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EPM CORRUPÇÃO NA CADEIA SERVIÇOS DE SAÚDE ALERTA PARA FECUNDAÇÕES ILEGAIS. MACAU AINDA SEM LEI UM FUNCIONÁRIO do Estabelecimento Prisional de Macau com o posto de chefe foi detido por suspeita de corrupção passiva. Em causa está o tratamento privilegiado a um recluso que por sua vez retribuia os favores do chefe com presentes vários, como bebidas alcoólicas de marca, produtos cosméticos ou estadia em hotéis de luxo. GONÇALO LOBO PINHEIRO Ter para ler Sufrágio universal, violência doméstica ou as LAG que se aproximam são alguns dos temas abordados por Paul Pun que vê na sociedade de Macau uma população temerosa do que pode, ou não, vir a acontecer no futuro. ANSIEDADE PELO FUTURO DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 SEGUNDA-FEIRA 9 DE MARÇO DE 2015 ANO XIV Nº 3286 hojemacau PAUL PUN | SECRETÁRIO-GERAL DA CÁRITAS AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB PUB MUSICAL GATOS CHEGAM À CIDADE CENTRAIS SOCIEDADE PÁGINA 8 SOCIEDADE PÁGINA 7 ENTREVISTA PÁGINAS 2-3

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Hoje Macau N.º3286 de 9 de Março de 2015

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Page 1: Hoje Macau 9 MAR 2015 #3286

EPM CorruPção na CadEia

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Um fUncionário do Estabelecimento Prisional de Macau com o posto de chefe foi detido por suspeita de corrupção passiva. Em causa está o tratamento privilegiado a um recluso que por sua vez retribuia os favores do chefe com presentes vários, como bebidas alcoólicas de marca, produtos cosméticos ou estadia em hotéis de luxo.

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Ter para ler

Sufrágio universal, violência domésticaou as LAG que se aproximam são alguns dos temas abordados por Paul Pun que vê na sociedade de Macau uma população temerosado que pode, ou não, vir a acontecer no futuro.

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sociedade Página 8

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2 hoje macau segunda-feira 9.3.2015entrevista

Fil ipa araú[email protected]

Aproxima-se a apresentação das Linhas de Acção Governativa (LAG) para o presente ano. Como parte integrante da socie-dade de Macau o que considera que deveria ser prioritário para o novo Governo?Começo por lhe dizer que apesar de muitos, inclusive eu, darmos opiniões sobre as LAG, e de muito se especular, o Governo não vai alterar a sua conduta pelas opiniões que se possam dar. Depois disto dito, na minha opinião, o novo Governo deveria focar-se no apro-veitamento dos recursos humanos locais, formar mais e melhor e apostar nas capacidades das pes-soas. Ou seja, apostar claramente na capacidade de trabalho de todos nós. Não estou só a falar da parte social, digo formar e aproveitar os recursos que aqui temos. Mais e melhores professores, médicos, enfermeiros, economistas. Nós te-mos capacidade. Acredito também que o Governo tem que se esforçar mais na gestão dos serviços go-vernamentais. Apesar dessa ser a intenção da nossa Administração, e de facto já existirem serviços me-nos burocráticos e mais eficientes, não quer dizer que se esteja bem.

Mas menos burocracia, por nor-ma, facilita...Sim, mas é preciso perceber se essa burocracia a menos está realmente a ser eficaz. Pode demorar menos, pode ser mais simples, pode efecti-vamente resolver o problema mais rápido, mas soluciona de facto o problema? É que se o fizer, esse mesmo problema não volta a exis-tir, mas não é isso que tem aconte-cido. O que se vê é que a população até pode conseguir resolver uma questão qualquer de forma mais rápida, mas outros novos casos surgirão. Perceber o problema,

Paul Pun fala sobre um sufrágio universal que demorará a chegar e de uma minoria que, apesar de se olhar como tal, tem tudo para se tornar a figura de destaque na sociedade do território. O secretário-geral da Cáritas olha com cautela para a figura de crime público na violência doméstica e admite que as pessoas de Macau não conseguem enfrentar desafios e problemas devido ao excesso de segurança

Paul Pun, secretário-geral da cáritas

“As pessoas de Macau têm uma tendência para dramatizar”

arranjar a solução da forma mais simples é, acredito, a forma mais eficaz de uma boa gestão. Como terceiro ponto considero essencial o Governo estimular a população na preocupação de um bem geral.

Como por exemplo?Medidas que vários países já adoptaram para evitar problemas de trânsito e melhorar a confiança entre as pessoas. Quando olha-mos para o número de carros em Macau, se começarmos a reparar, grande parte deles leva apenas o condutor, ou só um passageiro. Que tal o Governo promover um sistema em que várias pessoas aproveitem o mesmo carro? Por exemplo, um sujeito que viva na Taipa e trabalhe em Macau e todos os dias vem sozinho, pode dar boleia a pelo menos mais quatro pessoas. A ideia não é nova. Com pequenas medidas, o Executivo consegue acordar a sensibilidade da nossa comunidade para traba-lhar de mãos dadas e para o bem de todos nós. Não podemos olhar só para nós e nossos problemas, para um bom futuro temos de olhar para todos.

Falando de trânsito, foi por isso que surgiu o serviço do “Expres-so Solidário”?Sim, também. O Expresso So-lidário pretende facilitar a vida daqueles que por alguma razão não têm meios de transporte dis-poníveis para os fazer chegar as serviços médicos, consultas ou tratamentos. Outras instituições têm esse serviço, mas há muitas pessoas a precisarem. Então, o

que pretendemos é que pessoas voluntárias se disponibilizem a levar as pessoas com mobilidade reduzida aos tratamentos e depois levá-las a casa. Há muitas pessoas

que não conseguem apanhar o autocarro ou chamar um táxi, já se sabe a problemática que é. Mas devo dizer-lhe que precisamos de voluntários para que isto aconteça, algo que não tem acontecido.

Estamos a falar de falta de recursos humanos. Esse é des-tacadamente o maior problema da Cáritas?Se tiver que nomear um só proble-ma, sim, é a falta de recursos hu-

manos. Não nos podemos queixar de uma forma geral. Temos tido capacidade para resolver alguns problemas, fazemos o melhor que conseguimos e nos é possível e isso tem sido muito positivo. Os problemas que sentimos são os problemas que as pessoas nos apresentam aqui, esses são de facto os nossos problemas, assumimos esse papel. Mas não posso negar e a nomear, nomeio a falta de re-cursos humanos como o que mais

“Apesar de muitos, inclusive eu, darmos opiniões sobre as LAG, e de muito se especular, o Governo não vai alterar a sua conduta pelas opiniões que se possam dar”

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3 entrevistahoje macau segunda-feira 9.3.2015

“Também existem, e muitos, casos de homens vítimas de violência doméstica. Pela minha experiência dos casos posso dizer que as mulheres batem muito mais nos homens do que o contrário. E isso não é visto pela sociedade”

Paul Pun, secretário-geral da cáritas

“As pessoas de Macau têm uma tendência para dramatizar”

Um olhar atento Questionado sobre o mito dos chineses olharem muito para as suas próprias vidas, deixando muitas vezes de mostrar a preocupação pelo próximo, Paul Pun explica: “De facto na China há uma tendência cultural para que isso aconteça, mas Macau é diferente. Aqui as pessoas preocupam-se, querem ajuda e têm sensibilidade para a ajuda ao próximo. Por exemplo, durante os dias de Inverno as nossas linhas telefónicas ficam entupidas com tantos pedidos de auxílio para aqueles que mais precisam. E isto tudo em anónimo, o que mostra ainda mais a preocupação de ajudar e não o reconhecimento. Uma vez, só sobre uma pessoa que estava a dormir numa rua, recebi 43 telefonemas. Sim, 43. As pessoas querem saber, preocupam-se e ajudam”, remata.

nos falta faz. Com mais pessoas mais conseguimos fazer.

E surgiu agora uma nova acção, o Centro de Educação da Vida.Isso mesmo, o Centro que fica na zona da Barra. Ainda não abriu portas mas já está nos trabalhos de preparação e já lançou várias actividades.

Este Centro está directamente relacionado com o suicídio.

Sim, exactamente, este Centro vem prestar apoio a pessoas que pensam em ou tentaram suicidar--se. Fez o ano passado 30 anos que a Cáritas – depois de ter absorvido o conceito em Taiwan e ter tido al-guma formação – lançou uma linha de apoio às pessoas que se sentiam infelizes, que estavam a atravessar por uma má fase, levando-as até a pensar em suicídio. Essa linha, que ainda hoje existe, funciona com o apoio de voluntários mas só estava disponível durante meio dia, portanto não era uma linha 24 horas. E funciona também com um serviço de anonimato por quem liga, se assim o pretender, e os voluntários não podem dizer o nome, mas dizem um número, imagine 0001. Numa próxima, a pessoa que ligou pode pedir para que lhe seja transferida a chamada para esse voluntário, dizendo o número dele.

Qual a média de pessoas que acede a este serviço?Temos que dividir em duas fases. A primeira corresponde à altura em que esta linha só funcionava duran-te parte do dia, aí recebíamos por ano uma média de 800 chamadas. Depois, a segunda fase, foi quando passámos a linha de apoio a 24 horas, também apostámos mais na publicidade e na comunicação para a sociedade. No ano passado, registámos cerca de 14 mil cha-madas. A diferença é grande, mas natural por serem mais horas de trabalho, mais pessoas voluntárias. Neste momento temos cerca de 80 voluntários e dez pessoas contrata-das. Por isso achámos que existia efectivamente necessidade de criar este Centro onde as pessoas podem ter workshops de comunicação, resolução de conflitos, assistir a pa-lestras, ter um grupo que as apoia.

Do que é que estas pessoas, que ligam para esta linha ou que vos procuram, se queixam? O que as faz pensar em suicídio?Há sempre um desequilíbrio emo-cional e os assuntos estão sempre relacionados com problemas familiares, conflitos nos locais de trabalho ou simplesmente consigo próprias. Estão descontentes.

A população de Macau está infeliz?Não diria infeliz, acho que não é isso. Durante os últimos anos Macau conseguiu uma coisa muito boa, que poucas sociedades conse-guem: aqui vive-se em segurança e as últimas gerações cresceram nesta sociedade segura e protegi-da. Com os seus defeitos, porque

nem tudo é mau, nem tudo é bom, Macau deu esta qualidade de vida à sua população. Mas há o outro lado, que é as pessoas não estarem prontas para os desafios que podem surgir futuramente. As pessoas de Macau vivem intensamente os problemas aumentando-os desnecessariamente. As pessoas complicam um pouco mais, têm uma tendência para dramatizar, devido a esta segurança. Sofrem de ansiedade pelo futuro, não sa-bem o que pode ou não acontecer. Muitas vezes, nestes telefonemas, tentamos mostrar à pessoa que o

problema que ela apresenta não é um problema, mas um simples desafio que ela consegue perfeita-mente ultrapassar.

E são mais homens ou mulheres a pedir ajuda?Está bem distribuído, é por fases, às vezes são mais homens, outras mu-lheres. De 2012 a 2013 recebemos 14.490 telefonemas e, nesse ano, com análise dos nossos dados, ti-vemos mais mulheres a pedir ajuda.

Por violência doméstica?Nem por isso, grande parte dos casos estava relacionado com problemas nas suas famílias, entre filhos e outros familiares, mas prin-cipalmente no mundo do trabalho, nas suas relações com os colegas de profissão ou até as condições.

Apoia a definição de crime pú-blico na lei contra a violência doméstica?Esta é uma questão de facto muito problemática. Acho que devemos

ter muita atenção a cada caso, devemos analisar todos os pontos e cada pessoa. Começo a pensar na tolerância zero: se for assim qualquer coisa é crime. Será que deve ser assim? Condeno de forma absoluta a violência, mas devemos perceber o que aconteceu realmen-te, se acontece de forma sistemá-tica, qual a severidade dos casos. Há muitas questões neste tema, é um assunto muito delicado, eu acho. Quando falamos de violência doméstica não estamos só a falar de mulheres que são agredidas pelos seus maridos, não. Também

existem, e muitos, casos de homens vítimas de violência doméstica. Pela minha experiência dos casos posso dizer que as mulheres batem muito mais nos homens do que o contrário. E isso não é visto pela sociedade. Claro, a questão aqui está relacionada com a intensidade, por norma um homem tem mais força que uma mulher. Mas os homens são vítimas de violência doméstica também.

Defende um estudo de caso a caso?Sim, acho que precisamos de ser equilibrados e por isso perceber qual a verdadeira história de caso para caso.

E o que acha das declarações do deputado Fong Chi Keong sobre o papel da mulher?Acho que quanto mais falava mais problemas criava. Também acho que nunca uma pessoa, como o senhor Fong, teria capacidade para mudar e fazer mexer a massa popu-

lacional. Claro, ele nunca deveria ter dito aquilo, mas a verdade é que ele também não é tão poderoso como se fez com que parecesse. Senti que aquilo nunca poderia ter sido dito daquela forma, o conteúdo das suas declarações parecia de um filme de sátira.

Na altura, algumas pessoas de-fenderam que muitos homens de Macau pensavam da mesma forma.Não acredito nisso, de forma alguma. As pessoas de Macau, os homens de Macau, têm outro pensamento. Nem sequer esse pen-samento tradicional que alegaram ilustra as declarações do deputado. Não é tão assim, nem o chinês mais tradicional neste momento pensa daquela forma. A nossa sociedade não é assim.

A sociedade está a mudar.... mas ainda está longe do sufrágio universal? Muito longe, infelizmente. Em 1999 defendi um sistema de elei-ções por sufrágio universal, as pes-soas têm direito de escolher quem as representa. Para mim, [este] é o melhor método para escolher os nossos representantes. Mas esta sociedade, a chinesa, a de Macau, segue muito o código [de conduta], não gosta da mudança.

Mas estão a ser feitos esforços...E devem continuar. A mudança chegará um dia, não para já, mas é preciso que alguém comece o trabalho. Tudo começa por algum lado, é preciso preparar as pessoas.

Ontem festejou-se o Dia da Mu-lher. Considera que a mulher é uma chave para novos tempos?Claro, acho que vamos chegar a um dia em que os homens pro-curarão destacar-se. Repare, nas gerações actuais quem são os mais formados? As mulheres, porque os homens querem comprar mo-torizadas e jogar no casino, por isso deixam de trabalhar cedo para ganhar dinheiro para as suas coisas. Se estivermos atentos são as mulheres que apostam na sua formação e isto começa a fazer--se notar já actualmente. Uma coisa que nunca concordei foi o facto das mulheres se definirem como uma minoria, que poucas oportunidades tem para se fazer ouvir. A verdade é que quando têm pouco falam. Na cultura chinesa, as mulheres acham sempre que há alguém melhor que elas para dar a voz, apesar de começarem a surgir alguns casos de voz activa. E muitos mais surgirão. A internet tem sido uma boa ajuda para este acordar feminino, que tantos direi-tos tem como os homens. É através das redes sociais e blogues que as mulheres começam a expressar as suas opiniões. Há-de chegar o dia em que, num mundo justo, homens e mulheres estarão lado a lado.

“As pessoas de Macau vivem intensamente os problemas aumentando-os desnecessariamente, complicam um pouco mais, têm uma tendência para dramatizar, devido à segurança. Sofrem de ansiedade pelo futuro, não sabem o que pode ou não acontecer”

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4 hoje macau segunda-feira 9.3.2015política

Leonor Sá [email protected]

a s Linhas de Acção Go-vernativa (LAG) não tardam e é tempo de saber o que os especia-

listas consideram que devia ser feito na área da Administração e Justiça. se, por um lado, há quem peça uma “rápida” reforma da Função Pública, outros frisam a necessidade de se ac-tualizar e rever diplomas legislativos obsoletos.

Na área da Justiça, há uma maioria que concorda com a revi-são de vários dos diplomas legis-lativos em vigor na RAEM. É que várias delas, dizem, encontram-se em vigência na RAEM desde os anos 80 e 90. O argumento recai sobre o rápido desenvolvimento económico e social da região, que obriga à revisão de algumas legislações consideradas “obso-letas”, como é o caso da Lei do Orçamento.

Jorge Fão, membro da direcção da Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau (APOMAC), é um dos que pede isso.

“Temos uma Justiça muito lenta e gostava que esta área andasse mais rapidamente”, começa por dizer ao HM. Na perspectiva do representante da APOMAC, é preciso recrutar mais funcionários especializados e realmente rever legislações, nomeadamente aquela que diz respeito ao pagamento de pensão de sobrevivência a cônjuges viúvos de funcionários públicos.

“Estamos a trabalhar com uma

Com as Linhas de Acção Governativa à porta, advogados e especialistas em Administração e Justiça tocam na ferida e frisam a necessidade da secretária sónia Chan pôr em prática a reforma dos serviços públicos e actualizar uma série de leis que consideram obsoletas. Outra preocupação é a falta de juízes experientes

LAG AdministrAção e JustiçA Pela actualização de leis e reforma nos serviços Públicos

diplomas obsoletos fora

lei desactualizada. Aqui estes cônjuges têm apenas metade da pensão do seu falecido marido ou esposa, quando em Portugal isso já não acontece”, frisou.

UrgênciasQuem também argumenta a favor das reivindicações de Jorge Fão é o analista político Larry so. O ex--professor do Instituto Politécnico de Macau faz a distinção entre aquilo que gostaria de ver abor-dado por sónia Chan nas LAG e aquilo que acredita ser realmente focado. A necessidade de rever e introduzir novos diplomas é uma das questões que Larry so quer ver presente nas LAG.

“Espero que a secretária re-flicta sobre questões de revisão de diplomas como é o caso da Violência Doméstica e do Abuso [sexual]”, começa por lembrar. Esta actualização, argumenta, é essencial para responder às novas necessidades da sociedade con-temporânea.

“Há claro, a questão das leis de Macau já não corresponder à realidade local e acho que é um dos assuntos no qual [a secretária] se vai focar no sentido de fazer algo para melhorar isto”, revela ao HM.

Embora Pedro Leal não consi-dere que a revisão legislativa deva ser, para já, uma das prioridades desta secretária, há questões como a aprovação desta mesma lei – ac-tualmente em discussão em sede

de especialidade – que devem ser “aceleradas” pela relevância social que têm.

Vontade qUe moVe os tribUnaisMais do que a alteração do quadro legislativo da RAEM, Pedro Leal pede mais juízes experientes que possam ensinar a arte da magis-tratura a quem por cá se forma. O jurista considera que a vinda de magistrados portugueses para a RAEM é essencial para o bom funcionamento da Primeira e se-gunda Instâncias.

“Na justiça, é preciso alargar o quadro dos juízes com a contrata-ção em Portugal”, começa o jurista por referir. Questionado pelo HM sobre a viabilidade deste meca-nismo, Pedro Leal é peremptório: “Basta que haja vontade política”.

Para ilustrar a urgência deste pedido, o advogado relembra que alguns processos se encontram na segunda Instância “há dois ou três anos” e que muitas vezes têm um desfecho que considera “não ter nada a ver com a realidade” de quando entraram.

A revisão de diplomas não é, para Pedro Leal, um dos assuntos mais urgentes a resolver por sónia Chan, já que é a demora na resolu-ção de processo que mais entraves traz, refere.

Outra das soluções poderia passar, segundo o advogado por-tuguês, por fazer uma reestrutu-ração de funções. A ideia é então

permitir a passagem de pessoas devidamente qualificadas para o cargo de Juíz Assessor. Contudo, esta é uma função que não existe na actual estrutura jurídica na região, pelo menos para já.

“Há cá juízes de grande catego-ria que estão a trabalhar em posi-ções completamente subalternadas e que podiam ser aproveitados para ajudar”.

O ensino deve ser outro dos focos. “O problema na Justiça tem que ver com a falta de experiência da maior parte dos juízes. As pes-soas que estão agora a fazer o curso, por melhores notas que tenham, não têm qualidade para começar a julgar processos e por isso, o que falta, são os juízes portugueses que venham dar uma mão à Justiça”, afirmou Pedro Leal.

mUdanças administratiVaspara ontemTambém para Vong Hin Fai, a actualização da legislação também deve estar presente nas LAG. O deputado e advogado ilustra a necessidade de se rever o Regime da Propriedade Horizontal devido à sua inadequação com o panorama actual.

“Hoje em dia, muitos prédios são construídos com muitas frac-ções autónomas e temos edifícios com mais de mil fracções. No entanto, as regras que constam do nosso Direito Civil foram elabo-radas num contexto social em que

apenas eram construídos prédios com cerca de cinco andares”, começa por explicar o advogado.

“Já foi feita uma consulta públi-ca sobre esta matéria há dois anos e espero que o processo legislativo possa ser acelerado para chegada à Assembleia para nossa apreciação e aprovação”, sublinhou.

No que diz respeito ao sector da Administração, as opiniões dos especialistas contactados pelo HM são convergentes: é preciso avan-çar urgentemente com a Reforma Administrativa há muito prometida pelo Executivo.

Na área da Administração, Vong Hin Fai considera que a se-cretária irá muito provavelmente levar às LAG o tão publicitado item da simplificação dos órgãos administrativos e dos seus proce-dimentos, “aqueles que implicam a intervenção de diversos serviços públicos”.

Quem partilha desta mesma opinião é Jorge Fão, que recorda ser importante tratar da revisão do Estatuto dos Trabalhadores da Função Pública, algo que a classe tem reivindicado há vários anos.

“Eu era líder do sindicalismo em Macau e a [actual] legislação entrou em vigor nos anos 80 e até agora fizeram-se algumas altera-ções, mas é precisa uma mudança de fundo”, lembra um dos funda-dores da ATFPM. O representante da APOMAC lamenta que os funcionários do Governo estejam sob alçada de um diploma “retró-grado”. É preciso, na sua visão, criar um estatuto mais humanista e moderno.

“O actual Governo já só tem apenas cinco anos à sua frente e não resta muito tempo, por isso acho que isto tem que andar mesmo muito depressa”, frisou.

se por um lado se sublinha a necessidade da reforma da Admi-nistração Pública, há quem refira urgência na coordenação entre os órgãos decisores. Enquanto espe-cialista político, Larry so mostra--se preocupado com a alegada falta de harmonia na relação entre a AL e o Executivo.

“Acho que deve haver uma maior coordenação entre a AL e o Governo nestes termos. Espero que sónia Chan tenha um plano a curto prazo para resolver esta situação.”

A secretária para a Admi-nistração e Justiça, sónia Chan, entrou em funções este ano e vai apresentar as LAG da sua tutela nos próximos dias 26 e 27. De acordo com o seu discurso de tomada de posse, a questão que se prevê mais presente durante o debate será a reforma Administrativa.

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5 políticahoje macau segunda-feira 9.3.2015

AndreiA SofiA SilvA*[email protected]

A s receitas dos casinos registaram uma quebra nos últimos oito meses como há muito não se

via: de 38 mil milhões de patacas para pouco mais de 19 mil milhões. Mas os números continuam a não assustar o Governo. Em declara-ções aos jornalistas em Pequim, onde se encontra a participar na terceira sessão da Assembleia Popular Nacional (APN), Chui sai On revelou confiança no futuro.

“O desenvolvimento de qual-quer indústria sofre sempre altos e baixos. A indústria do Jogo irá ter um desenvolvimento saudável e estável a longo prazo, pelo que o Governo está optimista em rela-ção ao futuro”, disse Chui Sai On, citado por um comunicado oficial. Contudo, o Chefe do Executivo deixou o alerta: o Governo “tem que ser prudente”.

Chui sai On disse ainda acre-ditar no “crescimento paulatino do sector”, uma vez que a equipa governativa “tem andado muito atenta ao desenvolvimento e cres-cimento do sector do Jogo durante os últimos dez anos”.

“Nos tempos de abundância do desenvolvimento do sector da indústria do Jogo, o Governo sempre zelou e foi-se preparando para a crise, através do aumento do regime de reserva financeira. Neste momento, face à queda das despesas, o Governo tem assumido uma atitude pragmática ao cumprir escrupulosamente a Lei Básica, segundo o princípio da manutenção das despesas dentro dos limites das receitas e, na verdade, foi conseguido alcançar o equilíbrio

florA fong [email protected]

o representante de Macau no Comité Nacional da Conferência Consultiva

Política do Povo Chinês Ng Lap seng apresentou uma proposta que pretende transformar o Par-que Industrial Transfronteiriço Zhuhai-Macau, na Ilha Verde, num local com especial foco no sector comercial e de serviços. Com ele

estavam também 33 membros representativos de Macau e Hong Kong, assinantes da proposta.

“Fixar a indústria como prin-cipal sector do Parque Industrial Transfronteiriço Zhuhai-Macau já não é adequado. Para coordenar com o desenvolvimento da diversifica-ção da economia de Macau sugiro ajustar esta ideia, para que o sector principal seja o comercial e de ser-viços. Assim, é possível beneficiar a diversificação, a estrutura das

indústrias e a função do parque”, argumentou o representante, como avança o Jornal Ou Mun.

A proposta propõe ainda que seja permitida a construção de uma “zona de imunidade tribu-tária offshore de Macau”, além da entrada livre de veículos com matrícula de Macau no Parque e ainda a subvenção do saldo negativo dos impostos sobre o rendimento pessoal de trabalha-dores de Macau e do interior da

China que trabalhem no parque, entre outros pedidos.

Do grupo de assinantes, mar-caram presença susana Chou, ex-presidente da Assembleia Legis-lativa (AL), Ambrose so, director--executivo da sociedade de Jogos de Macau, Francis Tam, ex-secretário para a Economia e Finanças, David Chow, deputado de Macau na As-sembleia Popular Nacional e Chan Meng Kam, deputado da AL, entre outros membros.

LAG AdministrAção e JustiçA Pela actualização de leis e reforma nos serviços Públicos

diplomas obsoletos foraA participar na terceira sessão da Assembleia Popular Nacional, em Pequim, Chui sai On garantiu que o sector do Jogo “vai ter um desenvolvimento saudável e estável a longo prazo”, apesar da quebra das receitas. A capacidade de acolhimento dos turistas também foi debatida com dirigentes chineses

APn chefe assegura que macau “se PreParou Para a crise”

optimistas mas prudentes

BAíA de dAguAng em negociAçõeSTambém no âmbito da terceira sessão da APN foi debatida a questão da cooperação com Macau. Um comunicado oficial confirma que “a província de Guangdong e a cidade de Jiangmen também já apresentaram a Macau o projecto de cooperação sobre a baía de Daguang, em Jiangmen”. Contudo, trata-se de um processo “que se encontra em fase de contactos e negociações, não tendo ainda sido assinado nenhum acordo”. Chui Sai On referiu que Jiangmen possui um histórico de migrações que catapultou a cidade para o primeiro lugar nos movimentos migratórios em toda a China, pelo que sob o quadro da cooperação “ambas as cidades poderão reforçar o intercâmbio e os seus contributos”. Com Cantão e Zhongshan, Macau assinou um acordo de cooperação na área das embarcações de recreio e do turismo particular. Chui Sai On referiu que “o Governo vai continuar empenhado” na concretização deste acordo.

“A indústria do Jogo irá ter um desenvolvimento saudável e estável a longo prazo, pelo que o Governo está optimistaem relação ao futuro”

PArque industriAL Comité quer LoCAL Com ComérCio e serviços

Benefícios e mais benefícios

orçamental, existindo saldos acu-mulados”, rematou Chui Sai On.

Turismo na agendaEm Pequim, Chui sai On encon-trou-se ainda com Li Jinzao, di-rector da Administração Nacional do Turismo chinês. Segundo um comunicado, citado pela agência Lusa, os dois responsáveis terão discutido a situação do turismo em Macau, numa altura em que o Executivo local está a preparar um relatório sobre o assunto para entregar ao Governo Central.

“se por um lado, em matéria de optimização das políticas dos vis-

tos individuais Macau continuará a ser um destino turístico onde os visitantes se sentem em casa, por outro lado é necessário cuidar do bem-estar e da qualidade de vida dos residentes”, refere a nota oficial do encontro.

Mais tarde, aos jornalistas, Chui sai On adiantou, segundo a Lusa,

que foi discutida a capacidade do território em receber visitantes nas épocas festivas, mas não avançou mais informações sobre o encontro.

“A política de vistos individuais foi implementada há já algum tem-po, mais concretamente em Julho de 2003, pelo que o Governo regional vai avaliar e reflectir, não só tendo

em conta os recursos humanos, mas também as infra-estruturas existen-tes, sem esquecer a qualidade de vida dos residentes”, referiu.

Chui sai On teve ainda um en-contro com o presidente do Banco Popular da China, Zhou Xiaochuan, onde foram discutidos os temas “da segurança e estabilidade do sistema financeiro de Macau e o aperfeiçoamento do regime da reserva financeira, bem como o desenvolvimento das operações fi-nanceiras”. Da parte do dirigente do Banco Popular da China, terá ficado a promessa de “dar início à análise destas temáticas”. - *com Lusa

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6 política hoje macau segunda-feira 9.3.2015

O S deputados da Fe-deração das Asso-ciações de Operários de Macau (FAOM)

Kwan Tsui Hang, Lam Heong Sang e Ella Lei mostraram-se preocupados com a pressão cau-sada pelo aumento da população e dos turistas e exigem ao Governo a criação de novas políticas com-plementares a pensar na população, bem como a recuperação “de forma transparente” dos terrenos que actualmente estão desocupados ou por desenvolver.

Segundo o jornal Ou Mun, num encontro com meios de comunicação, Ella Lei referiu que o número de trabalhadores não residentes (TNR) já atingiu os 170 mil, o que traz uma so-brecarga em termos de habitação, trânsito e meio ambiente, e faz diminuir os espaços para a sobre-vivência das Pequenas e Médias Empresas (PME). Por isso, a deputada indirecta considera que o Governo deve repensar as políticas de TNR.

A deputada Kwan Tsui Hang recordou que o relatório e opiniões da consulta pública sobre o Enqua-dramento da Política Demográfica já foi publicado em 2013, sendo que até ao momento ainda não foram divulgadas políticas con-cretas. A deputada directa espera, por isso, que essas medidas que possam apresentados nas Linhas de Acção Governativas (LAG), nos meados deste mês.

Terras de ninguémNo que toca aos terrenos desocu-pados, Kwan Tsui Hang considera que o Executivo nunca recuperou

Videovigilância 1.ª fase do concurso público em breveA chefe do Gabinete do Secretário para a Segurança, Cheong Iok Ieng, avançou que a primeira fase do concurso público para a instalação de videovigilâncias em espaços públicos vai começar no primeiro trimestre deste ano. Numa resposta a uma interpelação do deputado Si Ka Lon, a responsável clarificou que a primeira fase da instalação vai contar com 219 câmaras de videovigilância, enquanto os concursos públicos das segunda e terceira fases serão iniciados simultaneamente “em tempo oportuno”. O gabinete vai continuar a investigar o aumento ou ajustamento de número e localizações destas câmaras, incluindo nas novas habitações públicas e no campus da Universidade de Macau, na Ilha de Montanha. Cheong acrescentou que o design e o regulamento vigente destes equipamentos correspondem a uma das propostas “mais avançadas da inspecção electrónica urbanística do mundo”, sendo ainda possível uma constante actualização do sistema futuramente.

A Associação Novo Macau (ANM) promoveu ontem um

debate público no dia em que se assinalou o Dia Internacional da Mulher. O evento, intitulado “Feliz Dia Internacional da Mulher – Um longo caminho para a igualdade de género”, teve como oradores Jason Chao, da ANM, Juliana Devoy, directora do Centro Bom Pastor, e Melody Lu, docente da Universidade de Macau, entre outros.

No debate foi pedido que a violência doméstica seja crime público e que haja maior igualdade entre sexos. Mas não só. “Falei que não nos devíamos focar apenas na protecção dos direitos das mu-lheres no geral, mas também nas mulheres marginalizadas, como é o caso da Avory, que é transexual, ou as lésbicas. Há a ideia que um homem ama sempre uma mulher e que uma mulher ama sempre um homem, mas temos de começar a compreender melhor a diversidade de orientações sexuais que exis-

O secretário-geral da Comis-são de Desenvolvimentos

de Talentos, Sou Chio Fai, garantiu que os requisitos de qualificação dos candidatos no processo de recrutamento para a Função Pública vão “gradual-mente” ser integrados com os requisitos internacionais, por forma a atrair o regresso dos talentos para Macau. Numa resposta a uma interpelação escrita enviada pelo deputa-do Si Ka Lon, Sou Chio Fai referiu que a medida pretende aconselhar e atrair os jovens de Macau que foram estudar para o estrangeiro.

Na assembleia ordinária da Comissão, realizada o ano passado, já foi apresentado o ajustamento “flexível” que será feito aos concursos da Função Pública bem como os requisitos

DepUtADOS DA FAOM exIGeM pOLítICAS pArA A pOpULAçãO

Panela de pressãoOs membros da FAOM mostram-se apreensivos com o crescente aumento da população e de turistas

nenhum terreno, o que já prejudicou a sua imagem perante o público. Por isso a deputada defende que o Governo deve mudar de estratégia e implementar o processo de re-cuperação de forma transparente.

“As zonas de novos aterros só deverão estar concluídas em 2016, mas os terrenos desocupados são espaços já existentes. Este proble-ma já foi apresentado há muitos anos, e mesmo que existam pro-

Mulheres Novo Macau promove debate sobre igualdade de direitos Função Pública Recrutamento vai cumprir normas internacionais

cessos judiciais, o Governo pode publicar o número e as localizações de terrenos, fazendo com que os processos sejam transparentes. Caso contrário, é difícil melhorar a imagem do Governo.” - F.F.

tem”, disse Jason Chao ao HM. As dificuldades sentidas diariamente pelas empregadas domésticas em Macau, “quase todas mulheres”, também foi outro dos assuntos debatidos.

Os participantes exortaram o Governo a criar leis e políticas que promovam a igualdade de géneros, não apenas na sociedade mas também na família.

“Melody Lu defendeu que Ma-cau tem uma boa situação econó-

mica em termos de emprego, mas deveríamos partir para um outro patamar, com maior equilíbrio en-tre homens e mulheres em termos de responsabilidades familiares”, explicou Jason Chao. “A ONU o ano passado exortou Macau a promover uma lei que promova a igualdade entre sexos e contra a discriminação, Macau é obrigada a fazer essa lei e temos tentado pressionado o Governo para a concretizar”, concluiu. - A.S.S.

de qualificação para a credencia-ção profissional. Sou Chio Fai sugeriu que, através dos diversos departamentos do Governo, pos-sa ser emitida uma autenticação para a mesma qualificação atri-buída por diferentes sistemas académicos do estrangeiro.

O também director do Ga-binete de Apoio para o Ensino Superior (GAES) explicou que todos os anos vai ser estabelecida uma comunicação com as entida-des competentes e instituições. Vão ainda ser estudadas mais medidas para encontrar a fórmula mais adequada para atrair os talentos para Macau, frisou Sou Chio Fai.

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7sociedadehoje macau segunda-feira 9.3.2015

AndreiA SofiA [email protected]

J Á está instaurado um pro-cesso de inquérito interno naquele que é o primeiro caso de corrupção, detec-

tado pelo Comissariado contra a Corrupção (CCAC), a envolver um trabalhador com funções de chefe do Estabelecimento Prisional de Macau (EPM). Segundo um comu-nicado, o EPM vai também reforçar as formações da “consciência da integridade dos trabalhadores” e ainda “verificar se existem lacunas nos actuais sistemas de supervisão e gestão”. Quanto ao suspeito, foi detido, mas ficará a aguardar em liberdade o desenrolar do processo, sendo que está proibido de sair da RAEM e foi suspenso do exercício de funções públicas.

Os responsáveis do EPM as-seguram que vão prestar apoio e cooperação nas investigações do CCAC, sendo que a entidade “não irá tolerar de modo algum ovelhas negras na destruição da ordem prisional”. Da parte do CCAC, o caso é considerado “de grande relevância”, não estando de parte a hipótese do “envolvimento de outros indivíduos neste caso”.

Toma lá, dá cáO arguido, de apelido Wong, está acusado do crime de corrupção passiva por acto ilícito. Segundo o CCAC, Wong “terá recebido, durante longo tempo, vantagens oferecidas por um recluso como contrapartidas de favorecimento do mesmo e tratamento privilegia-do a seu favor, fazendo igualmente

florA fong [email protected]

o Instituto de Habita-ção (IH) admitiu ter recebido centenas de pedidos de reparações

nas fracções de habitação pública do Edifício Koi Ngai, em Seac Pai Van, onde surgiu recentemente uma pare-de oca. De acordo com o organismo, foram cerca de 800 os pedidos de reparação dos moradores.

Numa resposta ao Jornal Ou Mun, o IH referiu que, entre os 800 pedidos recebidos, 730 casos – mais

SE não forem feitas obras na Escola Portuguesa de

Macau (EPM), a instituição vai perder capacidade para receber mais alunos. É o que diz o presidente da direcção da EPM, Manuel Machado, citado pela Rádio Macau.

“Nestas instalações, po-deríamos receber mais 50 [alunos]. Estamos com 555 este ano. Penso que, para estas instalações, o número máximo que assegura uma qualidade da prestação do serviço educativo anda à volta dos 600”, revela. O responsável considera que “se continuar a haver um afluxo desta natureza”, as actuais infra-estruturas têm capacidade de resposta “para mais um ano”. “As obras, quaisquer que sejam, terão de ser realizadas com alguma brevidade”, avisa.

No ano passado, o ministro português da Educação e Ciên-cia, Nuno Crato, garantiu que vão ser feitas obras na EPM. “Neste momento, sei que o as-sunto está a ser equacionado, pensado, a nível do conselho de administração da Fundação Escola Portuguesa de Macau – que tem dois administrado-res em Macau e os restantes em Lisboa – juntamente com o Ministério da Educação”, avança Manuel Machado.

Hoje, a EPM abre as inscrições para o próximo ano lectivo. As declarações do presidente da direcção da escola foram feitas à margem do dia aberto da instituição.

Corrupção Prisão instaura Processo de inquérito interno. chefe detido.

“Vista grossa” e muitas prendas O Estabelecimento Prisional de Macau já instaurou um processo de inquérito interno a um funcionário suspeito da prática de corrupção passiva, num caso descoberto pelo Comissariado contra a Corrupção. Dentro da prisão, a ordem é não tolerar novos casos, mas o CCAC admite que pode haver mais envolvidos

Wong “terá recebido, durante longo tempo, vantagens oferecidas por um recluso como contrapartidas de favorecimento do mesmo e tratamento privilegiado a seu favor, fazendo igualmente ‘vista grossa’ aos actos irregulares praticados por aquele na prisão”Comissariado Contra a Corrupção

seaC pai Van Centenas de pedidos de reparações no edifíCio Koi ngai

Crise mais que confirmadade 90% - já foram tratados, estando os restantes “a ser acompanhados”.

O instituto diz ainda que, de forma a perceber a situação da qualidade das fracções de habitação pública, têm sido enviados folhetos aos mais de 1300 proprietários para que forneçam informações ao IH sobre eventuais problemas nos apartamentos. Algo que o

Gabinete para o Desenvolvimento das Infra-Estruturas (GDI) tinha já confirmado ao HM. O IH diz ainda que já contactou os moradores do mesmo edifício que este mês entre-garam uma carta à sede do Governo.

muiTas incógniTasNo entanto, segundo o mesmo jornal, o organismo não explicou

Escola Portuguesa Risco de atingir capacidade máxima

quantas fracções estão envolvidas nos 800 pedidos de reparação, nem referiu quais os tipos de problemas, uma vez que “é difícil avaliar o nível de problemas”.

Si Ka Lon tinha criticado, na sua interpelação escrita, o Executi-vo, acusando este de não valorizar a supervisão de qualidade das obras públicas, fazendo isto com

que aparecessem “uns problemas atrás dos outros”. O IH e o GDI negam e asseguram que os pedi-dos de reparação chegam ao IH, são transferidos para o GDI e este encaminha-os para a companhia de construção, que deverá “contactar directamente o proprietário para reparação”.

Para Si Ka Lon, a maior causa de problemas nas habitações pú-blicas é a falta de um mecanismo “de rastreio da responsabilidade das companhias de construção e fiscalização” que levam a cabo obras públicas.

‘vista grossa’ aos actos irregulares praticados por aquele na prisão”.

Wong geria o funcionamento quotidiano das zonas dos reclusos e terá recebido do recluso diversas “vantagens”, onde se incluem “garrafas de bebidas alcoólicas de marcas prestigiadas, produtos alimentares valiosos tais como abalones de alta qualidade, gin-seng, produtos cosméticos de

marcas internacionais, viagens e estadias em hotéis de luxo e ainda refeições”, aponta o comunicado.

“O arguido, por sua vez, terá prestado tratamento privilegiado a favor do recluso em causa, pro-porcionando-lhe protecção especial dentro do estabelecimento, e fazendo igualmente ‘vista grossa’ aos actos irregulares praticados por aquele na prisão”, acrescenta o CCAC.

Durante o processo de in-vestigação, a entidade liderada por André Cheong confirma ter encontrado provas dos produtos oferecidos a Wong na cela do recluso, onde foram encontrados “alguns artigos proibidos”.

“Foram também encontradas provas relevantes da prática do crime referido no domicílio do arguido”, conclui o CCAC.

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8 sociedade hoje macau segunda-feira 9.3.2015

Joana [email protected]

C línicas privadas es-tarão a levar a cabo tra-tamentos de fecundação que são ilegais em Macau.

O alerta é dos serviços de saúde (ss), que asseguram que vão emitir orientações a estas entidades, uma vez que não há ainda legislação na RaEM que lhes permita fazer determinados tratamentos.

De acordo com o organis-mo, têm sido recebidas queixas que mostram que há pacientes a procurar “serviços de procriação medicamente assistida” em Macau, como forma de fugir à “rigorosa fiscalização no interior da China e em Hong Kong”. Os clientes deslocam-se, então a Macau, como explica o comunicado dos ss, para “se submeter a este tipo de serviços nas unidades privadas de saúde”.

Hepatite C Queda acentuada nos casos O ano passado não se registou qualquer caso de Hepatite C em Macau e essa parece ter sido a tendência nos últimos anos. Segundo um comunicado emitido pelos Serviços de Saúde (SS), o maior número de casos aconteceu em 2002, com 135 registos. Entre 2011 e 2012 não se registou nenhum caso, sendo que em 2013 apenas foram confirmados três casos. O ano passado o Serviço de Infecciologia do hospital público tratou cem doentes. Os SS dizem ainda que já está em Macau o novo medicamento Sofosbuvir, específico para doentes com quadros de saúde complicados, garantindo que este será administrado aos pacientes que dele necessitem “após a devida análise e ponderação clínica para efeitos de tratamento”. Segundo a Rádio Macau, há pacientes no território à espera deste medicamento, mas os médicos estão ainda a “estudar” a forma como deverá ser feita a administração.

Tabaco Governo já multou 25 mil pessoas Em três anos de implementação da Lei de Prevenção e Controlo do Tabagismo já foram multadas 25.307 pessoas. Os dados são dos Serviços de Saúde (SS) e revelam ainda que foram efectuadas mais de 728 mil inspecções a estabelecimentos. Só este ano, entre 1 de Janeiro e 28 de Fevereiro, foram acusadas 1154 pessoas, de entre mais de 42 mil inspecções feitas a estabelecimentos. Relativamente aos casos registados este ano, 92,9% dos infractores são homens, sendo que 61,1% das multas é relativa a residentes de Macau.

“Em nenhuma circunstância, os profissionaisde saúde e estabelecimentos de cuidados de saúde de Macau estão autorizados a prestar, por sua livre e espontânea vontade, serviços de procriação medicamente assistida aos doentes”ServiçoS de Saúde

Os ss viram-se obrigados a emitir um comunicado para apelar aos estabelecimentosde saúde privados que não levem a cabo tratamentos relacionados com fecundação,uma vez que estes ainda são ilegais em Macau. segundo os ss, há pacientes a viremao território para o efeito

Saúde CLínICaS PRIvadaS ESTaRãO a FazER TRaTaMEnTOS dE FECundaçãO ILEgaIS

Problema mais que técnico

Um dos grandes problemas,por exemplo, é que estes pacientes “requerem a prática de actos não morais e ilegais, como por exemplo o diagnóstico pré-implantação ou a escolha do sexo” do bebé.

Os ss asseguram que já emiti-ram ofícios destinados à sensibili-zação das entidades hospitalares e dos médicos, a quem o organismo pede que, antes de prestação des-tes “novos” cuidados de saúde, apresentem um pedido junto dos ss, algo que é obrigatório. ainda

assim, tal não significa que as clí-nicas sejam autorizadas a realizar estes tratamentos, até porque ainda não são legais em Macau.

“logo após [o pedido], os serviços de saúde são obrigados a proceder à apreciação e avaliação das condições, como capacidade técnica, equipamentos do estabe-lecimento e dotação de pessoal da unidade requerente em consonância com as respectivas legislações e procedimentos”, começa por ex-plicar o comunicado. “no período

compreendido entre Março de 2012 e Janeiro de 2015, através da Unida-de Técnica de licenciamento para as actividades Privadas de saúde (UTlaP), os ss receberam quatro pedidos e duas consultas apresenta-das por unidades de saúde sobre a prestação de cuidados de procriação medicamente assistida, às quais os ss frisaram a inexistência das respectivas disposições em Macau. assim, considerando que em Ma-cau ainda não existe um diploma legal específico sobre a técnica de procriação medicamente assistida, apenas existem algumas disposições avulsas, os ss vão, em breve, emitir orientações destinadas às entidades médicas que exercem actividades privadas de prestação de cuidados de saúde sobre quais os procedimentos que devem seguidos para solicitar a prestação das técnica de procriação medicamente assistida.”

Por cá ainda nãoapesar das orientações, os ss asseguram que não é permitida na RaEM a realização de serviços de procriação medicamente assistida por livre vontade e diz ainda que as mesmas carecem de apreciação e aprovação legal, ao contrário do que acontece na china e em Hong Kong, onde estes tratamentos são fiscalizados, uma vez que estão legalizados.

Os ss asseguram, então, que “em nenhuma circunstância, os profissionais de saúde e estabe-lecimentos de cuidados de saúde de Macau estão autorizados a prestar, por sua livre e espontânea vontade, serviços de procriação medicamente assistida aos doen-tes”, nomeadamente fertilização in vitro e transferência de embriões e intra citoplasmática de espermato-zóides, entre outros tratamentos.

“no que concerne às maté-rias de procriação medicamente assistida, [estes tratamentos] en-volvem uma série de problemas, quer a nível social, quer ético, quer jurídico e relativo à própria reprodução humana”, acrescentam ainda os ss. “É necessário garantir que os respectivos serviços sejam prestados sob uma fiscalização ao abrigo das disposições legais e que, quando sejam disponibilizadas, as mesmas devam ser prestadas em entidades de saúde que cumprem as condições exigidas.”

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9 sociedadehoje macau segunda-feira 9.3.2015

A remuneração média dos trabalhadores do sector das lotarias e

outros jogos de aposta em Macau aumentou 8,2% em Dezembro, comparando com o período homólogo do ano anterior. Dados do inquérito às necessidades de mão-de-obra e às remu-nerações referentes ao 4.º trimestre de 2014 indicam

Tabaco Angela Leong falaem gastos de“2 mil milhões”Angela Leong volta a criticar a política de controlo do tabagismo, acusando-a de ser “ambígua” e ter levado ao “desperdício” do dinheiro investido pelas operadoras para o controlo do fumo. Citada pela Rádio Macau, a deputada e também administradora-delegada da Sociedade de Jogos de Macau estima que as operadoras já gastaram mais de dois mil milhões de patacas com a construção de instalações para fumadores. Angela Leong volta, por isso, a sair em defesa da proibição total do fumo nos casinos, uma decisão que, realça, devia ter sido tomada quando a lei entrou em vigor.

A DSAL ordenou a utilização de aparelhos de elevação no estaleiro do MGM no Cotai, depois de um homemde 55 anos ter falecido enquanto trabalhava. O organismo está a investigar, mas adianta que suspeitade “insuficiência da resistência das correntes”

MGM TRAbALhAdoR MoRRe eM eSTALeiRo no CoTAi

Tragédia nas alturasA Direcção dos Ser-

viços para os As-suntos Laborais (DSAL) orde-

nou a suspensão de alguns aparelhos nos estaleiros de construção do MGM, no Cotai, depois de um acidente de trabalho que vitimou um trabalhador. A DSAL diz suspeitar da “insuficiência da resistência das correntes”.

O trabalhador, de 55 anos, era da China conti-nental e foi atingido por uma

bomba automática de betão, instalada no 16.º andar do edifício em construção. O equipamento estava a ser transportado por um guin-daste mas uma das correntes que o prendia quebrou-se.

“A vítima, que estava a proceder ao trabalho de cofragem naquele andar, foi atingida gravemente, tendo a sua morte sido confirmada posteriormente”, refere a DSAL, em comunicado. O organismo assegura estar a prestar apoio à família da ví-tima no acompanhamento da matéria relativa à indemniza-ção por acidente de trabalho.

Tudo paradoApós o acidente, a DSAL enviou pessoal para se

inteirar da situação, sendo que as investigações preli-minares mostram que uma das correntes do guindaste se partiu. Segundo o or-

ganismo, foi ordenada ao empreiteiro a suspensão imediata da utilização dos aparelhos elevatórios e dos instrumentos para

suspensão de carga, tendo também exigido a revisão integral do equipamento e dos respectivos proce-dimentos de elevação de

carga, bem como o reforço da formação e da sensibi-lização dos trabalhadores sobre conhecimentos de segurança.

A DSAL vai continuar a investigar as causas do acidente e promete res-ponsabilizar e sancionar a entidade em causa em conformidade com a lei, caso os factos apontem para negligência da parte da operadora.

Já a MGM, em comu-nicado, lamenta a morte do funcionário e assegura que vai apoiar a família. Diz ainda que deu início a uma investigação independente do Governo, com a qual, ainda assim, coopera tam-bém. - J.F.

JoGo AuMenTo dos sAlários, decrésciMo dAs vAGAs

Aqui é que se está bemainda que as vagas neste sector tiveram ainda um decréscimo anual de quase 42%, deixando apenas 841 lugares disponíveis para trabalhadores.

Os dados mostram que a remuneração média dos trabalhadores a tempo in-teiro do sector das lotarias e outros jogos de aposta, excluindo as participações

nos lucros e prémios, subiu para 20.680 patacas.

Em particular, a remune-ração média dos croupiers – posição que apenas pode ser exercida por residentes

permanentes de Macau –, aumentou 7,7% para 18 mil patacas em relação a Dezembro de 2013.

Recorde-se que o ano de 2014 foi marcado por vários protestos de rua dos trabalhadores do Jogo em Macau por melhores condi-ções salariais e de progres-são nas carreiras, sobretudo no período do Verão, que antecedeu a eleição para o chefe do Executivo, e as primeiras quedas nos lucros dos casinos.

No final de 2014, Macau tinha 58.524 trabalhadores neste sector, uma subida anual de 3,4%. Quase me-tade destes trabalhadores (44% ou 25.752) eram crou-piers, os quais aumentaram 2% em termos anuais.

Já o número de vagas no sector caiu 42% ou 1145, pas-sando de 1986 para 841 postos de trabalho disponíveis. Do total de vagas por preencher no final do ano passado, 180 correspondiam à função de croupiers, um número que traduz uma diminuição sig-nificativa de 884 vagas em relação às 1064 contabilizadas no final de 2013.

Para o preenchimento das vagas existentes, os ope-radores de Jogo colocavam como condição conheci-mentos de mandarim em 89,4% dos casos e de inglês em 66,5% dos casos.

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tian

10 hoje macau segunda-feira 9.3.2015eventos

ViVer e Morrer nos CárCeres do Santo ofício • isabel drumond BragaA historiadora Isabel Drumond Braga apresenta-nos uma investigação original que nos transporta para o universo sombrio do Santo Ofício, dando-nos a conhecer o dia-a-dia daqueles que eram presos pela Inquisição. Homens e mulheres, gentes do litoral e do interior, pobres e abastados, arrependidos ou pertinazes, mas sempre em busca de um objetivo, muitas vezes não alcançado: a saída rápida do cárcere e o recomeço de uma nova vida.

À Venda na LiVraria Portuguesa Rua de S. domingoS 16-18 • tel: +853 28566442 | 28515915 • fax: +853 28378014 • [email protected]

Spínola e a Revolução , do 25 de abRil ao 11 de maRço de 1975• Francisco Bairrão ruivoDesde finais do marcelismo que a acção do general António de Spínola apontava para a chegada ao poder, estando umbilicalmente ligada à questão africana. Com o golpe militar de 25 de Abril de 1974, tornava-se o primeiro Presidente da República após o Estado Novo. Até Setembro desse ano, procurará reforçar os poderes presidenciais, retardar a descolonização e aplicar-lhe uma via federalista, impor um projecto político assente na limitação de direitos e liberdades, na contenção da democratização e, fundamentalmente, do que se afirmava como uma revolução. Meses depois, regressaria com o precipitado golpe de 11 de Março de 1975. Talvez nunca se tenha falado tanto em «povo» como naqueles anos, sinal de que, no período revolucionário de 1974 e 1975, dificilmente se pode encontrar maior ou tão central protagonista. Será, precisamente, nesse «povo», ou parte dele, nos movimentos sociais e na revolução que Spínola encontrará a razão fundamental do fracasso do seu projecto político.

Leonor Sá [email protected]

‘C ATS’, uma das pe- ças de teatro mu-sical mais vistas em todo o mundo,

estreou na passada sexta-feira no Venetian Theatre, mas não sem que antes os média tivessem oportunidade de conhecer os artistas de perto. Foi Jo-Anne Robinson, en-cenadora e coreógrafa, quem abriu as hostes, explicando que a peça é, antes de mais, um espectáculo resultante de muito esforço em termos físicos e psicológicos, seja pela capacidade dos actores cantarem, dançarem ou se-rem realmente capazes de se fazerem passar por gatos. O público poderá esperar uma peça cheia de vida e música que nunca deixa de impres-sionar, seja pela interacção dos personagens com a plateia, ou pelas metáfora embutidas de T.S. Elliot, a mente criativa por trás de tudo isto.

actual deSde 1930O facto de ‘Cats’ ter sido baseado numa das obras do escritor e ensaísta britânico

“Os principais desafios são mantera peça sempre fresa, porque é preciso ter cuidado quando se dá liberdadede interpretação aos actores paraque o rumo da história não divirjado original”Jo-Anne Robinson encenadora e coreógrafa

Macau recebe ‘Cats’, o musical de Andrew Lloyd Webber, pela primeira vez com um elenco de várias idades e nacionalidades. No dia da estreia, o ambiente era de descontracção e uma coisa os actores asseguram: nenhum espectáculoé igual ao outro

MusicAl ‘cAts’ ElEnco garantE pEças difErEntEs todos os dias

“É preciso ter cuidado com a liberdade de interpretação”

T. S. Elliot permite ver que há mais em palco além de saltos e pessoas “de quatro patas”.

“Não há propriamente uma moral oculta na peça, mas há realmente uma men-sagem que se quer passar que é a forma como nós [pessoas numa sociedade] nos deve-mos comportar uns com os outros”, começou por explicar a encenadora e coreógrafa.

A questão da marginaliza-ção está bastante presente na obra, ideia que se pensa ter vindo da mente de T. S. Elliot. De acordo com Robinson, cada gato representa uma fi-gura da sociedade contempo-rânea do escritor. Ao contrário do que se possa pensar, o enredo e personagens não são obsoletas, até porque segundo a responsável, “a sociedade não muda”. Pelo menos não de forma profunda.

“Há o gato que quer ser o líder, outro que tem jeito para cuidar dos outros, um que é o mais jovem e extrovertido”, exemplifica.

de todas as idades e naçõesOs actores da peça têm entre 19 e 40 anos e todos devem saber cantar determinadas

notas musicais, dançar e, mais importante que tudo, saber mexer-se como um gato. Entre nacionalidades sul-africana, britânica, norte-americana e australiana, está Yuhan Ai Whitehead, a única actriz chinesa do elenco.

“Integrei a peça em lín-gua chinesa e a certa altura convidaram-me para acom-panhar esta digressão a partir de Singapura”, contou a actriz e cantora. É a primeira que Whitehead desempenha um papel totalmente em chinês,

continuando a desempenhar a personagem dos espectáculos na China.

Já Earl Gregory chega-nos da África do Sul para inter-pretar o papel de Rum Tum Tugger, o gato extrovertido e de quem todos parecem gostar.

“Cada um de nós tem um momento na peça em mos-tramos a personalidade da nossa personagem”, começa por dizer o actor.

No entanto, qual é o facto que determina a magia de

‘Cats’? Para Gregory, tudo passa pela frescura perma-nente da peça.

“A peça está em constante evolução e todos trazem dife-rentes interpretações, sempre a tentar inovar e criar novas formas de dar vida às persona-gens”, conta o actor. Questio-nado sobre se os espectadores verão esta semana a mesma peça que passou noutros paí-ses, o sul-africano responde sem hesitar - “Sem dúvida que todos os dias a peça será diferente, porque a interacção com os nossos colegas nunca é igual, é algo sempre fresco”. Para Earl Gregory, não há uma sem duas. “Penso que é preciso ver a peça mais do que uma vez devido à sua complexidade e para perceber a mensagem que se quer passar”, frisa.

o que esPerar?Serão certamente poucas as pessoas que nunca ouviram

falar desta peça, mas um dos pormenores que fica aquém do senso comum é o facto do palco ser inteiramente criado a partir de peças antigas e velharias, como é o caso de pneus, panfletos e canos. Tudo isto é construído para dar vida a um pátio velho, local predilecto para estes felinos. Esta foi, segura-mente, um das coisas que se foi alterando ao longo dos vários anos em que a peça ganhou vida.

“O palco é certamente das coisas que mais mudanças teve. Inicialmente, quis-se adaptar o ambiente àqueles tempos, mas hoje em dia temos muito mais coisas”, revela a encenadora da peça. Em jeito de brincadeira, Ro-binson confessa que pediu, já em Macau, um dos objectos para incluir no palco, mas o pedido acabou por ser recusado.

até que Lá se Chegue“Os principais desafios são manter a peça sempre fresa, porque é preciso ter cuidado quando se dá liberdade de interpretação aos actores para que o rumo da história não divirja do original”, referiu a encenadora. O melhor, diz, é o facto da equipa ser bastante próxima, o que possibilidade uma maior confiança e cum-plicidade entre todos. Outra das questões passa pela falta de tempo. “Este espectáculo tem tanto em si que por vezes é complicado ter tudo perfeito”, continua.

‘Cats’ é das peças que mais digressões mundiais tem feito, tanto em inglês como noutras línguas. A peça dá vida a poemas do escritor

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11 eventoshoje macau segunda-feira 9.3.2015

Pintura Trabalhos a óleode Yang Yao em exposição Chama-se a “Existência e Superação do Esquema” e é a mais recente exposição de pintura a óleo de Yang Yao, um conhecido artista de Guangzhou. A inauguração tem lugar amanhã, pelas 18h30, na Sala de Exposição do Centro UNESCO de Macau, sendo que a mostra reúne 28 obras do artista. Yang Yao é membro da Associação de Pintura a Óleo da China, Director do Centro de Estudos de Pintura a Óleo do Instituto de Belas-Artes Lingnan e consultor do Centro de Estudos de Pintura a Óleo Impressionista Chinesa da Academia de Belas-Artes de Guangzhou. Há já muitos que se dedica ao ensino e à criação de pintura a óleo. Durante as últimas seis décadas o artista tem estado ligado ao mundo das criações artísticas. A exposição estará patente até 13 de Março e a entrada é gratuita.

USJ Palestra sobreestudos sociais Rui Oliveira, reitor e professor do Instituto Universitário de Portugal, apresenta no dia 25 de Março a palestra “Mentes simples que vivem em mundos sociais complexos – o peixe zebra como modelo para o estudo do comportamento social”. Com entrada livre, a acontecer na Universidade de São José às 16h30, o debate giram em torno do comportamento social, da avaliação cognitiva que se faz da informação na sociedade e da aprendizagem em comunidade. O investigador fez uso dos peixes zebra como modelo integrado num meio social, para ajudar a desenvolver um quadro comparativo neuro-comportamental.

O músico Jorge Palma vai actuar em Macau, a 26 de Abril, num concerto

no Centro Cultural, confirmou à agência Lusa o responsável da agência Bairro da Música, Tiago Branco. A informação foi avançada à Rádio Macau pela presidente da Casa de Portugal, Amélia António, que explicou que o espectáculo do compositor português é o principal das comemorações do 25 de Abril, no território.

Esta será a segunda vez que Jor-ge Palma actua em Macau, depois de um primeiro concerto no Teatro D. Pedro V, nos anos de 1990.

Trata-se de um concerto único na Ásia, em que Jorge Palma se vai apresentar com a formação em trio, composta pelo filho Vicente Palma (guitarra, piano e voz) e Gabriel Gomes (ex-Madredeus e ex-Sétima Legião, no acordeão), acrescentou Tiago Branco, da agência do “can-tautor”.

Compositor, poeta, intérprete e pianista, Jorge Palma iniciou-se nas lides musicais aos 13 anos, quando ficou em 2.º lugar no Con-curso Internacional das Juventudes Musicais, realizado em Palma de Maiorca, do qual trouxe também uma Menção Honrosa do júri.

Carreira preenChidaO curso superior de piano, entretanto interrompido, terminou-o em 1990. Ao longo da carreira, o músico editou dezenas de álbuns em nome próprio e participou noutros, construindo uma carreira reconhecida com vários discos de ouro, e uma dupla platina, com o álbum “Voo Nocturno”.

Venceu o Prémio José Afonso por duas vezes, em 2002 e em 2008, o Globo de Ouro Caras/SIC, em 2012, na categoria de Melhor Intérprete.

O mais recente álbum, “Com Todo o Respeito”, foi galardoado pela Sociedade Portuguesa de Au-tores com o Prémio Pedro Osório, em 2012.

Jorge Palma tem uma carreira marcada por êxitos como “Deixa--me rir”, “A gente vai continuar”, “Estrela-do-mar”, “Cara de anjo mau”, “Bairro do amor”, “Canção do amor”, “Jeremias, o fora da lei”, “Com todo o respeito”, “Os olhos de Catarina” ou “Soltos do chão”.

25 de Abril Jorge PAlmA ActuA em mAcAu no ccm

Não há um sem trêsmusicAl ‘cAts’ ELENCO GARANtE PEçAS DIfERENtES tODOS OS DIAS

“É preciso ter cuidado com a liberdade de interpretação”

britânico T. S. Elliot, contidos na obra “Old Possum’s Book of Practical Cats”.

Esta foi publicada em 1939 e conta a história de uma série de gatos com diferentes perso-nalidades a viver num jardim, centrando-se numa noite espe-cial, em que uma das figuras principais, Old Deuteronomy,

se prepara para escolher um dos felinos.

‘Cats’ está em palco todos os dias desde sexta-feira, sendo que alguns dias estão já esgotados. O elenco só fecha a cortina no próximo dia 15, domingo. Os bilhetes para o espectáculo que começa às 20h00 estão à venda por 280, 480 e 680 patacas.

Yuhan ai Whitehead

earl Gregory

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12 publicidade hoje macau segunda-feira 9.3.2015

ANÚNCIO

COMISSÃO DO GRANDE PRÉMIO DE MACAU

Angariação de patrocínio dos carros de segurança, médico, intervenção rápida e oficiais para os 62.o e 63.o Grande

Prémio de Macau

A Comissão do Grande Prémio de Macau tem a honra de convidar todas as entidades interessadas no Patrocínio dos carros de segurança, médico, intervenção rápida e oficiais para os 62.° e 63.o Grande Prémio de Macau para apresentarem uma proposta.

Processo da Angariação: O processo da presente angariação, incluindo o seu programa e demais documentos complementares, encontra-se patente na Comissão do Grande Prémio de Macau, sita na Av. da Amizade n.º 207, Edifício do Grande Prémio, onde correrá os seus termos o procedimento administrativo de selecção. Nos dias úteis e durante o horário normal de expediente pode ser examinado e levantadas cópias do mesmo, desde a data da publicação do presente anúncio até ao dia 27 de Março de 2015.

Local, dia e hora limite para entrega das propostas: Comissão do Grande Prémio de Macau, sita em Macau, na Avenida da Amizade n.º 207, Edifício do Grande Prémio, até às 17.30 horas do dia 27 de Março de 2015.

Sessão de esclarecimento: Terá lugar às 10.00 horas, do dia 12 de Março de 2015, do Edifício do Grande Prémio de Macau.

Local, dia e hora do acto público do angariação de patrocínio:

Local: Comissão do Grande Prémio de Macau;

Dia e hora: 30 de Março de 2015, pelas 10.00 horas.

Os proponentes deverão fazer-se representar no acto público de abertura das propostas para apresentação de eventuais reclamações e/ou esclarecimento de dúvidas acerca da documentação integrante da proposta.

Esclarecimentos:Quaisquer esclarecimentos sobre a presente angariação de patrocínio poderão ser solicitados à Comissão do Grande Prémio de Macau através dos seguintes números de telefone: 8796 2210 ou 8796 2242.

A Comissão do Grande Prémio de Macau, aos 6 de Março de 2015.

O Coordenador

João Manuel Costa Antunes

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13chinahoje macau segunda-feira 9.3.2015

O ministro dos Negócios Es-trangeiros da China, Wang

Yi, defendeu ontem que a ordem internacional “preci-sa de ser actualizada”, mas negou que o país pretenda derrubar o actual sistema.

“Estamos no mesmo bar-co, com mais de 190 outros países. Não queremos virar o barco, evidentemente, mas sim trabalhar com os outros passageiros para assegurar que o barco navegue com firmeza e na direcção certa”, disse Wang Yi, referindo-se à Organização das Nações Unidas (ONU).

Wang Yi salientou, con-tudo, que o mundo “mudou dramaticamente” desde a criação da ONU, há 70 anos, e apelou a “promoção da democracia nas relações internacionais e ao primado da lei na governação global”.

“É muito importante sal-vaguardar os legítimos direi-tos e interesses dos países em vias de desenvolvimento, que são a maioria, para fazer do mundo um lugar mais equilibrado, harmonioso e seguro”, afirmou.

CresCer em pazWang Yi falava no Grande Palácio do Povo, em Pe-quim, numa conferência de imprensa organizada no âmbito da reunião anual da Assembleia Nacional Popu-lar chinesa.

Segunda economia mun-dial, a seguir aos Estados Unidos da América, a China continua a assumir-se como

Recorde de superavit comercial de 54.544ME A China registou em Fevereiro um superavit comercial de 370.500 milhões de yuan, anunciou ontem o Governo salientando tratar-se do novo recorde da segunda economia mundial. Em Fevereiro as exportações chinesas subiram 48,9% para 1,04 biliões de yuan, enquanto as importações caíram 20,1% para 666.100 milhões de yuan. O recorde do superavit comercial é superior em 1% ao apurado em Janeiro e é atribuído ao reforço das exportações nas vésperas do Ano Novo Lunar, a maior e mais importante festa das famílias chinesas, que se celebrou a 19 de Fevereiro.

Ministro do Comércio garante aumento do comércio externo O ministro do Comércio chinês, Gao Hucheng, assegurou ontem que o país cumprirá o objectivo de aumentar o comércio externo este ano, fixado em 6%, apesar dos desafios da economia global e de em 2014 ter ficado abaixo do pretendido. Numa conferência de imprensa em Pequim, Gao Hucheng defendeu que este ano a situação melhorou face a 2014 e mostrou-se convencido de que a China possa aumentar as exportações e importações em cerca de 6% como foi anunciado pelo primeiro-ministro Li Keqiang na quarta-feira. Em 2014, o comércio externo da China aumentou 3,4%, longe do objectivo oficial que era de 7,5%. “O volume foi satisfatório”, disse o ministro ao comentar os dados do comércio do ano passado. Na sua intervenção, o ministro advogou um novo modelo de exportações, destacando nesta vertente o comércio electrónico.As declarações do ministro surgem depois de, na quarta-feira, o primeiro-ministro Li Keqiang ter anunciado a perspectiva de crescimento para 2015 – em 7% -, a mais baixa dos últimos 25 anos. Em 2014, a economia chinesa cresceu 7,4%.

MNE PEquim NãO quEr dErrubAr ACtuAL OrdEm iNtErNACiONAL

Todos no mesmo barco

“Não queremos virar o barco, evidentemente, mas sim trabalhar com os outros passageiros para assegurar queo barco navegue com firmeza e na direcção certa”WaNg Yi MNE chinês

pub

MONTEPIO GERAL DE MACAUASSEMBLEIA GERAL

CONVOCATÓRIA

Nos termos do Artº 34º, nº 1, al. a) dos Estatutos em vigor, convoco a Assembleia Geral Ordinária para reunir na sua sede, sita na Avenida Doutor Mário Soares, nº 25, 3º andar (4º piso) do Edifício “Montepio”, no próximo dia 25 de Março de 2015, pelas 17H15, com a seguinte ordem de trabalhos:

1ª - Discussão e votação do relatório e Conta de Gerência do ano de 2014 e do parecer do Conselho Fiscal; e2ª - Outros assuntos de interesse da Associação

No caso de não comparecer nesse dia e hora indicados, o número de associados mencionado no nº 1 do Artº 36º, considera-se desde já convocada nova reunião, que se realizará no mesmo local decorrida uma hora, com qualquer número de associados.

Montepio Geral de Macau aos 2 de Março de 2015.A Presidente da Assembleia Geral,

Rita Botelho dos Santos

“um país em vias de desen-volvimento” e descreve o seu crescente poder global como um processo de “as-censão pacífica”.

Este ano, pela primeira vez, a China vai organizar uma parada militar em Pe-quim, em Setembro, para assinalar o final da segunda guerra mundial no Pacífico

e a “Vitória do povo chinês na Guerra de Resistência à Agressão Japonesa”.

Líderes de importantes países e organizações inter-nacionais serão convidados para assistir às comemora-ções, indicou Wang Yi.

“O nosso objectivo é lembrar a história, home-nagear os mártires, pro-

mover a paz e olhar para o futuro”, afirmou.

Questionado sobre um eventual convite ao Japão, Wang Yi respondeu que a China saúda a participação de “todos os que sejam sinceros”.

“Há 70 anos. O Japão perdeu a guerra. Setenta anos depois, não deve perder a

consciência”, disse o MNE chinês. “Quanto mais o cri-minoso estiver consciente acerca da sua culpa, mais a ví-tima poderá sentir-se aliviada acerca do seu sofrimento”.

Mais de 35 milhões de chineses morreram durante a ocupação japonesa, entre 1937 e 1945, ensinam os ma-nuais de Historia da China.

Tradição para manTerSobre as relações sino--russas, consideradas cada vez mais estreitas, Wang Yi observou os dois países mantêm “uma boa tradição de se apoiarem mutuamen-

te”, mas defendeu que isso “não visa terceiros países”.

Durante a conferência de imprensa, o ministro chinês anunciou que China e Canada acordaram conce-der vistos com validade de dez anos aos cidadãos dos respectivos países.

O acordo com o Canadá, idêntico ao que a China estabeleceu no final do ano passado com os Estados Unidos, entra em vigor já na próxima segunda-feira.

A reunião anual da As-sembleia Nacional Popular decorre até dia 15 com cerca de 3.000 deputados.

Taobao vende três ilhas das Fiji, Grécia e Canadá

O site de compras online chinês Taobao leiloou

quatro ilhas das Fiji, Grécia, Canadá e Reino Unido e conseguiu que as três pri-meiras se vendessem em 12 horas, informou sexta-feira a imprensa chinesa.

De acordo com o China Daily, a licitação para as

ilhas começou na quinta--feira com um preço inicial de 1 yuan para cada uma das três ilhas, que foram depois vendidas, e com quatro mi-lhões de yuan para a do Rei-no Unido, que não se vendeu.

Um magnata da constru-ção da província de Yunnan adquiriu as ilhas da Grécia e do Canadá por 4,8 milhões de yuan e 1,7 milhões de yuan, respectivamente.

A ilha das Fiji, que ape-nas poderá ser usada pelo seu comprador ou pelos seus herdeiros durante os próximos 99 anos, foi parar a

um empresário da província de Zhejiang pelo preço de 5 milhões de yuan, segundo a empresa Ilongterm, que conduziu o leilão através do Taobao, o equivalente ao eBay ocidental.

Qualquer internauta com um depósito mínimo de 1.000 yuan podia participar no leilão que, segundo os responsáveis, vai repetir-se com outras propriedades no estrangeiro em Maio.

O Taobao é uma das principais divisões comer-ciais do gigante do comércio online Alibaba.

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14 hoje macau segunda-feira 9.3.2015

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A crescente mercadoriza-ção da cultura sob a égide do capitalismo tardio glo-balizado vem determinando

a capitulação incondicional da cultura face aos imperativos do capital global, numa lógica de comercialização gene-ralizada de todos os aspetos da vida e do conjunto das relações sociais. Por rui Matoso.

O campo cultural, como qualquer outro campo, não o podemos esquecer, é atravessado por forças de dominação e poder que actuam em diversos espaços sociais, com grande relevo no próprio aparelho de estado e administração pú-blica. se entendermos que um equipa-mento cultural público (teatro, museu, etc.) representa a materialização his-tórica de um certo tipo de instituição cultural (material e simbólica, espacial e semiótica) - tão antiga como o théa-tron grego – podemos afirmar que tudo o que anteriormente referimos se aplica com maior acuidade ao sector cultural. Porquê? Porque importa reconhecer a indubitável importância da dimensão cultural (simbólica) nos processos de individuação psicológica e coletiva, certamente com diferentes nuances ao longo da história, mas com um maior grau de complexidade nas actuais so-ciedades ditas do conhecimento e da informação.

É sabido que o capitalismo pós--fordista reveste-se de um investimento generalizado na flexibilidade dos pro-cessos, dos produtos, dos padrões de consumo, dos mercados e da organiza-ção do trabalho. nesta situação, a cres-cente mercadorização da cultura sob a égide do capitalismo tardio globaliza-do vem determinando a capitulação in-condicional da cultura face aos impera-tivos do capital global, numa lógica de comercialização generalizada de todos os aspectos da vida e do conjunto das relações sociais.

sob estas condições, o cidadão é tratado simultaneamente como con-sumidor e como produto, como em-preendedor que se explora a si mesmo de modo a produzir mais valias para o capital. como Debord vaticinou, o es-pectáculo é o capital a um tal grau de acumulação que se torna imagem, e a imagem é um objecto mediador das relações sociais, o que significa que as relações sociais mediadas pela cultura (imagens, artes, conhecimentos, etc.) ficam capturadas pela mesma lógica de mercantilização infinita, que nos seus

InstItuIções culturaIs

aspectos fundamentais significa: priva-tização dos serviços públicos, precarie-dade generalizada, aumento da miséria e pobreza...

no horizonte do “capitalismo cognitivo”, Franco Berardi Bifo avança com o conceito de cognitarian sub-jectivation (Bifo, 2010) apropriando-se

da noção de intelecto geral delineada por Marx no manuscrito Grundris-se. Atualizando a conceção inicial de Marx, Bifo incide a sua análise nos ex-cessos do trabalho semiótico em torno da linguagem, do conhecimento e da informação, i.e., na produção daquilo que designa como info-mercadoria ou

semiocapital: “O semiocapital apro-pria-se das energias neuro-psíquicas e coloca-as ao seu serviço, submetendo--as às velocidades maquínicas e com-pelindo a atividade cognitiva a seguir o ritmo da produtividade das redes tele-máticas.” (idem, tradução nossa).

O facto de estarmos hoje mais afasta-

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15 artes, letras e ideiashoje macau segunda-feira 9.3.2015

Rui Matosoin EsquErda.nEt

/ Capitalismo semiótiCo

Como DeborD vatiCinou, o espeCtáCulo é o Capital a um tal grau De aCumulação que se torna imagem, e a imagem é um objeCto meDiaDor Das relações soCiais, o que signifiCa que as relações soCiais meDiaDas pela Cultura (imagens, artes, ConheCimentos, etC.) fiCam CapturaDas pela mesma lógiCa De merCantilização infinita, que nos seus aspeCtos funDamentais signifiCa: privatização Dos serviços públiCos, preCarieDaDe generalizaDa, aumentoDa miséria e pobreza...

dos da participação cívica e da interação social-simbólica diz muito acerca do fra-casso das instituições e do seu contributo para a vitalidade social e urbana

Tal como os peixes num aquário dependem da qualidade da água em que estão imersos, nós dependemos da atmosfera cultural existente a cada

momento e daquela que soubermos produzir. As instituições devem por isso zelar pela boa qualidade da vida cultural, pela qualidade da vida men-tal e espiritual dos cidadãos, ou seja, pela defesa de um meio-ambiente cul-tural revitalizante, criativo, crítico e emancipador. Mas que processos de subjectivação individual (individuação psíquica) e colectiva podem ocorrer no contexto do capitalismo cultural? Questionando de outro modo, qual o papel das instituições culturais num ambiente globalmente dominado pela ditadura dos mercados?

Numa outra dimensão da cultura – formas da religião -, a ideologia fi-nanceira apropriou-se e incutiu sobre os povos do sul (católicos) a ideia de que a dívida pública equivale a um pe-cado cometido contra o deus dinheiro, a análise de Walter Benjamin em torno do Capitalismo como Religião é es-clarecedora, o capitalismo é provavel-mente o primeiro exemplo de um culto que não é expiatório (entsühnenden), mas culpabilizador, evocando a am-biguidade da palavra alemã “Schuld”, que significa ao mesmo tempo dívida e culpa. Neste sentido, o que o capita-lismo tem de historicamente inédito é que, enquanto religião, não representa a ideia cristã de salvação, mas antes, a de ruína do ser humano.

Ainda que as instituições culturais forneçam os meios (espaço, tempo, pessoas, tecnologias, etc.) que possi-bilitam a interação social-simbólica e a experiência estética, tal função não está isenta da sujeição aos múltiplos poderes e violências simbólicas que operam condicionamentos individuais e colectivos. Convém por isso ter um entendimento da instituição cultural (material: espaço físico ou intangível -comunicação-) enquanto dispositivo sociotécnico transdutor, ou seja, en-quanto ecossistema produtor de equilí-brios meta-estáveis (nem estáveis, nem instáveis) e interface por onde circulam as codificações e as descodificações das palavras-de-ordem e dos textos, em sentido lato.

É em interacção com este meio-am-biente-cultural (o tal aquário semiótico) e espaço de socialização secundária, que em parte se modulam as formas de pen-sar e agir dos indivíduos, a individua-lidade e auto-identidade (self). A pro-fundidade desta interacção transdutiva, sabe-se hoje, não é apenas entre indivi-duo e ambiente, mas alcança o estrato

neuronal e alterações na neuroplastici-dade induzidas pela intensa imersão em ambientes tecnológicos. O homem é assim o único animal, diz Berardi Bifo, que desenvolve ambientes que por sua vez moldam o cérebro humano.

É pois legitimo afirmar que as ins-tituições culturais são co-responsáveis pela qualidade das transacções, das interacções e das experiências, não podendo por isso demitir-se do seu papel mobilizador dos agenciamentos críticos que permitam a auto-reflexão individual e colectiva, em especial em épocas de crise e desorientação como aquelas que vivemos. Caso contrário perdem valor institucional e não ser-vem (ou pouco servem) à função de contribuir para o desenvolvimento e aperfeiçoamento das capacidades hu-manas e florescimento do bem-estar, solidariedade, liberdade, justiça, de-mocracia, etc.

Se as instituições culturais públi-cas, inerentes à categoria do comum, não (re)agirem às dinâmicas coercivas lançadas na sociedade - dinâmicas que

assumem contornos cognitivos, emo-cionais, afectivos e simbólicos, mas que promovem igualmente a despoli-tização de largas camadas da popula-ção -, recriando novos paradigmas de interacção e mediação cultural, ficam reféns dos sistemas de dominação e controlo (mercados e governação).

O reposicionamento das instituições culturais deverá partir do reconhecimen-to dos problemas existentes a cada mo-mento: para além dos problemas locais, a questão da economia/hipertrofia da aten-ção, hiper-mediatização, despolitização, exaustão psicológica, precariedade labo-ral, angústia social, depressão económica, alterações climáticas, guerra infinita, etc, etc, etc. Só reconhecendo, agindo e co-municando a partir da problematização criativa dos problemas concretos é que as instituições culturais validam a sua perti-nência junto dos públicos emancipados – os que potenciam a comunidade que vem.

A comunicação assume assim a con-dição prévia de toda a participação e também da formação dos públicos. O público neste contexto é, na esteira do pragmatismo de John Dewey, um público político no sentido forte e associativo. Não sendo um grupo ou comunidade naturalizado e dado an-tecipadamente, o público co-emerge através das interacções e transacções, e por isso mesmo não preexiste às con-dições e situações que provocam essa emergência. Ou seja, os públicos são plurais e dinâmicos, não são uma iden-tidade cristalizada, existem em potên-cia, podendo ter existência real caso se verifiquem as condições e os contextos necessários à interacção.

Por outro lado, as pessoas que inte-gram esses públicos - todos nós na me-dida em que somos simultaneamente leitores e produtores de textos - reque-rem um quadro de interacção e partici-pação, bem como delineiam um hori-zonte de expectativas que exige aten-ção e dedicação genuína por parte das instituições culturais. Os públicos não são actores neutros e incapazes, antes pelo contrário, transportam consigo todo um património de conhecimentos e capacitações adquiridas ao longo da vida que lhes permitirá averiguar e ava-liar o valor das instituições. E o facto de estarmos hoje mais afastados da par-ticipação cívica e da interacção social--simbólica diz muito acerca do fracas-so das instituições e do seu contributo para a vitalidade social e urbana.

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16 desporto hoje macau segunda-feira 9.3.2015

Joana Freitas [email protected]

Z ou Shiming perdeu o primeiro combate profissional da sua carreira e a hipó-

tese de se tornar campeão mundial na categoria de peso-mosca da International Boxing Federation (IBF). Na mesma noite, Rex Tso venceu - e convenceu -, com um espectacular combate contra Michael Enriquez.

O lutador de Hong Kong, Rex ‘The Wonder Kid’ Tso, levou para casa mais um merecido cinto, desta vez da World Boxing Associa-tion (WBA), na categoria de super peso-mosca. Num combate com dez assaltos,

Special Olympics Quase oitentaatletas nos Estados UnidosA Macau Special Olympics pretende enviar 78 atletas com deficiência de Macau para Los Angeles, Estados Unidos, já em Julho, para a participação nos Jogos Olímpicos Especiais Mundiais. Contudo, a falta de treinadores está a preocupar os dirigentes desta associação. Paul Pun, presidente, e também secretário-geral da Caritas, disse ao jornal Ou Mun que já foram pedidos apoios ao Governo, no âmbito do Projecto de Atletas de Elite ou do Projecto de Apoio Financeiro para Formação de Atletas. Paul Pun espera que “os atletas com deficiência mental possam participar na competição nas mesmas condições que os atletas normais”. No total, a Macau Special Olympics pretende enviar uma comitiva com 130 pessoas, onde se incluem os 78 atletas e funcionários. Hetzer Siu, director da associação, apontou que a actual equipa de treinadores é constituída por voluntários e funcionários pagos. Mas recentemente a “perda de funcionários foi grande”, devido aos baixos salários pagos pela associação.

Rex Tso e KK Ng continuam a não desiludir os fãs, mostrando--se cada vez mais fortes no ringue da Arena do Venetian. Os lutadores de Hong Kong e Macau têm assumido uma postura de vencedores, enquanto Zou Shiming, da China continental, deixou muito a desejar naquele que era o primeiro combate por um título mundial

Boxe REx TSO vENCE MAiS UM TíTULO MUNdiAL. ZOU SHiMiNG PERdE

Macau e Hong Kong bem representados

Tso e Enriquez mostraram não querer desistir da luta pelo título.

Logo no primeiro round, Rex Tso não perdeu sequer tempo a estudar o adversá-rio, entrando cheio de força. Ambos, contudo, mostraram aguentar bem os impactos. Depois de um segundo assal-to onde Tso fez uma esquiva que o safou do que poderia ter sido um recto que o dei-xaria com mazelas, os dois lutadores mostram excelente técnica e um combate bas-tante equilibrado.

Apesar da diferença de alturas, o filipino mostrou--se apto a combater com o menino bonito do boxe da RAEHK, num combate que mostrou energia até

ao quinto assalto, após o público vibrar com a queda de Enriquez no chão do ringue, ainda que esta não tivesse durado sequer para a contagem do árbitro.

Mas, tanto Tso como o filipino abrandaram do quinto ao oitavo assalto, mostrando-se extremamen-te cansados. Foi na oitava ronda que Enriquez acordou Rex Tso, com uma boa com-binação de rectos e ganchos. O prodígio de Hong Kong mostrou-se, então, mais forte, mais uma vez tendo comprovado a sua técnica de boxe.

Tso venceu por decisão unânime, num combate ex-tremamente renhido, como mostra a própria pontua-ção, e apesar de Enriquez se ter mostrado mais forte no último assalto. Os dois, contudo, assumiram até à última o desejo de levar para casa o cinto da WBA. Foi o ‘Wonder Kid’ que o conseguiu, com os juízes a votaram a seu favor: 95-94, 95-94 e 96-93 ditaram a vitória de Rex Tso, que acumula, assim, 16 vitórias, zero derrotas e nove KO.

KK faz KOO ‘Macau Kid’ também não deixou as centenas de fãs que estiveram presentes no even-to da Top Rank no Venetian descontentes. Num combate mais complicado que os que

já vem habituado, Kuok Kun Ng – ou KK – venceu por KO aos 2,35 minutos do terceiro assalto.

Num combate contra o tailandês Chingchai Kiat-pracha, que durou apenas metade dos rounds que era suposto durar, KK começou por medir a distância e estu-dar o adversário para depois apresentar uma boa técnica. Combinações de um lado e do outro tornaram, no entan-to, a luta renhida. Kiatpracha não deixou de levar KK ao chão, mas uma combinação de socos do ‘Macau Kid’ foi o suficiente para atirar com um KO ao tailandês.

zOu desilude Aquele que era o combate que encabeçava a lista de lutas para o “Showdown at Sands”, no passado sábado, acabou por ser o que mais desiludiu quem esteve na Arena do Venetian. Só quem lá esteve – ou quem tiver a oportunidade de rever o combate – pode explicar a quase inércia de Zou Shi-ming no primeiro combate para um título mundial.

A luta não aconteceu dos dois lados, tendo este sido o combate mais parado da noite. Após um primeiro assalto onde nada aconteceu, só no terceiro assalto se con-seguiram ver esporádicos ataques de parte a parte, mais direccionados para as luvas

do que propriamente para o adversário, e uma estranha projecção ilegal de Amnat Ruenroeng que, de resto, mostrou uma forma de lutar muito peculiar.

Shiming, tido como a aposta da China no boxe mundial, lutava contra o tailandês pelo título da IBF em peso-mosca. Há pouco tempo no boxe profissional,

Shiming – treinado por um dos melhores do mundo, Freddie Roach – e Ruen-roeng mostraram socos para o ar e quase zero contacto, num combate que durou 12 penosos assaltos e que não parecia ser para um cinto mundial. Tarefa árdua para os juízes, que acabaram, contudo, por dar a vitória ao tailandês por 116-111.

Rex Tso KK Ng

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17hoje macau segunda-feira 9.3.2015 (F)utilidadestempo muito nublado min 16 max 20 hum 75-98% • euro 8 .6 baht 0 .2 yuan 1 .2

João Corvo

Aconteceu Hoje 9 de março

Álvares cabral ruma à Índia na viagem de descoberta do Brasil• O navegador português Pedro Álvares Cabral ruma em direcção à Índia, a 9 de Março, depois de D. Manuel I lhe ter confiado a segunda armada portuguesa. A viagem resulta na descoberta do Brasil, a 3 de Maio de 1500.O Brasil era já território português, desde o Tratado de Tordesilhas de 1494. Pedro Álvares Cabral, na viagem de regresso, recebeu honras de D. Manuel, mas nunca mais viria a comandar armadas portuguesas.Morreu esquecido em Santarém, em 1520 ou 1526 (não há uma data consensual). Os monumentos que foram erguidos em sua memória, no Rio de Janeiro e em Lisboa, fazem justiça a este bravo homem, nascido em Belmonte.Antes, em 1074, também a 9 de Março, o Papa Gregório VII declara que excomungaria todos os padres católicos casa-dos. E Nicolau Copérnico, em 1497, regista a sua primeira observação: um eclipse de uma estrela.No dia em que Júlio Verne é baleado duas vezes, tiros dispa-rados pelo próprio sobrinho (1886), é fundada a Universidade de Lisboa (1911).Em 1959, dá-se o lançamento da boneca Barbie e cinco anos mais tarde a Ford Motor Company produz o primeiro Mustang, carro histórico da marca.No dia 9 de Março de 1986, mergulhadores da Marinha dos EUA encontram o compartimento da tripulação do Challenger, sendo que os corpos dos sete astronautas estavam no interior. Em 2011, chega ao fim o derradeiro voo espacial do Discovery.Nasceram neste dia Américo Vespúcio, explorador e cartógrafo italiano (1454), António, Infante de Portugal (1539), Honore Mirabeau, escritor e político francês (1749), Henri Sainte--Claire Deville, químico francês (1818), Martins Sarmento, arqueólogo português (1833) e Yuri Gagarin, cosmonauta soviético (1934).Morreram a 9 de Março Jules Mazarin, cardeal e estadista francês (1661), Guilherme I (1888), Frank Wedekind, drama-turgo alemão (1918), Mikao Usui, monge budista japonês (1926), e Max Delbrück, biólogo alemão (1981).

fonte da inveja

C i n e m aCineteatro

Sala 1Stand by me doraemon [a](FALADO EM CANTONêS)Filme de: Takashi Yamazaki, Ryuichi Yagi15.55, 17.50

Stand by me doraemon [3d] [a](FALADO EM CANTONêS)Filme de: Takashi Yamazaki, Ryuichi Yagi19.45

From vegaS to macau 2 [c](FALADO EM CANTONêS LEGENDADO EM CHINêS E INGLêS)Filme de: Wong JingCom: Chow Yun-Fat, Nick Cheung, Carina Lau14.00, 21.45

Sala 2chappie [c](LEGENDADO EM CHINêS)Filme de: Neill BlomkampCom: Hugh Jackman, Sharlto Copley, Dev Patel14.30, 16.45, 19.15, 21.30

Sala 3lucky Star [b]Filme de: SunnyCom: Eric Tsang, Wong Cho-Iam, Ella Chen14.30, 16.15, 18.00, 21.30

penguinS oF madagaScar [a](FALADO EM CANTONêS)Filme de: Eric Darnell, Simon J. Smith19.45

As entrevistAs dA PAris review(tintA-dA-cHinA, 2009)

Como reconhecer um escritor para além da sua obra literária? Como descobrir os seus métodos de trabalho, a sua loucura em busca das palavras certas, a sua maneira de inventar e compor personagens? Com este livro, podemos encontrar o outro lado de grandes nomes da história da literatura, como William Faulkener, Truman Capote ou Jorge Luís Borges. O jornalista português Carlos Vaz marques, por si só reconhecido pelas entrevistas do programa “Pessoal e Transmissível”, traduziu e seleccionou as

entrevistas feitas há muitos anos atrás pelos jornalistas da revista Paris Review. Uma obra essencial para quem é apaixonado por literatura ou por aqueles que buscam inspiração e método para escreverem as suas próprias obras. - Andreia sofia silva

O que fazer esta semana?HojeMUSICAL ‘CATS’ (ATé 15/03)Venetian Macau Bilhetes das 280 patacas às 680 patacas

DEBATE “15 ANOS DE VIDA DA RAEM – OLHARESSOBRE A úLTIMA DéCADA”Livraria Portuguesa, 18h30entrada livre

Amanhã SEMINÁRIO “STONE INTEL - A INTELIGêNCIADA PEDRA PORTUGUESA” Albergue SCM, 18h30

entrada livre, mas necessidade de reserva (2852 2550)

Diariamente ExPOSIçãO “HOMENAGEM A MESTRESqUE NOS INSPIRARAM”, DE ARTISTAS DE MACAU E HK Armazém do Boi, 19h00 (até 10/05)entrada livre

ExPOSIçãO “NIHONGA CONTEMPORâNEA”,DE ARLINDA FROTA Fundação Rui Cunhaentrada livre

ExPOSIçãO “VOz NA ESCURIDãO”,DE ÓSCAR BALAJADIA/PAPA OSMUBAL (ATé 14/03)Creative Macau entrada livre

ExPOSIçãO DE SâNDALO VERMELHO (ATé 22/03)Grande Praça, MGMentrada livre

ExPOSIçãO DE DESIGN DE CARTAzES “V•x•xV:”(OBRAS DE 1999, 2004 E 2009) [ATé 15/03]Museu da Transferência da Soberania de Macau,10h00 às 19h00entrada livre

“SELF/UNSELF” – ExPOSIçãO DE TRABALHOS DE ARTISTAS HOLANDESES (ATé 15 DE MARçO)Centro de Design de Macauentrada livre

ILUSTRAçõES PARA CALENDÁRIO DE GUAN HUINONG(ATé 10/05)Museu de Arte de Macau, das 10h às 19hentrada livre

U m L i V R O h O J e

O dinheiro mais sujo do mundo é o da guerra.

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18 opinião hoje macau segunda-feira 9.3.2015

E m 22 de Janeiro deste ano, a companhia “ECA Internatio-nal” publicou um relatório em que classifica diversas cidades asiáticas de acordo com a qualidade de vida que estas oferecem aos seus re-sidentes. Apresentamos aqui algumas das suas conclusões (ver caixa).

Através da análise desta tabela, pode-mos verificar que, de acordo com a ECA, Singapura destaca-se como o melhor sítio para viver na Ásia. Hong Kong, por sua vez, obteve o sexto lugar, enquanto que Macau se quedou pela nona posição.

Lee Quane, director regional da Ásia desta companhia, defendeu esta decisão pois “a boa qualidade do ar, as infra-estruturas estáveis, as instalações médicas de qualidade associadas a uma baixa taxa de criminalidade e poucos riscos para a saúde fizeram com que Singapura mantivesse a sua posição no topo da classificação global para a qualidade de vida quando comparada com as suas congéneres asiáticas”.

A ECA é uma companhia especializada em desenvolver soluções para a gestão e colocação de trabalhadores pelo mundo fora. Para isso utiliza um sistema que classifica 450 cidades estrangeiras de acordo com a qualidade de vida que cada uma oferece aos seus residentes. Este sistema toma em consideração factores como o clima, a oferta de serviços médicos, o tipo de habitação e utilidades públicas, o isolamento, o acesso a uma rede social assim como as instalações de lazer, as infra-estruturas, a segurança pessoal, o ambiente político e a qualidade do ar. Este sistema de classificação ajuda companhias multinacionais a estabelecer o padrão apropriado de ajudas de custo e outros benefícios de modo a recompensar os seus trabalhadores e ajudá-los a ajustarem--se quando forem colocados em posições no estrangeiro.

Apesar de Hong Kong ainda estar na sexta posição deste índice de qualidade de vida, a sua posição a nível global desceu 16 lugares, tendo baixado do 17º para o 33º lugar.

Em relação a esta cidade, Lee Quane adiantou que “Hong Kong obteve uma boa pontuação no que refere às suas infra--estruturas, educação e serviços de saúde, assim como à disponibilidade de bens e serviços. Todavia, a qualidade do ar con-tinua a ser muito fraca quando comparada com outras cidades da região. Além disso, o clima sociopolítico deteriorou-se este ano como resultado das manifestações inéditas que se verificaram nos últimos meses e as subsequentes restrições ao movimento que foram aplicadas à população. Contudo, é importante colocar tudo isto na sua correcta perspectiva. No geral, a RAEHK continua a ser um dos sítios mais fáceis no mundo para um estrangeiro se adaptar a viver e a trabalhar”.

macau v is to de hong kongDaviD Chan*[email protected] • http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog

*Conselheiro Jurídico da Associaçãode Promoção de Jazz de Macau

A nossa cidade

O “Misery Index” é utilizado para medir a felicidadee insatisfação dos residentes de um determinado lugar.Se Hong Kong não realizar melhorias rápidas, prevemos que a insatisfação das suas gentes continue a aumentar,e a lei nada pode fazer para alterar esta tendência

Já no que refere a macau, o comunicado de imprensa que acompanhava o relatório global não fez grandes referências ao ter-ritório.

Cerca de um mês e meio depois, mais exactamente a 3 de Março, a “Mercer” divulgou um outro relatório, intitulado “Mercer’s Quality of Living Survey”. Nele, esta companhia avaliou as condições de vida de 440 cidades, analisando um total de 39 factores diferentes, entre os quais se

destacam a estabilidade política, o crime, a liberdade de imprensa, os serviços médicos e os medicamentos ao dispor dos seus utentes, os transportes públicos e ainda a oferta de escolas internacionais.

Assim como o primeiro relatório que mencionamos, este estudo visa igualmente ajudar empresas multinacionais a definir os níveis de compensação adequados a oferecer aos trabalhadores que colocarem a trabalhar no estrangeiro.

Localidade Ranking Asiático 2015 Ranking Asiático 2014 Ranking Mundial 2015

Singapura 1 1 1

Hong Kong 6 6 33

Macau 9 9 86

Cantão 24 24 133

Shenzhen 27 27 143

Então, e de acordo com o “mercer’s Quality of Living Survey”, Singapura ocupa o 26º lugar a nível global, enquanto que Hong Kong obteve o 70º, Taipé o 83º, Xangai o 101º e Pequim o 118º valor mais alto. E apesar de Singapura não passar da 26ª posição no mundo, voltou da mesma maneira a ser a cidade asiática mais bem classificada.

Fazemos por fim referência a um outro índice divulgado pela “Bloomberg News Agency” no dia 4 de março com o título de “Misery Index”. Este trabalho é mais fácil de compreender pois analisa apenas a taxa de inflação e a taxa de desemprego para determinar a pontuação final. De acordo com esta análise, a Tailândia surge como o país onde as pessoas são mais felizes, seguido de Taiwan na quinta posição, a China na sétima e Hong Kong no 17º lugar da lista.

Pela análise conjunta destes três rela-tórios, podemos verificar que as vantagens competitivas de Hong Kong têm vindo a decrescer progressivamente com o passar do tempo, e que os maiores inconvenientes devem-se às rendas elevadas, que fazem com que o aluguer de um apartamento seja demasiado caro, e à fraca qualidade do ar. Além disso, o método utilizado para a no-meação do Chefe do Executivo e os nego-ciantes envolvidos na importação paralela de bens nas localidades de Tuen Mun e Shatin são motivos de descontentamento para a sociedade local, não nos podendo esquecer também dos métodos limitados e instáveis que o governo de Hong Kong têm ao seu dispor para gerar receitas. Tudo isto cria di-ficuldades para o desenvolvimento futuro da cidade. Um bom exemplo disso é a proposta para a aposentadoria e a previdência social apresentados no “Policy Address” de 2015. Serão todos os residentes de Hong Kong capazes de gozar de prestações de reforma? Esta questão permanece ainda por responder.

Macau, por sua vez, dispõe de um rendi-mento estável através dos seus casinos, o que faz com que as autoridades locais tenham dinheiro suficiente para implementar as suas políticas com facilidade. Podemos até argumentar que o plano de aposentação da RAEM é melhor do que o de Hong Kong. mesmo reconhecendo que o território tam-bém sofre dos mesmos problemas com a qualidade do ar e com as rendas elevadas, temos de admitir que, quando comparado com a RAEHK, Macau parece estar numa situação melhor.

O “Misery Index” é utilizado para medir a felicidade e insatisfação dos residentes de um determinado lugar. Se Hong Kong não realizar melhorias rápidas, prevemos que a insatisfação das suas gentes continue a au-mentar, e a lei nada pode fazer para alterar esta tendência.

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19 opiniãohoje macau segunda-feira 9.3.2015

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cartoon por Stephff o ministro

A pós análise longa e cuidada do seu pensamento económi-co, a imprensa internacional concluiu que o ministro das Finanças grego é sensual. O estilo de Varoufakis tem sido examinado em detalhe. Houve intenso debate sobre as fraldas da camisa, reflexão sobre determinado cachecol,

e discutiu-se uma eventual parecença física com um herói interpretado no cinema por Bruce Willis. Na Alemanha reconheceram--lhe “indubitável carisma” e chamaram-lhe “ícone sexual”. Creio, por isso, que a má vontade do Governo português em relação à Grécia não é apenas (ou não é de todo) motivada por razões económicas.

O nosso executivo também já teve um ministro das Finanças recém-eleito, que também visitou a Alemanha para negociar.

É difícil compreender este protagonismo do ministro das Finanças de um país tão pelintra como o nosso, quando a sensualidade de Vítor Gaspar passou despercebida na Europa

RicaRdo aRaújo PeReiRain Visão

Da sensualidade das FinançasNessa altura, a imprensa internacional não disse uma única palavra sobre a sensuali-dade de Vítor Gaspar, a sua masculinidade clássica, o seu magnetismo animal. portugal não rejeita que a Grécia tenha um tratamento diferente no que diz respeito ao pagamento da dívida; portugal leva a mal que a Grécia tenha um tratamento diferente quanto à avaliação da sensualidade dos seus ministros das Finanças.

Nós gostamos muito de reconhecimen-to internacional. Anotamos com alegria a opinião de qualquer borra-botas nascido do lado de lá da fronteira que elogie um português. Às vezes, nem precisa de elogiar. Aceitamos uma mera referência ao nome, ainda que mal pronunciado. E por isso é difícil compreender este protagonismo do ministro das Finanças de um país tão pelintra como o nosso, quando a sensualidade de Vítor Gaspar passou despercebida na Eu-

ropa. Vítor Gaspar, à sua maneira, também era sensual. Tinha a tez esverdeada, o que lhe conferia algum exotismo, duas bolsas proeminentes sob os olhos (é sabido que as mulheres adoram bolsas), e uma voz suave. Os dirigentes alemães pareciam acreditar que ele era sensual, uma vez que lhe davam as mesmas ordens que as dançarinas exóticas

costumam receber: “Ti-ra!, ti-ra!, ti-ra!” E Vítor Gaspar tirou mesmo. Tirou empregos, tirou salários, tirou reformas. E recebeu uma recompensa, não sob a forma tradicional de nota dobrada ao meio entalada na liga, mas sob a forma de um cargo de director de departamento no FMI. Por que razão não foi então referido internacionalmente o sex-appeal de Vítor Gaspar?

Quem nos impediu de ler notícias acerca do facto de o corpo pouco tonificado de Vítor Gaspar ser cobiçado internacionalmente, no-tícias essas que apareceriam lado a lado com outros títulos do género, tais como “praia portuguesa considerada uma das 250 melhores do mundo por revista da qual nunca ouvimos falar mas que em todo o caso é estrangeira”? O desemprego e a pobreza ainda toleramos, mas privarem-nos do gozo de ver gente estrangeira a louvar-nos é simplesmente desumano. para onde vais, Europa?

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hoje macau segunda-feira 9.3.2015pu

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Escritor angolanoOndjaki em PequimO escritor angolano Ondjaki, galardoado em 2013 com o Prémio José Saramago pelo romance “Os Transparentes”, participa este mês num festival literário em Pequim que celebra anualmente “o poder da literatura”. Ondjaki, 36 anos, é o segundo autor de língua portuguesa convidado pelos organizadores do Bookworm Literary Festival, depois do brasileiro Cristóvão Tezza, em 2013. A edição deste ano, que decorrerá de 13 a 29 de Março, reunirá mais de uma centena de autores de vários continentes, da Austrália à América do Norte. Ondjaki é apresentado como “um dos cinco melhores escritores africanos”. Lançado em 2007 por uma livraria estrangeira privada, o Bookworm Literary Festival promove debates com escritores, mas também seminários sobre diversos temas, do jornalismo à ecologia.

Nuclear Japonesesem manifestação contra

Uma plataforma anti-nuclear japonesa convocou ontem uma

manifestação frente ao parlamento nipónico contra a decisão do Gover-no em reactivar as centrais nucleares do país quando o Japão se preparara para assinalar o quarto aniversário do acidente de Fukushima.

a 11 de março de 2011 um forte sismo, seguido de tsunami, provocou milhares de mortos e o pior acidente nuclear desde Chernobil, em 1986.

a concentração não quer voltar à energia nuclear depois dos 48 reactores de uso comercial terem sido desligados após ao acidente de Fukushima.

Cerca de 30% da energia consumida no Japão era derivada das centrais nu-cleares o que fez aumentar fortemente os custos para o Japão actual, obrigado a recorrer a outras fontes energéticas, principalmente as energias fósseis.

O Governo do primeiro-ministro Shinzo abe pretende relançar a pro-dução nuclear, cumpridos os novos requisitos de segurança e obtida au-toridades dos poderes locais onde as centrais estão instaladas.

Um inquérito telefónico feito em Novembro pela agência Kyodo dá conta que 60,2% dos japoneses estão contra a utilização das centrais nucleares para a produção eléctrica e que apenas 31,9% apoia a medida.

A póS um longo e apa- rentemente intermi-nável calvário de lesões, operações e

períodos de recuperação, Nelson Évora emergiu para se sagrar campeão europeu de pista coberta no triplo salto, no Campeonato da Europa de pista coberta, em praga, na República Checa. O campeão mundial de 2007 e olím-pico do ano seguinte cumpriu a promessa deixada nos recentes campeonatos nacionais de clubes, em pombal, quando regressou à casa dos 17m na sua disciplina, ao atingir 17,19m e passar a ser o melhor europeu do ano.

Esta medalha de ouro, para além de ser a 20.ª de portugal no Europeu de pista coberta, colmata uma lacuna na carreira

A associação de assis-tência mútua dos mo-radores do Bairro artur

Tamagnini Barbosa e o deputado Ho Ion Sang consideram que o reordenamento e planeamento da zona são “urgentes” e espe-ram que possam ser anunciadas medidas concretas aquando da apresentação das Linhas de acções Governativa (LaG) pelo Chefe do Executivo.

Segundo o canal chinês de Rádio macau, a presidente da associação, Leong Kuan I, re-feriu que o aumento de turistas e população fez com que o trânsito e as instalações comunitárias complementares do bairro não tenham mais capacidade, pe-dindo, por isso, mudanças na

No regresso aos grandes palcos do atletismo internacional o saltador português sagrou-se campeão europeu de pista coberta notriplo salto

Atletismo NeLSON ÉvOrA ArreCAdA MedALhA de OurO que Lhe FALTAvA

De volta aos triunfos

“Este é um momento espectacular, depois de tantos anos de lesões é um exemplo para todos os que não acreditavam que era possível. Não podia ter feito melhor, estou fisicamente bem e não tenho dores”

do atleta do Benfica, aos quase 31 anos de idade, já que não havia conseguido ainda um título em campeonatos europeus, fossem eles ar livre ou indoor, realça o jornal público. mais do que isso, confirma o relançamento da sua carreira para um ciclo que culminará com os Jogos Olímpicos de 2016.

Começar mal,aCabar em belezaA final começou mal para Évora, com dois nulos, enquanto o novo recordista espanhol, pablo Tor-rijos, fazia 16,93m ao segundo salto e um velho conhecido do português, o romeno marian Oprea, chegava a 16,91m, tam-bém ao segundo ensaio. porém, Nelson Évora, mesmo sem um salto perfeito, repôs as coisas nos trilhos com 16,98m no terceiro salto, passando para a frente. Torrijos não se rendeu logo e, no quinto salto, bateu por um centímetro o seu próprio recorde de Espanha, retomando a lide-rança. O português respondeu de imediato com um salto decisivo, a 17,15m, e logo se viu que para qualquer outro uma resposta já não seria suficiente.

Nelson Évora arriscou um pouco mais na sua últi-ma possibilidade e aterrou a 17,21m, de novo melhor marca portuguesa e europeia do ano,

tAmAgnini BArBosA PeDiDA renovAção urgente PArA BAirro

LaG para que vos querozona de estacionamento dos autocarros dos casinos e do estacionamento dos veículos.

promessas adiadasNa reunião do Conselho Consul-tivo de assuntos Sociais da Zona Norte da semana passada, um dos vogais, Lei Iok pui, lembrou, citado pelo jornal Ou mun, que o Governo prometeu a conclusão do planeamento para a zona das portas do Cerco em 2012, mas a sua implementação tem vindo a demorar devido à necessidade

de mais espaços vagos, como o campo dos operários da as-sociação Geral dos Operários ou o edifício da pSp das portas do Cerco. Leong Kuan I referiu que os moradores do bairro se sentem “desapontados” com o atraso e espera que o Governo dê mais atenção às solicitações da população.

O deputado Ho Ion Sang, ligado à União Geral das as-sociações de moradores de macau (UGamm), referiu também que a associação já

apresentou várias vezes pedidos para a elaboração do reorde-namento, mas o bairro ainda não sofreu melhorias. por isso, espera medidas concretas para a renovação deste bairro antigo nas LaG.

“O Chefe do Executivo disse que vai apresentar políticas de renovação urbanística para os bairros antigos. Espero que o Governo faça isso mais rápido possível, combinando essas medidas com o planeamento da zona norte.” - F.F.

a dois centímetros da melhor mundial. perfeito, embora as distâncias obtidas por todos ficassem longe das de outros tempos.

“Este é um momento espec-tacular, depois de tantos anos de lesões é um exemplo para todos os que não acreditavam que era possível. Não podia ter feito melhor, estou fisicamente bem e não tenho dores”, assinalou o português, citado pelo público. “Vamos passo a passo, preparar o que está mais perto. agora os meetings, depois o Campeonato do mundo e só depois os Jogos [Olímpicos]”.