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hojemacau CRIME INFORMÁTICO PJ AVANÇA PARA REVISÃO DA LEI DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 QUARTA-FEIRA 18 DE FEVEREIRO DE 2015 ANO XIV Nº3276 PUB A necessidade de revisão do documento que define as linhas de combate à criminalidade informática reúne o consenso geral. Após os últimos dados revelados que indicam um aumento exponencial destes delitos, “imateriais e transfronteiriços”, a PJ diz agora ir avançar com uma proposta de revisão da lei. Para quando? Ninguém sabe. GRANDE PLANO PÁGINA 3 OPERACAO IMATERIAL ´ ˜ AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB FUNCÃO PÚBLICA ATFPM quer Governo como parceiro UM De onde vêm os milhões da FDUM POLÍTICA PÁGINA 5 SOCIEDADE PÁGINA 7 PUB KUNG HEI FAT CHOI ´

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Hoje Macau N.º3276 de 18 de Fevereiro de 2015

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Page 1: Hoje Macau 18 FEV 2015 #3276

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crime informático pj avança para revisão da lei

Director carlos morais josé www.hojemacau.com.mo Mop$10 q ua r ta - f e i r a 1 8 D e f e v e r e i r o D e 2 0 1 5 • a N o X i v • N º 3 2 7 6pu

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A necessidade de revisão do documento que define as linhas de combate à criminalidade informática reúne o consenso geral. Após os últimos dados revelados que indicam um aumento exponencial destes delitos, “imateriais e transfronteiriços”, a PJ diz agora ir avançar com uma proposta de revisão da lei. Para quando? Ninguém sabe.

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“O Governo da RAEM vai estudar a revisão do âmbito da aplicação efectiva da isenção, tendo a intenção de excluir a isenção da parte dos veículos que se encontram isentos”Iong Kong Leong• Director da DSF, sobreos shuttle-bus dos casinos

“Depois da consulta pública vamos enviar uma cópia aos dois deputados para perceber se estarão interessados em apresentar [o texto sobre o assédio sexual] como projectode lei à AL”Jason Chao• Associação Novo Macau

“Será integrada, este ano, na agenda de discussão do Conselho Permanente de Concertação Social no âmbito da alteração da Lei das Relações de Trabalho, a matéria sobre a criação da licença de paternidade”LIoneL Leong • Secretário para aEconomia e Finanças

2 hoje macau quarta-feira 18.2.2015

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por Carlos Morais José

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l i g u e - s e • pa r t i l h e • v i c i e - s ePropriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Filipa Araújo; Flora Fong (estagiária); Leonor Sá Machado Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Simões Morais; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas Agnes Lam; António Conceição Júnior; Arnaldo Gonçalves; David Chan; Fernando Eloy; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

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“Esperamos que, da parte do Governo e de todos os Secretários das várias tutelas, exista também esta vontade de haver maior abertura, maior honestidade em discutir

assuntos de interesse dos cidadãos e dos trabalhadores da Função Pública”Pereira Coutinho, deputado, sobre a proposta de parceria da aTFPM com o governo | P. 5

“CloSE NAuRu” era a expressão que ontem se podia ler nos céus da Austrália, acima do Parlamento do país, em Canberra.O acto foi levado a cabo por três pessoas como forma de protesto contra a decisão de manter aberto um centro de detençãoe asilo, na Papua Nova Guiné, para onde a Austrália envia imigrantes ilegais.

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O valor da morte

o dePuTado Pereira Coutinho voltou a queixar--se (e com razão) da situação funerária em Macau, sobretudo para os que pretendem ritos chineses nos funerais dos seus familiares. De facto, é muito estra-nho que exista um monopólio no sector, sobretudo quando a empresa em questão nem sequer é estatal. Esta situação não se enquadra com a vigência do segundo sistema, no qual é desejada concorrência livre, nem com o primeiro sistema, onde tais serviços seriam prestados pelo Estado. Estamos aqui perante uma espécie de sistema misto, onde um privado se aproveita das suas relações com o Estado para impor um monopólio. Todos sabemos que este tipo de situação não é ex-clusiva das questões funerárias. A RAEM ainda não

conseguiu aplicar de forma normal e transparente o segundo sistema, sobretudo no que diz respeito à economia. Para os oligarcas, nenhum sistema pode ser mais conveniente. Contudo, lembra um pouco os regimes fascistas da Alemanha, da Itália, de Portugal, da Espanha e do Chile, em que somente algumas famílias ou grupos muito específicos tinham direito a tocar e possuir a massa monetária, com a conivência dos detentores do poder. Estamos, de certo modo, a exagerar. Mas, se anali-sarmos bem os mecanismos económicos, é precisa-mente neste tipo de regimes que podemos encontrar alguns vectores comuns com o que, na verdade, tem imperado e impedido a diversificação económica da RAEM. Não queremos, de modo nenhum, até

porque não faria sentido e estaria completamente fora da realidade, comparar politicamente o Governo local com as citadas ditaduras mas, do ponto de vista da organização da economia, não podemos deixar de lhes encontrar algumas lamentáveis similitudes.E a verdade é que são esses tiques do passado o que tem tolhido uma melhor distribuição da riqueza e, consequentemente, a falta de oportunidades para uma camada maior da população, sobretudo a mais jovem. É por isso que a maior parte da juventude de Macau ainda confessa continuar a preferir um lugar na Administração do que enveredar por uma aventura privada, numa terra em que pouco sai da esfera dos mesmos. Se até o controlo da morte (e do seu valor) é o que é...

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hoje macau quarta-feira 18.2.2015 3grande plano

Leonor Sá [email protected]

a Polícia Judiciária vai apresentar uma proposta de revisão à Lei de

Combate à Criminalidade Informática. A informação foi avançada pela PJ, em resposta ao HM, mas não se sabe ainda qual o prazo para a entrega deste documento, que deverá ser elaborado pela Divisão de Investigação de Crimes Informáticos.

“A mesma sub-unidade tem dado grande impor-tância à força dissuasora e à operacionalidade da aplicação da pena prevista (...) a fim de efectuar opor-tunamente as respectivas análises e avaliações e apresentar, no futuro, as pro-postas de revisão legislativa às entidades competentes”, escreve a PJ na resposta.

A informação surge de-pois de revelado o aumento do número de crimes infor-máticos no território, tendo mesmo tido lugar uma vaga de burlas bancárias por sistema de cópia de dados pessoais através de caixas multibanco locais “conta-minadas”.

A PJ explica ainda que as principais causas do aumento destes crimes se deve à falta de conheci-mento da população acerca da necessidade de preservar os dados pessoais de forma a prevenirem-se contra este tipo de crimes.

Crime informátiCo PJ quer revisão de lei

Será que é desta?

A PJ confirmou que vai apresentar uma proposta de revisão do regime que regulamenta os crimes informáticos no território. Ainda não se sabe quando é que o texto estará pronto, mas a opinião é unânime: é preciso reforçar a legislação

“Dados os caracteres ocultos, diversificados e transfronteiriços dos crimes informáticos, o grau de dificuldade da investigação criminal por parte da polícia é sempre aumentado”ComuniCado da PJ

“Chegou-se à conclusão de que a maioria [dos crimes] resultou, obviamente, da fraca consciência dos ofen-didos quanto à prevenção criminal e segurança ciber-nética”, revela a PJ.

A entidade admite ainda que, de acordo com dados do ano passado, o conheci-mento da população face à segurança online “ainda se encontra num nível relativa-mente baixo”.

ImpossIbIlIdade ImaterIalJá no que diz respeito às medidas postas em prática

para combater estes crimes, a PJ refere que a dificuldade desta tarefa aumenta com o facto das infracções infor-máticas serem imateriais e ultrapassarem fronteiras.

“Dados os caracteres ocultos, diversificados e transfronteiriços dos crimes informáticos, o grau de dificuldade da investigação criminal por parte da polícia é sempre aumentado”, refere a polícia na resposta.

Além disso, a entidade frisa a criação de uma série de acções de formação e sensibilização que foram re-

forçadas depois de um caso recente de coacção de rela-ções sexuais por um antigo agente policial. O indivíduo fazia-se passar por mulher na internet para atrair jovens locais a enviarem fotografias

sem roupa, podendo assim chantageá-las e ter relações sexuais com as vítimas.

Em resposta, a PJ lembra as palestras destinadas a pro-fessores e alunos de escolas do território. O mesmo cuidado tem sido dado a funcionários do sector bancário devido a casos de burlas e crimes através de caixas multibanco e ‘hacking’ de dados pessoais.

A atenção a este tipo de crimes surge depois da PJ ter anunciado o seu aumento.

Numa conferência no início deste mês, a entidade referiu mesmo que a criminalidade “torna-se mais complexa à medida que a sociedade desenvolve”, revelando o registo de mais 2500 casos no ano passado do que em 2013.

As burlas informáticas fazem parte da grande fatia de crimes praticados em Macau. Só nesta área foram registados 3023 crimes em 2014, quando comparando com os 2599 que tiveram lugar no ano anterior.

O director da Polícia Judiciária, Chau Wai Kuong, assegurou, contudo, que a autoridade tem capacidade para lidar com esta nova vaga.

“Com a nova reorganiza-ção da estrutura da PJ (…) acho que temos capacidade para combater este tipo de crime”, afirmou.

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4 hoje macau quarta-feira 18.2.2015PolíticaAssociação das Mulheres pede reforço na legislação A Associação Geral das Mulheres de Macau (AGMM), pela voz da presidente Lam Un Mui, sugeriu que o Executivo tenha uma postura de reforço quanto à legislação a protecção de crianças e mulheres, intensifique a formação moral de jovens, aperfeiçoe o regime de segurança social. Também o aperfeiçoamento dos equipamentos e infra-estruturas sociais e a aposta na habitação pública foram propostas avançadas pela AGMM. Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, também presente na reunião que teve lugar com o Chefe do Executivo garantiu que o Governo está atento às sugestões avançadas pela Associação e brindou o trabalho efectuado pelo grupo, afirmando que o esforço deste resultou na melhoria dos direitos das mulheres.

Secretariado do CPU vai ser extinto O Conselho Executivo concluiu as alterações ao regulamento administrativo que cria o Conselho do Planeamento Urbanístico (CPU), que prevê a extinção do Secretariado do CPU. Passa a caber à Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) a prestação do “apoio técnico-administrativo” ao CPU, sendo que todas as questões contratuais e legais também serão transferidas para a direcção de serviços. O objectivo do Governo é atingir “uma maior coordenação dos diversos trabalhos resultantes da prática e a implementação do princípio de acção governativa ‘racionalização de quadros e simplificação administrativa’”. Na prática, o CPU já estava dependente da DSSOPT, no que diz respeito ao funcionamento e à nomeação do secretário-geral e secretário-geral adjunto, algo que era da responsabilidade do director da DSSOPT.

O deputado Ng Kuok Cheong con-fessou ao HM que a rejeição em

apresentar na Assembleia Legislativa o projecto de lei sobre o assédio sexual que Jason Chao quer realizar poderá ser uma das possibilidades.

“Ainda não analisámos o conteúdo do projecto de lei, só depois é que poderemos decidir se aceitamos [apre-sentá-lo na Assembleia Legislativa] ou não. Todas as possibilidades estão em aberto”, confirmou o deputado da ala democrata, que se senta no hemiciclo ao lado de Au Kam San, ao HM.

A elaboração do projecto de lei sobre o assédio sexual faz parte da agenda de Jason Chao, agora que

regressou à direcção da Associação Novo Macau (ANM), e deverá ser realizada depois de uma consulta pública também organizada pela Associação. Em declarações ao HM, Jason Chao frisou que a ideia é fazer com que este projecto de lei seja levado ao hemiciclo pela mão de Ng Kuok Cheong e Au Kam San. “Depois da consulta pública vamos enviar uma cópia aos dois deputados para perceber se estarão interessados em apresentar [o texto] como projecto de lei à AL”.

A ideia de legislar sobre o assédio sexual já foi referida pelas deputadas Kwan Tsui Hang, Ella Lei e Wong Kit Cheng. - A.S.S.

Apoio a projecto de lei de Jason Chao em aberto

RiTA Santos marcou ontem presença num encontro com

Chui Sai On, Chefe do Executi-vo, como presidente do Secreta-riado Permanente da Comissão da Juventude da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau, naquele que foi o primeiro encontro do grupo com o líder do Governo.

Ao HM, Rita Santos avan-çou que foram apresentadas várias questões a Chui Sai On relativamente a esta camada etária. Problemas de acesso a habitação ou a necessidade de aposta em outros sectores para

além do Jogo foram os assuntos mais debatidos.

“O Chefe do Executivo disse que compreendia a situação ac-tual dos jovens e que o Governo fará o possível para lhes dar a mão”, explicou Rita Santos ao HM. Sobre o maior interesse dos jovens na vida política, Chui Sai On “recebeu de bom grado a presença da representante dos jovens, porque considera que qualquer associação deve ter membros de várias estratos so-ciais, nomeadamente jovens que fazem parte do futuro de Macau”, remata a presidente.

Rita Santos encontra-se com Chui Sai On em nome dos jovens

Violência Doméstica MExiDAS NO CóDiGO PENAL DiviDEM ADvOGADOS

a outra dimensão do crimeMuitos deputados não concordam que o Código Penal deva ser revisto para incluira violência doméstica como um crime público, preferindo uma lei avulsa. Pedro Leal concorda, mas Ana Fonseca e Miguel de Senna Fernandes preferem uniformizare “dar outra dimensão” a esse tipo de crime

AndreiA SofiA [email protected]

“o sistema deve ser coerente”. É desta forma que a advo-gada Ana Fonseca

olha para a questão da revisão do Código Penal (CP), a fim de incluir a questão da violência doméstica como crime público. O Governo quer alterar a norma sobre as ofensas à integridade física, para que possa passar a prever queixas por parte de qualquer pessoa em casos de violência doméstica e não apenas do ofendido. Contudo, muitos deputa-dos não querem mexer na lei geral.

O HM contactou três advoga-dos cujo trabalho está mais virado para a área penal ou que lidam com casos de violência doméstica e as opiniões também não são unâni-mes. Ana Fonseca defende a revi-são e Miguel de Senna Fernandes também. Já Pedro Leal está contra a proposta do Executivo.

“Podem fazer uma lei avulsa, di-zendo que a violência doméstica é um crime público. Não percebo porque é que há necessidade de rever o CP”, disse ao HM. Para o causídico, a não revisão do Código não vai diminuir a protecção legal ao ofendido.

“O crime de violência doméstica ou é público ou não é, e eu acho que deve ser. Façam uma lei avulsa. Já vi muitos casos de violência e o que se passa é que a violentada está subjugada ao poder doméstico. Seja pelo álcool ou jogo, são pessoas que não têm poder próprio. Se não houver intervenção do poder público de penalizar o crime vamos ficar na mesma”, acrescentou.

PelA hArmonizAçãoA principal razão pela qual Ana Fon-seca está a favor da revisão do CP é pelo facto de já existirem demasiadas leis avulsas. Além disso, defende, deve haver harmonização.

“Defendo a revisão. Se se mexe numa coisa que vai interferir com outra, deve-se mexer em tudo”, defendeu ao HM.

“A verdade é que em Macau criam-se uns crimes especiais que têm quase os mesmos requisitos dos crimes gerais e depois andam os juízes a decidir conforme se lhes dá mais jeito, se é o crime geral ou especial. É preciso coerência”, frisou.

Miguel de Senna Fernandes não defende a alteração do artigo sobre crimes à integridade física, mas sim a criação de uma nova norma.

“Poderia incluir-se uma norma

especial prevendo o crime de vio-lência doméstica. Não devia haver uma legislação avulsa. O problema da violência doméstica tem legiti-midade para estar no CP”, explicou.

Essa revisão traria uma nova dimensão à questão. “Não é uma simples integridade física que está aqui em causa. Deve constar do CP, porque no fundo dá à problemática da violência doméstica, em termos penais, outra dimensão e estatuto. Faria parte de uma política legislativa dirigida contra a violência domésti-ca”, concluiu.

“Podem fazer uma lei avulsa, dizendo que a violência doméstica é um crime público. Não percebo porque é que há necessidade de rever o CP”PeDro leal advogado

“Não devia haver uma legislação avulsa. O problema da violência doméstica tem legitimidadepara estar no CP”miguel De senna FernanDes advogado

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5 políticahoje macau quarta-feira 18.2.2015

AGMM reforça pedidos a Chui Sai OnNa continuidade do Chefe do Executivo, Chui Sai On, com as associações de Macau para recolha de opiniões, decorreu ontem o encontro com a Associação Geral das Mulheres de Macau (AGMM). Na voz da presidente Lam Un Mui, o grupo sugeriu que o Executivo tenha uma postura de reforço quanto à legislação a protecção de crianças e mulheres, intensifique a formação moral de jovens, aperfeiçoe o regime de segurança social. Também o planeamento da Zona A dos novos aterros, o aperfeiçoamento dos equipamentos e infra-estruturas sociais e a aposta na habitação pública foram propostas avançadas pela AGMM. Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, também presente na reunião garantiu que o Governo está atento às sugestões avançadas pela associação e brindou o trabalho efectuado pelo grupo, afirmando que o esforço deste resultou na melhoria dos direitos das mulheres.

Função Pública PrOPOSTA PArCEriA ENTrE ATFPM E GOvErNO

colegas de carteiraChui Sai On recebeu ontem os representantes da ATFPM, que propõem uma “parceria” entre o Governo e as associações da Função Pública para se chegar a bom porto em caso de conflitos. Outras sugestões foram deixadas, como o aumento do cheque de comparticipação pecuniária

Fil ipa araú[email protected]

U MA parceria entre asso-ciações de trabalhadores da Função Pública e o Governo é a mais recente

proposta avançada pela Associa-ção de Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) ao Executivo, para uma resolução mais rápida e eficaz dos problemas da sociedade. Num encontro que decorreu na manhã de ontem entre a ATFPM e o Chefe do Executivo, Chui Sai On, a Associação deixou outras sugestões, como a do au-mento do cheque pecuniário para as 12 mil patacas.

Ao HM, o deputado José Perei-ra Coutinho, presidente da ATFPM, explica que apesar “das parcerias nunca poderem ser forçadas”, por acabarem sempre por dar mau re-sultado, a Associação apresentou “a maior abertura possível” para chegar a um entendimento com o Governo.

“Esperamos que, da parte do Governo e de todos os Secretários das várias tutelas, exista também esta vontade de haver maior abertura, maior honestidade em discutir assuntos de interesse dos cidadãos e dos trabalhadores da Função Pública. Sem esconder

nada e conversando é que se poderá encontrar o melhor caminho para a resolução de problemas”, argu-mentou Pereira Coutinho.

Esta parceria permitirá tam-bém, diz o deputado, resolver uma “grande questão”: os lígios na Função Pública.

“O grande problema dos litígios irem parar ao tribunais está relacio-nado com o facto de, no processo de resolução, perdurarem, de parte a parte, falta de mecanismos inter-médios para dirigir esses conflitos. Por isso decidimos propor esta parceria”, esclarece.

Defende ainda Pereira Couti-nho que, dentro da Função Pública existe uma quantidade “enorme de injustiças”, em vários aspectos e, por isso, é preciso existir um “sistema credível”, um sistema de confiança dos trabalhadores para resolver os problemas internos.

“Só com uma casa arrumada por dentro é que se poderá dar uma prestação melhor aos cidadãos”, afirma.

Ponto Por PontoMas muito outros assuntos mar-caram presença na reunião com o

líder máximo de Macau. A habi-tação social, onde uma vez mais a ATFPM propõe a construção de 80 mil casas de habitação pública e o aumento do limite máximo do rendimento familiar para a respec-tiva candidatura, foi uma delas.

O Programa de Comparticipa-ção Pecuniária é também um dos temas sempre mencionado pela Associação aquando das suas inter-venções. A ATFPM volta a insistir no aumento das comparticipações dadas pelo Executivo, passando estas das nove mil patacas agora distribuídas aos residentes perma-nentes para as 12 mil patacas.

Questionado sobre o impacto que a queda das receitas de Jogo pode ter neste possível aumento, Pereira Coutinho não tem qualquer dúvida: isso não é justificação. “Não, se o Governo aumentar a fiscalização das receitas do Jogo, nomeadamente as apostas cujos montantes das taxas de Jogo não entram nos cofres do Estado - es-tou a falar das apostas debaixo da mesa e por via telefónica que o Governo finge, e insiste, em ignorar a existência. Caso o Governo tome medidas apertando na fiscalização das receitas, acredito [que estas] vão dobrar quanto ao ano passa-do e assim poderá perfeitamente aumentar as comparticipações”, argumenta.

obrigados a descontarEntre saúde e higiene, rede de transportes e Administração

Pública destaca-se ainda a ne-cessidade de existência de uma previdência social. Tendo em consideração a região vizinha de Hong Kong que já assumiu um sistema de descontos obrigatórios, a ATFPM apela ao Governo que Macau assuma a mesma decisão: um sistema não voluntário mas sim obrigatório.

“Em Macau – que está a léguas de distância de existir um regime mais adequado e que permita manter a qualidade de vida dos aposentados – nós temos que alterar o sistema de regime de previdência voluntariado e torna--lo obrigatório. Assim, e com os cálculos, é possível permitir que tanto trabalhadores como a entida-de patronal descontem as quantias necessárias para garantir que aos 65 anos de idade, na idade da re-forma, os trabalhadores possam ter o mínimo de receitas para manter a sua qualidade de vida. É isso que a Associação propõe”, esclarece.

Nesta que foi a primeira reunião da ATFPM deste ano com o Chefe do Executivo, Pereira Coutinho, olhando para o passado, disse ao HM que desta vez sentiu “uma maior abertura e também maior vontade para resolver os proble-mas” por parte de Chui Sai On.

“Apesar disso, subsistem da minha parte dúvidas quanto à ca-pacidade técnica e de compreensão dos problemas levantados pela ATFPM, tendo em conta que nós estamos directamente envolvidos nos assuntos e temos uma certa experiência na compreensão e for-mulação de soluções para resolver os problemas”, conclui.

“O grande problema dos litígios irem pararao tribunais está relacionado com o factode, no processo de resolução, perdurarem,de parte a parte, falta de mecanismos intermédios para dirigir esses conflitos”Pereira coutinho Deputado

Coutinho Fala em demoCraCia Com Chui Não foi só de temas sociais que se fez a reunião entre a ATFPM e o Governo. “Propusemos alterações às leis eleitorais, para a nomeação do Chefe do Executivo, e também a eliminação dos deputados nomeados por via directa, permitindo uma maior democraticidade do processo eleitoral do Chefe do Executivo e da Assembleia Legislativa (AL)”, disse o deputado ao HM, sublinhando que a importância da aposta em eleições claras e limpas, permitiria “acabar com o desprestígio de Macau para com outras regiões e países”, sempre que existe um acto eleitoral

no território. Confiante, a ATFPM espera que em breve “haja uma calendarização até ao dia em que a população de Macau possa eleger o Chefe do Executivo de uma forma universal”, apontando o ano de 2017 como a mudança desejada. Sobre a alteração da Lei Eleitoral apostando numa “maior democracia”, Chui Sai On nada garante. No entanto, diz Pereira Coutinho, o Chefe do Executivo “percebeu o que lhe era pedido” e ouviu atentamente a proposta de calendarização das alterações pedidas. “Acreditamos que em 2017 teremos novas medidas, novas alterações”, disse o deputado.

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6 publicidade hoje macau quarta-feira 18.2.2015

a caminho dos 5500 amigosJunta-te a opera!

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Doações Da Wynn já ultrapassam 400 milhõesEm Maio de 2011, 200 milhões de patacas saíram direitinhos dos cofres da Wynn Macau para a FDUM, com a doação a gerar bastante polémica na sociedade e a exigir até a interferência dos tribunais norte-americanos. O juiz James Mahan considerou infundamentadas as acusações – na altura feitas por Kazuo Okada - de que a doação serviria para facilitar a autorização do Governo em conceder um lote para a construção de novo projecto da operadora no Cotai. O juiz considerou não haver indícios de que Wynn e os directores do quadro que concordaram com a doação tenham agido de forma ilegal. “Processos

que não se mostram plausíveis, devem ser retirados”, referiu à imprensa norte-americana, na altura, tendo ilibado a Wynn. Desde 2011 e até 2022, a Wynn Macau comprometeu-se, então, a entregar 80 milhões de patacas anuais à Fundação com o compromisso de”suportar o desenvolvimento a longo-prazo da Universidade de Macau e da sua Academia de Economia e Gestão da Ásia-Pacífico”, como explicou uma porta-voz da Universidade de Macau ao HM, na altura. De acordo com os dados da FDUM, as doações da Wynn – até Dezembro de 2014 – chegaram aos 442,3 milhões de patacas.

sociedadehoje macau quarta-feira 18.2.2015

MGM Bónus especial para os funcionários A operadora MGM avançou em comunicado que os seus funcionários, não relacionados com a área de Gestão, vão receber um bónus especial em Julho de 2015 devido aos “resultados do negócio durante a primeira metade do 2014”. Grant Bowie, director executivo, afirmou que o bónus servirá para “demonstrar o compromisso em partilhar o sucesso com os membros da equipa quando os objectivos de negócio são atingidos”. Assim, em Julho deste mesmo ano, os funcionários da operadora em causa não receberão apenas um bónus – com o mesmo valor do salário – mas sim dois.

USJ cria regulamento sobre assédio sexualA Universidade de São José (USJ) acaba de criar um regulamento anti-discriminação e anti-assédio sexual. Segundo o Jornal Tribuna de Macau, o referido regulamento pretende promover um “ambiente de respeito”, a protecção dos direitos e da “dignidade humana” de quem trabalha e estuda na instituição privada de ensino. A aprovação do documento foi feita pelo Conselho Executivo da USJ, depois de ouvido o Conselho Académico. A aprovação deste regulamento surge depois de vários casos de assédio sexual estarem sob investigação na Universidade de Macau.

joana [email protected]

s UsAnA Chou, antiga pre- sidente da Assembleia Legislativa, e stanley Ho, o magnata do Jogo, estão

entre as figuras que mais doações fizeram à Fundação para o Desen-volvimento da Universidade de Macau (FDUM). A FDUM recebeu milhões de patacas em doações des-de que foi criada, sendo que, como é já do conhecimento público, mais de 800 milhões de patacas estão na instituição de cariz privado.

A Fundação não é obrigada, por lei, a apresentar relatórios de contas. Contudo, de acordo com a página da própria instituição, é possível perceber as entidades que, de 2012 a 2014, mais dinheiro doaram à FDUM. Os dados di-zem apenas respeito àqueles que fizeram doações acima de quatro milhões de patacas.

Na lista, estão figuras de reno-me da sociedade de Macau, mas também diversas associações e

individualidades de Hong Kong. Figuram nomes como stanley Ho, que doou 32 milhões de patacas, e Lau Chor Tak, que atribuiu 4,1 milhões de patacas à FDUM. O primeiro quase dispensa apre-sentações - é o magnata do Jogo de Macau e esteve na fundação

UM (Hong Kong) e é, actualmen-te, presidente da Pacific Air, uma companhia aérea da RAEKH que se dedica ao transporte de carga.

Do Banco da China, balcão de Macau, seguiram 6,4 milhões de patacas, que se juntaram a mais 30 milhões da Hung Hin shiu Charitable Foundation Limited, de Hong Kong.

Sem cara Através da página da FDUM não é possível perceber quem são os membros que fazem parte da Fundação para o Desenvolvimen-to da UM, já que a ela não estão

da FDUM. O segundo é presidente e director-executivo da new World Development Company Limited, empresa dona do L’Arc. Mas Lau ocupa ainda os mesmos cargos na Chow Tai Fook Cheng Yu Tung Fund, uma fundação de beneficên-cia ligada às conhecidas joalharias Chow Tai Fook, que doou, em seu nome, mais 30 milhões de patacas à FDUM.

susana Chou, antiga presidente da Assembleia Legislativa de Ma-cau, doou 30 milhões de patacas à FDUM.

Um total de 30 milhões de patacas partiu da Lui Che Woo Foundation Limited, a fundação associada ao dono da Galaxy Re-sorts, e da Henry Fok Foundation, perfazendo um total de 60 milhões de patacas. A Choi Kai Yau Foun-dation de Hong Kong fez uma das doações mais altas, de 183,3 milhões de patacas.

Dez milhões de patacas foram dados à instituição por um empre-sário e antigo aluno da universida-de, Anthony Lau, que presidiu à Associação de Antigos Alunos da

associados quaisquer membros. Contudo, nas notícias da própria universidade, que dão conta de al-gumas doações, é possível ver que Daniel Tse Chi Wai é o presidente do Comité Executivo da FDUM.

Daniel Tse Chi Wai é um empre-sário de Hong Kong e deputado e membro do Conselho Executivo da região vizinha. Está na UM como presidente do Conselho Executivo e foi um dos fundadores da FDUM, em 2009, juntamente com stanley Ho, Wong Chong Fat, empresário da área da construção e membro do Comité Consultivo Político chinês, e Peter Lam, também da UM e membro do Conselho Executivo.

sabe-se ainda, através da pá-gina da FDUM, que Wei Zhao é membro do Conselho Executivo da instituição, em conjunto “com um vice-reitor”, cujo nome não é mencionado. A presença destes, diz a instituição, “é para assegurar o investimento correcto do dinheiro doado”.

Todos os membros, ainda de acordo com a FDUM, “servem a instituição gratuitamente”.

reSidênciaS como alvoDe acordo com a página da UM, o dinheiro doado – pelo menos parte dele – seria alocado em seis edifí-cios residenciais no novo campus da UM, na Ilha da Montanha. A instituição não diz exactamente como é que este dinheiro foi utilizado, até porque, segundo o recente relatório do Comissariado de Auditoria – e a própria página da FDUM – nenhum do dinheiro foi utilizado no novo campus.

“A alocação de fundos da FDUM na UM está sujeita às propostas da universidade, sendo revista pela Comissão Executiva e aprovada pela Comissão de Ad-ministradores. A FDUM já finan-ciou planos de desenvolvimento profissional e bolsas escolares, mas até agora nenhum do dinheiro da FDUM foi utilizado no novo campus”, pode ler-se nas FAQ do site da instituição.

Até Junho de 2013, a FDUM tinha “mais de 700 milhões de patacas” em doações, sem contar com algum do dinheiro que entra às prestações. O Comissariado de Auditoria assegura que este valor já subiu para mais de 800 milhões e relembra ainda que a UM em nada pode interferir com a FDUM, já que esta é uma instituição privada e, por isso, a UM não detém qualquer con-trolo administrativo e financeiro.

Fundação uM SUSAnA ChoU EnTrE oS doAdorES. Wynn dEU MAiS dE 400 MilhõES

Em nome do desenvolvimentosão diversas as figuras da sociedade que fizeram doações à Fundação do Desenvolvimento para a UM, a mesma que o Comissariado de Auditoria diz ter sido feita sem permitir um controlo administrativo e financeiro da parte da UM. Entretanto, as doações da Wynn já ascenderam a mais de 400 milhões

Na lista, estão figuras de renome da sociedade de Macau, mas também diversas associações e individualidadesde Hong Kong

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8 sociedade hoje macau quarta-feira 18.2.2015

AndreiA SofiA [email protected]

A compra e venda de casas em Macau continua a sofrer uma quebra, mas nem por isso os preços

dos imóveis dão sinais de abrandar. Comprar uma casa para morar foi, em 2014, mais caro 22%, sendo que os preços dispararam ainda mais para quem tem negócios: alugar um espaço para um escritório ou loja aumentou mais de 60%.

Os dados são dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) e fo-ram divulgados ontem. Em termos anuais, transaccionaram-se 13.230 fracções autónomas, menos 31,2% face a 2013. No que diz respeito a casas destinadas à habitação, fo-ram vendidos ou comprados 7625 apartamentos, o que se traduz numa quebra de 36,7%. De frisar que o preço médio por metro quadrado foi superior a 99 mil patacas.

A compra e venda de casas sim-bolizou investimentos na ordem das 83,69 mil milhões de patacas, sendo que, para os apartamentos com fins residenciais, se investiram 49,8 mil milhões de patacas.

IPOR Acordo com AssociaçãoCultural de HainãoO Instituto Português do Oriente assinou ontem um acordo com a Associação Económica e Cultural de Hainão em Macau para promover o ensino do Português e para a formação e intercâmbio de professores na província chinesa. O objectivo é, segundo um comunicado do Fórum Macau, que apoia a iniciativa, fomentar “o desenvolvimento de vários sectores, nomeadamente a educação e a cultura, permitindo o pleno desempenho do papel de Macau como plataforma de serviço, suportado pela formação de mais quadros bilingues em português e chinês”. Este protocolo pretende também promover a produção de material didáctico, estabelecer mecanismos de cooperação para o ensino e “elevar a qualidade e profissionalizar o ensino da língua portuguesa”.

Ilha da Montanha Previsto “rápido desenvolvimento” de comércio livre

Os preços dos imóveis em Macau continuam a subir e, em 2014, o aumento foi de 22%, tendo a compra e venda de casas registado uma quebra. Os maiores aumentos sentiram--se nos espaços para indústria e comércio: alugar um espaço de escritórios ou lojas custa mais 60%

CAsAs 20% MAIs CArAs. TAIPA lIdErA AuMEnTOs

Subida a galope

No que diz respeito a espaços de comércio, o preço médio por metro quadrado foi, em 2014, acima das 121 mil patacas para um escritório e de mais de 54 mil patacas para uma loja, representando aumentos de 62,5% e 60,9%

No que diz respeito a espaços de comércio, o preço médio por metro quadrado foi, em 2014, acima das 121 mil patacas para um escritório e de mais de 54 mil patacas para uma loja, representando aumentos de 62,5% e 60,9%.

Maiores auMentos na taipaApesar das casas serem mais caras em Coloane, foi na zona da Taipa que se registaram os maiores aumentos nos valores de transacções de imóveis. Comprar um apartamento na Taipa custou em 2014 mais de 106 mil patacas por metro quadrado, um aumento de 29,6%. Em Macau, os valores

situaram-se acima das 95 mil patacas, um aumento de 19,8%, e em Coloane, com valores acima das 122 mil patacas por metro quadrado, o aumento foi de 20%.

Coloane surge em primeiro lugar quanto à zona onde mais apartamentos foram vendidos

O secretário do Comité do Partido Comunista do Município de

Zhuhai, Li Jia, considera que a Ilha da Montanha será, das três zonas de comércio livre de Guangdong, a que mais e melhor se vai desenvolver. “[Li Jia] disse acreditar que dentro das três regiões da zona de comércio livre de Guangdong, a Ilha de Hengqin vai registar um desenvolvimento mais rápido, pois esta tem a vantagem e características de integração profunda com Macau”, refere um comunicado do Gabinete do Chefe do Executivo.

A afirmação foi feita no início desta

semana, num encontro com o Chefe do Executivo. Durante a reunião, o líder da RAEM referiu que a integração desta zona como de comércio livre será uma boa aposta para as trocas comerciais.

“Chui Sai On acredita que a inte-gração da Ilha de Hengqin nesta zona do comércio livre será positiva para a liberalização dos serviços comerciais e irá trazer um maior progresso à futura cooperação entre Macau e Zhuhai”, refe-re o comunicado. O mesmo texto refere ainda que a cooperação já se encontra “avançada”, tendo atingido alguns dos objectivos previamente delineados.

em prédios ainda em construção, com 50 imóveis transaccionados. Segue-se a baixa da Taipa, com 46 casas, e os novos aterros da Areia Preta, com 42 casas. Venderam-se 733 casas em edifícios construídos há mais de 20 anos, em zonas como a Barra, Praia do Manduco, Iao

Hon e Areia Preta, menos 6,7%. Mais de 300 apartamentos foram vendidos nas zonas da baixa da Taipa e aterros da Areia Preta, estando situados em edifícios com 11 a 20 anos de construção.

Os valores trimestrais mostram ainda que foram vendidas 98 casas em prédios cuja construção foi feita há menos de cinco anos, uma descida de 7,9% por trimestre.

O negócio da compra a venda de parques de estacionamento tam-bém sofreu uma quebra na ordem dos 12,9%.

No quarto trimestre de 2014, a compra e venda de casas registou uma quebra de 29,8%, além de 24,9% para os parques de estacio-namento. Foram assinados 2346 contratos de compra e venda no quarto trimestre do ano passado, bem como 3345 contratos de cré-dito hipotecário. Também aqui foi registada uma descida de 21,3% e 69,4%, respectivamente.

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lusa

9 sociedadehoje macau quarta-feira 18.2.2015

A galinha, comprada fres-ca em Macau, é um dos pratos principais na gastronomia chinesa e no

Ano Novo Lunar assume um papel especial, mas a gripe das aves pode levar, no futuro, a que esteja apenas disponível congelada.

Nos mercados de Macau, a azáfa-ma é grande: procuram-se aves vivas e de qualidade para confeccionar os pratos especiais do Ano Novo Lu-nar, celebração que na quarta-feira à meia-noite se começa a assinalar na Ásia.

“Os primeiros dez dias do Ano Novo Lunar chinês são dedicados a alguns animais, produtos alimentares e às pessoas e à galinha foi atribuído o primeiro dia do ano, o que bem evi-dencia a sua importância na cultura chinesa”, explicou Fernando Sales Lopes, jornalista e investigador, sa-lientando que a galinha está presente na “mesa dos vivos e no culto aos antepassados e aos espíritos”.

Sales Lopes lembrou também que “na antiguidade os galináceos eram considerados aves com cinco virtudes”, com a crista a representar a “dignidade civil”, o esporão nas per-nas a “dignidade militar” e a “valentia no combate aos inimigos” e a forma como compartilha os alimentos tra-duziam a “virtude da benevolência”, qualidades que, segundo se incutia, “passavam para quem as comesse”.

Tradição pode Ter os dias conTados devido à gripe das aves

Se não for fresca, que seja congelada

No Ano Novo Lunar, a galinha, ou galo, de papel vermelho recortado e colado nas janelas no primeiro dia do ano, o seu dia, atrai a sorte e as virtudes das aves e nos “pratos dos vivos” representa a união familiar, acrescentou.

Já nos casamentos, outra ceri-mónia que não dispensa a galinha, a ave representa a mulher e a família e “num prato especial de patas de galinha, a ave ascende a figura mi-tológica” com o prato a designar-se “patas de Fénix”. No entanto, no caso

de ser cozinhada com a “comida de dragão” - um crustáceo, por exem-plo - então a galinha assume ainda a “unidade no casamento”.

Em busca dE purEzaRadicado em Macau desde 1986, Fernando Sales Lopes tem estu-dado a cultura chinesa, hábitos e as raízes do simbolismo oriental e seus objectivos, mas recordou que a tradição de comprar vivo é, acima de tudo, uma maneira de “atestar a qualidade do que se compra, assegurar a sua condição e saúde, no fundo, garantir a sua pureza”.

“Isto é o que se passava em todo o mundo antes do progres-sivo afastamento das populações do meio rural para o urbano e antes do desenvolvimento das sociedades de consumo ter abarcado também, os produtos alimentares”, disse.

É que, explicou, nas “socie-dades rurais, ou naquelas mesmo urbanas, mas de fortes tradições culturais ainda ligadas à terra, como é a chinesa e a quem tem sido assegurado o fornecimento

do animal vivo, as condições do alimento puro, limpo, afinal fresco, impõem-se”.

“Um alimento, e neste caso falando da galinha, congelada, cria desconfiança do consumidor porque desconhece a sua origem, a forma e os meios utilizados na sua conservação, nomeadamente numa época em que não raras vezes se conhecem casos de adulteração de produtos, alguns dos quais provo-caram mortes”, recordou.

Sales Lopes considerou, con-tudo, que a proliferação da gripe das aves, nos vários subtipos “poderá levar a uma alteração de comportamento das populações por exigência da defesa da saúde dos cidadãos”.

Uma coisa, sublinhou, é cer-ta: “refrigerada ou congelada, a galinha continuará a cumprir todas as funções que lhe cabem, e a sua simbologia continuará a ser respeitada pelos chineses, no-meadamente no cumprimento dos rituais milenares”, muito embora os mais velhos sejam aqueles que mais resistência poderão colocar à sua compra. - Lusa/Hm

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12 eventos hoje macau quarta-feira 18.2.2015

kung hei Fat Choi

O Banco Nacional Ultramarino

deseja à populaçãode Macau

um Próspero Ano Novo Lunar da Cabra

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o grupo de Macau Flip-side traz a Macau o DJ japonês Funky Gong. Este não é, contudo,

um DJ qualquer, já que Funky Gong apresenta um espectáculo ao vivo nos pratos e com guitarra. Esta é a primeira vez que Funky Gong, vencedor de prémios como o de Melhor Performance no “The Beats Awards”, vem a Macau.

“Funky Gong chega a Macau numa visita a solo, pela primeira vez, exclusivamente para este es-pectáculo”, anuncia a organização.

Com o evento marcado para

É um DJ especial, já que não se fica pelos pratos, mas toca também guitarra. Funky Gong actua no Cubic no dia 21 e o grupo de Macau responsável pela sua vinda promete descontos à porta

CubiC Flipside traz Funky GonG no ano novo chinês

Na guitarra e nos pratos

o dia 21, sábado, no clube Cubic, Funky Gong é ainda acompanhado pela conhecida DJ de Hong Kong Ocean Lam e por DJs de renome na cena musical de Macau, como Devlar e Gordon.

O grupo Flipside promete uma

noite diferente, quanto mais não seja pela presença dos poucos DJs que junta mais do que um elemento ao seu show.

“Funky Gong tem uma pre-sença incrível em palco, sendo que toca guitarra e trabalha com

os pratos ao mesmo tempo. O DJ junta o seu background en-quanto guitarrista da banda de electro-rock ‘Joujouka’ ao estilo musical de dance music”, explica a organização. “Funky Gong tocou já em festivais de música

internacionalmente reconheci-dos, como o Fuji Rock, e lançou já diversos álbuns.”

A noite continua com Ocean Lam, Gordon e Devlar, num ritmo mais dedicado aos estilos de house e techno.

“Ocean Lam posicionou-se como uma das DJs de topo na cena electrónica de Hong Kong e voltou recentemente de espectáculos na Europa. Devlar, um dos fundadores do grupo Flipside, tocou recent-mente na Secret Island Party, em Hong Kong, e regressou de uma tour no Japão. Gordon, natural de Macau, foi residente no Clube Lótus.”

Descontos com flyerEste é o segundo ano que o grupo Flipside organiza a festa de ano novo chinês no Cubic. O ‘Cros-sover 2’ tem início à meia-noite e os preços variam. À porta, os bilhetes custam 250 patacas, com duas bebidas incluídas, mas se apresentar o flyer do evento, o cliente paga apenas 100 patacas, com uma bebida incluída.

“O flyer pode ser encontrado na página do Facebook do Flipside e basta as pessoas imprimirem ou tirarem uma fotografia e apresenta-rem-na à porta do Cubic, entrando através da guestlist do Flipside”, explicou ao HM a organização.

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13 eventoshoje macau quarta-feira 18.2.2015

Longe de Manaus • Francisco José ViegasReconstruindo a própria linguagem do romance policial, subvertendo as suas regras, escrito em tons e linguagens distintos, Longe de Manaus é o romance da solidão portuguesa, o retrato distante e desfocado de um país abandonado às suas memórias e ao seu desaparecimento.

À Venda na LiVraria Portuguesa Rua de s. doMingos 16-18 • TeL: +853 28566442 | 28515915 • Fax: +853 28378014 • [email protected]

uM Céu deMasiado azuL • Francisco José ViegasUm homem é encontrado morto no porta-bagagens do seu próprio carro, dois dias depois de ter regressado do México e de Cuba. As investigações apontam uma pista - uma artista de striptease que actua na província, de vila em vila, de cidade em cidade. Porém, por detrás deste homem e desta mulher, cruzam-se os destinos que arrastam consigo a memória de paixões nunca resolvidas nem consumadas, um Portugal medíocre, novo-rico e hipócrita.

CubiC Flipside traz Funky GonG no ano novo chinês

Na guitarra e nos pratos

Leonor Sá [email protected]

C hegoU, finalmente, a Semana Dourada do início de cada ano, altura em que se celebra o feriado do Ano

Novo Chinês um pouco por todo o continente. Se há quem prefira regressar a casa para passar alguns dias com os entes queridos, outros optam por viajar com a família, podendo vir até ao território. Foi a pensar nisso e nos residentes locais que grupos como o Star World, o Sheraton, o Sands e o MgM prepa-raram luxuosos e requintados menus gastronómicos e actividades de lazer para os visitantes. os restaurantes Feast e Bene, no Sheraton, vão servir pratos tipicamente locais e italianos, como o nome dos espaços refere. No Bene, um almoço pode incluir ostras, um bife com carne exclusiva ou um risotto e ronda as 220 patacas, ficando a mesma refeição por 1788 patacas no caso de serem quatro ou seis pessoas. o chef de serviço será gaetano, especialista em comida italiana.

TRadição CoM 800 anoso Sheraton vai ter disponíveis menus de Ano Novo em três restaurantes. No Xin, servi-se-à a especialidade da casa: ‘hot pot’ de marisco, mas sem nunca esquecer a selecção tradicional de iguarias chinesa, ‘poon choi’. o menu de marisco custa 498 patacas, en-quanto a selecção tradicional se fica pelas 628 patacas.

o ‘poon choi’ é um menu que ganhou vida há mais de oito sécu-los, durante o ataque da China pe-los mongóis na dinastia Song. Sob ameaça, o imperador foi forçado a esconder-se em guangdong, onde os locais então seleccionaram o que de melhor havia na província

UM Palestra sobre encarceramentona Chinaa universidade de Macau (uM) acolhe amanhã uma palestra do professor de hong kong doutorado em sociologia vincent cheng, sobre instalações de encarceramento na china. a iniciativa intitulada ‘a grande muralha de encarceramento na china do pós-2008’ vai focar-se no tipo de instalações e na distinção entre centros de reabilitação, prisões, centros de desintoxicação e outros. a palestra, que tem lugar na sala e21-G012 da uM, dura das 14h30 às 17h20 e tem por objectivo esclarecer alguns pontos relativamente ao tema. o título da actividade está relacionado com o facto destes centros serem frequentemente apelidados pelos reclusos como “grandes muralhas” ou “palácios”. o enfoque do trabalho de cheng tem que a com a experiência de reclusos nestas instalações e os tipos de métodos de punição empregues no continente.

cartoon por Stephff

os feriados que se aproximam servem para celebrar a festividade asiática mais popular e respeitada: o Ano Novo Chinês. As operadoras não poupam recursos para satisfazer os locais e turistas que queiram ter uma semana em grande com menus e surpresas para todos os gostos

ANo Novo ChiNês operadoras orGanizaM Menus luxuosos para Festejar

A gastronomia da felicidade

para agradar ao dirigente. esta tradição continua a manter-se e se a maioria dos espaços hoteleiros e de restauração fornece as comidas

no local, o Conrad permite que os clientes peçam comida para degustar no conforto do lar com a família.

Na verdade, todas as opera-doras parecem oferecer as mais variadas ementas e escolhas aos seus clientes, onde quer que estes estejam. A decisão, contudo, não será fácil, uma vez que os preços divergem bastante – com menus de almoço e lanche a 260 patacas e ementas para grupos de 10 pes-soas a 1000 patacas – e os pratos, completamente diferentes em sabor. há quem opte por um menu de comida italiana, mas outros podem preferir um travo picante, típico da província de Sichuan. É isso mesmo que o restaurante Feng Wei Ju, no Star World, ofe-rece. Os menus, que vão até final deste mês, incluem uma série de

peixes e mariscos condimentados com molhos picantes e chili. A ementa mais dinâmica e original, em termos de sabores, talvez seja a do MgM, que vai especializar--se em tapas espanholas com um paladar parisiense. São os chefs Ryan Poli e elie Khalife quem vão, entre 26 deste mês e 8 de Março, confeccionar hambúrgueres com patê de fígado, croquetes, ostras e sorvete de louro com tostas crocantes.

Chá em FamíLiao almoço e o jantar são as re-feições imprescindíveis, mas há quem prefira fazê-las fora da agitação das festividades. essa foi provavelmente a razão que levou os espaços Palms – no Sheraton – e Cascades (no Star World) a criarem menus de lanche com chá. No primeiro, um set para duas pessoas, que se estende até dia 27 deste mês, custa 298 patacas e inclui uma série de doçarias tradicionais. o Cascades vai servir especialidades como arroz glu-tionoso com manga, ‘dumplings’ de sésamo e bolachas. este menu estará disponível das 14 às 18 horas até 22 de Fevereiro e custa 268 patacas por pessoa.

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14 hoje macau quarta-feira 18.2.2015

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WANG CHONG 王充 OS DiScurSOS POnDeraDOS De WanG cHOnG

Invenções sobre a morte – 6

A tal respondo: serão os sábios dotados de poderes sobrenaturais? Ou será que não? Se sim, então o duque de Zhou deveria não só ter sabido que os três reis se tinham transformado em fantasmas, como deveria ter estado em condições de adivinhar as suas intenções. Porem, após ter feito a sua pergunta, após o adivinho ter lido até ao fim a sua sorte, mostrou-se incapaz de saber se os Três Reis o favoreciam ou não: teve de adivinhar segundo o método das três tartarugas e foi só quando estas mostraram todos os sinais favoráveis que se deu por satisfeito.. Ficou então a saber que os Três Reis se tinham transformado em fantasmas, mas para tal teve de passar pela adivinhação. Porém, para ter a certeza de que os Três Reis se haviam tornado fantasmas, não deveria então ter-se previamente informado sobre o assunto [através da adivinhação]? Entre saber se os mortos são dotados de consciência e saber se satisfarão um pedido não há diferença. Se o duque tivesse sabido que os Três Reis o iriam favorecer, poderíamos então ter acreditado que se haviam mesmo transformado em fantasmas. Mas, dado que se mostrou incapaz de adivinhar as suas intenções, a sua afirmação de que se teriam transformado em fantasmas não vale mais que as ideias do vulgo e, como tal, toda esta história não permite saber no que realmente se tornam os mortos.Para além disso, em virtude do quê teria sido o seu pedido satisfeito? Por causa da total sinceridade do duque? Ou porque a forma do pedido foi correcta? No primeiro caso, teria sido a sinceridade do pedido e não a forma como foi formulado. Para fazer chover, Dong Zhongshu tinha por método distribuir dragões de barro, que se julgava actuarem sobre os qi [nuvens e chuva]. Mas esses dragões de barro não eram verdadeiros dragões sendo, como tal, incapazes de fazer chover. Mas Dong Zhongshu confiava na sinceridade das suas rezas, não se preocupando se os seus dragões eram ou não verdadeiros. Podemos comparar o pedido do duque às orações de Dong Zhongshu, sendo os três reis tão fantasmas como são dragões uns punhados de terra.

Tradução de Rui CascaisIlustração de Rui Rasquinho

Wang Chong (王充), nasceu em Shangyu (actual Shaoxing, província de Zhejiang) no ano 27 da Era Comum e terá falecido por volta do ano 100, tendo vivido no período correspondente à Dinastia Han do Leste. A sua obra principal, Lùnhéng (論衡), ou Discursos Ponderados, oferece uma visão racional, secular e naturalista do mundo e do homem, constituindo uma reacção crítica àquilo que Wang entendia ser uma época dominada pela superstição e ritualismo. Segundo a sinóloga Anne Cheng, Wang terá sido “um espírito crítico particularmente audacioso”, um pensador independente situado nas margens do poder central. A versão portuguesa aqui apresentada baseia-se na tradução francesa em Wang Chong, Discussions Critiques, Gallimard: Paris, 1997.

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15 artes, letras e ideiashoje macau quarta-feira 18.2.2015

Mas esses dragões de barro não eram verdadeiros dragões.

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16 China hoje macau quarta-feira 18.2.2015

a China celebra na quar-ta-feira à meia-noite a entrada no Ano da Cabra, com o som dos

petardos e o fogo-de-artifício a ‘afugentar os maus espíritos’ e as famílias reunidas à volta da mesa cheia de comida.

É a maior festa da China, equi-valente ao natal e ao ‘réveillon’ nos países ocidentais, mas como quase tudo no país, a tradição também está a mudar.

Respondendo à crescente insatisfação popular acerca da poluição, alguns ambientalistas já começaram até a defender o fabrico de “petardos ecológicos”, que não utilizam enxofre e “explodem tão ruidosamente” como os outros.

A própria Gala de Ano Novo da CCTV (Televisão Central da Chi-na), “o espectáculo de variedades mais visto do mundo”, transmitido para uma audiência estimada em 800 milhões de espectadores, será diferente.

Pela primeira vez, um dos apresentadores, Nigermaidi Ze-chman, pertence à etnia uigure, e o alinhamento da gala inclui um ‘sketch’ alusivo à inédita campanha anti-corrupção em curso na China, que já atingiu dezenas de quadros com a categoria de vice-ministro ou superior.

Os uigures constituem cerca de 45% da população do Xinjiang, uma vasta região de maioria mu-çulmana, rica em petróleo e outros recursos minerais, situada no no-roeste da China, que tem sido palco de frequentes atentados terroristas atribuídos pelas autoridades a “extremistas religiosos” e “sepa-ratistas radicados no estrangeiro”.

Com Nigermaidi Zechman na ribalta, o tema da gala da CCTV, “Harmonia Familiar gera Suces-so”, ganha uma explícita dimensão étnica.

Tudo paradoPara muitos trabalhadores chine-ses, as folgas, feriados e ‘pontes’ concedidos nesta quadra consti-tuem as únicas férias do ano.

Todas as escolas, do ensino pri-mário ao superior, fecham durante um mês. Funcionários da admi-nistração e das empresas estatais param pelo menos uma semana.

Os edifícios são engalanados com lanternas vermelhas, símbolo tradicional de festa.

Cabras de vários tamanhos e feitios ornamentam as lojas e os centros comerciais. Em alguns

casos, a meiga cabra aparece a pastar junto a uma árvore de na-tal, associando duas tradições de consumo.

de saídaOutro sinal de mudança, sobretudo entre a nova classe média urbana, muitos chineses optam por viajar para o estrangeiro, nomeadamen-te para a Europa, aproveitando a

acentuada valorização do yuan face ao euro. (Em 2008, um euro valia mais de 11 yuan; hoje, não chega aos sete).

“O negócio aumentou pelo menos 50% e continua a crescer. No caso do turismo para a Europa, além do declínio do euro, houve outra razão: a simplificação do processo de concessão de vistos”, disse um agente de viagens de Pequim.

Cerca de 3.000 voos interna-cionais suplementares foram orga-nizados este ano “para atender ao aumento de passageiros”, indicou um responsável da Administração Chinesa da Aviação Civil.

Por coincidência, o primeiro--ministro chinês, Li Keqiang, que completará 60 anos em Julho, nasceu num Ano da Cabra e de acordo com a mitologia, as pessoas correm sempre perigos especiais no ano do seu signo.

O contínuo abrandamento da economia será um dos “perigos”, mas mesmo nas previsões mais pessimistas, o crescimento do PIB chinês em 2015 deverá exceder os 6,5%.

Nas maternidades, pelo con-trário, o movimento será maior, devido às mudanças na política de controlo de natalidade aprovadas no ano passado pelo Governo para tentar contrariar o envelhecimento da sociedade.

Os casais em que um dos côn-juges é filho único já podem ter um segundo filho, o que deverá gerar mais um milhão de nascimentos do que os 16,9 milhões registados em 2014. - antónio Caeiro, Lusa

Ano dA CAbrA ComeçA estA quintA-feirA Com A festA de sempre

Tradição com sinais de mudançaEmbora os festejos sejam os mesmos de sempre, alguns sinais como a referênciaà campanha anti-corrupção, ou a inclusão de um apresentador de etnia uigur na galada CCTV, indicam que a tradição também pode mudar

É a maior festa da China, equivalente ao natal e ao ‘réveillon’ nos países ocidentais, mas como quase tudo no país, a tradição também está a mudar

O banco Minsheng da China, que detém o

maior fundo de investimento privado daquele país asiático, anunciou que vai investir 1.352 milhões de euros num projecto para criar o terceiro distrito financeiro de Londres.

Trata-se de um dos maio-res investimentos chineses no Reino Unido e de grande relevância para o Minsheng, que contava em Agosto do ano passado com um capital

registado de 50.000 milhões de yuan, segundo revelou o Diário do Povo.

O fundo vai assim juntar--se ao Advanced Business Park (ABP), o promotor chinês que assinou com o mu-nicípio de Londres em 2013 a construção de um parque empresarial na zona de Royal Albert Docks.

A área, que alguns já identificam como o possível terceiro distrito financeiro

de Londres, será uma porta para o comércio asiático, estimando-se que vá criar 20.000 postos de trabalho e induzir 8.000 milhões de euros na economia local.

“O investimento é o início estratégico da nossa explo-ração do mercado europeu”, disse o presidente executivo do banco Minsheng, Li Huai-zhen, no sábado em Xangai, citado pela EFE.

Este é um exemplo das

tentativas da China em im-pulsionar investimentos no es-trangeiro de forma a expandir a influência da sua economia.

No ano passado, Pequim revelou ambições de criar uma nova Rota da Seda marítima e terrestre e assegurou que investiria milhares de milhões de dólares em estradas, com-boios, portos e aeroportos na Ásia Central e Oriental para consolidar os laços económi-cos da China com o mundo.

Banco chinês Minsheng vai criar novo distrito financeiro em Londres

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• SábadoESpEctáculo dE Fogo dE ArtiFício E concErtoS Baía em frente à torre de Macau, a partir das 20h00Entrada livre

pArAdA dE cElEBrAção do Ano dA cABrAcentro de ciência de Macau – Avenida Sun Yat Sen –praça dos lagos Sai VanEntrada livre

• diariamenteExpoSição “Voz nA EScuridão”, dE ÓScAr BAlAjAdiA/pApA oSMuBAl (Até 14/03)creative MacauEntrada livre

ExpoSição dE pinturA dE zhEn guo (Até 3/03)Fundação rui cunhaEntrada livre

ExpoSição dE ESculturAS do Ano dA cABrA (Até 01/03)Venetian, todo o dia Entrada livre

ExpoSição dE SândAlo VErMElho (Até 22/03)MgM MacauEntrada livre

ExpoSição dE dESign dE cArtAzES “V•x•xV:” (oBrAS dE 1999, 2004 E 2009) [Até 15/03]Museu da transferência da Soberania de Macau, 10h00 às 19h00Entrada livre

“SElF/unSElF” – ExpoSição dE trABAlhoS dE ArtiStAS holAndESES (Até 15/03)centro de design de MacauEntrada livre

iluStrAçõES pArA cAlEndário, dE guAn huinong (Até 10/05)Museu de Arte de Macau, das 10h às 19hEntrada livre

“BEYond thE SurFAcE” dE Mio pAng FEi (Até 01/03)Albergue ScM, das 12h às 20hEntrada livre

ExpoSição E pASSEioS dE BArco guiAdoSSoBrE A hiStÓriA dA pEScA EM MAcAuEsplanada do Museu Marítimo, das 9h40 às 16h25(de 31/01 a 15/02)Bilhetes à venda por 25 patacas

hoje macau quarta-feira 18.2.2015 (F)utilidades 17

tempo pouco nublado min 16 max 21 hum 70-95% • euro 9.11 baht 0.24 yuan 1.27

wJoão Corvo fonte da inveja

AcontEcEu HojE 18 dE FEVErEiro

O que fazer esta semana?C i n e m acineteatro

Sala 1Stand by me doraemon [a](FAlAdo EM cAntonêS)Filme de: takashi Yamazaki, ryuichi Yagi14.00, 17.40

Sala 1triumph in the SkieS [b](FAlAdo EM cAntonêS)(coM lEgEndAS EM chinêS E inglêS)Filme de: Matt chow, Wilson Yip15.45, 21.30, 23.30

Sala 1From vegaS to macau 2 [c](FAlAdo EM cAntonêS)(coM lEgEndAS EM chinêS E inglêS)Filme de: Wong jing19.30

Sala 2kingSman: the Secret Service [c]Filme de: Matthew Vaughncom: colin Firth, Michael caine, Samuel l. jackson14.15, 19.00, 21.15, 23.30

Sala 2penguinS oF madagaScar [a](FAlAdo EM cAntonêS)Filme de: Eric darnell, Simon j. Smith14.15, 17.45

Sala 3Jupiter aScending [3d] [b]Filme de: Andy Wachowski, lana Wachowski19.15

Sala 3Jupiter aScending [b]Filme de: Andy Wachowski, lana Wachowski14.15, 16.30, 21.15

Sala 3Jupiter aScending [3d] [b]19.00

Sala 3From vegaS to macau 2 [c](FAlAdo EM cAntonêS)Filme de: Wong jingcom: chow Yun-Fat, nick cheung, carina lau23.30

U m D i s C o H o j e

Quem me garante que amanhã tudo estará no mesmo lugar? Tudo me garante o contrário.

Dia das Artes e de recordar António Aleixo• hoje, recorda-se António Aleixo, que nasceu a 18 de Fevereiro de 1899, e outros homens das artes: Mark twain, que neste dia lançou a primeira edição de ‘As Aventuras de huckleberry Finn’, bem como Yoko ono e john travolta, que também nasceram a 18 de Fevereiro.dezoito de Fevereiro é dia de Artes. da literatura, com a memória de António Aleixo, toni Morrison e Mark twain, ou do pedido de desculpa de Salman rushdie aos mu-çulmanos. da música, com Yoko ono e john travolta. do cinema, cybill Shepherd ou jack palance.A história da ciência diz-nos que a 18 de Fevereiro de 1930 foi descoberto plutão (o nono planeta do Sistema Solar), por clyde tombaugh. no campo da política, regressa-se ao ano de 934, em que a noruega promulga uma lei que concede às mulheres o direito de exercer quaisquer cargos oficiais do Estado e da igreja. Em 1665, portugal cede Bombaim, na índia, aos ingleses. no ano de 1841, é proclamada a república de El Salvador. A adesão de grécia e turquia à nAto ocorre também a 18 de Fevereiro, mas em 1952. E 10 anos mais tarde é fundado o partido comunista do Brasil. A gâmbia torna-se independente do reino unido em 1965. no dia em que cai neve no deserto do Sahara, em 1979, cerca de mil pessoas morrem num naufrágio no caribe, em 1993. de regresso às Artes, é lançada em 1885 a primeira edição de ‘As Aventuras de huckleberry Finn’, de Mark twain. destaque ainda para um dos maiores concertos de música de todos os tempos: os ingleses rolling Stones actuam no rio de janeiro, Brasil, perante cerca de 1,5 milhões de pessoas, que se juntaram na praia de copacabana.

“RockfERRy”(Duffy, 2008)

o álbum de estreia desta menina do País de Gales tinha tudo para vingar e fazer de Duffy uma das mais importantes da actual cena pop. mas depois de um primeiro trabalho com poderosos singles (‘mercy’ ou ‘Warwick avenue’ são bons

exemplos), e onde as restantes músicas também podem surpreender, nada mais se ouviu de Duffy. o fracasso da música “Well, well, well” provou que não bastam caras bonitas e vozes a fazer lembrar os anos 60 para vingar no competitivo mercado da música pop. -Andreia Sofia Silva

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18 publicidade hoje macau quarta-feira 18.2.2015

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a quinta-feira, a partir das 19H30.ExigE-sE ExpEriência EM indesign E PHotosHoP.

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hoje macau quarta-feira 18.2.2015 ócios / negócios 19

“A maioria [das peças vintage] é de Banguecoque, Tóquio e Osaka e somos nós os dois que vamos aos sítios procurar peças que nos agradem para vender cá”

“Muitos dos clientessão portugueses”

Leonor Sá [email protected]

J á o químico Antoine Lavoiser dizia que “nada se cria, tudo se transfor-ma”. Parece ter sido a pensar nisso

mesmo que Elva e Terrence Chan abriram, em Junho passado, a loja ‘Vintage Market’.

As modas vão e vêm e esta não é excep-ção. A cultura da moda ‘vintage’ é precisa-mente baseada no revivalismo dos anos 20 a 50 e inclui indumentárias ‘pin-up’, tecidos coloridos e padrões com bolinhas, xadrez e riscas. Em Macau, a moda ainda não é viral, mas o casal amante deste estilo assegura que a tendência é crescente.

“Já tínhamos uma outra loja mais pe-quena, mas que só vendia roupa de mulher. Nessa altura, começámos a vender também roupa de homem e a perceber que o sexo masculino também estava interessado e por isso é que abrimos esta, já com moda mas-culina”, começou por explicar Elva ao HM.

Terrence Chan é macaense, mas admite não falar fluentemente português, já que é em chinês e inglês que se entende com a clientela. Já Elva é chinesa de raiz e nasceu e cresceu em Macau.

O ‘Vintage Market’, situado na Rua do Volong – bem perto da zona cultural do Albergue SCM – fica ao lado da primeira loja do casal e conta com dois andares ex-clusivamente dedicadas à cultura ‘vintage’ e venda de roupas, acessórios, sapatos e malas em segunda mão. Contudo, há uma pequena parte dos artigos que são novinhos em folha, apenas ‘vintage’ pelo traço e design que têm. Exemplo disso são capas protectoras para telemóvel, brincos e colares. À parte das duas lojas, o casal tem ainda o hábito de organizar mercados de vendas em segunda mão num edifício industrial na zona da Areia Preta, durante os meses de Verão.

Do armário para a montraMas afinal, como e onde se adquirem peças vintage? Terrence esclarece e refere que a grande maioria das roupas vem da Tailândia e do Japão, dois locais com uma forte e desenvolvida cultura vintage.

“A maioria é de Banguecoque, Tóquio e Osaka e somos nós os dois que vamos aos sítios procurar peças que nos agradem para vender cá”, revela o proprietário.

E porque se diz que o S. Valentim se celebra 365 dias por ano, o casal conta que todas as decisões são feitas pelos dois, incluindo as viagens semanais que fazem aos três locais referidos. Esse é, aliás, um dos pontos menos positivos do negócio. “Às vezes é muito cansativo termos que

‘Vintage Market’, loja de roupa eM segunda Mão terrence e elVa chan, proprietáriosA Rua do Volong conta com uma nova loja de roupa ‘vintage’. O casal Chan, que tem o espaço desde Julho, inspirou-se num café de Xangai para decorar a nova loja de artigos em segunda mão

andar de avião todas as semanas e procurar pelas coisas”, explica Terrence.

O maior dos problemas, no entanto, não é a necessidade de viajar, mas sim a falta de co-

nhecimento da população local relativamente ao conceito e à cultural vintage no geral. “É preciso explicar às pessoas o que significa ‘vintage’ porque a maioria das pessoas que vem cá não sabe o que significa ou de onde vem”, continua Terrence. A subida dos pre-ços das rendas é, como para quase todos os negócios locais, um obstáculos a enfrentar. “Pagamos mais ou menos 13 mil patacas pelo espaço, o que não é muito”, explica Elva. A amante de antiguidades receia, no entanto, que o preço aumente.

Uma macaU Dos 70O espaço foi decorado a pensar no antiga-mente, remetendo os visitantes e amantes

da cultura ‘vintage’ para uma Macau da década de 70, já que os proprietários op-taram por não renovar o espaço.

“Tudo o que vêem já cá estava, como o chão [de azulejo], o portão amarelo de correr e as escadas de ferro”, explica Terrence. O casal conta que quase todos os artigos de decoração e mobília foram resgatados do lixo, onde vários residentes optam por colocar móveis que consideram estar velhos.

“As coisas que as pessoas deitam fora às vezes são-nos muitos úteis, mas também temos algumas coisas do Cinema Alegria”, aponta Elva.

Ao contrário do que seria de esperar, os dois estão sempre na loja para ajudar a clientela. “A maioria das pessoas contrata funcionários para atender os clientes e raramente está presente, mas nós estamos sempre aqui porque as pessoas perguntam por nós e querem os conselhos e conhe-cimentos”, explica Elva orgulhosamente.

alterar para servirAlém do serviço de venda, a ‘Vintage Ma-rket’ fornece serviços de alteração de rou-pas através de uma costureira especialista. Esta opção é gratuita e Terrence justifica a necessidade pela estrutura corpora dos asiáticos ser mais estreita.

“Há muitas roupas que vêm da Europa e dos EUA e que são feitas para as pessoas desses locais, o que faz com que fiquem um pouco grande aos clientes asiáticos”, diz. A costureira dedica-se também a dar vida à ideia de Terrence de criar novas indumentárias a partir de pedaços de roupa antiga.

A loja está quase sempre cheia, mas nem sempre os visitantes saem de lá com sacos na mão. De espantar é a informação que Terrence revela ao HM: “muitos dos nossos clientes são portugueses”, o que juntamente com fãs de Taiwan, perfaz cerca de 20% dos comprados. Os outros 80% são residente locais chineses.

Na ‘Vintage Market’, os preços não excedem as mil patacas, excepto quando se trata de casacos de cabedal genuíno, que podem atingir valores mais elevados. Embora a loja não traga grande margem de lucro, o casal está a pensar avançar com um novo projecto este ano e abrir um terceiro espaço. Entre saias compri-das, casacos e camisolas de lã, calções, blusões e calças da Levis e óculos de sol antigos, o espaço promete conquistar qualquer verdadeiro amante da tendência vintage, a arte de recuperar modas, médias e medianas.

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