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Shamie Zingore, Lydia Wairegi, Mamadou Kabirou Ndiaye
Guia dos sistemas de cultivo do arroz
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Africa Soil Health Consortium: Guia dos sistemas de cultivo do arrozShamie Zingore, Lydia Wairegi, Mamadou Kabirou Ndiaye© CAB International 2014Esta publicação deve ser citada da seguinte forma: Zingore et al. (2014) Guia dos sistemas de cultivo do arroz. Africa Soil Health Consortium, Nairobi.Esta publicação está sujeita à Licença “Creative Commons” – Atribuição 3.0 Não Adaptada.Licença “Creative Commons” É permitido:• Partilhar–copiar,distribuiredivulgaraobra• Recombinar–adaptaraobra• FazerusocomercialdaobraNas seguintes condições:• Atribuição–Deve-seatribuiraautoriadaobradaformaespecificadapeloautoroupelaentidadequeconcedeualicença(masnãodemodoasugerirqueestesconcedemqualqueravalasi ou ao seu uso da obra).
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•Direitosdeoutraspessoasenvolvidasnaprópriaobraounaforma como a obra é usada, tais como os direitos de publicidade ou de privacidade.
Aviso–Paraqualquerreutilizaçãooudistribuiçãodestaobra,devemesclarecer-seostermosdalicença(http://creativecommons.org/licenses/by/3.0/).Limites de responsabilidadeEmboraosautorestenhamfeitotodooesforçoparagarantirqueos conteúdos deste livro se mantenham correctos no momento da impressão, é impossível controlar todas as situações. As informações são distribuídas numa base de “tal como se apresentam”, sem garantia de sucesso na aplicação. Nem os autoresnemoeditorserãoresponsáveisporquaisquerprejuízosoudanosquepossamtersidocausados,peloseguimentodirectoou indirecto das orientações constantes neste livro.Sobre o editorA missão do Africa Soil Health Consortium (ASHC) é melhorar osmeiosdesubsistênciadospequenosagricultoresatravésda adopção de abordagens de maneio integrado da fertilidade dossolos(MIFS)quelevemaumaoptimizaçãodaeficácianautilização de fertilizantes. OslivrosdoASHCpodemseradquiridoscomdescontosespeciaisparacomprasemgrandesquantidades.Ediçõesespeciais, traduções para língua estrangeira e excertos podem ser solicitados.ISBN(e-book):9781780645957 ISBN(versãoimpressa):978-1-78064-552-0 ComposiçãotipográficadeSarahTwomey
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Endereços dos autores
Shamie ZingoreInternationalPlantNutritionInstituteICIPEcompoundDuduville-KasaraniP.O.Box30772-00100NairobiKenyaszingore@ipni.nethttp://ssa.ipni.net
Lydia WairegiCABIP.O.Box633-00621NairobiKenya [email protected]/ashc
Mamadou Kabirou NdiayeAfricaRice-SenegalStationBP96,Saint [email protected]
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Agradecimentos
AproduçãodesteguiafoifinanciadapelafundaçãoBill&MelindaGates. Gostaríamos de agradecer às seguintes pessoas e entidades: Aos agricultores pela informação facultada e por permitirem fotografarosseuscampos;aJimmyLamo(NaCRRI)noUgandapelas informações prestadas e pela organização de uma visita aoscamposdearrozduranteaqualforamtiradasalgumasdasfotografiasutilizadasnestaobra;AShamieZingore(IPNI),GraceOmondi(CABI),JillRischbieth(CABI)eLydiaWairegi(CABI)pelasfotografiasconcedidas;AoIPNIporpermitirousodefotografiasdecarênciasnutricionaisarquivadasnasuabiblioteca;A Keith Sones pela edição deste guia ÀsinstituiçõesIPNI,AfricaRiceeCABIpelotempoconcedidoaosautores para escreverem este guia.
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Índice
1. Introdução 1
2. Sistemas de cultivo do arroz 4
3. Condiçoes para o crescimento do arroz 8
4. Preparação do terreno e instalação da cultura 11
5. Maneio da cultura do arroz 25
6. O que pode correr mal 53
7. Análise económica da produção do arroz 67
8. Tabelas de referência 70
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1. Introdução
O presente guia faz parte duma série produzida pelo Africa SoilHealthConsortium(ASHC)destinadaaosprofissionaisdeextensão rural. A série abrange também sistemas de cultivo de banana-café,odomilho-leguminosas,odamapira/mexoeira-leguminosas,odamandiocaeopresenteguiaquesededicaaocultivodoarrozemterrasaltasnão-irrigadaseemterrasbaixasnão-irrigadaseirrigadas.Osprofissionaisdeextensãoruralirãoreconheceresteguiacomo sendo particularmente útil para o aconselhamento dos seusclientesàmedidaqueestesmudamdosistemadecultivotradicional de subsistência para sistemas mais orientadas para o mercadoatravésdaintensificaçãosustentáveldaprodução.Esteguiapretendecompilar,numasópublicação,todaainformação necessária para o alcance de maiores rendimentos de umaformasustentáveleeconomicamenteeficiente.Embora os esforços do ASHC sejam particularmente dirigidos paraocolmatardasnecessidadesdospequenosagricultoresemÁfrica, este guia poderá também ser útil a exploração agrícola orientadas para o mercado, emergentes ou já estabelecidas.A missão do ASHC é melhorar os meios de subsistência dos pequenosagricultoresatravésdaadopçãodetécnicasdemaneiointegradodafertilidadedosolo(MIFS),deformaaoptimizaraeficiênciaeeficáciadousodosfertilizantes.AsrecomendaçõescontidasnesteguiasãofundamentadasemprincípiosdoMIFS.O objectivo geral deste guia é dar recomendações simples e práticasaosagricultorescompequenasemédiasexploraçõesparaqueestesconsigamintensificarassuasproduções,eobterrendimentosde80%dorendimentomáximopotencial,aparcom
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uma diminuição dos custos unitários de produção, aumentando assimarentabilidadedosistemaagrícola–namaiorpartedassituações, tentar alcançar o rendimento máximo potencial não é economicamenteeficiente.Amédiadosrendimentosactualmenteobtidos e dos potencialmente alcançáveis para os três sistemas principaisdecultivodoarrozestãodescritosnaTabela1.
Os rendimentos actualmente obtidos são limitados por múltiplos factoresquereduzemaprodutividadedoarroz.Deformaamelhorar os rendimentos da cultura e o lucro do agricultor, um conjunto de “boas práticas” deverá ser aplicado desde a preparação do solo até à colheita e à conservação do grão na fasepós-colheita. As boas práticas incluem:•Boapreparaçãodosolo• Utilizaçãodesementedeboaqualidadeedevariedades
melhoradas• Utilizaçãodeumadensidadedeplantascorrectaduranteo
transplante ou sementeira•Sementeira/plantaçãoatempada(o)•Mondaeficazdasplantasinfestantesnasalturascertas•Maneioeficazdaspragasedoenças• Maneioeficazdaáguadeirrigação,comespecialatençãopara
a manutenção dos níveis correctos de água nas diferentes estágios de crescimento e desenvolvimento da cultura (no caso de sistemas de regadio)
• Utilizaçãoadequadadefertilizantesquímicoseboagestãodosresíduos das culturas e outros materiais orgânicos disponíveis.
• Colheitaatempadaecorrecta,usodepráticaspós-colheitacorrectas.
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Tabela 1: Rendimentos do arroz das zonas altas (sequeiro) e do arroz de sequeiro das baixas (não-irrigado) e da planície irrigado.
Sistema de produção de arroz
Rendimentos médios actuais
Attainable yields with ‘best practices’ (tonnes
per hectare)Arrozdazonaaltanão-irrrigado
1 3.5-4
Arrozdasbaixasnão-irrigado
2.5 3-3.5
Arroz da planície irrigado 5 6-8
Este guia dos sistemas de cultivo do arroz contém informação sobre estas “boas práticas” e sua aplicação de forma a permitir aos agricultores a obtenção de melhores rendimentos nos sistemasdearrozdasbaixas,não-irrigadoeirrigadoenosistemade arroz da zona alta.
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2. Sistemas de cultivo do arroz
Existemtrêssistemasprincipaisdecultivodoarroz(Foto1):
•Arrozdaplanícieirrigado
•Arrozdesequeirodasbaixas
•Arrozdesequeirodazonaalta
Umquartosistemadeprodução,arrozdosmangaispantanosos,nãoédescritonestaobraporrepresentarapenas6%daáreadeprodução do arroz.
Nota:‘Arrozdaplanície/zonabaixa’refere-seaumatécnicadeprodução (arroz cultivado em terrenos naturalmente alagados ou irrigados)enãoàaltitude:aproduçãode“arrozdaplanície/zonabaixa” ocorre até altitudes de 2000 metros acima do nível do mar.
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Tabela 2: Características principais dos três sistemas de produção
Arrozdesequeirodazona alta
Arrozdesequeirodaplanície/zonabaixa,
Arroz da planície, irrigado
%estimadadaárea global sob cultivo do arroz no mundo
10 30 60
%estimadadaprodução total de arroz no mundo
5 20 75
%daáreatotal 40 46 14destinada ao cultivo do arroz em África
20 47 33
%daproduçãototal de arroz em África
Zonas altas, desde os vales com pouco declive até encostas com declives acentuados.
Zonas pantanosas, áreas planas queconcentramnaturalmente muita água.
Planíciesdeinundação,nos fundos dos vales e em campos em terraços onde exista águasuficienteeinfra-estruturas de controlo daáguaquepermitama rega.
Culturas e rendimentos anuais.
1 cultura por anoRendimentosmaisbaixos e mais variáveis queosobtidosemarrozdaplanície/zonabaixa.
1-2culturasporano.Umaculturadearroze outras culturas diversas. Rendimentosmaisbaixosdoqueosdoarroz irrigado.
1-2culturasporano.Obtém-serendimentosmais altos.
Água O solo não está coberto com água durante a maior parte do período de crescimento da cultura.
Solo submerso durante parte do período de crescimento da cultura, dependendo da chuva e do nível do lençol freático.
Lâmina de água controlada, cobrindo o solo durante a maior parte do período de crescimento da cultura. Maneio activo da água de regadio.
Principaisfactoresqueafectam o rendimento
Riscoelevadodeseca. Agricultura de subsistência: baixo nível de uso de insumos agrícolas
Competição por parte das plantas infestantes e o risco de seca reduzem o rendimento.
Baixos riscos de perda da cultura dão mais confiançadoagricultorna compra e uso de insumos agrícolas.
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Figura 1: Ecologiadazonaaltaedazonabaixanão-irrigadaseirrigadasondesecultivao arroz.
Arrozdesequeirodazona alta
Arrozdesequeirodaplanície/zonabaixa,
Arroz da planície, irrigado
Principaispráticas de Maneio
Não se faz a lavoura de solo alagado nem se rega, o solo não é submerso intencionalmente. Sementeira “a lanço” ou em linha em solo seco antes ou durante o período de chuvas.
Soloslavradosapósoinício das chuvas. Marachas são feitas para conter a água mas semusodequalquermétodo de maneio activo da água. Transplantaçãodeplântulas ou sementeira directa em solo seco ou lavrados sob alagamento (puddling)
Lavourado solo alagado. Técnicasdetransplanteou sementeira directa.Gestão dos níveis da água ao longo do período de crescimento da cultura.Monda mecânica de plantas infestantes.
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A B
C D
Foto 1. Arroz cultivado em 3 sistemas. (A)Regiõesdemontanha,solobemdrenado(Foto:CABI)(B)Baixasnãoirrigadas(sequeiro),maneiolimitadodaágua(Foto:CABI)(C) Planícieirrigada,bommaneiodaágua(Foto:CABI)(D)Arrozirrigado–canaldeirrigação(Foto:CABI).
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3. Condiçoes para o crescimento do arroz
Tipos de soloO arroz pode crescer numa vasta gama de tipos de solo. Solos com boa capacidade de retenção da água são os mais indicados e, portanto, os solos argilosos com valores elevados de matéria orgânicasãoosideais.Todavia,soloscomelevadoteoremlimosãotambémadequados.Solosarenososnãosãoosmelhorespara a produção do arroz.
pH do solo:Oarrozdesenvolve-semelhoremsoloscompHente6e7,ouseja,solosdepHquaseneutro,nemmuitoácidosnem muito alcalinos. Contudo, o arroz da zona baixa pode ser cultivadoemsoloscomvaloresdepHentre4e8.
OpHdosolotorna-semaisimportantenocasodoarrozdazonaalta.Nestascondições,quandoopHémuitobaixo(muito ácido), existe o risco de toxicidade por alumínio e de baixadisponibilidadedefósforo(ofósforoéessencialparaodesenvolvimentodaraizeafilhamentodaplantadoarroz).
Naproduçãodoarrozdaplanície/zonabaixanão-irrigado,atoxicidadeporferro(Fe)éoproblemanutricionalquemaislimitaorendimento. A toxicidade por ferro ocorre em solos ácidos e pode ser gerida pela calagem e pela utilização de variedades tolerantes à toxicidade por ferro, entre outras técnicas.
Naproduçãodoarrozdaplanícieirrigado,emqueossolosseencontram submersos por longos períodos de tempo, o pH não costumaserumproblema.Solossubmersostendematornar-seneutros independentemente de terem sido ácidos ou alcalinos antes de ser irrigados para o cultivo do arroz.
Condições climáticas1Afilhamentoéoaparecimentodenovosrebentosapartirdabasedocauledaplantadoarroz.
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Oarrozprecisadeumclimaquenteehúmidoecommuitaluminosidade.
Pluviosidade: Em média, são necessários 200 mm de chuva por mêsparaoarrozdaplanície/zonabaixae100mmdechuvapormêspara o arroz da zona alta.
Asfloresabremduranteamanhãsendo,portanto,melhornãohavercoincidênciaentreafloraçãoechuvamatinal.Porexemplo,naAfricaOcidental, variedades de ciclo curto semeadas no início de Julho tendemafloriremSetembro/Outubro,numafaseemqueaquedadechuva matinal é menos provável.
Temperatura: Se as temperaturas forem muito elevadas (acima dos 35°C)asfloresnãoformamsementes.Seastemperaturasforemmuitobaixas(abaixode15°C)ocrescimentoélentoeasplantasdeixamdeflorir.Ointervaloóptimodetemperaturavariaentre20°Ce30°Capesardoarroztolerartemperaturasdiurnasdeaté40°C.Atemperaturaóptimaparaafloraçãoéde22a23°Ceparaaformaçãodegrãoéde20a21°C.
Luminosidade: Oarrozdesenvolve-semelhoremdiasdeelevadaintensidadeluminosa,especialmentenosúltimos45diasatéàcolheita,emquepelomenos6horasdeluzdiáriasãonecessárias.
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Aspectos chave • Oarrozdesenvolve-semelhoremsoloscomboacapacidade
de retenção de água, isto é, em solos argilosos ricos em matéria orgânica.
• OpHóptimoparaocrescimentoéentre6e7,emboraoarrozdaplanície/zonabaixapossasercultivadoemsoloscompHentre4e8.
• Aquantidadedechuvanecessáriaécercade200mmpormêsno arroz da zona baixa e 100 mm no arroz da zona alta.
• A produção de arroz é seriamente reduzida com temperaturas abaixodos15°Couacimados35°C.
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4. Preparação do terreno e instalação da cultura
Preparação do terrenoOs objectivos a atingir pela preparação do terreno para o cultivo do arroz incluem o controlo das infestantes, criação de uma boa cama para as plantas do arroz se desenvolverem, obtenção de uma boa estrutura do solo e incorporação dos resíduos das culturas no solo.
Alavouraprofundadeveserevitada.Umaprofundidadedemobilizaçãodosolode15a20cmésuficienteparaoarroz:alavoura profunda pode levar a um deslocamento da camada mais fértildosoloparazonasprofundasàsquaisoarroznãoconsegueaceder. A lavoura deve ser seguida pela gradagem.
O arroz da zona baixa, dado o seu método de cultivo em campos alagados,émaisfacilmentecultivadoemterrenosquasenivelados.Camposlocalizadosemencostasdeclivosasouquetenham uma superfície irregular, devem ser nivelados para um declivemenorque1%(umaquedade1mporcada100mdecomprimento)quepermitaqueaáguadealagamentoatinjaamesmaprofundidadeportodooterreno(Foto2).Duranteonivelamentodeumnovocampodecultivo,acamadasuperficialdo solo deverá ser recolhida e deslocada para outro local, o subsolo deverá então ser nivelado seguido da devolução da camadasuperficialdosoloàsuaposiçãoinicial.Emcamposnivelados há bastante tempo, o nivelamento é feito pela lavoura egradagemdosolo.Deformaalternativa,pode-seerguerdiquespara separar a parcela em várias secções niveladas (com cotas de nível diferentes).
A preparação do solo também varia dependendo se o arroz é inicialmente produzido num viveiro e depois transplantado ou se é directamente semeado no campo de cultivo.
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Arroz da zona baixa: Apreparaçãodoterrenofica-sepelagradagem no caso da sementeira directa. No caso da preparação do terreno para transplantação, esta mobilização leve é seguida de“puddling”.“Puddling”significalavouradosoloalagadoquesefaz com o objectivo de criar uma camada compacta para reduzir a perda de água por percolação até o lençol freático. Este tipo de lavouraemsoloalagadoéparticularmenteeficazemsolosargilosos.
Arroz da zona alta:Apreparaçãodoterrenofica-sepelagradagem.
QuandoopHdosoloébaixo(ácido),devefazer-seacalagemdurante a preparação do solo, de forma a atingir os valores de pHóptimos.Aacidezdosolopodereduziradisponibilidadedenutrientes,especialmentedofósforo,ecausartoxicidadeporalumínio em solos da zona alta e toxicidade por ferro em solos das baixas. Cerca de 2 toneladas de calcário por hectare são necessários paraaumentaropHem1unidadeemsolosargilososenquantoqueumamenorquantidadeénecessáriaemsolosfrancos.
O calcário deverá ser distribuído “a lanço” e depois incorporado no soloaté15ou20cmatravésdalavoura.
Escolha das variedadesDevemseleccionar-sevariedadesdoarrozcomcaracterísticasadequadasàsexigênciasdosmercados,porexemplo,variedadesde grão branco se o objectivo for para enfarinhar e vender para consumo ou grão amarelado se o objectivo for a paraboilização.
Avariedadedevesertambémadaptadaàscondiçõesecológicaslocais e deverá ter as características vegetais desejáveis, por exemplo,nocasodacolheitamanual,deveoptar-seporumavariedade com altura de cerca de 1.1 m à maturação. A variedade deverá também ter um elevado potencial de rendimento.
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Foto 2. Preparação do solo. (A)Construindomarachasparaomaneiodaágua(Foto:CABI) (B)Tractorespodemserusadosparaconstruirasmarachas(Foto:CABI)(C) Emsistemasirrigados,osolopodeserlavradoquaselogoapósacolheita,seguidodaplantaçãodaculturadearrozseguinte(Foto:CABI)(D) O nivelamento do terreno pode serfeitomanualmente(Foto:CABI/IPNI)(E) Campo bem preparado para o arroz de regadiodevesernivelado,oníveldaáguadeveseruniforme(Foto:CABI)(F) Campo mal preparadoparaoarrozderegadio.Aalturadaáguanãoéuniforme.Oafilhamentoseriareduzidoseoarrozfosseplantadoamaisde3-4cmdeprofundidade,aculturanãosedesenvolveriadeformauniforme(Foto:CABI).
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Selecção da semente e sementeira/plantaçãoAsementepodeserproduzidapelopróprioagricultor,reservadadacolheitadoanoanterior,oupodeseradquiridadeprodutoresde semente ou de empresas de comercialização de semente.
Épreferívelutilizarsemente“nova”deformaaassegurarqueestaé limpa e toda ela de uma variedade desejada. A utilização duma mistura de semente composta de várias variedades deve ser evitadaporquediferentesvariedadestemdiferentesperíodosdematuração,oquepodecomplicaracolheita.
Asementedealgumasvariedadesnãogerminabemquandosemeadaimediatamenteapósacolheita,enecessitadeumperíododearmazenamentopré-sementeira.Esteperíododuranteoqualagerminaçãodasementeébaixaéchamadode“período de dormência”. Algumas variedades tem um período de dormênciade2-3semanasapósacolheita.Nocasodesequerersemearsementerecém-colhida,devequebrar-seadormênciaatravésdasecagemdasementeaosoldurante1-2dias.
Antesdasementeira,devefazer-seumtestedegerminação.Paraisto,100grãosdearrozdevemsercolocadossobrepapelembebido num recipiente impermeável.
A contagem das sementes germinadas deve ser efectuada aoquintodia.Paracalcularataxadegerminaçãoutiliza-seaseguinte formula:
%germinação= Número de sementes germinadas X 100Número de sementes semeadas
Depreferência,astaxasdegerminaçãodeverãoserentre80%a100%;seabaixode60%oagricultordeverátentarobtersementemais “nova” ou, de forma alternativa, ajustar a densidade de sementeira de forma a compensar a baixa taxa de germinação da
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semente.Porexemplo,seadensidadedesementeiraidealforde80kgporhectareataxadegerminaçãodeapenas60%,aquantidadedesementeautilizarporhectarepassaaserde80kgx(100/60)=133kg.
Antes da sementeira, a semente deverá ser peneirada de forma a removerapalha.Pararemoverosgrãoocosasementedevesercolocadaemágua:osgrãossecosvãoflutuar,podendoassimserremovidos.
A semente do arroz pode ser aplicada ao solo directamente comogrãosecooucomosementepré-germinadaou,deformaalternativa, a germinação das plantas poderá ocorrer num viveiro sendo depois transplantadas para o campo. Cada uma destas opções tem vantagens e desvantagens e a sua utilização deverá depender do sistema de cultivo e das diferentes condicionantes (tabela 4).
Sementeira directa: Esta prática é sempre utilizada no caso do arroz da zona alta mas também pode ser utilizada no arroz da zona baixa.
No arroz da zona alta, a sementeira do grão seco pode ser feita “a lanço” ou através da sementeira em linha. No caso da sementeira em linha, as sementes podem ser colocadas em covachos ou em sulcos. No caso de sementeira a “lanço” deverão ser aplicados 80-100kgdesementeporhectare.Nocasodasementeiraemcovachos,oespaçamentoentreestesdeveráserentre20a30cm(entrelinhasenalinha),devendosercolocadasentre2a3sementes por covacho: esta técnica implica a utilização de muito menossemente,ouseja,cercade40-50kgporhectare.Nocasodasementeiraemsulcos,estesdeverãodistanciarentre25a30cmentresieasementedeverásercolocadaacada5cmalongo
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do sulco: esta técnica requerumaaplicaçãode75-80kgdesementeporhectare.Apósasementeira“a lanço” a semente é coberta, pelo uso de maquinariaagrícola,comopor exemplo uma grade em “espinha de peixe”. No caso da sementeira em linha, a distância entre as linhas deveserdeterminadapelalarguradoequipamentodemondadeplantas infestantes.
Nocasodoarrozdaplanície/zonabaixa,sequeiroouirrigado,asementeira“aseco”(aplicaçãodegrãoseco,ougrãonãopré-germinado, a solo seco ou húmido) pode ser feita em linhas ou a “lanço”. No caso da sementeira em linhas deverão ser utilizados cercade80kgdesementeporhectare.Nocasodesementeiraa“lanço”deverãoseraplicados100-200kgdesementeporhectare.
Nota: No caso de problemas de seca ou baixo controlo das reservas de água de irrigação, a transplantação de plantas de viveirotorna-sepreferívelàutilizaçãodesementes.
Transplantação do viveiro para o campo: A transplantação de plântulas de arroz é uma das opções dos sistemas de cultivo da zona baixa. Neste caso as sementes são semeadas num viveiro e depois transplantadas para o campo.
Viveiro para a produção de plântulas do arroz
Oviveiropodelocalizar-senoprópriocampodecultivo(Foto3)ou
Foto 3. Oviveiropodeserinstaladonoprópriocampodecultivo(Foto:CABI/IPNI)
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Foto 4. Pré-germinação da semente (A)a.Obtenhaarrozpaddybemlimpo(Foto:CABI) (B)Laveasemente.Removaosdetritoseassementesàsuperfíciedaágua(flutuando)(Foto:CABI)(C)Imirjaasementeemáguapor24horas(Foto:CABI)(D)Após24horasremovaaágua(Foto:CABI)(E)Coloqueasementenumsaco(Foto:CABI)(F) Façaosacorolarcomasementedentro.(Foto:CABI)(G)Coloqueosacodentrodeumbaldeoudeoutrorecipiente(Foto:CABI)(H)Asementepodeficarnobaldepor24horas(Foto:CABI)(I)Verifiqueacondiçãodasementeperiodicamente(Foto:CABI)(J) Se a sementeficarmuitoseca,adicionemaiságua(Foto:CABI)(K) Sementes em germinação (Foto:CABI).
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emqualqueroutrosítio:nalgumascomunidadesdeproduçãodearroz existe apenas um local onde todos os agricultores instalam os seus viveiros.
Nocasodesepretenderinstalarumviveironoprópriocampodecultivo,deveescolher-seumlocalpertodocanaldeirrigaçãodeforma a ter acesso facilitado à água.
Devidoaoriscoimpostopeladoençadovírusdamanchaamareladoarroz(RYMV)épreferívelinstalaroviveirolongedasbermasdo campo de cultivo devido ao risco de infecção pelos insectos quevivemnesteslocais.Asplantasinfestantesdesenvolvem-semuito nas bermas dos campos, por estes locais estarem sempre húmidos em virtude da sua proximidade aos sulcos de drenagem, fornecendo um bom habitat aos insectos transmissores da doença.
Existem três métodos principais na produção de plântulas de viveiro:
1.Sementeiradegrãoseconumacamadesementesecaqueédepoisalagada.Asplantasquecrescemnestascondiçõestêmraízesmaisprofundas,oqueastornamaisdifíceisdearrancare transplantar.
2.Sementeiradegrãopré-germinadonumacamadelamahúmida.Asplantasquecrescemnestascondiçõestêmraízesmenos profundas e são portanto mais fáceis de transplantar. A sementeira pode ser feita a “lanço” na cama de lama húmida poupando tempo e trabalho. Se a cama da semente tiver a largurade1m,devesemear-secercade1kgdesementeporcada 10 m de comprimento.
3.Sementeiradetapeteparaoqualváriasmodificaçõesao
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Foto 5. Plântulas numa cama de sementes. (A) Sementes cobertas com folhas da bananeira para prevenir a secagem da superfície da semente durante a germinação (Foto:CABI)(B) Evite cobrir a cama da semente com palha de arroz ou palha de infestantes.Estapalhapodecontersementequepodecontaminaraculturadoarrozetornar-sedifícilcontrolar.(Foto:CABI)(C)Plântulasrecém-expostas(Foto:CABI)(D) A dormênciapodeserumproblemaqueocorreemalgumasvariedades–porexemplona3ae7alinhaacontardaesquerda(cadalinhaéumavariedade).Seoagricultorsuspeitardedormência,deveráesperarpelomenos2ou3semanasapóscolheitaantesdefazernovasementeira/plantação.(Foto:CABI).
método de produção foram já desenvolvidas. A cama da sementeéinstaladanumasuperfíciefirmequenãopermiteapenetraçãodasraízes,facilitandoassimoarranquedasplântulas em comparação com os viveiros em cama seca ou em cama de lama húmida. A cama de sementes pode ser instalada sobre plástico, folhas de bananeira ou mesmo sobre umasuperfíciedebetão.Antesdasementeira,umquadrodemadeira pode ser utilizado para criar compartimentos, cada um medindo30cmx50cme4cmdeprofundidade.Umamisturade solo, estrume bem curtido e cascas de arroz é depois colocadadentrodoquadro,quepodedepoisserremovido.
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Foto 6. Transplantação de plântulas de viveiro. (A)Plântulasdeviveiroprontasparatransplantar(Foto:CABI)(B)Plântulasarrancadasparaplantação–nocasodeplântulasmuitoaltasdevecortar-seaspontasdeformaaajudarasplantasasemanteremnaverticalapóstransplantação.(Foto:CABI)(C) As plântulas podem ser espaçadas até 20 cm entre linhas e 20 cm ao longo da linha. Esta corda de plantação está marcada a cada 20cmdeintervalo.(Foto:CABI)(D)Coloque2ou3plântulasacadapontodeplantação(Foto:CABI)(E) Insira as plântulas na lama de uma forma gentil, deixando sempre o primeironóforadaágua(Foto:CABI)(F)Plântulasespaçadas20cmentreelas(Foto:CABI) (G)Plântulasemlinha(Foto:CABI).
Deformaalternativa,amisturadesolopoderásercolocadasobreasuperfíciefirmesemoauxíliodoquadro.Sementespré-germinadaspodemserdepoisdistribuídasa“lanço”.Seacamadasementetiveralargurade1m,devesemear-secercade10kgdesementeporcada10mdecomprimento.
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Alarguradacamadasementedeverápermitirotrabalhosemquesejanecessárioentrarnela(Foto5).Alargurade1metroéideale,além disso, a cama da semente deverá ser elevada a uma altura de5cmacimadasuperfíciedosolo.
As dimensões do viveiro dependem do tipo de cama de semente edaáreaquesepretendecultivar.Nocasodesementeirasemcama de lama molhada o viveiro deverá ocupar um décimo da área total a ser cultivada. No caso do uso de sementeira em tapete, o viveiro deverá ocupar um centésimo da área total a ser cultivada
Como fazer a pré-germinação da semente do arrozParaproduzirsementepré-germinada,coloca-seumsacodejutacontendosementedearrozdentrodeáguacertificando-sedequeseencontratotalmentesubmersodurante24horas(Foto4).Após24horas,tira-seosacodaáguaecoloca-senumlocalensombradomasquepermitaacirculaçãodearàvoltadosaco.Certifique-sequeatemperaturadosaconãosobeparaalémdos42°C.Apósoutras24horasasementepré-germinadaestáprontaparasersemeada,oquedeveráacontecerantesqueraízesatinjamos5mmdecomprimento.
Nãoéprecisoadicionarfertilizanteaoviveiroquandooobjectivoéarrancarplântulasparatransplantaçãoaononodiaapóssementeira. Se, contudo, as plantas forem para transplantar em campos onde o controlo da água à superfície não é muito bom, ousejaquenãotenhamsidoniveladosadequadamentee/ouquetenham uma lâmina de água demasiado grande, a aplicação de fertilizante no viveiro poderá fazer as plântulas crescer em altura maisrapidamentedeformaaqueestaspossamtolerarmelhoraprofundidade da água.
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Transplantação de plântulas de arrozAsplântulasdevemsertransplantadasentre9e21diasapósasementeira,tantonocasodasementeiradegrãopré-germinadocomo no caso da sementeira de grão seco.
Se os caranguejos dos mangais forem um problema, o agricultor deverápermitirmaisdoque21diasdecrescimentoàsplântulas,deformaqueestaspossamresistirmelhoraospredadores.Seatransplantaçãoforprevistoparadepoisdos21diaspós-sementeira, poderá ser necessário recorrer a fertilizantes nos casosemqueseesperamdeficiênciasnutricionaisnosolo.
Plântulasproduzidasemcamasdelamahúmidadevemsertransplantadasaumaprofundidadeentre1.5-3cmenquantoqueplântulas produzidas em tapete podem ser transplantadas a uma profundidadede1.5cm,dadoqueasraízesdestasplantasnãosedesenvolvem até profundidades tão grandes como as das raízes das plântulas produzidas em camas de lama.
É preferível optar pela transplantação em linha, com espaçamentosregularesentrelinhaseentreplantas(aTabela3contémasdensidadesdeplantaçãorecomendadas).Atransplantação em linha tem muitas vantagens em relação à transplantação ao acaso: facilita a monda de plantas infestantes e a aplicação de fertilizante, a aplicação de herbicidas e insecticidas é também mais fácil e ao mesmo tempo permite manteradensidadedaplantaçãoideal.Paraseobteremlinhasdeplantação rectas e com um espaçamento correcto entre elas pode utilizar-seummétododedemarcaçãodelinhasàbasedearame,cordaoumadeira(Foto6).
A transplantação mecânica exige plântulas obtidas de um viveiroemtapete.Nestesistemaasplântulasencontram-sesobrelevadas, crescendo numa camada de solo colocada sobre umasuperfíciefirme.Duranteatransplantação,asplântulassãoarrancadas como um tapete e colocadas no plantador de arroz.
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Tabela 3: Característicasdasementeiradegrãoseco,sementeiradegrãopré-germinado e transplantação.
Sementeira de grão seco
Sementeira de grão pré-germinado
Transplantação
Características Sementeira a “lanço” ou em “linha” em solo seco directamente no campo de cultivo
As sementes são pré-germinadasedepois semeadas em solo húmido directamente no campo de cultivo
Sementessãopré-germinadas e postas em viveiros, as plântulas são transplantadas para o solo húmido do campo de cultivo
Vantagens Menos trabalho comparado com a transplantação
Aumenta a taxa de germinação e taxa de emergência das plântulas. Menos trabalho comparado com a transplantação, requermenoságua durante a preparação do solo para o cultivo.
Umbomcrescimento,afilhamentoerendimentodasplantas.Permiteaobtenção da densidade deplantaçãoóptima.Menos problemas de competição com plantas infestantes,dadoqueasplântulas transplantadas se encontram mais desenvolvidasdoqueasplantas infestantes. Bom controlo das plantas infestantes. As plantas atingem a maturação de uma forma mais uniforme.
Desvantagens As sementes são colocadas à superfície do solo e podem ser comidas por pássaros e outros animais. As plantas infestantes podem ser um problema grave dado queaemergênciadoarroz e das plantas infestantes ocorre ao mesmo tempo. A acama das plantas pode ser um problema pois as plantas podem não estar suficientementepresasao solo.
Plantasinfestantespodem ser um problema. Solo encharcado pode ser um problema, especialmente quandoasplantassão muito jovens e o terreno não está nivelado.
Exige mais trabalho
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Tabela 4. Espaçamento de plantação ideal para diferentes tipos de variedades e estações do ano.
Variedade Estação seca: solo
fértil
Estação seca: solo
pobre
Estação húmida: solo
fértil
Estação húmida: solo
pobre
Alta, folhosa, grandeafilhamento,susceptível à acama.
30x30cm 25x25cm 35x35cm 30x30cm
Curtas, resistentes à acama.
20 x 20 cm 20x15or 20 x 10 cm
20 x 20 cm 20x15or 20 x 10 cm
Aspectos-chave • Façaalavouradosoloatéumaprofundidadede15-20cm
seguida de uma gradagem. Evite a lavora profunda. • Paraoarrozdeplanície,façaonivelamentodosoloatéumdeclive<1%
• Paraarrozdasterras(oudaszonas)altasfaçasempreasementeira directamente no campo
• O arroz de planície pode ser semeado directamente no campo, ou de forma alternativa, pode ser semeado primeiro num viveiro e depois transplantado para o campo de cultivo.
• No caso das sementeiras feitas directamente no campo, as sementespodemserpré-germinadasousemeadasantesdagerminação.
• Nocasodainstalaçãodeviveiros,devemusar-sesementespré-germinadas.
• Nãoéprecisoutilizarfertilizantenosviveirosquandooobjective é transplantar as plântulas dentro do tempo recomendadode9a21diasapósasementeira.
Adequação Adequado Nãoadequado NãoadequadoAdequaçãoàszonas baixas (e planícies) não-irrigadas
Adequadoseaáguafor bem gerida
Adequado Adequado
Adequaçãoas planícies irrigadas
Adequado Adequado
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5. Maneio da cultura do arroz
Gestão da águaAmaneioactivodaáguasóépossívelemsistemadeproduçãodo arroz em planícies irrigadas. O objectivo é manter um níveldeáguaquepermitaocontrolodeplantasinfestantes:aáguafuncionaaquicomoum“mulch”quepermitesuprimirocrescimentodeplantasquenãotoleramsoloalagado.
Éimportanteassegurarqueopontoapartirdoqualaparecemosnósnãodeveestarsubmerso(verfigura2).Oníveldaáguadeveráaumentaràmedidaqueasplantasdoarrozvãocrescendoem altura, mas contudo, a profundidade máxima da água não deve exceder os 10 cm.
Desdeatransplantaçãoatéàiniciaçãodapanícula,devemanter-seumníveldeáguade2-3cmdeprofundidade.Apósiniciaçãodapanículaoníveldeveráserelevadopara5-7cm,devendoocamposercompletamentedrenadoentre7e14diasantesdacolheita.Oaumentodoníveldaáguade2-3cmpara5-7cmlogoapósoafilhamentonãotemqualquerefeitonodesenvolvimentoda planta.
Parafazerfertilização(verembaixo)devemproceder-seaosseguintes passos: drenagem da água, aplicação de fertilizante seguidodeumaesperade3diasatépoderalagaroscamposnovamente.
Monda de plantas infestantesAs plantas infestantes podem ser controladas mecanicamente, arrancadas à mão ou com ferramentas manuais e pelo uso de herbicidas.
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Herbicidas podem ser usados para controlar plantas infestantes difíceis tais como as sementes de arroz selvagem e de gramíneas comrizomas.Sepretendeusarherbicida,apliqueumtiponão-selectivo antes da lavoura do solo de forma a destruir todas as plantas infestantes. As plantas infestantes serão depois incorporadasnosolodurantealavouracercade21diasapósaaplicação do herbicida.
A decisão sobre o tipo de herbicida a utilizar deverá depender da altura da aplicação e do tipo de plantas infestantes presentes no campo. Alguns herbicidas podem ser aplicados antes da emergência das plantas infestantes, como é o caso do “butachlor”,umherbicidadepré-emergênciaquenãoprejudicaoarrozmasquecontrolamuitasgramíneasanuais,junçaseplantasinfestantes de folha larga.
Deformaalternativa,umherbicidaselectivodepós-emergênciapodeserusadoapósainstalaçãodaculturanomomentoemqueasplantasinfestantescomeçamaemergir,porexemploopropanil,quecontrolagramíneasmasnãoplantasinfestantesdefolhalarga.Oherbicidadeveserpulverizadoquandoasplantasinfestantesestãonoestádiodedesenvolvimentode2-3folhas.Este tratamento controla as plantas infestantes durante cerca de 1 mês. Em estádios de desenvolvimento mais avançados podem arrancar-seasplantasinfestantesàmãoouusandoummondadormecânico.
Os campos devem ser mantidos livres de plantas infestantes atéàcolheita(Foto7)dadoqueasplantasinfestantesafectammuitoaqualidadedosgrãosdearrozparaconsumoeparaaprodução de semente. Alguns agricultores param de mondar as plantasinfestantesapartirdafloração,masestapráticanãoérecomendada.
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A B
C D
Foto 7. Monda de plantas infestantes. (A)Arrozdazonaalta(sequeiro)semmondadeplantasinfestantes(Foto:CABI)(B) No arroz irrigado, as plantas infestantes podem sercontroladas,emcertamedida,comoníveldaágua.(Foto:CABI)(C) Monda manual usandoumaenxada(Foto:CABI/IPNI)(D)Arranquedeplantasinfestantes(Foto:CABI/IPNI).
Estrumequenãoestábemcurtidopodeserumafontedesementes de plantas infestantes. Sementes de plantas infestantes podem também ser transportadas para os campos vizinhos através da água de irrigação.
Deformaaevitarintroduzirsementesdeplantasinfestantesnos campos de arroz, o estrume deverá ser bem curtido (bem decomposto) e as plantas infestantes deverão ser destruídas antes da formação das suas sementes.
No sistema de produção de arroz em planícies irrigadas, os agricultores deverão manter um nível de água pouco profundo. Os agricultoresdeixamentrarcomfrequênciaáguaamaispensandoque,dessamaneira,poderãocontrolarmelhorasplantasinfestantes, mas esta prática não é recomendável. Com um bom nivelamentodosolo,umaprofundidadedeáguade2-5cmésuficienteparacontrolarasplantasinfestantes.
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Utilização de fertilizantesPorcadatoneladadearrozpaddysãoabsorvidospelacultura20kgdenitrogénio(N),fósforo(P)equivalentea11kgdeP2O5epotássio(K)equivalentea30kgdeK20.
O tipo de fertilizante a utilizar vai depender da disponibilidade nomercado.Porexemplo,nasregiõesdecultivodoalgodão,ofertilizanteNPK15-15-15(quecontém15%N,15%P2O5e15%K2O)éomaiscomumnomercadoepodeserusadoparafornecerN,PeK.
Ofosfatodediamónio(DAP),quecontém18%Ne46%P205,podeserutilizadoparafornecerNeP.
ParaofornecimentosuplementardeN,aureia(quecontém46%N)deveserotipodefertilizantepreferencialmenteaplicadocomoadubodecoberturadadoquecontémmaisNqueoutrosfertilizantestaiscomoonitratodeamóniocomcálcio(CAN;cercade27%N)esulfatodeamóniodenitrato(ASN;26%N)ecustamaisoumenosomesmoqueestesfertilizantesporkg.
Asquantidadesóptimasdefertilizantesvãodependerdalocalização e dos condicionantes locais. Abaixo são fornecidas algumasorientaçõesgerais,masnoscasosemqueosrendimentos esperados não forem atingidos pelo seguimento destas orientações os agricultores deverão procurar assistência especializada.
Em sistemas de zona alta, os agricultores podem aplicar entre 2 e4(50kg)sacosdeNPK15-15-15porhectare(istoé100-200kgdefertilizanteporhectare)ou2(50kg)sacosdeDAPporhectare(istoé100kgporhectare)àlavoura(fertilizaçãodefundo).Ofertilizante pode ser também distribuído a “lanço” e depois
2Arrozpaddyégrãodearrozqueaindanãofoiseparadodacascapeladebulha.
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incorporadonosolopelagradagem.Maistarde,noafilhamento,2a3(50kg)sacosdeureiaporhectare(istoé100-150kgdeureiapor hectare) deverão ser aplicados (adubação de cobertura). Esta aplicaçãodeveserfeitaapósumaboachuvadaenquantoosoloestiverhúmidoouaomesmotempoqueamondamecânicadeplantas infestantes.
Nota: A ureia não deve ser aplicada num campo seco pois isto pode levar à perda de N para a atmosfera por volatilização.
Comoexemplo,oNtotalfornecidopor100kgNPK15-15-15mais100kgdeureiaé:
NPK:100kgx15%=15kgN
Ureia:100kgx46%=46kgN
Portanto,oNtotalfornecido=15+46=61kgNporhectare.
Assumindoqueapenas50%dofertilizanteaplicadoéefectivamenteabsorvidopelacultura,apenas50%de61kgporhectareserãoabsorvidospeloarroz,ouseja,cercade30.5kgdeN por hectare.
Porcadatoneladaderendimento,oarrozprecisadeabsorver20kgdeN.Portanto,seasplantasabsorverem30kgadicionaisdeN,orendimentopoderáaumentar30/20=1.5toneladasporhectare.
OfertilizanteNPKtambémfornecePeK:
100kgNPK15-15-15fornece15kgP2O5porhectare
100kgNPK15-15-15fornece15kgK20porhectare
Maisumavez,assumindoqueapenas50%dofertilizantefornecido é efectivamente absorvido pela planta, o arroz irá
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absorver15kg×50/100=7.5kgdeP2O5e7.5kgdeK2O.Estasquantidadessãoequivalentesaosnutrientesnecessáriosparaaproduçãode7.5/11=0.7toneladasdearroznocasodoP2O5e7.5/30=0.25nocasodoK2O.Assim,parasealcançarumaumentonorendimentode1.9toneladasporhectareénecessárioqueaculturaextraídosolo(11×1.5)-7.5=9kgdeP2O5e(30×1.5)-7.5=37.5kgK2Oporhectare.
Deformaapreveniroesgotamentodosolo,quantidadessuplementaresdefertilizantedePeKdevemseradicionadosàculturanagradagemduranteapreparaçãodosolo.Porexemplo,aaplicaçãodesuperfosfatotriplo(TSP,quecontem46%P2O5)paraforneceraquantidadesuplementardePemuriatodepotássio(MOPquecontem62%deK2O)paraforneceraquantidadesuplementardeK.
AquantidadedeTSPnecessáriaparafornecer9kgdeP2O5suplementaréde9×100/46=19.6kgTSPporhectare.Assumindoque50%dosnutrientesaplicadossãoperdidosnãosendo,porisso,absorvidospelaplanta,aquantidadedeTSPaaplicarseriade19.6×100/50=39.2kgporhectare.
AquantidadedeMOPnecessáriaparafornecer37.5kgdeK2Oé37.5×100/62=60.5kgdeMOP.Assumindo50%deperdadenutrientes,aquantidadedeMOPaaplicarseriade60.5×100/50=121kgporhectare.
Em sistemas de produção de arroz da planície/baixas não-irrigado,4(50kg)sacosdeNPK15-15-15(200kgdefertilizante)devem ser aplicados à lavoura. Se estiverem a ser utilizadas variedadesmelhoradasdealtorendimentodevefazer-seaaplicaçãosuplementarde100kgdeureiaporhectare,contudo,dadoqueosníveisdaáguanãopodemsergeridoscomo
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acontece como no caso do arroz do planícies (irrigado), a ureia deverá também ser aplicada à lavoura. No caso de variedades altas, apenas a ureia deverá ser utilizada (de forma a prevenir a acama da cultura)
Ntotalfornecidopor200kgNPKmais100kgureia:
NPK:200kgx15%=30kgdeNporhectare
Ureia:100kgx46%=46kgdeNporhectare
Portanto,oNtotalfornecido=30+46=76kgNporhectare.
Assumindoqueapenas50%dofertilizanteaplicadoéabsorvido,oarroziráabsorver76x50/100kgdeN,oqueécercade38kgpor hectare.
Seporcadatoneladaderendimentooarrozabsorve20kgNporhectare,aabsorçãoadicionalde38kgdeN,poderáfazerorendimentoaumentarem38/20=1.9toneladas.
EstaquantidadedefertilizanteNPKtambémiráfornecerPeK:
200kgNPK15-15-15fornece30kgdeP2O5porhectare
200kgNPK15-15-15fornece30kgdeK20porhectare
Assumindoumaperdade50%,asplantasirãoabsorver30×50/100=15kgdeP2O5e15kgdeK2Oporhectare.Estasquantidadessãoequivalentesaosnutrientesnecessáriosparaaproduçãode15/11=1.4toneladasdearroznocasodoP2O5e15/30=0.5toneladasdearroznocasodoK2O.Assim,parasealcançarumaumentonorendimentode1.9toneladasporhectareénecessárioqueaculturaextraiadosolo(11×1.9)-15=5.9kgdeP2O5e(30×1.9)–15=42kgdeK2Oporhectare.
Deformaapreveniroesgotamentodosolo,quantidades
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suplementaresdefertilizantedePeKdevemseradicionadosàculturanagradagemduranteapreparaçãodosolo.Porexemplo,aaplicaçãodesuperfosfatotriplo(TSP,quecontem46%P2O5)paraforneceraquantidadesuplementardePemuriatodepotássio(MOPquecontem62%deK2O)paraforneceraquantidadesuplementardeK.
AquantidadedeTSPnecessáriaparafornecer5.9kgdeP2O5éde5.9×100/46=12.8kgdeTSPporhectare.Assumindoque50%dosnutrientesaplicadossãoperdidosnãosendo,porisso,absorvidospelaplanta,aquantidadedeTSPaaplicarseriade12.8×100/50=25.6porhectare(cercademetadedeumsacode50kg).
AquantidadedeMOPnecessáriaparafornecer42kgdeK2Oé42×100/62=67.7kgdeMOP.Assumindo50%deperdadenutrientes,aquantidadedeMOPaaplicarseriade67.7×100/50=135.4kgporhectare.
Paraasvariedadesdealtorendimentocultivadasnossistemasdeproduçãoearrozdeplanícieirrigado,2(50kg)sacosdeDAPouNPK15-15-15(100kgdefertilizante)devemseraplicadospor hectare antes da lavoura do solo alagado. N suplementar deveseraplicado(Foto8)àtaxade200a300kgdeureiaporhectareem3fases:noafilhamento,nainiciaçãodapanículaeemborrachamentodapanícula.Parafazeraaplicaçãodaureia,ocampodeveráserdrenadoatéficarsólama,aureiadeveráentãoseraplicadaa“lanço”,eapós2-3diasocampopoderásernovamentealagado.Nocasodeseutilizaremsuper-grânulosdeureia,estesdevemseraplicadosapenasnafasedeafilhamento.
NitrogénioNTotalfornecidopor2(50kg)sacosdeNPK15-15-15mais300kgporhectaredeureia:
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NPK:100kgx15%=15kgNporhectare
Ureia:300kgx46%=138kgNporhectare
Portanto,oNtotalfornecido=15+138=153kgporhectare
Assumindoqueapenas50%dofertilizanteéabsorvido,oarrozvaiabsorver153x50/100kgdeN,istoé,76.5kgporhectare.
Seporcadatoneladaderendimentooarrozabsorve20kgNporhectare,aabsorçãoadicionalde76.5kgdeN,poderáfazerorendimentoaumentarem76.5/20=3.8toneladas.
EstaquantidadedefertilizanteNPKtambémfornecePeK:
100kgNPK15-15-15fornece15kgdeP2O5e15kgdeK2Oporhectare.
Assumindoumaperdade50%,oarroziráabsorver7.5kgdeP2O5e7.5kgdeK2OdofertilizanteNPK.
Assim,parasealcançarumaumentonorendimentode3.8toneladasporhectareénecessárioqueaculturaextraiadosolo(11×3.8)-7.5=34.3kgdeP2O5e(30×3.8)-7.5=106.5kkgdeK2O por hectare.
NocasodeusodeTSP,aquantidadedeTSPnecessáriaparafornecer34.3kgdeP2O5éde34.3×100/46=74.6kgTSPporhectare.Assumindoque50%dosnutrientesaplicadossão perdidos não sendo, por isso, absorvidos pela planta, a quantidadedeTSPaaplicarseriade74.6×100/50=149.2porhectare.
AquantidadedeMOPnecessáriaparafornecer106.5kgdeK2Oé106.5×100/62=171.8kgdeMOP.Assumindo50%deperdadenutrientes,aquantidadedeMOPaaplicarseriade171.8×100/50=343.6kgporhectare.
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A B
C ED
Foto 8. Aplicação de fertilizante (A)Façaaadubaçãodecoberturacomnitrogénionosestágiosdeafilhamento,iniciaçãodapanículaeemborrachamentodapanícula.Ofertilizanteéquasesempredistribuído“alanço”,oqueimplicagrandesperdasdenutrientes.(Foto:CABI/IPNI)(B) A aplicação de fertilizantes de nitrogénio na forma desuper-grânulosreduzasperdasdenutrientesesincronizaasfasesdemaiornecessidadedaculturacomalibertaçãodenutrientesdossuper-grânulos.Otamanhodossuper-grânulospodevariardeformaateremconsideraçãoaquantidadenecessáriadofertilizante.(Foto:CABI/IPNI)(C)Ossuper-grânulospodemserinseridosnosoloá mão ou com um aplicador mecânico. (Foto:CABI/IPNI)(D)Fertilizantenumnofunil(Foto:CABI/IPNI)(E) Colocação do fertilizante no solo (Foto:CABI/IPNI).
Se os resíduos da colheita forem devolvidos ao solo as quantidadesrequeridasdefertilizantespodemsermenores(versecção “Gestão de resíduos” para mais informação).
Nota:Nocasodasvariedadestradicionais,recomenda-seummáximodeaplicaçãode50kgNporhectare:aaplicaçãodevalores mais elevados de nitrogénio a variedades tradicionais (altas) não é recomendável pois estas plantas são muito susceptíveis à acama.
Nocasodenecessidadedequantidadesacimados30kgdeNporhectare,aaplicaçãodofertilizantedevefazer-sedeformafaseadas para prevenir a perda de nutrientes.
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Outrosfactoresqueafectamousodefertilizantesincluem:
• Oarrozirrigadoproduzidoduranteaestaçãoseca,beneficiandodeelevadaluminosidade,precisademaisNdoqueoarrozirrigadoproduzidonaestaçãodaschuvasquenormalmentesecaracteriza por menores rendimentos.
• Aincorporaçãodeadubaçãoverdeantesdaplantaçãodoarrozpodeadicionar50-60kgdeNporhectare,oequivalentea2-2.5(50kg)sacosdeureiaporhectare.
• Aureianãodeveserdistribuídaa“lanço”emcamposalagadosdadoqueestapráticaresultariaemgrandesperdasdeN.
• AdubaçãodefundodeNdeveráserincorporadanosoloalagado.
• Seutilizarsuper-grânulosdeureia,coloqueumgrânuloacada4 plantas e faça uma aplicação alternada linha sim, linha não. DadoqueestesgrânuloslibertamoNlentamente,reduzindoasperdas,aaplicaçãopodeserefectuadadeumasóveznaalturadoafilhamento.
• Fertilizantesquecontenhamnitrato,comoonitratodeamónioeonitratodeamóniocomcálcio(CAN)nãosãoadequados,particularmentequandosãoaplicadosantesouduranteaplantação.Aocontráriodosfertilizantesquecontémamónio,onitrogénio contido nos fertilizantes à base de nitratos pode ser perdidomuitorapidamentepordesnitrificaçãoquandoocampofôr alagado. Eles podem, contudo, ser usados como fertilizantes de cobertura em fases de absorção rápida de nutrientes e quandoacamadasuperficialestácobertaporumtapetederaízes, sendo as perdas de N minimizadas nestas condições.
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Maneio da salinidadeSolos muito salinos contêm uma grandequantidadedecloretodesódio,quantidadesvariadasdesulfatodesódioecloretodecálcioenquantoocloretodemagnésio poderá também estar presente.
O nível de salinidade não é fácil de medir no campo mas pode ser diagnosticadoouconfirmadoemlaboratórioatravésdamediçãoda condutividade eléctrica do solo (CE), pH e percentagem de sódiotrocável,sendotodosestesparâmetrosmaiselevadosemsolossalinosquandocomparadoscomosdossolosnormais.
AsalinidadelevaadeficiênciasemK,entreoutras.Esteproblemanãoafectaoarrozdazonaalta,massimoarrozdesequeirodaplanície/baixasnãoirrigado,porexemplonocasodosmangais.Aquiasoluçãopassapelamelhorianosistemadedrenagemoupelo uso de variedades tolerantes à salinidade.
A salinidade pode resultar da evaporação da agua de irrigação, utilizaçãodeaguasalgadaouserconsequênciadonívelmuitoelevado do lençol freático. Se a salinidade resultar deste último factor,umsistemaeficientededrenagemdeveserinstalado.Sea elevada salinidade resultar da evaporação da água de irrigação econcentraçãodossaisdissolvidos,dever-se-áadicionarnovaágua.
Paracontrolarosníveisdesódioemsolosalcalinosesódicos,podeusar-seogessooumateriaisorgânicos.Amatériaorgânicaajuda a dissolver o cálcio do solo e o gesso fornece cálcio. O cálciodesalojaosódio,facilitandoasualibertaçãodosoloesualixiviação.
Foto 9. Com um bom maneio, as plantas podemafilharmuito.(Foto:CABI)
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Existem variedades mais tolerantes à salinidade se esta permanecer um problema.
A salinidade é um problema em países com regiões costeiras e a alcalinidadeesodicidade(nívelelevadodesódio)umproblemados países interiores, sem zonas costeiras, como por exemplo o Mali.
Uso de estrume animalQuandodisponível,oestrumeanimaléumrecursoimportantepara a melhoria da fertilidade dos campos de arroz. A adição de estrume ajuda a manter o nível de matéria orgânica.
Oestrumeétambémumaimportantefontedenutrientes,quesãoprincipalmentelibertadosapósadecomposição.Contudo,o estrume contém uma menor densidade de nutrientes em comparaçãocomosfertilizantesquímicoseaquantidadede nutrientes obtida do estrume produzido numa exploração pecuáriadepequenasdimensõesénormalmenteinsuficienteparasustentar o nível necessário de produtividade do arroz. Contudo, ousocombinadodeestrumeefertilizantesquímicospermiteaobtenção de rendimentos superiores aos obtidos com cada um destes adubos em separado.
Depreferência,entre5e10toneladasporhectaredeestrumeanimal deverão ser aplicadas à superfície e incorporadas no solo durante a lavoura, anualmente.
Afugentamento das avesAsavesquesealimentamdosgrãosdearroztendemasermaisproblemáticosquandoseutilizammisturasdevariedadesdearroz(Foto10).Asvariedadesatingemamaturaçãoemalturasdiferentes, mas são colhidas todas ao mesmo tempo. Isto significaqueasvariedadesqueatingemamaturaçãomaiscedo,
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A
B
Foto 10. Plantas no campo – mistura de variedades. (A) Variedades misturadas atingemamaturaçãoaalturasdiferentes,podemtambémdiferirnaaltura,dificultandoacolheita(Foto:CABI)(B)Presençaouausênciadearistaséumacaracterísticaquepodeser por vezes usada para distinguir variedades, por exemplo, o arroz selvagem africano temaristas.(Foto:CABI).
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A B
C
Foto 11. Melhor altura para colheita. (A)Panículasdoarrozprontasparaacolheita(corcastanha)eimaturas(corverde)(Foto:CABI)(B) As panículas do arroz prontas para acolheitafazemumsôm“chachacha”quandoabanadas(Foto:CABI)(C)Umatrasonacolheita pode resultar na perda de grão. Algumas variedades tem mais tendência para esteproblema.(Foto:CABI/IPNI).
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sãoasmaissusceptíveisdeserematacadasporavesdadoquepermanecem no campo durante muito mais tempo à espera queasvariedadesmaistardiasatinjamomesmoestádiodematuração. Os pássaros também parecem preferir as variedades mais altas antes de passarem para as variedades mais baixas. Os pássaros podem ser afugentados usando uma série de artefactos,taiscomoespantalhos,lataspenduradas,fitasdecassetesdemúsicaeoutrasfitasreflectorasdeluz,eporpessoasfazendo barulho e atirando pedras. O arroz deve ser monitorizado regularmenteapósafloração. ColheitaOs agricultores precisam de reconhecer o momento ideal de colheita:oarrozestáprontoacolherquando80%dapanículaestá dura e apresenta cor acastanhada. Outros sinais indicadores sãoporexemploquandootestedamordidaindicaqueogrãoremovidodotopodapanículaéfirmemasnãoquebradiço(oteoremhumidadedestesgrãoéde20-25%),ouquandoalgunsgrãossedesprendemdapanículaquandoestaéapertadaentreasmãos,eaquelaproduzumsomdechocalhoquandoabanada(Foto11).Oarrozestáprontoparaacolheitacercade4semanasapósafloração.
Nacolheita,ocauledoarrozécortadoabaixodapanícula(Foto12). O comprimento do caule retirado com a panícula depende dométododecolheitautilizado,porexemplo,quandooarrozécolhidoàmão,utilizandoumapequenanavalha,apenas7.5cmdoscaulessãoretiradosenquantoquenacolheitamecânicaoscaulessãocortadosquaserenteaosolo.
No caso da colheita de arroz irrigado de planície, a utilização deumaceifeira-debulhadoraimplicaqueocampodeveráser
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A B
C D
Foto 12. Colheita e debulha. (A)a.Colheitamanual(Foto:CABI)(B) Colheita com ceifeira-debulhadora(Foto:CABI)(C)Plantasdecarrozcolhidaseemprocessodesecagemantesdadebulha(Foto:CABI)(D) O arroz pode ser debulhado e armazenado emsacos(Foto:KabirouNdiaye,AfricaRice).
drenadocercade15diasantesdadataprevistadecolheitadeformaqueapalhadoarrozestejasuficientementesecaparapermitir a debulha.
Apóscolheita,aspanículasdoarrozdevemsersecasdurante3a7diasaosolseadebulhaforfeitaàmão(Foto13).Nocasodadebulhamecanizada,estadeveráocorrernoprópriodiadacolheita. Os grãos precisam estar mais secos (teor de humidade de16-18-%)seadebulhaformanual.
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A
B
Foto 13. Após a debulha. (A) O arroz é ensacado e transportado para fora do campo (Foto:CABI)(B)Apóssecagem,oarrozpaddypodesercolocadoemsacos,ossacospodem ser armazenados em locais limpos e frescos em cima de paletes de madeira. (Foto:CABI).
Secagem do grãoOgrãodebulhadodevesersecoatéatingiros12-14%deteordehumidade. Isto pode ser conseguido espalhando o arroz paddy (arroz com casca) ao sol ou através do uso de um secador. No Sahel,oteordehúmidadepodebaixaratéaos8%,masseoteoremhúmidadefordemasiadobaixoaqualidadedoarrozvaibaixardevidoàgrandequantidadedearrozquesequebraduranteamoagem.
Osgrãosdearrozdevemserespalhadosemcamadasfinas,com2-5cmdeprofundidade,ereviradosacada1-2horas.
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No caso da secagem ao sol para a produção de grão de semente é necessário um maior cuidado: a semente precisa de ser revirada maisfrequentementeenuncadeveráserexpostaatemperaturassuperioresa42°C.Emclimasemqueestastemperaturasocorram, a semente deverá ser seca à sombra e nunca exposta ao sol.
No caso de uso de secadores, é necessário ter o cuidado de não aplicartemperaturastãoelevadasporqueelaspodemqueimarogrão.
A colheita do arroz paddy deve ser protegida da chuva. Chuva ou outras fontes de humidade podem levar à germinação do grão ou aumadiminuiçãodaqualidadedogrãopordescoloração.
Valor adicionado na fase pós-colheitaAparaboilizaçãodoarrozéumprocessoqueaumentaovalornutricionaldosgrãosdearroznãodescascados.Duranteaparaboilização,vitaminasdogrupoB,deslocam-sedopericarpo(farelo) para o grão. A paraboilização resulta, portanto, em níveis maiselevadosdealgunsmineraisevitaminasqueosencontradosno arroz normal. A paraboilização também altera o sabor, a textura(grãosmaisfirmesemenosviscosos),aparência(maisbranco) e odor (inodoro) e reduz o tempo de cozedura do arroz.
Grãos de arroz paraboilizado são também mais resistentes às pestesdearmazenamentodoqueosgrãosdearroznormal.Esteprocessotambémreduzaquebradoarrozduranteamoagemquandoofareloéremovido.
Contudo,oarrozparaboilizadopodesermaiscaroqueoarrozconvencional devido ao custo do processo de paraboilização, especialmentepelocustodamão-de-obraeenergia.Aremoçãodas cascas é também mais difícil e aumenta mais o custo.
Arroz paraboilizado é preferido por alguns mas nem por todos os
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A B
C
Foto 14. Parboilização a fim de adicionar valor ao arroz paddy. (A) O arroz é lavado pararemoverapalhaeoutrosmateriaisestranhosassimcomogrãosocos(Foto:CABI)(B)Oarrozéfervido(Foto:CABI)(C)Oarrozpaddyésecoedepoismoído(Foto:CABI).
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consumidores. A parboilização tende a ser uma prática comum em países onde o arroz é uma cultura tradicional, como por exemplo na Nigéria, no delta do Níger, na Gâmbia e no Benin. A paraboilização tende a não ser praticada em áreas onde o arroz éumaculturanão-tradicional,talcomoemcertaspartesdoSenegal e do Mali.
Existem vários métodos para a paraboilização do arroz mas as etapas principais são a imersão em água, a fervura e a secagem (Foto14).Antesdaparaboilização,osgrãosdearrozsãoinicialmentelavadoseosdetritosflutuantessãoremovidos.Oarrozédepoisimersoemáguadurante10-24horas,escorridoecolocadoemáguaaferveratésetornargelatinoso:quandooamido se transforma num gelatinado. Nesta fase as cascas abrem parcialmente.Oarrozédepoisescorridoesecoe,apóssecagem,pode ser armazenado e moído mais tarde.
MoagemA moagem envolve:
1.Remoçãodapalhaeoutrosmateriaisestranhoscomopedras.
2.Remoçãodascascasepolimentodogrão
3. Triagemdogrãoemcategoriasdegrãoquebradoegrãointeiro
4.Pesagemeensacamento
Armazenamento O grão de arroz é muito vulnerável a pestes incluindo insectos (taiscomooescaravelhocor-de-ferrugemdafarinha,Triboliumcastaneum), roedores, aves e também fungos.
Deformaaevitardanosduranteoarmazenamento,oarrozpaddy e o grão descascado deverão ser armazenados em locais limpos e bem ventilados. Sacos de juta são a melhor opção
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porquepermitemaentradadear,mascomoalternativa,sacoshermeticamente fechados podem também ser utilizados.
Arroz parabolizado é menos vulnerável a danos ocorridos durante oarmazenamentodoqueoarroznãoparaboilizado.
Osarmazénsdegrãodearrozdeverãoterumpisoanti-húmidadee paredes e telhados impermeabilizados. É preferível ter a possibilidade de vedar o armazém de forma a se poder efectuar fumigações no caso de necessidade. Vedar o armazém também ajuda a excluir pragas como os roedores e pássaros. Exemplos de recipientes para o armazenamento do arroz incluem sacos ou contentores herméticos em metal. No caso do armazenamento emsacos,estesdevemestaracumuladosempaletesquesedeverãoencontraraumadistânciamínimade50cmdasparedes.
Sistema de armazenamento herméticos tem se revelado um métodomuitoeficazdearmazenamentodegrão.Devidoàsuaatmosferavedada,quaisquerinsectospresentesconsomemprimeiroooxigéniopresenteeporfimodióxidodecarbono,morrendo eventualmente sufocados e desidratados. Este processodedesinfestaçãopodedemorarcercade5-10diasdependendo do nível de infestação. Outra vantagem do sistema herméticoéqueoteordehumidadedogrãoeaatmosferadeconservaçãosemantémconstantes,aoqueseadicionaavantagemdeumareduçãodoriscodeataqueporroedoresepássaros.
Deformaaevitarproblemascommicotoxinasassociadasacertostipos de fungos, o grão deve ser seco até um teor de humidade consideradoseguro(12-14%)antesdoarmazenamento.
A redução dos danos mecânicos ao grão durante a colheita e armazenamento e a criação de um ambiente limpo, seco e
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sem insectos ajudam também a prevenir contaminação por micotoxinas.
Produção de sementeNocasodaproduçãodegrãoarrozparasemente,asplantasquenão mostrem as características desejadas devem ser arrancadas edeitadasforaantesdacolheita.Apósacolheitaesecagem(teoremhumidadede12-14%),adebulhadogrãoparasementedeveserfeitacuidadosamente,aumritmomaislentodoqueseusariaparadebulhargrãosdearrozparaconsumohumano,afimdeevitar causar danos mecânicos à semente.
Asementedeveráserarmazenadodamesmaformaqueoarrozpaddy, em sacos de juta ou em sacos herméticos. No caso dos sacosdejuta,asementedeveráserprotegidadosataquesdosinsectos através da aplicação de insecticidas, tais como o Neem, queéumprodutonaturalàbaseplantas.Nocasodossacosherméticos não é necessário aplicar insecticidas.
Maneio de resídosApalhadoarrozeorestolhocontémcercade40%denitrogénio(N),33%defósforo(P),85%depotássio(K),44%deenxofre(S)e85%desílica(Si)absorvidospelaplanta.Aincorporaçãodapalha no solo devolve portanto uma grande parte dos nutrientes retirados pela cultura. A palha deve ser espalhada uniformemente pelo solo de forma a evitar “focos” de concentração de nutrientes.
Nocasodesecombinarautilizaçãodefertilizantesquímicoscomaincorporaçãodapalhanosolo,asreservasdeN,PeKserãomantidas ou mesmo aumentadas, o mesmo acontece com os micronutrientes,taiscomooZn,queserãotambémdevolvidosaosolo.
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Aqueimadapalharesultanumaperdaquasetotaldonitrogénio,masasperdasdeP,K,eSsãomaispequenas.Asqueimadastambém resultam na criação de “focos” de concentração de nutrientes,nospróprioslocaisdequeimaenquantoquearestanteáreadocampoficadepauperadadessesnutrientes.
Umalavouramaisantecipada,asecoepoucoprofunda(5-10cmdeprofundidade)afimdeincorporarosresíduosdaculturae aumentar o arejamento do solo durante os períodos de pousio, aumenta a disponibilidade de N durante o período de tempo quecobreafasedecrescimentovegetativodaculturaseguinte.Umalavourapoucoprofundadosolosecopodeserfeitacomumtractorcomtracçãoàs4rodas,edeveserefectuadaaté2-3semanasapósacolheitadoarroz,nossistemasdecultivoquesecaracterizamporumafasedepousioseco-húmidodepelomenos30diasentreasduasculturassucessivas.
Nota: A incorporação da palha e do restolho por lavoura do solo alagado, resulta numa temporária imobilização do N. A instalação daculturadeveserfeita2-3semanasapósaincorporaçãodapalha; como alternativa o agricultor pode adicionar ureia (como fonte de N) à palha antes da incorporação no solo durante a lavroua do solo alagado.
Contudo, os benefícios da incorporação dos resíduos da cultura nosolosãomaioresalongoprazodoquenocurtoprazo.Adistribuição da palha e incorporação dos resíduos são actividades exigentesemmão-de-obraeemcombustívelquearealizaçãodequeimadas.Porvezesapalhaévendidaaexploraçõespecuárias,eogadoépostonocampoapósacolheitaparaquepastenorestolho(Foto5).Comotempo,estescampospoderãotornar-sedeficitáriosemK.
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A B
Foto 15. Maneio de resídos. (A)Ummontedepalhaprontoaserqueimado(Foto:CABI) (B)Transportedepalhadoarrozparafinsdealimentaçãoanimal(Foto:CABI).
A B
Foto 16. Rotação do arroz com outras culturas. (A) Cultivo de batata doce (direita) apósaculturadoarroz(esquerda)ajudaagerirasplantasinfestanteseacontrolarpragasedoenças(Foto:CABI)(B)Arrozcultivadoapósumaculturadeleguminosastemmelhoresrendimentosdoquequandoécultivadoapósoutraculturadearrozp(Foto:CABI).
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Rotação de culturasArroz da zona alta: O arroz pode fazer parte de uma rotação de culturas com milho, mapira, mexoeira, algodão e culturas leguminosascomoofeijão-nhemba.
Os agricultores tendem a preferir a aplicação dos nutrientes ao arroz e ao milho e não tanto à mapira e mexoeira. O arroz é a culturaquemaisretornotrazdaaplicaçãodefertilizantes.Emboraumaquantidademínimadefertilizantessejaaplicadaàsculturasleguminosas,asleguminosasquefixamonitrogénioatmosféricopodem contribuir muito para a melhoria da fertilidade do solo e indirectamente levar a um aumento de produtividade do arroz nas rotações seguintes.
Arrozdesequeironaplanície/zonasbaixas:Oarrozpodefazerpartedeumarotaçãocomhortícolascomoabatateira(batata-doceoubatata-reno),quiabo,tomateeberingela,etambémcomculturasleguminosascomoofeijão(Foto16).
Arroz de planície irrigado: A cultura do arroz pode ocorrer sem interrupções ou, de forma alternativa, pode fazer parte de uma rotação de culturas com hortícolas tais como cebolas (chalotas), tomateequiabo,quepodemsercultivadosaseguiraoarroz.
Nota:Osvegetaistendemasermaislucrativosqueoarroz.Porissoosagricultoresaplicamumamaiorquantidadedefertilizantesàshortícolasqueaoarroz,contudo,aculturadoarrozcultivadaaseguiraumcultivodehortícolasvaibeneficiardofertilizanteresidual.
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Aspectos-chave • No arroz de planície irrigado, o agricultor deve manter uma profundidadedoníveldaáguadeirrigaçãode2-3cmdesdeatransplantaçãoatéàiniciaçãodapanículaede5-7cmapósainiciaçãodapanícula;ocampodeveráserdrenadoentre7e15dias antes da colheita.
• O campo deve estar livre de plantas infestantes até à colheita • As orientações gerais para o uso de fertilizante por cada hectare cultivadosãoasseguintes:noarrozdazonaaltadeveaplicar-se100-200kgdeNPK15-15-15ou100kgofDAPàlavouracomoadubaçãodefundoe100-150kgdeureiacomoadubaçãodecoberturanoafilhamento;noarrozdaplanície/baixasnão-irrigadodeveaplicar-se200kgdeNPK15-15-15àlavourae100kgdeureiacomoadubaçãodecoberturanocasodocultivode variedades de alto rendimento; no arroz de superfície irrigado deveaplicar-se100kgdeDAPouNPK15-15-15antesdalavouradosoloalagadoe200-300kgdeureiacomoadubaçãodecoberturaemtrêsfases:aoafilhamento,nainiciaçãodapanícula e no emborrachamento da panícula, ou apenas 1 vez noafilhamentonocasodeusarsuper-grânulosdeureia.
• No arroz de planície irrigado, o campo de cultivo deverá ser drenadoantesdaaplicaçãodaureiaere-alagado2a3diasapósaplicação.
• Afimdecontrolaroproblemadasalinidaderesultantedeumnível muito elevado do lençol freático, melhore a drenagem ou use variedades tolerantes. Se o problema da salinidade for devido à evaporação da água de irrigação e concentração dos sais dissolvidos, adicione mais água.
• Nocasodehaverestrumeanimaldisponível,devemaplicar-se5–10toneladasdeestrumeanimalporhectareanualmente.
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• Oagricultorpoderáreduziraquantidadedegrãoperdidadevidoaos pássaros, através do uso de técnicas de afugentamento dospássaros,oucolhendoogrãologoqueasplantasdoarroz atinjam a maturação ou ainda, evitando cultivar várias variedades ao mesmo tempo.
• Acolheitadevefazer-senomomentoemque80%daspanículasficamfirmeseacastanhadas,ogrãodapartesuperiordapanículasemostra-firmemasnãoquebradiçonotestedamordida,algunsgrãossedesprendemdapanículaquandoestaé apertada entre as mãos e a panícula faz um ruído de chocalho quandoabanada.Omomentodacolheitaocorrecercade4semanasapósafloração.
• Nocasodacolheitaserfeitacomumaceifeira-debulhadora,ocampodeveráserdrenado15diasantesdadataprevistadecolheita.
• No caso da debulha manual, as panículas devem ser secas ao sol3a7diasapósacolheitaeantesdadebulha.
• O grão debulhado deverá ser seco até um teor de humidade de 12-14%,oqueseconsegueespalhandoogrãoaosol.Nocasodetemperaturasacimade42°C,oarrozdevesersecoàsombrae nunca sob sol directo.
• Armazene o arroz paddy e arroz descascado em locais limpos, secos e com boa ventilação.
• Nocasodaproduçãodearrozdesemente,devemarrancar-setodasasplantasquenãotenhamascaracterísticasdesejadas(plantas anormais) antes da colheita, o grão para semente deve serdebulhadomaiscuidadosamenteemaislentamentedoqueo arroz para consumo.
• Depreferência,devefazer-seaincorporaçãodapalhadoarroznosoloepraticar-searotaçãodoarrozcomoutrasculturas.
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6. O que pode correr mal
Aproduçãodoarrozenvolvemuitosprocessos,muitosdosquaisforamjádescritosnestemanual.Contudo,mesmoqueoagricultortenhaaplicadotodasasboaspráticasreferidasaqui,problemasinesperados podem ainda ocorrer. Alguns destes problemas e possíveis soluções são apresentados nas tabelas seguintes. Tabela 5: Carências de nutrientes na planta do arrozNutriente Sintoma Onde poderão ocorrer O que fazerNitrogéio (N)(Foto17)
Plantasatrofiadas.Asfolhasmaispequenase amareladas.Os sintomas podem aparecer primeiro nas folhas mais velhas.Umamarelopálidoaparece na ponta das folhas mais velhas e vai depoisespalhando-seportodo a folha até a base. As folhas amarelas acabamportornar-seacastanhadas, secas e morrem. Afilhamentoreduzido.
Solos com pouco material orgânico.Solos de textura leve earenoso,queforamlixíviados por grandes chuvadas ou excesso de irrigação.Solos esgotados devido ao cultivo intensivo.Condições de alagamento.
ApliquefertilizantestaiscomoaureiaeoDAP.Esta carência nutricional podesercorrigidaquasena totalidade, causando apenas uma perda muito pequenanorendimento,se forem tomadas medidas de mitigação no início do ciclo de cultivo.Inclua culturas de leguminosas (por exemplo os legumes de grão) numa rotação com o arroz.
Fósforo(P)
Plantasatrofiadas,comfolhas estreitas e erectas.Folhasdecorazul-arroxeada. Os sintomas aparecem primeiroeagravam-semais em folhas mais velhas; folhas mais jovens permanecem saudáveis.As folhas mais velhas tornam-seacastanhadasemorrem. O número de afilhamentos,panículase grãos por panícula é reduzido.
Solos de textura grosseira, com pouco material orgânico e poucas reservasemP.Solossalinos,sódicosecalcários.Solos esgotados devido ao cultivo intensivo.Solos ácidos fortemente meteorizados.Solos erodidos onde a camadasuperficialdosolo foi removida e Solos de planície degradados.
A correcção da carência emPquandoossintomasjá estão presentes não é muitoeficiente.Contudo,a aplicação de fertilizantes solúveis como o fosfato deamóniopodereduzirosefeitosdadeficiênciadePno solo. Acções de mitigação devemsertomadasafimde resolver o problema da próximacultura.Apliquecorrectamenteasquantidadesdefósforocom fertilizantes de fundo taiscomoDAP,NPK,TSPouSSP.Apliquerochafosfatada.Adicione estrume.Corrija o pH, tanto a acidez como a alcalinidade.
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Nutriente Sintoma Onde poderão ocorrer O que fazerPotássio(K)(Foto18)
As plantas podem estar carentes sem manifestarem sintomas.Os sintomas aparecem apenas sob condições muito severas de carência equasesempreaparecemnos estados tardios de desenvolvimento. Margens das folhas amarelo-acastanhadas.A cor castanha inicia na pontadafolhaeespalha-se ao longo das margens até à base da folha. Os sintomas aparecem quasesempreemfolhasmais velhas.
Solos arenosos.Solos com pouca matéria orgânica.Solosaosquaisforamaplicadas doses excessivas de fertilizantes deNouN+Pcominsuficienteaplicaçãodefertilizantes de K. Solos altamente meteorizados.Solos mal drenados.
ApliquefertilizantesdeK,incluindoNPK,MOPouSOP.Os resíduos da cultura do arroz contêm grandes quantidadesdeK;devolva-osaosolodeforma a aumentar o K do solo.Adicione estrume antes da sementeira/plantação.
Enxofre (S)(Foto19)
Plantasatrofiadas.Em plantas jovens, a plantainteiratorna-seamarelada e os sintomas podemconfundir-secomos da carência em N. Os sintomas aparecem primeiro e tendem a agravar-semaisemfolhasjovens,oqueédiferentedacarênciaemNquesemanifesta primeiro nas folhas mais velhas. As folhas mais jovens tornam-seamarelo-maçanteouamarelo-brilhante mas as folhas mais velhas continuam verdes.
Solos com pouco material orgânico.Solos arenosos lixiviados por grandes chuvadas ou excesso de irrigação.Solos esgotados devido ao cultivo intensivo.
Apliqueaquantidadecorrecta de enxofre, incorporando-obemnosolo antes da sementeira usando enxofre elementar, SSPougesso.Em culturas já instaladas queapresentemcarênciaemS,deveaplicar-seosulfatodeamónio,osulfato de potássio ou sulfato de magnésio.
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Nutriente Sintoma Onde poderão ocorrer O que fazerFerro(Fe)(Foto20)
Os sintomas aparecem primeiro nas folhas mais jovens.Sintomas de carência manifestam-sepeloaparecimento de faixas descoloradas nas folhas jovens.Folhasemergentesapresentam-seinteiramente descoloradas quandoacarênciaemferro é severa.
Umproblemaquaseinteiramente limitado às zonas altas: os solos destas zonas têm baixa concentração em ferro solúvel.A disponibilidade em ferroaumentaapósoalagamento do campo.Solos com pouco material orgânico. Solos alcalinos ou solos calcários.
Cultive variedades eficientesnautilizaçãodoFe.Em solos da das zonas altas com pH elevado, use o fertilizante sulfato de amónioemvezdeureiapara fornecer N. Osulfatodeamónioéumfertilizantequetemumefeitoacidificante,oqueaumenta a disponibilidade doFe.Apliqueofertilizantesulfato ferroso a “lanço” àtaxade30kgFeporhectare.
Zinco (Zn) (Foto21)
Os sintomas ocorrem 2-4semanasapósatransplantação. Aparecem nas folhas muitas pintas acastanhadas ou cor de bronze. As pintas vão aumentando de tamanho e acabam por ocupar toda a folha. Em fases mais avançadas, toda a folha se torna cor de bronze e acaba por secar. A carência em zinco também reduz o crescimento e causa o atrofiamentodasplantas
Solos arenosos lixiviados.Solos alcalinos. Solosqueduranteonivelamento,ficaramcomosub-soloexpostoparacultivo:aquantidadede zinco disponível na camadasuperficialdosolo é aproximadamente o dobrodadosub-solo.Solos submetidos a aplicações excessivas de fertilizantesdeP,reduzemo Zn disponível, devido à formação de ligações fosfatase-Zn.Solosqueforamtratadoscom excesso de calcário para corrigir o pH.
Solos alcalinos problemáticos devem ser restaurados.Utilize2kgdesulfatode zinco por hectare no viveiro. Aplique25-30kgdesulfato de zinco por hectare em solos com deficiênciaemZn.Não misture fertilizantes de Zn com fertilizantes deP.Seadeficiênciaaparecernuma cultura já instalada, apliqueZnfoliar,pulverizando5kg/ha.
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Foto 17. Carência de nitrogénio (A)Plantascomcarênciaemnitrogéniosãopálidas(emfrente)emquantoqueníveisadequadosdenitrogéniosãoverdecarregado(atrás)(Foto:ShamieZingore,IPNI)(B) As folhas mais velhas ou mesmo as plantas inteiras apresentam-seamareladas,afilhamentoreduzido(Foto:ShamieZingore,IPNI)(C) O amarelecimento começa na ponta da folha, progredindo até á base, com a parte central do limbo amarelecendo antes das margens. O padrão de amarelecimento é em forma de“V”.(Foto:ShamieZingore,IPNI)(D)Asfolhasacabampormorrer(Foto:ShamieZingore,IPNI).
A B
Foto 18. Carência em potássio. (A)Asfolhasmaisvelhascomeçamaamarelecer(Foto:ShamieZingore,IPNI)(B)Oamarelecimentocomeçaapartirdasmargens(Foto:ShamieZingore,IPNI)
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A B
C
Foto 19. Carência em enxofre. (A)Plantasamarelo-pálidas,folhasmaisjovenssãoas mais afectadas. Este padrão é contrário ao da carência de N as folhas mais velhas primeiro,ecujacor(amarelo)dasfolhasémaiscarregada.(Foto:ShamieZingore,IPNI)(B)Afolhamaisjovem(aomeio)mostrandosintomasdecarência(Foto:ShamieZingore,IPNI)(C) O amarelecimento da folha pode ser uniforme, mas as pontas da folha morrem maiscedo(Foto:ShamieZingore,IPNI)
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C
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Foto 20. Carência em ferro (A)Asplantastornam-sepálidaseamarelas(Foto:ShamieZingore,IPNI)(B)Nalgumasfolhas,asnervurasmantem-severdes,amarelecendo(ouficandopálidas)entrenervuras–afolhaapresenta-selistrada(listraspálidas)(Foto:ShamieZingore,IPNI)(C)Asfolhasmaisjovenspodemmostrar-semuitopálidas(quasebrancas),easfolhasmaisvelhaspodemmostrar-seamarelecidasentreasnervurasdasfolhas(Foto:ShamieZingore,IPNI)(DAspontasdasfolhasemergentessecam(Foto:ShamieZingore,IPNI)(E) As panículas em desenvolvimento e a folha bandeira são pálidas(Foto:ShamieZingore,IPNI)(F) As folhas pálidas acabam por desenvolver listras acastanhadas(Foto:ShamieZingore,IPNI)(G)Folhaverdeesaudável(esquerda),listrasquemostramumadeficiênciamoderadaemFe(aomeio),corpálida:sintomadecarênciaseveraemFe(right)(Foto:ShamieZingore,IPNI).
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C
Foto 21. Carência em Zinco. (A)Manchasacastanhadasnasfolhasmaisjovens(Foto:ShamieZingore,IPNI)(B)Corcastanho-claranafolha(Foto:ShamieZingore,IPNI)(C) Listrasacastanhadasnafolha,listrasesbranquiçadasjuntoànervuraprincipal(Foto:ShamieZingore,IPNI)
Table 6. Examples of insect pests that damage rice
Insecto Danos Medidas de controlo
Brocadocolmo(Foto22) As larvas entram no caule ecomem-noapartirdedentro. As partes em crescimento dos rebentos jovens podem morrer (corações mortos)Floraçãoafectada(panículas mortas, panículas brancas)As plantas podem acamar.
Alagamento e gradagem ou incorporação da palha na lavragem,afimdereduziro risco da população do insecto sobreviver de uma cultura do arroz para a seguinte. Eliminação de plantas dearrozvoluntáriasqueaparecem entre ciclos de cultivo do arroz. Escolha variedades precoces, ciclo curto.
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3Plantasquecrescemsemseremplantadas.
Insecto Danos Medidas de controloMosca da galha Africana Inchaços cilindricos,
conhecidos como as galhas,comcercade3mmdediâmetro,eaté1-1.5mde comprimento, causados porlarvasqueeclodemdeovos postos pela fêmea da mosca.Galhas muitas vezes branco-prateadaseconhecidas como “bolhas de prata” ou “galhas de casca de cebola”.
Plantaçãonocedoedeforma sincronizada. Eliminação de plantas voluntáriasdearrozqueaparecem entre ciclos de cultivo do arroz. Incorporação da palha na lavoura,afimdereduziro risco da população de insectos sobreviver de uma cultura do arroz para a seguinte.
Térmites Atacam tanto as plantas jovens como as mais adultas. Causam danos às raízes e enchem o caule com terra.
Useumpesticida.Façaoalagamentodoscanais das térmites. Escave as termiteiras e destrua os seus ninhos, inclusive a rainha.
Gorgulhodoarroz&brocamaior do grão(Pragasdoarmazenamento)
Atacam o grão descascado eogrãopaddyapósamoagem. As larvas comem o interior do grão emergindo depois como adultas através de orifícios.
Removaosresíduosinfestados do último ciclo de cultivo.Façaumtratamentodogrão com pesticida antes do armazenamento.Armazene o grão em sacos e outros recipientes herméticos.
Gafanhotodoarroz(Foto23)
As ninfas e os adultos comem as folhas.
Cultive áreas da exploração queestejamporcultivar,pois isto vai reduzir a área queosadultosutilizamparapor ovos.
Percevejodoarroz(Foto24)
Ataca os caules, as folhas e os grãos no estádio de enchimento.
Removaplantashospedeiras como gramíneasquecrescemnos taipais (marachas).Emarrozdesequeiro,façaa sementeira mais cedo, no início da estação das chuvas.
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C
F
Foto 22. Brocas do caule. (A)Existemmuitostiposdebrocadocaulequeafectamoarroz,porexemplo,odiopsis(Foto:CABI/IPNI)(B) Outra broca do caule: uma traça(Foto:CABI/IPNI)(C)Larvadabrocadocaule(Foto:CABI)(D) A broca do caule causadanosnointeriordocaule(Foto:CABI)(E)Danocausadopelabrocadocaule,“panículabranca”:panículavazia(semgrão)(Foto:CABI)(F)Danocausadopelabrocadocaule:panículavazia(Foto:CABI)(G)Panículanormal:panículacomgrão(Foto:CABI).
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Foto 23. Gafanhoto do arroz causa danos nas folhas (Foto:CABI/IPNI).
Foto 24. O percevejo fedorento reduz o rendimento ao alimentar-se dos grãos em desenvolvimento(Foto:CABI/IPNI).
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Tabela 7: Exemplos de doenças do arroz
Sintomas Medidas de controloBrusone(Foto25)
As folhas apresentam grandes lesões com extremidades pontiagudas de centro cinzento ou branco; as margens daslesõesvãodoverde-escuroatéaocastanho-avermelhado,apresentandopor vezes uma auréola amarelada. Nocasodeataquesevero,aslesõesfundem-seeasfolhasmorrem;asbaínhas das folhas secam e a planta inteira poderá morrer.Plantasgravementeafectadastêmumaaparênciaqueimada.Na aurícula da folha, o apodrecimento podelevaràquedaprematuradafolha.Nosnósmaisbaixos,oapodrecimentoleva ao aparecimento de “panículas brancas”. Nas panículas, cor branca e com muito menosgrãosdearroz;ataquetardiodeste complexo fúngico resulta em hastesquebradas.
Variedades resistentes. Evite a aplicação excessiva de fertilizantes de nitrogénio e condições de seca. Instalações sanitárias no campo. Plantaçãosincronizada.
Falso-carvão(Foto26)
Sintomasobservadosnogrãoapósafloração:Pequenasgalhasverdesdeaté1cmaparecemnogrão;quandoasgalhasrebentam,tornam-sealaranjadas e depois esverdeadas.
Variedades mais resistentes.Evite o excesso de aplicação de fertilizantes de nitrogénio.
Mancha castanha da folha
Lesões (manchas) ovais distribuídas uniformemente no limbo da folha, de até 1 cm de comprimento.As manchas são castanhas, com centrosacinzentadosquandototalmente desenvolvidos.Lesõesmaisjovenssãopequenas,comopintasdecorcastanho-escura.Lesões nas panículas podem levar ao aparecimento de grão manchado.
UsodevariedadesresistentesUsodesementeembomestado sanitário e livres da doença.Apliqueosfactoresdeprodução agrícola de forma equilibrada,istoé,forneçamicronutrientes se estes estiverememdeficiência,e combine a utilização de fertilizantesquímicoscomadubação orgânica.
Mancha estreita dafolha(Foto27)
Manchas estreitas acastanhadas, com 2-12mmdecomprimentoe1-2mmdelargura, aparecem no limbo, bainha das folhas e nas panículas.
Utilizevariedadesdeciclocurto (maturação precoce).Façaasementeira/plantação cedo.
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A B
C
Foto 25. Brusone do arroz (A) As lesões são cinzentas no centro e castanhas á volta (Foto:CABI/IPNI)(B)Emcasosdeataquesevero,aslesõesfundem-seumasàsoutraseafolhamorre.(Foto:CABI/IPNI)(C)Nósafectadospeladoença:seonóimediatamenteantes da cabeça é afectado antes do enchimento do grão, o grão poderá não se desenvolver;seoataqueocorrerapósoenchimentodogrãoapanículapodequebrar-se. (Foto:CABI/IPNI)
Sintomas Medidas de controloVírus da mancha amarela do arroz (Foto28)
Folhasamarelo-alaranjadas,muitasvezes enroladas.Plantasatrofiadas,afilhamentoreduzido,floraçãonãosincronizada,asespigas não se enchem de grão. Doençapodesertransmitidaporinsectos.Plantasjovenssãomaissusceptíveis.
Destruaosresíduosdacultura, por exemplo atravésdequeimadas.Arranqueplantasvoluntáriasqueaparecementre os ciclos produtivos de forma a controlar as populações de insectos transmissores e as plantas infectadas. Atrase o tempo de plantação. Usevariedadesmaisresistentes. Useinsecticidasparacontrolar os insectos transmissores da doença.
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Foto 26. Falso-carvão(Foto:CABI).
Foto 27. Mancha estreita da folha (Foto:CABI).
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A
B
Foto 28. Vírus da mancha amarela do arroz (RYMV). (A) As plantas infectadas com RYMVpodemtornar-seamareladas,eficamvulneráveisaoataquedeoutrasdoenças–nestecasoamanchacastanhadafolha(Foto:CABI)(B)FolhainfectadacomRYMV(Foto:CABI).
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7. Análise económica da produção do arroz
O arroz é uma cultura muito importante em África: os agricultores cultivam o arroz para venda, embora, parte de arroz possa ser usado para satisfazer as necessidades domésticas.
Muitas das técnicas necessárias para a melhoria da produtividade requeremousoderecursosescassostaiscomoosfertilizantesquímicos,oestrume,sementemelhoradaemão-de-obra.Porexemplo,quandosãousadasvariedadesmelhoradascomumelevado potencial de rendimento, pode ser necessário adicionar mais fertilizante de forma a alcançar esses rendimentos. Contudo, o uso de fertilizante deve ser acompanhado de outras “boas práticas” de maneio agrícola, nomeadamente a altura da sementeira/plantação,bommaneiodaáguaemondaassíduadeplantas infestantes.
É importante prever se uma nova técnica agrícola poderá ser rentável(antesdaimplementação)everificarseessaprevisãose materializou na prática, ou seja, ver se a nova técnica foi de factorentável(apósimplementação).Osbenefíciospotenciaisdeuma nova prática são calculados com base em dados recolhidos noutroslocais,enquantoqueosbenefíciosavaliadosapósaimplementaçãosebaseiamemdadosrecolhidosnaprópriaexploração.
O aumento mínimo de rendimento necessário à recuperação das despesas associadas com a implementação de uma nova técnica poderáindicarsevaleapenaimplementá-lanaprática.
Porexemplo,peguemosnocasodeumagricultorquehabitualmente faz uma adubação de cobertura de 2 sacos de ureia aplicados a uma variedade melhorada e obtém com isso um rendimentode3.8toneladasdegrãoporhectare.Esteagricultor
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pretende, agora, adicionar mais 2 sacos de ureia à adubação de cobertura.Podemoscalcularprimeirooaumentoderendimentonecessárioparaqueesteagricultorrecupereoseuinvestimentoadicionalemfertilizante(assumindoqueopreçodaureiaédeUS$50porumsacode50kgeodoarrozédeUS$500portonelada) da seguinte maneira:
Aumentomínimoderendimento(t/ha)=custo do fertilizante de ureia
=(2x50)
=0.2preço do arroz 500
Assim, neste caso, se o agricultor conseguir atingir uma produção demais200kgporhectare,conseguirárecuperaroinvestimentoadicional em ureia.
O custo adicional da implementação de uma nova tecnologia, pode ser também comparado com os benefícios obtidos através destatecnologia(análisecusto-benefício).
Porexemplo,nocasodesteagricultor,orendimentoanteriorde3.8toneladasdegrãoporhectarepassouaserde4.5toneladasde grão por hectare, como resultado da adição de mais 2 sacosdeureiaporhectare.Podemoscalcularagoraovalordorendimento adicional comparado com o custo do fertilizante, ou sejaa“razãocusto-benefício”(RCB),daseguintemaneira:
RCB=(rendimentocomfertilizanteadicional–rendimentosemfertilizanteadicional)
x preço do arroz =(4.5-3.8)x500 =3.5
quantidadedefertilizanteadicionalaplicadoxpreçodofertilizante (2x50)
Deformageral,énecessárioobterumarazãodecusto-benefíciomaiorque2paraqueuminvestimentosejarealmenteatractivopara o agricultor, ou seja, o rendimento adicional em arroz tem quevalerpelomenosduasvezesovalordorecursoagrícolanecessárioparaoobter(nestecasoumfertilizantequímico,ureia).Paraesteagricultor,umRCBde3.5éindicativodeum
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investimentomuitoatractivo,dadoqueporcadaUS$1investidoemfertilizanteoagricultorrecebeumretornodeUS$3.5.
Se informações adicionais, por exemplo o custo do trabalho, custo da monda de plantas infestantes e custo associado ao controlo de pragas e doenças, estiverem disponíveis, mais detalhadaspoderãoseroscálculosdaanáliseeconómica.Tenhaemmente,quecadarecursodeproduçãodeveráserutilizadosegundo“boaspráticas”paraquesepossaobteromelhorretorno possível do investimento efectuado na compra desse recurso.
Outroaspectoimportanteéqueopreçodosrecursosdeproduçãoedosprodutosdacolheitapodemvariar.Porexemplo,o agricultor pode melhorar o seu lucro se armazenar o produto apóscolheita,vendendo-oapenasquandoosmercadosjánãoestiverem saturados de arroz e o preço deste aumentar. Mais ainda,quantidadesmenoresdefertilizantedevemseraplicadasquandoseverificaumatrasodaschuvasouseesperaumperíodode seca, e da mesma forma, mais fertilizante deve ser aplicado quandoaschuvaschegamnaalturaprevistaeseesperaqueaquantidadedechuvasejaadequada.
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8. Tabelas de referência
Tabela de referência 1: teoremnutrientes(%)defertilizantesfrequentementeencontrados na África SubsarianaFertilizante N PO KO MgO CaO S OutrasUreia – 46Cloretodeamónio AC 25 66ClNitratodeamónio AN 34Nitrato de cálcio CN 15 26Nitratodeamónioecálcio
CAN 27 2 4
Sulfatodeamónio AS 21 24Fosfatodemonoamónio
MAP 11 48–55 0.5 2 1–3
Fosfatodediamónio DAP 18–21 46–53 1–1.5Rochafosfatada RP 25–41 25–50Fosfatodemagnésiofundido
FMP 12–20 10–15 12–16
Superfosfato simples SSP 16–22 28 11–14Superfosfato duplo SP36 32–36 5–6Superfosfato triplo TSP 44–53 0.5 12–19 1–1.5Cloreto de potássio KCI 60–62 47ClSulfato de potássio SOP 50–53 17–18Nitrato de potássio KN 13 44 0.5 0.5 0.2Kieserite Kies 27 22Langbeinite SKMg 22 18 22Dolomite GML 10–22 35–45Agrilime (calcite) – 47Gesso – 22–30 13–16N-P-K15–15–15 – 15 15 15N-P-K16–16–8 – 16 16 8 1N-P-K13–13–21 – 13 13 21N-P-K12–12–17+2(Mg)+(TE)
– 12 12 17 2 Micro
N-P-K15–15–6+4(Mg) – 15 15 6 4N-P-K5–18–10 5 18 10 8N-P-K5–17–15 5 17 15N-P-K8–14–7 8 14 7
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Tabela de referência 2. Factoresdeconversãodenutrientes.
De Multiplicar por Para obter/De Multiplicar por Para obterNO3 0.226 N 4.426 NO3
NH3 0.823 N 1.216 NH3
NH4 0.777 N 1.288 NH4
P2O5 0.436 P 2.292 P2O5
K2O 0.83 K 1.205 K2OSO2 0.500 S 1.998 SO2
SO4 0.334 S 2.996 SO4
SiO2 0.468 Si 2.139 SiO2
MgO 0.603 Mg 1.658 MgOCaO 0.715 Ca 1.399 CaOCaCO3 0.560 CaO 1.785 CaCO3
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Para mais informações ver :
http://www.knowledgebank.irri
Uma boa fonte para mais informações sobre a produção do arroz.
Defoer,T.,Wopereis,M.C.S.,Jones,M.P.,LanconF.andErensteinO.(2003)Challenges,innovationandchange:towardsrice-basedfoodsecurityinsub-SaharanAfrica–pp219-234.Inproceedingsofthe20thsessionoftheinternationalricecommission,Bangkok,Thailand,23-26July2002,RomeItaly,FAO.)
A Figura 1 sobre as ecologies do arroz foi adaptada desta referência bibliográfica.
Fairhurst,T.H.,Witt,C.,Buresh,R.J.andDobermann,A.(2007)APracticalGuidetoNutrientManagement.Rice.InternationalRiceResearchInstitute,InternationalPlantNutritionInstituteandInternationalPotashInstitute.
http://books.google.co.ke/books?id=x05GSmoGL2MC&pg=PP2&lpg=PP2&dq=T.H.+Fairhurst,+C.+Witt,+R.J.+Buresh,+and+A.+Dobermann&source=bl&ots=U-o2Jwdz2H&sig=C6EYbt2TQuSUJp4tt833g1QKk1o&hl=en&sa=X&ei=WpYNU_m-OLKa0QXYvYGgDw&redir_esc=y#v=onepage&q=T.H.%20Fairhurst%2C%20C.%20Witt%2C%20R.J.%20Buresh%2C%20and%20A.%20Dobermann&f=false
Material de leitura importante sobre o maneio da cultura do arroz. As estimativas do teor em nutrientes dos resíduos do arroz apresentadas neste guia foram baseadas em dados apresentados nestareferênciabibliográfica.Estareferênciabibliográficatambémcontémumaboacolecçãodefotografiasdecarênciasnutricionaisna planta arroz.
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Africa Soil Health Consortium: melhorando a fertilidade do solo, melhorando a produção de alimentos, melhorando os meios de subsistência. OASHCtrabalhacominiciativasnaÁfricaSubsarianaafimde aumentar a adopção de práticas de maneio integrado de fertilidadedosolo(MIFS).OmodooperativodoASHCconsisteno apoio ao desenvolvimento de materiais de extensão rural com informaçãoacessívelsobreosprincípiosepráticasdeMIFS.OASHCoperaatravésdeequipasmultidisciplinaresqueincluemespecialistas em ciência do solo e em sistemas de cultivo, especialistas em comunicação, escritores e editores técnicos, economistas, especialistas em monitorização e avaliação deresultadosdecampanhaeespecialistasemquestõesantropológicasdegénero.EstaabordagemtempermitidoaoASHC facultar a produção de recursos materiais de extensão rural muito práticos e inovadores. O ASHC define MIFS como: um conjunto de práticas de maneio dafertilidadedosolo,queincluemobrigatoriamenteautilizaçãode fertilizantes, a adição de materiais orgânicos e a utilização de germoplasma melhorado, combinadas com o conhecimento de comoadaptarestaspráticasàscondiçõeslocais,afimdeoptimizaraeficiênciaagronómicadosnutrientesaplicadosemelhoraraprodutividadedasculturas.Todososrecursosdeproduçãodeverãoserfundamentadosemprincípiosagronómicoseeconómicossólidos.
A série de Guias de Cultivo em Maneio Integrado da Fertilidade do Solo foi produzida pelo ASHC sob a coordenação da CABI.
Esteguiadecultivofoipublicadoem2013peloASHC,CABI.P.O.Box633-00621,Nairobi,Kenya
Tel:+254-20-2271000/20Fax:+254-20-7122150Email:[email protected]: www.cabi.org/ashc