hoje macau 25 nov 2011 #2501

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TEMPO MUITO NUBLADO MIN 19 MAX 25 HUMIDADE 55-85% CÂMBIOS EURO 10.7 BAHT 0.2 YUAN 1.2 AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB PUB MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ SEXTA-FEIRA 25 DE NOVEMBRO DE 2011 ANO XI Nº 2501 PUB Ter para ler Doações a ONG IACM ACUSADO DE METER NARIZ ONDE NÃO DEVE • Página 4 Padre João Eleutério A NOVA VOZ DA IGREJA DE MACAU • Centrais Carlos Marreiros já risca em Luanda e em Pequim “Tenho mais liberdade na China” É uma longa entrevista com o mais internacional dos arquitectos macaenses. Que agora já tem trabalhos em Pequim e Angola. Mas que, apesar do sucesso lá fora, não deixa de pensar a sua terra. Escola Portuguesa, casinos e COTAI, plano director da cidade, acreditação dos arquitectos e outras questões de Macau são aqui passadas a régua e esquadro, definindo os problemas e aventando soluções. No limite, Carlos Marreiros define o ambiente cultural da RAEM, denunciando a falta de ousadia e liberdade. Incontornável. > PARA LER NO • PAUL CHAN WAI CHI h hojemacau análise As LAG e a reforma política

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Edição do Hoje Macau de 25 de Novembro de 2011 • Ano X • N.º 2501

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TEMPO MUITO NUBLADO MIN 19 MAX 25 HUMIDADE 55-85% • CÂMBIOS EURO 10.7 BAHT 0.2 YUAN 1.2

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

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MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • SEXTA-FEIRA 25 DE NOVEMBRO DE 2011 • ANO XI • Nº 2501

PUB

Ter para ler

Doações a ONG

IACM ACUSADODE METER

NARIZ ONDE NÃO DEVE

• Página 4

PadreJoão Eleutério

A NOVA VOZ DA IGREJADE MACAU

• Centrais

Carlos Marreiros já risca em Luanda e em Pequim

“Tenho mais liberdadena China”

É uma longa entrevista com o mais internacional dos arquitectos macaenses. Que agora já tem trabalhos em Pequim e Angola. Mas que, apesar do sucesso lá fora, não deixa de pensar a sua terra. Escola Portuguesa, casinos e COTAI, plano director da cidade, acreditação dos arquitectos e outras questões de Macau são aqui passadas a régua e esquadro, definindo os problemas e aventando soluções. No limite, Carlos Marreiros define o ambiente cultural da RAEM, denunciando a falta de ousadia e liberdade. Incontornável. > PARA LER NO

• PAUL CHAN WAI CHI

h

hojemacau análiseAs LAG e a reforma política

SEXTA-FEIRA 25.11.2011

2www.hojemacau.com.mo ACTUAL

A China superou os Estados Uni-dos e tornou-se o maior mercado

de ‘smartphones’ do mun-do em volume, no terceiro trimestre deste ano, de acordo com um relatório da consultoria Strategy Analytics. O número de entregas de ‘smartphones’ para operadores na China subiu para 24 milhões de unidades no terceiro tri-mestre, alta de 58% ante o segundo trimestre, supe-rando o total de 23 milhões de unidades entregue para o mercado americano, que registou baixa de 7% na comparação do terceiro com o segundo trimestre, segundo o relatório.

A crescente demanda chinesa foi alimentada por agressivos subsídios ofere-cidos pelos operadores de modelos mais caros, como

A empresária chinesa radicada em Famalicão, Portugal, ale-

gadamente vítima de um rapto violento tentou ontem desvalorizar os factos, num depoimento marca-do por contradições, que levou o tribunal a ameaçar processá-la por falsidade de testemunho.

Uma das versões da vítima, de 41 anos, foi a de que os quatro alegados raptores se deslocaram à residência dela e a “convidaram” para ir a casa de um deles, por cau-sa de uma dívida de 55 mil euros. Em causa estaria um empréstimo que um dos arguidos fez, em 2008, à vítima e ao marido, para estes abrirem um negócio. Os juros do empréstimo seriam de 5 por cento por mês. Até à data dos factos, que ocorreram em finais de Janeiro de 2011, os juros foram sendo pagos, mas o empréstimo continuava integralmente por pagar.

A vítima disse ainda que entrou no carro dos alegados raptores - três compatriotas seus e um português - de livre vontade, que permane-

ACIDENTE DE TRÂNSITO DEIXA 17 MORTOS Um veículo agrícola com 19 pessoas a bordo sofreu um acidente que matou 17 delas, entre as quais uma criança, na vila de Egu, na província de Sichuan. A causa do acidente pode ter sido o estado de conservação precário das estradas na região, muito pobre e com um sistema de comunicações e assistência muito deficiente. Ainda não se sabem as circunstâncias da tragédia ou o tipo de veículo. Foi divulgado apenas que os dois sobreviventes foram levados a um hospital da cidade de Yajiang. Este é o segundo acidente de trânsito mais letal ocorrido na China nos últimos dias. Na semana passada, 21 pessoas, dentre elas 19 crianças, morreram na colisão de uma carrinha em que estavam com um camião. A carrinha, que levava as crianças a uma creche, transportava 64 passageiros, mas tinha capacidade máxima para nove, o que motivou na sociedade chinesa apelos para que se melhore a qualidade e a segurança do transporte escolar nacional.

VENTO DESTRÓI TECTO DO AEROPORTO DE PEQUIM Os fortes ventos que atingiram o norte da China nos últimos dias arrancaram parte do tecto do Terminal 3 do Aeroporto de Pequim, o que provocou pânico generalizado e preocupações sobre a segurança do local. O vendaval que desde terça-feira castiga a capital chinesa arrastou grande parte do tecto e espalhou escombros pelo terminal, inaugurado em 2008 e desenhado pelo arquitecto britânico Norman Foster. Responsáveis do aeroporto disseram que o incidente não colocou em perigo a segurança nem as operações do aeroporto, mas reconheceram que os funcionários de manutenção demoraram quase um dia para reparar o tecto e retirar os escombros. O incidente suscitou dúvidas sobre a segurança do tecto da instalação e pedidos para que sejam realizadas inspecções de segurança. Li Zhanhua, professor da Academia Chinesa de Ciências, destaca que o terminal, construído para atender ao aumento do tráfego aéreo em Pequim por ocasião dos Jogos Olímpicos de 2008, encontra-se numa área exposta a fortes ventos. Ele explica que, como as asas de um avião, o tecto saliente é empurrado quando há vendavais.

China supera EUA e lidera mercado de ‘smartphones’

Comilões de novas tecnologias

PORTUGAL | VÍTIMA DE RAPTO DIZ QUE “NÃO FOI NADA DE ESPECIAL”

Confusão entre chinesesceu na casa de um deles durante “cinco ou seis dias porque quis” e que nunca sentiu medo nem se considerou ameaçada. No mesmo depoimento, no entanto, a vítima disse que foi abordada na rua, às 3 da manhã, quando regressava do Casino da Póvoa de Varzim, que foi “empurrada” para dentro do carro e que o arguido alegadamente credor lhe teria dito que ia “sentir

um bocadinho o sabor da amargu-ra”. Na viagem, e ainda segundo o depoimento da vítima, o arguido português tapou-lhe a boca com fita-cola e amarrou-a a uma árvore, com uma corda, onde terá ficado sozinha, entre 10 a 20 minutos.

“Não foi nada de especial”, disse a vítima, garantindo que nunca sentiu medo nem se sentiu ameaçada. Entretanto, os raptores

foram buscá-la e levaram-na para casa do arguido credor, onde ficou cinco a seis dias. Garantiu que foi bem tratada, que se quisesse tinha saído da casa, mas assegurou que não o fez para forçar o marido a pagar a dívida. Disse ainda que foi o marido quem apresentou queixa, o que levou a polícia a ir ao local e a libertá-la dos alegados raptores. Perante as contradições e as incongruências do depoimento, que chocam com o que disse em fase de inquérito, o juiz presidente do colectivo lembrou-lhe que pode incorrer num crime de falsidade de testemunho e aconselhou-a a “pen-sar bem naquilo que quer dizer” em tribunal.

Perguntou-lhe se se sentia ame-açada pela presença dos arguidos ou de alguém na assistência, mas a vítima disse que não. O principal arguido no processo é um em-presário chinês com negócios de restauração e vestuário na região do Minho. Os quatro arguidos, que hoje se remeteram ao silêncio, estão acusados do crime de rapto agravado, a que corresponde uma moldura penal de três a 15 anos. Três estão em prisão preventiva e o outro em prisão domiciliária, com vigilância electrónica.

o iPhone, da Apple, bem como pelo aumento da oferta de modelos de baixo custo que rodam o sistema operacional Android, do

Google, informou a Stra-tegy Analytics.

A finlandesa Nokia ob-teve a maior participação no mercado da China, com

uma fatia de 29% das ven-das de ‘smartphones’ no país no terceiro trimestre. Foi um bem-vindo impulso para a empresa, que viu a

sua participação no merca-do global de ‘smartphones’ diminuir para 14% no ter-ceiro trimestre, ante 33% um ano atrás.

No entanto, a Nokia enfrenta desafios à fren-te, disse a consultoria. A Samsung já aparece com 18% do mercado chinês e a Apple está a expandir rapidamente o seu alcance e provavelmente vai liberar o seu iPhone para um se-gundo operador chinês no próximo ano, aumentando ainda mais as vendas.

A HTC, de Taiwan, e a Sony Ericsson, da Su-écia, também ganharam participação de mercado no terceiro trimestre, uma vez que seus modelos com Android conquistaram espaço nas maiores cidades do leste e do sul da China, de acordo com a Strategy Analytics.

SEXTA-FEIRA 25.11.2011

3www.hojemacau.com.mo

Leia mais notícias sobre a China e a Ásia em www.hojemacau.com.mo@

O Ministério da Defesa da China anunciou ontem a realização de exercícios militares navais em

águas do Oceano Pacífico nos pró-ximos dias, após o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ter divulgado, na semana passada, o aumento da presença militar ame-ricana na Austrália, o que irritou as autoridades de Pequim.

Num breve comunicado, o ministério chinês esclareceu que os exercícios anunciados serão manobras de rotina, “não dirigidas contra nenhum país ou alvo em particular”, mas os analistas desta-cam a coincidência temporal dessas acções com as crescentes tensões entre China e Estados Unidos.

O Ministério da Defesa chinês não especificou o local exacto das manobras, nem quantos navios participarão. A emissora de tele-visão japonesa “NHK” informou que seis navios da Marinha chinesa, entre eles um destróier antimísseis, foram detectados perto das ilhas de Okinawa, em direcção ao Pacífico.

“Pequim está muito descon-tente por ver os EUA envolvidos nas disputas territoriais no Mar

UMA igreja de Hong Kong conservará uma

mecha do cabelo do ex--papa João Paulo II, falecido em 2005 sem realizar o seu sonho de visitar a China de-vido à ausência de relações diplomáticas entre Pequim e Vaticano, informou ontem jornal “South China Mor-ning Post”.

A Catedral da Imaculada Conceição de Hong Kong recebeu neste mês a mecha e agora a diocese anunciou que o Vaticano aprovou que ela seja ali conservada permanentemente.

Segundo o bispo de Hong Kong, John Tong Hon, a relíquia “realiza simbolica-

mente o desejo de toda uma vida de visitar a China”, expressado por João Paulo II, que chegou a dizer que todos os dias rezava pelos católicos do país.

China e Vaticano rompe-ram relações diplomáticas em 1951 e ambos mantêm tensões por diversos assun-tos, como a nomeação de bispos por Pequim sem o aval dos católicos de Roma. Actualmente, a Santa Sé é o único Estado europeu que reconhece a soberania da ilha de Taiwan - administrada pela China -, foco de tensões com o Ocidente.

Neste ano, por exemplo, a Igreja Católica oficial chinesa

- desligada do Vaticano e de-pendente do Partido Comu-nista da China - excomungou vários bispos, voltando a elevar as tensões após anos de aparente reconciliação.

Hong Kong, por sua con-dição especial de ex-colónia britânica, é uma excepção neste conflito. A comuni-dade eclesiástica mantém laços directos com Roma e o seu bispo, nomeado pelo Vaticano, é considerado um mediador entre a China e a Santa Sé.

John Tong Hon afirma que a presença da mecha do ex-papa certamente atrairá milhões de fiéis da parte continental da China.

China anuncia manobras navais no Pacífico após aumento de tensão com EUA

Que coincidência tão grande

HONG KONG GUARDA RELÍQUIA DO EX-PAPA JOÃO PAULO II

Um santo cabelo

da China Meridional, desafiando a nossa soberania territorial em aliança com o Vietname e Filipi-nas”, comentou ao jornal “South China Morning Post” o analista chinês em assuntos militares Ni Lexiong, após o anúncio das ma-nobras.

Na semana passada, Obama realizou uma longa viagem pelo Pacífico, que incluiu a sua partici-

pação em duas cúpulas -a da Apec, no Havai, e a da Ásia Oriental, em Bali--, onde aproveitou para dizer que as missões norte-americanas seriam uma prioridade na política de defesa do Pentágono (Departa-mento de Defesa americano).

Na Austrália, uma das escalas da viagem, Obama anunciou que 2500 fuzileiros navais americanos seriam destacados ao norte do país

para ampliar a presença estratégica dos EUA no Pacífico ocidental.

O anúncio motivou críticas da China, que classificou a medida como inoportuna, num momento em que, segundo Pequim, todos os países devem trabalhar juntos para sair da crise económica.

O Mar da China Meridional, principal foco de tensões na região, abriga as ilhas Spratly e Paracel,

reivindicadas pela China e outros países da área, junto ao que se acre-dita ser uma das maiores reservas mundiais de petróleo, ainda não exploradas.

Filipinas e Vietname, outros dois países que reivindicam parte desses arquipélagos, acusaram a China neste ano de aumentar as hostilidades na região.

A China acusa os EUA de manterem uma “mentalidade da Guerra Fria” e pede às partes em conflito no Mar da China Meridio-nal que negociem directamente com Pequim, sem internacionalizar a questão, o que não impediu que o assunto fosse levado por Obama à mesa multilateral de Bali na se-mana passada, na Cúpula da Ásia Oriental.

O ministro das Relações Exte-riores chinês, Yang Jiechi, reuniu-se na quarta-feira com a subsecretá-ria de Estado americana, Wendy Sherman, a quem pediu que os dois países “devolvam as relações bilaterais ao caminho correcto”. “China e EUA devem respeitar mutuamente seus respectivos interesses e lidar adequadamente com assuntos sensíveis”, destacou.

Chui Sai On foi mauzinho com Florinda Chan. Esperava-se que o Chefe do Executivo coloca-se nas mãos da Secretária uma qualquer medida que adoçasse a boca ao povo e, concomitantemente, a sua desgastada imagem. Mas o líder assobiou para o lado, deixando Florinda Chan sentar-se na Assembleia Legislativa sem nada para dizer. E ela não disse. Não avançou medidas para reformas da Função Pública, nem anunciou os tão desejados aumentos. Carlos Morais José P.17

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4www.hojemacau.com.mo LAG 2012

ENTRE o desejo de esca-par à dependência do

jogo e o medo de matar a galinha dos ovos de ouro, a economia de Macau tem uma relação sensível com os casinos. Para todos, de deputados a Governo, a diversificação é o caminho a seguir. A forma deste conteúdo é que tem muitas interpretações. E ritmos.

No debate das LAG de ontem, no que diz respeito à Economia, quase todos os deputados focaram este pon-to: é preciso diversificar. Para fugir, como afirmou Paul Chan Wai Chi, a “um cresci-mento económico quantita-tivo” refém dos casinos, em vez do “desenvolvimento sustentado” que outras áreas de negócio trazem.

Na intervenção que fe-chou o debate, o secretário para a Economia e Finanças referiu-se com detalhe ao

ECONOMIA SONHA COM DIVERSIFICAÇÃO

O amor-ódio pelos casinos

Nuno G. [email protected]

O Instituto para os Assun-tos Cívicos e Municipais (IACM) aceitou enviar cheques com donativos

para o Centro Comercial Chi Fu, colaborando assim com tempo e meios públicos numa campanha de solidariedade feita por uma em-presa privada. A situação é ainda mais inusitada quando qualquer entidade sem fins lucrativos está impedida de contar com os serviços

Instituição pública entrega cheques a empresa privada

O centro comercial preferido do Governo

tema. “Foi a liberalização do jogo que permitiu à RAEM ter orçamento para investir na diversificação.” Com esta frase, agudiza-se a noção de que os casinos não podem ser hostilizados. Precisam de controlo, claro, mas o território também lhes deve alguma gratidão.

Para Francis Tam, os casinos até estão na linha da frente da diversifica-ção. “Ao estarem cotadas em Bolsa, as seis conces-sionárias do jogo têm de mostrar as suas contas em pormenor. Da análise mais recente que fizemos a esses números, vimos que 28% da sua facturação já vem de ne-gócios alternativos ao jogo,

como hotelaria, restauração e venda a retalho.”

PRODUTIVIDADEVS. EXPORTAÇÃOAinda no âmbito da diver-sificação, alguns deputados deram como exemplo nega-tivo a queda na exportação dos últimos anos. Francis Tam reconheceu-a, mas des-dramatizou o problema. “A exportação diminuiu, mas por condicionantes externas: em 2008, com a abolição das quotas, começou a cair.”

Contudo, segundo os nú-meros que apresentou, a pro-dutividade industrial apenas desceu cerca de um terço da exportação. “Com o desenvol-vimento de outros sectores,

como os serviços, também aumentou a procura interna. Achamos que esta tendência irá manter-se, com os serviços a puxarem a indústria.”

Para ilustrar a tese, deu como exemplo a área de convenções e exposições (como as recentes de iates e automóveis), já com alcance internacional, cuja realização de eventos dinamiza vários sectores associados. Uma área muito estimulada pelo Gover-no, pelo que também deixou um aviso. “A longo prazo, este sector das convenções e exposições tem que crescer alicerçado na sua competitivi-dade, porque o salto que deu deve-se muito aos apoios do Governo.” - N.G.P.

do IACM para apoio logístico na recolha de donativos.

O deputado José Pereira Cou-tinho revelou o caso ontem, na Assembleia Legislativa, durante o debate no domínio da Economia e das Finanças, sobre as Linhas de Acção Governativa de 2012. Ao fazê-lo, pediu explicações ao secre-tário para a Economia e Finanças, presente na sessão.

Francis Tam disse desconhecer o assunto, adiantando apenas que iria analisá-lo em conjunto com outros responsáveis. Desta forma,

qualquer justificação ficou adiada para mais tarde. Quando, é impos-sível saber.

MAIS OLHOS QUE BARRIGAO Hoje Macau falou com Pereira Coutinho na Assembleia Legisla-tiva e pôde observar a cópia de um documento interno do IACM, na posse do deputado, onde se comprova o estranho caso. “Isto não tem explicação. Normalmente, quando há campanhas de solida-riedade, os funcionários do IACM são apenas informados. Se quise-

rem contribuir, nem que seja com 20 patacas, têm que se deslocar à associação em causa.”

A distância a percorrer é com frequência grande e isso desmotiva os potenciais interessados em ajudar. “Desta vez, porém, o IACM resolveu receber os cheques e levá-los ao Cen-tro Comercial Chi Fu. Uma decisão inédita e que ninguém compreende.”

A campanha é da Orbis Macau, uma organização não governamen-tal, e apoia “jovens e crianças ca-renciadas de Macau, de idade igual ou inferior a 16 anos” e “crianças

com doenças dos olhos nas regiões apoiadas pela Orbis”.

No documento interno do IACM, distribuídos pelos seus funcionários, lê-se que “caso o patrocínio seja entregue em cheque, deve ser emitido à ordem do ‘Cen-tro Comercial Chi Fu’ ou ‘Orbis Macau’” e que “o IACM irá tratar de todos os procedimentos relacio-nados com a entrega dos cheques e recibos”. Para concretizar essa entrega, o contacto indicado é a Divisão de Relações Públicas e Imprensa do IACM.

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As promessas de Francis Tam

VICE-MINISTRO DA SAÚDE NA I CONFERÊNCIA DE MEDICINA MACAU-CHINAO vice-ministro da Saúde da China, Huang Jie Fu, vai participar da I Conferência Internacional de Medicina Macau-China e Países de Língua Portuguesa que terá lugar em Macau entre os dias 27 e 30 deste mês. Segundo apurou a agência Lusa, Huang Jie Fu chega no domingo ao território, cumprindo a primeira “etapa” da sua agenda no Centro de Desenvolvimento Médico da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST, na sigla em inglês), onde vai testemunhar o descerrar da placa “formal” da unidade que entrou em funcionamento em Maio, e parte na terça-feira. O vice-ministro da Saúde participará da I Conferência Internacional de Medicina Macau-China e Países de Língua Portuguesa na segunda-feira, proferindo uma intervenção sobre a educação médica na China.

Número de mesas nos casinos vai crescer três por cento ao ano

O jogo que ninguém quer perderECONOMIA EM ABRANDAMENTOFrancis Tam afirmou que o Governo espera um abrandamento do “desenvolvimento económico” do território em 2012, com “crescimento positivo”, embora de “amplitude relativamente reduzida”. O secretário não avançou previsões concretas, mas estima-se que a economia de Macau continue a crescer nos dois dígitos. De acordo com as previsões do secretário, feitas em Setembro, este ano deve verificar-se um crescimento “superior a 10%”. Não obstante o abrandamento, jogo e turismo, bem como as actividades conexas, “deverão continuar a crescer de forma estável, mantendo não só um determinado nível de aumento nas exportações de serviços, nos investimentos e na procura, mas também um valor relativamente baixo da taxa de desemprego local”. Contudo, a economia local “poderá confrontar-se com alguns entraves”, como o “agravamento do ambiente comercial motivado pela eventual recessão da economia mundial e das regiões vizinhas ou o monolitismo da estrutura industrial”.

CHEQUE DO TOTOLOTOA deputada Ho Sio Kam disse que a distribuição pelo Governo da comparticipação pecuniária ajudava os beneficiários, nomeadamente reduzindo os efeitos da inflação, e dinamizava o consumo. Mas depois frisou que havia áreas necessitadas onde o dinheiro poderia ser mais bem aplicado (a saúde, por exemplo), definindo a comparticipação como um paliativo, que estimula a preguiça e é um mau exemplo para os jovens. Afirmou ainda que, havendo cheque, deveria ter um valor associado aos resultados do orçamento, em vez de ser “um totoloto” cujo valor as pessoas tentam adivinhar anualmente. Francis Tam foi lacónico. “Já conheço esses argumentos. Vamos estudar o assunto.”

“NÃO HÁ DESEMPREGO ESTRUTURAL”Vários deputados lançaram farpas sobre a situação dos desempregados, mas Francis Tam desvalorizou as críticas. “O desemprego baixou este ano. Ainda há 9 mil desempregados na RAEM, mas é preciso ver que não são os mesmos. Todos os anos temos pessoas novas na população activa, assim como quem surge desempregado são jovens à procura do primeiro emprego ou pessoas que perderam o trabalho há pouco tempo. Em suma, não há desemprego estrutural em Macau.”

TODOS DEFENDEM CLASSE MÉDIAKou Hoi In defendeu que a maioria das pessoas da classe média está numa idade em que cuida dos filhos e dos pais. “Não poderiam ter um apoio extra por cuidar dos idosos?”, perguntou. Ho Ion Sang juntou-se a ele na defesa da classe média, exigindo apoios concretos. Desafiou o Governo a reduzir impostos e a criar benefícios fiscais para quem dê prova de apoiar instituições de solidariedade. Francis Tam prontificou-se em avaliar os temas, mas contrapôs um argumento. “Com o valor da isenção do imposto profissional actualmente nas 16 mil patacas, é evidente que o Governo se preocupa com esta classe.”

• Manutençãodatendênciaderecuperaçãoeconómica

• Promoçãododesenvolvimentodosectordeconvençõeseexposições

• Reforçodamonitorizaçãodosectordojogo

• Apoioàspequenasemédiasempresas(PME)

• Promoçãodoempregodosresidentes

• Intensificaçãodaformaçãoprofissional

• Melhoriadoprocessodeapreciaçãodospedidosdeimportaçãodetrabalhadoresnãoresidentes(TNR)

• Promoçãodacooperaçãoregional

• Acompanhamentoemelhoramentodaqualidadedevidadapopulaçãolocal

• Aperfeiçoamentodaadministraçãodasfinançaspúblicas

• Consolidaçãodasupervisãofinanceira

• Combateaobranqueamentodecapitaisefinanciamentodoterrorismo

• Reforçodasacçõesdadefesadosdireitoseinteressesdosconsumidores

• Plenoaproveitamentodasoportunidadesdeexpansãointernaseexternas

• Prestaçãodeatençãoredobradaàsnovasevoluçõesnaconjunturaeconómicaefinanceirainternacional

• Empenhonaconcretizaçãoefectivadoposicionamentododesenvolvimentoeconómico

• Promoçãodadiversificaçãoadequadadasindústrias

• Elevaçãodacompetitividadegerallocal

• EmpenhonatransformaçãogradualdeMacaunumcentrointernacionaldeturismoelazer

• Concertaçãoentreaofertaeaprocuraderecursoshumanos

• Impulsionamentodacooperaçãoregionaldosectordeconvençõeseexposições

O início do debate sobre as LAG económicas de 2012 arrancou com um resumo do que vai ser feito, lido

por Francis Tam. O secretário para a Economia e Finanças falou de várias medidas (ver caixa) e, mais tarde, na sua última resposta do dia, abordou o aumento das mesas de jogo em 3% ao ano. Certamente uma coincidência (hoje é a segunda parte do debate), mas sintomática da importância do tema na governação do território.

“Quando celebrámos os contratos com as concessionárias, foram de 20 anos”, começou por recordar. “Es-tamos agora a meio. É o momento oportuno para uma revisão. Houve um crescimento muito brusco do jogo, mas depois de ouvirmos a sociedade e todos os seus sectores, que pediam mais controlo do jogo, estes 3% são o crescimento que o Governo considera indicado.”

Indicado porque deixa as conces-sionárias felizes, mas não muito mais poderosas? “Sendo um crescimento faseado, este número mantém o sector do jogo em desenvolvimento, mas controlado, não se perdendo de vista a necessidade de diversificar a economia.”

Para que não houvesse dúvidas, porém, finalizou com uma declaração clara como água. Daquelas que nem precisam de estudo. “O desenvolvi-mento do jogo deve continuar, porque o contrário poria em risco o próprio crescimento económico da RAEM. O jogo é a sua força motriz actual.”

CAMINHADAS DESUMANASPaulo Chan Wai Chi propôs que os casinos fossem obrigados a ter negó-cios como hotelaria e restauração em espaços físicos afastados das áreas de jogo, como medida para diminuir a existência de jogadores patológicos. Francis Tam disse que ia analisar.

Já José Chui Sai Peng levantou outro problema. Os trabalhadores da função pública não podem ir aos casinos, mas querem ir aos respectivos restaurantes e centros comerciais. Só que, para isso, têm de dar grandes voltas. “São humanos!”, protestou, exigindo uma solução. Desta vez, Tam já tinha o assunto mais do que estudado. “Considerou-se que o mo-delo actual é o melhor.” Antes que o deputado lacrimejasse, deixou-lhe uma palavra amiga. “Sabemos que os casinos estão cientes dessa restrição e já ponderam resolvê-la nos seus novos projectos arquitectónicos.” -N.G.P.

PUB.SEXTA-FEIRA 25.11.2011

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LAG 2012

A Quarta Conferência Internacional sobre “As Reformas Jurídicasde Macau no Contexto Global” – Direitos Sociais e Protecção do Ambiente

Data: 1 e 2 de Dezembro de 2011Língua: Língua Portuguesa e Língua Chinesa, com tradução simultâneaLocal: Auditório HG 03 (Centro de Convenções Ho Yin) da UMOrganização: Centro de Estudos Jurídicos e Instituto de Estudos Jurídicos Avançados, Faculdade de Direito, Universidade de Macau1/12/20111a Sessão – Os Desafios da protecção do Ambiente, Ordenamento do Território e Urbanismo

Wang Zhenmin RPC Progressos Sociais Realizados Mediante o Estado de Direito

Luís Filipe Colaço Antunes Portugal Administração Transnacional e Tutela do Ambiente no Espaço Jurídico Europeu

A.J. Santos Cabral Portugal De direito à segurança à segurança do DireitoSong Ying RPC Amanhã Teremos Água Para Beber?

Mudança do Paradigma da Lei da Prevenção da Poluição da Água na China

2a Sessão – Direitos Sociais e a Protecção do Ambiente Susana Camargo Vieira Brasil Energia na Amazónia: o desenvolvimento

económico vale qualquer preço social?Dun Qun RPC A Protecção do Ambiente por Via Judicial na

China – com Base nas Decisões Judiciais em Casos de Poluição Ambiental

Paulo Canelas de Castro Macau Mutações e Constâncias do Direito Internacional e Europeu do Ambiente

João Albuquerque Macau A protecção do Ambiente, Ordenamento do território e Urbanismo na Lei Básica

Jorge César Campos Rodrigues Simão Macau As Questões Jurídicas da Protecção do AmbienteTong Io Cheng, Lu Dong Juan Macau Responsabilidade Civil por Danos Ambientais –

Focar no Regime Jurídico Respectivo de MacauJosé Eduardo Figueiredo Dias Portugal A protecção do ambiente na Constituição

Portuguesa – em especial, a sua dimensão social2/12/20113a Sessão – Direitos Sociais e o Ordenamento do Território

Carla Amado Gomes Portugal Direitos Sociais e Ordenamento do Território na era das alterações climáticas

Zhou Ke RPC Direitos Sociais e Desenvolvimento Sustentável – Questões de Planeamento Urbanístico e de Problemas Climáticos

Joaquim Adelino Macau Da estagnação histórica às perspectivas futurasLi Han Lin Macau Problemas do Controlo de Crises no

Reordenamento Urbanístico – Inspirações nos Sistema Jurídico da China Continental e de Hong Kong para Legislações de Macau

4a Sessão – Direitos Sociais e o UrbanismoFernanda Paula Oliveira Portugal Urbanismo e sustentabilidade socialZhou Wei RPC Protecção do Ambiente e Ponderação de

Direitos e InteressesJiang Yi Wa, Eva Macau O Interesse Público e o Direito de Participação

no Planeamento UrbanísticoDiogo de Sousa e Alvim Macau Direito ao Ambiente no Sistema Internacional

de Protecção dos Direitos HumanosAlmeida Machava Moçambique Desenvolvimento e Protecção do Ambiente nos

Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa

Registo e informações: 83974768 Angel Mak - [email protected]

AVISO[Nº165/2011]

Avisam-se os arrendatários e seus herdeiros abaixo mencionados que os objectos existentes nas fracções abaixo mencionadas foram, temporáriamente, guardados pelo Instituto de Habitação: Wong Chi Wa – 9ºandar sala G, do Torre B, do Bairro Tamagnini Barbosa, sito na Avenida Artur Tamagnini Barbosa, em Macau; Chan Leong – 21ºandar sala A, do Torre C, do Bairro Tamagnini Barbosa, sito na Avenida Artur Tamagnini Barbosa, em Macau; Ng Pou Un – 3ºandar sala M quarto B, do Edifício Jardim San Pou, sito na Praça das Portas do Cerco, em Macau; Kam Hing – 8ºandar sala nº804, do Edifício D. Julieta Nobre de Carvalho C, sito na Avenida Artur Tamagnini Barbosa, em Macau; Fu Fong Iau – 9ºandar sala CH, do Edifício Cheng Chong, da Habitação Social da Ilha Verde, sito na Estrada Nova da Ilha Verde, em Macau; Ng Chun Chun – 33ºandar sala CB, do Edifício Cheng Chong, da Habitação Social da Ilha Verde, sito na Estrada Nova da Ilha Verde, em Macau; Chong Chiu – 12ºandar sala Q, do Edifício Fai Fu, da Habitação Social do Fai Chi Kei, sito na Rua da Doca Seca, em Macau; Vong In – 8ºandar sala E, do Bloco 17, do Edifício San Seng Si Fa Un, sito na Avenida Artur Tamagnini Barbosa, em Macau; Caso queiram reclamar os referidos objectos, deverão dirigir-se à Divisão de Fiscalização Habitacional do IH, sita no nº 102 da Travessa Norte do Patane, no prazo de 30 dias, a contar da publicação do presente aviso. Se não reclamarem os objectos acima mencionados dentro do prazo estabelecido, o IH tratará, como melhor entender, os mesmos.

Macau, aos 21 de Novembro de 2011

A Presidente substituta,Kuoc Vai Han

LEI DE IMPRENSA E RADIODIFUSÃO ESTÁ A ESCRUTÍNIO PÚBLICOO director do Gabinete de Comunicação Social (GCS), Victor Chan, referiu ontem que os serviços deram início aos procedimentos de revisão da Lei de Imprensa e Lei de Radiodifusão e afirmou que a consulta pública, através do modelo de Votação Deliberativa, constitui uma das etapas do processo de revisão, sublinhando que o Governo espera, por meio de métodos científicos, permitir o debate de opiniões e aspectos relacionados com a revisão das duas legislações, no seio do sector e da sociedade. A Votação Deliberativa terá lugar no próximo dia 4 de Dezembro com dois grupos, sendo um público e outro profissional. Na altura, os residentes e os profissionais da comunicação social serão distribuídos aleatoriamente em pequenos grupos, para debater sobre o tema e o projecto.

Nuno G. [email protected]

“EU fui a um restaurante um destes dias e quando entrei

subi para uma sala no primeiro andar. Não vi ninguém, mas as mesas tinham campainhas. Toquei, apareceu um empregado. Ouviu--se outra campainha e lá foi ele embora. Tive que tocar outra vez.” E, provavelmente, teve que tocar muitas mais vezes.

Esta singela história foi contada ontem na Assembleia Legislativa, durante o debate das LAG para Economia e Finanças, por Sio Chi Wai. O deputado ilustrou assim os problemas em arranjar pessoal com que se debatem os restaurantes de menor dimensão, tal como todas as pequenas e médias empresas (PME) do território.

O coro de lamentos pelas difi-culdades das PME juntou sensibi-lidades de todos os quadrantes, de Ho Ion Sang a Ho Sio Kan. Um dos mais inflamados foi Mak Soi Kun, que quando abordou o assunto até citou a Wikipedia para definir este

DEPUTADOS PEDEM APOIO PARA AS PME

Pequenas mas com muitos fãstipo de empresa. E, por momentos, secundarizou os casinos na história recente. “Foi também graças às PME que recuperámos da crise financeira.”

Relatou então o caso do cons-trutor que, não sendo dono de uma grande empresa, já tinha pago as subempreitadas de uma obra, sem receber o valor de apoio combinado com o Governo. Depois questionou Francis Tam sobre atrasos neste tipo de pagamentos. O secretário para a Economia e Finanças ad-mitiu a hipótese de falhas. “Cada vez há mais contratos, mais obras públicas e mais complexidade nas adjudicações.”

UM MUNDO DE AJUDASMak Soi Kun falou abundantemen-te sobre os problemas das PME e pediu também uma abundância de ajudas: para concorrerem às

grandes obras, para os empresários terem formação como gestores e, até, para serem despenalizados quando contratam trabalhadores ilegais. Francis Tam deu a resposta clássica: vamos estudar, vamos ponderar, vamos analisar.

Lau Veng Seng, por sua vez, realçou o drama da concorrência de empresas estrangeiras de enor-mes recursos, com a dificuldade unanimemente reconhecida em oferecer salários competitivos e cativar pessoal.

Depois lançou a ideia, já testada com êxito noutros países, de sub-sidiar PME que contratem pessoas com deficiência (para ultrapassar os custos, por exemplo, de criar ram-pas e outras condições apropria-das). Uma solução “dois em um”, já que também se criaria emprego a uma classe mais vulnerável.

Por fim, pediu outros subsídios, mais alargados, para despesas com modernização das PME, conde-nadas a ficar para trás sem recon-versão às exigências do presente. Francis Tam voltou a prometer estudo afincado. E, num acesso de generosidade, um bocadinho de intensificação nesse processo.

Durante as respostas, o secre-tário para Economia e Finanças lembrou sempre que o Governo já possui um pacote alargado de benesses para estimular as PME. No que dependesse do deputado Kou Hoi In, tais palavras nem eram precisas. “Eu queria elogiar o Governo. Não é dar graxa, é ser sincero. Porque já criou muitas medidas que, directa ou indirec-tamente, apoiam as PME.”

SEXTA-FEIRA 25.11.2011

8www.hojemacau.com.mo SOCIEDADE

Virginia [email protected]

AS obras na via que estão a ter lugar na Avenida de Horta e Costa foram palco da introdução

de um novo dispositivo de segurança: sinais lumi-nosos direccionais alimentados a luz solar. Chong Chi Keong, chefe da divisão de coordenação da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfe-go (DSAT), avançou que a solução será em breve aplicada noutras zonas da cidade.

O responsável da DSAT explicou que a novidade surgia a par de um maior esforço de coordenação com o empreiteiro responsável pela obra para introduzir linhas directrizes de segurança e aumentar a prevenção da acidentes

na construção em causa. Em nome do seu de-senvolvimento futuro, Macau precisa agora de submeter-se a uma série de obras urbanas, para substituição de tubulações de esgoto, etc. Para proteger a segurança de peões e condutores, a DSAT comprometeu-se a instalar toda a sina-lização luminosa e outra julgada conveniente, explicou Chong Chi Keong.

Uma série de residentes se havia queixado de indicações de trânsito ambíguas. Chong Chi Keong contrapõe que desde a sua criação, a DSAT se tem empenhado em supervisionar a conduta dos empreiteiros envolvidos em obras na via para melhorar a colocação de instruções de trânsito. A situação tem vindo a melhorar, na opinião do responsável.

Joana [email protected]

DUAS dezenas de turistas ficaram ontem à porta do restaurante

onde jantaram, no Fai Chi Kei, depois de lhes ter sido dito que não tinham hotel em Macau para passar a noite.

No local, onde esteve o Hoje Ma-cau, segundo os cidadãos do interior da China, a agência de viagens que vendeu o pacote da visita guiada ao território incluía estadia. Contudo, no final da refeição, a guia turística disse que os visitantes teriam de regressar ao continente.

Já numa nota de imprensa que se refere ao caso, a história escreve--se de forma diferente: os visitantes apresentaram queixa por insatisfação com o itinerário turístico e, no final

Gonçalo Lobo [email protected]

A Rua Belchior Carneiro parece estar em voga. Depois das escavações arqueológicas que ali

têm lugar e terminam durante o próximo ano, o Hoje Macau foi perguntar à Direcção dos Servi-ços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) o porquê da existência de inúmeros autocarros de turismo que ali parqueiam e causam o caos naquela artéria. “Com o aumento do número de turistas nos últimos anos e, condicionada pelo seu arruamento estreito, a zona sofre de engarrafamento de trânsito e de dificuldade de mobilização,

DSAT procura soluções para o trânsito da Belchior Carneiro

Caos no Centro Histórico

tantos para os veículos como para os residentes e os peões”, reconheceu a DSAT.

A zona, envolvente às Ruínas de São Paulo, faz parte do Centro

Histórico de Macau e é ponto de interesse para quem visita o território. Contudo, a DSAT não aponta, para já, qualquer solução para o problema. “Está a decorrer

um estudo, sobre o planeamento geral da parte central [Ruínas de São Paulo] e da zona envolvente, realizado pelo Governo da RAEM mediante um grupo de trabalho inter-serviços”, afirmou aquela direcção.

O intuito, garantiu-nos a DSAT, é “de uma forma global, melhorar a qualidade do ambiente em volta das Ruínas de S. Paulo”, protegen-do e valorizando a herança cultural histórica.

O estudo pretende remodelar os recursos turísticos e culturais da zona, alcançando “um balanço entre a preservação dos valores históricos culturais e o desenvol-vimento da economia”.

Fica a promessa de que a DSAT

“manterá uma comunicação próxi-ma com a polícia”, reforçando a au-tuação das infracções rodoviárias e regularizando o fluxo de trânsito naquela zona.

ESTACIONAMENTO VS. VESTÍGIOS ARQUEOLÓGICOSOs planos iniciais do Governo para aquela zona nunca reuniram consenso. As autoridades preten-diam, e há quem diga que ainda pretendem, abrir espaço para o parqueamento de autocarros de turismo, ideia que não agradou aos moradores.

Com a descoberta de vestígios arqueológicos de importância para a história de Macau – que serão divul-gados depois de terminada a última fase de escavações durante o próximo ano -, o Governo decidiu, pelo menos por agora, cancelar a obra.

Cancelada ou não, a solução não aparece. Os autocarros de turismo continuam a estacionar naquela rua, provocando o caos no trânsito daquela zona.

MAIS UM CASO DE CONFLITO ENTRE TURISTAS E GUIAS

Dormir em Macauno itinerário

TECNOLOGIA TRAZ MAIS LUZ SOBRE A SEGURANÇA RODOVIÁRIA

Energia solar vai iluminar alguns sinais

do dia, solicitaram estadia num hotel de Macau, tendo a guia referido que tal não estava previsto no programa. Os membros da excursão decidiram, então, apresentar queixa à Direcção dos Serviços de Turismo (DST) e exigiram que a agência turística da RAEM pagasse uma indemnização de cinco mil patacas a cada um.

A confusão durou, pelo menos, até cerca das duas da manhã. Dado o avançado da hora, os turistas não podiam regressar à China pelas Portas do Cerco. A polícia e uma ambulância – que foi assistir uma das turistas que se sentiu mal – foram de imediato cha-madas ao local, onde estaria também uma responsável da DST.

No final, a agência de viagens providenciou um hotel para o grupo pernoitar em Macau, tendo pago 300 patacas a cada um dos turistas.

Ontem, ao fim da tarde, a DST emitiu um comunicado, onde disse estar a acompanhar o caso e prometeu agendar encontros com as organiza-ções do sector de turismo locais e as autoridades do turismo do interior da China, para discutir o problema.

A DST solicitou aos visitantes o preenchimento de um formulário a apresentar queixa, mas estes rejei-taram.

GONÇ

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LOBO

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HEIR

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SEXTA-FEIRA 25.11.2011

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Joana [email protected]

SE gostava de aprender danças folclóricas ou mandarim, então esta notícia é para si. O

Centro de Difusão de Línguas (CDL) vai abrir os dois cursos para quem não fala chinês. Os residentes de Macau que tenham o bilhete de identidade do território podem ainda usufruir do subsídio de 5000 patacas que o Executivo oferece com o “Programa de Aperfeiçoamento e Desenvolvimento Contínuo”.

Os cursos estão inseridos na mais recente actividade organizada pela Direcção dos

Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) – “Semana de Aprendizagem Contínua”-, que começa este sábado e se prolonga até ao dia 2 de Dezembro.

Ontem, Cheong Kuai San, director do Cen-tro de Educação Permanente da DSEJ explicou aos jornalistas que este ano há mais de 60 tipos de actividades – de palestras a exposições ou workshops -, mais ou menos profissionais, con-soante as preferências.

Aulas de balão, culinária, medicina tradicio-nal chinesa ou sessões de leitura infantil e para adultos são alguns dos itens que constam na lista do que se pode fazer, mas há mais. Aulas de Tai

Chi e QiGong para idosos, artesanato ou cursos de informática e... iPhone.

Se sabe falar chinês, pode aproveitar todas as actividades, mas se não domina mais do que a língua lusa ou inglesa, então tem de se limitar aos cursos do CDL. As aulas de dança folclórica têm início no próximo dia 30 e estendem-se até dia 22 de Fevereiro do próximo ano. Já o curso de mandarim começa a 13 de Dezembro e termina um dia depois do curso de folclore. Ambos têm duração de duas horas e têm lugar dois dias por semana.

As inscrições poderão ser feitas no CDL, que conta, então, com o apoio financeiro de 5000 patacas do Executivo.

Gonçalo Lobo [email protected]

AO meio-dia, Ash-ley Fruno, activis-ta da organização não-governamen-

tal PETA (Pessoas pelo Tra-tamento Ético dos Animais), apareceu no Leal Senado – “onde se cruzam milhares de turistas” - com o seu corpo semi-nu e pintado de verde, lembrando uma “cobra”.

A iniciativa, que visa a luta contra a morte cruel dos animais exóticos, criou logo curiosidade a quem ali pas-sava com diversas pessoas a querem tirar fotos com a conhecida activista. “Espero que a minha pele nua possa salvar a pele dos animais”, referiu Ashley.

A campanha da PETA envolveu apenas duas pes-soas, Ashley pintada e a segurar um cartaz com a frase “Os animais sofrem por causa das peles exóticas”, e Rebecca Chui que distribuía panfletos aos jornalistas e a quem por ali passava. “Este slogan já percorreu outras cidades da Ásia. A PETA quer que os turistas e os habitantes de Macau saibam que os animais exóticos são esfolados vivos ou mortos de formas cruéis, tudo por cau-sa da sua pele.”, disse Ashley Fruno ao Hoje Macau.

Algumas marcas inter-nacionais já concordaram em deixar de fabricar pro-dutos com peles de animais exóticos, mas ainda existem outras, como a Hermès, que continuam a lucrar à custa dos “pobres” animais. “Numa cidade como Macau, onde as grandes marcas da moda estão presentes, penso que a nossa acção pode ter sucesso”, explicou.

Ashley, que corre o mundo a lutar pelos animais, é já uma figura mediática neste tipo de manifestações. Já foi presa várias vezes – como sucedeu em Sidney, na Austrália, numa manifestação contra a KFC

DSAL E CPSP ENCONTRAM 61 TRABALHADORES ILEGAIS EM OUTUBRODados estatísticos relativos ao combate de trabalhadores ilegais, revelam que, durante o mês de Outubro, o Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) e a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) fiscalizaram 277 locais onde encontraram 61 trabalhadores ilegais. A CPSP fiscalizou 254 locais onde encontrou 56 trabalhadores ilegais. A DSAL fiscalizou 22 locais e encontrou 5 trabalhadores. Na única acção conjunta, as autoridades não encontram qualquer pessoa a trabalhar de modo ilegal. Na sua maioria, as operações de fiscalização foram concentradas em obras de construção civil, residências e estabelecimentos comerciais e industriais.

DSEJ PROMOVE ACTIVIDADES DE APRENDIZAGEM CONTÍNUA DURANTE SETE DIAS

Portugueses só têm duas hipóteses de escolha

PETA pára Leal Senado com modelo semi-nua em luta pelos animais exóticos

Despida para proteger

pela forma como as galinhas são mortas - por acreditar naquilo que considera ser “um direito inalienável” dos animais. “Isto parece não ter fim. Anualmente milhões de animais são alvo de uma cruel-dade inqualificável, tudo para

que a indústria da moda possa fazer malas, cintos e sapatos.”

Recentemente, a PETA desenvolveu uma investi-gação sobre o comércio de animais exóticos – que pode ser visto em filme na Internet -, alegando que os répteis

são esfolados vivos. “Todos os anos, milhões de animais, como cobras e lagartos, são alvo de torturas para darem origem a botas, cintos, malas e outros artigos de moda”, alerta a organização no seu comunicado.

O vídeo, que o Hoje Macau testemunhou, cria agonia. As imagens mos-tram lagartos moribundos a tentarem respirar o que podem, depois dos seus pescoços serem cortados só porque sim. Aparente-

mente tudo se passa aqui ao lado, na Indonésia, onde trabalhadores recorrem a bombas de água para separarem as entranhas dos animais da sua pele, enquanto estes ainda estão vivos.

SEXTA-FEIRA 25.11.2011

10www.hojemacau.com.mo ENTREVISTA

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Padre João Eleutério, vice-reitor da Universidade de São José

“A Igreja em Macau corre o risco de mais tarde ou mais cedo não ter padres locais”COM a participação

de mais de 70 vo-luntários, maiorita-riamente lusófonos,

prossegue no Paço Episcopal, até Janeiro, o Curso de Forma-ção Cristã, dado pelo Padre João Eleutério, vice-reitor da Universidade de São José. Nes-ta entrevista, o padre aborda alguns desafios da Igreja Ca-tólica em Macau e no mundo.Como contextualiza os objectivos do Curso de Formação Cristã que decorre no Paço Episcopal?Existe uma história, neste caso desde os anos 30/40 do século XX, na lógica da chamada Acção Católica, englobando movimentos de formação e acção laical. Todos eles actuando sob o método “ver, julgar e agir”, onde aparecem os tais “Cursinhos de Cristandade” que, na prática eram acções muito intensas. Isto para dizer que este curso que agora acontece é introdutório, um género de provocação-vocação no sentido de chamar as pessoas a quererem algo mais, a desejar que aprofundem o que é a sua vocação baptismal, a sua vocação cristã.Existiu alguma prévia selecção dos participantes?Nenhuma. Quem quiser vem. Inclusivamente, na missa de domingo já avisei que as pessoas estão à vontade para irem quando quiserem e puderem, até porque cada uma das unidades deste curso é autónoma, embora se completem.O curso é destinado principalmente a lusófonos?Assim é em relação a este. Se bem que gostaria que fosse replicado noutras línguas. Tenho forte esperança que iremos realizar.Reparemos nos temas incluídos: “O cristianismo no mundo”, “Jesus Cristo, o verbo de Deus”, “Os gestos salvíficos de Jesus Cristo”, “As atitudes de Jesus Cristo” e “Desafios actuais

SPORTINGUISTA DE BOM HUMORJoão Marques Eleutério foi educado em Portugal e em França, onde se doutorou em Teologia e também em História das Religiões. Está ligado, desde 2002, à Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, onde foi secretário entre 2004 e 2009. A sua vocação primeira terá sido a medicina, inquietava-o, como afirma sempre o inquietar, o sofrimento das pessoas. Inclusivamente revoltou-o o facto de a generalidade dos colegas estudantes que diziam querer ser médicos o desejassem por motivos de posição social e poder financeiro. Essa revolta levou-o a falar com um padre. Desse diálogo, acabou por, aos 18 anos, ingressar no Seminário, sendo ordenado padre em 1994. Há dois anos em Macau, assumiu a coordenação da Escola de Estudos Cristãos na Universidade de São José, onde também é vice-reitor. Conhecido como forte adepto sportinguista, frequentemente dá mostras de irresistível humor. De espírito aberto, muito eloquente e de vasta cultura, tem conquistado imensas simpatias na região, inclusive fora do âmbito da Igreja. Em três etapas distintas, mas que se complementam (18 a 25 de Novembro, 2 a 9 de Dezembro e a 13 de Janeiro) dirige, no Paço Episcopal, o Curso de Formação Cristã, destinado a todos aqueles que queiram participar.

da Igreja”. Peço-lhe que faça algum detalhe, parecendo-me que este critério temático obedece a uma lógica...Uma lógica como outra qualquer. Eu sou um pouco marcado pela filosofia do Ortega y Gasset, a do “homem ser a sua circunstância”. A primeira coisa que acho ser importante para termos consciência da sua circunstância, e daí a explicação do primeiro tema, é a noção de sermos históricos, estarmos inscritos numa história. Os cristãos não podem negar essa realidade. Daí falar da expansão do cristianismo, mas na prática uma tentativa de situar o cristianismo em termos de acontecimento no tempo e no espaço. No fundo, explicar a existência de diferentes famílias cristãs; preciso da história para mostrar como aparecem uns cristãos que são chamados coptas, uns que

são chamados nestorianos, outros ortodoxos, outros católicos, outros luteranos, evangélicos... É muito positivo tomarmos noção da diversidade das confissões cristãs.Outro tema deste Curso de Formação Cristã, que será falado em Janeiro, evoca os “desafios actuais da Igreja”. Podemos começar pelos desafios da Igreja em Macau.

Pessoalmente, um dos principais desafios que a Igreja enfrenta em Macau é o do compromisso, do empenho do laicado em termos de ser igreja. Vivemos aqui uma situação complicada, correndo-se o risco de mais tarde ou mais cedo não termos padres. Ou seja, termos padres vindos de fora, importados, padres que não são locais. Para manter as suas estruturas a igreja vai

ter de apostar num laicado não apenas esclarecido, mas formado numa consciência da responsabilidade de ser Igreja, responsabilidade de serviço aos outros e com os outros. Nessa perspectiva de ser Igreja, também de como cooperar com a sociedade dita civil.E no geral, quais são realmente os desafios da Igreja que irá mencionar no curso?

Depois de ouvir os participantes, irei fazer uma enunciação de questões, algumas já mencionadas nesta conversa, tais como o diálogo inter-religioso, a formação do laicado e dos agentes pastorais, as linguagens em que dizemos a fé, a família, um conjunto de temas a que vale a pena dedicar atenção.Actualmente existem várias polémicas sobre o conceito de família, que começou por ser o pai, a mãe e os filhos. Quando falar aos participantes sobre a família, o que lhes vai dizer?Depende de como perguntarem. Uma das coisas interessantes nesta assembleia é a diversidade da faixa etária.Neste curso fala-se de ecumenismo?Já falei, sim. O objectivo do ecumenismo, um desafio da Igreja católica contemporânea, é a esperança de se conseguir essa plena comunhão que já se viveu, com as respectivas diferenças, por certo. Porque há algo que já une os cristãos: a pessoa de Jesus Cristo. Quando um católico fala do objectivo da plena comunhão, significa a vontade de um dia partilharmos a mesma mesa da eucaristia. Isso pode demorar bastante tempo porque exige não apenas boa vontade, mas também o que nós chamamos o diálogo da verdade, ou seja a expressão para falar do diálogo teológico.São saudáveis as nítidas diferenças entre cristãos?Acabam por ser saudáveis. Essas diferenças é que permitem a diversidade que dá a vida aos corpos. Se o cristianismo é esse corpo...Mesmo as diferenças ao nível da liturgia?Há formas e situações diferentes da celebração. Já tive a alegria e o desafio de participar em alguns encontros ecuménicos. Houve um, em Lisboa,

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com Helder Fernando

Padre João Eleutério, vice-reitor da Universidade de São José

“A Igreja em Macau corre o risco de mais tarde ou mais cedo não ter padres locais”onde me pediram para ser o observador católico numa assembleia de cristãos evangélicos. Colocaram-me numa situação complicada entre aspas, ao me pedirem que orientasse a oração da manhã. Nós, católicos, temos aquilo tudo estruturado, o nosso breviário, as nossas orações são todas programadas, embora haja espaço para a espontaneidade. Ora eu estava ali diante de uma assembleia que, tendo a sua programação, está habituada a abordagens diferentes da palavra de Deus. Tive de adaptar-me; os bons resultados devem-se bastante a eu ter conhecimento de alguns cânticos que sei terem origem neles. Aproveitei dois cânticos que nós católicos também assumimos e, dado que os salmos são

Macau e por impedimento da figura que estava destacada, testemunhei factores muito interessantes nesta matéria. E também deu para detectar divisões importantes no âmbito do chamado protestantismo; ou seja a existência de uns mais históricos, mais tradicionais, outros menos. Há um fenómeno semelhante na Igreja católica, uns são mais conservadores, outros menos. Como reflecte sobre a denominada Igreja Patriótica da China?Vou falar assim: A nível da Igreja católica na China, a questão ecuménica não é ainda vivida, se me é permitida esta expressão. Terão outras preocupações. Além de que há imensas dificuldades de formação. A grande prioridade actual,

a que nós chamamos as expressões do galicanismo; dizemos assim porque foi quase sempre em França que surgiram estas revindicações sobre a autonomia duma igreja local em relação a uma igreja sediada em Roma. Também poderíamos falar do ultramontanhismo na Igreja, na circunstância a Igreja de Roma. Uma das prerrogativas que todas as igrejas marcadas pelo galicanismo perfilham, é o privilégio de nomearem os bispos, e não ser o Vaticano a fazê-lo. Isto, para além de todas os outros problemas sobre o reconhecimento de estados, o que envolve a questão de Taiwan que já foi um centro de grande expansão missionária, e que de certa forma é reconhecido pelo Vaticano, mas não reconhecido pela China, como se sabe. Não sou grande perito nesta matéria, até porque não leio chinês, mas entendo que existe uma série de elementos históricos que ajudam a percebermos alguns factores desta questão.Ouve-se falar que o islamismo está em expansão. Concorda?Não é correcto isso que muitas vezes se ouve. Não é o islão que está em expansão. Na verdade é o cristianismo, pela expressão evangélica, que está em franca expansão. Não propriamente o catolicismo. O catolicismo é como que uma espécie de exército convencional, enquanto que os evangélicos não são bem assim, sobretudo as igrejas baptistas que formam como uma espécie de guerrilha, tudo isto no bom sentido obviamente. Porque caminham, vão andando para o meio do mato, criam a sua comunidade, etc. Actualmente, nós católicos, para termos alguém destinado a ir para o meio do mato, por exemplo, tem de cumprir cinco anos no seminário e tudo isso.

PUB

os documentos que são contemporâneos da redacção dos Evangelhos, e li ainda imensos contributos. Por que razão vou ler um livro baseado em outros para criar uma ficção?Em Portugal chegou a ser capa de jornais pelo facto de não baptizar crianças com o nome de Lucílio, por ser esse o nome de um árbitro que prejudicara o seu clube do coração que é o Sporting. É verdade? O Sporting foi “roubado” nesse jogo da final de uma Taça da Liga. O árbitro foi Lucílio Baptista inventou uma grande penalidade a favor do Benfica. Aprecio muito o bom humor e sou muito brincalhão.

Por vários factores, concorda que parece notar-se algum arrefecimento ou alguma indiferença em relação aos chamados ensinamentos da Igreja?Sim, num certo aspecto. Por outro lado, nós também percebemos que quem não é indiferente possui um grande fervor; às vezes em pessoas inesperadas. De facto não temos aquelas massas, aqueles números que compunham a tal cristandade, isso já não existe. Mas, realmente, há uma Igreja que faz um caminho de redescoberta de que, se calhar, a sua vocação é a de ser pobre, a de ser uma Igreja despida. Nesse sentido, não

me envergonho de pertencer a uma Igreja que, como alguns dizem, sofre as vicissitudes de um arrefecimento de muitos dos seus simpatizantes; mas não partilho muito dessa opinião. Essa ideia do arrefecimento é a de alguém que olha para a Igreja Católica com os óculos do Ocidente. Já leu o livro de José Rodrigues dos Santos, “O Último Segredo”?Não li nem vou ler. Já me bastou ter lido aquele do Dan Brown. Como diz o povo, para esse peditório já dei. Conheço literatura apócrifa, quando estudamos teologia, estudamos a Sagrada Escritura, somos também obrigados a estudar

A nível da Igreja católica na China, a questão ecuménica não é ainda vivida, se me é permitida esta expressão. Terão outras preocupações. Além de que há imensas dificuldades de formação. A grande prioridade actual, pelo que percebemos, é ao nível da formação. Da nossa parte, que estamos no exterior do continente chinês, não sabemos que nível de formação eles tiveram.

património comum, peguei no Salmo 118, um cântico da Páscoa, digamos assim, cantei, cantámos, e no final, eu tinha escolhido um pequeno excerto do capítulo 17 do evangelho segundo S. João, no fundo a oração da unidade, disse umas palavrinhas à volta do tema e rezámos o Pai Nosso que também é património comum. Foi muito útil ter um certo conhecimento de ambas as tradições. Também muito recentemente, num fórum ecuménico realizado na Indonésia, em Manado, enviado como representante dos bispos europeus, pelo simples facto de estar em

pelo que percebemos, é ao nível da formação. Da nossa parte, que estamos no exterior do continente chinês, não sabemos que nível de formação eles tiveram. De resto, o Bispo de Macau participa numa comissão no Vaticano que tem justamente essa preocupação. A questão da chamada Igreja Patriótica da China não é original dentro da realidade da China dos séculos XX e XXI, até mesmo desde a Idade Média, no tempo da chamada Querela das Investiduras, que tem havido este afrontamento entre o tal poder temporal e o poder espiritual. Ou aquilo

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12www.hojemacau.com.mo CULTURA

Grupo de Singapura apresentaarte moderna no Armazém do Boi

Partilhar com arte

ABRIR a porta dos conhecimen-tos – uma frase de sabedoria

chinesa que explica o alvo da ex-posição do fotógrafo chinês Hou Yuanchao. Intitulada “Um Século do Palácio e Jardim Imperiais”, a exibição patente no Museu de Arte de Macau revela 70 trabalhos artísticos do fotógrafo. O conjunto da obra retrata diversos aspectos da Cidade Proibida.

Em jeito de viagem virtual, os visitantes podem passear pelo Palácio de Verão, Antigo Palácio de Verão, Túmulos Orientais Qing e pelo Templo das Nuvens Azul-Celeste. Yuanchao guia-nos ainda numa visita à família im-perial da Corte Qing e aos seus jardins e aposentos imperiais. Apesar de representarem apenas uma pequena parte da Cidade Proibida, os trabalhos despertam a imaginação sobre um local que foi durante séculos vedado ao cidadão comum, envolvendo-o em mistério e fantasia.

A quem visitar a exposição é dada a oportunidade de tes-temunhar a grandiosidade dos imponentes salões, pavilhões, templos, portas e passagens, po-

UMA VISITA À CIDADE PROIBIDA PATENTE NO MUSEU DE ARTE DE MACAU

Mostrar a história

Lia [email protected]

UM grupo heterogéneo veio de Singapura a Macau para daqui tirar fontes de inspiração para

performances a solo, amanhã, no Armazém do Boi. São sete artistas que utilizam métodos híbridos para as suas criações artísticas, com-binados com processos e práticas experimentais – e estão aqui para partilhar. Para o curador Lee Wen, é uma forma de quebrar barreiras e a rigidez da arte. O grupo veio integrar o Macau International Performance Art Festival (MIPAF) e participar no Festival Fringe.

O Hoje Macau foi ao encontro do grupo para descortinar um pedaço de um espectáculo de duas horas no palco. No final, o público é con-vidado a questionar e a interagir com os artistas. Nas intervenções que se oferecem, pode-se descobrir o mundo e o ‘background’ de cada um dos ‘performers’.

Eles vão abordar os temas so-ciais com base nas suas experiências pessoais – desde experiências de in-fância e as privações que constroem a narração de um agora adulto ao uso da voz, do som e do corpo para dar forma à imaginação. Há ainda um intercâmbio entre as pessoas e o ambiente urbano em que estão inseridas, conflitos de géneros e linguagem e o estado de alienação e de oscilação entre tempo e espaço.

Lee Wen descreve os artistas como a nova geração de criativos de Singapura, “porque estão mo-tivados e interessam-se por arte e não seguem os ensinamentos rígidos que as escolas transmi-tem”. O segredo da cultura está em desenvolver e acompanhar os tempos, segundo o curador. “Eles estão à procura de um caminho, querem experimentar e que quero ver o que eles fazem”, diz.

Para criar é preciso tomar riscos e não dar as coisas como seguras. O grupo fala da emancipação das mulheres, de uma revolução

sexual com retratos de homosse-xuais. “Não é a arte que muda, é a sociedade e a visão que vamos tendo dela”, exprime. Espectáculos a solo, porque se quer pronunciar a linguagem do individualismo e mostrar que o mundo moderno está diferente e que cada um tem direito a escolher o que quer ser.

Grace Jean, uma especialista no improviso e do escândalo, vem “dar um abanão na sociedade”, prometendo ser desconfortável na abordagem dos tempos que se vivem. “Improvisar é um desafio, mas cria uma dinâmica e uma si-nergia com o espectador. Não vou poupar a sociedade”, garante. Se esta ‘performer’ sabe o que vai fa-zer, há quem ainda esteja a pensar. A promessa é ter violência sexual, frustrações, geografia e o ambien-te, tudo num mesmo espectáculo. Como referiu Marla Bendini, outra das artistas, dos dias que vão pas-sar no território “tudo se resume a apenas um dia, que será de grande intensidade”, frisa.

dendo apreciar a arte esculpida na pedra e a magnificência das muitas relíquias. As fotografias também se estendem aos jardins circundantes.

A porta é o elemento que se repete. Perguntando o porquê, o

artista responde com a sabedoria chinesa. “Se quisermos conhecer o interior das coisas temos que abrir e atravessar a porta”, explica Yuan-chao. A exposição abriu as portas na quarta-feira no Museu de Arte

de Macau e vai estar patente até dia 11 de Março do próximo ano.

O artista confessou-se um apaixonado pela cultura e história chinesa, que sendo rica deve ser mostrada ao mundo. A ideia de

vir a Macau teve origem numa mensagem deixada por um visi-tante da exposição quando esta estava a ser exibida em Pequim. “A mensagem dizia que eu devia mostrar as fotografias noutros países e regiões”, explicou. Do recado ficou a vontade de mostrar a toda a população chinesa e não só a sua própria cultura. “Quis trazer a Macau as construções que compõem também a sua história, num mistura de técnica ocidental”, conta.

Tudo foi feito utilizando a recuperação de uma técnica tra-dicional, vinda do Ocidente, de impressão de provas em platina – técnica primordial da impressão fotográfica muito pouco usada hoje em dia, mas com resultados expressos no aumento da densi-dade e espessura da imagem, para além da extensão da durabilidade do papel.

As fotografias foram tiradas entre 2004 e 2006, encomendadas pela Forbiden City Press e Museu Haidian de Pequim com vista a integrarem um álbum dedicado a celebrar a cidade proibida, publi-cado pela Forbiden City Press. – L.C.

SEXTA-FEIRA 25.11.2011

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MANUEL ALEGRE HOMENAGEADO EM NÁPOLESO escritor Manuel Alegre será o convidado de honra, hoje, em Nápoles, Itália, do lançamento do projecto “Visões & Paixões Napolitano-Portuguesas”, uma iniciativa de uma rede de entidades culturais napolitanas, dinamizada pela Associação Cultural Kolibri e por Maria Luísa Cusati, tradutora da obra do poeta em Itália. O projecto “Visões & Paixões Napolitano-Portuguesas” visa desenvolver um percurso cultural e didáctico, especialmente dirigido a jovens artistas da licenciatura em Ilustração da Academia de Belas Artes, através da ilustração de textos de Manuel Alegre pelos alunos, que depois participarão com os seus trabalhos num concurso, a realizar em Maio de 2012, findo o qual será escolhido, por um júri, o trabalho a publicar numa edição bilingue pela Editora Sinnos.

Lia [email protected]

A ‘passerelle’ está a ser montada. Um frenesim de técnicos e organizadores preparam a primeira edi-

ção do Macau Fashion Link (MFL), que vai ter lugar amanhã no Albergue SCM. Macau vai ser palco da estreia do evento de moda que pretende afirmar-se como plataforma cultural e comercial para a promoção das criações com marca lusófona em mercados emergentes como China e Brasil.

Os modelos são todos inter-nacionais, com a excepção de um local, e vão vestir as novas colecções Primavera/Verão de estilistas lusó-fonos. A lusofonia está no nome do espectáculo, L Show, e nos designers que vêm de Portugal, Angola, Brasil e, claro da RAEM. São sete os cria-dores convidados a mostrar as suas criações que vão estar na moda na próxima época.

Macau Fashion Link é uma criação do produtor de moda Paulo Gomes, fundador da Moda Lisboa, que uniu forças com designers locais para explorar o papel da Região Ad-ministrativa Especial chinesa como plataforma entre a China e os países de língua portuguesa. “Há dois anos vim a Macau e pensei que era o sítio ideal para tentarmos juntar a criação de moda falada em português, com valores da região, do Brasil, Angola, Portugal, e depois juntarmos Mo-çambique, Cabo Verde, Timor-Leste

Macau Fashion Link estreia-se nas ‘passerelles’ amanhã

A moda que une a lusofoniae Goa”, explicou o director artístico. Reforçou ainda o papel de Macau, como ponto de encontro de criadores de moda que falem a mesma língua.

O sector não está muito desen-volvido no território, um dos pontos que deu origem ao evento, e por isso é necessário dar a conhecer o que de moda se faz cá e além fronteiras. Clara Brito, uma das organizadoras do evento, fala da possibilidade de intercâmbio e de fomento de experiências dos designers. “Este espectáculo tem em vista a interna-cionalização de Macau e dos seus criativos”, defende. Uma iniciativa que pretende vir a ser um evento anual e transformar a região, numa zona “fashion”.

“Luanda, Lisboa e São Paulo têm as suas semanas da moda e Macau não tem; Hong Kong, Xangai e Pe-quim têm, mas Macau não, por isso é perfeito”, constatou ainda Paulo Gomes.

Por outro lado, o organizador refere que o português é falado em “mercados que estão em forte expan-são, nomeadamente o Brasil e Ma-cau/China, que são potencialmente os que mais se vão desenvolver na próxima década”, considerando que este é o “tempo certo” para se tirar

partido da ligação da língua à moda e do seu carácter global.

Um crescimento no seu auge e um consumo de marcas de luxo é também, para a organizadora, o momento de apostar na indústria da moda e aproximar o território de outros países.

MUDAR CONCEITOSAo lamentar que “quando se fala da China se fala sempre de produção e nunca de criação”, Paulo Gomes realçou que o MFL pretende também contribuir para a “destruição desse mito” em relação ao país que é a maior fábrica do mundo.”Há design local e Macau também não é só ca-sinos, por isso acho que é de todo o interesse que incluamos, em termos

de conteúdo de design, as coisas que são feitas aqui, para mostrar que este não é só um palco para se ver e fabricar”, sustentou.

O director artístico do desfile con-sidera o território o local “perfeito” para a sua realização, até porque, lembrou, “é o único entre os países de língua portuguesa virgem em termos de moda”.

Cada um dos designers mostra as sua especificidades enquanto criativo. Bárbara Diaz, estilista local, estreia-se com os vestidos de noite. Nadir Tati, de Angola, traz os têxteis africanos em vestidos de gala. San Lee tem o seu jeito à moda do Japão e Dino Alves, estilista português, vem aqui mostrar a sua nova linha para o Verão com irreverência, a

espectacularidade e a parte sempre eternamente jovem de Portugal. Já Cynthia Ayashi, representando a mais nova geração do Brasil, vai apresentar, pela primeira vez, a sua nova colecção em Macau. Estes são alguns dos exemplos do que poderá ser visto num fim-de-semana dedi-cado à moda.

Hoje o dia é dedicado à eleição da Macau Cover Girl de 2011 - 12 concorrentes aspirantes a modelo.

A organização do Macau Fashion Link espera contar nas próximas edições com a participação de cria-dores chineses para, paralelamente, desenvolver a plataforma comercial, procurando que os designers lusó-fonos possam vir a vender as suas colecções na China e vice-versa, ex-plicou o director artístico do evento.

No próximo ano, o Fashion Link regressa a Macau e simultaneamente poderá chegar ao Brasil, mais preci-samente a São Paulo, dando um salto a África - Angola ou Moçambique -, mas a Portugal “logo se verá”, pois “com a crise na Europa” a organiza-ção não sabe se “será neste momento o palco ideal” para tal. Quanto ao desfile de sábado, Paulo Gomes não hesita em confessar que espera “que seja o primeiro de muitos”.

LANÇAMENTO DO NOVO IPHONE 4S É LOUCURA EM MACAUPela meia-noite, a CTM e a Hutchinson começaram a comercializar o novo modelo do iPhone, com a adesão em massa do público. Eram 21h de ontem e já a fila na CTM do Nam Van chegava quase ao café Caravela. A loucura do novo aparelho, não muito diferente do seu antecedente, ficou patente no rosto de quem se deslocou ao local para reservar o aparelho, que só podia ser levantado depois da meia-noite de hoje. Em relação ao antigo modelo, o 4S tem mais duas antenas, um processador mais rápido – ‘dual core’ usado no iPad -, melhores gráficos, uma nova câmara fotográfica com oito megapixel com HD, e um assistente de voz chamado Siri. O Siri, ainda disponível em inglês, francês e alemão, serve para aceder às diversas aplicações apenas por comando de voz. Contudo, e já vieram a público diversas críticas, parece que o sistema apenas assume o inglês dos nativos ou de quem tem um sotaque muito vincado. No Brasil e nas comunidades hispânicas dos EUA, por exemplo, as pessoas não se têm entendido com o recente upgrade. A Apple já veio a público acalmar as hostes dizendo que brevemente o sistema estará disponível noutras línguas. O iPhone 4S chega assim ao mercado nas versões preto e branco e em modelos de 16 GB e 32 GB, como o anterior. - G.L.P.

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PUB.SEXTA-FEIRA 25.11.2011

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NOTIFICAÇÃO EDITAL Nº: 282/2011(Trabalho ilegal – Exercício do direito de defesa)

Considerandoqueserevelaserimpossívelnotificar,nostermosdosartigos10.ºe58.ºdoCódigodoProcedimentoAdministrativo,aprovadopeloDecreto-lein.º57/99/M,de11deOutubro,osindivíduosabaixomencionados,pessoalmente,porofício,telefone,ououtraforma,sobreamatériaacusadapelaeventualinfracçãoaoRegulamentoAdministrativon.º17/2004–RegulamentosobreaProibiçãodoTrabalhoIlegal,de14deJunho,RaimundoVizeuBento,ChefedoDepartamentodeInspecçãodoTrabalho(DIT),mandaqueproceda,nostermosdon.º2doartigo11.ºdoDecreto-Lein.º52/99/M,de4deOutubro,conjugadocomoartigo94.ºdomesmocódigo,ànotificaçãodosindivíduosabaixomencionados,paranoprazode15(quinze)dias,acontardo1.ºdiaútilseguinteaodapublicaçãodopresenteédito,exerceremporescritooseudireitodedefesa,emvirtudedeteremeventualmentecometidoinfracçãoaodispostonoRegulamentoAdministrativon.º17/2004–RegulamentosobreaProibiçãodoTrabalhoIlegal. OseventuaisinfractoresabaixomencionadospoderãolevantararespectivanotadeculpanoDIT,sitanaAvenidadoDr.FranciscoVieiraMachado,n.os 221-279,edifício“AdvancePlaza”,1.ºandar,emMacau,dentrodashorasdeexpediente,sendotambémfacultadaaconsultadorespectivoprocesso.FindaoprazoanteriorseguiráatramitaçãodoprocessodapresenteinfracçãoadministrativanostermosdoDecreto-Lein.º52/99/M.1. Relativamenteaoprocesson.º4288/2011,黃丙連 (romanizadoemVongPengLin)(titulardaAutorizaçãodosServiçosdeAlfândegadaRegiãoAdministrativaEspecialdeMacau),suspeitodeterexercidoactividadeemproveitopróprio,semacompetenteautorizaçãoadministrativaparaesseefeito,cometendoeventualmenteinfracçãoaodispostonaalínea4)doartigo2.º,conjugadocomon.º1doartigo3.ºdoRegulamentoAdministrativon.º17/2004–RegulamentosobreaProibiçãodoTrabalhoIlegal.2. Relativamenteaoprocesson.º4290/2011,李玉蘭(romanizadoemLeiIokLan)(titulardaAutorizaçãodosServiçosdeAlfândegadaRegiãoAdministrativaEspecialdeMacau),suspeitodeterexercidoactividadeemproveitopróprio,semacompetenteautorizaçãoadministrativaparaesseefeito,cometendoeventualmenteinfracçãoaodispostonaalínea4)doartigo2.º,conjugadocomon.º1doartigo3.ºdoRegulamentoAdministrativon.º17/2004–RegulamentosobreaProibiçãodoTrabalhoIlegal.3. Relativamenteaoprocesson.º6088/2011,陳泳鋒(romanizadoemChanWengFong)(titulardaAutorizaçãodosServiçosdeAlfândegadaRegiãoAdministrativaEspecialdeMacau),suspeitodeterexercidoactividadeemproveitopróprio,semacompetenteautorizaçãoadministrativaparaesseefeito,cometendoeventualmenteinfracçãoaodispostonaalínea4)doartigo2.º,conjugadocomon.º1doartigo3.ºdoRegulamentoAdministrativon.º17/2004–RegulamentosobreaProibiçãodoTrabalhoIlegal.4. Relativamenteaoprocesson.º6763/2011,李翠紅(romanizadoemLeiChoiHong)(titulardaAutorizaçãodosServiçosdeAlfândegadaRegiãoAdministrativaEspecialdeMacau),suspeitodeterexercidoactividadeemproveitopróprio,semacompetenteautorizaçãoadministrativaparaesseefeito,cometendoeventualmenteinfracçãoaodispostonaalínea4)doartigo2.º,conjugadocomon.º1doartigo3.ºdoRegulamentoAdministrativon.º17/2004–RegulamentosobreaProibiçãodoTrabalhoIlegal.5. Relativamenteaoprocesson.º6764/2011,付潤嬌 (romanizadoemFuIonKio)(titulardaAutorizaçãodosServiçosdeAlfândegadaRegiãoAdministrativaEspecialdeMacau),suspeitodeterexercidoactividadeemproveitopróprio,semacompetenteautorizaçãoadministrativaparaesseefeito,cometendoeventualmenteinfracçãoaodispostonaalínea4)doartigo2.º,conjugadocomon.º1doartigo3.ºdoRegulamentoAdministrativon.º17/2004–RegulamentosobreaProibiçãodoTrabalhoIlegal.6. Relativamenteaoprocesson.º6765/2011,付根(romanizadoemFuKan)(titulardaAutorizaçãodosServiçosdeAlfândegadaRegiãoAdmin-(romanizadoemFuKan)(titulardaAutorizaçãodosServiçosdeAlfândegadaRegiãoAdmin-(titulardaAutorizaçãodosServiçosdeAlfândegadaRegiãoAdmin-istrativaEspecialdeMacau),suspeitodeterexercidoactividadeemproveitopróprio,semacompetenteautorizaçãoadministrativaparaesseefeito,cometendoeventualmenteinfracçãoaodispostonaalínea4)doartigo2.º,conjugadocomon.º1doartigo3.ºdoRegulamentoAdministrativon.º17/2004–RegulamentosobreaProibiçãodoTrabalhoIlegal.7. Relativamenteaoprocesson.º6765/2011,劉樂華 (romanizadoemLaoLokVa)(titulardaAutorizaçãodosServiçosdeAlfândegadaRegiãoAdministrativaEspecialdeMacau),suspeitodeterexercidoactividadeemproveitopróprio,semacompetenteautorizaçãoadministrativaparaesseefeito,cometendoeventualmenteinfracçãoaodispostonaalínea4)doartigo2.º,conjugadocomon.º1doartigo3.ºdoRegulamentoAdministrativon.º17/2004–RegulamentosobreaProibiçãodoTrabalhoIlegal.8. Relativamenteaoprocesson.º6767/2011,陳金妹(romanizadoemChanKamMui)(titulardaAutorizaçãodosServiçosdeAlfândegadaRegiãoAdministrativaEspecialdeMacau),suspeitodeterexercidoactividadeemproveitopróprio,semacompetenteautorizaçãoadministrativaparaesseefeito,cometendoeventualmenteinfracçãoaodispostonaalínea4)doartigo2.º,conjugadocomon.º1doartigo3.ºdoRegulamentoAdministrativon.º17/2004–RegulamentosobreaProibiçãodoTrabalhoIlegal.9. Relativamenteaoprocesson.º7018/2011,LETHIKIMANH(titulardotítulodeidentificaçãodetrabalhadornão-residente),suspeitodeterexercidoactividadeemproveitopróprio,semacompetenteautorizaçãoadministrativaparaesseefeito,cometendoeventualmenteinfracçãoaodispostonaalínea4)doartigo2.º,conjugadocomon.º1doartigo3.ºdoRegulamentoAdministrativon.º17/2004–RegulamentosobreaProibiçãodoTrabalhoIlegal.DirecçãodosServiçosparaosAssuntosLaborais–DepartamentodeInspecçãodoTrabalho,aos18deNovembrode2011.

OChefedoDIT RaimundoVizeuBento

NOTIFICAÇÃO EDITAL N.º 283/2011(Solicitação de Comparência da Trabalhadora)

Nostermosdasalíneasb)ec)don.º1doartigo6.ºdoRegulamentodaInspecçãodoTrabalho,aprovadopeloDecreto-Lein.º60/89/M,de18deSetembro,conjugadascomoartigo58.ºen.º2doartigo72.ºdoCódigodoProcedimentoAdministrativo,aprovadopeloDecreto-Lein.º57/99/M,de11deOutubro,notifica-seasra.LEONGKAIENG,ex-trabalhadoradoCentrodeExplicaçõesTonMon,paranoprazode10(dez)dias,acontardo1.ºdiaútilseguinteàdapublicaçãodospresenteséditos,comparecernoDepartamentodeInspecçãodoTrabalho,sitanaAvenidadoDr.FranciscoVieiraMachado,n.os221-279,Edifício“AdvancePlaza”,1.ºandar,afimdeprestardeclaraçõesnoprocesson.º6263/2011,provenientedaqueixaapresentadanestesServiçosem25/07/2011erelativamenteàsmatériasdedespedimentoporgravidezerecibodosalário.

DirecçãodosServiçosparaosAssuntosLaborais–DepartamentodeInspecçãodoTrabalho,aos18deNovembrode2011.

OChefedoDepartamento,

RaimundoVizeuBento

NOTIFICAÇÃO EDITAL N.º 284/2011(Reparação coerciva)

RaimundoVizeuBento,ChefedeDepartamentodeInspecçãodoTrabalho,mandaqueseproceda,nostermosdon.º3doartigo9.ºedoartigo11.ºdoRegulamentoAdministrativon.º26/2008–Normasdefuncionamentodasacçõesinspectivasdotrabalhoconjugadoscomosartigos68.º,72.ºn.º2e136.ºn.º2doCódigodoProcedimentoAdministrativo,aprovadopeloDecreto-Lein.º57/99/M,de11deOutubro,ànotificaçãodatransgressoradoAuton.º308/0708/2011,de15deNovembrode2011,so-ciedadede“CompanhiadeElectromecânicaEngenhariaHobbsJV.Limitada”,sitanaAvenidadePraiaGrande,n.º409,Edifício“ChinaLawBuiliding”,4.ºandar-C,Macau,paranoprazode15(quinze)dias,acontardo1.ºdiaútilseguinteaodapublicaçãodospresenteséditos,procederaopagamentodamultaaplicadanoaludidoautodenotícia,novalordeMop$5.000,00(cincomilpatacas),porpráticadatransgressãolaboralprevistanoartigo77.ºepunidanaalínea5)don.º3doartigo85.ºdaLein.º7/2008–Leidasrelaçõesdetrabalho,de18deAgosto,bemcomo,nomesmoprazo,procederaopagamentodaquantiaemdívidaaotrabalhadorChanChaoSangnovalordeMop$11.000,00(onzemilpatacas),devendoainda,nos5(cinco)diassubsequentesaodotermodoatráscitadoprazo,fazerprovadospagamentosefectuados.

Acópiadoauto,anotificação,omapadeapuramentoeasguiasdedepósitodeverãoserlevan-tados,dentrodashorasnormaisdeexpediente,noDepartamentodeInspecçãodoTrabalho,sitanaAvenidadoDr.FranciscoVieiraMachado,n.os221a279,EdifícioAdvancePlaza,1.ºandar,Macau,sendofacultadaaconsultadoprocessoemcausa,instruídoporesteServiços.

Decorridososprazos,semquetenhasidodadocumprimentoàpresentenotificação,seguir-se-áatramitaçãojudicial,comaremessadoautoaoJuízo.

DirecçãodosServiçosparaosAssuntosLaborais–DepartamentodeInspecçãodoTrabalho,aos18deNovembrode2011.

OChefedeDepartamento

RaimundoVizeuBento

NOTIFICAÇÃO EDITAL N.º 285/2011(Pagamento da multa aplicada)

RaimundoVizeuBento,ChefedoDepartamentodeInspecçãodoTrabalho,mandaqueseproceda,nostermosdoartigo14.ºedoartigo15.ºdoRegulamentoAdministrativon.º26/2008---Normasdefuncionamentodasacçõesinspectivasdotrabalhoconjugadoscomosartigos68.º,n.º2do72.ºen.º2do136.ºdoCódigodoProcedimentoAdministrativo,aprovadopeloDecreto-Lein.º57/99/M,de11deOutubro,ànotificaçãodotransgressordaNotificaçãon.º253/IA/2011,empregadorCHONGCHIFAI,residentenaEstradaMarginaldaAreiaPreta,n.º228,Edf.HoiPanGarden,Bloco1,17.ºandar-H,emMacau,paranoprazode15(quinze)dias,acontardo1.ºdiaútilseguinteaodapublicaçãodospresenteséditos,procederaopagamentodamultaaplicadanaaludidanotificação,novalordeMop$2.500,00(duasmilequinhentaspatacas),por infracçãoaoartigo25.ºdoRegimeAplicávelàReparaçãodosDanosEmergentesdosAcidentesdeTrabalhoeDoençasProfissionais,aprovadopeloDecreto-Lein.º40/95/M,de14deAgostoepunidanoartigo66.ºn.º1,alíneac)domesmoDecreto-Lei,devendoainda,nos5(cinco)diassubsequentesaodotermodoatráscitadoprazo,fazerprovadopagamentoefectuado.

Ascópiasdainformaçãoedodespacho,anotificaçãoeaguiadedepósitodeverãoserlevantada,dentrodashorasnormaisdeexpediente,noDepartamentodeInspecçãodoTrabalho,sitanaAvenidadoDr.FranciscoVieiraMachado,n.os221-279,Edifício“AdvancePlaza”,1.ºandar,Macau,sendofacultadaaconsultadoprocesson.º4973/2010,instruídoporestesServiços.

Decorridososprazos,semquetenhasidodadocumprimentoàpresentenotificação,ascópiasdetodososdocumentosacompanhadasdocomprovativodecobrançacoercivaserãoremetidosàRepartiçãodasExecuçõesFiscaisdaDirecçãodosServiçosdeFinançasparaserefectuadaacobrançacoercivanostermoslegais.

DirecçãodosServiçosparaosAssuntosLaborais–DepartamentodeInspecçãodoTrabalho,aos18deNovembrode2011.

OChefedoDepartamento

RaimundoVizeuBento

SAN HOI TANG | PREPARADOR DE CHÁS HERBAIS

O fim da tradição das ervas

SEXTA-FEIRA 25.11.2011

15www.hojemacau.com.moPERFIL

Katherine Ying/ Hoje [email protected]

Anda a coxear, mas é ágil como tudo quando se trata de ir da cozinha para o balcão e vice-versa. San Hoi Tang, proprietário de uma loja de chás de ervas com o mesmo nome, sente o peso dos 70 anos no corpo, mas deixar o seu negócio à deriva está definitivamente fora de questão. Os clientes que chegam ao pequeno espaço na Taipa fazem os pedidos no volume máximo. É que os ouvidos de San já não são o que eram. Quem passa pela loja pode achar que há para ali confusão. Os clientes falam aos gritos e o empresário responde no mesmo tom: “O que há de errado contigo?”, pergunta sempre antes de servir as suas iguarias. Para completar o diagnóstico, San embala mais umas quantas questões: “Dói-te a garganta? Tens tosse? Sentes-te cansado?”. Quando o cliente, que San prefere chamar de “paciente” responde, o especialista repete a frase. “Hummm, dói-me a garganta...” Essa é apenas uma das formas de San confirmar que os seus fracos ouvidos não lhe traíram, não vá ele receitar uma combinação desastrosa de ervas. Os clientes encostados ao

balcão contam que quando têm qualquer problema de saúde falam primeiro com o senhor San. “Ele sabe como preparar o chá mais adequado como ninguém”, relata uma mulher. O especialista tem sempre um largo sorriso estampado no rosto e ao dar o chá ao cliente tem sempre a mesma indicação: “Beba lá e vais ver que vais-te sentir muito melhor”. San nasceu em Macau, mas as raízes familiares estão na cidade de Zhongshan, na província de Guangdong. O gosto pelas ervas surgiu por intermédio do pai há tantos anos que ele já nem sabe contabilizá-los. “Comecei a estudar os chás quando era muito novo.” San não revela os segredos das combinações e não sabe explicar bem porque decidiu fazer as ervas a sua vida. “Nem tudo na vida tem uma razão. Deve-se amar o que se faz, mesmo quando não há outra escolha.”O pequeno empresário não chegou a frequentar a escola e, agora, ao olhar para trás, acredita que teve lições melhores. “As da vida. Podes perguntar coisas a pessoas altamente qualificadas e ler livros. A interacção social é um meio importante para se aprender. Todas as estradas pode

levar-nos ao conhecimento. Não é preciso nos sentarmos num banco de escola. Depende mais das pessoas do que dos professores.”Quando o assunto vira-se para as ervas, San é um homem feliz. Os olhos brilham e o largo sorriso ocupa ainda mais espaço na sua cara. O especialista não garante milagres ou curas através da combinação de ervas, mas garante que há melhorias significativas na saúde. “Os chás de ervas ajudam a equilibrar o organismo, mas não devem ser vistos como substitutos dos medicamentos. Eu não sou nenhum médico.”Há 13 anos, San abriu a pequena loja com a mulher. Todos os chás são feitos na sua pequena cozinha, com uma escolha pormenorizada dos ingredientes. “Embora não seja nenhum médico, sinto-me de certa forma responsável pela saúde dos meus clientes.” Cada erva que San adiciona no chá tem um efeito no corpo humano. “Os efeitos notam-se e, por isso, as quantidades têm de ser bem doseadas e escolhidas com cuidado.”Apesar da loja ser minúscula, San disse que é mais do que suficiente para tirar

dali o seu sustento. “Já estou muito velho para pensar em expandir o negócio. Como está já é suficiente. Enquanto for vivo, espero cá continuar e tirar o melhor proveito de tudo.”Já lá vai o tempo em que a destreza dos chás de ervas, uma tradição especialmente nas províncias de Guangdong e Guanxi, era admirada pelos jovens. San diz não se lembra de ter visto os mais novos a mostrar algum interesse em seguir-lhe as pisadas. “Acho que não têm paciência para estudar como combinar as diferentes ervas e ainda saber como cozinhá-las. Preferem passar o tempo a comprar roupas, sapatos e tecnologias.”San descreve o mundo que lhe dá o sustento como misterioso e conta que é preciso muita, muita paciência para entender como é que as ervas funciona. E usa uma metáfora chinesa para tentar expressar-se melhor: “O pôr do sol é infinitamente bonito, mesmo quando começa a ser ofuscado pela escuridão”. Os olhos de San encheram-se de lágrimas e o largo sorriso foi substituído por expressões tristes e infelizes.

SEXTA-FEIRA 25.11.2011

16www.hojemacau.com.mo [ ] Cinema

Cineteatro | PUB

[f]utilidades

[Tele]visãoTDM13:00 TDM News - Repetição13:30 Jornal das 24h15:00 Debate das Linhas de Acção Governativa para 2012 - área da Economia e Finanças (Directo)20:00 That 70’s Show (Que Loucura de Família)20:35 Telejornal21:00 A Promessa do Dr. Ho22:15 Passione23:00 TDM News23:30 From Dusk Till Down (Aberto até de Madrugada)01:20 Telejornal (Repetição)01:50 RTPi DIRECTO

INFORMAÇÃO TDM

RTPi 8214:00 Telejornal Madeira14:30 Com Ciência15:00 Documentário – Terceira Geração16:00 Bom Dia Portugal17:00 Fado Maior17:05 Velhos Amigos18:00 Homenagem ao Fado20:00 Jornal Da Tarde 21:30 O Preço Certo22:15 Viagens com um Cómico22:45 Portugal no Coração

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NEM LHE TOCAVA • Samuel ÚriaSe António fundia Braga e Nova Iorque, Samuel atravessa Dylan e Paião, Vitorino e Waits. Se Variações soube pôr mundo no Minho, Úria põe este mundo no outro, e o outro neste, e tudo em breves canções orelhudas. Mas, por favor, nada de mal-entendidos. Este artista é de sínteses, não é sintético. Isto é música muito humana, de carne e osso, verdadeira e impura, cordas, respirações, arranhões, falsetes. Um cantautor a sério a brincar com o seu tesouro.

ORELHA NEGRA A paixão pelos discos no seu formato mais puro, no seu registo profundo, em rodelas de vinil embaladas em ca-pas que se podem agarrar, quase absorver, é o que veio a juntar os cinco músicos lisboetas, estetas do Groove com créditos firmados – Cruz, Ferrano, Gomes Prodigy, Mira Profissional e Rebelo Jazz Bass – nesta aventura que se chama Orelha Negra.

METAMORFOSE • CazinoA música dos Cazino é o melhor exemplo do que a es-crita Pop deve ser, simples mas sofisticada, directa mas ambígua, feita de vida e de experiência.

ESTUDEMOS, IRMÃOS

SALA 1STARRY STARRY NIGHT [B](Falado em putonghua legendado em chinês e inglês)Um filme de: Tom Lin Shu-YuCom: Josie Xu, René Liu, Harlem Yu14.15, 16.15, 18.00, 21.45

YOU ARE THE APPLE OF MY EYE [C] (Falado em putonghua, legendado em chinês e inglês)Um filme de: Giddens KoCom: Zhendong Ke, Yanxi Chen, Siu-Man Fok19.45

SALA 2THE ADVENTURES OF TINTIN 3D [B] (Falado em cantonense)

Su doku

[ ] Cru

zadas

REGRAS |Insira algarismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3X3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição

SOLUÇÃO DO PROBLEMADO DIA ANTERIOR

SOLUÇÕES DO PROBLEMA

HORIZONTAIS: 1-Partida rápida e precipitada. Torno lindo. 2-Vagar, osacião. Coube em sorte. 3-Perfeita. Labutar. 4-Bolo de farinha e sal, usado pelos Romanso nos sacrifícios. Género de mamíferos da ordem dos prosímios. (Zool.). 5-Chefe político na Etiópia. Terrenos onde se cultivam flores para adorno (pl.). 6-Descanso, feriado. 7-O m. q. orégão (planta). Está acostumado. 8-Antigas habitantes da Ibéria. Rebanho de gado miúdo. 9-Tremer com frio, medo ou fome. (Pop.). Ilha de Ingalterra. 10-Porção de água do mar, que se eleva. Povoações de maior categoria que as aldeias. 11-Soalheira. Pessoas notáveis.

VERTICAIS: 1-Imensidão (Fig.). Oitavos. 2-Antiga nota musical. O m. q. danubiano. 3-Corcovados. Produto anual que se tira de bens imóveis. 4-Afeição profunda de uma pessoa a outra. Relativo aos dias de semana. 5-A parte mais carnuda da perna da rês. Arriscar ao jogo. Parta. 7-Terreiro, praça. Nota música. 8-Nome de mulher. Traje para solenidades. 9-Flutuai. Vasos onde se depositavam as cinzas dos mortos. 10-Conhecimento das doenças, por observação dos seus sintomas. Condição. 11-Naipe das cartas de jogar. Solto. ais, gemo.

HORIZONTAIS:1-FUGA. ALINDO. 2-TEMPO. SAIU. 3-M. BOA. LIDAR. 4-ADOR. GALAGO. 5-RAS. JARDINS. 6-N. FOLGA. O. 7-OUREGÃO. USA. 8-IBERAS. GREI. 9-TINIR. MAN. O. 10-ONDA. VILAS. 11-SOALHA. ASES.VERTICAIS:1-F. MAR. OITOS. 2-UT. DANUBINO. 3-GEBOS. RENDA. 4-AMOR. FERIAL. 5-PA. JOGAR. H. 6-AO. GALÃS. VA. 7-L. LARGO. MI. 8-ISILDA. GALA. 9-NADAI. URNAS. 10-DIAGNOSE. SE. 11-OUROS. AIO. S.

Um filme de: Steven Spielberg14.30, 16.30, 19.30, 21.30

SALA 3SEEDIQ BALE [C](Falado em japanês & seediq)(Legendado em chinês)Um filme de: Te-Sheng WeiCom: Qing-tai Lin, Da-qing You, Zhixiang Ma14.15, 16.45, 21.45

SLEEPWALKER 3D [C] (Falado em cantonense/ putonghua,legendado em chinês/ inglês)Um filme de: Fengbo Lee, Jimmy WanCom: Jam Hsiao, Chrissie Chow, Eric Tsang19.15

Devemos agradecer aos representantes de Macau. Meramente pelo facto de nos fazerem felizes com a certeza de que estamos num sítio onde, constantemente, nos rodeamos de “ciência”, “estudos” e muito, muito “esforço”. É. Tudo o que há-de vir a ser implementado em Macau vai chegar – há-de chegar! – em formato perfeito. Senão vejamos: há já quase duas semanas que podemos assistir à apresentação das Linhas de Acção Governativa, as LAG. E seja na televisão ou no local, a tradução não engana: os secretários estão em permanente estado de investigação e trabalham bastante. Demasiado até. A culpa desse trabalho não ser perceptível é dos cidadãos – e deputados -, que tão teimosamente querem saber tudo, tim-tim por tim-tim, os chatos! Caramba. Os senhores secretários respondem-vos sempre! Só porque tenho pena deles, dei-me ao trabalho de reunir as respostas aos tópicos mais recentes. “Quando estão prontas as leis que deviam ter sido implementadas há mais de três anos?”- O Governo está a envidar esforços, o trabalho está a ser feito. Boa. “E então, e se mantivéssemos o terminal do porto exterior no sítio onde ele está?” – Obrigado pela sua opinião. Hmmm.. “A língua portuguesa não está a ser muito bem tratada. O que pretende o Governo fazer para melhorar este problema?” – Ora aí está uma questão para reflectir. Fixe. O que vale é que “Macau é uma plataforma para os países lusófonos”. “Então e pormenores sobre as constantes despesas com as obras púbicas?” – Nos termos da lei, estamos a analisar os dados e, posteriormente, divulgaremos mais informação. Bem, resta-me uma última questão: “quais as medidas a longo-prazo que o Governo tenciona implementar para diversificar o desenvolvimento económico?” – Oh, esta é fácil. Procedemos a uma investigação científica e vamos fazer chegar os estudos aos responsáveis. Eu sou gato, mas não sou parvo. Sinceramente, não percebo o que vos escapa sobre estes assuntos. O Governo elucida-vos sempre com “estudos científicos” que nunca trazem qualquer resolução. É ele que contribui para a vossa/nossa estupidificação com estas medidas perfeitamente inócuas e sempre adornadas com palavras de quem sabe. Então não chega? Afinal o essencial é que o Governo tenha vontade e que seja justo e transparente. E que tenha ideias, muitas ideias que saem pela boca sem passarem pelo córtex. Afinal o que é preciso para ser centro internacional? Dinheiro e movimento. Nem que seja o movimento de passar as responsabilidades de mão em mão, de gabinete para gabinete. Ora, vocês o que querem mais seus cidadãos ingratos? Temos medidas para tudo, mesmo que só no papel e sem estarem em vigor. Mas vamos ter tudo e vamos fazer tudo. Quanto mais não seja um dia, depois de se estudar a coisa. Penso que vos respondi a tudo. É que o meu tempo já acabou, é hora de jantar.

Pu-Yi

TDM 23:30 From Dusk Till Down

SEXTA-FEIRA 25.11.2011

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ed i to r ia lCarlos Morais José

car toonpor Steff

A SEGUNDA REVOLUÇÃO

Chui Sai On foi mauzinho com Florinda Chan. Esperava-se que o Chefe do Executivo coloca-se nas mãos da Secretária uma qualquer medida que adoçasse a boca ao povo e, concomitantemente, a sua desgastada imagem. Mas o líder assobiou para o lado, deixando Florinda Chan sentar-se na Assembleia Legislativa sem nada para dizer. E ela não disse. Não avançou medidas para reformas da Função Pública, nem anunciou os tão desejados aumentos.

Aliás, depois de ter surgido o conselho aos privados para aumentarem os ordenados aos seus trabalhadores, esperava-se (e tal fazia sentido) que a Secretária para a Admi-nistração e Justiça anunciasse um aumento na Função Pública. Mas tal não aconteceu e isso gorou muitas expectativas. E quem fica mal na fotografia? O Chefe? Não: Florinda Chan que, abnegadamente, lá continua a carregar com este e o outro mundo às costas.

Está mal, sr. Chui. Um dos papéis de um líder é pensar como poderá facilitar a vida aos seus colaboradores mais próximos e tal não aconteceu nestas LAG com a área de Florinda Chan, que chegou ao debate de cesto vazio e mãos a abanar. Para sair com as orelhas a arder. Outra vez.

*

Neste contexto, bem feliz se pode dar a Se-cretária pelo facto do temas das campas ter sido liminarmente rejeitado pela maioria dos deputados, contra a opinião de Pereira Couti-nho e dos “democratas”. Contudo, o que mais valorizo neste episódio são as intervenções de Leonel Alves e Fong Chi Keong. Este chegou mesmo a interpelar Au Kam San, lembrando--lhe a sua participação em todo o processo e sugerindo mesmo que a sua sanha contra Florinda Chan teria mesmo motivos pessoais.

Concorde-se ou não com Fong, é de registar o seu empenho. De facto, é lamentável como deputados que deveriam tomar posições pró-governamentais se refugiam geralmente em duas posições: ou estão a dormir ou estão distraídos. Só isto explica que o governo apa-nhe a torto e a direito, sendo raro que se eleve uma voz para o defender. Fong Chi Keong foi intérprete de uma coisa rara nesta AL: política, pura e dura, da rica e da boa. Gostaria de dizer que até nos deu saudades, mas a verdade é que política em Macau, nomeadamente na AL, raramente aconteceu.

Esperemos que tal seja sinal de novas épocas.

*

A insistência americana, durante a cimeira da ASEAN, para que fosse colocado na mesa

Está mal, sr. Chui. Um dos papéis de um líder é pensar como poderá facilitar a vida aos seus colaboradores mais próximos e tal não aconteceu nestas LAG com a área de Florinda Chan, que chegou ao debate de cesto vazio e mãos a abanar. Para sair com as orelhas a arder. Outra vez.

Chui Sai On fOi mauzinhOo tema da disputa territorial das ilhas do Mar do Sul da China, contra a vontade de Pequim, foi considerada como uma vitória diplomática de Barack Obama. De facto, apesar da China considerar que o assunto deve ser resolvido bilateralmente, ou seja com diálogo entre os países em conflito, os EUA entenderam que a disputa das ilhas ficaria bem numa mesa onde também pu-dessem opinar. Os pequenos países, como o Vietname ou as Filipinas, não rejeitaram a proposta americana e Pequim ficou isolado. Resultado: o tema foi abordado mas, como seria de esperar (com uma China contraria-da), não resolvido.

Certamente que a acção americana vai levar os chineses a acelerar bilateralmente as negociações, pois não vemos como pode Pequim aceitar o reforço da hegemonia estadounidense no Pacífico, militarmente garantida pela presença nas Filipinas, Japão e outros lugares. Por outro lado, não ficaria bem à China assistir ao envolvimento dos EUA num assunto que, à partida, não lhes diria respeito. Seria admitir que não se con-seguiu entender com os seus países vizinhos e tal abriria a porta à diplomacia americana, que não tardaria a imiscuir-se para dar a explicar ao mundo que mantém um papel

de árbitro, quiçá polícia, ainda que tal ocorra num quintal chinês.

Recentemente, os EUA têm demonstrado um interesse renovado no Pacífico, preten-

dendo deslocar mais tropas para a Austrália (outro movimento condenado pela China), por exemplo. A crise da economia europeia e dos próprios EUA poderão justificar tais acções, mas agora resta saber como reagirão os chineses a esta ofensiva, que em muito ul-trapassa o nível económico, para se enraizar numa posição política e militar, onde não existe outra ideologia que não a do lucro e da garantia do acesso aos recursos.

Por seu lado, a China que não pode entrar em guerra comercial com os Estados Unidos. O contrário também é verdade. Ora se não pode existir uma guerra comercial, também é verdade que guerra real também não faz parte dos horizontes dos dois países. Logo, o que se esboça é o início de uma nova Guerra Fria, na qual os dois gigantes lutarão para espalhar o máximo possível a sua influência junto de outros países. Não se tratará de um velho imperialismo (ideológico e económi-co), mas da sua nova versão (centrada nas finanças e na política). A China ganha aos pontos no primeiro item, mas os EUA ainda conseguem influenciar e de que maneira a política corrente de muitos países.

O próximo ano trará com certeza muitas novidades e ajudará a definir um novo mapa geoestratégico.

perspect ivasJorge Rodrigues Simão

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OPINIÃO

“Está a fazer novamente frio neste lugar, e como sempre começo a pensar em como dar calor à arquitectura. Que devo fazer para que nos abrigue e nos rodeie. Depois de tudo, as pessoas compram roupas e calçado do tamanho conveniente e sabem reconhecer como lhes fica bem. É o momento de encontrar a coisa construída que também lhes (e nos) fique bem. ”

Aldo Van Eyck Team 10

contínuo avanço tecnológico ocorrido na segunda metade do século passado, que avocou as

características de impetuoso nos últimos 20 anos, produziu uma profunda alteração nos quadros culturais que afectam as mais comuns e correntes acções da nossa vida quotidiana. O século que vivemos começado há pouco mais de um decénio, repleto de es-peranças em modelos, que tem como objec-tivo o alargamento dos benefícios derivados das melhores capacidades e oportunidades humanas na gestão e instrumentos técnicos, parece ter chegado ao seu termo, pondo em dúvida os valores que justificaram gerações a fazer dessas expectativas uma realidade.

Após a “Revolução Industrial”, a harmo-nia entre os seus efeitos positivos e negativos, foi criando um modelo, que quase revestiu as características de anti-corpo, que se dis-tingue fundamentalmente pelo seu conteúdo humanista e social. Solidifica-se até finais do século XIX no que podemos designar como “cultura ocidental”, com uma pujança que imbui os conteúdos dos sistemas legais e, essencialmente, os conteúdos e acções que disciplinam os princípios educativos.

Nesses princípios formam-se e desenvol-vem-se os valores que suportam o designado “projecto da modernidade”, que é um propó-sito de vida suportado nos mais elementares direitos do ser humano, imbuído pelos con-sequentes deveres de respeito para com os seus semelhantes e os da solidariedade que estabelecem a fixação do apelidado “Sistema Democrático”, como pretensão máxima e qua-se exclusiva de organização social. No decorrer do passado século, tais valores não ficaram suficientemente consolidados de forma a reagir às exigências e desafios do acelerado desen-volvimento tecnológico, mas ao contrário de forma frequente entram em conflito.

Assim, o comprova o continuado e desenfreado crescimento armamentista e a destruição sistemática da natureza, entre outros sintomas perversos. Os motivos que alimentam este incómodo cenário regressivo são complexos e diversos, tornando-se na

ArquitecturAAo serviço dA biologiA

É fácil observar que os conteúdos humanistas e sociais são substituídos ou melhor invadidos pelos valores da economia, transformando esta actividade humana suplementar no ser fundamental que desfaz o impedimento, conforme as conveniências, justificando desse modo a alteração de valores

vigília de filósofos, sociólogos e políticos e de novo como anti-corpos, nasceram numerosas organizações que temos de reconhecer como centros afastados de resistência a tal situação.

É fácil observar que os conteúdos hu-manistas e sociais são substituídos ou me-lhor invadidos pelos valores da economia, transformando esta actividade humana suplementar no ser fundamental que desfaz o impedimento, conforme as conveniências, justificando desse modo a alteração de va-lores. Um espectador atendo da realidade social, como diria Raymond Arron, dar--se-ia conta de que o desenvolvimento e o avanço das ciências, criaria a faculdade de atenuar o labor humano nos aspectos mais conflituosos e aviltantes que o processo produtivo encerra.

Ideia que sempre teria como suporte, uma descrição com maior poder de visão de um futuro feliz, prevendo a substituição da indústria por centros do conhecimento. Todavia, os compromissos fundamentais do modelo economicista não parecem acompa-nhar em termos de resultados esta possível visão optimista. No que se refere ao trabalho humano, as possibilidades de produção me-canizada ou computorizada tem produzido, não uma maior disponibilidade de tempo livre, mas o martírio do desemprego, e por fim, a marginalidade e o aumento da pobreza.

Os centros de conhecimento vivem na frustração de não terem encontrado o rumo para se consolidarem como a subs-tituição da indústria, sendo certo que esta, como acolhimento da actividade humana, verdadeiramente desaparecem. Parece ser evidente que os enormes progressos nas capacidades de produção, não têm sido acompanhados por um desenvolvimento equivalente do projecto educativo que absor-va tais possibilidades, criando uma cultura fragmentária, caracterizada como disléxica ou de difícil leitura.

Tal é o caso da construção. O quase de-saparecimento da mão-de-obra qualificada (pedreiros, carpinteiros, etc.) tão conflituosa para os operadores do sector, não é aci-dental, mas consequência da progressiva desvalorização das denominadas artes e ofícios. É urgente um trabalho de incentivo do conhecimento que actue na procura do equilíbrio dessa cultura, e dessa forma é possível e lógico deduzir, que o domínio desse conhecimento é da competência da arquitectura, como actividade que liga de forma rígida desenho e construção.

A formação de profissionais idóneos para actuar num sistema em crise de mu-dança é de uma importância estratégica transcendental, sendo as universidades e equivalentes instituições de ensino, o centro de conhecimentos que detém a competência e responsabilidade dessa formação. Tais centros do conhecimento devem urgente-mente criar além dos cursos e respectivos programas curriculares, equipes de docentes que executem um programa que desenvolva diversas actividades de investigação, forma-ção e transferência, assente na análise crítica dirigida por conteúdos éticos, tratando entre outros de enfatizar um profundo respeito pelas condições do “habitat” humano, pas-sando entre outras, pela adopção de medidas relativas à protecção ambiental.

debaixo do controlo dessa prioridade, que é a “raison d’être” da arquitectura, e por con-seguinte da profissão de arquitecto. Aspira a desenvolver uma adequada síntese entre as condições de uso, os recursos técnicos e a decorrente espacial e morfológica que culmina na criatividade arquitectónica.

A consideração atenta do lugar, a sua po-pulação, cultura e clima, exigem uma análise dos aspectos universais à luz do conceito de território ou região ou seja, interpretar o conceito territorial ou regional através do seu profundo conteúdo humanista e ético. A maioria dos países desenvolvidos e alguns em desenvolvimento têm grupos de especialistas do “habitat”, que tentam redescobrir as directrizes culturais e ambien-tais locais na sua actividade arquitectónica quotidiana, mas também, se deparam com uma cultura generalizada, que se expressa através de modelos expostos com critério de universalidade.

A sua enorme difusão, considerando-os como produtos da denominada vanguarda profissional, origina o paradigma aos arqui-tectos marcando directrizes apetecíveis para o desenvolvimento da sua actividade. Estes modelos são criados como resposta às condi-ções próprias de países com largos recursos económicos, e são possíveis pela disponibi-lidade de um avançado desenvolvimento tecnológico, que ao mesmo tempo, implica orientações de consumo sustentável para a sua produção. As capacidades mais positi-vas e distintivas da profissão de arquitecto, são a criatividade e a vocação estética, que encontram uma rota aberta para responder à contínua procura de novidades da actual sociedade de consumo.

Mas, sucede com demasiada frequên-cia, que a arquitectura criada segundo tais critérios de procura, entra em conflito com a sua “raison d’être” para a habitabilidade, e mais ainda, com a delegação social que implica a actividade do arquitecto como realizador responsável da habitação. Esta perda de valores da sua “raison d’être”, que transforma a produção arquitectónica num mero objecto de mercado, além de ser particularmente nefasto, onde a maioria da sociedade requer respostas de acordo com as suas carências básicas, predomina a ausência de condições dignas de habitabilidade que é característica por vezes dominante. A tudo isto se soma a inexistência em muitos países de um verdadeiro direito da arquitectura que urge criar.

O

Necessidade que é premente em todos os cursos ministrados nas universidades. Não se vislumbra bem como é possível, em muitas universidades e instituições de ensino equivalentes fazer-se investigação, quando muitos docentes não têm prepara-ção pedagógica e científica, nem de simples “aggiornamento”. Faz tempo, que algumas universidades no mundo institucionaliza-ram projectos de desenvolvimento da arqui-tectura como utensílio biológico, destinado a trabalhar com o desenho e a investigação aplicada na arquitectura, desenvolvendo acções de investigação, ensino, informação e cooperação técnica com actividades fins.

Atribui relevância à concepção da ar-quitectura como um meio biológico, criado para facilitar a habitabilidade humana, con-siderando desse modo, que as características tecnológicas ou estéticas sempre estarão

um gr i to no dese r toPaul Chan Wai Chi*

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OPINIÃO

Ciclone

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editor Vanessa Amaro Redacção Gonçalo Lobo Pinheiro; Joana Freitas; Lia Coelho; Nuno G. Pereira; Rodrigo de Matos; Virginia Leung Colaboradores António Falcão; Carlos M. Cordeiro; Carlos Picassinos; José Manuel Simões; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas Arnaldo Gonçalves; Boi Luxo; Correia Marques; Gilberto Lopes; Hélder Fernando; Jorge Rodrigues Simão; José I. Duarte, José Pereira Coutinho, Marinho de Bastos; Paul Chan Wai Chi; Pedro Correia Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia António Falcão, Gonçalo Lobo Pinheiro; António Mil-Homens; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Laurentina Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

A grande pandemia da mosca tsé-tsé dificulta a reportugalização de Portugal e dos portugueses. Por Fernando

O discurso de apresentação das políticas, o Chefe do Executivo, Chui Sai On, confirmou o envio de

uma carta ao comité permanente da Assem-bleia Popular Nacional (APN) a inquirir so-bre os procedimentos envolvidos na reforma das eleições para a Assembleia Legislativa (AL) em 2013 e para o Chefe do Executivo em 2014. A carta foi enviada a 17 de Novembro e esse momento marcou o início das reformas no sistema político de Macau.

Em relação ao acto de Chui, o Gabinete de Ligação do Governo Central Popular na Região Administrativa Especial de Macau já emitiu uma declaração, enquanto Qiao Xiaoyang, secretário-geral interino do comité permanente da APN, fez um dis-curso a esse respeito na sua visita a Macau. Independentemente dessas declarações, a revisão do sistema eleitoral para a AL e o Chefe do Executivo já entraram na agenda de discussões antes do esperado. Qualquer que venha a ser o resultado, as eleições para a AL e para o líder do Governo vão realizar-se em 2013 e 2014, respectivamente. Quer haja ou não reformas, o consenso social é uma questão muito importante, e esse consenso deverá assentar sobre o desenvolvimento sustentável a longo prazo de Macau.

Em resposta ao acto de Chui Sai On, o Gabinete de Ligação da China na RAEM sublinhou imediatamente que essas re-formas devem ser decididas por Pequim. A ala pró-establishment da AL, além de argumentar a favor do poder de decisão do Governo Central, alega que este é quem sabe a forma correcta para fazer as reformas. Durante a sua visita a Macau, Xiaoyang revelou que Wu Bangguo, pre-sidente do comité permanente da APN, já tinha recebido a carta enviada pelo Chefe do Executivo a 17 de Novembro. Qiao en-fatizou que a “pentalogia” das reformas do sistema eleitoral de Macau para a AL e para o Chefe de Governo apenas teriam início após o comité permanente da APN ter feito uma interpretação da Lei Básica.

Depois de diferentes organismos terem declarado a sua posição, a reforma de Macau foi incluída na agenda para discussão antes do que estava previsto. Quanto ao que irá acontecer na sequência, temos de segui-lo

RefoRma política em acção MÉTODOS DE SELECÇÃO DO CHEFE DO EXECUTIVO E FORMAÇÃO DA AL

de perto com muita atenção. A “pentalogia” apareceu e foi levada a cabo durante o tempo em que a ala pró-democrata de Hong Kong pressionou por reformas em 2005. Passou a existir depois de o comité permanente da APN ter interpretado os anexos da Lei Básica local. As mini-constituições de Hong Kong e Macau têm algumas semelhanças entre si,

mas são muito diferentes noutros aspectos. Em 2005, o Governo de Macau não solicitou uma interpretação da sua Lei Básica. Ficou por isso subentendido que a tal “pentalogia” não seria aplicável às reformas em Macau. Quando Chui Sai On veio falar em reformas políticas, a “pentalogia” apareceu para ser aplicada de imediato, sem necessidade de

que o Governo Central se pronunciasse. De acordo com o senso comum, isso pode ser politicamente correcto; mas segundo os princípios jurídicos, trata-se de uma perda voluntária de direitos.

Algumas pessoas podem achar estranho porque é que Chui Sai On de repente se lembrou de fazer perguntas ao comité perma-nente da APN sobre as reformas políticas em Macau e especular sobre se ele terá dado esse passo sob a influência da frente democrática de Macau. A resposta é claramente não. Mas então porque foi que ele o fez?

Quando meio milhão de pessoas saiu à rua para protestar em Hong Kong em 2003, Pequim percebeu o facto de que mesmo que tivesse muitos apoiantes em Hong Kong e Macau, essas pessoas nunca viriam expressar verdadeiramente as suas opiniões e sentimentos ao Governo Central. Isso acabou por causar avaliações e atitudes erradas de Pequim em variadas situações. Desde então, o Governo Central começou a recolher informação e opiniões públicas de Hong Kong e Macau a partir de várias fon-tes e dos média, para evitar ser traído pelos chamados patriotas. Todos conhecemos essa postura do Governo Central.

Uma vez mais: seja qual for o resultado, o que é certo é que as eleições da AL e do Chefe do Executivo vão mesmo realizar-se em 2013 e 2014. As principais considerações a ter para o Governo Central em relação às reformas em Macau são: se o sistema político existente é benéfico para o desenvolvimento futuro de Macau, se ele salvaguarda a continuação do princípio de “Um País, Dois Sistemas” em Macau e se pode ser de alguma utilidade na unificação com Taiwan. Se as reformas puderem ser introduzidas numa altura em que a cena política é estável, isso será benéfico tanto para o Governo da China Continental como para Macau. De outra forma, será demasiado tarde para introduzir reformas quando a situação política em Macau estiver uma bagunça.

A reforma política está em acção. Embora ainda só tenha ido até à foz do Rio das Pérolas, já é bem melhor do que ficar aprisionada no Lago Nam Van.

*Deputado e presidenteda Associação Novo Macau Democrático

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Algumas pessoas podem achar estranho porque é que Chui Sai On de repente se lembrou de fazer perguntas ao comité permanente da APN sobre as reformas políticas em Macau e especular sobre se ele terá dado esse passo sob a influência da frente democrática de Macau. A resposta é claramente não. Mas então porque foi que ele o fez?

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Diana do Maragência Lusa

AFASTADO dos negócios do jogo e do jogo dos negócios,

Stanley Ho celebra hoje 90 anos sem mão firme no cedro do im-pério, muito pelo seu estado de saúde - rastilho para acirradas disputas entre as suas quatro “famílias”.

Um bolo em forma de roleta foi preparado para o aniversário do “rei dos casinos” numa das festas que têm vindo a ser orga-nizadas pelas suas “mulheres” em hotéis de Hong Kong, desde domingo, altura em que Stanley Ho apagou as primeiras velas, à luz do calendário lunar.

Segundo a imprensa local, perante o rebuliço o magnata manifestou algum cansaço, mas, Pansy Ho, uma das filhas, garan-tiu que o pai se encontra bem.

O alegado traumatismo que sofreu no final de Julho de 2009 confinou Stanley Ho a uma ca-deira de rodas e levou-o a afastar--se da gestão das empresas, cujas respectivas participações geraram polémica entre os filhos e mulheres por causa da partilha dos bens.

A disputa foi superada apa-rentemente, em Março, com um acordo, cujos contornos permanecem desconhecidos do público, mas que travaram a contenda no seio do clã.

Stanley Ho, um exemplo acabado de um ‘self made man’, tem 16 filhos vivos de quatro mulheres, incluindo Clementina Leitão Ho, falecida em 2004, ale-gadamente a única com quem se casou legalmente, e não é claro o tipo de relação que mantém com Lucina Laam, Ina Chan e Angela Leong.

A “quarta mulher” destaca--se pelo reforço gradual da posição na estrutura accionista da Sociedade de Jogos de Macau (SJM), que explora uma licença de jogo e uma quota de merca-do de 30%, sobretudo após ter assumido o lugar de Stanley Ho como administradora delegada e adquirido as suas ultimas acções.

LONGE DO IMPÉRIO QUE CONSTRUIU

Stanley Ho comemora 90 anos

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Stanley Ho nunca escondeu as suas origens como filho de um pai que perdeu a fortuna no jogo da bolsa na II Guerra Mundial, que trocou os estudos pelos ne-gócios e deixou a britânica Hong Kong, fugido da ocupação japo-nesa, para assentar na portuguesa Macau, onde fez fortuna ao lado da mulher macaense, oriunda de uma das mais influentes famílias da altura.

Apesar de sempre ter afir-mado que não fazia depender decisões dos mestres de “feng--shui”, o nome de Stanley Ho estará sempre ligado à influência desse tipo de elementos, pois sempre foi voz corrente em Ma-cau que o magnata não descura a importância do equilíbrio com, por exemplo, obras permanentes no velho Hotel Lisboa, um con-selho que lhe terá sido dado por um mestre.

Indissociavelmente ligado ao desenvolvimento de Macau e Macau ao crescimento da sua fortuna, Stanley Ho, depois de explorar em exclusivo o jogo durante 40 anos, não só ganhou uma das três licenças a concurso em 2001, como fez entrar os filhos Pansy e Lawrence através de subconcessões da sua SJM e da Wynn Resorts.

Ganhou o monopólio em 1960 com uma Macau adormecida e deixou a sua assinatura na trans-formação da cidade para cujo desenvolvimento tinha de con-tribuir à luz do contrato de jogo e mandando construir edifícios não muito populares, mas ao seu gosto e com elementos ligados aos novos símbolos de Macau como o Hotel Grand Lisboa semelhante à flor de Lotus.

Em 1998, foi dado o seu nome a uma avenida e Stanley Ho tornar-se-ia no primeiro chinês na História de Macau a receber tal honra em vida.

As ligações a Portugal, onde perdeu o primeiro filho num acidente na marginal de Cascais, contam hoje vários investimentos em imobiliário, navegação, hote-laria, banca e jogo, investimentos que se espalham também por África.

Negócios à parte, Stanley Ho também desempenhou funções políticas nos processos de tran-sição de Macau e Hong Kong, participou do Comité Nacional da Conferência Consultiva Po-lítica do Povo Chinês, sendo ainda membro do restrito colégio eleitoral que elege o Chefe do Executivo de Macau.