história de maria
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História criada e ilustrada pelos alunos da EB Eng. Fernando Pinto de Oliveira, Turma 5 - 3º ano | Junho 2015TRANSCRIPT
História de Maria
Junho 2015
História de Maria
Texto| Ilustrações
Alunos da Escola Básica Eng. Fernando Pinto de Oliveira
Turma 5 - 3º ano
Coordenação | Supervisão
Fátima Oliveira
Colaboração
Cláudia Malafaya
Manuel Oliveira
Os pequenos escritores e ilustradores
Ana Maciel Outeirinho Cadilhe
Ana Rita Batista Silva
Ana Rita Ferreira Lucas
Anita Rodrigues Ferreira Neto
Beatriz Daniel Bastos Santos Marques
Bruna Rafaela Alves Cardoso
Dânia Camila Dantas Cardoso
Francisco Ribeiro Silva
Inês Festas Santos
Inês Pereira Duarte
José Filipe Ferreira Abreu
Lara Filipa Rodrigues Lourenço
Letícia Filipa Sequeira Azevedo
Maria Inês Gonçalves de Jesus
Mário Fernando Pinto Branco
Rafael Varela Lage
Rodrigo Silva Freitas
Rodrigo Silveira Carvalho
Sandro Miguel Sousa Almeida
Santiago Cerqueira Albuquerque
Tiago Gonçalves Machado
NOTA PRÉVIA
Imaginámos desde logo um livro com várias histórias, pois uma só história não
chegava para a chuva de ideias que aconteceu a partir de uma atividade
desenvolvida bem perto do Natal de 2014.
A professora pediu-nos para desenhar um símbolo de Natal e inscrever uma
mensagem que gostássemos de partilhar com todos. Acabamos esta atividade e
com todos os trabalhos fizemos uma exposição no quadro. Partilhamos as
mensagens e tentamos adivinhar o autor de cada mensagem. Uma das nossas
colegas em vez de mensagem escrita fez um desenho que apresentava uma
senhora rica a ajudar um mendigo. A exploração deste desenho originou tantas
histórias… que sentimos que poderíamos contá-las todas num livro. Mas, logo no
início, decidimos que queríamos uma só história referente a uma personagem -
Maria (nome que atribuímos à senhora rica do desenho).
PLANO DA HISTÓRIA
3. A frase com que terminará:
“ A magia nas nossas vidas acontece quando acreditamos em nós mesmo.”
Características Personagem
Físicas Psicológicas Onde e Quando
1.
MARIA
Elegante
Estatura média
Morena
Cabelo castanho comprido
Olhos esverdeados
Simpática
Educada
Bondosa
Responsável
Tudo vai começar
numa quinta e no
período de
infância de Maria
2. Como vai ser…….
A Maria terá uma infância feliz
A Maria casará
A Maria não conseguirá ter filhos biológicos
A Maria terá sucesso no trabalho
A Maria ajudará muitas pessoas
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I
Maria vivia numa linda quinta com os seus pais. Era uma quinta onde sol não
faltava.
Maria era uma menina elegante, morena, tinha cabelo castanho comprido e olhos
esverdeados.
Os seus passatempos favoritos eram: passear pela quinta, colher flores e brincar
com os animais. Gostava de ajudar a sua mãe nas tarefas da quinta e na costura.
Quando a sua mãe se sentava à máquina de costura Maria aparecia sempre com
ideias e mais ideias, a que sua mãe tinha que pôr um fim, pois doutra forma não
conseguiria acabar o seu trabalho. Então ia ter com a Ermelinda, que era a
empregada, e que tratava da Maria desde bebé, a maioria das vezes andava atrás
dela, colocando questões a que Ermelinda ia respondendo carinhosamente.
Entretanto chegavam da escola o João e a Inês que eram os gémeos da Ermelinda
e todos iam brincar com o Boby, que era o cão brincalhão da Inês e que adorava
correr com as crianças. A brincadeira continuava até que os gémeos iam fazer os
seus trabalhos de casa. No final de cada dia Maria ia para a beira do lago dar de
comer aos patos, à espera de seu pai, para logo de seguida ir andar de cavalo.
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Cavalgava, cavalgava, no seu Max ao lado do pai, até se aproximar a hora de
jantar.
A hora de jantar era divertida, era a parte do dia em que todos se juntavam, a
Maria, o pai, a mãe, a Ermelinda, os seus dois filhos e o seu marido que também
trabalhava na quinta.
Maria era uma criança feliz! E foi crescendo sendo feliz!
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II
Os aniversários de Maria eram sempre festejados na quinta e com muita gente. A
festa dos seus dezoito anos foi inesquecível. A quinta foi decorada com balões
coloridos e em todos eles havia o número 18, pendurado, por baixo dos balões em
grandes letras: “PARABÉNS MARIA”. A quinta estava toda iluminada. Toda a gente,
muito feliz, cantava e dançava ao som da música que era tocada por um grupo de
amigos de Maria. No entanto Maria estava muito curiosa para ver os seus presentes
e enquanto todos se divertiam ela, sorrateiramente, ia espreitando os presentes e
adorou cada um que viu. Mas, os seus olhos brilharam e humedeceram quando viu
a prenda do seu pai. Era um envelope cor-de-rosa que tinha escrito na parte da
frente: “ Para cumprires o teu sonho”. A este não resistiu e foi a correr ter com o pai
pedir-lhe autorização para abrir o presente.
- Pai! Pai! Posso abrir o teu presente? Sabes, é que andei a espreitar e estou tão
curiosa! Por favor…
- Maria hoje desculpo-te, é o teu dia especial, anda lá vamos cortar o bolo para
depois abrires os presentes. O pai acedeu ao seu pedido compreendendo
curiosidade da filha, mas também ansioso por ver a sua reação.
Maria mal ouviu a resposta de seu pai foi procurar a mãe e a Ermelinda:
- Mãe vamos cortar o bolo!…. Ermelinda, por favor, vem aqui ajudar!
- Calma Mariazinha, porquê tanta pressa? – dizia Ermelinda.
- Cá para mim tem a ver com os presentes. – referiu a mãe.
- Vamos então, não a façamos esperar demais. Hoje, faço questão que tudo corra
como a menina quer, é o seu dia especial e ela merece-o. Disse a Ermelinda.
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O bolo apareceu, que LINDO! Tinha três andares e cada um deles representava
temas diferentes. Um primeiro andar com uma casa parecida com a da quinta com
árvores à volta e mesmo em frente à entrada lá estava o Boby (cão). No segundo
andar as dezoito velas, coloridas a toda a volta. No terceiro andar havia carrinhos
de linhas, tesoura, agulha, dedal e um
manequim com um vestido colorido.
Numa das partes laterais do bolo estava a
fotografia da Maria.
Enfim, o bolo estava espetacular!!!
Por instantes esqueceu os presentes, todos
à sua volta lhe cantavam os parabéns e
lhe batiam palmas, seguiram-se os beijos e
cumprimentos. Que bom! Estavam ali
todos os que faziam parte da sua vida.
- Bem, vamos lá aos presentes… - disse o
pai – A minha princesa anseia por os abrir.
- Sim pai, vamos lá.
Começou a abrir os presentes, mas o seu pai deixou o seu para o fim. Maria
entusiasmada com o que ia recebendo não barafustou.
Fantástico, vou colocá-lo na parede do meu quarto. - disse Maria quando abriu o
presente de dois dos seus amigos e viu uma fotografia dos três, numa visita de
estudo a que foram pela escola.
- Os meus amigos conhecem-me tão bem! – disse quando viu emoldurado um
desenho que fez numa aula de Educação Visual no 9ºano, já não se lembrava dele,
pois tinha-o oferecido a alguns colegas seus por lhe acharem graça. Era um
desenho sobre moda em que desenhou vestuário de forma muito original.
Os presentes sucederam-se e finalmente chegou o mais esperado. Que surpresa lhe
tinham reservado os pais?
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Maria abriu o envelope cor-de-rosa e lá dentro estava o seu sonho de ir para Artes
para o Porto. Começou a dar pulos de alegria e abanando o envelope dizia:
- O meu começo para ser estilista, adoro desenhar e fazer roupa!!
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III
Foi para o Porto e aí começou uma nova fase.
Arranjou casa, uma casa bem pequena, a bem dizer só tinha uma divisão que tinha
espaço de cozinha, espaço de refeição e espaço de descanso com uma cama
branca cheia de almofadas, quase a parecer um sofá. O ambiente era agradável
e tinha uma coisa muito boa, era perto da faculdade, podia ir a pé.
Instalou-se e, pela primeira vez se sentiu sozinha, estava habituada à
movimentação da quinta, das pessoas que iam entrando e saindo, da mesa com
muita gente na hora das refeições. Sentiu um aperto no peito, eram já saudades
dos seus pais e da sua aldeia. Deitou-se e adormeceu.
Com as novidades diárias e com tantas tarefas a fazer o aperto no peito começou
a desaparecer.
Começou a frequentar o curso, conheceu pessoas novas, e logo percebeu que o
mundo da moda era mesmo a sua paixão.
A sua vida era muito atarefada, pois não queria reprovar a nenhuma disciplina.
Estudava, ia às aulas e procurava conviver com os seus novos amigos.
Todos os fins de semana ia visitar os pais que com saudades a recebiam com muitos
abraços e beijos. O sábado à noite era noite de festa. A Ermelinda e a mãe faziam
um belo banquete com toda a família.
A sua vida corria sem problemas e, empenhada como era, o seu curso estava a ir
muito bem.
Mas a sua felicidade foi abalada.
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IV
Certo dia, no final da tarde, recebeu a visita inesperada de seus pais que lhe
trouxeram uma triste notícia; os negócios correram mal ao pai e tinham que vender
a quinta para pagar algumas dívidas.
Maria ficou muito triste e levou algum tempo a recuperar, pois a sua infância
parecia ter-se perdido, nunca mais voltaria ao lugar onde cresceu e foi tão feliz!
Maria sentia que não podia abandonar-se a este sentimento, tinha que lutar. E foi o
que fez. Com a ajuda de todos os vizinhos da aldeia natal, que a adoravam,
acabou o seu curso, tornou-se numa bela mulher e começou a trabalhar para
ajudar os seus pais.
Maria começou a trabalhar num atelier de costura. Gostava tanto do seu trabalho
que a sua tristeza foi desaparecendo, e rapidamente começou a desenhar roupa.
E que linda era a roupa que desenhava!
As clientes do atelier procuravam muito a Maria para lhe encomendar vestidos, pois
gostavam muito do seu estilo.
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Certo dia, algo aconteceu que veio mudar a sua vida. No final da tarde foi para
casa e, como habitualmente, foi à caixa do correio. No meio da correspondência
uma coisa lhe chamou à atenção: «Inscrições abertas para concurso de moda». E
com este panfleto na mão, entrou em casa e ligou a televisão para relaxar de um
dia atarefado de trabalho. Nem queria acreditar naquilo que via. Olhou para o que
trazia na mão, olhou para a televisão e a divulgação era a mesma. Perante esta
coincidência, Maria apesar de estar sozinha, exclamou em voz alta: “Tenho de me
inscrever neste concurso!”. Muito entusiasmada, correu para o computador e
inscreveu-se. Dali a três meses, tinha que ter as suas peças prontas.
“As minhas peças têm que ser fantásticas, têm que brilhar nesta passerele”. Falava
a Maria com o seu computador enquanto introduzia os seus dados pessoais.
A partir desse dia não pensava em mais nada… só no trabalho que tinha pela
frente. A excitação era tanta que mal conseguia dormir.
De manhã bem cedo voltou ao trabalho e contou a sua decisão. Muito orgulhosa a
sua colega Carolina, disse-lhe:
- Conta com a minha ajuda.
- Obrigado Carolina – disse a Maria.
Carolina muito entusiasmada para ajudar, lembrou-se
que tinham de falar com a sua chefe:
- Maria, temos que pedir autorização à nossa chefe
para usarmos as máquinas do atelier, pois vamos ter
muito trabalho pela frente.
- Oh Carolina! E os tecidos? São fundamentais. Temos que
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começar a escolher os padrões. E eu tenho que me concentrar nos desenhos para
os meus modelos.
- Então deixa a parte com a chefe e comigo!
- Amanhã começo com o desenho dos modelos e depois começo a minha
pesquisa para encontrar os tecidos que preciso, mais apropriados ao que pretendo.
- Bom dia! Bom dia! – disse a chefe com ar de alegria e curiosa pergunta: - Vocês
estão a falar de quê?
Carolina logo que viu a chefe, correu na direção dela e disse:
- Chegaste no momento certo, precisamos que nos empreste este lindo atelier. A
Maria vai fazer história…
Maria e Carolina contaram à Chefe o que se estava a passar e da ajuda que
precisavam.
- Claro, podes contar com toda a minha ajuda Maria, os trabalhos que saem das
tuas mãos têm sido excelentes, muito elegantes e mereces chegar mais longe. Sei
que podes ganhar, pois tens muita imaginação e talento.
Maria ouviu isto e ficou comovida, pois não supunha que a sua Chefe pensasse tão
bem do seu trabalho e respondeu:
- Muito obrigada, com as suas palavras sinto-me, agora, mais motivada do que
nunca.
Mas um problema surgiu: falta de dinheiro para a compra de tecidos e outros
materiais. Mas a sua chefe tratou de arranjar as ajudas que Maria precisava, pois
achava que Maria tinha um talento que devia mostrar.
Maria desenhou, desenhou, costurou, costurou, sempre com a ajuda da sua amiga
Carolina. Tão entusiasmadas andavam que o dia do desfile depressa chegou.
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V
No dia do desfile, Maria estava super entusiasmada por ganhar.
Quando chegou ao desfile já estavam lá alguns dos estilistas com os seus
encantadores manequins. Mas ela não perdeu o seu entusiasmo de poder ganhar.
Entrou cheia de energia e pôs mãos à obra. Depressa apareceram os seus
manequins e claro a Carolina, e a sua chefe, que neste momento além de ajudar
vinham desejar-lhe sorte. Chegou à noite e Maria estava cheia de vontade de
poder mostrar os seus manequins aos júris. O desfile começou e mais nervosa ia
ficando com a aproximação da sua vez.
- Meu Deus, que lindas peças! Será que vão gostar dos meus modelos???
Eis que chegou a sua vez. Os seus modelos começaram a desfilar na passerele.
Maria olhava por entre as cortinas para ver as expressões do público; - Estão
sorridentes, será bom sinal?
No final ouviu muitas palmas, era bom sinal, gostaram do seu trabalho.
Mas agora é que era o momento tão esperado, e Maria precisava da sua amiga a
seu lado.
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- Tem calma, o público adorou os teus modelos mesmo que não fiques em 1º, se
ficares noutro lugar não faz mal, pelo menos o público gostou. Disse Carolina.
O importante é que te esforçaste para ganhar, fizeste um fantástico trabalho.
Começa a divulgação dos resultados:
- O grande vencedor é… Fábio. Em segundo lugar... Maria.
- Maria, Maria um segundo lugar, fantástico! – dizia a Carolina feliz.
- Claro, claro, tenho que reconhecer que o vencedor mereceu o seu lugar. Um
segundo lugar nesta minha primeira participação é fabuloso. Estou feliz, gostava era
de ter o prémio… ir para Paris, conhecer o trabalho em atelier dos famosos é o
sonho de qualquer estilista. Pode ser numa próxima oportunidade!
Já nos bastidores Maria cumprimentou o Fábio, elogiou o seu trabalho e deu-lhe os
parabéns.
- Parabéns Fábio, foi um lugar merecido. O prémio é de sonho, como o invejo, mas
no bom sentido. Vai ser uma experiência espetacular!
- Obrigada Maria, realmente vai ser uma boa experiência. Paris é o mundo da
moda.
O Fábio ficou orgulhoso e feliz com o seu primeiro prémio. Mas gostou muito do
trabalho apresentado pela Maria, foi então que teve a ideia de convidar a Maria
para o acompanhar a Paris. Maria ficou surpreendida, sem palavras, pediu-lhe
algum tempo para pensar.
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“- Será bom conhecer Paris, será uma excelente oportunidade para mim.” E assim
pensando decidiu aceitar o convite.
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VI
Maria começou a preparar as suas malas, pois o Fábio combinou ir buscá-la logo
de manhã cedo.
Foram para o aeroporto onde estava imensa gente, uns a partir outros a chegar.
Embarcaram no avião e não pararam de conversar. A viagem estava a ser
divertida e a paisagem linda. Passaram por Espanha, viram barcos do tamanho de
alfinetes, montanhas cheias de neve, outros aviões e nuvens tipo algodão.
Nisto ouviram a voz da hospedeira: “Chegamos a Paris, aterramos dentro de três
minuto, apertem os cintos por favor”.
Chegaram a Paris na hora de almoço. Almoçaram e começaram a sua aventura
por Paris. Planearam visitar vários locais, museu de Louvre, Palácio de Versalhes, rio
Sena...
Fábio e Maria sentiram-se emocionados com esta cidade magnífica, mas nem tudo
podia ser passear, havia trabalho para fazer, visitar atelieres dos estilistas famosos,
para com eles aprender e poderem mostrar os seus modelos.
Na manhã seguinte foram conhecer os melhores estilistas.
Esta experiência foi emocionante.
- Maria viste que tecidos maravilhosos? - disse Fábio.
- Pois, com estes tecidos lindos e maravilhosos as roupas parece que ganham vida.
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- E as máquinas são perfeitas, adoraria trabalhar com elas.
- Pois temos de pensar em abrir um atelier assim. Que bom que seria!!
- Ó Maria tu tiveste um bela ideia. – disse Fábio com um ar pensativo – Devemos
pensar nisso.
A viagem a Paris estava a ser espetacular e estava ao chegar ao fim. Mas ir
navegar pelo rio Sena era “obrigatório” estando em Paris.
Fábio e Maria resolveram marcar uma viagem de barco pela rio Sena às 21h.
Fizerem a viagem, e o jantar estava divinal. A sobremesa, então, estava deliciosa!
Eram bolas de gelado no meio de algo que parecia bolo com morangos no topo.
Nunca tinham comido nada assim.
A paisagem era deslumbrante, a lua refletia na água calma do rio. Que ambiente
tão romântico!!!
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O Fábio e a Maria estavam a divertir-se imenso, e o Fábio a olhar para a Maria,
disse-lhe:
- Maria, hoje estás linda!
- Obrigado pelo elogio. Amanhã sempre vamos à Torre Eiffel?
- Sim, estar em França implica lá ir.
- Então vamos descansar pois amanhã temos um dia longo.
Na manhã seguinte, Maria acordou entusiasmada, mas olhou para a janela e
estava a chover. Estava um dia triste…
Ouviu-se bater à porta, julgando que era o Fábio, dirigiu-se para abrir a porta com
ar todo sorridente:
- Fábio, já viste o dia de hoje?... Oh desculpe! Mas o que deseja? - disse Maria ao
ver à sua frente o estilista famoso que conheceram no atelier que visitaram.
- Venho cá entregar convites para um baile de máscaras, mas preciso da vossa
colaboração para fazer as roupas.
- Nesse momento aparece o Fábio com ar ciumento, e pergunta:
- Que faz você aqui???
A Maria, apressada, tenta explicar ao Fábio o que estava a acontecer:
- Fábio, o Albert trouxe-nos uns belos convites para um baile de máscaras aqui no
hotel e fomos também convidados para colaborarmos na confeção das roupas
que se vão utilizar.
- Ah! Aí está uma bela surpresa - disse o Fábio.
- Quer dizer que aceitam? – pergunta o Albert.
- Sim. – responderam os dois animadíssimos.
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Albert foi embora muito satisfeito, porque tinha conseguido a colaboração de duas
pessoas que lhe inspiravam confiança, e gostava muito dos seus trabalhos.
A viagem de volta ficou adiada, a ida à Torre Eiffel ficou esquecida. Andavam
muito envolvidos com a elaboração dos fatos de fantasia para o baile. Quanto
mais trabalhavam, mais contentes estavam com os resultados. Os fatos estavam a
ficar cada vez mais bonitos. O Albert ia passando, dando algumas sugestões e
mostrava muita satisfação.
- Estão a ficar chiques, mesmo o que se pretende. São originais…
Fábio e Maria mais entusiasmados ficavam. Estavam felizes a trabalhar!
Fatos prontos, foram expostos para os convidados ao baile escolherem. Os
convidados:
- São todos belíssimos, fica difícil a escolha!
O baile de máscaras foi divertido e as pessoas não se fartaram de dar os parabéns
aos novos estilitas. Fábio e Maria estavam radiantes e Albert feliz, pois gostava muito
deles.
Encantados com a sua visita a Paris, resolveram ir, finalmente à Torre Eiffel,
como despedida.
Da Torre Eiffel via-se Paris, tudo parecia pequeno à sua volta, sentiam-se no céu,
longe do movimento e da confusão. Lá jantaram num
ambiente calmo, conversaram muito um com o outro e
uma das coisas que concluíram é que esta viagem, as
aventuras que viveram os aproximou muito.
- Gosto de estar contigo - disse o Fábio - fiquei a
conhecer-te melhor e gostei muito. És uma pessoa
especial.
- Eu sinto o mesmo, mas agora que vamos regressar
tudo vai mudar – respondeu Maria
- Queres namorar comigo?! Disse o Fábio ganhando
coragem, mas meio envergonhado.
- Eu quero.
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E assim começaram a namorar.
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VII
A viagem de regresso foi ainda mais divertida, falavam mais à vontade acerca do
que sentiam.
À chegada ao aeroporto, as amigas de Maria estavam à sua espera. Abraçaram-
se e Maria depressa lhes contou a grande novidade:
- Eu e o Fábio namoramos. Descobrimos durante esta viagem que temos muita
coisa parecida.
Meses se passaram e Maria e Fábio ficaram noivos.
Foram à aldeia de Maria para marcar a festa
de noivado.
No dia do noivado, o Fábio teve um acidente
de carro e partiu um pé. Ficou ansioso, não
queria faltar à festa de noivado. Foi para o
hospital…
A Maria assim que soube, foi ao hospital para
ver o seu namorado:
- Fábio, que aconteceu?
- Tive um acidente de carro, apanhei um
grande buraco na estrada e não vi… Mas não
vamos adiar a nossa festa de noivado, pois é só
um pé partido, de resto tudo está bem.
- Está bem, vou só ligar para casa, para não se
preocuparem e esperarem.
A festa correu bem, Maria ficou noiva.
Os preparativos para o casamento começaram e todos ajudaram. Maria e Fábio
decidiram fazer as suas roupas. Tiveram que fazer um esforço para esconder um do
outro o que estavam a fazer, pois tinha que ser surpresa total.
O dia chegou, estavam lindos nos seus fatos, encantaram os convidados e felizes
casaram.
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VIII
Maria e Fábio trabalhavam juntos e recebiam muitas encomendas de Paris.
Um dia Maria disse ao Fábio:
- Fábio lembras-te quando visitamos o atelier do Albert eu ter falado em abrir um
atelier nosso? Tu achaste boa ideia. Não estará na altura de concretizarmos esse
sonho? Trabalho não nos falta.
- É uma bela ideia. Vamos começar a preparar o nosso atelier.
Começaram a pensar no local e a visitar casas. Uma delas chamou-lhes muito à
atenção. Era alanrajada, antiga, grande, com umas obras ficaria maravilhosa -
pensava Maria.
Muitas outras casas viram, mas a casa alanrajada foi a escolhida. Então
começaram as obras. Maria e Fábio todos os dias iam ver como estavam a correr
as obras.
Foi num fim de tarde que o Senhor Pinto, o encarregado da obra, lhes perguntou:
- O que se faz ao armário da sala grande?
- Que armário??? Disseram o Fábio e Maria ao mesmo tempo.
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Foram atrás do Senhor Pinto que os levou até lá. Abriram o armário e encontraram
roupas antigas, lindas e um caderno.
Maria, excitada, abre o caderno:
- Olha, Fábio!!!! Já viste o que aqui está?! Desenhos de vestidos!! Lindos!
- Impressionantes! Esta casa tem história!
- E este caderno tem vestidos magníficos, olha o nome
da autora está aqui… Maximina Diderot. Temos que a
descobrir.
Depois de investigar, descobriram que Maximina era já
muito velhinha e morava num lar perto Coimbra.
Foram lá visitá-la, era uma velhinha muito simpática,
alegre e sempre bem disposta. Maria mostrou-lhe o
caderno e perguntou-lhe:
- Conhece este caderno?
- Sim, é o meu caderno. Fazia aí desenhos de roupas
que sempre sonhei ter, mas infelizmente tive um AVC e
acabei por me esquecer desse caderno. Mas apesar de passarem anos e anos
agora lembro-me dele. – disse Maximina chorando de alegria.
- Este seu caderno é maravilhoso, tem desenhos originais. - falou a Maria.
- Sim, este caderno era a minha companhia. Mas nunca tive oportunidade de
confecionar estes vestidos, era muito caro. Gostava que alguém os fizesse.
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- Eu e o meu marido encontramos o caderno numa casa que estamos a arranjar
para abrirmos um atelier.
- Era a casa dos meus pais. Ficou abandonada, pois era difícil mantê-la. Também fui
para longe e acabei por a vender, mas não sei a quem. Pelos vistos a casa ficou
sem uso. Sei que quem a comprou tinha projetos para ela, mas não conseguiu
realizá-los.
- Nós estamos a recuperá-la para abrirmos um atelier – disse o Fábio.
Maximina arregalou os olhos e disse :
- Que coincidência! Vocês podem realizar o meu grande sonho.
Maria e Fábio entusiasmados, responderam:
- Isso é um grande prazer para nós, fazermos estes vestidos fabulosos.
Maximina emocionada fica-lhes eternamente grata. Com este acontecimento,
Fábio e Maria aceleraram as obras no atelier para o abrirem o mais depressa
possível. Tudo prontinho o atelier abriu. Muito trabalho tiveram pela frente, mas
estavam já combinados que os primeiros vestidos a confecionar, seriam os da
Maximina.
Passado meses a coleção estava pronta, fizeram uma exposição a que o Albert e a
Maximina não faltaram.
A exposição foi um sucesso e tanto Maximina como o Fábio e a Maria fartaram-se
de receber elogios.
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As encomendas começaram a chegar, a chegar. Vinham de vários locais de
Portugal e de toda a Europa.
O sucesso foi aumentando e o dinheiro também.
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IX
Maria e Fábio com o dinheiro que juntaram, começaram a pensar numa maneira
de comprar a quinta, onde Maria viveu até aos seus vinte anos. Esta era uma
alegria que Maria queria dar aos seus pais.
Após alguns meses conseguiu concretizar este grande desejo. Os pais orgulhosos,
estavam radiantes por terem a sua quinta de volta.
Fábio organizou uma grande festa para comemorar. Nesta festa estavam várias
pessoas: a vizinhança, Maximina e Albert.
Maximina ficou encantada com todo o ambiente da quinta:
- Um sítio como este dá muita tranquilidade!
- Maximina gostava de viver connosco? - perguntaram os pais de Maria.
E Maria suplicava:
- Maximina tu és muito especial para nós. Por favor, não diga não! Até pode trazer
os seus amigos do Lar.
Maximina, chorando de alegria, respondeu:
- Nunca ninguém se preocupou comigo, a partir de agora vocês são a minha
família.
Saltando de alegria Fábio e Maria abraçaram Maximina:
- Gostamos muito de si, faz parte das nossas vidas.
Maximina, com alguns amigos, já velhinhos também, mudou-se para a quinta e aí
começou uma fase muito feliz da sua vida.
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X
Fábio e Maria estavam bem na vida, o sucesso continuava, tinham uma família de
sonho a viver num local maravilhoso. Assim pensaram em ter filhos, mas Maria não
conseguia engravidar. Foram ao médico, fizeram muitos exames e ficaram a saber
que o sonho de serem pais não podia realizar-se. Ficaram destroçados com esta
notícia, mas não se deixaram levar pela tristeza.
- Maria, não estejas triste, nós vamos encontrar alguma solução - disse o Fábio,
tentando acalmar e consolar a Maria.
- Fábio, é uma situação muito difícil de aceitar, não posso ser mãe, tu não podes ser
pai - disse Maria, chorando de tristeza. Isto vai demorar muito tempo a passar.
- Eu estou aqui para te ajudar.
Alguns anos se passaram, mas Maria sentia uma mágoa no seu coração por não ter
filhos.
Num dia de Sol, Maria levantou-se, ligou o seu computador, entrou na sua página
de facebook e viu um pedido de ajuda:
“Três crianças ficaram órfãs e
precisam de uma família que os
acolha”.
Maria ficou a transbordar de alegria
e começou a chamar pelo Fábio:
- Fábio, Fábio, vem cá depressa.
- O que foi Maria?
- Vê este pedido de ajuda. Podemos
falar sobre isto?
- Maria, tens que ter calma.
- Mas, Fábio estes podem ser os nossos filhos. Podemos cuidar deles com muito
amor, como se fossem nossos.
- Maria temos que pensar no assunto. A decisão que tomarmos tem que ser muito
ponderada… é uma decisão complicada… a nossa vida mudaria completamente.
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– dizia-lhe Fábio que não se sentia preparado, pelo menos naquele momento, de
assumir tal responsabilidade.
Mas Maria insistia na ideia:
- Ter filhos era um sonho nosso, sinto que esta oportunidade caiu do céu, sei que
posso mudar a vida destas crianças. Não sei porquê, mas sinto que tenho de fazer
isto.
Fábio com tanta insistência, dia após dia, também amadureceu a ideia e ficou
convencido que era uma boa decisão.
Entraram em contacto com o orfanato que acolheu estas crianças e marcaram
uma visita.
O dia chegou e o nervosismo era muito. A viagem parecia uma eternidade, mas na
realidade era bem curta. Quinze minutos se passaram e estavam à porta do
orfanato, “Nossa Senhora de Fátima”. Entraram, foram encaminhados para o
gabinete da Diretora, Dr.ª Esmeralda. Era uma senhora alta, com ar simpático, mas
o que mais chamou à atenção foram os seus olhos meigos, cor de mel.
Conheceram as crianças e logo se encantaram. As visitas sucederam-se e cada vez
mais próximos iam ficando. Trataram de tudo para a adoção. O dia para todos
ficarem juntos demorava a chegar.
A espera foi difícil, o tempo não passava, até que foram contactados pela Dr.ª
Esmeralda para lhes comunicar que tudo estava tratado e marcaram o dia para ir
buscar as crianças.
O grande dia chegou finalmente. A ansiedade era muita.
- Despacha-te Fábio!
- Tem calma Maria, ainda é muito cedo. Com essa ansiedade ainda assustas as
crianças.
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- É impossível que isso aconteça já os amo tanto!
- Bem vamos lá buscar os nossos filhotes.
Chegaram ao Orfanato e lá estava à porta a Dr.ª Esmeralda para os receber.
- Bom dia! Entrem.
- Bom dia, estamos um pouco nervosos – disse a Maria apertando a mão ao Fábio.
- Claro que sim, é natural, mas com as visitas que nos têm feito, com os momentos
que já passaram com estas crianças adoráveis, estão é ansiosos por os ver e levar,
não é assim?
- Tem razão, estamos a viver este dia como se de um sonho se tratasse, parece que
temos medo de acordar e que tudo isto desapareça. – Referiu o Fábio, tão
contagiado que estava com a ansiedade da Maria.
A Diretora sentiu que deveria acalmar tanta ansiedade e disse-lhes:
- Bem, querem é vê-los, certo? Eles também estão à espera. Já desde manhã, bem
cedo, que têm as malas prontas. A Joana até já disse à nossa cozinheira que hoje ia
para casa dos papás!
Entram as três crianças no gabinete: o Guilherme, o Matias e a Joana: o Guilherme
tinha sete anos era uma criança alta para a idade, o Matias de cinco anos tinha
um ar traquina, brincalhão, vinha de mão dada à Joana todo sorridente, a Joana
era pequenina, tinha somente dois anos, de cabelo castanho com uns lacinhos cor-
de -rosa a condizer com o vestido era muito faladora, mal viu a Maria, correu para
ela e disse:
- Olá, vamos à rua?
- Sim, meus amores, vamos para a nossa casa! – respondeu a Maria emocionada.
História de Maria
33
XI
Assim cresceu uma família feliz, o Guilherme foi o mais difícil dos três, mostrava ainda
muita timidez e, inicialmente, não colaborava muito nas atividades de família. Mas
com o amor de Fábio e Maria tudo ultrapassou.
Era maravilhoso vê-los a correr, a brincar, com a alegria estampada no rosto, cada
vez que iam à quinta ver os avós e a Maximina, a quem chamavam Bivó.
- A entrada destas crianças na família trouxe-nos tanta alegria! Os meus bisnetos
são lindos! - dizia Maximina sempre que os observava nas suas correrias pela quinta,
sentada à sombra, na entrada da casa.
Maria e Fábio levavam, sempre que podiam, os seus filhos a passear e sempre
aconteciam episódios engraçados.
No feriado de dez de junho foram passear pela baixa Lisboeta, o movimento de
pessoas era muito e Maria não se cansava de dizer:
- Sempre de mãos dadas, não podem sair da nossa beira, temos que nos manter
juntos!
- Está bem mamã! – respondiam todos.
Mas o Matias, que era muito observador, começou a puxar o braço da mãe e dizia:
- Mamã, mamã, quero ir ver aquele senhor!
- Qual Matias? – perguntava a Maria olhando na direção que ele estava a apontar.
- Já sei, é aquele senhor que está sentado no chão, não é Matias? – perguntava o
Guilherme.
História de Maria
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- O senhor está doente? – perguntou a Joana.
- É um senhor muito pobre, que está a pedir ajuda. Vamos lá! – disse a Maria.
- Vamos ver se podemos ajudar, realmente não parece estar bem. – disse o Fábio.
Todos se encaminharam para o senhor que, sentado no chão, pedia esmola:
- Tenho fome, não quero dinheiro, mas uma sopa.
- Há quantos dias não come? - perguntou Maria.
- Desde que a minha mulher morreu. Há seis dias. Éramos só os dois. Sem ela sinto-
me só.
- Mas não tem mais família? – perguntou o Fábio.
- Ter tenho, mas sou velho demais e ninguém me quer! - respondeu o senhor com
muita tristeza no olhar. – Até tenho dois filhos, mas não estão cá, tiveram que ir
ganhar a vida para fora. Vieram ao funeral da mãe, mas tiveram que voltar no
mesmo dia para trabalhar.
- Meninos temos que ajudar este senhor! – dizia a Maria aos seus filhos e ao Fábio.
- Sim, mamã, temos que ajudar. – disseram os filhos.
- Primeiro temos que o alimentar, depois vamos ver que mais podemos fazer.
Entraram com o senhor num restaurante e todos almoçaram.
- Já há alguns anos que não comia com tanta gente à mesa. Era só eu e a minha
Eugénia, mas Deus levou-a. – dizia o velhinho com os olhos cheios de lágrimas.
História de Maria
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- Agora és o nosso Bivô, pode ser mamã, papá? - dizia a pequena Joana.
- Sim queridos, não o vamos abandonar. Pode
passar uns tempos na quinta com os avós, a
Ermelinda, a Maximina e os seus amigos e depois se
verá – respondeu a Maria com o aceno de
concordância do Fábio.
- Mas nem me conhecem… – dizia o velhinho.
Maria logo o interrompeu para dizer:
- Pois não, mas sinto que é honesto, sincero, sei que
precisa de ajuda e eu posso ajudar. Como se
chama?
- José, que era o nome do meu pai, José Ventura. Trabalhei 57 anos em olaria. Estou
reformado, mas recebo muito pouco, mal dá para comer…
- Tem tempo para nos contar a sua história, para já está combinado, casa e comida
não lhe vai faltar.
O senhor José lá embarcou na boa aventura de ir para a quinta onde foi recebido
com muito carinho e logo se sentiu em casa e lá permaneceu.
Um dia que os filhos o visitaram para o levarem, pois já estavam de regresso
definitivo, ele recusou e disse-lhes:
- Se aqui me quiserem, aqui fico, esta é a minha família, estou vivo graças a eles.
E a vida da Maria era feliz e continuou a ser feliz. Ajudava a que todos fossem
felizes, amiga dos mais desfavorecidos, lutava por eles sempre que podia. Pensava
sempre que a sua vida era assim, porque a ajudaram, foram caridosos com a sua
família quando precisaram.
Era uma mulher que, desde cedo, acreditava que a magia nas nossas vidas
acontece quando acreditamos em nós mesmo, e isso tentava mostrar.