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ANIMAIS Bater não custa assim tanto. Maus tratos com penas mais leves LIMITAÇÃO DE TURISTAS ERA PARA SER MAS AFINAL NÃO É. CORRECÇÕES DE UM SECRETÁRIO OS DEPUTADOS pediram e o Governo disse que sim. A redução da pena de três para um ano de prisão e a diminuição das multas para quem maltratar animais foram aceites e o Executivo estuda agora as alterações à proposta de lei. Ter para ler As inúmeras pressões que os profissionais da classe dos enfermeiros têm de enfrentar estão a ser agravadas por um mal comum a tantos outros sectores: a falta de recursos humanos. A sobrecarga de trabalho destes “anjos com vestidos brancos” leva inclusive ao mau entendimento dos pacientes o que só agrava ainda mais a situação. ANJOS DE ASAS CORTADAS DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 SEXTA-FEIRA 27 DE FEVEREIRO DE 2015 ANO XIV Nº 3280 hojemacau ENFERMEIROS PRESSÃO NO SECTOR É CADA VEZ MAIOR AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB PUB PÁGINAS 2-3 LIGA DE ELITE ALTO E PARA O JOGO PÁGINA 16 PÁGINA 7 PÁGINA 6 ´ PUB

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Hoje Macau N.º3280 de 27 de Fevereiro de 2015

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Page 1: Hoje Macau 27 FEV 2015 #3280

AnimAis Bater não custa assim tanto. maus tratos com penas mais leves

limitAção de turistAserA pArA ser mAs AfinAl não é. CorreCções de um seCretário

Os deputadOs pediram e o Governo disse que sim. A redução da pena de trêspara um ano de prisão e a diminuição das multas para quem maltratar animais foram aceites e o Executivo estuda agora as alterações à proposta de lei.Ter para ler

As inúmeras pressões que os profissionaisda classe dos enfermeiros têm de enfrentar estão a ser agravadas por um mal comum

a tantos outros sectores: a falta de recursos humanos. A sobrecarga de trabalho destes

“anjos com vestidos brancos” leva inclusive ao mau entendimento dos pacientes o que

só agrava ainda mais a situação.

Anjos de AsAsCortAdAs

Director carlos morais josé www.hojemacau.com.mo Mop$10 s e x ta - f e i r a 2 7 D e f e v e r e i r o D e 2 0 1 5 • a N o x i v • N º 3 2 8 0hojemacauenfermeiros pressão

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2 hoje macau sexta-feira 27.2.2015reportagem

Flora [email protected]

N ão é raro ouvirmos as queixas dos médicos e enfermeiros de Macau, nem mesmo por parte

dos residentes. Quando estes pro-curam o serviço público de saúde, os sentimentos negativos atingem directamente os profissionais do hospital. os mais afectados acabam por ser os enfermeiros – chamados

rácio bom, mas aindabaixo comparativamente Segundo informações dos Serviços de Saúde (SS) fornecidas ao HM, existem 1019 enfermeiros no serviço público, tendo aumentado 8,4% quando comparado com a situação de 2013. o rácio é de 3.1 enfermeiros por cada mil habitantes, com os SS a defender que já é mais alto do que a média da organização Mundial de Saúde, que é de 2.9 enfermeiros. A reitora do Instituo de Enfermagem Kiang Wu, Van Iat Kio, disse no ano passado à Revista Macau que espera que o rácio possa chegar a 4:1000 em 2020, o que, contando com o número actual de enfermeiros, significa que ainda faltam mais de mil profissionais. Quando comparado com o rácio da cidade vizinha, Hong Kong, que é de de 6.1 enfermeiros por cada mil pessoas, a carência da mão de obra destes profissionais é ainda óbvia no território. Os SS referiram também que vão proceder faseadamente à contratação de mais 529 profissionais de saúde neste ano, sendo que 161 serão enfermeiros.

Não é novidade que o sistema de saúde local carece de enfermeiros suficientes para dar resposta ao grande número de pacientes. Wong Kit Cheng, deputada e antiga enfermeira, diz que a dimensão do trabalho é “espantosa” e que a pressão “já era óbvia” antes dos Serviços de Saúde anunciarem mais contratações. o mau entendimento dos pacientes agrava o panorama. Uma outra enfermeira defende a criação de um subsídio de risco para a classe

EnfErmEirosFalta de recursos humanoscria pressão nos proFissionais

A vidAdos “Anjoscom vEstidosbrAncos”

de “anjos com vestidos brancos” pela comunidade chinesa. São estes profissionais da linha da frente quem mais sente a falta de mão-de-obra no sector.

Actualmente existem cerca de 700 enfermeiros a trabalhar no Centro Hospitalar do Conde de São Januário. o HM tentou falar com vários enfermeiros, mas a maioria receia ser descoberta pelos seus superiores a apontarem as falhas do sistema onde trabalham. Ainda assim, Alice Wan aceitou fazê-lo, mas sob nome fictício.

Esta profissional reconhece que a falta de recursos humanos traz grande pressão no local de trabalho, sobretudo nos dias feriados. “o hospital cortou o número de mão de obra normal nos feriados, porque os superiores acham que, como não necessitam de fazer operações, três enfer-meiros podem tratar mais de 30

pacientes. Mas de facto acontecem as mesmas consultas, os mesmos casos nas urgências e a situação piora”, conta.

Alice Wan conta que trabalha todos os dias mais de oito horas e meia, sendo que já chegou a trabalhar quase dez horas diárias. Contudo, o hospital não paga essas horas extras, a não ser que estas sejam marcadas com antecedência.

Esta profissional de saúde conta que nunca viu colegas a serem frios para com os pacientes ou os seus familiares, mas que o oposto acontece com frequência e muitas vezes sem razão.

“Por exemplo, só temos três colegas num serviço, mas todos os doentes pedem-nos coisas ao mesmo tempo e não conseguimos dar resposta a tanta coisa. Então os familiares e os próprios doentes acham que nós não lhes damos atenção”, frisa.

No privado é igualCom tanto trabalho e uma óbvia pressão no serviço público de saú-de, será que os profissionais têm uma melhor situação laboral no

privado, como as clínicas privadas ou o hospital Kiang Wu?

Man é um exemplo de que a pressão dos recursos humanos

também se regista no privado. Man formou-se no ano passado no Instituto de Enfermagem do Kiang Wu e está neste momento a trabalhar no serviço de Arre-cadação de Exportação (AED) desse hospital. Ao HM, este enfermeiro garante que também se vê a braços com horas extra de trabalho, esperando poder candidatar-se ao São Januário para ganhar mais, mesmo que seja igualmente cansativo. Alice Wan revela que vários colegas trabalharam apenas alguns meses

“Só temos três colegas num serviço, mas todos os doentes pedem-nos coisas ao mesmo tempo e não conseguimos dar resposta a tanta coisa. Então os familiares e os próprios doentes acham que nós não lhes damos atenção”AlicE WAn, (nomE fictício) Enfermeira do são januário

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3 reportagemhoje macau sexta-feira 27.2.2015

W ong Kit Cheng, deputada e vice--presidente da As-

sociação Promotora de En-fermagem, apontou ao HM que o aumento da população e as doenças crónicas vindas do envelhecimento dos cida-dãos levaram a um grande aumento das consultas. Mas a falta de profissionais trou-xe um aumento “espantoso” de trabalhos. “Quase todos os enfermeiros dos hospitais que trabalham nas urgências têm uma sobrecarga de trabalho e precisam de se manter calmos. Além de te-rem de trabalhar por turnos,

“Quase todos os enfermeiros dos hospitais que trabalham nas urgências têm uma sobrecarga de trabalho e precisam de se manter calmos. Além de terem de trabalhar por turnos, os profissionais precisam de estar disponíveis nos tempos livres. Ficam exaustos física e emocionalmente”

Pressão física e mental, diz Wong Kit cheng

As ajudas não adiantam

“Quando atingimos um determinado nível e temos novos equipamentos, temos falta de pessoal. Trabalhamos mesmo muito e ficamos cansados. A nossa atitude para com os pacientes piora e é difícil manter a qualidade do serviço”Kimmy enfermeira do são Januário

enfermeirosFalta de recursos humanoscria pressão nos proFissionais

a vidados “anJoscom vestidosbrancos”

os profissionais precisam de estar disponíveis nos tem-pos livres. Ficam exaustos física e emocionalmente”, apontou.

Wong diz ainda que o au-mento de enfermeiros man-teria a qualidade do serviço. Até porque, diz, os enfer-meiros não podem trabalhar só para resolver o grande número de clientes. “num feriado, a lista de espera de consultas atingiu as 90 pes-soas. Podemos imaginar a pressão de enfermeiros. não queremos mostrar-nos frios aos doentes, mas o trabalho por vezes faz com que nos

concentremos nos trabalhos e ignoremos a comunicação com os pacientes, dando uma imagem fria.”

Wong Kit Cheng diz ainda que a medida de atri-buição de subsídios para o atendimento de consultas urgentes e externas no hos-pital privado Kiang Wu e nas clínicas de quatro asso-ciações sociais não adianta aos domingos, quando estas estão fechadas e a pressão se mantém nos dois grandes hospitais.

“Claramente, a distribui-ção dos pacientes não é bem feita durante os feriados e os

departamentos de urgência de dois hospitais até têm mais pessoas.”

no que toca ao sistema de saúde privado, Wong Kit Cheng apontou que o Executivo deve considerar que há movimentações de profissionais destes locais para o privado. “Já há

vários anos, como há falta de profissionais de saúde na comunidade, recrutaram pessoal do interior da Chi-na e das Filipinas. Mas é também importante formar enfermeiros que preferem trabalhar na comunidade”, diz a deputada, que já ante-riormente se mostrou contra

a importação de enfermeiros de Portugal.

Quando questionada so-bre as razões das mudanças de emprego dos profissio-nais, Wong Kit Cheng fala de interesse, família ou pressão.

A deputada salienta ainda que os enfermeiros são “parceiros” mas não “ajudantes” de médicos e que os pacientes entendem mal a questão. “Existem pessoas que acham que nós podemos responder a todas as perguntas, mas de facto, temos conhecimentos de en-fermagem, mas não somos adequados para responder sobre a decisão de tomar medicamentos, fazer uma operação ou sair do hospital. Há pacientes que acham que os enfermeiros não querem responder às perguntas.

no São Januário, mas acabaram por se demitir e regressar ao seu anterior emprego.

E sE houvEssEum subsídio dE risco?“nós discutimos várias vezes uma questão: porque é que os enfermei-ros não ganham um subsídio de risco, tal como os polícias ou os bombeiros? Há uns tempos houve um colega que descobriu que tinha tuberculose depois de um doente ter estado internado alguns meses. Foi examinado e teve de tomar

medicação durante nove meses, que prejudicou muito o fígado”, conta Alice Wan.

Kimmy é outra enfermeira que

trabalha no São Januário há três anos. Chegou a trabalhar no Kiang Wu durante quatro anos e garante que os profissionais das urgências

são os que mais pressão sentem e ouvem mais queixas.

Tal como Alice Wan, também Kimmy defende que poderia ser criado um subsídio de risco. no caso do São Januário, deveria ser permitido um máximo de 12 horas de trabalho, sendo que o subsídio poderia ser criado para as oito horas de trabalho seguintes.

Quando os Serviços de Saúde conseguiram a acreditação do Australian Council on Healthcare Standards (ACHS), isso significou ainda mais trabalhos para os enfer-meiros, que tiveram de tratar de toda a burocracia, defendem ainda.

“Quando é necessária uma regulamentação a dimensão dos trabalhos é maior. Quando as an-tigas informações são incompletas e precisam de ser actualizadas, é preciso mais tempo, pessoal, re-cursos, o que causa mais pressão aos enfermeiros”, conta Kimmy.

Para esta enfermeira, não é mau trabalhar nas acreditações, porque é benéfico e traz um nível de quali-dade mais elevada também para os residentes. Mas muitas vezes as acre-ditações nada significam na prática.

“Quando atingimos um deter-minado nível e temos novos equi-pamentos, temos falta de pessoal. Trabalhamos mesmo muito e ficamos cansados. A nossa atitude para com os pacientes piora e é difícil manter a qualidade do serviço”, reconhece.

o pai de Keong, um residente, ficou insatisfeito com o tratamento de que foi alvo quando se dirigiu ao São Januário, para ser operado a um joelho. Ao HM, o senhor Hoi disse que esperou muito tempo, já que “havia sempre pacientes com maior urgência”. Acabaria por pedir transferência do caso para o hospi-tal da Universidade de Ciências e Tecnologia (MUST). Mas durante o internamento, o senhor Hoi e os seus familiares sentiram que os enfermei-ros dispensaram poucos cuidados.

“Acham que não podemos oferecer um tratamento de qua-lidade como aquele que estavam à espera”, disse ao HM Kimmy. “Se os doentes ficam zangados por estarem muito tempo à espera, o médico não pode pôr aquela pessoa à frente dos outros. Acredito que todos os enfermeiros são boas pessoas, não vão zangar-se sem razão”, contou Kimmy.

A enfermeira é também mem-bro de uma associação local do sector, cujo nome não quis men-cionar. Mas apontou ao HM que o número de licenciados do Instituto de Enfermagem Kiang Wu e do Instituto Politécnico de Macau não satisfazem o crescimento de pacientes nem a falta de recursos humanos, frisando que uma boa parte desses licenciados não exerce a profissão por a considerar dema-siado cansativa.

“O hospital cortou o número de mão deobra normal nos feriados, porque os superioresacham que, como não necessitam de fazer operações, três enfermeiros podem tratarmais de 30 pacientes. Mas de factoacontecem as mesmas consultas, os mesmoscasos nas urgências e a situação piora”alice Wan

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4 hoje macau sexta-feira 27.2.2015política

Joana Freitas*[email protected]

H ong Kong vai integrar uma zona de comércio li-vre que engloba Macau e guangdong e, para Lionel

Leong, o sistema vai trazer vanta-gens à RAEM. Para já, o Executivo diz ainda estar a estudar a situação, mas o Secretário para a Economia e Finanças assegura que a abertura de uma zona de comércio livre no continente vai servir de teste a esta cooperação.

AMCM admite desafios financeiros para a economia

Decisão sobre novobanco Foi para“manter estabil iDaDe” Anselmo Teng, presidente da Autoridade Monetária de Macau (AMCM), disse ontem aos jornalistas que a decisão de manter os administradores José Morgado e Carlos Freire e a recusa da proposta de contratar novos corpos sociais serviu para manter a estabilidade. Recorde-se que a administração do novo Banco apresentou à AMCM os nomes de Paulo Franco, João Rato e William Mok para integrarem a Comissão Executiva, mas a AMCM terá “recusado” a proposta. ontem, Teng disse que é necessário “manter a estabilidade e a supervisão” e a operação do banco de forma “normal”, ao mesmo tempo que defende que “a manutenção de funcionários que melhor compreendem a situação económica local” é melhor e ajuda a uma boa comunicação com a AMCM.

“Macau deve aproveitar bemas políticas que o Governo Central oferece e o CEPA e deve usaras vantagens [da cooperação com Gaungdong] para, depois, “estabelecer a cooperação com Hong Kong”LioneL Leong Secretário para a economia e Finanças

Trocas comerciais livres entre Macau e Hong Kong podem vir a ser uma possibilidade, mas o governo da RAEM ainda está a estudar a possibilidade. Entre a China continental, a RAEHK e Macau já há acordo, mas Lionel Leong diz que ainda há estudos a ser feitos

ComérCio Livre Acordo entre MAcAue Hong Kong eM estudo

Lá como cá

AnSELMo Teng, presidente da Autoridade Monetária de

Macau (AMCM), disse ontem que o sector bancário de Macau deverá enfrentar desafios no futuro. Citando “ajustamentos a verificar nos preços dos imóveis, a queda nas receitas do Jogo e a mudança no modelo de consu-mo”, o presidente do organismo disse prever “desafios novos tanto para o desenvolvimento das actividades bancárias, como para a gestão do risco”.

num discurso feito num al-moço de Primavera organizado pela Associação de Bancos de Macau, Teng frisou que é reco-mendada “prudência e precaução

através do reforço contínuo da gestão de riscos e do controlo interno”.

Ainda que defenda que o sec-tor bancário foi marcado por um progresso estável no ano passado, devido também “à expansão do uso transfronteiriço do yuan”, e de salientar que Macau tem “inúmeras oportunidades” de desenvolvimento no que o sector bancário diz respeito, Anselmo Teng fala de uma nova tendência económica.

“Com base na actual conjun-tura macro-financeira, no cenário internacional - em que as políticas monetárias de todas as principais economias são caracterizadas

por mudanças ou evoluções (...), [há] previsões relativas às subi-das das taxas de juro do USD e flutuações dos preços dos pro-dutos – irá aumentar a incerteza a nível monetário-económico internacional a instabilidade da liquidez dos fundos mundiais”, começa por descrever. “Parale-lamente, tendo em atenção que a economia chinesa se encontra numa fase relevante, caracteriza-da pelo ajustamento estrutural e desaceleração do ritmo do cresci-mento – e acrescendo o facto de a economia local ter entrado na fase de consolidação e de ajustamentos – emerge já uma nova tendência económica.” - J.F.

secretário prevê queDa Do pibLionel Leong disse ainda que a queda nas receitas do Jogo e o “ajustamento do modelo de consumo” poderão fazer com que o Produto Interno Bruto de Macau desça também nos próximos meses.

A assinatura de um acordo com Hong Kong não foi anunciada publicamente, pelo menos em Macau, mas um jornal chinês – o China Times – escreve que gao Yan, vice-ministra do Comércio

da China, assinou um acordo para liberalizar as trocas comerciais nos sectores de serviços em Hong Kong em Dezembro e, posteriormente, fez o mesmo em Macau. Ambos os acordos, segundo a publicação, foram assinados no âmbito do acor-do CEPA entre o continente e as duas regiões especiais. “o caminho está agora livre para a criação de uma zona de comércio livre que vai englobar guangdong, Macau e Hong Kong”, escrevia o jornal, que anunciava a data de início de operações a 1 de Março.

ontem, questionado sobre o assunto à margem de um almoço da Associação de Bancos de Macau (ABM), Lionel Leong, Secretário

para a Economia e Finanças, não prestou muitos esclarecimentos, mas assegurou que o mecanismo “é muito bom” e que o acordo feito entre a China continental e Macau o ano passado sobre a abertura de uma zona de comércio livre “experimental” em guangdong “é um bom teste de cooperação” e que a integração de Hong Kong vai trazer vantagens para a RAEM.

“Macau deve aproveitar bem as políticas que o governo Central oferece e o CEPA e deve usar as vantagens [da cooperação com gaungdong] para, depois, “esta-belecer a cooperação com Hong Kong”.

o Secretário não adianta se Macau deverá assinar um acordo em separado com Hong Kong, afir-mando mesmo que ficou a saber das

notícias “pela comunicação social” e que é preciso ponderar a situação tendo com base o desenvolvimento económico local.

“Todos devem pensar e estudar em conjunto e o governo deve considerar a situação do ponto de vista da RAEM. A integração com as regiões vizinhas deve trazer vantagens a Macau.”

ObstáculOs De acordo com o jornal chinês, o acordo entre as três regiões vai tratar as empresas de Macau, Hong Kong e guangdong como empresas domésticas, ao invés de empresas estrangeiras, como é actualmente.

Questionado sobre se existem dificuldades para as empresas de Macau abrirem negócios no interior da China, o Secretário para a Economia e Finanças disse apenas há alguns procedimentos que complicam a situação.

“o CEPA é um acordo extenso que traz muitos benefícios, mas ainda há muitos procedimentos para se [conseguir] a entrada mais conveniente dos sectores no inte-rior da China, incluindo o Chefe do Executivo ter de apresentar pedidos a diferentes ministérios ou comissões.” - *com Flora Fong

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5 políticahoje macau sexta-feira 27.2.2015

pub

AVISOInscrição para o exame de admissão conjunta, de 2015, realizado em Macau,para estudantes chineses residentes no estrangeiro, em Macau, Hong Kong

e Taiwan, candidatos aos cursos de licenciatura das instituiçõesdo ensino superior do Interior da China.

Estão abertas as inscrições para o exame de admissão conjunta, de 2015, realizado em Macau e destinado a estudantes chineses residentes no estrangeiro, em Macau, Hong Kong e Taiwan, candidatos aos cursos de licenciatura das instituições do ensino superior do Interior da China. O exame é organizado pelo Ministério da Educação da República Popular da China e coordenado pelo Gabinete de Apoio ao Ensino Superior.InscriçõesDatas:de 1 a 15 de Março (Inscrição prévia online)de 17 a 31 de Março (Confirmação da inscrição)Horários para a confirmação oficial da inscrição:De terça-feira a sábado, das 11H00 às 20H00, sem interrupção à hora de almoço; domingo e segunda-feira, fechado.Local:Centro de Estudantes do Ensino Superior – Gabinete de Apoio ao Ensino Superior, na Avenida Conselheiro Ferreira de Almeida, n.º 68-B, Edifício Va Cheong, r/c B, Macau. (em frente à paragem de autocarro do Jardim Lou Lim Ioc)ExamesDatas: 23 e 24 de Maio (sábado e domingo)Local: Escola Secundária Pui Ching de Macau (Avenida Horta e Costa, n.º 7)Consulta

As informações sobre a admissão dos estudantes e as inscrições para o exame, podem ser consultadas na página electrónica do GAES (http://www.gaes.gov.mo) ou no website do “Blog para os Estudantes de Ensino Superior de Macau” (http://studentblog.gaes.gov.mo).Para mais esclarecimentos, se necessários, ligue, por favor, para os telefones (853) 83969390 e (853) 8396 9356.

Macau, 27 de Fevereiro de 2015O Coordenador

Sou Chio Fai

Flora [email protected]

D epois do antigo deputado paul Chan Wai Chi apontar que o

apoio financeiro dos dois de-putados, Ng Kuok Cheong e Au Kam San, à Associação Novo Macau (ANM) é um dever, Ng Kuok Cheong diz ao HM que a ideia defendida pela nova direcção da Asso-ciação é boa, ainda que se mostre preocupado com a origem dos fundos.

Recorde-se que a Novo Macau anunciou que vai dei-xar de aceitar o dinheiro dos deputados a si ligados – que são 20 mil patacas por mês -, sendo que vai começar a receber donativos seja do exterior ou de Macau.

Ao HM, Ng Kuok Cheong garante que vai continuar a atribuir um quinto do seu salário à Associação, mesmo que o presidente da ANM não queira depender desse contri-buto, e, apesar de concordar com a medida, salienta que o dinheiro não deve chegar “de instituições e do Governo”.

Ng Kuok Cheong revelou que, depois da saída de Paul Chan Wai Chi do hemiciclo,

“Claro que concordo com a criação de um sistema regular de donativos à Associação, porque 20 milpatacas não são suficientes. Mesmo assim, temosde manter o princípio sempre defendido: não pedimos, nem recebemos subsídios do Governo”

Ng KuoK CheoNg quer Novo MaCau iNdepeNdeNte do goverNo

O princípio de sempreo rendimento da Associa-ção diminuiu e as despesas têm aumentado largamente devido ao novo escritório, à criação da revista Macau Concelears e aos pagamentos a instituições que prestam serviços à ANM. Por isso mesmo, defendeu o deputa-do, o pagamento de dez mil patacas de cada deputado deve continuar, ainda que o valor não seja suficiente perante tantas despesas.

Da coerência“Claro que concordo com a criação de um sistema regular de donativos à Associação, porque 20 mil patacas não são suficientes. Mesmo assim, temos de manter o princípio sempre defendido: não pedimos, nem recebemos subsídios do Governo”, argumentou.

Quando questionado so-bre a possibilidade de serem recebidos patrocínios es-trangeiros para a realização

de manifestações, como o caso do movimento Occupy Central, em Hong Kong, Ng Kuok Cheong defendeu que esta não é uma preocupação real. O deputado defendeu que a Associação nunca recebeu apoio financeiro de pessoas ricas ou de poderes estran-geiros desde a sua fundação, “nem vai receber”, garante.

“Antes da transferência de soberania de Macau, existiu uma [instituição] que quis ofe-recer dinheiro à Associação, mas eu rejeitei”, conta.

Ng Kuok Cheong acres-centou ainda que os donati-vos deverão ser feitos pelo público e não por institui-ções. O deputado considera que não é bom confundir dinheiro da Associação e dos dois deputados, porque é difícil explicar ao público.

“Por exemplo, agora a Companhia de Fomento Imo-biliário e Investimento Ho Chun Kei exigiu um milhão de patacas de indemnização por difamação. Em causa es-tão capitais da Associação e do escritório dos dois deputa-dos e isto pode trazer alguma confusão para o público e criar um problema grande. Devemos, por isso, separar a fonte de dinheiro.”

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6 política hoje macau sexta-feira 27.2.2015

AndreiA SofiA [email protected]

A actual proposta de Lei de Protecção dos Ani-mais prevê uma pena de prisão até três anos para

quem cometer maus tratos contra animais com graves consequências, como a perda das funções vitais ou mesmo a morte. Para outro tipo de abusos, as penas variam entre as 40 e 100 mil patacas. Contudo, os deputados da 1.ª Comissão Perma-nente da Assembleia Legislativa (AL), que reuniram ontem com o Executivo, pedem uma redução de ambos os quadros sancionatórios. E o Governo concordou.

Segundo a deputada Kwan Tsui Hang, que preside à Comissão, o mo-tivo para a redução da pena de prisão prende-se com o facto de esta ser uma medida constante no Código Civil, respeitante às ofensas à integridade física, mas visando humanos.

“Por unanimidade, a Comissão

Governo esclarece fim do secretariado do CPU Sónia Chan promete facilitar procedimentos administrativos

Os deputados propuseram ao Governo a redução da pena de três para um ano de prisão para quem cometer maus tratos graves contra animais, bem como a redução das multas, afixadas entre 40 a 100 mil patacas. O Governo concordou e prometeu estudar as alterações

AnimAis Aceite pedido de penAs mAis leves pArA mAus trAtos

maltratar vai custar menos

“Entendemos que é uma multa muito elevada e sugerimos ao Governo para ponderar e diminuir. O Governo também aceitou a nossa sugestão”KwAn Tsui HAng Deputada

pediu ao Governo para ponderar a redução da pena de prisão para um ano, porque existem diferenças en-tre pessoas e animais. A Comissão entende que esta pena de prisão é demasiado elevada. Segundo o Código Civil, as pessoas são o sujeito e a proposta de lei visa os animais. Entendemos que não é assim tão adequado. O Governo aceitou e vai estudar para diminuir a pena”, disse ontem Kwan Tsui Hang aos jornalistas.

Multas taMbéM baixaMEm relação às multas, também é ob-jectivo diminuir os valores, incluindo a redução do valor mínimo de multa.

“Entendemos que é uma multa muito elevada e sugerimos ao Go-verno para ponderar e diminuir. O Governo também aceitou a nossa sugestão. As multas que não são assim tão elevadas não sugerimos uma diminuição. A multa pode ser mais grave no caso de reincidên-cia”, adiantou Kwan Tsui Hang.

Os deputados consideram que

O fim do secretariado do Conselho do Planeamento Urbanístico

(CPU) foi ontem discutido numa conferência de imprensa promovida pelo Conselho Executivo, que já concluiu a análise às alterações do respectivo regulamento administrati-vo, que visam o fim do secretariado. Raimundo do Rosário, Secretário para as Obras Públicas e Transportes, garantiu que não existe qualquer falta de transparência com o fim dessa entidade, cujos funcionários serão transferidos para a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT).

“Podem ficar descansados que o secretariado é apenas uma unidade de apoio técnico-administrativo, não tem nenhum poder de fiscalização nem

de controlo”, disse, segundo a Rádio Macau. Também Leong Heng Teng, porta-voz do Conselho Executivo, afastou qualquer polémica por não ter convocado uma conferência de im-prensa a anunciar o fim do secretariado.

“Se alguém tiver de se responsa-bilizar pelo acto sou eu, que decidi emitir um comunicado de imprensa em vez de vos convocar para uma sessão esclarecendo a situação”, acrescentou.

Recorde-se que o fim do secre-tariado do CPU já originou o envio de uma interpelação escrita ao Governo por parte do deputado Ng Kuok Cheong, que falava de falta de transparência com o fim do órgão e uma diminuição da fiscalização face aos projectos.

A Secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, reuniu esta quarta-feira com o

presidente da Associação Comercial de Macau (ACM), Ma Iao Lai. Do encontro, ficou prometida a criação de um mecanismo por forma a facilitar os diversos procedimentos administrativos.

nem todas as famílias têm capacida-des financeiras para pagar as multas sobre os alegados maus tratos que pratiquem aos seus animais.

“Nem todos conseguem supor-tar uma multa de 40 mil patacas, no caso dos animais domésticos”, explicou a deputada.

Questionada sobre a possi-bilidade da redução das sanções

poder vir a ter consequências mais brandas para os donos dos animais, Kwan Tsui Hang negou.

“Não entendemos que a dimi-nuição das multas vá diminuir os efeitos dissuasores. A lei pretende criar mecanismos para proteger os animais, mas isso não significa que as multas elevadas vão evitar este tipo de casos. A lei pretende educar as pessoas a não maltratarem os seus animais”, frisou.

Mudanças a fazer Os deputados concluíram na ma-nhã de ontem a primeira fase de análise da proposta de lei, cabendo agora ao Governo fazer as devidas alterações para que se possam agendar posteriormente novas reuniões. Ainda não há data para a apresentação da nova versão do diploma, mas a deputada explicou ontem que há que clarificar algu-mas questões.

“Esta nova versão deve apresen-tar um tratamento diferenciado em relação aos animais. A proposta de lei visa a protecção dos animais em geral, mas mais para cães e gatos. Para animais com fins económicos, e outros, não há um tratamento dife-renciado”, referiu a deputada.

Kwan Tsui Hang deu o exemplo dos ratos. “Os ratos que aparecem nas nossas casas, também são ani-mais, como é que os vamos tratar? Após a entrada em vigor desta lei, devemos ou não proteger os ratos? O Governo disse que, em princí-pio, mesmo que seja um animal prejudicial às nossas casas, temos de minimizar a dor.

Na desratização, por exemplo, podemos usar medicamentos, e isso não viola a lei. A lei deve ser mais clara”, concluiu.

Segundo um comunicado oficial, a Secretária concordou com a sugestão da Associação sobre a criação do mecanismo de cooperação que permita agilizar o procedimento administrativo e fornecer um serviço mais cómodo e eficaz para os desti-natários. Na reunião, “foi alcançado o consenso preliminar sobre a criação do mecanismo, cujos detalhes serão desenvolvidos com mais negocia-ções”, pode ainda ler-se no comunicado.

Os responsáveis da ACM pediram ainda uma revisão da Lei das Relações de Trabalho e do Regime de Previdência Central não Obrigatório, bem como do Regime de trabalho a tempo parcial. Ma Iao Lai disse ainda que nos últimos 15 anos “a sociedade e a economia têm-se desenvolvido de forma acelerada com bons resultados em diversos sectores e o ambiente económico tem mudado bastante”, pelo que espera que as leis possam cor-responder ao desenvolvimento da nova situação, com elaboração e revisão atempada desta lei.

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7sociedadehoje macau sexta-feira 27.2.2015

Fil ipa araú[email protected]

“N ão é cortar no nú-mero de entradas de turistas em Macau, não é isso. o que

o Governo quer é optimizar esta política de turistas com vistos individuais para o território”, esclareceu ontem Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, comentando a notícia de que o Governo iria limitar o número de entradas de turistas.

Depois de um encontro com membros do sector do Turismo, que aconteceu ontem, o Secretário clarificou que, contrariamente à região vizinha de Hong Kong, o Executivo não pretender limitar o número de visitas.

“Somos diferentes de Hong Kong. Eles disseram que iam cortar nos [vistos individuais], mas aqui em Macau não é isso que vai acontecer. Temos que controlar e optimizar esta política dos vistos individuais”, esclareceu Alexis Tam.

“Este é um ponto que merece maior ponderação por parte do nosso Governo, temos que fazer um equilíbrio, isto é algo importante para nós”, explica o representante, sublinhando que é normal que o grande número de turistas atraia as empresas locais.

“Se eu fosse empresário tam-bém queria isto, se existirem mais turistas existem mais negócios”, argumenta.

Apesar disso, diz Alexis Tam, é de conhecimento geral, e defendido pelo Governo, que “quanto mais tu-ristas [cá dentro] mais está em causa a qualidade de vida dos cidadãos”.

o que o Governo quer então fazer, explica o Secretário, é “op-timizar a política de turistas com vistos individuais para Macau”. o Governo pretende, assim, coorde-nar trabalhos com outras entidades, como por exemplo, as autoridades competentes de Guangdong, para que os turistas não atravessem apenas pelo posto fronteiriço das Portas do Cerco, mas utilizem, por exemplo, a fronteira da Ilha da Montanha.

“Tem que existir este tipo de combinações”, remata. “Hoje em dia ainda não existe uma política para dividir os turistas para os vá-rios postos, por exemplo”, aponta Alexis Tam, frisando que a atitude do Governo é de “reformular uma política de optimização de entrada de pessoas”.

PreocuPação geral Naquela que foi a primeira Reunião Plenária do Conselho para o De-senvolvimento Turístico de 2015, que também foi pela primeira vez presidida pelo actual Secretário Alexis Tam, muitas foram as opi-niões ouvidas. Representantes do sector mostraram-se preocupados maioritariamente pela falta de espaço para tantos turistas, na

Ano lunar da Cabra vê menos turistas a entrar

o que anteriormente foi avançado sobre a possível limitação do número de entradas de turistas afinal não vai acontecer. O Governo prefere “optimizar” a política dos vistos individuais, controlando o fluxo de turistas, mas não quer impedir a entrada de visitantes

Turismo Alexis TAm corrige: mAcAu não quer limiTAr, mAs opTimizAr

Há espaço para todos

acumulação dos visitantes em espaços como as do Leal Senado e das Ruínas de São Paulo.

“É preciso levar os turistas para outros lados, por exemplo para a zona norte”, opinou um dos participantes.

Ainda assim, Alexis Tam de-fende que o corte na entrada de turistas não pode ser repentino.

“As pessoas estão preocupadas com o número de turistas, percebo isso, porque os empresários também querem mais clientes, mais turistas, mas temos que perceber muito bem”,

afirmou Alexis Tam, sublinhando que o Governo não pode cortar a entrada de forma “repentina”.

“Temos que fazer a nossa po-lítica de forma gradual”, rematou o Secretário que se mostrou con-

“Temos quecontrolar e optimizar esta política dos vistos individuais”

tente com o número de turistas registados durante o ano passado, de mais de 31 milhões. Na visão do Secretário, o número de turistas do ano passado apresenta um ritmo que deve “ser mantido”.

InternacIonalIzar é PrecIsoA aposta no turismo internacional foi também um dos temas debati-dos, algo previsto pelo Governo como confirmou a Directora dos Serviços de Turismo, Helena de Senna Fernandes.

MAIS de um milhão de pessoas entraram em Macau entre 18 e 24 de Fevereiro, a

semana de feriados na China continental por ocasião do Novo Ano Lunar, menos 2,43% do que no mesmo período do ano passado. De acordo com os dados estatísticos preliminares, que contam também com os trabalhadores não-residentes e com os estudantes, a sema-na dourada trouxe a Macau 760 mil pessoas oriundas do interior da China, menos 1,96% do que o apurado em 2014. Em nota oficial, os

Serviços de Turismo explicam a diferença de números com o facto da semana dourada em 2014 ter decorrido entre o primeiro e o sétimo dia do ano, enquanto este ano foi contada entre o último dia do Ano do Cavalo e o sexto dia do Ano da Cabra. É que, sustentam, entre o primeiro e sexto dia do Ano Novo Lunar este ano, o número de entradas até aumentou face aos números apurados em 2014.

o ano de 2009 foi a última vez em que foi registada uma queda das entradas de visitan-

tes em Macau na época do Ano Novo Lunar, quando o número de entradas desceu 4,33% e os visitantes do interior da China foram menos 11,29%. o mercado turístico da China é a principal “fonte” de visitantes que chegam a Macau. Em 2014, mais de 31,5 milhões de pessoas visitaram Macau, com cerca de 28 milhões oriundos do interior da China.

Este ano, só em Janeiro, mais de 2,47 milhões de pessoas visitaram Macau, um número que representa uma queda de 1,5% face ao mesmo mês do ano passado. Entre os visitantes chegados a Macau, 55,9%, ou 1,38 milhões de pessoas eram excursionistas.

“Como anunciámos em Janeiro deste ano, o grande objectivo deste ano é desenvolver o turismo interna-cional – sem prejudicar os chineses – porque para o futuro é importante que Macau, ao querer desenvolver-se como Centro Mundial de Turismo e Lazer, atraia turistas de diferentes países e não só da China”.

Assunto também mencionado por Alexis Tam que, em resposta a uma opinião de um dos partici-pantes, explicou que por vezes é difícil conquistar visitantes inter-nacionais por estes não gostarem de grandes massas de turistas. Algo mundo característico em Macau.

“Esta promoção [internacional] não é algo que funcione com uma promoção de hoje e amanhã já temos os turistas. Para mercados de longo curso é preciso e exigido um investimento a longo curso, por isso é preciso continuar nesta aposta”, esclarece a directora.

os transportes, novos centros comerciais, museus e cinemas, a possibilidade de Macau apostar no turismo gastronómico foram ainda opiniões recebidas pelos Secretário que se mostrou em con-cordância máxima com as queixas apresentadas.

“o Governo também tem essas preocupações, Macau tem limita-ções, poucos recursos o espaço não é muito, precisamos de tempo”, argumentou.

A proposta que a RAEM irá apresentar ao Governo Central é então, a optimização da entrada de turistas chineses.

“Primeiro vamos apresentar o problema, dizer ao Governo central que precisamos de ajuda. Nós pre-cisamos da ajuda”, sublinha. Sem apresentar qualquer data para esse encontro, Alexis Tam apenas garante que “será muito em breve”.

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Inflação acIma de 5%A taxa de inflação nos 12 meses terminados em Janeiro deste ano e comparativamente aos 12 meses imediatamente anteriores foi de 5,91%, referem dados oficiais ontem divulgados. De acordo com os Serviços de Estatística e Censos, os preços em Macau subiram devido, fundamentalmente, aos acréscimos de 11,96% nas secções “habitação e combustíveis”, de 6% nos “produtos alimentares e bebidas não alcoólicas”. Já em sentido inverso, os preços das comunicações

desceram 0,15%. Face a Dezembro de 2014, os preços no consumidor caíram 0,03%. Na comparação com o mês de Janeiro do ano passado, os preços ampliaram-se 4,75% com subidas de 11,64% na “habitação e combustíveis”, de 5,41% nos “produtos alimentares e bebidas não alcoólicas” e de 5,26% na “saúde”.Já os preços nas secções “transportes” e “recreação e cultura” caíram, respectivamente, 1,77% e 1,17%. Em 2014, a taxa de inflação em Macau foi de 6,06%.

sociedade hoje macau sexta-feira 27.2.2015

IACM lança consulta pública sobre abate de avesO Conselho de Administração do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) referiu ontem que já começou com as consultas públicas em relação à medida de abate centralizado das aves de capoeira antes destas chegarem a Macau. A maioria das pessoas contactadas até agora considera que a medida diminui os riscos de saúde. Segundo o Jornal do Cidadão, Ng Sao Hong, membro do respectivo Conselho, a primeira fase de consultas visa médicos e investigadores, sendo que, no futuro, vão começar consultas públicas com profissionais do sector.

Bebé morre no São Januário. SS instauram inquérito

GOverNO feCHA JANeIrO COM MeNOS 27,5% de luCrOS

O Jogo a dar que falarApesar da forte queda mensal,a Administração mantém um robusto saldo positivo embora registe uma quebra de 34,1% no excedente financeiro

uma queda de 27,5% para 9.129,8 milhões de patacas.

Entre os impostos directos, os aplicados sobre o sector do Jogo e que constituem a principal fonte de financiamento da Administração, valeram no mês em análise, 8.485,8 milhões de patacas, menos 29,7% do que o apurado em Janeiro do ano passado.

Recorde-se, contudo, que os impostos directos do sector do Jogo representam uma receita do mês anterior, ou seja, no caso, de Dezembro de 2014, já que a taxa de 35% sobre a receita bruta é paga sempre no mês seguinte ao de referência, de Dezembro de um ano a Novembro do ano seguinte.

A S receitas da Administra-ção caíram em Janeiro e em termos homólogos 27,5% para 10,5 milhões

de patacas, muito potenciadas por uma quebra de 29,7% dos impostos directos sobre o sector do Jogo.

De acordo com os dados disponí-veis na página oficial dos Serviços de Finanças, a receita de Janeiro deste ano foi, inclusivamente, inferior ao mesmo mês de 2013, quando os cofres públicos recolheram 12.130 milhões de patacas. No capítulo da receita, o quadro da execução orça-mental de Janeiro revela também que as receitas correntes caíram 27,7% para 10.443,3 milhões de patacas com os impostos directos a sofrerem

Em forte queda estavam tam-bém os impostos indirectos, a valerem apenas 293,3 milhões de patacas, ou menos 48,1% face a Janeiro de 2014.

Numa análise global à receita, a execução de Janeiro estava apenas a 7,4%, quase um ponto percen-tual abaixo do equilíbrio mensal que permitirá arrecadar a receita prevista de 141.413,1 milhões de patacas em 2015.

No capítulo da despesa, a ad-ministração gastou 2.189,2 milhões de patacas, mais 16,8% do que no mesmo mês do ano passado e um aumento de despesa que estará assen-te no aumento salarial de quase 6% aplicado aos funcionários públicos.

Mesmo assim, ainda na despe-sa, a execução orçamental ficou apenas em 2,4%.

Entre receitas e despesas e apesar da forte queda de Janeiro, a Administração tem ainda um saldo positivo de 8.311,1 milhões de pa-tacas, mas registou uma quebra de 34,1% no excedente financeiro que fica executado em 16% do previsto para o corrente ano. - Lusa/HM

Entre os impostos directos, os aplicados sobre o sector do Jogo e que constituem a principal fonte de financiamento da Administração, valeram no mês em análise, 8.485,8 milhõesde patacas, menos 29,7% do que o apuradoem Janeiro do ano passado

Os Serviços de Saúde instauraram um inquérito para apurar as causas que levaram ao falecimento de um bebé no Centro Hospitalar Conde São Januário. A criança morreu depois de ter entrado de urgência no serviço de urgência pediátrica, por estar com vómitos e o médico administrou-lhe um medicamento, dando-lhe alta. de acordo com o jornal Apple daily, que falou com a família do bebé, duas horas depois de tomar o medicamento, o seu estado de saúde não melhorou, pelo que o bebé foi de novo transportado para o hospital. Contudo, o bebé acabou por falecer ao final do

dia 19 de fevereiro. Os SS asseguram que o medicamento é “comummente utilizado” para o tratamento de vómitos e que já instauraram um inquérito em relação ao caso. “Quando forem concluídos os procedimentos do inquérito, os SS darão conta do resultado aos familiares e ao público”, assegura o organismo. Os medicamentos administrados ao bebé, de acordo com a publicação de Hong Kong, foram “domperidona” e “dimetideno”. um médico de Hong Kong disse ao Apple daily que os medicamentos são adequados para bebés, mas apenas a partir de dois anos.

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hoje macau sexta-feira 27.2.2015 9 sociedade

ANNOUNCEMENT

1. Objective: Open invitation to one tender.

2. Procuring entity: Macao Science Center Limited.

3. Address of procuring entity:

Macao Science Center Limited, Avenida Dr.Sun Yat Sen, Centro de Ciência de Macau.

4. Works, goods and services to be procured:

For “Acquisition of an SOS (Science on a Sphere) System and Installation Service for Gallery G01 of Macao Science Center” PA-14-241

5. Location of work and installation:

Macao Science Center.

6. Conditions of entry: Macao Science Center registered suppliers under the relevant categories

7. Method for obtaining tender documentation:

Registered suppliers can send in your request through email to [email protected]. For suppliers not yet registered, please attach with commercial registration documents & contact details.

8. Tender submission location, deadline and deliver:

Location: Macao Science Center Limited, Avenida Dr.Sun Yat Sen, Centro de Ciência de Macau.

Deadline: 45th days starting from the date of announcement or 13 April, 2015 (MON) at 5:00pm (Macao time)

Deliver: Please refer to Article 5 - Part II Tender Scheme – Open consultation document

9. Tender opening meeting location and time:

Location: Macao Science Center Limited, Avenida Dr.Sun Yat Sen, Centro de Ciência de Macau.

Time:The 1st working day after the deadline or 14 April, 2015 (TUE) at 15:30 (Macao time).

Bidder or its representative shall be present at the Tender Opening Meeting for clarification of possible questions arisen from submitted tenders.If bidder or its representative cannot be present in the Tender Opening Meeting, and clarification is required, Tender Opening Committee will send a notification letter to the bidder. The bidder must present a clarification letter and send back to the Tender Opening Committee before the deadline specified in the notification letter. The qualified list of bidders will be released afterwards.

10. Validity period of the tender:

90 days starting from the date of tender opening (the validity period may be extended according to the Tender Procedures).

11. Provisional guarantee:

Exempted.

12. Definitive guarantee:

Exempted.

13. Selection Criteria: Please refer to Part III.Tender Regulations - Evaluation – Open consultation document.

14. Additional information:

All related information will be uploaded to Macao Science Center website (www.msc.org.mo) from the day following the publication of this announcement until the tender closing date. Bidders are responsible to visit the website for additional information.

15. Base price: No base price

Macao Science Center Limited27 February, 2015

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IC Bolsas de Investigação a partir de MarçoA partir de domingo abrem as candidaturas às Bolsas de Investigação Académica do Instituto Cultural. De 1 de Março a 31 de Maio, os interessados podem enviar os documentos e candidatar-se às bolsas que têm como objectivo “estimular o desenvolvimento de estudos académicos originais sobre a cultura de Macau e sobre o intercâmbio cultural entre Macau, a China e outros países”. Os doutorados, locais ou estrangeiros, com comprovada experiência de investigação académica e os investigadores, locais ou estrangeiros, com ampla experiência de investigação e que tenham produção académica de nível reconhecido, podem apresentar pessoalmente ou por meio de correio o boletim de candidatura, o curriculum vitae, o plano do projecto de investigação e cópias dos documentos comprovativos das habilitações académicas devidamente autenticadas. Os montantes da bolsa vão das 250 mil patacas às 280 mil patacas, sendo fixados pelo IC com base nas credenciais académicas do candidato e no conteúdo do respectivo projecto de investigação.

MAIs De 200 tOnelADAs De MóveIs DestruíDOs

Nem para a Caritas, nem para ninguémA Companhia de

Sistemas de Re-síduos de Ma-cau destruiu 287

toneladas de mobílias reco-lhidas durante os feriados do Ano Novo chinês, uma opção criticada pela Caritas, que defende que o mobiliá-rio deve ser distribuído por famílias desfavorecidas.

As mobílias foram re-colhidas entre 12 e 18 de Fevereiro, através de 108 postos de recolha de lixo de grande dimensão colo-cados pelo Instituto para os Assuntos Cívicos e Muni-cipais (IACM) em todos os bairros da cidade. Na época do Ano Novo chinês é habi-tual as famílias realizarem limpezas profundas à casa e desfazerem-se de objectos que já não precisam ou que consideram velhos.

“Como o IACM não recebeu, nos anos anterio-res, qualquer pedido para recolha de mobílias antigas abandonadas por cidadãos, por parte de associações, todas as mobílias recolhi-das foram transportadas directamente para a Central de Incineração de Resíduos Sólidos de Macau”, expli-cou o IACM, em esclare-cimentos à agência Lusa.

DesperDíciosA opção de destruir as mobílias é contestada pela Caritas, que garante já ter proposto ao Governo que estes objectos fossem dis-tribuídos entre as famílias desfavorecidas.

“Propus várias vezes ao Governo que fosse instituído um local para recolher estas mobílias e, depois, distribuí--las, com o apoio das organi-zações não-governamentais. Nós organizaríamos [o pro-cesso], de modo a que as pessoas pudessem ficar com as mobílias de graça ou por um preço simbólico”, reagiu Paul Pun, secretário-geral da Caritas. “Nunca recebi resposta, acho que não é uma prioridade”, lamentou.

Paul Pun explicou que a associação não tem espaço para receber as mobílias directamente e, por isso, é essencial que tenha acesso

a um armazém, onde os ob-jectos possam ficar durante algum tempo. “Se ninguém levar as mobílias no espaço de um mês, então podem ser queimadas”, disse.

Segundo a Caritas, as mesas de pequena dimen-são e as cadeiras dobráveis são as mais procuradas, já que “as famílias com baixos rendimentos não têm salas grandes”.

“Seria de facto muito bom se o Governo criasse um espaço para pôr a mo-bília porque assim conse-guíamos dá-la às pessoas” necessitadas, concluiu. - Lusa/HM

“Como o IACM (..) não recebeu qualquer pedido para recolha de mobílias antigas abandonadas por cidadãos, por parte de associações, todas as mobílias recolhidas foram transportadas directamente para a Central de Incineração de Resíduos Sólidos de Macau”

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10 publicidade hoje macau sexta-feira 27.2.2015

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11Chinahoje macau sexta-feira 27.2.2015

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 96/AI/2015

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifiquem-se os infractores, WANG HUO SHENG, portador do passaporte da R.P.C. n.° E00501xxx e TANG, Xiaomei, portadora do Bilhete de Identidade de Residente Permanente da RAEHK n.° R3054xx(x), que na sequência do Auto de Notícia n.° 43/DI-AI/2013, levantado pela DST a 26.04.2013, e por despacho da signatária de 17.02.2015, exarado no Relatório n.° 76/DI/2015, de 04.02.2015, em conformidade com o disposto no n.° 1 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010, lhes foi desencadeado procedimento sancionatório por suspeita de controlam a fracção autónoma situada na Rua de Malaca n.° 140, Edf. Centro Internacional de Macau, Bloco 10, 11.° andar D, Macau onde se prestava alojamento ilegal. ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

-----No mesmo despacho foi determinado, que deve, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, apresentar, querendo, a sua defesa por escrito sobre a matéria constante daquele auto de notícia, oferecendo nessa altura todos os meios de prova admitidos em direito não sendo admitida apresentação de defesa ou de provas fora do prazo conforme o disposto no n.° 2 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010.----------------------A matéria constante daquele auto de notícia constitui infracção ao artigo 2.° da Lei n.° 3/2010, punível nos termos do n.° 1 do artigo 10.° do mesmo diploma. ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

-----O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau. ----------

-----Direcção dos Serviços de Turismo, aos 17 de Fevereiro de 2015.

A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

Jardim de Infância D. José da Costa Nunes

Dia Aberto28 Fevereiro, Sábado | 10:00 – 13:00

Inscrições 2015/16 - 2 a 6 de Março

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Lenovo alvo de hackersA página de Internet da empresa tecnológica chinesa Lenovo foi ontem alvo de um presumível ataque de piratas informáticos, bloqueando temporariamente o acesso aos conteúdos da mesma. Em vez do aspecto habitual, a página inicial do ‘site’ da empresa apresentou, durante algumas horas, fotografias de adolescentes, acompanhadas de canções. Um grupo de hackers designado “Lizard Squad” reivindicou o ataque numa das suas contas no Twitter. A empresa, que não reconheceu oficialmente ter sido vítima de um ataque informático, publicou no seu portal um pedido de desculpas em nove idiomas.

Uma colecção rara de 60 pratos de porcelana da China saiu pela primeira

vez do Palácio de Santos, em Lisboa, para ser exibida, desde ontem, no museu Nacio-nal de arte antiga (mNaa), em Lisboa.

De acordo com o museu, esta colec-ção, “única no mundo”, vem da Sala das Porcelanas do Palácio de Santos, que é actualmente sede da Embaixada de França em Portugal, para revelar o gosto decorativo oriental seiscentista daquela residência nobre.

Resultado de uma parceria inédita com a Embaixada de França, o mNaa irá apresentar a exposição com cerca de 60 pratos da Sala das Porcelanas, onde estão a decorrer actualmente trabalhos de conservação e restauro.

Os pratos foram encastrados no tecto de talha dourada, entre 1667 e 1687, e saem pela primeira vez do palácio para serem apresentados ao público, destaca o mNaa.

Residência real desde o final do sé-culo XV, adquirida em 1629 pela família Lencastre, o Palácio de Santos teve obras estruturais entre 1667 e 1687, e foi nessa altura criada a Sala das Porcelanas, com tecto piramidal de talha dourada.

No tecto foram incrustados mais de 250 pratos de porcelana chinesa, na quase totalidade com decoração azul e branca, um acervo que foi preservado pelos sucessivos proprietários.

O conjunto ilustra a história da própria produção cerâmica na China, entre os inícios do século XVI e o final do século XVIII, e o comércio com a Europa.

Colecção rara de porcelanas no museu de arte antiga

As cifras libertadas no ano passado são as maiores da última década com excepção de 2010, quando foram realizados contratos no valor de 37 mil milhões

BAncoS chInESES InvESTEm 22 mIL mILhõES dE dóLArES nA AmérIcA LATInA

Samba, Tango e outras músicasO investimento chinês na região surge como uma necessidade de diversificar a aplicação das suas reservas internacionais para além dos títulos do tesouro norte-americano

O S bancos estatais da China emprestaram 22,1 mil milhões de dólares a países e

empresas da américa Latina em 2014, valor que supera a soma dos financiamentos destinados à região pelo Banco mundial e o Banco Interamericano de Desen-volvimento. O Brasil arrecadou 8,6 mil milhões, dos quais 7,5 mil milhões forma em contratos com a empresa de mineração Vale.

Recolhidos por Kevin Galla-gher, professor da Universidade de Boston, os dados mostram o crescente envolvimento finan-ceiro da China na américa La-tina, movido pela acumulação de reservas, a necessidade de internacionalização e o apetite por matérias-primas da segunda maior economia do mundo.

Nos últimos dez anos , ins-tituições financeiras chinesas aplicaram 119 mil milhões de dólares em financiamentos para a região, cifra que é o dobro do PIB do Uruguai.

autor do livro The New Banks in Town: Chinese Finan-ce in Latin america, Gallagher acompanha há anos a evolução dos empréstimos do país asiáti-co para a região. Os dados estão reunidos numa base de dados virtual construída com o apoio do Inter-american Dialogue e da Global Governance Initiative da Universidade de Boston.

Da DiversificaçãoSegundo Gallagher, os fi-nanciamentos são um dos

caminhos para os chineses diversificarem a aplicação das suas reservas internacio-nais para além da compra de títulos do Tesouro americano. O país asiático está sentado numa montanha de 4 biliões de dólares, o equivalente a quase o dobro do PIB brasi-leiro. as cifras libertadas no ano passado são as maiores da

última década com excepção de 2010, quando foram reali-zados contratos no valor de 37 mil milhões.

Segundo o banco de dados, a maior parte do financiamen-to chinês é destinada a países que têm dificuldade em obter financiamento no mercado de capitais, de organismos multila-terais ou de bancos americanos

e europeus, categoria na qual estão Venezuela, argentina e Equador.

O país governador por Ni-colás maduro lidera o ranking, com empréstimos de 56,3 mil milhões desde 2007. a maior parte dos recursos - 28,4 mil milhões - foram destinados a projectos de infra-estruturas. O restante foi para projectos de energia, mineração e facilitação do comércio.

apesar de ter acesso a mercados e a financiamento, o Brasil foi o segundo be-neficiário dos empréstimos chineses dos últimos dez anos, concedidos por instituições estatais como o China De-velopment Bank, o Bank of China, e o Exim Bank.

Desde 2005, o país recebeu 22 mil milhões. Desse valor, 10 mil milhões foram aprovados em 2009 para financiar a explo-ração de reservas do pré-sal. No ano passado, foram aplicados 8,5 mil milhões em dois em-préstimos de 7,5 mil milhões à Vale e um de 1,1 mil milhões ao grupo Schahin.

a argentina aparece em ter-ceiro lugar, com 19 mil milhões. O maior projecto, de 4,7 mil milhões, foi aprovado no ano passado e envolve a construção de uma central hidroeléctrica. as estatísticas não incluem os 20 acordos assinados recentemente entre a China e a argentina, pelos quais Pequim financiará projectos no valor de 7,5 mil milhões.

Page 12: Hoje Macau 27 FEV 2015 #3280

hoje macau sexta-feira 27.2.2015

A Sands China Apoia os Sectores de Actividade LocaisDesde o Cultural e Recreativo ao Empresarial

Seja atravéS da criação de um eSpaço para oS artiStaS ou em reuniõeS com pme’S,a empreSa continua a promover a criatividade e a experiência locaiS

• Para a Sands China, o apoio activo à comunidade local é, desde há muito, um factor essencial para o sucesso da nossa empresa. Este apoio tem-se manifestado de diversas formas, designadamente, através dos empenhos

significativos do Programa Sands China Ambassador Care em acções de voluntariado, bem como através de donativos para organizações de caridade. A Sands China esforça-se por promover as actividades de âmbito local – seja pela

criação de oportunidades para o desenvolvimento das vertentes cultural e criativa de Macau, seja pela exploração de novas maneiras de colaborar ainda mais perto com as Pequenas e Médias Empresas do território.

apoiando os comerciantes locais

apoiando a cultura e a criatividade locais

• Artistas locais dão os toques finais em duas das 38 esculturas de cabras do projecto artístico Anno Caprum “Creative Creatures – Art and the Chinese Zodiac”, patrocinado pelo Venetian Macau

• A cerimónia de abertura da “Season of Prosperity”, realizada a 5 de Fevereiro, contou com a presença dos artistas responsáveis pelas esculturas “Creative Creatures – Art and the Chinese Zodiac”

• Sessão informativa entre a Sands China e as PME’s locais com o objectivo de promover relações ainda mais sólidas entre os produtores e a companhia em Macau

Estando já a decorrer o Ano da Cabra, é provável que já se tenha deparado com umas

magníficas estátuas de cabras no Venetian Macau, bem como em outros pontos da cidade. Estas 38 incríveis esculturas, cada uma decorada por diferentes artistas locais, surgiram no âmbito do Anno Caprum’s “Creative Creatures – Art and the Chinese Zodiac”, um projecto de arte local apoiado pelo Departamento de Turismo da RAEM e pelo Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais de Macau, e patrocinado pelo Venetian Macau, que também patrocina a exposição Anno Caprum. Com 1,3 metros de altura e um design único, cada uma destas esculturas retrata o pensamento específico do seu artista expressado para festejar o Ano da Cabra. O projecto representa uma oportunidade única tanto para residentes locais como para turistas deapreciar a criatividade de talentosos artistas locais da comunidade de Macau, e traduz o esforço

que a Sands China tem vindo a desenvolver no sentido de contribuir para o desenvolvimento das vertentes cultural e criativa do território, bem como promover interações entre artistas locais.. O projecto Anno Caprum está integrado no evento “Seasons of Prosperity”, - uma série de actividades planeadas para celebrar a chegada do Ano da Cabra na espaçosa área exterior do Venetian Macau entre 6 de Fevereiro e 1 de Março de 2015. Até 1 de Março, 18 destas esculturas poderão ser apreciadas na área exterior do Venetian Macau e 3 delas no Sands Macau. Posteriormente, as esculturas irão t ficar em exposição no Centro Náutico da Praia Grande e na Praça do Tap Seac até ao dia 20 de Março. As restantes 17 já se encontram espalhadas por Macau e vão estar patentes até ao dia 20 de Março nos seguintes locais: Largo da Sé, Praça da Amizade, Largo da Companhia de Jesus, Laarego Camões (em frente do Templo Pak Tai), Largo Eduardo Marques e Praça do Tap Seac.

No mês passado, a Sands China e a Câmara de Comércio de

Macau realizaram uma sessão de esclarecimento, com o objectivo de dar continuidade ao diálogo com Pequenas e Médias Empresas locais. A reunião contou com a participação de quase 100 PME’s e permitiu a ambas as partes se pronunciarem acerca das respectivas necessidades, para além de ter servido para encorajar o estabelecimento mais aprofundado de relações

comerciais mutuamente benéficas. Aos representantes das PME’s e da empresa foram dadas oportunidades para debater os procedimentos para a realização de aquisições e para falar abertamente sobre como tornar mais colaborações uma realidade. Seja no mundo artístico ou empresarial, a Sands China está empenhada em fazer com que Macau se conheça e se dê a conhecer, mostrando ao mundo que Macau é bem mais do que se poderia esperar.

12 publi-reportagem

Page 13: Hoje Macau 27 FEV 2015 #3280

hoje macau sexta-feira 27.2.2015

Gare do oriente • Vasco Luís CuradoCinco pessoas, vindas de diferentes pontos da cidade, convergem para o mesmo comboio que parte da Gare do Oriente a caminho do subúrbio. Todas estão sozinhas com os seus pensamentos, que dificilmente podem ser partilhados ou compreendidos; umas vivem presas à memória do passado, outras criaram dilemas que lhes limitam o presente. Mas eis que algo faz despertar neles uma consciência comum: o ataque terrorista ocorrido nessa manhã numa estação estrangeira e cujas imagens passam continuamente na televisão. Poderá esta ameaça à escala global mudar alguma coisa no seu íntimo?

À Venda na LiVraria Portuguesa rua de S. dominGoS 16-18 • tel: +853 28566442 | 28515915 • Fax: +853 28378014 • [email protected]

mitoS e lendaS da terra do draGão • Wang suoying, ana Cristina alvesNa sequência de Contos da «Terra do Dragão», as autoras oferecem agora ao público esta obra, que traz para Portugal algumas das lendas e dos mitos mais conhecidos entre os Chineses: estes incluem a mitologia chinesa das «narrativas sobre seres divinos e espíritos», mais abrangente, mas também os mitos de criação do Universo e dos seus seres, façanhas de fundadores, inventores e heróis, feitos de guerra e combates a desastres naturais como o dilúvio, etc.

13eventos

A Orquestra de Macau apre-senta hoje, pelas 20h00, na Igreja de S. Domingos, o concerto “Capricho em

Ré”, integrado na série de concertos “Maestros com Carisma”. O concerto vai ser dirigido pelo Director Musical e Maestro Principal da Orquestra Sinfónica de Taiwan, Lü Shao-chia, que colabora com a Orquestra de Macau na execução de sinfonias de dois distintos compositores alemães.

O Maestro Lü Shao-chia é o único vencedor chinês de três concursos in-ternacionais de direcção de orquestra e ganhou o primeiro prémio no Concurso Internacional para Jovens Maestros de Besançon, em França, no Concurso Internacional para Dirigentes de Or-questra Antonio Pedrotti em Itália e no Concurso Internacional de Chefes de Orquestra Kirill Kondrashin, na Holanda. Com anos de experiência no circuito musical internacional, Lü Shao-Chia foi honrado com a distin-ção “Melhor Maestro do Ano” pela revista alemã Opera World e o jornal Süddeutsche Zeitung louvou-o como um “delicado mestre do ritmo”.

rePresentação germâniCaNeste concerto, Shao-chia Lü irá liderar a Orquestra de Macau na execução de duas sinfonias de dois compositores alemães, Beethoven e Mendelssohn, compostas em dife-rentes épocas e de estilos musicais di-versos. A Sinfonia N.º 2 em Ré Maior de Ludwig van Beethoven, criada quando o compositor começou a ter problemas de audição, e a Sinfonia N.º 5 Ré Maior do representante da era romântica Felix Mendelssohn, que foi composta para comemorar o tricentenário da “Confissão de Augsburgo” do líder da Reforma Protestante alemã Martinho Lutero.

A entrada é livre, mas os bilhetes para o concerto serão distribuídos no local do espectáculo uma hora antes da actuação. A oferta é limitada a dois ingressos por pessoa.

CCM Ópera alternativa “teatro de Guerra” eM Junho

‘Manga’ japonesa sobe ao palcoMGM Fusãode comida francesae espanholaaté 8 de Março O restaurante Aux Beaux Arts, no MGM, apresenta até dia 8 de Março novos pratos de fusão gastronómica: comida espanhola e francesa vão aparecer juntas no seu menu. O Chef Poli, dos EUA, junta-se ao Chef da casa, Elie Khalife, para apresentar tapas com “sabores espanhóis e essência francesa”. Até dia 8 de Março, os clientes podem apreciar ostras, sorvetes e tacos, ao lado de pão e presunto ibérico, entre outros. Os preços variam consoante o menu, começando nas 588 patacas, mas há ainda produtos à lá carte.

São doMinGoS Lü ShAO-ChiA EM COnCErtO COM A OrqUEStrA dE MACAU

pela mão de um dos melhores

O Maestro LüShao-chia é o único vencedor chinês de três concursos internacionaisde direcçãode orquestra

O Centro Cultural de Macau (CCM) traz, em Junho, uma ópera contemporânea alter-

nativa concebida pelo teatro experi-mental dinamarquês Hotel Pro Forma e interpretada pelo Coro da Rádio da Letónia, um grupo galardoado com um Grammy. Com “Teatro de Guerra”, o CCM apresenta uma obra visual “largamente inspirada por imagens de manga japonesa”, que são projectadas no palco e complementadas por uma composição co-escrita pela banda de

pop sinfónica The Irrepressibles e pelo compositor letão Santa Ratniece.

A peça é descrita como uma reflexão artística pioneira sobre a natureza da guerra tendo sido convidada para actuar em palcos internacionais como o Festival Next Wave da Academia de Brooklyn, um evento internacionalmente reconhecido pelas suas produções arrojadas. Criado pelo Hotel Pro Forma, grupo formado em 1985 e celebrizado pelas suas obras

inter-disciplinares de vanguarda, “Teatro de Guerra” foi consagrado pela crítica na Dinamarca onde a di-rectora artística, Kristen Delholm, recebeu a mais alta distinção no plano das artes visuais.

“Jogando com contrastes e som-bras através de uma mescla de es-pectaculares efeitos de luz, cenários arrojados e técnicas inovadoras, o elenco de 12 cantores sobe ao palco envergando figurinos concebidos pelo designer de moda Henrik Bi-bskov. O espectáculo conta-nos uma história com três protagonistas: um Soldado que sofre de Sindroma Pós Traumático, o espectro de um Guer-reiro morto em combate e uma Espia que se transforma em super-mulher para poder sobreviver”, explica a organização em comunicado.

A peça é uma ópera do século XXI e sobe ao palco a 27 de Junho no Grande Auditório do CCM, às 20h00. Os bilhetes estão à venda a partir de 1 de Março e os preços va-riam entre as 100 e as 300 patacas.

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14 hoje macau sexta-feira 27.2.2015

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H oje, 27 de Fevereiro de 2015, é o nono dia do pri-meiro mês no calendário lunar chinês e celebra-se o

nascimento do Céu, fazendo-se em sua honra a queima de incenso. Durante o período monárquico, esta cerimónia estava reservada ao Imperador, que na capital saía do Palácio Imperial e deslo-cando-se ao Templo do Céu (Tiantan), como ‘Filho do Céu’ fazia no Altar do Céu a adoração oficial do Céu.

De referir ter-se comemorado há dois dias o aniversário de toda a gen-te e nesse sétimo dia da primeira Lua trocaram-se prendas e os festejos foram realizados em convívio com os amigos e família.

Para a China, o que se passa no interior de nós é o mesmo que ocor-re na Terra e tem espelho no Céu. os imperadores eram quem fazia a ligação entre o Céu com a Terra, começando por ser escolhidos entre os homens que tinham o saber e aplicavam a sua sabe-doria na resolução dos problemas.

Uma antiga escola, de há três mil anos, tinha na concepção do Universo o Céu como uma taça invertida, que ro-dava em torno do eixo da estrela Polar, sendo a Terra quadrada e limitada por quatro mares em cada um dos lados. o Céu estava sustentado por quatro pila-res, que eram montanhas.

Nesses tempos ancestrais existia já o culto ao Céu (Tian), mas sem re-presentação material, encontrando-se referenciado na literatura como Impe-rador do Céu (Huang Tian), ou sim-plesmente Céu (Tian). A cerimónia de oferecer sacrifícios ao Céu era conhe-cida por ji Tian.

os reis da dinastia Zhou trouxeram o Mandato do Céu, como prova de re-presentarem na Terra os interesses do Céu.

Aos poucos deuses existentes no iní-cio da dinastia feudal Qin, rigidamente estratificada no social, começaram aos poucos a aparecer novas divindades e todas se encontravam subordinados ao Céu, a quem se reportavam, tendo aí que prestar contas e fazer relatórios do que se passava sobre as suas jurisdições.

os imperadores da dinastia Han do Leste ofereciam sacrifícios apenas ao Imperador do Céu, mas foi durante a dinastia Tang, quando muitos dos im-peradores eram seguidores do Taois-

CELEBRAÇÃOdO NASCIMENTO dO CÉU

mo, que a grande sistematização do divino ficou estruturada. No Céu apa-receu o Imperador de jade (Yu Huang) e na Terra, o imperador tornou-se o re-presentante do Céu aos olhos do povo.

Com o conceito de Imperador de jade elaborado, entrou então Yu Huang para o panteão oficial daoísta no reinado do Imperador Shen Zong (1211-1223) da dinastia Song do Nor-te, conjuntamente com a sua rainha,

que ficou com o título de “Grande e Santa Rainha do Céu Profundo”.

o Imperador de jade ficou então como a mais alta divindade que gover-na o Universo, abaixo apenas do Três Puros Uno e com um poder igual ao imperador, que governa no mundo hu-mano. Também conhecido por Yu Di ou Yu Huang, tem um chefe ajudante e um primeiro-ministro (Tien Huang Shang ti), que executa as suas ordens.

Governa auxiliado por quatro deuses, sendo o nono dia do ano o Aniversário do Imperador de jade.

Mas o conceito de Céu (Tian) chi-nês, criou uma grave e difícil questão entre os cristãos e mesmo entre dife-rentes ordens católicas.

“A IdeIA de Céu, entre os ChIneses”

este é o título de um artigo escrito em 1966 por Benjamim Videira Pires, S.j., que passamos a transcrever:

“T’IeN (天, Tian em mandarim) designa, antes de mais nada, o céu ou firmamento material. No próprio ca-rácter ou ideograma, que no-lo repre-senta em chinês, está incluída a ideia escalonada duma Super-grandeza que domina o homem (人大天), mas com a qual ele está em ligação.

Posteriormente, o céu material, povoado de mundos maravilhosos e desconhecidos, foi personificado pe-las gerações pré-históricas do ‘povo da cabeleira negra’, talvez sob a influência da cultura persa (Zoroastro e Mazdeis-mo). Até há pouco tempo, supôs-se que T’IeN (天) representava, por isso, uma ‘primitiva pintura antropomór-fica da Divindade’, possivelmente do <Grande (大) UM (一)> ou do <Ser UNo (一) e GRANDe (大)>, que não se há-de confundir com o <T’AI I> (太一). esta concepção do <T’AI I> (太一) – diga-se de passagem – adquiriu várias formas, no decorrer dos tempos.

e. T. C. Werner, no seu clássico livro China of the Chinese, mostra--nos, à evidência, que T’IeN (天) foi originariamente a pintura estilizada ou jeroglífica da <grande abóbada> (大因) do firmamento (), tendo o semi-círculo sido encurtado com o tempo e reduzido a uma linha recta horizontal, sobreposta ao carácter (grande) (天). É esta a explicação mais científica deste carácter chinês e a geralmente admiti-da hoje por chineses e estrangeiros.

Mais tarde, por meio da confusão da linguagem primitiva (como acon-tece por toda a parte), o céu material foi considerado, na conversação, como figurando os espíritos que se julgava lá residirem. Assim, o Céu em pessoa principiou a ser venerado, na China, como objecto de religião. Durante as festividades do Ano Novo Chinês e num dia de bodas, o Céu e a Terra são

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15 artes, letras e ideiashoje macau sexta-feira 27.2.2015

José simões morais

adorados. O nono dia da primeira lua (no calendário chinês) é o nascimento do Céu e o décimo dia o nascimento da Terra. Nessa data, queima-se incen-so ao Céu, nos pátios abertos das casas.

Reservava-se, todavia, ao Impera-dor, intitulado ‘Filho do Céu’, a adora-ção oficial do Céu. O ‘Templo ou Altar do Céu’ em Pequim preservou, quase até nossos dias, essa tradição.

As duas ideias mais altas, gravadas no espírito dos chineses, soa a deveres de honrar pai e mãe e de adorar o Céu e a Terra, os grandes pai e mãe do Uni-verso.

Nos escritos budistas da China, to-dos os trinta e três Devas (da raiz Div, brilhar) do Bramanismo receberam a nomenclatura de T’IEN (天). Para os budistas chineses o <Deva dos Devas> ou <Devatideva> (天中天) é o Buda.”

Ritos Chineses

Sobre o assunto ‘Terminologia do Nome de Deus’ o padre Benjamim V. Pires, S.J. resumiu o que diz o P. Dun-ne, em Generation of Giants.

Para o vocábulo ‘Deus’, Ricci es-colheu as expressões Seong-tai (上帝, Shang Di) (Governador no Alto) e T’ien-chü (天主, Tian Zhu) (Senhor do Céu); para ‘Anjo’ T’ien-san (天神, Tian Shen) (Espírito do Céu) e para ‘alma’ Leng-wan (灵魂, Ling Hun) (Espírito que vivifica ou dá vida). Discutidos es-tes termos numa consulta dos jesuítas em Macau em 1600, Valignano apro-vou-os. No entanto, surgiram dúvidas.

Era o Seong-tai dos chineses um Deus pessoal, uma simples força, ou um antepassado antropomorfizado? Era T’ien o firmamento material ou Deus, Senhor do Céu e da Terra?

Os chineses nunca se importaram com tais subtilezas, pois foram sempre práticos e não especulativos.

Longobardo, que desde a sua chega-da à China, em 1597, se opusera a estes vocábulos, quando em 1611 sucedeu a Ricci no cargo de Superior da Missão, requereu ao Visitador Francisco Pasio, que reexaminasse esta questão.

Como os intelectuais católicos chine-ses se declararam a favor de Ricci, Pasio deixou a questão em aberto. Mas Longo-bardo não se rendeu e Sabatino De Ursis pôs-se a seu lado, em conjunto com Ca-millo di Costanzo, que escreveu um trata-do a atacar estes termos.

Francisco Vieira em 1615 sucedeu a Pasio no cargo de Visitador e opina-va como Costanzo, mas, sabendo que Afonso Vagnoni e Diogo de Pantoja eram de opinião contrária, pediu-lhes que a expusessem por escrito, o que eles fizeram. Em 1617, Longobardo ri-postou com um escrito, que apresentou a Vieira; seguiu-se no mesmo sentido no ano seguinte um tratado de De Ur-sis, que havia sido expulso para Macau por um édito imperial do ano anterior.

Jerónimo Rodrigues, que sucedeu a Vieira no cargo de Visitador, reuniu em Macau os missionários em 1621 para discutir o assunto e como a maioria se inclinou para Ricci, ele deu instruções neste sentido. Mas Longobardo não se conformou e em 1623 escreveu um tra-tado a defender o seu ponto de vista e no ano seguinte uma análise crítica sobre T’ien-chü (天主) Senhor do Céu.

Em fins de Dezembro de 1627, reu-niram-se em Kiating nove jesuítas para discutir a questão: as reuniões prolon-garam-se por muitas horas e muitos dias com acaloradas discussões, mas Longobardo não cedeu.

O nOnO dia é O aniversáriO dO imperadOr de Jade, a mais alta divindade que gOverna O universO, abaixO apenas das três purezas e cOm um pOder igual aO imperadOr que gOverna nO mundO humanO

Em fins de Janeiro de 1628, chegou--lhes a notícia da morte do imperador T’ien-ch’i (Tian Qi (1620-27, Zhu You-jiao), ocorrida em Setembro do ano ante-rior e só então terminou a consulta, com receio do perigo que havia de se acharem ali reunidos tantos estrangeiros.

Em 1633, Longobardo voltou à car-ga atacando o vocábulo Seong-tai, ao qual respondeu Gaspar Ferreira. Lon-gobardo ripostou rejeitando os termos T’in-chü e Seong-tai e advogando a fonetização do vocábulo latino Deus. Responderam-lhe Júlio Aleni e Álvaro Semedo.

senhoR do Céu ou GoveRnadoR no alto

Foi esta uma das grandes contendas no Catolicismo, entre os jesuítas e as ou-tras ordens, sobretudo a dominicana. Segundo Gernet, no livro Mundo Chinês, “o problema era o de saber se se deve-ria considerar a noção de Shang Di (o ‘Senhor do Alto’ dos Clássicos) como resíduo de uma Revelação que se teria verificado na Alta Antiguidade chine-sa, e cuja lembrança se tinha progres-sivamente apagado, ou se as tradições dos chineses deveriam ser consideradas como profundamente ateístas e os seus cultos e cerimónias como heréticos. Seria necessário que o Céu dos chine-ses (Tian) fosse ou Deus ou pura ma-téria, quando não era nem uma coisa nem outra, mas sim ordem imanente e universal.”

Afinal, o termo que tem perma-necido até hoje entre os católicos é T’ien-chü (天主, Tian Zhu) Senhor do Céu e entre os protestantes Seong-

era O seOng-tai dOs chineses um deus pessOal, uma simples fOrça, Ou um antepassadO antrOpOmOrfizadO? era t’ien O firmamentO material Ou deus, senhOr dO céu e da terra?Os chineses nunca se impOrtaram cOm tais subtilezas, pOis fOram sempre práticOs e nãO especulativOs

-tai (上帝, Shang Di) Governador no Alto. Por isso, os chineses consideram o catolicismo e o protestantismo, que entrou na China em 1807, como duas separadas religiões, muito devido à di-ferente tradução dos conceitos bíblicos e da palavra ‘Deus’.

O nono dia é o Aniversário do Im-perador de Jade, a mais alta divindade que governa o Universo, abaixo apenas das três Purezas e com um poder igual ao imperador que governa no mun-do humano. Referida na revista ‘Re-nascimento’ por Yu Huang Shang Di Sheng Dan (玉皇上帝圣诞, Iôk-Uóng Séong-Tâi Sêng-Tán em cantonense) ou “Festividade do Sacrosanto Impera-dor Jade, filho do soberano do fanta-siado império de Guang Yan Miao Le Guo (光严妙乐国 Kuóng-Im Miu-Lók Kuók), isto é, o País da Resplandecente Luz e do Indizível Prazer.”

Após a celebração do nascimento do Céu, ao décimo dia do ano comemora--se o nascimento da Terra, Wu Fang Tu Shen Dan (五方土神圣conhecida em cantonense por Ung-Fóng T’ôu-

-Sân Tán). Segundo a revista ‘Renascimento’, denominada “Festividade dos Cinco Deu-ses Terrestres, um dos quais presidia ao bem-estar dos pontos cardiais. São identifi-cados com os cinco dragões que suportavam a terra, os quais, quando moviam, can-sados com o seu peso, pro-vocavam os abalos sísmicos. Cada um dos dragões tinha a sua festa particular no dia 10 dos cinco primeiros meses.”

Cabe ainda aqui lembrar que, a mensagem de Bom e Próspero Ano Novo só deve ser enviada após o novo ano começar e como este já ocor-reu, fazemos para todos votos de um bom Ano Novo - Kung Hei Fat Choi (Próspero Ano Novo) e Sun Tan Kin Hong (Boa Saúde) ou, como se diz em mandarim, Gong Xi Fa Cai e Shen ti Jian Kang.

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16 desporto hoje macau sexta-feira 27.2.2015

Futebol Liga de eLite suspensa durante o mês de março

Jogos parados, clubes irritadosEra suposto haver jogos da principal divisão do território durante o mês de Março, mas a Associação de Futebol de Macau publicou os novos calendários sem nada dizer oficialmente. Resultado: clubes mostram-se indignados

Gonçalo lobo [email protected]

e stE fim-de-semana ainda há jogos de futebol da Liga de Elite, mas depois disso só mesmo em Abril. Na

prática, os campeonatos vão parar porque as selecções de Macau vão competir. A equipa principal contra o Camboja – dia 12 de Março lá e dia 17 cá, no Estádio da taipa - para a primeira ronda da qualificação asiática para o Campeonato do Mundo de 2018 na Rússia e os sub-23 que estarão a disputar a qualificação – de 23 a 31 de Março com o Japão, Malásia e República Popular da China - para o Cam-peonato Asiático do próximo ano.

A decisão da Associação de Futebol de Macau (AFM), colo-cada recentemente no site oficial da entidade, não foi comunicada oficialmente aos clubes, que se mostram desgastados. “Acho que AFM deveria sempre comunicar aos clubes, antes de tomar deci-sões destas”, começou por dizer Pelé ao HM.

Para o treinador da Casa de Portugal “o calendário já estava marcado há muito”. “Eles [AFM] já sabiam também quando eram os jogos das selecções. Mais uma vez se vê que a falha é deles”, acusa.

Práticas autistasDo lado do sporting de Macau, a situação é considerada “cari-cata e inadmissível”. António

Conceição Júnior, presidente da agremiação, fala em “campeonato careca” uma vez que durante um mês todo um trabalho feito “pode ir por água abaixo”. “A AFM não informou o sporting. É mais uma prática autista que já estamos habituados. Ninguém fala com ninguém.”

Campeonato suspenso é algo que os responsáveis dos leões não vêem com bons olhos, uma vez que os jogadores perdem rotinas e formas físicas. “O treinador [João Maria Pegado] até já me disse que teremos de arranjar alguns jogos para não perder ritmo competitivo. Mas jogos

“assume a responsabilidade” pela não informação. “tivemos o Ano Novo Chinês e isso veio mexer um pouco com os nossos trabalhos. As-sumimos que poderíamos ter feito melhor nesta situação”, referiu ao nosso jornal o vice-presidente do organismo, Daniel sousa.

“Devido à coincidência das competições internacionais, algo que não é normal, tivemos de decidir desta forma”, acrescen-tou, lembrando que, ao mesmo tempo, o campo da MUst tem de ficar parado uns tempos por estar “muito massacrado” e o Estádio da taipa, que deveria

com quem?”, deixa a pergunta, em tom de desabafo.

reunião de emergênciatambém ouvido pelo HM, o director da Casa do Sport Lisboa e Benfica em Macau, Duarte Alves, reitera que as águias não foram igualmente infor-madas pela AFM e que “segundo a lógica” esta paragem não é benéfica. “Formalmente não sabemos de nada. O que sabemos é o que está publicado na página oficial da associação e nada mais. Como é que se faz isto a uma semana do início de um mês que já está totalmente marcado por nós em termos de agenda e campos para treinar?”

Para as águias, esta é mais uma “falta de comunicação” entre quem gere o futebol de Macau e os clubes, principais intervenientes. “Os clubes têm o direito de saber das alterações de forma oficial e isso não aconteceu. O ideal seria mesmo a AFM convo-car uma reunião de emergência para se explicar”, concluiu Duarte Alves.

assunção de culPasPara a AFM tudo não passa de um mal entendido em que a associação

ter sido entregue à disposição do futebol no passado dia 11 de Fevereiro, só o será “durante o mês de Março”.

Daniel sousa diz que não é fácil calendarizar o campeonato de futebol na RAEM. Lembra que “a AFM está sempre dependente da disponibilidade de campos e outras situações” para fazer o calendário das jornadas e pede aos clubes “para terem paciência e se juntarem com a associação no final da 1.ª volta” no sentido de se discutir “o que correu melhor e pior durante a primeira metade da Liga de Elite”.

“O ideal seria mesmo a AFM convocaruma reunião de emergência para se explicar”Duarte alves Director do benfica de Macau

“Assumimos que poderíamos ter feitomelhor nesta situação”Daniel sousa vice-presidente da associação de Futebol de Macau

“Acho que AFM deveria sempre comunicar aos clubes, antes de tomar decisões destas”Pelé treinador da Casa de Portugal

“A AFM não informou o Sporting. É maisuma prática autista que já estamos habituados. Ninguém fala com ninguém”antónio ConCeição Júnior Presidente do sporting de Macau

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17 desportohoje macau sexta-feira 27.2.2015

“O meu objectivo é fazer o melhor possível. O campeonato TCR Asiavai ser muito competitivo, com diferentes marcas envolvidase um equilíbrio entre os carros”Filipe Clemente Souza

Novo campeoNato de turismos começa Na chiNa e pode acabar em macau

Souza confirmado no tCR asia

Sérgio [email protected]

O novo campeo-nato de carros de turismo da Ásia promete

dar que falar. O TCR Asia Se-ries adiou o arranque da tem-porada de estreia para Agosto devido a possíveis atrasos na entrega dos novos carros aos concorrentes, mas já tem um piloto de Macau confirmado para a temporada de estreia. Logo após a 61.ª edição do Grande Prémio de Macau, Filipe Clemente Souza ex-pressou ao HM interesse em disputar o campeonato e, on-tem, o piloto macaense, que nas últimas duas temporadas alinhou nas provas asiáticas do Campeonato do Mundo FIA de Carros de Turismo (WTCC) e que é um habitué do Campeonato de Macau de Carros de Turismo (MTCS), confirmou a sua presença.

Souza estará ao volante de um Volkswagen Golf GTi da equipa alemã Liqui Moly Team Engstler Motorsport. O piloto da RAEM não é um desconhecido da equipa do empresário-piloto Franz Engstler, tendo corrido pela formação alemã na sua incursão pelo WTCC em 2014.

“O meu objectivo é fazer o melhor possível. O campeonato TCR Asia vai ser muito competitivo, com diferentes marcas envolvi-das e um equilíbrio entre os carros”, explicou Souza ao HM.

O piloto de Macau vai apenas ter oportunidade de conhecer a sua nova máqui-na nas vésperas da primeira prova da temporada, uma situação que será comum a quase todos os pilotos.

“Os carros ainda não estão prontos e vai ser difícil testar antes da primeira corrida. A primeira corrida vai ser no Circuito Internacional de Guangdong, que não é uma pista muito boa, mas é um circuito que conheço de há muitos anos, acredito que me posso sair bem”, afirma. Apesar do grande interesse nas corridas de carros de turismo no território, ainda mais nenhum outro piloto da RAEM mostrou publicamen-te interesse em participar no TCR Asia Series em 2015, mas o HM sabe que há pelo menos mais um piloto a ava-liar a entrada na competição.

ArrAnque em AgostoA organização da competição anulou as corridas marcadas para o início do segundo

trimestre na Coreia do Sul e no Japão, para começar mais tarde, no Circuito Internacio-nal de Guangdong, a 16 de Agosto, onde são esperadas dezena e meia de viaturas.

“O nosso objectivo era começar em Maio na Coreia do Sul, mas tendo em conta os aspectos organizativos e logísticos, decidimos adiar o primeiro evento”, explicou David Sonenscher, CEO da WSC Asia, o promotor do campeonato.

“Temos que ser realistas e aceitar o facto que a maior parte dos carros não será entre-gue a tempo de um começo de temporada tão prematuro. A nossa primeira prova será em conjunto com o Campeonato da China de Carros de Turis-mo, o que nos permite mostrar esta nova categoria a um dos maiores mercados automóvel do mundo. Temos já recebido

variam entre as 700 mil e as 900 mil patacas. Neste primeiro ano, o TCR Asia vai também passar pela Malásia,

o interesse significativo das equipas mais competitivas da Ásia, mas muitas delas estão a aguardar pela entrega dos carros”, disse o inglês que também é co-organizador do campeonato GT Asia Series, competição que ajuda a com-por a grelha de partida da Taça GT Macau.

Neste momento só a SEAT tem o seu carro pronto a correr, mas a proposta de regulamento técnico foi bem aceite por outros construto-res e hoje já há um Honda Civic a testar em Itália, um Ford Focus a nascer em Inglaterra, um Volkswagen Golf Gti a ser preparado na Alemanha e também um Opel Astra a ser adaptado para a categoria em solo germânico. Audi e Skoda também deverão apostar na categoria onde os preços dos carros prontos a correr

Singapura - em conjunto com “grande irmão” TCR International Series - e Tai-lândia. A última corrida tem

a localização por anunciar, mas a data provisória coin-cide precisamente com o Grande Prémio de Macau.

ASSOCIAÇÃO GERAL DE AUTOMÓVEL DE MACAU-CHINA

Inscrição

Curso de Formação para os Comissários Desportivos do

62º. Grande Prémio de Macau

Avisa-se a todos os interessados que as inscrições do curso de formação para os comissários desportivos do 62º. Grande Prémio de Macau para o ano 2015 estarão abertas a partir do dia 2 de Março do corrente ano.

Os interessados deverão preencher uma ficha de inscrição fornecida pelo AAMC, juntando 1 fotocópia do Bilhete de Identidade de Residente Macau, 2 fotografias a cores e 1 atestado médico passado por médico registado na RAEM, apto para prestar funções acima referido e entregar até ao dia 20 de Março de 2015 na sede do Associação Geral de Automóvel de Macau - China (AAMC), sita na Avenida Amizade, Edifício do Grande Prémio, Rés-do-chão da Torre de Controle, de fronte ao Terminal Maritimo de passageiros do Porto Exterior.

Horário de inscrição- De 2ª. Feira a 6ª. Feira: das 09H30 às 13H00 e das 14H30 às 18H30 (excepto feriados oficiais e tolerância de ponto aprovado pelo Chefe Executivo)

Para mais Informações, favor de contactar através do número de telefone: (853) 2872 6578

PROPINA DE INSCRIÇÃO: Mop100.00 por inscrição. (o montante será reembolsado após a frequência de todas as aulas do referido curso)

Nota: Relativamente ao horário do curso de formação para os comissários desportivos, podem encontrar na página electrónica da Associação Geral de Automóvel de Macau – China, www.aamcauto.org.mo

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18 hoje macau sexta-feira 27.2.2015publi-reportagem

Ministrado em regime pós-laboral, foi há quatro anos que o curso de Licenciatura em Adminis-

tração Pública nasceu, fruto da reforma do anterior curso de bacharelato com o objectivo de que o mesmo “proporcionasse uma sólida preparação académica aos futuros, e também actuais, trabalhadores da função pública”, começa por explicar a coordenadora do curso Aurélia Rodrigues de Almeida.

“Com esta formação os alunos saem mais bem preparados para executar as suas tarefas profissionais”, refere a também docente. Neste curso estão neste momento matriculados 30 alunos, dos quais oito são os primeiros finalistas. “Uma grande parte dos alunos que temos são também trabalhadores estudantes, sendo alguns deles trabalhadores da função pública”, esclarece a coordenadora

• Um plano detalhadoAs aulas iniciam-se às 18h30 e vão até as 23horas, sendo o seu plano de estudos composto por um vasto elenco de disci-plinas da área da gestão, da administração pública, do direito e de outros domínios do conhecimento relevantes para quem pretenda exercer a sua actividade profis-sional no sector público. No primeiro ano, dividido em dois semestres, os alunos têm disciplinas introdutórias, tais como, Admi-nistração Pública, Direito, Ciência Política, Português I e II, Inglês I e II, Introdução à Informática, entre outras. No segundo ano os alunos frequentam disciplinas como Teo-ria da Organização, Pensamento Político, Gestão de Recursos Humanos, Inglês III e IV, Estatística, Governo e Administração Pública de Macau, Finanças, Análise de Políticas Públicas, Direito Constitucional e Lei Básica, entre outras. No terceiro ano é dado continuidade ao estudo da língua inglesa com as disciplinas de Inglês V e VI, e, entre outras, Governo e Empresas, Gestão Pública Comparada, Governo e Administração Pública da China, Admi-nistração Electrónica além de um estágio na área de Administração Pública. No último ano, os alunos finalistas finalizam os seus estudos, com Direito Internacional, Relações Públicas, Direito Fiscal, Relações Organização Internacionais e Projecto “, entre outras disciplinas,

De todas as áreas de estudo aquela que mais parece fascinar os alunos é a área do Direito. David Fong, finalista do curso de Administração Pública, conta que “apesar de trabalhar na função pública há uns anos, não tinha muitas noções da área de Direito”, algo que lhe prejudicava, sem saber, o desempenho profissional. O interesse pela actividade na Administração Pública sempre existiu, conta, mas agora sente-se melhor preparado para o seu tra-balho. “Eu, como disse, estou a trabalhar na área administrativa e muitas vezes não sabia como fazer algumas coisas. Agora,

IPM • AdMInIstrAção PúblIcA uMA bAse PArA o futuro

uma oferta irrecusável

depois de quatro anos deste curso, consigo ter uma melhor percepção das coisas e, mais que isso, consigo perceber e informar melhor os cidadãos”, argumenta o aluno finalista. David Fong conta que muitas vezes surgem algumas questões por parte dos utentes a que antes lhe era difícil dar resposta mas que agora lhe é possível “encaminhar as pessoas para fazer o que é mais correcto”. Foram as disciplinas de Direito, diz o aluno, que mais o ajudaram a criar esta nova base e preparação. “Acho que é muito importante os trabalhadores da função pública conhecerem as leis. No meu caso era o que me faltava”, conta.

Também Rita Lin sente que a aposta do IPM nas disciplinas de Direito e Ad-ministração Pública foi a decisão mais acertada. “Eu sou técnica de administração pública, mas pouco sabia, porque nunca tinha tirado nenhum curso. Fui aprendendo algumas coisas, mas havia coisas que eu não sabia fazer”, começa por contar. Esta situação já não acontece agora que está a chegar ao fim da sua licenciatura. “Sinto que o meu trabalho, assim como acontece com o meu colega David, está diferente,

já percebo como é que funcionam muitas coisas dentro da própria Administração Pública, principalmente a nível de leis”, sublinha. Uma das grandes diferenças, diz ainda Rita Lin, antes de entrar para o curso e agora que está a completar a licen-ciatura é a prestação no local de trabalho. “Acho que é importante apostarmos na nossa formação para fazermos um bom trabalho, agora com esta licenciatura posso candidatar-me a outros trabalhos, a outros sectores dentro da própria Administração Pública e com isso evoluir na carreira”.

Edmirson Fortes, cabo-verdiano e aluno do Instituto Politécnico de Beja, em mobilidade no IPM conta que, apesar de só ter algumas disciplinas do curso de Administração Pública, as mesmas são fundamentalmente focadas para a gestão e administração local, ou seja, de Macau. “Acho que isso é muito positivo, pois prepara muito bem os seus futuros traba-lhadores da função pública”, argumenta.

• Seguir caminho E é exactamente no sector da Adminis-tração Pública que os alunos finalistas

pretendem manter-se. “Agora, depois de terminar este último ano, vou concorrer para outro cargo, um cargo mais elevado. Por acaso foi nesta licenciatura que per-cebi que podia fazê-lo e, principalmente, como o fazer”, explica a finalista Rita Lin. Também o aluno David Fong quer manter--se dentro da Administração Pública, mas agora vai tentar um novo departamento. “Quero apostar na evolução da minha carreira agora que vou concluir uma licenciatura em Administração Pública”, explica, indicando que agora consegue “encaixar-se” em outros departamentos, com novas funções e de maior respon-sabilidade. Para David Fong a aposta no curso foi a decisão mais acertada que tomou. “Acho que é muito importante apostarmos na nossa formação, ainda por cima na função pública”, avança o jovem. O mesmo finalista explica ainda que não vai ficar por aqui e que está seriamente a pensar em inscrever-se para o Mestrado na mesma área e quem sabe no doutoramento.

A coordenadora explica que o IPM oferece, para além da licenciatura “a opor-tunidade dos alunos continuarem a fazer a

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19 publi-reportgemhoje macau sexta-feira 27.2.2015

IPM • AdMInIstrAção PúblIcA uMA bAse PArA o futuro

Uma oferta irrecUsável

sua formação académica inscrevendo-se no mestrado e seguidamente no doutora-mento”. Como o saber não ocupa lugar o IPM em parceria com o Instituto Politéc-nico de Leiria (IPL) e a Universidade de Lisboa oferece assim a todos os interessa-dos a possibilidade de prosseguirem para estudos pós-graduados. “Existem alguns requisitos necessários para prosseguir estudos – como em todos os mestrados e doutoramentos – mas facilmente um aluno que complete a licenciatura no IPM, em Administração Pública, conseguirá dar continuidade ao seu percurso académico”, esclarece Aurélia Rodrigues de Almeida.

• Português rei da noiteÉ a língua portuguesa quem mais reina neste curso. “A licenciatura é toda dada em português, sendo a segunda língua ofi-cial da RAEM o IPM considera essencial esta aposta em língua veicular portugue-sa”, esclarece a coordenadora. Algo que não é um problema para os alunos. “Eu melhorei muito o meu português aqui, já sabia falar, mas agora estou melhor”, explicou David Fong. Para Rita Lin “não

há qualquer dificuldade durante as aulas”, fruto de um esforço de todos os docentes que leccionam neste curso. De acordo com informação de Aurélia Rodrigues de Almeida, é realizada uma prova, aquando da candidatura, para perceber o nível de português dos candidatos. “Temos alunos que não sendo nativos, dominam a língua portuguesa, mas também temos alguns alunos que têm um menor conhecimento da língua, por isso mesmo a existência da disciplina de português”, explica. É por isso que este é um curso para todos, permitindo inscrever-se até os interessa-dos que querem apostar na sua formação mas que não se sintam à vontade com a língua portuguesa a. “Nas aulas não é difícil percebermos o português e os professores ajudam-nos”, remata Rita Lin. O finalista David Fong considera uma mais-valia o facto de a licenciatura ser leccionada na língua de Camões. “É sempre importante para nós, como pessoas, apostarmos na aprendizagem de uma segunda língua, ou até em mais, mas neste caso, e por estarmos em Macau e a trabalhar na função pública que tanto

está ligado ao português, acho essencial”, argumenta o aluno.

A abrangência das diferentes áreas é também, para os alunos, um ponto a favor, conforme referiram. Os finalistas consideram que para além da licencia-tura permitir uma forte aprendizagem da estrutura e modelo de administração do território, promove ainda as capacidades na comunicação tecnológica, gestão, orga-nizações internacionais estimulando o seu espírito crítico, maturidade profissional e capacidade de adaptação. Para além disto, esta licenciatura tem ainda um aspecto que também valorizam, “tem reconhecimento em Portugal”, “O curso foi avaliado pela Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior de Portugal, tendo tido avaliação positiva, ou seja o curso é reconhecido em Portugal”, acrescenta a coordenadora. Os alunos que participa-ram no processo de avaliação externa do Curso pela Agência Portuguesa valorizam este “selo de qualidade”que uma entidade internacional confere ao curso que estão este ano lectivo a concluir. Olham para o futuro com confiança e com segurança.

Apostar numa melhor preparação para os funcionários públicos dando-lhes bases sólidas no domínio da Administração Pública é o objectivo do IPM ao criar o curso de Administração Pública. Quatro anos depois do seu lançamento os primeiros finalistas mostram-se bastante satisfeitos com os resultados

“Agora, depois de terminar este último ano, vou concorrer para outro cargo, um cargo mais elevado. Por acaso foi nesta licenciatura que percebi quepodia fazê-loe, principalmente,como o fazer”Rita Lin • Finalista de Direitoe Administração Pública

“Com esta preparação os alunos saem desta licenciatura muito melhor formadospara executarmelhor as suas tarefas como profissionais” Aurélia Rodrigues de Almeida• Coordenadora do cursode Administração Pública

“O curso foi avaliado pela Agênciade Avaliação e Acreditação do Ensino Superior de Portugal, tendo tido avaliação positiva, ou sejao curso é reconhecido em Portugal” Aurélia Rodrigues de Almeida

“Estou a trabalhar na área administrativa e muitas vezes não sabia como fazer algumas coisas. Agora, depoisde quatro anos deste curso consigo ter uma melhor percepçãodas coisas, e maisque isso consigo perceber e informar melhor”David Fong • Finalista do curso de Direito

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• HojeConCerto da orquestra de MaCau “CapriCHo eM ré”igreja de são domingos, 20h00Entrada livre

• sábadoFesta de 29º aniversário da ruCLive Music association, 21h00Entrada livre

• diariamenteexposição “voz na esCuridão” de ÓsCar BaLajadia/papa osMuBaL (até 14/03)Creative MacauEntrada livre

exposição de pintura de zHen Guo (até 3/03)Fundação rui CunhaEntrada livre

exposição de esCuLturas do ano da CaBra (até 01/03)venetian, todo o dia Entrada livre

exposição de sândaLo verMeLHo (até 22/03)Grande praça, MGMEntrada livre

exposição de desiGn de Cartazes “v•x•xv:” (oBras de 1999, 2004 e 2009) [até 15/03]Museu da transferência da soberania de Macau, 10h00 às 19h00Entrada livre

“seLF/unseLF” – exposição de traBaLHos de artistas HoLandeses (até 15/03)Centro de design de MacauEntrada livre

retratos a ÓLeo dos séCuLos xix e xx: CoLeCçãodo Museu de arte de MaCauMuseu de arte de Macau, das 10h às 19h (até 31/12)Entrada livre

iLustrações para CaLendário de Guan HuinonG (até 10/05)Museu de arte de Macau, das 10h às 19hEntrada livre

“Beyond tHe surFaCe” de Mio panG Fei (até 01/03)albergue sCM, das 12h às 20hEntrada livre

tempo muito nublado min 18 max 21 hum 80-98% • euro 9.06 baht 0.24 yuan 1.27

O que fazer esta semana?

João Corvo

AcontEcEu HojE

H o j e H á F i l m e

Acreditar em Deus não é um mal em si. Já acreditar que alguém fala por ele tem trazido ao mundo grande parte da sua desgraça.

C i n e m aCineteatro

Sala 1Stand by me doraemon [a](FaLado eM Cantonês)Filme de: takashi yamazaki, ryuichi yagi14.00, 17.40

Sala 1Stand by me doraemon [3d] [a](FaLado eM Cantonês)19.45

Sala 1From vegaS to macau 2 [c](FaLado eM Cantonês)Filme de: Wong jing15.50, 21.45

Sala 2PenguinS oF madagaScar [a](FaLado eM Cantonês)Filme de: eric darnell, simon j. smith14.00, 15.45, 19.45

Sala 2KingSman: the Secret Service [c]Filme de: Matthew vaughnCom: Colin Firth, Michael Caine, samuel L. jackson17.30, 21.30

Sala 3triumPh in the SKieS [b](FaLado eM Cantonês)(CoM LeGendas eM CHinês e inGLês)Filme de: Matt Chow, Wilson yipCom: Matt Chow, Wilson yip14.00, 15.45, 21.30

Sala 3From vegaS to macau 2 [c](FaLado eM Cantonês)(CoM LeGendas eM CHinês e inGLês)Filme de: Wong jingCom: Chow yun-Fat, nick Cheung, Carina Lau17.30, 19.30

fonte da inveja

Morre Pavlov, o nobel que provou o reflexo condicionado• ivan pavlov foi um psicólogo e fisiólogo russo, premiado com o nobel de Fisiologia ou Medicina, em 1904, pelo seu estudo nos processos digestivos de animais, que originou os famosos “reflexos condicionados”. Morreu a 27 de Fevereiro de 1936, no dia em que elizabeth taylor completou 4 anos.Hoje é dia de recordar ivan pavlov, o russo que realizou uma das grandes descobertas científicas aplicáveis na actua-lidade, sobre o papel do condicionamento na psicologia do comportamento: o chamado “reflexo condicionado”.este trabalho foi realizado na década de 1920. pavlov analisou a produção de saliva em cães expostos a estímulos e descobriu que o som de uma campainha, por exemplo, seria suficiente para provocar salivação no animal - este compreende que iria receber a sua refeição através do toque dessa campainha.o cão passa a associar aquele som à sua alimentação: sempre que a campainha toca, o organismo do animal reage como se a carne já estivesse presente, com salivação, secreção digestiva, entre outros processos. um som que nada tem que ver com alimentação passa a provocar alterações digestivas.a pesquisa de pavlov sobre os comportamentos por reflexos é transportada para o ser humano. e permite desenvolver o behaviorismo (teoria de Watson), que defende que o ser humano aprende sobretudo através de imitação, observação e reprodução dos comportamentos de terceiros, sendo que as acções do Homem são meras reacções ao ambiente que o rodeia.as conclusões de pavlov representam contribuição funda-mental não só para a medicina, mas para toda a Ciência, com validade nos dias que correm. o seu estudo torna-se útil em ciências que só muitos anos mais tarde ganham força, como o marketing, por exemplo.

“tonAri no totoro”(HAyAo MiyAzAki, 1988)

as irmãs mei e Satsuki mudam-se com o pai, Kusakabe, para uma vila rural, de forma a ficar perto da mãe que está a recuperar num hospital. As irmãs de seis e dez anos encontram coisas maravilhosas na sua casa nova: são bolas de carvão, os pequenos e grandes ‘Totoros’. Um dia, Mei perde-se no caminho e Satsuki pede a ajuda ao grande Totoro, que encontrou Mei e a levou a visitar a mãe ao hospital. O filme descreve a beleza da natureza antes do alto desenvolvimento económico no Japão, o que desperta nostalgia na audiência. - Flora Fong

20 hoje macau sexta-feira 27.2.2015(F)utilidades

27 de Fevereiro

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hoje macau sexta-feira 27.2.2015 21OpiniãO

N o domingo passado, eu e a minha mulher fomos tomar um lanche a uma conhecida cadeia de res-taurantes em Macau, e ambos pedimos uma sopa acompanhada de pão con-forme vinha especificado na ementa. optei por uma sopa de cebola enquanto

que a minha mulher se decidiu por um caldo verde. Depois de confirmar as nos-sas encomendas, o empregado de mesa informou-nos que as sopas seriam servidas com uma torrada. Mas se preferíssemos pão normal, teríamos então de pagar uma taxa adicional de quatro patacas. E apesar de este arranjo não estar de acordo com as especificações do menu, acabamos mesmo assim por o aceitar. Porém, quando a minha sopa foi finalmente entregue, não vinha preparada de acordo com o estilo francês ou português, sendo apenas uma sopa cremosa com umas parcas fatias de cebola. Mas apesar da sua constituição espessa, o sabor não era de todo aceitável. Disse até a mim mesmo que nunca mais voltaria a encomendar este prato. Mas a sopa da minha mulher é que acabou por ser revelar um verdadeiro clássico, quedando-se por uma mistura de puré de batata, vegetais verdes e, claro está, creme! Quando inda-guei o funcionário acerca do método de preparação utilizado, este explicou que: nós adicionamos creme a todas as nossas sopas, excepto a sopa de rabo de boi. Lembro--me então de me questionar sobre quando tinha o caldo verde servido em Macau começado a ser preparado com ingredien-tes diferentes e se esta adaptação se tinha tornado numa especialidade da RAEM?

A minha mulher não gosta de pratos preparados com creme, por isso, depois de algumas explicações, o empregado acabou por aceder e trocar o prato por um outro que não incluía este ingrediente. o facto que me levou partilhar esta história não se prende com as minhas particulari-dades em relação à gastronomia, mas sim para demonstrar o quanto algumas coisas mudaram em Macau desde a transição de soberania para a China. Com o passar do tempo, estas coisas acabaram por se tornar estranhas para nós, chegando agora a pú-blico com um sabor totalmente diferente. Hoje em dia é até praticamente impossível desfrutar com a sensação de satisfação e conforto desfrutados no passado. O preço da comida nos restaurantes, por exemplo, tem vindo a subir gradualmente enquanto que a qualidade tem vindo a deteriorar-se e, ainda para mais, apenas uma pequena percentagem dos restaurantes conseguiu preservar o sabor original dos seus pratos. Ao mesmo tempo, muitos estabelecimentos foram mesmo forçados a fechar as portas devido às rendas pesadas e à falta de mão de obra. Assim, apesar de a economia de Macau ter crescido muito com o retorno à China,

a cidade acabou por perder alguma da sua própria identidade. Como é possível para mim permanecer indiferente perante este fenómeno enquanto residente de Macau?

Evito sempre caminhar a pé pelo centro da cidade, pois toda a área da Avenida de Almeida Ribeiro e do Largo do Senado está constantemente repleta de transeuntes e de turistas do continente. Não há praticamente nenhum espaço disponível para andar e os peões dispõem de apenas 24 segundos para percorrer o sinal vermelho que separa os

dois lados da Almeida Ribeiro. os antigos comerciantes já há muito que saíram desta via, cedendo os seus espaços a farmácias. A situação actual vai de encontro aos dese-jos daqueles que se deslocam à cidade em compras, mas alguém procura satisfazer as necessidades diárias da população?

Andar a pé torna-se incómodo mas a qualidade dos transportes públicos tam-bém deixa muito a desejar. Apanhar um autocarro implica um período de espera, e isso não garante que um utente tenha sequer espaço disponível. Todas as noi-tes, a paragem da Rua do Campo está tão apinhada de pessoas ansiosas por chegar a casa, que mais lembra uma cena com refugiados desesperados por conseguir fugir. A utilização de uma viatura pessoal poderia ajudar a combater este dilema, mas lidar com os engarrafamentos torna-se então em mais um assunto inevitável mas indesejável. E enquanto que durante as horas de ponta ao fim das tardes na Horta e Costa, o trânsito avança a passo de caracol, as manhãs na Ponte Sai Van fazem lembrar um Circuito da Guia com os automobilistas a apressarem-se para chegarem ao trabalho o mais depressa possível. o ambiente de lazer do Macau antigo já não é mais do que uma distante memória.

o tamanho e a densidade populacional de

Macau fazem com que seja uma das cidades mais populosas da actualidade, chegando mesmo a ocupar a primeira posição entre as localidades com mais automóveis per capita. As esplanadas de outrora na Praia Grande foram contaminadas com emissões de tubos de escape, e as poucas que ainda persistem acabaram por se tornar em locais pouco agradáveis. E enquanto que os poucos lugares com vista para o mar foram sendo ocupados com arranha-céus, os vendedores ambulantes desapareceram e foram também estes substituídos com grandes estabeleci-mentos de fraca qualidade. Tudo isto par a par com o aparecimento de cada vez mais sinais com caracteres simplificados e a manifestação cada vez mais frequente de “comportamento pouco civilizado” por parte de turistas da China. Perante todas estas desilusões, verificamos agora que até o sabor da comida foi agora alterado! Será esta a razão que nos levou a chamar à cidade histórica de Macau uma Região Administrativa Especial?

Seja como for, adoro a minha tasca de-vido aos sabores inesquecíveis que me dá a conhecer.

Preservem por favor algum do sabor original

O preço da comida nos restaurantes, por exemplo, tem vindo a subir gradualmente enquanto que a qualidade tem vindo a deteriorar-se e, ainda para mais, apenas uma pequena percentagemdos restaurantes conseguiu preservar o sabororiginal dos seus pratos *Ex-deputado e membro

da Associação Novo Macau Democrático

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hoje macau sexta-feira 27.2.2015

A União Europeia come-çou como projecto de integração há sessenta e quatro anos como uma escapatória, uma solução de recurso, uma emergên-cia para colocar os povos europeus a coberto de um terceiro mergulho num belicismo autofágico que

dinamitasse o continente. Como espaço de liberdade, de encruzilhada de culturas, línguas e religiões, de convergência de identidades, a Europa afirmou-se, benig-namente, pela sua diversidade, pluralismo e sentido de inclusão.

Os Pais Fundadores do que se consagrou dizer-se Comunidades Europeias e depois União Europeia, tiveram a ideia de pôr em comum as indústrias que alimentaram as guerras e as infra-estruturas económicas que possibilitassem, através da gestão con-junta e independente, o desenvolvimento sustentado do espaço de integração. No fundo, sem o que o dissessem explici-tamente, quiseram criar mecanismos de auto e hetero-vigilância que dissuadissem os sonhos nacionalistas de rearmamento e anexação territorial que haviam partido de Berlim.

Afinal, nos séculos que o precederam, a história da Europa havia sido um ciclo interminável de criação e fim de impérios, de guerras religiosas e étnicas, onde à velocidade de cruzeiro se redesenhavam as fronteiras pela diletante vontade de príncipes e monarcas nos seus sonhos me-galómanos de grandeza, poder e domínio territorial. O sistema absolutista, fundado no direito divino dos reis (e dos príncipes), foi o gramasso ideológico desta sedução pelo mando e pela hegemonia que esteve sempre nos pesadelos da Europa.

A democracia, na sua raiz etimológi-ca grega ‘demo’e ‘kratia’, surgiu como alternativa de governo num arquipélago a sul do continente como forma de pre-servação da identidade étnico-cultural das cidades-estado que o integravam e de sobrevivência das suas elites. Afinal, o governo de ‘todos’ excluía os escravos, os prisioneiros, os veraneantes, os metecos dessas pequenas comunidades de pouco mais de mil habitantes. Um milénio e meio depois, a ideia de uma democracia representativa fundada no censos das propriedades afirmava-se numa ilha do Mar do Norte como afirmação da voz dos gentis-homens contra as apetências auto-cráticas de um soberano. Um rei que se via a governar pelo mando de Deus contra (se necessário) a vontade dos seus súbditos representados em Parlamento. A Magna Carta - cujo centenário se comemorou há pouco - simboliza a amarração da ideia de governo pelo consentimento ao projecto europeu. Valor fundacional que através das revoluções liberais se estendeu ao continente e por aí se ancorou.

Esteve sempre presente na incubação do projecto europeu que os governos, ainda que eleitos em eleições livres e univer-sais, têm um mandato limitado no tempo e condicionando à vontade dos cidadãos reunidos em assembleia política. Vontade expressa através dos seus representantes eleitos. Como esteve presente que aqueles são mandatados para exercer o poder são responsáveis perante o povo e prestam-lhe contas, regularmente.

Corolário deste ideia central de um poder não ilimitado ficou impresso nos textos sagrantes da União Europeia que os Estados-membros mantêm o essencial dos seus poderes soberanos, que os governos nacionais subsistem como entes indepen-dentes com os seus parlamentos nacionais e que a última expressão do exercício da vontade soberana reside na Nação.

Sempre que a hipótese da união da Eu-ropa, através de uma federação, se colocou, quer como utopia quer como inevitabilida-de, os europeus pronunciaram-se de forma clara contra esse projecto, contrapondo-lhe o paradigma de uma união voluntária de estados-nação escrupulosos da sua inde-pendência. Recorda-se os movimentos políticos dos anos 1950 que propugnaram

a federalização da Europa e a fracassada Convenção para o Futuro da Europa de 2003. No arrebatamento pró-federalista isso foi lido como uma resistência irracional aos rumores do tempo e do ‘progresso’, uma recusa ‘egoísta’ das elites em aceitar a inevitabilidade da marcha para um qual-quer reino neoplatónico de felicidade na Terra, simbolizado por uma bandeira azul multi-estrelada e pelo Hino da Alegria de Beethoven.

Este sonho idílico faria sentido se a Europa pudesse permanecer em paz sem ameaças visíveis nas suas fronteiras a Sul e a Leste, se o modelo económico de soli-dariedade institucional funcionasse como um carrilhão bem oleado, se os grandes potentados como a Alemanha e a França desistissem da sua apetência para a hege-monia no continente, a qual alimentara os sonhos imperiais de uma e de outra. Mas as nações raramente mudam os seus desígnios mais profundos a menos que a história e o destino lhes imponham que ajoelhem ou se contenham pela ameaça da derrota ou do aniquilamento.

Num precipitado movimento de alarga-mento para além do que poderia comportar, a União Europeia abraçou primeiro os

países ibéricos e do Sul, depois os países do Centro e do Norte que resultaram da implosão da União Soviética e dos seus satélites e finalmente alguns dos com-ponentes da antiga República Jugoslava. Como modelo escolheu a virtude laborista do protestantismo huguenote que levara à transformação da Prússia na Alemanha dos nossos dias, esquecendo que os valores culturais que animam esses povos das terras do frio e da neve não são compatíveis com a predilecção setentrional para o lazer, o consumo, a boa-mesa, o divertimento lúdico e o veraneio. Porque o capital, numa lógica da acumulação e multiplicação das rendas havia singrado para as praças financeiras do Norte da Europa, a Europa embarcou na aventura da moeda única que identificara como o terceiro símbolo da sua união de vontades. Fê-lo sem perceber (ou não o querer) que nem todos os Estados estavam em condições de respeitar os critérios de convergência da União Económica e Mone-tária, nem havia garantias de o garantirem no futuro.

O que é que mudou nos últimos quin-ze anos que fez estremecer as branduras de um casamento para toda a vida dos estados-membros da Europa? Desde logo, o facto de a queda do Império Soviético ter transformado a Rússia na Prússia de outrora, de regresso aos seus sonhos de grandeza imperial à custa dos vizinhos. A anexação da Crimeia, a constituição do arco sanitário russófono no leste da Ucrânia, o assédio às repúblicas do Báltico revela que o estalinismo escondido de Vladimir Putin incorpora, na verdade, desígnios de expansão territorial à custa de países que são hoje parte da União Europeia. Em segundo lugar, a quebra do eixo franco-alemão per-mitindo à Alemanha se apresentar, aos olhos de todos, como a única guardiã da unidade europeia, a garante das suas políticas eco-nómicas, financeiras e de integração. Um domínio matizado pelo controlo inteligente do Banco Central Europeu, pelo peso dos bancos alemães no sistema monetário eu-ropeu e pela liderança política alemã do Conselho Europeu.

A crise da Grécia é apenas uma pe-quena nota do que aí vem em termos de perturbação do projecto europeu, de erosão da solidariedade e coesão europeias, da periclitante sobrevivência do Euro e da relação político-estratégica com a Rússia de Putin. É a relação da Europa - no seu todo - com a Alemanha de Ângela Merkel que está hoje problematizada.

A Europa foi a bóia de salvação da Ale-manha no doloroso processo de reconstru-ção do pós-guerra. Setenta anos depois não pode aceitar ser o parceiro acomodatício e silencioso perante o namoro germano--russo. Talvez como há sete décadas atrás a esperança resida num promontório delimi-tado por escarpas do outro lado do Canal da Mancha habitado por gente especialmente zelosa da sua liberdade.

Uma europa germanófila?

A crise da Grécia é apenas uma pequena notado que aí vem em termos de perturbação do projecto europeu, de erosão da solidariedade e coesão europeias,da periclitante sobrevivência do Euro e da relaçãopolítico-estratégica com a Rússia de Putin

22 opinião

crepúsculo dos ídolosArnAldo GonçAlves

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hoje macau sexta-feira 27.2.2015 23PerfilVerónica choi, Dj

“Ser mulher, neStacarreira, não é fácil”

a sua carreira como Dj através do namorado, que a ensinou a arte de trabalhar com uma mesa de mistura.

“Há quatro anos que faço djing. No início passar música era apenas um ‘hobbie’, porque achava que não podia fazer disso uma carreira, especialmente em Macau, que é dominada pela indústria do Jogo. Nessa altura, o meu namorado, que já era dj há sete anos, ensinou-me a arte do djing. Então, e como adoro música, não conse-gui parar de aprender e praticar em casa e em estúdios. À medida que o tempo foi passando fui começando a receber muitos convites de clubes e festas privadas. Então é um algo bom para mim, porque posso ganhar dinheiro e manter o meu hobby”, revela.

Assume adorar o Club Cubic, onde já passou música, e o espaço TrueColor, na vizinha Cantão. Contudo, a RAEM está no seu coração. “É um bom lugar. Espero que haja cada vez mais estran-geiros de países ocidentais que possam visitar Macau. Gosto das culturas ocidentais”, aponta.

Apesar da paixão notória pelo que faz e pela felicidade que sente por cada clube que enche de pessoas, Verónica Choi confessa: “sou Dj e ser uma mulher nesta carreira não é assim tão fácil”.

A noite em Macau pode ainda estar a milhas de distância das grandes capitais europeias e de algumas cidades asiáticas, mas Verónica Choi garante que as coisas melhoraram bastante em relação há três anos.

“As pessoas de Macau estão a começar a saber o que é a música. Sabem como se divertir, e comparando com os últimos três anos, há cada vez mais associações e produtores de música que têm vindo a crescer. Há muitos Djs de Macau e de outros países que trabalham em conjunto, em grupos como a Associação de Música de Dança de Macau (MDMA, na sigla inglesa), DjzoneHK, Huz Productions ou o Alive Music Group. Por vezes organizam festas em clubes privados e o seu objectivo é partilhar a música e ligar as pessoas a esse mundo”, conclui.

anDreia Sofia [email protected]

c oMEçou a gostar de música quando os sons apenas se reproduziam nos velhinhos vinis. Foram os Beatles, os sucessos dos

irmãos The Carpenter, já na década de 70, e depois as faixas pop do rei Michael Jackson que marcaram a geração dos anos 80. Todos esses sons icónicos entraram na vida de Verónica Choi pela mão dos pais e acabariam por influenciar o seu enorme gosto por música. Com o passar dos anos, essas referências acabariam por levá-la ainda mais longe: hoje, Verónica é, nos tempos livres, a Dj Veron C. Ao HM, a artista recorda como começou o bichinho pela música.

“Quando era uma adolescente, por volta dos 13 ou 14 anos, costumava ouvir música pop, como músicas dos The Carpenters, Beatles, Michael Jackson. Talvez tenha sido influenciada pelos meus pais, uma vez que o meu pai adora música. Lembro-me que quando era criança a minha mãe já punha música de dança e música disco em casa e no carro. Lembro-me que ela me ensinava a dançar e era muito engraçado”, recorda.

Apesar de ter nascido em Macau, o sangue português percorre-lhe as veias. A mãe já é uma mistura entre a cultura chinesa e portuguesa e não deixa de provar as iguarias portuguesas e macaenses, como se pode verificar na sua pá-gina pessoal do Facebook, com uma fotografia tirada durante um almoço na Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau (APoMAC).

“os meus familiares vivem em Lisboa e eu vou com a minha família visitá-los uma vez a cada três anos. Gosto de Portugal e consigo falar, ler e compreender um pouco de Português”, assume.

os sons antigos ainda estão na mente desta jovem Dj, que também trabalha no casino Galaxy, na área do entretenimento. Mas hoje mistura-os com novas sonoridades em vários clubes e festas privadas por onde passa. Contudo, tudo depende daquilo que o público estiver disposto a ouvir.

“Gosto de música trance, especialmente trance progressivo e vocal. Em segundo lugar surge o Tecno House e Breakbeats. o meu ídolo é o Armin Van Buuren. Adoro-o. Quer seja em clubes famosos ou com uma grande dimensão, normalmente toco a música que o público gosta, como música pop, comerciais, EDM... no fundo quero é que as pessoas se sintam ligadas à música que estou a passar e quero fazê-las dançar. Então toco qualquer tipo de música que seja adequado ao ambiente”, conta.

O amOr levOu-a aO djingApesar das influências musicais que recebeu da família, Verónica Choi haveria de começar

Propriedade fábrica de Notícias, Lda director carlos Morais José editores Joana freitas; José c. Mendes redacção andreia Sofia Silva; filipa araújo; flora fong (estagiária); Leonor Sá Machado Colaboradores antónio falcão; antónio Graça de abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Simões Morais; Maria João belchior (Pequim); Michel Reis; Rui cascais; Sérgio fonseca Colunistas agnes Lam; antónio conceição Júnior; arnaldo Gonçalves; David chan; fernando eloy; fernando Vinhais Guedes; Isabel castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul chan Wai chi; Paula bicho Cartoonista Steph grafismo catarina Lau Pineda; Paulo borges ilustração Rui Rasquinho agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GcS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) assistente de marketing Vincent Vong impressão Tipografia Welfare morada calçada de Santo agostinho, n.º 19, centro comercial Nam Yue, 6.º andar a, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

“As pessoas de Macau estão a começar a saber o queé a música. Sabem comose divertir, e comparandocom os últimos três anos,há cada vez mais associações e produtores de músicaque têm vindo a crescer”

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hoje macau sexta-feira 27.2.2015

Felipe Fontenelle lança nova música este sábado

“A noite do adeus” em formato digital

AndreiA SofiA [email protected]

É já este sábado que o músico Felipe Fontenelle, a residir em Macau e ligado

aos projectos “80 e Tal” e “Tributo a Macau” vai lançar um novo single. A música, intitulada “A noite do adeus”, conta com letra do escritor português Pedro Chagas Freitas e estará dis-ponível apenas no iTunes a partir do próximo sábado.

Ao HM, Felipe Fonte-nelle fala de uma parceria que surgiu de forma “espon-tânea”. “O Pedro (Chagas Freitas) já conhecia o meu tra-balho, eu já conhecia o dele, e a gente resolveu experi-mentar. Pedi para ele compor umas letras. Ele enviou-me cinco letras e eu já fiz duas músicas. A parceria surgiu de interesses mútuos: ele gosta da minha voz e eu gosto da escrita dele”, apontou.

“A noite do adeus” é uma balada, apenas com voz e viola, que retrata o amor e o rompimento de uma relação, como conta Felipe Fontenelle. O lan-çamento exclusivo num formato digital, como é o iTunes, pretende atingir o público de forma mais rá-pida. Até agora, tem dado resultado.

“Fizemos uma promo-ção no Facebook, foi colo-cada há cerca de 24 horas e já tem 6,800 visualizações na minha página pessoal, enquanto que na minha página de artista atingiu 12,500 pessoas. Acredito que hoje em dia a internet e as plataformas digitais sejam formas mais rápidas e práticas de chegar ao público”, apontou.

Géneros distintosQuanto à segunda música, será gravada em Portugal. “Esta (A noite do adeus) é

uma letra de amor. A outra música já não tem nada a ver. Foi feita de uma forma mais pop e abrangente. A música não ficou tão séria”, explicou o músico, que garante que o objectivo é lançar canções avulsas em formato digital nos próxi-mos tempos. Em Abril, o single “Casas comigo no Facebook” deverá estar pronto para download.

A parceria com Pedro Chagas Freitas não é, contudo, o único projecto de Felipe Fontenelle. Até Junho deverá estar cá fora o álbum “Tributo a Macau”, o resultado de um concerto dado o ano passado no consulado de Portugal em Macau. O trabalho, lançado com o apoio da Casa de Portugal em Macau, terá entre 12 a 14 músicas.

No Brasil, onde nasceu, Felipe Fontenelle vai tam-bém gravar uma música com Chico Buarque, um dos nomes mais sonantes da Música Popular Brasi-leira (MPB). “Sou um dos maiores fãs do Chico Buar-que e MPB, cresci a ouvir. E sempre quis saber quais eram as pessoas que traba-lham com ele. O arranjador dele, o Luís Cláudio Ramos, gostou muito da minha voz e do meu trabalho, e vamos começar por fazer um tema, com músicos no Brasil. A música vai ser gravada a 2 e 3 de Março”, concluiu.

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