymenolepis nana; f) ovo de Schistosoma mansoni; g) ovo de

Taenia sp.; h) ovo de Trichuris trichiura. Com aumento.

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AGUIAR, P.R.; VENTURA, V.R.; BURKART, I.H.V.; NASCIMENTO, J.A.; LIMA, I.A.R. & WEST-PHALEN, S.R. - Avaliação do biiodeto de mercúrio como preservativo de material biológico.Rev. Inst. Adolfo Lui«, 41 (1) :47-52, 1981.

a

c

b

b

FIGURA 2 - Protozoários

a) Trofozoítos de Entamoeba coli e de Entamoeba histolytica; b) trofozoíto de Entamoeba histolytica;c) trofozoíto de Giardia lamblia ; d ) oocisto de Isospora belli. Com aumento.

a cobr i-los totalmente, tampando-se os reci-pientes com rolha esmerilhada.

Em uma segunda etapa, testou-se o iodo-mercurato de potássio preparado, usando-se aseguinte fórmula:

Biiodeto de mercúrio 19

Iodeto de potássio 1,5 g

Benzeno 10 ml

Álcool a 99,50GL 600ml

1.000 mlSol. fisiológica a 0,85% q.s.p.

Foram feitas observações microscópicas,tendo sido verificado que as estruturas domaterial preservado ainda se mantinham emperfeito estado de conservação após um pe-ríodo de seis meses.

50

CONCLUSÃO

Os resultados obtidos permitem aos autoressugerir o emprego do iodo-mercurato de po-tássio, a 0,2%, com formol na preservação decistos e trofozoítos de protozoários e de ovos eespécimes adultos de helmintos, reservando-seo uso de iodo-mercurato de potássio, a O,lo/r,com benzeno, para preservação dos ovos deHymenolepis diminuta.

O iodo-mercurato de potássio apresentou avantagem de não aglutinar as partículas, favo-recendo sobremaneira a detecção dos parasi-tas nas fezes.

Agradecimentos

Nossos agradecimentos ao Dr. Pedro PauloChieffi, Diretor do Serviço de Parasitologia doInstituto Adolfo Lutz, pela colaboração pres-tada na execução deste trabalho.

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AGUIAR, P.R.; VENTURA, V.R.; BURKART, LH.V.; NASCIMENTO, J.A.: LIMA, LA.R. & WEST-PHALEN, S.R. - Avaliação do biiodeto de mercúrio como preservativo de material biológico.Rev. Inst. Adolfo Lutz, 41 (1) :47-52, 1981.

I RIALA6/522

AGUIAR, P.R.; VENTURA, V.R.: BURKART, LH.V.; NASCIMENTO, J.A.; LIMA,LA.R. & WESTPHALEN, S.R. - Evaluation of mercury bi-iodide as preservati veof biological samples, Rev. Inst. Adolfo Lutz, 41 (1) :47-52, 1981.

ABSTRACT: In order to evaluate the mercury bi-iodide (HgI.) as a preservative,this chernical was studied regarding its ability to preserve biological material andto avoid agglutination of particles. To the sediment obtained from 400 stool speci-mens, mercuric potassium iodide was dissolved in íormaldehyde, alcohol and physiol-ogic saline solution, at a concentration of 0.2%. To one volume of fecal sediment,three volumes of the preserva tive were added in each of 400 stool specimens. Theexperiment was repeated using, this time, 0.1% of the preservative prepared withbenzene, alcohol and iso toriic saline solution. The results were compared with thoseobtained with standard preservatives such as Railliet and Henry, Schaudinn and MIF(merthiolate, iodine and formaldehyde). Observations done after six months revealedthat 0.2% mercuric potassium iodide solution (first method) suitably preservedcysts and trophozoites of protozoa as well as eggs and adult worms of helminths,excep t eggs of Hymenolepis nana and Hymenolepis diminuta, which demonstratedbetter preservation when the second method was employed. The controle presentedsimilar results. It was found that mercuric potassium íodide does not agglutinatestool particles.

DESCRIPTORS: preservative, biologic sample; mercury bi-iodide (HgI2) asbiologic sample preservative; feces, biologic sample preserva tive.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. CRAIG, C.F. - Laboratory diagnosis of pro-tozoan diseases. Philadelphia, Lea & Fe-biger, 1942. p. 45.

2. FAUST, E.C.; D'ANTONI, J.S.; ODOM, V.;M.ILLE"R,M.J.; PERES, C.; SAWITZ, W.;THOMEN, L.F.: TOBIE, J. & WALKER,J.H. - A critical study of clinical labo-ratory technics for the diagnosis of pro-tozoan cysts and helminth eggs in feces.r. Preliminary communication, Amer. J.trop. Med., 18:169-83, 1938.

3. HOFFMAN, W.A.; PONS, S.A. & JANER,J.L. - The sedimentation-concentrationmethod in schistosomiasis mansoni. Puer-to Rico J. publ. Hlth trop. M ed., 9 :283-98,1934.

4. JUNOD, CH. - Technique ccprologiqus nou-velle essentiellement destinée a Ia con-centration des trophozo'ites d'amibes. Bull.Soc._Pathol. exot., 65 :390-8, 1972.

5. RAILLIET, A. & HENRY, A.C.L. apud AMA-TO NETO, V. & CORRÊA, L.L. - Exa-me parasitológico das fezes. 4a ed. SãoPaulo, Sarvier, 1980. p. 95.

6. RITCHIE, L.S. - An ether sedimentationtechnique for routine stool examinations.Bull. V.S. Army medo Dep., 8:326, 1948.

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9. WALTER-HALBERSTADT, P. Wissen-schaftlicher Teil. Steril-Catgut. Apothe-kerzeitung, Berlin, 47: 1449-50, 1932.

Recebido para publicação em 27 de fevereiro de 1981.

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Rev, Inst. Adolfo Lutz,H (1) :53-55, 1981.

ISOLAMENTO DE TRÊS NOVOS SOROTIPOS DE SALMONELLA: S. COTIA,S. GUARAPIRANGA E S. ARIZONAE 65:1,v:z35 DE ÁGUAS DE SUPERFíCIE,

EM SÃO PAULO, BRASIL *

Kinue IRINO **Gil Vital Álvares PESSõA'*Chifumi Takeuchi CALZADA * *Maria Terezinha MARTINS ***Petra Sanchez SANCHEZ *.*

RIALA6/523 I____ ~~~ ~_~~~~~____'__ ~_J

IRINO, K.; PESsõA, G.V.A.; CALZADA, C.T.; MARTINS, M.T. & SANCHEZ,P.S. - Isolamento de três novos sorotipos de Salmonella: S. cotia, S. guarapi-ranga e S. arizonae 65:I,v:z35 de águas de superfície, em São Paulo, Brasil. Rev,Inst. Adolf o Lutz, 41 (1) :53-55, 1981.

RESUMO: É relatado o isolamento de três novos soro tipos de Salmonella:S. cotia e S. guarapiranga, pertencentes ao subgênero I, e S. arizonae 65:I,v:z35,pertencente ao subgênero Il l.

DESCRITORES: Salmonella ; Salmumella sp., sorotipos.

Três novos sorotipos de Saimonella sp.foram isolados de águas de superfície, utiliza-das como manancial de abastecimento para aGrande São Paulo. O comportamento bíoquí-mico apresentado pelas novas cepas isoladasencontra-se na tabela da página seguinte. Aanálise do perfil bioquímico mostra que ossorotipos S. cotia e S. guarapiranga apresen-tam comportamento atípico dentro do subgê-nero I. Assim, S. cotia não fermenta o dul-citol e cresce em meio com KCN. S. guarapi-ranga dá reação positiva para o teste deONPG, não fermenta o mucato de sódio e nãoutiliza o citrato de Simmons como única fontede carbono.

No subgênero IH, S. arizonae 65:I,v:z~3não fermenta ramnose.

A Salrnonella cotia pertence ao grupo K doesquema de Kauffrnann- White 1 e tem aseguinte constituição antigênica: 18:-: 1,6;excepcionalmente não possui a primeira faseflagelar, e os antígenos da segunda fase apre-sentam a fórmula 1,6.A Salmonella guarapiranga pertence ao gru-

po N e apresenta a constituição antigênica30:a :e,n,x.

A Salrnonella arizonae apresenta a consti-tuição antigênica 65 :l,v :Z3,,'

Estes três sorotipos de Salmonella foramconfirmados pelo Prof. L. Le Minor, do Ins-tituto Pasteur de Paris, e incluídos no Suple-mento n.? XXII (1978) do esquema de Kauff-mann- White 1.

* Realizado na Seção de Bacteriologia do Instituto Adolfo Lutz, São Paulo, SP.H Do Instituto Adolfo Lutz .• _. Da Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental, São Paulo, SP.

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IRINO, K.; PESSÓA, G.V.A.; CALZADA, C.T.; MARTINS, M.T. & SANCHEZ, P.S. - Isolamentode três novos sorotipos de Salmonella, S. cotia, S. guarapiranga e S. arizonae 65:!,v:z35, de águasde superfície, em São Paulo, Brasil. Rev. Inst. Adolfo Lutz, 41(1) :53-55, 1981.

TABELA

Perfil bioquímica dos três novos soro tipos de Salmonella isolados de água

Testes S. cotia S. guarapiranga S. arizonaeou 18:-:1,6 30:a:e,n,x 65: 1,v:z,.;

Substratos

Adonitol - - -Dulcitol - + -

Sorbitol + + +Arabinose + + +Xilose + + +Ramnose + + -Maltose + + +Salicina - - -Inositol + - -

Lactose - - -

Sacarose - - -Manitol + + +Glicose/gás +1+ +1+ +1+Trealose + + +Rafinose - - -

Sorbose - - -Celobiose - + -Glicerol + + +Melibiose - + -H:2S + + +Gelatinase - - +Nitrato redutase + + +TTR + + +Citrato Simmons + - +Malonato - - +Mucato + - -d-Tartarato + + -1-Tartarato + + -i-Tartarato - - -

Citrato de Sódio + + +KCN + - -VM + + +VP - - -Mot. 37°C + + +LDC + + +ODC + + +ADH - - -Indo! - - -ONPG - + +Urease - - -

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IRINO, K.; PESSõA, G.V.A.; CALZADA, C.T.; MARTINS, M.T. & SANCHEZ, P.S. - Isolamentode três novos sorotipos de Salmonella, S. cotia, S. guarapiranga e S. arizonae 65:1,v:z35, de águasde superfície, em São Paulo, Brasil. Re». Inet, Adolfo Lute, 41 (1) :53-55, 1981.

RIALA6/523

IRINO, K.; PESSõA, G.V.A.; CALZADA, C.T.; MARTINS, M.T. & SANCHEZ, P.S.- Isolation of three new Salmonella serotypes: S. cotia, S. guarapiranga andS. arizonae 65:I,v:zS5 from water reservoirs around São Paulo City, Brazil. Re».Inst. Adolf o Lute, 41 (1) :53-.55, 1981.

ABSTRACT: Three new Salmonella serotypes were ísolated from water samplescollected in water reservoirs located around São Paulo City, state of São Paulo,Brazil. The serotypes were S. cotia and S. guarapiranga belongíng to subgenus I, andS. arizonae 65:I,v:z35 belonging to subgenus IH.

DESCRIPTORS: Salmonella ; Salmonella sp., serotypes.

Agradecimentos REFER~NCIA BIBLIOGRÁFICA

Nossos agradecimentos ao Professor L. LeMinor, do Instituto Pasteur de Paris, pelaconfirmação bioquímica e sorolôgica destesnovos sorotipos de Salmonella.

1. LE MINOR, L.; BOCKEMÜHL, J. & ROWE,B. - Supplêment n,v XXII (1978) auschéme de Kauffmann-White. Ann. Mi-erobiol., Paris, 130 B: 191-5, 1979.

Recebido para publicação em 4 de março de 1981.

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Rev. Inst. Adolfo Lutz,41 (1) :57-61, 1981.

INOVAÇÃO NA TELA METÁLICA UTILIZADA NO PREPARODE MATERIAL PARA EXAME PARASITOLóGICO DE FEZES ATRAVÉS

DO MÉTODO DE SEDIMENTAÇÃO EM COPO *

Maria Ivani P. Gonçalves da SILVA··Rita Maria da SILVA **Maria Terumi YAMANAKA **Lúcia de Lacerda CORR~A··

RIALA6/524

SILVA, M.I.P.G.; SILVA, R.M.; YAMANAKA, M.T. & CORR~A, L.L. - Inovaçãona tela metálica utilizada no preparo de material para exame parasitológico defezes através do método de sedimentação em copo. Rev. Inst. Adolfo Lute, 41 (1) :57-61, 1981

RES UMO: Em face do crescente custo da gaze em rolo, tipo queijo, usada natarnisação da emulsão de fezes no método de sedimentação em copo, procurou-seuma alternativa que redundou numa volta ao passado - o uso de tela metálica emvez de gaze, tal como assinalou Adolfo Lutz, em 1919. Após uma série de experi-mentos com telas dotadas de diferentes números de malhas por polegada linear,selecionou-se a tela ideal que, retendo os detritos, permite a passagem de ovos elarvas de helmintos e cistos de protozoários. Essa tela possui 200 malhas por pole-gada linear e está adaptada a um aro de peneira, mediante técnica adequada; sendode aço inoxidável e alumínio, é de duração prolongada, e de limpeza e manuseiofáceis. Foi efetuado estudo comparativo de 300 materiais fecais examinados após ométodo de sedimentação em copo, utilizando gaze e a peneira metálica acima rela-tada. Os dados obtidos patentearam a Superioridade da tela metálica, traduzi dapor maior número de exames parasitológicos de fezes positivos, quer para ovos oularvas de helmintos, quer para cistos de protozoários. .

DESCRITORES: fezes, exame parasitológico; fezes, sedimentação em copo,inovação na tela metálica.

INTRODUÇÃOFERRElRA,em 1966, refere que". .. Embora

o método de sedimentação em água sej a fre-qüentemente denominado entre nós, de métodode Hoffman, Pons e J aner (1934), a técnicanos seus fundamentos básicos já fora usadaanteriormente. Assim, em 1919, num traba-lho de Lutz encontramos textualmente: '( Oexame torna-se mais fácil pela lavagem re-petida das fezes, seguida de sedimentaçãosimples ou centrif'ugação. Com estas, com-bina-se o uso de tecido de arame e o de gazede moleiro, para reter todos os corpos maisgrossos. Assim, obtem-se um sedimento que

contém quase exclusivamente corpúsculus arny-laceos e ovos de parasitos, sendo fácil de exa-minar)' ... Parece-nos evidente que se aonome de algum autor deva estar ligada a téc-nica de sedimentação espontânea é ao deLutz."

Revendo os originais da publicação deLUTZ3, cujo trecho é acima citado por FERREI-RA1, não encontramos especif'icação de qual-quer natureza quanto ao tipo de malha metá-lica utilizada por aquele autor.

HOFFMAN, PONS & JANER2, ao publicarema técnica de sedimentação em copo, referem

* Realizado no Setor de Esquistossomose do Instituto Adolfo Lutz, São Paulo, SP.

** Do Instituto Adolfo Lutz.

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SILVA, M.I.P.G.; SIILVA, R.M.; YAMANAKA, M.T. & CORRll:A, L.L. - Inovação na tela metálica utili-zada no preparo de material para exame parasitológico de fezes através do método de sedimenta-ção em copo. Re», Inst. Adoljo Lutz, 41 (1) :57-61, 1981.

1

FIGURAS 1 e 2 - Tela metálica fotografada em diferentes ângulos.

FIGURA 3 - Maneira de se utilizar a tela.

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SILVA, M.I.P.G.; SILVA, R.M.; YAMANAKA, M.T. & CORRÊA, L.L. - Inovação na tela metálica utili-zada no preparo de material para exame parasitológico de fezes através do método de sedimenta-ção em copo. Rev. Inst. Adolf» Lutz, 41 (1) :57-61, 1981.

o uso de tela metálica de 80 - 100 malhas, semdar maiores especificações.

Motivados pela alta constante do custo dagaze, e tendo que executar em nossa rotina umnúmero elevado de exames parasitológicos defezes, propusemo-nos a experimentar a telametálica, como tinha sido anteriormente pro-posto pelos precursores da técnica de sedimen-tação.

MATERIAL E MÉTODOS

Desde as tentativas iniciais, eliminamos atela de malha 105, que é usada no método deKato-Katz, por permitir a passagem de gran-de quantidade de detritos. Em provas preli-minares, experimentamos sucessivamente astelas de malha 150, 180, 200 e 250 na sedimen-tação em copo, e comparamos os resultadosassim obtidos com os resultados dos mesmosmateriais examinados após sedimentação emcopo utilizando gaze como filtro.

Concluímos que as malhas 150 e 180 permi-tiam a passagem de abundantes resíduos, amalha 250 retinha partículas e ovos, ao passoque a malha 200 se constituía na malha deabertura ideal (o número de malhas de umatela é a quantidade de aberturas dentro deuma polegada linear inglesa, igual a 25,4 mm ) .

Restava ainda o problema da adaptação datela à boca do copo de sedimentação para omanejo rotineiro. Dentre as várias fábricasde telas consultadas, apenas uma conseguiuatender exatamente ao que desejávamos, poisa maior dificuldade era franzir a tela, que émuito fina, sem deixar escapar o fio. Obtive-mos, então, um tipo de peneira côncava de ma-lha 200, de aço inoxidável, semelhante a umcoador de chá, e com borda de alumínio, bemajustável ao copo de sedimentação de 125 ml,de fácil manuseio e fácil de limpar, conformecomprovaram inúmeros exames de telas apósa lavagem, que atestaram a ausência de ovos,larvas ou cistos de parasitas, porventura re-tidos.

Passamos a avaliar o desempenho da tela200 em 300 materiais já examinados pelo mé-todo de sedimentação com gaze, e pelo métodode Kato-Katz, pesquisando todos os protozoá-rios, ovos de helmiritos e larvas. Procedemosà preparação dos materiais fecais, seguindo amesma metodologia da sedimentação com gaze.Dois detalhes, no entanto, foram rigorosamen-te observados: a) as telas antes de seremusadas eram previamente umedecidas em água;b) colocada a emulsão na peneirinha, permi-tia-se o seu escoamento normal, sem o uso dopalito de madeira. É evidente que certos ma-teriais escoam mais lentamente, tanto na gazecomo na tela, mas não utilizamos o palito paraemulsioná-Ios, bastando para tanto agitar li-geiramente a peneira.

RESULTADOS E CONCLUSÕES

A tabela 1 exibe o estudo comparativo entreos resultados dos exames parasitológicos defezes efetuados através de método de sedimen-tação em copo, utilizando a gaze e a telametálica, no que diz respeito aos números glo-bais de resultados positivos ou negativos.

Fica evidente que a utilização da tela metá-lica proporcionou maior número de examespositivos, 200 ao todo, do que a utiilzação degaze que revelou apenas 191 exames positivos.

Quanto ao estudo comparativo entre os exa-mes de fezes positivados pelos dois diferentesprocessos, a discriminação por espécie de hel-mintos e protozoários é configurada na tabela2, cuja análise demonstra a superioridade dosexames parasitológicos de fezes feitos atra-vés do método da sedimentação em copo, uti-lizando a tela metálica como elementofiltrante.

Estes resultados, acrescidos pelas vantagensjá assinaladas de economia de material, ma-nuseio e limpeza fáceis, permitem-nos reco-mendar a utilização da tela metálica por nósdescrita como elemento filtrante no método desedimentação em copo para exame parasito-lógico de fezes.

Comparação dos resultados do método de sedimentação em copo, utilizando a gaze e a tela.

TABELA 1

Exames Exames ExamesExames negativos na tela realizadosMaterial usado positivos negativos e na gaze Total

Gaze 191 22 87 300

Tela 203 10 87 300

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SILVA, M.I.P.G.; SILVA, R.M.; YAMANAKA, M.T. & CORRÊA, L.L. - Inovação na tela metálica utili-zada no preparo de material para exame parasitológico de fezes através do método de sedimenta-ção em copo. Rev. Inst. Adolfo Lute, 41 (1) :57-61, 1981.

TABELA 2

Comparação dos resultados do método de sedimentação em copo, utilizando a gaze e a tela:discriminação dos parasitas

Exames positivos

HelmintosGaze Tela

Ascaris lumbricoides 66 68

Trichocephalus trichiuru8 48 54

A ncylostomidae 50 55

Hymenolepis nana 4 7

Enterobius vermicularis 1 1

Schistosoma mansoni 37 40

Strongyloides stercoralis 13 21

Protozoários Gaze Tela

Entamoeba histolytica 7 8

Entamoeba coli 53 57

Giardia lamblia 29 33

Endolimax nana 22 31

Chilomastix mesnili 2 2

Iodamoeba butschlii 6 6

RIALA6/524

SILVA, M.I.P.G.; SILVA, R.M.; YAMANAKA, M.T. & CORRÊA, L.L. - Improvedsieving of feces for cup sedimentation through use of a metallic sieve, Rev.Inst. Adolfo Lutz, 41 (1) :57-61, 1981.

ABSTRACT: A 200-mesh per inch, stainless steel-aluminum grate adequatelyheld by a metallic frame was found to be a good substitute for the usual discardablecotton gauze employed for sieving feces and similar material for parasitologicalexamination. Besides being long Ias ting , its cleaning, desinfection and handling iseasier. After testing different numbers of meshes per unit area, the 200-mesh perinch was compared with the standard surgical gauze in over 300 fecal specimensexamined through cup sedimentation after sieving. More positive findings of eggs,helmin th larva e and protozoan cysts were obtained with the metallic grate.

DESCRIPTORS: feces, parasitological examination; cup sedimentation of feces,improved sieving.

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SILVA, M.I.P.G.; SILVA, R.M.; YAMANAKA, M.T. & CORR1!::A, L.L. - Inovação na tela metálica utili-zada no preparo de material para exame parasitológico de fezes através do método de sedimenta-ção em copo. Rev. Inst. Adolfo Lute, 41 (1) :57-61, 1981.

REFER1!::NCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. FERRE IRA, L.F. - O exame parasitológicodas fezes - Estudo comparativo dasprincipais técnicas. Hospital, Rio de J.,70 :347-68, 1966.

2. HOFFMAN, W.A.; PONS, J.A. & JANER,J.L. - The sedimentation-concentrationin schistosomiasis mansoni. Puert o RicoJ. publ. Hlth trop. Med., 9:281-98, 1934.

3. LUTZ, A. - O Schistosomum mansoni e aSchistosomatose segundo observações, fei-tas no Brasil. Mem. Lnei: Osumldo Cruz,11: 121-44, 1919.

Recebido para publicação em 6 de março de 1981.

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Rev, Inst. Aâolf o Lute,41 (1) :63-70, 198L

óLEO DE OLIVA - AVALIAÇÃO DE SUA QUALIDADE *

----------_ .._-----

Elza S. Gastaldo BADOLATO **Franca DURANTE **Maria Elisa W. de ALMEIDA H

Neusa V. V. SILVEIRA **

RIALA6/525

BADOLATO, E.S.G; DURANTE, F.; ALMEIDA, M.E.W & SILVEIRA, N.V.V. -Óleo de oJiva - avaliação de sua qualidade. Re», Inet, Adolfo Lute, 41 (1):63-70, 198L

RESUMO: Existem algumas misturas de óleos que, pela composiçao de seusácidos graxos, podem ser adicionadas a óleos de oliva, sem que essa fraude possaser detectada pelos processos clássicos, pois os índices físico-químicos do produtofinal caem dentro do intervalo característico do óleo de oliva puro. A cromatografiaem fase gasosa foi empregada para a obtenção do perfil cromatográfico dos ácidosgraxos do óleo de oliva, do de soja e do de babaçu, bem como de misturas, prepa-radas no laboratório, de dois ou três dos referidos óleos. Foram também deter-minados os índices de iodo e de refração dos óleos puros e das misturas de óleos.Pela presença dos ácidos graxos capr ílico, cáprico, láurico e mirístico, e pela com-posição relativa dos demais ácidos, foi possível detectar a presença de óleo debabaçu e de óleo de soja em óleos de oliva, mesmo quando os índices físico-químicosindicavam óleo de olíva puro. Durante o período de janeiro de 1979 a dezembrode 1980, foram analisadas 190 amostras de óleos de oliva, expostos ao consumo emSão Paulo, provenientes do exterior, sendo que os óleos enlatados no país de origemeram puros, enquanto que 420/0 dos enlatados no Brasil estavam falsificados.

DESCRITORES: óleo de oliva, detecção de fraude; óleo de oJiva, controle dequalidade por cromatografia em fase gasosa, índice de iodo e índice de refração.

INTRODUÇÃO

A identificação de óleos comestíveis, atra-vés da composição dos ácidos graxos, tem sidoconsiderada corno elemento importante pelo"Comitê do Codex Alimentar ius" para óleose gorduras, do Programa Conjunto FAO/OMSsobre padrões de alimentos.

Uma revisão sobre esse tipo de identificaçãopor meio da cromatograf'ia em fase gasosa foifeita por O'CONNOR& HERB (1970) 5, queapresentam tabelas da composição de ácidosgraxos de diferentes óleos comestíveis.

Pesquisadores interessados no problema daadulteração de óleo de oliva pela adição deoutros óleos comestíveis tentaram utilizar ou-tras técnicas (GALANOSet alii 3), porém foi a

cromatografia em fase gasosa o processo queapresentou melhores resultados (IVERSONetalii 4; VIDALet alii 8; SOARES& AMAYA7).

Os métodos clássicos para a identificação everificação da pureza de óleos comestíveis ba-seiam-se em um conjunto de dados, tais comoíndice de iodo, índice de refração, densidaderelativa e índice de saponif'icação. Entretan-to, como esses índices não são números abso-lutos mas compreendem determinados inter-valos de valores que, muitas vezes, sãoparcialmente comuns a mais de um óleo, tor-na-se difícil, em alguns casos, a verdadeiraidentificação do produto.

Analisando, por cromatografia em fase ga-sosa, amostras de óleos de oliva considerados

,. Realizado na Diretoria de Serviços de Alimentos do Instituto Adolfo Lutz, São Paulo, SP.

** Do Instituto Adolfo Lutz.

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BADOLATO, E.S.G.; DURANTE, F.; ALMEIDA, M.E.W. & SILVEIRA, N.V.V. r-r óleo de oliva -Avaliação de sua qualidade. Rev. Inst. Aâolf o Lutz, 41 (1) :63-70, 1981.

puros pela determinação dos índices físico--químicos, verificamos estarem os mesmosadulterados.

Por este motivo, propusemo-nos a identifi-car, por cromatografia em fase gasosa, a na-tureza dos óleos adulterantes e a proporçãoem que os mesmos podem ser adicionados aoóleo de oliva, sem que esta fraude possa serdetectada pelos índices físico-químicos usuais.

Ao mesmo tempo, resolvemos realizar umlevantamento da qualidade do óleo de olivaexposto ao comércio no Estado de São Paulo.

MATERIAL

Durante o período de janeiro de 1979 a de-zembro .de 1980, analisamos 190 amostras deóleo de oliva de 34 marcas diferentes, de pro-cedência estrangeira, enlatados no país de ori-gem ou no Brasil, e expostos ao comércio emSão Paulo. Analisamos também 12 amostrasde óleo de soja, 6 amostras de óleo de babaçu(Orbignya epeciosa L.) e 26 misturas de óleospor nós preparadas no laboratório, como espe-cificado abaixo:

Misturas preparadas

- óleo de oliva ao qual se adicionaram 5,10, 20, 30 e 50 partes de óleo de babaçu ;óleo de oliva ao qual se adicionaram 15,20, 30, 40 e 50 partes de óleo de! soja;óleo de oliva ao qual se adicionaramquantidades variáveis de óleo de soja ede óleo de babaçu, num total de 16 amos-tras.

MÉTODOS

A análise dos ácidos graxos foi efetuadapor cromatografia em fase gasosa. O proces-so empregado para a metilação foi o de trans-esterificação, de acordo com BADOLATO& AL-MEIDA1. Foi usado um cromatógrafo a gás,com detector de ionização de chama *, acopla-do a um integrador.

Os componentes foram separados em colunade 6 pés de comprimento por 1/8 de polegadade diâmetro interno, tendo como fase esta-cionária DEGS (succinato de dietileno glicol )a 20%, em Chromosorb W.

Foram observadas as seguintes condiçõesde operação:

Temperatura do inj etor: 210°CTemperatura do detector: 220°CTemperatura da coluna: programada de

150 a 190°C, sendo {3 = 4oC/minGás de arraste: nitrogênioFluxo: 30 ml!minSensibilidade: 16 X 10-10 e 32 X 10-10

Velocidade do papel: 0,2 cm/min

* Marca Varian, modo 1440.

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Em todas as amostras foram determinadosos índices de iodo (método de Wijs) e de re-fração, a 40°C, segundo os processos indicadosnas Normas Analíticas do Instituto AdolfoLutz 6.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na composição dos ácidos graxos de óleode oliva puro, identificamos os seguintes aCI-dos: palmítico, palmitolêico, esteárico, olêico,linolêico e linolênico e traços de araquídico(fig. 1); no óleo de soja encontramos osmesmos ácidos graxos, menos o palmitolêico(fig. 2), e traços de ácido mirtstico, detecta-dos quando trabalhamos com sensibilidademaior. Quanto ao óleo de babaçu, foram iden-tificados os seguintes ácidos: caprflico, cápri-co, láurico, mirístico, palmítico, esteárico,olêico e linolêico (fig. 3).

Os resultados da análise da composição dosácidos graxos encontrados nos óleos de olíva,soja e babaçu estão reunidos na tabela 1.

Na tabela 2 estão reunidos os intervalosdos índices de iodo e refração dos óleos de oli-va, de soja e de babaçu, constantes da legis-lação brasileira 2.

Os índices de iodo e de refração das mis-turas por nós preparadas encontram-se reuni-dos na tabela 3.

Pelos resultados obtidos podemos verificarque, quando a falsificação do óleo de oliva éfeita somente pela adição de óleo de soja, estafraude pode ser facilmente detectada pela de-terminação dos índices de refração e de iodo,pois estes têm seus valores aumentados, cain-do fora dos intervalos característicos paraóleo de olíva ipuro. Esta mesma fraude, pormeio da cromatografia em fase gasosa, é evi-denciada pela variação na proporção relativados ácidos olêico, linolêico e linolênico (fi. 4).

A adição de pequenas quantidades de óleode babaçu ao óleo de oliva dificilmente é de-tectada pelos índices clássicos; entretanto,através da cromatografia em fase gasosa, pu-demos comprovar qualquer proporção de óleode babaçu adicionado, devido à presença dosácidos caprílico, cáprico, láurico e mirístico,que não entram na composição dos ácidos gra-xos de óleo de oliva (fig. 5).

Geralmente, o óleo utilizado para a falsi-ficação do óleo de oliva é o de soja, fraudeesta facilmente detectada. A adição de óleode babaçu, cujos índices de iodo e de refraçãosão muito baixos, a misturas de óleo de olivae de soja, tem a finalidade de fazer com queos índices da mistura final caiam dentro dointervalo característico de óleo de oliva puro.Somente a cromatografia em fase gasosa écapaz de detectar este tipo de fraude (fig. 6).

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Fig. 1 - Cromatograma de ácidos graxos de óleode olíva.

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Fig. 2 - Cromatograma de ácidosde soja.

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Fig. 3 - Cromatograma de ácidos graxos de óleode babaçu (Orbignya speciosa L.).

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Fig.4 Cromatog rama de ácidos graxos de óleode oliva adulterado com óleo de soja(exposto ao comércio ).

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Fig. 5 - Cromatograma de ácidos graxos de óleode oliva adulterado com óleo de babaçu(expos to ao comércio).

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Fig. 6 - Cromatograma de ácidos graxos de óleode oliva adulterado com óleo de soja ede babaçu (exposto ao comércio).

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TABELA 1Composição em ácidos graxos dos óleos de oliva, de soja e de babaçu

óleo de oliva óleo de soja óleo de babaçu

Ácidos graxosPorcentagem Porcentagem Porcentagem

mínima máxima mínima máxima mínima máxima

Caprílico - - 4,10 - 5,71

Cáp rico - - 4,76 - 5,66

Láurico - - 41,73 - 44,71

Mirístico - traços 15,48 - 17,29

Palmítico 9,33 - 18,40 10,32 - 14,93 9,02 - 9,99

Palmitolêico 0,29 - 3,24 - -

Esteárico 0,61 - 3,80 2,13 - 4,42 3,13 - 3,87

Olêico 59,65 - 78,90 18,51 - 23,74 11,69 - 15,72

Linolêico 4,31 - 18,71 54,62 - 58,30 2,12 - 2,72

Araquídico traços traços -

Linolênico 0,33 - 1,20 4,91 - 9,53 -

TABELA 2Constantes físico-químicas de óleos de oliva, de soja e de babaçu

fndice de iodo (Wijs) índice de refração a 40°CÓleos

mínimo máximo mínimo máximo

óleo de oliva 75 - 90 1,4601 - 1,4629

óleo de soja 120 - 143 1,4670 - 1,4690

Óleo de babaçu 12 - 18 1,4480 - 1,4560

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TABELA 8

Constantes fÚJico-químicas de misturas de óleo de oliva com óleo de babaçu e óleo de soja

Misturas de óleos (%)fndice de iodo (Wijs) fndice de refração a 40°C

olíva soja babaçu

85 15 - 91,44 1,4625·

80 20 - 93,73 1,4632

70 30 - 94,49 1,4634

60 40 - 101,85 1,4640

50 50 - 105,66 1,4647

95 - 5 81,28 * 1,4611 •

90 - 10 77,72 * 1,4606·

80 - 20 71,12 1,4595

70 - 30 64,52 1,4582

50 - 50 50,80 1,4560

85 10 5 85,15 * 1,4620·

75 20 5 89,15· 1,4625·

65 30 5 93,47 1,4630

55 40 5 98,04 1,4636

45 50 5 102,11 1,4641

80 10 10 81,28· 1,4613 •

70 20 10 84,83· 1,4618·

60 30 10 89,90· 1,4624·

50 40 10 94,99 1,4631

40 50 10 99,06 1,4635

70 10 20 74,17 1,4605·

60 20 20 77,98· 1,4608·

50 30 20 82,29· 1,4614·

40 40 20 86,61 • 1,4619·

30 50 20 91,95 1,4591

60 10 30 67,06 1,4625·

índices compreendidos dentro do intervalo característico de ôleo.de oliva puro.

CONCLUSÃO mesmo quando os índices clássicos se situamdentro dos intervalos que caracterizam esteóleo.

De todos os óleos de oliva analisados, nesseperíodo, os enlatados em seus países de origemeram puros, enquanto que 42% dos enlatadosno Brasil eram falsificados.

A cromatografia em fase gasosa na análisede ácidos graxos de óleos comestíveis mostrouser um processo eficiente para detectar a fal-sificação de óleo de oliva. Através deste pro-cesso, é possível comprovar a adição de óleosde soja e/ou óleo de babaçu ao óleo de oliva,

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BADOLATO, E.S.G.; DURANTE, F.; ALMEIDA, M.E.W. & SILVEIRA, N.V.\'. - óleo de oliva -Avaliação de sua qualidade. Rev. Inst. Aâolf o Lutz, 41 (1) :63-70, 1981.

RIALA6/525

BADOLATO, E.S.G.; DURANTE, F.; ALMEIDA, M.E.W. & SILVEIRA, N.V.V.Quality evaluation of olive oil. Rev, Inst. Adolfo Lutz, 41 (1) :63-70, 1981.

ABSTRACT: There are some oil mixtures that, due to their fatty acid cornpo-sition, can be added to olive oils. This addition cannot be detected th rough routineprocedures because the chemical and physical values of the final product are withinthe characteristic pure olive oil ranges. Gas liquid chromatography was used toobtain the chromatographic features of fatty acids of olive, soybean and "babassu"(Orbignya speciosa L.) oils. Mixtures of two and/or three of these oils were preparedin the laboratory and were similarly assayed. The refractive index at 40°C andthe iodine number were also determined. The presence of "babassu" and soybeanoils was detected by the presence of caprylic, capric, lauric and myristic acids andthe relative composition of other fatty acids. Such a fraud was verified even inolive oils considered pure by the iodine number and refractive index determina-tion. From january 1979 to december 1980, 190 samples collected in the the cityof São Paulo were analysed; these analyses showed that the olive oils canned inthe origin coun try were pure while 420/0 of the 155 samples locally canned wereadded of foreign oils.

DESCRIPTORS: olive-oil, fraud detection; olive oil, quality control by gasliquid chromatography, iodine number and refraction index.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. BADOLATO, E.S.G. & ALMEIDA, M.E.W. -Pesquisa por cromatografia em fase ga-sosa da adulteração de chocolates. Rev.Inst. Adolfo Lute, 37 :47-56, 1977.

2. BRASIL. Leis, decretos, etc. - Resolução N.?22/77. Diário Oficial, Brasília, 6 set. 1977.Seção I, pt. 1, p. 11807. Estabelece pa-drão de identidade e qualidade para osóleos e gorduras comestíveis, destinados àalimentação humana.

3. GALANOS, D.S.; KAPOULAS, V.M. & VOU-DOURIS, E.C. - Detection of adultera-tion of olive oil by argentation thin layerchromatography. J. Am. Oil Chem. Soc.,45: 825-9, 1968.

4. IVERSON, J.L.; EISNER, J. & FIRESTO-NE, D. - Fatty acid composition of oliveoil by urea fractionation and gas-liquidchromatography. J. Ass. off. agric. Chem.,48:1191-1202, 1965.

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5. O'CONNOR, R.T. & HERB, S.F. - Specifica-tions of fatty acid composition for iden-tification of fats and oils by gas liquidchromatography. J. Am. Oil Chem. Soc.,47: 186A, 195A, 197A, 1970.

6. SÁO PAULO. Instituto Adolfo Lutz - Nor-mas analíticas do Instituto Adolfo Lutz,v. 1: Métodos químicos e físicos para aná-lise de Alimentos. 2a ed. São Paulo, Me-lhoramentos, 1976. p. 189-92.

7. SOARES, L.V. & AMAYA, D.R. - Adultera-ção de óleo de oliva no Brasil. In: CON-GRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA ETECNOLOGIA DE ALIMENTOS, 4.°,Rio de Janeiro, 1980. lRio de Janeiro,Imprensa Universitária, 1980] p. 162.[Resumos de trabalhos]

8. VInAL, P.A.; RICCIARDI, A.J. & FERREI-RA, J.F. - Determinação da adição deóleo de soja a outros óleos vegetais co-mestíveis por cromatografia em fasegasosa. Rev. Inst. Adolfo Lutz, 39 (1) :67-77, 1979.

Recebiâo para publicação em 11 de março de 1981.

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Rev. Inst: Adolf o Lútz,41 (1) :71-74, 1981.

ENTEROPATóGENOS EM SANTOS: INQUÉRITO BACTERIOLóGICONA POPULAÇÃO DIARRÉICA COM MAIS DE CINCO ANOS DE IDADE *

Gil Vital Álvares PESSOA **Kinue IRINO **Elena KANO **Vera SIMONSEN **Suzel NOGUEIRA **

RIALA6/526

PESSOA, G.V.A.; IRINO, K.; KANO, E.; SIMONSEN, V. & NOGUEIRA, S. -Enteropatógenos em Santos: inquérito bacteriológico na população diarréricacom mais de cinco anos de idade. Rev. Inst: Adolf o Lutz, 41 (1) 71-74, 1981.

RESUMO: É relatado o isolamento de enteropatógenos durante o inquéritobacteriológico em Santos, SP. Em 242 coproculturas de pacientes com diarréia aquo-sa, 42 resultaram positivas. Foram isolados 62,7% de Shigella sp., 27,9% de Salmo-nella sp. e 9,4% de Escherichia coli LT+. Este inquérito teve duração de duas se-manas e foi realizado em virtude do isolamento de 2 cepas de Vibrio cholerae emágua de esgoto.

DESCRITORES: enterobactérias patogênicas; Shigella; Salmonella; Escherichia,

INTRODUÇÃO

Em conseqüência de isolamento de duas ce-pas de Vibrio cholerae, biotipo Eltor, sorotipoOgawa, em amostras de água de esgoto da ci-dade de Santos, em maio de 1978, procedeu-sea um inquérito epidemiológico que foi realiza-do pela Secretaria de Saúde do Estado deSão Paulo e, entre outras medidas planifica-das, constava a realização de coproculturas detodos os moradores da Ilha de São Vicente,com mais de cinco anos de idade, que fossemportadores de quadro diarréico agudo. Esteinquérito bacteriológico teve a duração de duassemanas e foi interrompido ao ser constatadoque as estirpes de V. cholerae não eram toxi-gênicas.

MATERIAL E MÉTODOS

De 6 a 20 de maio de 1978 foram coletadas242 amostras de fezes de moradores da Ilhade São Vicente, com diarréia aquosa.

As fezes foram coletadas em meio de trans-porte de Cary-Blair e semeadas de acordo

com o indicado em "Normas, métodos e técni-cas para isolamento e diagnóstico das entero-bactérias, em especial dos vibriões coléricos",de Costa et alii 1.

A pesquisa de enterobactér ias foi realizadade acordo com a metodologia utilizada na ro-tina do Setor de Enterobactérias da Seção deBacteriologia do Instituto Adolfo Lutz 4.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

De 242 coproculturas realizadas, 42 forampositivas compreendendo 17,3% do total deamostras examinadas (tabela 1).

Pela análise da tabela 1, observa-se que dosenteropatógenos os mais freqüentemente iso-lados foram a Shigella sp., isto é, em 62,4%das oportunidades, enquanto que a Salmonellasp. o foi em 27,9%, e E. coli enterotoxigênicaem 9,4% das ocasiões. Estes resultados obti-dos diferem dos encontrados em São Paulo, porTAUNAY et alii 6, pois o isolamento de Shi-getla sp. decresceu de 1963 a 1969 de 5,0% a3,7%. Esta tendência manteve-se na década

• Realizado na Seção de Bacteriologia do Instituto AdoIfo Lutz, São Paulo, SP.•• Do Instituto Adolfo Lutz.

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PESSÓA, G.V.A.; IRINO, K.; KANO, E.; SIMONSEN, V. & NOGUEIRA, S. - Enteropatógenos emSantos: inquérito bacteriológico na população diarréica com mais de cinco anos de idade. Rev. Inst.Adolfo Lutz, 41 (1) :71-74, 1981.

de 1970, pois o isolamento desta bactéria nosanos de 1970 a 1976 variou de 2,86% a 1,85%com média de isolamentos, neste septênio, de2,46% 3,

A análise da distribuição dos enteropató-genos isolados, segundo os grupos etários (ta-bela 2), revela que 74% dos casos positivosencontra-se na faixa que vai de 15 aos 40anos de idade, achado que está em desacordocom o relatado por PESSÓAet alii 3, em relaçãoao isolamento de Shigella sp., em São Paulo,que assevera que 54,3% dos isolamentos destabactéria se encontra na faixa de O a 5 anos.

O encontro de Shigella sp. em 11,2% dototal de coproculturas realizadas é um dadosignificativo pois, no momento do inquérito,não ocorria surto epidêmico e o objetivo era oencontro do vihrião colérico no grupo etáriomais susceptível a esta bactéria, na popula-ção com diarréia.Cotejando os dados obtidos em: nosso meio

com os obtidos nas duas semanas de rastrea-mento epidemiológico efetuado em Santos, po-demos inferir que na realidade não houve di-minuição de incidência das shigueloses. O queprovavelmente ocorre é que, neste grupo etá-rio, o diagnóstico laboratorial não é f'reqüen-temente efetuado, seja decorrente da não soli-citação do exame, ou por deficiência no em-

prego de técnicas bacteriológicas na grandemaioria dos laboratórios existentes.

Neste estudo a S. typhimurium foi o agente.causal de diarréia mais encontrado entre assalmonelas, em 67% dos casos. Entretanto,o achado difere do relatado por PESSÔAet alii 4, 5 em relação à constituição do seuperfil antigênico somático pois 99,67% deS. typhimurium isolada de coprocultura emSão Paulo pertence à variedade Copenhaçen,isto é, 05 negativa. Também é interessantenotar que das oito cepas de S. typhimuriumisoladas, sete apresentaram sensibilidade atodos os agentes antimicrobianos testados euma era resistente a apenas três.

Este comportamento é totalmente diferentedo observado na grande maioria das cepas 05negativas isoladas de coproculturas em SãoPaulo, comportando-se as isoladas do materialde Santos como cepas "selvagens" em oposi-ção a cepas "hospitalares" isoladas em SãoPaulo 2.

Foram isoladas em 4 oportunidades cepasenterotoxigênicas de E. coli.

Agradecimentos

Os autores agradecem aos epidemiologistasda DRS-2 da Secretaria da Saúde do Estadode São Paulo pela colaboração efetiva.

TABELA 1Cepas enteropatoçénicas isoladas

Enteropatógenos Total

Escherichia coli enterotoxigênica (LT +)

Shigella dysenteriae 2

Shigella [lexneri

Shigella [leenerí 2

Shigella [letcneri 3

Shigella [letcneri 6

Shigella sonnei e Shigella [le xneri 2

Salm onella typhimuTium 05 +

Salm onellainfan ti"

Salmonella panama

Salmon.ella anatum

4

2

2

14

2

2

3

8

2

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PESSõA, G.V.A.; IRINO, K.; KANO, E.; SIMONSEN, V. & NOGUEIRA, S. - Enteropatógenos emSantos: inquérito bacteriológico na população diarrêica com mais de cinco anos de idade. Rev. Inst.Adolf o Lutz, 41 (1) :71-74, 1981.

TABELA 2Distribuição, por grupos etários, dos enteropatôçenos isolados

)5-110 11-114 15 -119 20-129 30 39 40 -149 50 -159 > 60

E~E. coli LT+ O 2 O 1 1 O O O

Shigella dyse" teriae 2 O O 1 1 O O O O

Shigella flexneri 1 O O O O 1 1 O O

Shigella [Lexneri 2 1 1 3 3 1 2 1 2

Shigella flexneri 3 O O O 1 1 O O O

Shigella flexneri 6 O O O O 1 1 O O

Shigella sonm ei O O 1 1 O O O 1

Shigella 80nnei eShigella fle.cneri 2 1 O O O O O O O

S. typhimurium 05+ O O 1 1 2 4 O O

Salmonella infantis O O O 1 O O O 1

Salmonello. panama O O O O 1 O O O

Salmonella anatutl'! O O O O O O O 1

Total 2 3 6 9 8 8 1 5

~ ~ __ ~ ~ . ,_ RIALA6/5~6_1

PESSÕA, G.V.A.; IRINO, K.; KANO, E.; SIMONSEN, V. & NOGUEIRA, S. -Enteropathogenic bacteria in Santos: a survey in individuais over five-yearold with diarrhea. Rev. Inst. Adolfo Lutz, 41 (1) :71-74, 1981.

ABSTRACT: As a consequence of the isolation of two strains of Vibrio cholerae,a bactcriological survey was conducted in the area of Santos, a port in the stateof São Paulo, Brazil. During a two-week period, 242 stool specimens were collectedfrom patients with watery diarrhea. Of those specimens, 42 were positive: 62.7% forShigella sp., 27.9% for Salmonella sp. and 9.4% for Echerichia coli LT+.

DESCRIPTORS: Enterobacteriaceae, pathogenic enterobacteria; Shigella; Sal-m 01'1 elia ; Escherichia.

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PESSõA, G.V.A.; IRINO, K.; KANO, E.; SIMONSEN, V. & NOGUEIRA, S. - Enteropatógenos emSantos: inquérito bacteriológico na população diarréica com mais de cinco anos de idade. Rev.Inst.Adollo Lutz, 41(1) :71-74, 1981.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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4. PESSÕA, G.V.A.; IRINO, K.; CALZADA, C.T.;MELLES, C.E.A. & KANO, E. - Ocor-rência de bactérias en teropa togênicas emSão Paulo no septênio 1970-76. I - So-rotipos de Salmonella isolados e identifi-cados. Rev. Inst. Atlolf o Lutz, 38:87-105,1978.

5. PESSóA, G.V.A.; IRINO, K.; MELLES,C.E.A.; CALZADA, C.T.; RASKIN, M. &KANO, E. - Ocorrência de bactérias en-teropatogênicas em São Paulo no septênio1970-76. lI-O surto epidêmico de Sal-monella typhimurium em São Paulo. Rev.Inst. Adolf o Lutz, 38: 107-127, 1978.

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Recebido para publicação em 11 de março de 1981.