historia do medodo cientifico
DESCRIPTION
Metodo cientificoTRANSCRIPT
GPEC – Educação a Distância
[Escolha a data]
Nelson Pascarelli Filho |Curso: Gestão Educacional e Prática Pedagógica
MÓDULO 2 HISTÓRIA DO MÉTODO CIENTÍFICO
HISTÓRIA DO MÉTODO CIENTÍFICO
MUDANÇAS DE PARADIGMAS
E O TRISTE ENSINO DE CIÊNCAS NO BRASIL
I – MUDANÇAS DE PARADIGMAS SOBRE O QUE É
POSSÍVEL CONHECER
Nelson Pascarelli Filho.
“O medíocre discute pessoas. O comum discute fatos. O sábio
discute ideias.” (Provérbio Chinês)
A História do Método Científico no ocidente tem seu início com
o desenvolvimento da idéia da indução, que é uma operação
mental desenvolvida pelo filósofo grego Aristóteles (384 a.C -
322 a.C.).
A indução cria proposições universais a partir de proposições
particulares.
O empirista inglês Francis Bacon (1561-1626) foi o primeiro
pensador a propor um método científico baseado na
observação e na experimentação:
“Os descobrimentos até agora feitos de tal modo são
que, quase só se apoiam nas noções vulgares. Para
que se penetre nos estratos mais profundos e
distantes da natureza, é necessário que tanto as
noções quanto os axiomas sejam abstraídos das
coisas por um método mais adequado e seguro, e que
o trabalho do intelecto se torne melhor e mais
correto.” (Bacon).
Durante os séculos XII a XVI era frequente pensar que o
método natural para as ciências era a dedução.
A partir do Método Científico proposto pelo cientista italiano
Galileu Galilei (1564-1642) ocorre uma matematização da
natureza, e cabe ao cientista decifrar os enigmas matemáticos
que compõem o universo.
É na Idade Moderna que as questões se voltam para o
problema do Conhecer, anteriormente, a Filosofia priorizava
suas investigações com o problema do Ser.
No século XVII os cientistas (pensadores) rompem com a
Filosofia e saem em busca do seu próprio método. O saber
contemplativo dá lugar à Técnica com o objetivo de servir à
ascensão da burguesia.
O conhecimento dos fenômenos naturais retorna ao mundo para
transformá-lo, articulando-se e incrementando os novos modos
de produção.
Na Idade Contemporânea surge a necessidade de uma
reavaliação do conceito de Ciência, dos critérios de certeza, da
relação entre ciência e realidade e da validade dos modelos
científicos.
Entre 1922-1936 cientistas e filósofos reuniam-se em Viena com
o físico alemão Moritz Schlick (1882-1936).
Os encontros ficaram conhecidos como o Círculo de Viena.
Faziam parte do Círculo de Viena: Rudolf Carnap, Otto Neurath,
Herbert Feigl, Philipp Frank, Friedrich Waissman, Hans Hahn,
Hans Reichenbach, Kurt Gödel, Carl Hempel, Alfred Tarski, W. V.
Quine e A. J. Ayer.
Através da égide do Positivismo Lógico, o “Circulo de Viena”
enunciou que “as proposições científicas têm sentido enquanto
mensuráveis – tudo o que não é mensurável não tem sentido.”
Popper e Feyrabend herdeiros e críticos do Positivismo Lógico
fizeram as seguintes afirmações sobre o método científico:
“O que garante a verdade do discurso científico é condição
de refutabilidade, quando a teoria resiste à refutação, então
ela é confirmada” - Popper (1902-1994);
“O único princípio que não inibe o progresso é: tudo vale, e
que não existe norma de pesquisa que não tenha sido
violada, e é mesmo preciso que o cientista faça aquilo que
lhe agrada mais”. Feyerabend (1924-1994).
Partindo-se das contribuições de Aristóteles (384 a.C - 322 a.C.)
que propôs a indução como um dos métodos da Ciência até os
conceitos desenvolvidos por Feyerabend (1924), é possível
ensinar Ciências através da História do Método Científico e das
invenções e descobertas.
II - SOBRE O ENSINO DE CIÊNCIAS NO BRASIL
“Faça perguntas sem medo
não te convenças sozinho
mas vejas com teus olhos.
Se não descobriu por si
na verdade não descobriu.”
(Brecht)
O Brasil é um dos países com o pior nível de educação em
ciências para estudantes de 15 anos segundo uma lista de 57
países organizada pela OCDE – Organização para Cooperação e
Desenvolvimento Econômico. (BBC Brasil – 29.11.2007)
Até quando isto permanecerá? Urge as mantenedoras e o poder
público levar a sério o Ensino de Ciências.
É o conhecimento científico que permitiu à espécie humana
perpetuar-se no planeta.
Não é possível imaginar a Humanidade sem vacinas,
antibióticos, analgésicos, transplantes e internet.
Um bom começo para uma aula de ciências é motivar os alunos
através da leitura, dramatização e debate do poema escrito pelo
dramaturgo e poeta alemão Bertold Brecht (1898-1956):
Precisamos de Você.
Aprende - lê nos olhos,
lê nos olhos - aprende
a ler jornais, aprende:
a verdade pensa
com tua cabeça.
Faça perguntas sem medo
não te convenças sozinho
mas vejas com teus olhos.
Se não descobriu por si
na verdade não descobriu.
Confere tudo ponto
por ponto - afinal
você faz parte de tudo,
também vai no barco,
aí pagar o pato, vai
pegar no leme um dia.
Aponte o dedo, pergunta
que é isso? Como foi
parar aí? Por quê?
Você faz parte de tudo.
Aprende, não perde nada
das discussões, do silêncio.
Esteja sempre aprendendo
por nós e por você.
Você não será ouvinte
diante da discussão,
não será cogumelo
de sombras e bastidores,
não será cenário
para nossa ação
Péssimos professores de Ciências mandam os alunos copiarem
no caderno os textos do livro didático e responderem as
questões que são propostas no final do capítulo, onde a
primeira resposta da primeira pergunta está no primeiro
parágrafo, a segunda resposta da segunda pergunta é
encontrada no segundo parágrafo! Previsibilidade imbecil que
capacita o aluno a realizar verbalizações vazias e receber
diploma de copista.
Eles são péssimos professores ou se tornaram medíocres por
desencanto com a profissão, por falta de condições para
exercerem o magistério com dignidade, porque não têm
condições financeiras, tempo e saúde para participarem de
congressos, simpósios e jornadas científicas fundamentais para
atualização da prática pedagógica, mas também temos os
professores banais e espontaneístas por opção.
É fundamental deixar bem explícito para os alunos que um
fenômeno científico pode ser investigado através da indução,
dedução, acaso e seguindo-se as etapas clássicas do método:
proposição de um problema, observação de um fenômeno,
formulação de hipóteses para explicá-lo, experimentação,
conclusão; confirmação ou refutação das hipóteses; confirmação
e formulação de teorias e leis universais.
O educador deve ter como linha mestra para o ensino de
ciências que o principal objetivo é capacitar o educando a
realizar hipóteses para explicar fenômenos inerentes ao
cotidiano do aluno e à luz do conhecimento científico: buscar o
entendimento do entendimento, numa cadeia de significantes e
significados que não têm fim.
O crescimento cognitivo do aluno se dá pela capacidade de
formular hipóteses e testá-las empiricamente.
Realizar feiras de ciências somente com maquetes é sofrível, é
andar na contramão da História da Ciência e emburrecer o
aluno!
Para atingir os objetivos propostos na área de Ciências e
Sociedade o docente deve respeitar o contexto cultural do corpo
discente; adequar sua linguagem à faixa etária dos alunos sem
dar um tom romântico aos fenômenos científicos; ter disponível
um laboratório básico de ciências que ofereça segurança na
realização das experiências; planejamento e estar
compromissado com a formação da consciência ética e
científica.
Muitos laboratórios de Ciências tornaram-se depósitos de
material escolar, eles são o arquivo-morto da escola! E num ato
de insanidade administrativa vários laboratórios de escolas
públicas foram transformadas em salas de aula, quando se
deveria construir novas escolas, infelizmente improvisação e
corrupção são o método operacional dos políticos brasileiros, há
poucas exceções.
É tarefa árdua administrar um laboratório de Ciências. Para que
ele funcione corretamente sem causar acidentes, necessita-se
de capacitação docente, auxiliares treinados para montar e
desmontar as experiências e limpá-lo descartando
adequadamente os resíduos; alunos disciplinados e constante
investimento na aquisição de material científico de ótima
qualidade.
Não se deve lotar um laboratório de Ciências, mas ter uma área
de circulação que permita um escape adequado em caso de
acidentes.
Os alunos devem realizar as experiências propostas pelo
professor. Somente olhar o mestre realizando-as, não vale como
aprendizagem, é enganar e desmotivar a classe!
Alunos acreditam equivocadamente que tudo que está aí para
ser usado e consumido sempre existiu, desconhecem que existe
a História da Higiene, da Tecnologia e da Comunicação.
Conhecer a vida e obra dos cientistas brasileiros – Carlos
Chagas, César Lattes, Zerbini, Oswaldo Cruz, Abrão de Morais,
Adolfo Lutz, Vital Brazil entre outros, é resgatar a auto-estima e
civismo do brasileiro, pois os alunos pensam que o Brasil é
famoso no esporte, que nunca tivemos cientistas que melhoram
a qualidade de vida da Humanidade.
Ensinar ciências através da História do Método Científico e das
Invenções possibilita dialogar com outras disciplinas: História
Geral, Filosofia, Sociologia e Matemática. Desta forma somam-
se e ampliam-se conhecimentos!
Excelentes livros didáticos de ciências são aqueles que mostram
os fenômenos químicos, físicos e biológicos que ocorrem na
cozinha, no uso da pasta de dentes; como funcionam a
geladeira, a TV e o microondas e explicam porque o mundo está
melhor através do conhecimento científico.
Retomando as palavras de Brecht, espera-se que o sujeito que
sabe e transforma a realidade e o meio ambiente, não seja ao
final do ensino médio mero e passível “cogumelo de sombra”,
vítima do atroz descaso do poder público com o ensino de
Ciências.
Para Saber Mais
Livro O que é Ciência, Afinal? Chalmers. Brasiliense. 2009 Filme Waking Life. Richard Linklater. EUA. 2001.