historia do brasil nacao a abertura para o mundo vol.3 introducao pesquisavel

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A O L A D O

Moeda de 2  mi í - rás  de  1 9 1 0

C o l e ç ã o p a r t i c u l a r

L u i z A r a n h a C o r r ê a d o l a g o , R J

C A P A

Operários  na fábrica de ferraduras

Cia Martins Ferreira,  a n o s 1 9 1 0

A c e r v o I c o n o g r a p h i a , S P

T a r s i l a d o A m a r a l

Estrada de Ferro Central do Brasil,

  1 9 2 4

Óleo sobre te la , 14 2 x 12 6 ,8 c m

C o l e ç ã o M u s e u d e A r t e C o n t e m p o r â n e a

da U niv ers idade de S ào Paulo

C O N T R A C A P A

Teatro Municipal de  Seio Paulo

C artão-postal , s .d .

C o l e ç ã o p a r t i c u l a r J o ã o E m í l i o G e r o d e t t i , S P

G U A R D A

Cédula de  20  iml-réis de  192 5

C o l e ç ã o p a r t i c u l a r

L uiz A ranh a C orrêa do L ag o , R J

A B E R T U R A S

P e d r o A m é r i c o

Paz e concórdia, 1895

M A S P

P e d r o B r u n o

A pátria,  1 9 1 9

A rq uiv o H istór ic o do Museu da Repúb l ic a , R J

B e n e d i t o C a l i x t o

Proclainação da República,

  1 S 9 3

C e n t r o C u l t u r a l S ã o P a u l o

F O L H A D E R O S T O

A- A Sant os

Revolta da Armada,

  1 8 9 3

C oleç ão Fadei , R J

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A M E R I C A L A T I N A N A H I S T O R I A

C O N T E M P O R Â N E A

Pablo Jiménez Burillo

Manuel Chust Calero

Pablo Jiménez Burillo

Carlos Malamud Rikles

Carlos Martínez-Shaw

Pedro Pérez Herrero

Jordi Canal

  Morei

Carlos Contreras Carranza

Antonio Costa Pinto

Joaquín Fermandois Huerta

Jorge Gelman

Nuno Gonçalo Monteiro

Alicia Hernández Chávez

Eduardo Posada Carbó

Inés Quintero

Lilia Moritz Schwarcz

H I S T O R I A D O B R A S I L N A Ç A O : 1 8 0 8 - 2 0 1 0

VOL UME   3

A A B E R T U R A P A R A O M U N D O

1889 1930

C opy r i g h t © 2 0 1 2 dos te x tos , os a utor e s

C opy r i g h t © 2 0 1 2 de s ta e d i çã o , FUN D A C IÓN

M A P Í R E e E D I T O R A O B J E T I V A , e m c o e d i ç ã o

P a s e o d e R e c o l e t o s , 2 3 | 2 8 0 0 4 M a d r i d

Te l . : 5 1 9 1 2 8 1 1 1

  31

1 T e l e f a x : 5 1 9 1 5 8 1 1 7 9 5

w w w . f u n d a c i o n m a p f r e . c o m

R u a C o s m e V e l h o , 1 0 3 j 2 2 2 4 1 - 0 9 0 |

R i o de J a n e i r o , R j

Te l . : 2 1 2 1 99 7 82 4  | F a x : 2 1 2 1 9 9 7 8 2 5

w w w . o b j e t i v a . c o m . b r

Roberto Peith e Daniela Duarte

JavierJ. Bravo Garcia

Sônia Balady e Víadimir Saccheta

Victor Burton

Fernanda

  Mello e Flora

  de

  C a r v a lh o

Marcelo Xavier

Amaia Gómez

Clarisse Cintra

Ronald Polito, Ana Kronemberger e Nina lua

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CRONOLOGIA  1 3

INTRODUÇÃO  LiliaMoritzSchwarcz 19*

A S M A R C A S D O P E R Í O D O

PARTE 1  Lilia Moritz Schwarcz

  3 5

P O P U L A Ç Ã O E S O C I E D A D E

PARTE 2  Hebe Mattos

  8 5

A V I D A P O L Í T I C A

PARTE 3  Francisco Doratioto  1 3 3

O B R A S I L N O M U N D O

PARTE 4  Gustavo H . B. Franco e Luiz Aranha Corrêa do Lago

  1 7 3

O P R O C E S S O E C O N Ô M I C O

PARTE 5  B ias Thomé Saliba

  2 3 9

C U L T U R A

CONCLUSÃO  Lilia Moritz Schwarcz  2 9 5

H I S T Ó R I A É S E M P R E R I S C O

ÍNDICE ONOMÁSTICO

  3 0 1

OS AUTORES

  3 0 7

A ÉPOCA EM IMAGENS  3 0 9

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CRONOLOGIA

1 8 8 9

O Império brasi lei ro part icipa da exposição Universal de Paris .

1 5

  de junho

Atentado contra d. Pedro 11 no Rio de Janeiro.

g de novembro

Baile da Ilha Fiscal.

15 de novembro

Proclamação da República.

17 de novembro

Bani mento da famí l i a i mper i a l .

2 ode novembro

A

  Argentina e o Uruguai são os primeiros países a reconhecer a

República brasi lei ra.

7 de dezembro

Desembarq ue da famí l i a i mper i a l em Portuga l .

28 de dezembro

Morre Tereza Crist ina.

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A A B E R T U R A P A R A O M U N D O

1 4

  1 8 9 0

20 de janeiro

Concurso para o h i no da Repúbl i ca .

Tratado das mi ssões ent re Bras i l e A rgen t i na .

15 de novembro

Instalada a Const i tuinte.

1 8 9 1

20 de janeiro

Cri se no governo Deodoro . Demi ssão do I

a

  Gab i nete repub l i cano .

14 de fevereiro

Promulgada a Const i tuição dos Estados Unidos do Brasi l .

25  áe fevereiro

Deodoro é elei to presidente e F loriano Peixoto seu vice.

3

 de novembro

Deodoro decreta o fechamento do Congresso .

5  de dezembro

Morre d. Pedro de Alcântara em Paris .

1 8 9 2

O mi l i t ar Cândi do Rondo n i n i c i a a i ns ta lação de l i nhas te legrá f i cas

no interior do Brasi l .

23

  de agosto

Morre Deodoro da F onseca .

8 de outubro

i naugurado o Serv i ço de Bondes E lé t r i cos , o pr i mei ro serv i ço de

bonde elétrico da América do Sul, na cidade do Rio de Janeiro.

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1 8 9 3

Início da Revolta Federalista no Rio Grande do Sul.

3 de setembro

Prudente de Morais é indicado candidato à sucessão presidencial .

6 de setembro

Revo lta da A rmada no R i o de Jane i ro .

25

  de setembro

É decretado estado de s í t io em quatro estados da federação e mais o

Distri to Federal .

1 8 9 4

i

a

  de março

Prudente de Morais é elei to presidente.

Setembro

É i naugurad a a Confe i tar i a Co lombo, no R i o de Jane i ro , red uto

intelectual dos mais prest igiados na capital da República.

1 8 9 5

Prudente de Morais indulta soldados do Exérci to .

29  de

 junho

Morre Floriano Peixoto.

1 8 9 6

Primeira expedição contra o arraial de Canudos.

Pascho al Segreto e José Rober to da Cun ha Sales exibe m pela

primeira vez no Brasi l , apenas sete meses depois dos i rmãos

Lumi ère , em Par i s, um f i lm e.

1 8 9 7

Segunda expedi ção cont ra Canudos .

Terceira expedição contra Canudos e destruição do arraial .

Sessão inaugural da Academia Brasi leira de Letras .

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A A B E R T U R A P A R A O M U N D O

1 6 1 8 9 8

Eleição de Campos Sales .

1 9 0 0

Início da Polí t ica dos Governadores .

1 9 0 2

1- de março

Eleição de Rodrigues Alves .

1 9 0 4

Novembro

Revolta da Vacina.

1 9 0 5

1 5

  de novembro

A fonso Pena as sume a pres i dênc i a da Repúbl i ca .

É i naugurada a aveni da Centra l , no R i o de Jane i ro .

1 9 0 6

Convêni o de Taubaté .

1 9 0 8

Morre o escr i tor M achado de A ss i s .

1 9 0 9

14  de junho

Morre A fonso Pena e as sume Ni lo Peçanha, i nter i namente .

14 de julho

i naugu rado o Teat ro Mun i c i pa l , no R i o de Jane i ro .

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1 9 1 0

1 5

  de novembro

Hermes da F onseca as sume a pres i dênc i a .

22 de novembro

Revolta da Chibata.

1 9 1 2

Estoura a Guerra do Contes tado , q ue só ser i a debe lada em 19 16 .

1 9 1 4

Hermes da Fonseca declara estado de s í t io para o Rio de Janeiro.

Vences lau Brás assume a pres i dênc i a .

1 9 1 6

Venceslau Brás aprova proposta do Inst i tuto Histórico e Geográfico

Brasi leiro .

É gravado o pr i mei ro samba no Bras i l ,  Pelo telefone de autoria

de Ernesto Joaquim Maria dos Santos , o Donga, e faz sucesso no

Carnaval do ano seguinte.

1 9 1 7

Bras i l ent ra na Guerra Mundi a l e rompe re lações com A lemanha.

Greve ger a l operár i a em São Paulo .

1 9 1 8

17

  áe

 janeiro

Morte de Rodrigues Alves (elei to presidente) .

25

 de fevereiro

Epitácio Pessoa é empossado.

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A A B E R T U R A P A R A O M U N D O

1 8 1 9 2 2

Centenár i o da Independênci a .

Semana de Arte Moderna (em São Paulo) .

1 ode março

É elei to Arthur Bernardes .

5

 de julho

Sublevação do Forte de Copacabana e da Escola Mili tar.

1 9 2 4

In í ci o do movi mento rev o luc i onár i o em São Paulo .

Início da "Coluna Prestes" .

Revolta do Encouraçado em São Paulo.

1 9 2 5

Confron to ent re Co luna Pres tes e t ropas federa i s . A va nço da Co luna .

1 9 2 6

Posse de Washington Luiz na presidência.

1 9 2 7

A cidade do Rio de Jan eiro ga nh a o seu prime iro plan o de

remodelação : o P lano A gache .

1 9 3 0

Eleições presidenciais com a vi tória de Júlio Prestes .

26  de julho

Assass inato de João Pessoa no Reci fe.

3  de novembro

Getúlio Vargas recebe o poder de junta governat iva.

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INTRODUÇÃO

LILIA MORITZ SCHWARCZ

A S M A R C A S D O P E R Í O D O

S Ó U M N O M E , M U I T O M A I S Q U E U M N O M E

A virada do século xix para o xx apresentou, no Brasi l , característ icas tão

dramáticas quanto decis ivas para o dest ino futuro do país . Em maio de

1888, era tardi amente abo l i da a escrav i dão , uma vez q ue fomos a ú l t i ma

nação do Ocidente a dar f im a esse t ipo de s istema de trabalho compulsó-

rio e violento — ainda depois dos Estados Unidos ( 1865) e de Cuba ( 1886) .

U m ano e m ei o após a A bo l i ção ca í a a Mon arq ui a , por dem ai s v i nculada à

escravidão e, ao f inal , i solada entre as demais forças polí t icas .

O cenário que e ntão se abriu era pro pício a todo t ipo de utopia e p roje-

ção. A República surgiu alardeando promessas de igualdade e de cidadania

— uma moderni dade q ue se i mpunha menos como opção e mai s como

etapa obrigatória e incon torná vel. O gran de m ode lo civi l izatório seria a

França, com seus circuitos l i terários , cafés , teatros e uma sociabi l idade

urbana a lm ej ada em out ras soc iedades .

Todo o panorama ot i mi s ta q ue antecedeu à Repúbl i ca lembra o fenô-

men o q ue Hanna h A rçndt cham ou de "a era da as s i mi lação" , q uando di fe -

rentes reg i ões do mundo — com a exper i ênc i a moderna da emanci pação

e da ass imilação, que teve início já no contexto da Revolução Francesa —

exper i mentaram uma espéc i e de suspensão das res t r i ções de fundo lega l ,

moral, polí t ico e social , t radicionalmente vigentes . Tal s i tuação levou a

um sentimento bastante generalizado de que era possível "erguer-se da

escravidão", "sair do gueto", l iberar-se do isolamento e acreditar na pro-

messa da i nc lusão e da mobi l i dade ascend ente . Essa parec i a ser um a nova

era em que, f indas as formas de trabalho escravo e mandatório , e abertas

(por meio da educação) as possibi l idades de acesso à cidadania e às novas

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Antônio Luís Ferreira

Vista geral da m issa campal realizada no Campo

de São

 Cristóvão

 para comemorar a Abolição

A Abolição foi ao mesm o tempo o último e o mais popular dos atos da Monarquia.

A medida tardou e o Império pagaria  caro  por isso.

A L B Ú M E N , 5 1 , 5 X 2 G , 7 C M , R IO D E J A N E I R O , 1 7 D E M A I O DE 1 8 8 8

C O T E Ç Ã O D O M P ED R O D E O R L E A N S E B R A G A N Ç A ,

A C E R V O I N S T IT U T O M O R E I R A S A I I E S ,

  RIO DE

  J A N E T R O

fo rmas de i nc lusão , i mag i nou-se um novo mundo , não mai s cerceado por

modelos de h i erarq ui a soc i a l es t r i t a , ou v i nculados a c r i t ér i os de or i gem

o u n a s c i m e n t o .

Esse cenár i o ser i a , porém, convuls i onado pe la ent rada dos rac i smos e

das teor i as rac i a is de toda ordem, q ue i mp use ram novas d i v i sões ent re os

grupo s hu ma nos , a gora j us t i f i cadas por argumen tos e t eor i as b i o lóg i cas. O

resultad o foi , na expres são de Leo Spitzer, em seu l ivro Vidas de entremeio u m

novo "em bara ço da marg i na l i zação" . Em vez da t ra j e tór i a as s i m i lac i oni s ta

q ue se apresentava como es t rada de percurso longo , mas poss í ve l , houve

a re tomada de um pro j eto h i erárq ui co , agora pautado na d i ferenc i ação

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A S M A R C A S D ü F b K l u u u

rac i a l — nova moed a corrente . Com o most ra o ant ropó logo Loui s Du mon t , 2 1

o rac i smo emerg i u em f i na i s do x i x , j us tamente num mundo em q ue a

percepção h i erárq ui ca das c las ses cedeu lugar a um i deár i o mai s i gua l i -

tário . Tratou-se, pois , de uma grande reversão de expectat ivas , diante de

um contexto q ue parec i a a té então se apresentar como u m l i vro aberto , a

o ferecer uma mi r í ade de poss i b i l i dades de i nserção e i dent i f i cação com

uma ordem soc i a l conso l i dada em c las ses e com a crença i nternac i onal

de que a cultura e a educação eram o principal veículo para a abolição das

travas da escravidão e demais processos de servidão compulsória.

Indivíduos outrora excluídos, por conta da cor ou origem, passaram

a ter acesso a di ferentes inst i tuições de consagração e a galgar posições

e levadas na h i erarq ui a po l í t i ca do Impéri o . Tudo parec i a s i na l i zar para

uma integração sem obstáculos e barreiras intransponíveis . Contudo, tal

abertura social — experimentada no Brasi l no f inal do século xix, mas não

apenas — seria freada por novos cri térios de alteridade racial , rel ig iosa, étni-

ca, geog ráfica e sexual. Marca dores sociais de di ferença dos mais vigoros os ,

porque condicionados por realidades e hierarquias sociais , mas moldados

por cri térios considerados racionais e objet ivos — porque biológicos —, fa-

z i am agora grande sucesso . U m novo rac i smo c i ent í fi co , q ue ac i onava u m a

pletora de s inais f í sicos p ara d efinir a inferiorida de e a falta de civi l ização,

as s i m como es tabe lecer um a l i gação obr igatór i a ent re aspectos "exte rno s "

e " internos" dos homens. Narizes , bocas , orelhas , cor de pele, tatuagens,

expressões fac i a i s e um a sér i e de " i ndí c i os " fo ram rap i damente t rans forma-

dos em "est igmas" definidores da criminalidade e da loucura. O resultado

foi a condenação generalizada de largos setores da sociedade, como negros ,

mest iços e também imigrantes , sob o guarda-chuva seguro da biologia.

Como most ra Mari a A l i ce Rezende de Carva lho , numa época em q ue

as pr i nc i pa i s c i dades bras i le i ras passavam a anunci ar novos repertór i os

acerca da v i da em soc i edade , em q ue se conve nc i am acerca do i m pera t i vo

do progresso e da integração do Bras i l a um Oci dente , expressaram-se mo-

vi mentos opos tos , rep letos de "des lumbramento" , mas também "pavor" .

Des lum bram ento diante das novas benesses das cidades e possibi l idades de

part ic i pação ; pavor em face do desmoronam ento da ordem reconhec i da ou

das novas formas de segregação. Nas novas urbes , mais do que as quimeras

fáceis do progresso único e obrigatório , impunha-se agora um a acom odaçã o

incôm oda e ntre o passado e o futu ro, o novo e o velho, "o m und o do asfalto

e os bo lsões da mi sér i a" ( Carva lho , 1994 : 16 - 17 , 27) . Di ferente da supos ta

marcha evo lut i va , úni ca e mandatór i a , ocorreu uma sobrepos i ção de tem-

pora l i dades e a a f i rmação de uma moderni dade per i fér i ca . Di ante de um

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A S M A R C A S

  DO PERÍODO

A ugusto Malta

Avenida

  Central

atual Rio

 Branco

Rio de Janeiro

Em de janeiro de 1906 foram inaugurados, de ponta 3 ponta da avenida Central , postes com iluminação

elétrica, símbolos da modernidade e do progresso. A nova avenida, com seus prédios, lojas e população

elegantes, seria um dos grandes emblema s da nova República brasileira.

F O T O G R A F I A , 1 9 0 6

A C E R V O I N S T I T U T O M O R E I R A S A L L E S , R I O D E J A N E I R O

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conf l i to soc i al , mora l e po l í t ico ; um a nação d i v i d i da por tantas d i ferenças

regionais e raciais , e is aí novas polarizações que se enraizavam no discurso

loca l . De u m lado , a c i dade , de f i n i da pe la i ndúst r i a , pe las o portuni dades

de t raba lho , pe lo mercado , mas também por uma po l í t i ca de exc lusão e

de distanciamentos . De outro lado, os "demais Brasis" , perdidos nos ser-

tões , long í nq uos na rea l i dade e na i mag i nação , ou nas f lo res tas fechadas .

A í es tavam "do i s Bras i s " q ue eram na verdade um só , mas a convi ver de

ma nei r a am bi va lente e conf l ituosa . Ta lvez por i s so , o per í odo largo desse

v o l u m e t e n h a f i c a d o c o n h e c i d o , d u r a n t e t a n t o t e m p o , c o m o R e p ú b l i c a

V e l h a e n ã o c o m o R e p ú b l i c a N o v a , J o v e m R e p ú b l i c a , o u s i m p l e s m e n t e

Repúbl i ca . E o termo "ve lha" carrega aq ui mai s ad j e t i vações do q ue uma

pri mei ra le i tura , mai s i ngênua , possa prever .

Mui tas razões cercam a adoção cos tumei ra de um n ome, q ue não pode

ser exc lus i vamente at r i buí da a um descui do ou descaso da h i s tor i ogra f i a .

Para começar , não ser i a a pr i mei ra vez q ue um novo mom ento at r i bui u a s i

me sm o os méri tos da "novi dad e" e j ogo u para out ro per í odo a des i gnação

de ve lho e u l t rapassado . É o caso da Revo lução de 1930 e do Es tado q ue

e n t ã o  se  m o n t o u , p r o n t a m e n t e d e s i g n a d o c o m o " N o v o " — E s t a d o N o v o .

Segundo essa v i são , caber i a uni camente ao governo de Getúl i o Vargas

o e s t a b e l e c i m e n t o d e u m a v e r d a d e i r a  res-publica  e a i nt rodução de uma

rea l i dade soc i a l , mora l e po l í t i ca deveras moderna . Mas , no per í odo q ue

va i de 190 0 a 1930 , es touraram mui tos conf l i tos e não foram poucos os

m o v i m e n t o s a u t o r i t á r io s q u e p r o c u r a r a m a s s e g u r a r o n o v o r e g i m e n a

ma rra — na base de mu i ta eugen i a e es tado de s í ti o — , e i gua lme nte não

se desconhece o processo de inst i tucionalização jurídica, legal e estatal por

q ue passou a Pr i mei ra Repúbl i ca . Res ta entend er por q ue o nom e "pegou" .

Di z em os h i s tor iadores f ran ceses q ue a pecha q ue reca i u sobre a Idade

Médi a , como o tempo "das Trevas ", nada tem a ver com esse mom ent o em

part i cular , ou seu supos to fechamento e "mau tempo" ( po l í t i co e soc i a l ) .

A o cont rár i o , para a l ém das cruzadas , da pes te , da fom e, do i so lam ento , e

passados os pr i mei ros momentos , o per í odo fo i de grandes e " lumi nosas "

produções soc i a i s , cul tura i s e art í s t i cas , expressas , como di r i a Georges

Duby, nesse " tempo das catedra i s " . F o i a Renascença q ue def i n i u a s i

mesma como um novo nasc i mento ( do nada) e condenou a Idade Médi a

às t revas e ao escurec i mento , as s i m como o I lumi ni smo, em p leno século

XVIII chamou para s i as luzes e t ratou de fazer pouco dos per í odos q ue

lhe antecederam. Novos momentos tendem, po i s , a ver o passado a part i r

de lentes de curto a lcance q ue o de form am , redu zem e se lec i onam , tendo

um ponto de vista destacado: o seu.

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A S M A R C A S D O P E R Í O D O

Entretanto , out ros mot i vos exp l i cam a des i gnação Repú bl i ca Ve lha e , 25

sobretudo, a pers istência da expressão. Razões de cunho polí t ico e social

exist i ram, e talvez seja por i sso que a alcunha se enraizou. Afinal, esse foi

um contex to em qu e as prát icas colet ivas de higienização e de aplicação do

determi ni smo rac i a l levaram a po l í t i cas de exc lus i v i smo e de i so lamento

soc i a l , la rgamente denunci adas pe los t es temunhos de época . F i nda a es -

crav i dão , novas modal i dades de h i erarq ui a se es tabe leceram, sendo a raça

e a biologia bússolas a orientar a "nova civi l ização".

A lém do mai s , la rgas parce las dessa soc iedade , de f i n i t i vamente mest i -

çada , exper i mentaram nesse momento um processo de q ueda soc i a l , uma

espécie de " int im idação social" , diante da realidade que se abria, pós-escra-

v i dão . Mui tas famí l i as q ue há mui to t i nham se separado das amarras do

cat i ve i ro v iram-se , por mot i vos econ ômi cos , soc i a is e mo ra i s , p resas a u m

processo de reba i xamento . Indi v í duos q ue receberam educação esmerada

em f i na i s do x i x , e q ue se d i s t ingui ram por sua erudi ção e espec i a l i zação ,

v i ram suas pretensões ruí rem, sendo i ntegrados a es sa nova massa q ue

agora ganha va a c i dadani a e a condi ção amp la de " l i bertos " . Esse per i go a

q ue se v i am expos tas fam í l i as cada vez mai s remed i adas , de um processo

de achatamento social que as convert ia em classes médias dest i tuídas e

moradoras dos subúrb i os das c i dades , to rnava-se rap i damente rea l i dade .

Mui tos não to leravam ser confundi dos e mi s turados com n egros e m ulatos

recém-saídos da escravidão. Outros const i tuíram novos laços de solidarie-

dade e se dissociaram da imagem de l ibertos , termo forte, que reacendia

sempre a im agem da escravidão, a qual, pretensam ente distante, ins istia e m

se reapresentar . Na verdade , a abo l i ção "abo l i u" um com plexo s i s tema de

mecanismos sociais de dist inção, próprios e necessários em uma sociedade

de t ipo estamental cuja di ferenciação era dada pelo nascimento. Durante o

Impéri o , e pe la própr i a natureza do reg i m e escravocrata , prev ia-se a mobi -

l idade social e , no l imite, a alforria, o que s igni f ica dizer que a escravidão

possibi l i tava, por vezes , ' a mobi lidade individual, mas não a social , ou em

mai or esca la . Ora , com a Repúbl i ca e a ent rada em v i gor de uma ordem

social em mu dan ça, e que passou a class i f icar os cidadãos com base em cri -

térios raciais , a instabi l idade da posição desses grupos tornou-se evidente,

e, ademais , tão ameaçadora quanto embaraçosa. Afinal, ant igos privi légios

e d i s t i nções mai s própr i os do A nt i go Reg i me foram t rans formados em

tábula rasa nesse mundo de cidadãos desempatados por cri térios raciais .

Nesse contexto , havi a t am bém o medo da reescrav ização ou de novos

trabalhos compulsórios . Por outro lado, a instabi l idade polí t ica dos pri -

meiros anos republicanos gerava temor e saudades da Monarquia. Não de

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Vi ncenzo Pas tore

Mulheres negras sentadas em banco de praça não identificada em São Paulo

Diferentes temporalidades conviviam nesse contexto: a rapidez da

urbanização e os costumes herdados de tempos de outrora

G E L A T I N A / P R A T A , C A . 1 9 1 0

A C E R V O I N S T I T U T O M O R E I R A S A L L E S , R I O D E J A N E I R O

um a mo narq ui a concreta , mas daq uela q ue , agora , v is ta ao longe , lem brava

segurança e ca lma, e era prontamente t rans formada em mí t i ca . Por a í se

exp l i ca m pro j eções q ue at r i buí ram à pr i ncesa I sabe l , nom i nalmen te , o f i na l

do reg i m e escravocrata e o beneplác i to da A bo l i ção . Se parte da população

enten deu a A bo l i ção com o um processo verdade i rame nte revo luc i onár i o ,

q ue t rouxe a poss i b i l i dade de desenhar um futuro mai s democrát i co e í n-

c lus i vo , por out ro , e la fo i perceb i da c om o "dád i va" , benesse , e não como o

resultado de luta e conf l i to . O ant ro pó logo Maree i Mauss , em seu "Ensa i o

sobre o dom ", mostro u que faz parte da dádiva a obriga ção de devolver. Isto

é , aq uele q ue recebe u m presente se sente co mpe i i do a re t ri buí -lo — i s so

q uand o não se es tabe lecem graus de grat i dão e de subserv i ênc i a . Ora , fe it a

a A bo l i ção , boa parte da população recém-l i berta a t r i bui u à monarq ui a e

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A S M A R C A S D O P E R Í O D O

à prince sa o mér ito da "glória concedida ". É nessa persp ect iva que pode- 2 7

mos entender movi mentos como a Guarda Negra ( grande defensora da

rea leza cont ra as mani fes tações repub l i canas ) , as s i m como as i númeras

demonst rações de s i mpat i a e a f in i dade para com o reg i me m onárq ui co . Na

medi da em q u e a l i bertação não fo i as sumi da co mo ato po l í t ico e dev edor

da própria organização do grupo, o corolário foi admit ir f idelidade para

aqueles considerados "os donos do ato" . Criava-se ass im uma monarquia

sagrada , um re i e uma pr i ncesa i mag i nár i os — mui to longe do s i s tema

real —, distantes do aspecto "terre no" dos nossos primeiros repre sentan tes

republicanos, dest i tuídos de carisma ou aceitação popular.

Portanto , são ambi va lentes as comp reensões e recepções da Repúbl i ca ,

sobretudo em seus prime iros an os. E a gri ta foi geral . Dizia-se que essa era

a "República que não foi " , temiam-se novas escravizações , ass im como se

lamentava q ue a promessa de i nc lusão soc i a l t i vesse resul tado na mai s

absoluta exclusão.

Mas é de bom-tom e alvi tre man ter distância das falas sem pre assert ivas

das testemunhas e dos agentes de época, que em sua maior parte se l imi-

taram a denunciar as arbitrariedades dessa nova ordem de Estado. Se tudo

isso é fato, é igualmente verdade que foi com o novo regime que se forjou

um pr ocesso claro de republicanizaçã o de nossos costumes e inst i tuições . É

nesse mome nto q ue os d i ferentes poderes toma ram fo rm a def i n i da , q ue se

ensaiaram novos processos elei torais (a despeito de serem ainda m uito m ar-

cados pela fraude) e que se rascunharam os primeiros passos no sent ido de

se const i tuir um a sociedade cidadã com mod elos inaugurais de part icipação.

O processo, como veremos, será cheio de recuos, entraves e ambigüi-

dades . Afinal, a tradição se inscrevia em meio à modernidade e o novo se

confu ndia com o velho. E é jun to a esse caldo de parado xos e confli tos que

se movem os di ferentes capítulos e autores que fazem parte desse terceiro

volum e da coleção História do Brasi l Nação. Assim como o c ontexto é diverso,

os vários textos , a despeito de cobrirem dimensões variadas e coincidirem

em vários pontos , apresentam interpretações por vezes dist intas — o que

só destaca a importância da pesquisa historiográfica que se faz em diálogo.

Limpamos repetições, mas não ruídos próprios à interpretação de cada autor.

No capítulo 1 , por mim redigido, sobre "População e sociedade", vão

se de l i neando essas comuni dades q ue aos poucos ganha ram u m a face mar-

cadamente urbana, com seu novo formato inst i tucional e social . Esse é o

contexto das grandes imigrações , primeiro europeias e depois as iát icas ;

os i mi grantes chegavam ao Bras i l com o sonho da peq uena propr i edade .

Em sua maior parte, esse contingente populacional se dirigia a São Paulo,

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  i mantad o pe las pro j eções de fo rtuna fác i l, logradas nas fazenda s de ca fé : o

"ouro negro" dos trópicos , O resultado era muitas vezes desastroso, já que

a dívida passaria a fazer parte do cot idiano desses imigrantes que, numa

prim eira fase, se afu nd ava m em m eio às despesas e às di f iculdades de ordem

econômica, social e cultural . A imigração se estenderia também para outras

regiõe s do país e mu dar ia a feição local, os dialetos, a culin ária e os costume s.

U r b a n i d a d e , i n d u s t r i a l i z a ç ã o e i m i g r a ç ã o c o n s t i t u í a m a p e n a s u m a

das faces desse largo Bras i l , i gua lmente condi c i onado por seus " sertões " ,

pouco conhec i dos . A o lado das novas urbes , pers i s t i a uma fe i ção i so lada

e esq uec i da do pa í s , q ue desnudava o d i s senso e a fa l t a de um pro j eto

úni co q ue combi nasse moderni dade e progresso . A í es tava uma "moderna

per i fer i a da per i fer i a " q ue , de a lguma manei ra , punha em r i sco o espe lho

luminoso das novas cidades . Mas mesmo por lá , nas cidades , a orquestração

andava d esa f i nada . Esse é o mo me nto e m q ue ocorr em as pr i mei ras g reves

operárias , sobretudo em São Paulo, encenadas e l ideradas por imigrantes e

nac i onai s . A rua se a f i rm a como espaço do povo — esse novo agente soc i a l ,

q ue i r rompe na agenda dos es tadi s tas repub l i canos .

Esse ambiente é marcado por revoltas e greves , que Hebe Mattos captu-

ra no capítulo 2, "A vida polí t ica — Além do voto: c idadania e part icipação

po l í t i ca na Pr i m ei ra Repú bl i ca bras i le i ra" . O ob j et i vo é d i scut ir o caráter

part i cular da noção de c i dadani a , c r i ada em u m paí s recém-sa ído de larga

e arra i gada exper i ênc i a com a escrav i dão . De um lado , a ex i gênc i a da

a l fabet i zação como cr i tér i o e le i tora l l i mi tou em mui to as poss i b i l i dades

de part i c i pação da população no s sufrág i os . De out ro , o voto aberto levou

a uma po l í t i ca res t r i t i va e q ue faz i a da a f i rmação da vontade um ato de

coragem, q ue por vezes levava a desenlaces pouco dese j ados .

Em sua pr i mei ra fase , a Repúbl i ca conheceu um per í odo mi l i t ar mar-

cado por u m j acob i n i smo radi ca l e v i ve u seus d i as sob a ég i de da revo lta e

das mobi l i zações populares , prontam ente abafadas por g rupos armados . Se

nas cidades ensaiavam-se as primeiras manifestações populares — exercício

necessár i o para a p lena c i dadani a q ue a i nda es tava por v i r —, no campo,

prát icas de clientelism o ainda dav am a tônica e o acen to da polí t ica. Mesm o

ass i m, a guerra c i v i l fo i um fa ntasm a mui to próx i mo d urante os pr i mei ros

anos mi l i t ares da Repúbl i ca . Não por co i nc i dênc i a , e como most ra a i nda

Hebe Mat tos , Prudente de Mora i s , o pr i mei ro pres i dente c i v i l , t ra tar i a

de exonerar mi l i t ares q ue ocupavam cargos no func i onal i smo púb l i co . A

part i r da í começ ar i a o dec l í n i o do j acob i n i sm o radi ca l e o i n í c io da as s i m

chamada po l í t i ca dos es tados ou dos governadores . Na mai or parte do

tem po, paul i s tas e mi ne i ros revezaram -se na pres i dênc i a da Repúbl i ca ,

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A S M A R C A S D O P E R Í O D O

dando ense j o a um fenôm eno conhec i do como "po l í t i ca do ca fé com le i te " ,  9

uma vez q ue nessas reg i ões se concent ravam, respect i vamente , os pr i n-

cipais produtores de café (São Paulo) e lei te (Minas Gerais) do país . Daí

advém a máxi ma de época , ho j e bas tante q ues t i onada pe la h i s tor i ogra f i a ,

de q ue o Bras i l fo ra governado co mo u ma grande fazen da e q ue as dec i sões

econôm i cas , mas també m po l í t i cas e q uiçá soci a is , segui ram sem pre um a

me sm a lógica. Com isso nã o se preten deu dizer, por ém , que a polí t ica seria

só e exc lus i vamente o l i gárq ui ca . A o cont rár i o , Hebe most ra a re levânc i a

dos estados menores e das brechas deixadas pela rot inização da polí t ica.

Já Francisco Dorat ioto, autor da parte 3 , sobre relações internacionais ,

des taca a i mportânc i a dos anos q ue marcaram a Pr i mei ra Repúbl i ca para

a a f i rmaç ão da soberani a e da autonom i a do pa ís , a fo rm ação de m ercado s

consumi dores no es t range i ro , as s i m como a re levânc i a da po l í t i ca q ue

fomentou a ent rada de mão de obra i mi grante em massa .

Na po l í t i ca externa , do i s aspectos se des tacaram, sobretudo q uando

comparad os a ant igas modal i dades i mpe r i a i s . Em pr i m ei ro lugar , ense j ou-

-se um a po l í t i ca de não interve nção na A mé ri ca Lat ina . O lem a "somo s

da A méri ca e q ueremos ser ameri canos" ganhou lugar d i ante do out rora

i nf luente : " somos da A méri ca mas q ueremos ser europeus . " A lém dessa

primeira característ ica, percebe-se uma aproximação jamais conhecida com

os Estados Unidos. E, nesse sent ido, se o papel inicial de Joaquim Nabuco

fo i fundamenta l , a a tuação mai or f i cou por conta e responsab i l i dade de

um dos grandes ícones do período: o barão do Rio Branco, ministro das

Relações Exter i ores desde 190 2 . Sua avant première  na polí t ica deu-se com

o caso da Bo l í v i a , exemplo q ue i naugurar i a uma espéc i e de modelo não

intervencionista de part icipação.

R i o Branco não es tar i a mai s à tes ta da po l ít i ca externa após 1 9 12 , ano

de sua morte , e t am bém n ão presenc i ar i a os es t ragos da Pr i mei ra Guerr a

Mundial . Como mostra Dorat ioto, o Brasi l fo i o único país sul-americano

a part icipar do confli to ,, apesa r de sua con tribuição ter s ido pouco s igni f i -

cat i va : envi ou 13 av i adores à Grã-Bretanha , uma mi ssão médi ca à F rança ,

alguns observadores do Exérci to e uma frota de seis navios que se dedicou

a patrulhar o Mediterrâneo. No entanto, o país teria lucros com tal invest i -

da, uma vez que ocupou papel mais at ivo nos tratados de paz pós-confli to .

Gustavo H. B. Franco e Luiz Aranha Corrêa do Lago ass inam conjun-

tamente o texto sobre economi a . Nele põem abai xo i nterpretações q ue

cos tum am af i rm ar q ue o per í odo fo i " t empo perd i do" e q ue a econom i a da

época f icou encastelada entre a polí t ica restri t iva do Império e a industria-

l ização por subst i tuição de importações , que se apresentou após a crise de

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1929- Segundo os autores , es tabe leceram-se compromi ssos pesados ent re

as o l i garq ui as , mas também ent re modelos do passado e do futuro , ou

m esm o ent re o conservado r i smo m onetár i o , q ue f i car i a as soc iado a nomes

como Rodrigues Alves , Joaquim Murt inho e Leopoldo Bulhões , entre outros ,

e os interesses m arcad os pela lógica do mer cad o do café. O ensaio evi ta

i nterpretações por demai s esq uemát i cas , q ue tomam a economi a como

um a operação de or i gem exc lu s i vame nte a lgébr i ca e "a po l ít i ca econômi ca

como uma mera decorrênc i a da ordem das parce las " .

No per í odo es tabe leceu-se o Convêni o de Taubaté , q ue preparou o pa í s

para o domí ni o da economi a do ca fé ; a i mi gração ace lerou-se , bem como

a exportação de out ros produtos natura i s . Mesmo ass i m, a té a Pr i mei ra

Guerra Mundial o desempenho econômico foi bastante medíocre, a despeito

de certa d i vers i f i cação i nterna da econ om i a , com a lgum desenvo lv i m ento

dos setores secundário e terciário , além de termos nos convert ido no maior

pa í s exportador de ca fé e borracha . Ta l prosper i dade cont ras tava , porém,

com a pers i s tênc i a de i mportantes bo lsões de pobreza , notadamente nas

antigas regiões exportadoras do Nordeste. Por outro lado, a indústria de

q ue d i spunha o Bras i l não d i fer i a do ret rato de at raso econômi co , i s so

num per í odo de grandes oportuni dades e notáve l c resc i mento da econo-

mi a i nternac i onal . Todas es sas t endênci as parec i am favorecer a "vocação

agr í co la " do pa í s e não o co nt rár i o .

O conf l i to mundi a l q ue se ag i gantou em 19 14 acabou por a fe tar d i -

re tamente as exportações bras i le i ras . De um lado , ser i a i nterrompi do o

comérc i o com as "potênc i as cent ra i s " . De out ro , mui tos mercados consu-

mi do res res t r i ng i r i am suas i mportaçõ es de ca fé . A i ndúst r i a fo i a fe tada em

menor esca la q ue a agr i cul tura , pe lo menos numa v i são de curto prazo .

Po lêm i co , o texto most ra como o debate sobre a extensão da subs t itu i ção

de i mportações nesses anos permanece a i nda v i vo , mas , como a i ndúst r i a

representava menos de 17% do

  PIB

o seu efei to sobre o crescimento global

da economi a se most rar i a bas tante l i mi tado .

A retomada da normal i dade no pós -Guerra não s i gni f i cou, ent retanto ,

um período de maior prosperidade. O Bras i l terminar ia a Primeira República

com o um paí s pobre , apesar de ser, de longe , o mai s populoso da A m éri ca

L a t i n a e a p r e s e n t a r u m g r a n d e m e r c a d o i n t e r n o p o t e n c i a l . A p o l í t i c a

de es tab i l i zação do ca fé de i tar i a água em 1929 por conta da depressão

econômi ca e o f i na l dos protec i oni smos . A ntes q ue o pa í s aprendesse a

lidar com esse paradoxo, aperfeiçoasse suas inst i tuições e polí t icas na área

monetár i a e cambi a l , ou soubesse admi ni s t rar a pos i ção de domi nânci a

que t inha no mercado de café, a crise sacudiu os frágeis al icerces de nossa

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A S M A R C A S D O P E R Í O D O

polí t ica econô mica e fez com que as art iculações para a cham ada Revolução 3 1

de 1930 ganhassem força .

A últ ima p arte do l ivro, que analisa a cultura no período, é ass inada p or

Elias Saliba. Com um texto bem -hum orado e cheio de ci tações i rre veren tes ,

e le most ra como esse fo i um momento marcado por paradoxos var i ados .

"Hei de ter semp re a mentalidad e de 190 3: rua estrei ta, bond e de burro, casa

de pasto, piada do Emílio de Menezes ." A frase i rônica é do escri tor Agri -

pino Grieco e resume o f im de uma época e o começo de outra no cenário

urbano do R i o de Jane i ro — a grande v i t r i ne mundana do Bras i l na Mi e

époque. A mo derni da de era a g rande preocupação d essa geração e por i s so

Elias percorre as di ferentes áreas em que ela se expressaria: a educação, o

j orna l i smo , as artes , a p i ntura e a té mesm o a cul tura popular . Mas , em to-

das , o sucesso f icaria m uito aqu ém das expectat ivas iniciais . Nu m prim eiro

momento , a i nda no i n í c i o do século , as g randes esperanças deram lugar

a demon st rações de cet ic i smo, q uando n ão de revo lta . Tam bém a ec losão

da Pr i mei ra Guerra Mundi a l marcar i a fo rtemente nossa i nte lectua l i dade ,

i s so sem esq uece r a d i scussão do mode rni smo, sem pre pensad o no p lura l .

Esse per í odo de nossa cul tura , e q ue não se esgota em 1930 , conhecerá

u m a g r a n d e e f e r v e s c ê n c i a , e x p r e s s a n a p u b l i c a ç ã o d e p o e m a s , e n s a i o s

e romances , na veiculação de f i lmes e peças de teatro, as quais , no seu

conj unto , d i z i am pretender "compreender o pa í s " e c r i t i car as t eor i as de

fora: sejam as consideradas eurocêntricas , sejam os modelos raciais que

conde navam nosso des ti no como povo mi sc igenado . Como m ost ra o autor ,

essa é a época de um a geração vigoro sa que conheceu os trabalho s de M ário

de A ndr ade , Paulo Prado , Gui lher me de A lmei da , Gi lberto F reyre , Sérg i o

Buarqu e de H olanda, Vi l la-Lobos, Vitor Brecheret , Cândido Port inari , M uri lo

Mendes , Humberto Mauro ; cada um, à sua manei ra , c lás s i co necessár i o

para pensar o Brasi l .

Se o pa í s começou a Repúbl i ca encantado com a moderni dade conhe-

c i da a lhures , va i t ermi nar os anos 1920 ent re ans i oso e angus t i ado para

conhe cer certa "bras i l i dade" , rever seu passado e pro j e tar um novo futu ro .

Já d i s se Roberto Schwarz q ue no Bras i l tudo parece "começar sempre do

zero" e que por aqui o "nacional se descobre por subtração". Se tudo isso

é fato, parecia ser hora de descobrir, no dizer de Roberto Da Matta, o que

faz do

  Brazíl,

  Bras i l" , buscar certos modelos de identidade nacional, cons-

truídos pelo sem ente iro da especi f ic idade: os trópicos e a até então su rrada

mest içagem que de biológica se tornará cada vez mais sociocultural . Mas

essa já é outra história a ser percorrida no próximo volume, que se deterá

sobre o período de 1930 a 1964, que inclui o Estado Novo.

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A S M A R C A S D O P E R Í O D O

soc ia l —, person a gen s e a tores gan h ara m as ruas e c r ia ram form as d íver - 3 3

sas de atuação e projeção socia l . Mais do que um léxico novo, temos aqui

exper imen tos n ovos e um ót imo exemplo dos usos o f ic ia i s da memória e

de suas disputas simbólicas, que perduram até os dias de hoje .

B I B L I O G R A F I A

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