história da natação

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24 ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA DO EXÉRCITO MANUAL DE NATAÇÃO PARA OS CURSOS DE INSTRUTOR E MONITOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA DA EsEFEx AUTORES: Cap QMB FRANCISCO NILTON DE SOUZA JÚNIOR Cap Inf NILTON GOMES ROLIM FILHO Cap Inf OSVALDO NOGUTI FILHO Cap Eng MARTON DANIEL GRALA 2º Sgt Art JOSEMIR SOUZA REBOUÇAS DA COSTA 2º Sgt Inf ALEXANDRE CRISTIAN DOS SANTOS NASCIMENTO 3º Sgt Inf ALFREDO DIAS DE OLIVEIRA JÚNIOR

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Page 1: História da natação

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ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA DO EXÉRCITO

MANUAL DE NATAÇÃO PARA OS CURSOS DE INSTRUTOR E MONITOR DE EDUCAÇÃO

FÍSICA DA EsEFEx

AUTORES:

Cap QMB FRANCISCO NILTON DE SOUZA JÚNIOR Cap Inf NILTON GOMES ROLIM FILHO

Cap Inf OSVALDO NOGUTI FILHO Cap Eng MARTON DANIEL GRALA

2º Sgt Art JOSEMIR SOUZA REBOUÇAS DA COSTA 2º Sgt Inf ALEXANDRE CRISTIAN DOS SANTOS NASCIMENTO

3º Sgt Inf ALFREDO DIAS DE OLIVEIRA JÚNIOR

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ÍNDICE

Capítulo I – HISTÓRICO DA NATAÇÃO........................................................................página 2

Capítulo II – APRENDIZAGEM DA NATAÇÃO............................................................página 10

Capítulo III – MECÂNICA DOS ESTILOS.....................................................................página 24

Capítulo IV – NADO CRAWL........................................................................................página 39

Capítulo V – NADO PEITO............................................................................................página 50

Capítulo VI – NADO COSTAS.......................................................................................página 61

Capítulo VII – NADO BORBOLETA..............................................................................página 72

Capítulo VIII – SAÍDAS, VIRADAS E CHEGADAS......................................................página 83

Capítulo IX - SALVAMENTO.........................................................................................página 88

Capítulo X – NATAÇÃO UTILITÁRIA...........................................................................página 92

Capítulo XI – TREINAMENTO DE NATAÇÃO..............................................................página 93

Capítulo XII – REGRAS DA FINA...............................................................................página 101

BIBLIOGRAFIA............................................................................................................página 102

Page 3: História da natação

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CAPÍTULO I HISTÓRICO DA NATAÇÃO

1. DESENVOLVIMENTO DA NATAÇÃO NA SOCIEDADE HUMANA

a. A Natação nas Sociedades Primitivas e Escravistas A ação de autopropulsão e autosustentação no meio líquido, que o homem aprendeu por instinto

ou observando os animais, e que ao longo dos séculos foi aperfeiçoando, é o exercício físico mais completo e das mais remotas manifestações de motricidade humana.

O homem primitivo usava a natação como uma atividade útil e necessária as suas tribos que viviam próximas a rios, lagos e mares, fazendo da caça e da pesca coletiva suas principais fontes de subsistência. Nadar e mergulhar eram atividades vitais, praticadas constantemente, por serem usadas na busca de alimentos, bem como na superação de obstáculos aquáticos em caso de guerras. Por outro lado a natação tornou-se uma prática popular devido ao aspecto saudável e higiênico do banho.

Desenhos e pinturas descobertos em cavernas assírias e egípcias comprovam o quanto a natação era difundida. Diversas formas de braçadas alternadas predominam nas representações desses tempos. Arqueólogos descobriram em Manhenjodara, Índia, piscinas aquecidas com mais 5.000 anos. Documentos encontrados nas pirâmides egípcias referem-se ao orgulho dos nobres, há 3.000 anos, quando seus filhos aprendiam a nadar junto com os filhos dos faraós que tinham seus próprios professores. Os egípcios perpetuaram a natação em estátuas, como a encontrada em escavações no Cairo, representando uma nadadora.

Na Grécia, a natação e o banho eram passatempos populares praticados pela aristocracia e homens livres. A piscina de natação era parte integrante de um ginásio, instituição educacional pública dos gregos livres. A natação era um componente importante na educação dos filhos dos ricos, bem como no condicionamento físico dos jovens militares. PLATÃO, grande filósofo grego, afirmava que o homem que não sabia nadar não era educado e que a natação personificava o equilíbrio entre o corpo e o espírito.

As competições de natação constituíam-se mais em uma exceção do que em uma regra e não eram incluídas nos Jogos Olímpicos. Supõe-se que isto ocorria por não haver água nas vizinhanças do sítio onde se celebravam os jogos. Já nos Jogos Ístmicos, realizados em homenagem a Poseidom, deus dos mares, eram disputadas provas de natação.

HOMERO nas páginas de “Ilíada” e “Odisséia”, refere-se freqüentemente às grandes festas natatórias dos gregos. As lendas de Ulisses e Leandro que atravessavam a nado o Helesponto (hoje Estreito de Dardanelos) para encontrarem-se com a amada, bem o comprovam.

Em Roma, o passatempo preferido era o banho. Os romanos construíram inúmeras piscinas, muitas delas de águas tépidas, as quais davam o nome de termas. Eram tão freqüentadas que tornavam-se pontos de reuniões sociais. As termas tinham capacidade para centenas de banhistas, seus recintos salientavam-se pelo luxo das construções, que eram verdadeiras obras de escultura e pintura.

Para os romanos, o hábito de nadar e banhar-se também fazia parte da educação dos jovens e da preparação física dos militares, o que pode ser provado pela existência da Escola de Natação do Exército, às margens do Rio Tigre.

Para as tribos germânicas que habitavam a Europa no norte, centro e leste, no início da era cristã, a natação também tinha um valor prático. Tanto os homens quanto as mulheres sabiam nadar. A julgar pelos mitos e sagas acredita-se que existiam competições.

Na Ásia e América, nadar e mergulhar eram atividades também praticadas. No Japão, existiam excelentes nadadores e mergulhadores que iam a consideráveis profundidades, principalmente, em busca de pérolas. Na China, realizavam-se festas nas quais havia demonstrações públicas de natação para a corte. Chichas, índios colombianos, usavam a natação em suas práticas religiosas.

b. A Natação na Sociedade Feudal Os cavaleiros, burgueses e camponeses praticavam diversos tipos de exercícios físicos, dentre

eles a natação. Os camponeses a praticavam como um exercício popular, enquanto os burgueses gostavam mais de banhos. Entre os cavaleiros, a natação era considerada como uma parte importante do sistema de exercícios conhecido como “as sete agilidades”.

Com a crescente exploração dos camponeses e classes baixas urbanas, os tempos livres destes ficaram cada vez menores, tornando-se quase impossível a prática de exercícios físicos. A situação se

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agravou quando os exercícios físicos, em geral, foram proibidos pelos eclesiásticos. Foi então, a idade negra da educação física, onde prevalecia o culto da alma, e o mérito ou mesmo tolerância da cultura do corpo eram condenados. A natação e o banho foram poderosamente combatidos porque eram associados ao desnudo do corpo.

A imoralidade começou a inserir-se nos estabelecimentos de banho que eram abertos somente às classes mais favorecidas da população. Assim, tais locais caíram em desgraça e foram fechados. Os banhos e a natação deixaram de ser praticados e castigavam-se os que contrariavam a proibição.

c. A Natação na Era do Renascimento Na renascença, no fim do século XV e início do século XVI, ressurge o interesse pela natação.

Os primeiros passos foram tímidos, limitando-se à publicação de estudos feitos por homens de projeção.

“Colymbetes”, primeiro manual de natação, foi publicado em 1513 pelo humanista NICOLAUS WYNMANN. Seu objetivo era renovar o ensino e a aprendizagem da natação para reduzir o perigo de afogamentos. Continha idéias básicas sobre as técnicas e métodos de ensino da natação, em geral, e da braçada do nado peito, em particular. Mas o livro não teve a distribuição que merecia devido às condições sociais que prevaleciam na época, bem como ao objetivo a que se propunha o autor.

Foi na Inglaterra, durante o Iluminismo, no final do século XVI, que houve uma difusão mais acentuada da natação como medida de treinamento para adquirir preparo físico. LOCKE, BASEDOW e SALZMANN foram os principais incentivadores deste movimento.

Os trabalhadores das salinas de Halle, na Alemanha, contribuíram grandemente para o desenvolvimento da natação nesse período. Quando ficavam desempregados, eles trabalhavam como pescadores e barqueiros e, em conseqüência do seu contínuo contato com a água, desenvolveram o gosto pela natação. Levavam seus filhos para nadar no Rio Saale assim que completavam três anos. Esses mineiros influenciaram mais a prática da natação, por outros setores da população, do que os teóricos humanistas.

A abertura dos primeiros banhos públicos em Paris, Europa Central e Ocidental datam deste período e conforme foi se desenvolvendo o modo de vida capitalista, a humanidade estimulada por pesquisadores, educadores e médicos, começou a dar mais atenção para educação física dos jovens da classe média.

A natação, que tinha sido praticada clandestinamente durante muito tempo, foi novamente reconhecida com um excelente método de treinamento físico e seu ensino foi novamente introduzido nas instituições educacionais.

As atividades de GUTS MUTHS tiveram uma influência positiva no desenvolvimento da natação no final do século XVIII. Ao analisar de forma criativa as experiências dos trabalhadores das salinas de Halle, ele encontrou um sistema de instrução de natação. Deste modo, GUTS MUTHS passou da teoria para a prática, ensinando e difundido a prática da natação a ponto de organizar as primeiras competições. Estas eram parecidas com as provas de pentatlo militar de hoje, com obstáculos e mergulhos, no sentido de salientar o aspecto utilizado. GUTS MUTHS desejava ver a natação converter-se em componente fundamental da educação.

2. DESENVOLVIMENTO DA NATAÇÃO COMO DESPORTO O desenvolvimento da natação como desporto está intimamente ligado ao desenvolvimento dos

meios de produção. A Inglaterra, país mais desenvolvido industrialmente no século XIX, posicionou-se na vanguarda no que diz respeito à prática dos desportos modernos.

Em meados daquele século, foram criados em Londres clubes desportivos de remo e natação. Data de 1855 a fundação do Clube de Natação da Universidade de Cambridge e de 1869, a Associação de Natação Amadora da Inglaterra.

Em 1896, ressurgem os Jogos Olímpicos, por obra do BARÃO DE COUBERTIN, com a disputa de provas de natação. Nestes jogos, realizados em Atenas, ocorreram apenas quatro provas, todas no mar e com chegada na praia, a dos 100 e a dos 1200 metros nado livre, vencidas pelo húngaro ALFRED HAJOS, a dos 500 metros livre, vencida pelo austríaco PAUL NEWMAN e a prova de 100 metros para marinheiros vencida pelo grego IOANNIS MALOKINIS. As provas tinham início quando os competidores pulavam de um barco em direção à praia.

Nos jogos de Paris, em 1900, as provas foram disputadas em uma piscina flutuante de 100 metros, montada nas águas do Rio Sena, sendo todas a favor da corrente. Houve provas de 200 e 1000 metros livre, de 200 metros costas, de 200 metros com obstáculos (redes de pescar), de nado

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submerso e de 200 metros livre por equipes. Foi disputada também a prova de 4000 metros, vencida pelo inglês JOHN ARTHUR JARVIS com o surpreendente tempo de 58’24’’.

Em 1904, foram disputadas em um pequeno lago de formas irregulares, construído em Saint Louis, as provas de 100, 200, 400 e 1500 metros livre, 100 metros costas e uma prova de 880 jardas de nado livre. A partida era dada em uma prancha flutuante. Em 1908, nos jogos de Londres, as provas de natação passaram a ser disputadas em uma piscina de 100 metros de comprimento.

Com a finalidade de unificar as regras e criar um foro para reuniões internacionais, líderes das oito nações que mais se destacavam nas competições do desporto (Alemanha, Bélgica, Dinamarca, Finlândia, França, Grã-Bretanha, Hungria e Suécia) encontraram-se, em 19 de julho de 1908, no Hotel Manchester, em Londres, por ocasião dos jogos olímpicos e resolveram criar a Federação Internacional de Natação Amadora (FINA).

A prioridade das discussões era clara: padronizar as regras da natação, manter um controle atualizado dos recordes mundiais, garantir a direção e arbitragem imparcial das competições olímpicas e divulgar o desporto pelo mundo. Atualmente a FINA tem mais de cem organizações nacionais filiadas e suas principais tarefas são:

- organizar e controlar as competições internacionais de natação, polo aquático, nado sincronizado e saltos ornamentais;

- manter uma lista de recordes mundiais e continentais; - estabelecer estatutos e regras uniformes de competição. Em 1912, pela primeira vez, foram disputadas provas femininas, com a australiana F. DURAK

vencendo a prova dos 100 metros livre e a equipe da Grã-Bretanha alcançando o triunfo nos 4 X 100 metros livre.

A humanidade foi então adquirindo um interesse progressivo pelos desportos e muitos jovens inclinaram-se pela natação que tornou-se muito popular pois proporcionava grande prazer com pouco gasto.

Nos Jogos Olímpicos, atualmente, em cada bateria, competem na piscina, no máximo oito nadadores. Nas provas de 50, 100 e 200 metros, são disputadas baterias preliminares, semifinais e final e nas provas de 400, 800 e 1500 metros são disputadas somente as preliminares, sendo classificados para a final os competidores com os oito melhores tempos. A natação olímpica segue um programa com 32 provas, que são as seguintes: • 1. 100m costas masculino • 2. 100m costas feminino • 3. 100m peito feminino • 4. 100m peito masculino • 5. 100m borboleta masculino • 6. 100m borboleta feminino • 7. 100m livre feminino • 8. 100m livre masculino • 9. 1500m livre masculino • 10. 200m costas masculino • 11. 200m costas feminino • 12. 200m peito feminino • 13. 200m peito masculino • 14. 200m borboleta masculino • 15. 200m borboleta feminino • 16. 200m livre feminino

• 17. 200m livre masculino • 18. 200m medley masculino • 19. 200m medley feminino • 20. 400m livre feminino • 21. 400m livre masculino • 22. 400m medley masculino • 23. 400m medley feminino • 24. 4x100m livre masculino • 25. 4x100m livre feminino • 26. 4x100m medley masculino • 27. 4x100m medley feminino • 28. 4x200m livre feminino • 29. 4x200m livre masculino • 30. 50m livre masculino • 31. 50m livre feminino • 32. 800m livre feminino

3 - DESENVOLVIMENTO DOS NADOS

Existem documentos escritos e outras formas de arte que demonstram que estilos muito parecidos com as atuais técnicas de natação eram usados na antigüidade. Na “Odisséia”, de HOMERO, há a descrição de uma técnica muito parecida com a atual braçada de peito. Os nados crawl e costas, também são descritos em algumas crônicas do passado.

O desenvolvimento dos nados e suas técnicas foi totalmente prejudicado durante a Idade Média, quando prevalecia o culto à alma.

Foi durante o renascimento que ressurgiu o interesse pela natação. Supõe-se que os movimentos descritos no livro “Colymbetes” são imitações dos realizados por uma rã na água e semelhantes ao nado peito.

Nas escolas de natação existentes à beira de rios e lagoas, ensinava-se o que hoje é chamado nado peito. Naturalmente, este modo era empregado nas provas. No afã de aumentarem a velocidade, os nadadores inclinavam-se para um dos lados, realizando a braçada de peito de lado (side-stroke). A

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próxima modificação foi a retirada do braço superior em sua recuperação para diminuir a resistência da água, formando o “over-arm-side-stroke”. Em ambos o movimento das pernas era a tesourada.

Em 1893, J. ARTHUR TRUDGEON, oficial da Marinha Inglesa, levou para toda Europa uma nova técnica de natação utilizada por nativos da América do Sul, na qual os braços realizavam movimentos alternados por sobre a superfície enquanto o movimento de pernas continuava sendo a tesourada.

No início do século XX, este estilo evoluiu quando o australiano FREDERICK CAVILL, por acaso, notou que, com as pernas amarradas nadava-se melhor que fazendo o uso da tesourada. Ao mesmo tempo, outro australiano, ALLEC WICKHAM, copiou um movimento alternado de pernas de nativos do Sri Lanka e, em 1906, lançou no Festival de Natação de Hamburgo, o crawl australiano, um nado de braçada alternada coordenado com um movimento de pernas que agitavam-se fora d’água de forma alternada.

Além do crawl australiano, há o americano, criado em 1912 por DUKE KAHANAMOKU. Neste nado, a pernada alternada é realizada com ambos os pés submersos. Essa técnica tem sobrevivido até hoje.

O nado de costas tem se desenvolvido desde o século XVIII. GUTS MUTHS o ensinou junto com o nado peito durante seus mais de 30 anos de ensino da natação. Os movimentos de pernas eram simultâneos e assemelhavam-se aos usados no nado peito. A braçada era simultânea, os braços eram sacados pelos lados fora d’água e lançados vigorosamente por sobre os ombros. Segundo foi-se conhecendo o nado crawl em princípios do século XX, o nado costas foi evoluindo para o crawl de costas.

O americano HEBNER foi quem utilizou esta técnica pela primeira vez, nos Jogos Olímpicos de Estocolmo, em 1912. A partir daí, o crawl de costas foi sendo mais utilizado em competições e suas características básicas permanecem inalteradas desde então.

O nado borboleta começou a se desenvolver na década de 30, idealizado pelo norte-americano HENRY MEYERS, nadador de peito, que buscava novas formas de obter melhores resultados. Os nadadores de peito da época começaram a mover os braços além dos quadris para em seguida lançá-los por cima d’água em direção à parede, imediatamente antes de fazer a virada ou a chegada. Esta série de movimentos recebeu o nome de borboleta que somente era nadada em distâncias curtas, principalmente no começo e final das provas de peito.

A evolução dos métodos de treinamento capacitou os atletas a nadarem maiores distâncias utilizando a braçada borboleta nas provas de nado peito, correndo o risco do nado peito, mais lento, desaparecer. JACK SIEG, nadador americano, introduziu um movimento de pernas no qual os dois pés batiam simultaneamente acima e abaixo, como um movimento de golfinho. Ao coordenarem o movimento de golfinho com a braçada da borboleta, criou-se o nado borboleta. Em 1953, a FINA criou provas para o nado borboleta, separando-o do nado peito.

Os esforços para aumentar a velocidade do nado peito não pararam por aí. Os japoneses propagaram um estilo no qual submergiam por uma distância considerável durante as provas de nado peito. Depois de submergir, o nadador empurrava os braços além dos quadris, recupera-os próximos ao corpo e os estendia à frente. A ação das pernas permanecia inalterada, o que veio modificar a braçada ortodoxa. A partir de maio de 1957, a FINA proibiu a imersão prolongada e introduziu regras mais rígidas para o nado peito. A braçada além dos quadris, conhecida atualmente como “filipina”, só pode ser realizada após a saída e a cada virada. A cabeça deve ferir a superfície a cada braçada.

A cada ano, surgem inovações nos detalhes dos estilos de natação, que contribuem para a melhoria das marcas e evolução do desporto. Os grandes centros de treinamento da Austrália e dos Estados Unidos contam com uma jóia da tecnologia: o sistema de análise de biomecânica. São câmeras adaptadas a processadores, que mapeiam os trabalhos de pernas e braços dos nadadores e ajudam a aprimorar braçadas e pernadas. Hoje, os melhores atletas de nado crawl iniciam a braçada mergulhando a mão para frente e depois realizando a “remada”. Antes, o braço batia na superfície da água.

4. A NATAÇÃO NO BRASIL

No Brasil, a natação é uma prática anterior à própria descoberta do País. Como em todo o mundo, as necessidades de seus habitantes primitivos, na luta pela sobrevivência, na caça e na pesca fizeram desenvolver uma rudimentar natação, que era bastante praticada nos rios, lagoas e costa litorânea.

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Decorreram quatro séculos até que a natação começasse a se organizar como esporte. Somente em 1898, após a fundação dos primeiros clubes, foi promovido o primeiro Campeonato Brasileiro de Natação, constituído de uma única prova de 1500 metros. Esta prova foi disputada com regularidade até 1912 por iniciativa do Clube de Natação e Regatas do Rio de Janeiro e realizada no trecho compreendido entre a Fortaleza de Villegaignon e a praia de Santa Luzia.

Em 1901, a Federação Brasileira de Sociedades de Remo, criada pelos clubes Botafogo, Gragoatá, Flamengo e Icaraí; promoveu a sua primeira competição, agora na Enseada de Botafogo com chegada em frente ao Pavilhão do Mourisco. O nadador ABRÃO SALITURI venceu a prova de 1500 metros nado livre. Na ocasião foram disputadas as provas de 100 metros para estreantes, 600 metros para seniors e 200 metros para juniors.

Desde 1908, quando ABRÃO SALITURI venceu as provas de 100 e 500 metros em Montevidéu, o Brasil ocupa lugar de relevo na natação sul-americana.

A partir de 1916, a Confederação Brasileira de Desportos (CBD) passou a patrocinar os campeonatos brasileiros.

A primeira piscina de competição inaugurada no Brasil foi a do Fluminense Futebol Clube, em 1919. Quatro anos mais tarde surgiram as da Associação Atlética São Paulo e do Clube Atlético Paulistano. Antes disso, os cariocas nadavam na Enseada de Botafogo e os paulistas no Rio Tietê.

Em 1924, é organizada a primeira travessia de São Paulo a nado no Rio Tietê, numa distância de 7.200 m. Nessas travessias o número de participantes sempre foi muito elevado.

A primeira participação brasileira em desportos aquáticos em jogos olímpicos ocorreu em 1920, quando ADOLFO WELLISH conquistou o 8º lugar na prova de mergulho simples (saltos ornamentais) e a equipe de pólo-aquático conquistou a 6ª colocação. Na natação, o primeiro resultado de vulto foi o 7º lugar na prova de 4 X 200 metros livre, nos jogos olímpicos de 1932, conquistado por MANOEL LOURENÇO SILVA, ISAAC DOS SANTOS MORAES, MANOEL ROCHA VILAR e BENEVENUTO MARTINS NUNES.

O nome da paulistana MARIA EMMA HULDA LENK ZIGLER, filha de alemães imigrantes, está definitivamente colado à história da natação, sendo a primeira mulher da América do Sul a participar dos jogos, em 1932. Ela é responsável pela introdução do nado borboleta feminino, nos jogos de 1936, ousando adotar o estilo numa competição de peito. Foi eliminada nos 100 metros livre e de costas e não passou da semifinal dos 200 metros peito, mas seu exemplo perpetuou-se nos jogos seguintes. A nadadora estava em excelente forma para disputar uma medalha de ouro em 1940, em Tóquio, mas a eclosão da Segunda Guerra Mundial, em 1939, cancelou a competição e interrompeu o seu sonho.

Nos jogos de 1936, PIEDADE COUTINHO AZEVEDO acabou a prova de 400 metros livre em 5º lugar. Em 1948, houve uma grande participação brasileira nas finais da natação, WILLY OTTO JORDAN foi o 6º colocado nos 200 metros peito, PIEDADE COUTINHO AZEVEDO foi a 6ª nos 400 metros livre, a equipe composta por ELEONORA SCHMITT, MARIA LEÃO DA COSTA, TALITA DE ALENCAR RODRIGUES e PIEDADE COUTINHO AZEVEDO foi 6ª colocada nos 4 X 100 metros livre e a equipe composta por SÉRGIO ALENCAR RODRIGUES, WILLY OTTO JORDAN, ROLF KASTENER EGON e ARM BOGOSSIAN foi 8º colocada nos 4 X 200 metros livre.

O primeiro nadador medalhista olímpico do Brasil foi TETSUO OKAMOTO, conquistando o bronze nos jogos de 1952, em Helsinque, na prova dos 1500 m, êxito repetido por MANUEL DOS SANTOS, nos Jogos de 1960, em Roma, ao ganhar também a medalha de bronze nos 100 metros livre. MANOEL DOS SANTOS projetaria ainda mais o Brasil, estabelecendo o recorde mundial dos 100 metros livre em 1961, com o tempo de 53,6 segundos, marca que perduraria por três anos.

Em 1958, a natação de águas abertas desponta com ABÍLIO COUTO. Após algumas tentativas frustradas no ano anterior, ABÍLIO voltava à Inglaterra para ser o primeiro brasileiro a atravessar a nado o Canal da Mancha, tornando-se um dos primeiros mitos da natação brasileira. A fama de ABÍLIO COUTO viria a crescer ainda mais no ano seguinte, quando nadou de Dover, na Inglaterra, a Wissant, na França, realizando sua segunda travessia na prova mais importante da modalidade. E não foi só isso, ABÍLIO fez o tempo de 12h49’ tornando-se então o recordista mundial da travessia do Canal da Mancha, no sentido Inglaterra-França. Após 14 dias de bater o recorde mundial, ele retornou para o Canal para realizar sua última travessia, e a fez. Mas vale lembrar que essa travessia era a prova do Campeonato Mundial de Natação em Águas Abertas, e ABÍLIO, ainda amador, não só entrou na competição como também venceu todos os profissionais, tornando-se, no mesmo ano, recordista mundial e campeão mundial do Canal da Mancha. Em 1979, a nadadora brasileira KAY FRANCIS, então com 16 anos, tornou-se a primeira nadadora sul americana a conseguir tal façanha.

Nos jogos de 1968, JOSÉ SYLVIO FIOLO foi o 4º colocado nos 100 metros peito. Em 1972, FIOLO foi o 6º colocado na mesma prova e 5º colocado na prova de 4 X 100 metros medley, juntamente

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com RÔMULO DUNCAN ARANTES, SÉRGIO WAISMANN e JOSÉ ROBERTO DINIZ ARANHA. Nos mesmos Jogos, a equipe brasileira de 4 X 100 metros livre composta por RUY AQUINO OLIVEIRA, PAULO ZANETTI, PAULO BERCSKEHAZY e JOSÉ ROBERTO DINIZ ARANHA conquistou o 4º lugar.

DJAN MADRUGA GARRIDO foi um atleta fora dos padrões sul-americanos. Participou dos jogos de 1976, obtendo o 4º lugar nas provas de 400 e 1500 metros livre e, nos jogos de 1980 obteve a consagração plena nas piscinas, conquistando o 4º lugar nos 400 metros livre, o 5º lugar nos 400 metros medley e a medalha de bronze no revezamento 4x200m junto com CIRO MARQUES DELGADO, MARCUS LABORNE MATTIOLI e JORGE LUIZ FERNANDES. Em 1980, foi relevante também o 8º lugar na prova de 4 X 100 metros medley conquistado por RÔMULO DUNCAN ARANTES, SÉRGIO PINTO RIBEIRO, CLÁUDIO MAMEDE KASTENER e JORGE LUIZ FERNANDES.

RICARDO PRADO teve sua primeira participação em Moscou e, em 1982, estabeleceu o recorde mundial na prova dos 400 metros medley, em Guaiaquil, Equador. Em Los Angeles, chegou como um dos favoritos da sua especialidade, mas acabou ganhando a medalha de prata, com o canadense ALEX BAUMANN batendo o recorde mundial da prova. Teve também um excelente resultado na prova de 200 metros costas, na qual foi 4º lugar. Los Angeles foi sua última participação em jogos olímpicos, pois abandonou as competições muito precocemente.

Em Seul, tem sua primeira participação olímpica ROGÉRIO ROMERO que, em seus cinco jogos olímpicos disputados teve como melhores resultados o 8º lugar em 1988 e o 7º lugar em 2000 na prova dos 200 metros costas. Em 1992, GUSTAVO BORGES, o maior nadador olímpico brasileiro de todos os tempos, ganhou a medalha de prata na prova de 100 metros livre, foi 6º lugar nos 4 X 100 metros livre juntamente com JOSÉ CARLOS SOUZA JÚNIOR, EMMANUEL NASCIMENTO e CRISTIANO MICHELENA e foi 7º lugar nos 4 X 200 metros com EMMANUEL NASCIMENTO, CRISTIANO MICHELENA e TEÓFILO FERREIRA.

Em 1996, nos jogos de Atlanta, O Brasil teve a sua melhor participação na história olímpica da natação, com GUSTAVO BORGES alcançando a prata nos 200 metros livre e o bronze nos 100 metros livre e FERNANDO SCHERER ganhando o bronze nos 50 metros livre. Além destes resultados, são importantes o 5º lugar de FERNANDO SCHERER nos 100 metros livre e o 4º lugar da equipe composta por FERNANDO SCHERER, GUSTAVO BORGES, ALEXANDRE MASSURA e ANDRÉ CORDEIRO nos 4 X 100 metros livre.

Em 2000, o Brasil conquistou a medalha de bronze na prova dos 4 X 100 metros livre com o tempo de 3’17”40, sendo a equipe composta por FERNANDO SCHERER, GUSTAVO BORGES, CARLOS JAYME e EDVALDO VALÉRIO SILVA FILHO. Uma grande promessa, THIAGO PEREIRA, que figurava como o 3º e 10º colocado no ranking da FINA para as provas de 200 e 400 metros medley respectivamente, não subiu ao pódium. Nesta ocasião, GUSTAVO BORGES, tornou-se o único brasileiro a conquistar quatro medalhas olímpicas.

Nos Jogos Olímpicos de 2004, Atenas – Grécia, a equipe brasileira não conquistou nenhuma medalha, terminando na 21ª colocação. Thiago Pereira, após conquistar o título mundial nos 200 metros medley, em piscina curta, foi a Atenas com grande expectativa de medalha, contudo, foi apenas finalista nesta prova, obtendo o 5º lugar. Cabe merecido destaque à equipe feminina, que através de uma renovação fez surgir nomes como Joana Maranhão e Flávia Delaroli, que chegaram, respectivamente, às finais dos 400 metros medley e 50 metros livres. A equipe feminina também conseguiu participar da final do revezamento 4 x 100 metros livre.

A partir de 2004, com o declínio e fim das carreiras de Gustavo Borges, Fernando Scherer e Rogério Romero, a natação brasileira passou a depositar sua confiança em uma nova geração.

Em 2007, nos XV Jogos Pan-Americanos Rio 2007, foi superada a melhor campanha brasileira em Jogos Pan-Americanos, que havia ocorrido em Santo Domingo – 2003 (21 medalhas, sendo 03 de ouro, 06 de prata e 12 de bronze). Neste Pan, realizado na cidade do Rio de Janeiro, o Brasil conquistou 27 medalhas (12 de ouro, seis de prata e nove de bronze). O nadador Thiago Pereira, a grande estrela dos Jogos Pan-Americanos Rio 2007, conquistou seis medalhas de ouro, sendo o recorde de medalhas de um atleta brasileiro em um único Pan.

Segundo a avaliação do Presidente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos, Coaracy Nunes, o grande legado foi a evolução técnica alcançada pela nova geração, onde foram batidos todos os recordes Pan-Americanos e Sul-Americanos, trazendo desta forma maiores esperanças olímpicas para 2008.

A natação em Pequim-2008 foi palco para o mundo assistir ao fenômeno Michael Phelps, que se tornou o maior atleta olímpico de todos os tempos ao ganhar oito medalhas de ouro em uma única Olimpíada. Porém para o Brasil, uma medalha já foi suficiente para fazer história. Na memória dos brasileiros, antes de Phelps, os Jogos Olímpicos na China vão fazer lembrar de César Cielo. Com uma

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vitória nos 50 m livre, ao nadar em 21s30, apenas dois centésimos acima do recorde mundial, ele se tornou o primeiro medalhista de ouro do Brasil nas piscinas. Cielo ainda trouxe na bagagem uma medalha de bronze nos 100 m livre.

No ano de 2003, em São Paulo, Cielo passou a treinar com o ídolo que, anos mais tarde, superaria: Gustavo Borges. "O Gustavo é muito atencioso e perfeccionista, ajudou a melhorar minha técnica." Foi o veterano que levou o jovem nadador para Auburn, a universidade em que Cielo se consagrou como um dos maiores velocistas do circuito universitário norte-americano.

De Auburn veio outra peça chave na conquista inédita da natação do Brasil em Pequim-2008: o australiano Brett Hawke. Técnico na universidade, ele se integrou à comissão técnica da equipe brasileira a pedido de Cielo, para manter o programa de treinos que o brasileiro fazia nos EUA. Ex-nadador olímpico, Hawke foi sexto em Atenas-2004.

O país ainda teve mais uma marca histórica na natação para guardar nesta edição dos Jogos Olímpicos. Ana Marcela, que terminou em quinto lugar na classificação da maratona aquática, igualou a melhor posição de uma brasileira em todas as Olimpíadas já disputadas (Joanna Maranhão foi quinta nos 400 m medley em Atenas-2004). Thiago Pereira, que era esperança depois das medalhas nos Jogos Pan-Americanos, teve como melhor resultado o quarto lugar na final dos 200 m medley.

No Campeonato Mundial de Roma 2009, levou o revezamento 4x100m livres do Brasil ao 4º lugar, junto com Nicolas Oliveira, Guilherme Roth e Fernando Silva. Nesta prova, César Cielo abriu com o tempo de 47s09, ficando a 0,04s do recorde mundial de Eamon Sullivan, obtendo o 2º melhor tempo da história dos 100m. livres. Na final dos 100 metros livres, Cielo conquistou o ouro vencendo o campeão olímpico Alain Bernard e batendo o recorde mundial da prova com 46s91, entrando no seleto panteão dos nadadores que obtiveram em suas carreiras ouro olímpico, ouro no mundial e recordes mundiais. Na final dos 50 metros livres, Cielo venceu o recordista mundial Frederick Bousquet e conquistou o ouro com 21s08, batendo o recorde da competição e o sul-americano. O brasileiro entrou para a história da natação, sendo o terceiro atleta a conquistar o ouro nos 50 m livre nos Jogos Olímpicos e no Mundial de forma consecutiva. Somente o russo Alexander Popov e o americano Anthony Ervin haviam conseguido esta marca. E, finalizando, nos 4x100 metros medley, numa disputa onde os 4 primeiros da prova bateram o recorde mundial dos EUA de Pequim 2008, levou o Brasil ao 4º lugar, junto com Guilherme Guido, Henrique Barbosa e Gabriel Mangabeira, muito próximo das medalhas de bronze e prata da prova. Suas duas medalhas de ouro no mundial levaram o Brasil ao melhor desempenho na história dos campeonatos mundiais de esportes aquáticos.

Cielo tornou-se o sexto brasileiro a conquistar um recorde mundial em piscina longa na natação, após Maria Lenk, Manuel dos Santos, José Sylvio Fiolo, Ricardo Prado e Felipe França.

Em dezembro de 2009, ao participar do Open em São Paulo (última prova oficial com uso dos supermaiôs tecnológicos no Brasil), Cielo bateu o recorde mundial dos 50 metros livres na final, com o tempo de 20s91.

No Campeonato Mundial de Natação em Piscina Curta de 2010, Cielo, junto com Nicholas Santos, Marcelo Chierighini e Nicolas Oliveira, ganhou o bronze na prova dos 4x100 metros livres com o tempo de 3m05s74, recorde sul-americano, deixando pra trás a equipe dos EUA. Na prova dos 50 metros livres, Cielo ganhou o ouro com o tempo de 20s51, recorde do continente americano e do campeonato, ficando a apenas 0,21s do recorde mundial de Roland Schoeman (Schoeman bateu o recorde mundial com um supertraje tecnológico, em 2009, quando ele ainda era permitido, ao passo que Cielo fez esta marca sem uso de supertraje). Nos 100 metros livres, Cielo também obteve o ouro com o tempo de 45s74, recorde Sul-Americano e do campeonato. Com isso, Cielo, aos 23 anos de idade, conseguiu unificar os títulos mundiais das duas provas em piscina longa e curta, e se tornou o primeiro brasileiro a obter medalha de ouro nas 5 competições mais fortes da natação das quais um brasileiro pode participar (Olimpíadas, Mundiais de piscina longa e curta, Pan-Pacífico e Pan-Americano). Para completar sua participação no Mundial, Cielo liderou a equipe do 4x100 metros medley à conquista do bronze. Juntamente com Guilherme Guido, Felipe França e Kaio Márcio de Almeida, bateram o recorde sul-americano com o tempo de 3m23s12.

No Campeonato Mundial de Esportes Aquáticos de 2011, realizado em Xangai, China, Cielo ganhou o ouro na prova dos 50 metros borboleta com o tempo de 23s10. Na prova dos 100 metros livres, Cielo fez 48s01, melhor tempo de sua vida sem o uso de supertrajes tecnológicos, mas acabou na 4ª posição, a 1 centésimo do bronze e a 6 centésimos da prata. O vencedor da prova foi James Magnussen, que havia surpreendido ao fazer 47s49 na abertura dos 4x100m livres alguns dias antes. No dia 30 de julho, Cielo se tornou bicampeão mundial dos 50 metros livres ao vencer a final com o tempo de 21s52.

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5 – TECNOLOGIA NA NATAÇÃO

“Eu devo admitir que eu tremi de medo ao pensar no que aconteceria se eu tivesse câimbras na água gelada, então minha vontade de viver superou totalmente o meu desejo de vencer”. Esta foi a reação de ALFRED HAJOS quando chegou na praia após vencer a prova de 1200 metros de natação nos jogos de Atenas em 1896. A prova foi disputada na Baía de Zea, os nove nadadores foram transportados de barco e largaram sozinhos em direção à costa com a água a uma temperatura de 13º Celsius.

A natação olímpica percorreu um longo e tortuoso caminho até chegar às piscinas de 50 metros com temperatura controlada, raias antiondas, vestuário de última geração e cronometragem eletrônica, atingindo o status de um dos eventos de maior glamour e que atrai mais atenção do público mundial.

Nos Jogos Olímpicos de Sydney, conhecidos como os jogos da tecnologia, fabricantes de maiôs buscaram inspiração no fundo do mar para tornar os nadadores mais velozes. O tubarão, maior inimigo dos surfistas, tornou-se o maior aliado dos nadadores olímpicos, já que a textura de sua pele passou a ser copiada por fabricantes de roupas esportivas que acreditaram ter encontrado o modelo ideal de vestuário. Aderentes e com pequenos orifícios para facilitar a passagem da água pelo corpo, os trajes teoricamente podiam melhorar em até 3% o rendimento do atleta, isto é, quase um segundo e meio numa prova de 100 metros livre. Um exagero, mas o equipamento tinha potencial para decidir paradas importantes de centésimos de segundo.

Na piscina de Sydney, projetada para facilitar o desempenho, brilharam estrelas que aceleraram a entrada do desporto no novo século. Tais jogos ficarão na História como os jogos da natação, sendo estabelecidos 13 recordes mundiais e 24 olímpicos, volume de proezas só inferior ao registrado em Montreal, com espantosos 21 recordes mundiais e 31 olímpicos, mas num período em que o doping grassava, sobretudo entre as mulheres dos países de regime comunista.

Considerada a mais fantástica de todos os tempos, na piscina de Sydney, grandes atletas encontraram as condições ideais para melhoria de suas marcas. A água transbordava em canaletas laterais e voltava pelo fundo, evitando marolas. A água, sem cloro, purificada por ozônio, era mantida entre 26 e 27º Celsius, o recomendado pela Federação Internacional de Natação. A profundidade (2,20 metros) também era a ideal e as raias, de plástico especial, foram desenhadas para amortecer ainda mais as ondas. Mergulhadores faziam a manutenção de frestas e azulejos.

Em 2004, o Centro Aquático estava localizado no Complexo Olímpico Esportivo de Atenas, onde foram realizadas as cerimônias de abertura e encerramento das Olimpíadas 2004. O local recebeu competições de Natação, Pólo-Aquático, Nado Sincronizado e Saltos Ornamentais, em três piscinas, duas ao ar livre com arquibancada para 11 mil e seis mil pessoas. A interna para cinco mil espectadores. As provas de Natação e as partidas de Pólo-Aquático realizaram-se nas piscinas externas e as de Nado Sincronizado, Pólo- Aquático e Saltos Ornamentais, na interna.

A tecnologia está intimamente ligada à melhoria das marcas e resultados obtidos pelos atletas profissionais. Entre as inúmeras inovações colocadas em prática nos últimos anos, uma das mais importantes foi o surgimento de novos maiôs para a natação.

Imagine que em 1900 os maiôs utilizados pelos nadadores pesavam cinco quilos. Foi a Speedo que fabricou os primeiros maiôs de seda, mudando completamente o conceito da natação. Na década de 50, a empresa volta a inovar e fabrica o primeiro maiô de nylon lycra.

A nova guinada para a natação de competição aconteceu nas Olimpíadas de Barcelona (1992), quando a Speedo mudou o conceito dos maiôs, acabando com o conceito de que quanto menos roupa, melhores resultados seriam alcançados.

O modelo revolucionário chamava-se S 2000 e caracterizava-se por ser feito de microfibra e elastano, cobrindo mais o corpo. Passados quatro anos, nas Olimpíadas de Atlanta (1996) é lançado o maiô Aquablade. O modelo representava uma novidade, apresentando menor resistência na água, se comparado à pele humana.

Após quatro anos de trabalho, que contou com o apoio do Museu de Ciências Naturais de Londres, equipes formadas por técnicos especializados em várias áreas e um grupo de elite de nadadores, todos campeões olímpicos e mundiais, desenvolveram um novo maiô para competição.

A missão principal era fabricar um produto mais rápido e melhor. O foco foi tomado a partir da observação da natureza. Os estudos direcionaram-se para o tubarão, que é a criatura mais rápida na

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água. Chegou à piscina o Fast Skin. O conceito do novo maiô foi totalmente aprovado pela Federação Internacional de Natação (FINA), em novembro de 1999.

Imediatamente os resultados começaram a surgir. Nas Olimpíadas de Sydney (2000), 13 dos 5 recordes mundiais foram quebrados por nadadores que utilizavam o Fast Skin, além de 83% do total de medalhas das provas terem sido conquistados por quem usava este maiô.

O sucesso foi repetido novamente no Campeonato Mundial de Natação de 2001, em Furuoka - Japão - quando 87% das medalhas foram conquistadas pelos nadadores que usavam o Fast Skin.

Apesar de todo o sucesso do Fast Skin, a Speedo desenvolveu um produto sucessor, que foi lançado próximo da Olimpíada de 2004, em Atenas. Foi o ultratecnológico LZR Racer, da Speedo. A roupa foi desenvolvida com ajuda da Nasa, a agência espacial americana. O resultado foi um maiô muito leve e sem costuras, apenas com um zíper nas costas. O maiô agia como um teflon, repelindo água e reduzindo as vibrações musculares, mantendo a forma hidrodinâmica. Além disso, painéis de poliuretano foram colocados em lugares estratégicos para diminuir o atrito entre a água e o corpo.

Entre os destaques dos maiôs tecnológicos, está o X-Glide, da marca alemã Arena. Cesar Cielo utilizou no Mundial de Natação de Roma (2009). Foi desenvolvida em tecido compósito formado por três camadas: a interna, permite liberdade de movimentos e compressão dos músculo, garantindo alta performance. A camada intermediária, de liga metálica de titanium, garantindo estabilidade da temperatura do corpo do atleta, e a membrana exterior totalmente impermeável, reduzindo o atrito da água com o tecido

As roupas tecnológicas foram usadas em larga escala nos Jogos Olímpicos de Pequim de 2008. Em 2010, a Federação Internacional de Natação (FINA) tomou uma decisão muito importante

para a modalidade: os maiôs tecnológicos foram banidos das piscinas. A FINA colocou como regra o uso de materiais têxteis, tendo forma, flutuabilidade e grossuras determinados: quanto ao tamanho, para os homens, não podem passar da cintura, e nem dos joelhos, ou seja, de maiô passou para bermuda. O nível de flutuação também mudou para no máximo 0,5 Newton, e a espessura, de 1mm para no máximo 0,8mm. Zíperes e mecanismo de fechamento também foram vetados. A partir da decisão, só o tradicional maiô para mulheres, com tecidos “normais” sem acabamentos impermeáveis, foram permitidos.

6 – GRANDES ATLETAS

Grandes atletas contribuíram de maneira significativa para o desenvolvimento e evolução da natação. De nada valeriam os progressos tecnológicos se não surgissem o que, comumente, se chama de heróis olímpicos. Entre tantos, alguns podem ser destacados, como HAJOS, WEISSMULLER, SCHOLLANDER, SHANE GOULD, SPITZ, SALNIKOV, GROSS, JANET EVANS, BIONDI, POPOV, THORPE, HOOGENBAND e MICHAEL PHELPS.

ALFRED HAJOS tinha 13 anos quando se sentiu motivado a se tornar um bom nadador, depois que seu pai se afogou no Rio Danúbio. HAJOS venceu as provas de 100 e 1200 metros livres, no mesmo dia, nos jogos de 1896, sagrando-se o primeiro campeão da natação olímpica.

JOHNNY WEISSMULLER, norte-americano reconhecido, ainda hoje, como o melhor Tarzan do cinema, escreveu seu nome na história esportiva como o primeiro homem a nadar os 100 metros em menos de um minuto. Participou dos jogos de 1924 e 1928 e abandonou as piscinas com quatro medalhas de ouro olímpicas. Em 12 anos nas piscinas, estabeleceu 67 recordes mundiais e é considerado, o melhor nadador da primeira metade do século.

DONALD DON SCHOLLANDER foi um dos grandes nadadores do nado livre da história. Aos 18 anos, nos jogos de 1964, foi o primeiro nadador da história olímpica a conquistar quatro medalhas de ouro nos mesmos jogos. SCHOLLANDER foi o primeiro homem da história a nadar os 200 metros abaixo dos 2 minutos.

SHANE GOULD, da Austrália, foi um fenomenal talento da natação, vencendo, com apenas 15 anos, em 1972, as provas de 200 e 400 metros livre e 200 metros medley, além de ganhar a prata nos 800 metros livre e o bronze nos 100 metros livre. Retirou-se precocemente em 1973, com apenas 16 anos, tornando-se uma das maiores lendas olímpicas.

MARK ANDREW SPITZ disputou os jogos de 1968 e 1972. Os jogos de 1972 foram os jogos de Spitz, que ganhou sete medalhas de ouro (atleta com maior número de medalhas de ouro numa mesma edição) e bateu recorde em todas as provas que disputou. Venceu os 100 e 200 metros borboleta, 100, 200, 4 X 100 e 4 X 200 metros livre e 4 X 100 metros medley.

VLADIMIR SALNIKOV, nadador russo de provas longas, participou dos jogos de Montreal (1976), ganhou três medalhas de ouro em Moscou (1980), nas provas de 400, 1500 e 4 X 200 metros

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livre, baixando pela primeira vez na história a barreira dos 15 minutos nos 1500 metros (14’58’’27). Não pôde participar de Los Angeles por causa do boicote e, em Seul, chegou completamente desacreditado, com 28 anos, e um péssimo retrospecto. Chegou à final dos 1500 metros livre e, na final, na marca dos 625 metros, assumiu a liderança para não perder mais. Foi o mais velho campeão olímpico dos últimos 56 anos.

Medindo 2,01 m de altura e 2,11 m de envergadura, MICHAEL GROSS ficou conhecido como o albatroz. Representou a Alemanha Ocidental em 1984 e 1988. Em Los Angeles ganhou o ouro nos 200 metros livre e 100 metros borboleta (em ambas, bateu recorde mundial) e prata nos 200 metros borboleta e 4 X 200 metros livre. Em 1988, venceu a prova de 200 metros borboleta e ganhou o bronze nos 4 X 200 metros livre.

JANET EVANS é maior nadadora de longa distância de todos os tempos. Sua primeira participação olímpica foi em 1988, onde venceu os 400 e 800 metros livre e 400 metros medley. Em 1992, defendeu o título dos 800 metros livre com sucesso e chegou em segundo lugar nos 400 metros livre. Em Atlanta, teve participação discreta, mas suas marcas mundiais nas provas de 400 e 800 metros livre perduraram de 1988 a 1999.

MATTHEW NICHOLAS BIONDI é considerado o melhor nadador de crawl de todos os tempos. Nos jogos de 1984, ganhou o ouro nos 4 X 100 metros livre como terceiro membro da equipe recordista mundial. Em Seul, ganhou sete medalhas, cinco de ouro (50, 100, 4 X 100 e 4 X 200 metros livre e 4 X 100 metros medley), uma de prata (100 metros borboleta) e uma de bronze (200 metros livre). Em 1992 ganhou o ouro nos 4 X 100 metros livre e a prata nos 50 metros livre.

O russo ALEXANDER POPOV dominou as provas curtas dos anos noventa. Em 1992, venceu as competições de 50 e 100 metros livre e, em 1996, venceu as mesmas provas. Sua última participação foi em Sydney, onde conquistou a prata nos 100 metros livre.

Em 2000, IAN THORPE, adolescente de 17 anos, ganhou medalha de ouro nos 400 metros livre e nas provas de revezamento 4 x 100 e 4 x 200 metros livre, mas foi surpreendido na prova de 200 metros livre. Na raia ao seu lado, um nadador holandês, PIETER VAN DEN HOOGENBAND, tranqüilo e suficientemente veloz para vencer o invencível THORPE e estabelecer nova marca mundial para a prova (1’45’’35). O holandês derrotou também POPOV nos 100 metros livre e baixou, pela primeira vez na história a marca dos 48 segundos da prova, nas semifinais (47’’84), roubando completamente o show dos jogos. Nas provas femininas o grande destaque foi a holandesa Inge de Bruinj que conquistou medalhas de ouro e três recordes mundiais nas provas de 100 metros borboleta, 50 e 100 metros crawl.

O nadador Eric Moussambani, da Guine Equatoriana, na África, emocionava Sydney e tornou-se um símbolo dos Jogos Olímpicos. O atleta de 22 anos, participou da 1ª eliminatória, além de Moussambani estavam o nigeriano Karim Bare e Farkwood Oripov, do Tadjiquistão. Os dois queimaram a largada e foram desclassificados. Sozinho na piscina, Moussambani, demonstrou a habilidade de quem aprendeu a nadar em janeiro de 2000, sendo sua primeira vez em uma piscina de 50 metros. A cada braçada os espectadores não paravam de aplaudir. Quando saiu da piscina exausto ao completar a prova com o tempo de 1’52”72, foi tratado pelo público como um verdadeiro campeão.

Em 2004, MICHAEL FRED PHELPS II, estabeleceu o recorde de conquistar 08 medalhas olímpicas, sendo seis de ouro. As provas disputas foram os 200 metros livre, 100 metros borboleta, 200 metros borboleta, 200 metros medley, 400 metros medley, revezamento 4 x 100 metros livre, 4 x 200 metros livre e o 4 x 100 metros medley. Nas prova de 4 x 100 metros livre e na prova de 200 metros livre conquistou o bronze. Em 16 de agosto de 2004, foi realizada a prova do século os 200 metros livre, onde o australiano IAN THORPE, o holandês PIETER VAN DEN HOOGENBAND e o fenômeno MICHAEL PHELPS conquistaram o ouro, prata e bronze respectivamente.

Quando as provas de natação das Olimpíadas de Pequim terminaram, os Estados Unidos somavam apenas 16 ouros no quadro de medalhas. Destes, 12 vinham da modalidade, sendo oito, de Michael Phelps. O desempenho dos EUA na piscina do Cubo D'Água foi impressionante. Das 32 medalhas de ouro em disputa, os nadadores da terra do Tio Sam conquistaram 37% delas, sem contar as nove de prata e dez de bronze, somando 31 pódios no total. Em segundo lugar veio a Austrália, com apenas seis ouros e 20 medalhas no total. "É um orgulho fazer parte dessa equipe. Esse é o time mais unido com o qual já nadei", declarou Phelps, após conquistar sua oitava medalha de ouro nos Jogos e quebrar a marca de Mark Spitz, dono de sete títulos olímpicos em Munique-1972.

Antes, o fenômemo já tinha quebrado a marca de mais ouros em mais de uma edição dos Jogos - ele fechou sua campanha na China com 14 no total. Além disso, se tornou o nadador com mais recordes mundiais da história, com 25 marcas individuais quebradas.

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A norte-americana Dara Torres, por exemplo, conquistou três medalhas aos 41 anos, 24 anos depois de sua primeira vez em um pódio olímpico. Ela era 25 anos mais velha do que a mais jovem medalhista, Cate Campbell, da Austrália.

Já o australiano Eamon Sullivan e a norte-americana Katie Hoff deixam a China como os grandes perdedores dos Jogos Olímpicos. Sullivan chegou em Pequim como o nadador mais rápido do planeta, mas saiu dos Jogos sem nenhuma medalha de ouro - ao menos seus recordes mundiais dos 100 m e os 50 m livre ficaram intactos. Ele foi superado na final dos 100 m pelo francês Alain Bernard e na dos 50 m por César Cielo. Já Hoff chegou aos Jogos como o similar feminino de Michael Phelps. Nadou em seis eventos e conquistou três medalhas, nenhuma delas de ouro.

7. QUESTIONÁRIO

1) Descreva como surgiu a natação no Brasil e sua evolução até os dias de hoje. 2) Cite três personalidades que se destacaram na natação brasileira com seus respectivos feitos. 3) Descreva como ocorreu a evolução dos nados e o desenvolvimento da natação como desporto. 4) Quais os órgãos que regulam a natação em âmbito internacional, nacional e estadual? 5) Quais as provas que constam, atualmente, no programa da competição de natação dos jogos olímpicos (masculinas e femininas)? 6) Cite três atletas que se destacaram na natação mundial com seus respectivos feitos. 7) Explique qual a causa do bom desempenho das equipes de natação dos Estados Unidos e Austrália em Jogos Olímpicos.

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CAPÍTULO II APRENDIZAGEM DA NATAÇÃO

1. GENERALIDADES

O desenvolvimento de um País está intimamente ligado à educação do seu povo, e não se pode esquecer que a educação física e a prática dos desportos são comprovadamente importantes para consecução deste objetivo.

Segundo a FINA, natação é a ação de autopropulsão e auto-sustentação na água que o homem aprendeu por instinto ou observando os animais. Natação pode ser definida como o ato ou efeito de nadar. Nadar, por sua vez, significa uma sucessão de movimentos conscientes ou não, realizados pelo indivíduo ou animal, que lhe permitirá deslocar-se ou manter-se sobre ou sob o meio líquido, apoiando-se exclusivamente neste.

Após pesquisas realizadas, onde foram consultados psicólogos, sociólogos, fisioterapeutas, professores de educação física e médicos; foi a atividade aquática que obteve maior grau de avaliação em relação às demais, ao somarem os valores atribuídos às qualidades aprimoradas e desenvolvidas em cada desporto. Sendo a natação um esporte completo, deve-se dar oportunidade a todos de praticá-la, principalmente às crianças.

2. ASPECTOS DA NATAÇÃO

a. Aspecto Desportivo A natação é uma atividade física agradável, por meio da qual se pode adquirir boa coordenação

de movimentos e desenvolver as grandes funções orgânicas. Apresenta a grande vantagem de poder ser praticada em qualquer idade. Não apresenta limite de idade para a sua aprendizagem, sendo portanto, uma atividade ideal para crianças, jovens e idosos; homens ou mulheres.

Sendo um desporto individual, torna o seu praticante capaz de agir por si; concorrendo para aprimorar a sua personalidade. A força de vontade, persistência, resistência ao esforço e o espírito esportivo são constantemente postos à prova, possibilitando ao nadador uma formação moral elevada.

b. Aspecto Utilitário Sob este aspecto, a natação torna-se das mais importantes dentre as atividades físicas. O

homem, por um atavismo milenar, está adaptado à terra, o mesmo não acontecendo em relação à água, necessitando por isso de uma aprendizagem orientada para sobreviver no meio aquático.

Um indivíduo que sabe nadar tem consigo um seguro de vida que, em determinadas situações, lhe valerá a própria existência e, às vezes, garantirá a vida de outros que não tiveram a oportunidade de aprender a nadar.

As últimas guerras vieram demonstrar plenamente a eficiência da natação no preparo de ações militares. Várias operações de embarque, desembarque, torpedeamentos, travessia de rios, retirada de minas aquáticas e outras exigiram combatentes com conhecimentos efetivos de natação.

c. Aspecto Terapêutico A prática da natação constitui-se num poderoso e insubstituível processo terapêutico. Sendo um

desporto popular e benéfico, serve de tratamento para muitos e variados casos; tais como deformações vertebrais, atrofias, entorses, fraturas, poliomielite, asma, incapacidades respiratórias, cardiopatias, agressividade e inibição.

A natação possui a grande vantagem de não obrigar o participante a suportar seu próprio peso. A natação é, portanto, particularmente útil para pessoas com lesões físicas; dando-lhes uma oportunidade única de exercitarem o corpo. Os cegos, surdos e amputados podem nadar.

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d. Aspecto Recreativo A natação representa numerosas vantagens como desporto de prazer. As pessoas, em busca de

lazer, se deslocam às praias, rios e piscinas como simples forma de ocupação de tempos livres. Os movimentos na água, a sensação de propulsão, assim como a de poder deslizar ou

mergulhar são muito agradáveis. Existem, por outro lado, muitos jogos que podem ser realizados dentro d’água. A natação serve para abrir a porta para uma vasta gama de desportos como polo aquático, pesca submarina, vela, surf, saltos ornamentais, etc. Assim, sabendo-se nadar, pode-se aproveitar as horas ociosas com diversas atividades aquáticas tão importantes para o equilíbrio físico-emocional.

e. Aspecto Psíquico JEAN PIAGET diz que é através da motricidade que a criança desenvolve o seu poder

intelectual (criatividade). A natação oferece esta oportunidade antes mesmo da criança saber andar. A atividade aquática proporciona às crianças vivências enriquecedoras capazes de promover, por sua atmosfera, riqueza e diversidade, estímulos à curiosidade e à atividade. O autocontrole emocional adquirido pela criança, leva-a à autoconfiança e à plena realização do seu campo psíquico.

3. CARACTERÍSTICAS ESPECÍFICAS

Sendo a natação um desporto praticado em um meio diferente daquele no qual normalmente o homem vive, torna-se necessário lembrar algumas características específicas que apresenta e que, certamente, serão de grande utilidade quando da iniciação dos alunos na prática desse desporto.

a. Força Ascensional ou Empuxo É a força que age de baixo para cima contra um corpo mergulhado num líquido. Quanto maior o

volume e menor o peso (menor densidade), maior é o empuxo. Um objeto somente flutuará num fluído se sua densidade for menor que a densidade do fluído.

Quando a pessoa inspira profundamente, aumenta o volume do seu corpo, sua densidade diminui , fazendo com que ela flutue.

b. Resistência da Água A sensação no meio líquido é a resistência da água que inibe a marcha, trava movimentos

rápidos e exige dispêndio de força maior, assim como a sensação de água entrando no nariz, boca e ouvidos que requer uma adaptação.

c. Influência Térmica Na água, a perda de calor geralmente é maior que em terra pois normalmente a temperatura da

água é inferior à temperatura ambiental. A permanência na água sem qualquer perigo ou inconveniente depende de vários fatores:

temperatura da água, resistência do indivíduo, grau de treinamento, hábitos, entre outros. Um meio seguro e prático de se saber quando é chegado o momento da saída d’água é indicado

pelos primeiros calafrios. d. Pressão da Água A pressão que a água exerce sobre o tórax submerso oscila entre 8 e 12 kg. Tendo que realizar

um trabalho intenso, sofrendo esta pressão constante, os músculos respiratórios adquirem um desenvolvimento excepcional.

4. FATORES QUE INFLUEM NA APRENDIZAGEM

Muitos são os fatores que influem na aprendizagem da natação e, por este motivo, algumas pessoas sentem mais dificuldades que outras durante a aprendizagem. Os principais fatores que influem na aprendizagem são os seguintes:

a. Sexo Com a relação às crianças, as meninas, em geral, têm maior desenvolvimento físico-mental em

relação aos meninos da mesma idade, o que leva a um comportamento mais disciplinado e a uma maior concentração, facilitando uma maior atenção e entendimento dos ensinamentos ministrados.

Com relação aos adultos, o homem tem, em geral, maior força muscular e disposição para enfrentar o cansaço advindo dos exercícios praticados, obtendo melhores resultados.

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b. Idade Com o passar dos anos, as dificuldades aumentam devido ao aparecimento das fobias, a

escassez de tempo para freqüentar as aulas e o natural envelhecimento do organismo. c. Flutuabilidade É um fator de grande importância para a natação. Um nadador flutua mais facilmente que outro

devido principalmente à sua menor densidade corpórea (pesos dos ossos e tônus muscular). Um tônus muscular muito rígido contribui para uma maior densidade do corpo e uma menor flutuabilidade.

d. Sistema Nervoso As pessoas muito sensíveis ou nervosas, em contato com o meio líquido, podem apresentar falta

de concentração e descontrole do sistema emocional, prejudicando o seu rendimento no aprendizado. e. Vontade do Instruendo É um fator muito importante e dele dependerá o êxito do aprendizado. Antes de tudo, o aluno

precisa querer aprender a nadar. f. Assiduidade Os alunos mais assíduos, em geral, obtém resultados melhores com menos tempo de aula, pois

não interrompem a seqüência didática. g. Estilo Inicial A aprendizagem deve ser realmente iniciada pelo nado crawl. Além da didática de ensino ser

mais bem estruturada, todos os demais nados tornar-se-ão mais fáceis de serem aprendidos posteriormente. Porém, se algum aprendiz desenvolver inicialmente outro nado, é preciso encorajá-lo nesta aquisição. Deve-se valorizar as descobertas felizes desde que não sejam contrárias ao progresso.

h. Freqüência das Aulas O ensino é mais produtivo em aulas diárias do que alternadas. i. Temperatura da Água Quanto mais fria for a água, menor será a duração de permanência na mesma e menor o

progresso do aluno. Água muito quente também prejudica o rendimento, pois provoca um relaxamento excessivo no instruendo.

j. Capacidade Técnica do Instrutor É um fator de grande importância. Para organizar o ensino o professor precisa dominar o

conteúdo a ser ensinado, conhecer as aptidões dos alunos, saber formular objetivos e dominar os métodos e meios de ensino.

5. A DIDÁTICA DA NATAÇÃO

a. Motivação Estudos realizados revelam que a capacidade de retenção aumenta com o interesse pela

atividade. A apresentação de metas mantém a motivação até que elas sejam atingidas ou consideradas

não essenciais. É, pois, conveniente definir-se o nível de exigência de acordo com as características iniciais dos alunos. Sempre que um aluno atinge a meta estabelecida, outra lhe deve ser apontada, estimulando-o ao aperfeiçoamento.

Uma técnica de motivar bastante útil é proporcionar ao principiante a oportunidade de demonstrar perante os colegas a sua evolução. O importante é prever desde do início um conjunto de metas convenientemente hierarquizadas, correspondendo cada uma delas a um determinado estágio de aprendizagem. Deste modo, o estabelecimento de níveis ou graus com dificuldades progressivas deve ser determinado, inclusive para as crianças menores, como o exemplo:

1º Grau - as rãs > 2º Grau - os peixinhos > 3º Grau - os golfinhos

Este processo, entre outras, apresenta as seguintes vantagens: - Mantém o aluno sempre motivado pelo estímulo de subir de grau.

- Permite respeitar as diferentes capacidades individuais, facilitando o estabelecimento de tarefas diferenciadas pelo professor.

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b. Número de Alunos por Sessão e Tempo de Aula O número ideal é difícil de se decidir, tendo-se que levar diversos fatores em consideração. Para

iniciantes e não nadadores, quanto menor o número, melhor. Como regra geral, o número máximo de não nadadores é em torno de 12. Tal fato deve-se a especificidade desta modalidade e pelos perigos que pode provocar um número excessivo de alunos por sessão.

O tempo de aula depende da temperatura da água, da temperatura ambiente e das tarefas a cumprir na sessão que são conseqüentes do nível de aprendizagem do aluno.

A temperatura da água entre 25º e 27º Celsius permite, mesmo para crianças entre quatro e seis anos, uma sessão de 45 minutos.

c. Meios Auxiliares de Instrução Alguns exemplos são pranchas de isopor, pés-de-pato, óculos de natação, corpos flutuantes e

pequenas pedras pintadas com cores vivas. Um quadro de escrever é útil para transmitir informações e atividades a serem realizadas. Quadros que mostram atividades diversas, como salvamento, manobras de primeiros socorros e

seqüência dos diversos movimentos dos nados são muito esclarecedores e podem ajudar o professor a explicar certas atividades.

No ensino de salvamento e primeiros socorros, bonecos que reagem à compressão e à insuflação são excelentes para retratar a função do coração e dos pulmões durante uma situação de emergência.

Filmes e slides são muito atraentes para os jovens iniciantes. As raias são importantes para dividir a piscina de aprendizagem. Varas longas e curtas podem ser usadas tanto para propósitos de ensino como para segurança. Alguns cuidados deverão ser tomados quando da utilização destes meios de modo a serem

atingidos os objetivos. Assim o material deve ser apropriado à idade e capacidade dos alunos e aos objetivos da sessão, além de previsto com antecedência. Deve ser estimulada a conservação do material pelos alunos e mantido o espírito de novidade (a distribuição do diferente material ao longo do curso de uma forma equilibrada estabelece uma motivação favorável ao desempenho das tarefas da sessão).

d. Higiene A higiene na piscina é importante e difícil de controlar. O professor deve instruir os alunos a

respeito da higiene na piscina e determinar o padrão que deseja que seja mantido pela turma. Os principais aspectos da higiene a serem abordados são: uso do banheiro, dos lava-pés e duchas antes de ir para piscina, utilização de trajes de banho limpos, enxugamento e agasalhamento do praticante após a aula, lavagem e colocação dos trajes de banho para secar, uso de toucas de natação (principalmente para alunos de cabelos grandes), proibição, no recinto da piscina, do uso de calçados que venham de fora e proibição da prática n’água em casos de erupção de pele, micoses, verrugas, ferida supurando, pé-de-atleta, tosses, resfriados, dias de maior fluxo menstrual, crise de bronquite e de asma, etc.

e. Segurança Ao professor cabe a responsabilidade da segurança dos alunos. Ele deve estar atento aos

perigos da piscina e ser capaz de enfrentar as situações que possam ocorrer. Através de quadros que ilustrem os comportamentos certos e errados na piscina ou através de uma explanação durante a primeira aula pode-se transmitir, satisfatoriamente, as informações relativas à segurança do aluno que precisam ser incutidas nele para sua própria proteção. Assim, o professor deve:

- Mostrar ao aluno as extremidades rasa e funda da piscina. - Proibir brincadeiras de fazer-se de afogado, empurrar ou afundar alguém. - Ser capaz de retirar um afogado d’água e realizar eficientemente as técnicas de salvamento

que se fizerem necessárias. - Ser o primeiro a chegar e o último a sair do local da aula, bem como não deixar a turma

desacompanhada mesmo que seja por um breve momento. - Determinar aos alunos que não brinquem de correr na área em torno da piscina, principalmente

se esta for escorregadia. - Deixar os alunos entrarem na piscina somente mediante ordem, inclusive os atrasados e

aqueles que pedirem para ir ao banheiro.

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- Solicitar que os alunos retirem objetos pessoais (relógio, pulseiras, etc) antes de entrarem na água, não chupem balas ou masquem chicletes enquanto nadam, não comam pelo menos por uma hora antes de nadar e verifiquem se a área de saltos está livre quando se lançarem nela.

f. Unidade de Ensino Todo ensino deve ser organizado partindo do simples para o complexo, do conhecido para o

desconhecido. É inconveniente começar uma aula com exercícios difíceis e ocupar o resto do tempo com exercícios fáceis. O trabalho deve ser progressivo, isto é, o aumento das dificuldades dos vários exercícios deve ser gradual.

Uma etapa mal assimilada provoca, normalmente, um atraso na aprendizagem. Deste modo, os esforços exigidos deverão estar de acordo com a capacidade dos alunos.

Para um curto processamento do movimento, as distâncias a serem cumpridas devem ser curtas e repetidas com intervalo entre elas. Estas pausas destinam-se a permitir uma recuperação após o esforço exigido e realizar breves explicações sobre o movimento.

g. Técnica de Ensino

O professor precisa desenvolver uma técnica de ensino boa e segura. Alguns pontos importantes para o sucesso são:

g.1. Estabelecer uma boa relação aluno/professor. A aula deve ser viva e participada. O professor deve encorajar, elogiar, repreender gentilmente, brincar amavelmente e ser firme em suas decisões, mas não muito exigente para não provocar rebeldia nos alunos.

g.2. Posição de ensino. A colocação do professor deve ser na borda da piscina ou em qualquer outro local elevado, onde possa exercer vigilância sobre todos os alunos e estes possam ver seus movimentos e ouvi-lo claramente. Quando o professor dirige-se aos alunos, ele mantém-se em pé e permanece olhando-os enquanto fala. É importante também, demonstrar corretamente a execução de um exercício ou nado.

g.3. Explicar as instruções. Ao se dirigir aos alunos, o professor deve falar lenta e claramente, usando palavras e frases adequadas ao nível deles. Cada instrução específica deve ser curta e simples; é inútil lançar-lhes muitas informações de uma só vez. Instruções na forma negativa tais como “não faça assim” ou “não faça isto” devem ser evitadas.

g.4. Valorizar os jogos. Todas as crianças adoram jogar. Através de jogos e artifícios, o professor conduz os alunos aos objetivos pretendidos. Os jogos devem ser graduados de acordo com idade e a capacidade dos alunos e sempre supervisionados.

g.5. Fazer o planejamento das atividades. O planejamento é uma etapa importante a ser elaborada pelo professor, por permitir a sistematização e controle do trabalho a efetuar ou já efetuado, estimular a participação dos alunos ao serem estabelecidas metas, estabelecer condições que propiciem a avaliação contínua do trabalho, tanto para o professor como para os alunos, e tornar o trabalho mais eficaz e econômico.

O planejamento deve atender a três aspectos essenciais:

- A quem se aplica (a idade e o grau de aprendizagem dos alunos). - Onde se aplica (o local, piscina rasa ou funda, mar ou rio, etc). - Como se aplica (hierarquização dos conteúdos programados de uma forma consciente e

conseqüente). g.6. Fazer um plano de aula básico. Abaixo, um exemplo de plano de aula básico. g.6.1. Atividade Introdutória. O professor fará uma breve explanação que deve ser vista por

todos, ser clara e sugestiva para poder ser entendida e motivadora e informar o que se pretende que os alunos façam no final da aula (objetivo da aula).

Após, o professor dará a ginástica, a fim de aquecer os músculos e preparar o organismo para o trabalho a ser realizado, desenvolver a mobilidade articular, proporcionar o relaxamento físico e mental indispensáveis à execução dos trabalhos na água e educar os músculos quanto aos movimentos corretos e a sua coordenação para prepará-los para os trabalhos na água.

Esta ginástica pode ser dividida em dois tipos de exercícios diferentes quanto à finalidade própria. São eles:

- Exercícios educativos ou específicos (Fig 2-1): servem para corrigir e aperfeiçoar os detalhes da execução dos movimentos característicos dos diversos nados. Exemplos:

- Rotação dos braços para frente ou para trás, alternadamente ou simultaneamente. - Rotação dos braços para frente, com o tronco flexionado (braçada no nado crawl).

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- Mãos nos joelhos, rotação da cabeça para os lados (respiração no nado crawl). - Com o tronco flexionado, braço direito (esquerdo) estendido à frente e o esquerdo (direito) à

trás, realizar a respiração lateral (respiração no nado crawl). - Coordenar a respiração com o movimento de rotação dos braços (braçada e respiração no

nado crawl). - Batida de pernas tipo crawl em decúbito ventral ou dorsal.

- Exercícios de flexibilidade (Fig 2-2 e 2-3): servem de aquecimento. Propõem-se a alongar a

musculatura em geral e facilitar os movimentos das articulações corpóreas. Exemplos: Os exercícios que irão compor a sessão deverão ser criteriosamente escolhidos pelo instrutor,

tendo em vista o objetivo a ser alcançado. Em estágios menos avançados da aprendizagem, deve-se dar ênfase nos exercícios educativos. Nos dias frios, deve-se intensificar a quantidade e a cadência dos exercícios, bem como diminui-los nos dias quentes.

g.6.2. Recapitulação da aula anterior. É importante aproveitar-se das aquisições feitas na etapa anterior.

Fig 2-1. Exercícios educativos ou específicos.

g.6.3. Atividade principal. Baseada no objetivo da aula. Esta deve compreender o máximo de

tempo possível. Os exercícios devem ser demonstrados em “câmara lenta” e, logo após, a um ritmo normal.

g.6.4. Tempo livre supervisionado. A aula termina com um pequeno tempo livre no qual os alunos podem fazer o que quiserem. É necessário um controle rigoroso para evitar atividades perigosas.

g.7. Agrupar os alunos por nível técnico. O número de grupos dependerá da capacidade técnica e do número de alunos.

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g.8. Realizar aulas de avaliação. É importante avaliar-se as habilidades que tenham sido ensinadas. Uma boa organização é essencial durante essas sessões e é desejável que haja assistência.

Fig 2-2. Exercícios de flexibilidade.

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Fig 2-3. Exercícios de flexibilidade

6. FASES DA APRENDIZAGEM DA NATAÇÃO

Esta etapa compreende o período que se inicia no momento em que o aluno parte do zero e termina quando ele já desenvolve satisfatoriamente as três progressões clássicas: flutuação, respiração e propulsão.

Quando se pode dizer que o aluno sabe nadar? - Quando existe uma completa familiarização com a água. - Quando ele sabe respirar corretamente. - Quando percorre uma distância mínima. - Quando sabe mergulhar. Pedagogicamente, é necessário que o aluno vença o medo da água e busque a coordenação

dos movimentos. Pode-se, portanto, dividir a moderna pedagogia da natação em unidades que representam as cinco etapas que o aluno deve superar para alcançar seus objetivos: a familiarização com o meio aquático, a flutuação, a respiração, a propulsão e o mergulho elementar.

a. Familiarização com o meio aquático Na aprendizagem, é fundamental que o aluno se familiarize e tenha confiança com água. O primeiro objetivo a ser atingido é a eliminação da rigidez muscular produzida, quase sempre,

pelo medo da água. O segundo, e mais importante, é o ensino da correta mecânica respiratória. Ambos podem ser conseguidos através de exercício e jogos que proporcionam confiança na água.

A motivação é o motor do ensino. Deve-se lembrar que as experiências desagradáveis podem atrapalhar o aprendizado e é necessário que a prática seja amena e divertida.

O ensino atual da natação deve considerar todos os componentes sensoriais e motores do aluno. É necessário, então, que ocorra dentro da água, com a principal preocupação de oferecer segurança ao aluno, para que este não tenha uma impressão desagradável diante dessa nova situação. Esta segurança traz confiança para que se possa seguir com o processo de aprendizagem.

A idade ideal para a aprendizagem da natação é de quatro a cinco anos, uma vez que nessa faixa etária as crianças normalmente já desenvolvem uma hidrofobia considerável.

Exemplos de exercícios de familiarização com a água:

Exercício Descrição Objetivo

1 Descer lentamente a escada da piscina. Contato gradual com a água, evitando sobressaltos.

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2

Deslocar-se segurando a borda.

Acostumar-se com a água, mover-se dentro dela e perceber que a água é um elemento de sustentação, ajuda e apoio.

3 Caminhar pela piscina. Idem exercício 2. .

4 O carrossel (jogo). Idem exercício 2.

5 Molhar o rosto. Acostumar o aluno com a sensação do rosto molhado.

6 Submergir mantendo o ar nos pulmões. Idem exercício 5.

7 Com a cabeça dentro da água, contar os dedos abertos do colega ou do professor.

Imergir e abrir os olhos dentro da água.

8 Passar por debaixo das pernas do companheiro.

Idem exercício 7.

9 Apanhar um objeto no fundo. Idem exercício 7.

10 Submergir para não ser tocado pela bola em um círculo (jogo).

Imersão rápida.

11 Dois a dois, um tenta molhar o rosto do outro.

Idem exercício 10.

12 Jogo de pólo. Naturalidade na água.

13

Conduzir a bola com a cabeça.

Imersão. Obs: Podem ser feitas corridas para ver quem chega primeiro em um lugar determinado.

14 Dois ou mais grupos. Passar a bola para o colega por debaixo das pernas (jogo).

Idem exercício 13.

15 Em grupos de dois ou em fila. Saltar sobre o colega.

Idem exercício 14.

b. Flutuação O trabalho específico da flutuação objetiva ajustar o aluno de forma natural e cômoda na posição

horizontal que ele deve manter na água para ensino dos estilos. As posições ventral e dorsal devem ser hidrodinâmicas, ou seja, devem oferecer o menor grau de resistência possível ao avanço sobre a superfície da água. A posição dos braços, pernas e cabeça é particularmente importante na realização do deslizamento mais efetivo sobre a água. A flutuação ventral será mais hidrodinâmica com os braços estendidos no prolongamento do corpo e o rosto submerso do que se a cabeça estiver fora da água. Daí a importância de se atingir o objetivo prévio da imersão, antes de passar para o trabalho de flutuação.

A flutuação depende de vários fatores, dentre eles: - Força de empuxo. É a resultante das forças verticais para cima que a água exerce sobre um

corpo. - Peso específico de cada nadador. Um corpo flutuará somente se o peso do corpo for menor ou

igual ao peso de um volume igual de água. As mulheres, de modo geral, flutuam melhor que os homens, pois têm menor peso específico, devido à maior quantidade de tecido adiposo e à menor quantidade de músculos.

- Volume de ar nos pulmões. Tem um efeito pronunciado na capacidade do indivíduo de flutuar. Se uma pessoa inspira profundamente, ela aumenta consideravelmente o volume de ar nos pulmões, o volume do tórax como o volume do seu corpo todo. O aumento no peso corporal que acompanha esse aumento de volume é desprezível, portanto o efeito total dessa inspiração forçada gera uma redução substancial no peso específico do corpo. A possibilidade de a pessoa ser capaz de flutuar é, portanto, aumentada. A prática de exercícios de flutuação exige condições psíquicas especiais.

Exemplos de exercícios de flutuação:

Exercício Descrição Objetivo

1

Com o flutuador no peito ou nos braços, sustentar-se com as mãos agarradas na borda da piscina. Soltar uma mão e depois as duas.

Flutuação ventral e aquisição de confiança com os flutuadores.

2

Na posição vertical, fazer uma grande inspiração e levantar várias vezes os pés para trás, tentando elevá-los até a superfície.

Flutuação ventral.

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3

Dois a dois, um puxa o colega, que procura manter o rosto submerso durante o maior tempo possível, enquanto fica em decúbito ventral.

Idem exercício 2.

4

Com a prancha e o flutuador na cintura, empurrar a parede com as pernas e estender-se na horizontal com a cabeça fora da água e depois dentro.

Flutuação, deslizamento ventral e busca de posições hidrodinâmicas.

5

Agachado sobre a escada, empurrar e estender-se horizontalmente com as mãos e os braços estendidos adiante.

Idem exercício 4.

6 O túnel: o aluno tenta passar por debaixo das pernas afastadas dos colegas, que estão em fila.

Deslizamento ventral, profundo e prolongado.

7

Tentar tocar os pés com as mãos, submergindo a cabeça na água, sem tirar os pés do fundo da piscina

Sentir o empuxo da água para cima.

8 A medusa: depois de uma inspiração profunda, agrupar-se segurando os joelhos com as mãos.

Observar que o corpo flutua na água com ar nos pulmões.

9 Na posição de medusa, estender-se horizontalmente e voltar à posição inicial.

Equilíbrio na água e flutuação ventral.

10

Agachado com as pranchas nas mãos, deixar-se cair para trás, elevando os quadris até atingir a prancha.

Flutuação dorsal.

11

Com uma mão na borda e a outra segurando a prancha, empurrar a parede com as pernas, mantendo a cabeça baixa em prolongamento com o corpo e a prancha sobre a barriga.

Idem exercício 11.

12

Com as mãos agarradas à borda, empurrar a parede e endireitar o tronco, com os braços separados do corpo.

Flutuação dorsal e busca do deslizamento mais prolongado sobre a superfície.

13 O mesmo exercício anterior, só que saindo da posição vertical.

Flutuação vertical.

14

Da posição de flutuação ventral passar para a flutuação dorsal, girando o tronco, virar para a posição ventral e retornar para a posição vertical.

Flutuação dorsal e ventral e equilíbrio do corpo na água.

c. Respiração É a fase mais importante da aprendizagem. Enquanto o iniciante não conseguir respirar com

desembaraço, ele terá dificuldade para coordenar os movimentos, bem como manter-se e locomover-se dentro da água.

A educação respiratória tem por objetivo dominar os movimentos respiratórios correspondentes ao estilo. Por isto, são executados exercícios fora da água que visam a ensinar a correta mecânica da respiração ao aluno.

A fase de inspiração deve ser curta e bucal e a fase de expiração deve ser feita com a cabeça submersa. A expulsão do ar deve ser feita lentamente, pela boca ou pelo nariz.

Exemplos de exercícios de respiração frontal:

Exercício Descrição Objetivo

1 Soprar uma bola de pingue-pongue. Noção de expiração.

2 Soprar a água que está nas mãos em forma de concha. Idem exercício 1.

3 Soprar com a boca dentro da água. Idem exercício 1.

4 Segurar na borda, respirar pela boca e afundar o rosto soltando o ar pela boca e pelo nariz.

Expiração aquática.

5 De pé, dentro da piscina, inspirar e soltar o ar dentro da água, agachando-se.

Expiração aquática e expiração completa.

6 Segurar a borda com o tronco flexionado para frente, ou de pé, no fundo, levantar a cabeça para inspirar e mergulhar o rosto para expirar.

Expiração completa.

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Exemplos de exercícios de respiração lateral:

Exercício Descrição Objetivo

1 Idem exercício 6 de respiração frontal, só que girando a cabeça para o lado para inspirar e mergulhando o rosto para expirar.

Cadência respiratória.

2 De costas na borda, mãos agarradas na calha, pegar o ar de um lado e girar a cabeça colocando o rosto na água para soltar o ar dentro dela.

Idem exercício 1

3

Com as mãos na borda em decúbito ventral, braços estendidos e com um pull boy nas pernas. O aluno inspira durante 2 segundos para um lado e expira dentro da água por 6 segundos.

Idem exercício 1.

4 Segurando a prancha e em deslizamento, realizar o exercício 1 Idem exercício 1.

Exemplos de exercícios de respiração bilateral:

Exercício Descrição Objetivo

1 De pé, o aluno faz a inspiração de um lado, coloca a cabeça dentro da água, expirando, conta mentalmente até 3 e executa a inspiração do outro lado.

Cadência respiratória.

2 Idem exercício 1, preso ao quebra ondas pelas mãos, batendo as pernas.

Idem exercício 1

3 Idem exercício 1, só que puxado por um companheiro. Idem exercício 1

d. Propulsão A propulsão implica a adaptação humana ao meio aquático de maneira completa. É a

capacidade que tem o corpo de se locomover dentro da água com os próprios recursos e depende do trabalho conjunto de pernas e braços.

Existem três fases da propulsão na aprendizagem: noção de propulsão ou propulsão básica, propulsão de pernas e propulsão de braços.

Exemplos de exercícios de propulsão básica:

Exercício Descrição

1

O escorregador. Desafie: “Vamos ver quem é capaz de ir mais longe!” Todos os alunos, com uma perna no fundo da piscina e outra apoiada na parede da mesma, braços estendidos para frente, impulsionam-se com a maior força possível, forçando a perna na parede e deixando seu corpo deslizar dentro da água, até parar e ficar em pé. Será vencedor o aluno que atingir a maior distância.

2

O torpedo. Um aluno fica estendido na superfície da água, enquanto outro segura o companheiro, impulsionando-o para frente, com braços e pernas estendidos, como se fosse um torpedo. Será vencedora a dupla que alcançar a maior distância.

3 O salto do canguru. O aluno apoia-se com os pés no fundo, salta, deixa o corpo cair e deslizar. Quando começa a perder o impulso, dá novo salto, e assim sucessivamente.

Exemplos de exercícios de propulsão de pernas:

Exercício Descrição

1

Visualização fora da água. Na borda da piscina ou em qualquer outro lugar julgado conveniente, o professor mostra aos alunos como deve ser realizado o movimento de pernas, enfatizando que parte da articulação coxofemoral e que os pés devem estar soltos. Convém destacar que o movimento de pernas dentro da água é solto e há uma ligeira flexão dos joelhos, em virtude do líquido, porém, se o aluno fizer uma pequena flexão, ele irá adicionar esta flexão à natural executada, tornando-a exagerada, razão pela qual recomenda-se pernas estendidas, pois a flexão natural será executada.

2 Braços presos ao quebra-ondas, batimento de pernas com correção, até que tenha conseguido o exercício desejado.

3 No quebra-ondas, batimento de pernas com respiração frontal.

4 No quebra-ondas, batimento de pernas com respiração lateral.

5 No quebra-ondas, batimento de pernas com respiração bilateral.

6 Puxado por um companheiro, batimento de pernas com respiração frontal.

7 Puxado por um companheiro, batimento de pernas com respiração lateral.

8 Puxado por um companheiro, batimento de pernas com respiração bilateral.

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9 Segurando na borda inferior da prancha que está sendo puxada por um companheiro, executar a respiração frontal.

10 Idem anterior, com respiração lateral e bilateral.

11 Batimento de pernas, segurando na prancha na borda inferior, no meio e na borda superior desta.

12 Idem anterior, só que com respiração frontal, lateral e bilateral.

13 Competição de batida de pernas com prancha.

Exemplos de exercícios de propulsão de braços:

Exercício Descrição

1 Visualização fora da água, com explicação da trajetória do braço e correção.

2

Visualização dentro da água. De pé, sentindo a resistência da água, olhar a trajetória do braço dentro e fora da água. Obs: Neste aprendizado, deve-se enfatizar os dedos apontados para baixo, cotovelo mais alto que a mão, costa da mão apontada para frente.

3 De pé, executar o movimento de um braço, com respiração, depois o outro, depois ambos, progredindo andando na água.

4 Batimento de pernas. Segurando a prancha pelo meio, executar o movimento de um braço, com respiração, colocando-o sobre a prancha a cada respiração.

5

Batimento de pernas. Segurando a prancha pelo meio, executar o movimento alternado de braços, ficando um sobre a prancha, enquanto o outro dá a braçada. A inspiração é executada durante o movimento do outro braço, e a expiração é executada dentro da água, no movimento do braço oposto à inspiração. Em cada movimento um dos braços é colocado sobre a prancha. Assim, imitamos o nado completo.

6 Nado completo em pequenas distâncias.

e. Mergulho elementar Trata-se da entrada na água de diversas maneiras. Exemplos de exercícios de mergulhos:

Exercício Descrição

1 Entrada na água por meio de um salto, entrando na posição de pé (primeiro os pés), sem impulso.

2

Entrada na água de pé, através de saltos, com impulsos de pequenas distâncias e depois de maiores. Pode-se aproveitar a forma de desafio: “Vamos ver quem é capaz de saltar mais longe!”

3

Entrada de cabeça na água, partindo da posição deitada em uma prancha ou escorregador. Convém enfatizar o seguinte: braços no prolongamento do corpo, queixo colado ao peito, não devendo ser erguido no momento de entrada na água. Para melhor execução, os olhos devem estar fechados enquanto se escorrega pela tábua.

4

Mergulho de cabeça, partindo da posição sentada. Na borda da piscina, pés no quebra-ondas, o aluno procura colar o queixo no peito, estender os braços e, com pés forçando o quebra-ondas, ir elevando os quadris de modo a que fiquem mais elevados ou ao nível da cabeça. Nesse ponto a inclinação do corpo faz com que o aluno entre na água, procurando chegar o mais perto possível dela com a cabeça, sendo auxiliado pelo professor. Após vários exercícios, pedir ao aluno para impulsionar no final do salto.

5

Mergulho, partindo da posição ajoelhada, sentado nos calcanhares, braços estendidos, queixo colado ao peito. Ir abaixando a cabeça, procurando aproximá-la da água, com elevação dos quadris, até a inclinação completa, quando iniciará sua queda para a água. Nesse momento, o professor dá um ligeiro toque nos pés do aluno, elevando-o e evitando sua batida na borda da piscina.

6

Partindo da posição ajoelhada, não sentado nos calcanhares e, portanto, em plano mais elevado, fazer o aluno ir procurando a água com a cabeça e elevando os quadris, até alcançar a inclinação que o leve a cair na água. Aqui o professor também deve auxiliar o aluno, para sua total segurança, elevando suas pernas.

7

Partindo da posição ajoelhada sobre uma perna, estando a outra apoiada no quebra-ondas, braços estendidos e queixo colado ao queixo, elevar os quadris e procurar aproximar a cabeça da água, até alcançar a inclinação total.

8

Mergulho de cabeça, partindo da posição de pé, sem auxílio. De pé, braços em extensão, queixo colado ao peito, pernas semiflexionadas, o aluno procura estende-las, ao mesmo tempo que eleva os quadris, executando o mergulho e procurando progredir debaixo da água, com movimentos de braços e pernas.

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9

Mergulho de cabeça com impulsão, correndo. Inicialmente a pequenas distâncias, depois a maiores, à medida que for adquirindo confiança. O aluno executa o mergulho procurando progredir o máximo que puder debaixo da água, com movimentos de braços e pernas.

7. NATAÇÃO PARA BEBES (ATÉ TRÊS ANOS)

A natação para bebês nasceu nos Estados Unidos, devido à grande quantidade de piscinas domésticas e dos perigos apresentados pela curiosidade própria dos bebês nas suas proximidades. Assim, a possibilidade de preparar as crianças o mais cedo possível foi vislumbrada para diminuir o grande número de acidentes.

Ela realiza-se num âmbito pré-escolar, numa idade que as crianças não podem ser ensinadas em grupos por professores. Nesta idade, as crianças precisam do pai e da mãe como pessoas que entendem sua linguagem e que vão lhes ensinar, através desta linguagem familiar, a transição de um ambiente conhecido para um ambiente desconhecido que é a piscina.

A aprendizagem da natação nesta idade visa a: - Promover o desenvolvimento físico e intelectual do bebê. A maioria dos bebês passam a maior

parte do tempo deitados ou sentados no berço ou no carrinho, de forma passiva. Na água, o bebê realiza movimentos que não teria condições de realizar sob a força da gravidade. Hoje, sabe-se que o desenvolvimento intelectual da criança é produto do desenvolvimento motor.

- Desenvolver a capacidade de auto-salvamento, isto é, fazer com que o bebê tenha condições de se manter na superfície ou através de movimentos instintivos chegar à borda da piscina ou em qualquer outro apoio.

- Proporcionar uma maior resistência ao resfriado e uma saúde mais estável. - Utilizar suas faculdades pré-existentes de apnéia. - Reforçar o relacionamento entre pai e filho. Normalmente a mãe passa mais tempo com o filho.

Neste caso o pai leva o bebê para a natação ou acompanha-o com a mãe. O método requer que os pais sejam os monitores dos professores de natação. Deste modo, os

pais recebem instruções dos professores antes de entrarem na água com o bebê. É essencial que a mãe e/ou o pai entrem na água.

É importante que os pais mantenham-se descontraídos, relaxados e tranqüilos, uma vez que o comportamento dos bebês é conduzido por sensações agradáveis e desagradáveis. Deve-se procurar sempre criar condições agradáveis. O contato corporal, o abraço terno da mãe ou do pai, após uma situação desagradável é a fonte de segurança e de sucesso do método.

Os primeiros estímulos podem ser realizados em casa durante os banhos do bebê, a partir do momento em que o médico liberar a criança após a queda do umbigo. Estes banhos devem ser realizados na banheira de casa e são importantes para que os pais treinem como pegar a criança.

Com o decorrer do tempo, a temperatura da água dos banhos deve ser diminuída gradativamente de 36º Celsius, a fim de preparar o bebê para temperatura da água da piscina, que deve ter um teor de cloro baixo.

As crianças com menos de quatro meses podem ser alimentadas a qualquer hora, já as com mais de quatro meses devem ser alimentadas no mínimo uma hora antes da aula. A freqüência ideal são três aulas por semana com a duração de 20 minutos.

Os exercícios mais utilizados são:

- Mergulho. No máximo três em cada aula. Antes de mergulhar a criança, o pai molha sua nuca, depois a cabeça toda e sopra seu rosto, como formas de aviso. No começo, os pais afundam com a criança colada ao corpo, depois podem fazê-lo segurando-a pelas axilas.

- Soprar Bolhas. O pai ou a mãe sopra o rosto da criança para que ela sinta a corrente de ar e logo após faz o barulho das bolhas na água.

- Flutuar. Os cuidados são maiores com bebês menores de um ano. Estes flutuam melhor de costas. Assim, o pai segura-o em decúbito dorsal, com uma das mãos segurando a cabeça e com rosto próximo ao do bebê conversa com ele.

- Torpedo. O pai segura a criança em forma de sanduíche e, após mergulhá-la, empurra para a mãe que deve estar bem próxima. A distância entre o pai e mãe vai aumentando aos poucos para que a criança comece a realizar movimentos de pernas e braços com intuito de emergir os orifícios respiratórios. Mais tarde, basta conduzi-la para a borda ou qualquer outro apoio da piscina até que a criança os prefira ou sinta segurança neles.

- Saltar. Bebês maiores de um ano já saltam para seus pais da borda da piscina.

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Na natação para bebês alguns cuidados fazem-se necessários: - Após a aula deve-se secar bem os ouvidos, com cuidado pela fragilidade. - Quando tirar o bebê d’água, o pai deve agasalhá-lo imediatamente. Em piscinas aquecidas

cobertas deve-se aguardar um tempo antes de sair do recinto com o bebê. - Deve-se tomar cuidado para que o bebê não engula muita água na piscina.

8. TRABALHO PROPOSTO

O senhor, possuidor do Curso de Educação Física do Exército, foi designado pelo comandante de sua OM, para ensinar natação a um grupo de militares que não sabem nadar corretamente. Diante desta situação o senhor irá se preparar para o cumprimento desta missão, onde ensinará desde o início até as técnicas dos nados. Para avaliar sua preparação, responda as seguintes questões abaixo: 1. Descreva os aspectos da natação exemplificando-os com situações práticas. 2. Explique a influência das características específicas da água utilizando exemplos práticos. 3.Descreva os fatores que serão observados para a melhor aprendizagem de um aluno. 4. Explique os aspectos da didática da natação, abordando com um enfoque prático e citando exemplos se possível.

5. Descreva as fases da aprendizagem da natação, abordando seus objetivos e exemplificando

com exercícios.

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CAPÍTULO III

1. CARACTERÍSTICAS DO FLUXO DA ÁGUA

Fig 3-1. Turbulência causada pelo corpo do nadador movimentando-se em correntes laminares.

a. Fluxo Laminar e Turbulento

A água é constituída por moléculas de hidrogênio e oxigênio que tendem a flutuar em correntes regulares e contínuas até que encontram algum objeto sólido que interrompa seu movimento. Essas correntes são compactadas umas sobre as outras, surgindo, assim, a expressão fluxo laminar. Diz-se que a água torna-se turbulenta quando esse fluxo contínuo é interrompido. As moléculas de água separam-se de suas correntes laminares, repicando umas nas outras em direções aleatórias. As moléculas de água que se tornam turbulentas irão invadir outras correntes laminares, causando um padrão sempre freqüente de turbulência, que é visível na superfície como borbulhas.

O fluxo laminar é o que oferece a menor resistência associada ao seu movimento porque as moléculas estão se deslocando em uma mesma direção e em velocidade constante. Por outro lado, o fluxo turbulento oferece ao movimento uma resistência muito maior porque suas moléculas movem-se de uma forma circular e rápida.

A figura 3-1 ilustra os fluxos laminar e turbulento. As correntes laminares estão representadas pelas linhas retas e as turbulentas por moléculas circulares. A água turbulenta à frente e aos lados do nadador aumentará a pressão nessas áreas, com relação à pressão por trás de seu corpo, onde o fluxo ainda não preencheu o espaço criado. Isso está indicado pelo sinal + para a alta pressão à frente do nadador e pelo sinal – que significa baixa pressão atrás dele. Esse diferencial de pressão irá reduzir a velocidade de progressão do nadador.

A resistência enfrentada pelo nadador é diretamente proporcional à quantidade de turbulência por ele criada. A água será levemente turbulenta quando apenas algumas correntes laminares tiverem sido conturbadas. O diferencial de pressão e, portanto, o efeito retardador, serão consideravelmente maiores quando ocorre grande turbulência.

2. TIPOS DE RESISTÊNCIA HIDRODINÂMICA

MECÂNICA DOS ESTILOS

Page 29: História da natação

52

RESISTÊNCIA

HIDRODINÂMICA

Resistência

de Forma

Resistência

de Atrito

Resistência

de Ondas

Os especialistas definem três tipos de resistência hidrodinâmica que atuam sobre os corpos em suspensão num fluído, que são resistência de forma, de ondas e de atrito.

Fig 3-2. Boas e más posições do corpo quanto ao alinhamento horizontal.

Page 30: História da natação

32

Fig 3-3. Efeitos de excessivos movimentos laterais do corpo na resistência no nado crawl.

Page 31: História da natação

Fig 3-4. Efeitos de excessivos movimentos laterais do corpo na resistência no nado costas. a. Resistência de Forma É a resistência maior, causada pelo mau alinhamento horizontal e lateral. Recebe este nome

porque é causada pelas formas que o corpo do nadador toma ao se mover pela água. a.1. Alinhamento horizontal. A redução da resistência de forma depende da

permanência mais horizontal possível, sem que ocorra uma diminuição na força propulsora. Os nadadores devem estabelecer um meio termo, para que dêem pernadas suficientemente profundas para a propulsão do corpo, mas não tão profundas a ponto de aumentar desnecessariamente a área por ele ocupada. A figura 3-2 contrasta o bom e o mau alinhamentos horizontais para três dos quatro estilos de competição. Os nadadores da esquerda ilustram um bom alinhamento e os da direita um mau alinhamento.

a.2. Alinhamento lateral. Movimentos laterais excessivos do corpo aumentam a resistência. O alinhamento lateral só pode ser desfeito nos nados crawl e costas, nos quais os movimentos alternados dos braços e das pernas têm o potencial de deslocar o corpo dentro d’água de uma forma serpenteante.

A figura 3-3 mostra uma vista superior de praticantes do nado crawl com bom e mau alinhamento lateral. A nadadora da esquerda está com bom alinhamento e a nadadora da esquerda está oscilando o corpo excessivamente de um lado para outro. Isto faz com que a segunda ocupe um espaço maior na água em comparação com a primeira e os movimentos do seu corpo fazem com que empurre água para frente aumentando a resistência. Efeitos similares estão representados na figura 3-4, porém, em relação a praticantes do nado costas.

b. Resistência de Ondas A resistência de ondas é causada pela turbulência na superfície da água. Quando os

movimentos de um nadador aumentam o tamanho das ondas, a turbulência maior cria uma área de alta pressão à frente do nadador, uma “muralha d’água” que retarda o movimento de avanço.

As causas mais comuns da resistência de ondas, além de raias mal projetadas e inadequadas para provas de natação, são as entradas do braço na água com violência e os movimentos laterais e verticais excessivos do corpo.

c. Resistência de Atrito O atrito entre o corpo do nadador e as moléculas de água que entram em contato com ele

interrompe o fluxo laminar destas moléculas. Como resultado, elas se chocam com outras moléculas atrás delas e adjacentes a elas, aumentando a resistência hidrodinâmica e retardando o movimento de avanço. Por isto, os nadadores adotam o hábito de raspar os pelos do corpo antes de provas importantes. Além disso, eles usam trajes que aderem à pele sem deixar espaços ou dobras que prendam a água. Alguns nadadores cobrem o corpo com óleo e outras substâncias que reduzem o atrito entre a pele e a água.

A experiência parece indicar que estes procedimentos têm um efeito benéfico sobre o desempenho. Mas, CLARYS, em 1979, declarou que a resistência do atrito sobre o corpo do nadador em movimento é insignificante. Suas pesquisas indicam que os nadadores, mesmo na posição mais hidrodinâmica, geram tanta resistência das ondas e de forma que é impossível manter o fluxo laminar da água ao redor de seus corpos. Em outras palavras, a turbulência causada pela resistência de ondas e de forma já é tão grande, que qualquer aumento na resistência devido ao atrito da pele seria insignificante.

3. PROPULSÃO NA NATAÇÃO

As primeiras tentativas de descrever os movimentos propulsores dos nadadores de competição comparavam os braços desses atletas a remos ou rodas de pás. Os nadadores eram ensinados a manter os braços esticados, movendo-os num padrão semicircular como uma roda de pás, durante a fase propulsora de suas braçadas (Fig 3-5).

Page 32: História da natação

Fig 3-5. Teoria da “roda de pá” da propulsão.

Fig 3-6. Teoria da propulsão com resistência.

Até fins dos anos sessenta, as tentativas para descrever a mecânica dos estilos dos

nadadores competitivos se baseavam em julgamentos empíricos. Isto mudou quando J. E. COUNSILMAN (1968) e C.E. SILVIA (1970), em duas publicações separadas, aplicaram leis científicas para desenvolver novas teorias para propulsão hidrodinâmica. A terceira lei do movimento de Newton (“A toda ação opõe-se uma reação igual e contrária”) foi a mais importante das leis físicas empregadas por esses dois autores. Eles ponderaram que empurrar a água para trás (ação), fazia com que os nadadores se deslocassem para frente (reação). Este efeito recebeu o nome de propulsão com resistência ou teoria de “empurrar direto para trás para ir para frente”. Nesta, o movimento para frente resulta da resistência da água (resistência hidrodinâmica) aos movimentos dos membros do nadador para trás. Esses dois pesquisadores notaram que os nadadores alternadamente flexionavam e estendiam seus braços durante as fases propulsoras de suas braçadas e raciocinaram que isso ocorria a fim de que os nadadores pudessem empurrar a água para trás de forma horizontal numa longa distância e, assim, empurravam seus corpos para frente em maior distância e mais rápido.

A teoria de que empurrar a água diretamente para trás era o método de propulsão mais eficiente foi posteriormente modificada quando a análise de filmes subaquáticos mostrou que as mãos e pés dos nadadores seguiam um curso sinuoso e não um curso direto para trás nas braçadas competitivas. A explicação era que o curso sinuoso permitia aos nadadores encontrar águas calmas ou paradas para empurrar para trás e, assim, obter mais resistência do que poderiam conseguir empurrando a água que já fora acelerada para trás. As diferenças nos padrões de braçadas prescritas pelas duas teorias da propulsão aparecem na Fig 3-7.

Page 33: História da natação

Fig 3-7. As duas teorias da propulsão com resistência: à esquerda, “empurrar diretamente para trás” e

à direita “movimento sinuoso para trás”.

COUNSILMAN, prosseguindo em suas investigações da hidrodinâmica, em 1971, com RONALD BROWN, propôs que a sustentação hidrodinâmica e não a resistência, era o método que os nadadores de categoria internacional preferiam. COUNSILMAN e BROWN filmaram nadadores com lanternas acesas presas às mãos numa piscina escurecida. O efeito estroboscópico dos clarões de luz que apareceram no filme revelado mostrava o verdadeiro caminho dos movimentos das mãos e pés em relação a um ponto fixo na piscina e não ao corpo dos nadadores. Os resultados mostraram que as linhas do movimento eram predominantemente laterais e verticais. Exemplos dos padrões de braçada dos quatro estilos, desenhados a partir de traçados luminosos, aparecem na Fig 3-8.

Fig 3-8. Traçado dos movimentos nas braçadas dos quatro estilos segundo traços luminosos.

Se empurrar para trás contra a água fosse o único meio de propulsão, a mão do nadador empurraria a água com tanta força, que a resistência atrás de sua mão empurraria seu corpo para frente, com velocidade bem maior que a da sua mão para trás. O resultado é que sua mão se deslocaria para trás numa distância curta e num curso quase horizontal. Mas na verdade, os seres humanos não

Page 34: História da natação

são poderosos o bastante para exercer força sobre a água, de modo a “ancorar” a mão. Esta é a razão porque a propulsão é dominada pela sustentação, com os movimentos das braçadas sendo circulares.

A seqüência nas figuras 3-9 e 3-10 comprovam a teoria de sustentação da propulsão. O nadador na Fig 3-9 foi filmado ao passar diante de uma grade, formada de quadrados de 15 cm, pintada na lateral da piscina. A grade permitiu determinar a direção e a distância que seus membros e seu tronco se deslocavam em relação a pontos fixos na piscina.

Fig 3-9. Teoria de propulsão pela sustentação.

Fig 3-10. Teoria da propulsão pela sustentação.

Pode-se observar que as mãos do nadador do estilo borboleta entraram na água na linha 8 da

grade, enquanto seus quadris estavam na linha 22 (Fig. 3-9a). Quando suas mãos chegaram ao final da puxada, elas haviam descido mais de 45 cm, mas não tinham se movido nada para trás (Fig. 3-9b). Nesse mesmo período, seus quadris se deslocaram mais de 80 cm para frente, ultrapassando a linha 16 da grade. Não há dúvida de que sua propulsão para frente foi resultado do movimento de suas mãos para baixo e para dentro. Na fase da braçada, ilustrada na Fig. 3-9c, suas mãos empurram quase 58 cm para trás e, aproximadamente 75 cm para cima. É provável que, nesta fase da braçada, a propulsão seja dominada pela resistência hidrodinâmica.

Na figura 3-10, quase toda força propulsora deste nadador do estilo peito é dominada pela sustentação. Ele começa a fase propulsora da braçada quando suas mãos estão na linha 7 na grade e seus quadris estão nas linhas 15 e 16 (Fig. 3-10a). Quando ele estava na metade da braçada, suas mãos se deslocaram para baixo quase 45 cm, como aconteceu com o nadador no estilo borboleta (Fig. 3-9b). As mãos ainda estão na linha 7 da grade e não se moveram nem um pouco para trás mas seu corpo se deslocou para frente, comprovado pelo fato de que seus quadris se moveram quase 58 cm para frente nesse período, desde a linha 15 da grade no quadro A até quase a linha 11 no quadro B.

Como os teóricos da sustentação afirmam, as figuras 3-9 e 3-10 mostram que a propulsão na natação é resultado das forças de sustentação e de resistência hidrodinâmica, com predominância da força de sustentação.

4. HIDRODINÂMICA DOS ESTILOS

a. Sustentação

Page 35: História da natação

Pesquisas recentes indicam que o uso da sustentação hidrodinâmica talvez seja o método mais eficaz para aumentar a força propulsora. A sustentação é descrita mais facilmente em termos de função aerodinâmica. Feito isso, torna-se mais fácil explicar a função deste fenômeno na natação.

b. Teoria Aerodinâmica da Sustentação

As relações entre a sustentação aerodinâmica e o vôo estão ilustradas na Fig. 3-11. Nesta ilustração o avião se move para frente numa direção horizontal. A corrente de ar imediatamente à frente do avião exerce uma ação contrária ao movimento do avião para frente. Esta ação chama-se resistência aerodinâmica. A força da resistência sempre atua contra a direção em que um objeto se move.

Fig 3-11. Teoria aerodinâmica da sustentação.

Quando o avião se move para frente, a corrente de ar imediatamente à frente é desviada por

cima e por baixo das superfícies das asas. A superfície da asa é curva na parte superior e plana na inferior. A distância que o ar tem que percorrer para ir do bordo de ataque ao bordo de fuga é maior sobre a superfície curva maior. Segundo o teorema de BERNOULLI, o ar passa sobre a asa acelerado de modo que chega ao bordo de fuga ao mesmo tempo que o ar que flui por baixo da asa. Esta aceleração é indicada pela compressão das linhas de corrente de ar que passam sobre a superfície superior da asa (Fig 3-11). O teorema de BERNOULLI afirma também que a pressão do ar que passa sobre a superfície superior da asa diminuirá à medida que a velocidade do seu fluxo aumenta. Em contraste, a pressão do ar que se move mais devagar sob a asa continua a mesma ou aumenta apenas ligeiramente. O resultado é um diferencial de pressão entre as suas superfícies, com a pressão sob a asa sendo mais alta, como o indica o sinal “+” na Fig 3-11.

Como os fluídos tendem a se mover de áreas de pressão mais alta para áreas de pressão baixa, uma força ascendente é exercida contra a superfície inferior da asa. Esta força, que faz avião levantar vôo e permanecer no ar, chama-se sustentação.

O volume de sustentação é proporcional à diferença de pressão entre as duas superfícies da asa que, por sua vez, depende da forma das superfícies das asas e da velocidade do avião para frente. À medida que a velocidade do avião aumenta, a diferença de pressão sobre as superfícies das asas aumenta até que a sustentação é suficiente para erguer o aparelho do solo. É importante lembrar que a força de sustentação é sempre exercida numa direção perpendicular à direção da força de resistência (Fig 3-12).

O diferencial de pressão entre a parte superior e a inferior da asa pode ser aumentado ajustando-se o ângulo de ataque da asa. Este é o ângulo formado pela inclinação da asa em relação a sua direção de movimento. O efeito do ângulo de ataque sobre a sustentação é ilustrado na figura 3-13.

Na Fig 3-13 A., as forças de resistência e de sustentação são mínimas porque o ângulo de ataque é tão pequeno que a direção do fluxo contrário do ar não é perturbado o bastante para gerar um diferencial de pressão significativo entre as superfícies do aerofólio.

Page 36: História da natação

Fig 3-12

Na Fig 3-13 B, o ângulo de ataque é suficiente para desviar o ar que passa sobre e sob a asa

para baixo. Isto aumenta o diferencial de pressão de modo a exercer uma grande força de sustentação. Na Fig 3-13 C, o ângulo de ataque é grande demais e o ar não pode passar ao redor da asa. Em

vez disso, ele ricocheteia na superfície plana inferior do aerofólio e torna-se turbulento. O ar que passa sobre a superfície superior não pode mudar de direção com rapidez suficiente para acompanhar o contorno curvo da superfície superior do aerofólio formando uma área de baixa pressão de correntes de redemoinho. Esta turbulência gera um diferencial de pressão contrário à direção de movimento da asa e fará com o avião perca altitude. Em ângulos de ataque tão obtusos há pouca ou nenhuma força de sustentação.

Na Fig 3-13 D, o ângulo de ataque está abaixo da horizontal. A força de sustentação atuará numa direção descendente e o avião perderá altitude.

É lamentável que se tenha dado o nome de sustentação a esta força porque ela sugere movimento para cima. Na realidade, pode-se exercer a força de sustentação em qualquer direção que seja perpendicular à direção em que a força de resistência ocorre.

c. Aplicação da Teoria Aerodinâmica da Sustentação na Propulsão na Natação Logo após a entrada na água, a mão e o braço se movem para baixo (e um pouco para fora).

Este movimento sofre oposição da resistência hidrodinâmica na direção contrária. A mão do nadador tem a forma da asa de um avião com a superfície superior (as costas) mais arredondada e, portanto, mais longa que a inferior (a palma). Observe também que a mão e o braço são posicionados inclinados para baixo e para trás.

A direção e a velocidade de movimento do braço, a forma da mão e o ângulo de ataque fazem com que a água que passa sobre as costas da mão se acelere, enquanto que a água que passa sob a mão é desviada para trás, gerando um diferencial de pressão entre as suas superfícies. A pressão sobre as costas da mão é reduzida e a pressão sob a palma aumenta, gerando uma força de sustentação para frente.

Até aqui, examinou-se a maneira de como se pode exercer a força de sustentação sobre a mão e o braço de um nadador. Neste ponto, a pergunta lógica é: De que maneira uma força que atua para erguer a mão e o braço para frente impulsiona o corpo do nadador?

A resposta é que a tendência da mão e do braço de serem erguidos para frente sofre resistência do seu movimento (para baixo) e da estabilização na articulação do ombro. Como a mão e o braço do nadador não têm liberdade de se moverem para frente, a força de sustentação é transferida para o corpo, que está livremente suspenso na água, impelindo-o para frente, passando pelo braço. A ação estabilizadora na articulação do ombro exige alguma pressão para trás sobre a água que, sem dúvida, dá aos nadadores a falsa impressão de que eles estão empurrando as mãos para trás quando, neste caso, ela na realidade está se movendo para baixo pela água.

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RESISTÊNCIA

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Page 37: História da natação

Fig 3-13. Efeito do ângulo de ataque sobre a sustentação.

d. Teoria da Hélice e Propulsão na Natação Anteriormente, comparou-se as forças sobre a mão e o braço de um nadador com as que atuam

sobre a asa de um avião, porque isto torna mais fácil compreender como os nadadores podem usar a força da sustentação para propulsão. Na realidade, os nadadores usam as mãos e pés mais como hélices do que como asas. Como as hélices não passam de asas giratórias (aerofólios), elas podem, essencialmente, produzir sustentação tal como os aerofólios o fazem.

A ilustração na figura 3-14 A mostra como uma hélice giratória pode causar movimento para frente. O bordo de ataque da pá penetra na água calma, fazendo-a fluir para o bordo de fuga. As superfícies superiores curvas das pás e seus ângulos de ataque geram sustentação ao reduzir a pressão sobre a superfície anterior, enquanto a superfície posterior desvia a água para trás. Como resultado, qualquer objeto preso a esta hélice se moverá para frente.

De igual modo, as mãos e pés de um nadador podem atuar como um conjunto de pás de uma hélice mudando a direção e a inclinação durante toda a braçada. Os quadros B, C e D da figura 3-14 ilustram esta atividade. No crawl, a mão e o braço se movem para baixo depois de entrarem na água (Fig. 3-14 B). Segue-se um movimento para dentro e para cima (Fig. 3-14 C) e depois um movimento para fora e para cima (Fig 3-14 D).

Análises de filmes de nadadores de categoria internacional revelam que suas mãos e pés mudam de direção várias vezes durante as fases propulsoras de cada estilo competitivo. Toda vez que as mãos e os pés mudam de direção, o curso da água que flui pelas mãos e pés também muda, de modo que eles atuam como novas pás girando e penetrando em águas calmas, onde se pode gerar força de sustentação adicional na medida que a força do movimento anterior se dissipa. A inclinação das mãos e pés muda com cada mudança de direção, de modo que o ângulo de ataque mais eficaz é sempre usado. Assim, ao mudar a direção e a inclinação, os nadadores podem usar mãos e pés como hélices com três ou mais pás.

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Page 38: História da natação

Fig. 3-14 - Semelhanças entre a ação de uma hélice e a parte subaquática da braçada no nado crawl.

e. Movimentos das Braçadas Competitivas Uma vez compreendidos os princípios do uso da sustentação para gerar propulsão, os

treinadores e nadadores podem aplicá-los para melhorar a mecânica dos estilos dos nadadores. A partir do estudo minucioso de filmes feitos de nadadores de categoria internacional,

foram identificadas cinco ações básicas dos braços e quatro movimentos de batidas de pernas, com os quais se elaboram todos os estilos.

Os movimentos que compõem as braçadas são: a abertura lateral dos braços, a puxada, o empurrão, o empurrão final e a recuperação.

Fig. 3-15 - Abertura lateral dos braços.

e.1. Abertura lateral dos braços. É o movimento subaquático inicial nos nados de peito e

borboleta (Fig. 3-15), sendo mais perceptível no nado peito. Na abertura lateral, as mãos movem-se para fora num curso curvilíneo. A palma da mão deve

estar inclinada para fora e para trás. O grau de inclinação para fora é maior neste movimento do que em qualquer outro, sendo de quase 90º em relação à horizontal. As mãos devem estar quase inteiramente

Page 39: História da natação

de lado, com os dedos mínimos acima dos polegares. Elas devem estar ligeiramente em concha para melhorar sua forma de hidrofólio. A abertura lateral dos braços termina quando as mãos percorrem uma curta distância além da largura dos ombros.

A abertura lateral dos braços começa devagar, com a velocidade dos membros para fora acelerando até o final do movimento. A propulsão dada pela abertura lateral é pequena em comparação com a dos outros movimentos da braçada. Ela é usada, basicamente, para que o nadador sinta a pegada na água. Menciona-se o uso de um ângulo de ataque entre 38º e 62º nesta fase das braçadas dos estilos borboleta e peito.

Fig. 3-16 - Ângulos de ataque usados na abertura lateral dos braços.

e.2. Puxada. Os nadadores dos estilos costas e crawl usam a puxada para iniciar a fase

subaquática das braçadas. Ela também é usada numa forma diferente, nos primeiros estágios das braçadas dos estilos de peito e borboleta. O desenho da figura 3-17 ilustra a puxada tal como é usada na braçada do crawl.

Tem-se informado sobre o uso de ângulos de ataque entre 32º e 49º entre nadadores de categoria internacional com relação ao movimento da mão para baixo. Estes ângulos estão ilustrados nas vistas laterais (A). Pelos filmes, parece que os nadadores inclinam as mãos para fora em 30º a 40º durante a puxada. Estes ângulos estão ilustrados na vista de baixo (B).

Após a pegada, a mão deve dirigir-se para baixo e ligeiramente para fora num curso curvilíneo. Ela deve estar inclinada para baixo, para fora e para trás e a água deve passar em diagonal para cima pela mão, indo das pontas dos dedos, do lado do dedo mínimo, para o pulso no lado do polegar. A puxada termina quando a mão atinge sua posição mais funda na braçada. Depois disso o movimento passa a ser o empurrão. A velocidade dos braços para baixo aumenta do começo ao fim da puxada.

Fig. 3-17 - Os ângulos de ataque pata baixo e para fora durante a puxada.

Page 40: História da natação

e.3. Empurrão. O empurrão desempenha uma função importante na parte subaquática da braçada em todos os estilos competitivos, exceto no nado costas, no qual o movimento correspondente chama-se empurrão final, porque a posição supina do corpo impõe um movimento que é predominantemente para cima e não para dentro. Mesmo assim, as mecânicas são quase idênticas em todos os aspectos, exceto a direção.

O empurrão é ilustrado na Figura 3-18. Ele começa ao final da puxada, e sua direção é para dentro, para cima e para trás. O empurrão termina quando a mão do nadador se aproxima da linha média do corpo. É como se fosse um ato de “pendurar-se”.

Fig. 3-18 – Empurrão.

A mão segue um curso circular para dentro e para cima sob o corpo. A direção e a inclinação da

mão desviam a água para trás, aumentando o diferencial de pressão entre o lado da palma (+) e o das costas da mão (-), que impele o nadador para frente.

Até onde a mão deve deslocar-se sob o corpo durante o empurrão? Esta pergunta há anos é assunto de controvérsia. Alguns nadadores de categoria internacional aproximam as mãos pela linha média do corpo na direção do quadril oposto. Outros deslocam as mãos para dentro apenas até a linha média e alguns não as aproximam nem um pouco da linha do corpo. Estes três estilos aparecem na figura 3-19.

Fig. 3-19 – Tipos de empurrão.

Na Fig 3-19 a, a mão do nadador está longe do ombro durante a puxada e desloca-se para

dentro apenas até próximo do limite do corpo (empurrão mínimo). Na Fig 3-19 b, a mão é trazida para dentro até a linha média. Os nadadores que

começam o empurrão com a mão alinhada com o ombro em geral usam este estilo (empurrão regular). Na Fig 3-19 c, a mão é puxada para dentro ultrapassando a linha média. Os nadadores que

iniciam o empurrão com a mão mais para dentro do limite do ombro parecem preferir este estilo (empurrão cruzado).

Foram comparadas as braçadas cruzadas e regulares para ver qual fornecia maior velocidade de avanço em toda a braçada. Encontrou-se um aumento em favor da braçada cruzada. Mas este aumento foi calculado com base na velocidade obtida durante uma braçada. Também devemos avaliar o efeito da fadiga. Um empurrão mais longo requer um maior esforço.

Page 41: História da natação

Fig. 3-20 – Empurrão final.

e.4. Empurrão final. O empurrão final segue-se ao empurrão nos nados crawl e borboleta. O

movimento correspondente no nado costas chama-se puxada, sendo descrito no capítulo dedicado a este estilo. O empurrão final consiste de dois movimentos distintos: um movimento para fora e para trás seguido de um movimento para cima, para fora e para trás (Fig. 3-20).

Na primeira parte do empurrão final, a inclinação da mão muda da direção para dentro e para cima para uma direção para fora e para trás. Durante este movimento os nadadores relaxam seus pulsos, permitindo que a pressão da água empurre suas mãos para uma posição estendida, dando a impressão errônea de que eles estão empurrando para baixo e não para trás.

A segunda parte do empurrão final ocorre quando a mão passa do lado de fora do limite do corpo. O movimento ascendente aumenta embora a mão continue a deslocar-se para fora e também para trás. A mão permanece inclinada para fora e para trás e a inclinação muda ligeiramente para cima com o prosseguimento do movimento

O empurrão final termina quando a mão passa pela parte anterior da coxa. Neste ponto, libera-se a pressão sobre a água e o momento continua a impulsionar a mão para cima e para frente, saindo da água, e iniciando a recuperação.

Ensina-se erroneamente a muitos nadadores a manter a pressão sobre a água até que as mãos atinjam a superfície durante o empurrão final. Na realidade, não se pode gerar nenhuma força propulsora depois que a mão ultrapassa a coxa pois, nesse momento, ela estará se movendo para frente, para iniciar a recuperação e, como se pode ver na figura 3-21, a maior parte da força estará sendo dirigida para baixo. Isto criará uma reação que tende a fazer submergir os quadris, desacelerando a velocidade de avanço. Os nadadores em geral relaxam a pressão sobre a água, quando as mãos passam pela coxa e viram a palma das mãos para dentro, para que elas saiam da água de quina com um mínimo de resistência.

Fig. 3-21 – Término do empurrão final.

e.5. Recuperação. A finalidade da recuperação é colocar o braço em posição para outra

braçada.

Page 42: História da natação

f. Importância da Direção, Inclinação e Velocidade dos Membros Os nadadores podem nadar mais rápido ou usar menos esforço muscular, em velocidades

submáximas, quando seus membros se movem nas direções certas, numa velocidade ideal, com as mãos e pés inclinados no ângulo de ataque adequado.

f.1. Direção. Os movimentos dos membros para baixo, para cima, para dentro e para fora são mais eficientes porque geram propulsão dominada pela sustentação. Deve-se observar que os nadadores também impulsionam o corpo para frente, puxando e empurrando as mãos para trás contra a água (propulsão com resistência). Mas as pesquisas indicam que os nadadores mais bem sucedidos usam a propulsão dominada pela sustentação. Embora a maioria dos nadadores usados nestes estudos tivesse aprendido a empurrar a água para trás, seu tino mais apurado para propulsão os fez substituir inconscientemente as ações de remo que geram resistência, pelos movimentos hélice, laterais e verticais, dominados pela sustentação, em muitas partes de vários ciclos da braçada.

São várias as razões por que a propulsão dominada pela sustentação pode ser superior à propulsão dominada pela resistência. O uso dos movimentos dos membros para baixo, para fora, para dentro, para cima e para trás, provavelmente, aumenta a aceleração para frente e a distância total pela qual se pode gerar propulsão, durante cada ciclo de braçada. A combinação do grau de rendimento e maior aceleração por braçada deve reduzir a energia necessária para nadar nas provas.

A tabela abaixo sintetiza as características da propulsão dominada pela sustentação e dominada pela resistência.

Forma de propulsão

Direção do movimento dos

membros

Resultados

Força resistência Força

sustentação Força propulsora

máxima

Resistência Horizontalmente

para trás Considerável Pouca menor

Sustentação Vertical, lateral, e

para trás Menor Considerável Maior

Resultados

Esforço muscular relativo Distância relativa

por braçada Energia gasta Eficiência

relativa

É preciso mais força para a mesma quantidade de propulsão

Menor distância Mais energia gasta devido ao rendimento mais rápido

Menos eficiente

É preciso menos força para a mesma quantidade de propulsão

Maior distância Menor energia gasta devido ao menor número de braçadas necessário

Mais eficiente

Embora os movimentos laterais e verticais dos membros sejam em geral mais propulsores do

que os movimentos para trás, existem vários estilos competitivos em que a grandeza da força propulsora dominada pela sustentação pode ser aumentada acrescentando-se algum movimento dos membros para trás. O empurrão final da braçada é um bom exemplo deste fenômeno.

Os nadadores usam as mãos e os pés como remos, durante diferentes mudanças de direção dos membros, para manter a força propulsora até que as mãos e os pés tenham estabelecido uma inclinação e velocidade eficientes na nova direção para que a propulsão seja novamente dominada pela sustentação.

f.2. Inclinação. A inclinação das mãos e pés é tão importante para a propulsão eficiente quanto o movimento dos membros nas direções certas. Os erros na inclinação ou na direção impedem que os nadadores atinjam desempenhos ideais.

Os membros dos nadadores estarão inclinados em uma ou mais das seguintes direções nas várias fases da braçada:

- Para dentro: a palma das mãos e a sola dos pés voltados ligeiramente para o meio do corpo. - Para fora: palmas e solas voltadas para longe do corpo. - Para baixo: palmas e solas voltadas para longe do corpo, na direção do fundo da piscina.

- Para cima: palmas e solas ligeiramente voltadas para o corpo. - Para trás: palmas e solas voltadas para trás do corpo.

Page 43: História da natação

É importante saber distinguir claramente entre inclinação e ângulo de ataque. O primeiro refere-se à direção relativa ao corpo em que as mãos e pés estão inclinados. O segundo refere-se ao número de graus em que eles estão inclinados em determinada direção.

Fig. 3-22 – Velocidade das mãos de MARK SPITZ no nado crawl. Pode-se ajudar a descobrir os padrões de braçada e ângulos de ataque corretos observando as

bolhas de ar que se formam atrás dos braços e pernas dos nadadores. Muitos treinadores têm observado que os nadadores de categoria internacionais têm menos bolhas de ar do que os nadadores menos empreendedores, talvez porque os nadadores melhores estejam usando ângulos de ataque mais eficazes. Bolhas de ar indicam turbulência e esta aumenta quando os nadadores empurram água e ar da superfície para baixo e para dentro com a palma das mãos.

f.3. Velocidade. Teoricamente, o aumento na velocidade dos membros produz aumentos correspondentes na força propulsora. Assim, o aumento na velocidade dos membros deveria aumentar a velocidade de avanço, mas se o ângulo de ataque for quase zero, é possível deslizar os membros pela água com bastante rapidez. Neste caso, eles encontram um mínimo de resistência, havendo pouca ou nenhuma força de sustentação.

Quando os membros estão inclinados corretamente e movendo-se nas direções certas, os aumentos na velocidade dos membros produzem aumentos correspondentes na força propulsora. Isto sugere que uma velocidade ideal do movimento dos membros produzirá a maior velocidade de avanço, porque o aumento na força de resistência torna impossível mover os membros pela água à velocidade máxima quando eles estão inclinados em ângulos maiores que zero. Assim, a velocidade ideal de movimento dos membros é a velocidade máxima que se pode atingir quando os membros estão se movendo na direção certa e inclinados no ângulo de ataque correto.

A velocidade ideal de movimento dos membros depende de fatores como eficiência mecânica, força muscular e mobilidade das articulações, sendo provável que estes variem com nadador e cada

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estilo competitivo. Infelizmente, não existem dados de pesquisas que ajudem a designar qualquer faixa ideal de velocidade dos membros, mas existem dados sobre a velocidade das mãos de MARK SPITZ, no estilo crawl. Elas aparecem na figura 3-22 com algumas adaptações para ajudar na interpretação.

Na primeira curva (velocidade lateral da mão), há uma aceleração gradual para fora, após a entrada da mão na água (A), seguida de uma rápida aceleração para dentro, sob seu corpo (B). Sua mão acelera novamente para fora (C), durante a fase do empurrão final. A aceleração para fora diminui à medida que sua mão solta a água antes do começo da recuperação (E).

Na segunda curva (velocidade vertical da mão), a aceleração ocorre para baixo após a entrada da mão na água (A), seguida de uma aceleração para cima (B), quando sua mão é puxada para seu corpo. Segue-se uma leve aceleração para baixo (C), e depois uma rápida aceleração para cima (D) até o fim da parte subaquática da braçada (E).

Na terceira curva (velocidade da mão para frente e para trás), a mão se move para frente e depois para trás após a entrada na água (A). Em seguida, há aceleração na velocidade para trás (B), quando sua mão se move sob seu corpo. Segue-se uma desaceleração na velocidade para trás quando ela se move para fora (C), havendo depois uma aceleração para trás até o término da parte subaquática da braçada (D). A fase propulsora da braçada termina quando sua mão se aproxima da superfície e começa a mover-se para frente (E).

Estas curvas de velocidade oferecem outras provas de que, embora as forças de sustentação e de resistência sejam para propulsão, a força de sustentação predomina.

CAPÍTULO IV

O crawl, ou nado livre, transformou-se no mais veloz dos estilos competitivos. A sua mecânica

inclui: a braçada, a batida de pernas, a coordenação entre braços e pernas, a posição do corpo e a

respiração.

1. A BRAÇADA

A braçada será examinada de acordo com suas sete fases específicas: a entrada da mão na água, a

extensão do braço, a pegada inicial, a puxada, o empurrão, o empurrão final e a recuperação.

Fig 4-1. Entrada da mão na água.

a. Entrada A entrada da mão na água deve ser feita à frente da cabeça, entre a linha central desta e o

prolongamento da linha do ombro. O antebraço deve estar ligeiramente flexionado, com o cotovelo acima da mão, de modo que as pontas dos dedos sejam a primeira parte do membro superior a entrar na água.

A mão deve mergulhar numa posição 20 a 25 cm atrás de um ponto que o nadador poderia

alcançar com o antebraço totalmente esticado. Ela deve deslizar para dentro da água de lado, com a palma

inclinada em cerca de 30º a 40º da posição deitada. Isto permite que as pontas dos dedos incidam na água

com o mínimo de resistência. (Fig 4-1) Os erros mais comuns na entrada da mão na água são: - Entrada da mão na água com o pulso flexionado. Isto faz com que a superfície plana das

costas da mão seja pressionada para frente contra a água (ação) gerando uma resistência (reação) que diminui sua velocidade de avanço.

NADO CRAWL

Page 45: História da natação

- Cruzar o braço à frente da cabeça (Fig. 4-2). Faz com que os quadris e pernas de desalinhem como uma reação do movimento do braço à frente de sua cabeça, aumentando a resistência de forma e de ondas.

- Entrada do braço muito próximo da cabeça (Fig 4-3). Assim, o atleta aumenta a possibilidade de empurrar seu braço para frente, sob a água, numa distância maior, aplicando uma força contrária que reduz a velocidade de avanço. O nadador tende a esticar o antebraço para baixo, e depois para cima, num curso curvilíneo que aplica força desnecessária contra o fluxo contrário da água.

Fig 4-2. Cruzar o antebraço à frente da cabeça.

Fig 4-3. Entrada do antebraço muito próximo da cabeça.

- Bater violentamente com a mão na água. Provoca movimentos desnecessários do tronco e

cabeça para cima, além de aumentar a turbulência à frente do nadador, formando ondas que retardam sua velocidade de avanço (resistência de ondas).

b. Extensão do Antebraço

Após a entrada, o braço estende-se para frente sob a superfície. Esta fase da braçada chama-se

extensão do antebraço e não deslizamento, porque o braço não pára de mover-se para frente (Fig 4-4).

Entretanto, o nadador não inicia a fase propulsora da braçada imediatamente. Seria ineficiente

fazer isto logo após a entrada porque o outro braço ainda está a meio caminho em sua fase propulsora.

Também seria ineficiente parar o braço à frente porque, de acordo com a Lei da Inércia, será preciso

maior força muscular para reiniciar o movimento do braço quando chegar o momento de aplicar a força

propulsora. O nadador deve deslizar a mão e o braço suavemente para frente, para que a resistência contra

o antebraço em extensão não seja tão grande a ponto de reduzir a força propulsora gerada pelo braço que

está dando a braçada.

O punho deve permanecer numa posição natural entre a flexão e a extensão. A mão gira para uma

posição deitada (palma voltada para baixo) enquanto abre caminho à frente. A extensão do braço deve ser

sincronizada de modo que ele esteja quase todo esticado quando o outro braço terminar a fase propulsora

da braçada. É neste ponto que se faz a pegada inicial da braçada.

Page 46: História da natação

Fig 4-4. Extensão do braço.

c. Pegada Inicial A pegada inicial da braçada é feita no exato momento em que o braço oposto relaxa a pressão

sobre a água na altura da coxa (Fig 4-5).

Fig 4-5. Pegada inicial.

O punho deve estar flexionado para baixo em aproximadamente 40º e voltado para fora, como no momento da entrada. Este ângulo gera uma força de sustentação sobre a mão. Neste ponto, o cotovelo começa a flexionar-se para estabilizar a mão. A força de sustentação é transferida para o corpo, de modo que este avança para frente sobre o braço. A flexão do cotovelo é o sinal de que as fases mais propulsoras da parte subaquática da braçada começaram.

É muito importante que os nadadores façam uma pegada inicial bem forte. A mão deve mover-se lentamente durante a extensão do braço e os nadadores devem perceber o momento da pegada inicial antes de começar o movimento para baixo e para fora da puxada.

d. Puxada A mão deve deslocar-se para baixo e para fora, num curso curvilíneo. Não se deve intensificar

de forma consciente o movimento para fora, pois ele ocorre naturalmente. Quando ombro rolar para a braçada, acompanhando o movimento descendente do braço, a mão deslizará automaticamente para fora (Fig 4-6A).

Page 47: História da natação

Fig 4-6. Puxada

O cotovelo flexiona-se gradualmente durante a puxada, para que a mão continue deslocando-se para baixo (não se deve tentar puxar o braço para trás sob o seu corpo) (Fig 4-6B).

A velocidade descendente da mão aumenta aos poucos, desde o início até o final da puxada.

A palma da mão deve estar inclinada para baixo, para fora e para trás durante a puxada. Quando a

mão se aproximar do ponto mais profundo, a puxada passa naturalmente para o empurrão. A puxada

parece ser a fase menos propulsora da fase submersa da braçada. Os nadadores fazem menos esforço

nesta fase do que nas subseqüentes. Contudo, é importante executar a puxada corretamente para que o

braço esteja na posição para um empurrão eficaz. Os erros mais comuns na puxada são: - Virar a palma da mão para dentro logo após a entrada. O giro da palma da mão para dentro

imediatamente após a entrada reduz a propulsão durante a puxada e também coloca a mão numa posição ruim para executar o empurrão subseqüente. Pode também provocar um movimento lateral de corpo que aumenta a resistência ao avanço.

- Empurrar a água para baixo com a palma da mão. A força de resistência empurrará o corpo para cima, quebrando o alinhamento horizontal. Para corrigir, o nadador deve flexionar o punho e colocar a mão ligeiramente em concha durante a puxada. A sustentação, e não a força de resistência ao avanço, é que predominará. A resistência de forma será reduzida e a força propulsora aumentará.

- Cotovelo arriado. Se o cotovelo desce para uma posição abaixo da mão durante a puxada é porque o nadador deve estar tentando empurrar a mão para trás pela água, em lugar de fazê-la deslizar para baixo. O cotovelo arriado raramente ou jamais ocorrerá se o nadador orientar a mão para baixo durante esta fase da braçada.

e. Empurrão (Fig 4-7)

O empurrão começa no momento em que a mão se aproxima do ponto mais profundo da puxada.

A direção do movimento da mão muda da posição para baixo e para fora, voltando-se para dentro, para

cima e para trás no momento em que ela passa sob o corpo, deslocando-se de uma posição externa em

relação ao ombro para outra próxima ou além da linha média do corpo. A mão é acelerada para dentro,

para cima e para trás, alcançando um pico ao se aproximar da linha média ao seu corpo. A inclinação da

mão gira de uma posição voltada para fora, para baixo e para trás, para a posição voltada para dentro, para

cima e para trás, durante o empurrão.

Page 48: História da natação

Fig 4-7. Empurrão

É muito importante fazer corretamente a transição da puxada para o empurrão. A propulsão deve

ser dominada pela resistência hidrodinâmica durante esta e outras fases de transição para manter a

velocidade de avanço até que as mãos tenham mudado a inclinação para que a sustentação se torne

novamente a força propulsora dominante. Isto se consegue empurrando para trás, contra a água, no espaço

de tempo em que a mão está voltada para trás e enquanto muda de inclinação de fora para dentro. A distância que a mão percorre sob o corpo depende, provavelmente, da capacidade do nadador

de fazê-la inclinar-se, para dentro e para cima, no começo do empurrão. Se o nadador é lento na troca da inclinação, a mão terá de percorrer uma distância maior sob o corpo para conseguir uma propulsão adequada. Se a inclinação for alterada eficientemente, a mão dará o empurrão num ponto situado, mais ou menos, na linha média do corpo antes da transição para a fase propulsora seguinte, o empurrão final.

Os nadadores, em geral, dão um empurrão mais longo com o braço oposto ao lado para o qual respiram, porque a maioria deles faz um rolamento maior para o lado da respiração, exigindo um empurrão mais longo para que seu corpo role para a posição deitada.

Os erros mais comuns no empurrão são: - Inclinar a mão para dentro antes que ela passe por dentro da linha do ombro. Isto reduz a

propulsão da puxada. - Deixar de inclinar a mão para dentro e para cima. O nadador escorrega a mão para dentro,

diminuindo a força de sustentação e a força propulsora que poderia aplicar. f. Empurrão Final Durante esta fase, a propulsão é dominada pela resistência ao avanço. O nadador deve

empurrar para baixo a direção do movimento e a inclinação da mão muda de dentro para fora (Fig 4-8).

Fig 4-8.Empurrão final

Page 49: História da natação

A transição puxada/empurrão ocorre no momento em que a mão passa sob a cabeça. O empurrão vai, desde o peito até a cintura, quase que diretamente para trás. A transição empurrão/empurrão final se completa quando a mão ultrapassa os quadris. Daí em diante, o movimento se acelera para fora, para cima e para trás, até que a mão se aproxima da parte anterior da coxa. Não se deve empurrar a água para a superfície.

A pressão é relaxada quando a mão se aproxima da coxa e, neste momento, a palma da mão gira para dentro, de modo a deslizar para fora da água na lateral e com um mínimo de resistência.

Embora os nadadores pareçam estar empurrando a água para trás durante o empurrão final, na verdade, a mão está se movendo quase que diretamente para cima após passar junto ao quadril. Além disso, na recuperação, o cotovelo do nadador está ligeiramente flexionado quando sua mão sai da água. Neste momento, se o nadador esticá-lo um pouco, impedirá que a mão se desloque para frente quando o cotovelo sair da água e comece a mover-se para frente na recuperação.

Deste modo, o nadador deve manter a propulsão até que a sua mão se aproxime da coxa. Mas depois, sua mão deve acompanhar o cotovelo porque uma extensão maior do braço interferirá na transição suave do empurrão final para a recuperação.

A velocidade da mão se acelera para fora e depois para cima, durante esta fase. Esta é a fase mais propulsora da braçada e por isso os nadadores aumentam a força aplicada.

Os erros mais comuns são: - Encarar esta fase como um empurrão para trás. Percorre-se uma distância menor com cada

braçada e usa-se uma alternância mais rápida dos braços para compensar. - Empurrar água para cima com a palma da mão. A força de resistência sobre a palma da mão

atua para baixo, forçando os quadris a afundarem, desacelerando a velocidade de avanço. A pressão sobre a água deve ser relaxada quando a mão se aproximar da coxa, devendo passar pela coxa já de lado, com a palma voltada para dentro.

g. Recuperação A finalidade da recuperação é colocar o braço em posição para outra braçada.

g.1. Recuperação de cotovelo alto. A maioria dos nadadores de crawl prefere uma recuperação de

cotovelo alto porque ela cumpre a finalidade sem perturbar o alinhamento do corpo.

Quando o nadador faz este tipo de recuperação, seu cotovelo rompe a superfície da água,

movendo-se para frente enquanto sua mão completa o empurrão final. O cotovelo desloca-se para cima e

para frente após sair da água, seguindo-se então o antebraço e a mão. A palma da mão gira para dentro ao

sair da água de modo a poder deslizar para fora com quase nenhuma resistência. O nadador deve iniciar o ataque para entrar a mão na água quando esta passar pelo seu ombro.

Neste momento, seu braço começa a esticar e continua estendendo-se até entrar à frente do ombro. O braço deve estar o mais relaxado possível durante a recuperação para que os músculos repousem entre as braçadas (Fig 4-9).

Fig 4-9.Recuperação com cotovelo alto

g.2. Recuperação com oscilação da mão. Outro estilo de recuperação que vem sendo usado por

nadadores de categoria internacional. Este estilo foi assim chamado porque é a mão, e não o cotovelo, que

conduz o movimento do braço sobre a água. Como acontece com a recuperação de cotovelo alto, o cotovelo rompe a superfície da água

antes da mão, mas o braço está quase totalmente esticado depois que a mão sai da água. Esta sai descrevendo um arco, erguendo-se acima do cotovelo, e não abaixo dele, e se desloca para cima, para fora e para frente sobre a água. Prossegue nesta ação durante a primeira metade da recuperação, dando ênfase à oscilação da mão bem no alto, e não mais em baixo e na lateral.

Page 50: História da natação

Quando a mão se aproxima de uma posição acima do ombro, flexiona-se o cotovelo para trazê-la para baixo e para dentro. Isto permite que se faça o ataque e a entrada na água tal como descrito para a recuperação com o cotovelo alto.

A recuperação com oscilação da mão parece mais adequada para atletas que dão mais atenção à mão no aprendizado das habilidades e para os que têm reduzida flexibilidade dos ombros. (Fig 4-10).

Fig 4-10.Recuperação com oscilação da mão

h. A Relação entre o comprimento da Braçada e a Freqüência da Braçada A distância por braçada deve ser obtida por meio de exercícios que melhorem sua eficiência,

com o objetivo de aumentar o comprimento por braçada, sentindo o que um braço pode fazer por si só. Como exemplo de exercício, o nadador deve realizar séries, mantendo uma contagem de 24 ciclos de braçadas para cada 100 metros, ou outro número mais adequado a sua capacidade individual.

A velocidade da braçada pode ser considerada como “consciência do ritmo”, a qual deve ser mensurada em diversos períodos do treinamento, observando-se o tempo por conclusão de cada ciclo de braçadas.

Com exceção dos atletas do nado borboleta, os nadadores geralmente aumentam o comprimento da sua braçada à medida que a distância da prova aumenta. No entanto, pelos efeitos cumulativos da fadiga, a freqüência da braçada de um nadador poderá diminuir e o mesmo irá ocorrer com a velocidade média.

Os pesquisadores não possuem padrão constante em relação à freqüência de braçadas durante uma prova de natação. A freqüência pode permanecer constante, aumentar ou diminuir durante uma prova. No entanto, concordam que o comprimento da braçada é o fator determinante na velocidade média de um nadador. Através da execução correta do rolamento do ombro, sob seu eixo longitudinal, será possível maximizar a amplitude da braçada.

Os erros mais comuns na recuperação são: - Acelerar o braço sobre a água. Uma reação natural do nadador é a de apressar o braço para

frente, pensando, erroneamente, que este pode aplicar força logo após sua entrada na água. Como o braço percorre uma distância mais curta sobre a água do que submerso, o braço em recuperação chegará ao ponto de entrada quando o outro braço ainda está na metade da parte submersa da braçada. Assim, ele terá que deslizar o braço à frente até que o braço oposto complete o empurrão final. O nadador gastará mais energia e a força do braço em recuperação em movimento rápido pode romper o alinhamento lateral do corpo. A recuperação deve ser relaxada e fácil.

- Fazer a recuperação numa posição lateral baixa. O giro do braço numa posição baixa e lateral sobre a água tende a puxar os quadris para fora e rompe o alinhamento lateral.

- Não manter o cotovelo alto durante o ataque para entrada da mão na água.

2. BATIDA DE PERNAS

A batida de pernas consiste de dois movimentos distintos; uma pernada para baixo e uma para

cima. (Fig 4-11)

Page 51: História da natação

Fig 4-11.Batida de pernas do nado crawl.

a. A Pernada para Baixo A pernada para baixo começa antes que a perna tenha terminado a pernada para cima anterior.

A ação é a seguinte: quando o calcanhar se aproxima da superfície, os quadris começam a se flexionar levando a coxa a iniciar o movimento para baixo, ao mesmo tempo que a perna se flexiona no joelho e continua subindo. Esta ação neutraliza a inércia da pernada para cima, mudando a direção do movimento para a descendente sem esforço muscular excessivo.

A flexão do joelho é passiva, sendo causada pela força ascendente da água sobre a perna relaxada. A pressão da água força também o tornozelo e o pé, se estiverem relaxados, para uma flexão e inversão plantares, isto é, os dedos apontam para cima e as solas dos pés se inclinam para dentro.

A coxa continua a se mover para baixo até que o joelho atinja uma profundidade de 20 a 25 cm (a mesma do tórax). Neste momento, uma extensão vigorosa da articulação do joelho leva a perna a se mover para baixo até ficar completamente esticada no joelho. O pé deve estar inclinado para cima e para dentro o máximo possível. A profundidade ideal da batida de pernas é a em que o pé está ligeiramente mais fundo que o tórax no final da pernada para baixo.

b. A Pernada para Cima A pernada para cima se sobrepõe à pernada para baixo, de modo que a inércia descendente

pode ser neutralizada quando a perna começa a subir para a superfície. Isto se consegue estendendo simultaneamente as articulações do quadril e do joelho de modo que a coxa começa a mover-se para cima enquanto a perna completa seu movimento para baixo.

Com a mudança de direção, a perna se movimenta para cima num trajeto curvilíneo. A perna e o tornozelo estão relaxados e a força descendente da água sobre a parte posterior da perna e sobre a sola do pé mantém a perna estendida e o tornozelo numa posição natural. A pernada para cima termina quando o pé se aproxima da superfície.

3. COORDENAÇÃO DE BRAÇOS E PERNAS

O número de batidas de pernas por ciclo de braçada (duas braçadas) é alvo de controvérsias desde o começo da história da natação competitiva. Batidas de pernas de dois, quatro e seis tempos têm sido as mais divulgadas. Dentre elas, a de seis tempos tornou-se a mais popular. Muitos nadadores

Page 52: História da natação

de longas distâncias preferem a batida de dois tempos, ao passo que a de quatro tempos vem sendo usada por um número menor, porém importante, de nadadores de categoria internacional.

a. A batida de Pernas de Seis Tempos É comum classificar o ritmo das pernas de acordo com o número de pernadas para baixo e, sob

este aspecto, há três batidas de pernas por braçada.

A puxada do braço esquerdo ocorre simultaneamente com a batida da perna esquerda para baixo

(braço e perna do mesmo lado). O empurrão do braço esquerdo é coordenado com a batida da perna direita para baixo. (braço

do lado oposto da perna). O empurrão final do braço esquerdo combina-se com outra batida da perna esquerda para baixo

(braço e perna do mesmo lado). A seqüência idêntica ocorre durante a braçada direita. Esta coordenação é tão precisa que o

começo e o fim de cada pernada para baixo coincide com o começo e o fim da braçada correspondente. b. A Batida de Pernas de Dois Tempos São duas batidas de pernas por ciclo de braçada, ou mais precisamente, uma pernada para

baixo por braçada. Cada pernada para baixo começa durante o empurrão do braço do mesmo lado e termina simultaneamente com a conclusão do empurrão final daquele braço. As pernas se arrastam durante a recuperação e a puxada da braçada seguinte.

c. A Batida Cruzada de Pernas de Dois Tempos É um meio termo entre a batida de pernas de dois tempos, que poupa energia e talvez não seja

rigorosa o bastante para manter o alinhamento horizontal e lateral, e um ritmo de seis tempos, que requer mais energia.

Na realidade são quatro e não duas batidas de pernas por ciclo de braçada: duas batidas grandes e duas batidas cruzadas pequenas. Cada uma das batidas grandes é executada durante as fases do empurrão da braçada, com a mesma coordenação descrita para a batida de dois tempos. As duas batidas cruzadas ocorrem durante as puxadas dos braços. Então as pernas do nadador não se arrastam ao término da batida de perna para baixo, em vez disso, há uma batida de pernas incompleta. Elas se cruzam e colidem a meio caminho.

d. A Batida de Pernas de Quatro Tempos É, na realidade, uma batida de pernas de seis tempos alterada. Um exame atento dos

nadadores que usam este estilo revela que dois tempos são tão atenuados que quase se tornam imperceptíveis. As duas batidas que acompanham o empurrão dos braços são tão abreviadas que quase não são percebidas.

e. Variações no Estilo da Pernada

Os nadadores acentuam algumas fases da braçada e atenuam outras. Pode haver várias razões para

estas variações. Os nadadores podem estar encurtando a fase menos eficaz da braçada e dedicando mais

tempo e esforço a outra mais propulsora. Fatores como biotipo, sexo e falta de flexibilidade ou força

talvez exijam modificações individuais. Provavelmente, a variação mais comum é a de atenuar o empurrão e exagerar no empurrão

final. As batidas que normalmente se coordenariam com o empurrão são atenuadas ou eliminadas. Outra variação é a de abreviar a puxada e iniciar o empurrão quase que imediatamente após a entrada da mão na água. Os nadadores que adotam este estilo em geral usam um ritmo de batida de pernas de dois tempos.

4. POSIÇÃO DO CORPO

Os nadadores encontram menos resistência ao avanço quando o corpo está numa posição hidrodinâmica que permite que as moléculas de água mudem gradualmente de direção ao contorná-lo. Para estar numa boa posição hidrodinâmica, o corpo deve ter um bom alinhamento horizontal e lateral.

Avalia-se melhor o alinhamento horizontal quando o nadador é visto lateralmente, onde é fácil observar a profundidade e a inclinação do corpo. Avalia-se melhor o alinhamento lateral adequado quando o nadador é visto de cima. O rolamento do corpo também é um fator importante na manutenção do alinhamento e ele pode ser melhor avaliado quando visto de frente.

Page 53: História da natação

a. Alinhamento Horizontal O nadador está num bom alinhamento horizontal quando o seu rosto está na água, com a linha

da água situando-se entre o contorno da testa e o meio do topo da cabeça. As costas não devem estar arqueadas e a batida de pernas não deve ser muito profunda.

A posição do corpo incorreta não é eficiente para a natação, pois despende energia para superar a resistência de forma, sendo preciso dar batidas de pernas profundas para manter a cabeça e o tronco elevados na água. O nadador também gasta energia ao pressionar a água para baixo, com as mãos, para manter os ombros e a cabeça elevados.

b. Alinhamento Lateral O nadador que apresenta um excelente alinhamento lateral mantém seus ombros, quadris e

pernas movendo-se como uma unidade, rolando em sincronismo com os movimentos dos braços. Isto mantém os quadris e as pernas dentro da largura do corpo, e o nadador ocupa pouco espaço na água. Por outro lado, uma recuperação lateral do nadador desalinha seus quadris e pernas. Seus movimentos laterais aumentam a resistência de forma e a resistência de onda.

Os nadadores rompem o alinhamento lateral de várias maneiras. Os erros mais comuns são a recuperação lateral baixa, a cruzada à frente da cabeça e a elevação da cabeça para trás ao respirar.

c. Importância do Rolamento do Corpo O nadador de crawl rola continuamente o corpo sobre o eixo longitudinal. Na verdade, ele passa

mais tempo de lado do que na posição plana. O rolamento é um auxílio indispensável para manter o alinhamento lateral do corpo e reduzir a resistência ao avanço. Embora se possa exagerar o rolamento do corpo, a maioria dos nadadores rola menos do que deveria.

As quebras do alinhamento lateral ocorrem quando os nadadores tentam manter uma posição corporal plana. Eles procuram segurar o tronco numa posição deitada enquanto os braços se movimentam para cima e para baixo. Seus ombros devem acompanhar os braços, seus quadris devem seguir os ombros e suas pernas devem bater nos sentidos laterais para facilitar esses movimentos de rolamento.

Quanto ao rolamento do corpo, o erro mais comum talvez seja o de não rolar o suficiente para tirar os ombros fora da água onde a recuperação pode ser executada corretamente. Quando os ombros estão na água, a recuperação deve, necessariamente, ser mais lateral, causando o desalinhamento dos quadris e dos pés.

5. A RESPIRAÇÃO

O giro da cabeça para respirar deve ser coordenado com o rolamento do corpo. O nadador deve respirar no momento em que seu corpo rolou o máximo para o lado da respiração e sua cabeça deve voltar à posição normal quando ele rolar para o lado oposto.

O momento mais oportuno para iniciar o giro do rosto para fora da água é quando o braço do lado oposto está entrando na água. A razão é que a puxada deste braço fará o nadador rolar para o lado da respiração. O giro da cabeça, coordenado com o rolamento do corpo, permite que a boca se afaste da água para respirar sem que se precise erguer a cabeça fora da água.

Após respirar, seu rosto volta para água. Este retorno também deve ser coordenado com o rolamento do corpo, isto é, o rosto volta para água no momento em que o braço do lado da respiração estende-se à frente para a entrada da mão na água e o corpo começa a rolar para o lado oposto.

Não se deve prender a respiração ao voltar o rosto para a água. Deve-se expirar imediatamente após inspirar. Mas a expiração deve ser lenta e controlada para não expelir todo o ar dos pulmões antes que se esteja pronto para inspirar novamente.

Os erros mais comuns na respiração são: - Girar a cabeça prematuramente. Vai apressar a recuperação do braço contrário, reduzindo a

propulsão da braçada em andamento. A força do giro do braço da recuperação aplicará uma força contrária sobre o corpo, rompendo o alinhamento lateral.

- Erguer a cabeça para trás ao girá-la. - Erguer o rosto fora da água ao respirar. Estes nadadores nadam numa posição plana e a

correção é usar o rolamento do corpo.

6. EDUCATIVOS DO ESTILO CRAWL

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Os exercícios educativos desempenham um papel muito importante na prática da natação. Embora sejam também utilizados na natação para adultos, sua importância maior está na natação infanto-juvenil, onde se procura atingir o aperfeiçoamento das técnicas e a eliminação de erros.

Diversos tipos de exercícios podem ser utilizados como elementos isolados para as correções ou como componentes de uma sessão de treinamento, sob a forma de repetições. Servem para variar os treinos, evitando repetir as mesmas sessões, o que provoca queda de motivação e rendimento.

a.Educativos Fora da Água - Braçada em seco. 1) Só com um braço, destacando a posição do cotovelo alto. 2) Com os dois braços, destacando a posição do cotovelo alto. 3) Só com o empurrão final e a recuperação. 4) Olhando em frente e destacando o empurrão na linha mediana do corpo. 5) Olhando em frente destacando a entrada da mão. - Movimento de pernas em decúbito dorsal, ventral e lateral. b. Educativos Dentro da Água - Nadar crawl: 1) Com um braço fazendo a braçada completa e outro estendido à frente. 2) Com um braço esperando o outro à frente. 3) Com um braço fazendo a braçada, elevando o cotovelo no final do empurrão final e

recuperando com os braços e a mão por dentro d’água. 4) Com um braço fazendo a braçada e recuperando, voltando o braço por cima da água e

fazendo a recuperação e a entrada na água novamente. 5) Parando o braço no final da braçada, exagerando o rolamento, retirando o ombro e o braço

fora d’água para depois iniciar a recuperação. 6) Tocando as costas com as mãos no início da recuperação, com as mãos sempre roçando o

corpo. 7) Forçando a execução de suas batidas de pernas, por ciclo de braçadas. 8) Junto da parede, obrigando a elevação do cotovelo. 9) Com um braço esperando o outro atrás, no prolongamento do tronco. 10) Com a cabeça fora d’água olhando a entrada da mão. 11) Puxando uma corda colocada abaixo da superfície da água. 12) Com respiração bilateral. - Batida de pernas. Na seguinte seqüência: - Dois tempos de batida, uma pequena parada; - Três de batida, uma pequena parada.

7. ATIVIDADE PROPOSTA

a. Pedido 01

Preparar uma sessão de aprendizagem do nado crawl enfocando: BATIDA DE

PERNAS. Procure utilizar exercícios em seco e, principalmente, na água. Estes devem ter

predominância devido às futuras avaliações práticas. Não esqueça de um rápido aquecimento.

Sempre que possível observe para os exercícios escolhidos os seguintes aspectos: posição do

corpo, respiração, coordenação e grau de dificuldade de execução. O trabalho deverá ser

entregue até o início da primeira aula prática e deverá constar do seguinte:

- Introdução, abordando o objetivo da aula e explicando seus conceitos teóricos.

- Desenvolvimento, descrevendo os exercícios a serem realizados e indicando os erros e suas conseqüências.

- Conclusão, prevendo como seria uma próxima sessão após os objetivos desta serem assimilados.

Deverá constar ainda os integrantes do grupo indicando número e nome.

Page 55: História da natação

b. Pedido 02

Preparar uma sessão de aprendizagem do nado crawl enfocando: BRAÇADA.

Procure utilizar exercícios em seco e, principalmente, na água. Estes devem ter predominância

devido às futuras avaliações práticas. Não esqueça de um rápido aquecimento. Sempre que

possível observe para os exercícios escolhidos os seguintes aspectos: posição do corpo,

respiração, coordenação e grau de dificuldade de execução. O trabalho deverá ser entregue

até o início da primeira aula prática e deverá constar do seguinte:

- Introdução, abordando o objetivo da aula e explicando seus conceitos teóricos.

- Desenvolvimento, descrevendo os exercícios a serem realizados e indicando os erros e suas conseqüências.

- Conclusão, prevendo como seria uma próxima sessão após os objetivos desta serem assimilados.

Deverá constar ainda os integrantes do grupo, indicando número e nome. c. Pedido 03

Preparar uma sessão de aprendizagem do nado crawl enfocando: SAÍDA e

VIRADA. Procure utilizar exercícios em seco e, principalmente, na água. Estes devem ter

predominância devido às futuras avaliações práticas. Não esqueça de um rápido aquecimento.

Sempre que possível observe para os exercícios escolhidos os seguintes aspectos: posição do

corpo, respiração, coordenação e grau de dificuldade de execução. O trabalho deverá ser

entregue até o início da primeira aula prática e deverá constar do seguinte:

- Introdução, abordando o objetivo da aula e explicando seus conceitos teóricos.

- Desenvolvimento, descrevendo os exercícios a serem realizados e indicando os erros e suas conseqüências.

- Conclusão, prevendo como seria uma próxima sessão após os objetivos desta serem assimilados.

Deverá constar ainda os integrantes do grupo indicando número e nome. d. Pedido 04

Preparar uma sessão de aprendizagem do nado crawl enfocando: BRAÇADA.

Procure utilizar exercícios em seco e, principalmente, na água. Estes devem ter predominância

devido às futuras avaliações práticas. Não esqueça de um rápido aquecimento. Sempre que

possível observe para os exercícios escolhidos os seguintes aspectos: posição do corpo,

respiração, coordenação e grau de dificuldade de execução. O trabalho deverá ser entregue

até o início da primeira aula prática e deverá constar do seguinte:

- Introdução, abordando o objetivo da aula e explicando seus conceitos teóricos.

- Desenvolvimento, descrevendo os exercícios a serem realizados e indicando os erros e suas conseqüências.

- Conclusão, prevendo como seria uma próxima sessão após os objetivos desta serem assimilados.

Deverá constar ainda os integrantes do grupo indicando número e nome. e. Pedido 05

Page 56: História da natação

Preparar uma sessão de aprendizagem do nado crawl enfocando:

COORDENAÇÃO ENTRE BRAÇOS E PERNAS. Procure utilizar exercícios em seco e,

principalmente, na água. Estes devem ter predominância devido às futuras avaliações práticas.

Não esqueça de um rápido aquecimento. Sempre que possível observe para os exercícios

escolhidos os seguintes aspectos: posição do corpo, respiração, coordenação e grau de

dificuldade de execução. O trabalho deverá ser entregue até o início da primeira aula prática e

deverá constar do seguinte:

- Introdução, abordando o objetivo da aula e explicando seus conceitos teóricos.

- Desenvolvimento, descrevendo os exercícios a serem realizados e indicando os erros e suas conseqüências.

- Conclusão, prevendo como seria uma próxima sessão após os objetivos desta serem assimilados.

Deverá constar ainda os integrantes do grupo indicando número e nome.

Page 57: História da natação

CAPÍTULO V

Os movimentos helicoidais de braços e pernas são mais evidentes no nado peito do que em

qualquer outro dos estilos competitivos. O nado peito inclui a braçada, a batida de pernas, a coordenação entre as braçadas e as batidas de pernas, a posição do corpo e a respiração.

1. A BRAÇADA

A braçada do nado peito divide-se em cinco fases: abertura lateral dos braços, pegada inicial, puxada, empurrão e recuperação. As vistas de lado e de frente aparecem na figura 5-1.

a. Abertura Lateral dos Braços Pode-se observar a abertura lateral dos braços nos quadros a e b da figura 5-1. Esta fase não é

necessariamente propulsiva e sua finalidade é colocar os braços em posição para gerar força propulsiva nas fases que se seguem.

No nado de peito competitivo não existe deslizamento. O começo da abertura lateral dos braços e o final da recuperação dos mesmos se sobrepõem; de modo que superam a inércia dos braços para frente com menos esforço. As mãos movem-se para fora até ultrapassarem a largura dos ombros, onde fazem a pegada inicial. Os braços permanecem estendidos durante todo o afastamento.

NADO PEITO

a

b

c

Page 58: História da natação

Fig 5-1. Vista lateral e frontal do nado peito.

d

e

f

g

j

i

h

l

m

m

m

50

50

Page 59: História da natação

As mãos devem estar inclinadas para fora e para trás. Elas estão inclinadas para fora quase 90º em relação a uma posição deitada. A inclinação para trás deve oferecer um ângulo de ataque entre 30º e 40º, relativamente à direção do movimento das mãos para fora.

Os erros comuns na abertura lateral dos braços são: - Braçada estreita. Neste caso, os nadadores usam uma braçada estreita com as mãos (e os

braços) dirigidos mais para trás e para baixo do que para fora. A braçada estreita é popular entre os tradicionais, que acreditam que os nadadores devem começar a empurrar a água para trás imediatamente. Pesquisas mostraram que um afastamento mais amplo dos braços é mais propulsor.

- Afastamento dos braços amplo demais. É um problema tão sério quanto uma braçada estreita. Um afastamento demasiado largo, no qual os braços ultrapassam muito a largura dos ombros, atrasará o início das fases mais propulsoras da braçada.

- Usar as mãos como remos. É outro erro comum que leva os nadadores a empurrar a água para fora com as mãos espalmadas, em lugar de pô-las em posição para desviar a água para trás, desde as pontas dos dedos até os pulsos. Quando a água é empurrada para fora, a principal força gerada é a força hidrodinâmica dirigida para dentro. Qualquer propulsão que se poderia obter durante a abertura lateral dos braços provavelmente seria minimizada ao se empurrar a água para fora.

b. Pegada Inicial Faz-se a pegada inicial quando as mãos passam por fora da largura dos ombros. As mãos

mudam a inclinação de uma direção para fora e para trás, para uma direção para fora e para baixo. c. Puxada Feita a pegada inicial, as mãos se movem para baixo e para fora num trajeto circular, até se

aproximarem do ponto mais profundo. Os braços continuam flexionando-se atuando como eixos, com as mãos girando ao redor dos cotovelos como hélice. As mãos devem permanecer inclinadas para fora e para baixo durante toda a puxada.

O erro mais comum que o nadador comete durante a puxada é mover as mãos para dentro e não para baixo. Este erro reduz a extensão da fase propulsora da braçada e também torna mais difícil erguer a cabeça e os ombros fora d’água para respirar.

d. Empurrão O empurrão começa quando as mãos passam no ponto mais profundo da puxada. Antes, a

transição da puxada para o empurrão se faz de maneira circular, com as mãos movendo-se primeiro para baixo e para dentro, e depois para dentro, para cima e para trás.

O empurrão termina quando as mãos se aproximam uma da outra no seu movimento para cima. Deve-se acelerar o movimento das mãos para dentro e para cima durante toda a fase do empurrão.

A inclinação das mãos deve mudar gradativamente, da posição para fora e para baixo, para uma posição para dentro e para cima, durante toda a fase do empurrão. Mas a mudança para a inclinação para dentro só deve ocorrer quando as mãos tiverem passado sob os cotovelos, pois do contrário elas ultrapassarão o ângulo ideal de ataque no começo do empurrão, causando a perda de um pouco da propulsão.

Os cotovelos acompanham as mãos para baixo, para dentro e para cima durante o empurrão. Deve-se

comprimir os cotovelos sob as costelas ao completar o empurrão (figura 5-1 f). Esta compressão dos cotovelos

aumenta a inércia ascendente das mãos, de modo que elas deixam de mover-se para cima, passando a mover-se

para frente, quando então começa a recuperação.

Embora seja comum entre os nadadores do estilo peito, o giro das palmas das mãos para cima, no final do empurrão, é um movimento supérfluo. É provável que se trate apenas de uma ação de finalização.

O erro mais comum no empurrão é mover as mãos para frente antes de completar a sua fase propulsora. Esta ação reduz a propulsão da mesma forma que um cotovelo arriado causa uma perda na força propulsora em outros estilos. A força propulsora poderá ser gerada por mais tempo, se as mãos continuarem movendo-se para dentro até quase se unirem sob o peito.

e. Recuperação

51

Page 60: História da natação

Pode-se observar a recuperação nos quadros g, h, i, j, l e m na figura 5-1. A recuperação começa quando as mãos estão juntas sob o queixo. As mãos relaxam a pressão sobre a água e o movimento dos cotovelos para dentro e para cima inicia o avanço das mãos para frente. A inclinação das mãos muda rapidamente de uma posição para cima para uma posição para baixo enquanto se movem para frente. Elas devem estar próximas e as pontas dos dedos devem deslizar para frente de maneira rápida e suave, em linha reta e numa profundidade aproximada de 20 a 15 cm. Os pulsos não devem estar flexionados, nem excessivamente estendidos, pois a menor flexão ou extensão fará com que a palma ou as costas das mãos pressionem para frente, contra a água.

Os erros mais comuns na recuperação são: - Empurrar as mãos para frente com força. - Falta de forma hidrodinâmica. Os braços devem se estender à frente, quase retos, com os

pulsos numa posição natural entre a flexão e a extensão. As mãos devem manter-se juntas, pois se estiverem afastadas, oferecerão uma superfície maior à água, aumentando a resistência hidrodinâmica.

2. BATIDA DE PERNAS

A batida de pernas do nado peito divide-se nas seguintes fases: recuperação, afastamento das pernas, puxada, empurrão e deslizamento das pernas. As vistas de baixo e diagonal aparecem na figura 5-2.

a. Recuperação A recuperação das pernas começa quando os braços completam o empurrão (figura 5-1 F). A

força ascendente dos braços afunda os quadris. As pernas então relaxam-se nas articulações dos quadris e dos joelhos, e estes movem-se para o fundo da piscina. Completado o empurrão da braçada, os calcanhares são puxados rápida e suavemente para cima e para frente, na direção das nádegas, pela flexão continuada dos joelhos e com flexão mínima dos quadris. Os dedos dos pés apontam para trás e os pés estão dentro dos limites dos quadris para reduzir a resistência hidrodinâmica. Perto do final da recuperação, quando os pés aproximam-se das nádegas, eles começam a mover-se para fora, iniciando a fase do afastamento das pernas (figura 5-2 A e B).

Os erros mais comuns na recuperação são: - Empurrar as coxas para baixo e para frente. Provoca uma flexão exagerada das pernas nos

quadris, gerando um desalinhamento horizontal e aumentando a resistência de forma, diminuindo a velocidade de avanço do nadador.

- Recuperar as pernas durante o empurrão da braçada. As pernas atuarão como freios reduzindo a propulsão para frente gerada pela braçada.

- Recuperar com os joelhos afastados demais. A resistência de forma aumentará muito.

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Page 61: História da natação

Fig 5-2. Batida de pernas do nado peito.

b. Afastamento das Pernas Quando os pés se aproximam das nádegas, o nadador faz a dorsiflexão e revira os pés o

máximo possível, começando a movê-los para fora e para trás. Os pés estão inclinados para cima, para fora e para trás durante esta fase da batida (figura 5-2 C). Os braços devem estar estendidos, e o tronco deve estar plano na superfície desta e nas outras fases propulsoras da batida de pernas.

Ao contrário do que se acredita, não se deve parar as pernas e firmar os pés ao final da recuperação, porque será preciso mais esforço para movimentá-los novamente. Quando o começo do afastamento das pernas e o final da recuperação se sobrepõem, pode-se então, superar a inércia dos pés com menos esforço muscular, quando eles mudam da direção de avanço para a direção para fora.

Os erros mais comuns no afastamento das pernas são: - Inclinar erradamente os pés. - Empurrar água direto para trás. Deve-se empurrar água para fora e para trás.

c. Puxada

A B C

G

D E F

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Page 62: História da natação

Quando as pernas se aproximam do seu ponto mais afastado (quase esticadas), o nadador inclina os pés ligeiramente para baixo e move as pernas para baixo e para fora, e depois para baixo e para dentro, num trajeto circular (figura 5-2 C e D).

Embora as pernas estejam se estendendo nos joelhos durante a puxada, os pés movem-se para baixo mais depressa do que para trás, porque a puxada da batida de pernas acelera o corpo do nadador para frente mais depressa do que a rapidez da extensão das pernas para trás. Os nadadores devem acentuar mais os movimentos dos pés para baixo do que para trás, pois isto aumentará a força propulsora durante a puxada. Esse movimento descendente das pernas elevará ligeiramente os quadris do nadador, numa ação tipo golfinho, que se pode ver claramente em muitos nadadores do estilo peito de alto nível

O erro mais comum na puxada é empurrar os pés para trás mais depressa do que estes se movem para baixo.

d. Empurrão Quando as pernas estão quase totalmente estendidas, os pés mudam de uma direção para

baixo e movem-se para dentro, até se unirem. Durante esta fase os pés inclinam-se o máximo possível para dentro (figura 5-2 E e F).

O empurrão termina quando os pés estão quase unidos, neste momento há um relaxamento da pressão e os pés continuam movendo-se para dentro e para cima até se nivelarem com os quadris. Assim, as pernas alinham-se com o tronco, de modo que a resistência de forma será mínima durante a braçada subseqüente.

O erro mais comum que os nadadores cometem é apontar os dedos dos pés para trás e para cima no começo da fase do empurrão.

e. Deslizamento das Pernas Embora o movimento das pernas seja contínuo na maioria dos estilos, existe um deslizamento

nítido das pernas depois que a batida de pernas do nado peito termina. Isto se deve ao fato de que as pernas estarão em alinhamento horizontal com o tronco durante a fase propulsora da braçada, reduzindo, deste modo, o efeito da resistência de forma.

3. COORDENAÇÃO DA BRAÇADA COM A BATIDA DE PERNAS

Atualmente, são três os estilos de coordenação do nado peito em uso: o contínuo, o de deslizamento e o de superposição.

a. Estilo Contínuo Quando se usa a coordenação contínua, a braçada começa simultaneamente com o término da

fase propulsora da batida de pernas. Muitos especialistas defendem a coordenação contínua pois, teoricamente, não haverá nenhum intervalo na aplicação de força se a braçada começa no momento em que a batida de pernas terminar. A falácia desta teoria é que há necessidade de certo grau de superposição para que haja uma coordenação verdadeiramente contínua. Os braços não oferecem muita força propulsora senão quando estão quase totalmente abertos.

b. Estilo de Deslizamento Na coordenação de deslizamento, há um breve intervalo entre o término da batida de pernas e o

começo da braçada. A maioria dos treinadores concorda que a coordenação de deslizamento é ineficaz porque os nadadores desaceleram no começo da braçada.

c. Estilo de Superposição Para que não haja uma desaceleração, entre o momento em que a fase propulsora da batida de

pernas termina e o momento em que a fase propulsora dos braços começa, o nadador deve usar uma coordenação de superposição, na qual a abertura dos braços começa antes que o empurrão da batida de pernas se complete. A maioria dos nadadores do estilo peito de categoria internacional usa uma coordenação de superposição.

Na coordenação de superposição, a braçada começa durante a fase do empurrão da batida de pernas. Sem dúvida, os que têm uma batida de pernas ruim são os que fazem a maior superposição, para que os braços dominem a braçada. Embora a alternância maior seja mais cansativa, talvez seja

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Page 63: História da natação

mais rápido nadar dessa maneira do que dar menor número de braçadas e depender de uma batida de pernas fraca para obter propulsão.

Quando se usa a coordenação de superposição, os braços devem começar a se abrir enquanto as pernas se movem para dentro. Se a pegada inicial da braçada for feita simultaneamente com o término da fase propulsora da batida de pernas, haverá uma aplicação contínua da força propulsora.

4. “FILIPINA”

Atualmente, as regras permitem que os nadadores do estilo peito dêem apenas uma braçada subaquática por volta, imediatamente após a saída da prova e depois de cada virada. Após completa essa braçada, os nadadores devem dar uma batida de pernas para a superfície, de modo que parte do corpo, em geral a cabeça, fique acima da superfície antes que a braçada seguinte comece.

A “Filipina” assemelha-se a uma braçada exagerada do nado borboleta. Ela consiste de deslizamento inicial, abertura lateral dos braços, pegada inicial, puxada, empurrão, empurrão final e recuperação de braços e pernas (figura 5-3).

a. Deslizamento Inicial Após o mergulho da saída ou o empurrão na parede da virada, o nadador mantém uma posição

hidrodinâmica até começar a perder velocidade. Os braços devem estar unidos e bem estendidos acima da cabeça. Uma mão fica sobre a outra para ajudar a manter essa posição. A cabeça fica entre os braços. O corpo não deve afundar nem empinar na cintura. As pernas devem estar unidas, com os dedos dos pés apontando para trás.

b. Abertura Lateral dos Braços Com a velocidade obtida começando a diminuir, o nadador vira as mãos diretamente para fora e

para trás, e faz um afastamento dos braços até ultrapassar a largura dos ombros. c. Pegada Inicial e Puxada Quando as mãos se aproximam da posição em que estão mais afastadas, o nadador as inclina

para baixo e começa a movê-las para baixo, num trajeto circular. d. Empurrão As mãos continuam fazendo um círculo para baixo e depois para dentro e para cima, até se

unirem sob o peito, As mãos inclinam-se para dentro ao passarem sob os cotovelos. e. Empurrão Final Quando as mãos se unem, o nadador começa a empurrá-las para trás, para fora e para cima,

até que os braços estejam completamente estendidos na parte posterior das coxas. f. Recuperação de Braços e Pernas Após o empurrão final, o nadador desliza numa posição hidrodinâmica até que a velocidade

começa a diminuir. Então, ele faz a recuperação dos braços suavemente, ao longo do corpo, e flexiona as pernas, preparando-se para batida de pernas em direção a superfície.

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Fig 5-3. Filipina.

5. POSIÇÃO DO CORPO E RESPIRAÇÃO

O estilo tradicional usado pelos nadadores norte-americanos no nado peito caracteriza-se por uma posição plana do corpo, com os quadris permanecendo na superfície, ou próximo dela, e os ombros dentro d’água durante todo o ciclo da braçada. Respira-se erguendo e baixando a cabeça para não perturbar a posição plana do tronco e das pernas. Este estilo está ilustrado na figura 5-4 A.

Atualmente, há uma tendência para o nado peito ondulante, no qual os quadris afundam e os ombros movem-se para cima e para frente, fora d’água, durante a respiração. Este estilo aparece na figura 5-4 B. Os nadadores do leste europeu usam-no há anos com sucesso.

Neste estilo, o rosto sai da água pela ação dos ombros, que sobem e vão à frente no momento em que se dá o empurrão da braçada. Respira-se durante a última parte do empurrão e a primeira parte de recuperação da braçada. Então a cabeça volta para a água no momento em que os braços se estendem para frente, no final da recuperação.

São várias as razões porque o peito ondulante deve ser melhor que o estilo plano para aumentar a força propulsora e reduzir a resistência hidrodinâmica, entre elas:

- O afundamento dos quadris, durante a respiração, pode reduzir a resistência de forma, em lugar de

aumentá-la, porque as pernas podem ser recuperadas com menos flexão nos quadris, ou seja, sem empurrar suas

coxas para frente contra a água.

- Durante a recuperação das pernas, o nadador do estilo ondulante deve encontrar menos resistência porque

mantém uma forma afilada com seu tronco e suas pernas;

- Os movimentos de ascensão dos ombros são essenciais para a braçada propulsiva. Semelhante ao nado

borboleta, a puxada corretamente executada empurra a cabeça e os ombros para cima e para frente.

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Page 66: História da natação

A

B B

Page 67: História da natação

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Fig 5-4. Comparação entre o estilo plano e o estilo ondulante no nado peito.

a. Posição do Corpo. Como acontece com o nado borboleta, é inútil falar-se de uma única posição do corpo para o

nado peito. Mas deve-se ter em mente duas coisas muito importantes: - O corpo deve estar na posição mais hidrodinâmica possível nas fases propulsoras da braçada.

Os quadris devem estar perto da superfície, com as pernas alinhadas com o corpo. As pernas devem ficar unidas numa posição estendida, com os dedos dos pés apontando para trás, com uma inclinação mínima da cabeça aos pés.

- A cabeça e o tronco devem estar na água, perfeitamente planos, durante a maior parte das fases propulsoras da batida de pernas que for possível. Os braços devem estar quase que totalmente estendidos quando a batida de pernas começar, e completamente estendidos no seu final.

b. Respiração A cabeça deve vir para cima e para frente, fora d’água, durante a puxada dos braços, permitindo

ao nadador usar a força descendente daquela braçada, com o rosto voltando para a água antes que a batida de pernas comece.

Os nadadores do estilo peito devem respirar uma vez a cada ciclo de braçada em todas as provas, independente da distância. A respiração é parte tão integrante da coordenação desse estilo, que ajuda a propulsão em lugar de interferir nela. Por exemplo, no nado peito ondulante, a elevação da parte superior do corpo para respirar estimula uma puxada mais eficaz dos braços, permitindo recuperar as pernas com menor flexão dos quadris.

A respiração também parece estimular a coordenação adequada entre a batida de pernas e a braçada. Quando os nadadores mantêm o rosto n’água durante o ciclo da braçada, eles tendem a apressar a braçada e, por conseguinte, desequilibram seu ritmo.

Os erros mais comuns da posição do corpo e da respiração são: - Erguer os ombros para fora d’água mais alto do que o necessário. Os ombros devem ficar fora

d’água, mas sem que o peito seja claramente visível. - Erguer os ombros para cima e para trás. Os ombros devem ser erguidos para cima e para

frente.

6. EDUCATIVOS

a. Em seco Exemplos de educativos fora d’água: - De pé, apoiando-se, efetuar a pernada com uma perna de cada vez. - Em decúbito ventral, perna na posição de recuperação máxima, forçar a pernada com o

companheiro forçando a ponta dos pés, para baixo e para fora. - Em decúbito ventral na borda da piscina, com as pernas no interior da mesma, executar

individualmente a pernada. - Em decúbito ventral, sobre o bloco de partida, executar a pernada e a braçada,

coordenando-as. b. Dentro D’Água Exemplos de educativos dentro d’água: - Trabalho de pernas, com os braços parados a frente. - Trabalho de pernas, com os braços ao longo do corpo, procurando tocar os calcanhares com

as mãos. - Trabalho de pernas, na posição de costas, mãos atrás da cabeça. - Trabalho de pernas, segurando a prancha nas mãos. - Trabalho de pernas, com as mãos na borda. - Trabalho de pernas com as mãos seguras atrás do quadril. - Trabalho de braços, com a cabeça fora d’água. - Trabalho de braços, com a prancha entre as pernas. - Trabalho de braços, com os pés na borda ou seguros por um companheiro. - Braçada só com um braço, pernada normal. - Três braçadas sem pernadas três pernadas sem braçadas.

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- 25 m só braçadas, 25 m só pernadas, 25 m nado completo.

7. ATIVIDADE PROPOSTA

a. Pedido 01

Preparar uma sessão de aprendizagem do nado peito enfocando: BATIDA DE PERNAS e BRAÇADAS. Procure utilizar exercícios em seco e, principalmente, na água. Estes devem ter predominância devido às futuras avaliações práticas. Não esqueça de um rápido aquecimento. Sempre que possível observe para os exercícios escolhidos os seguintes aspectos: posição do corpo, respiração, coordenação e grau de dificuldade de execução. O trabalho deverá ser entregue até o início da primeira aula prática e deverá constar do seguinte:

- Introdução, abordando o objetivo da aula e explicando seus conceitos teóricos. - Desenvolvimento, descrevendo os exercícios a serem realizados e indicando os erros e

suas conseqüências. - Conclusão, prevendo como seria uma próxima sessão após os objetivos desta serem

assimilados. Deverá constar ainda os integrantes do grupo indicando número e nome.

b. Pedido 02

Preparar uma sessão de aprendizagem do nado peito enfocando: SAÍDA e VIRADA. Procure utilizar exercícios em seco e, principalmente, na água. Estes devem ter predominância devido às futuras avaliações práticas. Não esqueça de um rápido aquecimento. Sempre que possível observe para os exercícios escolhidos os seguintes aspectos: posição do corpo, respiração, coordenação e grau de dificuldade de execução. O trabalho deverá ser entregue até o início da primeira aula prática e deverá constar do seguinte:

- Introdução, abordando o objetivo da aula e explicando seus conceitos teóricos. - Desenvolvimento, descrevendo os exercícios a serem realizados e indicando os erros e suas

conseqüências. - Conclusão, prevendo como seria uma próxima sessão após os objetivos desta serem

assimilados. Deverá constar ainda os integrantes do grupo, indicando número e nome.

c. Pedido 03

Preparar uma sessão de aprendizagem do nado peito enfocando: BATIDA DE PERNAS e BRAÇADA. Procure utilizar exercícios em seco e, principalmente, na água. Estes devem ter predominância devido às futuras avaliações práticas. Não esqueça de um rápido aquecimento. Sempre que possível observe para os exercícios escolhidos os seguintes aspectos: posição do corpo, respiração, coordenação e grau de dificuldade de execução. O trabalho deverá ser entregue até o início da primeira aula prática e deverá constar do seguinte:

- Introdução, abordando o objetivo da aula e explicando seus conceitos teóricos. - Desenvolvimento, descrevendo os exercícios a serem realizados e indicando os erros e suas

conseqüências. - Conclusão, prevendo como seria uma próxima sessão após os objetivos desta serem

assimilados. Deverá constar ainda os integrantes do grupo indicando número e nome.

d. Pedido 04

Preparar uma sessão de aprendizagem do nado peito enfocando: COORDENAÇÃO ENTRE BRAÇOS E PERNAS. Procure utilizar exercícios em seco e, principalmente, na água. Estes devem ter predominância devido às futuras avaliações práticas. Não esqueça de um rápido aquecimento. Sempre que possível observe para os exercícios escolhidos os seguintes aspectos: posição do corpo, respiração, coordenação e grau de dificuldade de execução. O trabalho deverá ser entregue até o início da primeira aula prática e deverá constar do seguinte:

- Introdução, abordando o objetivo da aula e explicando seus conceitos teóricos.

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- Desenvolvimento, descrevendo os exercícios a serem realizados e indicando os erros e suas conseqüências.

- Conclusão, prevendo como seria uma próxima sessão após os objetivos desta serem assimilados.

Deverá constar ainda os integrantes do grupo indicando número e nome.

e. Pedido 05

Preparar uma sessão de aprendizagem do nado peito enfocando: COORDENAÇÃO ENTRE BRAÇOS E PERNAS. Procure utilizar exercícios em seco e, principalmente, na água. Estes devem ter predominância devido às futuras avaliações práticas. Não esqueça de um rápido aquecimento. Sempre que possível observe para os exercícios escolhidos os seguintes aspectos: posição do corpo, respiração, coordenação e grau de dificuldade de execução. O trabalho deverá ser entregue até o início da primeira aula prática e deverá constar do seguinte:

- Introdução, abordando o objetivo da aula e explicando seus conceitos teóricos. - Desenvolvimento, descrevendo os exercícios a serem realizados e indicando os erros e suas

conseqüências. - Conclusão, prevendo como seria uma próxima sessão após os objetivos desta serem

assimilados. Deverá constar ainda os integrantes do grupo indicando número e nome.

Page 70: História da natação

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CAPÍTULO VI NADO COSTAS

Nos primórdios da natação competitiva, acreditava-se que o nado de costas fosse

uma versão às avessas do crawl, impressão essa que diminuiu no período em que a teoria da resistência hidrodinâmica esteve em voga. A crença de que o nado de costas é na verdade uma versão invertida do crawl é reforçada quando se aplica a teoria da sustentação à mecânica deste estilo. As semelhanças entre os dois estilos são notáveis e serão estudadas neste capítulo em termos dos componentes do nado de costas que são: a braçada, a batida de pernas, a coordenação de braços e pernas, a posição do corpo e a respiração.

1. BRAÇADA

A braçada do nado costas consiste de seis fases que são: entrada, pegada inicial, puxada inicial, empurrão final, puxada final e recuperação.

a. Entrada

Fig 6-1. Entrada da mão na água.

No nado costas, o braço deve entrar na água à frente da cabeça e alinhado com os ombros. Ele

deve estar totalmente estendido, com a mão entrando n’água pelo dedo mínimo e com a palma voltada para fora (Fig. 6-1), permitindo uma entrada na água com um mínimo de turbulência.

Uma excelente técnica de ensino é pedir aos nadadores que imaginem que estão deitados, na posição

supina, sobre o mostrador de um relógio, com a cabeça nas 12 horas e os pés nas 6 horas. Pode-se então, comunicar

a posição de entrada, dizendo aos nadadores que entrem com a mão na água às 11 horas no lado direito e a 1 hora

no lado esquerdo.

Os erros mais comuns na entrada são: - A cruzada à frente da cabeça (Fig 6-2). Ocorrerá se o nadador estender o braço sobre a

posição das 12 horas (sobre a cabeça), na direção do ombro oposto. Os quadris serão puxados para fora por este movimento, rompendo o alinhamento lateral. Os resultados serão movimentos oscilantes desnecessários do tronco e das pernas, o que causará o aparecimento de turbulência, aumentando a resistência de forma e a resistência de ondas.

Fig 6-2. Cruzada do braço à frente da cabeça.

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- A entrada aberta. Ocorrerá se a mão entrar na água antes de atingir a posição de 1 hora ou 11 horas, perdendo um pouco da propulsão da primeira fase subaquática da braçada e reduzindo o espaço de tempo em que se pode gerar propulsão durante a braçada.

- Bater violentamente com a mão na água (Fig. 6-3). Isto aumentará a resistência de ondas. Os nadadores que cometem este erro, em geral, batem com as costas das mãos na água. Se o nadador empurrar a superfície plana das costas da mão para baixo e para frente, na água, esta ação transmitirá uma força para cima e para trás, para a cabeça e os ombros, rompendo o alinhamento horizontal e reduzindo a velocidade de avanço.

Fig 6-3. Bater violentamente com a mão na água.

b. Pegada Inicial Após a entrada, a mão move-se para frente, para baixo e para fora, enquanto a palma se inclina

para baixo. Nesta inclinação, a força de sustentação exercida pela mão flexionará o braço, iniciando a fase propulsora da braçada.

O erro mais freqüente da pegada inicial é cometido quando o nadador tenta empurrar água para trás com a

mão, em lugar de mover a mão para fora e para baixo após a entrada. Na pressa de empurrar água para trás, o

nadador flexiona o cotovelo antes de fazer a pegada inicial e empurra a mão para trás com o cotovelo movendo-se

antes da mão (cotovelo arriado).

Isto exerce uma considerável força de resistência contrária à direção do movimento do corpo. A força resultante também rompe o alinhamento horizontal porque faz com que a cabeça e o ombro saltem para cima, reduzindo a velocidade durante a puxada e todas as fases subseqüentes da braçada.

Quando os nadadores aprendem a mover a mão para baixo e para fora após a entrada, o cotovelo arriado deixará de ser um problema.

c. Puxada Inicial (Fig 6-4 e 6-5) Feita a pegada inicial, a mão deve mover-se para baixo e para fora, num trajeto circular, até

estar numa profundidade de aproximadamente 45 a 60 cm. O ombro e os quadris devem girar na direção do braço que dá a puxada. A velocidade da mão, para baixo e para fora, aumenta durante toda a puxada. A mão deve inclinar-se para baixo, para fora e para trás. Os ângulos de ataque para fora e para baixo devem estar entre 30 e 40 graus.

A puxada inicial do nado costas é, na verdade, muito parecida com a do crawl. Ambos são movimentos para baixo e para fora, com a palma da mão inclinada para baixo, para fora e para trás.

Fig 6-4. Puxada inicial.

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Fig 6-5. Vista lateral da puxada inicial.

Os erros mais comuns na puxada inicial são: - Empurrar para trás, contra a água. A propulsão passa a ser dominada pela resistência

hidrodinâmica e não pela força de sustentação. Perde-se um pouco de velocidade de avanço. - Não mover a mão para baixo (ou para fora). A união dos movimentos para fora e para baixo na

puxada inicial faz com que a resultante seja exercida para frente, de modo que propulsão deve aumentar.

d. Empurrão Final (Fig 6-6) Deve-se fazer a transição da puxada para o empurrão final aumentando o movimento centrífugo

da mão quando ela se aproxima do final da puxada. Isto permite ao nadador mudar o movimento da mão de uma direção para baixo, para uma direção ascendente com um mínimo de esforço muscular e sem romper o alinhamento lateral.

Fig 6-6. Empurrão final.

Feita a transição, a mão deve continuar movendo-se para cima, para trás e para dentro, na

direção da superfície, até estar submersa cerca de 15 a 20 cm. O cotovelo deve estar flexionado um pouco mais de 90º ao término desta fase. As pontas dos dedos devem estar dirigidas para cima e para fora, para a superfície. A inclinação da mão deve mudar da direção para cima para uma direção para dentro durante o empurrão final.

O empurrão final do nado costas é muito parecido com o empurrão do nado crawl. Ambos são a fase

intermediária das respectivas braçadas, e dirigem-se para cima e para dentro.

Os erros mais comuns no empurrão final são: - Mover a mão para cima, sem mudar a inclinação para trás e para baixo, usada na puxada

inicial (Fig 6-7). O diagrama da braçada A mostra por que cortar a água para cima com um ângulo de

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ataque muito pequeno da mão não é muito propulsor. A água contorna a mão sem ser desviada para trás, e o diferencial de pressão entre a palma e as costas da mão não será suficiente para dar boa propulsão. O diagrama B mostra a inclinação adequada da mão nesta fase da braçada. A mão inclina-se para cima cerca de 40º, desviando a água para trás. Isto aumenta o diferencial de pressão entre a palma e as costas das mãos, impulsionando o nadador mais depressa para frente.

Fig 6-7. Mover a mão para cima, sem mudar a inclinação.

- Inclinar a mão para cima num ângulo de ataque grande demais contra o fluxo contrário da água (Fig. 6-8).

O ângulo de ataque perpendicular impede que a água contorne a mão, tornando-se turbulenta. A força de resistência

empurrará o ombro do nadador para baixo, retardando a velocidade de avanço.

Fig 6-8. Inclinar a mão para cima num ângulo de ataque grande demais.

- Mover a mão diretamente para cima e não em diagonal. A força resultante é para baixo e para

frente, impedindo que o nadador alcance a máxima velocidade de avanço possível. e. Puxada Final (Fig 6-9)

Faz-se a transição do empurrão final para a puxada final quando a mão passa sobre o ponto mais alto do padrão da braçada, em forma de S. A palma da mão empurra água

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para trás. Isto permite ao nadador manter a força propulsora enquanto a mão muda da direção para cima, para uma direção para baixo, até que o braço esteja completamente estendido abaixo da coxa.

Fig 6-9. Puxada final.

A inclinação da mão muda gradativamente da posição para cima e para dentro, para uma

posição para baixo e para fora nessa transição. A mão permanece nesta inclinação até completar a puxada final.

O movimento da mão para baixo acelera a água para cima, sobre as costas da mão, enquanto a inclinação para baixo e para fora desvia para trás as moléculas que passam sob a palma da mão. O diferencial de pressão gerado exerce uma força resultante numa direção quase horizontal. A puxada final talvez seja a fase mais propulsora da braçada, correspondendo ao empurrão final no nado crawl, exceto que os movimentos são na direção oposta.

A maioria dos nadadores do estilo costas de alto nível mantém os dedos apontados para o lado durante a puxada final, para que possam inclinar a mão para baixo e para fora, no ângulo de ataque mais eficaz. Uma posição lateral dos dedos é mais propulsora no que se refere à propulsão dominada pela sustentação.

Os nadadores completam a puxada final em diferentes distâncias abaixo das coxas. Ignora-se qual seja a distância ideal, mas até que ela seja determinada, os nadadores devem procurar fazer com que a propulsão seja dominada pela sustentação, movendo a mão bem abaixo da coxa.

O erro mais comum na puxada final é empurrar para trás com a palma da mão. Quando empurram para trás, os nadadores podem usar a propulsão dominada pela resistência somente até que a mão chegue à coxa. Ao passo que a força de sustentação pode ser gerada até que a mão esteja bem abaixo da coxa, onde eles movem-na para baixo.

f. Recuperação O nadador retira a mão da água rolando o ombro para cima ao completar a puxada final. A

entrada do braço oposto e o rolamento subseqüente do corpo na direção do braço que entra na água ajudam a retirar da água o braço da recuperação. Todas essas ações ajudam a superar a inércia descendente que o braço gerou durante a puxada final, de modo que ele possa ser puxado para cima, para a recuperação, com menos esforço muscular e sem romper o alinhamento horizontal.

Completada a puxada final, a palma da mão deve estar voltada para dentro (para a coxa), de modo a sair da água de lado com um mínimo de resistência. A mão deve sair da água pelo dedo polegar.

Depois de sair da água, o braço se move para cima e depois para frente e para baixo, para a posição de entrada. A palma da mão está voltada para dentro na primeira parte da recuperação. Quando a mão passa pelo alto, ela gira para fora, de modo que a entrada se realize pelo dedo mínimo. A mão e o braço devem estar o mais relaxado possível durante a recuperação para que os músculos descansem um pouco entre as partes subaquáticas das braçadas.

O erro mais freqüente dos nadadores é iniciar a recuperação erguendo a mão e não o braço da água, pois isto afunda o ombro. Como resultado, a recuperação ocorre com o ombro submerso, aumentando a resistência hidrodinâmica.

g. Sincronização dos Braços

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A mão do braço da recuperação entra na água enquanto o braço da braçada completa sua puxada final. Deste modo, um braço pode começar a aplicar força propulsora quase que imediatamente após o outro relaxar a pressão abaixo da coxa. Um benefício desta sincronização é que a puxada de um braço gera o rolamento do corpo que inicia a recuperação do braço oposto.

Outro fator importante é que um braço deve chegar ao ponto mais alto da recuperação quando o outro inicia a puxada final. Neste momento, o corpo terá voltado à posição deitada e estará livre para rolar para o lado da recuperação quando o braço se move para baixo para iniciar a entrada. Se o braço da recuperação passar pelo alto antes que o nadador retorne à posição deitada, a força descendente do braço da recuperação e a força ascendente do braço da braçada se oporão, transferindo a força para o tronco e os membros inferiores, desalinhando-os.

A velocidade da braçada pode ser considerada como “consciência do ritmo”, a qual deve ser mensurada em diversos períodos do treinamento, observando-se o tempo por conclusão de cada ciclo de braçadas.

Os atletas do nado costas apresentam uma freqüência de braçadas muito menor e um comprimento de braçada muito maior que os demais nadadores. Geralmente, os nadadores aumentam o comprimento da sua braçada à medida que a distância da prova aumenta. No entanto, pelos efeitos cumulativos da fadiga, a freqüência da braçada de um nadador poderá diminuir e o mesmo irá ocorrer com a velocidade média.

Os pesquisadores não possuem padrão constante em relação à freqüência de braçadas durante uma prova de natação. A freqüência pode permanecer constante, aumentar ou diminuir durante uma prova. No entanto, concordam que o comprimento da braçada é o fator determinante na velocidade média de um nadador. Através da execução correta do rolamento do ombro, sob seu eixo longitudinal, será possível maximizar a amplitude da braçada.

2. BATIDA DE PERNAS

A batida de pernas consiste da alternância de uma pernada para cima e outra para baixo. A mecânica lembra em muito a da batida de pernas do nado crawl, exceto que, como o nadador está na posição supina, a pernada para baixo corresponde a pernada para cima do nado crawl e vice-versa.

A diferença principal entre as batidas de pernas dos dois estilos é que a perna do nadador no nado costas se flexionará mais quando a pernada para cima começar, ao passo que a perna do nadador de crawl fica um pouco mais estendida ao começar a correspondente pernada para baixo. A batida de pernas é ilustrada na figura 6-10.

a. Pernada para Cima (perna direita do nadador da figura 6-10) Começa quando o pé passa abaixo do nível das nádegas (Fig 6-10 A). Neste ponto, a flexão do

quadril (Fig 6-10 B) inicia o deslocamento da coxa para cima, enquanto a pressão da água para baixo, sobre a perna relaxada, empurra-a para uma posição flexionada (Fig 6-10 C).

A flexão do quadril prossegue até que a coxa se aproxime da superfície. Neste ponto, a perna se estende vigorosamente no joelho (Fig 6-10 D), acelerando o deslocamento da perna e do pé para a superfície (Fig 6-10 E). A pernada para cima termina quando a perna está completamente estendida no joelho (Fig 6-10 F). Os dedos dos pés devem estar na superfície ou ligeiramente abaixo.

O erro mais comum que o nadador de costas comete na pernada para cima é usar um movimento de bicicleta. Ele flexiona demais os quadris e não estende a perna completamente no joelho, aumentando a resistência hidrodinâmica. A coxa empurra para cima, contra a água, exercendo uma força contrária à direção de avanço do nadador.

Uma boa técnica de ensino é instruir o nadador para que estenda a perna para cima e mantenha o joelho submerso.

b. Pernada para Baixo (perna esquerda do nadador da figura 6-10) Quando a pernada para cima termina, a inércia ascendente gerada pela parte inferior da perna é

superada pela extensão na articulação do quadril, que desloca a coxa para baixo enquanto a perna se estende. Assim que a parte inferior da perna estiver estendida, ela acompanhará a coxa no movimento para baixo, iniciando a pernada para baixo.

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Fig 6-10. Batida de pernas.

A pressão ascendente da água mantém a perna estendida durante a pernada para baixo. Ela

também empurra o pé para uma posição natural. A perna deve estar relaxada nas articulações do joelho e do tornozelo para que a perna e o pé possam ser corretamente posicionados pela água.

A pernada para baixo termina quando o pé está abaixo do nível das nádegas. Não se deve empurrar a coxa para baixo, pois a força descendente empurrará os quadris para cima e romperá o alinhamento horizontal.

O erro mais comum na pernada para baixo é a batida funda demais. Isto faz com que a perna rompa o fluxo laminar das correntes de água que, de outro modo, passaria abaixo do corpo sem muita interrupção. Como resultado, a resistência de forma aumenta e a velocidade de avanço diminui. Além disso, a excessiva força descendente da batida de pernas exerce uma força contrária sobre os quadris e o tronco, que tendem a elevarem-se rompendo o alinhamento horizontal e aumentando ainda mais a resistência hidrodinâmica.

c. Sincronização das Pernas

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Uma perna deve chegar ao topo da pernada para cima quando a outra atingir a posição mais profunda. A ligeira superposição das duas pernadas (a coxa de uma perna começa a mover-se para cima antes que a outra perna esteja completamente estendida), provavelmente, dará tempo para que o joelho da perna que está embaixo se flexione, para começar a estender-se tão logo a outra completa sua pernada para cima.

3. COORDENAÇÃO DE BRAÇOS E PERNAS

Os nadadores de costas usam a coordenação de seis tempos. São três pernadas para cima para cada braçada. Uma pernada para cada uma das seguintes fases: puxada, empurrão final, puxada final. A seqüência é a seguinte:

1) A perna esquerda bate para cima durante a puxada inicial do braço esquerdo (Fig 6-10 A). 2) A perna direita bate para cima durante o empurrão final do braço esquerdo (Fig 6-10 C). 3) A perna esquerda torna a bater para cima durante a puxada final do braço esquerdo (Fig 6-10

D, E). A seqüência repete-se na braçada direita. Isto é, a perna direita bate para cima durante a

puxada inicial do braço direito. A semelhança entre a coordenação desta braçada e a coordenação de seis tempos do nado

crawl é notável, corroborando com a teoria de que a coordenação de seis tempos talvez seja o método mais eficiente para ambos os estilos, pelo menos para distâncias de até 200 metros.

Embora a batida de pernas do nado costas seja evidentemente propulsora em si, será que ela contribui para força propulsora total quando combinada com a braçada? Se assim for, o esforço despendido compensa o ganho em velocidade?

Pode-se responder a primeira pergunta teoricamente. Alguma força propulsora poderia ser gerada pelas pernadas para cima que acompanham a puxada inicial de cada braçada. Essa batida dirige-se para cima por uma distância considerável, porque a velocidade de avanço está em seu ponto mais baixo no ciclo da braçada durante a puxada inicial. Portanto, o pé se move para cima mais depressa do que é puxado pela braçada. O movimento ascendente do pé desvia as moléculas de água acima dele para trás, passando sobre a superfície do dorso do pé, criando um diferencial da pressão entre as superfícies do dorso (+) e da sola (-) do pé, exercendo uma força de sustentação para frente.

Como as pernadas para cima que acompanham a puxada inicial de cada braçada podem ser propulsoras, a segunda pergunta deve ser examinada. Infelizmente, não existe pesquisa que a responda e, portanto, as apreciações devem ser feitas em bases empíricas. Duas observações confirmam a sensatez de se usar essas pernadas para cima para propulsão:

- Ao contrário dos nadadores de crawl, poucos nadadores bem sucedidos do estilo costas usam os ritmos atenuados de batidas de pernas, como os de dois ou quatro tempos.

- A maioria dos nadadores bem sucedidos do estilo costas tem boa batida de pernas, em contraste com o nado crawl, no qual a batida de pernas ruim não impede que muitos nadadores consigam atingir tempos de categorias mundiais, principalmente nas provas mais longas.

Como a batida de pernas parece desempenhar um papel mais importante neste estilo, recomenda-se que os nadadores do estilo costas e seus treinadores busquem a batida de seis tempos.

4. POSIÇÃO DO CORPO

Os nadadores de costas têm mais dificuldade para manter o alinhamento horizontal e lateral do que os nadadores dos outros estilos. O nadador de costas tem a tendência de se sentar na água, com os quadris para baixo e a cabeça para cima, rompendo o alinhamento horizontal. Também tende a fazer recuperações laterais que tiram o corpo do alinhamento lateral.

a. Alinhamento Horizontal

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Fig 6-11. Comparação entre bom e mau alinhamento horizontal.

O corpo do nadador deve estar quase horizontal com a superfície da água. A nuca deve estar na

água, com a linha d’água passando logo abaixo das orelhas (a esteira de água cobre as orelhas). O queixo deve estar ligeiramente abaixado e os olhos focalizados para trás e para cima, na direção dos pés. A posição da cabeça é natural. Deve estar alinhada com o corpo, não deve ficar fora d’água e nem ser forçada para trás, para dentro d’água. A cabeça fora d’água afunda os quadris e as pernas. A cabeça forçada para trás arqueia as costas, deixando-as rígidas. Embora o corpo deva estar reto, ele não deve estar rígido. Deve haver uma ligeira curvatura dos ombros e uma leve inclinação da cabeça até os pés.

Esta posição permitirá bater as pernas com mais eficiência. Se os quadris estiverem altos demais, as coxas surgirão na superfície durante as pernadas para cima, ao passo que os quadris afundados aumentarão a resistência de forma. O corpo não deve estar arqueado nas costas nem dobrado na cintura.

As seguintes posições devem ser verificadas periodicamente para assegurar um alinhamento horizontal

adequado: a nuca deve estar na água, o peito deve estar logo acima da superfície, os quadris devem estar logo

abaixo da superfície, as pernas devem estar logo abaixo da superfície quando terminar a pernada para cima e a

batida de pernas não deve ter mais de 37 a 45 cm de profundidade.

b. Alinhamento Lateral Os quadris e pernas devem permanecer sempre dentro do limite dos ombros. O rolamento do

corpo e a batida lateral das pernas ajudam a manter o alinhamento lateral. b.1. Importância do rolamento do corpo. A puxada inicial do braço requer uma hiperflexão na

articulação do ombro. Como o alcance desse movimento é limitado, os nadadores rolam o corpo na direção do braço que dá a braçada para impedir que os alinhamentos lateral e horizontal sejam rompidos. Se esse rolamento não for corretamente sincronizado ou se os ombros rolarem enquanto os quadris e as pernas permanecerem numa posição plana, o corpo terá seu alinhamento rompido.

Além do efeito estabilizador que o rolamento tem sobre o alinhamento lateral, ele também permite uma puxada mais eficaz. Além disso, a resistência hidrodinâmica sobre o ombro do braço da recuperação é reduzida porque ele está fora d’água quase até o final da recuperação.

Quando a mão entra na água e se desloca para baixo, o tronco e as pernas devem rolar para aquele lado. O

corpo deve prosseguir no rolamento até que o braço da puxada tenha ultrapassado seu ponto mais profundo e

comece a subir. Neste momento, o nadador começa a rolar para o lado oposto. É importante rolar o corpo todo. Os

ombros devem seguir o braço e os quadris, e as pernas devem acompanhar os ombros para manter um bom

alinhamento lateral.

b.2. Importância da batida de pernas em diagonal. O nadador não bate as pernas diretamente para cima e para baixo. A maioria das pernadas dirigem-se diagonalmente para cima e para baixo. Estas batidas em diagonal são essenciais, pois têm um efeito estabilizador que ajuda o nadador a manter os alinhamentos horizontal e lateral, a despeito das fases potencialmente desorganizadoras da braçada.

Além da propulsão fornecida, essas batidas provavelmente impedem que os quadris saiam dos alinhamentos horizontal e lateral. Quando se dá o empurrão final da braçada, a perna direita começa a mover-se para cima e para dentro, mas termina essa batida movendo-se diretamente para cima enquanto o corpo começa a rolar para direita. A perna esquerda começa a bater para baixo e para dentro, mas termina a batida deslocando-se diretamente para baixo. Esta ação ajuda o rolamento do corpo para o lado esquerdo. A perna esquerda bate para cima e para dentro e a direita para baixo e para dentro durante a puxada

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final. Esta ação mantém dos quadris em alinhamento horizontal quando a força do braço da puxada poderia erguê-los.

c. Erros comuns na posição do corpo. Os erros mais comuns na posição do corpo já foram mencionados: nadar com a cabeça erguida

e dobrar o corpo na cintura (nadar sentado). A cruzada na entrada, o uso da recuperação lateral em lugar da vertical, empurrar para fora com

a palma da mão durante a puxada inicial e empurrar a mão para dentro e não para fora e para baixo durante a puxada final são ações que podem romper o alinhamento lateral. Estas ações fazem com que o nadador mova-se como serpente pela água, com os quadris e pernas oscilando de um lado para outro.

Empurrar demais para baixo e para cima durante a puxada inicial e o empurrão final, respectivamente, também podem romper o alinhamento horizontal.

5. RESPIRAÇÃO

Recomenda-se que o nadador inspire na recuperação de um dos braços e expire na do outro. Como os nadadores dão entre 60 e 80 braçadas numa nova de 100 metros, a inspiração alternada lhes permitirá respirar de 30 a 40 vezes. Além disso, este padrão de respiração estimula um ritmo mais uniforme da braçada.

6. EDUCATIVOS

- Natação com um só braço. Neste educativo, o atleta dá braçadas com um só braço, mantendo o outro junto ao corpo. Deve-se dizer ao nadador que role o corpo até que o ombro oposto ao do braço da braçada saia fora d’água a cada braçada. É um bom educativo para ensinar a braçada porque o nadador pode concentrar-se num braço de cada vez.

- Batida de pernas de lado. Bater pernas com um braço estendido para o alto e o outro junto ao corpo é um modo excelente de melhorar a batida de pernas em diagonal. Este educativo serve para estimular os nadadores a buscarem as batidas em diagonal e o rolamento ao corpo.

7. ATIVIDADE PROPOSTA

a. Pedido 01

Preparar uma sessão de aprendizagem do nado costas enfocando: BATIDA DE PERNAS. Procure utilizar exercícios em seco e, principalmente, na água. Estes devem ter predominância devido às futuras avaliações práticas. Não esqueça de um rápido aquecimento. Sempre que possível observe para os exercícios escolhidos os seguintes aspectos: posição do corpo, respiração, coordenação e grau de dificuldade de execução. O trabalho deverá ser entregue até o início da primeira aula prática e deverá constar do seguinte:

- Introdução, abordando o objetivo da aula e explicando seus conceitos teóricos. - Desenvolvimento, descrevendo os exercícios a serem realizados e indicando os erros e suas

conseqüências. - Conclusão, prevendo como seria uma próxima sessão após os objetivos desta serem

assimilados. Deverá constar ainda os integrantes do grupo indicando número e nome.

b. Pedido 02

Preparar uma sessão de aprendizagem do nado costas enfocando: BRAÇADA. Procure utilizar exercícios em seco e, principalmente, na água. Estes devem ter predominância devido às futuras avaliações práticas. Não esqueça de um rápido aquecimento. Sempre que possível observe para os exercícios escolhidos os seguintes aspectos: posição do corpo, respiração, coordenação e grau de dificuldade de execução. O trabalho deverá ser entregue até o início da primeira aula prática e deverá constar do seguinte:

- Introdução, abordando o objetivo da aula e explicando seus conceitos teóricos. - Desenvolvimento, descrevendo os exercícios a serem realizados e indicando os erros e suas

conseqüências.

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- Conclusão, prevendo como seria uma próxima sessão após os objetivos desta serem assimilados.

Deverá constar ainda os integrantes do grupo, indicando número e nome. c. Pedido 03

Preparar uma sessão de aprendizagem do nado costas enfocando: SAÍDA e VIRADA. Procure utilizar exercícios em seco e, principalmente, na água. Estes devem ter predominância devido às futuras avaliações práticas. Não esqueça de um rápido aquecimento. Sempre que possível observe para os exercícios escolhidos os seguintes aspectos: posição do corpo, respiração, coordenação e grau de dificuldade de execução. O trabalho deverá ser entregue até o início da primeira aula prática e deverá constar do seguinte:

- Introdução, abordando o objetivo da aula e explicando seus conceitos teóricos. - Desenvolvimento, descrevendo os exercícios a serem realizados e indicando os erros e suas

conseqüências. - Conclusão, prevendo como seria uma próxima sessão após os objetivos desta serem

assimilados. Deverá constar ainda os integrantes do grupo indicando número e nome. d. Pedido 04

Preparar uma sessão de aprendizagem do nado costas enfocando: BRAÇADA. Procure utilizar exercícios em seco e, principalmente, na água. Estes devem ter predominância devido às futuras avaliações práticas. Não esqueça de um rápido aquecimento. Sempre que possível observe para os exercícios escolhidos os seguintes aspectos: posição do corpo, respiração, coordenação e grau de dificuldade de execução. O trabalho deverá ser entregue até o início da primeira aula prática e deverá constar do seguinte:

- Introdução, abordando o objetivo da aula e explicando seus conceitos teóricos. - Desenvolvimento, descrevendo os exercícios a serem realizados e indicando os erros e suas

conseqüências. - Conclusão, prevendo como seria uma próxima sessão após os objetivos desta serem

assimilados. Deverá constar ainda os integrantes do grupo indicando número e nome. e. Pedido 05

Preparar uma sessão de aprendizagem do nado costas enfocando: COORDENAÇÃO ENTRE BRAÇOS E PERNAS. Procure utilizar exercícios em seco e, principalmente, na água. Estes devem ter predominância devido às futuras avaliações práticas. Não esqueça de um rápido aquecimento. Sempre que possível observe para os exercícios escolhidos os seguintes aspectos: posição do corpo, respiração, coordenação e grau de dificuldade de execução. O trabalho deverá ser entregue até o início da primeira aula prática e deverá constar do seguinte:

- Introdução, abordando o objetivo da aula e explicando seus conceitos teóricos. - Desenvolvimento, descrevendo os exercícios a serem realizados e indicando os erros e suas

conseqüências. - Conclusão, prevendo como seria uma próxima sessão após os objetivos desta serem

assimilados. Deverá constar ainda os integrantes do grupo indicando número e nome.

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CAPÍTULO VII NADO BORBOLETA

O nado borboleta inclui braçada, batida de pernas, coordenação entre braços e pernas,

posição do corpo e respiração.

1. BRAÇADA

A braçada do nado borboleta divide-se nas seguintes fases: entrada, abertura lateral dos braços, pegada inicial, puxada, empurrão, empurrão final e recuperação.

a. Entrada (Fig 7-1 A) As mãos devem entrar na água alinhadas com os ombros ou ligeiramente fora deles. As palmas

devem estar inclinadas para fora cerca de 45º em relação à superfície da água. O nadador flexiona os braços na entrada. Com os braços flexionados, o nadador, logo após a entrada, estica-os imediatamente. As mãos começarão a mover-se para frente enquanto os braços ainda se deslocam para dentro. Esta ação neutraliza a inércia centrípeta das mãos durante a recuperação e efetua uma mudança suave de direção para a abertura dos braços. Com os braços estendidos na entrada, o nadador teria que deter o movimento centrípeto deles antes de acelerá-los para frente. O gasto de energia aumentaria e as forças contrárias desta ação de parada-partida reduziriam a velocidade de avanço.

Os erros mais comuns na entrada são empurrar as costas das mãos para dentro e para frente contra a água e entrar com os braços muito abertos.

b. Abertura Lateral dos Braços (Fig 7-1 B) A abertura lateral dos braços começa imediatamente após a entrada. A extensão dos braços faz

com que as mãos se movam para fora, imediatamente após entrarem na água. As mãos prosseguem neste movimento, num trajeto curvilíneo, até ultrapassarem a largura dos ombros, onde fazem a pegada inicial. As pontas dos dedos dirigem o movimento, com as palmas das mãos voltadas para fora e para trás. As mãos estão inclinadas quase 90º em relação à posição deitada, e inclinadas para trás 40º a 50º em relação à direção de deslocamento do nadador.

A abertura dos braços é muito breve e não é significativamente propulsora. A maioria dos nadadores acha que ela parece mais uma ação de extensão dos braços do que a preparação para a pegada inicial. É provável que seja uma reação à pernada para baixo da batida do estilo golfinho. Esta batida de pernas ergue os quadris, afunda um pouco os ombros e empurra as mãos para frente. Portanto, grande parte da aceleração da velocidade de avanço, neste momento, talvez seja causada pela batida das pernas.

A

B

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80

Fig 7-1. Vistas frontal e lateral do nado borboleta.

O erro mais comum nesta fase é cometido quando o nadador gira as palmas das mãos para

dentro e puxa as mãos sob o corpo imediatamente após a entrada. Se o nadador fizer isto, suas mãos não se moverão para fora o bastante para colocá-los em posição para uma puxada e um empurrão, causando a perda da força propulsora de boa parte destas fases da braçada e inibindo a pernada para

C

D

E

F

G

H

I

J

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baixo e a força propulsora que esta ação daria. O nadador deve sentir que está se esticando para frente após a entrada, e não tentando aplicar força com as mãos, até ter completado a pernada para baixo da batida de pernas. Então, seus quadris já terão subido a superfície, e as mãos ter-se-ão deslocado para fora o bastante para dar uma puxada e um empurrão vigoroso.

c. Pegada Inicial (Fig 7-1 C) A pegada inicial se faz quando as mãos passam além da largura dos ombros e coincide com a

conclusão da pernada para baixo da primeira batida de pernas. As mãos mudam da posição para fora e para trás, para a posição para fora, para baixo e para trás, levando os braços a se flexionarem porque a força de sustentação gerada pela inclinação das mãos impulsiona seu corpo para frente, sobre elas.

d. Puxada Feita a pegada inicial, as mãos deslocam-se para baixo e para fora, num trajeto circular, fazendo

com que a água que flui para cima e para dentro seja desviada para trás, desde o polegar até o dedo mínimo ao passar sob as palmas das mãos. A puxada termina quando as mãos se aproximam do ponto mais profundo da braçada, ocorrendo, então, a transição da puxada para o empurrão. A velocidade da mão para baixo se acelera desde a pegada inicial até a conclusão da puxada.

Fig 7-2. Puxada.

O erro mais comum é usar um ângulo de ataque incorreto. Muitos nadadores inclinam as palmas das mãos

totalmente para baixo, e não para fora e para baixo. Então, eles empurram diretamente para baixo, com as palmas

das mãos, exercendo uma grande força de resistência que força a cabeça e o tronco mais para cima do que para

frente. Em geral, a pressão das mãos para baixo durante a puxada causa os cotovelos arriados e há uma perda da

propulsão. Este erro não ocorrerá se o nadador se esforçar para manter uma inclinação externa das mãos enquanto

as move para baixo e para trás.

Existem duas razões que fazem os nadadores pressionarem demais para baixo durante a puxada. A primeira

é que eles giram as mãos para dentro logo após a entrada, para ficarem em melhor posição para empurrar a água

para trás. A segunda razão é que alguns nadadores ondulam demais o corpo, tendendo a mergulhar demais a cabeça

na pegada inicial e por isso precisam empurrar para baixo, para que a cabeça volte a superfície. Esta ação de subida

desperdiça esforço que poderia ser usado para impelir o corpo para frente.

e. Empurrão O empurrão começa quando as mãos passam sob os cotovelos. Durante o empurrão, as mãos

se deslocam para dentro, para cima e para trás, num trajeto circular, até ficarem no meio do corpo, como resultado da flexão dos braços. Durante o empurrão e a puxada, os cotovelos atuam como eixos, com os antebraços (e mãos) girando em torno deles como hélices. Nesta fase, o movimento para trás aumenta a força propulsora, de modo que a força resultante, e não somente a de sustentação, atue para frente. As mãos devem estar inclinadas para dentro, para cima e para trás durante o empurrão. O empurrão é um movimento propulsor poderoso onde o nadador aplica força, acelera a velocidade das mãos para dentro, para cima e para trás, do começo ao fim desta fase.

Muitos nadadores viram as mãos para dentro a poucos milímetros uma da outra. Outros viram ligeiramente dentro dos limites do tronco. Como os nadadores do estilo borboleta usam ambos os métodos, não se pode, no momento, identificar o melhor método. A abertura entre as mãos, ao término do empurrão, talvez seja o fator determinante da distância que as mãos percorrem sob o corpo. Naturalmente, os nadadores que as deslocam para fora numa distância maior, iniciam o empurrão com as mãos afastadas, podendo utilizar, então, o potencial propulsor do empurrão sem aproximar demais

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as mãos uma da outra sob o corpo. Por outro lado, os nadadores que iniciam o empurrão com as mãos mais perto uma da outra, precisam deslocá-las até a linha média do corpo, ou mais além, para maximizar a propulsão nessa fase da braçada.

Os erros mais comuns do empurrão são: - Inclinar as mãos prematuramente para dentro. Quando o nadador inclina as mãos para dentro

antes que passem sob os cotovelos, elas continuam girando para dentro, ultrapassando o ângulo ideal de ataque antes de completar a puxada, perdendo, assim, um pouco da força propulsora na última parte da puxada.

- Não inclinar as mãos para dentro. Neste caso, o ângulo de ataque é inferior ao necessário para a sustentação ideal e as mãos cortam para dentro com muito pouca propulsão.

f. Empurrão Final (Fig 7-1 G, H, I e J)

O começo do empurrão final se sobrepõe ao término do empurrão, para superar a inércia centrípeta com pouco esforço muscular. Quando as mãos se aproximam da linha média do corpo, seu movimento muda gradativamente da direção para dentro, para cima e para trás; para uma direção para trás, para fora e para cima (Fig 7-1 H, I). Completada a mudança de direção, as mãos continuam movendo-se para trás, para fora e para cima até aproximarem-se das partes anteriores das coxas, onde se dá o relaxamento. A inclinação das mãos muda gradativamente da posição para dentro e para cima, para a posição para fora e para trás, na transição do empurrão para o empurrão final. Para isto, relaxam-se os punhos, permitindo que a pressão da água empurre as mãos para uma posição estendida e voltada para fora.

O movimento das mãos para fora, para cima e para trás, juntamente com sua inclinação para fora e para trás, desvia gradativamente a água para trás quando esta passa pelas palmas, desde o pulso até os dedos.

Na fase de transição, a inclinação para fora deve ter um ângulo de ataque de 60º a 70º, em relação à direção externa do movimento das mãos. Este ângulo de ataque, um tanto amplo, é usado porque, nesta fase, a propulsão é dominada pela resistência hidrodinâmica. O movimento para trás é maior neste ponto do que em qualquer outra parte da braçada. Quando as mãos passam ao lado dos quadris, o movimento torna-se mais ascendente, até o final da fase.

O erro mais comum nesta fase é cometido quando o nadador impulsiona a água quase que diretamente para cima, forçando os quadris para baixo, causando um desalinhamento horizontal, aumentando a resistência de forma e gerando pouca força propulsora, se houver alguma. O efeito deste erro é ilustrado na figura 7-3.

Fig 7-3. Efeito da impulsão da água para cima ao término do empurrão final.

Os nadadores que tentam empurrar água até a superfície, em geral, cometem esse erro. O empurrão final deve terminar quando as mãos se aproximam das coxas. Não se ganha nada em continuar a braçada além deste ponto, porque não se pode manter um ângulo de ataque eficiente depois que as mãos alcançam as coxas. Deve-se dizer aos nadadores que girem as palmas para dentro ao passar pelas pernas, para que as mãos saiam da água de lado, reduzindo a força ascendente.

g. Recuperação

A recuperação vista de frente e de lado aparece na figura 7-4. Os cotovelos rompem a superfície enquanto as mãos ainda completam o empurrão final. Após terminar o empurrão final (parte anterior da coxa), o nadador solta a pressão sobre a água, gira as palmas das mãos para dentro e deixa que as mãos acompanhem os braços para cima e para fora sobre a água. Os braços continuam movendo-se para cima e para fora (mais para fora do que para cima) até ultrapassarem a linha dos ombros, quando então o movimento muda para frente, até que se dê a entrada. Os braços não estão

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completamente estendidos ao saírem da água. A extensão ocorre depois que eles deixam a água e se deslocam para cima e para frente, acima da superfície.

Os nadadores de borboleta, ao contrário dos nadadores de crawl e de costas, podem fazer uma recuperação baixa e lateral dos braços acima da água sem perturbar o alinhamento lateral. Os movimentos simultâneos dos dois braços para os lados neutralizam a força lateral de ambos, evitando qualquer movimento lateral do corpo.

Os braços devem estar relaxados. As mãos devem sair da água com os polegares voltados para baixo e assim permanecerem por toda a recuperação. Os braços devem estar levemente flexionados quando o nadador buscar a entrada, de modo que o movimento dos braços mude de dentro para fora com menos esforço no momento da entrada na água.

Fig 7-4. Recuperação.

Embora a recuperação seja feita baixa e lateral, os braços devem deslocar-se numa altura suficiente acima

da água, até que ocorra a entrada. Tradicionalmente, os nadadores do estilo borboleta aprendem a manter os ombros

fora da água durante a recuperação, tornando difícil que estes se arrastem para frente pela água, enquanto se busca

a posição de entrada. Quando os ombros estão fora da água, durante a recuperação, é mais fácil manter os braços

longe dela até que as mãos se aproximem da posição correta de entrada.

Uma análise feita dos nadadores do estilo borboleta de alto nível que usam essa técnica, não mostra seus quadris e pernas afundando quando os ombros se erguem para respiração. Se o corpo está se movendo para frente mais depressa do que para cima, seus quadris e pernas serão puxados na mesma direção do movimento do tronco. Quando o tronco se desloca para frente e para cima, as pernas também devem ser puxadas na mesma direção, reduzindo, e não aumentando, a resistência de forma. Além disso, os ombros estão se movendo para baixo e para frente, ao se fazer a entrada, e continuarão puxando os quadris e as pernas para cima e para frente no trajeto parabólico, característico da natureza ondulante deste estilo. Se o movimento ascendente dos ombros ultrapassar o seu movimento para frente, os quadris e as pernas afundarão.

Os erros mais comuns na recuperação são arrastar os braços pela água e recuperar os braços com um movimento ascendente exagerado.

2. BATIDA DE PERNAS

A batida de pernas estilo golfinho consiste de uma pernada para cima e outra para baixo. Ela aparece na figura 7-5. São duas as batidas de pernas completadas (duas para baixo e duas para cima) para cada braçada. A pernada para baixo da primeira batida de pernas ocorre na abertura lateral dos braços. A segunda pernada para baixo acompanha o empurrão final da braçada.

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a. Pernada para Cima (Fig 7-5 A, B, C e D) Ela começa quando as pernas estão quase inteiramente esticadas pela pernada para baixo da

batida de pernas anterior. Neste momento, a extensão dos quadris movimenta as coxas para cima, enquanto as pernas se estendem nos joelhos. Esta ação, tipo recuo das coxas, reduz o esforço muscular necessário para superar a inércia descendente das pernas e para movimentá-las para cima.

Completada a pernada para baixo, as pernas movem-se para cima e para frente, até se alinharem com o tronco. Neste momento, os quadris começam a se flexionar com o início da pernada para baixo da batida de pernas subseqüente. As pernas devem ser esticadas e os pés devem estar numa posição natural. Se os joelhos e os tornozelos estão relaxados, a pressão descendente da água os colocará em posição sem qualquer esforço muscular. O movimento ascendente das pernas é efetuado pelos músculos posteriores das coxas.

b. Pernada para Baixo (Fig 7-5 E, F, G e H) A pernada para baixo começa com a flexão nas articulações dos quadris quando os pés estão

acima do nível do corpo. As coxas começam a se mover para baixo, enquanto a pressão da água sobre as pernas as flexiona nos joelhos. Esta ação visa a superar a inércia ascendente das pernas, fazendo-as mudar de direção com um mínimo de esforço.

Quando a flexão dos quadris se aproxima do ponto máximo, cerca de 70º a 80º, as pernas começam a se esticar e aceleram o movimento para baixo. A pernada para baixo termina quando as pernas estão completamente estendidas (figura 7-5 H). Os pés estão inclinados ao máximo para cima e para dentro durante a pernada para baixo. A inclinação para cima deve ser de 70º a 75º em relação à direção do movimento descendente. A maioria dos nadadores do estilo borboleta de alto nível estica a perna no começo da pernada para baixo, unindo os joelhos durante o deslocamento desta.

c. A Batida de Pernas Estilo Golfinho e a Propulsão Alguns acreditam que este tipo de batida de pernas serve apenas para manter os quadris do

nadador perto da superfície, outros acreditam que ela também é propulsora. Estudos mostram que a pernada para baixo, da primeira batida de pernas, pode elevar os quadris e impulsionar o corpo para frente, e a pernada para baixo, da segunda batida, só serve para elevar os quadris.

A

F E

D C

B

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Fig 7-5. Batida de pernas.

As pernas movem-se basicamente numa direção descendente durante a pernada para baixo da

primeira batida, porque esta batida ocorre na recuperação dos braços, quando a velocidade à frente está em seu ponto mínimo e as pernas podem mover-se para baixo mais depressa do que o deslocamento do nadador para frente. Assim, ela poderia gerar uma força de sustentação que seria propulsora. Se os pés estão inclinados para cima e para dentro, o fluxo de moléculas de água torna-se mais lento, sendo desviado para trás quando passa dos tornozelos aos dedos, sobre as superfícies curvas da planta dos pés, gerando um diferencial de pressão entre os dois lados dos pés, que exercerá uma força de sustentação dirigida para frente.

A velocidade do corpo para frente é tão grande durante a pernada para baixo da segunda batida de pernas e durante a pernada para cima de ambas batidas que as pernas são puxadas para frente mais depressa do que seu deslocamento para cima e para baixo. Nestes casos, a maior parte da força é exercida nas direções verticais, e se houver propulsão nessas batidas, ela será muito pequena.

Embora a pernada para baixo da primeira batida possa ser propulsora, ela também eleva os quadris para

reduzir a resistência de forma. A pernada para cima subseqüente ajuda a baixar os quadris para que o corpo se

alinhe na horizontal na parte subaquática da braçada. A pernada para baixo da segunda batida provavelmente

impede que os quadris se afundem pela força dos braços quando estes completam o empurrão final. A pernada para

cima, subseqüente à segunda batida de pernas, talvez não seja mais que um movimento de recuperação que

posiciona as pernas para a pernada para baixo seguinte.

Ainda que a batida de pernas estilo golfinho provoque certa elevação e submersão dos quadris, estas ações

não devem ser exageradas. Quando se bate corretamente as pernas, os quadris ultrapassam ligeiramente a superfície

durante a batida de pernas para baixo da primeira batida e afundam um pouco na pernada para cima subseqüente.

As pernadas para baixo e para cima da segunda batida de pernas devem apenas neutralizar outras forças e impedir

que os quadris se movam na vertical. O movimento dos quadris, para cima e para baixo, aumenta a resistência de

forma e de ondas, e, portanto, reduz a velocidade de avanço. Quando se usa as pernas corretamente, os quadris não

se movem demais e as batidas de pernas são mais eficientes em suas funções propulsora e estabilizadora.

Os erros mais comuns na batida de pernas são: - Não inclinar os pés corretamente. - Dobrar os joelhos na pernada para cima e mover somente a parte inferior das pernas para

cima. Isto mantém as coxas afundadas, aumentando a resistência de forma. As pernas também empurrarão para frente, contra a água, enquanto se movem para cima, gerando uma força contrária que reduzirá a velocidade de avanço.

3. COORDENAÇÃO ENTRE BRAÇADAS E BATIDAS DE PERNAS

Há duas batidas de pernas para cada braçada. A maneira de ensinar a coordenação aos que aprendem o estilo borboleta é mostrar que a pernada para baixo de uma batida de pernas ocorre quando as mãos entram na água, e que a segunda pernada para baixo acontece quando as mãos saem da água.

A pernada para baixo da primeira batida é executada durante a entrada e a abertura lateral dos braços, e se completa quando se faz a pegada inicial. A pernada para cima subseqüente ocorre durante a puxada e o empurrão. A pernada para baixo da segunda batida é coordenada com o empurrão final e a pernada para cima subseqüente é coordenada com o movimento correspondente à recuperação dos braços, de maneira tão perfeita que cada um deles começa e termina ao mesmo tempo.

Alguns especialistas consideram a primeira batida de pernas mais poderosa que a segunda. Muitas vezes ela é descrita como a batida maior, ao passo que a segunda é a batida menor. Por isto, alguns nadadores esforçam-se mais na primeira batida de pernas e menos na segunda. Vez por outra, a segunda batida é tão reduzida que quase não gera força suficiente para manter os quadris próximos da superfície durante o empurrão final da braçada. Na realidade, o esforço aplicado nas duas pernadas

H G

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deve ser igual ou quase igual. As diferenças na posição do corpo, e não no esforço, é que fazem com que a primeira batida de pernas pareça mais poderosa. Quando a cabeça do nadador está abaixada, durante a primeira pernada para baixo, os quadris podem mover-se para cima e para frente numa distância maior, o que, por sua vez, permite que as pernas batam para baixo num período de tempo maior. A cabeça e os ombros permanecem abaixados durante as três primeiras fases da braçada, dando tempo para uma pernada para cima mais longa e alta. Inversamente, a cabeça e os ombros do nadador estão erguidos durante a segunda batida de pernas, inibindo a elevação dos quadris e o movimento descendente das pernas durante a pernada para baixo e seu movimento ascendente durante a pernada para cima subseqüente.

Muitos nadadores de borboleta, especialmente os novatos, não conseguem completar a pernada para baixo da sua segunda batida de pernas. Isto dificulta manter os quadris próximos da superfície, e provoca um aumento na resistência de forma. É difícil corrigir o nado borboleta de uma só batida de pernas porque a solução não é tão evidente quanto parece. Isto é, o simples fato de dizer aos nadadores para que batam as pernas duas vezes em cada ciclo de braçada não solucionará o problema. O que lhes impede de terminar a segunda batida de pernas é um erro na braçada e não na batida de pernas. Este erro, em geral, é executar puxada e empurrão abreviados. A puxada e o empurrão curtos desencadeiam uma série de acontecimentos que resultam na conclusão da parte subaquática da braçada antes que se completem as duas batidas de pernas. Os nadadores que usam uma só batida de pernas devem usar uma puxada mais longa para corrigir este problema. Isto lhes dará tempo de colocar as pernas em posição para a segunda batida de pernas antes que o empurrão final comece, o que, por sua vez, lhes permitirá completar aquela batida de pernas antes que as mãos saiam da água.

4. POSIÇÃO DO CORPO

O corpo assume três posições em cada ciclo de braçada e cada uma delas desempenha um papel importante na redução da resistência hidrodinâmica:

1) O corpo deve ficar o mais nivelado possível durante as fases mais propulsoras da braçada: a puxada, o empurrão e o empurrão final.

2) Os quadris devem deslocar-se para cima e para frente, pela superfície, durante a primeira batida de pernas e o avanço da braçada. Se isto não ocorrer, essa batida não será propulsora.

3) A força da segunda batida de pernas não deve ser tão grande a ponto de erguer os quadris acima da superfície. Ela é usada somente para impedi-los de afundar quando os braços se movem para cima.

a. Erros Mais Comuns na Posição do Corpo Os problemas aparecem quando os nadadores ondulam demais ou de menos. Pouca ondulação reduz a

propulsão, os quadris e as pernas afundam quando o impulso das pernas não é suficiente para mantê-los elevados.

Como as pernas estão mais no fundo, há um aumento da resistência hidrodinâmica. A ondulação insuficiente, em

geral, é causada por um dos seguintes fatores:

- Puxar as mãos para baixo do corpo imediatamente após a entrada. O efeito deste erro foi descrito na seção sobre a abertura da braçada.

- Deixar de mergulhar a cabeça quando os braços entram n’água. Isto retarda o movimento ascendente dos quadris.

Os nadadores que ondulam demais estão batendo as pernas fundas demais. Isto gera um esforço para erguer os quadris acima da superfície, o que aumenta a resistência de forma. Além disso, se os quadris subirem demais, haverá uma queda compensadora no tronco que afunda mais que o necessário, aumentando a resistência de forma e de ondas.

Fig 7-6. Boa e má posição do corpo.

5. RESPIRAÇÃO

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Fig 7-7. Respiração.

O rosto deve romper a superfície ao término do empurrão e deve-se respirar durante o empurrão

final e a primeira metade da recuperação. A cabeça retorna à água quando os braços vão à frente, para a entrada. A cabeça move-se à frente dos braços, mergulhando um instante antes das mãos. A cabeça deve mergulhar totalmente na entrada, mas ficando apenas ligeiramente abaixo da superfície. Muitos nadadores mergulham fundo para elevar os quadris. Não se recomenda essa técnica, que pode exagerar os movimentos descendentes da cabeça e do corpo, aumentando a resistência hidrodinâmica.

A cabeça deve começar a mover-se para cima exatamente quando se faz a pegada inicial. Ela continua a se mover para cima durante a puxada e o empurrão, chegando à superfície no término do empurrão final e na primeira metade da recuperação, com a cabeça voltando para a água, quando os braços estendem-se à frente para a entrada. Em geral, os nadadores apontam o queixo para frente quando o rosto rompe a superfície da água, estimulando o movimento do corpo à frente enquanto respiram.

Normalmente, diz-se aos nadadores que respirem somente uma vez a cada duas braçadas. Mas é importante que os ombros saiam d’água na braçada sem respiração na mesma altura da que ocorre na braçada com respiração, para que os braços fiquem acima da água durante a maior parte da recuperação.

Os erros mais comuns na respiração são erguer a cabeça para cima e para trás ao respirar e respirar muito tarde durante a braçada. Erguer a cabeça para respirar aumenta a resistência hidrodinâmica, porque os quadris afundam para manter o peso que está acima da água. Por isso, em geral, ensina-se aos nadadores que respirem uma vez a cada duas braçadas para que haja um meio termo entre a necessidade de consumir oxigênio e o desejo de manter o corpo numa posição horizontal.

Embora este padrão respiratório seja usado pela maioria dos nadadores nas provas de 100 metros, alguns sentem dificuldades em mantê-lo nas provas de 200 metros. Por isto, os nadadores usam padrões respiratórios nos quais respiram duas ou três vezes seguidas antes de completar uma braçada sem respiração. Estes padrões respiratórios são chamados de ciclos de “2 e 1” e “3 e 1”. As braçadas extras com respiração aumentam o consumo de oxigênio enquanto as braçadas sem respiração periódicas são usadas para recuperar o alinhamento horizontal.

Alguns nadadores de borboleta respiram para o lado. Acreditam que isto diminui a distância em que devem erguer a cabeça e os ombros fora d’água para uma boa respiração e, portanto, reduzir a possibilidade de perder um bom alinhamento horizontal durante a respiração. O argumento é que, como os nadadores de crawl são mais eficientes quando respiram para o lado, os do estilo borboleta deveriam sê-lo também. Este raciocínio ignora uma diferença importante entre os dois estilos. Os nadadores de crawl podem rolar o corpo para erguer o rosto acima da superfície, levantando muito pouco a cabeça para que a boca evite a água ao respirar. Os nadadores no estilo borboleta têm de manter uma posição deitada. Portanto, eles precisam erguer a cabeça e os ombros acima da água para respirar, quer o façam de lado ou de frente. Na verdade, eles têm que erguer a cabeça e os ombros na mesma altura, ou mais ainda, fora d’água, quando respiram para o lado. Logo, não é recomendada a respiração para o lado, a não ser que o nadador realmente apresente uma boa adaptação a este modo de respirar.

6. EDUCATIVOS

a. Batida de Pernas - Golfinhadas (decúbito ventral) com os braços ao lado do corpo. - Golfinhadas de lado (de um lado depois do outro). - Golfinhadas de costas (decúbito dorsal) com os braços ao lado do corpo.

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- Golfinhadas de costas (decúbito dorsal) com os braços esticados ao lado da cabeça. - Golfinhadas na vertical. Todos os educativos podem ser executados com nadadeiras. b. Braçada - Nadar borboleta com apenas um dos braços (depois o outro). - Nadar borboleta com um dos braços três braçadas e com o outro três braçadas. - Nadar borboleta com quatro braçadas e completar a piscina com nado crawl. - Nadar borboleta com um dos braços uma braçada, com o outro uma braçadas e depois com os

dois braços juntos. c. Coordenação de Braços e Pernas - Executar a braçada tomando impulso no fundo da piscina.

7. ATIVIDADE PROPOSTA

a. Pedido 01 Preparar uma sessão de aprendizagem do nado borboleta enfocando: BATIDA DE

PERNAS. Procure utilizar exercícios em seco e, principalmente, na água. Estes devem ter predominância devido às futuras avaliações práticas. Não esqueça de um rápido aquecimento. Sempre que possível observe para os exercícios escolhidos os seguintes aspectos: posição do corpo, respiração, coordenação e grau de dificuldade de execução. O trabalho deverá ser entregue até o início da primeira aula prática e deverá constar do seguinte:

- Introdução, abordando o objetivo da aula e explicando seus conceitos teóricos. - Desenvolvimento, descrevendo os exercícios a serem realizados e indicando os erros e suas

conseqüências. - Conclusão, prevendo como seria uma próxima sessão após os objetivos desta serem

assimilados. Deverá constar ainda os integrantes do grupo indicando número e nome.

b. Pedido 02

Preparar uma sessão de aprendizagem do nado borboleta enfocando: BRAÇADA. Procure utilizar exercícios em seco e, principalmente, na água. Estes devem ter predominância devido às futuras avaliações práticas. Não esqueça de um rápido aquecimento. Sempre que possível observe para os exercícios escolhidos os seguintes aspectos: posição do corpo, respiração, coordenação e grau de dificuldade de execução. O trabalho deverá ser entregue até o início da primeira aula prática e deverá constar do seguinte:

- Introdução, abordando o objetivo da aula e explicando seus conceitos teóricos. - Desenvolvimento, descrevendo os exercícios a serem realizados e indicando os erros e suas

conseqüências. - Conclusão, prevendo como seria uma próxima sessão após os objetivos desta serem

assimilados. Deverá constar ainda os integrantes do grupo, indicando número e nome. c. Pedido 03 Preparar uma sessão de aprendizagem do nado borboleta enfocando: SAÍDA e VIRADA.

Procure utilizar exercícios em seco e, principalmente, na água. Estes devem ter predominância devido às futuras avaliações práticas. Não esqueça de um rápido aquecimento. Sempre que possível observe para os exercícios escolhidos os seguintes aspectos: posição do corpo, respiração, coordenação e grau de dificuldade de execução. O trabalho deverá ser entregue até o início da primeira aula prática e deverá constar do seguinte:

- Introdução, abordando o objetivo da aula e explicando seus conceitos teóricos. - Desenvolvimento, descrevendo os exercícios a serem realizados e indicando os erros e suas

conseqüências. - Conclusão, prevendo como seria uma próxima sessão após os objetivos desta serem

assimilados. Deverá constar ainda os integrantes do grupo indicando número e nome.

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d. Pedido 04 Preparar uma sessão de aprendizagem do nado borboleta enfocando: BRAÇADA.

Procure utilizar exercícios em seco e, principalmente, na água. Estes devem ter predominância devido às futuras avaliações práticas. Não esqueça de um rápido aquecimento. Sempre que possível observe para os exercícios escolhidos os seguintes aspectos: posição do corpo, respiração, coordenação e grau de dificuldade de execução. O trabalho deverá ser entregue até o início da primeira aula prática e deverá constar do seguinte:

- Introdução, abordando o objetivo da aula e explicando seus conceitos teóricos. - Desenvolvimento, descrevendo os exercícios a serem realizados e indicando os erros e suas

conseqüências. - Conclusão, prevendo como seria uma próxima sessão após os objetivos desta serem

assimilados. Deverá constar ainda os integrantes do grupo indicando número e nome.

e. Pedido 05 Preparar uma sessão de aprendizagem do nado borboleta enfocando:

COORDENAÇÃO ENTRE BRAÇOS E PERNAS. Procure utilizar exercícios em seco e, principalmente, na água. Estes devem ter predominância devido às futuras avaliações práticas. Não esqueça de um rápido aquecimento. Sempre que possível observe para os exercícios escolhidos os seguintes aspectos: posição do corpo, respiração, coordenação e grau de dificuldade de execução. O trabalho deverá ser entregue até o início da primeira aula prática e deverá constar do seguinte:

- Introdução, abordando o objetivo da aula e explicando seus conceitos teóricos. - Desenvolvimento, descrevendo os exercícios a serem realizados e indicando os erros e suas

conseqüências. - Conclusão, prevendo como seria uma próxima sessão após os objetivos desta serem

assimilados. Deverá constar ainda os integrantes do grupo indicando número e nome.

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CAPÍTULO VIII SAÍDAS, VIRADAS E CHEGADAS

O ideal seria que os nadadores praticassem as técnicas de saídas, viradas e chegadas

enquanto nadam repetições nos seus treinamentos, mas a natação em círculo imposta pelas piscinas cheias de atletas torna isto difícil. Muitos nadadores perdem provas que poderiam ter vencido porque, por hábito, diminuem a velocidade nas duas ou três braçadas finais até a parede da piscina. Deve-se, então, reservar tempo suficiente, todas as semanas, para praticar estas técnicas que podem apresentar a diferença entre o êxito e o fracasso em muitas provas de competição.

1. SAÍDAS

a. Mecânica da Saída nas Provas de Crawl, Borboleta e Peito A técnica utilizada atualmente é a saída de agarre, onde o nadador pode impulsionar o corpo

para a água mais depressa empurrando as mãos contra o bloco de partida. Além disto, esta técnica permite ao atleta antecipar a saída, contraindo os músculos das pernas antes do tiro de partida, e evitar a saída falsa porque está segurando o bloco de partida com as mãos.

Nesta técnica, o corpo do nadador descreve um arco em lugar de um percurso chapado. Ao usar este mergulho em arco, o corpo é impulsionado para cima e depois para baixo, penetrando na água num curso que permite que a cabeça e os pés entrem na água no mesmo local. Esta entrada é menos turbulenta e gera menos resistência hidrodinâmica do que o mergulho chapado, de modo que os nadadores deslizam pela água numa velocidade maior. No mergulho chapado, o corpo do nadador atinge a água em vários locais diferentes ao mesmo tempo, tendo como resultado o aumento da turbulência e a desaceleração. A saída de agarre divide-se nas seguintes fases: posição preparatória, empurrão, impulso com as pernas, vôo e entrada na água.

a.1. Posição preparatória. Após o comando “as suas marcas”, o nadador toma a posição na qual os dois pés estão afastados na mesma largura dos ombros e presos na borda dianteira do bloco de partida pelos dedos (há nadadores que prendem apenas um dos pés na borda dianteira do bloco de partida, o outro permanece atrás, como em uma saída de atletismo), as mãos agarram-se na borda dianteira do bloco de partida com as primeiras e segundas articulações dos dedos, os joelhos estão flexionados entre 30º e 40º, a cabeça está inclinada para baixo, com o nadador olhando para baixo, além do bloco de partida, e os quadris estão o mais próximo possível da borda dianteira do bloco de partida.

a.2. Empurrão. Ao sinal de partida, o nadador aplica um empurrão rápido contra a frente do bloco de partida, iniciando a queda do corpo para frente. Assim que os quadris estiverem movendo-se para frente, o nadador solta a bloco de partida, estende as mãos para frente e ergue a cabeça. Ao soltar as mãos do bloco, deve haver rápido aumento da flexão das pernas.

a.3. Impulso com as pernas. Começa quando o ângulo formado pelas coxas e pernas é de aproximadamente 90º. Neste ponto, os joelhos estão inclinados para frente, para baixo e à frente dos pés. Uma poderosa extensão nas articulações dos quadris, joelhos e tornozelos impulsionará o corpo para cima e para frente, afastando-o do bloco de partida. Embora a cabeça esteja erguida no começo do impulso, o atleta olha para baixo antes que os pés saiam do bloco.

a.4. Vôo. O ângulo de salto, desde os pés até os quadris, deve ser de aproximadamente 45º em relação à borda superior do bloco. Os braços estendem-se para cima, para frente e depois para baixo, numa trajetória circular. O caminho do vôo assemelha-se a um arco e o nadador dobra a cintura ao passar pelo ponto mais alto. A inclinação da cabeça para baixo no momento em que os pés deixam o bloco de partida estabelece uma trajetória descendente para a parte superior do corpo.

a.5. Entrada na água. O nadador tenta fazer com que todo o seu corpo passe pelo mesmo local na superfície da água. Após entrar na água, o nadador desliza numa posição hidrodinâmica. Os braços estarão estendidos à frente e unidos, com a cabeça entre eles, as pernas devem estar unidas, com os dedos dos pés apontados para trás. Quando começar a perder a velocidade de mergulho , iniciam-se as batidas de pernas para subida à superfície. Se a primeira braçada estiver adequadamente sincronizada, a cabeça emergirá quando a braçada aproximar-se do término. Não se deve perder tempo tentando alcançar o ritmo correto das braçadas. Respirar e olhar para os lados são duas das causas mais comuns deste atraso. Por isto, é melhor retardar a respiração durante pelo menos duas braçadas após a saída, enquanto adquire-se o ritmo da prova, exceto no nado peito.

a.6. Erros mais comuns na saída de agarre. Os problemas mais comuns são: atingir a água numa posição chapada ou numa posição com o corpo dobrado na cintura. Em ambos os casos a

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resistência hidrodinâmica causa uma desaceleração rápida durante o deslizamento. Outro problema é a sincronização da elevação das mãos após a entrada para que o mergulho não seja raso nem fundo demais. Se o nadador erguer as mãos prematuramente, seus pés entrarão na água atrás do ponto em que seus braços mergulharam, se erguê-los tarde demais, seu mergulho será muito profundo e o nadador perderá velocidade antes que possa chegar à superfície e iniciar as braçadas.

b. Saídas de Revezamento Nas provas de revezamento, a regra permite que o segundo, o terceiro e o quarto nadadores

iniciem seus movimentos antes que o companheiro anterior termine seu segmento de prova. Mas uma parte do corpo (dedos dos pés) deve estar em contato com o bloco de partida quando o nadador que chega tocar a parede da piscina, senão a equipe estará desclassificada.

Com exceção do primeiro nadador, os nadadores de revezamento devem usar uma saída com movimentos circulares dos braços para trás. A sincronização correta dos movimentos dos braços é crítica para que o nadador que vai sair possa obter a maior vantagem possível (menor tempo entre o toque do atleta anterior e a sua saída). O nadador que sai deve fazer seus julgamentos com base na velocidade do atleta anterior e na distância que o mesmo se encontra da parede. Nos revezamentos de crawl, a prática normal é girar os braços quando a cabeça do companheiro que chega cruza o “T” das linhas de raia no fundo da piscina.

O nadador que vai sair talvez tenha que retardar ligeiramente o movimento dos braços nos revezamentos de quatro estilos, porque os nadadores de costas, peito e borboleta precisam de mais tempo para percorrerem a distância entre o “T” e a parede.

c. Saída do Nado Costas A saída do nado costas divide-se nas seguintes fases: posição preparatória, impulso para longe

da parede, vôo, entrada na água e deslizamento. c.1. Posição preparatória. O nadador deve estar na água segurando a barra para o nado

costas com as mãos, sem apertar. Os pés estão em contato com a parede, abaixo do nível da água. Ao comando de “as suas marcas”, o nadador toma uma posição agrupada, enrolando o corpo como uma bola, com os cotovelos e joelhos flexionados e a cabeça inclinada para baixo.

c.2. Impulso para longe da parede. Ao sinal de saída, o nadador joga a cabeça para cima e para trás, empurrando o corpo para cima e para longe da plataforma de partida estendendo os braços. À extensão dos braços segue-se uma vigorosa extensão da pernas que impulsiona seus quadris para cima e para trás, sobre a água. Após soltar a barra, os braços continuam a movimentarem-se para cima e ligeiramente para fora. Eles devem estar flexionados nos cotovelos e não esticados como se ensinava tradicionalmente. Os braços devem passar acima da cabeça e esticar-se para trás e para baixo, para a entrada, enquanto as pernas completam a sua extensão. Existem duas vantagens em se deslocar os braços com os cotovelos fletidos até ultrapassarem a cabeça: pela diminuição do momento da inércia, os braços deslocar-se-ão mais rápido porque estarão mais próximos do ombro, que é o eixo de rotação, além de ocorrer maior facilidade de estender os cotovelos para frente quando os mesmos passarem pela cabeça, aumentando o momento do impulso desde a parede.

c.3. Vôo. O corpo deve deslocar-se pelo ar num arco, os braços devem estar estendidos, as costas arqueadas, as pernas esticadas e os pés em extensão (flexão plantar). Todo corpo deve estar fora da água durante o vôo.

c.4. Entrada na água. Deve-se fazer a entrada na água numa posição hidrodinâmica, com os braços estendidos e juntos, a cabeça entre eles e as pernas unidas e esticadas. O ângulo de entrada deve ser de tal natureza que as mãos entrem primeiro, seguidas pela cabeça, tronco e pernas. Isto é difícil porque o corpo estará muito perto da água durante o vôo. Em geral, os quadris entrarão na água ligeiramente atrás do ponto em que a cabeça mergulhar. O nadador pode impedir que as pernas se arrastem pela água, erguendo-se durante o vôo.

c.5. Deslizamento. Após a entrada, o nadador ergue as mãos para mudar de direção que estava para baixo e para frente, para uma direção para frente e para cima. A ascensão dependerá do ângulo de entrada e da distância da prova. Se o nadador mergulhou fundo demais ou a prova é curta, a ascensão deve ser rápida e vigorosa. O nadador coloca as costas de uma mão na palma da outra para ajudar a manter a posição hidrodinâmica que tinha na entrada. Mantém a cabeça entre os braços e o corpo reto, sem arquear as costas nem dobrar a cintura. As pernas permanecem estiradas e unidas, com os pés em extensão. O atleta conserva esta posição hidrodinâmica do corpo até iniciar a primeira braçada, que deve ser dada quando ele começa a perder a velocidade de mergulho. Neste momento, o nadador dá uma ou duas batidas de pernas e começa a deslocar-se para cima e para frente, rompendo a superfície e iniciando o ritmo correto das braçadas para a prova.

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c.6. Erros mais comuns na saída do nado costas. Os erros mais comuns são: arrastar as pernas pela água durante o mergulho e cair chapado de costas na água. As causas que levam a cometer estes erros são: não inclinar a cabeça para trás com rapidez suficiente, não arquear o corpo durante o vôo e não impulsionar para cima ao se afastar da parede. Um bom exercício para sanar estes erros é estender uma corda na altura em que os quadris do atleta devem atingir o ponto mais alto no vôo para o treinamento da saída.

2. VIRADAS

Os nadadores passam de dois a três segundos de cada comprimento de piscina fazendo viradas e deslizando. Logo, as técnicas de viradas merecem mais atenção do que, em geral, recebem. O aperfeiçoamento das viradas é uma das maneiras mais rápidas e fáceis de melhorar os tempos de prova.

a. Virada Olímpica do Crawl A virada olímpica do crawl divide-se nas seguintes fases: aproximação, virada, impulso contra a

parede e deslizamento. a.1 Aproximação. O nadador, ao se aproximar para virada, deve observar a parede. Assim,

poderá fazer modificações nas braçadas que lhe permitam iniciar a virada na distância correta. Não se deve respirar durante as últimas braçadas (uma ou duas) antes da virada, para que se possa avistar a parede e se evitar erros de cálculo.

a.2. Virada. Começa de 1 a 1,3 metros da parede. Faltando uma braçada, o atleta deve manter uma das mãos junto ao quadril e a outra realiza uma braçada. Uma vez iniciada a braçada, a cabeça deve virar rapidamente para baixo. Executa-se uma curta batida de pernas estilo golfinho para iniciar a cambalhota. Os pés devem plantar-se na parede, com os dedos voltados para cima e ligeiramente para fora. A cabeça deve erguer-se entre os braços, enquanto os pés tocam a parede. O nadador deve permanecer na posição encolhida durante toda a virada.

a.3. Impulso contra a parede. Os pés devem tocar a parede numa profundidade de 30 a 40 centímetros. Os joelhos estão fletidos e começam a se esticar imediatamente, ao tocar a parede. O nadador estará de costas quando o impulso começar e girará para uma posição lateral durante a extensão das pernas e, finalmente, para uma posição de decúbito ventral durante o deslizamento. O nadador não deve perder tempo em virar para o lado antes de iniciar o impulso. O giro de corpo durante o impulso e o deslizamento pode aumentar a resistência hidrodinâmica, mas qualquer perda de velocidade durante o deslizamento será plenamente compensada pela maior velocidade de afastamento da parede.

a.4.Deslizamento. O nadador afasta-se da parede com um impulso vigoroso, estendendo os braços e as pernas simultaneamente. O corpo desliza em uma posição hidrodinâmica, com os braços estendidos para frente, acima da cabeça e com a mão sobre a outra. A cabeça se mantém entre os braços, as costas retas, as pernas unidas e esticadas e os pés em extensão. Como o nadador estará se deslocando mais depressa do que a velocidade da prova ao afastar-se da parede, ele deve manter esta posição de deslizamento até começar a perder velocidade. Quanto mais curta a prova, mais curto será o deslizamento. Ao se aproximar da velocidade da prova, o nadador dá uma ou duas batidas de pernas e inicia a primeira braçada, que será dada com o braço que está debaixo do outro. A subida à superfície deve ser sincronizada de modo que a cabeça saia da água quando o nadador estiver na metade da primeira braçada.

a.5. Erros mais comuns na virada olímpica. Os erros mais comuns são: - Empurrar as pernas para cima sobre a água. São movimentos da cabeça, e não dos pés, que

regulam a velocidade da virada. Se o nadador empurrar as pernas sobre a água, isto fará com que elas cheguem à parede antes que a cabeça e o tronco estejam alinhados para o impulso, fazendo-o perder tempo para alinhar o corpo antes que possa dar o impulso contra a parede.

- Deslizar para fazer a virada. O nadador deve dar sempre uma braçada para iniciar a virada, mesmo que seja apenas a metade de uma braçada. A braçada permite-lhe acelerar em lugar de desacelerar para virada.

- Dar o impulso numa posição que não seja hidrodinâmica. Os nadadores arqueiam as costas e afundam o abdome. A posição da cabeça erguida é um erro quase universal, porque os nadadores olham para frente durante o impulso para impedir que seus óculos se encham de água. Alguns nadadores colocam a cabeça abaixo do braço durante o deslizamento, o que aumenta a resistência hidrodinâmica.

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- Deslizar demais ou de menos após o impulso. No primeiro caso, os nadadores permitem que o corpo desacelere aquém da velocidade da prova e depois precisam de mais tempo e energia para recuperar a velocidade da prova. No segundo caso, quando inicial a braçada cedo demais, os nadadores estão se deslocando tão depressa que os braços não podem acelerar mais e os movimentos das suas braçadas aumentam a resistência de forma sem lhes aumentar a força propulsora.

b. Virada do Nado Costas Atualmente, usa-se a virada olímpica do nado crawl nas provas de costas. O nadador executa a

última braçada virando-se além dos 90º e executa a virada, tendo que retornar à posição de costas assim que deixar a parede da piscina.

c. Virada dos Nados Peito e Borboleta A virada para os nados peito e borboleta é a seguinte: o nadador estende as mãos para a

parede, devendo tocá-la com as duas mãos simultaneamente e com os ombros no mesmo plano horizontal. Com o toque, o nadador começa a dobrar os joelhos e quadris, gira para a esquerda, preparando-se para a virada. Ele encolhe bem as pernas, puxando-as para a parede com a mão direita. Enquanto isso, retira a mão esquerda da parede e puxa o cotovelo esquerdo para junto das costelas. Quando os pés passam sob o corpo, o nadador retira a mão direita da parede e ergue-a acima da água. Estende o braço esquerdo na direção da outra extremidade da piscina. Afunda o tronco e une as mãos acima da cabeça, na horizontal, com o corpo se alinhando para o empurrão contra a parede. Os pés plantam-se de lado contra a parede. O nadador dá o empurrão de lado, girando para uma posição deitada ao esticar as pernas. Depois vem o deslizamento que deve ser na posição mais hidrodinâmica possível, que foi descrita anteriormente. As viradas nos dois estilos são idênticas, exceto no ângulo do empurrão. Nadadores de peito inclinam o empurrão para baixo para que o deslizamento seja mais profundo. Os erros mais comuns na virada dos nados borboleta e peito são: empurrar o corpo demais para fora da água durante as viradas, submergir o corpo numa posição deitada ou quase deitada após o giro e dar um empurrão muito próximo da superfície.

3. CHEGADAS

Muitas provas são perdidas porque os nadadores deslizam até a parede na chegada ou dão mais braçadas do que precisam para chegar à parede. Deve-se praticar as técnicas de chegada para fazer pequenos ajustes nas braçadas quando o nadador aproxima-se da parede.

a. Chegada nas Provas de Crawl A maneira mais rápida de chegar é esticando o braço diretamente para frente. A chegada tipo

esticada é melhor do aquela em que se desloca o braço numa posição baixa e lateral sobre a água, porque a esticada requer um raio de rotação mais curto. A chegada esticada é uma continuação natural da recuperação e não exige que o nadador supere a inércia ascendente do braço para deslocá-lo pela lateral até a parede. O nadador deve acelerar sua última recuperação e dar uma esticada rápida da mão para frente, para tocar a parede. O toque deve ser feito com as pontas dos dedos na superfície da água ou próximo dela, porque a distância que a mão tem que percorrer é menor. O rosto deve permanecer submerso porque, se o nadador erguê-lo, aumentará a distância até a parede. O outro braço deve estar executando uma braçada vigorosa e as pernas devem bater forte para aumentar ainda mais a velocidade nos últimos metros. Estas batidas de pernas são particularmente importantes se a distância até a parede é menor que uma braçada, já que elas levarão o atleta a tocar a parede mais depressa do que se ele der outra braçada, mesmo que seja parcial.

b. Chegada nas Provas de Borboleta e Peito Como se exige o toque com as duas mãos nestes estilos, o nadador deve arremeter-se à frente

com os dois braços simultaneamente. As últimas braçadas devem ser as mais poderosas da prova e deve-se acelerar as mãos até a parede na última recuperação. As batidas de pernas aceleram-se e o rosto permanece na água.

c. Chegada nas Provas de Costas No nado costas, o nadador deve contar o número de braçadas que precisa percorrer desde as

bandeirolas até a parede. Faltando uma braçada, o nadador acelera o braço na direção da parede. Ele o conduz acima da cabeça com o cotovelo flexionado para aumentar a velocidade da mão. Ele rola para o lado do braço para aumentar o seu alcance ao estender-se para a parede, mantendo uma batida de

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pernas vigorosa até o toque. O outro braço dá uma braçada vigorosa. O contato com a parede deve ser feito com as pontas dos dedos ao nível da água ou próximo dele.

d. Respiração Durante o Sprint Final Respirar enquanto se dá um sprint até a parede não deve afetar a velocidade nas provas de

nado costas. No nado peito, a respiração parece ser necessária ao ritmo das braçadas e, portanto, não se deve restringi-la. Girar e erguer a cabeça para respirar diminuirá a velocidade nas chegadas de crawl e borboleta. Portanto, para estas provas, o nadador deve treinar para nadar, a maior parte que puder, os últimos metros sem respirar. Mas não se deve prender a respiração a ponto de desacelerar antes de chegar à parede.

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CAPÍTULO IX SALVAMENTO

1. ASPECTOS BÁSICOS DE PRIMEIROS SOCORROS

a.Ação do Socorrista São as atitudes tomadas pela pessoa que estiver socorrendo a vítima. Podem ser atitudes em

grupo, porém seguindo protocolos comprovadamente eficientes. b. Análise da Cena do Evento É a etapa do atendimento onde são tomadas precauções quanto à segurança do socorrista e/ou

da equipe responsável pelo evento. Procura-se observar as condições do local, tentando obter uma idéia do que provocou o evento e como o mesmo ocorreu. É nesta fase que há preocupação com o trânsito, o vazamento de combustível, as pessoas em volta da vítima, se a mesma apresenta agressividade, enfim, se o local oferece condições seguras ou não para o desempenho dos procedimentos de socorro. O mais importante será sempre a integridade do socorrista. c. Abordagem da Vítima Procedimentos a serem tomados após examinado o local do evento. Essa etapa é dividida em duas fases:

- Verificação da responsividade: onde procura-se avaliar o grau de consciência da vítima, através de uma resposta que a mesma possa fornecer, sendo essa por meio de verbalização, gestos, ruídos, etc.

- Checagem dos sinais vitais: se na etapa anterior não for obtida nenhuma resposta, procede-se à checagem dos sinais vitais, pois assim não haverá mais dúvidas quanto ao estado inicial da vítima. d. Sinais São todos os indicativos que podem ser obtidos da vítima, sem seu auxílio. e. Sintomas São os indicativos obrigatoriamente fornecidos pela vítima. Assim, vítimas inconscientes não apresentam sintomas. f. Sinais Vitais

Apesar de haver vários sinais, quatro são tão importantes que levam o nome de vitais, pois estão presentes em todo ser humano que esteja vivo. São eles: respiração, pulso, pressão arterial e temperatura. g. Sinais de Apoio São também importantes, mas não prioritários. São eles: cor e umidade da pele, sensibilidade, motilidade, reatividade pupilar, enchimento capilar, etc. h. Breve Exame Neurológico É realizado pelo método AVDI:

A- Alerta. V- Responde ao estímulo verbal. D- Responde ao estímulo doloroso. I – Inconsciente/irresponsivo. i. Regra de Prioridades Para qualquer atendimento, é conhecida como ABCDE: A- Abertura das vias aéreas com controle da região cervical. B- Boa ventilação. C- Controle hemodinâmico (circulação/hemostasia/reposição volêmica). D- Déficit neurológico. E- Exposição completa da vítima e controle térmico.

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j. Regra de Prioridade Absoluta Conhecida como ABC:

A- Abertura das vias aéreas e controle da região cervical. B- Boa ventilação. C- Circulação e hemostasia. l. Exame Físico Obedece a um roteiro, para que haja segurança e não se cause agravamento das possíveis lesões já existentes. O roteiro é o seguinte: cabeça / pescoço / nuca / tórax / abdômen / quadril / membros inferiores / membros superiores / genitália / coluna vertebral. Utiliza-se este roteiro como forma didática, porém eficiente, para exame físico da vítima, tomando por base que a mesma encontre-se em decúbito dorsal. No entanto, para cada posição em que for encontrada a vítima, pode-se ter que fazer uma alteração nesse roteiro, sem nunca esquecer a importância do exame da cabeça e vias aéreas como prioridade.

m. Parada Respiratória (PR) É a interrupção repentina da função pulmonar.

n. Parada Cárdio-respiratória (PCR) É a emergência mais grave que existe, pois nesse caso ocorre a interrupção das funções

pulmonar e cardíaca. O procedimento neste caso é a RCP. Portanto, para casos de PCR RCP. A vítima pode apresentar somente parada respiratória (PR) ou parada cárdio-respiratória (PCR). A chamada parada cardíaca, na verdade, não existe, pois a situação de uma vítima apresentando função pulmonar com o coração parado é impossível.

2. REANIMAÇÃO CARDIOPULMONAR (RCP)

A RCP consiste em insuflações, geralmente boca-a-boca, e massagens cardíacas externas. a. Método Boca-a-boca A vítima deve ser deitada em posição lateral de segurança, suas vias aéreas devem ser

desobstruídas de detritos, restos de prótese dentária e outros resíduos. A seguir, a vítima deve ser

colocada em decúbito dorsal e o socorrista deve proceder a hiperextensão da sua coluna cervical.

Caso a vítima não apresente qualquer sinal de reanimação, o socorrista deve aplicar

imediatamente a respiração boca-a-boca da seguinte maneira:

1) Inspirar profundamente.

2) Tapar o nariz da vítima e exalar o ar para dentro dos pulmões da vítima.

3) Observar se o tórax expande-se.

4) Observar o tórax para vê-lo esvaziar.

5) Manter um ritmo normal de respiração. Não deve haver preocupação de retirar água dos pulmões, pois o volume de água retirado é

desprezível. Após algumas exalações, o socorrista deve procurar sinais de reanimação do afogado. O

socorrista verifica os batimentos cardíacos ou inspeciona a pupila. Se houver midríase, está confirmada

a parada cardíaca. Assim, deve-se iniciar imediatamente a massagem cardíaca externa.

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b. Massagem Cardíaca Externa

O paciente deverá estar em decúbito dorsal sobre uma superfície dura. O socorrista procurará o

terço inferior do esterno. Para um bom resultado, a aplicação desse método de reanimação cárdio-

respiratória deverá ser:

- Imediata: a aplicação deve ser iniciada tão rapidamente quanto possível.

- Contínua: o método não deverá ser interrompido sob nenhum pretexto.

- Ritmada: é indispensável a regularidade na aplicação do método.

- Prolongada: só poderá ser interrompida pela chegada a um hospital ou pela constatação

indiscutível da morte.

Inicia-se a manobra de RCP sempre pela insuflação, da seguinte forma:

Vítima Número de

socorristas

Número de

insuflações

Número de

massagens cardíacas

Adulto 1 2 15

2 1 5

Criança de até 8

anos

1 1 5

2 1 5

3. AFOGAMENTO E QUASE AFOGAMENTO

Afogamento é a asfixia dentro d’água, ocasionando a morte da vítima, enquanto o quase-afogamento é a asfixia dentro d’água, não havendo morte imediata.

a.Tipos de Afogamento

- Seco (sem aspiração de líquido – 10% dos casos) ocorre por espasmo da glote. - Úmido (com aspiração de líquido – 90% dos casos) quando ocorre inundação do

aparelho respiratório.

b. Causas do Afogamento

- Primário: é o caso clássico da vítima que não sabe nadar ou não é exímia nadadora. Pode ocorrer também por fadiga.

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- Secundário: tem como causa um evento de origem clínica ou traumática, o que sempre leva à uma alteração do estado de consciência, iniciando o afogamento.

Não há diferença, quanto ao atendimento, entre afogamento em água doce ou salgada. Sempre que os alvéolos são inundados, o surfactante é alterado e ocorre edema pulmonar agudo.

c. Fases do Afogamento

1) Agitação na superfície - a vítima debate-se, na tentativa de manter-se à superfície, já iniciando seu processo de fadiga e acúmulo de CO2.

2) Apnéia reflexa – quando a vítima percebe que vai afundar, interrompe a respiração imediatamente. Porém há o agravante do alto nível de CO2 previamente acumulado.

3) A grande inspiração – por mais que a vítima queira, não consegue manter a apnéia debaixo d’água, pois, estando em hipercarbia, seu centro respiratório é estimulado, o que o leva à realizar uma inspiração , mesmo sabendo que está submersa.

4) Convulsão por asfixia – a hipóxia cerebral, a hipotermia e a própria inundação do aparelho respiratório são as causas da crise convulsiva.

5) Parada respiratória – o resultado desse quadro é a interrupção da função pulmonar, podendo ainda haver batimentos cardíacos, entretanto também encontramos vítimas de afogamentos em PCR.

d. Possibilidade de Sobrevivência

Dependerá basicamente da rapidez no atendimento, porém, sabe-se que a baixa temperatura da água pode retardar os malefícios da hipóxia cerebral.

e. Classificação dos Afogamentos

Grau Sinais e sintomas Primeiros procedimentos Mortalidade

Resgate Sem qualquer sinal ou sintoma

Avalie e libere a vítima no local do evento 0.0%

Grau I Com tosse e sem espuma na boca / nariz

Repouso, aquecimento e medidas que visem ao conforto e tranqüilidade da vítima

0.0%

Grau II Com pouca espuma na boca / nariz

O2 nasal (5 L/ min) / aquecimento corporal / repouso / tranqüilização / observação hospitalar por 6 a 24 horas

0.6%

Grau III Com muita espuma na boca / nariz e pulso radial presente

O2 por máscara facial (15L/min) no local do evento / observar PLS-dir. / CTI

5.2%

Grau IV Com muita espuma na boca / nariz e pulso radial presente

O2 por máscara facial (15L/min) no local do evento / observar respiração (pode haver PR) PLS-dir. / RV / CTI

19.4%

Grau V Parada respiratória com pulso carotídeo

Boca-a-boca / se recuperar trate como grau IV 44%

Grau VI PCR RCP / se recuperar trate como grau IV 93%

PLS-dir – Posição Lateral de Segurança (lado direito). CTI – Centro de Tratamento Intensivo. PR – Parada Respiratória. RV – Reposição Volêmica. RCP – Reanimação Cárdio Pulmonar. PCR – Parada Cárdio Respiratória.

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4. SALVAMENTO

a. Precauções Iniciais Antes de se atirar na água, o salvador deve: 1) Agir com rapidez, mas com calma. 2) Traçar um plano de ação. 3) Procurar nas imediações algum objeto que possa ser lançado ao afogado. 4) Examinar o local onde a vítima se encontra e o trajeto mais curto por onde rebocá-lo. 5) Despir-se. b. Aproximação da Vítima Deve-se nadar na direção da vítima, calmamente, poupando energia. É importante não perder

de vista a vítima. Próximo à vítima, o salvador deve tomar o cuidado de não ser agarrado por ela. A aproximação ideal é feita pelas costas mergulhando aproximadamente a dois metros da vítima.

c. Defesa

A defesa fundamental é mergulhar e nadar para o fundo. Os casos mais comuns de

agarramento pelo afogado são pelos punhos, do pescoço pela frente, do pescoço por trás e pelos

cabelos

d. Reboque

Pode ser realizado em dupla ou de maneira individual (pelo pescoço ou pelo tórax).

e. Retirada do Afogado da Água No mar, pode ser realizado de várias maneiras, como o processo do bombeiro e do arrasto. Em

piscina deve ser usado um processo específico.

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CAPÍTULO X NATAÇÃO UTILITÁRIA

1. ESTILOS UTILITÁRIOS

a.Nado natural (cachorrinho). Para pequenas distâncias, sem pressa, áreas reduzidas ou congestionadas.

b. Costas elementar (borboleta invertido). Para nadadores inexperientes atingirem grandes distâncias.

c. Peito adaptado (com o rosto fora d’água). É o mais conveniente para longo tempo na água. d. Nado de lado. Empregado em salvamento de pessoas e para transportar o fuzil. e. Nado livre com pernada de peito (cabeça fora d’água). Para aproximação rápida de algum

obstáculo f. Nado submerso. Para proteção contra tiros e evitar destroços. g. Flutuação na vertical. Para permanência no local. h. Deslocamento na vertical. Para redes de abordagem.

2. ENTRADAS NA ÁGUA

a. Mergulho de cabeça. Para sair rapidamente de uma embarcação. b. Mergulho em pé com as pernas abertas. Evita submersão profunda. c. Mergulho em pé com os braços acima da cabeça. Voltar à superfície. d. Mergulho em pé com os braços unidos ao corpo. Obter maior profundidade. e. Mergulho em pé protegendo o nariz, e os olhos. Quando a água está coberta de destroços

e óleo inflamado. f. Salto grupado. Para afastar o óleo ou chamas.

3. RETIRADA DA ROUPA

Pode ser realizada com a face submersa ou com o abdome para cima.

4. UTILIZAÇÃO DA ROUPA E OBJETOS PARA FLUTUAR

a.Utilização da camisa ao saltar. b. Utilização da calça ao saltar. c. Utilização de sacos de lona. d. Utilização de lençol, capas e pedaços de lona (para saltar). e. Utilização de caixas, gavetas e destroços (dentro da água).

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CAPÍTULO XI TREINAMENTO DE NATAÇÃO

1. CONSIDERAÇÕES GERAIS

Existem quatro formas de treinamento na natação: treinamento de velocidade, aeróbico, anaeróbico e em ritmo de competição.

As quatro formas de treinamento podem ser trabalhadas usando-se o interval training (treinamento intervalado), pela simples manipulação de uma ou mais de suas variáveis:

R - número de repetições. D - distância de cada repetição. I - intervalo entre cada repetição e entre cada série. T - velocidade média das repetições.

Alcança-se a especificidade e a adaptação, nadando no(s) estilo(s) de competição e regulando a distância, o número de repetições e o intervalo de descanso para dar a intensidade suficiente para produzir as adaptações no processo metabólico que se deseja melhorar.

Pode-se conseguir a sobrecarga aumentando o volume ou a intensidade, manipulando uma ou mais variáveis. Exemplos:

- Diminuir o tempo médio para uma série de repetições durante um temporada (mais usada - maneira mais eficaz para velocistas e nadadores de meia distância).

- Aumentar o número de repetições. No quadro abaixo, estão apresentadas as contribuições relativas de cada fase do metabolismo

energético nas diversas provas de natação.

2. TREINAMENTO DE VELOCIDADE

O treinamento de velocidade também é conhecido como não aeróbico e possui as seguintes características:

- Melhora a eficiência da reação ATP-PC. - Aumenta a força e a potência musculares. - Capacita a nadar provas mais rápidas (25 a 100 m). - O atleta deve nadar mais depressa que a velocidade de competição. - Os períodos de recuperação devem permitir a reposição quase completa do

suprimento de PC dos músculos. - O treino de velocidade não deve causar dor. - Deve ser realizado desde o início da temporada. - Pode ser realizado todos os dias. - Pode ser utilizado pé de pato e palmar.

Metabolismo aeróbico

Tempos de competição

Distâncias de provas

mais comuns

% do metabolismo não aeróbico

% do metabolismo anaeróbico

% do metabolismo

da glicose

% do metabolismo das gorduras

10-15 s 25 m 80 20 Desp Desp

19-30 s 50 m 50 48 2 Desp

40-60 s 100 m 25 65 10 Desp

1:30-2 min 200 m 10 60 25 Desp

2-3 min 200 m 10 50 40 Desp

4-6 min 400 m 5 45 50 Desp

7-10 min 800 m 5 30 60 5

10-12 min 1000 m 4 25 65 6

14-22 min 1500 m 2 20 70 8

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Exemplos de séries de velocidade:

Repetição Distância Intervalo entre tiros/séries Velocidade

2 x 4 25m 2’ 200m + 1 seg da máxima

3 x 4 20m 2’ 200m + 1 seg da máxima

6 x 4 12,5m 1’30” 200m Máxima

4 x 4 15m 1’30” 200m Máxima

Exemplos de séries de resistência de velocidade:

Repetição Distância Intervalo entre tiros/séries Velocidade

2x4 25m 50” 2’ Máxima

4 50m 1’ 93%

3 75m 1’15” 90%

2 100m 2’ 88%

3. TREINAMENTO AERÓBICO

Existem quatro formas básicas de treinamento aeróbico: o repouso regenerativo, o subaeróbico, o superaeróbico e o VO2 máx.

Os objetivos do treinamento aeróbico são: - Acelerar a recuperação, facilitando o trabalho anaeróbico. - Nadar mais rápido nas provas de 400 metros ou mais. - Diminuir o ritmo de acúmulo de lactato. - Suportar a prova sem fadiga. - Recuperar rapidamente para nadar mais de uma prova. - Desenvolver a circulação e a capacidade aeróbica dos músculos específicos.

- Melhorar a capacidade de nadar mais rápido a uma concentração de 2 a 6 mmol de lactato, através da redução da velocidade de produção e aumento da velocidade de remoção de ácido lático.

- Melhorar o consumo de oxigênio de 5% a 30%. Os efeitos desejados listados acima começarão a ser atingidos após um mínimo de oito

semanas de treinamento, com no mínimo três sessões semanais (o ideal é três ou quatro). Além disso, deve haver sempre um trabalho de manutenção para que o atleta não perca a capacidade aeróbica ganhada nos treinamentos.

a. Repouso Regenerativo (0 a 2 mmol)

O treinamento baseia-se em nadar de forma solta grandes distâncias com pequena velocidade e freqüência cardíaca abaixo de 150 batimentos por minuto.

b. Subaeróbico (2 a 4 mmol) - Aeróbico Ligeiro - A1 Possui as seguintes características: - Trabalha altos volumes (acima de 30 minutos). - Deve-se trabalhar todos os estilos, o que propicia a correção dos nados. - Freqüência cardíaca de 150 a 170 batimentos por minuto. - Trabalho de distância de pernas e braços, sem variação de ritmo. - Aplicado de duas a três vezes por semana. - Necessita de 6 a 12 horas de recuperação. Exemplos: - 2000m, sendo 500m de cada estilo. - 2 x (100m + 200m + 400m + 800m). - 3 x 4 x (400 estilo + 400 crawl). - 45 min variando perna, braço e livre. - 1 x 3000m. - Fartleck - 20 min em velocidade variada.

- Tracionar distâncias de 800m a 2000m, com descanso inferior a 30” e intensidade de 85% a 90%.

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- 3 x 1500m com 30” de intervalo a 90%. -5 x 800m com 30” de intervalo a 90%. c. Superaeróbico (4 a 6 mmol) - Aeróbico Médio - Limiar Anaeróbico - A2 Possui as seguintes características: - Melhora-se a taxa de eliminação de lactato, reduzindo a fadiga. - Capacita o atleta a nadar mais depressa na parte intermediária da prova. - O treinamento não deve causar dor, mas sim ligeira exaustão. - Freqüência cardíaca de 170 a 179 batimentos por minuto. Exemplos:

Repetições Distância Intervalo Velocidade

5 a 10 400m 30” 85%

5 a 15 200m 20” 85%

5 a 15 100m 15” 82%

10 a 30 75m 15” 80%

15 a 35 50m 10” 80%

20 a 40 25m 5” 75%

d. VO2 Máximo (6 a 8 mmol) - Aeróbico Intenso - Potência Aeróbica - Consumo Máximo de Oxigênio - A3

Possui as seguintes características: - Trabalho principalmente aeróbico, mas com um componente anaeróbico importante (as

concentrações de lactato podem chegar a 8 mmol). - Trabalhos com duração de 3’ a 5’ e com intensidades de 80% e 90%. - Distâncias de 250m a 500m são adequadas, podendo ser usadas outras distâncias.

- A intensidade e o tempo de intervalo devem ser de acordo com a distância que se usa: para distâncias maiores, maior a intensidade e o intervalo; para distâncias menores, menor a intensidade e o intervalo. Para tiros superiores a 3’ (para fundistas), a relação trabalho/intervalo é de 1/0,5; para tiros inferiores a 3’, a relação trabalho/intervalo é de 1/0,25.

Exemplos:

Repetição Distância Intervalo entre tiros/séries

Velocidade

4 a 8 400m 3’ 90%

3 x 4 100m 15” 3’ 85%

6 x 10 50m 10” 3’ 85%

4 x 5 200m 30” 3’ 85%

4. TREINAMENTO ANAERÓBICO

O treinamento anaeróbico possui as seguintes características:

- Produz aumento da taxa de metabolismo anaeróbico, da capacidade de tamponamento e do nível de tolerância à dor.

- O sistema anaeróbico lático é o que tem uma contribuição de energia maior, especialmente nas provas de 50, 100 e 200 metros.

- A freqüência cardíaca deve ser máxima, ou quase máxima, ao final de cada repetição. - Devem ser realizadas de duas a quatro sessões semanais. O treinamento anaeróbico pode ser realizado de três formas: resistência anaeróbica, tolerância

lática e potência lática. Seus objetivos são melhorar a capacidade de tolerar o ácido lático e melhorar os finais das

provas. a. Resistência Anaeróbica (8 a 12 mmol) - Fracionado Intensivo Curto Possui as seguintes características: - Deve ser aplicado três a seis semanas antes da prova. - Necessita recuperação de 48 a 72 horas para novo estímulo.

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- Deve-se começar com uma vez por semana e aplicar no máximo três vezes. - O atleta deve nadar leve nos intervalos. Exemplos:

Repetição Distância Intervalo Velocidade

24 a 30 25m 30” a 45” 90%

12 a 20 50m 1’ a 2’ 90%

6 a 8 100m 2’ a 4’ 90% b. Tolerância Lática (12 a 15 mmol) - Séries Quebradas Neste tipo de treinamento, esforços de 1’ seguidos de períodos de intervalo de 4’ a 5’ são os

mais eficazes. Exemplos:

Repetição Distância Intervalo entre tiros/séries

Velocidade

8 2 x 25m 5” 3’ 90%

4 4 x 25m 5” 4’ 90%

4 2 x 50m 10” 4’ 90%

4 4 x 50m 10” 5’ 95%

5 2 x 100m 10” 6’ 95% c. Potência Lática (15 a 18 mmol) - Treinamento de Repetições Possui as seguintes características: - Repetições tipicamente anaeróbicas (25, 50, 75, 100 e 150 metros), durante um volume total

que oscila entre 300 a 600 metros. - A relação trabalho/intervalo oscila entre 5 a 10 vezes o tempo de esforço. Exemplos:

Repetição Distância Intervalo Velocidade

8 a 12 50m 2’ a 3’ 90%

6 a 8 75m 3’ a 5’ 90%

4 a 6 100m 5’ a 8’ 90%

2 a 3 150m 8’ a 10’ 90%

5. TREINAMENTO EM RITMO DE COMPETIÇÃO

Este treinamento é a fórmula integradora de treinamento, além de simular as condições competitivas. Existem, basicamente, duas formas de treinamento: ritmo de resistência e séries simuladoras.

O treinamento em ritmo de competição tem as seguintes vantagens: a atuação dos distintos sistemas de energia, nas condições que o nadador vai encontrar na prova e a aprendizagem do ritmo de nado.

a. Ritmo de Resistência

Exemplos:

Repetição Distância Intervalo entre tiros/séries Velocidade

3 x 6 50m 15” 5’ 28”

3 x 3 100m 30” 5’ 56” b. Séries Simuladoras - Broken Training Exemplo:

Repetição Distância Intervalo entre tiros/séries Velocidade

3 100m (2 x 50) 10” 6’ 56”-28,5”/27,5”

c. Tipos de Ritmo de Competição Existem dois tipos de ritos de prova, o uniforme e o negativo. No ritmo uniforme, se mantém a mesma velocidade durante toda a prova e o tempo da primeira

metade é menor ou igual ao da segunda metade. O último parcial é ligeiramente mais forte do que os anteriores.

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No ritmo negativo, a velocidade da prova vai aumentando ligeiramente no transcurso da prova e o tempo da primeira metade é maior ou igual ao da segunda metade.

6. PERCENTUAIS MÉDIOS DOS MÉTODOS DURANTE A TEMPORADA

MÉTODO PORCENTAGEM

Repouso regenerativo 20%

Subaeróbico 40%

Superaeróbico 20% a 30%

VO2 máximo 8% a 12%

Anaeróbico 1% a 5%

Velocidade 3%

7. EXEMPLO DE MICROCICLO

SEGUNDA TERÇA QUARTA QUINTA SEXTA SÁBADO

- Aquecimento - Técnica - Velocidade - Super - Regenerativo

- Aquecimento - Técnica - Velocidade - VO2máx - Regenerativo

- Aquecimento - Técnica - Velocidade - Super - Anaeróbico - Regenerativo

- Aquecimento - Técnica - Velocidade - Subaeróbico - Regenerativo

- Aquecimento - Técnica - Velocidade - VO2máx - Regenerativo

- Aquecimento - Técnica - Velocidade - Subaeróbico - Velocidade - Regenerativo

Baixa Média Alta Baixa Média Baixa

8. NÍVEIS DE TREINAMENTO

Atualmente, são muito utilizados no treinamento de natação os níveis de treinamento. a. Níveis de Treinamento de Resistência - Aeróbio lento, subaeróbio ou endurance 1 (END 1). - Aeróbio médio, limiar, superaeróbio ou endurance 2 (END 2). - Aeróbio intenso, VO2 máx ou endurance 3 (END 3). b. Níveis de Treinamento de Anaeróbio - Tolerância ao lactato ou velocidade 1 (VEL 1). - Potência lática ou velocidade 2 (VEL 2). - Potência alática ou velocidade 3 (VEL 3).

9. TREINAMENTO AERÓBIO LENTO, SUBAERÓBIO OU ENDURANCE 1

Características

- Elevado consumo de gorduras, permitindo a reposição de glicogênio. - Elevação da capacidade de oxidar gorduras, permitindo ao atleta suportar maiores intensidades de treinamento com economia de glicogênio.

Distância total da série

- 20 a 120 minutos - 2.000 a 10.000m para adultos

Distância por intervalo

Qualquer

Intervalo de descanso

5 a 30 segundos

Intensidade

- 95% do limiar - 2 a 4 segundos mais lento por 100m (T30)

- Lactato: 3mmol

Page 108: História da natação

106

10. TREINAMENTO AERÓBIO MÉDIO, SUPERAERÓBIO, LIMIAR OU ENDURANCE 2

Características

- Série com equilíbrio entre produção e remoção de lactato. - Promove a rápida adaptação da capacidade aeróbia, sem levar o atleta ao supertreinamento e na maior velocidade de nado possível. - Intensidade específica para as condições de competição.

Distância total da série

- 25 a 40 minutos - 2.000 a 4.000m para adultos

Distância por intervalo

Séries de 25 a 4.000m

Intervalo de descanso

10 a 30 segundos

Intensidade

- 100% do limiar determinado em 400m (para testes de 200m, acrescentar 1 a 2 segundos)

- Tempo equivalente ao T30 por 100m (T30) - Lactato: 4mmol

Distância por semana

- 3 a 4 vezes, com intervalos de 36h - 12.000 a 16.000m

11. TREINAMENTO AERÓBIO INTENSO, VO2max OU ENDURANCE 3

Características - Série com intensidade parecida à sobrecarga da prova. - Promove o aumento do VO2 máximo, com bastante efeito sobre o sistema cardiovascular.

Distância total da série

- 15 a 25 minutos - 1.500 a 2.000m para adultos

Distância por intervalo

Séries de 25 a 2.000m

Intervalo de descanso

30 segundos a 2 minutos

Intensidade - 107% do limiar - 1 a 2 segundos mais rápido que o tempo equivalente ao T30 por

100m - Lactato: 6 a 8 mmol

Distância por semana

- 2 a 3 vezes, com intervalos de 48h - 4.000 a 6.000m

12. TREINAMENTO DE TOLERÂNCIA AO LACTATO OU VELOCIDADE 1

Característica Promove aumento na capacidade de tamponamento nos músculos e sangue e da tolerância à dor.

Distância total da série

300 a 1.000m para adultos

Distância por intervalo

3 a 6 séries de 2 a 12 repetições de 25 a 200m

Intervalo de descanso

- 5 a 30 segundos em séries curtas - 5 a 15 minutos em séries longas

Intensidade - Mais rápido possível - Lactato: superior a 8mmol

Distância por semana

- 2 a 3 vezes, com intervalos de 72h 2.000 a 3.000m

13. TREINAMENTO DE POTÊNCIA LÁTICA OU VELOCIDADE 2

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Características - Promove aumento na capacidade de produzir lactato (oposto ao trabalho de resistência). - Permite ao atleta elevar a velocidade no final da prova.

Distância total da série

200 a 600 para adultos

Distância por intervalo

1 a 3 séries de 25, 50 e 75m

Intervalo de descanso

1 a 3 minutos

Intensidade Mais rápido possível, pelo menos 5 segundos mais veloz que o limiar

Distância por semana

- 2 a 3 vezes, com intervalos de 72h - 2.000 a 3.000 m

14. TREINAMENTO DE POTÊNCIA ALÁTICA OU VELOCIDADE 3

Característica Visa ao aumento da potência muscular para maximizar a freqüência e a amplitude das braçadas.

Distância total da série

200 a 300m para adultos

Distância por intervalo

1 a 2 séries de 10 a 50m

Intervalo de descanso

30 seg a 5 min em repouso passivo

Intensidade Mais rápido possível

Distância por semana

1.500 a 2.000m

15. LIMIAR ANAERÓBICO

No treinamento de natação, o limiar anaeróbico é considerado a intensidade de nado acima da qual o metabolismo anaeróbico começa a predominar. A determinação do limiar anaeróbico pode ser realizada de várias formas: método do lactato sangüíneo, teste de 30 minutos (T30), teste de tempo crítico, teste de tempo crítico abreviado, teste preditivo e teste de natação em séries progressivas.

a. Método do Lactato Sangüíneo O nadador é submetido a uma quantidade entre dois e oito tiros de 200 ou 400 metros.

A concentração de lactato é determinada através da análise do sangue. Considera-se limiar anaeróbico a intensidade que corresponde à concentração de lactato de 4 ou 3,5 mmol, respectivamente para os tiros de 400 e 200 metros.

b. Teste de 30 Minutos (T30) Teste desenvolvido por OLBRECHT, em 1985, no Instituto de Esportes e Medicina de

Colônia (Alemanha). Consiste em se nadar 30 minutos ou 3000 metros. O ritmo a ser empregado deve ser o máximo do início ao fim, o mais constante possível. O resultado será convertido na média de tempo a cada 100 metros.

Pelos testes realizados em vários nadadores, verificou-se que a concentração de lactato pós-teste encontrava-se em torno de 4 mmol, o que equivale dizer que o tempo médio para cada 100 metros no T30 é a intensidade que corresponde ao limiar anaeróbico.

Tomando-se por base um nadador que, por exemplo, tenha completado 3000 metros em 35’ (2100”). Calculando sua média de tempo a cada 100 metros, tem-se 70” ou 1’10”.

- 3000m nadados = 35’ (2100”). - Média a cada 100 metros = 2100 / 30 = 70” = 1’ 10”. - Ritmo para outras distâncias = 1’ 10” x número de vezes 100 metros.

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- Ritmo a ser empregado em séries de 400metros = 1’ 10” x 4 = 4’ 40”. - Ritmo a ser empregado em séries de 300metros = 1’ 10” x 3 = 3’ 30”. - Ritmo a ser empregado em séries de 800metros = 1’ 10” x 8 = 9’ 20”. c. Teste de Tempo Crítico O nadador realiza u tiro máximo de 200 metros e outro de 400 metros. Calcula-se a

diferença de tempo entre os dois tiros e divide-se o resultado por dois. Por exemplo: - Tempo dos 400 metros: 4’ 26”. - Tempo dos 200 metros: 2’ 10”. - Diferença 4’ 26”- 2’ 10”= 2’ 16”. - Tempo crítico: 2’ 16” / 2= 1’ 08”. Este tempo é a intensidade nos 100 metros que

corresponde ao limiar anaeróbico. d. Teste de Tempo Crítico Abreviado Para borboleta, peito e costas, pode-se substituir o tiro de 400 metros por um de 100

metros. O procedimento é semelhante ao anterior, porém sem dividir a diferença por dois. Por exemplo:

- Tempo dos 200 metros: 2’ 20”. - Tempo dos 100 metros: 1’ 05”. - Diferença 2’ 20”- 1’ 05”= 1’ 15”. - Tempo crítico: 1’ 15”. Este tempo é a intensidade nos 100 metros que corresponde ao

limiar anaeróbico. e. Teste Preditivo Consiste em nadar uma longa série de repetições com intervalos curtos. As pesquisas mostraram que no teste T30 não era possível nadar muito além dos 30 minutos dentro do limiar anaeróbico. Outra falha apontada no T30 é que o mesmo não atendia aos nadadores de borboleta e peito por comprometer as articulações dos ombros e joelhos respectivamente. No teste preditivo, é possível nadar em média forte durante todos os tiros, o que se aproxima muito do limiar anaeróbico. O teste pode ser aplicado entre 25 e 40 minutos, mantendo o intervalo de descanso entre 10 e 30 segundos e as distâncias entre 200 e 400 metros. Em uma série de 200 metros (15 X 200 metros por exemplo), a média de tempo não deve oscilar mais que 4 segundos. Recomenda-se fazer o teste do lactato logo após o oitavo e o décimo quinto tiro e depois compara-lo com o teste de lactato realizado anteriormente em uma série de 5 X 300 metros, para determinar o quanto próximo está do limiar anaeróbico. As análises estatísticas apontam no sentido de que não há diferença significativa entre as séries de 200 e 300 metros.

f. Teste de Natação em Séries Progressivas

Tem como objetivo identificar a velocidade de natação que corresponde ao limiar anaeróbico. São realizadas diversas séries de repetições curtas em velocidades progressivamente mais rápidas. (série de 5 X 200 metros com 10 a 15 segundos de repouso).

- 1a série: velocidade lenta.

- Diminuição de 4 segundos para cada série subseqüente.

- Deve-se completar pelo menos três séries.

- O atleta fracassa se é incapaz de nadar na velocidade da série anterior.

Exemplo 1:

Page 111: História da natação

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- Série 1: 2’ 28” – Nadou.

- Série 2: 2’ 24” – Nadou.

- Série 3: 2’ 20” – Fracassou na 4ª repetição.

- Ritmo do limiar (100 metros): 2’ 24” / 2 = 1’ 12”.

Exemplo 2:

- Série 1: 2’ 28” – Nadou.

- Série 2: 2’ 24” – Nadou.

- Série 3: 2’ 20” – Nadou.

- Série 4: 2’ 16” - Fracassou na 1ª repetição.

- Ritmo do limiar (100 metros): 2’ 24” / 2 = 1’ 12”.

16. PLANEJAMENTO DO TREINAMENTO

a. Planejamento Semanal - Duas séries devem ser nadadas em cada nível de endurance e de sprint, em cada

semana. - Deve-se observar o lapso de tempo adequado para reposição do glicogênio muscular. - Podem ser utilizados dois tipos de métodos: de alternância ou combinado. a. 1. Método de alternância (exemplo):

Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado

END 2 VEL 1 END 1

VEL 2 VEL 3 END 1

END 3 END 1

VEL 2 VEL 3 END 1

END 2 END 1

VEL 1

a.2. Método combinado (exemplo):

Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado

VEL 2 VEL 3 END 1

END 2 VEL 3 END 1

END 2 END 1

VEL 2 VEL 3 END 1

END 3 END 1

VEL 1

17. CONTAGEM DE BRAÇADAS

a. Planejamento Semanal - Duas séries devem ser nadadas em cada nível de endurance e de sprint, em cada

semana. - Deve-se observar o lapso de tempo adequado para reposição do glicogênio muscular. - Podem ser utilizados dois tipos de métodos: de alternância ou combinado. a. 1. Método de alternância (exemplo):

Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado

END 2 VEL 1 END 1

VEL 2 VEL 3 END 1

END 3 END 1

VEL 2 VEL 3 END 1

END 2 END 1

VEL 1

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a.2. Método combinado (exemplo):

Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado

VEL 2 VEL 3 END 1

END 2 VEL 3 END 1

END 2 END 1

VEL 2 VEL 3 END 1

END 3 END 1

VEL 1

Page 113: História da natação

111

CAPÍTULO XII

REGRAS DA FINA

1. Um nadador pode ser desclassificado por atrasar a partida? 2. Descreva a ordem no nado medley individual e revezamento. 3. Tempos iguais até centésimos de segundos terão a mesma classificação? 4. Descreva os comandos para a saída de “peito” e “costas”. 5. Em uma competição de 1500m livre, nadada em uma piscina de 50 metros, qual “cartão de volta” o

inspetor de volta mostrará por ocasião dos 850 metros? 6. Se um nadador da final “A” passa mal, quem o substituirá? 7. Quem é o responsável por desclassificar um atleta que cometeu um erro por ocasião da virada? 8. Para treinar a montagem das séries o senhor obteve como exemplo a lista inicial em anexo. Monte

as séries especificando as nadadoras de cada série. 9. Qual a distância máxima submersa permitida após as saídas e viradas em cada nado? 10. Quando não houver equipamento automático, este deve ser substituído por quem? 11. O primeiro nadador do revezamento 4x100 medley (quatro estilos) bate o recorde mundial, mas o

seu revezamento é desclassificado. O seu recorde será registrado? 12. Pode o nadador de peito não respirar em alguma braçada? 13. Uma série pode ser nadada com menos de três nadadores? 14. Todas as questões omissas na regra serão decididas por qual árbitro? 15. Como ocorre a decisão do melhor tempo, utilizando três cronometristas? 16. Um nadador em uma prova de 1500m solicita quebra de recorde nos 100, 200, 400 e 800m, e

consegue bate-los, mas faltando 100m passa mal e abandona a prova, os seus recordes serão registrados?

17. No nado livre o nadador pode ficar de pé na piscina? 18. Um nadador de peito por ocasião da última braçada, antes da virada retirou os cotovelos da água,

quem será o responsável em notificá-lo? Lista Inicial

CAROLINA MAMEDE 01'03"90

FERNANDA MANFREDINI 01'07"18

EDUARDA ZUCCO 01'08"29

LUIZA MENEZES 01'07"90

DANDARA M ANTONIO 01'09"00

MARINA HOSKEN VEIGA 01'07"68

VANESSA TICON 01'10"33

MARIANA MELO LIMA 01'07"32

VITÓRIA ABDALLA 01'03"33

STEPHANY RICHTER 01'07"11

LETICIA DE MATTOS OISHI 01'08"44

BIANCA COSTA 01'07"77

FLAVIA TAMBURI BORGES 01'06"70

RAIZA TESKE 01'07"95

FERNANDA NARACCI GUEDES 01'05"70

HELENA JOBE SATCUN 01'07"43

MAYARA FERNANDA AMO LUNA 01'08"38

AMANDA FIGUEIREDO BARCIA 01'04"55

BARBARA SOUZA 01'03"10

MARINA ROSALINSKI 01'07"44

DANIELA BARROSO 01'02"99

LAIS D'AGOSTINI 01'07"33

1. TRABALHO PROPOSTO O senhor foi designado árbitro geral da 50ª MARESAER. Para desempenhar esta função o

senhor iniciou sua preparação intelectual pelo estudo das regras da FINA. Com a finalidade de avaliar seus conhecimentos sobre o assunto, responda detalhadamente as questões propostas abaixo e cite a(s) regra(s) referente.

Page 114: História da natação

112

BIBLIOGRAFIA

CARVALHO, Cantarino – Introdução à Didática da Natação. Editora Manole, 1990.

CATTEAU, Raymond & GAROF, Guard – O Ensino da Natação. Editora Manole, 1988.

COLWIN, Cecil M. – Nadando para o Século XXI. Editora Manole, 2000.

FEDERAÇÃO INTERNACIONAL DE NATAÇÃO. 2008. Disponível em http://www.fina.org Acesso

em:13 jan.2008.

FONTANELLI, Marília S. e José A. – Natação para Bebês. Editora Ground, 1987.

HAGIL, Richard A.- Aprendizagem Motora: Conceitos e Aplicações. Editora Edgard Blucher, 1984.

KOKUBUN, EDUARDO – Atualização em Aspectos Científicos da Natação. Apostila de Curso. 1999.

MAGLISHO, Ernest W. – Nadando Ainda Mais Rápido. Editora Manole, 1999.

PALMER, Mervyn L. – A Ciência do Ensino da Natação. Editora Manole, 1990.

WILKIE, David & JUBA, Kelvin – Iniciação à Natação. Editorial Presença, 1982.