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ano2 n. 0 especial setembro 78 preço 10.00 revista da uec para a iuventude estudantil «Guerra à guerra, proclamam os jovens de todo o mundo»

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ano2 n.0 especial

setembro 78 preço 10.00

revista da uec para a iuventude estudantil

«Guerra à guerra, proclamam os jovens

de todo o mundo»

Page 2: «Guerra à guerra, proclamam os jovens de todo o mundo» de 1978/1978_09... · em dois grupos: uma parte para o estádio, a outra dirigiu-se às ruas, onde desfilou. A chegada ao

«Guerra à guerra, proclamam os jovens

de todo o mundo»

REVISTA MENSAL DA UNIÃO DOS ESTUDANTES COMUNISTAS

Director: José Castro Caldas Redacção e Administração: Rua Sousa Martins, n. o 8, 3. o - Lisboa Composição e impressão: Heska Portuguesa Distribuição: CDL- R: Pedro Nunes, 9-A - Lisboa 1 Propriedade: Editorial «Avante!»

COMISSÃO REDACTORIAL: Fernando António, Fernando Sintra, Maria João Sequeira, Nô, Paula Garcia, Pedro Dourado, Pedro Rosado, Zé António, Zé Pitacas, Luís Calhau.

Colaboraram neste núme­ro especial: Lia, Géninha, Alice, Manuela Rosa, Maria­na, Barros

, . sumario

EDITORIAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

XI FESTIVAL MUNDIAL DA JUVENTUDE E DOS ESTUDANTES

Grandefestadeabertura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 A bordo do Sobinov . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 Discurso de Abertura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 Círculo Internacional de Estudantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 Tribuna Internacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 Festival da CanÇão Política/Pioneiros no Festival . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 Cultura descolonizada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 lg leu, ouviu ... e escreveu! . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 O A Arte e a Luta pela Paz I Fonte de juventude, Carnaval Cubano, Varadere, a praia mais linda do mundo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 Um milhão de cubanos e delegados na Praça José Marti I Despedimo--nos do Sobinov . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 Apelo à juventude do Mundo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

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Realizou-se em Cuba, de 28 de Julho a 5 de Agosto, o XI Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes, sob o lema "Pela Solidariedade anti-imperialista, a paz e a amizade". Durante esses dias, Cuba foi a casa hospitaleira da juventude de todo o mundo, um centro onde se confraternizou, onde debateram importantes questões da actualidade internacional, onde ficou bem evidente a determinação juvenil de lutar contra o imperialismo. Por intermédio de uma delegação composta por 150 jovens, trabalhadores e estudantes, comunistas, socialistas, e outros democratas, a juventude de Portugal levou a Cuba o 25 de Abril.

No limiar de um novo ano lectivo, em que novas batalhas se aproximam, o XI Festival, onde foi bem expressa a força solidária da juventude portuguesa, em luta por uma nova sociedade.

São imagens desta importante manifestação que Linha Geral apresenta neste número, todo ele dedicado à divulgação do que foi o XI Festival. (Agradecendo, desde já, aos membros da delegação portuguesa a colaboração e o apoio dados para a feitura deste número). Divulgação e reportagem do que em Cuba se passou, esta Linha Geral é também a saudação e o contributo dos que fazem a revista, ao importante convívio dos comunistas e do povo que é a Festa do "Avante!".

"A força não está nas armas, nem nas armas, nem nas leis, nem nas Instituições do estado; está no povo, nas massas, nas convicções revolucionárias e na cultura politica de cada cidadão".

(do XI Festival)

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O primeiro grande acto do Festival era a festa de abertura a realizar no Estádio Latino­-Americano, estendendo-se às ruas de Havana, através do desfile das delegações e a casa de cada cubano, através da reportagem directa pela T.V. Assim a delegação portuguesa, tal como as restantes dividiu-se em dois grupos: uma parte para

o estádio, a outra dirigiu-se às ruas, onde desfilou.

A chegada ao estádio constituiu a primeira surpresa. As bancadas pintadas de cores alegres, grupos corais e orquestrais estavam também distribuídos pelas bancadas e alternavam na execução de

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música popular e revolucionária. O ambiente de convívio e entusiasmo foi assim crescerdo. Ao fundo um quadro humano de milhares de elementos, ensaiava várias figuras.

Cá fora as delegações desfilavam envolvidas pelo carinho entusiástico do Povo Cubano . A delegação

Portuguesa empunhando numerosas bandeiras nacionais, apresentava-se com duas consignas: «A juventude portuguesa saúda a juventude do Mundo, e <<25 de Abril, sempre". Assim se vincava o propósito de solidariedade internacionalista que, partindo

de uma saudação, se cumpria numa promessa de defesa da vitória de Abril, objectivo primeiro daqueles que, em Portugal se empenham no fortalecimento da solidariedade anti-imperialista.

Já anoitecia quando a cabeça do desfile chegou ao estádio. Momentos antes tinha dado entrada na tribuna da Presidência, Fidel Castro.

Durante o desfile que abria com a delegação da RDA, país onde se realizou o X Festival, todas as delegações dos 145 países representados, foram calorosamente recebidas . Muitos aplausos receberam as delegações do Vietnam, do Chile, da URSS, de Cuba e dos países Africanos de expressão portuguesa.

Raúl Castro inaugurou formalmente o Festival, após ter subido no mastro principal a bandeira do Festival ; Juantorena, campeão olímpico acendeu a Pira do Estádio, com o facho que recebeu de Renata Stetcher, atleta olímpica do país onde ser realizou o X Festival. Não há palavras que descrevam o que se passou a seguir. Mais

de 1 O 000 jovens ginastas cubanos , desenharam composições maravilhosas a nível plástico com uma sequência de 50 f iguras diferentes. O entusiasmo crescia a cada momento. Grupos de vozes gritavam palavras em muitas línguas. Esta voz também era nossa, como nossos eram os grandes objectivos do Festival. Não queríamos, por isso, que esta festa de abertura fosse um espectáculo, no sentido em que isso pudesse significar uma divisão entre protagonistas e assistentes. Queríamos isso sim, um acto colectivo que estreitasse o abraço entre os jovens de todo o Mundo e entre estes e o Povo Cubano. Até que ponto isto se tornou realidade, só o compreender quem teve o privilégio de participar. Foi também inesquecível o momento em que ilustrando um exercício plásticamente belíssimo, em que os ginastas aludiam à Revolução Cubana e suas vitórias, surgiu a figura de Che Guevara.

Seria difícil também esquecer aquele composição em que

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participaram 1200 crianças e igual número de membros das Forças Armadas Cubanas. Os militares transportavam as crianças nos braços, formando colunas laterais, enquanto elas desenvolviam os seus exercícios, sugerindo a imagem desta geração de jovens protegendo a liberdade dos mais pequenos.

Espantoso ainda foi o quadro final em que se combinavam milhares de figuras, a luz dos projectores coloridos, o fogo de artifício e a música.

A Festa tinha durado várias horas e ninguém se apercebera disso. No fim, ao sair do Estádio, muitas gargantas roucas tiveram ainda força para cantarem nas ruas de Havana, lado a lado com o Povo. Estava criado o clima e o espírito em que viria a decorrer todo o Festival; estava já afirmada claramente a solidariedade Anti­-lmperialista, a Paz e a Amizade.

Milhares de jovens de 145 países, representando muitos outros milhões, erguiam já a sua «muralha de ombros» O Povo Cubano dava o primeiro abraço de fraternidade.

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Water Polo, uma experiência agradável

O transporte da delegação portuguesa foi assegurado pelo navio soviético Leonid Sobinov, com uma capacidade de 800 passageiros. O barco construído em 54 num estaleiro inglês, tinha tudo o necessário e mais alguma coisa para o bem-estar das delegações a bordo. (Portugal, Malta, Suiça, Espanha, Itália) .

Dois restaurantes garantiam as refeições diárias aos delegados; havia ainda serviços de bar, uma piscina de grande utilidade note-se, um jardim botânico, salões de música e dança, loja com artesanato, um cabeleireiro e barbearia para manter as cabeças bem frescas e ainda os recintos desportivos. Havendo um programa diário de actividades políticas, culturais e desportivas, a todos aqueles locais tinham os delegados acesso.

Também estávamos seguros! Foram treinadas várias operações de salvamento com as delegações. O barco encontra-se também ligado ao satélite artificial "Sputnik", em órbita.

Assistência médica também havia. Uma sala de consultas, uma sala de operações, um dentista e uma enfermaria com 4 camas, constituiam o pequeno hospital aquático. Foram feitas durante a viagem operações ao apêndice e tratamentos com ultravioletas.

Para o desporto contávamos com um campo de futebol, volei e basquetebol, um campo de bagdminton, 3 mesas de ping-pong e tabuleiros de xadrês. Um dia dedicado ao desporto mobilizou muitos delegados, tendo uma equipe portuguesa integrado uma modalidade pouco divulgada entre nós, o Water-Polo, o que por si dá interesse ao facto. A Comissão desportiva da delegação portuguesa organizou com outras delegações presentes a bordo, debates sobre problemas relativos ao desporto.

Os momentos de convívio cultural foram muitos, onde os nossos artistas também intervieram. Os bailinhos e os passeios ao lugar, na amurada, foram intensos, embora não haja notícias de cansaços.

O LG não tem notícias de enjôos, mas muitos foram aqueles que se preveniram.

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Cerimónia inaugural: Juan Torena acende a pirâmide da amizade

Discurso de abertura

Queridos companheiros e amigos:

Com esta extraordinária concentração inicia-se o XI Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes. Uma saudação pois aos seus mais de 25.000 participantes. Bemvindos a Havana, capital da juventude e dos estudantes, capital da Cuba Socialista. Bemvindos a Cuba, terra de José Marti e de Camilo Cienfuegos, de Fidel e de Che, símbolo da resistência ao Imperialismo e da construção de uma nova sociedade.

Nós, os 18.500 delegados que represen­tamos milhões de jovens e de estudantes procedentes de mais de 145 países, reafirmamos aqui a nossa solidariedade act1va e actuante á Revolução Cubana.

Desta tribuna, transmitimos a nossa saudação fraternal ao povo e à juventude de

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Alain Gresh

secretário-gera I

do Comité Internacional

Preparatório do Festival

Cuba: o nosso agradecimento mais sincero pelo extraordinário esforço realizado para que o coração de Havana bata, durante 9 dias, ao ritmo da Juventude do mundo.

E se nós nos sentimos aqui "como em nossa própria casa", nós reafirmamos também a nossa determinação em defender Cuba como a nossa própria casa.

Iniciamos este Festival numa situação nova; grandes transformações se produziram desde 1973.

A mais significativa, a mais importante é a vitória do Vietnam heróico, a vitória dos povos da Indochina.

Em Berlim, como em Sófia pusémos o Vietnam no coração do Festival: como tal consideramos esta vitória como nossa. E queremos aproveitar aqui a presença pela

·18• vez de uma delegação do Vietnam livre,

Socialista e Unificado, para reafirmarmos o nosso apoio à sua luta pela manutenção da sua independência e da sua soberania na luta para construir, como dizia Ho Chi Minh, "um Vietnam mil vezes mais belo".

Outras vitórias marcam estes cinco anos: os Povos das ex-colónias portuguesas se libertaram, o povo Angolano venceu a agressão Imperialista. O regime feudal da Etiópia desapareceu para sempre, em Portugal, Grécia e Espanha cairam as ditaduras fascistas. Consolidaram-se os países Socialistas. Os jovens Estados libertados avançam na sua luta pela indepen­dência económica verdadeira e por uma nova ordem económica internacional. Nos países capitalistas desenvolve-se o Movimento Popular e a união das forças do Progresso. Deram-se passos importantes na via do distensão, nomeadamente com a Conferência de Helsínquia.

Assim se criaram as condições próprias para o movimento de apoio ao XI Festival. E este movimento é mais necessário, que nunca. Ainda são muitos os problemas com que se debate a humanidade. Na África Austral mantém-se o racismo e o apartheid; é negado o direito ao povo Palestiniano de edificar o seu próprio estado; continuam a assassinar e a torturar, as ditaduras do Chile, Nicarágua, Uruguay e Brasil; a distenção é posta em causa; O estabele­cimento de uma nova ordem económica internacional choca com os interesses do imperialismo; a fome, a miséria, o analfa­betismo, são uma realidade para milhões de seres humanos.

Tudo isto o prova: a juventude tem necessi­dade de um grande Festival anti-imperialista. E este Festival, o Festival de Cuba, é um grande Festival.

É em primeiro lugar pelo seu carácter amplo. Nós representamos os jovens dos países Socialistas, desta juventude que assenta as bases de uma sociedade nova, de uma sociedade feita de justiça e fraternidade.

Os jovens dos países capitalistas, que levam a cabo a luta contra os efeitos da crise, que querem deitar abaixo a velha sociedade podre, para levar os seus países na via da democracia e da liberdade.

Os do terceiro Mundo, que acabam com os últimos bastões do colonialismo e põem em causa a velha ordem económica interna­cional, perpetuadora de uma odiosa exploração.

Nós somos Comunistas e Socialistas, Sociais-Democratas e Democratas-Cristãos, crentes e ateus, portadores das esperanças da Juventude.

Nós somos Europeus e Asiáticos, Africanos e Latino-Americanos, reflexo da situação de cada um dos nossos países, da sua diversi­dade.

Cada um de nós brinda com a sua contribuição ao Festival.

A nossa diversidade constitui a nossa força, porque é uma contribuição para sustentar o que nos une.

E podemos desde já dizer que constitui um enorme êxito.

Por isso, VIVA O XI FESTIVAL DA JUVENTUDE E DOS ESTUDANTES!

VIVA A CUBA SOCIALISTA!

VIVA A SOLIDARIEDADE ANTI­-IMPERIALISTA, A PAZ E A AMIZADE!

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Foi de uma vasta diversidade o âmbito das actividades deste círculo.

Comissões de discussão focando os mais diversos aspectos directamente relacio­nados com a condição dos estudantes ou com a problemá­tica mais geral sobre a qual, o grupo social que estes constituem mais frequen ­temente, se vê confrontado; centros de convívio e troca de experiências versando o desporto, arte, cultura , ocupação dos tempos livres, encontros sobre problemas específicos por ramos de ensino; conferências e exposições, foram algumas das áreas de trabalho desenvolvidas.

De todo o conjunto, destaca­remos o conteúdo dos debates das com issões de trabalho principais, que versavam sobre " O papel e as tarefas dos estudantes e das suas organizações na luta anti ­-imperialista , pela paz e o progresso social "; os estudantes e as suas tarefas na luta pela reforma e democra­tização do ensino , contra o analfabetismo, pelos direitos e bem estar dos estudantes e ainda o papel dos estudantes no domínio da cultura, desporto, turismo, intercâmbio, imprensa e informação.

Dos encontros realizados destacamos o dos estudantes do Ensino Secundário, com muitas presenças da delegação portuguesa, bem como os encontros por ramo de Ensino (Pedagogia, Medicina , Economia), em que a nossa delegação se empenhou particularmente.

De resto foi preocupação dos elementos da delegação portuguesa tentar participar no mais amplo leque de actividades neste círculo. Contribuímos com as nossas intervenções e realidade portuguesa nos vários problemas em debate, sal i entando-se a nossa presença na mesa de algumas comissões. Participámos pois na defenição de uma correcta linha de conclusões, resultante dos trabalhos.

No total deste círculo regis­taram-se mais de 50 presenças de delegados portugueses.

Quanto ao conteúdo geral das intervenções produzidas durante os debates pelos delegados dos vários países, bem como das conclusões daí extraídas , ficou bem clara a expressão dos objectivos do Festival, no movimento estudan­til. Para além disso importa salientar a riquíssima experiên­cia que constituiu o contacto e a troca de informações, ideias e conhecimentos com jovens

Círculo internacional de estudantes

Faty el Fadei, secretário-geral da União Internacional de Estudantes, inaugura uma exposição cientifico-técnico na Universidade

estudantes dos diferentes países. É interessante registar a curiosidade com que muitos deles procuravam os estudantes portugueses, nas "conversas de intervalo", da nossa actividade durante o período das impor­tantes transformações reali­zadas pós 25 de Abril.

Pelo que ficou dito, é legítimo concluir-se que a participação do sector estudantil, particular­mente dos directamente ligados

á actividade das AAEE , foi trancamento positivo, mau grado a insatisfação que hoje nos pode fazer dizer "podia ser melhor"!. .. De resto, este critério de auto­-exigência é, ele próprio, positivo e poderá ser um bom factor de melhoramento da qualidade do nosso trabalho em futuros Festivais. A experiência agora colhida foi demasiado rica para se perder, demasiado intensa para ser esquecida.

A Universidade de Havana, onde decorreu o Círculo Internacional de Estudantes

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tribunal acional

Uma importante iniciativa que expressou bem a solidariedade anti-imperialista, entre a Juventude e os Povos do mundo.

Na Academia das Ciências em Havana, edifício onde reunem importantes órgãos do Poder Popular, reuniram-se heróicos combatentes, jovens e veteranos, estudantes e trabalhadores que durante 6 dias, relataram as experiências concretas de intervenção imperialista, o colonialismo, o neocolonialismo, a repressão, as formas de agressão mais subtis.

Luis Corvalán, Yasser Arafat, Rodney Arismendi , Nguyen Thi Dinh (vice­-comandante em chefe das FAL Vietnam) , Fanny Eldemann (presidente da Federação Mundial das Mulheres Democráticas), foram algumas das muitas personalidades amantes da Paz que estiveram presentes, e que enriqueceram as palavras de acusação ao Imperialismo.

As palavras simples de José Benavente, representante do Chile no Comité Internacional Permanente do Festival, antecederam a abertura desta importante e significativa iniciativa. Presidindo às sessões, encontrava-se Hugo Villar, prestigiado jurista uruguaio, entre outros como o conhecido desportista Rolland Mathews da RDA.

Foi este grupo de homens que elaborou a sentença de condenação ao Imperialismo, documento que traduz o sentir e pensar da Juventudo do Mundo, que sintetiza as aspirações e anseios dos Povos. Foram muitas as provas e os factos: Cuba muito próxima da sede do Imperialismo, sujeita ao bloqueio económico, às provocações políticas e militares; depoimentos sobre o terror e a repressão no Chile e Uruguai ; testemunhos da guerra no Vietnam e das atrocidades cometidas pelo Imperialismo e mais recentemente, a intromissão de dirigentes chineses aliados ao grupo dirigente do Cambodja com provocações ao Vietnam Socialista; os ataques ao Povo Saharaui com a intervenção descarada da França, fornecedora de armas a Marrocos e à Mauritãnia; a denúncia do sionismo e do racismo, e muito mais.

Armas apreendidas em Angola, acompanhadas do depoimento de dois mercenários ali presos, comprovaram a agressão imperialista àquele país. Foi dos momentos mais emocionantes no decorrer deste tribunal. Ex-membro da FLEC (Frente de Libertação do Enclave de Cabinda}, Pascual Gomez relatou como foi recrutado e a sua posterior aprendizagem militar no Zaire. "Essas tropas, dedicavam-se a massacrar a população angolana, sendo depois acusado o MPLA; as crianças matávamo-las atirando-as contra as paredes". Mais: disse e;ue não sabia ler nem escrever e que agora na prisão o estavam a ensinar. Outro mercenário confessou a sua participação na guerra criminosa do Vietnam e as suas ligações com Holden Roberto, que declarou ser o elo de ligação em Angola com aCIA.

Vozes dos vários Continentes testemunharam agressões, espancamentos, massacres e seria impossível para nós relatar aqui tudo aquilo que se disse. Muitos testemunhos ficaram por ser lidos, ultrapassaram as centenas, as declarações entregues por escrito.

A participação de Portugal foi significativa, sendo um dos membros da Presidência. Portugal foi também dado como exemplo de uma perda de posições do Imperialismo, modificando a correlação de forças em favor das forças do progresso e da Paz.

O fascismo acusado neste Tribunal Internacional, é o mesmo fascismo que oprimiu o nosso povo durante cerca de 50 anos. O Imperialismo condenado é também o mesmo que procura actuar em Portugal de modo a restaurar o poder do grande capital.

A nossa luta na consolidação da revolução portuguesa e das suas conquistas é uma contribuição significativa, para um balanço ainda mais positivo da luta dos Povos contra a injustiça e a miséria, no ano do XII Festival.

O documento final de acusação será apresentado na Assembleia das Nações Unidas. A esta Organização os jovens do Mundo apelaram para o acolhimento das conclusões do Tribunal, ao mesmo tempo que exigem o fim da agressão Imperialista, quaisquer que sejam as formas que assumam e o direito de cada Povo à autodeterminação.

Nota - «LG» pela importância das declarações prestadas neste tribunal, as actividades da CIA e outros crimes do Imperialismo nos vários continentes, voltará a abordar este tema em futuras publicações.

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festival da cancão política

' . No palco do cinema Acapulco

em Havana, jovens composi­tores e artistas vindos das várias partes do mundo, transmitiram as suas canções e as suas mensagens a um público constituído essencialmente por jovens e povo cubanos.

Muitos foram os artistas e pouco espaço há nestas linhas para fazemos referência a todos. Da América Latina destacaram­- se as participações dos "Quilapayún", dos "Parra e Patrício Castilho" do Chile, "Tatu Guaraná" do Brasil, Daniel Viglietti do Uruguay, entre outros; da Europa nomes como os "ARE.A", Canzoniere de Lázio" de Itália, "Oktoberclub" da RDA e o Grupo "Nikos Makutidis" de Chipre; da África, " Les Anges" do Congo Brazaville; da Ásia ouvimos os Grupo "AI Playadina" do Líbano, além de um grupo tradicional da R.P.Mongólia e outro da fndia; da América do Norte citamos o grupo "Bargain" do Canadá. Finalmente Cuba presenteou­-nos com o magnífico espectá~ulo da Nueva Trova Cubana!

Não há dúvida que, ao ouvirem-se grupos como os "Moncada" ou os "Manguaré" e nomes como Sara González, Sylvio Rodrigues, Pablo Milanés ou Carlos Puebla, se fica com a sensação que há algo de extra­ordindário na Nueva Trova

Cubana! A actuação dos cubanos foi um grande exemplo para todos os outros músicos presentes.

A canção não ficou só dentro do Acapulco; pelos muitos palcos de Havana passaram artistas do Festival, levando a outros cantos o seu trabalho. Um ponto de paragem quase obrigatório para o amador de música era o Anfiteatro do Parque Almendares, que se tomou talvez o mais importante

Centro da Canção durante o Festival. Aí se concentrava o habitual público da Nueva Trova Cubana.

Decerto que quem esteve neste recinto não esquecerá por muitos anos os bons momentos de comunicação havidos, onde o papel da canção realizava plenamente o seu significado. Então todas as vozes, em todas as línguas confluiram na mesma mensagem: Paz, Solidariedade, luta por um futuro melhor.

TERRA ! : NUVEM AMADA NEGRA @CARLOS A4ULO GRUPO 1ROVANTE

& XI FESTIVAL MUNDIAL "" DA JUVEKIUOE E DOS ESTUDANTES

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XI Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes

Canções representantes de Portugal

Um disco a sair brevemente

PIONEIROS

NO FESTIVAL

Portugal esteve presente na "Festa de Verão" que juntou mais de 21 000 pioneiros na sua cidade José Marti em Havana.

Houve danças e cantares, aeromodelismo, campismo e outras actividades desportivas e artísticas representadas pelos mais jovens.

Como recordação eterna do Festival plantou-se o bosque da Amizade. A Rosário Maria foi a monitora que acompanhou a delegação . Muito entusiasmada referiu-nos um momento de grande alegria para toda a delegação; foi quando a Isabel da Luz fez anos e no dia do seu aniversário um núcleo de pioneiros cubanos, organizou uma grande festa de aniversário:

as múltiplas prendas que ofereceram , os dois bolos enormes, a música, o convívio onde ensinaram uns aos outros canções, jogos e as histórias características dos dois países.

"Quanto aos pioneiros vêm bastante satisfeitos: teve grande importância para eles o encontro que tiveram com os responsáveis do Acampamento José Marti, pela alegria, pela decisão e firmeza que estes mostravam pelas suas respostas e explicações. É certo para todos, que toda a experiência que os pioneiros adquiriram em Cuba terá reflexos importantes no seu trabalho posterior" . Foi a Rosário Maria que falou .

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Cultura descolonizada

1 - Imaginemo-nos caídos no centro duma conversa-debate. Numa redução nuclear da grande conversa-debate que foi, neste grande encontro, um dos aspectos mais vivos e interessantes. Dizia-nos um jovem espanhol que o Povo Espanhol era um povo colonizado culturalmente. Eram, como se vê, muitos e variaaos os quadrantes ideológicos e políticos presentes. Pródigo e generoso este Festival...

Mas como esta opinião pode representar o polo extremo de algumas dúvidas ou questões, tentaremos responder como o fizémos na altura. Limitados, contudo. Limitados sobretudo pelo conhecimento necessariamente precário e exíguo de 9 dias e algumas conversas. Escassamente compensado pelo muito esforço de sôfrega observação. Talvez seja útil. ..

2 - Outros aspectos serão tocados noutras partes da revista, nomeadamente o campo da música e do canto. Vaguearemos aqui por um e outro sector, pelo teatro, pelo cinema, o Movimento da Nueva Trova, as artes plásticas, as formas artísticas de expressão popular, o clima de permanente debate teórico.

Salientaremos três traços fundamentais: a profunda originalidade da cultura cubana, o carácter massivo das manifestações culturais, o permanente apêgo às raízes populares dos movimentos e experiências que neste campo se desenvolvem.

3 - Damos a palavra a um cubano ilustre: ••As tarefas que se impõem ao Ministério da Cultura ( .. . ) consistem em orientar a realização prática da linha política da Revolução no campo cultural, apoiando-se nas tradições históricas da nossa cultura e compreendendo que a arte e a literatura, na época actual, se converteram em uma necessidade e um fenómeno de massas».

4 - Tivémos oportunidade de falar com alguns encenadores e homens de teatro importantes para a compreensão do novo teatro cubano: Adolfo Gútkin, sobretudo, homem que desenvolveu em Portugal um trabalho de grande influência, nos anos sessenta, na época de ouro do teatro univers itário. Muitos se lembrarão do encenador do «Melim 4» no Cénico de Direito, do Homem de cultura e do teatro perigoso para o fascismo, expulso de Portugal pela PIDE em 1970. Hoje dirige em Santiago de Cuba uma das muitas companhias profissionais de teatro que actuam na província - o Grupo Teatrova. Um agrupamento de características próprias, experimental, cuja organização e constituição particularmente nos seduziu. Para além dos actores profissionais, trabalham com o grupo poetas, cantores, escritores e músicos. Fundem-se e encontram-se num autêntico complexo artíst ico que confere uma mobilidade espantosa tanto no domínio do teatro stricta sensu como no das actividades para-teatrais ou que dalguma forma o podem

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enriquecer. Dum momento para o outro vi, pelo mesmo grupo, a apresentação de 2 peças e 3 recitais de música e poesia. Nestes recitais a companhia fazia autênticas viagens/demonstração pela cultura e literaturas cubanas.

5 - Outro cubano ilustre: ••Dentro de la Revolution todo, contra la Revolution nada». ••EI arte es un arma de la Revolution».

6 - Dois anos antes da Revolução os artistas cinematográficos cubanos realizaram um único filme. Em 1976 os artistas cubanos do cinema realizaram nada menos de 123 películas. Exemplifiquemos com um seu sector específico: o cinema de animação. Não existia antes da revolução . Hoje o Departamento de Desenho de Animação agrupa os melhores técnicos do país neste sector respondendo às necessidades pedagógicas com uma temática fundamental dirigida às crianças . Acerca das características do seu trabalho Tullio Raggi , um dos homens deste sector, salientou: ••Lo Cubano prima en todo nuestro trabajo. N uestra concepción cromática está determinada por haber nacido bajo un sol que hace arder en colores nuestro suelo••. 1

7 - Na República de 1902 assistiu-se a um renascimento científico e cultural baseado essencialmente na transformação da herança cultural do séc. XIX, em arma política. Um homem se distinguiu neste afã: José Marti.2 A geração que aí nasce é a de maior influência e repercussão nacional e universal.

A obra múltipla de expressão Martiana e Marxista de Juan Marinello. Nicolas Guillén, o primeiro a incorporar totalmente elementos negros na literatura cubana, poeta universal. Alejo Carpentier, homem multifacetado,

O desenho também luta

Um comício de massas é também um acto cultura!

consagrado mundialmente enquanto romancista, aproximando-se do chamado tema negrista.3

Pode-se dizer que esta geração, a que hã < u e juntar os movimentos há volta da revista ••Avante! •• e o grupo Minorista, é um dos grandes elementos responsáveis pela formação de uma identidade cultural nacional e , simultaneamente, universalizante. A primeira consciência cultural e política duma revolução que mais tarde a acolheu, geração de revolucionários de 59.

8 - A cifra de 212 artistas galardoados em diversos acontecimentos nacionais e internacionais nos campos específicos da cerâmica , cartaz político, desenho humorístico, etc., são o melhor atestado do valor dos jovens artistas plásticos cubanos.

Tivemos oportunidade de visitar, em Cubanacao, uma exposição da jovem pintura cubana. Não nos admirou, para além da apreciação artística que não poderemos fundamentalmente sustentar, a variedade de escolas e variantes estéticas representadas, a riqueza formal e o conteúdo revolucionário patente. Como nota diremos que, para além da atenção particular conferida à arte ao longo de todo o ensino, existe por todo o território uma autêntica proliferação de escolas de arte e Casas de Cultura. Mas, a breve prazo começarão a ser instaladas escolas de arte em mais 14 províncias.

9 - O primeiro homem ilustre que nos apareceu neste artigo é Armando Hart Davalos, ministro da Cultura e membro do bureau político do PCC, e o discurso que seguimos , peça importantíssimoa na compreensão do que aqui procuramos demonstrar, foi dirigido ao 11 Congresso da União dos Escritores e Artistas Cubanos (UNEAC) : •• ... As ideias do socialismo científico não são de maneira nenhuma antagónicas com os elementos substanciais da cultura cubana. Pelo contrário. As raízes

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na exposição do cartaz político

populares do nosso movimento intelectual projectam-se no socialismo não como um acto forçado, mas como um passo natural na sua evolução••. Se a linha histórica da cultura nacional está derivada das suas raízes populares e da sua projecção progressista, as ideias socialistas significarão a garantia definitiva do seu desenvolvimento para planos superiores de qualidade.

10 - Ouvi, quase por acaso, uma voz quente e fresca, uma voz estranha mas

Nicolas Gulllén, poeta universal

terrivelmente convincente. Um personagem irreverente: Silvio Rodrigues.

Por volta de 1968 começaram a reunir-se em Havana. Ele, Pablo Milanés, Noel Nicola e outros. Poderemos considerá-los como alguns dos fundadores dum movimento que hoje já correu mundo e que se chama A Nova Trova. Movimento único no mundo pelas suas características e o feito musical de maior relevância em Cuba nos últimos 15 anos.

O primeiro traço distinto a assinalar é o seu carácter massivo. 4 Participam neste movimento cantores profissionais e amadores. Em pouco tempo surgiram por todo o lado.

Na Jornada da Canção Política realizada há pouco em Matanzas participaram mais de cem homens e mulheres cantores (jovens predominantemente).

A origem da sua denominação assenta no fenómeno do trovador provençal e no mov imento de poetas e trovadores, camponeses e artesãos, que iniciam o seu trabalho quase em uníssono com as lutas de libertação nacional, movimento esse no início do século. A sua temática girava à volta da exaltação dos chefes indígenas, da glorificação das paisagens nacionais e da poeticização das suas mulheres. A erupção dos meios de comunicação de massas nos anos 20, não estando interessada na divulgação deste tipo de música, afastou definitivamente estes trovadores.

A Nova Trova fez reviver a essência, o espírito, sem se ater aos seus canonês estilísticos ou formais. A sua atenção está hoje virada para o quotidiano dos cubanos, as suas criações reflectem as inquietudes, lutas e aspirações dos cubanos. As cantigas são de amor ou de conteúdo político-social indistintamente.

Os novos grupos integrantes do movimento como o Grupo Moncada, Grupo de Experimentação Sonora, Manguaré, etc., reflectem uma preocupação ainda mais nítida no campo da busca e da pesquisa baseados na rítmica e diversidade instrumental e sonora populares.

11 - Desde sempre o teatro de fantoches e bonecos acompanhou um pouco o povo cubano nas suas festas e momentos de folia. Hoje o Teatro Nacional de Guignol é a consagração e a garantia de desenvolvimento dessa forma de teatro

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nacional. Foi a revolução quem a consagrou e criou estruturas para tal.

12 - ••Em Cuba toda a gente gosta de basebol, fala dele e é conhecedor do que se deve ou não deve fazer nesta matéria; isto quer dizer que o praticou ou que, em algum momento, o jogou ou viu jogar. Isto é um pouco o que nós queremos realizar. Construir casas sem ter cavado os alicerces é ilógico, e isso é o que, em minha opinião, tem sido o teatro em Cuba durante anos e anos. Pelo que pensamos que, se se fizeram muitas bases, muitos alicerces, as casas se erguerão espontaneamente, e o resultado será métodos teatrais mais orgânicos, mais nacionais, mais profundos».

Tivemos oportunidade de falar com Hermínia Sanchez, directora do Teatro de Participação Popular, depois duma representação da obra «Amante e Penol». Esta obra, escrita por ela, baseou-se na recolha, no próprio porto, de centenas de entrevistas com trabalhadores sobre o que foi a sua vida e o que ela é no presente, quais as suas preocupações actuais, o que pensam sobre o teatro, etc. Depois foram eles próprios quem montaram a peça e são eles que a representam. Um processo de criação colectiva e de participação teatral de massas e sectores populares que apenas tinham usufruído indirectamente e sempre tinham estado desfazados da elaboração cultural. Nesta obra a música joga um papel importantíssimo e é, ela também, elaborada pelo grupo. É apenas uma das experiências deste tipo realizadas por Hermínia Sanchez e Manuel Terraza que se propõem continuar nesta via. Ela tem merecido a maior atenção por parte dos homens do teatro cubano e latino-americano.

13 - Neste sentido seria também útil referir as várias experiências de teatro camponês realizadas em vários pontos do país. Noutra ocasião teremos oportunidade de falar sobre isso não querendo deixar de assinalar, nesta direcção, o Teatro Universitário de Santiago de Cuba. Dessas e doutras experiências nomeadamente as levadas a cabo pelo Teatro Studio e pelo grupo de Teatro Escambray este

Baaeball,em Cuba uma modalidade popular

último talvez o mais conhecido e representante do teatro cubano em inúmeros festivais internacionais.

14 - O outro cubano ilustre citado era Fidel Castro . Um dos actos culturais mais impressionantes e vivos é a participação num comício de massas na Praça da Revolução. Falamos do espírito de participação do povo cubano. Falamos do discurso de Fidel. Falamos de pedagogia revolucionária que se desprende dessas palavras. Do apelo constante à crítica e à autocrítica. Da análise profunda, serena mas firme às condições e perspectivas da Revolução.

Alguns elementos culturais imprescindíveis.

15 - ••Foi assim como se fez a revolução verdadeira em Cuba, partindo dos seus carácteres peculiares, das suas próprias tradições de luta e da aplicação consequente de princípios que são universais. Estes

princípios existem, não podem ser ignorados .. 16 - O companheiro Manuel era motorista

de um dos autocarros postos à disposição da delegação portuguesa para o trabalho normal no Festival :

••As nossas condições de vida alteraram-se completamente. Hoje todo o cubano estuda, todos os trabalhadores estudam. E a confiança que temos em Fidel e nos dirigentes revolucionários é porque ele discute connosco todos os problemas, mesmos os erros que se cometem ...

17 - Há algo de novo, original e profundo nesta ilha.

Só uma verdadeira transformação revolucionária das estruturas sócio­-económicas pode trazer um movimento cultural tão largo. Está por provar que um movimento tão amplo e de carácter massivo seja possível num qualquer país, desenvolvido ou não, do mundo capitalista. Está por provar que, nesses países, o povo detenha, como acontece em Cuba, a sua identidade cultural própria, a liberdade e a possibilidade de desenvolver as suas originais formas de expressão artística.

E este processo que confere ao homem novos horizontes, novas perspectivas. A cultura é aqui livre e concreta, arma privilegiada de transformação do homem rumo a um humanismo, o humanismo socialista.

Notas 1 - «EI joven cine de animacion» artigo de Angel Rivero na revista «Revolucion y Cultura» de Novembro de 1977. 2- «Breve história de Cuba» -Julio de Riverend. 3-idem. 4 - Alguns elementos do artigo «La Nueva Trova - un mivimiento massivo?» de Leonardo Acosta. Revista «Revolucion y Cultura, n.0 63- Novembro de 1977. 5 - Para mais desenvolvimento consultar «Hacia métodos teatrales más orgânicos, más nacionales, más profondos» in Recopilácion de textos sobre el teatro Latino-Americano de creacion colectiva -Se ri e Valoracion Multipile- Casa de las Américas. 6 - Discurso de Fidel Castro pronunciado em Santiago de Cuba nas comemorações do 25.0

aniversário do assalto ao quartel Meneada.

AEROSTATO TRIPULADO ffi. or cosj:hon ~Gtas,9soviéMcos ;:

V I s· d i m i r ,I$ o v,a) i o !'I o k; ·· e Alexander l va~rer~.~ov, à bor~o d~ conjplexo es~aciar< Soliut 6, transmitiram as•!Suas saudações aos participantes · do Festival. ... «Ao voarmos T

sob re a het'õica ilha da Liberdade, ?''transmitimos calorosas saudaçõesSi aos+J melhores representantes dá" jove!Jl g~raçã? d~, Planeta, reuni'dos ' no XI FestivaL Compreeri'demps e estimamos,, os objectivos' e tarefas do '' Festival que .reflectem os• pensamentos e anseios da humanidage progressista;;

N~0rec~~ã0;2 oferecida pelo com·and.ànte do navio, os tradutores. de ,ç,italiano, espa-: ,[!hot,~ português até os nomes pessoais traduzia,m ... ,bons

§;

Um balão sobrevoou a ilha do F:estival, dirigido por jovens da delegação polaca.

Embora voando, a solida­riedade pôde ser também demonstrada. O balão tinha uma dimensão aproximada de 5 andares de um prédio.

lihha geral . ' . VIU, -OUVIU ••• e escreveu!

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Desejamo-vos ,queridos amigos, novos êxitós na· luta pela Paz, a cooperação' inter­n a cJ o n a I , a I i b e r da de e independência dos Povos de• todo o mundo»:

profissionais! · 0 ' tradutor de português ao

,.flavio chamava-lhe motonave. Fomos pois, demotonave para Cuba ... e viémos.

Falar com llm cybano nos primeiros dias era difícil. Hombre é Homem, mas ... Guáguá! As primeiras cami.onet~s que vieram para Cuba tin~am uma 9uzina que 'fazia ••gúá-guá»; hoje temos "este põpular termo no vocabulário cubano.

TIENNE SELLITO? Descer das camionetas,

subir as escadas e uma multi­dão de saias e calças ver­melhas escuras cercavam­-nos: « Tienne sellito?" (tens emblemas?) . Çambio, cambio e mostravam 'o seu emblema para trocar. «De que pays?» Portugal. ••Ah; de ' la tíerra de Vasco!». Assinávamos os nossos nomes em milhares de cadernos; era a forma dos pioneiros cubanos te dizerem amigo.

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a arte e a luta pela paz

Situado nos arredores de Havana, mais precisamente em Cubanacao, o círculo Internacional dos Jovens Artistas decorreu em toda a área do Instituto Superior de Arte. Antes da Revolução era conhecido por outro nome, o Country Club, um famoso clube de milionários. Os seus relvados, arredores e edifícios foram, durante o festival, utilizados para a exibição das mais variadas expressões artísticas.

Os delegados, na sua maioria jovens artistas de todos os países tiveram oportunidade de assistirem em Pedras Grandes - um dos palcos deste círculo - à actuação da delegação Portuguesa através do Grupo Trovante, o poeta Ary dos Santos e Luísa Bastos. Noutro palco e simultâneamente podia­-se assistir á actuação de um grupo japonês de fantoches, um grupo de teatro de Malta na Arboleda Central e o grupo musical chileno "Los Ameríndios" . No dia anterior Alejo Carpentier tinha-nos falado de alguns dos traços mais característicos da sua obra. Teríamos ainda oportunidade de convivermos com um poeta da liberdade, Nicolás Guillén, no espaço de tempo que ele dedicou à leitura de alguns dos seus poemas e à discussão sobre a sua poesia. Mas por todo o lado se respirava um ambiente de manifestação artística espon­tânea: seja através de grupos de

cantores de vários países que neste ou naquele sítio, faziam actuações não programadas, dando pequenos recitais para um pequeno grupo de pessoas que se juntava, seja ainda em debates ou esclarecimentos improvisados.

Ao lado da exposição de pintura cubana, exposta num dos salões, existia um outro onde todos os jovens escultores ou pintores tinham, não só todo o material necessário à sua

O cartaz político na luta pela paz

disposição, como o ambiente propício para realizar os mais diversos trabalhos que pretendessem. Completavam o conjunto de edifícios desse sector, dois outros salões e um longo corredor onde, nos primeiros, era possível admirar uma exposição de artesanato e outra de cartazes cubanos ou frequentar a biblioteca e, no corredor, observar a exposição de jovem pintura de vários países do mundo, nomeada­mente sul-americana. Dos temas debatidos em colóquios previamente preparados pelas delegações salientamos o que tratou da posição do artista e escritor contra a penetração cultural do lmperiallismo, a Literatura e a Arte para as crianças, o folclore, a arte e o fascismo, etc.

O Festival permitiu assim a manifestação, o debate teórico e a troca de experiências entre jovens artistas ou simplesmente entre jovens.

Este círculo foi a atenção dada pela juventude progressista mundial à arte e à cultura e demonstrou a sua importância no contexto da resistência dos povos, na luta pelos ideais da libertação da humanidade e na construção duma juventude mais livre, porque mais imagina­tiva e crítica, menos alienada porque mais preparada para combater o aparelho ideológico burguês e a subtileza dos meios que neste campo o Imperialismo dispõe.

A FONTE DA JUVENTUDE

Os antigos afirmavam encontrar-se no Norte do México ou na Flórida. Agora é realidade e a Fonte encontra-se bem na cidade de Havana.

Inaugurada por milhares de jovens, é um marco permanente da presença do XI Festival na Ilha da Liberdade. Esta obra tem cerca de 7000 m2• Juantorena disse no acto de abertura: "Esta fonte donde jorram águas multicores, confunde-se com uma só massa, como nós, que vindos de diversos cantos do Planeta, nos fundimos nesta praça".

CARNAVAL CUBANO

- É magnífico o Carnaval Cubano;

As cores dos trajos, os carros alegóricos, os gritos e serpentinas, o fogo de artifício. Foi a satisfação e a alegria do povo cubano ao participar neste Festival.

VARADERO, A PRAIA MAIS LINDA DO MUNDO

Nas águas azuis desta deliciosa praia, realizou-se durante 3 dias o Festival Aquático. O ski, os veleiros, barcos a motor e as acrobacias de um jovem parquedista foram espectáculo.

Não faltou, é claro, os banhos que bem refrescantes eram naqueles dias quentes de Havana.

As actividades saíram da água também: houve equitação, jogos de mesa, tiro e muitas outras diversões.

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® A grande festa de encerramento

Acabara o Comício de Encerramento.

Um milhão de cubanos e delegados na Praca da Revolucão José Marti

Centenas de autocarros alinhavam-se para transportar os delegados para a Festa que i ria ser o ponto final do Festival. Lá fomos. Porque, vocês sabem ... trabalhava-se muito durante o Festival e sempre que tocava a uma festinha a rapaziada arregaçava as mangas, abria o melhor sorriso e lá vai disto, que são só 9 dias!. .. A Festa já tinha começado. Não sei se já viram centenas de autocarros rolando, de noite, ocu!)ando todas as faixas de uma autoestrada. E um espectáculo. Ainda por cima, como eram várias filas lada a lado, de uns autocarros para outros, através das janelas, estabeleciam-se as mais exóticas formas de comunicação internacional. Para nós, a incomunicabilidade é coisa que não pega. E íamos a todas, nem que fosse só uma cançãozita e alguma frases gritadas, cuja pureza linguística deixaria muitos que eu conheço, arrepiados. Mas resultava e tudo se ia entendendo. ' '

"Este Impressionante espectáculo de massas demonstrou por si mesmo a força Invencível das Ideias justas"

Até que chegámos ao Parque Lenine, onde se realizava a Festa. Suponho que vocês não conhecem o Parque Lenine (e acho que suponho bem, para vosso azar. .. ). Bem, imaginem uma mistura de bosque aberto (em estilo «Europeu•• temperado com «tropical••); Feira Popular, relvado inglês e estância de repouso (das boas ... ) . Misturem alguns toques de imaginação (à Disney) . Agora ponham lá tambem uma ceia ao ar livre estilo me di eval- romano-tropical-europeu, consoante pense no estilo, na quantidade, na frescura, na variedade, na qualidade. Dêem­- lhes um toque «Pirata•• acrescentando alguns barris de rum pelo meio, espalhados no campo. Bem, agora agarrem os quase 20 000 delegados na flor da vida e no auge da fome (era tarde e o clima puxa pelo apetite) e ponham-nos à solta dentro deste paraíso. Agora parem de imaginar, porque já não conseguem •<Ver•• nem metade.

Mesmo para quem, como jos jovens portugueses, pela sua experiência dos últimos anos está habituado a movi­mentações de massas de grande vulto, esta nã,o deixou de. ser impressionante.

Fidel falou no fim numa intervenção de cerca de 30 minutos, constantemente interrompida pelos aplausos. Fidel expressou a alegria com que o povo cubano tinha preparado o Festival, para o qual foi necessário um gigantesco esforço colectivo.

" .. . O melhordajuventudedomundoesteve no nosso país; lutadores abengados e heróicos, alguns dos seus peitos carregados de medalhas, destacados trabalhadores nas mais diferentes esferas, brilhantes estudantes, eminentes artistas, homens e mulheres de grande valor, talento, entusiasmo, optimismo, na flor da vida ... Todas as causas justas, as mais nobres actividades a que consagra hoje os seus esforços o género humano, estiveram aqui representados" . Fi dei expressou durante todo o seu discurso a vontade firme e profundados povos do mundo." ... Os partidários de levar o mundo a uma guerra nuclear, em vez de se resignarem à Ideia dos homens e dos povo livres de todas as formas de exploração, NÃO PASSA RÃ O!" Manifestou em seguida a posição intransigentemente solidária do povo cubano, às justas lutas dos povos de todo o mundo". Bem tlvéstels ocasião de conhecer bem, durante os vossos

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contactos destes dias, como é o nosso povo, a sua paixão revolucionária, a sua cultura política o seu espírito fraternal e solidário ... Este povo enérgico e combativo que se vem despedir com lágrimas nos olhos das suas mulheres, seus homens e seus filhos, compartilha com todos vocês as esperanças de um mundo melhor e junto com vocês o quer forjar".

Após lembrar algumas das mais importantes lutas que, em todo o mundo se travaram contra o Imperialismo, garantiu: "As justas lutas de todos os povos da América, África, Ásia e Europa, poderão contar, sem vacilações algumas, com as nossas simpatias e apoio".

Terminando diria Fidel: "Jamais desaparecerão das nossas memórias as imagens destes inesquecíveis dias junto a vocês. Sentimo-nos estimulados a ser melhores para estarmos à altura da juventude e do mundo que conhecemos nestes dias. Sentimo-nos mais comprometidos que nunca com a causa da solidariedade anti­-imperialista, a Paz e a Amizade, com a causa da Revolução e do internacionalismo, para sermos merecedores da confiança, do respeito e da solidariedade demonstrada por todos vocês" .

Cá em baixo o povo cubano confraternizava pela última vez com os delegados, envolvendo-os num último e caloroso abraço. Mas a amizade ficou!

Despedimo-nos do Sobinov

Em volta das mesas, num entusiástico convívio e verdadeiro clima de fraternidade, estavam o que Fidel chamava ••os representantes do melhor da juventude do Mundo••. Em cima das mesas estava muito do que eu chamaria os ••representantes•• do que de melhor há para comer e beber do Mundo. Ambas as partes foram dignas uma da outra.

Depois até para lá das 3 horas da manhã foi a alegria, a festa, os jogos e tudo o que o Parque e a criatividade dos jovens tinham para oferecer. E era muito.

Quando chegámos, ainda cedo, o João tinha exclamado: ••O quê? Vamos ficar metidos num Parque até às três da manhã? A fazer o quê? •• À partida o mesmo João dizia: ••O quê? Já nos vamos embora? Mas, são só três da manhã!••

E com alegria que a delegação portuguesa convosco neste Festival foi uma das mais vos recebe no seu país. Durante um dia belas experiências da nossa vida. E se não Portugal será a vossa casa. Bem vindos nos virmos mais encontrar-nos-amos sempre companheiros! nos caminhos da Luta que nos é comum, pela

E hoje também que a delegação portu- Paz, pelaJustiçaSocial,pelaparticipaçãodos guesa se despede de vós. Não queremos que Jovens na construção dum mundo melhor. seja com tristeza. Para nós uma despedida Até sempre, companheiros! trás sempre consigo uma promessa de O Futuro será sempre o nosso lugar de reencontro. Queremos dizer-vos que estar Encontro.

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APELO A JUVENTUDE DO MUNDO '

Jóvens e estudantes do Mundo: O XI Festival da Juventude e dos

estudantes, nova e transcendente jornada do movimento juvenil e estudantil mundial, concluiu-se com êxito.

Sob as bandeiras da solidariedade anti­-imperialista, a paz e a amizade, 18,500 jovens de 145 países, que representamos ma i s de 2.000 organizações e que perfilhamos diversas concepções políticas, filosóficas e religiosas, reunimo-nos no Verão de 78 em Havana, Cuba, rodeados da hospitalidade e do júbilo do seu povo e juventude para discutirmos ampla, franca­mente e democrática os nossos problemas, para nos conhecermos e entendermos mútuamente, falarmos dos nossos êxitos e dificuldades.

Durante estes dias inesquecíveis, reafirmá­mos uma vez mais o activo papel que desempenha a juventude de hoje no mundo.

A humanidade vive momentos de transcen­dental importância. A situação internacional sofreu profundas transformações: o contínuo processo de distensão internacional, a afirmação cada vez mais ampla dos príncipios da coexistência pacífica, o respeito pela independência e soberanias nacionais, a plena igualdade entre os Estados, independentemente dos seus regimes sociais na prática das relações internacionais: Vietnam reunificado, o Imperialismo derrotado na Indochina, o Império colonial Português an iquilado, Angola vitoriosa, a queda para sempre do regime feudal na Etiópia, são radiantes exemplos disso. Todas estas transformações favorecem a luta dos Povos pelas suas legítimas aspirações.

Nós, participantes do Festival repre­sentantes dos países Socialistas, que obtiveram grandes êxitos na construção de uma nova sociedade, dos movimentos de Libertação Nacional, dos países não Alinhados, cujo movimento avança progres­sivamente, das forças democráticas e progressistas dos países capitalistas, saudamos as vitórias alcançadas, que fizeram fracassar a política agressiva do Imperialismo e limitar as suas acções.

Porém o Imperialismo agudiza as contradições na vida internacional empenha­-se em deter a marcha irreversível dos Povos pelo caminho da independênc ia, da Liberdade, da Democracia, a Paz e o Progresso Social, continuando a ser um inimigo principal a combater e a vencer.

LIDO PELA HEROrNA VIETNAMITA VO THI THANG,

NO ACTO DE ENCERRAMENTO DO XI FESTIVAL

Compreendemos perfeitamente que para estabilizar uma viragem até ao melhoramento das relações internacionais, para imprimir ao processo de distenção internacional um carácter irreversível e convertido em Universal, hoje como nunca é necessário liquidar a política imperialista de dominação e posição de força e criar uma barreira definitiva á carreira armamentista, à criação das armas de extermínio massivo, cada vez mais potentes e empreender a realização do desarmamento geral e completo, incluindo o nuclear.

Perante esta realidade e para incrementar a participação dos jovens e estudantes na luta Anti-lmperialista, temos o firme compromisso de reforçar a nossa cooperação e unidade de acção.

DE CUBA CHAMAMOS OS JOVENS DO MUNDO PARA QUE:

Reforçamos as acções em favor da Paz mundial, a distensão, a segurança e cooperação internacionais, o desarme geral e completo e pelo cessar da corrida aos armamentos e das guerras de agressão imperialista. Intensifiquemos as acções de protesto e condenação pela bomba de Neutrões.

Redobremos a Unidade de acção contra o colonialismo, o neocolonialismo, o racismo o apartheid e o fascismo; pelo estabe­lecimento de uma nova ordem económica internacional.

Intensifiquemos a luta nos países capita­l istas contra a exploração, a opressão, a discrimiinação, o poder dos monopólios, pelo desenvolvimento e defesa sucessiva e Universal dos direitos e liberdades Democráticas, por profundas transformações Sociais económicas e Políticas.

Lutemos para que à nova Geração seja assegurado o direito ao trabalho, ao ensino, á educação, o acesso á cultura, ao desporto.

Desenvolvamos ainda mais a cooperação e amizade entre a jovem Geração.

Dentro destes profundos e nobres objectivos:

- Que se fortaleça a nossa solidariedade com a causa dos Povos e Juventude da Namíbia, Zimbabwé e África do Sul nas suas lutas pela independência Nacional!

- Que se fortaleça a nossa solidariedade em apoio aos povos Arabes em especial ao da Palestina, debaixo da direcção da OLP e com os povos do Líbano e Yemem Democrático, vítimas das agressões e manobras imperia­listas, por uma paz duradoura no médio Oriente!

- Que se incremente a solidariedade internacional com o povo e juventude do Chile!

- Que e incremente a nossa solidariedade com os povos da América Latina que enfrentam o fascismo e a reacção; com a causa independentista de Porto Rico; com o povo e juventude da Argentina que lutam contra a ameaça do fascismo , pela democracia!

- Que se condene com toda a energia o injusto e criminoso bloqueio contra o nobre povo de Cuba e a solidariedade para a sua exigência de devolução imediata e incondi­cional da base que ocupa actualmente os Estados Unidos em Guantánamo!

Que o XI Festival permaneça como um pilar destacado dentro da história do movimento dos Festivais Mundiais cujos êxitos e falhas fortaleceram a unidade de acção e cooperação da Juventude Democrática e progressista do mundo.!

- Que se reforçe a nossa solidariedade com todos os povos que lutam pela liberdade e dignidade e o nosso apoio e ânimo para todos os que marcham no caminho da Paz e do progresso social.

Unamos os nossos esforços: - Por novas vitórias dos Povos; - Por novos êxitos do movimento juvenil revolucionário, democrático e progressista internacional;

- Pela Solidariedade Anti-lmperialista, a Paz e a Amizade! Viva o XI Festival!

Cidade de Havana, 5 de Agosto de 1978

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A juventude também ajudou

a erguer esta cidade I

Alguns são ainda os "pioneiros" que vieram com uma ou duas tendas, dar os primeiros passos: continuaram cá, trabalhando até ao fim para que a festa seja hoje esta realidade.

Um camarada que nos falava com grande entusiasmo dizia-nos que o trabalho não é leve, mas "quem corre por gosto não cansa". E é verdade; a jomada começava às 8.30 da manhã e recomeçava às 15 horas, prolongando-se muitas vezes pela noite, quando necessário.

O calçãozinho de banho e o chapéu na cabeça, eram fato de trabalho obrigatório. A Constança trabalhava nos Serviços Centrais: o telefone, as requisições, os

mapas e só terminava o seu trabalho quando os Serviços fechavam, muitas vezes para além da meia-noite ... e levantava-se cedinho. "Aqui as relações de trabalho e convívio são formidáveis. Há tempo para tudo". E era certo. A noite faziam-se projecções de filmes, conversava-se à volta da fogueira, ia-se tomar o café à vila, cantava-se e ouvia-se cantar, etc.

Ao fim da semana era a alegria de muitos mais braços que se juntavam no trabalho e camaradas no convívio; "Ao fim-de-semana era a oportunidade de se conhecerem novas caras, novos amigos, de vários pontos do país. Trocavam-se impressões com variadas profissões", dizia-nos o António Gouveia, estudante de Medicina em Coimbra. "

Mas o dia de trabalho era mais. Era por exemplo um bom duche à tardinha; A ferramenta era entregue ao fim do dia no Armazém e logo se pegava na toalha, no sabonete (alguns de shampôo em punho) e lá iam meter-se debaixo de água. As latrinas apoiavam as necessidades fisiológicas e eram limpas pelos camaradas, com escala de serviço. Enfim, uma disciplina que era saudável e que foi aceite por todos. Por exemplo o Acampamento tinha um regulamento com horas de fechar a.luz e fazer silêncio à noite. Aconselhava-se o campista trabalhador, a deitar cedo e cedo erguer: todos concordaram em reunião nesse regulamento.

A alimentação era assegurada pelos Serviços Centrais da festa que tinham à disposição da juventude um restaurante e boa cozinha. (Nunca houve queixas).

Numa noite encontrámos a comer o Pedro; o Pedro é um veterano, trabalhando no Acampamento desde 24 de Julho; viveu toda a construção da cidade. Teve no entanto alguns acidentes que não o desanimaram (uma infecção no dedo e rotura no músculo), nada de especial como nos disse. Trabalhou a carregar e descarregar camionetas, na montagem de tubos, nos serviços da porta, abria valas e olhem que não é um camarada muito grande. Quando conversávamos: "Ó Pedro preciso de um arranca pregos"- "Tá bem, espera aí. .. "Pronto para o trabalho; com ele todos os outros jovens da UEC e UJC que participaram entusiasticamente no trabalho qas suas iniciativas regionais e locais, ou erguendo os Pavilhões Centrais, as traves da iluminação, os mastros, pinturas, etc.

Assim se fez amizade e festa.