histórico do jornal o arauto comunitário

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CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL HABILITAÇÃO EM JORNALISMO Jardel Luis Carpes Lucas Dalfrancis da Silva TRABALHO DE MEMÓRIA SOBRE O JORNAL ARAUTO COMUNITÁRIO Santa Cruz do Sul, julho de 2011

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Trabalho elaborado pelos alunos Jardel Luis Carpes e Lucas Dalfrancis da Silva em julho de 2011.

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Page 1: Histórico do Jornal O Arauto Comunitário

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CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL – HABILITAÇÃO EM JORNALISMO

Jardel Luis Carpes

Lucas Dalfrancis da Silva

TRABALHO DE MEMÓRIA SOBRE O JORNAL ARAUTO COMUNITÁRIO

Santa Cruz do Sul, julho de 2011

Page 2: Histórico do Jornal O Arauto Comunitário

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Jardel Luis Carpes

Lucas Dalfrancis da Silva

TRABALHO DE MEMÓRIA SOBRE O JORNAL ARAUTO COMUNITÁRIO

Trabalho apresentado à disciplina de Metodologia de

Pesquisa em Comunicação ao Curso de Comunicação

Social – Habilitação em Jornalismo da Universidade de

Santa Cruz do Sul.

Profa. Dra. Ana Maria Strohschoen

Santa Cruz do Sul, julho de 2011

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 3

1 METODOLOGIA ................................................................................................................... 4

1.1 Referencial teórico ................................................................................................................ 4

1.2 Pré-entrevista com cronograma ............................................................................................ 5

1.3 Entrevistas ............................................................................................................................ 6

1.3.1 Entrevista com Luis Carlos Diehl ...................................................................................... 7

1.3.2 Entrevista com Daiana da Silva Theisen ........................................................................... 8

1.3.3 Entrevista com Nelci Muller.............................................................................................. 8

1.3.4 Entrevista com Michele Sehnem ....................................................................................... 9

1.3.5 Entrevista com Rodolfo Kroth ......................................................................................... 10

1.4 Pós-entrevista ..................................................................................................................... 11

2 HISTÓRICO .......................................................................................................................... 12

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................... 13

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 14

ANEXO A - Transcrição das entrevistas ................................................................................. 15

R

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INTRODUÇÃO

Este trabalho de pesquisa objetiva ilustrar a trajetória de sucesso do jornal

Arauto Comunitário – que completa 25 anos e se consolida como o primeiro veículo de

comunicação impresso de Vera Cruz. A empresa jornalística foi escolhida pelo ato de

pioneirismo, pelo notório envolvimento comunitário e pela curiosidade – destes

acadêmicos – em compreender “a receita” que torna todo colaborador apaixonado pelo

que faz. Ao propagar a notícia de todos os fatos do município, tendo como esteio as

peculiaridades locais, outro fator considerado é a credibilidade do suporte perante a

população.

As atividades iniciaram em 24 de setembro de 1986, pelas mãos de Álvaro

Werner, Sérgio Jost e Ivênio Roque Mueller. Intitulado na época de Vera-cruzense, o

impresso era distribuído com periodicidade quinzenal. Nos primeiros três meses, a sede

da empresa era o salão de festas da família Mueller e, com poucos funcionários e

percalços no processo de produção, o folhetim tornou-se o “xodó” do povo de Vera

Cruz. A adesão popular foi excelente, comprovada pelo considerável número de

assinantes. Em 1993, com o intuito de se tornar regional, em vista das solicitações de

Santa Cruz do Sul e Vale do Sol, o jornal passou a se chamar Arauto, pois o nome Vera-

cruzense remetia apenas a notícias de Vera Cruz.

Durante esse processo evolutivo, muitas coisas mudaram. As informações

começaram a chegar à casa dos vera-cruzenses duas vezes por semana, as páginas em

preto e branco ganharam nuances coloridas e hoje até site com atualizações constantes o

Arauto possui. Crescer é peculiaridade da empresa, que percebeu a força das mídias

integradas e a lacuna existente para abrir uma emissora de rádio. As ondas sonoras da

Arauto FM podem ser sintonizadas a partir do mês de outubro. Essas histórias e outras

conquistas serão aprofundadas ao longo deste estudo que visa compreender o

desenvolvimento do meio comunicacional.

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1 Metodologia

1.1 Referencial teórico

Para um estudo desta grandeza, a metodologia para captação das informações se

estabelece a partir do uso da história oral. Através da escuta, estes pesquisadores são

capazes de perceber a realidade de cada entrevistado e rememorar a história da empresa.

É nítida, através de cada sorriso ou semblante de tristeza, a verdade sem disfarces. A

técnica de fazer indagações baseadas num roteiro – mas sem questionamentos

engessados – permite aos protagonistas da história que através da fala façam revelações

nunca antes escritas.

De acordo com Thompson (1998) um fator a destacar é que há muitos assuntos

sobre os quais as pessoas não descreveriam, mas falariam – como, por exemplo, o

relacionamento em família. Se você estiver contando histórias, não utiliza somente as

palavras, mas também a linguagem corporal e a expressão facial.

No jornal Arauto sentimos exatamente isso. Uma equipe que dedica seu trabalho

para escrita e para informar jamais pensou em descrever a amizade, o companheirismo

ou mesmo descrever os bastidores do trabalho. Outros jornais da região dispõem de um

blog com peculiaridades do jornal, mas o Arauto não.

A oralidade estudada há mais de duas décadas por Paul Thompson, neste

trabalho fica estabelecida como valor determinante para compreender a trajetória do

Jornal Arauto. Mesmo que existam fotografias de arquivo, exemplares antigos

catalogados por data e o histórico da empresa disponível no site, os pesquisadores

entendem que é preciso mais. É preciso ouvir daqueles que arquitetaram a empresa,

através da técnica oral, como foi seu impulso inicial, as peculiaridades e os desafios

vindouros.

Segundo Thompson (2002), a linguagem oral e os arquivos são responsáveis por

reviver a história com êxito. É através desse processo dialético envolvido por

informação e interpretação entre história e comunidade, que a finalidade da história é

transformada.

Page 6: Histórico do Jornal O Arauto Comunitário

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A metodologia empregada nesta disciplina fica comprovada através do estudo de

Thompson que afirma apesar da história oral ser vista como uma nova abordagem da

evidência, sua expressão tem um passado consideravelmente remoto. Segundo ele, já no

séc. V a.C., o método de Heródoto já tentava avaliar a evidência histórica procurando

testemunhas e interrogando-as rigorosa e minuciosamente. Além disso, a tradição oral

utilizada nas sociedades pré-letradas para se transmitir histórias de uma geração a outra,

já significava a prática da história oral (SILVA; ROLKOUSKI, 2011).

Deste modo, entende-se por história oral algo mais amplo, como a interpretação

da história e das mutáveis sociedades e culturas através da escuta das pessoas e do

registro de suas lembranças e experiências (THOMPSON, 2002).

Para não ficarem restritos a certas informações, estes pesquisadores resolveram

ver o que pensam os funcionários, os proprietários – ao estudar a relação existente e um

membro da sociedade que lê o jornal Arauto. Ao entrevistar classes diferente

procuramos ter um raio X exato da imagem institucional do veículo trabalhado.

Conforme Thompson de uma outra perspectiva, como historiadores orais, nunca

deveríamos ficar satisfeitos com abordagens aleatórias para escolher aqueles que iremos

ouvir, pois isso enfraquece seriamente as conclusões que podemos tirar de nossas

entrevistas. Em todo projeto precisamos dar atenção especial à formulação de

estratégias apropriadas de amostragem (THOMPSON, 2002).

1.2 Pré-entrevista com cronograma

Quanto à preparação para entrevista, ambos os pesquisadores estavam bem

preparados, isto é, munidos de informação para formular perguntas corretas nos

questionamentos. O pesquisador Lucas Dalfrancis pelo fato de ser de Vera Cruz e

trabalhar como Assessor de Imprensa na Prefeitura possui relação diária com os

colaboradores do veículo e por entrelinhas conhece a história e sabe da evolução da

empresa jornalística. O pesquisador Jardel Luis Carpes, apesar de ser santa-cruzense,

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possui vínculos com o Jornal Arauto através de sua participação voluntária como

colunista de variedades no suplemento jovem Tá Ligado!

Para dar credibilidade ao estudo, os pesquisadores entrevistaram três esferas

diferentes que possuem envolvimento com o jornal: os diretores, os funcionários e a

população – a fim de saber a visão do jornal por quem está do outro lado. Em virtude do

trabalho dos pesquisadores – que precisam cumprir horário de expediente semanal – as

entrevistas ocorreram no fim de semana. Dia 16 de junho de 2011, durante a manhã e à

tarde de sábado. As entrevistas foram agendadas 48 horas antes e respeitaram a agenda

dos entrevistados. Como ferramenta foram utilizados um notebook e uma câmera de

filmagem em alta definição.

Para maior organização, os pesquisadores partiram para o trabalho de campo

com um questionário de perguntas, no entanto, estava acordado que as mesmas seriam

apenas norteadoras, pois conforme o assunto fluísse mais indagações iriam surgir. O

método foi utilizado a fim de possibilitar a utilização de materiais ricos e inesperados. A

forma de entrevista foi exitosa. Enquanto um pesquisador fazia as indagações de forma

bem informal e deixava o entrevistado mais solto o outro capturava toda a entrevista

através de vídeo.

A forma de capturação de dados utilizada por meio de sistema audiovisual se

torna interessante no momento em que além de se perceber a oralidade do entrevistado,

também se nota através da imagem as feições do indivíduo e os seus sentimentos. Ao

encontro desta proposta, com o objetivo de zelar pela qualidade do material, as

perguntas foram sempre objetivas e claras, sem que o pesquisador manifesta-se seu

pensamento pessoal sobre a história, visto que condicionar a resposta comprometeria o

resultado do estudo.

1.3 Entrevistas

A fim de trazer mais realidade ao trabalho de resgate institucional, saímos a

campo para entrevistar pessoas que, de fato, possuem uma relação intima com o Arauto.

Entrevistamos os diretores, funcionários e pessoas da comunidade – para saber como a

população enxerga o jornal. Os entrevistados foram: Sr. Luís Carlos Dhiel, Diretor

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Administrativo e Sócio-proprietário; Sra. Daiana da Silva Theisen, Diretora Operacional

e Sócia-proprietária; Sra. Nelsi Mueller, Sócia-proprietária; Sra. Michele Sehnem,

Coordenadora de Criação; Sr. Rodolfo Kroth, aposentado.

1.3.1 Entrevista com Luís Carlos Dhiel:

“Fui rotulado de louco quando deixei meu trabalho como assessor de imprensa

na Prefeitura de Santa Cruz do Sul para ingressar no pequeno Vera-cruzense”, enfatizou

Dhiel no início da conversa. No entanto, afirma que a iniciativa, de entrar no grupo de

comunicação, em outubro de 1990, foi exitosa. “Sem quis um campo de trabalho que

pudesse desenvolver e consegui”, completou. O diretor ainda disse que a grandeza de

um município se mede pela grandeza de suas publicações e, deste modo, o jornal

pretende contribuir com o desenvolvimento da cidade.

Ao falar das evoluções, Dhiel recorda do processo artesanal que era feito o

jornal, impresso em Venâncio Aires por 14 anos a distância também era um entrave.

Com a chegada do curso de comunicação social da Universidade de Santa Cruz do Sul

(Unisc), não apenas o jornal Arauto como todos da região tiveram a oportunidade de

preencher as redações com profissionais capacitados. Hoje o jornal conta com a sua

maioria do quadro de funcionários formados pela Unisc. “Prezamos sempre por pessoas

formadas em comunicação. Por isso garantimos a qualidade”.

Dhiel falou ainda das perspectivas do jornal circular três vezes por semana.

Algo, que, segundo ele, se tornará realidade em breve. Outro grande passo é a

implantação da Rádio Arauto FM, que pretende agregar ao jornal e constituir de fato um

grupo de comunicação. Entretanto, Dhiel destaca que o jornal não tem vida perene,

para se manter de pé cada edição precisa ser aperfeiçoada e feita com responsabilidade.

Ao responder o que o Arauto representa em sua vida, o diretor foi enfático. “O jornal

representa tudo”.

Durante toda a entrevista, de 32 minutos, Dhiel foi calmo e enomizou sorrisos ou

contar histórias pitorescas. A entrevista aconteceu na sala de reuniões do jornal.

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1.3.2 Entrevista com Daiana da Silva Theisen:

Se Daiana não fosse um poço de delicadeza e humildade talvez pudesse dizer

que no Arauto começou a ser mandada e hoje manda. Mas como ele gosta de dizer, “não

existem chefes”. Todos os colaboradores possuem um potencial gigante, são

valorizados e colaboram no processo de crescimento do veículo. A jovem começou na

empresa em 1998, sem nem bem saber ligar um computador. No departamento de

diagramação foi que aguçou seu lado criativo. A moça tinha o sonho de ser secretária de

uma fumageira e hoje é uma das proprietárias da empresa.

Hoje, além de ser sócia-proprietária do Arauto, Daiana – que é formada em

Letras / Português e Inglês – é Diretora Operacional. Ela é responsável por integrar

tanto o setor de redação quanto de criação. Daiana explicou que o projeto gráfico do

jornal prevê no mínimo 16 páginas. Mas conforme o aumento de anunciantes pode ser

aumentado. Ao todo o jornal possui 22 funcionários e tem equipe de distribuição

própria. O cargo de Daiana supervisiona o trabalho de arte e redação, mas sempre dando

autonomia aos setores, como ela própria frisa.

Para ela, o sucesso do jornal é um reflexo do envolvimento comunitário, é o

lugar onde as pessoas se identificam. “Tudo que acontece em Vera Cruz está nas

páginas do jornal Arauto”, destaca. Daiana reitera que existe um cuidado muito grande

com as informações. No entanto, ela vê a mídia on-line como o grande desafio. Deste

modo, o jornal desenvolve em parceria com a Unisc o projeto Arauto na Rede, que irá

rebuscar matérias antigas e divulgar apenas na página web do Arauto. Ao ser indagada

sobre o que jornal Arauto representa na sua vida ele sintetiza: “É a minha vida. Foi onde

eu me descobri e me realizei”.

Durante a entrevista, de 42 minutos, a jovem sorriu, emocionou-se e relembrou

suas histórias de infância. “Quando ia à escola sempre lia o jornal antes de sair de

manhã”, contou. A entrevista aconteceu na sala de reuniões do jornal.

1.3.3 Entrevista com Nelsi Mueller:

Ao alto dos seus 69 anos, Nelsi Mueller viu Vera Cruz nascer e o jornal Vera-

cruzense também. De modo particular, o jornal bem mais de perto. Afinal, foi no salão

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de festas de sua casa que tudo começou. Ela juntou os materiais escolares da filha,

réguas, lápis e canetas para dar início e como diz ela, “parece que deu certo”. Nelsi

recorda dos inúmeros desafios da época e diz que se sente honrada em ter participado do

ato de pioneirismo.

“As pessoas tinham sede por informação, precisavam saber das coisas que

aconteciam por aqui, por isso nasceu o Vera-cruzense”, destacou Nelsi. Há dois anos ela

não integra mais a equipe do jornal, onde fazia parte do setor financeiro. Hoje ela

apenas faz visitas. Mas garante que todo sucesso existe por causa do trabalho. “O

Arauto faz parte da minha família e todos crescem com o jornal”, declarou. A fim de

cooperar ainda mais no processo comunicacional da cidade, Nelsi também é sócia da

rádio que irá abrir em outubro.

Na entrevista, quando relembrou a história do veículo, de todo o início lembrou

da família e os olhos marejados não seguraram o cair da lágrimas na face. Nelsi tomou

os pesquisadores como amigos, convidou para ver sua casa e ainda contou histórias da

família. Enquanto pesquisadores, a entrevista na casa de Nelsi Mueller foi a mais

emocionante de todas.

1.3.4 Entrevista com Michele Sehnem:

A história de Michele Sehnem se confunde muito com a de outros funcionários

do Jornal. A moça começou sua carreira profissional no Arauto junto com a faculdade

de Publicidade e Propaganda, no ano de 2003. “Aprendia no jornal e na faculdade. Tudo

isso somou na minha vida e me fez quem eu sou hoje”, destacou. Michele começou

fazendo anúncios e hoje a publicitária é coordenadora de criação. Além disso, depois de

formada, Michele convidou os diretores do Jornal para abrirem uma agência de

publicidade e num ato de empreendedorismo nasceu a Tri Multi Comunicação.

Para Michele, o jornal Arauto representa o passado e o futuro. “Recebi muitas

ofertas de trabalho bacanas, mas não consigo sair do jornal, é como se todos fizessem

parte da minha família. Aqui, estou realizada com o que faço”, salientou. Ao ser

questionada se não pretende “ganhar o mundo”, Michele responde que suas raízes estão

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em Vera Cruz e seu talento profissional pode ser evidenciado no jornal Arauto. “Se o

jornal cresce, eu cresço junto”, simplificou.

Entrevista com Michele durou menos de 10 minutos e aconteceu na sala de sua

casa. A moça pretende voltar para a Unisc no próximo ano e cursar Relações Públicas.

1.3.5 Entrevista com Rodolfo Kroth:

Mais importante do que saber o que os funcionários pensam sobre o seu trabalho

e os diretores sobre o negócio, é saber a visão da comunidade sobre o jornal que lêem.

Deste modo, fomos ao encontro de um leitor singular, que possui uma relação especial

com o impresso. Rodolfo Kroth, 81 anos, coleciona todas as edições do jornal. E, além

disso, mantêm tudo muito bem organizado. Cataloga os impressos e os mantêm

fechadinhos em volumes de cinqüenta unidades no sótão da casa antiga onde mora, no

centro da cidade. “Essa mania começou por causa da gincana. Todo mundo queria

informações antigas e, assim, eu sempre podia ajudar”, explica.

Além de colecionar os exemplares, Kroth diz que pode testemunhar todo o

crescimento do jornal. “Antes era tudo preto e branco, hoje está mais moderno e bonito.

Sem falar que as informações chegam mais depressa”, diz. Ele reitera que todas as

informações pertinentes da cidade estão nas páginas do Arauto e lembra um grande

avanço. “Quem diria, o antigo Vera-cruzense agora está até na internet”, brinca. Ele

comenta que muito dos seus amigos agora podem estar sempre inteirados das notícias

do município lendo o jornal através da internet. “Mas eu sou do modo antigo, prefiro

folhear”. Par finalizar o aposentado diz que o jornal é a cara de Vera Cruz. “O Arauto é

uma identidade”.

A entrevista teve a duração de cerca de 30 minutos e embora por ser uma pessoa

mais idosa o entrevistado desviar do assunto em determinadas horas, a entrevista foi

exitosa e permitiu bastante informação.

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1.4 Pós-entrevista

É nítido o sentimento de alegria de todos os colaboradores ao rememorar sua

trajetória na empresa. Nos mais diferentes entrevistados pode-se sentir o amor ao jornal

e o espírito de equipe é visto por todos como um instrumento facilitador para o sucesso.

Na entrevista do Diretor Administrativo, Luís Carlos Dhiel, pode-se notar as grandes

dificuldades para se produzir o jornal antigamente, sem as facilidades tecnológicas tudo

era mais complexo e atribulado. A exemplo de uma fotografia colorida – que precisava

vir de São Paulo e demorava um mês para chegar.

Mas o esforço das gerações passadas, ainda está presente nos novos profissionais

que compõem o atual quadro efetivo. Em entrevista, Michele Sehnem entende que o seu

crescimento depende da evolução do jornal, – a fórmula perfeita para um

desenvolvimento em harmonia. A seriedade e a transparência talvez sejam atributos

responsáveis pela credibilidade do jornal, espelhada na voz do leitor Rodolfo Kroth. “O

Arauto é a identidade de Vera Cruz”.

A vontade de crescer, de melhorar e alcançar voos mais altos é a receita para

fazer os olhos de cada funcionários brilharem. Sim, nós descobrimos. A chegada da

rádio, o nascimento de uma agência de publicidade e por aí em diante... Todas essas

conquistas fazem parte da história de cada indivíduo, e esses se sentem protagonistas de

cada conquista. Sentimento descrito com exatidão por Daiana Theisen, “o Arauto é a

minha vida”.

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2 HISTÓRICO

O Jornal Arauto Comunitário foi criado em 24 de setembro de 1986, com o

nome de Vera-cruzense em edições quinzenais. Nos três primeiros meses a sede da

empresa foi o salão de festas da família Mueller. Os idealizadores foram Álvaro

Werner, Sérgio Jost e Ivênio Roque Mueller. Seu primeiro anseio era ser porta-voz da

comunidade de Vera Cruz, que até então não tinha um veículo de comunicação que a

representasse. No entanto, vale lembrar que neste período o Jornal Gazeta do Sul já

circulava na cidade, mas as informações eram limitadas. Em 1991, Luís Carlos Dhiel

entra no grupo.

Posteriormente, em 1992, o jornal começou a circular uma vez por semana e a

denominação mudou para Arauto Comunitário, popularmente conhecido por Arauto. O

nome se adequava melhor ao crescimento do suporte e a sua tarefa de apresentar um

jornalismo abrangente, sério e comprometido em toda região. Em 1998 iniciaram as

edições bissemanais, as terças e sextas-feiras. No mesmo ano Daiana Theisen entra no

grupo.

O Arauto tem o compromisso de levar ao leitor a informação clara, coesa e

verídica, atestando o caráter comprometido do jornal no desenvolvimento das

comunidades nas quais está presente. Canal aberto com a população, os leitores têm

acesso direto ao jornal, assim como têm seu espaço garantido para publicação de artigos

de opinião.

O Arauto integra Instituto de Cooperação e Desenvolvimento de Mídia

Comunitária (Icom), entidade que agrega 11 jornais de várias regiões do Rio Grande do

Sul, cujos diretores se reúnem mensalmente para troca de informações e aprendizados.

Além de Vera Cruz, o Arauto circula nos municípios de Vale do Sol e Santa Cruz do

Sul. O sistema de entrega domiciliar abrange a cidade e o interior de Vera Cruz e Vale

do Sol e o centro de Santa Cruz do Sul. Ao todo são cerca de dois mil assinantes.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao estudar a relação do jornal com a comunidade, mas com o trabalho focado na

interação com a direção e os colaboradores do veículo pudemos observar que o veículo

estudado não se trata de um ponto referencial de trabalho. Todos os indivíduos que

convivem no jornal Arauto vêem o local como uma casa e os colegas como membros de

uma família singular.

Em todas as entrevistas pôde-se perceber muitas lembranças, sentimento e

emoções afloradas. A vida daquelas pessoas está realmente ligada onde trabalham. De

quebra, pode-se observar que o ambiente de trabalho é tão bom que o valor financeiro,

por incrível que pareça é tratado como algo sem importância – ou talvez a melhor

palavra a ser empregada seja secundário.

Mesmo havendo uma hierarquia de quem manda e quem obedece, à relação

entre patrão e empregado se manifesta de maneira harmônica. Pode-se sentir que

ninguém é “mandado”, todos constroem seu ambiente de trabalho e toda ideia a fim de

tornar o jornal de melhor qualidade é bem-vinda e vêem para somar.

De todas as entrevistas e manifestações, os pesquisadores consideram a história

de Daiana Theisen como a mais emocionante e envolvente. Da garota que começou

como estagiária e hoje chegou ao topo. No entanto, a história aqui mensurada como

direta foi contada paulatinamente com emoção, detalhes e lembranças da infância. O

mais bacana é que hoje Daiana trata os estagiários com o mesmo carinho com que foi

tratada quando chegou ao veículo. É como se ver no espelho. Essa impressão foi

transmitida por ela na entrevista e pelos outros colegas de trabalho ao mencionarem o

seu nome.

Por fim, pode-se considerar todo o trabalho rico e exitoso. Além de estar mais a

par de todas as tarefas funcionais que ficam por detrás da impressão do Arauto

entendemos que o mais interessante é humanizar a esfera do estudo e compreender o

relacionamento interpessoal dos indivíduos que constroem o dia a dia. Eis os

protagonistas de uma história de 25 anos chamada Jornal Arauto, os colaboradores e a

comunidade.

Page 15: Histórico do Jornal O Arauto Comunitário

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REFERÊNCIAS

REINALDO, A. M. S.; SAEKI, T.; REINALDO, T. B. S. O uso da história oral na

pesquisa em enfermagem psiquiátrica: revisão bibliográfica. Revista Eletrônica de

Enfermagem, v 5, n 2, p 55 – 60, 2003.

THOMPSON, P. A voz do passado – História Oral. 2 ed. São Paulo: Paz e Terra, 1998.

THOMPSON, P. História oral e contemporaneidade. História Oral, n 5, p 9-28, 2002.

SILVA, H.; ROLKOUSKI, E. A(s) voz(es) do passado – história oral: Paul Thompson

x Philippe Joutard. Disponível em: <http://www.sepq.org.br/IIsipeq/anais/pdf/

gt5/09.pdf> Acesso em 15 jun 2011.

XAVIER, A. R. A importância da História Oral como fonte identitária de um povo: um

resgate da memória. Disponível em: <http://www.webartigos.com/articles/20856/1/A-

importancia-da-Historia-Oral-como-fonte-identitaria-de-um-povo/pagina1.html>

Acesso em 17 jun 2011.