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Centro de Estudos e Promoção das Artes e Ofícios Portugueses Seminário Turismo e Património Cultural: oportunidades e desafios Lisboa, 27 e 28 de Março de 2014 Graça Ramos

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Page 1: Graca Ramos

Centro de Estudos e Promoção das Artes e Ofícios Portugueses

Seminário Turismo e Património Cultural: oportunidades e desafios

Lisboa, 27 e 28 de Março de 2014 Graça Ramos

Page 2: Graca Ramos

Associação Portugal à Mão Centro Estudos e Promoção das Artes e Ofícios Portugueses Associação sem fins lucrativos, com sede no centro histórico de Vila Nova de Gaia, cujo objetivo geral visa a promoção da reflexão e o debate sobre as artes e ofícios e a cultura tradicional portuguesa, apoiando o setor através do seu estudo, promoção, divulgação e defesa, contribuindo para o seu desenvolvimento enquanto fator imprescindível ao conhecimento e salvaguarda da identidade portuguesa.

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Os objetivos principais da sua atuação são: • o estudo e a promoção das artes e ofícios portugueses, quer nas suas formas mais tradicionais, quer nas suas expressões mais contemporâneas; • a investigação e a divulgação das manifestações da arte e cultura popular portuguesa; • a publicação sistemática nesta área de conhecimento; • a defesa e salvaguarda das produções artesanais tradicionais através da sua certificação; • a valorização e qualificação dos artesãos e das produções artesanais, numa perspetiva empresarial; • a comercialização do artesanato numa perspetiva promocional da cultura portuguesa e a implementação de redes de distribuição; • a interligação entre o setor das artes e ofícios e atividades de animação cultural e turística; • a promoção das artes e ofícios portugueses além fronteiras, através da colaboração com instituições congéneres.

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“Não há paisagens para sempre. A paisagem é o registo de uma sociedade que muda e, se a mudança é tanta, tão profunda e acelerada, haverá disso sinais, para além de pouco tempo e muito espaço para compreender ou digerir as marcas e formas como se vão atropelando mutuamente, ora relíquias, ora destroços….

ARTES E OFÍCIOS PORTUGUESES: UMA QUESTÃO DE IDENTIDADE

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“A incompreensão dessa descaracterização faz-se, habitualmente, acompanhar do rol da perda de supostas autenticidades que, de tanto mitificadas, parecem ter pertencido a um tempo primordial, sem história e sem outro referente que não um passado-mais-que-perfeito.”

ARTES E OFÍCIOS PORTUGUESES: UMA QUESTÃO DE IDENTIDADE

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Hoje, “as marcas e as memórias do Portugal profundo vão-se decompondo com a desruralização e o seu rasto de efeitos colaterais: o despovoamento, o envelhecimento, o abandono da produção agrícola e dos campos, o desaparecimento de certos estilos de vida, saberes e práticas culturais – o interior…”.

Excertos retirados de “A Vida no Campo” de Álvaro Domingues

ARTES E OFÍCIOS PORTUGUESES: UMA QUESTÃO DE IDENTIDADE

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A estreita ligação entre as atividades artesanais e uma estrutura ancestral essencialmente rural implicou o desaparecimento de algumas artes e ofícios e provocou um desajustamento entre produto-função-necessidade que levou à descaracterização de outras.

Mas, se por um lado, esta situação precipitou o declínio de algumas artes e ofícios, possibilitou, por outro, o caminho da renovação responsável pela expansão e pelo desenvolvimento atual deste setor de atividade económico, aberto à inovação, a novas abordagens e à construção de novas identidades.

ARTES E OFÍCIOS PORTUGUESES: UMA QUESTÃO DE IDENTIDADE

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As artes e ofícios tradicionais são hoje reconhecidos pelas suas potencialidades como motor de desenvolvimento, sendo múltiplos e de grande visibilidade os seus impactos. Para além do seu valor patrimonial, de herança histórica e cultural, o artesanato interfere nos tecidos económico e social das regiões, como fonte de rendimento e de emprego e é um importante fator de ligação e envolvimento das populações com os seus territórios, apresentando mais-valias importantes a nível ambiental e turístico.

ARTES E OFÍCIOS PORTUGUESES: UMA QUESTÃO DE IDENTIDADE

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ARTES E OFÍCIOS PORTUGUESES: UMA QUESTÃO DE IDENTIDADE

Nomeadamente a nível do Turismo, é hoje frequente as entidades locais, públicas e privadas, utilizarem recorrentemente as artes e ofícios como bandeira para afirmar a sua identidade territorial (nacional, regional ou local), diferenciando a sua história, o seu território e as suas gentes em relação aos demais, e destacando as características singulares e únicas da sua cultura.

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Bases legais da organização do setor:

• Decreto-Lei n.º 41/2001, de 9 de fevereiro

• Decreto-Lei n.º 110/2002, de 16 de abril

• Portaria n.º 1193/2003, de 13 de outubro

• Portaria n.º 1085/2004, de 31 de agosto

ARTES E OFÍCIOS PORTUGUESES: UMA QUESTÃO DE IDENTIDADE

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Artesanato “Atividade económica, de reconhecido valor cultural e social, que assenta na produção, restauro ou reparação de bens de valor artístico ou utilitário, de raiz tradicional ou contemporânea, bem como na produção e confeção tradicionais de bens alimentares, no equilíbrio entre a fidelidade aos processos tradicionais e a abertura à inovação”

ARTES E OFÍCIOS PORTUGUESES: UMA QUESTÃO DE IDENTIDADE

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Artesanato Intervenção pessoal e manual predominante Manipulação de matérias-primas Produto final genuíno e singular Abertura à inovação (nos processos, técnicas e estética)

ARTES E OFÍCIOS PORTUGUESES: UMA QUESTÃO DE IDENTIDADE

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Artesão “Trabalhador que exerce uma atividade artesanal, ao qual se exige o domínio dos saberes e técnicas inerentes à atividade em causa e um apurado sentido estético e perícia manual para a manipulação das matérias-primas”

ARTES E OFÍCIOS PORTUGUESES: UMA QUESTÃO DE IDENTIDADE

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Artesanato: funções - Utilitária e decorativa – artesanato como resposta às necessidades das comunidades - Cultural, patrimonial e simbólica – artesanato como capital de memória, veículo de conhecimento, de modos de ser e de viver, de saber-fazer - Económica – artesanato como fonte de rendimento - Social – artesanato como atividade acessível, de baixo investimento financeiro e de inserção - Lúdica e pedagógica – artesanato como meio de introdução à história e cultura das comunidades, como atividade dirigida a públicos em formação - Ambiental – artesanato como meio de valorização dos recursos endógenos, de preservação de práticas e ecossistemas

ARTES E OFÍCIOS PORTUGUESES: UMA QUESTÃO DE IDENTIDADE

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• Qualificar-se técnica e esteticamente • Adaptar-se às novas exigências da vida contemporânea • Articular passado com presente e futuro • Responder a novas necessidades e gostos • Posicionar-se em mercados competitivos • Encontrar o seu lugar nos segmentos turísticos mais apropriados • Afirmar-se como marco das identidades portuguesas

Artesanato como processo vivo e evolutivo tem que ser capaz de:

ARTES E OFÍCIOS PORTUGUESES: UMA QUESTÃO DE IDENTIDADE

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De que forma esta “renovação” e inovação foi feita no passado: Inicialmente, este foi um processo intuitivo, não acompanhado de uma reflexão externa, levado a cabo pelos próprios artesãos. Esta abordagem do próprio artesão originou quase sempre uma desqualificação e descaracterização das produções, uma vez que não foi pensada tendo em vista os novos mercados do artesanato; foi antes uma tentativa de imitar formas na “moda” ou alterar a funcionalidade original das peças tornando-as meramente decorativas.

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Caso da Olaria negra de Bisalhães

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Peças “renovadas”

Peças tradicionais

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Mais recentemente, “o design é convocado a resolver a transposição dos objetos tradicionais para um outro tempo-contexto que é o nosso – cultura em constante reformulação, que articula passado com presente e futuro -, com isso defendendo um legado, perene e significativo, intrínseco na construção das identidades individuais, sociais, locais ou globais da cultura material tradicional.”

(texto retirado da dissertação de Mestrado em Design de Produto da Faculdade de Arquitetura da

Universidade Técnica de Lisboa de Rita Almeida Filipe)

ARTES E OFÍCIOS PORTUGUESES: UMA QUESTÃO DE IDENTIDADE

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Construção de novas identidades onde há um diálogo constante entre tradição e modernidade; onde o conhecimento é imprescindível para intervir com pertinência e qualidade; onde há um interesse genuíno pelo retorno às origens; onde as preocupações ambientais são um fator importante; onde existe um gosto renovado pela cultura popular e pelas vivências tradicionais; onde há uma atenção redobrada aos aspetos identitários e portugueses.

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Projecto A2

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Barraca dos Oleiros Xana Monteiro e Carlos Lima

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Valorizando os saberes tradicionais – conhecendo as potencialidades das matérias-primas, das tecnologias e dos processos -, e reinterpretando-os, permite-se o desenvolvimento de produtos inovadores, de qualidade e alto potencial comercial, produtos estes com valor acrescido porquanto são portadores de características únicas, diferenciadas, contemporâneas, mas mantendo um forte vínculo identitário.

ARTES E OFÍCIOS PORTUGUESES: UMA QUESTÃO DE IDENTIDADE

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Fatores como o gosto individual, os usos contemporâneos, o turismo, as preocupações ambientais, entram agora na construção do conceito de identidade, associando-se aos de herança cultural, património e território. Identidade deixa de ser assumida de um modo coletivo para passar a ser construída “à medida”, em percursos mais ou menos individualizados, considerando o uso que se faz atualmente dos objetos e acrescentando-lhe fatores emocionais que estabelecem a ligação aos lugares e à memória.

ARTES E OFÍCIOS PORTUGUESES: UMA QUESTÃO DE IDENTIDADE

Page 31: Graca Ramos

Graça Ramos [email protected] http://portugalamao.comportugal.com