guimarães arte e cultura | ciajg | jornal 2º ciclo expositivo 2016

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PLATAFORMA DAS ARTES E DA CRIATIVIDADE After previously addressing photography (Carlos Relvas, A man has two shadows; Ernesto de Sousa and Popular Art and the surveys of photography and the territory) and drawing (Oracular Spectacular, drawing and animism), the new exhibition cycle will focus on sculpture, as a discipline that exists on the frontier between the object and body, copy and double, life and death, function and ostentation. In Odd Objects: an essay on proto- -sculpture and Forest Paths, on art, technology and nature we explore the modes of the emergence, expansion and survival of a practice that, since time immemorial, has built and animated man's relationship with the world around him. Depois da fotografia (Carlos Relvas, Um homem tem duas sombras; Ernesto de Sousa e a Arte Popular e Inquéritos à fotografia e ao território) e do desenho (Oracular Spectacular, desenho e animismo), dedicamos o novo ciclo expositivo à interrogação da escultura enquanto disciplina que existe na fronteira entre objeto e corpo, cópia e duplo, vida e morte, função e ostentação. Com Objectos Estranhos: ensaio de proto-escultura e Caminhos de Floresta, sobre arte, técnica e natureza ensaiamos uma reflexão sobre os modos de aparecimento, expansão e sobrevivência de uma prática que, desde tempos imemoriais, constrói e anima a relação do homem com o mundo que habita. LABIRINTO E ECO COLEÇÃO PERMANENTE E OUTRAS OBRAS TODO O ANO

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Page 1: Guimarães Arte e Cultura | CIAJG | jornal 2º ciclo expositivo 2016

—PLATAFORMA DAS ARTESE DA CRIATIVIDADE

After previously addressing photography (Carlos Relvas, A man has two shadows; Ernesto de Sousa and Popular Art and the surveys of photography and the territory) and drawing (Oracular Spectacular, drawing and animism), the new exhibition cycle will focus on sculpture, as a discipline that exists on the frontier between the object

and body, copy and double, life and death, function and ostentation. In Odd Objects: an essay on proto- -sculpture and Forest Paths, on art, technology and nature we explore the modes of the emergence, expansion and survival of a practice that, since time immemorial, has built and animated man's relationship with the world around him.

Depois da fotografia (Carlos Relvas, Um homem tem duas sombras; Ernesto de Sousa e a Arte Popular e Inquéritos à fotografia e ao território) e do desenho (Oracular Spectacular, desenho e animismo), dedicamos o novo ciclo expositivo à interrogação da escultura enquanto disciplina que existe na fronteira entre objeto e corpo, cópia e duplo, vida e morte, função e ostentação. Com Objectos Estranhos: ensaio de proto-escultura e Caminhos de Floresta, sobre arte, técnica e natureza ensaiamos uma reflexão sobre os modos de aparecimento, expansão e sobrevivência de uma prática que, desde tempos imemoriais, constrói e anima a relação do homem com o mundo que habita. LABIRINTO E ECO

COLEÇÃO PERMANENTE E OUTRAS OBRASTODO O ANO

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CIAJG 2

CURADORIA NUNO FARIA

Labirinto e Eco é o mote da atual montagem da coleção permanente. Durante o período de um ano as salas do piso superior do CIAJG vão acolher um extenso e variado conjunto de intervenções de artistas contemporâneos, convidados a dialogar com os notáveis objetos da coleção de José de Guimarães e outros entretanto reunidos no acervo da instituição. O eco da criação artística propaga-se pelos tempos, numa fascinante e misteriosa viagem que descobrimos com renovado espanto a cada visita que fazemos ao museu, a cada museu. No CIAJG não é diferente. Propomos uma experiência única de visita ou revisitação através do labirinto da história pelo próprio pé do espetador ou pela mão dos monitores do nosso Serviço Educativo.

LABYRINTH AND ECHOPERMANENT COLLECTION AND OTHER WORKSWITH AN INTERVENTION BY MUSA PARADISIACA AND PERFORMANCE BY PEDRO CALAPEZ

Labyrinth and echo is the title of the new montage of the permanent collection. Over a one year period the rooms of the upper floor of the CIAJG will host an ex-tensive and varied set of interventions by contempo-rary artists, invited to establish a dialogue with the re-markable objects in the José de Guimarães collection and other works that have been gathered in the mean-time for the institution's collection.The echo of artistic creation reverberates across time, in a fascinating and mysterious journey that we disco-ver with renewed amazement each time we visit a mu-seum. The CIAJG is no exception. We propose a uni-que way of visiting or revisiting the labyrinth of history, which the spectator may traverse on foot or assisted by the monitors of our educational service.

Arte Africana, Arte pré-Colombiana e Arte Chinesa Antiga da coleção de José de GuimarãesAfrican Art, Pre-Columbian Art and Ancient Chinese Art of the José de Guimarães Collection

Obras de / Works byJosé de GuimarãesVasco AraújoMusa paradisiacaRui ToscanoRui ChafesPedro CalapezOtelo M. F. f.marquespenteadoTomás Cunha FerreiraErnesto de SousaJarosław FlicinskiRosa RamalhoFranklim Vilas Boas

Otelo M. F. · Aqueloutro, 2015 · Interventions with telluric awareness · [Objetos, colagens e desenhos produzidos para a exposição Oracular Spectacular: desenho e animismo]

Neste ciclo expositivo que, com algumas variações, se estenderá até ao final do ano de 2016, Mu-sa paradisiaca têm uma partici-pação transversal que, em suces-sivos ecos, se expande desde o piso superior, ocupado pela co-leção permanente, até à expo-sição Caminhos de Floresta, no piso subterrâneo. Musa paradi-siaca é um projeto artístico de Eduardo Guerra e Miguel Ferrão, centrado no diálogo. Assente em parcerias temporárias com enti-dades de variada competência, Musa paradisiaca assume dife-rentes formas, mantendo um ca-ráter discursivo e participativo. Daí deriva a proposta para a cria-ção de uma família pensante que, a várias vozes, se afirma.

In this exhibition cycle, that will continue until the end of the year 2016, with some variations, Musa paradisiaca has a transversal par-ticipation that, in successive ech-oes, extends from the top floor, occupied by the permanent collec-tion, to the Forest Paths exhibition on the basement floor.Musa paradisiaca is a dialogue-based artistic project by Eduardo Guerra and Miguel Ferrão. Found-ed on temporary partnerships with individual and collective entities of varying competence, assum-ing different formats, while always maintaining a discursive reference. Hence, it proposes to gradually con-struct a thinking family which is re-vealed by many shapes and voices.

COM INTERVENÇÃO DE MUSA PARADI SIACA E PERFORMANCE DE PEDRO CALAPEZ

PISO 1 / SALAS #1-8 | 1ST FLOOR / ROOMS #1-8

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A exposição Objectos Estranhos: ensaio de proto-escul-tura tem por objetivo reunir um amplo conjunto de pe-ças do património religioso, popular e arqueológico da região, fazendo-as dialogar com peças de artistas con-temporâneos. Através da extensa paisagem de objetos expostos – que vão desde as pinturas de Mestre Caçoi-la até ex-votos em cera, passando por peças notáveis de alguns dos mais significativos espólios museológicos do Concelho, como é o caso de S. Torcato, S. Francis-co ou Fermentões – pretendemos celebrar a riqueza, a pluralidade e a idiossincrasia de uma terra muito den-sa, através não só da reunião desses objetos mas, igual-mente e sobretudo, de uma plêiade de convidados que, no âmbito e no interior da exposição, ajudarão a per-ceber as crenças, os hábitos e rituais que organizam a vida das pessoas.Em 2012, no âmbito da exposição Para Além da His-tória, que inaugurou o Centro Internacional das Artes José de Guimarães, criámos um pequeno núcleo a que

chamámos Objectos Estranhos: ensaio de proto-escultu-ra. Tinha um título irónico e misteriosamente literário e reunia um conjunto de objetos de proveniência diversa que mantinham uma relação problemática com a noção de escultura. Ora porque ainda não tinham forma, ora porque eram compostos por pequenos fragmentos es-parsos não tendo propriamente um corpo uno, ora por-que eram o negativo, o molde de formas reconhecíveis (partes do corpo humano, por exemplo). Hoje, exatamente quatro anos passados, voltamos a es-se programa de trabalho e expandimo-lo. Por duas ra-zões essenciais: porque esse núcleo explorava a força adormecida das coisas que, à nossa volta, estão em po-tência, em devir, prontas a eclodir ou a florescer e que-ríamos voltar a falar dessa energia que nos move e nos envolve; mas, também, porque quisemos celebrar o es-pírito que presidiu à implantação do CIAJG em Gui-marães e juntar algumas das forças vivas (e, em alguns casos, adormecidas) que nela circulam.

CURADORIA/ CURATED BY F.MARQUESPENTEADO E / AND NUNO FARIA

[A CELEBRAÇÃO DA VIDA RESPIRA PAREDES MEIAS COM A ESCONJURAÇÃO DA MORTE]

Com / withMestre Caçoila (pintor aos domingos) e Musa paradisiaca Peças das coleções de / Works from the collection of Museu de Alberto SampaioSociedade Martins Sarmento Museu da Agricultura de Fermentões Venerável Ordem Terceira de São Francisco Associação Artística da Marcha GualterianaIgreja de São Domingos CIAJG - José de Guimarães e / and gentis colecionadores particulares / courteous private collectors

ODD OBJECTS: AN ESSAY ON PROTO-SCULPTURE [CELEBRATION OF LIFE BREATHES SIDE BY SIDE TO THE ABJURATION OF DEATH]

The exhibition, “Odd Objects: an essay on proto-sculpture” aims to bring together a wide range of works from the local region’s religious, popular and archaeologi-cal heritage, and forge a dialogue with works by contemporary ar-tists. Through the extensive array of objects on display – which range from paintings by Master Caçoila to wax ex-voto offerings, and inclu-ding notable works from some of the municipality’s most significant museum collections, such as tho-se of S. Torcato, São Francisco or Fermentões - we aim to celebra-te the richness, diversity and the idiosyncrasy of a highly complex

land, not only through the com-bined objects but also and abo-ve all, via a host of guests who, in the framework of, and within, the exhibition, will help us understand the beliefs, habits and rituals un-derpinning local life."In 2012, as part of the "Beyond His-tory" exhibition, which inaugura-ted the José de Guimarães Inter-national Arts Centre, we created a small unit, that we called “Odd Objects: an essay in proto-sculp-ture”. It had an ironic and myste-riously literary title and combined a group of objects from various sour-ces, that maintained a problematic relationship with the concept of sculpture: either because they had no clear shape, or because they were composed of small scatte-red fragments, without a unified body, or because they constituted

the reverse image, the mould, of recognisable forms (e.g. human body parts).Today, exactly four years later, we have returned to this work pro-gramme and expanded it. For two main reasons: because this set of works explores the dormant strength of the things around us that lies latent, evolving, ready to hatch or flourish and we wanted to revisit this energy that drives us and surrounds us; and also be-cause we wanted to celebrate the spirit that presided over the imple-mentation of the CIAJG in Guima-rães and add some of the living forces (and, in some cases, dor-mant forces) that circulate therein.Contemporary art is actually a clo-se relative of archeology. Both are interested in the appearance and disappearance of things. Both are

INAUGURAÇÃO / OPENING01 JULHO / JULY 2016

PISO 0 / SALAS #9-11 | GROUND FLOOR / ROOMS #9-11

Cabaças da Horta do Sr. CardosoFotografia de Eduardo Brito

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A arte contemporânea é parente próxima da arqueolo-gia. Ambas se interessam pelo aparecimento e desapa-recimento das coisas, ambas mantêm uma relação de fascínio com o passado e com as noções de testemu-nho e de memória. Alguns objetos têm uma vida pa-ra além da função. Ou porque têm um poder especial que lhes advém da forma, ou porque têm uma energia própria encerrada na matéria de que são constituídos, porque dão corpo a um desejo, vontade ou aspiração. Chamamos-lhes objetos transitivos ou em trânsito. Sen-do eles também modestamente ou muito misteriosos, servem, no máximo, para acedermos ou convivermos com o(s) mistério(s) do mundo em que habitamos. Fre-quentemente, são informes – não têm uma forma reco-nhecível, não têm corpo, não têm esqueleto ou estru-tura – e por isso não podem ser classificados, não têm nome. Outras vezes, são o negativo de uma forma, o resultado de uma transubstanciação, a transformação de uma substância em outra. É o caso dos ex-votos em cera, essa matéria que estabelece ligações entre esta-dos, corpos e coisas. Em todo o caso, há objetos que reunimos, guardamos, expomos ou oferecemos com maior enlevo que outros. São coisas raras, excecionais, estranhas, que nos lem-bram constantemente a magia do mundo e o milagre da vida. Que se situam entre a celebração da vida e a esconjuração da morte. Esta exposição é, assim, uma experiência e um proces-so. Recolhemos objetos e imagens reunidos ou criados

por alguns dos notáveis cidadãos da região de Guima-rães ou conservados em algumas das veneráveis insti-tuições deste panorama rico e diverso como poucos. Juntámos todas estas coisas no mesmo espaço e, ao longo do período da exposição, por aqui passarão, co-mo uma corrente de ar, falas, discursos, cantares, in-terrogações, afirmações, testemunhos, exaltações, ora-ções, procissões. Celebremos a vida no interior do museu, celebremos o lugar em que vivemos!

fascinated with the past and with notions of testimony and memory. Certain objects ha-ve a life that extends beyond their function. Either because they have a special power derived from their form, or because they have their own energy impregnated in their constituent matter, because they embody a desire or aspiration. We call them transi-tive objects or objects in transit. They are also slightly or highly mysterious. At the ut-most they serve to gain access to, or min-gle with, the mysteries of our world. They are often shapeless. They don’t have a re-cognisable form. They have no body, skele-ton or structure - and therefore cannot be classified. They have no name. Sometimes they are the reverse image of a form, the result of a transubstantiation, the transfor-mation of one substance into another. For example, ex-voto offerings, made of wax - the material that establishes connections between states, bodies and things.

In any case, we collect, store, exhibit or offer certain objects with greater amaze-ment than others. They are rare, excep-tional, strange things, that constantly re-mind us of the magic of the world and the miracle of life. They lie between the cele-bration of life and the exorcism of death.This exhibition is therefore both an expe-rience and a process. We collect objects and images that have been gathered or cre-ated by some of the notable citizens from the region of Guimarães or items that ha-ve been preserved in some of the venera-ble institutions of this distinctively rich and diverse territory. We will display all these objects in the same space and during the course of the exhibition we will listen to spe-eches, discourses, songs, questions, state-ments, testimonies, exhortations, prayers, processions - like an air current.We will celebrate life inside the museum, and celebrate the place where we live!

‘camelo a atravessar furos’ ___ enquanto os objetos de uso que nos são costumeiros confirmam a cada dia o seu desenho e a sua serventia, paira no universo das formas terrenas que se criam, esculpem ou forjam outro conjunto de objetos de ordem mais excêntrica ___ são for-mas de obtusa compreensão, são estranhos arranjos pouco louvados ou atentamente cuidados que parecem não merecer voto de con-fiança devido sua estranheza, o seu fora do vulgar ___ é bem esse conjunto inquieto e atemporal que a exposição comporta e homenageia ___ vejam então este solo e terreno: o da estranheza ___ é ali que se dá a nascença, o parto deste projeto, e seus filhos espúrios, caolhos e desmembrados pedem agora celebração ___ as salas expositivas orquestram uma coleta de material de pertença regional e popular, re-colhida, sobretudo, pelo norte de Portugal e que vivia quase anônima em casas, museus temáticos e ateliers: esses objetos passam a ser assim convocados para novos encontros, conversas e danças ___ ao lado da coleta aparece o seu intérprete: a exposição vem acompanha-da de um conjunto de oradores de diferentes saberes e fazeres que vão testemunhar o que conhecem, viram, ouviram ou sonharam so-bre aqueles grupos expostos, e, a seu gosto e modo, complementar suas apresentações passeando por outros tantos territórios aonde a estranheza respira irrestrita, incólume ou mesmo desvairada ___ para contornar e acolher tão bela coleta a prática artística contemporâ-nea é arregimentada [na figura de José de Guimarães, os Musa paradisiaca e mais o f. marquespenteado] ___ e como o confeito por cima de um bolo, a exposição é coroada por ali inclusive se encontrar a maior e mais numerosa reunião das trabalhos de um mestre pintor lo-cal, de Guimarães, o mestre Caçoila, um artista que retratou a cidade e a região na sua inquietante, profunda e prolixa atividade cultu-ral de meados do século XX, retratos aonde exatamente uma inquietante estranheza de formas e de tradições não se deixaram esque-cidas pelo olhar do pintor, mas sim foram por ele exaltadas___ a exposição primeiramente pretende é que o público faça nela e dela uma rota de experiências: cumpre o visitante que por seus portais cruzar não só observar e absorver os sinais ali congregados, mas também dar-lhes novo sentido, somar-lhes nuances e encantar-lhes com as experiências pessoais e singulares que traz consigo___ trata-se de, guiados e inspirados por essa coleta de objetos, contemplar a parábola e fazer atravessar camelos por furos de agulhas, equipados com tudo o que temos de melhor e de mais profundo conosco ___ quer-se ainda mais uma vez abençoar essa casa de cultura, nomeadamen-te o CIAJG; quer-se espantar fantasmas ali incrustados ou dissabores locais e pontuais, para finalmente aclamar e festejar a pujança do invulgar, do imponderável e do transcendental, interpelados pela benigna estranheza dos objetos ali convocados___ é esta a boa hora de darmos mais respostas à nossas vidas, de incentivarmos a camelos cruzarem as nossas imaginações e saírem por lados que não anteci-pávamos, de conhecermos novas paragens. (Texto escrito em português do Brasil)

© Mestre Cacoila (pintor aos domingos) · Retrato de José de Guimarães, 1961 · Óleo sobre tela · 54,5 x 43 cm · Coleção José de Guimarães

'Camel passing through pin holes'___ while familiar utilitarian objects confirm their design and uses every day, in the universe of earthly forms that have been created, sculpted or invented, we encounter another, more eccentric, set of objects ___ they are forms which are difficult to understand. They are strange, underestimated arrangements, or others that are carefully tended for, but which don’t seem to deserve our vote of trust, becau-se of their strangeness or unusual nature ___ It is precisely this restless and timeless set of works that the exhibition displays and pays tribute to___ to witness this ground and terrain: that of strangeness ___ this is the origin, the birth of this project, and its illegitimate, one-eyed and dismem-bered children now want to be celebrated ___ the exhibition rooms orchestrate a collection of regional and popular items, primarily collected by persons living in the North of Portugal, that have been stored almost anonymously in homes, thematic museums and workshops. These objects are thereby convened for new encounters, conversations and dances ___ next to the collection we see its interpreter: the exhibition is accom-panied by a set of speakers who have different knowledge and practices, who will testify to what they know, saw, heard or dreamed in relation to those groups on display, and who, in their own taste and manner, complement their presentations, passing through so many other territories where strangeness breathes, in an unrestricted, unscathed or even insane manner___ to circumvent and embrace such a fine collection, contem-porary artistic practice is evoked [in the figure of José de Guimarães, Musa paradisiaca and also f. marquespenteado] ___ and like a cherry on top of the cake, the exhibition is crowned by the largest and most numerous collection of works by a skilled local painter, from Guimarães, mas-ter Caçoila, an artist who, in the mid-twentieth century, portrayed the city and the region in its disturbing, profound and prolific cultural activi-ty; In his portraits an uncanny strangeness of forms and traditions are not only captured, but also exalted ___ the exhibition firstly aims to ensure that the public carries out a route of the experiences therein and therefrom: the visitor who enters its portals must not only observe and absorb the signs on display, but also give them new meaning, add nuances and be charmed by the unique and personal experiences that they carry___ guided and inspired by this collection of objects, the visitor must contemplate the parable and make camels cross through pin holes, equipped with our finest and deepest attributes ___ we want to once again bless this house of culture, the CIAJG; we want to expurgate the ghosts incrus-ted therein, or the local and occasional unpleasant notes, in order to finally cheer and celebrate the strength of the unusual, imponderable and transcendental, challenged by the benign strangeness of the objects here convened___ the show is a chance to provide more answers to our lives, to encourage camels to cross through our imaginations and leave via sides that we never anticipated, to allow us to discover new destinations.

PISO 0 / SALAS #9-11 | GROUND FLOOR / ROOMS #9-11

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CURADORIA NUNO FARIA

Para o filósofo alemão Martin Heidegger, de cuja obra o título desta expo-sição é pedido de empréstimo, a produção artística é uma forma de posi-cionamento do homem perante a natureza. Perguntamos aqui o que signi-fica produzir arte. Enquanto modo específico de produção, a arte produz o quê? Estando na orla, nas margens, na confluência do mundo industria-lizado com o mundo natural, na obra de arte “ganha forma o próprio acon-tecimento da clareira do ser”. Uma forma de esclarecimento. De onde vi-mos, quem somos, para onde vamos? Talvez a arte trilhe um caminho que não leva a parte nenhuma; um caminho de floresta feito para nos perde-mos e, na diversidade da natureza, nos reencontrarmos com a origem e os fundamentos do humano. Esta exposição reúne, assim, um conjunto de aproximações e de diálogos com uma certa ideia de natureza, enquanto tematização do diverso, da-quilo que nos é estranho, e de como a podemos vir a traduzir, a compre-ender e a habitar.O tronco de árvore, figura e presença arquetípica e paradigmática desta exposição e de uma extensa porção da criação artística, é corpo e casa, duplo e útero.

FOREST PATHSON ART, TECHNIQUE AND NATURE

For the German philosopher Martin Heidegger, whose work has inspired the title of this exhibition, artistic production is a form whereby man positions himself in relation to nature. We ask what it means to produce art. As a specific mode of production, what does art produce? Lying on the edges, at the margins, at the meeting point between the industrialized world and the natural world, in the work of art "the clearing of being acquires form". A form of clarification. Where we come from, who we are, where we are going? Per-haps art treads a path that leads us nowhere; a for-est path that has been made for us to lose ourselves and, in the diversity of nature, re-encounter the ori-gin and foundations of human existence.This exhibition thus brings together a set of approach-es and dialogues with a certain idea of nature, as a way of exploring themes of diversity, that which we find strange, and how we may translate, understand and experience it.The tree trunk, the archetypal and paradigmatic figure and presence of this exhibition, and a large amount of artistic creation, is the body and home, the dou-ble and the uterus.

ColinaóMamadeira [ColinaóMilkmaid], 2015 · Musa paradisiaca c/ Tomé Coelho Madeira de azinheira e cola animal 33x25x28cm; 57x220x110cm · Detalhe · Coleção António Cachola · Imagem © Aurélien Mole · Cortesia do CRAC Alsace - Centre Rhénan d´Art Contemporain

No âmbito da Contextile 2016, o CIAJG apresenta uma mostra individual de Ilda David em torno da produção de bordados que a artista vem realizando tendo como mote central, mas não exclusivo, o universo literário de Maria Gabriela Llansol. Em paralelo, uma remontagem ampliada do núcleo de têxteis pré-colombianos da valiosa coleção deste Centro.

For Contextile 2016, CIAJG presents an individual show of Ilda David around the production of embroidery that the artist has been performing, mainly focused on the literary universe of Maria Gabriela Llansol. In parallel, an expanded reassembly of the pre-Columbian textile of this Centre's valuable collection core.

30 JULHO A 16 OUTUBRO CONTEXTILE 2016BIENAL DE ARTE TÊXTIL CONTEMPORÂNEA

INAUGURAÇÃO / OPENING15 JULHO / JULY 2016

Com / with

Alberto Carneiro Celeste Cerqueira Filipe Feijão Franklim Vilas Boas Ilda DavidMaria CapeloMusa paradisiaca + Tomé CoelhoReis Valdrez

PISO -1 / SALA #12-13 | LOWER FLOOR / ROOM #12-13

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CIAJG 8

O cartão AMIGO CIAJG foi criado para juntar a comunidade em torno de um projeto museológico sem fronteiras e que reúne objetos de diferentes culturas, tempos e lugares. Queremos que o CIAJG seja um ponto de encontro, um lugar sem limites para a reflexão, onde a única regra seja a do prazer de ver e de pensar, a liberdade de formar um pensamento próprio. Ambicionamos tornar o CIAJG um lugar de referência na cidade, na região, à escala nacional e internacional, e para atingir esse ambicioso objetivo precisamos de si. Bem-vindos ao CIAJG: um museu com a forma do mundo!

Organização

Central de Informação | 2016

José de Guimarães International Arts Centre (CIAJG)Platform of Arts and Creativity

Opening hourstuesday to sunday, 10.00am-1.00pm / 2.00pm-7.00pm (last visits 12.30am and 6.30pm)

Tariffs4 eur / 3 eur Holders of the Cartão Jovem, Under 30 years, Students, Holders of the Cartão Municipal de Idoso, Reformados (Senior and Pensioner’s Card), Over 65 years, Handicapped patrons and the person accompanying them / Cartão Quadrilátero Cultural 50% discount / Free Entrance children until 12 years old / sunday morning (10.00 am to 12.30 pm)

Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG)Plataforma das Artes e da Criatividade

Horário de funcionamentoterça a domingo, 10h00-13h00 / 14h00-19h00(últimas entradas às 12h30 e às 18h30)

Tarifário4 eur / 3 eur Cartão Jovem, Menores de 30 anos, Estudantes, Cartão Municipal de Idoso, Reformados, Maiores de 65 anos, Cartão Municipal das Pessoas com Deficiência, Deficientes e Acompanhante / Cartão Quadrilátero Cultural desconto 50% /Entrada Gratuita crianças até 12 anos / domingos de manhã (10h00 às 12h30)

Morada / AddressAv. Conde Margaride, nº 1754810-535 GuimarãesPortugalTelefone / Phone + 351 253 424 715www.ciajg.ptN 41.443249, W 8.297915

3 aos 5 anosMas-caretos (strução, máscaras, corpo)Desenhos escondidos (enho, descoberta, revelação)

6 aos 10 anosHistórias desembaralhadas (desenho, alfabeto, histórias)Nkisi e os feitiços (coleção, objetos mágicos, artes plásticas)

11 aos 15 anosA viagem do Rinoceronte (geografia, desenho, perceção)

M/ 15 anosPaisagens da China (escrita, oralidade, história)De 20000 a.C a 2000 d.C. (história, pensamento, artes visuais)

Terça a domingo, por marcação através do e-mail [email protected]ção 90 min. a 2 horasLotação 1 turma / 25 pessoas /Preço Oficinas 2,00 eur | Vai e Vem (1 visita ao CIAJG + 1 oficina na escola) 2,00 eur

Terça a domingoPúblico-alvo alunos e professores de desenhoLotação máx. 25 pessoas/ grupoAtividade sujeita a marcação prévia através do e-mail [email protected]

Terça a domingo, das 10h00 às 19h00, por marcação através do e-mail [email protected] (a última visita terá início até às 18h00) Público-alvo Maiores de 4 anosDuração 60 a 90 min.Lotação min. 10 pessoas, max. 20 pessoas Preço 2,00 eur (grupos escolares) / 5,00 eur (outros públicos)

2º sábado do mês, às 16h00Público-alvo dos 4 aos 12 anos Duração 90 min. Lotação min. 10 pessoas, máx. 20 pessoas Preço 2,00 eur Atividade sujeita a marcação prévia com, pelo menos, 48h de antecedência através do e-mail [email protected]

Para adquirir o cartão Amigo CIAJG basta preencher o formulário de adesão e entrega-lo na bilheteira do CIAJG ou envia--lo por correio para a morada: Plataforma das Artes e da Criatividade / Centro Internacional das Artes José de Guimarães, Av. Conde Margaride, 175, 4810-535 Guimarães.

O pagamento poderá ser efetuado em numerário (no momento da subscrição), através de cheque enviado por correio à ordem de “A Oficina, CIPRL”, ou através de referência multibanco a gerar no ato de subscrição.

O seu cartão será emitido no prazo de uma semana, após confirmação do pagamento e enviado para a morada indicada no formulário. Para tornar mais cómodo o processo de adesão, o CIAJG disponibiliza--lhe ainda um formulário em www.ciajg.pt, que depois deverá ser submetido por e-mail para [email protected].

O cartão é válido por um ano a partir do momento da sua emissão e é renovável consoante intenção do portador. A utilização do cartão é pessoal e intransmissível. O cartão deverá ser apresentado na bilheteira do CIAJG e sempre que solicitado.

Cofinanciamento

CIAJG FRIEND CARDThe CIAJG FRIEND card has been created to build a community around a museum project without frontiers, that brings together objects from different cultures, times and places. We want the CIAJG to be a meeting place, a place without limits, that will foster reflection, where the only rule is the pleasure of seeing and thinking, the freedom to form our own thoughts. We aim to make the CIAJG a place of reference in Guimarães, the region, Portugal and internationally. We need you to help us achieve this ambitious goal. Welcome to the CIAJG: a museum shaped like the world!

“O CIAJG é uma instituição de convergência de culturas e civilizações aberta também aos criadores contemporâneos que se reveem nas valências culturais de todas as épocas. Tornar-se amigo do CIAJG significa participar na vida do Centro, acompanhar o seu desenvolvimento e viver as suas atividades. O apoio individual dos amigos do CIAJG é essencial para reforçar o seu reconhecimento nacional e internacional e sentir-me--ei muito feliz se puder contar com a sua adesão.” José de Guimarães, Amigo

do CIAJG (nº1)

"Ser amigo do CIAJG é acreditar na capacidade transformadora da arte, é combater a resignação ou o conformismo, é pensar a política cultural como processo contínuo de depuração. O CIAJG tem sabido ser acervo de conhecimento, arte e memória, numa conceção organizada e sistemática que responde às exigências da contemporaneidade." Domingos Bragança, Presidente da Câmara

Municipal de Guimarães, Amigo do CIAJG

(nº2)

REGALIASComo forma de estímulo, o cartão Amigo CIAJG reserva várias regalias aos seus portadores:

• Entrada livre nas exposições do CIAJG;• 50% de desconto nas visitas orientadas às exposições do CIAJG;• Visita exclusiva com o Diretor Artístico do CIAJG para Amigos, por ciclo expositivo;• Museu Fora de Horas: encontros/leituras seguidas de conversa sobre questões de arte contemporânea; • Acesso gratuito às atividades para famílias do CIAJG, até ao limite da lotação disponível;• 10% de desconto em todas as compras na loja do CIAJG; • 25% de desconto na compra de edições do CIAJG;• Convites para as inaugurações, lançamentos de catálogos e outros eventos;• Envio de newsletters regulares sobre a programação do CIAJG;• Parque de estacionamento gratuito na Plataforma das Artes e da Criatividade, sempre que for visitar as exposições do CIAJG, num período máximo de 2 horas, condicionado à lotação do parque;• 50% de desconto nos espetáculos na Plataforma das Artes e da Criatividade;• Entrada livre nas exposições do Palácio Vila Flor.

VALOR DA ANUIDADE

CARTÃO AMIGO CIAJG - INDIVIDUAL 50,00 eurCARTÃO AMIGO CIAJG - FAMÍLIA 75,00 eur (pai, mãe e filhos)

A utilização do cartão é pessoal e intransmissível. O cartão deverá ser apresentado na bilheteira do CIAJG e sempre que solicitado.

Nº:

Nome: Válido até:

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