grande consumo n.º 2/2010
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A Revista dos Negócios de DistribuiçãoTRANSCRIPT
Farmetro conceito em expansão Scantrends marcas recuperamfôlego IBM smarter planet Alimentaria 2010 balanço positivoem período de recessão JBaptista mundo de sabor
FuturoLojasRetalho
FuturoLojasRetalho
Nº02/2010 | MARÇO/ABRIL
Revista bimestral
Portugal | €4,80
plantar o maior olival desta terra.porque não?
olival, Beja
A Europa investe nas zonas rurais
Fundo Europeu Agrícolade Desenvolvimento Rural
Tudo começou com uma árvore. Depois duas, três, três mil. Hoje, Oliveira da Serra
tem o maior olival do mundo, com mais de 6 milhões de oliveiras. Cada uma plantada com gps,
regada com o apoio de estações meteorológicas que avaliam as necessidades do solo,
tratada com mãos sábias. Um mar de verde-azeitona que cresce todos os dias
e nos faz acreditar que podemos fazer de Portugal um dos maiores produtores do mundo.
Ou mesmo o maior. Porque não?
Tem tanto de estranho como de positivo ouvir o inspector-geral da ASAE, António Nunes, fazer um balanço
favorável da acção de fiscalização levada a cabo aquando do último Dia do Consumidor. Não pelo facto de se ter
registado uma baixíssima taxa de infracções, mas, sobretudo, pelo facto de o responsável máximo da
Autoridade de Segurança Alimentar e Económica atribuir estes resultados directamente à acção do organismo
que dirige, sem, verdade seja dita, deixar de reconhecer algum mérito aos próprios operadores económicos, que
se apresentam, nas suas palavras, mais cumpridores.
Certo é que, quatro anos após a sua criação, as opiniões continuam a dividir-se relativamente à efectividade
deste organismo que, enquanto é ou não é considerado inconstitucional, continua a levar a cabo a sua
actividade. Nalguns casos, como elevados benefícios para a saúde do consumidor, noutros com resultados um
tanto ou quanto duvidosos e com os procedimentos decorrentes da acção de fiscalização a constituírem motivo
de queixas por parte dos operadores económicos visados. Não só pela forma intimidatória com que procuram
operar – desde logo com a denominação “Polícia” nas suas vestes – como pela forma implacável com que
aplicam a lei, mesmos nalguns casos onde deveria imperar o bom senso na sua aplicação directa. Não que a lei
exista para não ser respeitada, mas, acima de tudo, ao atentar aquilo que é a realidade do tecido económico
nacional, com todas as suas debilidades e fragilidades. O que leva a que, nalguns casos, se registe uma
verdadeira caça às bruxas, agindo a ASAE com frequência através de denúncia, ou apenas um método
“inteligente” – mais um – de prejudicar a concorrência, mesmo que na nossa própria casa não cumpramos os
requisitos obrigatórios em matéria de higiene e segurança alimentar. Mas enquanto o lixo estiver debaixo do
tapete do vizinho…
Estes aspectos demonstram o modo, por vezes pouco claro, como este organismo actua na sua vigilância diária,
não se percebendo com alguma frequência o que deverá ser feito para ir de encontro à legislação vigente. Cabe
aos operadores económicos conhecerem os diplomas que regulam a sua actividade, diz a ASAE. Mais
cooperação pedem os empresários, cansados de uma autoridade que actua com demasiada rigidez junto
daqueles que não foram defendidos aquando criação da própria lei.
Este poderia ser o balanço de quatro anos de actividade, com diversos capítulos polémicos pelo meio, mas sem
tirar importância à acção de um organismo que veio pôr fim a muitas práticas duvidosas e altamente prejudiciais
ao consumidor. O objecto deste dia assinalado no passado mês de Março e que teve como condão pôr-nos a
pensar relativamente a algumas das nossas práticas. Afinal, continuamos a ser um povo com costumes
demasiado brandos e excessivamente tolerantes no que é respeitante à defesa dos nossos direitos individuais.
Se este gesto fosse replicado com mais frequência, teríamos, seguramente, um País mais evoluído em matérias
de serviço e atendimento ao cliente. Pelo menos mais respeitosa no modo como diariamente os consumidores
são tratados em Portugal. As empresas que já perceberam a importância do poder de decisão do consumidor
estão na vanguarda das respectivas áreas de negócio. O consumidor, por sua vez, é que ainda não deu conta que
é ele próprio o driver de crescimento da economia e objecto desejado de todos dos decisores e estratégias
comerciais/marketing. “Ser”” consumidor final é hoje um poderoso instrumento. Pelo menos para aqueles que
perceberem isso.
03
EDITORIALN.º2/2010 | MARÇO/ABRIL
2
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3 EDITORIAL
6 NOTÍCIAS
8 PRODUTOS
10 FARMETRO
12 SCANTRENDS AC NI
ELSEN
16 TEMA DE CAPA
– LOJAS DO FUTUR
O
20 IBM
24 PAMPILAR
28 ALIMENTARIA 2010
32 ALIMENTARIA&HORE
XPO
36 OPINIÃO
– Diogo Figueire
do
- ACCENTURE
37 OPINIÃO
– Carlos Maia
- STAPLES
38 OPINIÃO
– Sónia Costa
- DAN CAKE
39 OPINIÃO
– João Palmeira
- CHEP
40 5 PERGUNTAS A…
- Teresa Burnay
– UNILEVER/JERÓN
IMO
MARTINS
42 J.BAPTISTA, LDA.
46 NOTÍCIAS VINHOS
48 SOGRAPE
50 A FECHAR
Auchan e Montepio fecham parceria O Clube Rik & Rok, do Grupo Auchan, e o Montepio acabam de lançar uma
parceria centrada no projecto “Vamos Aprender a Gerir”, que tem por objectivo
promover a Educação Financeira
junto de crianças entre os 6 e os
12 anos de idade. O projecto
arrancou no Jumbo da Amadora
e depois da Associação de
Solidariedade Social do Alto da
Cova da Moura foi a vez das
crianças do Externato das
Pedralvas colocarem em prática
os conhecimentos adquiridos a
partir dos conteúdos inscritos
no “Programa de Educação
Financeira do Montepio”.
“Vamos Aprender a Gerir” tem como objectivo
divulgar, junto dos mais novos, conceitos como
dinheiro e crédito, mas também ensinar a definir
prioridades, a elaborar um orçamento individual e
familiar e a fazer as respectivas compras num
hipermercado. Este projecto procura desenvolver,
junto das crianças, o sentido de responsabilidade
pessoal e familiar no contexto
da comunidade, permite adquirir
competências, conhecimentos e
atitudes positivas relativamente
à utilização do dinheiro e ganhar
estímulo para a poupança.
Toys ‘R’ Us sobelucro líquido em
43%A Toys ‘R’ Us Inc. alcançou um lucro líquido de 312
milhões de dólares no exercício fiscal de 2009, que concluiu a
30 de Janeiro. O resultado líquido para o ano de 2008 situou-se em
218 milhões de dólares, sendo que em relação a 2009 o aumento foi
de 43,1%. O EBITDA ascendeu a 1.168 milhões de dólares, o valor
mais elevado na história da empresa, desde a sua fundação em 1948.
No que diz respeito ao mercado português, os resultados revelaram-se
positivos mesmo em ano de crise. Comparativamente ao ano anterior, 2009
representou uma subida do volume de vendas em 2,1%. O ano foi também
assinalado por uma subida no número total de clientes a visitar lojas Toys ‘R’ Us.
Estes dados reforçam a posição da Toys ‘R’ Us no mercado português, onde se
afirma como líder no seu segmento. Os resultados são estimulantes e cimentam a
estratégia seguida até agora.
A empresa concluiu o exercício de 2009 com uma liquidez de cerca de 1.100
milhões de dólares. Para além deste facto, a Toys ‘R’ Us dispõe de linhas de
crédito no valor de 1.200 milhões de dólares, sendo que no final do ano fiscal de
2009 a liquidez da empresa ultrapassava os 2.300 milhões de dólares.
Pedro Abreu lidera IKEA Loures Pedro Abreu, director-adjunto da IKEA Alfragide, assume a direcção da loja IKEA
Loures e a liderança de uma nova equipa de 480 colaboradores. Com um
investimento global de 70 milhões/€, a IKEA Loures criará 480 postos de
trabalho directos e cerca de 100
indirectos. O processo de
recrutamento, que teve início
internamente em Janeiro de 2009,
reuniu, até 29 de Fevereiro de 2010,
um total de mais de 24.000
candidaturas.
Com um percurso profissional que
passa pelas grandes insígnias da
distribuição em Portugal, Pedro Abreu
integrou a IKEA Portugal em 2006,
ano em que assumiu a direcção
adjunta da primeira loja IKEA em Portugal, a IKEA Alfragide. Em 2009 iniciou o
desafio de preparar a abertura da terceira loja IKEA, em Loures, e de liderar a mais
jovem equipa da IKEA Portugal. Licenciado em Comunicação Social com
especialização em Relações Públicas, Marketing e Publicidade pelo Instituto
Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade Técnica de Lisboa, Pedro
Abreu dedicou a sua carreira, desde cedo, à grande distribuição.
A nova loja IKEA, a maior da Península Ibérica à data de abertura, contará com
uma área construída de 38.500m2, da qual faz parte uma Área de Exposição
de 6.500m2, uma zona de Complementos com 6.700 m2 e uma área de
Self-Service com 7.400m2. A IKEA Loures contará ainda com um
restaurante com capacidade para mais de 700 pessoas e um parque
com cerca de 2.350 lugares de estacionamento gratuito.
Diageo e SCC renovam contratode distribuição
A Diageo e a Sociedade Central de Cervejas e
Bebidas (SCC) renovaram o seu contrato
exclusivo de distribuição das marcas Guinness e
Kilkenny para Portugal, Continental e Açores,
quer para o canal Horeca, quer para o da
Distribuição Moderna. Desde 2007, que a SCC é a
distribuidora exclusiva destas duas marcas
irlandesas, as quais estão disponíveis em diferentes
embalagens: Barril, Guinness Draught em lata e
Guinness Extra Stout em garrafa.
A Guinness e a Kilkenny reforçaram a sua presença no
mercado, através da penetração em
novos estabelecimentos de
restauração e bebidas, fora da
zona algarvia, historicamente
onde a Guinness tem maior
presença, e aumentando a sua
disponibilidade no canal da
Distribuição Moderna através de
novas oportunidades. “Ter a
Guinness no nosso portfólio de
Marcas Internacionais é um
activo único que nos permite
responder a todos os segmentos de mercado, particularmente, para os
consumidores que preferem esta Cerveja”, Alberto da Ponte, CEO da SCC.
A distribuição e activação continuarão, no futuro, a ser o foco desta parceria,
apoiando o crescimento sustentado das marcas.
06
NOTÍCIAS
N.º2/2010 | MARÇO/ABRIL
Santiago lança queijos fatiados Campainha A Santiago apresenta os novos queijos fatiados Campainha
em quatro variedades: Flamengo, Ovelha, Cabra e Mistura.
Estes novos produtos, de fabrico artesanal, foram pensados
para facilitar a preparação de sanduíches, aperitivos e
saladas no dia-a-dia, oferecendo uma gama variada para
satisfazer todos os apreciadores de queijo.
A embalagem transparente, com um design diferenciador,
permite ver o produto, tem abertura fácil e as fatias são
separadas com “interleaver” que facilita o seu
manuseamento.
As embalagens são de 200gr para a variedade flamengo e
de 150gr para as variedades ovelha, cabra e mistura. Estão
à venda nos balcões de charcutaria das grandes superfícies a
um PVP de 1,69€ para o queijo Flamengo, 2,59€ o queijo de Ovelha, 2,39€ o
queijo de Cabra e 1,99€ o queijo de Mistura.
Para João Santiago, Administrador da empresa
Santiago, “estes novos queijos têm os valores de
qualidade e tradição da marca Campainha.
Agora os apreciadores de queijo têm à sua
disposição 4 variedades de queijo diferentes,
embalados de forma inovadora e mais prática,
prontos para serem apreciados e combinados
com os mais variados produtos desde os diferen -
tes tipos de pão, saladas, sanduíches, frutas e com -
potas ou até mesmo utilizados em cozinhados. Com
esta aposta numa nova gama, pretendemos atingir
uma boa taxa de penetração na distribuição moderna”.
Nestlé lança gelatinas NoddyJá se encontram disponíveis as gelatinas para consumo
imediato Noddy, duas delícias propostas de Limão e Morango
que vão encher de cor as prateleiras dos super e hipermercados
de todo o país. Muito sabor e diversão
oferecidos por uma das personagens
preferidas da Cidade dos
Brinquedos.
As gelatinas prontas
para consumo
Noddy são
ideais para
levar para a
escola ou para o
jardim ao fim de
semana. Elas não vão
querer sair de casa
sem o companheiro
de brincadeiras e as
gelatinas preferidas.
Pleno de entusiasmo,
curiosidade e uma fonte inesgotável
de energia, a personagem “empresta” pela
primeira vez os seus valores às gelatinas mais
divertidas do mercado. Agora os mais pequenos vão brincar a
sério à casinha das Gelatinas, como na série de TV. Procure-as
nas prateleiras mais coloridas do corredor de frio
da sua loja! No Verão, a marca promete mais
novidades! Com a garantia de qualidade Nestlé.
Azeite Oliveira da Serra DOP ajuda olivalportuguêsO lançamento da edição limitada de Azeite Oliveira
da Serra DOP Azeites do Norte Alentejano procura
contribuir para o desenvolvimento do olival
português. Assim, por cada garrafa vendida do
azeite Oliveira da Serra DOP (Denominação de
Origem Protegida), a Sovena oferece uma oliveira à
Cooperativa Agrícola dos Olivicultores de Casa
Branca, a quem a empresa se junta com o objectivo
de contribuir para a preservação do olival e da
riqueza gastronómica do nosso país. No total, serão
vendidas 2.000 garrafas para oferecer 2.000
oliveiras, destinadas à replantação e requalificação
do olival.
Segundo Duarte Roquette, Senior Brand Manager de
Oliveira da Serra, este projecto é mais do que um
azeite: “É mais um passo para o desenvolvimento
do olival e agricultura portugueses Esperamos, com
esta edição, contribuir para a requalificação de um
olival protegido e de um azeite com características
únicas em Portugal, como é esta zona do Norte do
Alentejo”.
Esta é uma edição exclusiva e limitada de
2.000 garrafas embaladas e numeradas à
mão, de um azeite frutado e doce,
verificado e certificado pela
Cooperativa Agrícola dos
Olivicultores de Casa Branca.
Prisca Gourmet lançado na Alimentaria
A Casa da Prisca – Salsicharia Trancosense, LDA
aproveitou a realização da Alimentaria Barcelona
para apresentar ao mercado as suas mais recentes
propostas em compotas, ao abrigo de duas gamas
distintas: Prisca Gourmet e Casa da Prisca
Prestige. Disponível nas referências Laranja,
Frutos Vermelhos, Abóbora, Morango, Frutos
Tropicais, Mel, Figo, Alperce e Tomate, Prisca
Gourmet apresenta-se como uma gama Premium, que
tem por base “um produto diferenciador, de altíssima
qualidade, composto por compotas de 100% fruta natural que vão de encontro
às exigências dos consumidores de paladar mais exigente. Também a nível do
packaging procurámos inovar e disponibilizar uma embalagem que permitisse à
gama Prisca Gourmet ser uma referência, não só pelas características intrínsecas
do produto, como pela forma como se apresenta, abrindo portas à presença a
outros mercados”, assume Hélder Santos, Export
Manager da Casa da Prisca.
A este lançamento – em destaque no Salão Inoval –
junta-se ainda a presença da gama Casa da Prisca
Prestige, composta por dez referências de
compotas tradicionais portuguesas e que
complementam a oferta da Casa da Prisca nesta
área de negócio. Doce de Laranja, Tomate, Pêssego,
Ginja, Marmelo, Amora, Figo, Morango, Abóbora
com Noz e Frutos Vermelhos são os sabores ao
abrigo desta gama de tradicional sabor português.
08
PRODUTOSN.º2/2010 | MARÇO/ABRIL
Vitalis e Caramulo com as garrafas mais leves emPortugalA Unicer, em parceria com a Logoplaste, através do Programa de
Desenvolvimento de Embalagem criou as garrafas mais leves do mercado
nacional. O plano de redução de gramagem abrange os cerca de 145 milhões de
garrafas das marcas Vitalis e Caramulo, que vão ser colocadas no mercado em
2010, resultando numa redução no consumo
anual de PET em 248 toneladas. As actuais
garrafas PET das marcas de água lisa da Unicer
apresentam uma nova imagem e uma
resistência melhorada, o que é assinalável dada
a nova gramagem: as de 33cl com 10,5gr; as de
50cl, com 13,5gr; e as de 1,5L, com 27,5gr.
Desde a introdução do PET em Portugal, em 1997,
que a Unicer encara o processo de redução do peso
das embalagens como uma área prioritária na sua
actividade. Como o core business da Logoplaste assenta
nesta mesma premissa, em conjunto têm promovido o
desenvolvimento sustentável da categoria de águas
engarrafadas em Portugal. Só através deste empenho se
consegue obter índices de melhoria contínua ao longo de
toda a cadeia logística, com reduções significativas da
embalagem na origem, traduzindo-se em relevantes
vantagens ambientais e económicas, designadamente
em termos de produção e transporte.
Surf conquista 6% do mercadoNo mercado português há somente 9 meses, o detergente Surf posiciona-se
neste momento com 6% de quota de mercado (dados AC Nielsen), ultrapassando
outras marcas do segmento, como Xau, Tide e Xtra.
Surf foi ainda eleito pelos consumidores portugueses como o Produto do Ano
2010. Esta eleição teve por base critérios como
a atractividade, experimentação e grau de
satisfação do produto. A marca apresentou-se
também como líder das preferências dos
consumidores no que respeita ao
perfume, com a imagem da marca a
ser considerada a mais atractiva.
Surf está disponível ao PVP
Recomendado de 3,49€
(líquido concentrado e
diluído 21 doses) e
5,99€ (em pó 40
doses).
PUB
09
PRODUTOSN.º2/2010 | MARÇO/ABRIL
10
DISTRIBUIÇÃO
N.º2/2010 | MARÇO/ABRIL
Com início de actividade em Dezembro do ano passado, a Farmetro é um conceito de
parafarmácias de pequena dimensão que opera na rede de Metro do Porto. Trata-se de
um conceito único a nível nacional, de comercialização de produtos de saúde e bem-
estar e que vai alargar a sua representatividade nesta rede de transportes ao longo
deste ano. Diogo Gama Rocha, Director-Geral da Companhia Portuguesa de Saúde e Bem-
Estar, explica os valores adjacentes a este conceito que tem surpreendido os
utilizadores da rede de Metro da Invicta.
TEXTOAbel Martins
Conceito em expansão
no Metro do Porto
11
DISTRI
BUIÇÃ
N.º2/2
010 |
MARÇO/
ABRIL
Disponibilidade de produto, qualidade e credi bi -
lidade de serviço, preço competitivo e capa cidade
de atendimento são alguns dos argumentos de
venda reconhecidos a esta marca registada, pro -
prie dade da Companhia Portuguesa de Saúde e Bem-Estar, e que,
desde Dezembro de 2009, tem vindo a surpreender os utiliza -
dores da rede de Metro do Porto. Somente com três espaços em
funcionamento – todos em formato quiosque – a Farmetro surge
no seguimento da necessidade desta rede de transportes em
acres centar valor ao serviço que diariamente presta a todos os
utentes. Do concurso internacional, lançado em 2007, ao arran -
que da exploração de espaços comerciais no interior das estações
de metro, em finais de 2009, com a materialização da loja da
“Casa da Música”, foi um ápice, apresentando-se o timing de
abertura do primeiro espaço como muito vantajoso para a enti -
dade proprietária. “Para nós este timing trouxe vantagens a
todos os níveis. Numa primeira análise, porque a primeira fase da
rede do Metro do Porto já está estabilizada e amadurecida em
termos de clientes diários, e depois, porque conseguimos apren -
der, evitando, assim, alguns erros cometidos no passado na área
das parafarmácias. Só desta forma é que o negócio faz sentido
e consegue ser sustentado pela fidelização já alcançada com
todos os clientes que temos, neste curto período de actividade.
Entendemos que esta foi a altura certa para estruturar, criar e
lançar um negócio que, repito, é inovador e vai ao encontro das
reais necessidades do nosso público-alvo: os clientes do Metro
do Porto” esclarece Diogo Gama Rocha, Di rec tor-Geral da Com -
panhia Portuguesa de Saúde e Bem-Estar.
Sem descriminar os valores de investimento envolvidos, o res -
ponsável adianta que se encontra para breve prazo o alargamento
da rede de lojas, com a escolha dos três espaços iniciais para o
arranque do projecto – Casa da Música, Trindade e Bolhão – a
representar cerca de 30% do movimento diário de utilizadores de
metro na Invicta, razão pela qual os próprios espaços garantiam,
à partida, uma maior percentagem de sucesso e retorno. Isto
“tendo em consideração que até à data, à excepção das cafe ta -
rias exis tentes, esta realidade não tinha quaisquer hábitos de
consumo, mesmo sendo vivida diariamente por centenas de
milhares de pessoas. Para tal, é necessário criar condições para
que os nossos clientes e potenciais clientes, ao contactarem com
a marca Farmetro®, percebam e reconheçam a qualidade do
serviço e todos os benefícios, nomeadamente financeiros, para
que a credibilidade e satisfação sejam repetidamente também
uma realidade”, reforça.
Concretização que permitiu estar mais perto dos utilizadores
desta rede urbana e vai de encontro à pretensão de acrescentar
valor ao serviço do Metro do Porto, atingindo o maior número
possível de utentes da rede estabelecida. Ainda que a presença
física em todas as estações não seja uma realidade, Diogo Gama
Rocha adianta que boa parte dos utentes do Metro do Porto já
tomou contacto com o conceito, considerando mesmo a sua
presença alargada a toda a rede como uma realidade, o que
concretiza indicadores fortes em termos de branding. “Para já, o
balanço é bastante posi tivo, tendo em consideração que estamos
há muito pouco tempo num espaço que, até à data, poucos
hábitos de consumo tinha e na nossa área não existia nenhum
exemplo a operar. No entanto, os indicadores e a avaliação diária
que fazemos dos pontos de venda deixam-nos satisfeitos e
superam, em parte, as expectativas que tínhamos para o arran -
que deste projecto. Já fidelizámos clien tes e os mesmos reco -
nhecem a qualidade do nosso serviço, da equipa e dos produtos
que disponibilizamos, tendo para já, e ao contrário de outros
exemplos nesta área de negócio, uma grande percentagem de
venda de medicamentos, o que para nós já é uma vitória”,
assume o Director-Geral da Companhia Portuguesa de Saúde e
Bem-Estar.
Medicamentos, dermocosmética, puericultura e nutrição (à ex -
cep ção de medicamentos sujeitos a receita médica) são as áreas
traba lha das pelas lojas Farmetro que empregam, actualmente,
dez colaboradores, número sujeito a um aumento a um curto
prazo em função do plano de expansão anunciado. “Os cola bo -
ra dores são auxiliares de farmácia e recebem formação da
direcção técnica e dos nossos parceiros – laboratórios –, pois é
fundamental que tenham formação sobre todos os produtos que
vendem, e que não vendem, para que no momento de contacto
com os nossos clientes estejam bem informados e saibam
analisar as reais necessidades de cada um. É uma imposição que
fazemos na negociação com todos os laboratórios e que não
renunciamos, pois só assim con se guimos prestar o serviço de
excelência e reconhecida qualidade a que nos propomos”, conclui
Diogo Gama Rocha.
12
ANÁLISE
N.º2/201
0 | MARÇ
O/ABRIL
TEXTOAbel Martins
O mercado de FMCG apresentou indicadores de recuperação do consumo em Fevereiro,
não só ao apresentar-se estável neste período, como ao dar conta de uma evolução
positiva por parte das marcas, que melhoraram a sua tendência face a Janeiro. Apesar do
crescimento contínuo das Marcas Próprias e de Primeiro Preço é a retoma das Marcas de
Fabricante que merece o destaque nesta edição do Scantrends.
Marcasrecuperam
fôlego em fevereiro
13
ANÁLISE
N.º2/2010 | MARÇO/
A segunda edição do Scantrends de 2010 (qua -
drisemana 5 a 8 - 1 de Fevereiro a 28 de Feve rei -
ro) apresenta algumas novidades metodológicas
que procuram autorizar uma melhor compreensão
da performance dos mercados de grande consumo. Mais concre -
tamente, a dicotomia entre Marcas de Distribuição e os Primeiros
Preços (MDD+PP) cuja concretização se prende com a progressiva
importância que este “fenómeno” do retalho moderno apresenta,
quer junto dos seus concorrentes directos quer no que aos hábitos
de consumo dos portugueses diz respeito. Outra novidade prende-
se com a individualização dos Lacticínios e dos Congelados.
Considerações metodológicas à parte, cabe dizer que os bens de
grande consumo estabilizaram quando comparados com o período
homólogo do ano passado (-0,3%), demonstrando, simultanea -
men te, uma tendência favorável face à quadrisemana 1 a 4 de 2010,
onde registava uma perda de 1,4% face ao mesmo período de 2009.
Em suma, no segundo mês do presente ano, o mercado de bens de
grande consumo apresenta indícios de recuperação face aos últimos
dois meses de 2009 e ao mês de Janeiro de 2010, sendo que a esta
performance não é alheia a subida as vendas em valor, quer das
MDD+PP quer das marcas de indústria. Que embora apresentem
resultados diferentes, com as MDD+PP a subirem 2,3% e as marcas
de fabricante a decresceram (-1,4%), não dei xam de evidenciar um
interessante aumento do consumo de FMCG em Portugal, com as
marcas de fabricante a recuperarem face ao arranque de 2010 onde
se encontravam a perder 2,2% no mês de Janeiro.
Analisando sector a sector, cabe dizer que a Alimentação recupera
face ao mês de Janeiro, com realce para as MDD+PP que voltaram
a registar níveis de crescimento na ordem dos 2,4%, enquanto as
marcas de fabricante perdem quase 2% (-1,9%) nas vendas em
valor apuradas neste período. Já as bebidas apresentam-se estáveis
no arranque deste ano, com os fabricantes a apurarem uma ligeira
quebra nas vendas em valor (-0,8%) e as marcas próprias e de
primeiro preço a apresentarem-se estáveis, ao crescer somente
0,3%. Isto quando analisado o indicador YTD 2010 vs YTD 2009,
uma vez que o Nielsen Market Track referente à quadrisemana 5 a
8 de 2010 reporta uma redução nas vendas em valor das marcas de
fabricante em -1,8%, enquanto as MDD+PP voltam a subir vendas,
ao passar de uma quebra de 2% em Janeiro para uma subida de
2,6% em Fevereiro, numa inversão dos comportamentos registados
no mês anterior.
Aliás, refira-se a título de curiosidade que as marcas de fabricante
voltaram a entrar num percurso descendente, depois de terem
subido níveis de venda em Dezembro em 1,7% (muito por força da
época, naturalmente, e após terem perdido mais de 1% no mês de
Novembro de 2009), apresentando-se estáveis em Janeiro para
voltar a descer vendas em Fevereiro.
Quem perdeu também no período analisado foram os artigos de
Higiene no Lar que após um Janeiro muito positivo para o negócio
- ao registar crescimentos de 3,7% para as marcas de indústria e de
4,4% para as MDD+PP-, apresentaram-se em Fevereiro com uma
performance mais modesta, onde as marcas de indústria perderam
vendas em 2,5% e as MDD+PP mantiveram-se estáveis face ao
período homólogo. O indicador YTD 2010 dá conta do crescimento
desta área de negócio numa relação de +1,1% para os fabricantes
e de 1,9% para as marcas próprias e de primeiro preço, o que se
insere na linha de análise do comportamento deste sector ao longo
dos últimos meses e que se apresenta mais entusiástico para as
MDD+PP do que para as marcas de indústria, como os gráficos dão
a entender.
Já na Higiene Pessoal continuam a ser as marcas de distribuição e
os primeiros preços as que mais crescem na categoria (+3,7%%),
ainda que com evidente desaceleramento dos respectivos níveis de
crescimento, por oposição à progressiva estabilização (Janeiro) e
subida (Fevereiro, +1,4%) das vendas em valor das marcas de
fabricante, o que confirma a ideia de fidelização dos consumidores
Evolução do Mercado de Grande Consumo
Variação em valor % Variação quadrissemanal em valor vs período homólogo
8,2%
–0,1%
2008 vs 2007 2009 vs 2008
–0,8%
S 2010 08S 2009 09
S 2009 13S 2009 17
S 2009 21S 2009 25
S 2009 29S 2009 33
S 2009 37S 2009 41
S 2009 45S 2009 49
S 2009 53S 2010 04
-0,30,0
–3,0
7,0
–1,0
0,0
–1,0 –1,0 –1,0 –1,0
–0,1
–2,6 –0,8
–1,4
YTD 10 vs YTD 09
determina uma importância combinada de 28,6%, com as MDD a
ostentarem um crescimento na ordem dos 3,3% ao longo dos últi -
mos três exercícios - enquanto as marcas de Primeiro Preço parecem
não granjear grande capital de confiança por parte dos portugueses
ao não representar mais do que 1% de quota em valor do mercado,
de acordo com o Nielsen Market Track.
Isto no caso das categorias alimentares, uma vez que no segmento
não-alimentar a quota combinada em valor das MDD no universo
de higiene do lar e pessoal é de 25,5%, registando-se um compor -
tamento semelhante ao anteriormente indicado, com as MDD a
terem uma preponderância muito superior face aos primeiros preços
em ambos os universos. Por confusão entre os conceitos, por falta
de confiança por parte dos portugueses, ou, simplesmente, por uma
fraca experiência de compra, seja qual for o motivo (todos ou ne -
nhum deles) certo é que as MDD não demonstram sinais de esta -
rem a abrandar, reforçando, inclusive, a sua quota de mercado em
valor nos segmentos analisados. É com interesse que iremos dar
conta da sua evolução ao longo deste ano, ainda que haja alguns
pontos que discriminam um possível início de recuperação de níveis
anteriores de consumo.
nacionais às suas marcas favoritas de higiene pessoal, mesmo
perante uma significativo aumento da oferta disponível nestas áreas
por parte das insígnias, a preços francamente convidativos.
De resto, é um facto incontornável que as Marcas de Distribuição e
de Primeiro Preço têm vindo a aumentar a sua importância no global
das vendas em valor ao longo dos últimos dois anos, apresentando
de acordo com o Year to Date 2010 (YTD 2010) uma quota em
valor combinada de 32% (29,3% MDD; 2,7% PP), enquanto em
2008 se encontravam abaixo dos 30%. Um crescimento inte res -
sante e que se tem registado em quase todas as categorias do
mercado, atingido na Alimentação uma quota em valor de 37%
(33,6% MDD; 3,4% PP), com particular realce para os Congelados
onde o seu peso nas vendas da categoria atinge uns impressionantes
53,7% (MDD+PP YTD 2010), num claro sinal de que os portu -
gue ses não percepcionam mais-valias nas marcas de indústria pre -
sen tes neste segmento, quando avaliadas em relação quali dade/
/pre ço com as MDD+PP.
Mesma lógica pode ser aplicada no caso das Bebidas, onde estas
marcas representam cerca de 20% do mercado em valor - com
particular destaque para as não-alcoólicas, onde o YTD 2010
As Marcas de Distribuição
e de Primeiro Preço têm
vindo a aumentar a sua
importância no global das
vendas em valor ao longo
dos últimos dois anos, ao
apresentar uma quota em
valor combinada de 32%
em YTD (29,3% MDD;
2,7% PP), enquanto em
2008 se encontravam
abaixo dos 30%
Ano 2008 Ano 2009 YTD 10
Ano 2008 Ano 2009 YTD 10
Análise da Marca de Distribuição + Primeiros Preços
Quota em Valor MDD+PP Alimentação
Quota em Valor MDD+PP Higiene (Lar+Pessoal)Quota em Valor MDD+PP Bebidas
Quota em Valor MDD+PP
Ano 2008 Ano 2009 YTD 10
MDD
PP
Ano 2008 Ano 2009 YTD 10
MDD PP
Quota em Valor Ano 2009 YTD 2010 Ano 2009 YTD 2010Mercearia 32,9 32,9 2,9 2,9
Congelados 47,2 47,2 5,3 6,5
Lacticínios 27,0 27,6 3,3 3,5
MDD PP
Quota em Valor Ano 2009 YTD 2010 Ano 2009 YTD 2010
Higiene Lar 29,4 30,1 2,1 2,1
Higiene Pessoal 18,5 19,6 1,1 1,3
MDD PP
Quota em Valor Ano 2009 YTD 2010 Ano 2009 YTD 2010
Bebidas Alcoólicas 10,8 12,1 0,5 0,6
Bebidas Não Alcoólicas 24,7 27,4 1,7 1,4
26,8
2,2
27,7
2,5
29,3
2,7
MDD
PP
MDD
PP
MDD
PP
31,7
2,7
32,4
3,3
33,6
3,4
18,3
0,9
16,4
1,0
15,0
0,9
21,6
0,9
22,9
1,0
23,9
1,6
14
ANÁLISEN.º2/2010 | MARÇO/ABRIL
16
TEMA DE CAPA
N.º2/2010 | MARÇO/ABRIL
TEXTODuarte Cunha
Tecnologia aprofunda
de compraEXPERIÊNCIA
O ambiente de loja nos próximos cinco anos será, seguramente,
diferente daquilo que estamos habituados no arranque da
segunda década do século XXI. Apesar da profusão de soluções
e equipamentos tecnológicos actualmente disponíveis, o
amanhã trará novos contornos. Pagamentos biométricos, carros
de compra inteligentes, ou compras através de telemóvel são
alguns desses exemplos de uma dimensão de compra superior.
O retalho mundial encontra-se a caminhar a
passos largos para uma renovação da experiência
de compra. Ano após ano, são introduzidas e
apresentadas novidades e certo é que, nos
próximos cinco anos, a envolvente da experiência de compra do
retalho um pouco por todo o Mundo será, significativamente,
diferente. Uma projecção do estudo da TNS “New Future in
Store”, que aponta a introdução de mais recursos tecnológicos
como uma das mais significativas transformações do ambiente de
loja tal como o hoje conhecemos. Em todas as suas vertentes,
no trinómio composto por consumidores, retalhistas e distri -
buidores.
Se, por um lado, os consumidores irão deparar-se com renovados
conceitos de negócio à medida que o ciclo de vida de conceitos
e produtos vai terminando, por outro, os retalhistas terão que
continuamente inovar e a apresentar novas possibilidades num
ambiente de loja que, incontornavelmente, será ainda mais digital,
em que os produtores terão que estar ao nível de uma procura e
experiência de compra ainda mais exigente.
Na base desta enorme transformação encontra-se uma maior
disponibilidade de informação e de ferramentas de comunicação
que permitem níveis de interacção e de proximidade nunca antes
vistos entre consumidores, retalhistas e indústria. Socialmente,
verifica-se a passagem da geração do Baby Boom que, durante
anos, conduziu o mindset do consumo à escala mundial, para
uma nova geração mais informada, atenta e exigente, suportada
nas possibilidades conferidas pela tecnologia na formulação da
sua escolha final: a Geração Y.
Pagamentos por dados biométricos (impressão digital), carrinhos
de compra “inteligentes” (capazes de processar um conjunto
diver sificado de dados), networked shopping (através electro -
domésticos “inteligentes”, capazes de comunicar as necessidades
domésticas ao exterior e assegurar a sua entrega ao domicilio),
compra e venda através de telemóvel e uma maior adesão a redes
sociais como fóruns de discussão de tendências e troca de
informações, foram algumas das doze possibilidades colocadas à
apreciação de consumidores da América do Norte e da Europa
que, à partida, são as regiões mais capazes de colocar em prática
as inovações acima descritas.
E os resultados são, no mínimo, interessantes, uma vez que a sua
recolha permite, não só, compreender melhor o consumidor
actual, como antecipar algumas das suas necessidades futuras,
ao catalogar as suas respostas em quatro critérios: apelativo,
atractivo à utilização, inovador e possivelmente em uso em
2015.
BIOMETRIA LIDERA
De todas as possibilidades tecnológicas colocadas à apreciação
dos shoppers, o pagamento por impressão digital surge como a
inovação mais apreciada pelos consumidores auscultados, ao
reunir um total de 41% das respostas como apelativo e de 25%
de atractivo à utilização. A pequena diferença entre estas duas
percentagens indica que esta inovação teria uma forte adesão
em quase todos os países analisados, sendo que nos EUA e
Canadá a diferença registada entre as duas respostas mais
frequentes é ainda menor (31%, 19%; 37% e 26% respec -
tivamente). Note-se ainda que esta inovação reuniu 25% dos
votos de primeiro lugar nas medidas a implementar a curto prazo,
com o Reino Unido (31%), França e Espanha (28%) a serem
os principais entusiastas da sua aplicação.
Em segundo lugar deste ranking encontram-se os quartos de
prova assistidos. Através do recurso a uma tecnologia hoje per -
feitamente estabelecida – os painéis touch-screen – a comuni -
cação com o staff de vendas passaria para um nível superior,
fomentando, assim, uma experiência de compra mais interactiva
e enriquecedora para o consumidor. Ainda que reúna uma
percentagem de respostas muito semelhantes ao pagamento por
biometria (40% considera apelativo, 23% como atractivo à
utilização), os consumidores japoneses e alemães apresentam
níveis muito baixos de crença na sua aplicação e mais-valia. O
que se deve, provavelmente, ao facto de não trazer grande
diferença entre sair do gabinete de prova e solicitar ajuda a um
colaborador. Contudo, e por muito contraditório que possa
parecer, 73% dos inquiridos acredita que estará em uso em
2015. EUA, China, Espanha e Reino Unido são os mercados em
que esta solução reúne mais entusiastas, com a sua taxa de
respostas a variar entre os 75% e 78%. Já 57% dos inquiridos
catalogam esta tecnologia como inovadora.
Os carros de compras “inteligentes” são a terceira tecnologia mais
votada, ao reunir 39% das respostas como apelativo e 23%
como atractivo à utilização, os dois indicadores mais relevantes
deste estudo e que determinam um forte entusiasmo
relativamente à possibilidade da sua imple mentação. O carrinho
de compras “inteligente”, e à semelhança do pagamento por
biometria, reforça a ideia de que o consumidor deseja que o acto
de compra se torne mais rápido e eficiente, com estas
ferramentas a revelarem-se uma excelente oportu ni dade, de
modo a que os retalhistas cheguem a todos os consumidores em
pleno acto de compra. Os 18 pontos percen tuais de respostas
de primeiro lugar sublinham o cariz popular desta
inovação, apresentando-se os consumidores17
TEMA DE CAPA
N.º2/2010 | MARÇ
18
TEMA DE CAPA
N.º2/2010 | MARÇO/ABRIL
dos EUA (28%), Canadá (24%) e Espanha (23%) como
bastante receptivos à sua implementação.
Não deixa de ser interessante verificar que o scans corporais 3D
são algo que os consumidores encaram como verdadeiramente
inovador e diferenciador face a tudo resto, ao reunir 39% das
respostas como tecnologia apelativa – a mesma percentagem de
resposta para o item anterior – ainda que os consumidores
considerem menos provável a sua implementação prática, com
apenas 20% das respostas neste indicador. Mas a sua vertente
inovadora é reconhecida por 72% dos inquiridos que destacam
o seu cariz vanguardista e diferenciador, se bem que 57% das
respostas apontam para uma enorme descrença face à sua
aplicação real a curto prazo. Apesar de esta tecnologia estar a ser
aplicada em alguns outlets em todo o mundo – e ainda que
encaixe perfeitamente em espaços onde os consumidores estão
disponíveis para pagar mais por serviços personalizados - a
quantidade de dados e de serviços decorrentes da sua utilização
poderá levar à sua massificação, ao permitir situações como
novas encomendas sem ter que voltar à loja, com a garantia de
que o vestuário se encontra feito à sua medida. Este aspecto é
potenciador de uma imediata fidelidade por parte do consumidor,
que não enjeitará, certamente, a possibilidade de poder comprar
remotamente, enquanto a indústria de moda poderá ver
incomensuravelmente melhorada a sua informação disponível
relativamente às formas, tamanhos e gostos de determinadas
regiões do Globo.
REDES
A noção de networking começa a ser expressa no quinto lugar
deste ranking de possibilidades tecnológicas que os consumidores
gostariam de ver implementadas de modo a melhorar a expe riên -
cia de compra. Mais concretamente, as plataformas on-line, com
o desenvolvimento de produtos em colaboração com os consu -
mi dores a ser a quinta solução tecnológica mais votada pelos
consumidores e com 79% dos inquiridos a acreditar na sua
implementação em 2015. A exploração das ferramentas on-line
Votos em primeiro
49%
67%
57%
67% 67%
40%
39%
63%
60%
73%
73%
72%
79%
79%
77%
54%
46% 69%
70% 42%
29%
39% 76%
Pagamento biométrico por impressão digital
Ajuda interactiva em provadores
Carros de compras inteligentes
Scanning do corpo em 3D
Websites de desenvolvimentocolaborativo de produtos
Compras em grupo por clientes
Compras em rede
Espelho interactivo nos provadores
Compras por telemóvel
Assistente de vendas holográfico
Compras em Redes Sociais
Informação de vendas e produtos viatelemóvel (baseado na localização)
Pagamento biométrico por impressão digital
Ajuda interactiva em provadores
Carros de compras inteligentes
Scanning do corpo em 3D
Websites de desenvolvimentocolaborativo de produtos
Compras em grupo por clientes
Compras em rede
Espelho interactivo nos provadores
Compras por telemóvel
Assistente de vendas holográfico
Compras em Redes Sociais
Informação de vendas e produtos viatelemóvel (baseado na localização)
41%
40%
39%
37%
20%
36%
31%
26%
23%
23%
39%
17%
17%
19%
28% 14%
23%
23% 10%
19%
18% 8%
8%
9%
Novidade Crença no usoProbabilidade de usoApelo
Pagamento biométrico por impressão digital
Ajuda interactiva em provadores
Carros de compras inteligentes
Scanning do corpo em 3D
Websites de desenvolvimentocolaborativo de produtos
Compras em grupo por clientes
Compras em rede
Espelho interactivo nos provadores
Compras por telemóvel
Assistente de vendas holográfico
Compras em Redes Sociais
Informação de vendas e produtos viatelemóvel (baseado na localização)
25%
6%
18%
12&
7%
12%
6%
5%
2%
2%
2%
2%
Inovação %
Resultados globais dos 8 países do estudo (Canadá, China, França, Alemanha, Japão, Espanha, ReinoUnido e Estados Unidos)Há 5 leituras a fazer do estudo Novo Futuro nas Lojas:
Apelo: percentagem de lojistas que pontuam uma inovação com 8, 9 ou 10, sendo que 10 indica “muito apelativo”. Sendo assim, se uma inovação tiver 40%, por
exemplo, significa que 40% dos lojistas a pontuaram com 8 ou mais
Probabilidade de uso: percentagem de lojistas que afirmaram que, decididamente, usariam essa inovação
Novidade: percentagem de lojistas que indicaram uma inovação como extremamente ou muito inovadora bem como diferente
Crença no uso: percentagem de lojistas que acreditam que essa inovação estará em utilização no seu país em 2015
Votos em primeiro: percentagem de votos dessa inovação em primeiro
19
TEMA DE CN.º2/2010 | MARÇO/ABR
possibilita uma exponencial troca de informações, com os
consumidores a pronunciarem-se sobre produtos que gostariam
de ver produzidos, ao mesmo tempo que avaliam o modo como
os actualmente existentes podem ser melhorados.
Esta interacção on-line é considerada como extremamente
inovadora por 40% dos consumidores, enquanto 37% consi -
dera-a apelativa à utilização. Mas este é apenas um dos meios
actualmente disponíveis para promover a troca de ideias e
opiniões entre produtores e consumidor final, uma vez que o
network shopping, a compra por telemóvel, as compras por
grupos on-line ou criação de uma rede social inteiramente
dedicada ao shopping são aspectos tidos em conta por grande
parte dos inquiridos que consideram relevantes a sua aplicação a
curto prazo. Naturalmente com índices de resposta diferentes,
que variam entre os 37% de interesse para os sítios na Internet
de desenvolvimento de produtos e os 19% para a disponi -
bilização de informação relativa a produtos e lojas por telemóvel
e mediante a localização geográfica do consumidor.
Possibilidades que deverão ser encaradas não como miragens de
um amanhã tecnológico mas como aspectos concretos de uma
indústria em transformação e bastante atenta à evolução do
tecido social. Aliás, os recursos tecnológicos com base na plata -
forma web e rede móvel são aqueles que maiores índices de
resposta recolhem como em aplicação em 2015, à excepção do
network shopping que cai para índices mínimos de resposta –
54% - quando comparado com as outras possibilidades, as quais
variam entre os 69% e os 79% de respostas neste indicador.
Quer isto dizer que o consumidor-tipo continua a privilegiar o
lado “humano” do acto de compra, ao estar disponível para
receber e trocar informação via web ou rede móvel, mas a ter
que efectivar o acto de compra por si mesmo, nas suas lojas
favoritas e, se possível, com recurso a outra pessoa amiga, ou
mesmo à assistente da loja. É assim que se compreende o fraco
interesse e reduzida crença na probabilidade de implementação
demonstrada pelos espelhos interactivos no quarto de prova ou
pela assistente de vendas holográfica. Tecnologia e inovação sim,
mas sem perder o seu cariz pessoal e intimista e que passa pela
prova pessoal nas lojas preferidas de cada um.
FUTURO
Uma coisa é certa: vivemos tempos de profundas mudanças, em
que o impacto da tecnologia e a velocidade da sua implemen -
tação está a conduzir a sociedade para novos focos de interesse
e a mudar os nossos valores. É, igualmente, interessante verificar
a divergência entre a teoria e a prática e constatar, com alguma
regularidade, que o entusiasmo do consumidor perante as novas
tecnologias nem sempre se traduz na satisfação no acto de
compra. Com tantas vertentes a serem constante e sublimi -
narmente absorvidas, os retalhistas terão que disponibilizar
significativas melhorias em termos de valor e conveniência de
modo a efectivar nas lojas novos modelos de negócio.
Por outro lado, a conveniência surge, cada vez mais, como o
paradigma que irá orientar o processo de venda ao longo dos
próximos anos, com o preço a ser considerado uma variante de
segunda categoria, a não ser que as marcas sejam capazes de
evidenciar uma diferenciação palpável face às suas concorrentes,
enquanto os retalhistas de sucesso disponibilizarão um sortido
bastante mais vasto do que hoje em dia, onde a disposição dos
produtos será, sem dúvida, ainda mais talhada em função do
estilo de vida dos consumidores.
20
TECNOL
OGIA
N.º2/2
010 |
MARÇO/
ABRIL
chave do sucessooferta
TEXTOBruno Farias
Quantificar e qualificar informação para estabelecer padrões e tendências de consumo
são alguns dos maiores desafios que actualmente se colocam à indústria de TI.
Solicitações às quais a IBM procura dar resposta através de um centro de inteligência
denominado de IBM Institute for Business Value. Parte integrante de um movimento que
procura fornecer respostas para abordar os desafios futuros que se colocam ao retalho
moderno.
A costumização da
como
21
TECNOLOGIAN.º2/2010 | MARÇO/ABRIL
A Smarter Planet é a premissa da IBM para
melhor servir a sociedade civil como um todo,
assim como os diversos sectores de actividade
onde, naturalmente, se encontra o retalho, área
de negócio de importância reconhecida na facturação anual
apurada a nível nacional e internacional, e à qual dedica, agora,
um centro de inteligência designado por IBM Institute for
Business Value. Uma pequena parte deste pilar estratégico que a
IBM tem vindo a desenvolver ao longo dos últimos anos, que
passou pelo alicerçar de alguns fundamentos a nível da capa -
cidade computacional – exponencialmente aumentado -, foi
reforçado com aquisições de alguns produtos líderes de mercado
em termos de software, permitindo, actualmente, ser ainda mais
útil e servir melhor cada uma das indústrias a que se dirige, tendo
como pano de fundo as suas mais diversas necessidades.
Ou apenas o primeiro passo dado de modo a acompanhar a
mudança de paradigma a nível mundial, apresentando-se, hoje
em dia, a tecnologia como uma ferramenta que, entre outras
funções, constitui um “importante apoio ao retalho a nível do
comportamento do consumidor uma vez que a tecnologia como
suporte ao cliente em si tem anos. Estamos perante um patamar
diferente, com o consumidor a utilizar a tecnologia como suporte
à compra, gerindo-a de forma útil e percepcionando-a em tempo
real”, começa por explicar António Pedro Ribeiro, Senior Manager
Consultant de Retalho da IBM Portugal.
Quantificar e qualificar informação de modo a identificar padrões
de comportamento e tendências claras de consumo é, portanto,
a meta que se coloca actualmente à indústria de TI que encontra
na massificação destes serviços e componentes um dos seus
principais desafios, mas cujos argumentos não passam desper -
cebidos até aos mais sépticos ou menos apetrechados tecno -
logicamente, ao ser inequívoca a forte apostada registada ao
longo dos últimos três anos e em vários quadrantes da sociedade.
Ao qual o retalho moderno não é incólume sendo unânime a
percepção de que o consumidor se apresenta cada vez mais
conhecedor, metódico e assertivo nas suas escolhas. “Seja na
pré-selecção dos produtos a adquirir através da Internet, ou na
racionalização da compra, com todo o conforto e até com maior
rigor na selecção do seu cabaz. Era normal até uns anos a esta
parte ver esta aposta como falhada, mas hoje apresenta-se como
complementar nos processos de venda. O que deixa um rasto
fundamental que é uma base tecnológica daquilo que é uma
caracterização do consumidor. Esse é um dos desafios actuais e
há que trabalhá-lo, sendo que o volume de informação é,
naturalmente, muito”, acrescenta.
Um imenso fluxo de informação que obriga à incorporação de
diferentes tecnologias em várias etapas decorrentes do mesmo
processo de compra. Da consulta do catálogo, à avaliação do
stock, ao simples facto de, por exemplo, o consumidor em
viagem querer ter acesso às várias lojas onde esses mesmos
produtos estão disponíveis, o que obriga à necessidade de integrar
várias tecnologias para que esse padrão seja claro e perceptível.
“O consumidor quer ser parte activa da concepção de novos
produtos, serviços e até da experiência de compra, o que gera
um enorme volume de informação a analisar e que obriga à sua
categorização efectiva para poder ser considerado. Constata-se,
igualmente, a flexibilidade do novo modelo de retalho e o
conforto que este apresenta. Se o retalho for capaz de apresentar
promoções mais costumizadas, que sejam capazes de ir ao
encontro das suas pretensões e de garantir a sua disponibilidade
numa óptica de conforto - sem rupturas de stock – mais de 60%
dos consumidores inquiridos num estudo afirmam que o cabaz
de compras neste retalhista aumentaria. Os operadores têm que
entender isto e progressivamente trabalhar para se posicionarem
neste patamar de serviço”, prossegue António Pedro Ribeiro.
Este é, portanto, o desafio que se coloca actualmente ao retalho
e à indústria de TI, transformar a informação existente em
informação útil e de suporte efectivo ao negócio.
22
TECNOLOGIA
N.º2/2010 | MARÇO/ABRIL
de, por vezes, ser promovida em função do reforço desta base
por parte dos operadores concorrentes. Não obstante este nível
de recursos e capacidade de serviço funcionar como um factor
de diferenciação, somente a internacionalização poderá contribuir
para o esbatimento deste investimento e, como se sabe, são
poucos os exemplos em Portugal de operações de retalho
nacionais com sucesso no exterior, o que obriga a esforços de
optimização a outro nível. “Na vertente dos custos há que ser
mais eficiente, quer os retalhistas quer a cadeia de valor como
um todo, estando a caminhar para uma gestão cooperativa cada
vez mais forte, uma vez por imposição do retalhista, outra pela
actividade conjunta, e os processos têm-se tornado mais eficien -
tes. Há que continuar e eliminar ainda mais ineficiências, alar -
gando os automatismos estipulados e a sua consequente
integração entre os vários elementos da cadeia”, considera
António Pedro Ribeiro.
Em suma, o desafio não poderia ser maior, com o consumidor a
apresentar-se cada vez mais informado, num contexto econó -
mico complicado e com uma competitividade acrescida que
conduz a produtos mais baratos e diferenciadores. O que faz com
que se tenha de “conquistar a confiança do cliente e temos
estudos que demonstram a ideia do consumidor-defensor
(tendência de crescimento de 20% em 2008) que precisa de
pelo menos três experiências negativas para deixar de o ser. Isto
é uma base forte de compra por parte dos retalhistas, mas
sobretudo de venda, ao ser o melhor difusor da mensagem.
Como se consegue aumentar esta quota? Mais uma vez, através
de uma base tecnológica melhor e que nos permita conhecer
melhor os clientes, as suas preferências e motivações de compra,
aumentar os laços de “afinidade”, chegar mais perto deles e
trabalhar o lado emocional. Nesse aspecto, há também um
caminho longo a percorrer, uma vez que é hábito no retalho
considerar que o seu público é indiferenciado e que nem sequer
o conhecemos, o que não é verdade”, conclui o Senior Manager
Consultant de Retalho da IBM Portugal.
Razões que, a curto prazo, irão conduzir a alterações significativas
na experiência de compra e na consequente gestão de loja, assim
considera António Pedro Ribeiro, que encontra na falta de
massificação de algumas componentes tecnológicas um obstá -
culo a contornar para que a interactividade entre consumi -
dor/retalhista possa dar um salto qualitativo para um patamar
superior de actividade.
EXEMPLO
Um caminho no qual Portugal ainda parte um pouco atrasado,
com o país a apresentar-se ainda num estado embrionário no que
à implementação de base tecnológica para os consumidores diz
respeito. Ou o início da base de fidelização através de procedi -
mentos considerados como essenciais para um salto qualitativo
num futuro próximo em termos de serviço prestado e dispo -
nibilidade da oferta, com suporte ao canal web e interligado à
componente física da loja.
O Reino Unido e os EUA são os mercados onde a IBM tem
registado as experiências mais significativas, com os próprios
operadores a fazerem a triagem considerada necessária para a
implementação de uma base tecnológica verdadeiramente
dirigida ao consumidor e promotora de uma experiência de
compra única. Claro que está que o investimento em causa é
significativamente elevado, mas “inevitável” uma vez que parece
cada vez mais incontornável que o retalho, num período entre
cinco a dez anos, seja “necessariamente diferente, o que faz com
que se apresente como um imperativo. Aqui a grande questão é
que quando este caminho começar a ser massificado ninguém
mais estará na disposição de ir à loja arriscando-se a não
encontrar o artigo que procura. Parece-nos inevitável e os reta -
lhistas que estão a enveredar por esse caminho são casos de
sucesso. Além de que, uma vez materializada, esta base
tecnológica permite outra coisa no retalho, nomeadamente, o
marketing direccionado, ou CRM. Um aspecto essencial para que
os operadores possam vencer os desafios futuros, através de
aspectos relativamente simples como a segmentação dos
clientes por código residente, por exemplo, e que permite direc -
cionar esforços e acções muito específicas e focadas”.
Mas para que estes aspectos sejam uma realidade é necessário
que exista uma partilha de recursos, apresentando o retalho
nacional alguns casos contraditórios no que à implementação de
base tecnológica diz respeito, sobretudo a nível do canal Internet,
peça essencial para que este grande puzzle se possa harmonizar
como um todo, ao conferir o intercâmbio de informação em
tempo real entre o suporte digital e a gestão de stocks na loja. O
que tem por base um evidente problema de escala, com as
preocupações iniciais a nível de implementação de recursos
tecnológicos a serem, essencialmente, de índole primária, com a
integração com outras componentes a verificar-se num estádio
posterior, ainda que forma mais ou menos inevitável, e apesar
24
ENTREV
ISTA
marcas próprias
em inovação e desenvolvimento
tecnológico”
desafio
TEXTODuarte Cunha
“As
sãoum
N.º2/2
010 |
MARÇO/
ABRIL
Grande Consumo - Que balanço faz dos 18 anos que a
PampiLar leva em actividade?
Paulo Marques - Faço um balanço muito positivo. Temos
crescido continuamente e de forma consistente ao longo destes
18 anos, o que nos permite ter uma estrutura coesa e sólida,
reflectindo um posicionamento distinto no mercado. O sucesso
da nossa actividade tem sido fruto de muito trabalho e empenho
em concentrar a nossa atenção num conjunto de clientes
estrategicamente relevantes e com potencial em crescimento.
GC - Que dificuldades encontra uma empresa que
opera neste sector, sabendo-se de antemão a
forte presença e prestígio internacional de algumas
marcas concorrentes?
PM - Encontra as mesmas dificuldades que qualquer outra
empresa encontra quando se instala num mercado e num sector
competitivo. A concorrência existe em todas as áreas, o que é
de salutar, pois é esta que permite que evoluamos e sejamos
melhores. O que é necessário é uma empresa saber-se demarcar
e definir correcta e cirurgicamente o caminho que quer trilhar.
Estamos conscientes que temos uma concorrência forte, com
presença internacional, mas não nos preocupa de sobremaneira,
pois o nosso objectivo principal é chegarmos a nichos específicos
de mercado, é diferenciarmo-nos, é ter a qualidade das multina -
cionais mas não necessariamente a sua estratégia. O nosso tra -
balho direcciona-se para um serviço de qualidade e persona lizado
com os nossos clientes, que são a nossa principal preocupação.
GC - A diferenciação e a inovação é o segredo deste
negócio, como de tantos outros?
PM - A inovação e a diferenciação são, sem dúvida, as palavras-
chave para conquistarmos os nossos clientes e potenciais
clientes, assim como para nos desenvolvermos no mercado.
Cada vez mais os produtos necessitam de ter características
diferentes, inovadoras orientadas para as necessidades de
clientes que procuram serviços e produtos exigentes.
GC - Que exemplos mais recentes de inovação apresen -
taram ao mercado? Em que segmentos se faz repre sen -
tar a PampiLar?
PM - Desenvolvemos recentemente um produto de destaque
que é o papel higiénico compacto ultra-longo com 500 serviços
por rolo, disposto em apresentações de 4 e 12 rolos. O papel
higiénico ultra-longo equivale a 3,5 rolos do papel normal. Este
conceito inovador em Portugal permite que haja uma armazena -
gem doméstica mais eficaz e, para a distribuição, o aumento da
rentabilidade do linear. A PampiLar orienta a sua inovação para
as necessidades resultantes do modo de vida urbano, onde o
espaço é exíguo, devendo o papel ocupar o mínimo possível e
garantir o máximo de funcionalidade. Estamos no mercado da
grande distribuição, produzimos marcas próprias dos vários
distribuidores, assim como uma linha de produtos PampiLar.
GC - Que capacidade apresentam as duas linhas de pro -
du ção e que produtos disponibilizam ao mercado nacio -
nal? É esperado, em 2010, o alargamento desta oferta
disponível?
PM - Temos três linhas de altíssima produção de guardanapos,
localizadas em Serzedo, e outra em Viseu. A unidade de Serzedo
sofreu uma remodelação total nas linhas de produção,
aumen tando a sua capacidade produtiva no fabrico de
guardanapos, bem como a sua diversidade, podendo
ocupar 70% do valor das vendas para 2010. Relativamente
à linha de produção de Viseu, também ela completamente
reformulada, disponibiliza o fabrico de rolos de papel de cozinha
e papel higiénico e tem uma capacidade produtiva ainda com
possibilidade de crescimento e que contribuirá no ano 2010 com
cerca de 30% da facturação.
GC - O negócio das marcas próprias surge como um com -
plemento indispensável à actividade de parte significa -
tiva da indústria portuguesa? Este negócio constitui uma
oportunidade ou um desafio para as marcas?
PM - O negócio das marcas próprias é algo que está no mercado
e ao qual a indústria tem que, inevitavelmente, se adaptar. A
partir daí poder-se-á considerar uma oportunidade para a
indústria evoluir noutras vertentes, bem como um desafio em
termos de inovação e desenvolvimento tecnológico.
Ao fim de 18 de anos de actividade, a PampiLar prepara-se para, em 2010, reforçar
a sua capacidade industrial e continuar a apostar em força no mercado nacional, como
assume o seu Administrador, Paulo Marques, em entrevista na Grande Consumo. O percurso da
empresa, as suas mais recentes inovações e os desafios que se colocam às empresas portuguesas
foram temas abordados pelo responsável de uma marca que soube traçar o seu caminho.
25
ENTREVISTA
N.º2/2010 | MARÇO/ABRIL
26
ENTREVISTAN.º2/2010 | MARÇO/ABRIL
GC - É cada vez mais difícil decidir entre optar por pro -
du zir numa vertente de preço ou de qualidade? O
consu midor reconhece o esforço de inovação neste tipo
de negócio?
PM - A qualidade é sempre a nossa principal preocupação. Caso
contrário, o consumidor entenderia que as suas necessidades não
estão a ser satisfeitas e, como tal, recusaria o produto. Se tiver -
mos em conta que o consumidor acompanha de forma atenta as
inovações realizadas nos produtos, o que faz dele mais selectivo
e exigente com o que procura e com o que compra, verificamos
que é inevitável não pensarmos a todo o instante numa com bi -
nação adequada entre preço e qualidade dos produtos colo -
cando, porém, a qualidade no topo das prioridades. Procuramos
sempre atingir o máximo de qualidade a preços competitivos, de
forma a mantermos um excelente nível de serviço que fidelize os
clientes e seja uma das chaves de êxito no plano comercial.
GC - Que papel desempenhou o KartoGroup no cresci -
men to da PampiLar, que, segundo sabemos, tem vindo
a traçar um caminho de maior autonomia face ao grupo
italiano?
PM - A parceria com o Kartogroup, um dos maiores players
europeus de tissue, foi muito importante para o desenvolvimento
da PampiLar, pois serviu de incentivo para cultivar um perfil de
inovação no seio da empresa, resultando num conjunto de pro -
dutos inovadores e de qualidade elevada no segmento dos rolos
de cozinha, guardanapos e higiénicos. No entanto, em 2008, a
PampiLar decidiu iniciar o seu próprio caminho na área industrial
sempre acreditando que pode fazer em Portugal produtos de
qualidade e capazes de ser consumidos a nível nacional.
GC - O progressivo desaparecimento do comércio tradi -
cio nal e a consequente concentração do retalho organi -
zado em Portugal é benéfico para a indústria portu guesa?
PM - Vejo isto de duas formas. Por um lado, a indústria está
muito mais dependente dessas concentrações, levando a que as
margens se deteriorem. Por outro lado, o facto de haver um
conceito mais organizado e exigente de indústria levou a que em
Portugal se fizessem grandes progressos nesse âmbito.
GC - Qual é o vosso produto mais vendido e que peso
tem na facturação anual?
PM - A Pampilar tem um grande peso na área dos guardanapos
e é aí que estamos a fazer grandes apostas a nível tecnológico
de forma a elevar cada vez mais o nível qualitativo.
GC - Com que indicadores encerrou a PampiLar o ano de
2009 e que perspectivas trazem para 2010?
PM - Em 2009, a facturação da PampiLar atingiu os 7 milhões
de Euros, o que significa cerca de 45% de crescimento e, perante
investimentos que foram feitos este ano, estima-se que o
crescimento em 2010 ronde os 35%.
GC - Que mais-valias competitivas irá a nova linha de
alta produção trazer à companhia?
PM - Não podemos falar só de uma linha de alta produção.
Contudo, em termos qualitativos, estamos a um nível superior ao
que tínhamos em 2008, com uma capacidade instalada quatro
vezes maior.
GC - O foco continua a ser o mercado interno, ou apos -
tam cada vez mais na exportação? A internaciona -
lização é o caminho a seguir face ao esmagamento das
margens e aumento da concorrência no mercado do -
més tico?
PM - Vamos continuar a apostar em força no mercado nacional,
pois consideramos que ainda há muito para fazer neste mercado.
Contudo, não iremos deixar de parte a internacionalização, até
porque a nossa estratégia de crescimento também privilegia a
expansão para o mercado espanhol e francês.
GC - Como é que perspectiva a PampiLar no futuro pró -
ximo, uma vez que conta já quase com duas décadas em
actividade?
PM - Num momento de crise, continuamos a acreditar neste
projecto, imprimindo-lhe todos os dias um novo fôlego. Con ver -
temos a PampiLar numa empresa 100% industrial e capaz de
dar respostas a um mercado exigente e muito competitivo. Para
além disso, mantemos um respeito permanente pelo consumidor,
tentando sempre ir ao encontro às suas reais necessidades sem
nunca tentar impor conceitos. O futuro está garantido enquanto
formos capazes de inovar e enquanto tivermos a capacidade de
ser competitivos, sem nunca esquecer a importância da estrutura
económica e financeira que suporta a actividade.
“A qualidade é sempre a
nossa principal
preocupação. Caso
contrário, o consumidor
entenderia que as suas
necessidades não estão a
ser satisfeitas e, como tal,
recusaria o produto. Se
tivermos em conta que o
consumidor acompanha
de forma atenta as
inovações realizadas nos
produtos, o que faz dele
mais selectivo e exigente
com o que procura e com
o que compra,
verificamos que é
inevitável não pensarmos
a todo o instante numa
combinação adequada
entre preço e qualidade
dos produtos colocando,
porém, a qualidade no
topo das prioridades.
Procuramos sempre
atingir o máximo de
qualidade a preços
competitivos, de forma a
mantermos um excelente
nível de serviço que
fidelize os clientes e seja
uma das chaves de êxito
no plano comercial”
28
FEIRAS
N.º2/2
010 |
MARÇO/
ABRIL
balanço
em época de recessão
Mais visitantes, mais empresas participantes e um melhor perfil de presenças são
alguns dos highlights que se podem retirar de mais uma edição da Alimentaria
Barcelona, a 18.ª, que se realizou entre os dias 22 a 26 de Março num recinto único da
Fira de Barcelona, na Gran Vía, e que encerrou com sinal “mais”. Edição onde a
participação nacional recolheu indicadores positivos, com boas perspectivas de negócio
e de internacionalização da sua oferta. Afinal, a necessidade sempre aguçou o engenho
e a crise apenas despertou a necessidade de reagir…
POSITIVTEXTOBruno Farias
29
FEIRAS
N.º2/2
010 |
MARÇO/
ABRIL
Chegou ao fim mais uma edição da Alimentaria
Barcelona, a maior manifestação do sector
alimentar que se concretiza este ano na Península
Ibérica. Na sua 18.ª edição, a Alimentaria Barce -
lona realizou-se, na íntegra, no recinto da Fira de Barcelona, na
Gran Vía, e acolheu um total de 140.542 visitantes ao longo dos
cinco dias do certame, mais 8% face à edição de 2008. Número
que têm, naturalmente, que ser considerados positivos, pese a
difícil conjuntura económica vivida no país vizinho, com os
respectivos indicadores que são do conhecimento geral. Mas
certo é que os dados finais superaram as mais optimistas pre vi -
sões, com a Alimentaria 2010 a reunir um número superior de
visitantes e ao ter presentes cerca de 4 mil empresas expositoras,
provenientes de 75 países.
Mas não foi só pela quantidade, como também pela qualidade,
que a Alimentaria 2010 se destacou, uma vez que o perfil de
visi tante foi do agrado generalizado das empresas expositoras,
opinião da qual os representantes nacionais não divergem, ao
valorizar a vasta presença de profissionais deste sector, prove -
nientes de diversas partes do globo. Ao todo, mais de 36.000
vi si tantes procedentes de 155 países (+9% face ao previsto ini -
cialmente). “Cada vez mais os empresários seleccionam as feiras
de maior dimensão para visitar, uma vez que permitem ana lisar
vários aspectos do negócio num só lugar. Para os expositores é
sempre melhor um visitante informado, pois é meio caminho
andado para a concretização de um bom negócio. Mas é im -
portante, cada vez mais, seleccionar os visitantes que têm acesso
às feiras profissionais. Um visitante que não seja pro fissional,
apenas curioso, pode muitas vezes retirar atenção e dispo -
nibilidade aos profissionais”, considera Amândio Santos,
Administrador da Derovo.
Aspectos presentes naquela que é a maior manifestação da
indústria alimentar que se realiza na Península Ibérica e que este
ano teve como foco o valor das marcas como instrumento de
diferenciação e peça fundamental no processo de projecção das
empresas alimentares no exterior. Um tema caro a todos os ex -
po sitores presentes, nacionais ou estrangeiros, conscientes de
que os desafios que actualmente se colocam às marcas de
indústria são, necessariamente, diferentes quando comparados
com um passado recente, próprio da exigência de operar num
mercado global e decorrentes da transição para um novo modelo
económico. Desafios aos quais as empresas portuguesas não são
alheias e que leva a que a representação em feiras internacionais
faça todo o sentido, como recorda Carlos Botelho, Director de
Marketing da Cerealis: ”Habitualmente fazemo-nos representar
em diversas feiras, dentro e fora do espaço europeu, mediante o
plano que temos, uma vez que desenvolvemos vendas em vários
mercados a nível mundial. O mercado global a isso obriga, somos
um fornecedor que actua desde a Finlândia à África do Sul, dos
EUA à China, temos as nossas vantagens competitivas e procu -
ramos explorar os diversos mercados onde estamos repre sen -
tados nas diversas categorias onde actuamos. Também a nível
dos diferentes perfis de clientes, este tipo de iniciativas tem a sua
devida importância, ao reunir profissionais ligados aos diferentes
canais de comercialização”.
Os valores e atributos das marcas e a sua percepção pelo con -
sumidor foram, de resto, os protagonistas do Fórum Internacional
da Alimentação. Iniciativa cujo modelo procurava conjugar a
vertente teórica trazida pelo estudo da Synovate “Que espera
hoje o consumidor das marcas” – onde foram apresentados al -
guns case studies internacionais – com a experiência de terreno
trazida por alguns dos profissionais da indústria local e que en ri -
queceram este fórum com o seu saber de experiência feito, es ten -
dendo os argumentos de interesse da feira também até às suas
actividades paralelas. Com as marcas sempre como pano de
fundo.
MARCAS
Razões que levam a que, na altura de fazer o balanço, este só
possa ser positivo, com a edição 2010 da Alimentaria Barcelona
a dar conta da vitalidade do seu modelo de negócio, assim como
da importância estratégica do sector da alimentação para a eco -
nomia local, apresentando-se este certame como uma excelente
plataforma de internacionalização para muitas empresas que a
elegem como patamar preferencial de promoção no exterior. Ar -
gumentos igualmente reconhecidos pelas empresas portuguesas
que ali se fizerem representar, ora para cimentar relações comer -
ciais com o país vizinho, ora para alargar a sua rede de contactos
aos mercados do norte da Europa, Médio Oriente, ou Ásia. Di -
ferentes metas para apostas distintas, mas que, no balanço final,
deixaram os expositores nacionais satisfeitos, apresentando-se
esta feira como um importante ponto de contacto também para
as empresas nacionais. “Dos anos que levamos a participar nesta
iniciativa - seis ou sete edições – esta deve, provavelmente, ter
sido a nossa melhor participação, com o visitante a mostrar-se
ávido por inovação. Não sei se será efeito da propagada crise,
mas registámos um interesse superior por novos produtos”,
regista Carlos Gonçalves, da Confeitaria Carlos Gonçalves,
empresa que há mais de 20 anos se faz representar no mercado
espanhol, hoje parte natural da sua actividade comercial.
Quem esteve também em destaque foi a Casa da Prisca – Salsi -
charia Trancosense, LDA. que ao longo dos cinco dias do certame
registou uma forte afluência no seu stand, onde pôde apresentar
os seus mais recentes lançamentos em compotas, chutneys ou
charcutaria de cura natural. Sabor português que despertou a
atenção de visitantes provenientes de diferentes origens e que
poderão, a curto prazo, levar estes paladares beirões a outras
partes do Mundo, como nos contou José Mário Santos, Sócio-
-Gerente da Casa da Prisca. “Nesta edição da Alimentaria, veri -
ficámos uma maior dinâmica de potenciais compradores, o que
não só nos deixa satisfeitos por ver reconhecida a qualidade dos
nossos produtos, como por nos permitir levar mais longe o nome
da nossa empresa e, quem sabe, também os nossos produtos.
Nunca escondemos, nem negámos, a intenção de interna cio -
nalizar o nome da Casa da Prisca e, de facto, a presença regular
em actividades desta natureza tem contribuído para a cons tru -
ção de um capital de confiança de dignos representantes dos
produtos típicos portugueses”, assume o responsável. Também
no salão Innoval, a Casa da Prisca esteve em destaque, com as
embalagens da gama Prisca Gourmet (lançada em conjunto com
a gama Prestige, na Alimentaria), a serem alvo de críticas posi -
tivas, pelo seu perfil arrojado e distintivo dentro do segmento em
que se inserem. Mais um ponto positivo a juntar à participação
desta empresa familiar na feira ibérica de alimentação.
Motivos de orgulho para a indústria nacional, a que se juntam as
participações da Barrancarnes e do IVDP, que, ainda que em áreas
de negócio distintas, lograram chamar a atenção dos muitos
visitantes do salão, reforçando contactos e alargando fronteiras
no que concerne ao conhecimento de produtos portugueses. No
caso da Barracarnes, pela sua inegável relação qualidade/preço,
muito competitiva quando comparada com os concorrentes do
sector cárnico espanhol, pela qualidade da sua oferta e pelo
próprio processo produtivo que culminaram na apresentação de
um produto de alta qualidade e sabor requintado. No caso da
30
FEIRAS
N.º2/201
0 | MARÇ
O/ABRIL
participação do IVDP, as marcas do Porto e Douro viram a sua
presença sair beneficiada ao abrigo de uma imagem coerente e
apelativa, sob a denominação “Wines of Portugal”, e que veio dar
continuidade ao trabalho iniciado aquando da Prowein deste ano.
O que ajudou a chamar muitos interessados em conhecer melhor
a realidade vitivinícola portuguesa, cuja difusão da oferta passa
em muito pela experimentação. Um factor em comum na
participação destes dois operadores, cujos indicadores recolhidos
por parte dos visitantes permitem antecipar novas experiências
em futuras edições da Alimentaria. Não obstante as diferentes
realidades – naturalmente incomparáveis - que determinam a
representação de cada uma destas entidades em salões desta
natureza. “Sobretudo no que concerne ao mercado espanhol,
registamos um fraco apoio por parte das entidades nacionais,
não nos sendo possível aceder a apoios dos organismos com -
petentes, como acontece quando se trata de outros mercados.
Temos que fazer tudo por nós mesmos, caso contrário conti -
nuaríamos a aguardar para entrar neste mercado, onde temos
vindo a conquistar o nosso espaço”, considera Eduardo Bernardo,
Director Comercial da Barrancarnes, que assume a intenção de
continuar a marcar presença nesta feira no decorrer das próximas
edições. Onde se a participação portuguesa se pautar pelos níveis
deste ano, o prestígio da indústria nacional somente terá a ga -
nhar, uma vez que nem todos os bons exemplos foram possíveis
de registar nestas linhas.
Não foi só pela
quantidade, como
também pela qualidade,
que a Alimentaria 2010
se destacou, uma vez que
o perfil de visitante foi do
agrado generalizado das
empresas expositoras,
opinião da qual os
representantes nacionais
não divergem, ao
valorizar a vasta presença
de profissionais deste
sector, provenientes
diversas partes do globo.
Ao todo, mais de 36.000
visitantes procedentes de
155 países, ou seja mais
9% face ao número
inicialmente previsto
SELECÇÃO NACIONAL
ANIMATED DRINKS, LDA.
BARRANCARNES, S.A.
BY APPOINTMENT DUCHEF PORTUGAL LDA
CARM - CASA AGRICOLA ROBOREDO MADEIRA, S.A.
CASA DA PRISCA-SALSICHARIA TRANCOSENSE, LDA
CEREALIS PRODUTOS ALIMENTARES, S.A.
COMPRA DIRECTA - PRODUTOS ALIMENTARES, LDA
CONFEITARIA CARLOS GONÇALVES, LDA.
DAN CAKE PORTUGAL S.A.
DEROVO - DERIVADOS DE OVOS, S.A.
DIATOSTA - INDUSTRIA ALIMENTAR, S.A.EDULAB
LABORATORIO DE EDULCORANTES, LDA
GAC - INGREDIENTES & PRODUTOS ALIMENTARES, LDA.
GL IMPORTAÇAO E EXPORTAÇAO S.A.
IMPERIAL - PRODUTOS ALIMENTARES, S.A.
IVDP
LACTICINIOS DO PAIVA, S.A.
LOUROFOOD, LDA.
MAÇARICO, S.A.
NOVA DOÇARIA DISTRIBUÇAO ALIMENTAR, S.A
PANIKE - INDUSTRIA DE PRODUTOS ALIMENTARES
CONGELADOS, S.A.
QUEIJO SALOIO - IND. DE LACTICINIOS, S.A.
QUINTA DOS AVIDAGOS
QUINTA DO CRASTO
QUINTA DO FEITAL
QUINTA DO PORTAL
REAL COMPANHIA VELHA
SOGRAPE - SOGRAPE VINHOS SA
VDS
31
FEIRAS
N.º2/2010 | MARÇO/ABRIL
32
ENTREVISTAN.º2/2010 | MARÇO/ABRIL
Um ano antes da sua realização,
a Alimentaria&Horexpo é
lançada na Grande Consumo por
Victor Pascual, director da feira
por parte da Reed Exhibitions.
Em pleno pico da última grande
manifestação alimentar que se
realiza antes do certame
nacional, a Alimentaria
Barcelona, o responsável explica
a reestruturação da feira
nacional, o porquê da sua
concretização e os pontos
fortes da mesma.
Conheça as
razões na
entrevista que
se segue.
TEXTOBruno Farias
33
ENTREVISTAN.º2/2010 | MARÇO/ABRIL
Grande Consumo – Estamos a sensivelmente um ano da
realização da Alimentaria&Horexpo Lisboa. Com que
expectativas parte para esse iniciativa?
Victor Pascual – Eu diria que estamos muito entusiasmados e
com expectativas altas relativamente à realização do certame. E
essas mesmas expectativas prendem-se com o facto de estarmos
muito envolvidos no projecto, uma vez que não passa somente
pela junção de duas feiras, mas sim pela construção de um
projecto que acreditamos ser superior à mera soma dessas duas
manifestações. Ainda que a Alimentaria Lisboa e a Horexpo
sejam duas feiras de referência em Portugal nos respectivos
sectores a que se dirigem, as circunstâncias que envolvem da
economia ibérica e mundial, aliadas ao facto de o sector
alimentar reivindicar um outro modelo de feira, levou-nos a
apresentar um novo projecto que fosse de encontro a essas
necessidades e que procura conferir mais-valias a expositores e
visitantes de forma a terem o máximo de retorno possível.
GC – E porque aspectos passa essa atribuição de valor
acrescentado?
VP – Pela convergência de todo um canal de distribuição, tanto
a nível do comércio tradicional, como do retalho organizado,
assim como ao nível da hotelaria, canal de enorme importância
não só pelos níveis de consumo internos, como pela sua
importância em termos turísticos. Concentrar estes três canais
juntamente com a indústria da maquinaria hoteleira num só
evento multiplica os motivos de interesse para os expositores
presentes. Não só porque a feira passa a apresentar-se mais
atractiva, em função da elevação da diversidade da oferta
disponível, mas também por se apresentar mais apetecível em
termos empresariais e comerciais, uma vez que uma feira como
este perfil eleva as garantias de possíveis negócios.
GC – Mediante o actual contexto da economia
portuguesa seria possível adoptar outro modelo de
feira que não este que acaba de descrever? Seria viável
prosseguir com duas feiras em separado?
VP – Neste momento não tinha sentido dar continuidade à
separação desses dois canais de comercialização, que, no
passado, se encontravam a crescer muito e, como tal, exigiam
uma imensa especialização. Todavia, mediante a concentração
da distribuição moderna e perante a fragmentação do comércio
tradicional havia que optimizar o modo de proceder, uma vez
que há cada vez mais empresas a produzirem produtos e marcas
para esses mesmos operadores e que não são capazes de se fazer
representar em duas ou três feiras separadas. Por todo estes
motivos, havia que concentrar o certame, uma vez que era isto
que nos estava a pedir o sector e há, de facto, circunstâncias
económicas que nos conduziram a isto.
GC – E que outros argumentos são apresentados aos
expositores além de mais valor e oferta?
VP – Oferecemos mais procura e vamos trabalhar de outra
forma a captação de compradores internacionais, capazes de
distribuir produtos portugueses em países onde existem comu -
nidades portuguesas, mas também com fortes relações com
Portugal. Um outro aspecto importante passa também pelo
aumento ou incremento do tipo de actividades de formação e
informação, não só ao promover ao que já era feito nas duas
feiras, como ao potenciar todo o tipo de actividades que possa
ser considerado como um valor acrescentado para o visitante.
Ainda que a sua denominação seja Alimentaria&Horexpo, cabe
dizer que em causa estão três grandes salões: Alimentaria, Ho -
rexpo e TecnoAlimentaria. Sector último dedicado aos equipa -
mentos para a indústria alimentar e ao “packaging”, que se
encontrava inserido no antigo alinhamento da Alimentaria, e ao
qual queremos dar especial relevância dado acreditarmos ter
potencial de crescimento. Todas estas decisões têm como
expectativas
para a Alimentaria&HorexpoALTAS
objectivo criar uma noção de “networking”, ao congregarmos no
mesmo salão a distribuição, a indústria alimentar e a hotelaria,
numa representação dupla de participante e visitante, apre -
sentando-se o novo modelo de negócio da Alimentaria&Horexpo
como uma plataforma de “networking” e negócio que visa
contrariar a dispersão que caracterizava o modelo anterior e que
dificultava a criação das tão desejadas sinergias.
GC – Não teme que a periodicidade da feira possa ser
um obstáculo à sua organização?
VP – Penso que a periodicidade bienal neste tipo de sectores é
a indicada uma vez que, apesar de estarem sempre a sair
produtos novos, as feiras acabam por ser um espaço privilegiado
para o lançamento produtos, ou para projectar as suas
estratégias de marketing.
GC – Esse, é de resto, um dos objectivos de qualquer
feira…
VP – Claro! Razão pela qual ao realizar-se anualmente acabava
por perder o seu real impacto, uma vez que nem todas as
empresas são capazes de apresentar inovações todos os anos, o
que levaria a que a feira perdesse a sua importância como ponto
de referência para a apresentação de novos produtos e
antecipação de tendências futuras.
GC – Apesar das dificuldades por que passa a economia
espanhola, o mercado português continua a ser enca -
rado como uma extensão natural da sua actividade? Há
interesse da indústria espanhola em estar presente
neste certame em Portugal?
VP – Acredito que Portugal sempre foi um mercado prioritário
para as empresas espanholas, em função das relações comer -
ciais, geográficas, entre outras, que sempre conduziu ao seu
interesse. Que se vai manter no sector alimentar mas também
nos equipamentos para a hotelaria e na maquinaria para
indústria alimentar, com a perspectiva de se poder ver reforçado
o número de participantes em função de uma previsível redução
do número de m2 ocupados, mas o consequente aumento do
número de expositores. Esse é o nosso objectivo, não nos in te -
34
ENTREVIS
TA
N.º2/201
0 | MARÇ
O/ABRIL
ressa vender espaço mas sim trabalhar de forma a ter muita
oferta e estamos confiantes de que este projecto consegue
transparecer esse valor.
GC – Espera também o reforço da presença de expo si -
tores provenientes de outros mercados. A interna cio -
nalização da feira é uma realidade?
VP – Enquanto organizadores da Alimentaria Barcelona,
Alimentaria México e Alimentaria&Horexpo temos uma relação
muito estreita com os nossos expositores que, amiúde, nos vêem
como seus assessores em termos de estratégia de feiras. Pela
qualidade que estes certames apresentam, quando sugerimos
uma participação numa feira em Portugal esta solicitação é tida
em boa conta. Pelo que acredito que iremos ter uma presença
significativa de empresas europeias, que se encontram a procurar
nichos de mercado para continuar a assegurar crescimento. Se
por um lado, o mercado português é encarado como pouco
apelativo para aqueles que procuram mercados de grande escala,
por outro é encarado como um destino onde existem imensas
possibilidades a vários níveis, o que desperta o interesse de
muitos operadores em estarem presentes. Esse tem sido o nosso
trabalho, no sentido de demonstrar que a participação numa
feira alimentar é um bom ponto de partida para conhecer melhor
a realidade do país e as oportunidades que encerra para aqueles
que querem diversificar a sua presença a nível do espaço europeu.
GC – Não raras vezes a organização da Alimentaria
Lisboa foi chamada à atenção para o facto de que os
pre ços praticados serem elevados para o retorno obti -
do. Concorda com esta ideia?
VP – Sempre se comentou que a Alimentaria Lisboa, dentro do
contexto de feiras nacionais, tinha preços considerados médio-
altos. Mas para dar uma resposta séria ao visitante e ao
expositor este investimento é necessário, uma vez que se o preço
por m2 for relativamente baixo, creio que as expectativas de
retorno tenham que ser também baixas. Pelo que a marca
Alimentaria designa feiras de qualidade e, sendo um produto de
“Na próxima edição
iremos fazer um esforço,
com a apresentação de
um projecto com mais
possibilidades e com
preços mais baixos face à
última edição de 2009.
Por vários motivos, não
só porque nos dá mais
“músculo” em termos de
representatividade, mas
também porque nos
permite estar mais perto
dos nossos clientes
(expositores), que
sabemos estarem a
atravessar uma fase
difícil, mas que não
deixam de precisar de se
dar a conhecer”
qualidade, apresenta uma relação qualidade/preço adequada.
Mas na próxima edição iremos fazer um esforço, com a apre -
sentação de um projecto com mais possibilidades e com preços
mais baixos face à última edição de 2009. Por vários motivos,
não só porque nos dá mais “músculo” em termos de repre sen -
tatividade, mas também porque nos permite estar mais perto
dos nossos clientes (expositores), que sabemos estarem a
atravessar uma fase difícil, mas que não deixam de precisar de
se dar a conhecer. E queremos estar ao lado desses mesmos
expositores que sempre nos apoiaram ao proporcionar-lhes a
possibilidade de estarem numa feira profissional internacional a
preços mais competitivos, partilhando esforços para uma
representação que seja benéfica a todos.
GC – O objectivo é voltar a encher os quatro pavilhões
do recinto da AIP?
VP – Sim, temos essa meta no horizonte, mas acima de tudo
queremos promover negócios. Não somos uma empresa que
vende metros, mas sim oportunidades de negócio. Se aumen -
tarmos o número de expositores e tivermos menos m2 comer -
cializados seria um sucesso, pois representaria um crescimento
da oferta.
GC – Existem objectivos quantitativos em termos de
expositores?
VP – Gostaríamos de ver representados 800 expositores directos
e indirectos e receber cerca de 30 mil visitantes profissionais,
sendo que um dos nossos grandes objectivos é aumentar este
rácio. O que nem sempre é muito fácil de atingir, uma vez que
uma feira alimentar é muito atractiva ao público em geral e
temos que promover uma filtragem de actividade de modo a
tornar o perfil do visitante ainda mais dirigido.
GC – O mesmo raciocínio pode ser aplicado às activi -
dades paralelas, de modo a que possam ser encaradas
como um valor adicional à visita à feira?
VP – Naturalmente que sim e é nesse sentido que estamos
desenvolvendo iniciativas que possam ir de encontro a essas
expectativas. Espaços como o Inoval, a Loja Inteligente, além
das conferências e seminários habituais são algumas das formas
encontradas para atrair esses visitantes. Mas também estamos
focados na promoção de iniciativas gastronómicas que, por
exemplo, irão permitir, ao longo dos quatro dias do evento, ver
em acções de demonstração alguns dos chefes de cozinha mais
conceituados de Portugal, no sentido de dar a conhecer, quer a
cozinha regional portuguesa quer os respectivos produtos origi -
nários dessas regiões. Esta vertente será reforçada com a pro -
mo ção de um grande concurso gastronómico dirigido aos
pro fissionais da restauração. Queremos, também a este nível,
contribuir para que esta feira seja ainda mais profissional e se
assuma como a feira do sector em Portugal.
GC – Ainda que o modelo esteja definido, é importante,
contudo, escutar as necessidades e os conselhos que as
associações sectoriais têm para fazer?
VP – Claro que sim, é para nós muito clara a ideia de que somos
uma feira de produtores. E para o sermos temos que saber ouvir
e levar em linha de conta as suas pretensões e necessidades.
Uma feira é, em suma, um canal de comunicação e para co mu -
nicar temos que conhecer, quer os produtores quer a oferta. Seja
directamente, seja por intermédio das associações
do sector, há que conhecer o mercado e as suas
necessidades. É por isso que nos encontramos
a trabalhar como entidades como a FIPA e a
APED, uma vez que temos muito claro que
sem conhecimento não é possível fazer nada.
“(…) é para nós muito
clara a ideia de que somos
uma feira de produtores.
E para o sermos temos
que saber ouvir e levar
em linha de conta as suas
pretensões e
necessidades. Uma feira
é, em suma, um canal de
comunicação e para
comunicar temos que
conhecer, quer os
produtores quer a oferta.
Seja directamente, seja
por intermédio das
associações do sector, há
que conhecer o mercado e
as suas necessidades”
35
ENTREVISTAN.º2/2010 | MARÇO/ABRIL
cado o Trade Promotion Management (TPM).
O TPM representa, assim, o processo de orçamen -
tação, planeamento, apresentação e execução de um
programa de incentivos orientado a determinados
produtos. É um processo chave na indústria de bens
de grande consumo, que a maior parte das
organizações está longe de dominar. O objectivo é
alocar fundos a programas de colaboração com o
trade, através da oferta de “valor” (ex: desconto) em
troca de acções (ex: produto em catálogo), de forma
eficaz conseguindo aumentos significativos das
vendas beneficiando ambas as partes.
A indústria de bens de grande consumo investe
tempo e recursos em negociação com o retalho
sempre na busca do aumento das vendas e da
respectiva quota de mercado, representando já um
investimento de 65% do orçamento de marketing,
refere o estudo da Nielsen. É necessária uma nova
abordagem à gestão de promoções, para permitir
quebrar o ciclo de um grande investimento em
promoções que resultam num pequeno retorno. O
TPM representa uma vantagem competitiva neste
processo.
Fica claro que uma nova abordagem ao TPM
permitiria à indústria de bens de grande consumo
quebrar o ciclo e, assim, vencer alguns dos principais
obstáculos, como comportamentos estabelecidos,
limitações tecnológicas e processos genericamente
ineficientes.
A Accenture estudou a forma como as organizações
líderes de mercado estão a fazer frente a estas
mudanças e criou uma visão própria para as abordar:
um jogo de soma positiva para a indústria de bens de
grande consumo e para o retalho.
De acordo com o estudo Accenture Trade Promotions
Best Practices, falta à indústria de bens de grande
consumo uma visão clara da estratégia de promoções
de trade. Muitas vezes repete-se o plano de anos
anteriores, provocado pela falta de informação
estruturada, pela ausência de visibilidade dos
programas de promoção nas organizações e pela
incapacidade de integrar diferentes áreas da
organização.
A indústria de bens de grande consumo tem visto o
seu poder reduzido na cadeia indústria/retalhis -
ta/consumidor, com as formas tradicionais de
marketing a tornarem-se menos eficazes. Enquanto
consumidores, facilmente nos apercebemos destas
alterações nos nossos padrões de consumo, na
deslocação a supermercados e grandes superfícies.
Esta mudança alterou a lógica estabelecida e o
comportamento dos clientes. O investimento em
campanhas de media directamente ao consumidor,
como TV ou outdoors, está a tornar-se menos
efectivo e com menor retorno, enquanto acções em
loja têm reflexo imediato. O investimento em
promoções está a revelar-se mais eficaz por estar
mais próximo do local de compra, mas investir mais
não significa maior retorno; é necessário canalizar o
investimento para onde este for mais rentável.
Estima-se que apenas 16% das trade promotions
sejam rentáveis, e que 30% deste investimento vai
directamente para o “bolso” do retalho, não passando
para o consumidor (Fonte: AC Nielsen Supermarket
Business). Cada vez mais os produtores dependem
dos retalhistas para influenciar os consumidores, com
acções promocionais cada vez mais complexas, sendo
determinante como “arma na abordagem” ao mer -
Trade PromotionManagement
(TPM) – O desafio
Diogo Cabral FigueiredoConsultor da Accenture
na Área de SI&T
36
OPINIÃ
O
N.º2/2
010 |
MARÇO/
ABRIL
aposta na marca Staples. Com efeito, é realizado um
grande esforço interno, potenciado pelos nossos
colaboradores, para fazer crescer esta marca e valo -
rizá-la junto dos diferentes públicos que nos procu -
ram. A acção dos nossos colaboradores de loja é
essencial para o seu sucesso. São eles o principal elo
e veículo humano para transmitir esse feedback aos
clientes. Como o comprova a recente adesão à
plataforma ‘Eu Sou Cliente’. Esta iniciativa acarreta,
directamente, uma forte carga formativa nos RH da
empresa, através do contacto directo dos nossos
clientes com o Customer Service da Staples. Trata-se
de um compromisso com a qualidade e excelência do
serviço prestado, que só pode beneficiar a per for -
mance dos profissionais da Staples.
A Staples tem um perfil de cliente muito diversificado
e uma preocupação com todos eles, como o
comprovam o lançamento do novo cartão de cliente
‘Staples Biz’, para a classe empresarial, assim como o
cartão ‘Professor +: Dê mais valor às suas notas’,
dirigido aos professores. Esta aposta não pode ser
apenas externa, o que faz com que a Staples promova
formação aos seus colaboradores de Loja para
corresponder às exigências de cada público. Porque
são eles o rosto da marca para o cliente. E algo de
que nos podemos orgulhar é o facto de todos os
colaboradores estarem aptos a atender todos os tipos
de cliente, satisfazendo as suas necessidades.
Posto isto, a Staples tem a máxima preocupação em
munir os seus colaboradores das mais variadas ferra -
mentas de trabalho, não descurando o lado pessoal e
profissional. Pelo contrário. A Staples trabalha para
conciliar as diferentes vertentes dos seus colabora -
dores, potenciando as suas qualidades e a sua
satisfação profissional.
No contexto empresarial actual, ainda para mais na
área da distribuição, a gestão dos Recursos Humanos
apresenta-se como um factor incontornável para o
bom desempenho de qualquer empresa. Isto porque
se trata de um sector em crescendo e que exige uma
rápida adaptação das pessoas e profissionais ao nível
dos hábitos de consumo da sociedade moderna,
marcada por constantes alterações legais, econó -
micas e financeiras. No fundo, o espelho do mundo
de hoje. Com efeito, torna-se cada vez mais neces sá -
ria a valorização pessoal e profissional dos cola bo -
radores da área.
Na Staples, foi adoptado um conjunto de ferramentas
que tem como objectivo a formação dos colabora -
dores e a possibilidade de proporcionar novas opor -
tunidades na nossa estrutura interna. Nesta lógica,
foi assinado um protocolo com a Agência Nacional
para a Qualificação no âmbito do projecto ‘Novas
Oportunidades’, uma iniciativa que tem como objec -
tivo proporcionar condições e apoiar os colaboradores
da empresa e respectivas lojas nos vários processos
escolares. Este facto permite conjugar o crescimento
académico com o profissional.
Outro exemplo desta política de RH prende-se com o
patrocínio ao Global Management Challenge, uma
competição que incentiva os jovens a pensarem de
forma estratégica e a integrarem-se no mundo
empresarial. Trata-se de um óptimo “terreno” para a
descoberta de novos talentos e para estimular os
colaboradores da Staples, que se vêem inseridos
numa entidade que privilegia a troca de novas ideias
e conceitos empresariais.
Num outro sentido, mas que pretende aumentar o
espírito de marca nos nossos colaboradores e o seu
orgulho em pertencerem a esta equipa, situa-se a
A importância dosRecursos Humanosna gestão moderna
Carlos MaiaDirector-Geral, Staples Office Centre Portugal
37
OPINIÃON.º2/2010 | MARÇO/ABRIL
Estudos recentes da consultora AC Nielsen relativos a
índices de Confiança dos Consumidores revelam que a
saúde é apenas a terceira preocupação dos Portugueses.
À frente ficam, de forma algo compreensível atendendo
aos tempos de crise acentuada que vivemos, a preo cu -
pação com o emprego e o equilíbrio entre a vida pro fissio -
nal e a vida pessoal. Mas para nós, que desenvol vemos o
nosso trabalho na indústria alimentar, é precisamente a
saúde que tende a ocupar um espaço cada vez maior
entre as nossas prioridades.
Enquanto produtores de bens alimentares não podemos
deixar de ter em consideração aspectos como a falta de
consciência alimentar com consequentes maus hábitos
que afectam milhões de pessoas em todo o mundo
provocando o que já se apelida de “doenças do século”:
obesidade, hipertensão, doenças cardiovasculares, dia be -
tes, entre outras. Nesse sentido, acreditamos que temos
que encontrar soluções e desenvolver produtos de valor
acrescentado, que garantam matrizes nutricionais ade -
quadas capazes de proporcionar uma alimentação mais
equilibrada. Estas matrizes materializam-se em produtos
com fórmulas melhoradas, ingredientes cada vez mais
naturais e valores nutritivos assinaláveis.
Por isso, no momento de planear novos lançamentos e
definir estratégicas de marketing para os nossos novos
produtos temos a responsabilidade de garantir que
estamos a oferecer ao mercado uma opção de consumo
equilibrada e o mais saborosa, saudável e nutritiva
possível. A embalagem é também um dos aspectos mais
importantes dos novos lançamentos assumindo um papel
principal na comunicação e transparência dos valores
nutricionais dos nossos produtos. No caso da DanCake -
uma marca para consumidores de todas as idades e seg -
mentos – também temos em consideração necessidades
de praticidade e conveniência de consumo, oferecendo
formatos de embalagem individuais, fáceis de transportar
e consumir em qualquer lugar.
Mas, mais do que uma preocupação, as novas tendências
de consumo alimentar – soluções fast food e alimentos
ricos em açúcares e gorduras – encerram um enorme
desafio à indústria do sector. Marcas com grande tradição
como a DanCake (que está no mercado desde 1978)
compreendem a necessidade da mudança dos hábitos
alimentares e aplicam os seus melhores esforços para se
adaptarem à nova realidade do consumo, preservando a
memória que associa a sua marca a inesquecíveis
momentos de prazer e sabor. Não é um desafio fácil de
vencer mas sabemos que estamos no bom caminho
quando integramos uma empresa que elege como os
seus principais desafios e pilares de inovação para o futuro
a redução de açúcares, gorduras e sal.
O nosso mais recente lançamento, a Frutíssima, é bem
simbólico da aposta que a DanCake está a fazer no
sentido de oferecer produtos inovadores, mais saudáveis
e saborosos. Não só a Frutíssima é composta por um
elevado percentual de fruta (que chega aos 80% no caso
da Frutíssima Figo) como foi apresentada ao mercado
em embalagens de três formatos, cada um adaptado a
uma necessidade de consumo diferente. Podemos
afirmar que já não existe razão para não se ter uma
alimentação saudável com sabores genuínos e de valor
acrescentado. “Viva com Sabor” com DanCake.
Sónia CostaMarketing & Trade Marketing
Manager DanCake
38
OPINIÃ
O
N.º2/2
010 |
MARÇO/
ABRIL
Os novos desafios doconsumo alimentar
João PalmeiraCountry Manager CHEP Portugal
39
OPINIÃON.º2/2010 | MARÇO/ABRIL
mais atractivo aos olhos do cliente, enquanto, por
outro lado, maximizam a área comercial. O seu uso
permite comercializar produtos no solo em lineares,
mas também em todo e qualquer sítio estratégico da
loja.
Em Portugal, as paletes display de 600mm x 800mm
(½ palete) são actualmente uma realidade nas
importantes cadeias de distribuição. A sua construção
à base de madeira, plástico e metal melhora o
comportamento em empilhamento e em arma -
zenamento. No entanto, uma nova tendência actual
está marcada pela implantação da ¼ de palete
(400mm x 600mm). Os seus benefícios e utilização
são menos conhecidos no nosso país, apesar de ser
um equipamento muito utilizado noutros países,
como a Alemanha.
Como vemos, na cadeia de abastecimento, e segundo
indicam distintos estudos de mercado, a decisão de
implementar a palete display, está a ser uma medida
estratégica tanto da equipa comercial como do
departamento de logística. Ambas as áreas de negó -
cio estão conscientes das suas vantagens. De um
ponto de vista meramente logístico, as paletas de
exposição facilitam os processos de preparação de
pedidos (picking) para aqueles produtos com um
nível de rotação médio/alto. Do ponto de vista
comercial, este tipo de palete serve para reduzir os
custos de reposição e elimina a “venda falida”; ou
seja, a venda que não é realizada porque não está
disponível stock suficiente.
A CHEP gere este tipo de equipamentos em sistema
de pooling e aconselha os seus clientes sobre os seus
benefícios, utilização e manipulação.
A tradicional palete de 1200mm x 800mm, que
durante décadas serviu como elemento básico para
garantir os processos de produção, armazenamento,
transporte e distribuição de mercadorias, evoluiu
actualmente para novos sub-formatos, convertendo-
se numa poderosa ferramenta, não apenas do ponto
de vista logístico, mas também do ponto de vista
comercial. A meia palete (600m x 800mm) e a ¼
de palete (400mm x 600mm) são agora as
protagonistas da cadeia logística, no que diz respeito
a sistemas de paletização. Estes formatos são
tecnicamente conhecidos como “paletes display” ou
“paletes de exposição”.
Os actuais desafios da maioria dos distribuidores
estão relacionados com o acelerar dos processos de
distribuição, incrementar os controlos em cada elo da
sua cadeia e aumentar os serviços às lojas, o que
pressupõe evitar as roturas de stock, enquanto se
optimiza a gestão dos produtos. Os formatos de
palete denominados display equilibram o binómio
Frequência de Entrega / Quantidade por Referência,
para além de tornarem os processos de reposição
mais eficientes. Permitem, assim, uma reposição
eficaz, tanto dos produtos lineares, como dos
produtos em promoção. Desta forma, consegue-se
alcançar uma redução nos custos, seguindo a filosofia
de One Touch Aproach. Por outro lado, as quanti -
dades que são manipuladas, são maiores e o custo
unitário é minimizado.
Constata-se igualmente um aumento das vendas,
pelo facto de que aqueles produtos, que são geridos
empregando paletes tipo display, têm uma maior
“presença” no linear da venda. O produto torna-se
A palete Display e a logística da venda
todo o dia, enquanto hidrata a pele – reduzindo a
perda de água e prevenindo a secura da epiderme.
Na primeira utilização cuida da pele das axilas, a
partir das 4 semanas os pêlos ficam notoriamente
mais finos e com o seu uso contínuo conseguirá
axilas mais suaves por mais tempo.
GC - Que objectivos qualitativos e quantita ti -
vos foram estabelecidos para este lançamen -
to?
TB - Dove, enquanto marca para todas as mulheres
reais que se preocupam com a sua imagem, tem
como principal orientação a inclusão no mercado de
produtos que façam realmente a diferença no dia-a-
dia das consumidoras. E, só assim, Dove se poderá
assumir como líder em inovação, estabelecer-se
como owner da plataforma Minimising e marcar
presença no quotidiano das consumidoras.
GC - O facto de ter sido eleito Produto do Ano
é um importante trunfo de comunicação
junto do consumidor final?
TB - Temos planeadas acções de ponto de venda,
passatempos no nosso site e também acções de media
relations em que comunicamos esta grande vitória,
mas, mais que um trunfo de comunicação, ser eleito
Produto do Ano é, para nós, um grande sinal de
reconhecimento e confiança por parte do nosso target,
pois os produtos do ano são eleitos pelos consu -
midores. Quando o próprio consumidor é o primeiro a
classificar-nos como o melhor desodo ri zante feminino
de 2009, só podemos ficar orgulhosos.
Teresa BurnayHead of Marketing Personal Care
de Unilever/Jerónimo Martins
40
5 PERGUN
TASA...
N.º2/2
010 |
MARÇO/
ABRIL
Grande Consumo - Que balanço faz do
lançamento de Dove Minimising?
Teresa Burnay - O balanço do ano de lançamento
da gama de desodorizantes Dove Minimising é muito
positivo. Além de termos revolucionado o mercado
de desodorizantes, criámos um novo segmento e
conseguimos aumentar o valor global do mercado
de deos. Este lançamento foi o principal projecto da
marca em 2009, mas apesar de ser um produto
pioneiro e que vinha ao encontro das necessidades
das nossas consumidoras, tínhamos um grande
desafio: conseguir explicar os benefícios do produto
e a sua forma de actuação. Para isso, investimos
fortemente na sua comunicação, tanto above the
line como bellow the tine. Graças a este lançamento
conquistámos cerca de 16% de quota de mercado
em hipermercados, o que nos permite agora estar a
disputar a sua liderança.
GC - Em que se distingue face aos restantes
desodorizantes femininos? Encontra-se
previsto o alargamento da gama em 2010?
TB - A gama Minimising foi a grande inovação no
mercado dos desodorizantes em 2009. Uma gama
de deos Premium que, com a sua fórmula única à
base de Complexo Pró-epil com extractos naturais e
¼ de creme hidratante, conjuga mais benefícios que
qualquer outro, com a vantagem de ajudar a
solucionar um problema que afecta o dia-a-dia das
consumidoras: os inestéticos pêlos. Por sabermos que
esta propriedade minimising é altamente valorizada
pelas mulheres reais, em 2010, queremos continuar
a investir nesta gama para a consolidar no mercado.
GC - Que drivers orientaram a concepção
deste produto?
TB - “Aquela sensação de picar entre depilações, que
nos deixa desconfortáveis e com a pele das axilas
irritada” foi este o feedback das consumidoras que
fez com que Dove iniciasse um processo de três anos
de investigação para criar um desodorizante que
trouxesse um benefício extra, o alívio da sensação de
picar entre depilações. Com a sua formulação
exclusiva, Dove Minimising garante eficácia durante
“Em 2010, queremos
continuar a investirnesta gama”
Novo mecanismo de cabo retráctil patenteado - simples mas genial
Exposição em livre serviço, com a máxima protecção
Design “user-friendly” – simples e rápido de montar, em qualquer lugar
Capacidade de auto-alimentação dos artigos electrónicos expostos
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42
REPORT
AGEM
N.º2/2
010 |
MARÇO/
ABRIL
de saborcom um mundoporta a porta
TEXTOAbel Martins
Com uma facturação superior a 3 milhões/€ e uma equipa de 20 colaboradores, a
J.Baptista, LDA. é o distribuidor dos gelados Nestlé para a região envolvente da Grande
Lisboa. Uma PME que arrancou a sua actividade em 2008, com José Baptista, ex-quadro
Nestlé, a trocar uma carreira na maior empresa alimentar do Mundo pelo risco de ter
uma empresa própria. Decisão da qual não se arrepende e que preenche o seu
quotidiano. Saiba o porquê.
43
REPORT
AGEM
N.º2/2
010 |
MARÇO/
ABRIL
A J.Baptista, LDA. é uma empresa especializada de distribuição
alimentar dirigida a produtos e soluções ultracongeladas desti -
nadas ao mercado do consumo fora do lar, que conta já com uma
facturação acima dos 3 milhões/€ e emprega vinte colabo -
radores. Se a realidade se resumisse à frieza dos números, poder-
se-ia dizer que estávamos perante mais uma PME portuguesa
que, como tantas outras, tenta singrar no competitivo mundo da
distribuição alimentar. Mas se a estes argumentos adicionarmos
o lado humano da história, eis que tudo ganha outros contornos,
uma vez que o seu gerente, José Baptista, trocou a certeza de
uma carreira fundamentada – e com responsabilidades de venda
em várias marcas líderes do mercado – naquela que é a maior
empresa alimentar do Mundo, a Nestlé, pelo sonho e incerteza de
trabalhar por conta própria. “Em 2008, a Nestlé, ao reorganizar
o negócio de gelados em Portugal, promoveu a criação de uma
rede de distribuidores com diferentes e superiores competências.
Não pude resistir a este convite e a este desafio. Perante os riscos
da mudança de uma carreira sempre em ascensão na maior
empresa alimentar do Mundo, pela incerteza de ser empresário
em Portugal, tomei a decisão que considero hoje a mais certa,
pese embora também a mais trabalhosa”, considera José
Baptista, gerente da J.Baptista, LDA.
Ao assumir uma especialização no canal Horeca, este operador
viu a oportunidade de alargar a sua gama para produtos snacks e
polpas de fruta – que se juntam à gama de gelados Nestlé, bem
como as referências de pastelaria ultracongelada da Casa dos
Profiteroles -, aproveitando a sua capacidade de distribuição em
frio negativo. Operando num regime de distribuição misto, pré-
-venda e auto venda, a empresa tem obtido resultados acima do
mercado e apresenta interessantes níveis de crescimento anuais
que a convertem num singular, e cada vez mais raro, exemplo de
sucesso, sobretudo ao ter-se em conta o fenómeno de transfe -
rência do consumo de fora para dentro do lar. “A aposta da J.
Baptista,LDA, por defeito de formação, foi sempre na qualidade
do seu serviço e, por esta razão, as recentes alterações no mer -
cado não se fizeram sentir com grande intensidade. Obviamente
que as mesmas aconselham à prudência mas a fragmentação
que constitui este canal é, simultaneamente, uma oportunidade
para crescer neste período. A criação de valor neste negócio está
relacionada não só na venda mas, sobretudo, no serviço que
prestamos ao cliente. Podemos afirmar com orgulho que nestes
dois anos a empresa continua a evoluir na sua carteira de clientes
com uma taxa superior a 15%”, reforça.
Razão pela qual o responsável não descura a possibilidade de
alargar a sua rede de influência a outros destinos de Portugal
Continental, ainda que considere o período actual como objecto
de consolidação da sua actividade, cuja área de influência é a
região envolvente da Grande Lisboa.
EXERCÍCIO
Vontade de crescer que não deixa de estar presente, ainda que o
mercado não se encontre propício a grandes riscos. Desafios ine -
rentes à própria actividade comercial que, por vezes, encerram
em si grandes oportunidades, com o gerente da J.Baptista, LDA.
a analisar com alguma prudência as possibilidades de crescimento
em 2010. O que não significa, naturalmente, que o crescimento
não seja um objectivo natural de qualquer empresa, mas com a
devida conta, peso e medida.
Até porque para José Baptista a “evolução do estilo de vida dos
Portugueses reflecte-se no seu comportamento de consumo no
mercado fora do lar. Os alimentos disponíveis e os novos for -
matos de restauração são o melhor exemplo disso. Hoje temos
um mercado insígnias que oferece vários formatos de restau ra -
ção satisfazendo estes novos comportamentos. Há, no entanto,
Ao assumir uma
especialização no canal
Horeca, este operador viu
a oportunidade de alargar
a sua gama para produtos
snacks e polpas de fruta –
que se juntam à gama de
gelados Nestlé, bem como
as referências de
pastelaria ultracongelada
da Casa dos Profiteroles -,
aproveitando a sua
capacidade de
distribuição em frio
negativo. Operando num
regime de distribuição
misto, pré-venda e auto
venda, a empresa tem
obtido resultados acima
do mercado e apresenta
interessantes níveis de
crescimento anuais
uma clara contracção do consumo mas não do estilo
de vida e dos novos hábitos alimentares. Ao observarmos os
níveis de confiança dos consumidores e conjugarmos com as
recentes notícias divulgadas sobre a situação do País, seria
irresponsável da minha parte esperar crescimentos, antes pelo
contrário. Por esta razão a J.Baptista, LDA. tem vindo a analisar
a opor tu ni dade para novas parcerias. A inovação é um elemento
funda mental para continuar a assegurar a nossa imagem e a
nossa presença no mercado”, aponta.
Sinergias que procuram dar continuidade ao trabalho que tem
vindo a ser desenvolvido ao longo dos últimos dois anos, apesar
de a conjuntura económica não ser a mais favorável ao arranque
de novas empresas. Mas, por vezes, os investimentos feitos em
contra-ciclo, desde que devidamente estruturados, podem ter
uma palavra a dizer em determinados segmentos de mercado,
dinamizando a compra e fomentado o consumo. A distribuição
alimentar não é uma excepção a esse a regra.
Qualidade da oferta, confiança nos parceiros envolvidos e credi -
bilidade são alguns dos “ingredientes” considerados necessários
para qualquer negócio, ainda que no actual contexto do mercado
alimentar a qualidade dos produtos não seja, per si, um garante
de vendas asseguradas, continuando a acção humana a ser um
factor decisivo para a concretização de negócios. “Creio que hoje
em dia a qualidade dos produtos não é, por si só, um factor
decisivo de sucesso. O mercado procura produtos credíveis mas,
sobretudo, parcerias credíveis. A confiança adquirida no parceiro
fornecedor/distribuidor de produtos e soluções resulta de um
conjunto de elementos tais como: qualidade das equipas de
vendas, rigor no atendimento, na entrega e consequente esta bi -
lidade nos fornecimentos”, considera José Baptista. Que destaca
ainda o modelo de negócio adoptado “reconhecido pela Nestlé
Portugal” cuja presença, desde o início, no portfólio desta dis -
tribuidora “apoiou a construção da nossa empresa, com o padrão
qualitativo dos seus produtos a reforçar a nossa própria cultura.
Seria ingrato não referir que a presença das marcas da Nestlé
são, sem dúvida, uma mais-valia para qualquer empresa”,
acrescenta.
Ao ter como factor crítico de sucesso o facto de operar com frota
própria, a J.Baptista, LDA. alia à qualidade dos produtos e à
credibilidade das relações uma rede de distri buição eficaz e
precisa, capaz de respon der em tempo útil às necessidades e
solicitações dos seus clientes. Já o armazenamento a frio é da
respon sa bilidade de um terceiro operador que, até à data, tem-se
reflectido como uma “mais-valia” para a empresa. Ao permitir
concentrar investimentos e competências naquilo que é essencial
para a manutenção e elevação da satisfação dos clientes. “Tem
sido uma constante preocupação para esta empresa o controle
de custos procurando sempre parceiros que nos garantam a
mesma qualidade de serviço com menores custos”, conclui o
gerente da J.Baptista.
Afinal, no “mundo moderno”, as sinergias e a optimização dos
circuitos comerciais e logísticos são condições essenciais para
assegurar competitividade e capacidade de resposta. E há, em
Portugal, um conjunto de novas PME’s que se apresentam
capazes de fazer face aos desafios futuros, reinventando modelos
de negócios ou disponibilizando serviços esquecidos no processo
de massificação do consumo. A J.Baptista, LDA. é um interes -
san te exemplo de que é possível crescer em contra-ciclo.
Ao ter como factor crítico
de sucesso o facto de
operar com frota própria,
a J.Baptista, LDA. alia à
qualidade dos produtos e
à credibilidade das
relações uma rede de
distribuição eficaz e
precisa, capaz de
responder em tempo útil
às necessidades e
solicitações dos seus
clientes. Já o
armazenamento a frio é
da responsabilidade de
um terceiro operador
que, até à data, tem-se
reflectido como uma
“mais-valia” para a
empresa. Ao permitir
concentrar investimentos
e competências naquilo
que é essencial para a
manutenção e elevação
da satisfação dos clientes
REPORTAGEM
N.º2/2010 | MARÇO/ABRIL44
Grandes Quintasapresenta-seCom cerca de 600 hectares, 115 dos
quais de vinha e distribuídos por
cinco quintas, a Casa d´Arrochella
integra-se no naipe de uma nova
geração de produtores de vinho da
Região Demarcada do Douro. O
Grandes Quintas Colheita 2007 e o
Grandes Quintas Reserva 2007 são
dois tintos que chegam agora ao
mercado e que procuram fazer a
diferença, explorando as
potencialidades vitivinícolas únicas
da região duriense.
Proveniente das castas Touriga
Nacional, Tinta Roriz e
Tinta
Amarela o Grandes Quintas Reserva
apresenta cor vermelha rubi, com
densidade e profundidade. Segundo
as notas do enólogo Luís Soares
Duarte tem nariz com carácter
Douro, notas mentoladas e florais de
violetas e estevas, prolongando-se
com anotações de especiarias. Na
boca o ataque é contínuo, sendo o
fim muito elegante.
O Grandes Quintas Colheita 2007
provém das vinhas novas da Quinta
do Cerval, utilizando as castas
Touriga Nacional (60 por cento) e o
Alicante Bouchet. Do Vale de
Canivens vieram a Tinta Amarela,
Tinta Roriz e Touriga Nacional,
resultando num vinho com notas de
fruta e baunilha do estágio em
carvalho francês, com boa
intensidade e persistência.
Já o Grandes Quintas Branco chegará
ao mercado um pouco mais tarde e
irá reforçar, a curto prazo, a gama de
vinhos da Casa d’Arrochella.
Quinta dos CarvalhaisEspumante ReservaRosé 2006 Produzido apenas em anos de
excelência, a colheita de 2006
promete deliciar, seja servido
como aperitivo ou a acompanhar
pratos de carne branca, peixe ou
sobremesas. Produzido
exclusivamente de uvas das castas
Touriga Nacional e Encruzado,
oriundas da Quinta dos Carvalhais, a
propriedade da Sogrape Vinhos na
região do Dão, o Espumante Reserva
Rosé 2006 caracteriza-se por uma
tonalidade rosa salmão e uma
espuma muito fina e persistente. Na
boca revela uma acidez estimulante e
equilibrada, e um final de grande
complexidade e persistência. Por
tudo isto, o enólogo
Manuel Vieira comenta: “Este
espumante merece uma dedicação
de corpo e alma”.
Uma disponibilidade regida pela
elegância e sofistificação para ficar a
conhecer o que de
melhor se produz no
Dão. Herdeira dos
saberes antigos, a
nova colheita de
Quinta dos Carvalhais
Espumante Reserva
Rosé 2006
mantém-se fiel aos
princípios que
desde sempre
regeram a
marca –
Elegância,
Intensidade,
Delicadeza e a
Personalidade
única da Região
do Dão.
Quinta de PancasReserva 2007
O novo Quinta de Pancas
Reserva 2007, produzido
na unidade da Companhia
das Quintas localizada na
região de Alenquer e
assinado pelos enólogos
João Corrêa e Nuno
do Ó, é um tinto que
honra a região de
Lisboa, integrando as
castas Merlot
(60%), Touriga
Nacional (30% e
Cabernet Sauvignon
(10%).
Com fermentação a
temperatura
controlada de 30.ºC
e maceração de um
mês das uvas Touriga e Cabernet,
este vinho estagiou 20 meses em
barricas de carvalho francês,
apresentando um teor alcoólico de
13,4.º.
De cor vermelho profundo opaco, o
Quinta de Pancas Reserva 2007 tem
um aroma complexo com notas de
minerais, especiarias, frutos
vermelhos e leve pano de fundo
floral. Na boca apresenta um grande
corpo e concentração com acidez
marcante e um final persistente,
onde as notas de fruta casam com
algumas nuances de vegetal seco.
Especialmente recomendado para
acompanhar carnes assadas e pratos
de carne, deve ser conservado a
temperatura constante de 15.ºC e
servido à temperatura de 18.ºC.
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VINHOS
N.º2/2
010 |
MARÇO/
ABRIL
Altas QuintasMensagem deTrincadeira Altas Quintas Mensagem de
Trincadeira 2007 segue o sucesso do
pioneiro “Mensagem de Aragonez” e
é o 2.º monovarietal do conceito
“Mensagem” de Altas Quintas. Sem
ter um perfil padronizado, Mensagem
é um vinho produzido apenas em
anos com castas de qualidade
excepcional. Assim se nota a
diferença do “terroir” único de Altas
Quintas que resulta na forma de
monocastas, mesmo em castas
difíceis como a Trincadeira, que
surpreenderá o mais expert dos
enófilos.
Com uma produção limitada a 3.300
garrafas, Altas Quintas Mensagem de
Trincadeira 2007 é produzido a partir
de uma selecção de uvas da casta
Trincadeira dos melhores blocos das
vinhas de Altas Quintas, obtido após
fermentação em balseiros de
carvalho francês com temperatura
controlada, seguida de um período
de maceração longo. De cor
granada intensa, Altas Quintas
Mensagem Trincadeira 2007
revela um aroma a frutos
silvestres e a notas de pimentos
vermelhos típicos da casta, tudo
mesclado com notas de café fresco,
especiarias e tosta de madeira.
Na boca mostra-se um vinho de
grande profundidade, com uma
frescura marcante e um final
longo.
Para além deste Mensagem de
Trincadeira 2007, Altas
Quintas brinda ainda à
chegada de Altas Quintas
Colheita Tinto 2006, um
vinho que apresenta uma
cor granada e notas de
frutos negros densos e
condensados
mesclados com notas
de chocolate, café e
tosta da madeira. No
seu conjunto mostra
uma frescura típica
do seu “terroir”,
estrutura, elegância e
uma longa e
agradável
persistência.
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VINHOSN.º2/2010 | MARÇO/ABRIL
Quinta da Dona 2004distinguida A prestigiada revista britânica
Decanter elegeu o Quinta da Dona
2004, da Aliança Vinhos de Portugal,
como um dos 10 melhores néctares
de Portugal. As distinções não ficam
por aqui visto que também a Wine
Detective, Sarah Ahmed, nomeou o
tinto para o Top 50 dos vinhos
portugueses de 2009.
“Só se produz nos melhores anos e
apresenta uma adorável
maturação da Baga, assim como
notas de cereja madura com um
toque mineral”, eis a descrição da
Wine Detective, vencedora do
prémio para a melhor Crítica de
vinhos portugueses do ano de 2009.
Digno representante da Bairrada, o
Quinta da Dona 2004 é
proveniente de uma parcela
com uma excelente exposição
na Quinta da Rigodeira, uma
das propriedades da Aliança
Vinhos de Portugal.
Desenvolvido pelo enólogo
Francisco Antunes,
trata-se de um tinto
equilibrado e bastante
encorpado, de paladar
elegante e com um
final de boca
persistente. De cor rubi
intenso, destaca-se
pelo aroma frutado
com nuances de frutos
vermelhos intensos e
chocolate preto. Ideal
para acompanhar com
carnes de caça.
Visconde de Borba comnovas castas e imagem O vinho Visconde de Borba 2009, do
vitivinicultor Marcolino Sebo, da sub-
região de Borba, Alentejo, apresenta
uma imagem renovada, o que coincide
com a reformulação das suas castas
constituintes, que passam a ser
Aragonês, Trincadeira e Alicante
Bouschet.
Esta renovação decorre de rigorosos
estudos de mercado e corresponde à
vontade de ajustamento ao gosto do
consumidor, que já anteriormente
teve início com a progressiva
introdução de novas castas nas
vinhas e que vai ter continuidade.
Quanto à imagem, pretende-se
marcar, no plano estético, a renovação
do produto, mas sem romper com a
identidade.
O Visconde de Borba tinto 2009,
de 13,5 % vol., tem colheita e
selecção manual de uvas, seguida
de fermentação em cuba de inox
com temperatura controlada e
maceração, a que se segue o
envelhecimento de dois a três
meses em garrafa.
Em nota de prova é um
vinho de cor granada,
aroma fino e elegante onde
sobressaem os frutos
vermelhos e silvestres e
algum floral. Na boca é
macio, redondo e
encorpado, com uma ligeira
acidez a equilibrar o
conjunto. Tem boa
persistência final. Deve ser
servido a uma temperatura
de 16-18ºC e é ideal para
acompanhar grelhados e
carnes vermelhas.
XS Soberanassurpreende crítica Península de Setúbal com raízes
alentejanas, moderno e afirmativo. É
assim o vinho
XS Soberanas 2006. A primeira
colheita deste tinto, uma nova
marca no portfólio das
Soberanas, tem-se revelado um
autêntico sucesso de vendas e
recebidos os melhores elogios.
Lançado no mercado em finais
de 2009, já acumula
excelentes pontuações por
parte da imprensa
especializada. Numa
escala de 20 pontos,
obteve 17 na revista
Wine e 16 na Revista
de Vinhos. Parte agora
à conquista do mercado
externo, com enfoque
no norte-americano e
canadiano.
O XS nasceu com a colheita de 2006,
de vindima manual, e demonstra a
excelência das uvas das Soberanas e
um perfil único. A edição de
estreia assenta num vinho
extremamente equilibrado e de
notável complexidade, com a
qualidade das cinco castas
plantadas nas vinhas do famoso
produtor alentejano (Alicant
Bouschet, Trincadeira, Aragonês,
Alfrocheiro e Tinta Caiada).
Depois de um estágio de seis
meses em barricas de carvalho
francês, estagiou ainda em cubas
de inox e em garrafa, tendo
adquirido uma excelente
complexidade. PVP
recomendado: 8,5€
Adega de Redondoreforçou exportaçãoem 2009 Com mais de dois milhões de garrafas
de vinho exportadas em 2009, a que
corresponde um crescimento de 45%
em relação a 2008, a Adega de
Redondo encerrou o ano como o
segundo maior exportador de vinhos
do Alentejo. Com Angola, Suíça,
Inglaterra, Luxemburgo e EUA a
assumirem-se como mercados
preferenciais, foram, contudo, vinte o
número de países onde foram
consumidas marcas como Porta da
Ravessa, Anta da Serra, Real Lavrador
e Reserva AcR. A exportação
representou 15% das vendas da
Adega de Redondo, que fechou o ano
de 2009 com um volume de
negócios na ordem dos 19 milhões
de euros.
Para o corrente ano, “os objectivos
da Adega de Redondo passam por
ultrapassar a barreira dos três
milhões de garrafas exportadas. É
um objectivo ambicioso, mas em
função da estratégia que estamos a
desenvolver e dos contratos
celebrados, é um número que está ao
nosso alcance”, confidencia João
Vieira de Carvalho, Director-Geral da
ACR.
Com os volumes de exportação a
registarem um crescimento
acumulado de 186% em apenas
cinco anos, João Vieira de Carvalho
não esconde que o segredo do
sucesso reside, “na qualidade e na
consistência dos vinhos que
produzimos, bem como na sua
excelente relação qualidade-preço.
Por outro lado, estes resultados
também resultam do êxito da
política comercial da Adega de
Redondo para os mercados externos
e do excelente trabalho desenvolvido
pelos nossos parceiros nos 20 países
em que estamos presentes”.
A Essência do Vinho voltou a reunir
a produção vinícola nacional que, ao longo de
quatro dias, levou até ao Palácio da Bolsa, no
Porto, 18 mil visitantes. Evento onde a Sogrape Vinhos
marcou presença e do qual faz um balanço positivo,
considerando-o uma peça fundamental para a interacção
entre produtos e consumidores. Rita Vilas-Boas, Directora
de Marketing da Sogrape Vinhos, aborda os principais
pontos da participação na EAV 2010.
TEXTODuarte Cunha
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VINHOSN.º2/2010 | MARÇO/ABRIL
“A Sograpeé hoje, e cada vez mais,
uma empresainternacional”
monia de toda a sua gama, os vinhos da Casa Ferreirinha come -
çaram a aparecer ao público com uma apresentação reno vada.
Primeiro foi Esteva, depois Vinha Grande e até Barca Velha...
Hoje acredito plenamente que o objectivo de veicular uma
identidade visual uniforme e de grande qualidade foi conseguida
e a associação de Casa Ferreirinha a vinhos de tradição e
excelência é cada vez maior.
GC - A Sogrape Vinhos tem vindo a optar no mercado
interno pela introdução de algumas variações das suas
principais marcas, estendendo-as a outras regiões sob a
mesma denominação comercial. É mais fácil introduzir
estas novas variantes do que lançar novas marcas? Esta
aposta é valorizada e reconhecida pelo consumidor?
RVB - O mercado de vinhos está repleto de marcas, pelo que o
lançamento de outras deve ser criteriosamente ponderado. O
alargamento da gama Grão Vasco ao Alentejo, Dão e Douro sim -
bolizou, já em 2005, uma nova
abordagem que tem como prin -
cipal missão facilitar a escolha do
consumidor ao juntar três das suas
regiões preferidas sob a mais-valia
de uma marca de quali dade e
confiança estabelecidas. Com mais
de 50 anos de história, com grande
credibilidade e forte notoriedade,
este passo foi um sinal de vitalidade,
sustentada numa qualidade
consistente ao longo dos anos.
Neste contexto, Grão Vasco como
marca multi-regional é uma mais-
valia para o consumidor.
GC - A internacionalização tem sido uma
aposta con sistente da Sogrape Vinhos.
Este crescimento externo traduz um menor interesse pelo
mercado nacional ou somente uma opção estratégica de
ser uma empresa cada vez mais global?
RVB - Já em 1942, a Sogrape foi fundada com a ambição de dar a
conhecer ao mundo e criar notoriedade para os vinhos portu gueses.
Presente em mais de 125 países, com ope rações próprias nos vários
continentes, a Sogrape é hoje, e cada vez mais, uma empresa
internacional. Portugal, a par de outros, integra o con junto de
mercados estra tégicos para a Sogrape Vinhos e respec tivas marcas.
GC - Que peso tem o mercado nacional e as ex por tações,
res pec tivamente, na facturação da empresa?
RVB - Em 2009, o mercado nacional represen tou cerca de 28% do
volume de negócios da Sogrape Vinhos, enquanto o mercado inter -
nacional teve um peso de aproximadamente 72%.
GC - Que novidades prevêem ainda lançar este ano? 2010
será um ano de mais lan ça men tos e reno vada comu nicação
com o mer cado e o con su midor, ou so mente de desen -
volvimento do trabalho feito nos anos ante riores?
RVB - A comunicação com o mercado e o consumidor tem de ser
constante, e 2010 não será excepção. Para este ano pers pectiva-se
a conso lidação dos projectos pre viamente iniciados e, quem sabe,
outros poderão surgir.
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VINHOS
N.º2/2010 | MARÇO/ABRIL
Grande Consumo - Que balanço faz da
participação na Essência do Vinho 2010? Em
que medida se revela importante a presença
da Sogrape Vinhos neste tipo de iniciativas?
Rita Vilas-Boas - Enquanto empresa produtora de vinhos líder em
Portugal, a Sogrape Vinhos identifica de forma criteriosa os mo -
mentos chave para comunicar directamente com o consu midor. A
Essência do Vinho, assim como outros eventos onde marcamos
presença com as nossas marcas, são essenciais para comunicarmos,
impactarmos e fidelizarmos consumidores. É o momento em que os
vinhos ganham um rosto e as discussões se promovem em torno da
troca de experiências que fazem do vinho um produto tão especial.
Nesse sentido, a edição de 2010 da Essência do Vinho foi mais um
exemplo disso mesmo. Para além da presença habitual das marcas
com vários vinhos para prova e de uma zona exclusivamente de di -
cada a cocktails, em linha com o que tem vindo a ser feito nos últimos
anos, a Sogrape Vinhos procurou oferecer novas e inte res santes
propostas aos visitantes. Assim, promoveu provas comentadas de
vinhos raros, como a vertical de Casa Ferreirinha Reserva Especial,
um “workshop” de cocktails Porto Ferreira e criou o closet Quinta dos
Carvalhais. Neste contexto, o balanço da nossa participação é ex tre -
mamente positivo, com cada vez mais consumidores e clientes a pro -
cura rem e comprovarem a excelência a que a Sogrape Vinhos os
habituou.
GC - O mercado nacional de vinhos necessita de mais
mostras desta natureza, ou o carácter anual da Essência do
Vinho faz com que seja uma referência incontor nável para
o sector?
RVB - A Essência do Vinho é, de facto, uma referência incon tornável,
mas outros eventos há que também o são. Tudo depen de de forma
como queremos estar presentes e quem queremos atingir.
GC - O perfil de visitante do certame é interessante e
representativo para os expositores?
RVB - Uma vez decidida a participação no evento, qualquer visitante
é importante para a Sogrape Vinhos. Quem nos procura é porque nos
quer conhecer, perceber ou reencontrar. Con su midores, clientes ou até
jornalistas, todos merecem a atenção da equipa da Sogrape Vinhos
na respectiva e correspondente abordagem, comercial ou informativa.
GC - A participação da Sogrape Vinhos nesta edição da feira
contou com a apresentação de alguma novidade? Em que
vinhos, ou segmentos, incidiu a sua presença?
RVB - Como sabe, a Sogrape tem um alargado portfólio com origem
nas principais regiões vitivinícolas portuguesas, mas também na
Argentina, Chile e Nova Zelândia. Para o visitante, a grande vanta -
gem de um evento como a Essência do Vinho passa pela disponi -
bilidade deste conjunto de vinhos, alguns deles raros, e pelo acesso a
novidades, como foi este ano o caso de Offley Rosé ou até de Mateus
Rosé Sparkling.
GC - Como avalia o “resytling” operado na gama de vi nhos
da Casa Ferreirinha? Esta medida atingiu os ob jec tivos
propostos e hoje é mais fácil para o consumidor identificar
toda a gama deste produtor?
RVB - Em 2007, a Sogrape Vinhos entendeu que era o momento
de apresentar ao mercado “a nova imagem da tradição”. Com o
objectivo de rejuvenescer a imagem da marca e consolidar a har -
Estes são alguns dos dados avançados pela
mais recente ferramenta de análise sectorial
criada pela APED que, trimestralmente ao
longo deste ano, irá fornecer informações
úteis que permitam compreender melhor a evolução deste
importante sector de actividade. Que, em 2009, viu as suas
Áreas de Saúde crescer uns impressionantes 35% - ainda
que com uma base de comparação relativamente baixa –
atingindo uma facturação de 28 milhões/€, com um
parque de lojas bastante reduzido quando comparado com
os canais tradicionais de comercialização.
Estes espaços apresentam-se ainda como as lojas mais
baratas deste sector de actividade no que à venda de
Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica (MNSRM)
concerne, ao ter como preço médio unitário de venda ao
público uma cifra de 5,52€, constituindo “um exemplo caro
para a APED, uma vez que fomos activos precursores da
sua criação, com resultados que vão de encontro às nossas
expectativas a nível do preço e da satisfação do consumi -
dor”, como assume Vicente Dias, Presidente da APED.
Recorde-se que, no ano transacto, abriram 61 novas
parafarmácias da distribuição moderna.
O Barómetro de Vendas APED 2009 determinou ainda
que, em 2009, o volume de vendas agregado do mercado
de retalho alimentar e não alimentar foi de 17.253 mi -
lhões/€, o que corresponde a um decréscimo de -1% das
vendas face ao período homólogo de 2008. Ou seja, este
exercício acabou por terminar melhor do que inicialmente
se chegou a prever em termos de possíveis quebra nos
níveis de consumo, com o mercado de retalho alimentar a
aumentar vendas em 1% e o não-alimentar a cair 4%.
Estes valores representam o comércio moderno e tradi -
cional.
Em termos de segmentação por canais de distribuição, a
preferência dos consumidores vai para os supermercados,
que continuam a liderar com uma quota de mercado de
43,8%. Os restantes formatos (hipermercados, discounters
e lojas tradicionais) obtiveram quedas de quota de mercado
nos produtos alimentares. Para breve, está a divulgação dos
dados referentes ao primeiro trimestre deste ano.
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A FECHAR
N.º2/201
0 | MARÇ
O/ABRIL
As áreas de saúde das lojas de
distribuição moderna cresceram 35%
em 2009, atingindo os 28 milhões/€
de facturação, o que constituiu a maior
taxa de crescimento deste sector de
actividade. Lojas que se apresentam
ainda como as mais baratas no que à
venda de Medicamentos Não
Sujeitos a Receita Médica diz
respeito, ao apresentar um preço
médio de comercialização de 5,52€.
Dados avançados pelo recém-criado
Barómetro de Vendas APED.
áreas de saúde
35% em 2009cresceram