história do petróleo no mundo

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Economia e Gestão em Energia. Curso de Especialização. COPPEAD-IE/UFRJ EVOLUÇÃO DA INDÚSTRIA DE PETRÓLEO: NASCIMENTO E DESENVOLVIMENTO Carmen Alveal Rio de Janeiro, 2003

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Economia e Gestão em Energia. Curso de Especialização. COPPEAD-IE/UFRJ

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  • Economia e Gesto em Energia. Curso de

    Especializao. COPPEAD-IE/UFRJ EVOLUO DA INDSTRIA DE PETRLEO:

    NASCIMENTO E DESENVOLVIMENTO

    Carmen Alveal

    Rio de Janeiro, 2003

  • 2

    EVOLUO DA INDSTRIA DE PETRLEO: NASCIMENTO E DESENVOLVIMENTO

    Carmen Alveal

    Introduo Desde a descoberta pioneira realizada por Edwin L. Drake em Titusville

    (Pennsylvnia-EEUU), em 29/09/1859, o petrleo, um produto to velho como

    o mundo, originou a mais competitiva indstria energtica e fundou a base

    tecno-energtica do desenvolvimento do sculo XX.

    O desenvolvimento da indstria mundial do petrleo (IMP) foi canalizado por

    duas modalidades de organizao industrial. O primeiro, originalmente

    americano, centrou-se no crescimento de firmas privadas que evoluram

    rapidamente para a internacionalizao da indstria; o segundo, com o Reino

    Unido, a Argentina e o Mxico, como precursores, se difundiu para a maioria

    dos pases de industrializao tardia, centrando-se no desenvolvimento de

    empresas estatais. Entretanto, para se avaliar, numa dimenso no simplista, o

    desenvolvimento e o papel central que a IMP desempenhou na dinmica

    econmico-social do sculo XX mister considerar os fatores tanto

    econmicos quanto polticos de sua evoluo.

    Rigorosamente, com o ingresso do petrleo na cena energtica mundial, a

    energia deixou de ser um tema estritamente econmico: tornou-se geradora e

    arena de conflitos polticos, entre pases importadores, entre pases

    importadores e exportadores e entre firmas petrolferas e governos. As grandes firmas petrolferas privadas e estatais de petrleo evoluram na arena imbricada

    pelas estratgias de poder hegemnicas e subordinadas, no plano das polticas

    nacionais e na dinmica poltica das relaes internacionais. O petrleo selou o

    destino das naes e das coalizes de naes vencedoras e vencidas nas duas grandes guerras mundiais do sculo XX e promoveu a luta de

  • 3

    descolonizao e de industrializao das naes em desenvolvimento, em

    particular a das naes do mundo rabe.

    A importncia da interao entre os fatores econmicos e polticos na anlise

    dos processos evolucionrios da IMP possibilita compreender o momento

    presente e subsidia o esclarecimento das linhas possveis de evoluo futura

    desta indstria. essa perspectiva analtica que permite aquilatar o impacto

    civilizatrio abrangente da IMP: o modus vivendi da sociedade contempornea

    global no seria possvel sem a alimentao vital e intermitente dos derivados

    de petrleo. A complexa organizao dos espaos scio-econmicos em

    mega-cidades e reas suburbanas e rururbanas; suas redes e conexes

    transnacionais e transcontinentais; e as tecnologias de processos e

    equipamentos de grande e pequena dimenso, de sofisticada e fina qualidade,

    pulsam ao compasso bombeado pelo escopo de produtos provenientes da

    indstria de petrleo.

    Para compreender a formao da civilizao petrolfera da humanidade este

    texto destinado ao exame das fases de nascimento e desenvolvimento da

    IMP at a irrupo do primeiro choque de 1973.

    1. Pioneiros e Inovadores da Indstria: Integrao e Internacionalizao

    Os atributos e condies tecno-econmicas peculiares indstria do petrleo

    foram descobertos e organizados racionalmente ao longo de seu

    desenvolvimento. Inicialmente emergiram de forma inorgnica na primeira fase,

    essencialmente americana da indstria (1860/1870). A corrida ao ouro negro

    no Oil Creek Valley (Pennsylvnia-EEUU) atraiu aventureiros de toda espcie e

    efmeras empresas de petrleo disputavam os terrenos explorveis da regio;

    todos se avocaram a produzir o mais rpido e na maior quantidade possvel,

    com freqncia danificando os reservatrios ou levando exausto prematura

    dos poos.

  • 4

    Motivada por altas e rpidas recompensas esperadas, contratos de

    arrendamento que premiavam a produo rpida e falta de conhecimento

    geolgico, essa dinmica desorganizada dos primrdios foi muito impulsionada

    pelo contexto legal americano da regra da captura (Yergin, 1994), baseado na

    lei comum britnica que permitia ao proprietrio da superfcie do poo, extrair o

    mximo de petrleo, levando drenagem desproporcional dos poos,

    reduo do aproveitamento dos poos adjacentes e corrida para exaurir os

    poos. A concorrncia anrquica provocou enorme flutuao da produo e dos preos e nenhuma sustentao ao negcio petroleiro.1

    No final desta fase, porm, a indstria registrou avanos tecnolgicos: i) a

    superao do gargalo do transporte at os mercados de consumo, substituindo

    carroas e cavalos pela ferrovia e oleodutos de madeira, uma inovao tpica

    da atividade petrolfera; ii) a descoberta de novos mtodos de perfurao,

    acarretando melhor controle da presso do gs e a diminuio dos prejuzos; e

    iii) a importncia do refino, segmento crucial na expanso posterior da

    indstria, quando o reinado do querosene iluminante veio ser invadido pela

    introduo da iluminao eltrica, aps a radical inveno da lmpada

    incandescente de Thomas Alva Edison, em 1877. Contudo, a inveno

    decisiva desta fase infante foi a percepo das qualidades peculiares da

    indstria pelos seus primeiros capites.

    O primeiro foi o americano John D. Rockefeller, que resolveu racionalmente os

    desafios de armazenar, transportar e transformar o petrleo e vender os seus

    derivados. Para reduzir custos introduziu novos processos tcnicos que

    melhoraram a produtividade e a qualidade dos derivados, especialmente do

    querosene2, carro chefe dos produtos da indstria nas suas primeiras dcadas

    de evoluo. A preocupao pela qualidade dos produtos oferecidos ao

    mercado inspirou o nome empresa que comandou: a Standard Oil Company.

    Contudo, o posto de honra deste americano na histria do petrleo foi ter 1 O preo do barril de petrleo de US$ 20, em 1859, caiu para US$ 0.10, em 1862 (Percebois, 1989). 2O tratamento do cru refinado com cido sulfrico, inovao introduzida por Samuel Andrews, um tcnico ingls que veio se tornar um dos principais scios dos empreendimentos de

  • 5

    percebido e realizado a integrao da indstria, inovao econmica chave

    para organizar a sua expanso e internacionalizao, fundando o maior dos

    monoplios da economia americana na passagem do sculo.

    Em 1870, data que inaugurou a ascenso da carreira empresarial de

    Rockefeller e a segunda fase da indstria petrolfera, a Standard Oil controlava

    10% do segmento de refino. Entre 1880/90 esse controle se estendia para ao

    redor de 90% do transporte ferrovirio e de oleodutos, 80% da capacidade de

    refino e 90% da rede de distribuio e venda de produtos; estes j invadiam

    Europa, sia, frica do Sul e Austrlia e, em 1900, 70% das atividades do

    truste de empresas comandado por Rockefeller se desenvolviam fora dos

    Estados Unidos (Giraud e Boy de la Tour, 1987, p. 186).

    O crescimento da Standard Oil foi produto da rpida industrializao da

    economia americana nas ltimas dcadas de sculo XIX que, num curto

    espao de tempo, transformou radicalmente muitas pequenas empresas

    industriais descentralizadas em grandes conglomerados e trustes. A rpida

    mutao e seus desdobramentos eram motivo de apreenso da opinio pblica

    americana. A mobilizao poltica pressionou o governo para controlar os

    excessos do poder econmico e poltico dos grandes grupos empresariais, em

    especial o do emblemtico imprio Rockefeller (O Connor, 1974; Yergin,

    1994). A legislao do Sherman Act nasceu em 1890 com esse objetivo,

    iniciando longa onda de reformismo progressista da Segunda Revoluo

    Industrial americana (reforma poltica, justia social, melhoria das condies

    de trabalho, proteo ao consumidor) e o controle e a regulamentao dos

    grandes negcios.

    Em meio concorrncia crescente das novas empresas surgidas no Oeste dos

    Estados Unidos e das grandes rivais europias e aps luta legal de duas

    dcadas, a Suprema Corte Federal dos Estados Unidos, determinou, em l9113,

    Rockefeller, permitiu a produo de um querosene iluminante que reduziu substancialmente a fumaa da queima do combustvel nos lampies (Giraud e Boy de la Tour, 1987). 3A deciso final da Corte Federal americana foi antecedida por batalhas difceis para o grupo Rockefeller: i) a campanha de l901, conduzida pelo presidente da Repblica Theodore

  • 6

    a diviso do monoplio em 33 empresas, entre as quais algumas evoluram

    para se tornar as maiores sociedades da IPM: a Standard Oil of New Jersey,

    depois Esso e Exxon; a Standard Oil of New York, aps Mobil Oil; a Standard

    Oil of California, aps Socal, hoje Chevron.4 Essas trs empresas passaram a

    disputar com as outras duas americanas, criadas a partir das descobertas de

    petrleo do Texas, Louisiana e Oklahoma (Oeste dos Estados Unidos), que

    tambm se tornaram empresas gigantes, a Texaco e a Gulf Oil (comprada pela

    Chevron em 1984).

    A segunda fase da indstria (1870-1911) conheceu tambm outros capites,

    cujas bases de reservas e de negcios situavam-se fora dos Estados Unidos,

    j mostrando a configurao internacional da indstria petrolfera. A partir de

    1880, os irmos de origem sueca, Robert e Ludwig Nobel, devotaram seus

    talentos inventivos tcnicos e organizacionais invaso dos mercados

    europeus com o petrleo russo da regio de Baku (Azerbaijo), transportando-

    o atravs da combinao de ferrovia, oleoduto e de pioneiros navios

    petroleiros. O sucesso desse empreendimento, que desafiou com vantagens a

    rede de distribuio europia da Standard Oil durante 15 anos, (1890/1905),

    contou com decisivo apoio financeiro da Casa Rothschild de Paris.

    Outro capito notvel da indstria europia do petrleo foi Marcus Samuel.

    Na liderana da britnica Shell Transport associou-se, em 1903, ao gnio

    empresarial pioneiro do holands Henri Whilhem A. Deterding, apelidado o

    Napoleo do petrleo, sucessor no comando da Royal Dutch Petroleum

    Company.5 Dessa aliana nasceu a Royal Dutch Shell. No incio do sculo XX,

    a rpida expanso do grupo anglo-holands avanou sobre os espaos

    econmicos mundiais dominados pela Standard Oil of New Jersey, a mais

    poderosa das filhas nascidas do desmembramento do grupo Rockefeller: no

    Rooselvet; ii) os artigos de denncia documentada, da jornalista Ida Tarbell em 1902/1904; e iii) o processo ganho pelo Governo Federal contra o grupo, no estado de Missouri, em 1906/1907. 4 Outras empresas menores nascidas desse desmembramento (minors), se tornaram tambm grandes aps os choques do petrleo dos anos 70: a Standard Oil of Indiana (hoje Amoco), a Standard Oil of Ohio (hoje Sohio), a Continental Oil (Conoco), a Standard Oil of Virginia (Atlantic), entre outras. 5Empresa fundada, em 1890, pelo descobridor de petrleo em Sumatra (Indonsia), Jean B. August Kessler.

  • 7

    final da Primeira Guerra Mundial (1918), 75% da produo petroleira mundial,

    fora do mercado americano, era controlada pelo grupo europeu.

    No momento em que o petrleo e o motor de combusto mudaram a natureza

    da I Guerra Mundial, governos e grandes corporaes da Europa e dos

    Estados Unidos, iniciaram a disputa para tomar posse das jazidas de petrleo

    do Oriente Mdio, configurando, a terceira fase evolutiva da indstria (1911-

    1928). Esse movimento fora precedido por esforos de indivduos notveis, que

    mapearam, realizaram descobertas pioneiras e estabeleceram os primeiros

    contatos e relaes com os governos locais dessa regio (Blair, 1978).6

    Dado que as empresas americanas no tinham acessado concesses no

    Mdio Oriente, aps a guerra, o governo americano se organizou para apoiar

    agressivamente as companhias de petrleo dispostas a procurar reservas no

    exterior7, aumentando a rivalidade europeu-americana, em particular entre as 5

    grandes firmas americanas, a Anglo-Persian (atual British Petroleum) e a

    Royal Dutch Shell. A rivalidade empresarial inaugurou uma fase de alta competio oligoplica na IMP. A competio reforou a presso pela procura

    de novas fontes de suprimento na Amrica Latina, no Mdio Oriente e na sia,

    quer para explorar, quer para adquirir a produo existente.

    A mudana estratgica das firmas foi fortalecida por avanos tecnolgicos em

    perfurao (diferentes configuraes geolgicas) e transporte de grandes

    distncias em escala global (petroleiros e oleodutos). Na atividade do refino,

    alm dos progressos na dessulfurizao dos petrleos, a difuso das tcnicas

    de craqueamento (quebra das molculas) reduziu a necessidade de cru para

    obteno de derivados, notadamente de gasolina e diesel, cujas demandas

    estavam em crescimento. Enfim, na rea de distribuio/comercializao, o

    aumento da demanda de gasolina e diesel implicou no ingresso das grandes

    6 Entre os que cabe destacar, o armeniano Calouste Gulbenkian na Turquia e o australiano William K. D' Arcy na Persia (atual Ir). 7 O princpio invocado era o da Porta Aberta, ou seja, acesso igual para os capitais e os negcios americanos (Yergin, 1994; Finon e Perrin, 1991).

  • 8

    empresas de petrleo nas vendas a varejo, atravs da multiplicao de postos

    de venda.

    Foi nesta fase que a IMP caminhou para estruturar o seu desenvolvimento de

    modo relativamente estvel, como resultado da crescente percepo, entre as

    grandes operadoras mundiais, da necessidade de disciplinar o

    desenvolvimento da indstria. O controle do suprimento de cru foi considerado

    estratgico para evitar a sobre-produo e as guerras de preos, que

    provocavam ameaadores efeitos predatrios para a IMP como um todo (Blair,

    1978), a exemplo da ocorrida entre a Standard Oil of New York (Mobil) e a

    Royal Dutch Shell no mercado da ndia.

    A possibilidade desse controle dependia de dois fatores: i) a definio de

    direitos de propriedade e de controle das reservas pelas empresas nos

    abastados pases do Oriente Mdio; e ii) a adoo entre as majors de uma

    coordenao oligopolista que impedisse formas perigosas de competio,

    alocando-se de nveis de produo e de suprimento de demanda nas reas

    geogrficas da indstria. O primeiro fator foi implementado a travs do sistema

    de concesses. J o segundo originou a formao de consortia. Esta ltima

    inovao institucional precedeu a negociao de um conjunto de regras,

    conhecido como Acordo de Achnacarry, um acordo de cartel, com uma partio

    precisa dos mercados mundiais, que consolidou as posies at esse momento

    conquistadas pelas 7 maiores corporaes petrolferas.

    2. Inovaes Institucionais: Concesses, Consortia e Cartel Internacional O sistema de concesses foi o instrumento jurdico concebido para regular as

    relaes entre os governos dos pases com reservas de cru e as empresas

    internacionais. A concesso outorgava a empresa um tipo de direito absoluto

    sobre uma certa rea territorial sob jurisdio do Estado hospedeiro para

    procurar, extrair e vender volumes de leo a preos tambm discriminados pela

    concessionria, em troca de uma compensao financeira. Juridicamente, o

  • 9

    sistema de concesso combinou formas contratuais comerciais privadas e

    elementos de direito pblico domstico e internacional.

    Nesse campo relacional, a posio subordinada dos Estados hospedeiros

    frente s companhias petrolferas definiu uma relao de imposio por sobre a

    de negociao. A cobertura territorial da concesso se estendia quase ou

    totalidade da rea geogrfica do pas; a sua durao, usualmente, contemplava

    entre 60-75 anos; e a compensao financeira (royalty do proprietrio sobre o

    volume vendido e um imposto de renda sobre o lucro realizado) se baseava na

    contabilidade anual, totalmente controlada pela empresa.

    inegvel que a transferncia de soberania nacional dos Estados hospedeiros

    incorporada no sistema de concesses e traduzida na ampla liberdade de ao

    das empresas petrolferas internacionais deteve um papel decisivo para

    garantir, a partir dos anos 30, extraordinrio crescimento a IMP, dado que

    possibilitou (Cl, 2000, p. 59): i) larga autonomia decisria empresarial,

    relegando os governos a meros receptores de renda; ii) garantia de condies

    de certeza para o futuro, precavendo-se contratualmente de revises

    unilaterais dos termos da concesso; e iii) forte blindagem jurdica ao ingresso

    de novos entrantes.

    Numa esfera relacional distinta, os consrcios ou associaes (consortia) foram

    concebidos como principal instrumento de regulao das relaes entre as

    empresas, em particular na fase estratgica e crucial de crescimento da

    produo de cru, que se iniciara aps 1925. O primeiro consrcio, fundado em

    1928, Iraq Petroleum Company (IPC), reuniu as maiores petrolferas

    americanas e europias8 e sua importncia foi decisiva para o desenvolvimento

    da IMP: i) marcou o ingresso definitivo das empresas americanas no Oriente

    Mdio; ii) foi referncia para a formao de associaes empresariais em

    outras regies da indstria; e iii) consagrou a propriedade e o controle conjunto

    8 Turquish Petroleum Co., SONJ, Mobil, BP, Shell, Compagnie Franaise de Ptroles (CPF) e Mr. Gulbenkian (com 5% da propriedade acionria).

  • 10

    da gesto, como mecanismo de preveno da competio9, antecipando a

    organizao do cartel internacional.

    A implementao das anteriores inovaes culminou nos acordos negociados

    na reunio de Achnacarry (17/09/1928), que patrocinaram a fase mais

    duradoura de expanso relativamente estvel da indstria, alongada at a

    irrupo do primeiro choque de petrleo, em outubro de 1973. Resultado de

    uma ao caracterstica de diplomacia privada (Martins, 1975), envolvendo os

    lderes mais representativos da complexa tessitura de interesses (empresariais,

    econmicos e geo-polticos) que nesse momento se explicitava na indstria do

    petrleo,10 o evento de Achnacarry iniciou a fase do reinado das sete irms.11

    Os princpios gerais acordados em Achnacarry foram seguidos por trs acordos

    (nos anos de 1930, 1932 e 1934) que, progressivamente, alocaram funes

    com objetivos muito especficos de controle para a operao internacional das

    empresas nos pases consumidores, cobrindo os principais tpicos de

    funcionamento da indstria: i) fixao de quotas de produo; ii) ajustamentos

    para equilibrar o comrcio de cru e de derivados; iii) fixao de preos e outras

    condies de venda; e iv) controle de condies dos novos entrantes na

    indstria (Penrose, 1968; Blair, 1978).

    O sistema regulador do cartel qualificou-se para organizar e governar os

    mecanismos econmicos que promoviam, simultaneamente, a posio

    dominante (oligoplio) das 7 majors e a estabilidade do crescimento da

    9 A funo do consrcio era basicamente gerir conjuntamente a produo de leo e sua distribuio pro rata entre os acionistas partcipes. Os lucros eram mantidos num baixo nvel, em funo de prticas de preos de transferncia menores que os do mercado. Para controlar o suprimento potencial de leo, os membros do IPC assinaram o Acordo da Linha Vermelha, com regras auto-preventivas da competio pelo acesso a novas reas de concesso. 10 Achnacarry no foi um encontro exclusivo das empresas de petrleo. O governo dos Estados Unidos e os governos europeus, em particular o governo ingls que detinha a maioria das aes da Anglo-Persian Company, atuaram nos bastidores para conseguir das empresas o estabelecimento de um acordo de preservao da sade da indstria, ameaada por uma concorrncia potencialmente destruidora (Yergin, 1992, p. 260). Previamente aos acordos, Sir Henri Deterding, presidente do grupo Royal Dutch Shell, organizou um encontro para o qual convidou os senhores: Walter Teagle, presidente da Standard Oil of New Jersey (SONJ); Heinrich Riedman, executivo mximo da Standard Oil of New Jersey na Alemanha; Sir John Cadman, presidente da Anglo-Persian; William Mellon da Gulf Oil; e o Coronel Robert Steward da Standard Oil of Indiana. 11Denominao irnica de autoria de Enrico Mattei, presidente da estatal italiana ENI (1953-1962) para designar o cartel das 7 empresas majors.

  • 11

    indstria petrolfera. Objetivos diferenciados, nitidez de funes e de

    competncias alocados aos muitos agentes econmicos nos diferentes

    segmentos da indstria para controlar as variveis-chave da indstria em

    escala mundial (preos, nvel da oferta e barreiras entrada), tornaram a

    instituio do cartel da IMP um "modelo" de regulao corporativa privada.12

    O cartel regulava a taxa de crescimento da oferta e exercia um forte controle

    sobre os preos13, possibilitando s majors: i) apropriar-se das rendas geradas

    no Lago Maracaibo (Venezuela) e no Golfo Prsico; ii) evitar impactos sobre os

    preos, resultantes da queda de custos na produo de novas regies

    petrolferas; e iii) manter elevado fluxo de caixa das operaes das empresas

    e, assim, obter os fundos requeridos para os grandes investimentos

    necessrios ao incremento do produto na vertical da indstria.14 Em 1950,

    excludos os pases poca denominados socialistas, as majors controlavam

    65% das reservas mundiais, mais de 50% da produo de leo bruto e

    detinham a propriedade de 70 % da capacidade de refino e de cerca de dois

    teros da frota mundial de petroleiros, alm dos mais importantes oleodutos

    (Penrose, 1968; Federal Trade Comission, 1952).

    12O cartel das majors de petrleo inaugurou um evento econmico central da dinmica econmica do sculo XX: instituies lideradas por um nmero restrito de firmas privadas que regulam o crescimento industrial em escala mundial. Os cartis internacionais surgiram no perodo de entre guerras como soluo, sempre temporria, para enfrentar o dilema permanente e incontornvel da dinmica concorrencial capitalista: o de preservar posies competitivas dominantes, evitando, ao mesmo tempo, a competio predatria. 13O cartel instaurou e implementou um sistema mundial que evoluiu de um preo de referncia de base nica (ponto de carga) para uma de base mltipla, em funo da importncia de origem do leo suprido e da distncia de transporte a ser percorrida para abastecimento dos mercados demandantes (ponto de descarga). O preo de referncia inicial (1928-1943) tinha o leo do Golfo de Mxico como nico ponto de base (Texas Gulf-Plus Pricing System); em seqncia (1943-1947), a cotao de referncia incorporou o Golfo Prsico como segundo ponto de base; enfim (1947-1959), duplicao do ponto de base foi agregada uma dupla cotao da distncia de descarga. 14 Paul Frankel mostrou em trabalho seminal (1948) que, a estabilidade dos preos e da oferta na indstria petrolfera s pode ser garantida pela ao reguladora de um agente dominante, o cartel, que organiza o mercado mundial, conjugando dois objetivos: maximizar, no curto prazo, as receitas e organizar a competio marginal no mdio e longo prazos. Para alcanar esses objetivos, o cartel aciona, como recurso central, o controle de sua prpria oferta, para evitar toda e qualquer flutuao pronunciada dos preos (Bourdaire, 1991, p. 793).

  • 12

    3. Novos Aprendizados e Inovaes: Estatais Petrolferas e Renegociao de Concesses

    A inovao institucional no se limitou ao campo exclusivo das grandes

    empresas petrolferas internacionais. Nas trs dcadas seqentes a 1920, o

    aprendizado sobre a importncia da interveno institucional para organizar e

    controlar racionalmente a expanso da indstria fazia escola no mundo. Vrios

    pases incorporaram nas suas agendas pblicas o debate para se aprovisionar

    de petrleo ou, melhor, desenvolver a indstria de petrleo. Entre as inovaes

    institucionais surgidas cabe registrar: i) as participaes acionrias diretas de

    governos, o governo britnico sendo o pioneiro com a aquisio majoritria das

    aes da Anglo-Persian Company, em 1914; ii) a criao de empresas estatais,

    tais como a de Yacimientos Petrolferos Fscales-YPF na Argentina (1922) e a

    da Compagnie Franaise des Ptroles-CPF na Frana (1924); iii) a regulao

    da indstria do petrleo em vrios pases, a exemplo do caso americano, sob

    a administrao do New Deal de Franklin D. Roosevelt, para controlar a

    produo interna e a importao de petrleo, visando sustentar a estabilidade

    dos preos; e iv) as novas condies contratuais reivindicadas por pases

    produtores na outorga de concesses.

    No imediato ps-II Guerra Mundial, evidenciou-se o carter estratgico da

    indstria petrolfera, para preservar ou aumentar posies de domnio

    econmico e poltico, nas naes desenvolvidas, ou para alavancar processos

    de industrializao, nos pases com grandes reservas. Foi esse contexto que originou solues de interveno direta, a exemplo da criao de empresas

    estatais de petrleo ou, alternativamente, encaminhamentos de interveno

    indireta dos governos, a exemplo da renegociao do sistema de concesses.

    Foi esta ltima orientao a que originou a OPEP, em 1960. Assim, face ao

    poder de mercado (poder de monoplio) das firmas internacionais reunidas no

    cartel, os pases retardatrios visualizaram que o modo alternativo de

    organizao da indstria, teria de contrabalanar considervel "poder de

    monoplio" lastreado por recurso de jure (instituio de monoplios ou

    renegociao dos contratos de concesses).

  • 13

    Esse processo, onde foram envolvidos governos e empresas de petrleo, foi

    permeado por eventos dramticos (nacionalizao do petrleo mexicano em

    1938) ou controlados pelos agentes relevantes da IMP (renegociao das

    concesses na Venezuela e no Ir, na dcada de 30). Contudo, o novo acordo

    negociado pelo governo da Venezuela com as grandes corporaes que

    operavam nesse pas, em 1948, cujas bases de repartio paritria de lucros

    (fifty-fifty) eram favorveis ao pas hospedeiro, exerceu um efeito demonstrao

    sobre o sistema de concesses praticados na regio do Mdio Oriente, com a

    melhoria das relaes contratuais para os pases hospedeiros.

    4. Estabilidade Inercial e Processo Evolucionrio

    Sob muitos aspectos, a II Guerra Mundial marcara um ponto de inflexo no

    desenvolvimento da IMP. No ps-guerra verificou-se um declnio permanente

    do controle da indstria pelo cartel das 7 maiores corporaes do petrleo, que

    se tornou evidente no final dos anos 50. A prpria dinmica de expanso da

    indstria criava os eventos que desafiavam o poder das majors, estimulando

    novos entrantes para disputar a renda petrolfera mundial em franca expanso.

    No mundo da dinmica incerta da incessante "destruio criativa", onde todas

    as empresas tm de viver, a estabilidade organizada e coordenada pelo cartel

    foi crescentemente erodida. Novos eventos inauguravam dinmicas que

    solaparam o poder do cartel: i) a criao de empresas estatais e a

    nacionalizao das indstrias de petrleo, ocorrida na dcada de 50,

    aumentara nos anos 60 e se completara nos anos 70; o retorno do petrleo

    russo ao mercado europeu j nos anos 50; iii) a criao da OPEP em 1960 em

    resposta reduo de preos operada pelas majors; iv) o incio da

    internacionalizao das grandes companhias independentes americanas,

    minors, na dcada de 60; v) a negociao de acordos mais favorveis para os

    pases exportadores das estatais europias, notadamente a italiana Ente

    Nazionale Idrocarburi-ENI, desestabilizando as regras contratuais

    estabelecidas pelas grandes empresas do cartel da IMP nas concesses do

  • 14

    Oriente Mdio; e vi) o surgimento, enfim, de novos produtores, como a

    Indonsia e a Nigria nos anos 60.

    Esses eventos traduziam um potencial dinmico decisivo para a evoluo

    subseqente da IMP, na medida em que a dinmica da indstria petrolfera

    caminhava, nas dcadas de 50 e de 60, na direo de mercado comprador: no

    perodo 1950/1974, o petrleo tornou-se o energtico dominante na estrutura

    energtica mundial com um crescimento mdio da demanda de seus derivados

    de 9,55 % a.a. (Furtado, 1985).

    A dinmica da expanso petrolfera mundial coordenada pelas empresas do

    cartel, na evoluo do segundo ps-guerra, colocou em evidncia a imbricao

    e a interdependncia mais complexa entre os agentes empresariais e a

    dinmica da hegemonia e subordinao polticas no plano das relaes

    internacionais. A ordem instaurada pelas majors no Mdio Oriente tinha como

    alavanca o poder poltico anglo-americano. Esse poder, porm, estava

    enfraquecido no final dos anos 60. A ordem internacional bipolar, surgida no

    ps-guerra, teve de conviver com a fora crescente do movimento de

    descolonizao dos pases da sia e da frica e, de um modo geral, com as

    reivindicaes de progresso econmico pleiteadas pelas naes no alinhadas

    (outrora denominado "Terceiro Mundo"), gerando tenses e conflitos que se

    explicitaram no seio da Organizao das Naes Unidas.

    A renegociao do sistema de concesses e a posterior nacionalizao das

    empresas petrolferas dos pases exportadores de petrleo integrados na

    OPEP representou o ponto de inflexo originrio da mutao posterior da IPM

    (Penrose, 1983; Ayoub, 1993) e, numa perspectiva abrangente e de longo

    prazo, tornou-se condicionante da evoluo posterior da economia mundial.

    Estavam semeados os eventos portadores da fase atual, de alta instabilidade

    da IMP, deflagrada com os choques dos anos 70.

  • 15

    5. Petrleo: Economia e Poltica Em perspectiva econmica, o desenvolvimento da IMP situou esta atividade

    como pioneira e paradigma das inovaes-chaves da moderna organizao

    industrial do sculo XX, dado ter criado: i) o "modelo" da grande corporao

    internacional vertical e horizontalmente integrada (holding); ii) uma estrutura de

    governana regulatria privada internacional (o cartel internacional das 7

    irms); e iii) a terceirizao de servios com a indstria parapetrolfera desde

    as primeiras dcadas do atual sculo, promovendo a cooperao inter-firmas

    entre os agentes da indstria.

    Nessa evoluo, trs tipos distintos de relaes de negociao, conflituosas ou

    cooperativas, so fundamentais para compreender o desenvolvimento da IMP.

    O primeiro tipo envolve as relaes de negociao entre os pases produtores

    e as firmas petrolferas. A evoluo destas relaes requereu a formao de

    instituies e organizaes definidoras de direitos de propriedade, de

    mecanismos de incentivos e de parmetros balizadores das decises e do

    desempenho competitivo das empresas operadoras. A apropriao da renda

    petrolfera entre os pases produtores hospedeiros e as empresas hospedadas

    constitui o cerne deste tipo de relao negocial que, embora dependente de

    relaes contratuais, permeado por relaes intergovernamentais, campo em

    que a alavancagem poltica das partes deriva do sistema de relaes

    internacionais amplo, hierarquicamente estruturado por atores econmicos

    discretos (assimetria de poder) e, com freqncia, verticalmente integrado.

    O segundo tipo de negociaes relacionou os maiores pases consumidores do

    Ocidente (Estados Unidos, Reino Unido e Frana) em disputa pelo controle das

    reservas no Mdio Oriente e na frica do Norte, no perodo de 1920 at 1950.

    A partilha competitiva de vastas reas geogrficas detentoras de reservas e de

    potenciais mercados consumidores, originada desde o final do sculo XIX entre

    as 7 maiores (majors) empresas petrolferas mundiais, promoveu conflitos e

    sucessivas negociaes, sobretudo entre a diplomacia americana e britnica.

    Este campo de disputa empresarial e poltico findou com o domnio de 50% das

    reservas do Mdio Oriente pelas 5 maiores petrolferas americanas em 1948,

  • 16

    em contraste aos 10% que controlavam em 1940. O domnio econmico,

    diplomtico e militar dos EEUU aps 1945, manifesto na implementao do

    Plano Marshall e na tutela sobre o Japo, definiu tambm o ingresso decisivo

    das empresas americanas no mercado europeu e japons de derivados (Cl,

    2000; Yergin, 1994).

    O terceiro tipo de negociaes caracterstico no desenvolvimento da IMP o

    que relaciona os pases produtores e consumidores. O perodo aqui tratado

    registrou o incremento de disputas reais e potenciais em torno de interesses

    conflitantes, cujas negociaes expandiram o mbito das matrias para alm

    da questo petrolfera. O tema petrleo projetou para a cena mundial a luta

    pela descolonizao e pelo desenvolvimento dos pases perifricos e envolveu

    o conjunto de organizaes internacionais, reunidas no sistema das Naes

    Unidas (ONU), colocando em tela as relaes entre pases do Norte e do Sul e

    entre pases do Primeiro e do Terceiro Mundo.

    O moderno sistema estatal do sculo XX considerou o setor energtico como

    atividade central no cenrio do desenvolvimento industrial interno e mundial,

    devido a sua importncia crucial para alcanar a prosperidade econmica, a

    sade do balano de pagamentos e a distribuio de riqueza e bem-estar no

    interior das naes e entre as naes. Era consenso que a iniciativa

    empresarial (privada) estrita no detinha condies objetivas de arrostar esses

    objetivos, comprometendo as externalidades positivas derivadas da atividade

    energtica.

    Acautelar a necessria viso de longo prazo no empresariamento racional da

    atividade energtica para garantir o suprimento energtico interno e importado

    e sustentar os nveis crescentes de demanda energtica interna tornou-se

    objetivo prioritrio dos governos, fundando o argumento bsico para a

    formulao de polticas pblicas nesse domnio. Essas polticas se orientavam

    para: i) controlar a volatilidade dos preos de energia e seus impactos

    negativos na expanso do investimento e na renda dos consumidores; ii)

    reduzir o exerccio do poder de mercado das empresas que controlavam a

    produo e o comrcio internacional de petrleo e de derivados; e iii) minorar o

  • 17

    risco de crises polticas internacionais com impactos nos preos e quantidades

    de suprimento energtico.

    Desde o incio do sculo XX at o final dos anos 70, a ideologia econmica da

    interveno pblica predominou nas polticas energticas de todos os pases,

    colocando os temas relacionados ao petrleo no centro da agenda. Nesse

    contexto, a estrutura da IMP configurada at o evento do choque de 1973

    resultou da complexa interao dos interesses entre trs categorias principais

    de agentes: as empresas de petrleo, os governos e as organizaes

    internacionais. A disposio de conflito ou cooperao, a natureza das relaes

    contratuais decorrentes, bem como a cadeia de reaes e contra-reaes

    derivadas da interao originou, ao longo do perodo examinado, fases

    distintas da IMP.

    Apesar dos seus papis dominantes na cena petrolfera do perodo, a interao

    estabelecida na categoria das companhias petrolferas no se limitou s majors

    e s estatais dos pases produtores. As empresas privadas minors e as estatais

    dos pases consumidores desempenharam tambm um papel importante no

    desenvolvimento da IMP.

    No concernente ao papel desempenhado pelos governos, o ntido campo de

    interao, pelas razes j referidas, registrou-se tanto entre pases produtores

    e exportadores, quanto entre pases consumidores de petrleo. Caberia

    enfatizar que a ao e a interao destes agentes, embora dependesse da

    posio na IMP (por exemplo, grandes exportadores como os EEUU, a Arbia

    Saudita ou a Venezuela), pela prpria dinmica do processo evolucionrio,

    apresentou considervel mudana ao longo do perodo.

    Enfim, no desenvolvimento da IMP, no foi menor o papel, cooperativo ou

    conflituoso, desempenhado pela interao de organizaes internacionais, tais

    como a Comunidade Europia do Carvo e do Ao (CECA), a Comunidade

    Econmica Europia (CEE), a Organizao para a Cooperao Econmica e o

    Desenvolvimento (OCDE) e, claro, a Organizao dos pases Exportadores de

    Petrleo (OPEP).

  • 18

    Em suma, o exame dos fatores econmicos e polticos na evoluo da IMP

    reconhece a interdependncia crescente criada pela IMP entre essa complexa

    e estruturalmente organizada gama de agentes, ao longo do perodo. O

    conceito de geopoltica, sempre referido ao tema petrleo, designa o objetivo

    (possvel ou real) das naes, de controlar os meios de produo prprios e

    das outras naes para gerar mais valor para si prprias, face uma regulao

    mundial inadequada e insuficiente para lidar com essa realidade. A energia-

    petrleo, enquanto chave da prosperidade das naes, desde o incio do

    sculo XX, foi impregnada por este desgnio.

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