h1 - aula 04

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―Homem‖, Cultura e Sociedade Prof. Msc. Hauley S. Valim [email protected] Operários, Tarcila do Amaral

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―Homem‖, Cultura e SociedadeProf. Msc. Hauley S. Valim

[email protected]

Operários,

Tarcila do Amaral

Aula 4

Sócrates e os Sofistas

2

Os Sofistas―O ‗homem‘ é a medida de todas as coisas‖,

3

―Os sofistas eram professores viajantes que, por

determinado preço, vendiam ensinamentos práticos de

filosofia. Sempre levando em consideração os interesses

dos alunos pagantes, davam aulas de eloqüência e de

habilidade mental, ensinando conhecimento útil para o

sucesso dos negócios públicos e privados‖.

―As lições dos sofistas não tinham como objetivo o

estabelecimento de uma verdade única, mas, sim, o

desenvolvimento do poder de argumentação, da habilidade

oratória, do conhecimento das doutrinas divergentes; enfim,

todo um jogo de raciocínios que seria utilizado na arte de

convencer as pessoas, driblando as teses dos adversários‖.

4

―Para eles, o essencial, todo esforço intelectual tinha por

fim algo lucro imediato; vencer um adversário, ganhar uma

causa judicial, convencer um auditório. Para isto, tudo era

válido. A única norma lógica e intelectual era o êxito‖.

―Havia ali uma preocupação com a audiência dos alunos. A

depender de quem era o público as verdades eram

apresentadas de uma forma‖.

―Por um lado são os técnicos que se vangloriam de

conhecer e ensinar todas as artes úteis ao homem; por

outro são mestres da retórica que ensinam como capturar

a simpatia da platéia‖.

5

Exemplo da atividade do Sofista

―Diferentemente do tecelão que sabe-fazer tecido, o

sofista sabe falar de tecidos, sobre o processo de sua

fabricação, sua história desde a origem da técnica de traçar

os fios de algodão, dos diferentes usos e costumes das

vestimentas em diferentes culturas — tudo isso ele fala

com mais eloqüência do que o mais hábil dos tecelões, que

não saberá falar com a mesma desenvoltura sobre aquilo

que ele mesmo faz‖.

―O mesmo vale para as outras técnicas, inclusive aquelas

consideradas e mais estimadas na vida pública, na política. A

arte da guerra, a estratégia militar, as variadas legislações

das diferentes cidades, a engenharia e arquitetura — sobre

todos os assuntos, os sofistas buscavam conhecer, detendo

deste modo um vasto saber‖.

6

Concepções críticas de Platão

sobre os Sofistas

Elas definem o sofista

(1) como o caçador assalariado de jovens ricos,

(2) como um homem que vende ―virtude‖e, visto

que vende bens que não lhe pertencem, como um

homem que pode ser descrito como mercador do

ensino,

(3) que vende a varejo em pequenas quantidades,

(4) como um homem que vende a seus fregueses

bens fabricados sob encomenda. 7

Concepções críticas de Platão

sobre os Sofistas

Elas definem o sofista

(5) o sofista é alguém que entretém controvérsias

do tipo chamado eristica (argumentação que,

segundo Platão, busca unicamente a vitória em um

debate, abandonando qualquer preocupação com a

verdade), a fim de ganhar dinheiro com a discussão

do certo e do errado.

(6) o sofista é visto como o falsificador da filosofia,

construindo, de maneira ignorante, contradições

baseadas mais em aparências e opiniões do que na

realidade. 8

Acusações aos Sofistas

Formuladas assim, as acusações

realmente reduziam-se a duas:

1. que os sofistas não eram pensadores

sérios e não tinham papel nenhum na

historia da filosofia e,

2. que seus ensinamentos eram

profundamente imorais (diversidade).

9

Concepção filosófica que surge:

―Verdade e realidade eram objetivas, não

subjetivas. Todos os que negassem isso se

opunham à verdade e à realidade‖.

Concepção sofística

Relativista. Argumentavam, por exemplo,

que as práticas culturais existiam em função

de convenções ou "nomos", e que a

moralidade ou imoralidade de um ato não

poderia ser julgada fora do contexto cultural

em que aquele ocorreu.10

―Hegel restaurou os sofistas a uma posição

integrada na historia da filosofia grega, mas de tal

maneira que seus sucessores puderam continuar,

por mais cem anos, com apenas uma modificação

parcial da visão previa profundamente hostil do

movimento sofista, mas o aspecto mais importante

de tudo isso é que Hegel reinseriu os sofistas na

historia da filosofia e o fez tratando-os como

subjetivistas‖.

Os sofistas eram mestres que simplesmente

representavam as opiniões correntes na sua época

11

Contribuições dos Sofistas

A elaboração dos rudimentos da idéia de

democracia, amplamente valorizada por

comerciantes em ascensão, cujos interesses

se contrapunham aos da nobreza.

O exercício prático de preparar os jovens

para atuar nas instâncias de tomada de

decisão da ágora (debate público).

12

O pano de fundo do debate teórico entre

sofistas e filósofos é a tensão entre

subjetividade e objetividade

Subjetividade

Etmologia. lat. subjectívus,a,um 'gram relativo

ao sujeito; que se submete a, submisso', (Dic.

Houaiss)

q

14A condenação de Sócrates, de Jacques-Louis

Sócrates (470-399 a.C.)

Sócrates (470-399 a.C.)

O pensamento de Sócrates é um divisor de águas no pensamento filosófico, porém não os deixou em forma escrita.

Ele valorizava a oralidade do ensino e das discussões.

Um passo importante para o pensamento social, pois os temas e os debates passam ter um importância prática.

A preocupação deixa de ser a natureza e passa ser questões relativas ao desenvolvimento das cidades-estado, como as questões humanas: morais, éticas e políticas.

15

Exaltou a responsabilidade moral do ser

humano enquanto cidadão da polis (cidades-

Estado), que passa se organizar politicamente

através do sistema que conhecemos como

democracia.

DEMO: “Povo‖, ―População‖ – Densidade

Demográfica.

CRACIA: “Força‖, ―Poder‖, ―Autoridade‖ –

Teocracia, Aristocracia (Aristo/Melhor, Melhores).

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Sobre os Sofistas Sócrates argumenta:

―a) Os Sofistas buscam o sucesso e ensinam as pessoas como conseguí-lo; Sócrates busca a verdade e incita seus discípulos a descobri-la.

b) Os Sofistas é necessário fazer carreiras, Sócrates quer chegar à verdade, desapegando dos prazeres e dos bens materiais.

c) Os Sofistas gabam-se de saberem tudo e fazer tudo; Sócrates tem a convicção de que ninguém pode ser mestre dos outros.

d) Para os Sofistas, aprender é coisa passiva e facílima, afirmam isso e tudo por um preço módico.

Sócrates defendia que a opinião é individual, mas a sabedoria é universal. A questão da felicidade e honestidade está na prática do agir. As riquezas não interessam aos homens‖.

Teoria do conhecimento em Sócrates

Princípio:

“Só sei que nada sei”

O ponto de partida para o conhecimento é o reconhecendo da própria ignorância.

Sócrates põe-se como quem não sabe nada sobre determinado tema diante de alguém que se diz sabedor (parte destrutiva da filosofia de Sócrates).

Des-truir. O questiona o senso comum, as crenças e opiniões (doxa), caracteristicamente vagas, parciais, imprecisas, derivadas de nossa experiência sensitiva.

O pensamento socrático revela a fragilidade doentendimento e aponta para a necessidade e a possibilidade de aperfeiçoá-lo através da reflexão.

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Maiêutica (obstetrícia)Indicar através da dialética o caminho que deveria ser percorrido por seu interlocutor até que chegassem a definição do tema discutido.

Maiêutica é a construção (nascimento) de novas idéias através de sucessivas perguntas. Ele leva o interlocutor a dar luz a suas próprias idéias.

Diálogo (dia de ―através de‖, preposição grega, e logo de ―palavra‖ ou ―discurso‖)

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Só assim poderemos, segundo ele, estar diante do caminho que leva ao conhecimento verdadeiro(episteme), deixando o domínio da opinião (doxa), o que não importa para a filosofia, pois ela procura a verdade única (o conceito, a idéia).

DoxaConhecimento superficial da realidade.

Reprodução irreflexiva das coisas (o sol nasce ou morre a despeito da teoria Heliocêntrica de Copérnico).

EpistemeTeoria do conhecimento - conhecimento construído

obedecendo uma metodologia aceitável (neste caso, a científica, racional).

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Método

No método desenvolvido por Sócrates importava à filosofia conceituar, definir determinada coisa, principalmente uma virtude ou qualidade moral. ―O que é...?‖ foi uma das perguntas mais repetidas por Sócrates, era uma chave metodológica para chegar até o conceito das coisas. O conceito, neste sentido, é diferente das atribuições, das funções, das características, exemplos, etc.

Por exemplo: ao discutir com Laquês, Sócrates pede que este importante soldado ateniense defina coragem. Imagino que a pergunta tenha sido: ―Laquês, o que é coragem?‖ Respondera ele: ―o soldado que luta sozinho contra um inimigo numericamente superior, o soldado que mesmo ferido continua a combater, o soldado que não se retira da batalha, o indivíduo que não teme enfrentar o perigo, etc.‖. Esta resposta não satisfaz a Sócrates, pois estes são apenas exemplos de coragem, não o conceito de coragem.

Quais são as principais diferenças entre

Sócrates e os sofistas?

1. O sofista é um professor ambulante. Sócrates é alguém ligado aos destinos de sua cidade;

2. O sofista cobra para ensinar. Sócrates vive sua vida e essa confunde-se com a vida filosófica: ― Filosofar não é profissão, é atividade do homem livre‖

3. O sofista ―sabe tudo‖ e transmite um saber pronto, sem crítica ( que Platão identifica com uma mercadoria, que o sofista exibe e vende). Sócrates diz nada saber e, colocando-se no nível de seu interlocutor, dirige uma aventura dialética em busca da verdade, que está no interior de cada um.

4. O sofista faz retórica (discurso de forma primorosa, porém vazio de conteúdo). Sócrates faz dialética (bons argumentos). Na retórica o ouvinte é levado por uma enxurrada de palavras que, se adequadamente compostas, persuadem sem transmitir conhecimento algum. Na dialética, que opera por perguntas e respostas, a pesquisa procede passo a passo e não é possível ir adiante sem deixar esclarecido o que ficou para trás.

5. O sofista refuta por refutar, para ganhar a disputa verbal. Sócrates refuta para purificar a alma de sua ignorância.

Bibliografia

KERFERD, G. B. O Movimento Sofista - Edições Loyola – São Paulo - 2003.

COTRIM, Gilberto. Fundamentos da Filosofia – Editora Saraiva – São Paulo - 1991

TELES, Antonio Xavier. Introdução ao Estudo de Filosofia – Ed. Ática – S. P. - 1981.

MARCONDES, Danilo. Iniciação à Historia da filosofia –CIP/Brasil – R.J – 2005.

CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 2000