historia da musica universal

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    NDICE

    CAPTULO I - A ANTIGUIDADE __________________________________05

    OS PRIMEIROS ELEMENTOS_____________________________________06

    A LIRA E A LRICA NA GRCIA____________________________________07

    EM ROMA, A ARTE DA CPIA_____________________________________08

    CAPTULO II - A IDADE MDIA -________________________________09

    MELODIA - UM INSTRUMENTO DE F______________________________10

    PRINCIPAIS COMPOSITORES MEDIEVAIS___________________________12

    LONIN _______________________________________________________12

    PROTIN_______________________________________________________13

    GUILLAUME DE MACHAUT________________________________________13

    JOHN DUNSTABLE ______________________________________________13

    CAPTULO III A RENASCENA_____________________________14

    PRINCIPAIS COMPOSITORES RENASCENTISTAS____________________15

    JOSQUIN DES PREZ, DESPRS, OU DEPRS_______________________16

    GIOVANNI PIERLUIGI DA PALESTRINA _____________________________17

    GIOVANNI GABRIELI_____________________________________________18

    CLAUDIO MONTEVERDI__________________________________________19

    CAPTULO IV - O BARROCO_________________________________20

    O REFINADO ROCOC___________________________________________21

    WILLIAM BYRD_________________________________________________15

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    O APOGEU DO BARROCO________________________________________22

    PRINCIPAIS COMPOSITORES BARROCOS___________________________23

    ARCANGELO CORELLI____________________________________________23

    ALESSANDRO SCARLATTI________________________________________25

    DOMENICO SCARLATTI__________________________________________25

    GEORG PHILIPP TELEMANN______________________________________29

    HENRY PURCELL_______________________________________________30

    JEAN-PHILIPPE RAMEAU__________________________________________32

    JOS ANTNIO CARLOS DE SEIXA_________________________________32

    CAPITULO V - O CLASSICISMO_______________________________33

    A PERA SRIA__________________________________________________34

    MOZART - ARTE EM CONTROVRSIA________________________________35

    A MSICA EM TRANSIO BEETHOVEN____________________________36

    COMPOSITORES DO CLASSICISMO_________________________________37

    FRANZ JOSEPH HAYDN___________________________________________37

    JOS JOAQUIM EMERICO LOBO DE MESQUITA_______________________ 41

    PADRE JOS MAURCIO NUNES GARCIA ____________________________42 ANTONIO SALIERI _______________________________________________ 43 PADRE ANTONIO SOLER__________________________________________43

    MUZIO CLEMENTI_________________________________________________45

    CAPTULO VI - O ROMANTISMO_______________________________46

    O NACIONALISMO ROMNTICO_____________________________________47

    IMPRESSIONISMO - ARTE E SUGESTO______________________________48

    COMPOSITORES ROMNTICOS_____________________________________49

    GUSTAV MAHLER ________________________________________________50

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    MORITZ,MOSZKOWSKI____________________________________________ 51

    GIUSEPPE VERDI_________________________________________________52

    SERGEI VASSILIEVITCH RACHMANINOV_____________________________53

    LOUIS-HECTOR BERLIOZ__________________________________________54

    FRANZ PETER SCHUBERT_________________________________________57

    JAKOB LUDWIG FELIX MENDELSSOHN-BARTHOLDY __________________62

    ROBERT SCHUMANN______________________________________________63

    FRANZ LISZT ____________________________________________________69

    RICHARD WAGNER________________________________________________74

    JOHANNES BRAHMS ______________________________________________75

    PIOTR ILITCH TCHAIKOVSKY _______________________________________77

    CAPTULO VII - O MODERNISMO _________________________________79

    PRINCIPAIS COMPOSITORES DO SCULO XX_________________________82

    IGOR STRAVINSKY________________________________________________83

    CLUDIO SANTORO _______________________________________________83

    SERGEI SERGEIEVITCH PROKOFIEV_________________________________84

    MARLOS NOBRE DE ALMEIDA_______________________________________86

    FRANCISCO MIGNONE_____________________________________________87

    EDINO KRIEGER __________________________________________________90

    CSAR GUERRA PEIXE____________________________________________91

    RADAMS GNATALLI______________________________________________93

    ALBERTO EVARISTO GINASTERA____________________________________94

    OSCAR LORENZO FERNNDEZ______________________________________95

    CLAUDE DEBUSSY________________________________________________96

    ARNOLD SCHOENBERG____________________________________________101

    MAURICE JOSEPH RAVEL___________________________________________103

    BLA BARTK_____________________________________________________104

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    ALBAN BERG______________________________________________________108

    HEITOR VILLA-LOBOS ______________________________________________109

    CAPITULO I A Antiguidade

    Quando nasceu a msica ? - Como as primeiras manifestaesmusicais no deixaram vestgios, prticamente impossvelresponder. Alguns estudiosos nem tentam; outros enfrentam oproblema com base naquilo que se sabe sobre a vida humana na Pr-histria e preenchem as lacunas com certa dose de imaginao. Masnenhuma hiptese diz com exatido o momento em que os primitivoscomearam a fazer arte com os sons.

    Ao que parece, o homem das cavernas dava sua msica um sentidoreligioso. Considerava-a um presente dos deuses e atribua-lhefunes mgicas. Associada dana, ela assumia um carter deritual, pelo qual as tribos reverenciavam o Desconhecido,agradecendo-lhe a abundncia da caa, a fertilidade da terra e doshomens. Com o ritmo criado - batendo as mos e os ps -, elesbuscavam tambm celebrar fatos da sua realidade: vitrias na guerra,descobertas surpreendentes. Mais tarde, em vez de usar s as mos eos ps, passaram a ritmar suas danas com pancadas na madeira,primeiro simples e depois trabalhadas para soarem de formasdiferentes. Surgia, assim, o instrumento de percusso.

    Os barulhos da natureza deviam fascinar o homem desses tempos,dando-lhe vontade de imitar o spro do vento, o rudo das guas, ocanto dos pssaros. Mas, para isto, o ritmo no bastava, e oartesanato ainda no permitia a inveno de instrumentos meldicos.De modo que estranhos sons tirados da garganta devem terconstitudo uma forma rudimentar de canto, que, junto com o ritmo,resultou na mistura de palmas e roncos, pulos e uivos, batidas eberros. Era o que estava ao alcance do homem primitivo. E ter sidoum estilo que resistiu a sculos.

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    Contudo, segundo os atuais conceitos de msica, essas tentativas deexpresso foram demasiadamente pobres para se enquadrerem nacategoria de arte musical. Mas, do ponto de vista histrico, elastiveram uma importncia enorme. Porque a sua rtmica elementaracompanhou o homem medida que este se espalhava sobre a Terra,formando culturas e civilizaes. e evoluiu com ele, refletindo todas astransformaes que a humanidade viveu at chegar a ser como agora.

    OS PRIMEIROS ELEMENTOS

    A noo que hoje se tem da msica como "uma organizao temporalde sons e silncios" no nova. Civilizaes muito antigas j seaproximaram dela, descobrindo os elementos musicais e ordenando-os de maneira sistematizada. Os historiadores tm encontradoinscries as quais indicam que um carter ntidamente ritualsticoimpregnava a maior parte da criao musical da Antiguidade.

    Por muito tempo as formas instrumentais permaneceramsubdsenvolvidas. Predominava a msica vocal. Essa forma,adicionando msica o reforo das palavras, era mais comunicativa eas pessoas assimilavam-na melhor. Assim se explica o grandedesenvolvimento que atingiu entre os antigos.

    Os povos de origem semita cultivavam a expresso musical, tornando-a bastante elaborada. Os que habitavam a Arbia, principalmente,distinguiram-se pela criatividade. Possuam uma ampla variedade deinstrumentos e dominavam diferentes escalas. Segundo parece,tocavam sobretudo para danar, pois foi entre eles que surgiu a "Sutede Danas", um gnero que sobrevive ainda hoje.

    A Bblia mostra que tambm os judeus tinham a msica como hbito.Davi fala sobre ela nos "Salmos", e diversas outras passagens bblicascontm menes a respeito.

    Na China, o peculiar era a prpria msica, devido suamonumentalidade. Os chineses utilizavam nada menos que 84 escalas(o sistema tradicional da msica ocidental dispunha de apenas 24). avariedade da sua instrumentao era imensa. E j por volta do ano2255 a.C. o domnio sobre a expresso musical atingia tal perfeio

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    entre eles, que sua influncia se estendia por todo o Oriente,moldando a msica do Japo, da Birmnia, da Tailndia e de Java.

    A LIRA E A LRICA NA GRCIA

    Mas indiscutivelmente, foram os gregos que estabeleceram as basespara a cultura musical do Ocidente. A prpria palavra msicanasceu na Grcia, onde "Mousik" significa "A Arte das Musas",abrangendo tambm a poesia e a dana. O ritmo era o denominadorcomum das trs artes, fundindo-as numa s. Dessa forma a Lrica eraum gnero potico, mas seu trao principal era a melodia e at seunome deriva de um instrumento musical - a Lira. como os demaispovos antigos os gregos atribuam aos deuses sua msica, definindo-acomo uma criao integral do esprito, um meio de alcanar aperfeio.

    Seu sistema musical apoiava-se numa escala elementar de quatrosons - o Tetracorde. Da unio de dois tetracordes formaram-seescalas de oito notas, cuja riqueza sonora j permitia traar linhasmeldicas. Estas escalas mais amplas - os Modos - tornaram osistema musical grego conhecido posteriormente como Modal.

    O canto prendia-se a uma melodia simples, a Monodia, pois osmsicos da Grcia ignoravam as combinaes simultneas de sons(harmonias). Mas nem por isso deixavam de caracterizar com seusModos um sentido moral - o Ethos -, tornando os ritmos sensuais,religiosos, guerreiros, e assim por diante.

    Uma vez que os ritos religioso quase no mudavam, conservando atradio, com o tempo criaram-se melodias-padro, muito fceis econhecidas de todos. Eram os Nomoi, cujo acompanhamento se faziacom a Ctara e o Aulos. A ctara descendia da lira e, como ela, tinhacordas. O aulos era um instrumento de spro, ancestral do nossoobo.

    Partindo dos Nomoi, a msica da Grcia evoluiu para a lrica solista, ocanto conjunto e o solo instrumental. Depois, vieram as grandestragdias inteiramente cantadas, que marcaram o apogeu dacivilizao helnica (do sculo VI ao sculo IV a.C.).

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    Da por diante, a decadncia do povo encaminhou a msica da Grciapara o individualismo e o culto s aparncias. Parecendo prever adominao que lhes seria imposta pelos romanos, os gregosironizavam a sua prpria destruio.

    EM ROMA, A ARTE DA CPIA

    A cultura dos romanos era muito menor do que o seu poderio, demaneira que a conquista da Grcia lhes veio bem a calhar: aavanada civilizo grega oferecia-lhes tudo o que no tinham emcincia, arte e refinamento.

    Recolhendo os melhores elementos do patrimnio grego, trataram decopi-los com capricho e depois apresentaram-nos como produtoprprio entre os demais povos que tinham sob domnio. Mas noforam muito alm desse trabalho de divulgao.

    Particularmente no caso da msica, Roma quase nada acrescentouquilo que se havia desenvolvido na Grcia. Sua contribuio aoprogresso musical destacou-se, contudo, pela inveno de algunsinstrumentos como a Tbia (uma espcie de gaita-de-foles), a Tuba(precursora do trombone) e um rgo primitivo, provvelmentehidrulico ou pneumtico. Entretanto, parece que esse rgo no eraoriginal. Alguns pesquisadores afirmam que um egpcio chamadoCtesbio j havia criado um aparelho do mesmo tipo dois ou trssculos antes da era crist.

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    CAPTULO II A Idade Mdia

    MELODIA - UM INSTRUMENTO DE F

    O cristianismo mostrou ao homem um mundo interior que eledesconhecia, e essa revelao transformou a sua viso de si mesmo,bem como a sua posio face s coisas.

    Movidos por esse novo modo de ser, os primeiros cristosdesenvolveram sua prpria arte com o objetivo de exteriorizar nosomente sensaes, mas sentimentos de integrao religiosa. Estaideologia que se generalizou nos sculos iniciais da Idade Mdia foi acausa de origem da monodia crist.

    Os Hinos e Cnticos da nova concepo musical inspiravam-se nosSalmos da Bblia. Solo e Cro, ou Coros alternados, dialogavam nasoraes musicadas, sendo que a participao de um dos gruposvocais s vezes no ia alm dos "aleluias" e "amns" que marcavam ofim de cada passagem.

    Aos poucos, formaram-se artistas profissionais que aperfeioaram ocanto das melodias. A princpio, dividiram o texto em slabas,atribuindo apenas um som a cada uma delas (canto silbico). Maistarde, por influncia da msica oriental, as slabas j reuniam vriossons, enriquecendo-se com um ornamento vocal (melisma).

    Os grandes centros da Igreja - Bizncio, Roma, Antioquia e Jerusalm- eram tambm os grandes centros da msica, cada qual com sualiturgia musical particular.

    No sculo IV, em Milo, Santo Ambrsio criou um estilo que tomou oseu nome - ambrosiano. Na mesma poca, Santo Hilrio compunha naFrana uma msica de caractersticas diferentes - o chamado estilogalicano. E trs sculos depois, na Espanha, Santo Isidoro seguiriauma terceira tendncia - o estilo morabe.

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    Contudo, foi em Roma que se estabeleceram os padres que deramao canto litrgico da Igreja Romana uma forma fixa. Quem osorganizou foi o fundador da Schola Cantorum, Papa Gregrio Magno -o que explica o nome de Canto Gregoriano com o qual se tornouconhecido esse gnero musical. Caracterizava-se por uma melodialinear e plana - o "cantus planus". Por isso chamam-no tambm, maistarde, de cantocho.

    "ARS ANTIQUA" - ANTIGA S NO NOME

    Ao longo dos sculos e sob a influncia de novas maneiras de cantar,o Gregoriano se modificou, mas conservando o seu carter mondico,uma vez que ele favorecia a concentrao religiosa. No sculo XIII,certos contracantos clandestinos se infiltraram na melodia tradicional,subvertendo a liturgia que fixava os Tons da Igreja. Com reprovao,os religiosos viram tambm que sua msica comeava a denotartraos da criao musical erudita que se cultivava nos castelos e atdas canes populares dos aldees.

    Livre da rigidez litrgica, esta msica profana que podia reunir vriasmelodias no mesmo canto era uma escapada na direo da polifonia.E o povo, ajudado pelos trovadores, acabaria impondo sua fuso como canto tradicional.

    Apesar de todos os progressos feitos no campo musical durante esseperodo, a Histria registrou-o com o nome de "Ars Antiqua". Naverdade, ao fim do sculo a msica j era uma arte nova.

    Grande parte dos avanos da "Ars Antiqua" deve ser atribuda aoMestrre Leoninus e a seu aluno, Perotinus, que trabalhavam naCatedral de Notre-Dame, em Paris. Mas, esses dois compositores,assim como outros da Idade Mdia, no puderam ir muito longe,tolhidos pela precariedade dos meios de escrita musical. Haviasistemas de notao, mas eram ruins.

    O primeiro que apareceu baseava-se no alfabeto: as sete primeirasletras representavam os sete sons da escala, comeando pela nota l.Depois, criaram-se os neumas, sinais oriundos dos acentos grave,agudo, circunflexo, e do ponto. Porm, a notao neumtica tinha odefeito de no indicar a altura nem a durao dos sons. Melhor que

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    ela, era o mtodo do monge Guido d'Arezzo (995-1050), que adotouuma pauta de quatro linhas e definiu as claves de f e d pararegistrar a altura dos sons. Alm disso, d'Arezzo deu nome s notas,tirando as slabas iniciais de um hino a So Joo Batista:

    Ut queant laxis Para que possamREsonarefibris

    ressoar asmaravilhas

    MIra gestorum de teus feitosFAmuli tuorum com largos cantosSOLve polluti apaga os erros

    LAbii reatum dos lbiosmanchados

    SancteIoannes.

    So Joo.

    (O UT mais tarde passou a chamar-se D. Mas no se sabe quem obatizou, assim como se ignora quem foi o padrinho do SI.) OMensuralismo, inventado por Walter Oddington e Franco de Colniano sculo XII, tambm ajudou a evoluir a tcnica musical. Era umsistema que permitia medir o tempo sonoro, determinando umadurao espefica para cada nota (breve, semibreve, mnima,semnima, colcheia, semicolcheia, fusa, semifusa, quartifusa).

    A NOVIDADE DA "ARS NOVA"

    Quando nasceu, na Frana, a polifonia erudita consistia numa formabastante simples de tirar efeito de um som contra outro. Mas esse jogode "punctus contra punctus" - o contraponto - facilitou a criao denovas formas vocais, como o Motete, o Conducto e o Rond. Era umamsica diferente que se articulava. Receberia o nome de Ars Nova.

    O grande terico da Ars Nova foi o Bispo Filipe de Vitry. Entretantomuitos outros tambm cuidaram de dar preciso matemtica s regrasdo canto coral, tornando j conscientes certas combinaesharmnicas.

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    Sem poder competir com as inovaes da msica profana, o cantocatlico se encerrou nas igrejas. Esse recolhimento no o prejudicou:ao contrrio, foi a partir de ento que ele se desenvolveu numa formade expresso litrgica, a Missa. Graas a ela, ganharam evidncia osorganistas e mestres de capela. E ganhou celebridade um compositor- Guillaume de Machaut (1310-1377). Poeta da crte francesa deCarlos V, criador de cantigas e baladas profanas, Machaut escreveu aMissa da Sagrao, que considerada at hoje uma obra-prima.

    Contudo, o verdadeiro esprito da Ars Nova do sculo XIV se revela na fuso da msica erudita com a popular.

    Compositores tambm notveis desse perodo foram Jacopo daBologna, Gherardello da Firenze, Witzlav von Ruegen, FrancescoLandino, Giovanni da Cascia, Jean de Grouchy, Jean de Garlande eJohannes Ciconia.

    Compositores Medievais

    Leonin - sculo xiiPerotin - sculo xiiGuido dArezzo 995/ 1050Philippe de Vitry 1290 - 1361Guillaume de Machaut - 1300/ 1377John Dunstable - 1385/ 1453

    LONIN (c. 1163 / c 1201 )

    Desde o incio da construo da catedral de Notre Dame, em 1163,Paris tornou-se um importante centro musical. Nesta cidade, aspartituras de organum alcanaram um elevado estgio de elaborao,graas a um grupo de compositores pertencentes "Escola de NotreDame". Apenas o nome de dois destes compositores chegou atnossos dias: o de Lonin e o de Protin.

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    Lonin foi o primeiro mestre do coro da catedral e escreveu muitosorgana ( plural de organum). O organum a primeira manifestao damsica polifnica, com duas ou mais linhas meldicas. As primeirascomposies neste estilo (sec. IX) eram formadas por um cantocho(vox principalis), ao qual era acrescentada uma outra voz, em umintervalo de quarta ou quinta superior, chamada de vox organallis,duplicando a voz principal.

    PROTIN

    Compositor francs, a quem se atribui a criao da polifonia a quatrovozes. Protin foi o sucessor de Lonin e trabalhou em Notre Dame de1180 at cerca de 1225, na funo de mestre de coro. Revisou muitosorgana anteriores e fez modificaes nas partituras, a fim de deix-losmais modernos. Protin enriqueceu estes organa, acrescentando-lhesmais vozes. Assim, a um organum duplum, ele poderia acrescentaruma terceira voz ou at mesmo uma quarta voz.

    GUILLAUME DE MACHAUT ( Machaut 1300 / Reims 1377)

    Compositor e poeta francs. Cnego da catedral de Reims, foisecretrio de Joo de Luxemburgo, rei da Bomia. Sua obra musical considerada um dos pontos culminantes da arte do sculo XIV.Guillaume de Machaut autor de poemas lricos, baladas, danas,motetos e da famosa Messe Notre Dame, a primeira missa polifnica.

    Guillaume de Machaut considerado o maior msico da Ars Nova ,perodo que compreende toda msica composta entre 1300 at 1600.O estilo da Ars Nova mais expressivo e refinado, seus ritmos maisflexveis e a polifonia mais evoluda.

    JOHN DUNSTABLE (1385 / Londres 1453)

    Compositor, astrnomo e matemtico ingls. Foi o incentivador da ArsNova na Inglaterra. Sua produo principalmente religiosa: Motetos,hinos, antfonas e missas. Depois de esquecido durante sculos, foivalorizado modernamente pela sua qualidade de inveno meldica.

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    Em sua obra destacam-se os motetos Veni Sancte Spiritus e Quampulchra es.

    CAPTULO III A Renascena

    ESMRO DAS FORMAS VOCAIS

    Um conceito j inteiramente abstrato de msica orientava a invenodos mestres franco-flamengos, que foram os pioneiros do estilorenascentista. Chegavam a compor para 36 vozes paralelas, numverdadeiro malabarismo contrapontstico. A virtuosidade erapraticamente uma norma seguida por essa escola na qual sedestacaram Guillaume Dufay (1400-1474) e Johannes Ockeghem(1430-1496). E a virtuosidade foi levada a um ponto muito alto porJosquin des Prs (1445-1521), o mais brilhante de todos osflamengos.

    No clima da Renascena, a polifonia catlica passava das igrejas paraos sales da aristocracia. Os reformistas protestantes faziam o oposto,indo buscar entre o povo os seus temas musicais. Enquanto isso, osflamengos percorriam a Europa propagando o seu estilo, que feznascer vrios gneros de cano (chanson, song e lied). Na Frana,Clment Janequin (1480-1558) no foi o nico a sofrer a influnciaflamenga. Na Inglaterra, tambm, a escola dos virtuoses conquistouseguidores como William Byrd (1543-1623). O compositor Orlando deLassus (1531-1594) viveu em vrios pases, de modo que difcilsaber onde conheceu a msica dos flamengos. Mas no h dvida deque ela transparece em suas obras, cuja expressividade sugere acrise espiritual do seu tempo.

    Gioseffe Zarlino (1517-1590) formulou as noes bsicas da TradeTonal, estabelecendo que a tnica, a dominante e a subdominanteseriam, respectivamente, a primeira, a quinta e a quarta notas de um

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    certo tipo de escala. Essa inveno terica trouxe novos recursos msica.

    Por seu sabor popular, o canto protestante passava frente da liturgiacatlica e a inquietao da Igreja ante esse fato se mostrou noConclio de Trento (1563), quando os jesutas esboaram umatentativa de revitalizar a sua msica. No entanto, esbarraram com umobstculo srio: as normas cannicas interditavam o acesso ao estiloflamengo, alegando que este confundia o texto religioso. O impassepermaneceu at que Giovanni da Palestrina (1525-1594) encontrouuma soluo hbil: Se o texto era o dilema, restava o recurso de darmais destaque s palavras para ressaltar na msica as emoessugeridas por ele. Assim, eliminou o acompanhamento instrumental,criando composies "a capela", isto , dedicadas exclusivamente voz humana.

    Mas, no auge da expressividade renascentista, o desejo de atingir ograndioso exigiu de novo a participao do acompanhamentoinstrumental. As exploraes de Andrea Gabrieli (1510-1586) nosentido de us-lo como apoio msica de vrios coros levaram seusobrinho Giovanni Gabrieli (1557-1612) a enveredar pelo mesmorumo. Em obras monumentais, Giovanni acrescentou instrumentao sua policoralidade.

    Principais Compositores Renascentistas

    William Byrd - 1542/ 1623Josquin des Prz - 1440/1521Palestrina - 1525/ 1594Giovanni. Gabriel - 1555/ 1612Cludio Monteverdi - 1567/ 1643

    WILLIAM BYRD

    Compositor ingls, nasceu em Londres (?) em 1542 ou em 1543 efaleceu a 4 de julho de 1623 em Stondon Massey, Essex. Filho de ummsico, teve como professor Thomas Tallis. Tornou-se organista da

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    Lincoln Cathedral em 1563, cantor do coro da Capela Real em 1570, eem 1575 recebeu o ttulo de Organista da Capela Reall.

    Ligada tradio polifnica do sculo XVI, sua obra se destaca graass sua variaes para o virginal, canes, motetos e hinos. o maisrepresentativo dos compositores da Renascena inglesa. considerado o maior compositor de contraponto de sua poca naInglaterra, chamado de "o Palestrina Ingls". Foi o primeiro compositoringls a escrever madrigais, forma de composio originria na Itliano sculo XIII e que alcanou maior desenvolvimento nas mos dosmestres do sculo XVI. Organista e exmio executante do virginal,Byrd escreveu para este ltimo, grande nmero de composies,muitas das quais ainda so tocadas hoje em dia.

    Byrd tambm exerceu importante atividade no ramo das edies. Em1607 publicou uma coleo de gradualia para um ano eclesisticointeiro. Uma moderna edio deste lbum foi publicada em 1899. Em1611 aparece a primeira edio de "Psalms, Songs and Sonnets,Some Solemn, Others Joyful, Framed to the Life of the Words, Fit forVoyces or Viols, etc." Provavelmente neste mesmo ano publicada"Parthenia", uma coleo de peas para o virginal, que compreende 21composies de Byrd, Bull e Gibbons. Trs missas - para trs, quatroe cinco vozes, respectivamente - pertencem ao melhor perodo deByrd como compositor. A missa para cinco vozes foi reeditada pelaMusical Antiquarian Society em 1841, e em 1899 o mesmo trabalho foieditada por Breitkopf e Hartel. Dois de seus motetos, "Domine, neirascaris" e "Civitas sancti tui", com textos ingleses, fazem parte dorepertrio da maioria das catedrais Anglicanas.

    JOSQUIN DES PREZ, DESPRS, OU DEPRS

    Josquin des Prs era chamado de "Prncipe dos Compositores", pelosmsicos de sua poca, que admiravam sua obra naquilo que estatinha de comovedor e o modo de como ele ressaltava o sentido daspalavras no canto.

    Josquin des Prs nasceu em Cond-sur-l'Escaut, Hainaut, provnciapertencente aos Pases Baixos. Como a maior parte de seuscontemporneos, fez carreira na Itlia, onde morou quaseiniterruptamente de 1459 a 1505. Em 1474 j aparece como mestre de

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    capela particular do duque Galeazzo Maria Sforza, em Milo. Maistarde, em Roma, entra para o servio do papa Sisto IV, at o ano de1499.

    Retornando a Milo, transferiu-se em seguida para Ferrara (1501 a1505), contratado por Hrcules I d'Este.

    Depois de 1505, seu novo lugar de trabalho a corte do rei Lus XII.H traos de sua passagem pelos Pases Baixos, sabendo-se quefaleceu quando era prior da igreja de Notre Dame, em Cond, suacidade natal.

    Grande compositor, considerado o mais moderno dentre os de suapoca. Sua produo musical compreende mais de 20 missascompletas a 4, 5 e 6 vozes; 104 motetos, hinos e salmos, 74 canes.

    Entre suas obras religiosas mais conhecidas esto as missa Herculesdux Ferrarie, o moteto Miserere e, principalmente, as duas ltimasmissas compostas depois de 1505, De Beata Virgine e Pange Lingua.

    GIOVANNI PIERLUIGI DA PALESTRINA

    Palestrina considerado o maior representante da msica polifnicada Renascena. Foi duas vezes mestre de coro da Capela Jlia, emSo Pedro do Vaticano (1551-55 e 1577-94). Aps ter sido mestre-de-capela de So Joo Latro (1555-58) e Santa Maria Maggiore (1561-67), foi diretor do ensino musical do seminrio romano.

    Conta-se que Palestrina teria salvo a msica sacra polifnica quandoos bispos e prelados, reunidos no Conclio de Tentro, pretenderamexpuls-la das igrejas, nas quais seria permitido apenas o cantogregoriano. Palestrina, ento, apresentou-lhes um novo estilo, digno eelevado e sem sutilezas contrapontsticas capazes de atrapalhar obom entendimento das palavras do texto litrgico. Este estilo demsica contrapontstica mais serena passou a ser conhecido como"estilo Palestrina".

    A produo musical de Palestrina considervel: 104 missas, dequatro a oito vozes, escritas com temas gregorianos ou populares; 375motetos, 68 ofertrios, 65 hinos, 35 magnificats, cinco lamentaes, 56madrigais espirituais e nove ricercari, para rgo. No gnero da

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    msica profana, deixou trs coletneas de madrigais publicadas em1555, 1581 e 1586.

    GIOVANNI GABRIELI

    Sobrinho e sucessor do compositor e organista da Basilica de SoMarcos, Andrea Gabrieli (1510-1586), o italiano Giovanni Gabrielicomps as Sacrae Symphoniae (1597) e as Canzoni, nas quaispermaneceu fiel ao estilo criado por seu tio: o estilo policoral.

    Seria impossvel falar de Giovanni sem mencionar a histria de seu tio,Andrea Gabrieli. Andrea foi cantor em So Marcos quando jovem eorganista em uma pequena catedral quando Giovanni era aindacriana.

    Por volta de 1562, Andrea foi trabalhar em Munique, na corte doDuque da Bavria. Logo retornou para Veneza, onde tornou-se o maispopular compositor de seu tempo. Logo aps o seu retorno, foinomeado organista de So Marcos.Durante o tempo em que foiorganista, Andrea foi o tutor do jovem Giovanni

    Por volta de 1575, como o seu tio fizera antes, Giovanni foi para acorte de Bavria e trabalhou sob a orientao do compositor Orlandodi Lasso. Andrea j havia conhecido Lasso em Munique e isso ajudouGiovanni a conseguir o emprego na corte.

    Giovanni deixou Munique depois da morte de seu patrono, o duqueAlbrecht, em 1579, voltando para Veneza. Em 1584, o organistaClaudio Merulo demitiu-se de seu posto como organista em SoMarcos. Um concurso foi realizado, em janeiro de 1585, para acontratao de um novo organista. Giovanni venceu e passou atrabalhar com o tio, ambos organistas de So Marcos.Infelizmenteesta unio durou pouco, devido morte de Andrea, em 1585. Giovanniocupou o seu posto at sua morte, em 1612.

    Conseguir os dois postos em So Marcos como organista e compormsica para as grandes cerimnias no era ainda suficiente; Giovannitambm ensinava msica. Foi um dos mais famosos professores emseu tempo. Um de seus alunos mais famosos foi Heirich Schutz.

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    Depois da morte de Giovanni, sua msica foi logo esquecida. Algunsamigos publicaram seus trabalhos aps sua morte, mas as novasideias musicais do Barroco logo tomaram lugar do "velho" estilo daRenascena.

    Giovanni Gabrieli importante para a histria da msica pois foi umdos primeiros compositores a usar grupos instrumentais quefavorecem os dilogos em eco e qua constituem a base do estiloconcertante.

    CLAUDIO MONTEVERDI

    Monteverdi foi regente do coro da baslica de So Marcos, em Veneza.No entanto, Monteverdi foi um antitradicionalista. Ao invs decontinuar com as tradies da msica polifnica, tornou-se uminovador, empregando acompanhamentos instrumentais, dissonnciase cromatismos.

    De 1591 at 1612, esteve a servio da corte de Mntua comoviolinista, cantor e depois mestre de cmara e de capela. Em 1613 foinomeado mestre-de-capela em So Marcos, Veneza, cidade ondepassou a morar. Vivo e tendo perdido seus dois filhos devido peste,ordenou-se em 1632. Comps para a catedral de So Marcos e paraas festas da cidade. Foi tambm um professor famoso e tevenumerosos alunos: G. B. Rovetta, Schtz, Cavalli entre outros.

    Monteverdi escreveu obras religiosas ( Madrigais Espirituais, 1583;Vsperas da Virgem, 1610) e profanas ( Canzonette, 1584; ScherziMusicali, 1607), nove livros de madrigais (1587-1615) e peras (L'Orfeo, 1607; L'Arianna, 1608; Il ballo delle ingrate, 1608; Tirsi e Clori,1616; Il combattimento de Tancredi e Clorinda, 1624; Il ritornod'Ulisses in patria, 1641; L'incoronazione di Poppea, 1642).

    O Orfeo de Monteverdi considerada a primeira grande pera daHistria da Msica. Uma das primeiras orquestras que conhecemos a que Monteverdi formou para a o Orfeo e compunha-se de uns 40instrumentos, amplamente variados. Monteverdi anexou partitura aseguinte lista dos instrumentos que ele queria para a sua pera:

    Dois cravos

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    Duas violas contrabaixo

    Grupo de dez cordas ( violinos, violas e violoncelos).

    Uma harpa dupla

    Dois violinos pequenos

    Dois alades baixo

    Dois rgos pequenos com tubos de madeira

    Trs violas baixo

    Quatro trombones

    Um rgo do tipo regal

    Duas cornetas

    Uma flauta doce pequena

    Um clarino (trompete agudo) e trs trompetes "brandos"

    Na poca de Monteverdi no havia um padro estabelecido quanto combinao de instrumentos na formao das orquestras.

    Monteverdi foi o ltimo dos grandes compositores polifonistas, mas osseus ltimos madrigais tendem para a msica dramtica do perodoBarroco.

    CAPTULO IV O Barroco

    SUA EXCELNCIA, A PERA BARRCA

    A Renascena transformara a mentalidade europia, mudandoradicalmente as suas concepes. Divindade: em seu lugar, agoraestava o Homem. Reviviam os ideais artsticos da AntiguidadeClssica.

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    A msica do perodo Barroco acusou as conseqncias desse novoespirito. Os grandes coros polifnicos foram gradualmentesubstitudos pelo canto individual (homofonia) com acompanhamentoinstrumental. Buscava-se centralizar na voz de um nico cantor acomunicabilidade musical. Em conseqncia, tornou-se hbito apoiaro cantor com os acordes de um instrumento (baixo contnuo). Era amelodia acompanhada.

    Outro sinal da mudana dos tempos foi o retorno s grandes tragdiasgregas cantadas, que conduziria, em seguida, ao desenvolvimento dapera na Itlia.

    Paradoxalmente, esse gnero que refletia a vida opulenta dosburgueses ricos das cidades italianas desfrutou desde o incio de umagrande popularidade. A Eurdece que Jacopo Peri (1561-1633) eGiulio Caccini (1550-1618) escreveram no ano de abertura do sculoXVII fez tanto sucesso que provocou seguidores. Claudio Monteverdi(1567-1643) dessa poca; contudo, foi mais alm. Queriaoriginalidade e a obteve, introduzindo na pera a orquestra,dinamizando a sua harmonia com acordes avanados para a poca, eaperfeioando o Melodrama, que se tornaria uma caracterstica bsicado gnero.

    A revoluo monteverdiana estendeu-se ao resto do continente,inspirando a formao de grandes mestres do Barroco, como oalemo Heinrich Schtz (1585-1672) e o talo-francs Jean BaptisteLully (1658-1695) tambm usou as inovaes de Monteverdi para criaras suas Trio-Sonatas. Com duas partes agudas e uma grave, essegnero foi um percussor da prodigiosa msica instrumental do sculoseguinte.

    O REFINADO ROCOC

    Em sua expanso, a pera barroca invadiu os domnios da msicasacra, absorvendo o carter teatral dos Dramas Litrgicos, queencenavam a Paixo de Cristo e outros episdios das Escrituras. Aisto seguiu-se o aparecimento de uma curiosa classe de cantores,preparados desde a infncia para terem uma aguda voz feminina - oscastrati. E o trao cmico dado por eles ao estilo operstico foi o fatorque influenciou o surgimento da opera buffa, marcada por um teorntidamente satrico, ironizando tanto a Igreja como os costumes da

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    vida mundana. Apesar da sua novidade, porm, a pera buffapreservava a caracterstica primordial do barroco - a melodiaindividual.

    Nesse mesmo perodo o progresso do artesanato de instrumentospermitia a formao dos primeiros virtuosi, que levaram a msicainstrumental at os sales da nobreza. Tornaram-se ento comuns asOrquestras de Cmara (conjuntos de poucos intrpretes) e o ConcertoGrosso, o mais genuno produto da criao barroca. No ConcertoGrosso, diversos instrumentos disputavam prevalncia com aorquestra, em vez de um s, como acontece no concerto tradicional.

    A Sonata da Camera (sonata de cmara) transformou-se nessa pocanuma verdadeira sute de danas, distinguindo-se da Sonata daChiesa, (ancestral da Sonata Clssica tocada apenas por piano,violino ou violoncelo).

    O grande vigor assumido pela msica instrumental se explica,sobretudo, pelos talentos excepcionais que se dedicaram a ela. Umdeles foi Arcangelo Corelli (1653-1713), violinista e compositor, tantoreligioso como profano. Outro foi Antonio Vivaldi (1678-1741), criadorde uma vasta obra profana, principalmente violinstica. Georg PhilipTeleman (1681-1767) demonstrou preferncia pelos instrumentos despro, tendo criado para eles um grande nmero de peas notveis.Domenico Scarlatti (1685-1757) escreveu para cravo e, assim como osfranceses Jean-Philipe Rameau (1683-1764) e Franois Couperin(1668-1773), caracterizou sua obra com traos do estilo galante ouRococ

    O APOGEU DO BARROCO

    Georg Friederich Hndel e Johann Sebastian Bach tinham muito emcomum. Ambos nasceram em 1685, eram alemes e protestantes.Ambos dominavam magnficamente a arte da composio, criandopeas em quase todos os gneros da msica vocal e instrumental.Ambos deram vida nova polifonia que havia sido abandonada. Eambos conduziram o estilo barroco ao apogeu.

    Com a inveno da fuga tonal, Bach revolucionou o sistema musicalvigente, que era baseado em intervalos sonoros desiguais. SeuSistema Temperado veio a possibilitar intervalos sempre iguais entrenotas, igualando todos os semitons. O primeiro volume do Cravo Bem

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    Temperado foi publicado em 1722, o mesmo ano em que surgiu oTratado de Harmonia de Rameau. Os dois acontecimentos, emconseqncia, efetivaram a nova ordem tonal, anunciando grandesperodos

    Principais compositores barrocos

    A Corelli - 1653/ 1713A Scarlatti - 1660/ 1755A Vivaldi - 1678/ 1741D Scarlatti - 1685/ 1757Henry Purcell - 1659/1695George Philipp Telemann -1681/1767J. S. Bach - 1685/ 1750J. F. Haendel - 1685/ 1759Jean-Philippe Rameau - 1683/1764Jos Antnio Carlos Seixas -1704/ 1742

    ARCANGELO CORELLI

    Arcangelo Corelli nasceu no dia 17 de fevereiro de 1653 emFusignano, cidade localizada entre Bolonha e Ravena. Descendia deuma das mais ricas e tradicionais famlias da regio.

    Foi enviado muito cedo para Faenza onde recebeu educao bsica eonde teria recebido as primeiras lies de msica de um padre.Continuou os estudos em Lugo e, depois mudou-se para Bolonha, em1666.

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    Em Bolonha o jovem Corelli se familiarizou com o violino e resolveudedicar-se inteiramente a ele. Com Giovanni Benvenuti e LeonardoBrugnoli ele adquiriu os elementos essenciais da tcnica violinstica.Aps quatro anos de estudos, Corelli foi admitido na AcademiaFilarmnica de Bolonha.

    Em 1675, ele j estava em Roma. Nesta poca, os nobre de Romarivalizavam-se em pompa ao patrocinar apresentaes artsticas.Entre os grandes mecenas, destacava-se Cristina Alexandra, que sefixara em Roma depois de abdicar de seu trono na Sucia, em 1659.Msicos, poetas, filsofos reuniam-se ao redor dela em seu palcio, eera uma honra ser convidado para suas festas. Cristina fundou aAcademia da Arcdia - a sociedade musical mais fechada da Itlia -onde Corelli seria recebido em 1709.

    Aos 36 anos, e aps a morte de Cristina da Sucia, Corelli passou atrabalhar para o Cardeal Ottoboni, seu maior protetor e grande amigo.Homem liberal e apaixonado pelas artes, Ottoboni possibilitou livretrnsito a seu protegido, fornecendo-lhe o tempo e as condiesnecessrias para que ele elaborasse suas obras com absolutatranqilidade.

    Sua fama se expandia e estudantes de msica vinham de longe paraaprender com ele. Corelli j se firmara como um dos nomesimportantes da msica instrumental.

    Corelli morreu durante a noite de 8 de janeiro de 1713. Estava s.Desolado, o Cardeal Ottoboni mandou embalsam-lo e coloc-lo emum triplo atade, feito de chumbo, de cipreste e de castanheiro, eenterrou-o no panteo de Roma, reservado apenas aos pintores,arquitetos e escultores, membros da Artstica Congregazione deiVirtuosi al Pantheon.

    Sua Obra

    Contrariamente maioria dos grandes nomes da msica barroca,Corelli produziu pouco, abordando apenas poucas formas deexpresso musical existente em seu tempo. Jamais escreveu paravoz. Sua glria repousa inteiramente em seis coletneas de msicainstrumental, todas elas dedicadas aos instrumentos de arco.

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    As quatro primeiras delas dedica-se aos trios, a quinta o famoso livrode sonatas para violino solo e baixo; e a sexta obra, os dozeConcertos Grossos.

    A Corelli pertence, entre outros, o mrito de ter favorecido a expansodo concerto grosso e contribudo de modo decisivo para oenobrecimento do violino. Derivado da viola, o violino surgiu emmeados do sculo XIV, sempre relegado s festas populares e idiade vagabundagem e ao gosto duvidoso. Timidamente introduzido nossales do incio do sculo XVII, recebeu depois, com Corelli, brilhantetratamento tcnico e conquistou definitivamente a corte.

    ALESSANDRO SCARLATTI

    Mestre-de-capela da rainha Cristina da Sucia, em Roma, desde1680, Alessandro Scarlatti transferiu-se para Npoles em 1685, ano denascimento de seu filho Domenico Scarllatti , a fim de ocupar o postode mestre-de-capela do vice-rei espanhol, a quem estava subordinadaa cidade. Depois disso, trabalhou para a corte dos Mdici, emFlorena, e para o Cardeal Ottoboni, em Roma. Em 1708, regressou aNpoles, que seria o centro de sua atividade at o fim de seus dias.

    Fundador da escola operstica napolitana e criador de uma linguagemmusical que se encontra na base do Classicismo, sua influncia foisentida at por Mozart. Sua vasta produo inclui cerca de 115peras, mais de 600 cantatas, serenatas, oratrios, missas, motetos,uma Paixo Segundo So Joo, peas de cmara, tocatas e diversaspeas para cravo, 12 Sinfonie di Concerto Grosso (1715), sonatas eobras tericas.

    DOMENICO SCARLATTI

    Giuseppe Domenico Scarlatti nasceu em Npoles, a 26 de outubro de1685, exatamente no ano que nasceram Bach e Haendel. Seu pai,Allessandro Scarlatti, ento com 25 anos e com seis filhos, j sefirmara como compositor fecundo e rapidamente se aproximava dafama como operista.

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    Desde criana, Domenico conviveu com a msica, recebendo liesde seu pai e sofrendo influncia de outros membros da famlia: o tioFrancesco era violinista,o tio Tomaso era tenor, a tia Anna Maria eracantora; o tio Niccol tambm era msico. Em sua prpria gerao,seu irmo mais velho, Pietro, tornou-se compositor e a irm Flamniaera cantora.

    Pouco antes de completar dezesseis anos, Mimo (era seu apelido emcasa) conseguiu seu primeiro emprego como msico profissional,como organista e compositor na Capela Real de Npoles.

    Quando tinha vinte anos, seu pai o enviou para Veneza, um grandecentro cultural, para se aperfeioar em seus estudos com o famosooperista e pedagogo Francesco Gasparini, diretor do "Ospedale dellaPiet", orfanato e colgio para meninas, onde trabalhava tambmAntonio Vivaldi, o "Padre Ruivo". Nesta poca, escreveu seu tratado"LArmonico Pratico al Cembalo" (Prtica e Harmonia ao Cravo).

    Neste mesmo perodo conheceu o compositor Haendel, contato quedurou pouco tempo, mas mantido posteriormente por correspondncia,em uma grande amizade.

    No final de 1713, por influncia do pai - ao que parece - Scarlattiassumiu o posto de diretor musical da Baslica de So Pedro, noVaticano. Permanecendo at 1719, escreveu muitas missas e algumasperas, partituras que se perderam na maioria, com o tempo.

    Da mesma poca datam as relaes de Domenico com o embaixadorde Portugal em Roma, o Marqus de Fontes, que, graas ao ouro doBrasil, mantinha uma corte luxuosa. Com isso, estabeleceram-se asprimeiras ligaes do compositor com Portugal, o que, alguns anosmais tarde, mudariam completamente os rumos de sua vida e suaarte.

    Em 1720 o compositor foi para Portugal, ficando pr vrios anos. DomJoo V, o soberano portugus, mantinha uma das mais ricas cortes detodo o mundo. Amante da pompa e do luxo, Dom Joo V deu aocompositor todas as condies para que o seu trabalho fosse o maisrico possvel. Scarlatti tinha ao seu dispor mais de trinta cantores etantos outros instrumentistas, a maior parte italianos. Alm de ser odiretor musical e compositor da corte, tornou-se professor de cravo daprincesa Maria Brbara de Bragana, uma menina de dez anos. Sob a

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    direo de Scarlatti, pr sua vez, tornou-se uma hbil intrprete eligou-se ao compositor pr toda sua vida. Casando-se com o herdeirodo trono espanhol, em janeiro de 1729, fez absoluta questo de levarScarlatti para Madri.

    Scarlatti somente casou-se aps a morte de seu pai. A morte deAlessandro causou uma verdadeira revoluo na vida do compositor.O pai, msico muito mais famoso que ele, tinha um temperamentodominador, exercendo sobre o filho uma funo castradora. EnquantoAlessandro vivia, Domenico dedicou-se ao mesmo tipo de composiodo pai, mas nunca conseguiu super-lo. Aps sua morte, Domenicoprocurou seu caminho, dedicando-se cada vez mais s composiespara teclado. No plano pessoal significativo o fato do compositor ster se casado depois do falecimento do pai. Isso ocorreu emRoma,quando Domenico j contava com 43 anos de idade. A esposaera uma jovem romana de 16 anos, Maria Catalina, que lhe deu cincofilhos, todos nascidos na Espanha.

    Na Espanha se iniciou a fase mais brilhante de sua carreira decompositor. Vivendo nos palcios reais de Sevilha, Madr e arredores,mas tambm junto ao povo das ruas, Scalartti absorveu toda a culturaespanhola e tornou-se um verdadeiro espanhol. Alm do cotidianocontato com a princesa, foram muito importantes as relaes comCarlo Broschi, famoso castrato italiano conhecido como farinelli, diretormusical da corte e o mais conhecido cantor do sculo XVIII. Farinellidirigia todos os espetculos da faustosa corte espanhola e o seurelacionamento com Scarlatti foi sempre o melhor possvel.

    Outro contato importante foi o que Scarlatti manteve com o padreAntnio Soler, 44 anos mais moo que ele e sobre o qual o compositorexerceu profunda influncia. Soler escreveu grande nmero paracravo e publicou, em 1762, um tratado intitulado Chave de Modulao,onde expunha os mtodos de suas caprichosas modulaes - asmesmas que se encontram nas obras de Scarlatti.

    Da vida ntima do compositor quase nada se sabe. Em 1739, suaesposa faleceu e ele, pouco tempo depois, casou-se outra vez, comuma espanhola, Anastsia Maxarti Ximenes, que lhe deu mais quatrofilhos. Todos formavam uma famlia feliz, sem maiores problemas, ano ser alguns dissabores causados pelo nico vcio do compositor: ojogo. O inveterado jogador gastava noites e noites em apostas dos

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    mais variados tipos, perdendo grandes somas nestas atividades...masa Rainha Brbara vinha sempre em seu socorro e pagava suasdvidas.

    Doente, j setuagenrio, Domenico passou os ltimos cinco anosrecluso em casa. E, pouco antes de morrer a 23 de julho de 1757, fezum testamento onde pagava, antecipadamente, a realizao decinqenta missas para os pobres.

    Sua Obra

    Praticamente toda a obra de Scarlatti composta na Itlia se perdeu,restando apenas alguns libretos de pera e fragmentos de partituras.Sua produo portuguesa se perdeu no clebre terremoto de primeirode novembro de 1755, em Lisboa.

    De modo igual, das cerca de 555 sonatas para cravo - a parte principalda obra de Domenico - no sobrou nenhum manuscrito autgrafo;somente cpias feitas na poca pr outros msicos.

    Scarlatti criou uma das mais originais obras do sculo XVIII e uma dasmais importantes da literatura para teclado. Virtuose sem rival - pelatcnica e brilho que extraa do cravo - libertou o instrumento daslimitaes. Introduzindo saltos e harpejos extensssimos, notas depassagem dupla, cruzamento de mos e rpidas repeties de notas,Scarlatti fez avanar a tcnica do teclado a tal modo que, um sculodepois - com Chopin e Liszt - surgiriam inovaes de grandeimportncia.

    As sonatas compostas em sua sua "fase virtuosstica"contmdificuldades somente superadas com muita maestria tcnica. Emborao autor tenha prometido compor peas de fcil interpretao, estassonatas esto cheias de acrobacias...o seu gosto pr estas proezasacrobtica decorria tanto de seu amor ao instrumento e de sua alegriaem toc-lo, quanto uma ntida tendncia exibicionista. tal sua nsianeste sentido que, parece que todo o corpo do intrprete chamado aparticipar. Os mais fantsticos cruzamentos de mos so encontradosnestas sonatas.

    O Scarlatti da maturidade encontrado a partir de 1752. O compositormostra-se mais lrico e , at certo ponto, introvertido. Suas peas so

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    temperadas com uma certa doura e refinamento, e muitas delas soem movimentos mais lentos.

    GEORG PHILIPP TELEMANN

    George Philipp Telemann nasceu em Magdeburgo, a 14 de maro de1681, e foi batizado a 17 do mesmo ms. De formao autodidatacomo instrumentista e compositor, o jovem teve que lutar para seguirsua carreira de msico, j que sua famlia se opunha decididamente.Seu pai, Heinrich Telemann, foi dicono e vinha de uma famlia que,por vrias geraes, formara pastores protestantes.

    A tradio de sua famlia obrigava-o a receber uma formaouniversitria. Telemann foi bom aluno no colgio e, ainda adolescente,era capaz de escrever versos em alemo, latim e francs. A partir dos10 anos tocava com perfeio flauta, violino e outros instrumentros,mas no conhecia teoria musical. Seu nico perodo de aprendizagemmusical coincidiu com os anos em que freqentou o liceu, ondeestudou com Benedict Christiani, compositor de msica sacra.

    Em 1701, a fim de agradar a famlia, iniciou os estudos de Direito naUniversidade de Leipzig, abandonando-os pouco depois.

    Meses depois de ter se instalado em Leipzig fundou um CollegiumMusicum formado por quarenta estudantes. Esta instituio, conhecidapelo nome de Colegium Telemanniano, passou a ser dirigida, a partirde 1729, por Johann Sebastian Bach.

    Em 1704 foi nomeado organista e mestre de capela da Neue Kirche ouigreja Nova de Leipzig, a capela universitria. Em 1705 entrou para oservio da corte do conde Erdmann von Promnitz, que residia emSorau. Telemann escreveu cerca de duzentas aberturas francesaspara a capela musical da corte. De Sorau mudou-se, acompanhando acorte, para Pless, Alta Silsia e Cracvia, onde conheceu a msicapopular polonesa.

    No ano de 1706 regressa Alemanha, mudando-se para a cidade deEisenach, o centro da msica alem e foi nomeado diretor deconcertos e mestre-de-capela pelo duque Johann Wilhelm. Telemannescreveu um grande nmero de cantatas profanas e obras

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    instrumentais, em especial sonatas a trio, iniciando tambm acomposio de cantatas religiosas.

    Em 1712, o compositor trocou o servio da corte por outras funesartsticas em Frankfurt am Main. Foi contratado para dirigir a msicaem duas igrejas: a de Barfsser e a de Santa Catarina. Comosecretrio da Sociedade Frauenstein, reorganizou o CollegiumMusicum de acordo com suas idias e, no ano seguinte, apresentounumerosas peas instrumentais.

    Apesar da magnfica posio que tinha em Frankfurt, Telemannmudou-se para Hamburgo em 1715, mas continuou a enviar paraFrankfurt suas obras religiosas at 1757. Segundo a tradio deHamburgo, o compositor era obrigado a compor todos os anos umapaixo e peas para as datas cvicas e religiosas. Em 1722 comeou adirigir a pera de Hamburgo, que estava em crise, e conseguiu animara vida musical desta cidade, permitindo o acesso de todos os cidados( e no apenas os nobres) aos concertos, mediante o pagamento deuma entrada.

    Em 1737 deslocou-se a Paris, onde morou por oito meses, o querepresentou sua consagrao internacional. A partir de 1740, a suaatividade como compositor diminuiu. Morreu em Hamburgo, no dia 25de junho de 1767, aos 86 anos de idade.

    autor de 40 peras, 12 sries de cantatas para todos os domingos efestas do ano, 46 paixes, 600 aberturas francesa, inmerosoratrios, obras incidentais e msica de cmara.

    HENRY PURCELL

    (Londres, Inglaterra 1659 - Londres 1695)

    Henry Purcell nasceu em um dia indeterminado no ano de 1659, noseio de uma famlia de msicos. Seu pai, tambm Henry, foi cantor eprofessor da abadia de Westminster; seu tio, Thomas, foi msico dacorte do rei Carlos II.

    Logo muito novo, Purcell entrou para o coro da Capela Real, ondecomeou a estudar composio.

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    Em 1673 foi nomeado conservador dos instrumentos da corte, cargono remunerado, mas que o ajudou a obter trabalho como copista,afinador e reparador de rgos.

    Em 1679, tornou-se um dos organistas da Abadia de Westminster,sucedendo o famoso John Blow. Em 1680, escreveu uma srie defantasias para cordas, uma cano de boas-vindas a Carlos II(Welcome, viceregent of my mighty King) e a msica para a tragdiade Nathaniel Lee (Theodosius or The Force of Love).

    Em 1681, Purcell casou-se e, no ano seguinte foi nomeado organistada Capela Real. A partir deste ano revelou-se um compositor muitorequisitado. O ano de 1683 foi muito importante para Purcell: suaprimeira srie de sonatas a trio foi publicada e o compositor foinomeado para o cargo de construtor dos rgos reais.

    No ano de 1689 escreveu sua nica pera autntica, Dido e Enias,representada no Josias Priest's, um colgio de meninas em Chelsea.A partir de 1690, Purcell comps regularmente obras cnicas comimportantes episdios musicais maneira das mascaradas. As maisimportantes so: Diocleciano (1690), O Rei Artur (1691), A Rainha dasFadas (1692) e A Rainha Indiana (1695). Purcell escreveu, duranteestes anos, msica de acompanhamento para peas teatrais.

    Paralelamente ao teatro, o compositor jamais abandonou os outrosestilos de composio. Escreveu canes e msica sacra, no s paraa Capela Real, mas para as datas festivas, como a celebrao anualdo dia de Santa Ceclia (Te Deum and Jubilate, em r maior - 1694) ea magnfia msica fnebre para a rainha Ana (1695).

    Purcell morreu em Londres em 21 de novembro de 1695, no auge dafama e foi enterrado na Abadia de Westminster, perto da galeria dorgo.

    autor de vastssima obra religiosa, peas de circunstncia, coro,hinos, peras e msica de cena. Comps tambm odes e cantatasdedicadas aos reis Carlos II e Jaime II, bem como rainha Maria:Sound the Trumpet (1687); odes Santa Ceclia; msica instrumental(Musick's Hand Maid; para cravo, As Lies; para rgo, Voluntaries;para cordas, Fantasias; sonatas a trs e quatro partes).

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    JEAN-PHILIPPE RAMEAU

    Jean-Philippe Rameau nasceu em Dijon, no dia 25 de setembro de1683. Os estudos musicais foram feitos com o seu pai, Jean, organistade Dijon. Estudou at os 16 anos no colgio jesuta, onde adquiriuseus conhecimentos gerais. At os quarenta anos vive uma vidarelativamente itinerante: aos 19 anos viaja para a Itlia, onde passa aintegrar, como violinista, uma trupe de msicos italianos.

    Exerceu a atividade de organista em muitas cidades francesas:Avignon, Clermont, Paris, Dijon e Lyon. Os resultados de umconhecimento tecladstico pleno estaro fixados na produo paracravo, iniciada em 1706 e estendendo-se at 1747.

    Em 1715, quando era organista da catedral de Clermont, redigiu o seuTratado de Harmonia reduzida a seus principios naturais (1722).

    Fixou-se em Paris e ali escreveu escreveu uma segunda coletnea,Peas para Cravo com um Mtodo (1724), e as Novas sutes parapeas para cravo (1728).

    Estreou como compositor de peras em 1733 com Hippolyte et Aricie, qual se sucederam Les indes galantes (1735), Castor et Pollux(1737), Les ftes d'Hb (1739), Dardanus (1739), Plate (1745), Zas(1748), Pygmalion (1748) e Zoroastre (1749).

    Durante seus ltimos dez anos, trabalhou em suas obras tericas ecomps mais duas peras, Les paladins (1760) e Les borades.

    Rameau foi um dos grandes compositores de sua poca e elevou apera francesa ao seu mais alto nvel. Em suas obras tericas,racionalizou a harmonia.

    JOS ANTNIO CARLOS DE SEIXA

    Organista, cravista e compositor portugus. Nasceu no dia 11 de junhode 1704, em Coimbra e faleceu precocemente, aos 38 anos, emLisboa, no dia 25 de agosto de 1742. Seu pai, Francisco Vaz,organista da Catedral de Coimbra, foi seu primeiro professor.

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    Ocupou o posto de organista por dois anos, aps a morte de seu pai e,graas ao seu talento e grande desenvolvimento musical, ocupou ocargo de organista na Catedral de Lisboa. Carlos Seixas estava comapenas 16 anos.

    Em Lisboa tornou-se amigo de Domenico Scarllatti, Mestre de CapelaReal, que considerava Carlos Seixas o melhor professor de cravo jvisto. Alguns anos depois, o jovem compositor foi nomeado ViceMestre de Capela Real.

    Sua obra composta, em grande parte, de peas para instrumentosde teclado, chamadas de tocatas ou sonatas. autor de cerca de 700tocatas para cravo, das quais somente 105 chegaram at nossos dias.Deixou ainda minuetos e fugas para rgo, clavicrdio e cravo, umconcerto para cravo e acompanhamento de cordas, duas aberturaspara orquestra e algumas obras religiosas. considerado o maiorcompositor portugus de msica para instrumento de teclado.

    CAPTULO V - O Classicismo

    FORMA - O IDEAL CLSSICO

    No decorrer do sculo XVIII, realizou-se plenamente aquilo a que osltimos compositores barrocos j aspiravam: a criao de uma arteabstrata.

    Os classicistas no pretendiam que sua msica fosse linguagem paracantar a religio, o amor, o trabalho, ou qualquer coisa. Buscavam dar-lhe pureza total, a fim de que o mero ato de ouvi-la bastasse para darprazer. A perfeio da forma era o seu ideal esttico. A abstraocompleta era o meio que viam para atingi-lo. E essa abstrao eles

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    obtiveram desenvolvendo a Sonata Clssica (ou Sonata-forma) e aSinfonia.

    Muito antes do Classicismo, Domenico Scarlatti j havia esboado aslinhas gerais da sonata. Mas foram dois filhos de Bach - JohannChristian e Carl Philipp Emanuel - que a fizeram chegar maturidadecomo gnero musical.

    A sinfonia, por sua vez, tambm fra esboada por um Scarlatti: o paide Domenico, Alessandro (1660-1725). Este elaborara o gnerodenominado Abertura italiana, dando-lhe um movimento dananteextrado da sute, o minueto. Por fim, os msicos da Escola deMannheim na Alemanha, aperfeioaram o trabalho de Stamitz,completando a formulao do gnero sinfnico.

    O compositor mais representativo do esprito classicista foi JosephHaydn (1732-1809), autor de uma obra vastssima, na qual aspossibilidades muisicais da sinfonia foram exploradas com granderiqueza inventiva. Grande destaque tiveram tambm Franois Gossec(1734-1829) e Ludwig Spohr (1784-1859).

    A PERA SRIA

    A pera dos palcos europeus conservava-se presa aos padres dapera cmica napolitana desde o momento em que AlessandroScarlatti fizera predominar a fora emocional do texto sobre a msicade teatro, que foi um foco da ateno dos classicistas.

    Cansados desse "bel-canto" complicado e obsoleto, algunscompositores decidiram renov-lo, voltando "ao natural" no gesto, napalavra e, em especial, na melodia. Em vez de sentimentalismo,desejavam uma sntese verdadeira do sentimento humano.

    A iniciativa do trabalho de tornar sria a pera coube a Christoph W.Gluck (1714-1787). Era mestre em Viena, na crte da Imperatriz MariaTeresa. Mas foi em Paris que ele promoveu a reforma do dramamusical.

    A refinada corte francesa do sculo XVIII se dividia em dois gruposantagnicos. De um lado se punham os partidrios da pera cmica;

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    do outro ficavam os apreciadores de Rameau, que procurara manteruma dramaticidade equilibrada em suas composies.

    Orfeu e Eurdice de Gluck, surgiu em 1762, ou seja, dois anos antesda morte de Rameau. Nela no se podiam apontar virtuosismosvazios. Era despojada de tudo aquilo que agradava aos "bufes".

    Os entusiastas do seu rival Nicol Piccinni (1728-1800) lhe moveramguerra, mas sem sucesso. O caminho aberto por Gluck passou a serseguido por outros, como Cherubini (1760-1842), Spontini (1774-1851), Mhul (1763-1817) e Salieri (1750-1825). Um futuro brilhantese delineava para a pera.

    MOZART - ARTE EM CONTROVRSIA

    O classicismo j estava maduro quando se destacou no cenriomusical a figura de Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791), cuja obra considerada por alguns como a mais clssica de todo o sculo XVIII.

    Sobre Mozart, porm as opinies variam muito. Seus admiradoresqualificam-no pura e simplesmente como "universal". J osmusiclogos e historiadores destacam o carter ntidamente vienensede sua msica. De fato, a alegria s vzes melanclica dascomposies mozartianas identifica-se com o folclore de Viena, noqual se supe haver o compositor buscado inspirao.

    Em sua poca, manifestava-se ainda o estilo Rococ e parte dacriao musical que ele deixou denota traos desse estilo. Entretanto,muitas das suas peas, em especial as ltimas, antecipam a msicaque depois surgiria com Beethoven.

    Uma personalidade musical complexa - talvez seja esta a melhormaneira de definir Mozart. Nasceu na ustria e foi um gnio precoce,que desde pequeno se revelou virtuose do piano. Seu poderosotalento criador dava-lhe um expresso verstil. Escreveu com amesma desenvoltura gneros instrumentais e vocais, criando umaobra que s no foi mais extensa devido sua morte prematura.

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    A MSICA EM TRANSIO - BEETHOVEN

    Entre o fim do sculo XVIII e o comeo do sculo XIX, o rgidoformalismo clssico estava em declnio, sem que, no entanto, nenhumoutro estilo se pusesse vista. Mozart sugeria novas concepes,mas morreu muito cedo, sem chegar a enquadr-las numa tendnciadefinida. Uma espcie de expectativa reinava no campo musical. Era afase hoje chamada pr-romntica, na qual a obra de Ludwig vanBeethoven (1770-1827) causaria um tremendo impacto, dando amsica maior energia.

    Beethoven se considerava "O Napoleo da Msica", e com razo.Indiscutivelmente, era nico. Foi o primeiro compositor a imporcondies aos editores, numa desafiadora afirmao da suaindividualidade. O racionalismo do sculo XVIII no afinava com a suanatureza e ele o deixou gradativamente de lado para compor comliberdade, dando plena vazo ao seu temperamento impulsivo eviolento, mas tambm sonhador e buclico.

    A ordem classicista estabelecia que o desenvolvimento de um temasinfnico devia conter um ponto de partida, criar uma tenso e depoisalivi-la com um afrouxamento. Haydn e Mozart haviam assimcomposto. Outros msicos continuavam a faz-lo, mas Beethoven nose importou em ser o primeiro a romper com a tradio. Rebelando-secontra ela, subverteu-a j em 1800, com sua 1 Sinfonia, que fezprincipiar em tenso. E mais: em vez de minueto, o compositor deu aoterceiro movimento uma forma aproximada do scherzo, emboraconservando aquela nomenclatura . Suas nove Sinfonias soconsideradas insuperveis.

    A contradio esteve presente na vida e no trabalho de Beethoven. Ogrande inconformado que afrontava o Classicismo compunha tambmsonatas clssicas, as quais, por sinal, se tornaram clebres. Porm,no conjunto da sua obra, o mestre alemo foi coerente. Deixou clara asuperao do refinamento do velho Classicismo, denunciando o fim daaristocracia e apontando o romntico mundo novo que estava pelafrente.

    A obra de Beethoven iria proporcionar a seus psteros o modelodecisivo das reformas.

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    Compositores Clssicos

    P. E. Bach 1714 - 1788Gluck 1714 - 1787J. Hayden 1732 - 1809W. A. Mozart 1756 - 1791L. Van Beethoven 1770 - 1827Jos Joaquim Amrico Lobo deMesquita -1746/1805Padre Jos Maurcio NunesGarcia - 1767/ 1830Antnio Salieri - 1750/ 1825Antonio Soler Ramos - 1729/1783Muzio Clemente- 1729/1783

    FRANZ JOSEPH HAYDN

    Franz Joseph Haydn nasceu em Rohrau, ustria, em primeiro de abrilde 1732. O pai, Mathias Haydn, era um simples carpinteiro, a me,Maria Koller, era cozinheira do palcio do senhor da regio antes decasar-se.

    Mathias e Maria tiveram doze filhos, dos quais sobreviveram seis:Franzesca, Joseph, Anna-Katarina, Johann-Evangelist e Michael, quetambm tornou-se compositor.

    Eram pessoas simples e virtuosas e amavam a msica. Seu paitocava harpa e sua me cantava, mas no tinham educao musical efaziam tudo "de ouvido". Os seres dos pais influenciaram o menino e

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    possibilitaram a revelao de seus dotes musicais, sobretudo uma vozmaravilhosa.

    Quando Haydn contava seis anos, sua famlia foi visitada pr Johann-Mathias Franck, um parente, que era mestre de capela em Hainburg.Necessitava sempre ter disposio crianas de boa voz para o coroinfantil, o que no era freqente. Mathias Franck ficou muito contentecom o talento do garoto e convenceu seu pais a lev-lo para Hainburg,encarregando-se de sua educao.

    O pequeno Haydn viveu dois anos na casa de Mathias Franck e esseperodo no foi dos melhores de sua vida. Era constantementeexplorado pr Franck, que aproveitava todas as ocasies para exibi-lo.Mas apesar disto, Haydn desenvolveu-se musicalmente,familiarizando-se com os instrumentos da poca e aprendendo a tocarvrios deles.

    Em 1740, quando estava com oito anos, Haydn foi levado para Vienapor Georg Reutter, mestre de capela da corte austraca. Integrou ocoro infantil da Catedral de Santo Estevo e morava na escola dacatedral.

    Neste internato moravam outros cinco alunos que recebiam educaomusical, alm de estudarem as matrias comuns de outras escolas.As crianas no se vestiam adequadamente e a alimentao eraescassa . fome e ao frio juntavam-se os maus tratos de Reutter. Astarefas eram inmeras: servio musical rotineiro da catedral, festasreligiosas, procisses. Em vez em quando cantavam em festas daaristocracia, onde podiam saciar a fome e voltar para a escola com osbolsos cheios de doces.

    Apesar destes fatores, o talento do menino compositor desenvolveu-se, obtendo da prtica diria da msica o que no recebera em teoria.Embora fosse talentoso, compondo j suas primeiras obras, Haydn eramantido na escola devido a sua bela voz de soprano menino. Mas avoz muda na adolescncia e, no caso de Haydn essa mudana foidecisiva em sua vida. Em 1745 sua voz comea a mudar e Reutterpensa em submet-lo castrao, a fim de poder contar com seutalento para o canto; mas seu pai se horroriza com a idia e Haydnescapa deste terror. Seus dias esto contados em Santo Estevo.

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    Uma brincadeira tpica de adolescente - Haydn cortou a peruca de umcolega - forneceu um pretexto a Reutter para expuls-lo da escola.

    Expulso da Catedral em novembro de 1748 com dezoito anos, Haydnest s nas ruas de Viena, sem um tosto no bolso. Comea atrabalhar fazendo arranjos, tocando em festas e bailes e dando aulasde cravo. Mora em um quarto frio sem fogo. Com o primeiro dinheiroque recebe compra um velho cravo. Desta maneira sobrevive e temtempo para estudar e compor.

    Conhece Niccol Porpora, famoso professor de canto e comea atrabalhar para ele, acompanhado ao piano seus alunos de cantodurante as aulas. Assim ele desenvolve seus conhecimentos emcanto, italiano e composio, alm de fazer contato com a nobreza.Seu mercado aumentou, recebendo o convite do Conde Maximilianopara ser diretor de msica.

    A 26 de novembro de 1760 casou-se com Maria Anna Aloysia Keller,uma aluna sua. Foi uma das piores coisas que fez...seca, rabugenta eftil, pouco lhe importava o trabalho do marido. Algumas partituras deHaydn ela usou como papel de embrulho. O compositor, normalmenteto calmo, chegou a exasperar-se com aquela mulher. Ele pensou atem separar-se dela, mas suportou at o fim. Ela morreu em 1800, semter-lhe dado um filho.

    Em 1761 Haydn foi contratado pelo Prncipe Anton Esterhzy, dequem seria servo at seus ltimos dias. Era obrigado a usar libr, acompor tudo o que o patro quisesse, a resolver todos os problemasentre os msicos de sua orquestra e a cuidar do bom estado dosinstrumentos. Embora algumas dessas disposies possam parecerchocantes hoje em dia, eram comuns e no constituam problemaspara um msico, sobretudo para um temperamento como o de Haydn,acostumado a superar obstculos calmamente, entregando-se aotrabalho. Nos primeiros cinco anos com os Esterhzy, o compositorescreveu trinta sinfonias, sem falar nos divertimentos, trios, sonatas,concertos, etc.

    Relao importante surgida nesta poca foi a que Haydn manteve comMozart. Os dois encontraram-se pela primeira vez em 1781, quandoMozart mudou-se para Viena. Mozart e Haydn eram profundamentediferentes. O primeiro, emocionalmente instvel; o outro, quase

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    sempre tranquilo e bem humorado. Mozart tinha pouso senso deordem e no dava importncia ao dinheiro; Haydn construiu aospoucos, excelente patrimnio. Alm disso, os separava uma grandediferena de idade. No entanto, ligaram-se por slida amizade einfluenciaram-se reciprocamente.

    Pelo palcio passavam a alta nobreza europia e todas as figurasimportantes da poca. Isso fez com que a msica de Haydn ficassefamosa e se transformasse em sucesso onde fosse apresentada.Aproximava-se o momento em que o compositor selibertaria,relativamente, de seus patres.

    Em 1791 parte para a Inglaterra, para uma srie de vinte concertos emLondres, a convite do empresrio Johann-Peter-Salomon. Seusconcertos so acolhidos com sucesso; agraciado com o ttulo deDoutor Honoris Causa da Universidade de Oxford.

    Mas nem tudo correu bem na Inglaterra. A profecia feita pr Mozart,quando os dois se despediram em Viena - "Temo, meu pai, queestejamos nos dando o ltimo adeus"- tornou-se realidade: Mozartfalece a 5 de dezembro de 1791 e Haydn fica profundamente abalado.

    Em 1792 os rivais de Salomon organizam uma srie de concertos deIgnace Pleyel, antigo aluno de Haydn, para concorrer com osconcertos do compositor. Em resposta, Salomon pede a Haydn queescreva seis novas sinfonias para fazer frente ao desafio. Abaladocom a morte do amigo, fatigado com tanto trabalho, Haydn resolvevoltar para Viena.

    De novo em Viena, o baro Zmeskall apresenta-lhe um jovempromissor de 22 anos: era Ludwig van Beethoven. No auge da fama esobrecarregado de trabalho, ele no pde dar ao gnio de Bonn aateno que ele merecia. Corrigindo-lhe os trabalhos do jovem, Haydnpercebe seu grande talento e escreve ao baro, afirmando que aquelecompositor iniciante, com o correr do tempo se converteria "num dosmaiores msicos da Europa" e que ele se sentiria "orgulhoso dechamar-se seu mestre".

    Resolve viajar Inglaterra novamente "porque ali sou mais famoso doque em meu pas".

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    Final de 1795: de novo em Viena, Haydn traz em sua bagagem asdoze Sinfonias Londrinas.

    Na entrada do sculo XIX, Haydn ainda um homem forte e vigorosopara sua idade. Escreve ento algumas obras importantes,como aMissa Harmonia e o Quarteto opus 103, N.83, concludo em 1803. Apartir desta poca o compositor no tem mais foras. Fraco e abatido,em 1805 corre o boato de sua morte. O bom humor dele continua vivo;Haydn escreve a propsito de um concerto fnebre em suahomenagem, organizado pr Cherubini e Kreutzer: "Que festa paramim se pudesse viajar e dirigir eu mesmo a missa!" Haydn falece namadrugada de 31 de maio de 1809.

    Obras

    84 quartetos para cordas104 sinfonias15 concertos para piano e orquestra8 concertos para violino e orquestra3 concertos para violoncelo e orquestra1 concerto para contrabaixo e orquestra1 concerto para trompete e orquestraHino da AlemanhaOratrio "As Estaes"Divertimentos,trios, sonatas, missas,etc.

    JOS JOAQUIM EMERICO LOBO DE MESQUITA

    (Vila do Prncipe/ MG, 12/10/1746 - Rio de Janeiro / RJ 4/1805)

    Compositor e organista brasileiro, considerado o mais importantecompositor mineiro do sculo XVIII. Foi msico da tropa paga para adefesa da capitania de Minas Gerais, com patente de alferes. Estudoumsica com o padre Manuel da Costa Dantas, mestre-de-capela damatriz de Nossa Senhora da Conceio.

    Lobo de Mesquita trabalhou como organista para a Ordem Terceira deNossa Senhora do Carmo; entre 1784 e 1798 o compositor trabalhouno Arraial do Tejuco (Diamantina), nas igrejas de Santo Antnio e doCarmo.

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    No Tejuco trabalhou ainda para as Irmandades do SantssimoSacramento e de Nossa Senhora das Mercs. No ano de 1798transferiu-se para Vila Rica (Ouro Preto), onde foi diretor de msica damatriz de Nossa Senhora do Pilar e da igreja do Carmo. Em 1800fixou-se no Rio de Janeiro.

    Comps mais de 300 obras, das quais se destacam Antfonas deNossa Senhora (1787), Te Deum, Ladainha e a Missa em si bemol(1790). Apenas dois manuscritos autgrafos do compositor chegaramaos nossos dias: a Antfona de Nossa Senhora, de 1787, e a Dominicain Palmis, de 1782. Todas as outras obras conhecidas de sua vastaproduo aparecem em cpias dos sculos XVIII e XIX. Foi escolhidocomo Patrono da cadeira n. 4 da Academia Brasileira de Msica.

    PADRE JOS MAURCIO NUNES GARCIA

    Padre Jos Maurcio, nascido no Rio de Janeiro, a 22 de setembro de1767, filho de pais mulatos, um alfaiate e uma filha de escravos,comeou cedo seus estudos musicais. Mrio de Andrade assimescreveu a respeito do menino Jos Maurcio: "Arranjou uma viola e atangeu tanto que acabou descobrindo por si o segredo dos acordes edas harmonias. Repinicava as cordas e se punha a cantar melodias decanes conhecidas".

    A msica, neste tempo, florecia apenas nas igrejas, o que influiu navocao sacerdotal do jovem. Apesar de sua grande vontade devencer as barreiras sociais da poca, Jos Maurcio teve sua carreiramusical prejudicada aps a chegada da preconceituosa corteportuguesa ao Brasil. Nomeado mestre-de-capela e organista dacatedral do Rio de Janeiro em 1798, teve tambm um papel dedestaque como professor de msica, tendo inclusive como alunoFrancisco Manuel da Silva, autor do Hino Nacional.

    Escreveu cerca de 400 obras (destas, apenas quatro so profanas),como a Missa em Si Bemol, Missa de Rquiem e Missa Pastoril para aNoite de Natal .

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    ANTONIO SALIERI

    Compositor italiano, mestre da capela imperial em Viena (1788-1824).Chegando de Legnano capital austraca, em 1766 tornou-secompositor oficial da corte de Jos II em 1774 e mestre de capela em1788. Aps a morte do imperador, em 1790, abandonou a direo dapera porque no manteve boas relaes com o seu sucessor,Leopoldo II, mas conservou o seu cargo de mestre de capela at1824.

    Sua pera L'Europa riconosciuta foi escolhida para inaugurar o Scalade Milo (1778). Nesta poca, eclipsava Mozart na capital da ustria,mas a lenda segundo a qual ele teria envenenado seu rival no temqualquer fundamento.

    Se houve mesmo rivalidade entre os dois compositores, taisescaramuas no ultrapassavam as fofocas de bastidores da corteaustraca. Dois filhos de Mozart (Wolfgang Amadeus Mozart Junior eFranz Xaver Wolfgang) estudaram com Salieri em Viena, aps a mortedo pai. O compositor italiano foi tambm o primeiro a escrever umapera em parceria com o libretista Lorenzo Da Ponte e o aproximou deMozart.

    Uma de suas ltimas obras importantes Falstaff (1799). Escreveutambm msica religiosa e diversas pginas instrumentais. Foiprofessor de Beethoven, Schubert, Czerny, Liszt, Moscheles eHummel, entre outros compositores importantes da primeira metadedo sculo XIX.

    PADRE ANTONIO SOLER

    Antonio Soler Ramos nasceu em 1729, filho de Mateo Soler Menca eTeresa Ramos Cebrin. Foi batizado em 3 de dezembro deste ano, naparquia de San Esteban de Olot, recebendo o nome de AntonioFrancisco Javier Jos.

    Em 1736 foi admitido, aos seis anos de idade na escola do Monastriode Montserrat, dos monges beneditinos, onde teve como mestres demsica os padres Benito Esteve e Benito Valls.

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    Em 1752 torna-se organista no Monastrio de El Escorial, sendo umdos mais notveis organista de seu tempo. Neste mesmo ano, aos 22anos de idade, ordenado, no dia 25 de setembro. Alm de suasobrigaes como monge jernimo, suas tarefas como msicoconsistiam em compor novas obras para as datas importantes do anolitrgico.

    Logo foi enviado Madri, para continuar seus estudos musicais comJos de Nebra, vice maestro da Capela Real e restaurador dosarquivos musicais. Em seguida, tornou-se aluno de DomenicoScarlatti, msico da corte e mestre de cravo de Dona Maria Brbarade Bragana, esposa de Fernando VI. Scarlatti foi uma personalidadeque marcou a evoluo musical de Soler, cuja influncia percebidaem sua tcnica ao cravo, na forma e harmonia de muitos de seustrabalhos para instrumentos de teclado. Nesta poca torna-seprofessor dos filhos do casal real.

    Soler descrito como um homem culto, profundo conhecedor deLatim, muito afvel, de esprito sensvel e profundamente religioso.Muito humilde, recusou-se a ser retratado para a galeria dos msicosilustres, postura que nos impediu de conhecer o seu rosto.

    Sua sade sempre havia sido frgil e, ao se aproximar dos cinquentaanos, freqentemente internado na enfermaria do Monastrio. Em1783, sente-se mais uma vez doente e seu estado se agrava comrapidez. Morre s cinco e meia da manh do dia 20 de dezembro, aos54 anos de idade, ser ter tido tempo de receber a extrema uno.

    Soler considerado um dos maiores compositores da Espanha. autor de 334 obras vocais, a maioria litrgica, com texto em Latim taiscomo missas, hinos, motetos e lamentao e tambm numerososvillancicos.

    Comps 128 villancicos, que consistem em sutes de cantatasdramticas, vivas e alegres, que contm rias moda italiana emelodias espanholas de inspirao popular, escritas para solista ecoro. autor de 31 peas para cena, tais como autos e comdias.

    Suas composies mais conhecidas so suas sonatas para cravo emnmero de 120 aproximadamente, onde percebida a influncia deScarlatti. Grande parte destas sonatas escrita em apenas ummovimento, como as de Scarlatti, mas cerca de vinte delas possuem

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    trs ou quatro movimentos e uma fuga final: so as que pertencem sua ltima fase como compositor, a partir de 1766. Todos osmovimentos esto em uma mesma tonalidade, como em uma sute.

    Comps peas para rgo e msica de cmara, alm de ser autor detratados tericos e tcnicos, como o polmico Llave de la Modulaciony antigedades de la msica", publicado em 1762.

    MUZIO CLEMENTI

    O primeiro mestre de msica de Clementi foi o organista Buroni, comquem teve aulas de piano e harmonia. Mais tarde, estudoucontraponto e canto com os mestres Carpani e Santarelli. Aos 12anos, Clementi comps o oratrio Martirio dei gloriosi santi Girolamo eCelso.

    Aos 14 anos despertou grande impresso em F. Bedford, que o levoupara a Inglaterra, onde Clementi conseguiu, em pouco tempo, famacomo concertista e professor.

    Em 1780 ocupou o cargo de cravista e diretor da orquestra da OperaItaliana de Londres. No ano seguinte realiza sua primeira tourne porMunich, Strasbourg e Viena. Aps percorrer a frana e Suia, retorna Londres, associando-se a uma fbrica de pianos e a uma editora.

    Paralelamente estas atividades, Clemente era um excelenteprofessor, formando alunos que depois tiveram muito renome, comoCramer, Field, Moscheles e Kalkbrenner.

    Falece no dia 10 de maro de 1832, em sua propriedade de Evesham,perto de Londres, sendo sepultado no clautro da abadia deWestminster.

    Suas obras principais so constitudas por: 106 sonatas para piano, omtodo para piano Gradus ad Parnassum, as famosas sonatinas Op.36 e 38, sinfonias, overtures, etc.

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    CAPTULO VI O Romantismo

    ROMANTISMO - A LIBERDADE DE CRIAR

    A Revoluo Francesa no mudou apenas o regime poltico daFrana. Abalou a Europa inteira e repercutiu em todo o mundo, sob aforma de um surto de liberalismo. Nos primeiros anos do sculo XIX,os Direitos do Homem, a democracia e a liberdade de expressotomavam conta da mentalidade europia, modificando os seuscritrios de valor. Por toda parte o esprito religioso passava a umplano de fundo. Por toda parte a arte se desligava das amarras dopassado. E pouco a pouco a msica deixava os sales, pondo-se aoalcance do povo, apresentada nas casas de concerto. Oscompositores passaram a colorir suas peas com produtos da culturapopular, mas o subjetivismo se imps como a principal caractersticada msica Romntica. A estilizao ganhou um ar de defeito: diminuaa fora da expresso individual.

    Paganini (1782-1840) encarnava bem essa nova ideologia artstica,colocando em destaque a sua figura estranhamente feia para enfatizaro seu virtuosismo "diablico". Em seus seiscentos lieder, Schubert(1797-1828) expunha a sua natureza terna e delicada. Mendelssohn(1809-1847) contava atravs da msica as suas impresses deviagem, nas sinfonias Italiana e Escocesa.

    Na Itlia, a pera aderiu ao Romantismo e, conseqentemente, teveque reformar os padres de interpretao at ento vigentes. Agora, ocantor tinha que se dar inteiramente ao pblico e empolg-lo tambmpor seu prprio talento teatral.

    Profundamente influenciados por textos literrios, rossini (1792-1868),Bellini (1801-1835) e Donizetti (1797-1848) tornaram-se os senhoresda criao operstica romntica, que logo cruzou as fronteiras italianase se popularizou em outros pases. No entanto, as guerras contraNapoleo parecem ter exacerbado a conscincia nacional dos povoseuropeus, levando-os busca de formas prprias.

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    A primeira reao msica lrica da Itlia partiu de Carl maria vonWeber (1786-1826), que germanizou a pera, inspirando-se na pocamedieval e na mitologia da Alemanha. Seu herdeiro seria RichardWagner (1813-1883), que, em busca de "uma obra de arte integral",criou o Drama Musical. Este reunia a pintura, a poesia e a arquitetura,alm da msica. Mas, no contente com um drama isolado, Wagnercomps ento uma Tetralogia (conjunto de quatro dramas). As suasexperincias no campo tonal deram obra wagneriana uma taloriginalidade que se criou para os demais compositores romnticosum problema: ou seguiam Wagner ou lutavam contra ele.

    Na Frana, Giacomo Meyerbeer (1791-1864) optou pela criaomonumental, desenvolvendo a Grande pera. Jacques Offenbach(1819-1880) preferiu a leveza e criou a Opereta.

    O realismo e a intensa fora dramtica das peras do italianoGiuseppe Verdi (1813-1901) celebrizaram-no em pouco tempo e suainfluncia estendeu-se a msicos romnticos de todo o mundo. CarlosGomes (1836-1896) foi um deles.

    O NACIONALISMO ROMNTICO

    Durante muito tempo a Europa vivera sob a influncia da msica daItlia, que s foi atenuada pelo barroco de Hndel e Bach. A peraromntica de Weber e o drama musical de Wagner eliminaram essemonoplio italiano. Mas em compensao criou-se outro na Alemanha,pelo fato de traar as linhas mestras que orientavam o Romantismo.

    Em Paris, onde se refugiara da ameaa do czarismo russo, o polonsFrdiric Chopin (1810-1849) ganhou fama tocando ao piano asmazurcas e polonaises que compunha, numa evocao dos ritmostpicos de sua terra.

    Por volta da mesma poca, um prodigioso pianista hngaro chamadoFranz Liszt (1811-1886) percorria o continente encantando as platiascom a agilidade rtmica das suas Rapsdias Hngaras. Inspirado pelabrilhante arte orquestral do seu contemporneo Hector Berlioz (1803-1869), introduziu o Poema Sinfnico, cujas liberdades de forma olevaram a um dos primeiros planos no panorama romntico.

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    Na Rssia, Michail Glinka (1804-1857) liderou um movimentonacionalista que originou o famoso Grupo dos Cinco - Rimsky-Korsakov (1834-1908), Cesar Cui (1835-1918), Balakriev (1837-1910),Borodin (1833-1887) e Moussorgsky (1839-1881). Afastando-se damsica ocidental, esses imaginosos autodidatas buscaram deixar delado o sistema tonal tradicional para cultuar os exticos sons modaisda msica sacra eslava e do folclore russo.

    Pyotr Ilitch Tchaikowsky (1840-1893) tambm buscou dar msica daRssia uma expresso autntica. Mas fz o contrrio dos "Cinco",assimilando da msica ocidental de Mozart, Berlioz, Liszt e Dlibesmuitos elementos que fundiu com os do patrimnio cultural russo nassuas composies.

    A Tchecoslovquia teve dois representantes notveis do romantismonacionalista: Bedrich Smetana (1824-1884) e Antn Dvorak (1841-1904). Na Noruega, foi durante esse perodo q