hoje macau 26 fev 2015 #3279

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O último relatório da Amnistia Internacional sobre direitos humanos refere os casos dos académicos, ex-docentes da Universidade de Macau e da Universidade de São José, que afirmam terem sido perseguidos pelas suas convicções políticas. Os dois visados voltam a falar da falta de liberdade dentro das universidades em Macau. Mas que ricas contas Democracia atrasa economia USJ HONG KONG hojemacau HABITAÇÃO Investigação em curso SOCIEDADE PÁGINA 8 CHINA PÁGINA 12 O Executivo, apesar de ainda não ter recebido qualquer queixa sobre as falhas nas obras de habitação pública em Seac Pai Van, afirma estar já a investigar o caso. A empresa construtora dá pelo nome de Sam Yau e tem a seu cargo outras obras do género. AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB AI RELATÓRIO CITA CASOS DE BILL CHOU E ERIC SAUTEDÉ O direito do mais culto a liberdade PÁGINA 4 TRABALHO A batalha dos TNR SOCIEDADE PÁGINA 7 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 QUINTA-FEIRA 26 DE FEVEREIRO DE 2015 ANO XIV Nº3279 ` GRANDE PLANO PÁGINA 3

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Hoje Macau N.º3279 de 26 de Fevereiro de 2015

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Page 1: Hoje Macau 26 FEV 2015 #3279

O último relatório da Amnistia Internacional sobre direitos humanos refere os casos dos académicos, ex-docentes da Universidade de Macau

e da Universidade de São José, que afirmam terem sido perseguidos pelas suas convicções políticas. Os dois visados voltam a falar da falta

de liberdade dentro das universidades em Macau.

Mas que ricas contas

Democracia atrasa

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habitaçãoInvestigaçãoem curso

sociedade Página 8

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O Executivo, apesar de ainda não ter recebido qualquer queixa sobre as falhas nas obras de habitação pública em Seac Pai Van, afirma estar já a investigar o caso. A empresa construtora dá pelo nome de Sam Yau e tem a seu cargo outras obras do género.

AgênciA comerciAl Pico • 28721006

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2 hoje macau quinta-feira 26.2.2015

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por Carlos Morais José

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l i g u e - s e • pa r t i l h e • v i c i e - s ePropriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Filipa Araújo; Flora Fong (estagiária); Leonor Sá Machado Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Simões Morais; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas Agnes Lam; António Conceição Júnior; Arnaldo Gonçalves; David Chan; Fernando Eloy; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

diárioDE

boRDo

UM GRUPo de estudantes senta-se em frente à Embaixada japonesa em Seoul, na Coreia do Sul, numa manifestação onde é pedido que o Japãocompense e peça desculpa às vítimas sobreviventes de escravidão sexual na Segunda Guerra Mundial. Os historiadores asseguram que mais de 200 mil mulheres, a maioria coreanas, foram forçadas a ser escravas sexuais dos soldados japoneses

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Berlim paga a traidores

“A ANM está dependente das doações dos dois deputados, que doam um quinto dos seus salários, segundo os estatutos. Esta é a parte mais significativa dos nossos ganhos.Sou Ka Hou [presidente]pretende promover uma espécie de programade donativos, que queremosque se tornem regulares”Jason Chao• Sobre a independência financeirada Novo Macau

“Descobrimos ainda a queda de azulejos, paredes rachadas, infiltração de água, que fez com que as caixas eléctricas ficassem queimadas e má conexão das paredes com o telhado. Todos os elevadores do mesmo edifício ficaram estragados ao mesmo tempo. Preocupamo- -nos que a qualidadedos edifícios possa pôrem causa a segurançadas nossas vidas”Cheang• Representante da Associaçãodo Mútuo Auxílio do Edifício Koi Nga sobre as habitações públicas

“Em finais de Marçoo JN vai ser o primeiro diário portuguêsa ter um suplemento regular bilingue”afonso Camões• Ex-presidente da AgênciaLusa e actual director do diárioJornal de Notícias sobre o acordocom o Plataforma Macau

a reCente decisão alemã de legislar um or-denado mínimo de 1309 euros é uma boa notícia para a Europa, pois em nome da coesão social o mesmo devia ser aplicado a todos os países da União Europeia. Contudo, Berlim mandou-se ao ar quando alguém em Portugal quis fixar o mesmo indicador em 500 e tal euros. Torna-se, portanto, claro que os governantes da pátria de Hitler e de Merkel considera existirem, pelo menos, duas Europas: a deles e a dos outros. Chama-se a isto discriminação étnica: certos povos têm mais di-reitos que outros, ainda que dentro de um espaço político e económico comum. Assim, a Alemanha alarga o seu antigo conceito de anti-semitismo a todos os povos não germânicos, como aliás o ditador nazi e os seus teóricos já tinham feito, embora nem sempre de forma explícita. Na altura, bastava ser judeu para se ser eliminado, agora basta não ser alemão para se ser explorado. Ao fim

e ao cabo, os neo-nazis preferem explorar a elimi-nar, sem que isso não implique, num futuro talvez próximo, a anexação territorial, depois da anexação económica em curso. E depois... logo se vê...Em Portugal, país onde o sangue judeu corre na maior parte das veias, somos governados por gente capaz de alinhar com o desiderato alemão. Passos Coelho e Maria Luís Albuquerque são uma espécie de capatazes dos povos subjugados ao Auschwitz económico e financeiro que Merkel e o seu minis-tro das Finanças têm vindo a preparar e a pôr em execução. Liderando Portugal para o abismo sem retorno, a referida dupla concorda em tornar o país mais pobre, mais dependente e sem recursos pró-prios, a mando de Berlim. A saga das privatizações desenfreadas, a mando da troika, dos sectores-chave da nossa economia é bem a prova de que este governo laranja está disposto a vender o país por bom preço e o futuro dos portugueses de borla.

Prova destas intenções está no aumento desenfreado da despesa pública por parte de um executivo que realizou tremendos cortes na Saúde, na Educação, fomentou o desemprego e a emigração. Numa pa-lavra: em tudo o que garantia alguma qualidade de vida e de oportunidades aos portugueses. Pergunta--se: para onde foi então o dinheiro? Por que razão, depois destes cortes radicais, continua tão alta a despesa pública?Mesmo que esta gente não venha a ser presa, não escaparão ao julgamento da História e à ignomínia de verem os seus nomes intimamente relacionados com uma das mais vergonhosas páginas da vida do país. Mas, de facto, é pena que, como aconteceu na Islândia, não sejam julgados pelos crimes que cometeram e que estão a cometer. A sua grande esperança, como dizia recentemente Ferreira Fer-nandes no DN, é que Berlim, ao contrário de Roma, paga a traidores...

“Estes casos [de demissão de docentes]tiveram uma grande dimensão e atraíram as atenções”eric sautedé, ex-professor de Ciência Política da UsJ, sobre o relatório da amnistia Internacional | P. 4

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hoje macau quinta-feira 26.2.2015 3grande plano

Joana [email protected]

a empresa que construiu o edifício de habita-ção pública onde foi detectada a existência

de uma parede oca – e onde os moradores garantem haver mais problemas – é responsável por mais obras públicas. À Companhia de Fomento Predial Sam Yau, cons-trutora dos blocos 1 a 4 do Edifício Koi Ngai, em Seac Pai Van, foram adjudicadas obras como as de ex-pansão de um terminal marítimo e outras relacionadas com habitação pública.

Em 2013, a Sam Yau partici-pou num concurso público que lhe permitiu ficar responsável pela empreitada de remodelação do Ter-minal Marítimo do Porto Exterior. A obra valeu à empresa 87,4 milhões de patacas, sendo que, em 2013 o Governo admitiu uma revisão desse orçamento, devido aos custos dos materiais terem aumentado, para 87,7 milhões de patacas. O Terminal deveria ter ficado concluído em Agosto do ano passado.

“Mesmo que ainda não tenhamos recebido queixa sobre a referida fracção, este Gabinete já iniciou o procedimento de investigação. Se se descobrir que o caso é imputável ao empreiteiro, [o GDI] vai proceder à punição de acordo com a legislação”Gabinete de desenvolvimento de infra-estruturas

Ainda não se sabe de quem é a responsabilidade da falha nas obras de habitação pública em Seac Pai Van, mas o Executivo assegura estar a investigar o caso por iniciativa própria, já que “não recebeu queixa” sobre o assunto. Entretanto, o GDI não fornece informações sobre as empresas envolvidas na construção destas fracções, mas o HM apurou que é a Sam Yau a responsável pela construção do edifício Koi Ngai onde as paredes são ocas. Esta tem mais obras públicas

seac Pai van EmprEsa construtora dE habitação pública tEm mais obras

“Governo a investigar”

Também à Sam Yau foi ad-judicada a obra de alteração e alargamento do Centro de Recupe-ração de Doenças Infecciosas no Alto da Montanha de Coloane, no valor de 319 milhões de patacas. A obra deveria estar concluída no segundo semestre do ano passado, segundo estimativas do Executivo, sendo que o pra-zo limite para as obras termina, contudo, em Março de 2015. As Obras Públicas, de acordo com o jornal Ponto Final, autorizaram a continuação dos trabalhos após os horários permitidos por lei devido aos atrasos na construção.

A mesma empresa tem ainda a seu cargo a construção dos blocos

E e F de habitação pública do Fai Chi Kei, no valor de 416,6 milhões de patacas, e a remodelação de equipamentos sociais de habitação pública de Seac Pai Van, no valor de 89 milhões de patacas.

Ao que o HM conseguiu apu-rar, Li Zhao Guang é o director--geral da empresa, originária de Hong Kong e com sede também em Guangdong. O HM tentou, ontem, contactar alguém respon-

sável da Sam Yau, mas foi-nos dito que os trabalhadores só regressam à empresa hoje, dia em que come-çam a trabalhar após as férias do Ano Novo Lunar.

A empresa foi, em 2012, conde-corada com o prémio de segurança na construção civil.

InvestIgação próprIa Também ontem o Gabinete de Desenvolvimento de Infra--Estruturas (GDI) respondeu ao HM, ainda que não tenha avançado com as informações solicitadas. Ainda assim, o GDI assegurou que o Governo se encontra a investigar a situação, numa iniciativa própria.

“Mesmo que ainda não te-nhamos recebido queixa sobre a referida fracção, este Gabinete já iniciou o procedimento de in-vestigação”, começa por dizer o GDI. “Se se descobrir que o caso é imputável ao empreiteiro, [o GDI] vai proceder à punição de acordo com a legislação.”

A legislação, recorde-se, é o Regime Jurídico do Contrato de Empreitadas de Obras Públicas que, como foi anunciado recen-temente devido ao metro ligeiro, não inclui por si só indemnizações em caso de problemas. Contudo, é possível ao Governo pedir estas compensações, caso o contrato tenha englobado cláusulas adi-cionais. Não foi possível ao HM perceber se este contrato tem ou não estas cláusulas.

O HM colocou ainda outras questões relacionadas com o problema referenciado pelos moradores – e que motivou a en-trega, esta semana, de uma carta ao Executivo -, mas o GDI não respondeu a nenhuma delas. Qual a empresa construtora, qual a que fez a fiscalização, se o Governo tem intenções de fazer testes nas restantes habitações públicas para verificar se existem mais situações destas ou se acredita que podem existir mais obras públicas que sofram do mesmo problema fo-ram perguntas que ficaram sem resposta. O GDI diz apenas que o que surgir sobre a situação será “publicado oportunamente pelo Governo” e que “não tem mais informações a dar”.

Para já - e apesar do Instituto de Habitação e GDI terem dito que o problema se deve a um “desconhecimento técnico” dos operários - ainda não foram apu-radas responsabilidades.

No que toca à supervisão das obras na habitação pública, não foi possível apurar qual a empresa responsável.

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4 hoje macau quinta-feira 26.2.2015política

Joana [email protected]

a Lei da Venda, Exposição e Distribuição Públicas de Material Pornográfico

e Obsceno, a Lei da Criminali-dade Organizada e os crimes de lenocínio estipulados no Código Penal (CP) vão ser revistos de forma conjunta. A ideia é defen-dida e anunciada numa resposta do Gabinete do Secretário para a Segurança, datada de Dezembro do ano passado, mas só agora tornada pública em língua portuguesa.

Numa resposta a uma inter-pelação da deputada Wong Kit Cheng, o Executivo diz que as eventuais alterações à Lei da Venda e Distribuição de Material Porno-gráfico estão “ligadas à explora-ção de prostituição”, por sua vez prevista na Lei da Criminalidade Organizada e respeitante a crimes de lenocínio previstos no CP, pelo que a intenção é modificá-las ao mesmo tempo.

“Após estudo, levado a cabo pelo departamento dos Assuntos de Justiça, é planeada uma revisão conjunta dos diplomas legais acima

do, segundo dados da PSP, 1152 pessoas foram investigadas pela distribuição de panfletos com este tipo de publicidade, nos primeiros dez meses do ano. Mais de 300 foram repatriadas para a China continental, onde as autoridades têm também, e de acordo com o Gabinete, uma “lista com o nome dos indivíduos” suspeitos de explo-ração de prostituição em Macau.

O Ministério Público de Macau (MP) já veio a público defender que a lei que regula distribuição dos panfletos é obsoleta, demasiado branda e tem de ser revista, sendo

descritos”, começa por dizer o Gabinete do Secretário.

Sem avançar com datas, dizen-do apenas que o seu “andamento será publicado oportunamente”, o Executivo assegura que é “ne-cessário harmonizar as políticas criminais na sua totalidade”, de-vido “à tendência da actividade de prostituição na comunidade residencial”.

Sem dataRecorde-se que, em Macau, a prostituição não é crime, mas a sua publicidade é. No ano passa-

que “a leveza das penas, o baixo nível de intimidação das penas e diferença nos critérios na aplicação das penas afectam a eficácia do combate desses crimes”, como disse no ano passado. O MP, que se junta a inúmeros deputados, dizia mesmo que os “bastidores desses crimes normalmente envolvem crimes organizados como o controlo e ex-ploração de prostitutas e o controlo mediante o uso de drogas”.

Na resposta a Wong Kit Cheng, o Gabinete diz que a revisão ao CP já está a ser estudada pela Direcção dos Serviços de Reforma Jurídica e do Direito Internacional, tendo “finalizado o estudo básico da parte das questões envolvidas”. Não há datas para a revisão, ficando apenas a promessa de que os trabalhos vão acontecer de forma oportuna.

Leis de pubLicidade a prostituição, crime organizado e Lenocínio em revisão

Tendência que não pára de crescer

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“Espero que o Governo de Macau preste atenção à questão da liberdade académica e que assegure que todas as universidades cumprem elevados padrões relativamente aos direitos humanos e de liberdade académica”biLL chou ex-docente da um

[o despedimento] “Foi contra todos os princípios de liberdade de expressão, tendo sido mencionado noutros relatórios anteriores”eric sautedé ex-docente da usJ

ai RelatóRio denuncia “peRseguições a intelectuais” em macau

bill e eric nos olhos do mundoO mais recente relatório da Amnistia Internacional sobre os direitos humanos faz uma breve referência às demissões dos académicos Bill Chou e Eric Sautedé de duas universidades locais. Para os visados,a referência prova que “o casoé sério do ponto de vista dos direitos humanos” e de “violação da liberdade de expressão”

andreia soFia [email protected]

a referência é breve, mas existe: as demissões dos docentes de Ciência Po-lítica da Universidade

de Macau (UM) e Universidade de São José (USJ), respectivamente

Bill Chou e Eric Sautedé, constam do mais recente relatório da Am-nistia Internacional (AI) sobre os direitos humanos.

“Intelectuais favoráveis à democracia denunciaram terem sido alvo de perseguição pela sua participação política e críticas ao Governo. Bill Chou Kwok-ping, professor da UM, afirmou ter sido suspenso das suas funções por impor convicções políticas aos es-tudantes. Após uma investigação, não renovou o seu contrato”, pode ler-se no documento. “Em Julho, outro académico, o professor Eric Sautedé, da USJ, perdeu o seu emprego. O reitor da universida-de afirmou a um jornal local em língua portuguesa que o professor havia sido demitido por causa de um comentário político”, acres-centa a AI no parágrafo referente à RAEM.

vista dos direitos humanos” e pede atenção do Executivo.

“Espero que o Governo de Macau preste atenção à questão

Contactado pelo HM, Bill Chou não tem dúvidas de que a referência no relatório anual “mos-tra que o caso é sério do ponto de

da liberdade académica e que assegure que todas as universida-des de Macau cumprem elevados padrões relativamente aos direitos humanos e liberdade académica para evitar que surjam referências como esta em futuros relatórios”, acrescentou ainda.

Já Eric Sautedé recorda que, no seu caso, o despedimento por questões políticas “foi algo claramente admitido pelo reitor e foi contra todos os princípios de liberdade de expressão, tendo sido mencionado noutros relatórios anteriores”. Mesmo sendo breve, a referência não fica indiferente.

“Compreende-se que seja a única questão a surgir no relatório porque Macau não tem propria-mente a dimensão de Hong Kong, por exemplo, nem atrai muito a atenção por parte deste tipo de entidades. Mas estes casos tiveram uma grande dimensão e atraíram as atenções. Trata-se de um rela-tório mundial e se olharmos para o número de jornalistas mortos, por exemplo, estes dois casos são bem menos graves. Mas é uma indica-ção de que foram um erro e que atraíram a atenção”, acrescentou o antigo docente da USJ.

Occupy na miraO relatório da AI traça ainda uma análise sobre Hong Kong e os pro-testos liderados pelo movimento Occupy Central. “Tal como acon-teceu em muitas outras situações, os protestantes revelaram coragem apesar da violência e ameaças perpetuadas directamente contra eles. Em Hong Kong, dezenas de milhares desafiaram as autoridades a diminuir o uso da força de forma excessiva e arbitrária, naquele que se tornou conhecido como o ‘mo-vimento dos guarda-chuvas’, um exercício dos seus direitos básicos de liberdade de expressão e de ma-nifestação”. Os abusos cometidos contra as empregadas domésticas na região vizinha também são citados no relatório.

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5 políticahoje macau quinta-feira 26.2.2015

pub

COMISSÃO DE REGISTO DOS AUDITORES E DOS CONTABILISTASAvISO

Torna-se público que já se encontra finalizada a correcção da segunda prestação das provas para a inscrição inicial e revalidação de registo como auditor de contas, contabilista registado e técnico de contas, realizadas no ano de 2014 nos termos do disposto na alínea c) do artigo 2º do Regulamento da Comissão de Registo dos Auditores e dos Contabilistas, pela referida Comissão. Os respectivos resultados serão notificados aos interessados até ao dia 27 de Fevereiro, solicitando-se aos mesmos que contactem com a Sra. Wong, através do n.º 85995343 ou 85995344, caso não recebam a mencionada notificação.

Direcção dos Serviços de Finanças, aos 10 de Fevereiro de 2015

O Presidente do Júri,Iong Kong Leong

Joana Freitas [email protected]

e cho chan vai mesmo ficar como coordena-dora do Fórum Ma-

cau, tal como o HM tinha avançado em Dezembro do ano passado. O anúncio foi ontem publicado em Bole-tim Oficial.

Num despacho que no-meia Echo Chan como

Universidade de Macau, detendo ainda um diploma de Língua e Cultura Por-tuguesa pela Universidade de Coimbra. Ingressou na Função Pública como téc-nica do então Instituto de Promoção do Investimento em Macau, em 1992, tendo sido vogal executiva do

coordenadora do Gabinete de Apoio ao Secretariado Permanente do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa por um ano, sabe-se ainda que a responsável começa a exercer funções a 4 de Março.

Echo Chan, que substitui Rita Santos, foi nomeada por Lionel Leong, Secretário

Conselho de Administra-ção do actual IPIM desde Abril de 2004. Echo Chan foi ainda coordenadora--adjunta do Gabinete Prepa-ratório do Parque Científico e Industrial de Medicina Tradicional Chinesa, de Setembro de 2010 a Outubro de 2011 e administradora do Conselho de Administração da Macau Investimento e Desenvolvimento, S.A., de Agosto de 2011 a Dezem-bro do ano passado. Esteve ainda como presidente do

para a Economia e Finanças, que justifica a escolha pela “competência profissional e aptidão para o exercício do cargo”, além da vacatura do cargo.

Mas Chan vai manter--se ligada ao Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento em Macau (IPIM), onde exerceu já o cargo directora-executiva.

De acordo com outro despacho também publicado ontem em Boletim Oficial, Echo Chan foi nomeada pelo mesmo Secretário para exercer funções de vogal não-executiva do Conselho de Administração do IPIM, em regime de acumulação, pelo período também de um ano, a partir da mesma data em que ingressa no Fórum Macau.

Função pública desde 1992Chan tem licenciatura em Economia pela Universi-dade de Jinan e Mestrado em Ciências Empresariais, na variante de Marketing e Gestão Estratégica, pela

Conselho de Administração da Guangdong-Macau Tra-ditional Chinese Medicine Technology Industrial Park Development Co., Ltd., de Novembro de 2011 a Janeiro de 2015.

Recorde-se que, como avançou o HM, Rita Santos vai reformar-se por ter já acumulado tempo suficiente na Função Pública para o fa-zer. Aquela que foi a cara do Fórum Macau nos últimos anos vai, agora, “dedicar-se à família”.

Fórum macau Echo chan conFirmada, mas mantém-sE ligada ao iPim

Tempo de família para Rita Santos

anm Chan Wai Chi diz que “dependênCia finanCeira” é um dever

um dia eles serão deputadosO antigo deputado Paul Chan Wai Chi considera que Ng Kuok Cheong e Au Kam San “têm o dever” de apoiar financeiramente a Associação Novo Macau, mas que esta deve, de facto, alargar os seus recursos financeiros. Ainda que sempre com transparência

Flora [email protected]

J á foi um dos financiadores da Associação Novo Macau (ANM) quando era depu-tado directo à Assembleia

Legislativa (AL) e não vê mal nenhum nisso. Um dia depois da actual direcção da ANM anunciar que pretende desenvolver um sistema de donativos, para não depender dos apoios financeiros dos deputados Ng Kuok Cheong e Au Kam San, Paul Chan Wai Chi afirma ao HM concordar com a medida, mas considera “um dever” o apoio dado pelos membros do hemiciclo.

Paul Chan Wai Chi diz ser “fun-damental” o pagamento por parte dos seus parceiros associativos, mas defende que a ANM “precisa

de alargar os seus recursos”. Chan Wai Chi também não está preocu-pado com a possível saída dos dois deputados da AL e consequente perda de financiamento, pois acre-dita que, um dia, Jason Chao e Sou Ka Hou serão deputados.

“A situação financeira da Asso-ciação não é estável nem desejável, todas as vezes, depois das eleições ou da realização de grandes acti-vidades, os cofres da Associação estão quase sempre vazios”, apon-tou. O HM tentou contactar Ng Kuok Cheong e Au Kam San para obter um comentário, mas até ao fecho desta edição não foi possível estabelecer contacto.

Quotas em QuestãoOutra das decisões da actual di-recção prende-se com o aumento das quotas anuais, de 200 para

“Eu e os dois deputados estive-mos presentes nessa reunião, mas Au Kam San e Ng Kuok Cheong saíram antes de discutirmos o aumento das quotas, dizendo que tinham entrevistas marcadas com

400 patacas. Segundo Jason Chao, Au Kam San e Ng Kuok Cheong deixaram a assembleia-geral mais cedo e não votaram a medida. Algo a que Paul Chan Wai Chi aponta o dedo.

jornalistas. Não quero comentar se saíram de propósito ou não, mas acho que todos os membros devem ter tempo suficiente para votarem em todos os pontos da agenda da reunião”, disse o ex-deputado.

Questionado sobre a recolha de donativos poder vir a ser feita da parte de entidades locais ou externas, Paul Chan Wai Chi de-fende que essa questão deve ser tratada “com cuidado”, exigindo “transparência no processo junto do público”. Recorde-se que a ANM tem vindo a lutar pela im-plementação do sufrágio universal em Macau, objectivo partilhado com o movimento Occupy Central, de Hong Kong, acusado de ser financiado por entidades políticas dos Estados Unidos.

Confrontado com divergências entre os deputados e a actual direcção da ANM, composta por membros mais jovens, Paul Chan Wai, também ele um dos membros mais antigos, frisa que Au Kam San e Ng Kuok Cheong “devem perceber que a Associação passou para uma nova geração desde que Jason Chao se tornou presidente em 2010”.

“É altura dos jovens terem um papel principal na Associação e os membros mais experientes devem ter consciência de que os papéis podem ser alterados na Associação, que é necessário voltarem atrás”, concluiu.

“É altura dos jovens terem um papel principal na Associação e os membros mais experientes devem ter consciênciade que os papéis podem ser alterados na Associação”

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6 publicidade hoje macau quinta-feira 26.2.2015

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7sociedadehoje macau quinta-feira 26.2.2015

Fil ipa araú[email protected]

d urante o ano passado chegaram às autorida-des de Macau um total de 342,536 solicitações

de trabalhadores não-residentes (tnr), sendo que apenas 142,605 – 41,6% - foram autorizadas. Ou seja, quase 200 mil tnr foram impedidos de vir para Macau. Os dados são do Gabinete para os recursos Humanos, que mostram ainda que houve mais de 45 mil pedidos que solicitaram a impor-tação de 340 mil tnr.

Foram os pedidos para empre-gados domésticos os que mais se registaram durante todo o ano, ultra-passando os 1500 pedidos mensais, mas foi o sector da construção que mais solicitações de tnr fez, pedin-do um total de 168,900 trabalhadores, num universo em que apenas 80,410 - 52,3% - foram autorizados. na mesma lista de solicitações estão os hotéis, restaurantes e similares com mais de 52 mil solicitações e com uma percentagem de solicitações recusadas de 29%, ou seja, 15,351 trabalhadores viram a sua integração na mão-de-obra de Macau recusada.

também o comércio por grosso e a retalho apresentou uma alta taxa de tnr recusados atingindo os 40%. em números: 10,600 tnr foram recusados do total de 26,285 solicitações feitas.

Pouco esPecializados O bolo de sectores engloba ainda as indústrias extractivas e as transfor-

371mil seria o número de tnrque Macau iria ter este ano,se o governo tivesse aprovadotodos as solicitações duranteo ano passado

O Governo aprovou apenas 142 mil das mais de 300 mil solicitações de trabalhadores não- -residentes, quando a mão-de-obra ainda continua a ser uma problemática patente na sociedade. É na construção que mais solicitações surgem e onde as recusas ultrapassam os 50%

TNR Mais de 40% das solicitações foraM recusadas

Venham mais cinco

172mil são os que Macautem actualmente

madoras, a produção e distribuição de electricidade, gás e água, as actividades financeiras, a Admi-nistração Pública e segurança, a saúde e acção social, entre outras.

Os pedidos estão ainda dividi-dos por tnr especializados ou não especializados, sendo o número destes últimos esmagadoramente maior que o primeiro tipo de tra-balhadores. Do total dos 168,900 tnr solicitados para a construção, a maioria - 167,319 - correspondem aos não especializados e apenas 1581 são especializados.

Pouco mais de 79 mil traba-lhadores não especializados e 1319 especializados receberam aprovação do Governo, ou seja, 83% das solicitações feitas para tnr especializados destinados à construção foram autorizados.

relativamente aos empregados domésticos foram submetidos 23,420 pedidos correspondendo o mesmo número às solicitações feitas. Destes 21,716 foram apro-vados, ou seja, 93% dos tnr.

Se o Governo tivesse aprova-do o número de tnr solicitados

apenas durante o ano passado, o território teria, no final de Janeiro de 2015, pelo menos 371 mil tnr, em vez de registar 172,062 traba-lhadores, como mostram dados ontem anunciados.

À esPera de mudançasrecorde-se que em Dezembro do ano passado, o gabinete dos recursos Humanos afirmou que ia acelerar os pedidos de importação dos trabalhadores não-residentes das pequenas e médias empresas (PMe) para coordenar o equilíbrio da procura e da oferta. a Chefe do GrH, Lou Soi Peng, e o seu vice Chan un Tong, afirmaram ao Jornal Ou Mun que reconheciam que todos os sectores de Macau precisam de uma grande quantidade de re-cursos humanos, especialmente devido à inauguração de hotéis e casinos no próximo ano, o que irá fazer com que a mão-de-obra das PMe possa vir a ser sedu-zida pelas grandes empresas, afectando-as e fazendo com que a mobilidade dos trabalhadores locais venha a ser maior.

também tal como a Direcção dos Serviços para os assuntos Laborais (DSAL) confirmou ao HM, no mês passado, a Lei da Contratação de trabalhadores não residentes está a ser de novo revista pelo Governo, depois de, em 2013, o diploma ter sofrido alterações.

De acordo com o organismo, a revisão da lei tem sido feita sempre “tendo em consideração a situação real” e de forma “a responder às aspirações sociais”. tal aconteceu em abril de 2013, quando mudanças neste diplo-ma vieram alterar o regime de impedimento, fazendo com que os trabalhadores não-residentes (tnr) despedidos com justa causa tivessem de sair de Macau por seis meses antes de procurar novo trabalho. agora, as mudan-ças vão focar-se nos que vêm para Macau com visto de turista e que procuram trabalho.

Os dados mais recentes mos-tram que neste momento estão em Macau 172,062 tnr, ou seja, mas de 31,297 que em Janeiro do ano passado. a esmagadora maioria provém do interior da China, um total de 111,523, seguindo-se os tnr oriundos das Filipinas, que são 21,977. Os dois sectores predominantes são a construção e os trabalhos domésticos.

Page 8: Hoje Macau 26 FEV 2015 #3279

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8 sociedade hoje macau quinta-feira 26.2.2015

AndreiA SofiA [email protected]

É uma mensagem mais optimista do que nos anos anteriores: no mais recente relatório

anual da Universidade de São José (USJ), referente ao ano

lectivo 2013/2014, o reitor Peter Stilwell fala de uma dimi-nuição das perdas financeiras de cerca de 70% por ano. A principal razão prende-se com a transferência de uma área da universidade, na zona dos NAPE 2, para as instalações do Seminário de São José.

tório, a evolução das perdas financeiras passou de cerca de 9,7 milhões de patacas, em 2012/2013, para 2,8 mi-lhões no ano lectivo passado.

“As rendas dos espaços

“A performance finan-ceira da USJ em 2013/2014 revelou uma melhoria sig-nificativa em relação a 2012/2013, com o registo de uma diminuição substancial das perdas anuais em mais de 70%”, pode ler-se. “Tal deveu-se ao fim do con-trato de arrendamento dos NAPE 2 (e a transferência das infra-estruturas desse campus para o Seminário de São José) e o aumento da amortização dos subsídios”, acrescenta o reitor.

Segundo o mesmo rela-

NAPE 2 e NAPE 3 aditaram um peso significativo às perdas anuais da universi-dade. (...) As razões para uma melhoria significativa devem-se ao fim do contrato nos NAPE 2, o que represen-ta uma poupança de quase dois milhões de patacas, e um aumento de subsídios, perto dos seis milhões”, acrescentou Peter Stilwell na nota de abertura do relatório.

A questão dos subsídios revela, segundo o relatório, que a USJ “tem sido bem sucedida na sua integração no panorama do ensino su-perior local e no sistema de recursos financeiros e que o rápido desenvolvimento da universidade tem sido reconhecido e apoiado por fundos locais”.

O reitor da instituição de ensino privada afirma ainda que o arranque dos subsídios do Governo às propinas dos

alunos também vai permitir uma melhoria das contas da universidade.

“A universidade pode es-perar uma maior melhoria da sua situação financeira quando a nova tabela de propinas e o apoio aos alunos locais chegar no ano lectivo 2014/2015 (que começou em Setembro último). [Tal] vai permitir à USJ rever a tabela de propinas para melhor cobrir as suas despesas, sem dissuadir a uma diminuição da população do ensino secundário a candida-tar-se à nossa universidade”, escreveu Peter Stilwell.

Para o futuro, o reitor da USJ afirma que a instituição “deve diversificar as suas fontes de financiamento através de uma melhor utili-zação dos subsídios públicos e um aumento dos serviços junto da comunidade local, com cursos pós-laborais e projectos de investigação”.

USJ Perdas financeiras diminuíram em 70%

Contas mais abençoadas

“PreSSão” no recrutAmento de AlunoSNo seu relatório anual, a USJ revela ter recebido menos cem alunos ao nível da licenciatura, afirmando sentir “pressão” face a outras instituições de ensino. “Não temos dúvidas de que a USJ sofre uma pressão devido à redução dos alunos locais. Essa diminuição é justificada com as crescentes dificuldades, sentidas nos últimos dois anos, em recrutar estudantes para cobrir aqueles que se licenciam.

Acreditamos que, em parte, isso acontece por motivos demográficos, mas também devido à crescente competição – com outras universidades que estão a expandir o número de cursos oferecidos”, pode ler-se. Mas há ainda outra razão. “Somos uma das poucas universidades de Macau, talvez a única, que não está autorizada a recrutar estudantes do continente”. Olhando para os restantes relatórios anuais das universidades

locais, quase todas registaram um aumento de alunos. A Universidade de Macau (UM) admitiu 1660 alunos de um total de 8750 candidaturas, o que representa um aumento de 8%. O mesmo aumento foi sentido no Instituto de Formação Turística, que tinha em 2013/2014 1573 alunos. O Instituto Politécnico de Macau não registou um aumento significativo de alunos: manteve 2515 alunos locais e 471 não locais.

uiverSidAde de mAcAu recebeu mAiS de 37 milhõeS em donAtivoSO relatório anual da UM referente a 2013/2014 revela que a instituição de ensino superior pública recebeu mais de 37 milhões de patacas de 13 donativos, que incluem bolsas e doações. “Por forma a reforçar a cultura de donativos, a universidade levou

a cabo três actividades de recolha de fundos no campus e recebeu mais de 75 mil patacas, oriundos de mais de 500 participantes”. O orçamento da UM foi de 2,2 milhões de patacas, tendo o Governo dado subsídios no valor de 1,4 milhões de patacas.

“Somos uma das poucas universidades de Macau, talvez a única, que não está autorizada a recrutar estudantes do continente”RelatóRio da USJ

“A universidade pode esperar uma maior melhoria da sua situação financeira quando a nova tabela de propinas e o apoio aos alunos locais chegar no ano lectivo 2014/2015”RelatóRio da USJ

A Universidade de São José diz ter diminuído em cerca de 70% as perdas financeiras no ano lectivo de 2013/2014, devido ao fim do contrato de arrendamento nos NAPE e à passagem de instalações para o Seminário de São José

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HM - 2ª VEZ - 26.2.2015

Acção de Interdição nº CV2-15-0006-CPE 2º Juízo Cível

Requerente : O MINISTÉRIO PÚBLICO.Requerida : CHEONG NAM IENG.

***

FAZ SABER que foi distribuída ao 2º Juízo Cível do Tribunal Judicial de Base de R.A.E.M., a acção acima mencionada, contra CHEONG NAM IENG, solteira, maior, nascida em 26/12/1963 na China interior, filha do CHEONG IO CHEONG aliás TRUONG DIEU CHUON e da CHAN LAI aliás TRAN LUU, com residência na Clínica Psiquiátrica da Taipa, na Rua Tin Chon, Taipa, para o efeito de ser declarada a sua interdição por anomalia psíquica.

Macau, aos 13 de Fevereiro de 2015.

***

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9 sociedadehoje macau quinta-feira 26.2.2015

IH Funcionários a enganar população O Instituto de Habitação (IH) recebeu queixas de residentes sobre alegadas burlas feitas por funcionários. Num comunicado publicado ontem, o IH referiu que recentemente tem recebido queixas de que funcionários asseguram a residentes que se estes lhes derem “gorjetas” conseguem acelerar a aquisição de uma habitação económica. Os funcionários estarão a enganar pessoas que estão à espera de habitação económica, pelo que o IH apela às vítimas que alertem as autoridades. O IH assegura estar a prestar alta atenção ao caso e diz que tem exigido aos funcionários que obedeçam às leis.

O director dos Serviços de Solos, Obras Públicas e

Transportes (DSSOPT), Li Canfeng, revelou que já está criado um grupo especializado para implementar a nova passa-gem entre Guangdong e Macau.

Numa resposta a uma in-terpelação escrita do deputado Zheng Anting, o director apon-tou que o grupo especializado responsabiliza-se pela constru-ção do novo posto fronteiriço, bem como pela criação do novo mercado abastecedor, que Canfeg reitera que deverá estar pronto em 2016. As au-toridades, diz o responsável, já concluiu a elaboração do desenho e a concessão da obra.

No que toca ao metro li-geiro, Li referiu que vai ace-lerar a meta da construção das infra-estruturas de transportes transfronteiriços, de forma a promover a ligação das duas fronteiras através de transportes. “De acordo com o planeamento actual, o metro vai ter zonas de ligação com o interior da China, sendo a nova passagem entre Guangdong e Macau, o túnel fluvial, a ilha artificial para a Ponte Hong Kong-Zhuhai--Macau e o Posto Fronteiriço do Cotai e da Ilha de Montanha alguns pontos.” Recorde-se que não há data para que o metro comece a circular em Macau.

Governo prepara ligação do metro ao continente

Flora Fong [email protected]

a deputada Kwan Tsui Hang considera que o Executivo deveria rescindir o contra-

to com a empresa responsável pela construção do Parque de Materiais e Oficina do metro ligeiro, a mes-ma que constrói o metro da Taipa, a Top Builders, por considerar

que esta não tem capacidade para concluir a obra. Kwan diz que o Governo deve considerar a saída de cena da actual companhia, preparando-se para receber uma nova companhia com melhores condições.

Em declarações ao Jornal do Cidadão, Kwan recordou que o Chefe do Executivo tinha reite-rado que está a negociar uma

resolução de prorrogação do prazo e o pagamento de excesso de des-pesas da obra com a companhia construtora. No entanto, para a deputada, o que é preciso negociar é a saída da actual construtora.

“A companhia já não tem ca-pacidade para acabar a obra, mais um dia de prorrogação e preços mais altos impedem o desenvol-vimento económico, prejudicam o

interesse público e a sociedade é que tem de pagar. Não é aceitável a actual construtora continuar o projecto.”

Kwan diz ainda que, primei-ro, o Executivo deve procurar uma nova construtora com boas condições e capacidade para que acompanhe a obra em causa e de-pois deve consultar profissionais jurídicos para ver se há condições para rescindir o actual contrato de concessão.

“No processo de negociação, o Governo deveria ter linhas de base, não comprometer tudo, prejudicando interesse público.”

Metro Sugerida reSciSão de contrato coM eMpreSa conStrutora

Sem dar conta do recado

(apesar de) “2014 ter sido um ano desafiante para a indústria do Jogo de Macau, sobretudo a segunda metade”, (a operadora) “conseguiu manter a liderança no mercado”aMbroSe So director-executivo da SJM

SJM fecHa 2014 cOM perdaS de 8,8%. acçõeS deSceM

baixas no reino do JogoNum dia em que as acções das operadoras em bolsa desceram, a SJM anuncia também quedas nas receitas no ano passado

A S receitas do jogo da Sociedade de Jogos de Macau caíram 8,8% no ano passado face a 2013

para 79,3 milhões de dólares de Hong Kong. Os dados foram apre-sentados ontem pela operadora, num dia em que é dado conta que as acções dos casinos baixaram todas.

De acordo com os resultados anuais da SJM, a operadora teve uma quebra de 12,7% nos lucros líquidos em 2014, que se fixaram em 6,731 milhões de dólares de Hong Kong, mas ainda se mantém na liderança nas acções no mercado e foi o Grand Lisboa o espaço da operadora que mais contribuiu para as receitas, com 29,6 milhões de dólares.

As receitas relacionadas com a hotelaria também caíram 22,4% para 971 milhões de dólares de Hong Kong.

Ainda assim, Ambrose So, director-executivo da operadora, diz que apesar de “2014 ter sido um ano desafiante para a indústria do Jogo de Macau, sobretudo a segunda metade”, a operadora “conseguiu manter a liderança no mercado e fazer progressos signi-ficativos na construção do projecto Lisboa Palace, no Cotai”.

Bolsa em quedaNo dia de ontem, as seis concessio-nárias de Jogo de Macau registaram desvalorizações superiores a 5% na Bolsa de Hong Kong. A Wynn liderou a queda generalizada das acções, de acordo com a Bloom-berg, que considera que estas quedas estão relacionadas com o anúncio, na passada quinta-feira, de que o Governo quer reduzir o número de turistas da China.

As acções da Wynn Macau caíram 3,73%, as da Galaxy Entertainment desceram 2,73%, enquanto as da Sands China deslizaram 2,7%. A MGM per-deu 1,95% e a SJM 2,33%. O

mercado fechou com uma queda de 0,35%.

Os casinos de Macau deverão encerrar Fevereiro com uma que-da percentual homóloga histórica de quase 50%. Em Fevereiro de

2014, os casinos tinham estabele-cido um novo recorde de receitas mensais – 38 mil milhões de pata-cas -, mas mesmo mantendo uma média de 26,4 milhões de patacas, a queda em Fevereiro deste ano seria sempre equivalente a mais de 30%.

Fontes de dois operadores contactados pela agência Lusa garantem, contudo, que o mês de Fevereiro “será desastroso” para as receitas dos casinos locais, apon-tando para uma queda superior a 46,5%.

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Page 10: Hoje Macau 26 FEV 2015 #3279

10 hoje macau quinta-feira 26.2.2015eventos

História Geral da inquisição PortuGuesa • José Pedro Paiva, Giuseppe MarcocciA primeira história da Inquisição portuguesa desde a sua fundação em 1536 ao seu ocaso em 1821. Uma pesquisa única e original na consulta de arquivos e documentação que permitem destapar este momento sombrio da nossa história. A história do Tribunal do Santo Ofício, das suas vítimas (judeus, bruxas, feiticeiros e outros), dos que morreram à sua mercê.

À venda na livraria PortuGuesa Rua de S. doMinGoS 16-18 • Tel: +853 28566442 | 28515915 • Fax: +853 28378014 • [email protected]

a BaTalha de alJuBaRRoTa - hiSTóRiaS e lendaS • ana Maria Magalhães, isabel alçadaCom a morte do rei D. Fernando em 1383, o Tratado de Salvaterra de Magos estabelece que a Coroa de Portugal passaria a pertencer aos descendentes do Rei de Castela, passando a capital do Reino para Toledo. Depois de 2 anos de atribulações, o Rei de Castela invade Portugal em 8 de Julho de 1385 com um numero exército de 40.000 homens. Nuno Álvares Pereira tinha colocado os seus homens em posição de combate. A batalha era inevitável. Neste livro, magistralmente escrito por Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada, encontram-se todas as histórias e as lendas que com elas se misturam contadas numa linguagem acessível ao publico infantil e juvenil, de maneira a que todos aprendam o que foi a Batalha de Aljubarrota com precisão e diversão.

Venetian Carnavalde Veneza regressa em Março

É já nos próximos dias 12 a 29 de Março que o “Venetian

Carnevale” regressa à zona do lago do casino Venetian, por forma a lembrar uma tradição da cidade italiana. Com o apoio da Direcção dos Serviços de Turismo (DST), o público poderá assistir a uma série de espectáculos e performances ao ar livre, cuja entrada será gratuita.

“Este ano o Venetian Car-nevale vai dar a possibilidade a locais e turistas de vivenciarem o autêntico carnaval de Veneza com decorações festivas, en-tretenimento com teatro de rua, um novo espectáculo junto ao lago e passeios de gôndola ao ar livre”, lê-se num comunicado emitido pelo Venetian. O públi-co poderá ainda passar pelo Café Venezia e desfrutar das bebidas e comidas que fazem lembrar a gastronomia italiana. Há ainda jogos com palhaços e espaços para os mais pequenos.

Um dos pontos altos do evento promete ser o “Venetian Light Storm”, que tem tido uma grande adesão nos últimos anos. O espectáculo regressa com a mais recente tecnologia que irá proporcionar um espectáculo de luzes, com a presença dos artis-tas Amy Osborne, Fleur-Marie Hoefkins e Naomi Hunter.

A versão local do carnaval de Veneza vai ainda incluir as celebrações de St. Patrick, uma efeméride irlandesa que vai de-correr na zona do lago do Vene-tian a 17 de Março. Os amantes deste dia vão poder desfrutar de muita cerveja, música ao vivo e danças de rua.

Gonçalo lobo [email protected]

C HAMA-SE “O Silêncio das Almas” e é o novo livro de poesia de Henrique Levy, editado em Macau no início

deste ano pela CriarInovar. Trata-se de um “momento de transformação” em que o leitor é como que convidado para a celebração de uma missa. “A leitura dos poemas é a Eucaristia. O que se pretende é que os poemas alte-rem a realidade das coisas, tal como o mistério da transubstanciação. A obra funciona como um todo e os dois últimos poemas fecham com outra estética”, disse o autor ao HM.

Contudo, depois dos “Cânticos de Entrada” e do “Ofertório” se-ria expectável que houvesse uma Comunhão. E até há, mas de outra forma. Henrique Levy explica que a “comunhão está na própria leitu-ra”. “A comunhão do leitor com o autor, ou melhor, com o sujeito da enunciação. O Cântico de Entrada apresenta os poemas como cânticos. No Ofertório, o poeta oferece-se no sacrifício da poesia. Entrega os versos de modo a que estes possam ser comungados pelo leitor.”

Com prefácio de Urbano Tavares Rodrigues, a obra, inédita, foi escrita em 2004. Henrique Levy considera que o prefácio do conceituado es-critor, falecido em 2013, é “o mais belo poema do livro” e conta como sucedeu a parceria. “É uma história longa. O Urbano convidou-me para um encontro de poetas ibero ameri-canos, que declinei. Disse-lhe que

“O Silêncio das Almas” é o mais recente livro de Henrique Levy. O escritor português, que já viveu em Macau, optou por editar no território porque em Portugal “não há dinheiro”.A chancela coubeà CriarInovarde Rui Rocha

Livros Obra inédita de Henrique Levy editada em macau

Poesia servida em eucaristia

Com prefáciode Urbano Tavares Rodrigues, a obra, inédita, foi escritaem 2004

a poesia não era para os poetas se mostrarem. Nesse momento, pediu--me para prefaciar um livro meu.”

Ficou assim estabelecida a coo-peração entre os dois escritores. “Ele foi meu professor e depois colega. Fiquei muito contente por o prefácio ter sido escrito por um amigo que sempre respeitei como professor e crítico literário.”Outra coisa que o autor quer destacar é o design do livro, e em especial a capa, cuja concepção gráfica

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11 eventoshoje macau quinta-feira 26.2.2015

Rua de S. domingoS 16-18 • Tel: +853 28566442 | 28515915 • Fax: +853 28378014 • [email protected]

Ilha da MontanhaSands Cotai junta-se ao ChimelongA partir de 2 de Março, a Sands alia-se ao Chimelong, na Ilha da Montanha, para oferecer preços mais baixos aos convidados dos hotéis da operadora em Macau. Os planos, que começam em 2798 patacas e vão até às 3298, incluem acomodação, pequeno-almoço e bilhetes para o parque aquático.

Hong Kong “Luscious Lips” amanhã na Fabrik GalleryNuma mistura de cores e emoções, a artista Liu Hong apresenta a sua arte na Fabrik Gallery, em Hong Kong, já amanhã pelas 18h30 até às 20h00. “Decidi deliberadamente pintar os lábios das minhas modelos de uma forma fortemente sexual”, explica a artista em comunicado. As modelos, com cores de cabelos fortes e brilhantes, contrastam contra backgrounds em tons de pastel, apaixonantes, sexy, independentes e arrojadas. “[As mulheres] são também objectos dos meios de comunicação – algo que todos nós enfrentamos”, argumenta a artista. Liu Hong, artista contemporânea, nasceu na província chinesa de Shan’xi e é reitora Academia de Belas-Artes de Chengdu. Os seus trabalhos já marcaram presença em vários pontos da China, em algumas países da Ásia, Europa e Estados Unidos. Várias obras assinadas pela artista marcam presença no Museu de Arte de Xangai.

Livros OBrA INéDItA DE HENrIqUE LEVy EDItADA EM MACAU

Poesia servida em eucaristia

Fotografia Portugueses finalistas em concurso mundial

Há dois fotógrafos portugueses entre os finalistas do concurso mundial

de fotografia de 2015 da Sony. Eduardo Leal e Beatriz Rocha fazem parte das “shortlists” das melhores fotografias a competição, tendo os seus trabalhos sido escolhidos entre mais de 173.444 imagens oriundas de 171 países.

O fotógrafo Eduardo Leal é um dos finalistas na secção de “Pro-fissionais”, estando nomeado na categoria “Campanhas” com uma série de fotografias denominada “Plastic Trees” (“Árvores de Plástico”, em tradução livre) que chama a atenção para a deterio-ração da paisagem e do ambiente causada pelo uso excessivo de sacos plásticos.

Portugal está também representa-do na secção de “Juventude”, destinada a fotógrafos com idade até 19 anos, pela fotografia “Cante Alentejano” da autoria de Beatriz Rocha, que está a concurso na categoria de “Cultura”.

Os “2015 Sony World Photography Awards” convidam à participação de fotógrafos de todo o mundo e contam ainda com três outras secções: “Aberta”, para amadores e entusiastas da fotografia, “Estudantes” e “Telemóveis”, celebrando, segundo a organização, “todos os artistas talentosos que trabalham na indústria

fotográfica”.Este ano, a competição registou

uma percentagem de participação superior em 24% à da edição de 2014 e que foi, também, a mais alta de toda a sua história, com 173.444 fotografias de 171 países em prova. As fotogra-fias foram avaliadas, de forma anónima, por um painel de ju-rados da Organização Mundial de Fotografia, que escolheu os

finalistas.“O único propósito dos Sony

World Photography Awards é cele-brar e apreciar os artistas talentosos

que trabalham na indústria fotográfica”, afirma, em comunicado, Astrid Merget Motsenigos, diretora criativa da Organi-zação Mundial de Fotografia.

BIBLIoGraFIa

• Henrique levy nasceu em lisboa, onde é professor. iniciou a sua actividade profissional no oriente, em macau. peregrinou por vários países de África,Ásia e europa.1999 “mão navegadas”, poesia, europress2001 “intensidades”, poesia, europress2009 “Cisne de África”, romance, livros de Seda2010 “praia lisboa”, romance, livros de Seda2015 “o Silêncio das almas”, poesia, Criarinovar

esteve a cargo de Ricardo Ascensão. “Toda ela é um poema. Uma obra de arte do designer gráfico. Para se fazer uma capa destas tem que se ter lido muito profundamente todo o livro e dele ter retirado a sua imagem. É uma

capa fantástica nesse sentido e no meu entender.”

opção maCauA edição conta com 100 exemplares e está a cargo da editora local CriarI-

novar, de Rui Rocha. Henrique Levy explicou como surgiu a oportunida-de. “Em Portugal é difícil publicar poesia. Não dá dinheiro. Os editores não tem interesse. Como vivi em Macau vários anos lembrei-me de contactar uma editora daí. Só tenho pena da edição não ser bilingue; português/inglês ou chinês.

O editor Rui Rocha explicou ao HM que a tradução encarecia em muito a produção do livro. “Ou já está traduzida e não tem direitos de autor, como a poesia chinesa antiga, ou então aquilo que foi uma edição de baixo custo poderia ter ficado muito mais cara.”

Rui Rocha apostou no “amigo” e reabriu a actividade da CriarInovar – empresa criada em 2012 com três objectivos: consultadoria, parte edi-torial e criação de materiais didáctico em Língua Portuguesa - para editar a obra e não se arrepende. “O Henrique propôs que o livro fosse editado em

Macau, até porque aqui viveu. Ele é meu amigo, achei por bem editar e reactivei a editora.”

O livro não está à venda uma vez que a sua edição é muito diminuta e porque esse nunca foi o intuito do au-tor, referiu Rui Rocha. “Basicamente é oferecido. Trata-se também de uma homenagem que está relacionada com o desaparecimento de Urbano Tavares Rodrigues. Era suposto ter sido editado em 2014 mas acabou por ser apenas agora.”

O trabalho da editora, agora reaberto, é para continuar, refere o também professor da Universidade Cidade de Macau, onde é director do departamento de Português. “Gostaria que isto tivesse continuidade, princi-palmente no que se refere a obras na área do território linguístico de Macau. Espero que isto seja um pequeno arranque. Tenho três ou quatro obras que gostaria de publicar. Tudo numa esfera sociolinguística.”

Page 12: Hoje Macau 26 FEV 2015 #3279

12 china hoje macau quinta-feira 26.2.2015

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Procura-se designerO Hoje Macau procura um designer para exercer

as funções de Paginador em regime de part-time de domingoa quinta-feira, a partir das 19H30.

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2875 2401

O Governo de Hong Kong jus-tificou ontem o crescimento

económico aquém do espe-rado com os protestos pró--democracia no final do ano passado e disse que a “con-testação política prolongada” poderá prejudicar a confiança dos investidores.

A taxa de crescimen-to foi em 2014 de 2,3%, contra os 2,9% registados em 2013, e abaixo da meta de 3% a 4% estimada pelo Governo.

Ao anunciar o orçamento da Região Administrativa Especial chinesa para o exercício fiscal a iniciar em Abril, o secretário para as Finanças, John Tsang, disse que as empresas de Hong Kong sofreram com as manifestações que paralisa-ram várias zonas da cidade no último trimestre do ano passado.

John Tsang disse que a contestação política “é prejudicial à administração pública e à imagem interna-cional de Hong Kong como cidade estável, eficiente e cumpridora da lei”.

“Pode até diminuir a confiança dos investidores em Hong Kong. Este prejuí-zo auto-infligido não serve os interesses da cidade”, continuou.

Segundo Tsang, “o mo-vimento Occupy afectou o turismo, a hotelaria, res-tauração, o retalho e os transportes”.

Nesse sentido, anunciou medidas extraordinárias de apoio a esses sectores como

PelO menos 44 pessoas morreram e outras 17

ficaram feridas na China devido a acidentes com engenhos pirotécnicos durante a celebração do ano novo lunar, informou o Ministério da Segurança Pública citado pela agência Xinhua.

Desde quarta-feira pas-sada, data em que se assina-lou a entrada no novo ano lunar, até terça-feira à noite, ocorreram 15.742 acidentes pirotécnicos no país asiático durante as boas-vindas ao Ano da Cabra.

Confirmada morte de bispo católico que passou 50 anos detido

Engenhos pirotécnicos causam 44 mortosna 1.ª semana do Ano Novo lunar

AS autoridades locais chinesas confirma-

ram a morte do bispo chinês Shi Enxiang, que passou mais de 50 anos na prisão pela sua lealdade ao Vaticano, informou a família do religioso que faleceu aos 93 anos.

A família explicou que aguarda o corpo do bispo para organizar um funeral público.

A morte do prelado chinês mais idoso foi anunciada no fim de Ja-neiro pela agência católica UCA News, mas a infor-mação ainda não tinha sido confirmada oficialmente.

“O governador da pro-víncia veio perguntar se o corpo de meu tio tinha chegado. Perguntamos se estava vivo. Ele disse ‘não,

está morto, provavelmente está morto’”, declarou à AFP Shi Wanke, sobrinho do religioso, em Shizuang, a 100 km de Pequim.

Desaparecido em 2001 na capital chinesa e es-condido pelas autoridades desde então, o monsenhor Shi Enxiang teria feito aniversário em Fevereiro.

Passou mais de 50 anos na prisão, em campos de trabalho ou em prisão domiciliar.

Ordenado padre em 1947 pela Igreja Católica romana, dois anos antes da chegada dos comunistas ao poder, sempre rejeitou integrar a Associação Patriótica dos Católicos chineses, criada pelo regi-me e que não reconhece a Santa Sé.

Responsáveis do Mi-nistério explicaram à Xi-nhua que durante a festi-vidade, a polícia nacional reforçou o controlo para evitar riscos de incêndio em zonas como centros comerciais, lugares reli-giosos e restaurantes.

Milhões de cidadãos chineses saíram à rua para celebrar a chegada do Ano da Cabra com panchões - cartuchos de pólvora semelhantes a bombas de carnaval, mas mais poten-tes, utilizados para afastar os “maus espíritos” - e ou-

tros artefactos pirotécnicos , uma tradição que se pode tornar perigosa, quando não há controlo na venda dos produtos.

O Ano Novo lunar é a maior e mais importante festividade das famílias chinesas, comparada ao natal no ocidente.

O período festivo tam-bém é designado por Fes-tival da Primavera e é um dos maiores períodos de férias para os chineses, sendo aproveitado por muitos para visitarem os respectivos familiares.

2,3%taxa de crescimento

em 2014

Hong Kong Baixo crescimento justificado com protestos pró-democracia

A culpa é dos democratasO secretário para as Finanças, John Tsang, acusouo movimento Occupy de ter afectado sectores comoo turismo, a hotelaria ou a restauração e de ter diminuído a confiança dos investidores na antiga colónia britânica

a isenção do pagamento de licenças para os restaurantes, hotéis e agências de viagens, e a dispensa de taxas admi-nistrativas para os táxis e autocarros.

Causas e ConsequênCiasA China aceitou o princípio do sufrágio universal para a elei-ção em 2017 do próximo chefe do executivo de Hong Kong pela primeira vez na história. Mas os dois ou três candidatos só poderão apresentar-se a votos depois de receberem o aval de um comité eleitoral, o que para os pró-democratas significa a eleição de um can-didato leal a Pequim.

A decisão de Pequim pro-vocou 79 dias de bloqueio de ruas em algumas áreas de Hong Kong por manifestantes pró--democracia. A ocupação das

ruas acabou em meados de Dezembro com a remoção das barricadas pela polícia.

O menor crescimento económico de Hong Kong foi ainda explicado em parte pela recessão japo-nesa e morosidade da zona euro, acrescentou Tsang.

este é o terceiro ano consecutivo que o cresci-mento económico é inferior à média anual de 3,9% registados em Hong Kong nos dez anos anteriores.

Futuro espinhosoO mesmo responsável estimou que os próximos meses serão difíceis, com um crescimento anual previsto entre 1% e 3%, em particular devido ao aumento esperado das taxas de juros nos estados

Unidos, à volatilidade do preço do petróleo e ao cli-ma de incerteza na União europeia.

Para estimular a econo-mia e fazer face às desigual-dades sociais, o governo anunciou medidas como a redução dos impostos sobre os salários, apoios para famílias com menores rendimentos pagarem as rendas na habitação pú-blica, o aumento do abono de família, e mais dinheiro para os idosos.

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AVISOCOBRANÇA DA CONTRIBUIÇÃO ESPECIAL

1. Faço saber que, o prazo de concessão por arrendamento dos terrenos da RAEM abaixo indicados, chegou ao seu término, e, que de acordo com o artigo 53.º da Lei nº 10/2013 << Lei de Terras >> , de 2 de Setembro, conjugado com os artigos 2.º e 4.º da Portaria nº 219/93/M, de 2 de Agosto, foi o mesmo automaticamente renovado por um período de dez anos a contar da data do seu termo, pelo que devem os interessados proceder ao pagamento da contribuição especial liquidada pela Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes.

Localização dos terrenos:

- Avenida do Almirante Lacerda, n.ºs 45 e 47, em Macau, (Edifício Nang Cheong);- Rua de Cantão, n.ºs 72K a 72S, Rua de Pequim, n.ºs 54H a 54T, Avenida da Amizade, n.ºs 391 a 391L e Rua de

Xangai, n.ºs 21M a 21S, em Macau, (Edifício I San Kok/I Hoi Kok);- Rua de Pequim, n.ºs 68 a 102 D e Rua de Xangai, n.ºs 93F e 93G, em Macau, (Edifício Hotel Holiday Inn);- Avenida da Amizade, n.ºs 519 a 597, Rua de Xangai, n.ºs 38 a 78B e Alameda Dr. Carlos D´Assumpção, n.ºs 565 a

605C, em Macau, (Edifício Macau Landmark);- Travessa de Má Káu Séak, n.ºs 58 a 106, Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado, n.ºs 67 a 183 e Travessa do Dr.

Francisco Vieira Machado, n.ºs 9 a 61, em Macau, (Edifício Bai Yun Garden);- Estrada Marginal da Ilha Verde, n.ºs 1106 a 1130, Travessa do Crisântemo, n.ºs 3 a 23 e Estrada Nova da Ilha Verde,

n.ºs 176 a 212, em Macau, (Edifício Complexo Residencial Soi Cheong);- Avenida do Comendador Ho Yin, n.ºs 35 e 39 e Rua dos Currais, n.ºs 193 a 213, em Macau, (Edifício Bestway

Garden);- Avenida de Venceslau de Morais, n.ºs 185 a 191, Travessa de Venceslau de Morais, n.ºs 9 a 49 e Praceta de Venceslau

de Morais, n.ºs 67 a 113, em Macau, (Edifício Centro Industrial Macau);- Rua Seis do Bairro da Areia Preta, n.ºs 15 e 17, em Macau;- Estrada da Penha, n.ºs 382 a 386, em Macau;- Estrada Lou Lim Ieok, n.ºs 799 a 883, na Ilha da Taipa;- Rua Wo Mok, n.ºs 47 a 57 e Avenida Son On, n.ºs 386, na Ilha da Taipa;- Rua da Felicidade, n.ºs 1 a 13 e Avenida Son On, n.ºs 597 a 675F, na Ilha da Taipa, (Edifício Centro Industrial Miki);- Estrada Governador Albano de Oliveira, n.ºs 72 a 142, Rua de Fat San, n.ºs 36 a 56, Rua de Aveiro, n.ºs 3 a 61 e Rua

de Chiu Chau, n.ºs 15 a 73, na Ilha da Taipa, (Edifício Wui Keng Garden e Grandview Hotel Macau).- Rua de Tai Lin, nºs 352 a 392 e Rua de Nam Keng, n.ºs 200 a 236, na Ilha da Taipa, (Edifício Vai Chui Garden).

2. Agradece-se aos contribuintes que, no prazo de 30 dias subsequentes à data da notificação, se dirijam ao Núcleo da Contribuição Predial e Renda, situado no rés-do-chão do Edifício “Finanças”, ao Centro de Serviços da RAEM, ou, ao Centro de Atendimento Taipa, para levantamento da guia de pagamento M/B, destinada ao respectivo pagamento nas Recebedorias dos referidos locais.

3. Na falta de pagamento da contribuição no prazo estipulado, procede-se à cobrança coerciva da dívida, de acordo com o disposto no artigo 6.º da Portaria acima mencionada.

Aos, 13 de Janeiro de 2015.

A Directora dos Serviços de Finanças, Vitória da Conceição

13regiãohoje macau quinta-feira 26.2.2015

A operadora da central nuclear de Fukushi-ma detectou uma nova fuga de água ra-

dioactiva para o mar num reactor com problemas desde Abril pas-sado, segundo um comunicado difundido ontem pela imprensa

Homem mata a tirotrês pessoasna Coreia do Sul

Um homem armado baleou mortal-mente três pessoas numa loja de

conveniência na Coreia do Sul, num incidente descrito como um ataque contra a família da antiga namorada do suspeito, informou ontem a im-prensa local.

O indivíduo de apelido Kang, de 50 anos, alegadamente disparou várias vezes contra o pai, irmão e actual companheiro da sua ex-namorada – as três vítimas mortais do incidente ocorrido em Sejong, localidade a 120 quilómetros a sul de Seul.

Depois de disparar contra as três pessoas, o suspeito ateou fogo ao esta-belecimento e fugiu num carro, o qual viria a ser encontrado pela polícia na localidade próxima de Gongju.

O corpo do suspeito foi encon-trado nas margens do rio Geum com ferimentos de bala na cabeça, no que as autoridades estimam tratar-se de suicídio, segundo investigações preliminares.

O irmão mais velho da antiga namorada do suspeito era o dono da loja onde ocorreu o ataque.

Os crimes com armas de fogo são bastante raros na Coreia do Sul, tendo o incidente recebido grande cobertura pelos media.

Desde Abril do ano passado que a central nuclear apresentava problemas de aumento dos níveis de radiação sempre que chovia

Fukushima Nova fuga de água radioactiva para o mar

Perigo continua à solta

A água é procedente das chuvas e foi contaminada por resíduos radioactivos provenientesdo reactor

japonesa. A proprietária da central, a Tokyo Electric Power Company (TEPCO), anunciou na terça-feira a descoberta de um depósito de água altamente radioactiva acumulado sobre o tecto do reactor número dois da fábrica.

O líquido continha 29.400 becqueréis por litro de césio ra-dioactivo e 52.000 de estrôncio e outras substâncias emissoras de raios beta, segundo os dados difundidos pela TEPCO.

A água é procedente das chuvas e foi contaminada por re-síduos radioactivos provenientes do reactor, indicou a operadora.

Abril, águAs milEm Abril passado, a TEPCO detectou a acumulação de água sobre o tecto do reactor, assim como um aumento dos níveis de radiação nas canalizações sempre que chovia, segundo responsá-veis da central em declarações citadas pela estação estatal NHK.

Para controlar as fugas de água radioactiva, a TEPCO anunciou a instalação de sacos de areia sobre o tecto do reactor e a cobertura das canalizações

que desaguam no mar, medidas que prevê ter prontas no final de março.

Não obstante, a operadora afirmou que não se registou um aumento dos níveis de radioacti-vidade nas águas nas imediações da central nuclear.

A acumulação de água na central é um dos principias desa-fios para o desmantelamento dos reactores que ficaram danificados no terramoto e tsunami de 11 de março de 2011, uma operação que deverá prolongar-se por 30 ou 40 anos.

O acidente foi o mais grave desastre nuclear desde Cherno-bil, na Ucrânia, em 1986 e 50.000 pessoas que viviam nas imedia-ções do complexo continuam sem poder regressar a casa devido às elevadas radiações que afectaram também a agricultura, criação de gado e a pesca na região.

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14 hoje macau quinta-feira 26.2.2015

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P osso começar por ressalvar o capítulo em que a autora di-vaga sobre o calão em língua chinesa. os referentes escol-

hidos para designar as qualidades ou a falta delas pouco têm a ver com o nosso modo de exprimir a mesma coisa. Assim, por exemplo, é a madeira que exprime a estupidez. Nós podemos dizer “estúpido como uma porta”, mas não é na madeira que estamos a pensar, mas sim na coisa porta em si mesmo. Também podemos usar a pedra, mas nunca nos ocorreria designar a matéria-prima madeira como símbolo de estupidez. Compreende-se contudo, que uma pessoa pouco dotada seja como um pedaço de madeira. Mas também se percebe que nós usemos a expressão “como uma pedra”, é que para além da passividade da madeira e da pe-dra, matérias inanimadas, se acrescenta, no caso da pedra, a sua dureza. É ainda mais interessante a utilização da água e em particular do mar para exprimir a vastidão. Um falador, diz-nos a autora, é uma boca de mar; por outro lado, uma chuva miudinha exprime a ideia de um assunto sem importância, etc. A água e o fogo são recorrentes no calão chinês, mas o que a autora não nos diz é que quase todo o calão com conotações sexuais mobiliza uma ideia explícita de putrefação e podridão que não deixa de constituir uma associação muito curiosa. Há nessas metáforas uma clara relação com thanatos, tal como na cultura ociden-tal, mas agora através de uma ideia de degenerescência e corrupção vital. Em todos os capítulos deste livro podem en-contrar-se narrativas muito interessantes acerca da cultura chinesa, da sua filosofia, dos seus costumes, das suas tradições e da sua história. Chamo aqui a atenção para o capítulo sobre a condição feminina e em particular para o paradigma da mul-her trabalhadora. os outros paradigmas de virtudes femininas, personificadas por deusas, como as criadoras, as amantes, as beldades activas e passivas etc., assen-tam todos numa estrutura narrativa de natureza mítica bastante bem elaborada, mas a figura mitológica da trabalhadora contém ainda uma dimensão poética (poiética mesmo) muito sedutora. são dois os exemplos de criaturas míticas cuja função parece esgotar-se na acção laboral. Desde logo Lei Zu, a mulher do Imperador Amarelo que ensinou às chinesas a arte de fabricar a seda, porém o mais estimulante é o exemplo da tecedeira. A autora baseia as suas considerações na célebre história da Tecedeira e do Vaqueiro,

uma história de amor trágico: segundo esta narrativa mítica, a Tecedeira é filha do Imperador Celestial e dela (sobretudo), mas também das suas irmãs “dependem as be-las cores das nuvens do céu”. A tecedeira acaba por se apaixonar e casar com um

vaqueiro aquando de uma visita à Terra. Uma vez apaixonada, a deusa aqui ficou com o marido e com a sua prole (dois fil-hos). Enquanto isso, no céu, nada tinha agora o arrumo e a beleza de outros tem-pos e já não havia nuvens perfeitas para

enfeitar o nascer do dia e o entardecer. Dada a caótica situação --- tudo no céu se tinha tornado andrajoso --- a deusa Tecedeira foi obrigada a regressar e em-bora tenha trazido consigo o seu amante e os seus dois filhos a verdade é que os amantes ficaram separados, para que a deusa não se distraísse das suas «olím-picas obrigações». só no sétimo dia da sétima lua podem os amantes encontrar-se. No resto do tempo, ela a estrela Vega e ele a estrela Altair vivem separados pela Via Láctea. Não deixa de ser curiosa a ligação que nesta história se estabelece entre o amor e o guardador de gado, o boukolos grego, responsável no ocidente pelo advento de um género poético es-trutural e estruturante da lírica poética, o bucolismo.

Pela sua relação com uma questão que me é cara --- a questão do outro, paixão que começou há muito tempo mas que se enriqueceu mais recentemente através do contacto com as filosofias da alteri-dade e em particular com o pensamento de Emanuel Lévinas --- gostei particular-mente do texto sobre o riso. Penso aliás que para todos os aspectos que temos tendência a considerar idiossincráticos relativamente aos outros e no caso con-creto relativamente ao povo chinês, se devia proceder a um trabalho de desocul-tação hermenêutica, para que por detrás dos preconceitos e dos juízos apressados e pouco cultos se pudesse recuperar a autenticidade do sentido. os povos pos-suem uma infinita falta de modéstia, que consiste em considerarem-se o centro do mundo assim como o modelo de referên-cia de todas as virtudes e de assim, a par-tir desse centro, julgarem os outros pelas suas diferenças relativamente a um “nós” identificativo. Não significa que não haja diferenças, mas elas não correspondem a uma escala axiológica, em minha opinião.

Nada na nossa cultura, no plano ontológico digamos, é melhor ou pior, que o equivalente noutras culturas. Há porém, como se sabe, um precon-ceito ocidental relativamente ao sorriso chinês. A verdade é que se desconhe-cem os fundamentos sociais e culturais e até históricos desse sorriso. Ana Cris-tina Alves procede neste texto da página 153 à página 162 muito bem ao esboçar uma primeira abordagem sobre o pre-conceito e uma primeira tentativa para o superar. Também a mim me parece que o sorriso chinês é essencialmente confucionista e social…. Mais não digo, por agora, deixando o leitor livre para se abeirar deste texto e dos demais.

Os primeirOs passOs

AnA CristinA Alves nasceu em Lourenço Marques, Moçambique, em 1963. É licenciada em Filosofia, Mestre na área da Filosofia da Linguagem e doutorada com uma tese intitulada Experiência Religiosa na China Daoísta e Budista. O Discurso sobre o Feminino. Colaborou com a editora Vega no campo da Literatura oriental. Procedeu à revisão de uma Gramática da Língua Portuguesa para chineses da autoria de Wang suoying e Lu Yanbin, publicada em Macau pelo Instituto Português do oriente, em 1996. Publicou um artigo sobre caligrafia chinesa, intitulado Arte de Escrever e Magia na Revista da Administração Pública de Macau. Publicou na Editorial Caminho, em co-autoria com Wang suoying, uma colectânea de pequenos contos tradicionais chineses, intitulada Contos da Terra do Dragão. Colabora semanalmente com o jornal Hoje Macau, abordando temas relacionados com a cultura e civilização chinesa; entre outras actividades.

Alves, Ana Cristina, 2004, Uma viagem de muitos quilómetros começa por um passo. Crónicas da China, CoD, Macau, 2004. Descritores: China, Civilização, Filosofia, Mitologia, Cosmogonia, 281 p.:21 cm, IsBN: 9993778605

Cota: Mc/A4781v

fichas de leitura Manuel afonso Costa

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15 artes, letras e ideiashoje macau quinta-feira 26.2.2015

António José Andréin EsquErda.nEt

M alcolM little nasceu no dia 19 de Maio de 1925, em omaha (Ne-braska-EUa). Era filho

de James Earl little, pregador baptista, que defendia os ideais nacionalistas dos negros. ameaças vindas da organização racista Ku Klux Klan obrigaram a famí-lia a mudar-se para lansing (Michigan), onde o pai continuou os sermões.

Em 1931, o pai de Malcolm foi brutalmente assassinado pela Ku Klux Klan. No princípio passou a viver numa família adoptiva e algum tempo depois num reformatório. Em 1937, mudou-se para Boston onde teve diversos empre-gos e com o passar do tempo envolveu--se em actividades delituosas.

Em 1946, Malcolm foi preso, acu-sado de roubo. Na prisão, conheceu Elijah Muhammad, líder da Nação do Islão, organização que defendia o na-cionalismo negro e o separatismo ra-cial, condenando os norte-americanos descendentes de europeus como “de-mónios imorais”.

No dia 21 de Fevereiro de 1965, MalcolM X, líder aFro-aMericaNo, Foi assassiNado No bairro do HarleM (Nova iorque), quaNdo discursava para a orgaNização da uNidade aFro-aMericaNa

MeMóriasMalcolM Xfoi assassinado há 50 anos

as teses de Elijah Muhammad im-pressionaram vivamente Malcolm, que resolveu fazer um intenso programa como auto-didacta. Trocou o sobreno-me, derivado da herança do esclava-gismo, por um X que representava um nome desconhecido dos seus antepas-sados africanos.

Em 1952, foi libertado e tornou-se ministro da Nação do Islão. ao contrá-rio dos líderes dos direitos civis, como Martin luther King, Malcolm X defen-dia a autodefesa e a libertação dos afro--americanos. orador fogoso, Malcolm era admirado pela comunidade negra de todo o país.

No final de 1963, Malcolm insinuou que o assassinato do presidente John Kennedy se resumiria em “quem semeia

ventos, colhe tempestades”. Isto levou Muhammad a acreditar que Malcolm X se tornara poderoso e julgou que aque-la declaração era a oportunidade para suspendê-lo da organização Nação do Islão.

alguns meses mais tarde, Malcolm X deixou a Nação do Islão e empreen-deu uma peregrinação a Meca (arábia Saudita), onde ficou admirado com a ausência de discordância racial entre os muçulmanos ortodoxos. Devido a esta viagem e a outros países de Áfri-ca e Europa, deixou as suas anteriores crenças.

Voltou aos Estados Unidos, adop-tando o nome árabe El-Hajj Malik El-Shabazz e, em Junho de 1964, fun-dou a organização da Unidade afro

americana, que defendia a identidade negra, mas sustentava que o racismo e não a raça branca era o maior inimigo dos negros norte-americanos.

o novo movimento de Malcolm X foi ganhando continuamente segui-dores e a sua filosofia mais moderada tornou-se cada vez mais influente no meio do movimento pelos direitos ci-vis, especialmente entre os líderes do comité de coordenação dos Estudan-tes Não Violentos.

No dia 21 de Fevereiro de 1965, uma semana após a sua casa ter sido atingida por uma bomba incendiária, Malcolm X foi alvejado mortalmente, enquanto discursava, em Nova Iorque, perante 400 pessoas, por homens pre-sumivelmente relacionados com a or-ganização Nação do Islão.

Thomas Hagan foi o único dos três detidos pela morte de Malcolm X, que reconheceu a participação no seu as-sassinato. Hagan foi posto em liberda-de condicional, em 2010, depois de ter cumprido 44 anos de prisão.

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16 hoje macau quinta-feira 26.2.2015publi-reportagem

Atravessar os portões verdes do Instituto Politécnico de Macau (IPM) e ser aluno da Escola

Superior de Línguas e Tradução é si-nónimo de ter uma formação completa em língua portuguesa para quem tem o chinês como língua materna. Actualmente com 265 alunos a frequentar o curso, a instituição quer atingir outro patamar, que será reforçado com a chegada do novo Regime do Ensino Superior. Ter mais alunos vindos da China é o objectivo primordial, seguindo-se a criação de um mestrado e doutoramento na área do português como língua estrangeira. Isto porque a formação de docentes é cada vez uma maior necessidade.

Luciano de Almeida, director da Escola de Línguas e Tradução, já está orgulhoso do actual número de alunos que o IPM tem a aprender o idioma, mas assume a necessidade de chegar a uma nova fase.

“O IPM tem competências científicas e pedagógicas para, no ensino da tradu-ção e da língua portuguesa, conferir o grau de mestre e doutor. Há necessidades reconhecidas na formação de professores na RAEM e na China e devemos criar mestrados para formar esses professores. Faz todo o sentido, e já fazia, e logo que legalmente o IPM possa estar preparado para dar essa oferta (deve fazê-lo)”, asse-gura o académico.

Quanto à procura de alunos, não pára de crescer. No ano lectivo de 2014\2015, o IPM recebeu 392 candidaturas de locais, mas 330 candidatos ficaram

IPM quer reforçar ensIno do Português coM MaIs alunos e docentes

a grande ponte entre culturasJá é conhecidana grande China por ser uma das melhores instituições para aprender a línguade Camões, maso caminho para um patamar mais elevado começa agora a ser traçado. A Escola Superior de Línguase Tradução do Instituto Politécnico de Macau quer ter mais alunosdo continente e apostar na formação dedocentes com novos cursos de mestradoe doutoramento. Uma nova fase do ensinodo português na RAEM está agora a começar

de fora. Algo que Luciano de Almeida e toda a direcção do IPM querem ver mudar a curto prazo: “Temos de criar condições para responder a esta procu-ra. Consideramos que a escola do IPM tem neste aspecto uma missão e uma responsabilidade”, frisa. O objectivo é abrir mais uma turma, para que, por ano, o IPM possa receber entre 75 a 90 alunos por cada ano lectivo.

“Já este ano, em articulação com as autoridades de Macau, vamos procurar admitir mais alunos do continente. Há da nossa parte a necessidade de responder à procura local, mas também às necessida-des que nos chegam do interior da China. Macau tem efectivamente condições para constituir uma plataforma no que respeita ao ensino e divulgação da língua e cultura portuguesa. E temos o dever de desempenhar esse papel. Só pode ser de-sempenhado respondendo às necessidades da RAEM no sector público e privado, e depois respondendo às necessidades da China continental”, frisou Luciano de Almeida.

O caminho a percorrer já está traçado. “A resposta pode ser dada através de vá-rios instrumentos: não só aumentando o número de alunos aqui, como através da produção do Centro Pedagógico e Cientí-fico da Língua Portuguesa, com materiais pedagógicos e formação de professores de português como língua estrangeira. Podemos dar apoio à formação em língua portuguesa dada noutros níveis de ensino, e refiro-me às escolas secundárias, e no domínio do ensino superior”, acrescentou o director da Escola de Línguas e Tradução do IPM.

Outra mudança que a direcção da escola tem em mente é a de reforçar o tempo que os alunos da licenciatura estão em Leiria onde, ao abrigo do protocolo estabelecido com o Instituto Politécnico de Leiria, ficam um ano num ambiente totalmente português.

“É um modelo que pretendemos corrigir em 2016\2017, no sentido dos alunos voltarem a passar dois anos. Os alunos, do ponto de vista linguístico, vêm bem preparados, entendemos que há uma assimilação muito forte dos va-lores culturais. Isso também permite que nós aqui possamos aumentar o número de alunos. Com os mesmos recursos humanos podemos qualificar um maior número de alunos. Podemos ter ganhos muito grandes nisso”, explicou Luciano de Almeida.

• A procura cada vez mais crescente Luciano de Almeida assegura que esta é a fase ideal para o IPM avançar passos gigantes para ser a melhor instituição de ensino superior em Macau para aprender português. Os dados, tanto do poder po-lítico como da própria sociedade, estão lançados

“O ensino da língua portuguesa, neste momento, não é uma questão de moda, mas de necessidade. Há um esforço mui-to grande da parte do Governo Central e do Governo local no sentido de Macau funcionar como uma plataforma para as relações comerciais e culturais entre a China e os países de língua portuguesa. Para que este processo possa ser bem sucedido, é necessário a existência, quer nos países lusófonos, quer na RAEM e na China, de pessoas que dominem as duas línguas e que entendam as duas culturas.”

E o IPM sente de perto uma maior procura por profissionais qualificados. “Temos pedidos formulados por em-presas de Macau e do interior da China para indicarmos diplomados que estejam disponíveis para fazer estágios e trabalhar. Temos pedidos de instituições do ensino superior chinesas que têm cursos de língua portuguesa e que nos pedem que apoiemos e indiquemos docentes”, explicou Luciano de Almeida.

Apesar do IPM possuir uma vasta experiência nesta área, em termos peda-

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17 publi-reportgemhoje macau quinta-feira 26.2.2015

IPM quer reforçar ensIno do Português coM MaIs alunos e docentes

A grAnde ponte entre culturAs

“O programa (da licenciatura do IPM),é muito bom e penso que os professores do IPMsão muito responsáveis. São mais trabalhadores do que nós! Quando temos dúvidas eles explicam. Uma professora até nos disse que podíamos ligar sempre, mesmo que ela estivesse no supermercado”Olívia • Aluna do interior da China

gógicos e científicos, há uma peça sem a qual o puzzle não fica completo. A contratação de mais docentes é também um objectivo para dar resposta a uma procura cada vez maior.

“Isso será inevitável se quisermos responder de forma quantitativa e ga-rantir a qualidade. Será necessário haver um aumento dos recursos humanos e do número de professores dedicados ao ensino da tradução. As necessidades são muito maiores do que aquelas a que é possível dar resposta com os mesmos

recursos humanos e financeiros”, revela Luciano de Almeida.

• Um curso completo, uma aposta de qualidadeLuciano de Almeida considera inovadora a aposta que foi feita pelo IPM quando, em 2006, celebrou o protocolo com a instituição irmã de Leiria. A partir daí, os alunos de língua materna chinesa, não só de Macau como da China, passaram a ter um contacto mais directo com o idioma e a cultura portuguesas. Como o director da Escola de Línguas e Tradução refere,

em Portugal deixam de ter as habituais 15 horas de aulas por semana para terem aulas 24 sobre 24 horas.

“Em Leiria a tendência inverte-se. Quando os alunos vão às lojas, ao mer-cado, tomar um café, têm de o fazer em português. Toda a sua vivência é em língua portuguesa. O contacto com o dia-a-dia, a ida aos mercados e às lojas, aos eventos culturais da cidade, as procissões, contacto com manifestações religiosas ajudam-nos a perceber porque é que a comunidade lusófona tem determinados valores e gostos”, assume.

Isto porque, para se ser um bom tradu-tor ou intérprete, não basta ler caracteres e palavras e unir os seus significados. É preciso conhecer de perto outra cultura tão diferente daquela onde os alunos nasceram. “Em Portugal é frequente duas pessoas, quando se cumprimentam, darem um grande abraço, mas para os chineses essa não é uma conduta muito normal. E um aluno nosso sabe disso, porque fez uma imersão linguística e cultural”, exemplifica Luciano de Almeida.

Olívia, aluna do interior da China que está no último ano da licenciatura no IPM, passou por todo esse processo na pequena cidade do centro de Portugal, mas não está arrependida. Desde o momento em que quis estudar português que Olívia sabia que o IPM era a melhor opção. Prestes a terminar o curso, esta estudante traça um balanço positivo.

“Em Portugal convivi com os meus colegas chineses, mas também pude conhecer mais amigos portugueses e ler livros em português. Mas os preços são muito altos!”, assegura. A colega de turma Margarida, nascida em Macau, recorda a paciência dos colegas para ensinarem a sua própria língua. “Os portugueses são simpáticos, eles ensinam-nos a língua e também corrigem erros”, conta.

“Estivemos em Leiria e esta é uma boa oportunidade para falarmos mais e conhecermos a cultura de Portugal, e não vemos apenas os livros da escola. Este ano já estamos a ter aulas de tradução e interpretação em que nos são dados vários exemplos, para, de facto, praticarmos”, exemplifica Margarida.

“O programa (da licenciatura do IPM), é muito bom e penso que os professores do IPM são muito responsáveis”, aponta Olívia. “São mais trabalhadores do que nós! Quando temos dúvidas eles explicam. Uma professora até nos disse que podía-mos ligar sempre, mesmo que ela estivesse no supermercado”, recorda, divertida.

Margarida e Olívia podem agora per-correr o caminho que sempre sonharam, com uma formação de qualidade. Quer sejam tradutoras ou intérpretes, quer trabalhem na Função Pública ou na área jurídica, ou ainda no meio empresarial, uma coisa é certa: o IPM deu-lhes as asas para voarem numa carreira promissora.

“O ensino da língua portuguesa, neste momento, não é uma questão de moda, mas de necessidade. Há um esforço muito grande da parte do Governo Central e do Governo local no sentido de Macau funcionar como uma plataforma paraas relações comerciaise culturais entre a China e os países de língua portuguesa”Luciano de Almeida • Directorda Escola de Línguas e Tradução

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• SábadoFeSta de 29º aniverSário da rUCLive Music association, 20h00Entrada livre

• diariamenteexpoSição “voz na eSCUridão” de ÓSCar BaLajadia/papa oSMUBaL (até 14/03)Creative MacauEntrada livre

expoSição de pintUra de zhen GUo (até 3/03)Fundação rui CunhaEntrada livre

expoSição de eSCULtUraS do ano da CaBra (até 01/03)venetian, todo o dia Entrada livre

expoSição de SândaLo verMeLho (até 22/03)Grande praça, MGMEntrada livre

expoSição de deSiGn de CartazeS “v•x•xv:” (oBraS de 1999, 2004 e 2009) [até 15/03]Museu da transferência da Soberania de Macau, 10h00 às 19h00Entrada livre

“SeLF/UnSeLF” – expoSição de traBaLhoS de artiStaS hoLandeSeS (até 15/03)Centro de design de MacauEntrada livre

retratoS a ÓLeo doS SéCULoS xix e xx: CoLeCçãodo MUSeU de arte de MaCaUMuseu de arte de Macau, das 10h às 19h (até 31/12)Entrada livre

iLUStraçõeS para CaLendário de GUan hUinonG (até 10/05)Museu de arte de Macau, das 10h às 19hEntrada livre

“Beyond the SUrFaCe” de Mio panG Fei (até 01/03)albergue SCM, das 12h às 20hEntrada livre

tempo muito nublado min 18 max 21 hum 80-98% • euro 9.06 baht 0.24 yuan 1.27

O que fazer esta semana?

João Corvo

AcontEcEu HojE

H o j e H á F i l m e

Curioso o facto da religião monoteísta relacionar a descoberta do sexo com a consciência da morte.

C i n e m aCineteatro

Sala 1Stand by me doraemon [a](FaLado eM CantonêS)Filme de: takashi yamazaki, ryuichi yagi14.00, 17.40

Sala 1Stand by me doraemon [3d] [a](FaLado eM CantonêS)19.45

Sala 1From vegaS to macau 2 [c](FaLado eM CantonêS)Filme de: Wong jing15.50, 21.45

Sala 2PenguinS oF madagaScar [a](FaLado eM CantonêS)Filme de: eric darnell, Simon j. Smith14.00, 15.45, 19.45

Sala 2KingSman: the Secret Service [c]Filme de: Matthew vaughnCom: Colin Firth, Michael Caine, Samuel L. jackson17.30, 21.30

Sala 3triumPh in the SKieS [b](FaLado eM CantonêS)(CoM LeGendaS eM ChinêS e inGLêS)Filme de: Matt Chow, Wilson yipCom: Matt Chow, Wilson yip14.00, 15.45, 21.30

Sala 3From vegaS to macau 2 [c](FaLado eM CantonêS)(CoM LeGendaS eM ChinêS e inGLêS)Filme de: Wong jingCom: Chow yun-Fat, nick Cheung, Carina Lau17.30, 19.30

fonte da inveja

nasce o escritor francês Victor Hugo• a 26 de Fevereiro, assinala-se o nascimento de victor--Marie hugo, no ano de 1802. novelista, poeta, dramaturgo, ensaísta, estadista e defensor dos direitos humanos, deixa uma marca indelével na literatura mundial. no mesmo dia, mas em 1848, é proclamada a Segunda república Francesa.victor hugo tornou-se escritor jovem e em 1817, com ape-nas 15 anos, foi premiado pela academia Francesa, que distinguiu um poema do autor, no início de um percurso notável pela arte, com outro marco: em 1821, publicou o livro de poesias, ‘odes et poésies diverses’, que lhe permitiu ganhar uma pensão, concedida por Luís xviii, um ano antes de publicar o primeiro romance.Com 23 anos apenas, recebe o título de Cavaleiro da Legião de honra e dá início a um período de intensa produção de obras, que lhe permitem o reconhecimento da corte de Carlos x. a casa de victor hugo transformou-se num ponto de encontro de grandes escritores.a sua obra foi alvo de censura, quando entrou na área do teatro, onde também mostrou talento. ‘o Corcunda de notre-dame’, publicado em 1831, foi considerado o maior romance histórico de victor hugo, mais um degrau na escadaria do sucesso, que lhe permite receber, do rei Luís Filipe i, o grau de oficial da Legião de honra.defensor da democracia liberal e humanitária, foi eleito deputado da Segunda república, em 1848. a partir do ano seguinte, victor hugo dedica-se a obras políticas, religiosas filosóficas. entre a sua vasta obra, outro livro se destacou: ‘Les Misérables’ (1862).exila-se após o golpe de estado de 2 de dezembro de 1851, que condena ‘histoire d’un Crime’, por razões morais. viveu em exílio em jersey, Guernsey e Bruxelas, morrendo a 22 de Maio de 1885.

“A ViAgEm dE cHiHiro”(HAyAo miyAzAki, 2001)

“a Viagem de Chihiro” leva-nos a um mundo onde os deuses são quem manda, ao lado de bruxas e monstros e humanos que são transformados em animais. Uma menina de dez anos, que muda de cidade com a família, encontra uma cidade misteriosa onde os nossos medos mais profundos são transformados em realidade. Vencedor de um Óscar em 2003 por ser considerado o melhor filme de animação, “A Viagem de Chihiro” leva-nos numa espectacular visita ao imaginário. - joana Freitas

18 hoje macau quinta-feira 26.2.2015(F)utilidades

26 de Fevereiro

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hoje macau quinta-feira 26.2.2015

Q uando eu era um jovem imberbe e impoluto, ainda ab-sorvia o cálcio, não me doíam as cruzes e quase tudo na vida era ainda uma curiosidade, adorava viajar. não pelo desti-no em si, que podia ser um sítio qualquer, mas pela viagem propriamente dita, pelo tempo que demorava para chegar de

um ponto ao outro. não entendia as pessoas que dormiam durante uma viagem, por mais curta que fosse; até duas ou três paragens de metro era o suficiente para “passar pelas brasas”, como dizem esses aficionados da sesta em movimento. Eu usava esse tempo para outras coisas, como ler por exemplo. Orgulho-me de poder dizer que li “Os Maias” apenas durante as viagens de Lisboa para a Margem Sul e vice-versa (e depois reli, pois vale mesma a pena, perdoem-me o lugar comum). o que eu gostava mesmo era das viagens de carro, e quanto mais longas, melhor. Fazia as introspecções próprias da puberdade enquanto olhava pelo vidro da janela do banco de trás, e se fosse com passagem por zonas rurais (o que acontecia quase sempre) deleitava-me a observar o campo, as suas pessoas e as respectivas vaquinhas – e nesse caso era melhor mesmo manter a janela fechada, por razões óbvias.

Em Macau não dá para fazer longas via-gens de carro, de barco ou seja do que for, por culpa da exiguidade do próprio território. E é pena, pois uma longa viagem de norte a sul ou de este a oeste e depois de regresso é

uma experiência que ajuda a alargar os ho-rizontes. aqui dizer-se que a população tem “horizontes curtos” vai para além do sentido figurativo da expressão, pois se ouvem falar em “cinquenta quilómetros”, perguntam logo: “isso é como daqui até onde?”. Cinquenta, vinte ou mesmo dez quilómetros são conceitos alienígenas para os locais, que consideram “longe” qualquer local que fique dez minutos a pé daquele onde se encontram. uma vez perguntaram-me qual era a distância entre Lisboa e Leiria, e sem saber como explicar, usei uma medida local, e disse que era “como ir a Coloane e voltar umas dez vezes”. Aí ficam mais ou menos esclarecidos, e claro que para eles isto é “muito longe”.

E por falar em Coloane, um dia destes fui até lá, e para o efeito apanhei um autocarro, o que faço sempre sem entusiasmo. o refe-rido transporte vinha cheio, num domingo à tarde, o que em tempos foi considerado “estranho”, mas hoje é só “sintomático”. E por isso, ou só por azar, vim de pé durante toda a viagem – não que me importe muito com isso, pois mesmo sentado não há va-quinhas para ver quando se olha pela janela.

Já na ilha da Taipa, pouco antes de chegar à paragem do Posto Fronteiriço da Flôr de Lótus, o condutor faz uma travagem brusca que me apanha desprevenido, e mesmo agarrado a uma daquelas barras de ferro onde os tristes partilham bactérias foi por um triz que evitei esbardalhar-me no chão (O verbo “esbardalhar” existe mesmo, sabiam? Encontrei no dicionário). Foi aí que percebi que a vaquinha ali era eu, e que ao volante estava um indivíduo que transportava os passageiros com a mesma deferência de quem transporta gado vacum. São as bestas dos motoristas do autocarro mais os taxistas que são umas bestas, e mais as multidões de turistas, e mais as obras, o trânsito, a gripe, as burlas, é um deus-nos-acuda que nunca mais acaba. os tipos do tal instituto que elegeu Macau “a melhor cidade da China para se viver” devem ser loucos. ou estão a gozar.

dizem por aí que se comemorou um destes dias a chegada do Ano Novo Lunar. Ai sim? não dei por nada, pois nem me atrevi a sair de casa. Mas isto ajuda a explicar as explosões que se ouviam, durante horas e horas, mesmo até para lá das horas das criancinhas irem

fazer oó. Ainda bem que foi o “Ano Lunar”, pois cheguei a pensar que estava na Bósnia dos anos 90, ou de um Kosovo mais recente. A “semana dourada” , nome dado ao período de férias associado com o ano novo Lunar, ficou mais uma vez marcada pela visita dos nossos “pangyaos” do continente, que vêm aqui “fazer turismo” – sabe Deus porquê. Em Hong Kong a população já ficou farta de não poder deixar cair uma agulha sem acertar no pé de alguém, e um destes dias “descarregou” em cima dos tais turistas, demonstrando de-sagrado com a “invasão”, com reacções que chegaram a ter laivos de xenofobia.

Em Macau os costumes são mais brandos, e apesar de termos aqui o mesmo problema que em Hong Kong, nota-se uma maior tendência para o “cagandismo”, como quem lamenta e ao mesmo tempo aceita a inevi-tabilidade da morte. Mas os ventos são de mudança, e os senhores que para aqui mandam os turistas e que são os mesmos que aqui man-dam, vêm agora tentar apaziguar os ânimos, prometendo que vão “estudar o assunto”, e tentar encontrar mecanismos que limitem o número de visitantes durante os feriados, ou para o efeito noutro período qualquer. Que bem que eles falam, e que bem que tantos ouvem – é a simbiose perfeita, como a língua na orelha dos namorados que ainda não estão fartos um do outro. Para mim esta viagem não leva a lado nenhum, não há vaquinhas para ver nem “Os Maias” para ler, e posto isto, mais do que apenas “passar pelas brasas”, vou entrar em coma induzido. acordem-me quando lá chegarmos. Se chegarmos.

acordem-me quando chegarmos

19OpiniãO

São as bestas dos motoristas do autocarro mais os taxistas que são umas bestas, e mais as multidões de turistas, e mais as obras, o trânsito, a gripe, as burlas, é um Deus-nos-acuda que nunca mais acaba. Os tipos do tal instituto que elegeu Macau “a melhor cidade da China para se viver” devem ser loucos

bairro do or ienteLeocardo

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hoje macau quinta-feira 26.2.2015

cartoonpor Stephff

O ministro da Energia da Grécia, Panagiotis Lafazanis, garantiu, em

declarações ao jornal Ta Nea, que não vai haver privatizações no sector da energia – electricida-de, gás, refinarias. Enquanto se adivinham dificuldades para o Executivo grego, na Alemanha surgem sinais de descontenta-mento de alguns deputados do partido de Angela Merkel com a aprovação do acordo com a Grécia no Parlamento.

A declaração de Lafazanis contradiz o que foi prometido pelo Governo de Atenas numa carta com indicações de refor-mas– que as privatizações em que o processo já tivesse sido iniciado não seriam canceladas.

Lafazanis disse que vendas em curso não seriam interrompi-das, mas garantiu que a principal empresa de energia eléctrica gre-ga, a PPC, e a operadora da rede ADMIE não seriam vendidas.

Na carta ao chefe do Euro-grupo, Jeroen Dijsselbloem, o ministro grego das Finanças,

Yanis Varoufakis, prometeu que as privatizações em que já tivessem sido lançadas ofertas ou concursos não seriam interrom-pidas. É o caso de parte (66%) da ADMIE. Lafazanis disse que estas não iriam em frente. “O concurso para a ADMIE não se-guirá em frente”, disse Lafazanis. “As empresas não submeteram ofertas vinculativas por isso não serão completadas. Passa-se o mesmo com a PPC.”

Lafazanis – o ministro que re-presenta a ala de esquerda radical do Syriza, que terá cerca de um quinto dos deputados do Partido no Parlamento – já tinha sido a voz de uma posição intransigente em relação às privatizações no fim-de-semana. “São uma linha vermelha”, garantia.

Duas celebridades do Syriza – Manolis Glezos, que tirou a bandeira dos ocupantes nazis da Acrópole em 1941 e Mikis Theo-dorakis, o compositor de Zorba – foram das faces mais visíveis de oposição, manifestando apoio a uma posição mais dura do Gover-

no nas negociações. Glezos foi mais duro, acusando o Governo de apenas mudar as coisas de nome, e Theodorakis pediu que os gregos dissessem “não” ao “nein” do ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble. Para tentar acalmar a oposição, o primeiro-ministro Alexis Tsipras visitou Theodorakis e ainda que não tivessem sido feitas decla-rações as imagens divulgadas do encontro mostravam Tsipras apertando a mão a um sorridente Theodorakis.

Enquanto isso, e depois de vá-rias manifestações pró-Governo em Atenas e noutras cidades gregas, foi marcada a primeira manifestação contra o Execu-tivo pelo Partido Comunista. A rivalidade entre os comunistas e o Syriza é grande: exemplo disso foi que após as eleições de Janei-ro, o líder do Partido Comunista recusou reunir-se com Tsipras, que como candidato com mais votos se encontrou com vários líderes dos outros partidos para conversações de Governo.

Panagiotis Lafazanis representa a ala esquerda do Syriza e pode abrir confronto com o primeiro-ministro Alexis Tsipras e o ministro das Finanças Yanis Varoufakis

Ministro grego da energia contra privatizações no sector

Contradições internas

Grécia Campeonato suspenso após incidentes violentosO campeonato grego foi suspenso por tempo indefinido, depois dos incidentes em torno do Panathinaikos-Olympiakos do fim de semana. A decisão foi anunciada após uma reunião entre o Governo e os responsáveis pelos organismos desportivos. Stavros Kontoni, ministro dos desportos gregos, já tinha ameaçado com o cenário de suspensão, e esse foi mesmo o caminho tomado agora, afectando a primeira e a segunda divisão. O dérbi de domingo ficou marcado por cenas de violência, com Vítor Pereira, o treinador português do Olympiakos, no centro da polémica. Além disso, a reunião da Liga de clubes nesta terça-feira não terminou, depois de os presidentes de Panathinaikos e Olympiakos se terem envolvido em confrontos e trocado agressões.

Morreu a actriz Maria Zamora aos 40 anosEntrou em algumas novelas, a mais recente Jardins Proibidos, a passar na TVI, e foi a Doutora Tutti Frutti da Operação Nariz Vermelho. Maria Zamora morreu nesta terça-feira aos 40 anos. As causas da morte não são conhecidas. “Perdemos a nossa colega e querida amiga Maria Zamora. Faleceu de súbito aos 40 anos”, lê-se no Facebook da organização de doutores-palhaços que visitam regularmente as enfermarias de hospitais do país onde estão internadas crianças. “Ao longo de anos, a Doutora Tutti Frutti espalhou uma alegria e uma cor pelos hospitais que a tornam inesquecível no coração dos milhares de crianças, famílias e profissionais de saúde que se cruzaram com ela. Obrigado, Maria”, continua a mensagem que dá conta da morte da actriz. A publicação da Operação Nariz Vermelho tem já centenas de partilhas e mensagensde condolências.

DOIS polícias morreram, esta quarta-feira, colhidos

por um comboio, em Sacavém, quando levavam a cabo uma perseguição policial por assal-tantes que se dedicavam ao furto em residências da zona.

Segundo a TVI24, o acidente ocorreu perto da estação da Bobadela, no sentido Sacavém--Lisboa, com um comboio que partira da Gare do Oriente.

O acidente terá ocorrido pouco antes do meio-dia, (hora local), tendo a Protecção Civil recebido o alerta às 11.47 horas, quando os polícias perseguiam dois assaltantes que terão segui-do pela linha férrea. Os agentes terão seguido os assaltantes na altura em que foram colhidos pelo comboio, adianta a TVI24.

O Jornal de Notícias adianta que os agentes chamam-se San-tos, de 21 anos, e Raínho, de 25 anos, pertencentes à esquadra de São João da Talha.

O INEM refere ter recebido o alerta às 11.54 horas, tendo sido enviadas uma viatura médi-ca de emergência e reanimação (VMER), duas ambulâncias de socorro dos Bombeiros Voluntários de Sacavém e uma unidade móvel de intervenção psicológica de emergência.

A CP revelou que o acidente deu-se no sentido sul-norte, entre as estações de Sacavém e Bobadela.

Portugal Dois polícias colhidos mortalmente por comboio

Japão Ilha não pára de crescerA ilha japonesa de Nishinoshima continua a crescer e já aumentou 11 vezes o seu tamanho original devido à lava emanada de um vulcão, desde o início da erupção em Novembro de 2013, informou a guarda costeira do Japão. As últimas medições revelam que o tamanho de Nishinoshima é agora de 1,95 quilómetros de este a oeste, e de 1,8 quilómetros de norte a sul, o que corresponde a uma superfície 11 vezes maior do que a original. A ilha, situada no oceano Pacífico a cerca de mil quilómetros a sul de Tóquio, representa uma massa de mais de 50 milhões de metros cúbicos e o seu ponto mais alto supera os 100 metros acima do nível do mar.

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