henrique solowej medeiros lopes orientador

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Relatório Final – Iniciação Científica FAPESP Proc. 2013/15484–3 Período de Vigência do Projeto: 01/09/2013 a 31/08/2014 Estudo da Resistência ao Desgaste de Aço Ferramenta P20 Tratados Superficialmente por Cementação e Nitretação Aluno: Henrique Solowej Medeiros Lopes (5 o Semestre Tecnologia em Polímeros, Fatec Sorocaba, SP) Orientadora: Profa. Dra. Luciana Sgarbi Rossino (Profa. Assistente, Fatec Sorocaba, SP) Setembro/2014

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Page 1: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

Relatório Final – Iniciação Científica

FAPESP Proc. 2013/15484–3

Período de Vigência do Projeto: 01/09/2013 a 31/08/2014

Estudo da Resistência ao Desgaste de Aço Ferramenta P20

Tratados Superficialmente por Cementação e Nitretaç ão

Aluno: Henrique Solowej Medeiros Lopes

(5o Semestre Tecnologia em Polímeros, Fatec Sorocaba, SP)

Orientadora: Profa. Dra. Luciana Sgarbi Rossino

(Profa. Assistente, Fatec Sorocaba, SP)

Setembro/2014

Page 2: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

Henrique Solowej Medeiros Lopes

Estudo da Resistência ao Desgaste de Aço Ferramenta P20

Tratados Superficialmente por Cementação e Nitretaç ão

Relatório Final de Iniciação Científica

FAPESP

Orientadora: Drª. Profª. Luciana Sgarbi Rossino

Professora Assistente

CPF: 302408828-81

SOROCABA

2014

Page 3: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

AGRADECIMENTOS

Á FAPESP, pelo apoio e bolsa de iniciação cedida, o que tornou

possível a elaboração deste projeto;

Á minha orientadora, professora e amiga Drª Luciana Sgarbi Rossino,

pela compreensão e plena dedicação sempre que necessária;

Ao corpo docente da Fatec Sorocaba pela instrução e orientação desde

os primeiros dias de projeto;

Ao laboratório de pesquisas da USP de Lorena, pela orientação nas

análises EDS;

Ao laboratório de pesquisas da UFSCAR de Sorocaba, por ceder a

utilização de seus equipamentos;

Á empresa Thermix e seus funcionários, pelo tratamento de

cementação gasosa e orientação;

Á empresa MetalPlasma, pela realização do tratamento de nitretação

iônica.

Á empresa Isoflama, pela realização do tratamento de nitretação iônica;

Á minha família que sempre me apoiou, me dando orientação,

educação e tornou possível a realização deste trabalho;

E à Deus, pelas oportunidades concedidas e por sempre concluí-las

com êxito.

Page 4: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

RESUMO DO PROJETO INICIAL

Neste trabalho, será realizado o tratamento termoquímico de

cementação e nitretação em aço ferramenta P20, variando-se o tempo de

tratamento do material. Assim, será determinada a espessura das camadas

formadas. Os corpos de prova serão submetidos a um tratamento de

cementação sólida utilizando uma temperatura fixa e diferentes faixas de tempo

de tratamento. Para tanto, será utilizado carvão vegetal e carbonato de cálcio

(CaCO3) como agente de ativação química responsável pela geração do

monóxido de carbono (CO) durante a cementação sólida. Esse processo é

considerado ecologicamente correto do ponto de vista ambiental, pela

utilização do carbonato de cálcio ao invés do tradicional carbonato de bário que

possui restrições ambientais. A nitretação a plasma dos corpos de prova será

realizada em diferentes tempos, a temperatura fixa em mistura gasosa de N2 e

H2. As camadas formadas serão caracterizadas por metalografia e medidas de

micro dureza. Ensaios de micro desgaste abrasivo por esfera fixa serão

realizados para verificar a influência da camada formada na resistência ao

desgaste do material estudado.

Page 5: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

RESUMO

Neste trabalho, foi realizado o tratamento termoquímico de nitretação

iônica, cementação sólida e gasosa em aço ferramenta P20, material utilizado

principalmente para fabricação de moldes plásticos. Foi observado que a

espessura da camada efetiva aumentou conforme maiores tempos de

tratamento eram realizados. A dureza superficial teve um comportamento

inverso, sendo maior quanto menor o tempo de tratamento, fenômeno aliado a

difusão do elemento endurecedor. A resistência ao desgaste demonstrou-se

alta tanto com maiores durezas superficiais, como com maiores profundidades

de camada (menor e maior tempo de tratamento, respectivamente). As

amostras tratadas por cementação sólida obtiveram uma maior espessura de

camada cementada, enquanto, as amostras tratadas por cementação gasosa,

obtiveram uma maior dureza na superfície. As amostras tratadas por nitretação

iônica obtiveram resultados de resistência ao desgaste menores comparados

com os das cementações realizadas, indicativo de sua menor dureza superficial

e profundidade de camada, porém, com o aparecimento da camada branca,

importante na injeção plástica devido sua resistência ao desgaste e à corrosão.

Page 6: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

ABSTRACT

In this work, was performed the thermochemical treatment of solid and

gas carburizing, and ion nitriding in tool steel P20, mainly steel used in plastic

injection molds. Was observed that the thickness of the layer increased when

the treatment time was longer. The surface hardness had an inverse behavior,

being greater in lower treatment times, due to the hardening element diffusion.

The microwear resistance, in the case of solid carburizing, showed greater

when the thickness layer was longer. In the case of gas carburizing and ion

nitriding, the greater wear resistance was reached with a greater surface

hardness, in shorter times of treatment. The solid carburizing specimens

reached a bigger thickness layer, meanwhile, the gas carburizing treatment

reached a harder surface. The ion nitriding treatment obtained lower microwear

resistance, due to its lower surface hardness and thickness layer. However, this

treatment generated the white layer, important for the mold injection due to its

corrosion and microwear resistance.

Page 7: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

EVOLUÇÃO DO TRABALHO EM RELAÇÃO ÀS ETAPAS

PREVISTAS NO CRONOGRAMA

Na Tabela 1 está apresentada o cronograma do projeto de iniciação

científica proposto.

Tabela 1: Cronograma de desenvolvimento do projeto proposto.

Atividades Mês 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Revisão da Bibliografia

Fabricação dos corpos de prova

Determinação dos parâmetros

de cementação e nitretação

iônica

Realização do tratamento de

cementação

Realização do tratamento

térmico de nitretação iônica

Determinação do perfil de

dureza superficial, espessura da

camada formada e análise

metalográfica

Realização do ensaio de

desgaste

Análise dos resultados

Confecção do Relatório

Page 8: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

Nos primeiros 6 meses de desenvolvimento deste trabalho, estavam

previstas a realização das atividades de: revisão da bibliografia, fabricação dos

corpos de prova, determinação dos parâmetros da cementação sólida e

nitretação iônica e a realização do tratamento de cementação sólida. Todas as

atividades acima previstas foram realizadas, conforme apresentado no relatório

parcial. Além disso, foram realizadas as atividades de cementação gasosa,

determinação do perfil de dureza superficial, determinação da espessura da

camada de todas as amostras cementadas, análise metalográfica e ensaios de

micro desgaste abrasivo das mesmas. Deve-se ressaltar que a realização do

tratamento de cementação gasosa não estava prevista no projeto inicial de

desenvolvimento deste trabalho.

No segundo semestre do projeto, estavam previstas a realização do

tratamento de nitretação iônica, caracterização das camadas produzidas em

todos os tratamentos, ensaio de desgaste em todos os materiais tratados e

material base, além da análise dos resultados. Assim, corpos de prova foram

enviados à empresa MetalPlasma e à empresa Isoflama, onde foram

devidamente nitretadas. Após o recebimento das mesmas, foram analisadas

suas respectivas durezas, ensaio de desgaste e metalografia. Foi marcado

uma análise de WDS em Lorena, porém, por problemas técnicos, foi realizado

a análise de EDS para mensurar a composição química da camada. O EDS foi

realizado em todas as amostras tratadas do projeto. Todos os resultados foram

devidamente analisados e comparados conforme apresentado neste relatório.

Assim, todas as atividades previstas foram devidamente realizadas.

Além disto, um tratamento adicional não previsto (cementação gasosa) foi

realizado.

Page 9: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................... 11

2. OBJETIVO ................................................................................................. 17

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................... 18

3.1 Aços para Molde ..................................................................................... 18

3.2 Tratamento Térmico e Termoquímico ..................................................... 22

3.2.1 Tratamento Térmico de Têmpera e Revenimento ............................ 25

3.2.2 Tratamento Térmico à Frio (Subzero) ............................................... 27

3.2.3 Tratamento Termoquímico de Cementação Sólida........................... 28

3.2.4 Tratamento Termoquímico de Cementação Gasosa ........................ 31

3.2.5 Tratamento Termoquímico de Nitretação Iônica ............................... 32

3.3 Difusão dos Elementos Endurecedores .................................................. 35

3.4 Ensaio de Microdesgaste Abrasivo ......................................................... 37

4. MATERIAIS E MÉTODOS ......................................................................... 42

4.1 Materiais ................................................................................................. 42

4.2 Métodos .................................................................................................. 43

4.2.1 Cementação Sólida ........................................................................... 43

4.2.2 Cementação Gasosa ........................................................................ 45

4.2.3 Nitretação Iônica ............................................................................... 46

4.2.4 Ensaio de Dureza ............................................................................. 47

4.2.5 Ensaio de Microdesgaste Abrasivo ................................................... 49

4.2.6 Análise Metalográfica ........................................................................ 50

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................... 52

5.1 Ensaio de Microdureza ........................................................................... 52

5.1.1 Estudo da Camada Formada por Cementação ................................ 52

5.1.2 Estudo da Camada Formada por Nitretação .................................... 57

5.1.3 Estudo da Profundidade da Camada Tratada e Dureza Superficial por Tempo de Tratamento ............................................................................... 59

5.2 Ensaio de Desgaste ................................................................................ 62

5.2.1 Cementação Sólida ........................................................................... 63

5.2.2 Cementação Gasosa ........................................................................ 65

5.2.3 Nitretação Iônica ............................................................................... 67

Page 10: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

5.3 Metalografia ............................................................................................ 69

5.4 Composição Química da Camada Formada ....................................... 80

5.5 Vantagens e Desvantagens da Cementação Sólida, Cementação Gasosa e Nitretação Iônica ........................................................................... 81

6. DIFICULDADES ENCONTRADAS ............................................................ 85

7. CONCLUSÃO ............................................................................................ 86

8. REFERÊNCIAS ......................................................................................... 89

9. JUSTIFICATIVA DA APLICAÇÃO DA RESERVA TÉCNICA ..................... 96

10. LISTA DE PUBLICAÇÕES ..................................................................... 97

Page 11: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

1. INTRODUÇÃO

O rápido crescimento e a importância adquirida pela indústria de

plásticos, recentemente, causaram uma expansão considerável no número de

aços para moldes. O desenvolvimento da indústria de plásticos assumiu uma

posição proeminente na produção industrial de todo o mundo. De acordo com

dados estatísticos, a produção de plásticos foi de cerca de 1,5 milhão de

toneladas em 1950, e de 14,6 milhões de toneladas em 1965. De acordo com

os dados encontrados em publicações técnicas, a produção tem crescido

desde então, e uma decupilação da produção ocorrerá dentro de outros 15

anos (SORS, 2002).

Vários tipos de aço são empregados para a fabricação destes moldes

ou para a fundição de ligas de baixo ponto de fusão. A grande variação na

composição, método de formação da cavidade dos moldes, método de

moldagem e material para ser moldado são mais influenciados na escolha do

material do molde assim como também o método de tratamento térmico (ASM,

2005).

Entre as diversas propriedades requeridas de um aço para molde,

podem ser citadas as principais: baixa dureza no estado recozido (que facilita a

usinagem ou o forjamento de cavidades “hobbing” na matriz), resistência ao

desgaste e ao impacto, resistência mecânica e alta polibilidade e usinabilidade.

Para aplicações em que a usinagem é relativamente simples, deve-se

considerar a possibilidade de utilização de aços já beneficiados. Desse modo,

elimina-se os riscos de trinca, distorção e oxidação, associados aos

tratamentos térmicos (COSTA E SILVA, 2010).

Page 12: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

Usualmente, os aços para moldes são utilizados cementados,

nitretados ou revestidos quando uma maior dureza superficial e melhor

resistência ao desgaste, oxidação e erosão são desejadas. Caso contrário,

podem ser aplicados somente temperados e revenidos (CHIAVERINI, 2008;

COSTA E SILVA, 2010).

O tratamento de cementação, um dos mais conhecidos e aplicados

tratamentos termoquímicos de endurecimento superficial, consiste em

enriquecer a superfície do material em carbono, com a finalidade de elevar-se a

dureza e a tenacidade da peça para depois sofrer a têmpera, mantendo ao

mesmo tempo o núcleo dúctil (YOSHIDA, 1990). Os meios mais utilizados para

esse tratamento são o meio gasoso e o meio sólido. O meio líquido, por ser um

processo tóxico, não é um meio recomendado atualmente devido a busca

constante das indústrias no aperfeiçoamento ao combate a poluição, apesar de

ser eficiente e de baixo custo, seu processo é poluente e causa alta toxicidade

no ambiente de trabalho, requerendo limpeza constante e profissional

capacitado para a sua realização (ROSA, 2012). O meio sólido tem a vantagem

de possuir baixo custo, a não necessidade de equipamentos caros e não

necessita de alta destreza por parte do operador. Porém, a cementação sólida

não é indicada para quando se precisa de um controle extremamente rígido da

profundidade da camada que será cementada na peça, pois não há um modo

efetivamente seguro de controlar o potencial de carbono na superfície. Para

essas ocasiões, indica-se o processo de cementação gasosa ou nitretação a

plasma (COSTA E SILVA, 2010; CHIAVERINI, 2003; ROSA, 2012). O meio

gasoso, por sua vez, necessita de equipamentos de alto custo, é um processo

relativamente caro, comparado a cementação sólida, e necessita de alta

Page 13: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

destreza e cuidado por parte do operador (ROSA, 2012). Mais barata, mas não

muito mais simples, é a cementação com cianeto de sódio ou cementação

líquida. O cianeto de sódio causa muitos problemas na observação das normas

de segurança do trabalho (SORS, 2002).

O uso dos aços cementados deverá ser evitado quando o molde tiver

nervuras finas ou cantos vivos, porque nesses pontos o teor de carbono pode

aumentar de tal forma que podem ocorrer ruptura durante a têmpera (SORS,

2002).

No tratamento de nitretação, o endurecimento superficial é promovido

pelo nitrogênio, que se difunde a partir da superfície da peça para seu interior,

reagindo com os elementos de liga contidos no aço. Os objetivos são muito

parecidos com o da cementação, tais como: produzir superfície de alta dureza

com resistência ao desgaste, melhor resistência à fadiga, à corrosão e ao calor

(CHIAVERINI, 2003).

Existem vários processos de nitretação: gás, líquida, plasma e

sulfonitretação. A nitretação a plasma é um dos métodos de nitretação mais

utilizados atualmente, pois exige menor tempo e propicia uma boa propriedade

mecânica do material tratado, além de não afetar o meio ambiente. É um

processo totalmente automatizado (CHIAVERINI, 2003).

Importante citar, também, que uma das grandes vantagens da

nitretação por plasma, processo utilizado neste projeto, é a possibilidade de

controlar a metalurgia da camada nitretada (EDENHOFER, 1974). Também, o

tratamento de nitretação não requer têmpera posterior, pois o endurecimento

obtido não envolve a formação de martensita e sim à formação de nitretos

abaixo da superfície (CHIAVERINI, 2003).

Page 14: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

Esses tratamentos são essenciais em aços para moldes, que

necessitam de um aumento significativo de resistência em sua superfície já que

sofrem severa solicitação mecânica e química, como por exemplo, desgaste

superficial, resistência ao impacto, corrosão, oxidação etc., dependendo,

também, do polímero a ser injetado (COSTA E SILVA, 2010).

Além dos aços da série P, é comum o uso de aços inoxidáveis

martensíticos (AISI 420 ou W.Nr. 1.2083, por exemplo) e endurecíveis por

precipitação, similares ao PH 13-8 Mo, por exemplo, para a fabricação de

moldes plásticos. Aços ferramenta de outras séries também podem ser

utilizados (H13 com refino por ESR é um exemplo). Dessa família, os mais

usuais são: P1, P6, P20 e P20 refundido sob escória (ESR). Os aços P1 e P6

são, atualmente, pouco utilizados, o principal material é o aço P20 (COSTA E

SILVA, 2010).

Os aços cementados que contém cromo e níquel (como o AISI P6, P20

e outros) são mais usináveis. Após têmpera superficial competente, sua

superfície adquire a dureza adequada. Na cementação, o teor de carbono da

superfície é elevado de 0,8 a 0,9%, para assegurar a dureza necessária.

Entretanto, o maior teor de carbono não é desejável, pois pode desenvolver-se

um reticulado de cementita nos limites do grão, causando farpas na têmpera ou

em sua utilização (COSTA E SILVA, 2010).

Podemos definir desgaste como a perda progressiva de matéria da

superfície de um corpo sólido devido ao contato e movimento relativo com um

outro corpo sólido, líquido ou gasoso, sendo um fenômeno complexo que

depende das condições de deslizamento e propriedades dos materiais (GAHR,

1987; DIN 50320, 1997).

Page 15: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

A perda de material devido a ocorrência do fenômeno de desgaste

pode acarretar diminuição da funcionalidade do componente e

consequentemente de equipamentos no qual está inserido. Como o fenômeno

do desgaste é comum na grande maioria dos equipamentos mecânicos, a sua

ocorrência pode ser o fator determinante na quantificação da vida útil de tais

dispositivos (YAMAGUCHI, 1990).

Assim, é cada vez mais importante o desenvolvimento de materiais

com maior resistência ao desgaste. Deste modo, a avaliação de novos

produtos e tratamentos superficiais realizados em materiais utilizados para

fabricação de componentes podem ser determinadas por uma grande

quantidade de ensaios de laboratório (GAHR, 1987).

Neste contexto, em que se procuram ensaios de laboratório, cujos

resultados possam ser transferidos para situações reais, temos o ensaio de

microabrasão, solicitação esta que causa muitos problemas em serviço. O

ensaio de microabrasão tem sido objeto de uma quantidade significativa de

pesquisas nos últimos anos, quando o seu potencial para se avaliar o

comportamento de recobrimentos finos e materiais volumétricos de um modo

sensível se tornou aparente. Uma vez que o volume de desgaste ou

profundidade gerada pelas partículas finas é muito pequeno, o ensaio de

microabrasão é adequado para se medir a resistência ao desgaste de

recobrimentos finos ou outras camadas produzidas pela engenharia de

superfície (STACHOWIAK, 2005). Além disso, este ensaio também tem sido

usado para se avaliar a resistência ao desgaste abrasivo de materiais

volumétricos como aços ferramenta, aços carbono, vidros, cerâmicas,

Page 16: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

polímeros, ferros fundidos brancos alto cromo e até mesmo compósitos de

restauração dentária (STACHOWIAK, 2004; STACHOWIAK, 2005).

Page 17: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

2. OBJETIVO

O objetivo deste trabalho é realizar o tratamento de cementação sólida

e nitretação iônica em aço P20 para a determinação da dureza e resistência ao

desgaste deste material. Através da realização deste trabalho, pretendeu-se

comparar os valores de dureza e resistência ao micro desgaste abrasivo obtido

para cada camada e material base em estudo, e determinar os fatores que

influenciam no resultado, como por exemplo, microestrutura, composição

química e parâmetros de processo. Para tanto, foram realizadas a

caracterização das propriedades dos materiais submetidos a tratamentos de

superfície, o estudo e entendimento dos efeitos de revestimentos na resistência

ao desgaste de materiais devidamente tratados e a determinação da eficiência

da cementação e nitretação iônica no aumento da resistência ao desgaste do

material estudado, a fim de aumentar a vida útil de peças utilizadas para

moldes plásticos.

Page 18: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Aços para Molde

A seleção correta do material para os moldes de compressão e de

injeção não é uma tarefa fácil. De acordo com a experiência, os projetistas não

dão suficiente atenção à seleção do material mais adequado. É certo que o

assunto exige uma consideração multifacetada; entretanto, o tempo gasto com

ela será compensado amplamente no decorrer da construção e utilização do

molde. Existem recomendações em normas e livros técnicos, e uma certa

prática, de sucesso em muitos casos, tem sido desenvolvida, mas algumas

vezes ela falha (especialmente nos casos mais delicados) (SORS, 2002).

Como resultado da seleção errônea do material, várias operações

extras serão necessárias, por exemplo, retificar o tamanho de partes do molde

distorcidas ou recuperar rachaduras, ou ainda poderão ocorrer rebarbas como

resultado de uma superfície de grãos grossos ou dureza de vidro. A maioria dos

construtores de molde tem seu próprio modelo, que prescreve

automaticamente o material costumeiro para as partes do molde. O uso do

modelo, infelizmente, também está condicionado, na maioria dos casos, ao

estoque limitado. Certos tipos de aço de determinadas dimensões são

estocados, e a aquisição de outros, menos frequentemente utilizados, é difícil

(SORS, 2002).

Por ter um volume de material removido elevado na confecção dos

moldes, a usinabilidade desses aços é uma de suas mais importantes

propriedades. O termo “usinabilidade” é usado para expressar o estado da

superfície usinada, a taxa de remoção do material, a facilidade de saída de

Page 19: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

cavaco ou a vida da ferramenta. Ou seja, quanto melhor a usinabilidade do

material, menor o custo para produzi-lo, pois, será em um menor tempo e com

um menor consumo de ferramenta (COSTA E SILVA, 2010).

Além da usinabilidade, a polibilidade em um aço para molde também é

propriedade importante. Polibilidade pode ser entendida como a capacidade

em receber polimento e em reproduzir detalhes finos como, por exemplo, um

CD (compact disk), em que as dimensões dos detalhes gravados é na ordem

de dezenas de micrômetros e vêm sendo reduzidas a cada ano de modo a

aumentar a densidade de informação gravada. A capacidade em receber

polimento e reproduzir pequenos detalhes está intimamente ligada à

quantidade e tipo das inclusões presentes. Para esses aços, a limpeza interna

e o controle do tipo de inclusão não metálica remanescente no aço são

fundamentais. Aços refundidos pelo processo ESR (refundido sob escória) são

especialmente recomendados, inclusive em função das necessidades de

homogeneidade nas grandes dimensões frequentemente encontradas em

moldes para plásticos (COSTA E SILVA, 2010).

Para o processamento desses tipos de materiais, indica-se, após

usinagem pesada ou de desbaste e antes da têmpera, realizar um alívio de

tensões para minimizar as distorções na têmpera, seguida, imediatamente de,

no mínimo, revenimento duplo. O controle da velocidade, pressão, da austenita

retida, de carbonos em contornos de grão e utilizando-se de tratamentos

térmicos adequados, é essencial para atingir um polimento adequado (COSTA

E SILVA, 2010).

Além dos aços da série P, é comum o uso de aços inoxidáveis

martensíticos (AISI 420 ou W.Nr. 1.2083, por exemplo) e endurecíveis por

Page 20: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

precipitação, similares ao PH 13-8 Mo, por exemplo, para a fabricação de

moldes plásticos. Aços ferramenta de outras séries também podem ser

utilizados (H13 com refino por ESR é um exemplo). Dessa família, os mais

usuais são: P1, P6, P20 e P20 refundido sob escória (ESR). Os aços P1 e P6

são, atualmente, pouco utilizados, o principal material é o aço P20 (COSTA E

SILVA, 2010).

Os aços cementados que contém cromo e níquel (como o AISI P6, P20

e outros) são mais usináveis. Após têmpera superficial competente, sua

superfície adquire a dureza adequada. Na cementação, o teor de carbono da

superfície é elevado de 0,8 a 0,9%, para assegurar a dureza necessária.

Entretanto, o maior teor de carbono não é desejável, pois pode desenvolver-se

um reticulado de cementita nos limites do grão, causando farpas na têmpera ou

em sua utilização. Os materiais cementados referidos acima podem ser

utilizados com as seguintes condições:

• A cavidade do molde é feita com fresagem, a têmpera da

superfície é absolutamente necessária, embora essa superfície

dura seja aplicável com cromagem dura ou niquelagem química.

• O formato, tamanho e tolerância do produto permitem que sua

retificação de dimensões seja absolutamente necessária; assim,

o desvio possível não representa um obstáculo especial durante

a utilização do molde ou, se houver retificação, esta poderá ser

feita fácil e rapidamente.

O uso dos aços cementados deverá ser evitado nas seguintes

condições:

• Se o molde tiver nervuras finas ou cantos vivos, porque nesses

Page 21: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

pontos o teor de carbono pode aumentar de tal forma que

podem ocorrer ruptura ou esfarpamento durante a têmpera.

• Se não puder ser providenciado equipamento moderno de

cementação a gás ou a sódio.

A Tabela 3.1 abaixo apresenta temperaturas típicas para o tratamento

de P20. Em vista da alta temperabilidade desses aços, a dureza da superfície

não difere muito daquela no núcleo (COSTA E SILVA, 2010).

Tabela 3.1: Temperaturas típicas de tratamento térmico em P20 para moldes

de injeção plástica (COSTA E SILVA, 2010).

Aço Deformação a

quente

Recozimento Têmpera Revenimento

P20 Início: 1130ºC

Final: 930ºC

mín.

760/815ºC

Resfriamento

no forno até

540ºC, e então

no ar

840/890ºC

Resfriamento

em óleo

Depende da

dureza

desejada

Portanto, as propriedades finais do aço AISI P20 são definidas pelas

condições dos tratamentos realizados.

Os aços para moldes da série P contem cromo e níquel como

principais elementos de liga. O aço tipo P20 é o mais utilizado para a

confecção de moldes de injeção de plásticos em geral. Fornecido no estado

beneficiado (temperado e revenido), com dureza entre 30 e 36HRC, possui

excelente propriedade mecânica. Pode-se utilizar W para aumentar a

temperabilidade. Este aço é principalmente utilizado em moldes de injeção de

Page 22: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

plásticos dos mais variados tipos, mas de baixa ou média abrasividade, moldes

para formação por sopro e em certas circunstâncias pode ser utilizado em

fundição de ligas não-ferrosas. Nunca são utilizados em moldes de plásticos

clorados (ASM, 2005).

Os dois métodos mais comuns de tratamento térmico de aços para

moldes são (a) pré-tratamento do aço para dureza de 30 a 36 HRC,

acabamento usinado e uso neste nível de dureza e (b) endurecimento

superficial por cementação. Porém, o tratamento de nitretação em aços para

moldes plásticos tem se apresentado eficientes para endurecimento superficial

(ASM, 2005).

3.2 Tratamento Térmico e Termoquímico

Tratamento térmico são operações de aquecimento e resfriamento

controlados, que visam afetar as características de aços e ligas especiais para

uma maior adequação em sua aplicação (COSTA E SILVA, 2010).

O emprego de ligas metálicas nos vários setores da engenharia e da

indústria é baseado principalmente nas suas propriedades mecânicas; ou seja,

na sua capacidade de suportar as cargas a que estão sujeitas quando em

serviço. As propriedades dependem grandemente da estrutura cristalina ou

granular e estão intimamente relacionadas com sua composição química de

fabricação. Estruturas brutas e encruadas fogem dos valores de característica

mecânica considerados normais, desse modo, o controle da estrutura metálica

passa a ser um fator decisivo para a correta seleção e aplicações dos materiais

metálicos. O meio mais seguro, mais eficiente e mais utilizado para controlar a

estrutura desses materiais é o tratamento térmico, o que significa que, uma vez

fixada a composição química do material, seu tratamento térmico pode

Page 23: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

determinar, em definitivo, a estrutura desejada e, em consequência, as

propriedades finais (CHIAVERINI, 2003).

Os tratamentos térmicos de aços e ligas especiais englobam uma das

mais amplas faixas de temperaturas dentre os processos industriais, variando

desde o tratamento subzero (temperaturas abaixo de 0°C) para estabilização

da microestrutura, transformação de austenita retida em martensita etc.

(embora alguns metalurgistas não aceitem, tratamentos a frio obtiveram êxito

em sua operação), até a austenitização de alguns tipos de aços rápidos a

1280°C. Além disso, diversas taxas de resfriamento são empregadas para a

obtenção da exata microestrutura desejada (COSTA E SILVA, 2010).

Os tratamentos termoquímicos visam igualmente o endurecimento

superficial dos aços e o aumento da resistência ao desgaste de sua superfície,

ao mesmo tempo em que seu núcleo se mantém dúctil, pela inserção de

elementos que reagirão com os elementos contidos no aço, promovendo uma

mudança na estrutura do material e, consequentemente, em suas propriedades

mecânicas e químicas. Este endurecimento não é uma simples transformação

de austenita em martensita. Na verdade, em razão das condições do ambiente

aonde eles são realizados, ocorrem reações químicas entre a atmosfera deste

ambiente e os elementos contidos no aço (CHIAVERINI, 2003; COSTA E

SILVA, 2010).

Os meios que propiciam essas condições adequadas, para que as

reações ocorram podem ser sólidos, líquidos ou gasosos (CHIAVERINI, 2003).

Tratamentos termoquímicos em meio líquido estão sendo extintos das

indústrias atualmente por serem maléficos ao meio ambiente e ao ser humano.

Os tratamentos termoquímicos mais utilizados atualmente nos aços

Page 24: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

são os de cementação e nitretação, devido ao seu alto custo-benefício. Porém,

existem inúmeros outros, como, por exemplo: cianetação, carbonitretação,

boretação (que vem sendo muito estudada para aplicação em aços) e

termorreação (COSTA E SILVA, 2010).

Os fatores que influenciam no controle do processo são:

• Potencial do meio (sólido, líquido, gasoso ou plasma), em que a

peça está imersa, de fornecer o elemento químico (carbono, nitrogênio, boro

etc.);

• Capacidade da peça em absorver esses elementos. Isso está

relacionado com a solubilidade e a difusão do elemento químico no aço

(COSTA E SILVA, 2010).

Importante citar que, após cada tratamento termoquímico, é de grande

importância o acompanhamento, caso necessário, de um tratamento térmico

adequado para cada situação.

Não há dúvida de que as usinas de tratamento térmico antiquadas

causam muitos danos. Os danos não aparecem numericamente em lugar

algum, e podem ser expressos somente com base em estimativas, segundo as

quais os danos devidos a tratamento térmico defeituoso não são menores que

aqueles resultantes da subexploração das usinas de tratamento térmico, em

caso algum (SORS, 2002).

Para o tratamento térmico dos moldes são necessários bom

equipamento e absoluta destreza. Até que a produção em massa comece,

sempre é precedida por um protótipo e uma série zero (no curso da qual o

tratamento térmico pode ser adequadamente experimentado e os possíveis

defeitos reparados), não há oportunidade para isso durante a produção dos

Page 25: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

moldes. Devem ter sucesso logo na primeira vez. Deve-se acrescentar que o

custo de produção do molde – no instante em que tem de ser tratado

termicamente – poderia ser muitíssimo oneroso (SORS, 2002).

3.2.1 Tratamento Térmico de Têmpera e Revenimento

Têmpera e revenido são operações de tratamento térmico aplicadas,

principalmente, nas ligas ferrosas e têm por objetivo produzir uma estrutura que

permite ao material submetido a essas operações adquirir propriedade de

dureza e resistência mecânica compatíveis com as condições de utilização

(CHIAVERINI, 2003).

A têmpera é o tratamento térmico mais importante para aços, porque é

por intermédio dele, acompanhado do revenido, que se obtém as estruturas e

as propriedades que permitem o emprego do aço em peças de maior

responsabilidade e em aplicações mais críticas, como as que se encontram na

indústria mecânica, de transporte, etc. Porém, o tratamento de têmpera não é

só utilizado em aços, então, de uma forma geral, pode-se dizer que a têmpera

tem como principal objetivo produzir uma estrutura, que permite ao material

submetido a essas operações, adquirir propriedades de dureza e resistência

mecânica compatíveis com as condições de sua utilização (CHIAVERINI,

2003).

A operação da têmpera para aços consiste em resfriamento rápido, a

partir da temperatura de austenitização, em meio de grande capacidade de

resfriamento, como água, óleo e ar. A velocidade de resfriamento deve ser tal

que a curva de resfriamento pelo menos tangencie o cotovelo da curva de

início de transformação da austenita e atinja as linhas horizontais de formação

Page 26: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

de martensita (CHIAVERINI, 2003).

Quanto mais severo for esse resfriamento, maior o surgimento de

gradientes de temperatura sensíveis. A presença desses gradientes na peça

faz surgir tensões internas, associadas à contração do aço no resfriamento,

expansão na transformação da microestrutura e mudanças bruscas de secção

na peça, devido a austenita (fase alotrópica gama do ferro, onde o carbono se

dissolve mais facilmente na estrutura, portanto é amplamente utilizada em

tratamentos térmicos e termoquímicos) ter uma densidade ligeiramente maior

do que a martensita, ocorrendo um aumento de volume na transformação de

fase no ato do resfriamento (COSTA E SILVA, 2010; CALLISTER, 2012).

Dependendo da magnitude dessas tensões, pode haver empenamento

da peça no ato do resfriamento, ruptura (trincas) e tensões residuais devido à

brusca mudança de fases e/ou resfriamento drástico que o material sofre

(COSTA E SILVA, 2010; CHIAVERINI, 2003).

Martensita é uma microestrutura sem difusão, originada de um rápido

resfriamento, ou seja, sua estrutura não teve tempo de se organizar. Além das

ligas ferrosas, ela pode ser obtida em outros tipos de materiais. A martensita é

obtida com a têmpera do aço, e é extremamente dura e frágil. A baixa

tenacidade dessas peças temperadas as torna sem emprego prático, exceto

quando não há uma necessidade para que a peça permaneça em constante

tensionamento interno. Para a obtenção de valores adequados de resistência

mecânica e tenacidade, deve-se, logo após a têmpera, realizar o revenimento

(COSTA E SILVA, 2010).

O tratamento de revenido consiste em aquecer uniformemente a peça

até uma temperatura abaixo da austenitização, mantendo-a nesta temperatura

Page 27: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

por tempo suficiente até que haja a equalização da temperatura na peça,

obtendo as propriedades desejadas (COSTA E SILVA, 2010).

O revenido elimina a maioria dos inconvenientes produzidos pela

têmpera. Por meio da precipitação de carbonetos, que antes se situavam nos

interstícios da liga e agora formam partículas de cementita na matriz ferrítica do

aço, há um aumento na ductilidade. As partículas de cementita que saíram da

solução supersaturada fortalecem o aço por precipitação, mantendo a dureza

alta. Além disso, outras alterações nas propriedades do material ocorrem: alívio

ou remoção de tensões internas, correção das excessivas durezas e fragilidade

do material e aumento da resistência ao choque (CHIAVERINI, 2008; 2003).

Como se sabe, a martensita possui carbonos em seus interstícios,

assim, fornecendo-se energia para a difusão, o carbono sairá da

supersaturação, precipitando-se como carboneto. Essa precipitação traz uma

diminuição na dureza e alívio nas tensões do material (COSTA E SILVA, 2010).

3.2.2 Tratamento Térmico à Frio (Subzero)

O tratamento a frio consiste em expor o material a temperaturas abaixo

de zero. Os resultados obtidos são os seguintes: aumento da resistência

mecânica, maior estabilidade dimensional ou micro estrutural, melhor

resistência ao desgaste e alívio de tensões residuais devido a transformação

completa de toda a austenita retida em martensita (CHIAVERINI, 2003).

A eliminação da austenita retida, neste caso, é desejada, pois a mesma

é dúctil e possui baixa dureza, propriedade não requerida em um tratamento de

endurecimento superficial, diminuindo assim a resistência ao desgaste do

material (SILVA, 1997; FARIA, 1993).

Page 28: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

3.2.3 Tratamento Termoquímico de Cementação Sólida

O tratamento de cementação é o mais conhecido e aplicado, dentre os

tratamentos termoquímicos, pois permite o emprego dos três meios que

propiciam as condições adequadas para que ocorram as reações químicas de

endurecimento superficial: sólido, líquido e gasoso. Na cementação o elemento

fundamental é o carbono, que pode ser obtido na forma de carvão (sólido),

monóxido de carbono (gasoso) ou em banhos de cianeto (líquido). De

preferência, o material que será utilizado neste processo deve possuir baixo

teor de carbono em sua composição, propiciando uma reação, quando

aquecidos, entre o ferro do aço e o meio, que está rico em carbono. Desse

modo, a superfície do aço fica enriquecida de carbono até profundidades que

podem ser preestabelecidas, permitindo, assim, a sua têmpera posterior, para

aumento superficial da dureza e resistência ao desgaste (CHIAVERINI, 2003;

2008).

Os processos usuais de cementação elevam o teor superficial de

carbono em até 0,8% ou 1,0% (CHIAVERINI, 2008).

As temperaturas do processo variam de 850°C a 950°C porque, nessa

faixa, o ferro está na forma alotrópica gama, uma forma que absorve e dissolve

o carbono mais facilmente que as outras, devido as posições intersticiais da

estrutura CFC da austenita (forma alotrópica gama) serem maiores que as da

estrutura CCC da ferrita (alpha). Isso permite uma deformação muito menor

sobre os átomos de ferro circunvizinhos (CHIAVERINI, 2003; CALLISTER,

2012).

Temperaturas mais elevadas são mais favoráveis para a penetração do

carbono. Esse fato levou à adoção de temperaturas superiores a 950°C, com a

Page 29: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

vantagem adicional de ser mais suave o gradiente de carbono entre a

superfície e o centro, pelo fato do carbono difundir-se mais rapidamente. Nota-

se também que, para uma hora de duração de processo a 1095°C, obtém-se

espessura da camada cementada equivalente à que se obteria com o mínimo

de três horas a 980°C (CHIAVERINI, 2003).

Contudo, temperaturas muito elevadas (em torno de 1095°C) não são

indicadas para algumas aplicações, pois há um aumento excessivo no tamanho

do grão, havendo necessidade de adicionar elementos de liga que inibem esse

aumento, como o alumínio, o titânio ou o nióbio, gerando um custo e um

conhecimento técnico vistos como desnecessários, na maioria dos casos.

(CHIAVERINI, 2008).

O processo de cementação sólida e gasosa permite ampla utilização

de fornos, pois o mesmo produz sua própria atmosfera cementante. Também é

ideal para peças que precisam de resfriamento lento após a cementação, como

aquelas que serão usinadas antes do tratamento de têmpera. Porém, a

cementação sólida não é indicada para quando se precisa de um controle

extremamente rígido da profundidade da camada que será cementada na peça,

pois não há um modo efetivamente seguro de controlar o potencial de carbono

na superfície. Para essas ocasiões, indica-se o processo de cementação

gasosa ou nitretação a plasma (COSTA E SILVA, 2010; CHIAVERINI, 2003).

A distribuição da granulometria do granulado é um parâmetro

fundamental no tratamento de cementação sólida, uma vez que define os

“vazios” dentro do empacotamento da carga de cementação. Os vazios são

responsáveis pela movimentação dos gases no interior da carga, sendo que

grânulos muito pequenos resultam em maior dificuldade de circulação dos

Page 30: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

gases, principalmente o monóxido de carbono (CO), afetando o rendimento do

processo de cementação do aço (BAUMGARTEN, 2005).

O agente carbonetante básico é o carvão, mas a função de

carbonetação é exercida pelo monóxido de carbono (CO) que, às temperaturas

elevadas do processo, se forma segundo as reações definidas nas equações

(1) e (2) (CHIAVERINI, 2003):

C + O2 = CO2 (1)

CO2 + C = 2CO (2)

O CO reage com o ferro segundo a reação definida na equação (3):

2CO + 3Fe = Fe3C + CO2 (3)

Conforme observado por Litvin et al. (2010), o tratamento de

cementação sólida aumentou significativamente a dureza superficial do aço

AISI P20, alcançando 770mHV, variando pouco até uma profundidade de

800µm, conforme ilustra a figura 3.1.

Figura 3.1: Perfil de microdureza após cada processo (Litvin, 2010)

Page 31: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

3.2.4 Tratamento Termoquímico de Cementação Gasosa

O tratamento de cementação gasosa consiste em obter monóxido de

carbono a partir de gases (metano, etano, propano etc.) fortemente

carburizantes. As reações que produziram carbono para a cementação gasosa

podem ser resumidas nas equações de (4) a (7) (CHIAVERINI, 2003):

CO + H2 = (C) + H2O (4)

2CO = (C) + CO2 (5)

CH4 = (C) + 2H2 (6)

C3H8 = (C) + XC2H6 + YC2H4 + 2H2 (7)

Esse processo economiza energia e permite cementar a peça com

mais uniformidade. A cementação gasosa é realizada em câmaras de gases

que contém carbono, segundo Yoshida (entre 1970 a 1990) “os gases, ao

passar entre as peças, desprendem carbono”.

A cementação a gás é um dos processos mais modernos utilizados

atualmente. Ela nos dá resultados adequados sob todos os aspectos, porém o

equipamento é muito caro. Seu manuseio requer destreza e operação

cuidadosa. Mais barata, mas não muito mais simples, é a cementação com

cianeto de sódio. O cianeto de sódio causa muitos problemas na observação

das normas de segurança do trabalho (SORS, 2002).

Ogata (2003) observou que o aço SAE 8620, após tratamento

termoquímico de cementação gasosa e posterior têmpera, subzero e

revenimento, obteve uma dureza de, aproximadamente, 790HV3 na superfície.

Page 32: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

3.2.5 Tratamento Termoquímico de Nitretação Iônica

Nesse tratamento termoquímico, o endurecimento superficial é

promovido pelo nitrogênio, o qual, nas condições próprias da operação, se

difunde a partir da superfície das peças para o seu interior, reagindo com

elementos contidos nos aços e formando nitretos de elevada dureza e

resistência ao desgaste (CHIAVERINI, 2003).

Portanto, o meio endurecedor deve conter nitrogênio.

O primeiro característico do processo é que a operação é realizada a

uma temperatura relativamente baixa, onde o aço encontra-se na condição

ferrítica. Por isso as peças são menos suscetíveis ao empenamento

(CHIAVERINI, 2003; COSTA E SILVA, 2010).

Existem vários processos de nitretação: gás, líquida, plasma e

sulfonitretação. A nitretação a plasma é um dos métodos de nitretação mais

utilizados atualmente, pois exige menor custo, menor tempo e propicia uma

boa propriedade mecânica do material tratado, além de não afetar o meio

ambiente. É um processo totalmente automatizado (CHIAVERINI, 2003).

Importante citar, também, que uma das grandes vantagens da

nitretação por plasma, processo utilizado neste projeto, é a possibilidade de

controlar a metalurgia da camada nitretada (EDENHOFER, 1974).

Esses tratamentos são essenciais em aços para moldes, que

necessitam de um aumento significativo de resistência em sua superfície já que

sofrem severa solicitação mecânica e química, como por exemplo, desgaste

superficial, resistência ao impacto, corrosão, oxidação etc., dependendo,

também, do polímero a ser injetado.

O tratamento de nitretação não requer têmpera posterior, pois o

Page 33: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

endurecimento obtido não envolve a formação de martensita e sim à formação

de nitretos abaixo da superfície (CHIAVERINI, 2003).

Geralmente, a nitretação produz uma camada superficial inicial muito

fina e que, após analisada, se revela branca. Sua espessura é muito pequena,

normalmente inferior a 0,025mm (25 microns). Essa camada não possui alta

dureza mas apresenta boa resistência ao engripamento e à corrosão. Abaixo

dessa camada, forma-se uma camada escura, de alta dureza e composta pelos

nitretos de ferro, dos elementos de liga presentes no aço e de compostos Fe-C-

N. Sua dureza vai depender do tipo de aço utilizado e dos elementos de liga

presentes (CHIAVERINI, 2003).

As temperaturas e os meios do processo variam, podendo atingir

desde 315°C, na nitretação a plasma, que a peça está num ambiente a vácuo,

até 600°C na nitretação líquida. Os meios variam entre banhos de sais, mistura

de gases, bombardeamento de íons devido à alta pressão que os gases são

submetidos etc. (CHIAVERINI, 2003).

Por utilizar-se de temperaturas menores que as do processo de

cementação, a nitretação produz menor distorção e tem menor tendência a

causar trincas no material (COSTA E SILVA, 2010).

No presente trabalho, foi realizado o tratamento de nitretação à plasma.

Neste processo, as peças são colocadas no interior de um recipiente a vácuo,

sobre um suporte isolado do corpo do recipiente, de modo que elas fiquem

isoladas eletricamente da parede deste recipiente. Ao suporte, é ligada uma

corrente elétrica contínua, suprida por um gerador operando entre 215 e 600V

e 0,23mA/m²Pa². A carga torna-se o cátodo do sistema e o recipiente o ânodo

(positivo). Esse recipiente é ligado ao solo. O vácuo produzido é de,

Page 34: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

aproximadamente, 13Pa. Assim que o recipiente estiver evacuado é enchido

com uma mistura de nitrogênio e hidrogênio. Ao aplicar-se a corrente elétrica, o

gás é excitado e ionizado, resultando num brilho (ou incandescência) que cobre

totalmente a carga. Para facilitar o início do processo, a pressão é mantida

baixa. A seguir, ela é elevada rapidamente para 265 a 665Pa (CHIAVERINI,

2003).

O bombardeamento de íons eleva a temperatura das peças

(aproximadamente 315°C) e ocorre uma reação química entre o aço e os íons

de nitrogênio (CHIAVERINI, 2003).

A presença do hidrogênio é recomendada para assegurar-se uma

superfície das peças inteiramente desoxidada, de modo a ter-se uma rápida

difusão do nitrogênio na superfície do metal (CHIAVERINI, 2003).

Pinedo (2004) estudou o efeito da nitretação por plasma para

endurecimento superficial de aços ferramenta e observou que o aço AISI P20

teve um aumento de dureza significativo após o processo de nitretação por

plasma conforme ilustra a figura 3.2. Observa-se que a dureza da superfície

atingiu uma dureza de aproximadamente 800HV, caindo para 400HV a uma

profundidade de 0,25mm a partir da superfície.

Figura 3.2: Perfis de microdureza Vickers 0,1 (Pinedo, 2004).

Page 35: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

3.3 Difusão dos Elementos Endurecedores

Este capítulo é dedicado a explicar o fenômeno de difusão do carbono

e do nitrogênio observados neste trabalho.

A profundidade de difusão do carbono na peça depende de dois

fatores: temperatura e tempo à temperatura, de tal modo que, quanto maiores,

mais fácil essa difusão para o interior do aço. Fato comprovado pela

dependência dos coeficientes de difusão em relação à temperatura, que são:

D = D0exp (-Qd/RT) (7)

Em que:

� D0 = constante pré-exponencial independente da

temperatura (m²/s);

� Qd = energia de ativação para a difusão (J/mol ou

eV/átomo);

� R = constante dos gases (8,31 J/mol ou 8,62 x 10^-5

eV/átomo.K);

� T = temperatura absoluta (CHIAVERINI, 2003).

Ou seja, quanto maior a minha temperatura, menor será a energia de

ativação necessária para produzir um movimento difusivo de um mol de átomos

de carbono na ferrita alpha, por exemplo.

Este fenômeno foi observado por Lin (2006), onde foi realizado um

tratamento de nitretação em aço AISI P20 e a temperatura foi alterada. Lin diz

que “o aumento da difusão do nitrogênio na amostra foi observado quando

aumentou-se a temperatura de tratamento”.

Lin observou, também, que “o aumento da difusão do nitrogênio na

amostra, diminui a dureza média da camada nitretada”.

Page 36: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

Wolfart (2002), Reis (2006, 2007) e Caetano (1998) obtiveram

resultado semelhante, comprovando que baixas temperaturas geram alta

concentração de nitrogênio na superfície, o que eleva a dureza da mesma.

Conforme aumenta-se a temperatura, a concentração diminui, difundindo-se

para o substrato, o que causa o aumento da profundidade de difusão e a

diminuição da dureza na superfície. Na figura 3.3 é possível notar que o

tratamento que utilizou-se de menor temperatura (N470) obteve maior dureza

superficial, porém uma queda da dureza da camada mais acentuada,

comparado aos outros tratamentos de maior temperatura (N650 e N750).

Figura 3.3: Perfil de dureza das amostras nitretadas (Reis, 2006).

Page 37: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

Como citado por Pinedo (2004), o aumento da temperatura, aumenta o

coeficiente de difusão. Também, conforme aumentou-se o tempo de

tratamento, observou-se uma diminuição da dureza na camada e um aumento

da profundidade de difusão dos elementos.

3.4 Ensaio de Microdesgaste Abrasivo

O estudo do desgaste abrasivo é considerado a mais importante dentre

todas as formas de desgaste porque contribui com quase 63% do custo total do

desgaste. Este mecanismo ocorre entre superfícies de durezas diferentes,

sendo causado por partículas duras presentes entre as superfícies em contato

sob movimento relativo (desgaste abrasivo a três corpos) ou por micro-

irregularidades de tais superfícies (desgaste abrasivo a dois corpos),

resultando em ranhuras e remoção de material da superfície mais macia

durante o movimento (HARSHA, 2003).

O estudo dos mecanismos de desgaste e da resistência ao desgaste

em um sistema tribológico é fundamental para a otimização na escolha dos

materiais envolvidos e para a previsão da durabilidade do sistema. Este tipo de

estudo é, normalmente, feito através de ensaios em equipamentos que

simulam as condições tribológicas existentes no funcionamento do sistema, na

aplicação real. Desta forma, os equipamentos que se destinam à simulação de

sistemas tribológicos devem ser específicos para o tipo ou o mecanismo de

desgaste que se pretende estudar (GAHR, 1987).

Neste contexto, em que se procuram ensaios de laboratório, cujos

resultados possam ser transferidos para situações reais, temos o ensaio de

microabrasão. O ensaio de desgaste microabrasivo, por utilizar-se de cargas

Page 38: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

baixas, é possível determinar a resistência ao desgaste de filmes com pouca

espessura, bem como camadas geradas por tratamentos de endurecimento

superficial (KUSANO E HUTCHINGS, 2005).

Dois tipos diferentes de ensaio de microdesgaste abrasivo podem ser

realizados em laboratório, conforme ilustra o esquema na Figura 3.4. A

configuração de esfera fixa (Figura 3.4 (a)) é utilizada para promover cargas

elevadas e consequentemente altas tensões no ensaio. A configuração com a

esfera livre ilustrada na Figura 3.4 (b) promove pequenas cargas de ensaio.

Por possibilitar uma variedade abrangente de ajustes, o ensaio do tipo esfera

fixa tem sido amplamente utilizado para estudo de micro desgaste abrasivo em

uma série de materiais (GEE, 2003).

(a) (b)

Figura 3.4: Principais tipos de micro desgaste abrasivo por (a) esfera fixa e (b)

esfera livre (GEE, 2003).

Este ensaio consiste em promover o contato entre uma esfera e uma

amostra plana, com a esfera girando com grande precisão em relação à

amostra que se mantém estacionária, possibilitando obter cargas elevadas e

Page 39: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

consequentemente altas tensões no ensaio. A esfera é mantida em contato

sobre pressão com corpo de prova, e a carga normal de ensaio é aplicada

através de ajustes de peso em um suporte, a qual pode ser variada a cada

ensaio realizado. Um contra peso é utilizado para equilíbrio da amostra. O

contato é realizado por uma esfera de aço AISI 52100 de 1” de diâmetro. A

velocidade de rotação da esfera, promovida por um motor, é ajustada com

precisão e mantida constante durante toda a realização do ensaio.

O resultado do contato estudado neste trabalho é uma região

desgastada em forma de calota esférica, possuindo relações geométricas com

a esfera que a gerou. Assim, conhecendo-se o diâmetro da calota pode-se

determinar a quantidade de material removido durante o ensaio. A Figura 3.5

ilustra a formação da calota no ensaio de micro desgaste abrasivo.

Figura 3.5: Diagrama esquemático que ilustra a geometria da calota formada

pelo ensaio de micro desgaste abrasivo.

Para uma calota de desgaste com geometria esférica produzida por

uma esfera de raio “R” em uma amostra plana, o volume desgastado pode ser

calculado de acordo com a equação (9) em que R é o raio da esfera, b é o

diâmetro médio da calota e V é o volume de desgaste. Através deste cálculo,

Page 40: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

determina-se a resistência ao desgaste dos materiais em que, quanto maior o

volume desgastado e, consequentemente, maior a calota formada, menos

resistente ao desgaste deve ser o material analisado. Pode-se também

determinar o coeficiente de desgaste (K), o qual pode ser interpretado como o

volume de material desgastado em função da distância percorrida (S) e da

carga aplicada (N) de acordo com a equação (10). Este parâmetro mede a

severidade do desgaste em que, quanto maior for K, maior será a taxa de

desgaste (RUTHERFORD, 1996).

V = π ����� R −

� �� ≈

������ parab <<< � (9)

K= ��.� .

�.����.� parab <<< R (10)

A distância percorrida pela esfera em relação ao corpo de prova

corresponde à multiplicação entre o tempo de ensaio (minutos), velocidade de

rotação (rpm) e perímetro da esfera (metros).

Pode-se também determinar a espessura ou profundidade da calota (h)

em relação à superfície do corpo de prova, de acordo com a equação (11)

(RUTHERFORD, 1996). O valor da espessura da calota formada foi comparada

com a espessura da camada cementada ou nitretada formada, para verificar se

o desgaste atingiu o substrato ou ficou concentrado somente na camada

formada pelo tratamento.

R

Vh

.π= (11)

Page 41: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

O desgaste por abrasão, como anteriormente citado, ocorre entre

superfícies de durezas diferentes, causado por partículas ou protuberâncias

duras presentes entre as superfícies em contato sob movimento relativo ou por

micro irregularidades de tais superfícies. Diferente do desgaste por adesão,

que ocorre quando as forças atômicas de atração que surgem entre as

superfícies dos materiais sob carregamento relativo são mais fortes que as

propriedades inerentes de qualquer das superfícies, com subsequente quebra

de ligação adesiva entre as superfícies em contato criando partículas de

desgaste (SUH, 1973; HARSHA, 2003; WRIGHT, 2001).

O ensaio realizado neste trabalho é considerado abrasivo pois o

contato entre a amostra e a esfera gera detritos, já que ambos possuem

diferentes durezas.

Page 42: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Materiais

Para o desenvolvimento deste trabalho, foi utilizado o aço AISI P20,

adquirido na forma de barra retangular, temperado e revenido com dureza de

34HRC, nas dimensões de 20x35x250mm e, posteriormente, cortado para

fabricação dos corpos de prova. A sua composição química, apresentada na

Tabela 3.1, foi determinada por espectrometria de emissão óptica utilizando um

espectrômetro Ametek Spectromaxx modelo LMF05 presente no Laboratório de

Materiais da Fatec Sorocaba.

Tabela 4.1. – Composição química nominal, % em peso, do aço W. Nr. 12.311

(AISI P20) (Adaptado de Favorit Aços Especiais, 2010)

W. Nr. 12.311 (AISI P20)

C Mn Si Cr Mo

Nominal 0,35-0,45 1,30-1,60 0,20-0,40 1,80-2,10 0,15-0,25

Obtained 0,434 1,49 0,306 1,81 0,190

Os corpos de prova foram fabricados nas dimesões apresentadas na

Figura 4.1, definidas de modo que este fosse devidamente encaixado no

suporte do dispositivo de microdesgaste abrasivo utilizado no desenvolvido

neste trabalho.

Page 43: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

Figura 4.1: Geometria e dimensional, em milímetros, do corpo de prova para o

ensaio de desgaste.

4.2 Métodos

4.2.1 Cementação Sólida

O tratamento de cementação sólida foi realizado no Laboratório de

Tratamento Térmico da Fatec Sorocaba. Para tanto, foi utilizado carvão vegetal

e carbonato de cálcio (CaCO3) como agente de ativação química responsável

pela geração do monóxido de carbono (CO) durante a cementação sólida. A

composição da mistura cementante foi elaborada a partir do peneiramento do

carvão vegetal utilizando peneiras granulométricas padronizadas de acordo

com as normas ABNT/ASTM 12 (malha com abertura de 1,70mm) e

ABNT/ASTM 20 (malha com abertura de 0.850mm).

As amostras foram tratadas individualmente. Na montagem da carga

de cementação, a amostra foi posta sobre uma camada de 3cm de mistura

carbonetante (40% de carvão vegetal com 1,7mm de diâmetro, 40% de carvão

vegetal com 0,85mm de diâmetro e 20% de carbonato de cálcio) e uma

camada de 30 mm de mistura carbonetante sobre as amostras. A caixa de

Page 44: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

cementação foi devidamente vedada para que não ocorresse o vazamento do

gás cementante, conforma ilustra o esquema apresentado na Figura 4.2

(BAUMGARTEN, 2005).

Figura 4.2: Montagem da carga de cementação (BAUMGARTEN, 2005)

Após a vedação, as caixas foram deixadas em temperatura ambiente

por aproximadamente 24h para não haver risco de trincamento na vedação

devido a mudança brusca de temperatura. As caixas foram colocadas em um

Forno Mufla, da marca Labor modelo SP-1200, a 925ºC e deixadas por 4

tempos diferentes: 2, 4, 6 e 8 horas. Após cada tratamento de cementação

concluído, as caixas eram mantidas por mais 30 minutos no forno, agora a

860ºC e resfriadas ao ar. Posteriormente, o material era colocado no forno a

860ºC, por mais 30 minutos e resfriadas em óleo. Este método, chamado de

Têmpera Simples, onde as amostras são resfriadas dentro da caixa de

cementação após cada tratamento e depois são reaquecidas para uma

têmpera convencional com resfriamento em óleo, o núcleo do grão é

regenerado parcialmente, não sendo sobreaquecida a camada superficial. A

Page 45: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

deformação nestes casos é mínima. Indicado para peças com contornos

delicados (Monteiro, 2004).

A temperatura de cementação foi determinada levando em conta o

trabalho desenvolvido por Litvin (2010). A taxa máxima em que o carbono pode

ser adicionado no aço é limitada pela taxa de difusão do carbono na austenita.

Esta taxa de difusão aumenta com o aumento na temperatura; a taxa de

carbono adicionado no aço a 925oC é cerca de 40% maior que a 870oC. A

temperatura normalmente utilizada para cementação é 925oC, situação que

permite uma taxa de cementação rápida sem excessiva deterioração do

equipamento utilizado (ASM, 1991).

Após o tratamento de cementação, o tratamento de têmpera foi

realizado a 860ºC por 30 minutos em um forno EDGCON da marca EDG

Equipamentos modelo 1P, com posterior resfriamento em óleo.

O tratamentos de revenimento foi realizado durante 20 minutos a

180ºC, com posterior resfriamento em óleo, em um forno EDGCON da marca

EDG Equipamentos modelo 3P.

4.2.2 Cementação Gasosa

O tratamento termoquímico de cementação gasosa foi realizado na

empresa Thermix Tratamento Térmico de Metais de Sorocaba. O tratamento foi

realizado em quatro condições diferentes, a uma temperatura fixa de 925oC

variando o tempo: 1 hora, 2 horas, 3 horas e 4 horas. Na Tabela 4.2 estão

apresentados os parâmetros de tratamento.

Page 46: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

Tabela 4.2: Parâmetros de tratamento da Cementação Gasosa

Potencial de carbono no interior do forno 1,30%

Vazão de propano 1000cm³/h

Vazão do metano 60cm³/h

Pressão de trabalho no interior do forno 6psi

Temperatura de cementação 925ºC

Temperatura de revenimento 180ºC

As peças foram tratadas em uma câmara, aquecidas a 925°C, à

pressão parcial de 6psi com uma mistura gasosa de gás carburizante propano

e metano (Tabela 3.2) e de H2, que mantém uma composição saturada de

austenita na superfície do material.

Após o tratamento de cementação gasosa foi necessário fazer um

tratamento subzero e posterior têmpera e revenido para eliminação da

austenita retida.

O tratamento de têmpera foi feito durante 30 minutos a 860ºC e o

revenimento durante 20 minutos a 180ºC.

4.2.3 Nitretação Iônica

O tratamento termoquímico de nitretação iônica de 2, 4 e 6 horas foram

realizados na empresa MetalPlasma. Foi utilizada a temperatura fixa de 520ºC

variando-se o tempo de tratamento. Na Tabela 4.3 estão dispostos os

parâmetros do tratamento. A voltagem varia de acordo com a temperatura do

tratamento.

Page 47: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

Tabela 4.3: Parâmetros do processo de nitretação iônica.

Atmosfera 25% H2 e 75% N2

Pressão de trabalho 300Pa

Temperatura de Nitretação 520ºC

Voltagem 350~450V

Também, foi realizado nitretação iônica a 12 horas de tratamento na

empresa Isoflama. Os parâmetros do processo estão indicados na tabela.

Estes parâmetros foram determinados de acordo com os parâmetros usuais

utilizados na prática para tratar o aço P20.

Tabela 4.4: Parâmetros do tratamento de nitretação iônica de 12 horas.

Temperatura 520ºC

Atmosfera 80% de N2 e 20% de H2

Pressão 350Pa

Antes de todos os tratamento de nitretação iônica, foi realizado um

sputtering nas amostras, que consiste em bombardear as mesmas com íons de

argônio para preparar a sua superfície, tornando o tratamento mais eficiente,

conforme observado por Pinedo (2004). Este tratamento teve uma duração de

3 horas para todos os tratamentos realizados.

4.2.4 Ensaio de Dureza

Foram realizados ensaios de micro dureza superficial para a

determinação do perfil e espessura efetiva da camada formada nos

tratamentos de cementação e nitretação. O ensaio de dureza foi realizado no

Page 48: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

Laboratório de Metalografia da Fatec Sorocaba em um equipamento Mitutoyo

modelo HM 220 utilizando-se de uma carga de 0,2kgf e tempo de aplicação de

carga de 15 segundos. As análises foram aplicadas seguindo a norma ABNT

NBR 13.178/94 (Figura 4.3) e as amostras preparadas metalograficamente.

Figura 4.3: Disposição das impressões de Dureza Microvickers

(BAUMGARTEN, 2005).

A espessura da camada efetiva de cementação foi determinada

quando a dureza da mesma atingisse o mesmo valor que a do substrato,

previamente medida, conforme exemplifica a figura 4.4.

Figura 4.4: Método utilizado para determinar a espessura da camada efetiva.

Page 49: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

4.2.5 Ensaio de Microdesgaste Abrasivo

Para a determinação da resistência ao desgaste dos materiais

estudados, foi utilizado um dispositivo de ensaio de micro desgaste abrasivo

por esfera fixa de baixo custo e fácil utilização, como ilustra a Figura 4.5,

pertencente ao Laboratório de Tratamento Térmico da Fatec Sorocaba. Este

dispositivo foi desenvolvido por Waldenir C. Santos através de um projeto de

Iniciação Científica realizado na Fatec Sorocaba (Santos et al., 2013).

(a)

(b)

Figura 4.5: Dispositivo de micro desgaste abrasivo esfera fixa (a) vista frontal e

(b) vista superior.

Page 50: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

Foram realizados dois ensaios de micro desgaste abrasivo por

condição de tratamento em todos os materiais cementados e nitretados. Nos

materiais de cementação gasosa e sólida, os ensaios foram realizados após

tratamento de têmpera e revenimento. Os ensaios foram realizados no tempo

de 10 minutos, com uma rotação de 744rpm, aplicando-se uma carga de 8,3N.

Para medir a calota impressa foi usado um estereoscópico da marca

OLYMPUS modelo SZ61, com câmera de 6 megapixels e software Análise 2.0.

4.2.6 Análise Metalográfica

Para a realização da análise metalográfica dos corpos de prova

estudados, estes foram preparados conforme o estabelecido pela norma ASTM

E 395-00, lixados utilizando lixas de grana 220, 320, 400, 600, 800, 1500 e

2500, sendo posteriormente polidas na seguinte sequência: óxido de alumina

2µm e 0,5µm. Após o polimento, os corpos de prova foram atacados com Nital

3% (3% de ácido nítrico e 97% de álcool etílico). As metalografias foram

obtidas utilizando-se um microscópio óptico Olympus com câmera de captura

de imagens pertencente ao Laboratório de Metalografia da UFSCar – Campus

Sorocaba.

Para a determinação da camada branca produzida no tratamento de

nitretação, utilizou-se um microscópio eletrônico de varredura (M.E.V.) marca

Jeol JSM-6010 alocado no Laboratório Multiusuário de Caracterização de

Materiais da UNESP - Campus Sorocaba.

A análise de eletroscopia de energia dispersiva (E.D.S.) foi utilizada

para verificar a difusão do nitrogênio e carbono na camada formada em cada

tratamento utilizando-se um microscópio eletrônico de varredura MEV da marca

Page 51: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

LEO 1450 VP alocado no DEMAR da EEL - Lorena. Os pontos de medição

foram na parte mais externa da camada formada (Ponto A), no fim da mesma

(Ponto B) e no substrato do material (Ponto C), conforme ilustra a figura 4.6.

Figura 4.6: Exemplificação do método utilizado para composição química da

camada formada.

Page 52: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Neste capítulo estão apresentados os resultados experimentais obtidos

em amostras de aço ferramenta P20 submetidos ao processo de cementação

sólida e gasosa, e nitretação iônica, sob diferentes tempos de tratamento,

assim como os ensaios de dureza e desgaste dos mesmos materiais tratados e

não tratados pelos processos acima citados.

5.1 Ensaio de Microdureza

5.1.1 Estudo da Camada Formada por Cementação

As amostras de cementação sólida e gasosa foram previamente

temperadas e revenidas, ou seja, na mesma condição de tratamento, com

dureza média do substrato de 550mHV.

Na Figura 5.1 está apresentado o perfil de dureza das amostras

cementadas a sólido, nos tempos de 2 horas (a), 4 horas (b), 6 horas (c) e 8

horas (d). A dureza superficial de todos os materiais tratados por cementação

sólida apresentou um aumento significativo comparado ao material temperado

sem cementação, evidenciando a efetividade do tratamento de cementação

sólida realizado. Observa-se que a espessura da camada efetiva para o tempo

de 6 e 8 horas ficaram muito próximas, sendo de 2,73mm e 2,78mm,

respectivamente. No tratamento de 4 horas, houve uma pequena diminuição da

espessura da camada efetiva, sendo de 2,57mm. A menor camada obtida foi a

do tratamento de 2 horas, atingindo 1,75mm.

Paulo Mei (2010) cita que, dependendo das condições de tempo e

Page 53: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

temperatura empregadas na cementação sólida, a profundidade da camada

pode variar de 0,6 a 6,9mm.

(a) (b)

(c) (d)

Figura 5.1: Perfil de dureza das amostras cementadas a sólido nos tempos de

2 horas (a), 4 horas (b), 6 horas (c) e 8 horas (d).

Na Figura 5.2 está apresentado o perfil de dureza de todos os

tratamentos realizados por cementação sólida.

Page 54: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

Figura 5.2: Perfis de dureza das amostras cementadas a sólido.

Pode-se verificar que, quanto menor o tempo de tratamento, maior é a

dureza superficial. Porém, os menores tempos de tratamento tiveram uma

queda mais acentuada da dureza com relação a profundidade da camada

formada.

A Figura 5.3 ilustra o perfil de dureza das amostras cementadas a gás.

A espessura de camada efetiva para os tempos de tratamento de 1 hora, 2

horas, 3 horas e 4 horas foram, respectivamente: 0,80mm, 1,10mm, 1,40mm e

1,70mm. Pode-se observar que, conforme aumentou-se o tempo de

tratamento, aumentou-se a espessura da camada. Paulo Mei (2010) afirma

que, dependendo do tempo, temperatura e do potencial de forno do carbono, o

tratamento de cementação gasosa pode gerar camadas com profundidades de

0,5 a 2,0mm.

Page 55: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

(a) (b)

(c) (d)

Figura 5.3: Perfil de dureza das amostras cementadas a gás nos tempos de 1

hora (a), 2 horas (b), 3 horas (c) e 4 horas (d).

Na Figura 5.4 abaixo estão todos os perfis de dureza dos materiais

tratados por cementação gasosa. É possível observar que no tratamento de 1 e

2 horas de cementação a gás a queda da dureza na camada foi muito mais

acentuada em relação aos outros tratamentos. O comportamento dos materiais

de 3 e 4 horas de cementação gasosa foram similares enquanto o de 2 horas

obteve a maior dureza na superfície.

Page 56: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

Figura 5.4: Perfis de dureza das amostras cementadas a gás.

Os valores da espessura da camada formada experimentalmente para

o tratamento de cementação gasosa foram analisados por Oliveira (2014)

analiticamente utilizando a teoria de difusão através da Lei de Fick e a teoria de

Arrhenius em um trabalho de graduação realizado na Fatec Sorocaba por um

aluno do curso de Processos Metalúrgicos. Os resultados obtidos pela análise

teórica e pela análise prática estão apresentados na Tabela 5.1 e comprovam a

efetividade do método utilizado para determinação da profundidade da camada.

Os resultados da espessura da camada determinada no ensaio prático

obtiveram coerência com a espessura da camada definida teoricamente,

demonstrando a eficiência do tratamento termoquímico realizado.

Page 57: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

Tabela 5.1: Resultados obtidos por diferentes técnicas de análise do coeficiente

de difusão do carbono, obtido por cementação gasosa, no aço AISI P20.

Tempo de Tratamento (horas)

Espessura Teórica (mm)

Espessura Prática (mm)

1 0,80 0,80 2 1,00 1,10 3 1,20 1,40 4 1,60 1,70

Através dos resultados obtidos, pode-se observar que as durezas

superficiais das camadas produzidas por cementação gasosa estão maiores do

que as durezas superficiais das camadas produzidas por cementação sólida.

Também, a cementação gasosa gerou camadas menos espessas que a

cementação sólida. Costa e Silva (2010) afirma que o tratamento de

cementação gasosa gera maiores durezas superficiais e menores

profundidades de camada cementada, comparado ao tratamento de

cementação sólida, corroborando com os resultados obtidos.

5.1.2 Estudo da Camada Formada por Nitretação

O material base utilizado para comparação não foi previamente tratado,

pois o tratamento termoquímico de nitretação iônica endurece a superfície do

material pela formação de nitretos, que é a combinação do nitrogênio com os

elementos de liga do aço, e não pelo enriquecimento do mesmo em carbono e

posterior endurecimento por têmpera (CHIAVERINI, 2003). Portanto o material

base utilizado para comparação é o P20 como recebido, ou seja, beneficiado,

com dureza em torno de 380mHV.

Na Figura 5.5 está apresentado o perfil de dureza das amostras

nitretadas, nos tempos de 2 horas (a), 4 horas (b), 6 horas (c) e 12 horas (d). A

dureza superficial de todos os materiais tratados por nitretação iônica

Page 58: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

apresentaram um aumento expressivo comparado ao material sem tratamento,

comprovando a efetividade do tratamento de nitretação iônica realizado.

Observa-se que a espessura da camada de difusão para a amostra tratada por

2 horas é de, aproximadamente, 0,19mm, enquanto o de 4 horas, chegou a

0,25mm, o de 6 horas a 0,45mm e o de 12 horas a 0,80mm, o que indica um

aumento da difusão do nitrogênio conforme aumenta-se o tempo de

tratamento.

(a) (b)

(c) (d)

Figura 5.5: Perfil de dureza das amostras nitretadas nos tempos de 2 horas (a),

4 horas (b) e 6 horas (c).

Page 59: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

Na Figura 5.6 está apresentado o perfil de dureza de todas as

amostras nitretadas.

Figura 5.6: Perfis de dureza das amostras nitretadas.

Como observado nos outros tratamentos, quanto maior foi o tempo de

tratamento, menor dureza superficial obteve-se, porém, maior a profundidade

da camada formada. Pode-se observar que o tratamento de 2h obteve,

praticamente, a mesma dureza que o tratamento de 12h. Porém, a queda da

dureza com a profundidade para a amostra tratada por 2h é muito maior

comparada a amostra de 12h.

5.1.3 Estudo da Profundidade da Camada Tratada e Du reza Superficial por

Tempo de Tratamento

Conforme observado em vários trabalhos a temperatura e tempo de

Page 60: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

tratamento são os principais parâmetros que influenciam na dureza superficial

e na espessura da camada formada nos tratamentos termoquímicos realizados

neste trabalho.

Reservo este capítulo para a apresentação do comportamento da dureza

superficial e da espessura da camada formada das amostras tratadas por

cementação sólida, cementação gasosa e nitretação iônica em relação ao

tempo de tratamento das mesmas.

A figura 5.7 nos mostra a dureza superficial de todos os materiais por

tempo de tratamento.

Figura 5.7: Microdureza superficial por tempo de tratamento de todas as

amostras.

Nem sempre maiores tempos de tratamento produzem maiores

durezas superficiais. Com exceção da cementação gasosa a 1 hora, é possível

notar que, quanto maior o tempo de tratamento, menor a dureza superficial

para o tratamento de cementação sólida e gasosa. No caso da nitretação

Page 61: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

iônica, observa-se uma queda na dureza superficial com o aumento no tempo

de tratamento, o qual volta a aumentar a 12 horas de tratamento.

Wolfart (2002), Reis (2006, 2007) e Caetano (1998) obtiveram

resultado semelhante, comprovando que baixas temperaturas geram alta

concentração de nitrogênio na superfície, o que eleva a dureza da mesma.

Conforme aumenta-se a temperatura, a concentração diminui, difundindo-se

para o substrato, o que causa o aumento da profundidade de difusão e a

diminuição da dureza na superfície.

A figura 5.8 nos mostra a profundidade da camada tratada em relação

ao tempo de tratamento.

Figura 5.8: Pronfundidade da camada por tempo de tratamento.

Pode-se observar que, quanto maior o tempo de tratamento, maior a

espessura da camada formada, conforme observado por Dorigão (2006),

quanto maior o tempo de tratamento, maior o coeficiente de difusão, ou seja,

maior a espessura da camada formada.

Page 62: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

5.2 Ensaio de Desgaste

Estes ensaios foram realizados a fim de analisar a efetividade do

tratamento de cementação gasosa, sólida e nitretação iônica em relação a

resistência ao desgaste do material em estudo.

A tabela 5.2 comprova que nenhum ensaio atingiu o substrato, ou seja,

a resistência ao desgaste obtida está diretamente ligada a camada formada

nos tratamentos.

Tabela 5.2: Comparação entre a altura da calota formada no ensaio de

desgaste com a profundidade da camada gerada nos tratamentos

termoquímicos.

Tratamento Altura da Calota (mm) Profundidade da Camada (mm)

Cementação Sólida 2 horas

0,043 1,75

Cementação Sólida 4 horas

0,040 2,57

Cementação Sólida 6 horas

0,036 2,73

Cementação Sólida 8 horas

0,020 2,78

Cementação Gasosa 1 hora

0,022 0,80

Cementação Gasosa 2 horas

0,022 1,10

Cementação Gasosa 3 horas

0,023 1,40

Cementação Gasosa 4 horas

0,027 1,70

Nitretação Iônica 2 horas

0,031 0,20

Nitretação Iônica 4 horas

0,040 0,25

Nitretação Iônica 6 horas

0,037 0,45

Nitretação Iônica 12 horas

0,032 0,90

Page 63: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

5.2.1 Cementação Sólida

A Figura 5.9 nos mostra a taxa de desgaste em relação aos diferentes

tempos de tratamento de cementação sólida.

Figura 5.9: Taxa de desgaste em relação ao tempo de tratamento.

A cementação sólida diminuiu acentuadamente a taxa de desgaste dos

materias em relação a amostra sem tratamento. O tratamento de 8 horas foi o

que obteve a menor taxa neste ensaio.

A Figura 5.10 relaciona o volume de desgaste com os diferentes

tempos de tratamento de cementação sólida.

Page 64: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

Figura 5.10: Volume de material retirado por tempo de tratamento.

Novamente, o tratamento de cementação sólida se demonstra

eficiente, diminuindo o volume de desgaste a aumentando a resistência ao

desgaste do material estudado. Conforme aumentou-se o tempo de tratamento,

a resistência ao desgaste também aumentou.

A amostra de 8 horas foi a que obteve a menor altura na calota,

consequente de uma menor taxa de desgaste. O tratamento de cementação

sólida se mostrou eficiente em relação a resistência ao desgaste do material

estudado, sendo a amostra de 8 horas a que obteve os melhores resultados

comparada a todos os ensaios, pois a dureza de toda sua camada tem pouca

variação quando comparada a dureza da superfície.

No caso da cementação sólida, maiores tempos de tratamento se

demonstraram mais eficientes em relação à resistência ao desgaste devido ao

aumento de sua profundidade de cementação.

Page 65: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

5.2.2 Cementação Gasosa

A Figura 5.11 nos mostra a taxa de desgaste em relação aos diferentes

tempos de tratamento de cementação gasosa. As amostras tratadas por

cementação gasosa obtiveram uma queda acentuada na taxa de desgaste,

comparadas com o material base, comprovando a efetividade do tratamento.

Figura 5.11: Taxa de desgaste dos materiais tratados por cementação gasosa

com diferentes tempos de tratamento.

A Figura 5.12 nos mostra volume de desgaste por tempo de tratamento

da cementação gasosa.

Page 66: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

Figura 5.12: Volume de material retirado no ensaio de desgaste por tempo de

tratamento.

Na Figura 5.12 é possível observar que o tratamento de cementação

gasosa diminuiu drasticamente o volume de desgaste, evidenciando que o

tratamento de cementação gasosa aumenta a resistência ao desgaste do

material estudado.

O tratamento de cementação gasosa se mostrou eficiente no ensaio de

desgaste, obtendo uma grande diminuição em todos os aspectos analisados.

Para este tratamento, a maior resistência ao desgaste está relacionada ao

aumento da dureza superficial causada pelo tratamento termoquímico de

cementação. Assim, o tempo que obteve a maior resistência ao desgaste das

amostras de cementação gasosa foi o de 2 horas, devido a sua alta dureza

superficial, a maior obtida.

Page 67: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

5.2.3 Nitretação Iônica

A Figura 5.13 nos mostra a taxa de desgaste em relação aos diferentes

tempos de tratamento de nitretação, comparadas ao material base sem

tratamento. As amostras tratadas por nitretação iônica alcançaram uma queda

relevante e uniforme na taxa de desgaste, evidenciando a efetividade do

tratamento.

Figura 5.13: Taxa de desgaste dos materiais tratados por nitretação iônica.

A Figura 5.14 abaixo nos mostra a perda de volume no ensaio dos

materiais tratados por nitretação iônica.

Page 68: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

Figura 5.14: Volume de material retirado no ensaio de desgaste nas amostras

tratadas por nitretação iônica.

Analisando os resultados obtidos, pode-se observar a eficiência do

tratamento termoquímico de nitretação iônica, pois o mesmo aumentou

significativamente a resistência ao desgaste do material, sendo o material de 2

horas o mais resistente, devido a sua alta dureza na camada, seguido pela

amostra tratada por 12 horas, que também possui alta dureza na camada e

uma queda menos acentuada da dureza da mesma em relação a profundidade.

5.2.4 Análise dos Resultados de Desgaste

A partir da análise dos resultados acima, é possível notar que os

Page 69: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

tratamentos que melhor apresentaram resistência ao desgaste foram o de 2

horas por cementação gasosa, com um volume de desgaste de 0,019mm³,

devido a sua alta dureza superficial, e o de 8 horas por cementação sólida, com

um volume de desgaste de 0,017mm³, devido à sua dureza uniforme em

relação a profundidade de cementação, conforme ilustra a figura 5.15.

Figura 5.15: Volume de desgaste, de todos os tratamentos, por tempo.

5.3 Metalografia

Foram realizadas as metalografias das amostras tratadas por

cementação gasosa, cementação sólida e nitretação iônica para observar a

formação das camadas.

A Figura 5.16 corresponde à metalografia do material base, sem

Page 70: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

tratamento, com aumento de 100x. Observa-se que a microestrutura do

substrato é a martensita revenida obtida do material no estado beneficiado

como recebido.

Figura 5.16: Microestrutura do aço P20 beneficiado.

As Figuras de 5.17 a 5.20 referem-se aos tratamentos de cementação

sólida de 2, 4, 6 e 8 horas, respectivamente.

Figura 5.17: Metalografia da camada tratada por cementação sólida a 2 horas

(aumento de 50x)

Page 71: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

Figura 5.18: Metalografia da camada tratada por cementação sólida a 4 horas

(aumento de 20x)

Figura 5.19: Metalografia da camada tratada por cementação sólida a 6 horas

(aumento de 20x)

Page 72: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

Figura 5.20: Metalografia da camada tratada por cementação sólida a 8 horas

(aumento de 20x)

É possível observar que, quanto maior o tempo de tratamento, maior o

tamanho da camada formada e sua uniformidade.

As Figuras de 5.21 a 5.24 referem-se aos tratamentos de cementação

gasosa de 1, 2, 3 e 4 horas, respectivamente.

Figura 5.21: Metalografia da camada tratada por cementação gasosa a 1 hora

(aumento de 50x)

Page 73: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

Figura 5.22: Metalografia da camada tratada por cementação gasosa a 2 horas

(aumento de 50x)

Figura 5.23: Metalografia da camada tratada por cementação gasosa a 3 horas

(aumento de 50x)

Page 74: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

Figura 5.24: Metalografia da camada tratada por cementação gasosa a 4 horas

(aumento de 20x)

Pode-se observar que as camadas formadas por cementação sólida

atingiram maiores espessuras do que as camadas formadas por cementação

gasosa.

As Figuras de 5.25 a 5.28 referem-se as amostras tratadas por

nitretação iônica nos tempos de 2, 4, 6 e 12 horas, respectivamente.

Figura 5.25: Metalografia da camada tratada por nitretação iônica a 2 horas

(aumento de 200x)

Page 75: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

Figura 5.26: Metalografia da camada tratada por nitretação iônica a 4 horas

(aumento de 200x)

Figura 5.27: Metalografia da camada tratada por nitretação iônica a 6 horas

(aumento de 200x)

Page 76: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

Figura 5.28: Metalografia da camada tratada por nitretação iônica a 12 horas

(aumento de 200x)

É possível observar que, conforme aumentou-se o tempo de

tratamento, aumentou-se a camada de difusão. Também é possível observar

um traço fino e branco, na parte mais externa da superfície, proveniente da

camada branca, que foi posteriormente analisado via MEV para medição e está

apresentado abaixo, nas figuras 5.29 a 5.31.

Na amostra de 2 horas, a camada branca formada é de 7,15µm. Na

amostra de 4 horas, houve um aumento, sendo de 9,35µm, na amostra de 6

horas, 11,5µm e na amostra de 12 horas, 9,8µm. Vale ressaltar que, o

tratamento de nitretação a 12 horas foi realizado com parâmetros diferentes em

comparação com os outros tratamentos.

Page 77: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

Figura 5.29: Metalografia via MEV da camada branca obtida no tratamento de

nitretação iônica a 2 horas.

Figura 5.30: Metalografia via MEV da camada branca obtida no tratamento de

nitretação iônica a 4 horas.

Page 78: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

Figura 5.31: Metalografia via MEV da camada branca obtida no tratamento de

nitretação iônica a 6 horas.

Figura 5.31: Metalografia via MEV da camada branca obtida no tratamento de

nitretação iônica a 12 horas.

Page 79: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

É possível notar um aumento significativo da espessura da camada

branca conforme aumentou-se o tempo de tratamento. A camada branca,

geralmente menos que 25µm, apresenta boa resistência ao engripamento,

reduz o coeficiente de atrito, melhora a resistência a fadiga em ambientes

corrosivos e à corrosão, porém, possui baixa dureza (COSTA E SILVA, 2010).

Camada branca ou camada de compostos são termos utilizados para

denominar a camada mais superficial formada pelos nitretos de ferro. Essa

região, em análise metalográfica, se apresenta branca por não reagir com o

reagente químico. Ela é composta por 2 tipos de nitreto: o Épsilon e o Gama

Linha. O primeiro possui teor de nitrogênio superior a 8,0% em peso e é frágil.

O segundo, teor entre 5,9 e 6,5% em peso e é dúctil. A camada branca também

possui boa resistência ao desgaste e corrosão (VENDRAMIN, 2008).

A camada de difusão, abaixo da camada branca, é constituída de

nitretos do tipo Gama Linha (em forma de agulhas) e nitrogênio dissolvido na

matriz ferrítica. Possui boa resistência a fadiga (VENDRAMIN, 2008).

O fator dominante na absorção do nitrogênio está associado com o

processo de sputtering. Os átomos de ferro que são arrancados da superfície

podem combinar-se com os átomos de nitrogênio, altamente reativos e

presentes no plasma próximos à superfície da peça, produzindo nitretos de

ferro instáveis (FeN). Esses nitretos são condensados na superfície e

estabilizados posteriormente para nitretos do tipo Fe2N, Fe3N e Fe4N. O

nitrogênio que é liberado deste processo pode difundir para o volume da peça,

formando assim a zona de difusão. A camada branca é frágil e rica em

nitrogênio (ALVES JÚNIOR, 2008).

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5.4 Composição Química da Camada Formada

Foram medidas, via MEV/EDS, as composições químicas das camadas

formadas por todos os tratamentos termoquímicos realizados, e estão

apresentadas na tabela 5.3. Esta análise é qualitativa e será importante para

observar a difusão do carbono e nitrogênio ao longo da espessura a partir da

superfície do material. Os pontos de análise foram determinados na figura 4.6.

Tabela 5.3: Composição química das camadas formadas.

Tratamento Ponto A Ponto B Ponto C

Cementação Sólida 2 horas 8,3% pC 5,4% pC 4,1% pC

Cementação Sólida 4 horas 8,4% pC 6,3% pC 3,9% pC

Cementação Sólida 6 horas 10,5% pC 6,9% pC 4,0% pC

Cementação Sólida 8 horas 11,4% pC 7,5% pC 6,0% pC

Cementação Gasosa 1 hora 11,9% pC 5,7% pC 2,4% pC

Cementação Gasosa 2 horas 9,7% pC 4,9% pC 3,6% pC

Cementação Gasosa 3 horas 11,4% pC 7,8% pC 4,5% pC

Cementação Gasosa 4 horas 10,1% pC 7,9% pC 9,0% pC

Nitretação Iônica 2 horas 6,7% pN 3,5% pN 1,9% pN

Nitretação Iônica 4 horas 7,9% pN 4,1% pN 1,7% pN

Nitretação Iônica 6 horas 6,6% pN 3,8% pN 1,3% pN

Nitretação Iônica 12 horas 7,5% pN 3,9% pN 1,5% pN

É possível notar a efetividade dos tratamentos realizados, pois a

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porcentagem em peso do elemento medido na camada revelou-se superior que

a medida no substrato. E conforme aproximou-se o ponto de medição ao

substrato, essa porcentagem diminuiu.

5.5 Vantagens e Desvantagens da Cementação Sólida,

Cementação Gasosa e Nitretação Iônica

Reserva-se este capítulo para uma breve discussão sobre as

vantagens e desvantagens dos tratamentos de cementação gasosa, sólida e

nitretação iônica.

Conforme estudado por Rosa (2012), a Tabela 5.4 nos mostra que “o

processo de cementação sólida enfrenta certas dificuldades para ser

executado, principalmente se posto em uma linha de produção, onde o fator

principal é a produtividade e o controle de qualidade. Entretanto, ainda é

possível considerar que para algumas peças e ocasiões este processo é muito

recomendado.”

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Tabela 5.4: Vantagens e desvantagens da cementação sólida.

Cementação Sólida

Vantagens Desvantagens

Permite-se a utilização de maior

variedade de fornos, pois reproduz

sua própria atmosfera cementante.

No que se refere ao controle, não há

uma conclusão exata, pois o

potencial de carbono na superfície da

peça é variável.

É recomendado principalmente para

peças que necessitam de

resfriamento lento após a

cementação, como por exemplo as

peças que serão usinadas antes de

serem atribuídas ao tratamento.

A dificuldade de desempacotar as

peças acaba por dificultar a têmpera

direta.

Como as peças são alojadas na

mistura carburizante sólida, tem a

diminuição ao empenamento, o que

em alguns casos, é de extrema

importância.

Este processo se torna mais lento

quando comparado a outros

processos de cementação, eis que

há uma necessidade das peças se

aquecerem e resfriarem dentro da

caixa.

Rosa (2012) também estudou que “no processo de cementação gasosa

as vantagens são bem gratificantes, eis que é possível fazer o controle do

processo e ainda obter maior produtividade. As desvantagens são a mão de

obra capacitada para tal serviço, equipamentos caros, porém, se analisado as

vantagens de tal processo, é possível concluir que é um processo satisfatório.”

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A Tabela 5.5 apresenta as vantagens e desvantagens do tratamento de

cementação gasosa.

Tabela 5.5: Vantagens e desvantagens do tratamento de cementação gasosa.

Cementação Gasosa

Vantagens Desvantagens

Este processo acaba por ser

vantajoso comparado com a

cementação sólida pois elimina o uso

de caixas pesadas e torna-se um

processo mais limpo.

O referido processo deve ser

realizado em equipamentos

específicos, o que o torna mais caro.

O controle do teor de carbono

depositado na camada superficial da

peça permite obter a espessura

cementada mais padronizada.

Com este nível de complexidade

torna-se necessário profissional mais

capacitado.

A cementação gasosa acaba se

tornando um processo mais rápido,

possibilitando uma têmpera direta.

Na cementação sólida o controle é

basicamente da temperatura, na

gasosa o controle da temperatura se

faz necessário juntamente com o

controle da mistura carburizante.

Com relação a nitretação, Corazza (2012) observou que houve

melhoria na transferência de calor do molde, no processo de injeção, quando

comparada a um molde sem tratamento, o que gera um menor tempo de ciclo

Page 84: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

de resfriamento. Também foi verificado que houve redução da temperatura do

molde durante o processo, quando empregado com o tratamento de nitretação.

Essas melhorias são capazes de reduzir em até 12% o tempo do ciclo total do

processo de injeção, sem diminuir a qualidade final da peça injetada. Além

disso, na nitretação as peças sofrem menor empenamento, pois utiliza-se de

temperaturas baixas. Há também um ótimo controle da camada nitretada.

Porém, os equipamentos necessários para o tratamento possuem alto custo e,

normalmente, é um processo lento.

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6. DIFICULDADES ENCONTRADAS

Algumas dificuldades foram encontradas no decorrer de

desenvolvimento deste trabalho.

No projeto de desenvolvimento deste trabalho, foi determinado que os

tratamentos de nitretação seriam realizados em equipamento do departamento

Física da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Porém, o laboratório

foi desmontado e sua instalação está prevista para ser realizada em outra

instituição. Assim, foi necessário encontrar outro local para a realização deste

tratamento, o qual será efetuado na METAL PLASMA Processos Metalúrgicos a

Plasma, presente em São José dos Campos/SP.

Outra dificuldade encontrada foi na busca a literatura referente ao tema

de cementação em P20. Nenhum trabalho de cementação sólida em P20 foi

encontrado, sendo encontrado alguns trabalhos de cementação sólida em

outros tipos de materiais. Foram encontrados poucos trabalhos de cementação

gasosa em P20.

Uma análise de WDS foi marcada na cidade de Lorena/SP no DEMAR

da EEL para medir a profundidade de camada da cementação, pois o método

utilizado primeiramente não se demonstrou eficiente. Porém, o equipamento

apresentou problemas técnicos no dia marcado e, ao invés de WDS, foi

realizado um EDS para análise da profundidade da camada.

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7. CONCLUSÃO

O tratamento de cementação sólida foi o tratamento que apresentou

maior espessura da camada por tempo de tratamento. Nos tempos de 2, 4, 6 e

8 horas, as profundidades ficaram em 1,75, 2,57, 2,73 e 2,78mm,

respectivamente. O tratamento de cementação gasosa aliou alta dureza

superficial, atingindo 923mHV no tratamento de 2 horas, com um valor

considerável de profundidade de camada, sendo de 0,80, 1,10, 1,40 e 1,70mm

nos tratamentos de 1, 2, 3 e 4 horas, respectivamente. O tratamento de

nitretação a plasma obteve baixas profundidades de camada, sendo de 0,19,

0,25, 0,45 e 0,80mm nos tempos de 2, 4, 6 e 12 horas.

O volume de desgaste, nos tratamentos de cementação gasosa e

nitretação iônica, obteve comportamento similar, ou seja, quanto menor o

tempo de tratamento, menor o volume de desgaste, resultado de uma maior

dureza superficial. No tratamento de cementação sólida, o material que obteve

o melhor resultado foi o de 8 horas, resultado de uma uniformidade na dureza e

alta profundidade da camada.

Todos os tratamentos termoquímicos realizados neste trabalho

aumentaram consideravelmente a resistência ao desgaste do material

estudado. Os ensaios de desgaste realizados comprovaram que o tratamento

termoquímico que obteve o melhor resultado foi o de cementação sólida,

realizado durante 8 horas e, com um valor aproximado, o de cementação

gasosa, realizado durante 2 horas. Porém, de forma geral, observou-se que o

tratamento que produziu maior resistência ao desgaste foi a cementação

gasosa.

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Foi observado também que, menores tempos de tratamento

produziram maiores durezas superficiais, devido a concentração do elemento

endurecedor estar alta na superfície. Maiores tempos de tratamento facilitam a

difusão dos mesmos para o substrato, diminuindo a dureza superficial e

aumentando a profundidade da camada formada.

Alta resistência ao desgaste pode estar diretamente ligada a altas

durezas superficiais, porém, foi observado que uma dureza uniforme na

camada também produz alta resistência ao desgaste, gerada nos tratamentos

de maior tempo.

Deve-se levar em conta, não somente a resistência ao desgaste do

material, e sim a efetividade do tratamento como um todo, para determinar o

tratamento mais adequado à necessidade. Apesar de menor resistência ao

desgaste comparado aos tratamentos de cementação, o tratamento de

nitretação iônica produz menor empenamento na peça, pois utiliza-se de

menores temperaturas de tratamento. Moldes plásticos são peças que

possuem muitos detalhes e tolerâncias mínimas, menor empenamento é

essencial nestes casos, entre outros fatores.

A nitretação, também, diminuiu o tempo total do ciclo de injeção, devido

a possibilitar maiores trocas de calor no molde e, consequentemente, menores

temperaturas no mesmo, o que reduz o tempo de resfriamento da peça. O fato

de se obter menores tempos no ciclo de injeção pode ser determinante na

escolha do tratamento.

O tratamento de cementação sólida é, de longe, o de menor custo, pois

utiliza-se de equipamentos simples e não necessita de mão-de-obra

qualificada, produzindo propriedades interessantes. Porém, não há controle da

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camada formada e, por ser necessária a realização de têmpera, produz um

maior empenamento nas peças, comparado a nitretação. O tratamento de

cementação gasosa também produz empenamento maior, porém, há um

grande controle no processo e os equipamentos e mão-de-obra necessários

ainda são menos dispendiosos comparados aos necessários para a nitretação.

A determinação do tratamento mais adequado, estudado neste

trabalho, para uma determinada aplicação, deve ser analisada levando em

conta os resultados e as informações aqui presente.

Page 89: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

8. REFERÊNCIAS

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Page 96: Henrique Solowej Medeiros Lopes ORIENTADOR

9. JUSTIFICATIVA DA APLICAÇÃO DA RESERVA

TÉCNICA

A verba da reserva técnica utilizada nestes meses de desenvolvimento

deste projeto somaram o valor de R$ 462,50. Deste valor total, R$ 99,00 reais

foram utilizados para a aquisição das esferas para realização dos ensaios de

desgaste, cujos resultados se encontram no item 5 deste relatório. O valor de

R$ 57,50 foi gasto com a aquisição de lixas para a preparação metalográfica de

todas as amostras estudadas neste trabalho. O valor de R$180,00 é referente a

estadia na cidade de Lorena para a realização de análises e, o valor de

R$126,00 é referente à alimentação durante a estadia em Lorena para a

realização de análises, que se encontram no item 5 deste relatório.

A viagem foi realizada a fim de se realizar análise química via WDS

utilizando um Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV) para determinar a

espessura da camada formada pelos tratamentos superficiais realizados no

desenvolvimento do projeto. Porém, no momento da análise o detector

apresentou um problema técnico e esta referida análise não pode ser realizada.

No entanto, foram feitas análises químicas via EDS no Microscópio Eletrônico

de Varredura. As amostras foram deixadas aos cuidados do Prof. Dr. Durval

Rodrigues Junior para que, assim que o detector ficar operacional, as análises

sejam realizadas.

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10. LISTA DE PUBLICAÇÕES

Os resultados obtidos com o desenvolvimento deste trabalho serão

apresentados em dois congressos, conforme descrito abaixo:

• 13th International Symposium on Multiscale, Multifunctional and

Funtionally Graded Materials, cujo resumo está em processo de

envio. Serão apresentados todos os resultados obtidos no

desenvolvimento deste trabalho, o qual poderá ser publicado na

edição especial da revista Mechanics Research Communications.

• Semana de Iniciação Científica da Fatec Sorocaba