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HOJE MACAU O presidente do Instituto de Conservação e Restauro de Relíquias Culturais de Macau defende a criação imediata de uma lista daquilo que deve ser preservado na RAEM, enquanto se espera que o trabalho do IC esteja concluído. Algo que só deve acontecer daqui a dois anos. DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 TERÇA-FEIRA 5 DE AGOSTO DE 2014 ANO XIII Nº 3146 hojemacau AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB PATRIMÓNIO FRANCISCO CHAN PEDE LISTA PROVISÓRIA OS BENS AMADOS PÁGINA 6 COLOANE Aqui já se respira REPORTAGEM PÁGINAS 2 E 3 PUB Onde pára o regime? MEDICINA CHINESA SAFP ORGAO ESPECIAL POLÍTICA PÁGINA 4 Está concluída a proposta que define a criação dum sistema para a mediação de conflitos dentro da Função Pública. O órgão especial permite tratar das queixas sem que os trabalhadores tenham de falar com os seus superiores. PÁG. 4 ´ ˜

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Hoje Macau N.º3146 de 5 de Agosto de 2014

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Page 1: Hoje Macau 4 AGO 2014 #3146

HOJE

MAC

AU

O presidente do Instituto de Conservação e Restauro de Relíquias Culturaisde Macau defende a criação imediata de uma lista daquilo que deve ser preservado

na RAEM, enquanto se espera que o trabalho do IC esteja concluído.Algo que só deve acontecer daqui a dois anos.

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 T E R Ç A - F E I R A 5 D E A G O S T O D E 2 0 1 4 • A N O X I I I • N º 3 1 4 6

hojemacauAGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

PATRIMÓNIO FRANCISCO CHAN PEDE LISTA PROVISÓRIA

OS BENS AMADOS

PÁGINA 6

COLOANE

Aqui jáse respira

REPORTAGEM PÁGINAS 2 E 3

PUB

Onde párao regime?

MEDICINA CHINESA

SAFPORGAOESPECIAL

POLÍTICA PÁGINA 4

Está concluída a proposta que define a criação dum sistema para a mediação de conflitos dentro da Função Pública. O órgão especial permite tratar das queixas sem que os trabalhadores tenham de falar com os seus superiores. PÁG. 4

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2 hoje macau terça-feira 5.8.2014REPORTAGEM

FIL IPA ARAÚJO*[email protected]

A S medidas a curto prazo que o Governo anun-ciou estar a colocar em prática em Ká Hó estão

a ser cumpridas e os cidadãos con-firmam a melhoria das condições ambientais. O HM visitou as insta-lações da fábrica que era apontada pela população como a causadora da maior poluição na vila e confir-mou a instalação de vários sistemas amigos do ambiente.

“Eu sei que há moradores com cancro dos pulmões e todos nós achamos que a culpa é do pó. Não imaginam o que era viver aqui. Tudo estava sujo de pó: casas, estradas, tudo. Agora não, estamos muito melhor. É verdade”, assegu-ra ao HM Leong Hong, de 65 anos, que se afirmou como morador da vila desde que nasceu.

Um passeio pelas ruas, agora com tapetes de alcatrão novos, faz-nos perceber que Ká Hó tem um ar diferente, mais limpo e sem a conotação de “em construção” constante.

“A minha saúde está melhor, eu sinto. Respiro melhor”, atira Ho, que nos observava da varanda de sua casa. Agora, Ho pode sentar-se cá fora e conversar com os vizinhos. “Antes não dava”, diz. “Já fui ver que estão a avançar com as obras lá em cima [na fábrica de cimento] mas o pouco pó que levanta fica todo lá”, explica Ho, que admite que a “posição da escola também protege a vila, por estar a servir de barreira”.

A fábrica de cimento era tida como a maior fonte de poluição da vila, mas, em Abril deste ano, Chui Sai On comprometeu-se a apresentar um conjunto de medidas que permitissem a melhoria da qua-

Depois de anos de reclamações a população de Ká Hó, em Coloane, diz respirar melhor. As medidas implementadas pelo Governo estão a dar resultados, pelo menos para alguns. Quem trabalha na cimenteira, uma das maiores fontes de poluição, assegura que há regras que estão a ser cumpridas

KÁ HÓ MEDIDAS DO GOVERNO MELHORARAM QUALIDADE DE VIDA, ASSEGURAM CIDADÃOS

Finalmente a poeira assentoulidade do ar na zona de Ká Hó, em Coloane. Essas medidas incluíam a suspensão do funcionamento das máquinas que estavam a causar poluição, a instalação de disposi-tivos de controlo e isolamento da poeira e uma inspecção regular dos trabalhos. Na apresentação das políticas idealizadas pelo Executivo, Alexis Tam, porta-voz do Governo, informou ainda que seriam elaborados relatórios sobre o controlo de emissão de poluentes e reforçada a regularidade da lim-peza e lavagem da estrada – para quatro vezes por dia -, garantindo, assim, a protecção das instalações das escolas na zona.

“Desde a aplicação das novas medidas que a empresa é alvo de inspecções diárias – às vezes mais que uma vez por dia. Somos submetidos a testes mensais aos níveis de gases emitidos, fizemos algumas alterações no processo de produção, como por exemplo, agora a linha de produção é tapada não permitindo a saída de areias, e temos também uma máquina de sucção de areias”, conta-nos Lei Sze Tai, director do Departamento de Marketing da cimenteira de Ká Hó, que faz parte do grupo CITIC Corporation of China. O director justifica ainda que as mudanças não decorrem apenas “porque o Governo mandou”, mas porque existe um novo regulamento que obriga as empresas a respeitar certos comportamentos ambientes, tais como a cláusula que obriga a que todos os processos de produção sejam fechados, coisa que, segundo Lei Tai, a cimenteira “já cumpre desde Maio”.

O regulamento mencionado pelo director é o Regulamento Administrativo dos Limites de Emissão de Poluentes Atmos-féricos e Normas de Gestão das Instalações dos Estabelecimentos Industriais de Produção de Ci-mento, que entrou em vigor a 1 de Junho deste ano e que define a aplicação de pesadas sanções às empresas que não cumpram a lei. Por exemplo, se ultrapassarem os limites de emissão de poluentes, as indústrias terão de pagar entre 100 mil a 400 mil patacas. Já no caso de infracções na gestão das instalações, as multas passam a ser entre as 10 mil e as 200 mil patacas. A fiscalização está entre-gue à Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental que, até ao fecho da edição, não se mostrou disponível para esclarecer quais os parâmetros da avaliação.

“É preciso que todos percebam uma coisa importante, tanto o Go-verno como a população: a maior causa da poluição não é a produção do cimento, mas sim o transporte da areia e da pedra, porque tudo isso traz e cria poeira”, explica Lei. “De facto, os níveis de utilização de areia, pedra e cimento têm aumen-tado acentuadamente, atingindo os dois milhões de metro cúbicos por ano, enquanto há uns anos os va-lores anuais não ultrapassavam os 200 mil metros cúbicos”, explica.

MELHORAR O PASSADO?O director dos Serviços de Protec-ção Ambiental (DSPA), Cheong Sio Kei, explicou em declarações à imprensa um mês depois da

aplicação das novas medidas que o Governo “tem tido bons resultados” e que, desde o início do ano, os níveis de poluição ultrapassaram apenas uma vez os limites permitidos por lei. Ainda na mesma conferência, o director explicou que são realizados testes mensais do impacto ambiental, relativamente à qualidade do ar e à poluição sonora. Os responsáveis da cimenteira confirmam.

“Tal como vos disse, esta em-presa faz testes e relatórios todos os meses para entregar ao Governo. Nos últimos três meses atingimos os 100%, enquanto até agora só conseguimos 60% ou 70%”, ex-plica Lei Sze.

No passado, contudo, os proble-

mas de saúde dos residentes foram--se descobrindo. Há quem garanta que há muita gente com cancro em Ká Hó, devido à inalação de poeiras. Há quem desvalorize.

“Nós até podemos achar que foi por causa da poluição, mas não sabemos”, confessa Ho Leong ao HM. “Eu, ao contrário dele [Leong Hong] não conheço nenhum caso de alguém que tenha morrido com cancro”.

Numa tentativa de perceber se efectivamente o aparecimento da doença poderá estar relacionada com a poluição, o HM entrou em contacto com várias famílias, ainda que estas não se tenham mostrado disponíveis para falar sobre o assunto. Uma atitude normal para Savio Yeung, responsável da escola D. Luís Versiglia, que defendeu que as pessoas sentem vergonha e por isso se recusam a falar.

Ao contrário de algumas pes-soas com quem o HM falou – e que garantem que as condições melhoraram - o responsável da es-

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3 reportagemhoje macau terça-feira 5.8.2014

“As coisas estão melhores agora. Todos os dias os inspectores vêm cá, três ou quatro vezes por dia, e não são sempre os mesmos” WONG Funcionário da cimenteira

KÁ HÓ MEDIDAS DO GOVERNO MELHORARAM QUALIDADE DE VIDA, ASSEGURAM CIDADÃOS

Finalmente a poeira assentou

cola não se mostrou nada satisfeito com tudo o que foi feito até agora pelo Governo. “Olhem à vossa volta, se vocês acham que as coisas estão melhores, eu não”, afirmou.

Savio foi uma das pessoas que,

publicamente, sempre se mostrou defensor pela qualidade de vida dos moradores e trabalhadores, tornando-se inclusive o represen-tante do grupo que reivindica os impactos ambientais do aterro da incineração em Ká Hó. Contudo, visitado pelo HM, Savio Yeung pediu que os gravadores fossem desligados e recusou-se a responder a perguntas sobre as melhorias da qualidade do ar também na escola, uma das instalações da vila mais afectadas pela poluição. Para o responsável, as medidas não fun-cionam e as pessoas continuam a sofrer as consequências. Porquê, o HM não conseguiu perceber. “É o Governo que tem que responder às perguntas dos jornalistas, não eu”, disse-nos.

Num silêncio pouco comum numa escola - as crianças faltam--lhe por estarem de férias -, o pó pouco se vê, ao contrário do que acontecia quando os miúdos que-riam jogar à bola e não podiam, porque o campo estava coberto de areias. Mas, ainda é preciso fechar as janelas para que se possa res-pirar? Os professores continuam a não querer ir trabalhar para o estabelecimento de ensino, como foi dito antes? Estas são algumas das respostas que não conseguimos ter por parte do responsável da Luís Versiglia.

UMA QUESTÃO DE PERSPECTIVA“Na minha opinião, os valores de poluição nunca atingiram níveis preocupantes e que colocassem em risco a vida das pessoas”, afirma o director de marketing da cimentei-ra. Segundo este, uma cidade que está em tão grande desenvolvimen-to ao nível da construção, “é ine-vitável que exista poluição”. Este tipo de “fábricas poluem sempre, por muito que a empresa tenha uma conduta amiga do ambiente vai sempre poluir, nem que seja o mínimo”, frisa.

Dados da DSAL sobre os exames à qualidade do ar, no ano passado, mostram que foram en-contrados 18 tipos de componentes de metal no ar – mais do que em 2010. E em 2012, a Universidade de Hong Kong procedeu a um es-tudo sobre a saúde da população de Macau em dez anos. Lá, constam dados sobre o estado de saúde da população e, de acordo com o re-latório, 353 trabalhadores tinham um estado de “saúde satisfatório”, conforme confirmou Chui Sai On na AL.

A questão da poluição em Ká

Hó vai ser sempre um assunto que, ou não merece comentários das partes das pessoas – muitos foram os que recusaram falar com o HM -, ou tece comentários contrários. Mas, uma coisa é certa, pelo que o HM percebeu e constatou, “as coisas estão melhores”.

“A poluição era grave”, atira--nos uma senhora moradora em Ká Hó há mais de 50 anos. “Antes havia mais pó”, diz-nos uma outra

senhora, que trabalha no local como empregada doméstica.

Também quem trabalha directa-mente dentro da fábrica de cimento assegura que o ambiente mudou, para melhor. “As coisas estão melhores agora. Todos os dias os inspectores vêm cá, três ou quatro vezes por dia, e não são sempre os mesmos”, garante Wong, funcionário na cimenteira desde 2007.

Para Wong as medidas imple-mentadas melhoraram a qualidade do ar. “Pelo menos não se vê tanto pó no ar”, diz. “Agora com os panos a cobrir os camiões e o sistema de rega a areia assenta. Mas eu nunca tive problemas com isso. Faço exames todos os anos e está tudo bem com a minha saúde”, sublinha Wong quando lhe perguntámos se alguma vez viu a sua saúde colocada em causa. “A empresa tem um plano de saúde para todos os funcionários e nós anualmente somos submetidos a exames”, confirmou.

Também os Serviços de Saúde criaram um plano de saúde para os trabalhadores e moradores da vila. Em Abril de 2011 foram realizados os primeiros testes médicos a uma parte da população. Na altura, foi elaborado um questionário a 244 entrevistados e mais de 50% sofriam de mais o que um tipo de doença ou mal-estar, alegadamente provocados pelas cinzas de inci-neração. Ainda este ano, durante a sua intervenção na Assembleia Legislativa (AL), Chui Sai On garantiu que em 2015 serão reali-zados novos exames médicos aos habitantes e trabalhadores.

Neste momento decorrem as obras de reparação do piso junto às escolas D. Luís Versiglia e São José de Ká Hó. Estas obras de reparação – constantes na vila – também já começam a minimizar. “Todos os veículos que passam aqui, além de estarem devidamente tapados, passam pelo sistema de aspersores de água. E a estrada é lavada pelo menos quatro vezes o dia”, confirmou outro funcionário da cimenteira, que assume que os camiões que não trazem a cobertura devida foram multados.

Contactada pelo HM, a Polícia de Segurança Pública (PSP) não conseguiu apresentar a actua-lização dos dados até ao fecho desta reportagem, mas reforçou os anteriormente cedidos, em que registavam quatro casos de camiões de transporte sem co-bertura de protecção, oito com mais de 20% do peso máximo permitido e 33 com sobrecarga. Todos terão sido multados. De acordo com as autoridades é feita pelo menos uma inspecção diária, dado também confirmado pelos moradores.

“Os inspectores estão sempre aí. Pelo menos é o que eles dizem [que são]. Para mim o que interessa é que não haja pó”, remata Ho ao HM. - *com Flora Fong

“É preciso que todos percebam uma coisa importante, tanto o Governo como a população: a maior causa da poluição não é a produção do cimento, mas sim o transporte da areia e da pedra, porque tudo isso traze cria poeira”LEI TAI Director do Departamento de Marketing da cimenteira

Não imaginam o que era viver aqui. Tudo estava sujo de pó: casas, estradas, tudo. Agora não, estamos muito melhor. É verdade” LEONG HONG Morador da vila

“Olhem à vossa volta, se vocês acham que as coisas estão melhores,eu não”SAVIO YEUNG Responsávelda escola D. Luís Versiglia

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O HM ERROU

4 hoje macau terça-feira 5.8.2014POLÍTICA

LEONOR SÁ [email protected]

O S Serviços de Admi-nistração e Função Pública (SAFP) já têm elaborada uma

proposta para a criação de um novo sistema independente para tratar dos conflitos entre funcionários públicos e superiores hierárquicos. De acordo com uma resposta do

FLORA [email protected]

LEONOR SÁ [email protected]

O deputado Ng Ku- ok Cheong entre-gou uma interpe-

lação escrita ao Governo onde critica o facto de, desde 2012, estar a ser prometida a criação de um sistema de inscrição dos profissionais de medicina chinesa, mas até agora nada ter sido concluído. O deputado defende que o Parque de Medicina Tradi-cional Chinesa na Ilha da Montanha é um “projecto chave” na cooperação en-tre Macau e Guangdong, (ver peça página 7), mas lembra que o Governo tem dado mais importância aos investimentos feitos do que à formação dos recursos humanos locais.

“Há jovens que estão a estudar medicina tra-dicional chinesa porque acham que o Governo

Eleições Segunda carta entregue à CAECEA “União dos Poderes da Vida da População” entregou uma carta ontem à Comissão de Assuntos Eleitorais do Chefe do Executivo (CAECE) criticando a forma de eleição para o cargo de Chefe do Executivo. Os responsáveis da união, Lam Meng e Kuok Kai Nang, faziam-se acompanhar por alguns cartazes onde se lia: “Da antiga China até agora, os líderes chineses não podem fugir às responsabilidades e punições.” Relativamente à reclamação apresentada pelo candidato Lei Kuong Un à CAECE, também sobre ao processo de eleição para o mesmo cargo, a Comissão informou que mantinha “a decisão de não admiti-lo como candidato”,adiantando que Lei poderá, até hoje, “interpor recurso da decisão” para o Tribunal de Última Instância. Lei Kuong Un viu a sua candidatura rejeitada por não ter conseguido, nos termos da Lei Eleitoral para o Chefe do executivo, “entregar quaisquer proposituras assinadas pelos membros da comissão”. -F.F.

No artigo intitulado “Muita areia na ca-mioneta”, publicado na edição de ontem do HM, está errado que o IACM pertença à tutela do Secretário Cheong U. Este instituto pertence, sim, à pasta da Administração e Justiça. Aos leitores e visados, as nossas desculpas pelo lapso.

Os SAFP já elaboraram a proposta que define a criação de um mecanismo de tratamento das reclamações feitas por funcionários públicos. O novo sistema independente vai ser responsável por tratar das queixas de funcionários do Governo sem que estes tenham de falar com os superiores

FUNÇÃO PÚBLICA SISTEMA DE MEDIAÇÃO DE CONFLITOS CONCLUÍDO

Órgão especial para lidar com as crises“Planeia-se o estabelecimento de um órgão especial destinado a monitorizar e acompanhar os serviços públicos no tratamento dos assuntos ligados às queixas apresentadas pelos trabalhadores”SAPForganismo ao HM, o novo siste-

ma – denominado Mecanismo de Gestão Centralizada para o Trata-mento de Queixas Apresentadas por Trabalhadores dos Serviços Públicos e Conciliação – está concluído e tem como objectivo facilitar a entrega e resolução de reclamações de funcionários do Governo, sem que estes tenham de ir falar directamente com o seu superior hierárquico.

MEDICINA CHINESA NG KUOK CHEONG CRITICA ATRASO DE REGIME PARA PROFISSIONAIS

Em modo de preparação

“Neste momento, já está elabo-rada a proposta preliminar do me-canismo e, após a análise e eventual reformulação, serão divulgadas as necessárias informações junto dos trabalhadores da função pública e de todos os serviços públicos para a recolha de opiniões”, pode ler-se na resposta enviada ao HM.

vai desenvolver o sector ao mesmo tempo que desenvolve o Parque, mas na prática os jovens acabam por ficar desa-pontados, porque, até ao momento, os Serviços de Saúde (SS) só recrutaram seis médicos”, pode ler-se no documento.

A ideia é rever o Regi-me de Registo Profissio-nal de Saúde, de forma a regulamentar os níveis de qualificação destes profissionais, bem como aumentar a formação para desenvolver o parque. Contudo, o deputado con-tinua a questionar quais são as medidas concretas a este nível, não só para a promoção destes médicos no parque de medicina chinesa mas também nos hospitais de Macau.

Sou Tim Peng, presi-dente da empresa Macau Investimento e Desen-volvimento S.A., que tem a responsabilidade do Parque, assegurou

numa resposta a um outro deputado que os SS têm vindo a fazer diversas ac-tividades para promover a medicina tradicional chinesa e cita a “prepa-ração de uma proposta de alteração à lei” actual – do Regime de Registo Profissional -, como uma novidade. No documento a que o HM teve acesso, e que é uma resposta a Mak Soi Kun, Sou Tim Peng assegura que vai ser introduzido um regime de inscrição para o pessoal profissional de medicina tradicional chinesa, a fim de regulamentar o nível de qualificação profis-sional dos médicos desta área da saúde no territó-rio, mas não avança datas.

O documento informa ainda que os SS estão a ponderar a criação de uma base de dados com informações sobre o pes-soal profissional da área da medicina tradicional chinesa.

Os SAFP avançam ainda que, com a implementação deste mecanismo, vai ser criado um de-partamento responsável por lidar com os problemas. Actualmente, as queixas dos funcionários públicos são feitas directamente ao superior hierárquico.

“Planeia-se o estabelecimento de um órgão especial destinado a monitorizar e acompanhar os serviços públicos no tratamento dos assuntos ligados às queixas apresentadas pelos trabalhadores, bem como, em promover o diá-logo e a conciliação, conforme a situação e o grau de necessidade, para a resolução de contradições ou mal entendidos”, explicam os SAPF na resposta ao HM.

A criação de um sistema se-melhante a este tem vindo a ser uma questão discutida por várias entidades, nomeadamente deputa-dos, que dizem que as queixas dos trabalhadores da função pública raramente são resolvidas, devido ao facto de não haver um sistema de mediação que não conte com o superior hierárquico de cada funcionário.

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5 políticahoje macau terça-feira 5.8.2014

O deputado José Pereira Coutinho entregou uma interpelação escrita ao Governo

onde questiona os motivos para a concessão à Companhia de Teleco-municações de Macau (CTM) da transmissão dos sinais televisivos, desde Abril deste ano, sem que os resultados de um estudo tivessem ainda sido concluídos.

“Porque é que o Governo não aguardou pelo relatório final da Universidade de Macau (UM) para tomar uma decisão mais apropriada para o futuro mercado de televisão e encarregou apres-sadamente a CTM de fornecer a sua rede (...)?”, questiona Pereira Coutinho na interpelação.

S UNNY Chan, presi-dente da Associação de Políticas Públicas

de Macau (APPM) e tam-bém docente do Instituto Politécnico de Macau (IPM) defendeu, em en-trevista ao Jornal do Ci-dadão, que a mudança dos Secretários não consegue melhorar por completo as políticas públicas.

O académico aconselha o Executivo a promover uma reforma legislativa e a resolver os problemas do atraso na produção de leis, algo que, diz, pode ser feito separando a tutela da Administração e Justiça.

O académico lembrou que há residentes que es-peram mudanças na tutela da Administração e Justiça, porque actualmente todas as propostas de lei pas-sam pela Secretária para a tutela das duas áreas, Florinda Chan, algo que o académico considera que origina atrasos na produção de leis. Por isso, o docente defende que de-veria existir um Secretário para a Justiça e outro para a Administração.

J ASON Chao disse ao HM que espera ter uma resposta do Instituto para

os Assuntos Cívicos e Muni-cipais (IACM) ainda hoje, no que diz respeito à permissão do Governo para ocupar espaços públicos para a realização da campanha de promoção do “referendo civil”, a ser organizado pela Sociedade Aberta de Macau, presidida por Chao. Macau Consciên-cia e Juventude Dinâmica de Macau.

“Tenho esperança de ou-vir uma resposta do IACM amanhã [hoje], uma vez que normalmente respondem no dia seguinte. Não posso dar certezas, mas estou com essa expectativa”, disse Chao ao HM. A lei permite um perío-do de cinco dias úteis entre a entrega de requerimentos e a resposta do organismo.

No pedido feito ao IACM, Jason Chao requereu espaços espalhados por todo o terri-tório para fazer “reuniões”, a nomenclatura utilizada no acórdão do Tribunal de Últi-ma Instância, que se recusou a analisar o recurso interpos-

to pelo activista quando este pediu que o tribunal avaliasse a decisão do IACM em não permitir qualquer activida-de que tivesse como nome ‘referendo’.

“A Comissão do Refe-rendo Civil considera que as operações que incluem urnas de votos constituem ‘reuniões’, de acordo com a definição dada pelo tribunal. Hoje [ontem] -15 dias úteis antes de dia 24 de Agosto, o primeiro dia em que a actividade pode vir a acon-tecer -, a Sociedade Aberta de Macau informa o IACM acerca dos locais públicos onde pretende colocar as urnas de votação, posterior-mente consideradas como assembleias”, escreveu Chao no seu requerimento.

No documento entregue ao instituto, Chao especifica os vários locais onde preten-de que sejam colocadas me-sas de voto, incluindo na Rua do Campo, Rua Um do bairro Iao Hon, Rua de Coimbra, Rua de S. Lourenço e, final-mente, na Travessa Martinho Montenegro. - L.S.M.

CTM PEREIRA COUTINHO QUESTIONA ENTREGA DA TRANSMISSÃO DE SINAIS TELEVISIVOS

Depressa e bem não há quem

GOVERNO ACADÉMICO SUGERE SEPARAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO E JUSTIÇA

Reforma legislativa precisa-seREFERENDO ORGANIZAÇÃO ESPERA RESPOSTA DO IACM

É para hoje?

“A forma como foi conduzido este processo de criar apressadamente uma sociedade para canais básicos (...) pode suscitar certas dúvidas de interpretação no que toca a favoritismo ou contrapartidas entre Governo e a CTM”JOSÉ PEREIRA COUTINHO Deputado

Pereira Coutinho pergunta porque não se esperou pelo relatório da Universidade de Macau sobre a matéria, ou porque não se abriu um concurso público, deixando no ar a questão de favoritismos por parte do Governo

O contrato de concessão para o serviço de assistência na recepção de sinais de canais de televisão básicos entre a RAEM e a empresa Canais de Televisão Básicos S.A. está em vigor desde o dia 22 de Abril, tendo a duração de dois anos. Enquanto que a CTM coor-dena a transmissão dos sinais, os anteneiros ficam responsáveis pela distribuição e manutenção técnica dos mesmos.

“A forma como foi conduzido este processo de criar apressa-damente - e com dinheiro do erário público - uma sociedade para canais básicos e entregar directamente à CTM toda a responsabilidade de transmissão, ao invés da abertura de um con-

curso público ou aguardar pelo relatório final da UM para decidir a melhor forma de desenvolver o futuro mercado de televisão, pode suscitar certas dúvidas de interpretação no que toca a favoritismo ou contrapartidas entre Governo e a CTM”, defende ainda o deputado.

Pereira Coutinho acredita que “existe também outro operador de rede fixa que pode fornecer os mesmos serviços dentro de alguns meses” e questiona se o Executivo vai “divulgar publicamente os montantes globais que o Governo pagou por estes serviços, incluin-do os pagos à CTM mensalmente, devido a provisão adicional destas redes”.

Além disso, Pereira Coutinho pretende ainda saber se a Direcção dos Serviços de Regulação de Telecomunicações (DSRT) vai “instaurar processos de infracção e aplicação de eventuais multas à respectiva sociedade pela má qualidade do serviço prestado ao público”, uma vez que, segundo a interpelação escrita, o gabinete de atendimento dos deputados da Nova Esperança tem recebido queixas dos cidadãos face à fraca qualidade dos sinais de rádio e televisão. - A.S.S.

Ainda assim, diz, os problemas vão continuar a existir, pelo que é neces-sário uma reforma total ao nível da legislação.

Sunny Chan considera que o grupo escolhido pelo próximo Chefe do Execu-tivo deve ter “pensamen-tos criativos” e “assumir responsabilidades”, bem como “reestruturar a sobre-posição das responsabili-dades dos departamentos”.

“A divisão dos Secretá-rios não consegue resolver os problemas cruciais e me-lhorar todos os processos de elaboração das políticas

públicas, apenas diminui os trabalhos da justiça. Todo o grupo de Secretários tem que ter ideias inovadoras e assumir responsabilidades. Mas até agora não existe um regime de responsabi-lidades, porque nunca um Secretário foi demitido do cargo”, defendeu.

Por outro lado, Sunny Chan apontou ainda que, actualmente, no Governo existem problemas de so-breposição ou atribuições erradas das funções, pelo que é possível que a divi-são dos Secretários faça com que a estrutura dos

funcionários públicos seja ainda mais inchada. O aca-démico descarta, por isso, responsabilidades e diz que o Governo é que deve fazer a sua reestruturação.

As eventual existên-cia de seis secretarias no Governo tem vindo a ser levantada na sociedade re-centemente, mas questio-nado pelo HM, o Executivo recusa comentar. “Confor-me foi dito anteriormente pelo Chefe do Executivo, antes das eleições não há comentários sobre essas matérias”, defendeu o ga-binete de Chui Sai On. - F.F.

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hoje macau terça-feira 5.8.20146 SOCIEDADE

P ARA além das ideias sobre a conservação do património, Francisco Chan também

considera que as novas rotas para os turistas deveriam ser alteradas para o Cotai ou para a Ilha da Montanha, ao contrário da ideia defendida pelo Governo recentemente.

Questionado pelo HM sobre o projecto do Executivo em querer levar turistas a outros locais do ter-ritório, tal como os bairros antigos e zona norte, Francisco Chan pede equilíbrio e cautela. O especialista prefere que não haja muita pro-moção para essas zonas, uma vez que poderão existir consequências negativas.

ANDREIA SOFIA [email protected]

E SPECIALISTA em conservação e res-tauro, Francisco Chan compreende

o atraso do Executivo na criação da lista do patri-mónio a preservar, depois da entrada em vigor da nova legislação. A lista já deveria estar feita, mas o Instituto Cultural (IC) ainda não tem data para a entregar. Por isso, em en-trevista ao HM, Francisco Chan defende a criação de uma lista provisória.

“Já ouvi muitas pessoas dizerem que é melhor existir uma lista nova. O que sugiro é que seja feita uma lista temporária, para que o público possa ter mais informações. Penso que isso é mais razoável e flexível”, disse o pre-sidente do Instituto de Conservação e Restauro de Relíquias Culturais de Macau (ICEECM).

Defendendo que a mu-ralha situada atrás do Jar-dim de São Francisco deve-

PATRIMÓNIO FRANCISCO CHAN DEFENDE CRIAÇÃO DE LISTA PROVISÓRIA

Saber não ocupa lugar

FRANCISCO CHAN TURISTAS NO COTAI OU NA ILHA DA MONTANHA

Dividir o “mal” pelas aldeias

O presidente do Instituto de Conservação e Restauro de Relíquias Culturais de Macau considera que o Instituto Cultural deveria criar já uma lista provisória do património a preservar antes de ser feita a lista definitiva. A inclusão de uma muralha de Macau é também defendida pelo especialista, que pede ainda uma base de dados dos edifícios históricos de Macau

mos que cada vez que há um pedido de renovação ou obras em casas antigas, as Obras Públicas têm de pedir pareceres ao IC. Assim seria mais fácil”, considera.

CONSERVAÇÃO SEM INVESTIMENTOO ICRRCM costuma pro-mover vários cursos de conservação e restauro, não só na área da pintura chinesa como na conservação de livros ocidentais. Um curso de pintura a óleo será reali-zado em Outubro. Francisco Chan defende, contudo, que deveria existir uma oferta a nível do ensino superior, uma vez que falta investi-mento nesta área, diz.

ria ser incluída, Francisco Chan compreende que o trabalho de análise para a elaboração da lista seja difícil. Pede, por isso, que não seja colocada pressão pública sobre o trabalho do

IC sobre um projecto que, prevê, só verá luz verde daqui a dois anos.

“Também faço muita investigação e sei que este tipo de trabalho demora tempo. Se sair já uma lista

“É importante, porque sabemos que cada vez que há um pedido de renovação ou obras em casas antigas, as Obras Públicas têm de pedir pareceres ao IC”FRANCISCO CHAN Sobre a criação de uma base de dados actualizada de edifícios históricos

“Em muitas cidades há sempre falta de profissionais que trabalhem na área da conservação e restauro, então Macau também enfrenta o mesmo problema”

incompleta, com falta de informações e edifícios, também não será bom”, defendeu ao HM.

Francisco Chan consi-dera que seria importante incluir nessa lista, em

primeiro lugar, todo o pa-trimónio público.

O responsável pede ain-da a criação de uma base de dados actualizada sobre os edifícios históricos. “É importante, porque sabe-

“Se as universidades lo-cais tivessem estes cursos se-ria perfeito. Posso dizer que não é fácil. Mesmo em Hong Kong ou em Guangdong não existem esses cursos. Po-díamos criar uma nova área de estudos e investigação e seria bom para proteger os monumentos locais e a sua história”, considera.

Por norma, os cursos do ICRRCM recebem estudan-tes de Taiwan, Hong Kong e Macau. o interesse dos locais por esta área existe, mas não para desenvolver uma pro-fissão. “Para trabalhar nesta área às vezes é difícil, porque são raras as oportunidades nos departamentos do Gover-no ou mesmo nos privados”, aponta o presidente. Francis-co Chan estima que existam menos de 20 profissionais de conservação e restauro a trabalhar no sector público. Aqui, também se sente a falta de recursos humanos. “Em muitas cidades há sempre falta de profissionais que trabalhem na área da con-servação e restauro, então Macau também enfrenta o mesmo problema”, aponta.

“Há associações que querem atrair turistas para outras zonas, mais calmas, mas sei que há resi-dentes que moram nessas zonas que não querem isso, porque pensam que com mais turistas as zonas vão ficar cheias de pessoas, o ambiente vai ficar afectado e as rendas vão subir, seja das casas ou das lojas. Espalhar os turistas em outras áreas vai criar outros problemas, por isso tem de se fazer um equilíbrio”, disse ao HM.

No futuro, Francisco Chan não tem dúvidas: o Cotai e a Ilha da Montanha vão ser as novas zonas turísticas de excelência, facilitando o escoamento de pes-soas. “Seria uma ideia transferir os turistas para novos locais no futuro. Como o Cotai ou até a Ilha da Montanha. Quem quiser visitar a parte velha do território, conhecer a história, pode ir para a zona histórica. Quem quiser ter actividades de lazer e entreteni-

mento, pode ir para novas zonas. Talvez aí se possa conseguir um equilíbrio”, frisou.

Confrontado com o atraso na produção de um novo Regime Jurídico dos Bairros Antigos, Francisco Chan encontra uma razão. “O que sei é que é uma questão complicada. Existem outros problemas em termos de propriedade e como é que os pro-jectos de reconstrução podem ser desenvolvidos”, aponta. - A.S.S.

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7 sociedadehoje macau terça-feira 5.8.2014

LEONOR SÁ [email protected]

O Centro Comercial de In- cubação da Ilha da Mon-tanha, que vai servir de apoio às empresas de

medicina tradicional chinesa, deverá estar concluído em breve. Isso mesmo garantiu Sou Tim Peng, presidente do Conselho de Administração da Macau Investimento e Desenvolvimento, S.A., ao deputado Mak Soi Kun.

A confirmação foi feita numa res-posta a uma interpelação escrita do deputado, onde o também director dos Serviços de Economia assegura que o centro vai prestar serviços de logística a empresas de medicina tradicional chinesa que pretendam estabelecer--se no continente. “Na primeira fase, o Centro Comercial de Incubação apoiará principalmente as empresas de medicina tradicional chinesa e de convenções e exposições que tenham intenção de se desenvolver na China continental prestando-lhes facilidades em relação a endereço para registo comercial e escritórios”, pode ler-se no documento.

Desde a criação da Macau Inves-

O complexo de es-colas em Seac Pai Van, cujo projecto

de construção foi adju-dicado ao arquitecto e presidente da Associação dos Arquitectos de Macau, Ben Leong, deverá estar concluído no final de 2016, prevendo-se que as obras tenham início no segundo semestre do próximo ano.

“No que diz respeito às obras de construção dos edifícios escolares e das instalações educativas, a empresa responsável pelo design já começou o tra-balho”, disse a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), numa resposta ao HM.

A construção de esco-las oficiais, de um centro de formação de línguas e de um centro de ensino técnico-profissional será feita de forma faseada. A DSEJ disse ainda que tam-bém a ocupação das escolas

será feita por fases, pois os complexos educativos vão ter datas de conclusão diferentes. “Espera-se que a construção destas instala-ções comece no segundo se-mestre de 2015 e que, após a sua conclusão, por fases, estas entrem, progressiva-mente, em funcionamento em 2016”.

A DSEJ disse ainda que o pagamento total do projecto apenas será providenciado em 2017, após conclusão de todas as obras e a fim de certi-ficar que todos os blocos apresentam um mesmo formato arquitectónico e de decoração. “Para asse-gurar que a concepção do design será igual, a DSEJ exigiu que a empresa res-ponsável realize todas as fases do projecto, pelo que o respectivo pagamento só se efectuará, por uma vez, em 2017”, lê-se na resposta dada ao HM. - L.S.M.

JOGO DSAL PEDE MAIS COMUNICAÇÃO ENTRE AS PARTES

Manifestação segue em frente

Serviços de Saúde premeiam mãesque aceitaram amamentar os filhos Os Serviços de Saúde (SS) realizam, na próxima sexta-feira, uma cerimónia anual de reconhecimento pelas mães que decidiram amamentar os seus filhos. A iniciativa integra-se nas celebrações da Semana Mundial do Aleitamento Materno, que visa divulgar a importância deste modelo de alimentação de recém-nascidos. Em comunicado, os SS informaram que serão entregues louvores e lembranças às mães que amamentaram os filhos durante os primeiros seis meses de vida.

N O contexto das re-centes manifestações de trabalhadores do

jogo, a Direcção dos Servi-ços para os Assuntos Labo-rais (DSAL) emitiu ontem um comunicado onde pede que as operadoras de jogo in-tensifiquem o diálogo com os seus funcionários e garante que os contratos estão a ser cumpridos segundo a lei.

“O pessoal da DSAL, após ter-se reunido várias vezes com os referidos

trabalhadores e ouvido as queixas e pedidos dos mes-mos, não verificou haver, neste momento, qualquer infracção aos direitos e interesses previstos na le-gislação laboral. A DSAL exigiu às empresas em causa para intensificarem a comunicação interna com os seus trabalhadores, mantendo em conjunto uma relação de trabalho harmoniosa”, pode ler-se no documento. Este organismo

promete ainda continuar “a prestar muita atenção a esta situação”, ponderando “proceder a investigações”, caso “venham a registar-se infracções”, sendo que as mesmas “serão tratadas de acordo com a lei”.

Ontem, a empresa anun-ciou em comunicado, que vai oferecer aos seus fun-cionários um bónus mone-tário equivalente a um mês de ordenado e proceder à distribuição de acções da

empresa no valor de três meses de salário.

A atribuição dos bónus serve para comemorar os 10 anos de existência do com-plexo hoteleiro e de jogo, como forma de “expressar gratidão” para com a equipa laboral, mas o anúncio do Galaxy surge após o anúncio de mais uma manifestação, agendada para hoje, que os funcionários da operadora já garantiram que vai aconte-cer na mesma.

SEAC PAI VAN ABERTURADE ESCOLAS ATÉ FINAL DE 2016

Passo a passo

Os projectos na Ilha da Montanha decorrem a bom ritmo, discutindo-se a ocupação de mais dez quilómetros de aterros num investimento que ronda as nove milhões de patacas

ILHA DA MONTANHA CENTRO COMERCIAL DE INCUBAÇÃO QUASE PRONTO

Obras a todo o gás

“No que concerne à promoção e captação do investimento, a ‘Industrial Park Co.’ tem executado continuamente esse trabalho, através da organização de seminários de promoção, participação em exposições e bolsas de contacto, etc”SOU TIM PENG Presidente do Conselho de Administração da Macau Investimento e Desenvolvimento, S.A.

timento e Desenvolvimento S.A., em 2011, foi concluída a construção do Pavilhão de Exposições e das obras de aterros com areia. A empresa procedeu também ao aumento do capital social inicialmente pensado, bem como à prospecção das fundações para futura construção de edifícios e do Plano Geral de Construção. “Desde a consti-tuição da [empresa] e até ao momento,

concluíram-se a criação do Gabinete Preparatório, a transmissão de direitos de uso do terreno, o aumento do capital social, a alteração do objecto social, o planeamento industrial, o Plano Geral de Construção, as obras de aterro com areia para o Parque, a construção do pavilhão de exposições e o estabelecimento do regime administrativo e financeiro”, lê-se na resposta de Sou Tim Peng.

Durante os primeiros seis meses deste ano, foi ainda concluído o projecto relativo ao design daquela zona, actualmente rural e que deverá ser urbanizada.

De acordo com Sou Tim Peng, o Executivo está também a organizar ac-tividades de incentivo ao investimento naquela zona. “No que concerne à promoção e captação do investimento, a ‘Industrial Park Co.’ tem executado continuamente esse trabalho, através da organização de seminários de pro-moção, participação em exposições e bolsas de contacto, etc., por forma a promover a entrada de projectos no Parque”, explica o presidente do conselho, na resposta ao deputado.

A ideia de criar um espaço perto da fronteira de Macau dedicado à me-dicina tradicional chinesa e a outros negócios – como as indústrias culturais e criativas – nasceu em 2010 e é da responsabilidade do Governo, que tem recebido propostas para estabe-lecimento de diferentes negócios por várias empresas – a grande maioria com sede no continente –, havendo já intenção de construir um parque de filmagens de cinema e uma zona dedicada à criatividade e cultura.

Neste momento, o Governo está a discutir a hipótese de ocupar mais 10 quilómetros de aterros para a constru-ção de estabelecimentos de comida, de saúde e alta tecnologia, onde deverão ser investidos cerca de 9,1 milhões de patacas.

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8 sociedade hoje macau terça-feira 5.8.2014

Durante quatro minutos o São Januário ficou privado de electricidade, o que afectou vários sistemas do Complexo Hospitalar. A CEM explica que o novo “apagão” se deveu a “uma falha de um cabo subterrâneo”

O S Serviços de Saú-de (SS) informaram ontem que, devido a “uma quebra de

fornecimento de energia eléctrica motivada por uma falha de abas-tecimento de electricidade pela Companhia de Electricidade de Macau (CEM)”, duas cirurgias foram adiadas. A alteração não afectou o estado de saúde dos pacientes, referem os SS, mas foi preciso recorrer a um gerador para conseguir sustentar o hospital com energia durante quatro minutos.

“Durante a suspensão da electricidade foram afectados o sistema de gases médicos, o sis-tema de abastecimento de água, o sistema contra os incêndios, o sistema de segurança, uma parte dos equipamentos de imagiologia e o sistema de ar condicionado”, informaram os SS.

Bombeiros Mais 416 funcionários O Executivo deu o aval a um pedido feito pelo Corpo de Bombeiros de aumentar o número de profissionais desta área. O número de vagas para o quadro de pessoal do Corpo de Bombeiros aumentou para 1589, segundo Ordem Executiva, assinada pelo Chefe do Executivo, ontem publicada em Boletim Oficial (BO), permitindo-se, assim, o aumento de 416 pessoas. Os bombeiros pediam um aumento de, pelo menos, 400 pessoas. Agora, existem 954 bombeiros de primeira, 338 bombeiros principais, 145 subchefes e 66 chefes das carreiras de base. O Corpo de Bombeiros salientou que o aumento do pessoal satisfaz a necessidade para os futuros cinco anos. - F.F

Trânsito Mais transgressões à leiSegundo dados da Polícia de Segurança Pública, entre Janeiro a Junho deste ano, registaram-se 7517 acidentes de trânsito, um aumento de 5,04% comparado com período homólogo do ano passado. As transgressões aos regulamentos e regras de trânsito totalizaram 319 mil casos, mais 3% quando comparado com período homólogo. Além do aumento em 14 vezes dos peões que atravessaram as ruas for a da passadeira, o desrespeito pelo sinal vermelho chegou aos 3606 casos contabilizados, um aumento entre de 5,5%.

BES Oriente passa a fazer parte do Novo Banco A sucursal do antigo Banco Espírito Santo (BES) em Macau não só vai passar a ter uma nova designação como passará a integrar a estrutura do Novo Banco, nome dado ao antigo BES e que começou ontem a operar em Portugal. A informação é avançada pela Rádio Macau, que cita fontes do sector bancário, que afirmam que o BES Oriente (BESOR) “tem todas as condições para integrar o chamado banco bom e não tem activos problemáticos nem qualquer ligação com os negócios da família Espírito Santo”. Recorde-se que o HM já tinha noticiado que a crise vivida no Grupo Espírito Santo em nada afectava as operações bancárias do BESOR, tal como já tinha sido concluído da análise feita pelo Banco de Portugal. A entidade bancária, presente no território desde 1995, está assim afastada do chamado “banco mau” e dos seus activos tóxicos, que ficarão fora da alçada do Estado português.

EMILIE Tran, da Uni-versidade de São

José (USJ), foi mesmo destituída do cargo de directora da Faculdade de Administração e Li-derança da universidade. O cargo é agora ocupa-do pelo professor José Alves.

A notícia, avançada pelo jornal Macau Daily Times, confirma que Tran deixou de gerir a Faculdade da qual era

directora, embora con-tinue a exercer funções enquanto professora. Também o padre João Eleutério, que presidia a Faculdade de Estudos Religiosos – anterior-mente conhecida como Faculdade de Estudos Cristãos –, foi substituído por Arnold Monera.

Monera é proveniente das Filipinas e lecciona Grego Bíblico, Escrituras e Teologia na USJ desde

2008. Já João Eleutério é português e foi secretário da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa.

De acordo com o diário de língua inglesa, a decisão de substituir os directores das duas facul-dades da USJ deveu-se à necessidade de haver rotatividade no cargo, uma vez que acarreta uma quantidade significativa de trabalho e responsabi-

lidade. Contudo, continua a desconhecer-se a razão para a alteração do nome da faculdade dedicada ao estudo da religião.

A confirmação da substituição de Emilie Tran e João Eleutério como directores de duas das faculdades da USJ surge depois do despedi-mento de Eric Sautedé, professor de Ciência Política e marido de Emilie Tran.

SÃO JANUÁRIO NOVO APAGÃO OBRIGA A ADIAMENTO DE CIRURGIAS

Saúde às escuras

“Foram afectados o sistema de gases médicos, o sistema de abastecimento de água, o sistema contra os incêndios, o sistema de segurança, uma parte dos equipamentos de imagiologia e o sistema de ar condicionado”COMUNICADO DOS SS

Em comunicado à imprensa, a CEM explicou que o apagão ocorreu “devido a uma falha de um cabo subterrâneo”, tendo sido necessário “proceder a escava-ções para reparar a falha”.

Este não foi o único apagão nos últimos meses, sendo que até o Gabinete para o Desenvol-

vimento do Sector Energético (GDSE) já se mostrou “apreen-sivo” em relação às falhas de energia. E por isso mesmo, o Governo exigiu à CEM que faça a inspecção e manutenção da rede de transporte e distribuição de electricidade no território, de forma a evitar falhas de for-

necimento de energia eléctrica durante o resto do Verão.

A empresa de electricidade deverá entregar, o mais rápido possível, um plano de prevenção para responder ao pico da procura que caracteriza os meses quentes em Macau.

O GDSE pediu ainda à CEM que mobilizasse mais pessoal para inspeccionar as várias subes-tações espalhadas pelo território e que apertasse o controlo através do sistema de monitorização online. - HM

USJ Emilie Tran deixa a direcção a par de João Eleutério

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hoje macau terça-feira 5.8.2014 9CHINAHusi Seis executivos detidos em XangaiSeis executivos da fábrica Husi foram detidos ontem em Xangai, no âmbito do escândalo alimentar da venda de carne estragada que em Julho afectou grandes cadeias de restauração rápida, informou a agência Xinhua. A detenção foi confirmada a uma rádio local pelo director de segurança pública de Xangai, Bai Shaokang, que não revelou as identidades dos detidos, mas prometeu “duras penas” e “tolerância zero” nos delitos relacionados com a segurança alimentar. “É preciso um castigo severo para evitar que estes crimes aumentem”, disse Bai Shaokang. O escândalo alimentar foi tornado público a 20 de Julho, quando a televisão de Xangai Dragon TV revelou que a Husi tinha reprocessado carne fora da validade para vendê-la a cadeias de restauração rápida como a KFC, McDonald’s, Pizza Hut ou Starbucks.

Pêssegosque lembram nádegas vendidos com cuecasVendedores de frutas tiveram uma ideia criativa para comercializar pêssegos no Festival anual Qixi - evento que ocorre em Agosto em comemoração do Dia dos Namorados no continente. As frutas estão a ser cobertas com pequenas cuecas, fazendo uma clara alusão às nádegas humanas, segundo informações do site kotaku.com. De acordo com a publicação, cada caixa de pêssegos, com nove unidades, chega a custar 498 yuan. Após a iniciativa dos vendedores, a “nova moda” pegou em várias cidades do país, inclusive em Xangai. Com tanta repercussão, um vendedor de frutas em Nanjing afirmou ter solicitado a patente para as “cuecas de pêssego” há um mês e que terá de ser recompensado pelas infracções através do Departamento de Propriedade Intelectual.

Gaza Pequim apela a Israel pelo fim da ofensiva

P ELO menos 381 pes-soas já foram dadas como mortas depois de um forte terra-

moto de 6.5 graus na escala de Richter ter afectado, no domingo, a região de Yunnan, onde as equipas de emergên-cia tentam socorrer dezenas de pessoas que continuam desaparecidas. A última ac-tualização das autoridades, divulgada através da agência oficial Xinhua, situa o número oficial de mortos em 381, enquanto o número de feridos supera os 1800.

O primeiro-ministro do país, Li Keqiang, visitou ontem a região afectada pelo terramoto para supervisionar as tarefas de socorro, enquanto o presidente Xi Jinping pediu às equipas de resgate para “maximizar os esforços para salvar vidas e garantir o cui-dado dos afectados”. Xi pediu ainda para que fosse reforçada a prevenção nas regiões mais afectadas para evitar que possíveis réplicas causassem mais vítimas.

O terramoto, o pior que

ONU OFERECE APOIOAs Nações Unidas ofereceram no domingo assistência à China para os afectados do sismo registado no sudoeste do país. “A ONU está preparada para apoiar os esforços para responder às necessidades humanitárias causadas pelo desastre e para mobilizar qualquer ajuda internacional necessária”, afirmou o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, num comunicado divulgado pelo seu porta-voz. Na mensagem, o responsável da organização internacional transmite as suas condolências ao governo chinês e às famílias dos falecidos, assim como o seu apoio aos feridos e outros afectados pela catástrofe.

TERRAMOTO MAIS DE 300 VITIMAS MORTAIS

Enterrar os mortose cuidar dos vivosa província de Yunnan veri-ficou em 14 anos, aconteceu às 16:30 de domingo, a cerca de 12 quilómetros de pro-fundidade, com o epicentro localizado em Ludian, um território que tem 439 mil

habitantes e que pertence à cidade de Zhaotong.

A zona afectada pelo ter-ramoto é aparentemente uma aérea afastada e exclusivamen-te agrícola, com casas vulne-ráveis e de construção antiga.

A maioria das mortes e feridos aconteceu onde o epicentro foi localizado, onde ainda se procuram os que continuam desapareci-dos. Também se registaram mortos em Qiaojia e Huize.

As estradas fechadas e as chuvas contínuas estão a dificultar os trabalhos de resgate, nos quais participam sete mil homens, entre solda-dos, polícia e bombeiros, que trabalham para encontrar so-breviventes e levar os feridos para áreas mais seguras.

Por enquanto há 57.200 pessoas que estão à espera de ser realojadas.

De acordo com dados

oficiais, mais de 12 mil casas ruíram e cerca de 30 mil ficaram danificadas.

As previsões meteo-rológicas indicam que os temporais podem continuar durante os próximos dias, o que também dificulta a en-trada de comida e remédios no local afectado.

Alguns médicos dos hos-pitais mais próximos informa-ram à Xinhua que estão “com uma grave escassez de remé-dios” e que “as condições são pobres demais para operar os feridos de maior gravidade”.

Após o forte terramoto, a região sofreu mais de 210 réplicas, três delas de mais de 4 graus na escala de Ri-chter, e os especialistas ad-vertiram que poderiam vir a ser registados mais tremores de entre 5 e 6 graus.

O ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, apelou a Israel que

coloque fim à sua ofensiva na Faixa de Gaza e levante o bloqueio imposto ao enclave desde 2006.

Wang fez estas declarações durante uma conferência de imprensa com o seu homólo-go egípcio, Sameh Choukri, no Cairo, onde decorrem conversações para uma trégua no conflito israelo-palestiniano, na presença de uma delegação da Palestina e o enviado norte--americano para o Médio Oriente.

Israel, por seu lado, recusou enviar re-presentantes para esta reunião.

“Os dois lados, os israelitas e os palesti-nianos, devem imediatamente e totalmente cessar o fogo, incluindo os ataques aéreos,

as operações no solo e os tiros de foguetes, para salvar as pessoas e a paz na região”, declarou o chefe da diplomacia chinesa. “Qualquer acção que implique o uso ex-cessivo da força e conduza a vítimas civis é inaceitável”, disse, acrescentando que Israel deve “levantar o bloqueio” à Faixa de Gaza.

O Egipto, habitual mediador dos conflitos entre Israel e Hamas, acolheu no domingo uma delegação palestiniana que foi discutir uma eventual trégua na Faixa de Gaza, em presença, nomeadamente, do enviado norte--americano para o Médio Oriente, Frank Lowenstein.

Israel recusa-se a enviar representantes argumentando que o Hamas não está inte-ressado “num acordo”.

57.200pessoas à espera de ser realojadas

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10 hoje macau terça-feira 5.8.2014EVENTOS

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

OS TAMBORES DA CHUVA • Ismail KadareMuralhas ensanguentadas que milhares de homens tentam, apesar de tudo, es-calar; um comandante-chefe, cujo destino está dramaticamente ligado à tomada daqueles muros; uma angústia constante sob um sol tórrido. Estes acontecimen-tos desenrolam-se no século XV e a praça sitiada é uma cidadela albanesa que pode evocar Tróia, mas remete mais seguramente para a situação da Albânia moderna, dos anos 1960, sujeita a um bloqueio implacável por parte dos países socialistas. Com a precisão de um processo verbal, esta crónica impiedosa de uma sucessão de dias cheios de calor, crueza e morte introduz-nos lentamente na sua angústia, uma angústia estranha plena de uma luz que encandeia.

A VISTA DESARMADA, O TEMPO LARGO ANTOLOGIA • Poetas em homenagem a Vasco Graça MouraNo ano em que se comemoravam os cinquenta anos de vida literária de Vasco Graça Moura, trinta e três poetas portugueses dedicam-lhe um poema inédito. O livro é uma parceria entre a Quetzal Editores e o Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos da Universidade de Coimbra. Autores: Ana Hatherley, Fernando Pinto do Amaral, Pedro Tamen, Jorge Sousa Braga, Luís Quintais, Armando Silva Carvalho, Ana Luísa Amaral, Luís Filipe Castro Mendes, A.M. Pires Cabral, Nuno Júdice, Maria Teresa Horta, Manuel Alegre, Yvette Centeno, Jaime Rocha, Hélia Correia, Maria do Rosário Pedreira, entre muitos outros.

Durante um mês uma série de lojas vão ter expostos trabalhos de artistas locais e estrangeiros, ao mesmo tempo que oferecem promoções especiais dos seus produtos

A promoção “Go Sees” vai ter a sua segunda edição, este ano, entre 9 de Agosto e

8 de Setembro, fruto da parceria entre a empresa MO-DESIGN e sete estabelecimentos locais.

Para além de oferecerem uma série de descontos e ofertas especiais durante este período, as lojas vão também realizar exposições de arte por artistas locais e não só, além de organizar workshops sobre diferentes temas. A intenção, segundo o comunicado de imprensa, é criar uma nova experiência de compras, ao mesmo tempo que se ambiciona fundir a arte ao consumismo.

Assim, a “Communal Table”, um café situado na Rua Formosa, vai apresentar trabalhos de Takahisa Hashi-moto, do Japão. O artista vai exibir neste local uma série de pinturas relacionadas com a vida, que espera que proporcionem ao público uma visão mais optimista da sua própria vida. Takahisa, membro da Associação de Designers Gráficos do Japão e da Sociedade de Ilustradores de Nova Iorque, recebeu em 2008 a medalha de ouro desta sociedade.

Por seu lado, a “Gorilla Store”, que vende produtos para

Fórum sobre promoção digital no MGMNo dia 13 de Agosto, pelas 14h30, decorre no Grand Ballroom do Hotel MGM um fórum ligado aos prémios “Effie China Awards 2014 – Macau”. No evento, vão discursar Amber Liu, fundador e presidente da “Amber Communications”, Aaron Zhang, parceiro do “Grupo arkr” e gerente da “arkr Digital”, Tomaz Mok, presidente da “McCann Erikson China” e Owen Jia, presidente da “Greater China Effie”. Os convidados vão falar de temas ligados à promoção de marcas na esfera digital. Os prémios Effie são atribuídos anualmente pelo mundo fora de maneira a galardoar as ideias mais efectivas nas áreas de marketing e de comunicação. A versão relativa à China teve lugar em Macau no dia 22 de Abril do corrente ano.

PROMOÇÃO “GO SEES” EM MACAU ESTE VERÃO

Arte e consumo combinados

P RODUÇÕES exube-rantes, coreografias ensaiadas e concebidas

meticulosamente, canções hiperactivas, esta é a receita da k-pop, género musical nascido na Coreia do Sul e que no domingo foi tema de um festival no Museu do Oriente, em Lisboa.

O fenómeno do cantor PSY e do seu Gangnam Style foi a grande porta para que a k-pop extravasasse as fronteiras do leste asiático e chegasse ao mundo oci-dental. Mas a k-pop, género

musical da Coreia do Sul, é muito mais que um mero fenómeno passageiro e tam-bém já chegou a Portugal. No domingo, o Museu do Oriente, em Lisboa, acolheu o K-Pop Portugal Festival, onde os fãs portugueses desta música deram voz a algumas das suas canções preferidas.

Nesta corrente dominam as girl bands e as boy bands, cujas canções exuberan-tes vão beber às correntes mais populares da música ocidental dos últimos anos,

aliando a isto uma imagem garrida, telediscos que são concebidos como pequenos filmes e uma presença muito ativa nas redes sociais.

A receita, popularizada nos últimos anos por grupos como as Girls” Generation, Big Bang, 2NE1 ou as 4Minute, tem conquistado milhares de adeptos não só no seu país de origem e entre os vizinhos, mas também no mundo ocidental, sendo hoje a k-pop uma das grandes fontes de exportação cultural da Coreia do Sul.

A k-pop coreana já chegou a Portugal

decoração de interiores na Cal-çada da Barra, vai-se associar a Eric Fok. O artista local vai mostrar as suas já conhecidas ilustrações de mapas antigos, que pretendem mostrar um Ma-cau antigo e descongestionado, que se movia a uma velocidade mais lenta.

Os seus trabalhos já foram exibidos em Nova Iorque, In-glaterra, Itália, Portugal, Japão, Singapura, China e Hong Kong, entre outros, e fazem ainda parte de variadas colecções, como por

exemplo a do Instituto Cultural e da Fundação Oriente.

O estabelecimento “Ka-fka”, que vende doces e sobremesas na Rua de Braga, na Taipa, vai apresentar uma série de imagens da autoria de Miss Bean, inspirados numa dúzia de pequenos contos do famoso escritor Frank Kafka. Miss Bean, natural de Hong Kong, é conhecida como uma fotógrafa independente, artista visual e directora de arte que já viu os seus tra-

Obras de Takahisa Hashimoto no café “Communal Table”

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11 eventoshoje macau terça-feira 5.8.2014

PROMOÇÃO “GO SEES” EM MACAU ESTE VERÃO

Arte e consumo combinadosbalhos serem cobertos por publicações como a revista Blink e Tao.

Ainda na Taipa, o restau-rante “Maquette”, que oferece comida italiana e francesa na Estrada Lou Lim Ieok, vai apresentar uma série de pinturas de Caratoes. Esta ar-tista belga, radicada em Hong Kong desde o ano passado, é conhecida pela sua arte de rua e acabou recentemente de decorar o escritório local da Facebook, além de ter realizado trabalhos para uma extensa lista de clientes.

Entretanto, a loja de moda

“obèse.plein”, que vende roupa desta marca local na Calçada do Gaio, apresenta uma série de trabalhos de Nono Leong. Inspirado pelo tema combina-ção, o artista de Macau impri-miu uma série de imagens em materiais especiais de maneira a que as peças pareçam mover--se à medida que os clientes percorrem o estabelecimento. Nono, após completar um curso de Comunicação Gráfica no Instituto Politécnico, traba-lhou para o Instituto Cultural desde 2000 e até 2013, tendo de seguida fundado o Estúdio de Design Chiii.

A loja de decoração de interiores “Signum Living Store”, localizada na Rua do Almirante Sérgio, vai, por sua vez, apresentar ilustrações de Peter Yuill baseadas em arquitectura, que se integram no conceito da loja, derivado do latim signum - design, símbolo ou sinal. Este artista canadiano, que reside em Hong Kong, começou o seu trabalho como um artista de graffiti e obteve um bacha-relato de artes em ilustração pela Sheridan College de Toronto.

Por fim, “Visual Culture”, a oculista de Hong Kong que vende óculos feitos à mão que vão do tradicional ao moder-no na Travessa do Bispo vai cooperar com a estilista de moda local Dora Un, que vai aqui mostrar algumas das suas mais recentes criações. Dora estudou Design de Moda no Instituto de Arte da Califórnia, tendo de seguida regressado ao território, onde abriu a sua boutique - “a.dora.ble” - em 2014.

Obras de Tore Cheung na loja “Daydream Nation” Obras de Eric Fok na loja “Gorilla Store” Obras de Lio Yeung na loja “Jouer”

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12 DESPORTO hoje macau terça-feira 5.8.2014

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J ORGE Jesus decidiu revo-lucionar o “onze” inicial para a segunda partida da Emirates Cup, dispu-

tada neste domingo, frente ao Valência. Apenas Artur e Sidnei repetiram a presença em relação à equipa que, menos de 24 horas antes, tinha averbado uma copiosa derrota com o Arsenal (5-1). E o desfecho não foi muito diferen-te: derrota por 1-3, com os três golos do adversário a surgirem de rajada.

O jogo até começou de forma favorável para a equipa portuguesa, que entrou pratica-mente a vencer. Uma desatenção defensiva do Valência foi bem aproveitada por João Teixeira, que libertou Franco Jara para uma assistência para Derley. O brasileiro abriu o marcador logo aos 2’.

O Benfica apresentava uma maior organização defensiva, privilegiando as saídas rápidas para o ataque. E aos 39’, meia hora depois de Pablo Piatti ter

Grande Prémio Mundial de Voleibol da FIVBEste ano, o “Grande Prémio Mundial de Voleibol da FIVB, Macau 2014”, vai decorrer entre 15 e 17 de Agosto no Fórum de Macau. O evento, organizado pelo Instituto dos Desportos e pela Associação de Voleibol de Macau - com o patrocínio do Grupo Galaxy - é reconhecido pela Federação Internacional de Voleibol (International Federation of Volleyball – FIVB). Este ano a competição engloba quatro equipas de entre as 10 melhores do mundo. A Ásia vai ser representada pelo Japão, China e Coreia do Sul, enquanto que a Sérvia luta pela dignidade do continente europeu. Os vencedores do torneio de Macau progridem depois para as finais. Os bilhetes, que custam 150 patacas cada, podem ser adquiridos em alguns estabelecimentos “Circle K” ou através da internet.

JESUS MUDOU TUDO, MAS O BENFICA VOLTOU A PERDER

Águia demora a levantar voo

rematado ao poste da baliza de Artur, Franco Jara dispôs de uma boa oportunidade para aumentar a vantagem, com um grande pontapé ao ferro da baliza do Valência.

Com o intervalo, tudo pare-ceu mudar. O Valência, já com André Gomes e Rodrigo em campo, entrou mais acutilante e o Benfica perdeu intensidade.

Em dez minutos os campeões nacionais consentiram três go-los, colocando, uma vez mais, a nu as fragilidades defensivas mostradas na véspera.

A recuperação do Valência passou por duas investidas do lado esquerdo do ataque, benefi-ciando de falhas na marcação do recém-entrado Luis Felipe. Aos 49’, o lateral Gayá recebeu um passe de Guardado e rematou por baixo do corpo de Artur. Cinco minutos depois, o mesmo Gayá fez um remate cruzado, defendi-do por Artur, mas rapidamente apareceu Piatti a finalizar sem oposição.

O Benfica acusou os dois go-los sofridos e teve muitas dificul-dades em conseguir organizar-se. De tal forma que não foi preciso esperar muito mais tempo para que o resultado se avolumasse. Andrés Guardado fez um remate à entrada da área na direcção de Artur (59’). O guarda-redes brasileiro tinha tudo para segurar a bola mas facilitou.

Com uma vantagem de dois golos, os espanhóis geriram o ritmo de jogo, trocando a bola a seu bel-prazer. Até ao final da partida, o Benfica esboçou uma resposta, corporizada por um cabeceamento de Sidnei (76’) e um remate de Derley (83’), mas o resultado não sofreu alteração.

Os “encarnados” saem do torneio londrino com duas der-rotas e oito golos sofridos, mas será o falhanço da equipa como um todo que deve preocupar Jorge Jesus. No final da partida, o técnico sublinhou que “não há nenhum clube que perca oito titulares e que em quatro sema-nas possa montar uma equipa”. Admitindo as fragilidades do plantel actual, Jesus destacou a necessidade de encontrar três reforços prioritários: um guarda--redes, um médio-defensivo e um avançado. Quanto a Enzo Pérez — que poderá estar perto do Valência — o treinador disse contar com o jogador para a Supertaça. - Público

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A O longo da história os “bár-baros” queimaram bibliotecas (Alexandria, Babilónia, Bag-dad, Chile, Palestina), corta-

ram os dedos de cantautores (Victor Jara) e mataram Gassan Kanafani, mas esque-ceram, mais uma vez, que as pessoas po-dem morrer mas “a ideia”, “o pensamento” e “a esperança” crescem, se fortalecem e multiplicam e são o pão do qual os amantes da humanidade e da liberdade se alimentam. Gassan Kanafani foi um dos mais destacados valores da literatura contemporânea palestina. Se Mahmoud Darwish representa a poesia, Kanafani representa a narrativa, e especificamente a narrativa do exílio.

Kanafani, como quase todos os escri-tores palestinianos, é um intelectual pro-fundamente comprometido com a causa do seu povo. A partir dos 15 anos, esteve activamente envolvido na Resistência, filiando-se em 1953, ao Movimento dos

NOVELAS- Homens ao sol. Beirute, 1963.- O que nos resta. Beirute, 1966.- Umm Saad. Beirute, 1969.- Voltar para Haifa. Beirute, 1970.

ROMANCES EM ESPANHOL- Kanafani, Ghassan.Hombres en el sol; Lo que os queda; Un Saad.Madariaga, M. Rosa de (trad). Ediciones Libertarias-Prodhufi, 1988. 176 p. ISBN: 84-404-2758-1- Kanafani, Gassan. Un mundo que no es nuestro. Prieto González, María Luisa (trad). Huerga y Fierro Editores, 1995. 224 p. ISBN: 84-88564-66-X- Kanafani, Gassan. Umm sa’d. Abdallah El-Geadi, Mohamed (trad). Elgeadi Abdallah-Brahim, Mohamed, 1998. 96 p. ISBN: 84-404-2758-1

OBRAS DE TEATRO- A porta. Beirute, 1964.- Um mundo que não é nosso. Beirute, 1965.- O chapéu e o profeta. Beirute, 1973. Incompleta- Ponte para a eternidade. 1978.

COLETÂNEAS DE CONTOS- Morte na cama número 12. Beirute, 1961.- A terra de laranjas tristes. Beirute de 1963- Sobre homens e rifles. Beirute, 1968.- A camisa roubada e outras histórias. 1982

ENSAIOS- Literatura da Resistência na Palestina Ocupada 1948-1966.- Sobre a Literatura Sionista. 1967.- Literatura Palestina de Resistência sob a Ocupação 1948-1968. 1968

GASSAN KANAFANIUMA ARMA CHAMADA PALAVRA

Há 42 anos, Gassan Kanafani, um dos mais brilhantes escritores palestinianos, foi assassinado por agentes do serviço secreto israelita que colocaram explosivos no seu carro no dia sábado 8 Julho de 1972, em Beirute. Multifacetado, foi historiador, pintor, designer, escritor e jornalista de destaque. Só conseguiu viver até os 36 anos, embora nunca tenha usado armas de fogo para defender o seu povo: a sua melhor arma foi a palavra

Palestinalibre.org

Nacionalistas Árabes, e a partir de 1967, à Frente Popular para a Libertação da Pa-lestina (FPLP). Em 1956, emigrou para o Kuwait e em 1960 mudou-se para Beirute, onde se destacou como jornalista comba-tivo, tornando-se director do jornal “Al--Muharrir” e fundando do semanário “Al--Hadaf”, órgão oficial da FPLP.

Além da sua intensa actividade jor-nalística, Kanafani deixou uma narrativa considerável (contos e romances), que tem como tema central o sofrimento e o exílio do povo palestino. A sua obra ficou conhecida ao longo dos anos 60 e 70 e são um testemunho impressionante, tanto por seu realismo gritante e boa descrição de situações e personagens, como pela in-discutível qualidade literária que ganhou o reconhecimento da crítica especializada. A toda esta dimensão criativa é preciso acres-centar seus ensaios literários e seu trabalho sobre questões políticas, que revelam um temperamento preocupado com as defini-ções ideológicas e o destino de seu povo.

Em 1988, a Editoria Arte e Literatura de Cuba, especializada em traduções de literatura estrangeira, publicou um dos trabalhos mais importantes de Kanafani, a obra que provavelmente tem lhe dado mais prestígio: Homem ao sol, publicada em Beirute (refúgio tradicional da inteligência palestina) em 1963, com ilustrações de Muna Al Saudi. Esta novela ou romance curto aborda directamente a questão do exílio, a necessidade imperiosa de emigrar que tem os palestinos pobres, oprimidos e humilhados. A história gira em torno de três palestinos pertencentes a três gerações que lutam desesperadamente para chegar ao Kuwait, uma espécie de miragem da “terra prometida “, um país que, suposta-mente, irá lhes oferecer bem-estar e fazê--los esquecer suas inúmeras dores.

Através de uma série de acontecimen-tos e imagens que definem a estrutura da obra, Kanafani consegue prender a aten-ção do leitor, introduzindo directamente na tragédia de um povo cuja sobrevivên-cia é um desafio para toda a humanida-de, sem distinção de partidos, credos ou nações. Seguindo o caminho da estrada para o Kuwait, Kanafani irá delinear cui-dadosamente a psicologia destes persona-gens populares: Abu Kais, um idoso que representa a geração derrotada; Assad e Marwan, representantes da nova geração,

personagens atormentados pela miséria física e social com uma lembrança em co-mum: a experiência nos campos de refu-giados. Homens da Palestina eterna que fogem de si mesmos, de sua sombra, do seu passado, mas são incapazes, pelo seu individualismo extremo, de vislumbrar uma alternativa libertadora. A morte dos três personagens em um caminhão cister-na é o símbolo dessa impotência.

É evidente na narrativa de Kanafani a presença elementos líricos que operam na história como recursos dramáticos ou emocionais: a mesma dispersão da escrita, estruturação em base de episódios, cenas instantâneas e lembranças propiciam um clima eminentemente poético à dura te-mática realista e a inocultável realidade social.

“Os seus olhos encheram-se de lágri-mas. Sentia-as brotar, ardentes, como um manancial que desde as entranhas fluía até transbordar em choro. Ele queria di-zer algo, mas não podia. Virou-se e saiu para a rua. Ao seu redor tudo flutuava por trás um véu de lágrimas não derramadas. Outra vez o presente: o rio que se fundia com o céu no horizonte.”

Fragmento como este nos dá uma ideia do temperamento estético Kanafani e sua capacidade de transmitir imagens da realidade.

OBRAS

Apesar de ter morrido aos 36 anos, Kana-fani foi um autor prolífico. Escreveu quatro romances completos (e três inacabados), cinquenta e sete contos, três obras de tea-tro completas (e uma incompleta), três ensaios literários e uma infinidade de ar-tigos jornalísticos. A temática do trabalho de Kanafani  expõe (e tenta responder) a

questões como a identidade palestiniana, a pátria (e terra) perdida, a situação dos refugiados e a tomada de consciência indi-vidual e colectiva. No entanto, o trabalho de Kanafani excede os limites da situação palestina apresentando temas universais como a felicidade passada, o drama da imi-gração ou a relação entre o tempo e a me-mória. Mas, se há um tema que se destaca acima de todos os outros, este é a constru-ção da nação palestina através da narrativa. O trabalho de Kanafani não é apenas uma crónica de seu tempo ou uma maneira de informar a situação do povo palestino, o trabalho de Kanafani responde à necessi-dade de construção de (literalmente) uma nação que, até o desastre de 1948, não tinha sentido essa necessidade. No seu trabalho, a nação palestiniana é uma narra-tiva que é construída por diferentes ferra-mentas textuais (a ideia de nação-narração é amplamente definida na obra de Homi K. Bhabha, Nation and Narration). Kanafani utiliza diferentes recursos estilísticos, tais como o simbolismo, o diálogo interno a memória ou impressões sensoriais para, as-sim como Yahya Omar Hassan e Noritah sugerem, criar uma terra, uma nação e criar um espaço para ele e para o seu povo.

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DaviD P. GolDmanIN ASIA TIMES ONLINE

N ENHUM desastre na his-tória do mundo foi mais previsível nem de prepa-ração mais demorada. O

grande romance de Robert Musil, O homem sem qualidades,[1] mostra a elite vienense nos meses antes da guerra, com suas preocupações pequenas, sem se dar conta de que o mundo dela es-tava às vésperas de desaparecer. É o maior anti-romance europeu, porque a premissa auto-referencial — os pro-tagonistas não sabem o que todos os leitores sabem — impede que o roman-ce tenha fim. Não há escolhas certas, porque nada pode impedir que aquele mundo-bolha rebente. Depois de Mu-sil — meta-Musil, por assim dizer — vem a grande evacuação. O romance é considerado obra-prima no mundo de língua alemã.

Agora, que estamos em pleno 100º aniversário da 1ª Guerra Mundial, ou-viremos número infindável de varia-ções de lamentos pela Civilização Oci-dental. Todos dirão mais ou menos o seguinte: no auge de sua prosperidade, de descobertas científicas e de realiza-ções de grande arte, as nações euro-peias, de repente, inexplicavelmente, mergulharam em massacres mútuos e prepararam o terreno para o grande massacre que viria, de 1939 a 1945. Nada disso. Está errado, simplesmente errado. 

A Europa já fizera a mesma coi-sa antes, por duas vezes: primeiro, na Guerra dos 30 Anos, de 1618-1648; e depois, outra vez, nas Guerras Napo-leónicas, de 1797-1814. 

As baixas francesas nas Guerras Napoleónicas foram comparáveis às da I Guerra Mundial, em relação à po-pulação. A França perdeu de 1,4 a 1,7 milhões de homens, sob Napoleão, de uma população total de 29 milhões. Tipicamente, no século XIX, homens de 17-49 anos constituíam 1/5 da po-pulação. O total de contingente militar humano da França Napoleónica era de menos de 6 milhões de homens, o que

MUSIL E META-MUSILA inevitável I Guerra Mundial

O Ocidente não estava grávido, em Agosto de 1914; só estava com prisão de ventre. Em vez de parir o futuro, esvaziouos intestinos com fúria

significa que as baixas alcançaram 23-28% do total da população masculina activa, mais do que na I Guerra Mun-dial. Muitos mais de outras nações tam-bém morreram; dos 500 mil soldados do exército poliglota de Napoleão que marchou para a Rússia em Junho de 1812, só 16 mil voltaram. 

Os eventos de 1914-1939, como Winston Churchill disse bem, foram “uma segunda Guerra dos 30 Anos”. De facto, a primeira Guerra dos 30 Anos foi, em vários sentidos, pior. Matou quase metade da população da Europa Central e deixou vazias grandes áreas da Espanha e da França. 

Obnubilados como somos pela ideia de Progresso, do Iluminismo, rapidamente apagámos o precedente dos nossos próprios problemas. Na leitura ‘das Luzes’, a Guerra dos 30 anos foi um conflito religioso, a última orgia de sangue da superstição medie-val, antes que a Idade da Razão var-resse de vez as teias do fanatismo. É absolutamente falso: depois da revolta inicial, abortada, dos Protestantes da Boémia contra o Império Austríaco, a Guerra dos 30 Anos tornou-se confli-to franco-espanhol, luta de fanáticos dos dois lados, que acreditavam que a respectiva nação teria sido escolhida por Deus para ser seu agente na Terra. Foi guerra religiosa, afinal de contas, mas guerra entre duas leituras nacio-nalistas pervertidas do cristianismo católico. A mesma megalomania etno-cêntrica impeliu as nações da Europa na direcção de 1914. 

A guerra poderia ter sido evitada, afinal; e montar cenários nos quais teria sido evitada é uma espécie de prática artesanal doméstica, para historiado-res. Esses cenários são mal disfarçadas ‘lições’ de política para o presente. Sou autor de um livro desses, de cenário em que a guerra seria evitada, a saber, uma guerra alemã preventiva contra a França durante a Primeira Crise do Marrocos de 1906 (vide Why war co-mes when no one wants it, Asia Times Online, 2/5/2006). 

As causas objectivas da guerra são bem conhecidas e infindavelmente analisadas. A Alemanha tinha a econo-mia e população que mais rapidamente cresciam; os rivais, para conter sua in-fluência, a cercaram.- Com a população estagnada, a França não poderia esperar reconquistar para si as províncias de Alsace e Lorraine que perdera para a Alemanha em 1870 - nem vencer qualquer guerra futura, a

menos que fosse guerra imediata. Da paridade em meados do século 19, em 1914 a população alemã já era 1,5 ve-zes maior que a da França. - A Alemanha não poderia concentrar seu exército num ataque esmagador contra a França, se esperasse até a Rús-sia ter construído sua rede ferroviária interna. - A Áustria não conseguiria manter as etnias fraccionadas dentro do Império, sem castigar a Sérvia. Não poderia ga-rantir direitos iguais aos sérvios, sem provocar os húngaros, que tinham po-sição privilegiada no império; só resta-va suprimi-los. - A Rússia não poderia manter controlo sobre a parte oeste industrializada do império - Polónia, Ucrânia, os estados do Báltico e a Finlândia - se a Áustria humilhasse seu aliado sérvio, e a Rússia dependia dessas províncias para o gros-so dos impostos que arrecadava. - A Inglaterra não poderia manter o equilíbrio de poder na Europa, se a Alemanha esmagasse a França.

Nenhuma dessas potências con-seguiria prosseguir sem encarar risco existencial: no caso da França, uma posição enfraquecida, sem esperanças, ante a Alemanha; no caso da Alema-nha, uma eventual ameaça por uma Rússia industrializada; no caso da Áustria, rompimento do Império, por efeito de agitação eslavófila; no caso da Rússia, a perda das províncias do oeste, que cairiam na órbita teutónica; e no caso da Inglaterra, a irrelevância no continente, com desafio inevitável contra seu poderio nos mares. 

Há vários excelentes relatos dos eventos que levaram à eclosão da guerra em Agosto de 1914, um mais recente dos quais é Os Sonâmbulos, de Christopher Clark.[2] Cada um dos

combatentes, de facto, dar-se-ia me-lhor se conseguisse declinar dos com-bates. Mas isso significaria abrir mão da reivindicação de superioridade nacional que motivara os combates. Combateram, em outras palavras, não porque tivessem, no sentido estrito da palavra, de combater, mas por causa do tipo de gente que eram. Evan deixa implícito que não estariam raciocinan-do. Mas com o quê, então, estariam a sonhar? 

Os europeus lutaram a Grande Guerra de 1914 para evitar converte-rem-se no que são hoje. Mas, como o homem na história de Somerset Mau-ghan,[3] que tinha encontro com a mor-te em Samarra, arranjaram um modo de apressar o encontro. 

Ainda causa escândalo na Alema-nha, que o maior romancista alemão do século XX, Thomas Mann, tenha saudado com entusiasmo a chegada da guerra. Tinha o “coração incen-diado” na declaração de guerra, e “sinto-me em triunfo com o colap-so do odiado mundo da paz, com a desgraça da corrompida ‘civilização’ mercantil-burguesa, eternamente ini-miga do heroísmo e do génio.” Mann louvou o “indispensável papel, como missionário”, da Alemanha; contras-tou a Kultur alemã à mercenária Zivi-lisation ocidental. 

Mann capturara o humor nacio-nal. A Alemanha combateu a I Guerra Mundial sob o estandarte da Kultur. Em 1915, 93 dos principais intelectuais e artistas alemães assinaram manifesto em que justificavam o clamor da Ale-manha por guerra, em nome da supe-rioridade cultural. Esse é o cerne de uma fala de feia fama de Hans Johst, autor de uma peça teatral de propagan-da nazista, Schlageter,[4] apresentada no aniversário de Hitler, depois de os na-zis terem chegado ao poder, em 1933: “Quando ouço a palavra ‘cultura’, solto o travão da minha pistola.” Entende--se, em geral, que esta fala mostraria que os nazis eram analfabetos, o que não é verdade; Hitler era pintor, mau pintor, mas pintor; e amante da música. Na verdade, sempre manifestou rancor contra o sacrifício inominável que o velho regime exigia, a serviço dos ve-lhos ideais. 

Thomas Mann entusiasmava-se com a estética da guerra: as mesmas qualida-des e as mesmas atitudes que dão forma à arte dão forma à guerra. Por estranho que soe, por mais que perturbe, Mann estava absolutamente certo: a arte e a

“OS EUROPEUS LUTARAM A GRANDE GUERRA DE 1914 PARA EVITAR CONVERTEREM-SE NO QUE SÃO HOJE. MAS, COMO O HOMEM NA HISTÓRIA DE SOMERSET MAUGHAN QUE TINHA ENCONTRO COM A MORTE EM SAMARRA, ARRANJARAM UM MODO DE APRESSAR O ENCONTRO”

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15 artes, letras e ideiashoje macau terça-feira 5.8.2014

(Continua na página seguinte)

guerra exigem o mesmo irrestrito com-prometimento existencial. 

Num artigo de 2010,[5] argumen-tei que isso ajuda a explicar por que os israelitas tão frequentemente são músicos tão notáveis, os melhores do mundo clássico. Não apenas herda-ram muitos dos melhores professores da Europa Central, mas, como nação, amam e buscam, muito mais do que temem e rejeitam, o risco; e o que faz as grandes interpretações musi-cais é um senso de risco.  “Und setzet ihr nicht das Leben ein/Nie wird euch das Leben gewonnen sein”, cantam os soldados da cavalaria de Wallenstein, no drama de Schiller, de 1799, sobre a Guerra dos 30 Anos: se não apostas

a própria vida, não ganhas a vida para ti mesmo. Com a Alemanha destroçada em 1945, Mann declarou então que a cultura alemã chegara ao fim. Esse é o ponto de seu grande romance do pós--guerra, Doutor Fausto:[6] o protagonista, Adrian Leverkuhn, enlouquece com-pondo uma cantata atonal cujo objecti-vo é “retomar” a 9ª Sinfonia de Beetho-ven - para substituir por aleatoriedade vazia, a harmonia ordenada do passado europeu. 

Os asiáticos, que abraçaram em grandes números a música clássica oci-dental, devem estranhar muito que essa arte magnífica seja tão negligenciada nas suas terras de origem. A resposta é que nós, no ocidente, nós todos, solta-mos o travão da pistola quando ouvi-

mos a palavra “cultura”. A cultura har-moniosa, ordeira e optimista da Europa de pré-1914 é carregada de lealdade à tradição, quer dizer: de atitudes que nos levaram para as trincheiras. Des-prezamos a cultura, porque abomina-mos a autoridade, a tradição, a lealda-de, quer dizer, virtudes que os asiáticos ainda cultivam. Abominamos arte que exija de nós que reconheçamos autori-dade superior - do génio subordinado à tradição, ao precedente - e preferimos uma cultura popular que tudo nivelaria, com a qual nós podemos nos identificar como supostos iguais (vide American Ido-latry,  Asia Times Online, 29/8/2006). Mas há uma dimensão da arte ocidental - a abertura para o risco - que a maio-

ria dos asiáticos tem muita dificuldade para entender. 

O importante historiador católi-co George Weigel[7] observa que, em 1914, até o clero católico “bebeu fundo no poço de um nacionalismo que pa-recia além do alcance da crítica cristã moral. Assim, quando o Colégio de Cardeais reuniu-se em Setembro de 1914 para eleger um sucessor do Papa Pio (...), o cardeal alemão Felix von Hartmann disse ao cardeal belga Desi-ré Mercier: “Espero que não tenhamos de falar de guerra”, ao que Mercier res-pondeu pronto: “E eu espero que não tenhamos de falar de paz.” 

Weigel cita o capelão alemão que cantava “Fúria sobre a Alemanha! Oh, grande guerra santa da liberdade!”, e o

bispo anglicano de Londres, que con-clamava os fiéis de sua congregação a matar alemães: “Matem-nos, não ma-tar por matar, mas matar para salvar o mundo; matar os bons, e também os maus. Matar.” Weigel pensa que esse nacionalismo maligno tem raízes no século anterior à I Guerra Mundial. Não concordo. A megalomania da ‘nação eleita’ motivou franceses e es-panhóis, os dois lados da Guerra dos 30 Anos. Como escrevi em meu livro de 2011, How Civilizations Die (and Why Islam is Dying, Too):

“Não só os interesses temporais do estado francês, mas a crença apaixona-da em que a França seria A Nação Eleita, motivaram Richelieu e Tremblay a pro-longar as guerras religiosas dos anos 1620s por trinta anos, matando vasta proporção da população da Europa Central (...) Se a Guerra dos 30 Anos foi genuinamente guerra religiosa, de católicos contra protestantes, a França, como o mais poderoso país católico, deveria ter apoiado a Áustria católica. Mas a França não podia apoiar a de-manda das dinastias Habsburgo aus-tríaca e espanhola, que queriam o títu-lo imperial e o direito de representar a Cristandade. E a França, em vez de apoiar, decidiu arruinar a Áustria e a Es-panha, para estabelecer-se ela mesma. 

Como os franceses (...) a corte es-panhola também acreditava que a Es-panha era a nação escolhida por Deus como sua Procuradoria terrena. O monge e teórico político Juan de Sa-lazar escreveu, em 1619, em seu trata-do  Politica Española  que “os espanhóis foram eleitos para realizar o Novo Testamento assim como Israel foi eleita para realizar o Velho Testamento. Os milagres com que a Providência favo-receu a política espanhola confirmam essa analogia do povo espanhol com o povo judeu, de modo que a similarida-de dos eventos em todas as épocas, e o modo singular como Deus manteve a escolha e o governo do povo espa-nhol, declaram que esse é o povo esco-lhido pela lei da graça, assim como o outro foi o escolhido antes, no tempo das escrituras (...) Daí se pode concluir, das atuais circunstâncias, como das sa-gradas Escrituras, que a monarquia es-panhola perdurará por muitos séculos e será a última monarquia.” Segundo Stanley Payne, aí se vê “atitude não in-comum na corte e em parte da elite de Castela.”

E adiante:“A atormentada urgência de cada

nação de ser ‘a escolhida’, experimen-tada na pele, começou com a primeira conversão de pagãos europeus; estava incorporada na Cristandade Europeia, na fundação. Cronistas cristãos põem os monarcas europeus recém baptiza-dos no papel de reis bíblicos; e suas na-

ções, no papel da Israel bíblica. A pri-meira vez que se ouviu auto-proclama-ção como ‘nação escolhida’ foi no auge da primeira das Idades das Trevas: do cronista do século VI, São Gregório de Tours (538-594); e do clérigo ibérico do século 7º, Santo Isidoro de Sevilha.”

Os Santos Isidoro de Sevilha e Gre-gório de Tours foram, de certo modo, os Bialystock e Bloom,[8] da Idade das Trevas; os Produtores do show ‘a fun-dação da Europa’: venderam 100% do show a cada um e a todos os reizinhos. Não se pode culpar os produtores. Transmutar os invasores bárbaros, que infestavam o arruinado império dos ro-manos, em cristãos, foi talvez o mais notável feito político de toda a história mundial, mas requereu muita lábia, que teria consequências assustadoras, cho-cantes, no longo prazo. Os restos das imundícies do velho paganismo euro-peu acumularam-se nos enroscados in-testinos da Europa, até que os terríveis eventos de 1914-1945 puseram tudo para fora.”

A visão autenticamente católica de um império universal não conseguiu impor-se, ela própria, sobre os recla-mos mais tangíveis de sangue e terra. Os europeus não lutaram as guerras de 1618, 1814 ou 1914 como cristãos, mas como cripto-pagãos. Essa foi a discussão entre os críticos judeus, de Heinrich Heine a Franz Rosenzweig e Siegmund Freud. Freud escreveu:

“Não podemos esquecer que todos os povos que hoje se destacaram na prática do anti-semitismo só se torna-ram cristãos em tempos relativamente recentes, às vezes obrigados por com-pulsão sangrenta. Pode-se dizer que to-dos foram ‘mal baptizados’; sob um fino verniz de cristianismo, permaneceram o que seus ancestrais sempre foram,

“THOMAS MANN ENTUSIASMAVA-SE COM A ESTÉTICA DA GUERRA: AS MESMAS QUALIDADES E AS MESMAS ATITUDES QUE DÃO FORMA À ARTE DÃO FORMA À GUERRA. POR ESTRANHO QUE SOE, POR MAIS QUE PERTURBE, MANN ESTAVA ABSOLUTAMENTE CERTO: A ARTE E A GUERRA EXIGEM O MESMO IRRESTRITO COMPROMETIMENTO EXISTENCIAL”GOYA, GUERRA

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barbaramente politeístas. Ainda não superaram o ressentimento e a rejeição que lhes inspira a nova religião, que foi imposta a eles; e que eles projectaram sobre a fonte da qual veio a eles o cris-tianismo.”[9]

Os homens não são moderados. Não somos tão diferentes de nossos pais como gostamos de crer. Os euro-peus hedonistas, sem filhos, de hoje, são o mesmo povo que lutou e morreu aos milhões pelo rei pelo país em 1618 ou 1814. Qualquer coisa pela qual valha a pena viver vale também que se morra por ela; se não se consegue pensar em nada por que morreríamos, implica que tampouco temos algo por que viver - exactamente como os eu-ropeus de hoje. A Europa aprendeu por muito tempo que sangue e ter-ra, Kultur e Grandeur, eram itens pelos quais não valeria a pena lutar. Mas a Europa nada encontrou, pelo qual vi-ver, depois que rejeitou para sempre os deuses nacionais de seu passado violento. Está morrendo de nervoso e tédio, desgostosa do próprio passado e descuidosa do próprio futuro, sem querer pôr filhos no mundo nem, que

fosse, para assegurar a própria sobre-vivência por mais um século. 

“Muito foi salvo”, escreveu um solda-do da Grande Guerra, J. R. Tolkien, mas “muito tem agora de morrer.” Apesar de Hans Johst, a cultura europeia não mor-rerá: como aconteceu com a guarda da cultura grega clássica, que passou para

as mãos de europeus, a arte europeia — pelo menos, com certeza, sua música — passará para as mãos de asiáticos.

[1] MUSIL, Robert [1880-1942], O homem sem qualida-des (1930-33-43), Nova Fronteira, 1978, trad. Lya Luft e Carlos Abbenseth, 2 vol., 786 pp (romance inacabado).[2] CLARK, Christopher. Os sonâmbulos: como eclodiu a

“QUALQUER COISA PELA QUAL VALHA A PENA VIVER VALE TAMBÉM QUE SE MORRA POR ELA; SE NÃO SE CONSEGUE PENSAR EM NADA POR QUE MORRERÍAMOS, IMPLICA QUE TAMPOUCO TEMOS ALGO POR QUE VIVER - EXACTAMENTE COMO OS EUROPEUS DE HOJE”

primeira guerra mundial, 1914. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. [3] “Encontro com a morte em Samarra”. É o trecho final de uma peça escrita por Somerset Maughan em 1932. Lê-se, em português, em http://warj.med.br/memo/samarra.asp [NTs].[4] Sobre o personagem título, ver http://pt.wikipedia.org/wiki/Albert_Leo_Schlageter[5] http://www.tabletmag.com/jewish-arts-and-culture/music/39787/pioneers[6] MANN, Thomas [1875-1955]. Doutor Fausto (1947), Rio de Janeiro: Nova Fronteira, trad. Herbert Caro, s/d.[7] http://www.firstthings.com/article/2014/05/the--great-war-revisited[8] Referência aos personagens do filme The Producers, primeiro filme de Mel Brooks, de 1968 (Zero Mostel faz o papel de Max Bialystock, produtor de uma peça teatral; e Gene Wilder é Leo Bloom, seu secretário). Sobre o filme, ver http://en.wikipedia.org/wiki/The_Produ-cers_(1968_film). Em português, lê-se alguma coisa (de segunda mão, em O Estado de S.Paulo, em 1969) sobre a peça teatral (“Os Produtores”) que foi monta-da no Brasil, http://cultura.estadao.com.br/noticias/artes,os-produtores-traz-humor-escrachado-de-mel--brooks,52249. Talvez ajude a entender a metáfora [NTs]. [9] FREUD, S. Moisés e o monoteísmo (1939 [1934-38]). In: Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1976. v. XXIII.

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ACONTECEU HOJE 4 DE AGOSTO

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hoje macau terça-feira 5.8.2014 (F)UTILIDADES 17

H O J E H Á F I L M E

João Corvo fonte da inveja

Não sentir, evitar a dor, estabelecer a harmonia interior são lavores: é coisa de meninas.

C I N E M ACineteatro

SALA 1DORAEMON THE MOVIE: NOBITA IN THE NEWHAUNTS OF EVIL-PEKO AND THE FIVE EXPLORERS [A]FALADO EM CANTONÊSUm filme de: Yakuwa Shinnosuke14.30, 16.30, 19.30

DAWN OF THE PLANET OF THE APES [B]Um filme de: Matt ReevesCom: Jason Clarke, Gary Oldman, Keri Russel21.30

SALA 2PLANES 2: FIRE & RECUE [A]FALADO EM CANTONÊSUm filme de: Bobs Gannaway14.15, 16.00, 19.45

THE FAULT IN OUR STARS [B]Um filme de: Josh BooneCom: Shailene Woodley, Ansel Elgort17.30, 21.30

SALA 3BREAK UP 100 [B]Um filme de: Lawrence ChengCom: Ekin Cheng, Chrissie Chau14.30, 16.30, 21,30

STEP UP ALL IN [B]Um filme de: Trish SieCom: Alyson Stoner, Biana Evigan, Ryan Gusman, Adam G. Sevani19.30

PLANES 2: FIRE & RECUE

“SHRINK” (JONAS PATE, 2009)

Crises existenciais e psicólogos fazem parte do dia-a-dia de muitas pessoas. Isso acontece também em “Shrink”, mas neste caso também o psicólogo está com problemas. Henry Carter (Kevin Spacey) ajuda fa-mosas estrelas de Hollywood, mas não consegue ajudar-se a ele próprio ou à esposa, que acaba por perder. Nem uma enorme casa com vista para as montanhas de Hollywood, nem a fama por ter escrito vários livros de sucesso consegue arrancar Henry Carter do estado mental em que este se encontra. Um psicólogo que podia ter tudo, avança então para um estado miserável e encontra refúgio na marijuana... que fuma em todo o lado. Um filme norte-americano, independente, mas extremamente bem feito, onde os azares da vida se misturam com algum humor. - Joana Freitas

Morre Marilyn Monroe, nasce Neil Armstrong• Nasceu Norma Jean Mortenson, mas foi baptizada nas artes como Marilyn Monroe – uma das mais famosas estrelas de cinema de sempre e um ícone de sensualidade. Marilyn morreu a 5 de Agosto de 1962, sendo que em 2012 se assinala o 50.º aniversário da sua morte. Também neste dia, nasceu o primeiro Homem a pisar solo lunar.Marilyn Monroe morreu há 50 anos, data que hoje se assinala. Foi uma das mais célebres, belas e sensuais actrizes de cinema, um símbolo da sétima arte, que permanece imune ao esquecimento, meio século depois da sua morte, quando contava apenas 36 anos.Marilyn teve uma infância difícil, longe do pai biológico - de identidade desconhecida - e sem a presença da mãe, que teve de ser internada, com problemas psíquicos. A actriz viveu em orfanatos e em casa de familiares. Marilyn Monroe começou a carreira em pequenos filmes, mas depressa se viu catapultada para os grandes palcos da sétima arte. O seu talento, personalidade e sensualidade levaram-na ao sucesso.Não é justo dizer que Marilyn Monroe cresceu no cinema à custa da sua beleza e sensualidade. Essas suas características eram inegáveis, mas Marilyn era muito mais do que símbolo sexual da década de 50.Em termos amorosos, não foi feliz, com diversas rela-ções falhadas. Correram boatos de que teria mantido uma relação secreta com o Presidente dos EUA, John F. Kennedy, a quem cantou os parabéns, numa das versões de ‘Happy Birthday To You’ mais conhecidas de sempre.Na manhã de 5 de Agosto de 1962, aos 36 anos, Marilyn foi encontrada morta, na sua casa de Brentwood, na Califórnia, por suposta overdose de medicamentos. O mundo ficou em choque e nunca esqueceu a loira mais sensual de todos os tempos.Também no dia 5 de Agosto, mas em 1930, nasce Neil Armstrong, astronauta norte-americano, célebre por ter sido o primeiro Homem a pisar solo lunar. Piloto de testes e aviador naval, liderou a missão Apollo 11, que a 20 de Julho de 1969 deu um pequeno passo para o homem, mas um grande salto para a Humanidade.

O dilema da piscina da Taipa Demorou a abrir e, finalmente, lá abriu. É moderna, grande, limpa... uma piscina à maneira. Eu até que nem gosto muito de molhar o pêlo, mas o que tenho ouvido sobre aquela piscina mostra que há lá belos dilemas. E alguns são mesmo engraçados, não fosse o facto de serem realmente incomodativos para os meus colegas que lá querem ir nadar. Para entrar na piscina da Taipa, as pessoas têm de estar obrigatoriamente de fato-de-banho. Ponto número um. Não tentem entrar lá de t-shirt ou com aqueles vestidinhos de Verão porque não vos adianta de nada. Têm de se despir. Tentar entrar de roupa para ir acompanhar um amigo que está na piscina? Esqueçam lá isso. Aquelas mesas e cadeiras não são lugar para relaxar. Se entram ali, é para nadar. Um pai que queira ir com o filho só para supervisioná-lo tem de se despir. Acabou, as regras estão lá na parede. Ponto número dois: não tentem tirar a roupa à porta da piscina. Não. Mesmo que estejam de fato de banho – ou calções de banho – e só tenham de tirar uma t-shirt, não o podem fazer na porta da piscina. Têm de descer, ir aos balneários, tirar a vossa t-shirt e voltar a subir. Os guardas não gostam de vos ver assim, nestes modos. Obrigam-vos a andar uns dez metros na piscina só em fato de banho, mas tirar a t-shirt à frente deles é uma pouca vergonha. Ponto número três: esqueçam levar bolsas para dentro da área da piscina. Deixem os telemóveis, livros, dinheiro e protectores solares em casa. No fundo, nem precisam deles. Não vos deixam entrar com mochilitas, têm de colocar tudo nos cacifos. Já nos cacifos, por sua vez, não podem deixar objectos de valor...Ponto número quatro: não, as mesas que lá estão dentro do bar que ainda não está em funcionamento não servem para que comam lá. Nem que tenham crianças pequenas que têm de ser alimentadas. Aquelas mesas são apenas para o bar que não tem nada, a não ser uma máquina de água. E nem pensem em ir lá beber uma cervejola à noitinha, quando finalmente tiver aberto, e não irem de fato de banho. As instalações fecham às 22h, mas mesmo que queiram ir à noite relaxar um pouquinho ao pé da piscina, têm de se vestir apropriadamente. E, já agora, não saiam da porta da piscina de fato de banho, nem que seja para atravessar a rua e ir para casa... é que é proibido andar “nu” no jardim do parque.

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hoje macau terça-feira 5.8.201418 publicidade

WWW. IACM.GOV.MO

Considerando que não se revela possível notificar directamente os interessados, por ofício ou telefone, para efeitos de prosseguimento dos respectivos processos administrativos sancionatórios, nos termos do artigo 96° do Decreto-Lei n° 16/96/M, de 1 de Abril, conjugado com os artigos 10° e 58° do “Código do Procedimento Administrativo”, aprovado pelo Decreto-Lei n° 57/99/M, de 11 de Outubro, notifico, pela presente, nos termos do no 3 do artigo 3º do Decreto-Lei no 52/99/M, de 4 de Outubro, e dos artigos 68º e 72° do “Código do Procedimento Administrativo”, os seguintes proprietários de estabelecimentos, do conteúdo das respectivas decisões administrativas sancionatórias:

1. Por despacho do Presidente do Conselho de Administração, Substituto, Lo Veng Tak, exarado em 6/12/2013, no uso das competências conferidas pela Proposta de Deliberação do Conselho de Administração n° 01/PDCA/2009, de 23 de Dezembro, e de acordo com as disposições do n° 2 do artigo 96° do Decreto-Lei n° 16/96/M, foi ordenado, nos termos do nº 4 do artigo 96° do Decreto-Lei supramencionado, notificar SIT NIM HENG (Bilhete de Identidade de Residente de Macau n° 1293XXX(X), proprietário do “ESTABELECIMENTO DE BEBIDAS U I KOK”, sito na Avenida de Artur Tamagnini Barbosa, Edifício U I Kok, r/c, loja A, de que foi multado por ter violado as disposições do artigo 19º do mesmo Decreto-Lei.

No presente procedimento administrativo, proveniente do auto de notícia n° 2173/DFAA/SAL/2011, de 28/12/2011, e comprovado por testemunhas, prova documental e relatório, o pessoal de fiscalização verificou que ocorrera uma alteração ilegal do projecto inicialmente aprovado para o estabelecimento. Em 26 de Novembro de 2013, o interessado foi notificado, através da notificação nº 25/DLA/SAL/2013, por edital sobre o conteúdo da acusação, não havendo apresentado a sua defesa por escrito no prazo legal. Assim, de acordo com os artigos 64º e 70º do Decreto-Lei supramencionado, é sancionado com uma multa de sete mil e quinhentas patacas (MOP7.500,00).

2. Por despacho do Presidente do Conselho de Administração, Substituto, Vong Iao Lek, exarado em 8/11/2013, no uso das competências conferidas pela Proposta de Deliberação do Conselho de Administração n° 01/PDCA/2009, de 23 de Dezembro, e de acordo com as disposições do n° 2 do artigo 96° do Decreto-Lei n° 16/96/M, foi ordenado, nos termos do nº 4 do artigo 96° do Decreto-Lei supramencionado, notificar CHEANG IOK SAN (Bilhete de Identidade de Residente de Macau n° 7378XXX(X), proprietária do “ESTABELECIMENTO DE COMIDAS TIN HA KA FE POU SEK MEI SEK”, sito na Rua de Coimbra no 131, de que foi multada por ter violado as disposições do artigo 19º do mesmo Decreto-Lei.

No presente procedimento administrativo, proveniente do auto de notícia n° 498/DFAA/SAL/2012, de 5/4/2012, e comprovado por testemunhas, prova documental e relatório, o pessoal de fiscalização verificou que ocorrera uma alteração ilegal do projecto inicialmente aprovado para o estabelecimento. Em 23 de Maio de 2013, a interessada foi notificada por ofício sobre o conteúdo da acusação, não havendo apresentado a sua defesa por escrito no prazo legal. Assim, de acordo com os artigos 64º e 70º do Decreto-Lei supramencionado, é sancionada com uma multa de sete mil e quinhentas patacas (MOP7.500,00).

3. Por despacho do Presidente do Conselho de Administração, Substituto, Lo Veng Tak, exarado em 13/12/2013, no uso das competências conferidas pela Proposta de Deliberação do Conselho de Administração n° 01/PDCA/2009, de 23 de Dezembro, e de acordo com as disposições do n° 2 do artigo 96° do Decreto-Lei n° 16/96/M, foi ordenado, nos termos do nº 4 do artigo 96° do Decreto-Lei supramencionado, notificar LAI WAI MENG (Bilhete de Identidade de Residente de Macau n° 1344XXX(X), proprietário do “ESTABELECIMENTO DE BEBIDAS CHONG PUN”, sito na Rua de Francisco Xavier Pereira no 72ª, r/c, de que foi multado por ter violado as disposições do artigo 19º do mesmo Decreto-Lei.

No presente procedimento administrativo, proveniente do auto de notícia n° 245/DFAA/SAL/2013, de 24/1/2013, e comprovado por testemunhas, prova documental e relatório, o pessoal de fiscalização verificou que ocorrera uma alteração ilegal do projecto inicialmente aprovado para o estabelecimento. Em 11 de Novembro de 2013, o interessado foi notificado por ofício sobre o conteúdo da acusação, não havendo apresentado a sua defesa por escrito no prazo legal. Assim, de acordo com os artigos 64º e 70º do Decreto-Lei supramencionado, é sancionado com uma multa de sete mil e quinhentas patacas (MOP7.500,00).

4. Por despacho do Vice-Presidente do Conselho de Administração, Lei Wai Nong, exarado em 3/6/2013, no uso das competências conferidas pelo Despacho n° 01/PCA/2013, de 2 de Janeiro, e de acordo com as disposições do n° 2 do artigo 96° do Decreto-Lei n° 16/96/M, foi ordenado, nos termos do nº 4 do artigo 96° do Decreto-Lei supramencionado, notificar a ADMINISTRAÇÃO DE GÉNEROS ALIMENTÍCIOS CHON SHING, LIMITADA (inscrição de empresário comercial, pessoa colectiva no 340XX(SO)), proprietária do “ESTABELECIMENTO DE COMIDAS MIX MATCH”, sito na Rua do Regedor nos 85 e 87, “Chun Fok Village”, 2ª Fase, bloco 3, Wai Tai Kok, r/c, lojas O e P, de que foi multada

por ter violado as disposições da alínea o) do no 1 do artigo 80º do mesmo Decreto-Lei.

No presente procedimento administrativo, proveniente do auto de notícia n° 960/DFAA/SAL/2011, de 28/7/2011, e comprovado por testemunhas, prova documental e relatório, o pessoal de fiscalização verificou que havia um mau funcionamento do sistema de extracção de fumos no estabelecimento. Em 8 de Junho de 2012, a interessada foi notificada por ofício sobre o conteúdo da acusação, não havendo apresentado a sua defesa por escrito no prazo legal. Assim, de acordo com o artigo 64º e no 2 do artigo 80º do Decreto-Lei supramencionado, é sancionada com uma multa de quinze mil patacas (MOP15.000,00).

Porém, considerando o facto de a responsável do estabelecimento ser infractora primária e a situação de infracção ter sido corrigida, é suspensa, de acordo com o artigo 65° do mesmo Decreto-Lei, a execução da sanção atrás referida por um período de um ano. Contudo, se durante o período da suspensão se vier a verificar, no mesmo estabelecimento, nova infracção, a sanção a aplicar será executada cumulativamente com a suspensa.

5. Por despacho do Presidente do Conselho de Administração, Substituto, Lo Veng Tak, exarado em 6/3/2014, no uso das competências conferidas pela Proposta de Deliberação do Conselho de Administração n° 01/PDCA/2009, de 23 de Dezembro, e de acordo com as disposições do n° 2 do artigo 96° do Decreto-Lei n° 16/96/M, foi ordenado, nos termos do nº 4 do artigo 96° do Decreto-Lei supramencionado, notificar LEE JUNG EUN (Bilhete de Identidade de Residente de Hong Kong n° G420XXX(X), proprietária do “ESTABELECIMENTO DE CHURRASQUEIRA HON SENG”, sito na Alameda Dr. Carlos D’Assumpção no 102, “Wan Yu Villas”, loja K, r/c e sobreloja, de que foi multada por ter violado as disposições da alínea i) do no 1 do artigo 81º do mesmo Decreto-Lei.

No presente procedimento administrativo, proveniente do auto de notícia n° 1885/DFAA/SAL/2011, de 14/12/2011, e comprovado por testemunhas, prova documental e relatório, o pessoal de fiscalização verificou que existiam combustíveis de tipo não aprovado no estabelecimento. Em 26 de Novembro de 2013, a interessada foi notificada, através da notificação nº 25/DLA/SAL/2013, por edital sobre o conteúdo da acusação, não havendo apresentado a sua defesa por escrito no prazo legal. Assim, de acordo com os artigos 64º e no 2 do artigo 81º do Decreto-Lei supramencionado, é sancionada com uma multa de quinze mil patacas (MOP15.000,00).

Porém, considerando o facto de a responsável do estabelecimento ser infractora primária e a situação de infracção ter sido corrigida, é suspensa, de acordo com o artigo 65° do mesmo Decreto-Lei, a execução da sanção atrás referida por um período de um ano. Contudo, se durante o período da suspensão se vier a verificar, no mesmo estabelecimento, nova infracção, a sanção a aplicar será executada cumulativamente com a suspensa.

Excepto em caso de actos nulos, nos termos dos artigos 145º, 148º e 149º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei nº 57/99/M, de 11 de Outubro, os infractores podem apresentar reclamação ao signatário, no prazo de 15 (quinze) dias, contados da data da publicação da presente notificação, e/ou nos termos do nº 1 do artigo 151º, nº 1 do artigo 155º e do 156º do mesmo Código, podem interpor recurso hierárquico necessário para o Conselho de Administração do IACM no prazo de 30 (trinta) dias.

Quanto às sanções, os infractores podem interpor recurso contencioso, no prazo e segundo os requisitos previstos nos artigos 25º a 28º do Código de Processo Administrativo Contencioso, para o Tribunal Administrativo.

Caso os interessados não apresentem impugnação contra a decisão da presente notificação dentro do prazo supramencionado, o IACM executará, de imediato, a decisão punitiva.

Nos termos do artigo 62º do Decreto-Lei nº 16/96/M, os interessados deverão pagar as referidas multas no prazo de 10 (dez) dias, contados a partir do dia seguinte ao da publicação da presente notificação, no Centro de Serviços do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais, sito na Avenida da Praia Grande, N° 804, Edifício China Plaza, 2° andar, pois, caso contrário, o Instituto procederá à sua cobrança coerciva, salvo disposição legal de efeito suspensivo em contrário.

Para consulta e mais informações sobre os processos, os interessados poderão dirigir-se à Divisão de Licenciamento Administrativo dos Serviços de Ambiente e Licenciamento, sita na Avenida da Praia Grande, nº 804, Edifício China Plaza, 3º andar.

Aos 24 de Julho de 2014.

O Presidente do Conselho de Administração

Vong Iao Lek

Notificação n° 22/DLA/SAL/2014

(Aviso aos proprietários dos estabelecimentos de comidas e bebidas, que infringiram a lei, sobre as respectivas decisões sancionatórias)

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hoje macau terça-feira 5.8.2014

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Cecília Lin; Flora Fong (estagiária); Leonor Sá Machado; Ricardo Borges (estagiário) Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Agnes Lam; Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

Legitimismo francês na China e a Marcha para a Cerimónia dos Turcos

19OPINIÃO

A era imperial e legitimista francesa e iluminada pelo Rei Sol, conduzido por Jean Baptiste-Colbert, que tinha por divisa “Pelo Rei muitas vezes, Pela Pátria sempre”, levaram a França-mundo, a Fran-ça mercantilista a novos patamares de grandeza e

de florescimento no mundo.A sofisticação cultural da altura tal como

nos dias de hoje, há muito que se proporciona aos franceses a terem uma visão estratégica e estruturalmente oportunista e eficiente dos momentos chave. Enquanto os concorrentes directos da França no Oriente reflectem ao fim-de-semana sobre a vida, Paris é impla-cável e não perdoa as oportunidades que se lhe vão surgindo, e isto lembra-nos a ópera cómica de Jean Baptiste-Lully ao som da “Marcha para a cerimónia dos turcos”, ou seja, o ridículo.

Há uma semana, em plena “silly season” iniciada este ano mais cedo, o cônsul-geral da França para Hong Kong e Macau, Arnaud Bathelemy, concede uma entrevista ao co-nhecido semanário da ex-colónia britânica posicionando a França como a principal plataforma do Yuan na Zona Euro, afirmando que já cerca de 30 por cento das transacções sino-francófonas são efectuadas na moeda chinesa, tendo em conta que as exportações francesas para a China continental atingi-ram o valor de 14,7 mil milhões de euro e para as regiões administrativas especiais e a Formosa, totalizaram mais de cinco mil milhões de euro.

A França, podendo-se gostar dela ou não, ainda é uma potência com um apurado faro de oportunidade, é uma potência que se pode vangloriar das velhas e novas glórias, mas nunca sem trabalho sério, meticuloso e continuado, ao contrário de outros exem-plos em estado de decadência e falhados, com mais história, mas que vivem apenas submersos nela sem nada contribuir para o presente.

Ora senão observemos a radiografia da máquina diplomático-institucional da França no espaço da grande China.

As missões diplomáticas de Quai d’Orsay estão espalhadas em duas grandes direcções geográficas, a primeira “Norte--Sul”, que vai na direcção de Pequim, Xan-gai, Cantão e Hong Kong, e uma segunda “Este-Oeste”, de Shenyang a Chengdu, em que ambos os vectores se intersectam a cidade estratégica de Wuhan, onde os

franceses mantêm um consulado e repre-sentações económico-comerciais.

Se formos a contar as espingardas, os efectivos da chancelaria diplomática são constituídos pelo embaixador, um ministro conselheiro, um conselheiro político, três primeiros secretários, três segundos secre-tários, e um terceiro secretário. Já na chan-celaria consular, Paris tem um conselheiro para os assuntos consulares, um cônsul adjunto e chefe de chancelaria, um cônsul adjunto para o serviço de vistos, depois, no Serviço de Segurança Interna, cinco efec-tivos e por isso não nos espantemos que a França consegue emitir vistos de turismo

aos cidadãos chineses em 24 horas. Ainda na contagem, no Serviço de Imprensa são cinco efectivos e um tradutor, na Missão de Defesa, estão em permanência os adidos militares dos três ramos das Forças Armadas. Para mais refinamento, uma antena imobiliária, um elemento para o Serviço de Tradução, Interpretação e Comunicação, já no Serviço comum de gestão, estão dois efectivos e um Tesoureiro. Acrescentemos ainda as duas de-zenas de colaboradores para a área cultural, educação e cooperação técnico-científica, marcam ainda presença, um adido para os assuntos atómicos e nucleares, um adido social e um jurídico, culminado com cerca de 100 pessoas a colaborarem na área da cooperação económica e comercial.

A diplomacia económica gaulesa que foi e tem sido desde sempre bastante agressiva na China, tem ainda a sofisticação de des-centralizar a cooperação nacional não só nos sectores económicos e comercial mas a todos os níveis, criando representações das chamadas colectividades territoriais ou municipais e distribuindo-as pela China.

Por este motivo estão presentes na China a representação da região administrativa da Alsace, da cidade de Montpellier, Le Havre, Hauts de Seine, Vienne, Val d’Oise, Essonne, Pays de la Loire, Languedoc Roussillon, Champagne-Ardennes, Centre, Bretagne, Basse-Normandie, Aquitaine, Auvergne, ERAI e a Agence Régionale de Développe-ment Paris Île-de-France.

Se os britânicos estão apostados também na cooperação intermunicipal ou inter-pro-vincial com a China, o eterno rival francês iria sempre cobrir a parada.

Por outro lado, a agência de promoção das exportações francesas, a Ubifrance, está munida de estudos e de relatórios minuciosos para serem colocados ao serviço do tecido empresarial francês e que abarcam provín-cias como a da Região Autónoma da Mon-gólia Interior, da província de Jiangsu, da cidade de Xangai, da província de Shandong, da província de Shanxi, da Região Autóno-ma de Ningxia, ou da cidade de Qingdao (Shandong), ainda da cidade de Tianjin, da província de Jilin, da Região Autónoma de Xinjiang, da província de Heilonjiang, da província de Gansu, da cidade de Shanxi, das RAE’s de Macau e de Hong Kong, da Formosa, além da ficha geral da República Popular da China.

Perante todas estas evidências e toda esta determinação que um país como a França está a depositar para manter um lugar ao sol no relacionamento com a China, cedo nos apercebemos que mais do que os sectores tradicionais, é preciso apostar tal como aposta Paris na cooperação a nível das novas tecno-logias, dos serviços e aeronáutica, da moda, habitação e saúde, da agro tecnologia, infra--estruturas, transportes terrestres, e indústrias.

Se por um lado são estes os sectores em que os franceses mais se empenham com a China, é preciso ainda ter a plena consciência que a agência francesa para a atracção de investimentos internacionais, a AFII, tem um director na embaixada em Pequim e que controla as operações não só do continente chinês, mas também de Macau, Hong Kong e Formosa.

O oportunismo francês é legítimo, tal como é ridículo continuar a marchar ao som de Jean Baptiste-Lully para a cerimónia dos turcos, o mesmo que dizer, continuar a ver os navios passar. Há que chegar o momento para imitar os ilustres e igualá-los.

“A França, podendo--se gostar dela ou não, ainda é uma potência com um apurado faro de oportunidade”

o monóculo, a pena e a espadaVITÓRIO ROSÁRIO CARDOSO*

*Membro da Associação de Jovens Auditorespara a Defesa, Segurança e Cidadania de Portugal

(DECIDE Portugal)

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hoje macau terça-feira 5.8.2014

cartoon por Stephff

APONTAR

Yunnan Chui Sai On disponível para ajudar vítimas de sismo Numa carta endereçada ontem ao Governo Central, Chui Sai On disse estar disponível para ajudar as vítimas do sismo – de magnitude de 6,1 na escala de Ritcher – que aconteceu na cidade de Zhaotong, em Yunnan, causando mais de 350 mortes e quase 2000 feridos. Na carta, publicada ontem em comunicado, o Chefe do Executivo expressou “profundo pesar” pela catástrofe e prontificou-se para ajudar as vítimas e a zona afectada nas operações de salvamento. “Tendo tomado conhecimento da gravidade da situação numa região densamente povoada e onde as casas têm baixa resistência a terramotos, o Governo da RAEM, associando-se às operações de salvamento dirigidas pelo Governo Central, está disponível para envidar todos os esforços para apoiar os trabalhos de resgate e de salvamento”, lê-se na carta.

Índia 600 pescadores desaparecidosA guarda costeira indiana lançou ontem uma operação de busca por 600 pescadores que ainda não fizeram contacto após uma tempestade atingir o Golfo de Bengala, segundo as autoridades. Cerca de 40 embarcações não regressaram ao porto após uma tempestade na costa de Bengala, no este da Índia, afirmou um oficial da associação de pescadores. “Temos tentado entrar em contacto com os barcos”, informou Bijan Maity, o chefe da associação de assistência aos pescadores, acrescentando que “todas as nossas tentativas foram em vão, devido às condições climáticas e em especial à tempestade”. A guarda costeira já se estava a preparar para procurar pelos pescadores com um navio e uma aeronave após receber “pedidos de socorro” da associação, informou um oficial. “A operação de busca irá começar em breve” afirmou B.N. Mahato, um oficial da guarda costeira de Bengala de Oeste.

75 mortos em metalúrgica chinesaO número de mortos na sequência de uma explosão ocorrida no sábado numa fábrica metalúrgica da cidade de Kunshan, na província de Jiangsu, a este do país, elevou-se a 75, revelaram fontes oficiais. As autoridades de segurança do continente, citadas pelas agências internacionais, referem também que a administração da fábrica ignorou “por diversas vezes” as advertências sobre a possibilidade de um acidente do género. A explosão, na manhã de sábado, provocou ainda 185 feridos. Yang Dongliang, responsável de segurança laboral na cidade, garantiu ontem que o acidente ficou a dever-se a um “incumprimento muito grave das normas de segurança”, acrescentou a agência Xinhua. As primeiras investigações apontam para o acender de uma chama numa sala onde estavam materiais altamente inflamáveis. A fábrica “Kunshan Zhongrong Metal Products”, conhecida pelos trabalhadores migrantes, segundo o diário de Hong Kong South China Morning Post, como um local sujo, mas de altos salários, é propriedade de uma empresa de Taiwan especializada em componentes automóveis.

D INGXIANG Loeng, um bilionário com 49 anos de idade, morreu na semana

passada na sua suite no hotel Island Shangri-La, em Hong Kong, du-rante uma recepção para celebrar o seu aniversário, a ter lugar uns dias mais tarde. De acordo com algumas das 217 testemunhas presentes, Loeng foi atingido na cabeça pela rolha de uma garrafa de champanhe que tinha acabado de abrir, o que lhe causou uma hemorragia cerebral fatal.

Na suite estava presente a elite financeira e política de Hong Kong,

A maioria do futuro par- lamento interino da Tailândia, onde os militares possuem

mais de metade dos lugares, vão apoiar a nomeação do general Prayuth Chan-ocha como chefe do Governo depois do golpe de Estado de 22 de Maio, revela a imprensa local.

“Os membros da Assembleia Legislativa Nacional irão propor o nome de Prayuth Chan-ocha sem necessidade de procurar votos ou pactos” declarou uma fonte anónima da futura câmara ao diário “Bangkok Post”.

HONG KONG MORTO POR ROLHA DE CHAMPANHE

A última taçaque começou por se rir do incidente até que percebeu que Loeng estava inconsciente. Apesar dos esforços das equipas médicas, a vítima foi confirmada morta apenas 20 minu-tos depois, enquanto ainda estava a caminho do hospital.

Loeng mantinha a posição número 51 entre os mais ricos de HK, segundo a revista Forbes. O

magnata do imobiliário era porém mais conhecido pelo seu compor-tamento excêntrico e problemas legais do que pela sua fortuna. De acordo com a imprensa local, Loeng era famoso por beber dema-siado, consumo de drogas e mau feitio, tendo sido preso pela polícia mais de 30 vezes, por crimes que vão desde a desordem pública a

conduzir embriagado, passando por uma agressão a um porteiro de um hotel.

De acordo com a polícia, é possível que a garrafa de champa-nhe seja uma falsificação chinesa, o que explicaria o alto nível de dióxido de carbono no seu inte-rior. Este problema tem vindo a afectar o continente cada vez mais, estimando alguns peritos que até 80% do álcool vendido nas cidades chinesas seja falsificado.

Os donos e empregados do hotel recusaram comentar estas acusações.

“Os membros da Assembleia Legislativa Nacional irão propor o nome de Prayuth Chan-ocha sem necessidade de procurar votos ou pactos”FONTE ANÓNIMA

TAILÂNDIA MAIORIA DOS FUTUROS DEPUTADOS APOIAM GENERAL GOLPISTA

Sim, primeiro-ministroA Assembleia será constituí-

da a 07 de Agosto prevendo-se, para o mesmo dia, a nomeação do chefe do Governo e do seu vice.

Mais de 106 membros, de um total de 220, são militares no activo ou na reserva.

Entre os deputados está Pee-cha Chan-ocha, irmão do chefe da junta militar, Prayuth Chan-ocha, e Patcharawat Wongsuwan, irmão de Prawit Wongsuwan, outro dos líderes do golpe de 22 de Maio.

O primeiro-ministro vaie escolher um Governo até Se-tembro e segundo a imprensa vai incluir os principais dirigentes do golpe.

A junta militar no poder na Tailândia pretende realizar um conjunto de reformas políticas, sociais e económicas que até Outubro de 2015, quando serão realizadas eleições para escolher o novo parlamento.