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Fernanda Lúcia de Sousa Leite Morais Inês Eugênia Ribeiro da Costa

Saúde dos Trabalhadores do Programa Saúde da Família de Camaragibe - PE

Monografia apresentada à obtenção de grau de Especialista em Gestão e Política de Recursos Humanos para o SUS.

Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães/ FIOCRUZ

Orientadora: Prof.a ldê Gomes Dantas Gurgel

Recife 2003

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''Não serei o poeta de um caduco

"· Também não cantarei o mundo futuro

Estou preso à vida e olho meus companheiros

Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças

Entre eles, considero a enorme realidade

O presente é tão grande, não nos afastemos

Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas"

(Carlos Drumond de Andrade)

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AGRADECIMENTOS

À professora Idê Gomes Dantas Gurgel, pela orientação e estímulo para a construção desta

pesqmsa;

À Coordenação do Curso de Especialização em Gestão e Política de Recursos Humanos para

o SUS do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães que compreendeu nosso momento e acolheu

solicitação de adiamento de prazo para conclusão desse estudo;

A Reneide Muniz, ex-Secretária de Saúde do Município de Camaragibe, que nos propiciou a

oportunidade de participação neste curso;

A Keyla Kikushi Câmara, pelo incentivo e fundamental apoio de revisão bibliográfica;

Às Gerências de Território, pois sem elas não teria sido possível tão ampla participação dos

sujeitos dessa pesquisa;

A Ricardo Maria da Rocha Bezerra Filho, pelo trabalho de digitação dos dados no Epi-info;

A Lílian Gominho, pela contribuição com o tratamento dos dados através do Epi-info;

A Regia Leite e Adriana Lopes, pela colaboração no delineamento das análises dos dados;

A Bianca Morais, pela digitação dos textos de forma tão prestativa;

Às Equipes do Programa Saúde da Família de Camaragibe que direta ou indiretamente

participaram dessa pesquisa e assim contribuíram para a realização;

Aos nossos filhos e esposos, pelo estímulo e compreensão das ausências neste momento.

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-----, SUMÁRIO ........ ,

1. INTRODUÇÃO 3

1.1 SAÚDE DO TRABALHADOR: CONCEITO E LEGISLAÇÃO 3

1.2 SAÚDE MENTAL DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE 4

1.3 PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA EM CAMARAGmE 6

2. JUSTIFICATIVA 7

3. OBJETIVOS 8

4.MÉTODO 8

5. RESULTADOS 12

5.1 CARACTERIZAÇÃO DOS SUJEITOS 12

5.2 SATISFAÇÃO NO TRABALHO 13

5.3 CONDIÇÕES DE SAÚDE DOS TRABALHADORES DO PROGRAMA SAÚDE

DA FAMÍLIA DE CAMARAGffiE 15

6. DISCUSSÃO 19

7. CONCLUSÃO 21

REFERÊNCIAS BffiLIOGRÁFICAS 23

ANEXOS 25

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3

1. INTRODUÇÃO

1.1- SAÚDE DO TRABALHADOR: CONCEITO E LEGISLAÇÃO

Entende-se por saúde do trabalhador um campo de práticas teóricas interdisciplinares,

que ficam bem definidas quando analisamos a norma operacional de Saúde do Trabalhador -

NOST -SUS (Portaria Ministerial 3 .908, 1998), a qual tem por objetivo definir as atribuições e

responsabilidades para orientar e instrumentalizar as ações de saúde do trabalhador urbano e

do rural, levando-se em consideração as diferenças entre homens e mulheres, a ser

desenvolvida pelas Secretarias de Saúde do Estado, Distrito Federal e Municípios.

Nas últimas décadas brasileiras, principalmente após a constituição de 1988, esta

política vem adquirindo uma perspectiva mais ampla de saúde; incorporando-se aos princípios

éticos e organizativos do Sistema Único de Saúde- SUS. Portanto, constitui-se num campo

da política de saúde, bastante desafiador, pois, ao se atender o cidadão em qualquer nível do

Sistema de Saúde, deve-se considerá-lo inserido na comunidade onde mora, como também

inserido no mercado de trabalho, sujeito a outros riscos (do processo de trabalho, saúde

mental, etc.)

Segundo Gomes & Costa (1997), a área de saúde do trabalhador, no Brasil, tem uma

conotação própria, reflexo da trajetória que lhe deu origem e vem constituindo seu marco

referencial, seu corpo conceitual e metodológico. O compromisso com a mudança do

intrincado quadro de saúde da população trabalhadora é seu pilar fundamental, o que supõe

desde o agir político, jurídico e técnico, do posicionamento ético, obrigando a definições

claras diante de um longo e presumidamente conturbado percurso a seguir.

Outra questão que podemos ressaltar, trata-se da criação de vínculos que, conforme

Brito (1996), a experiência italiana tem um papel importante sobre a criação de vínculos entre

técnicos e trabalhadores. O engajamento, nos anos 60, dos operários italianos na identificação

do quadro epidemiológico representou um paradigma nos modelos de análise da saúde­

doença. Estas influências, somadas às contribuições da medicina social latino-americana,

foram incorporadas nas experiências de desenvolvimento de ações de vigilância em saúde do

trabalhador na década de 1980, assumindo inicialmente, de acordo com Machado (1997),

forte cunho sindical e acadêmico, em São Paulo em 1984, seguido por Rio de Janeiro, Minas

Gerais e Bahia, no final dos anos 80 e, posteriormente, em 1990, generalizado pela lei

Orgânica de Saúde, base da reforma sanitária brasileira e do Sistema Único de Saúde - SUS.

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A portaria ministerial n°3120, de 1° de Julho de 1998, aprova a Instrução Normativa de

Vigilância em Saúde do Trabalhador no SUS, defendendo procedimentos básicos para o

desenvolvimento das ações correspondentes, buscando instrumentalizar os setores

responsáveis, para incorporarem, as suas práticas mecanismos de análise e intervenção sobre

os processos e os ambientes de trabalho.

As mudanças que se processam no mundo do trabalho, com a superposição dos

padrões antigos e das novas formas de adoecimento dos trabalhadores, decorrentes da

incorporação de tecnologias e estratégias gerenciais bem como o aumento acelerado da força

de trabalho, inserida no setor informal, estimada, em 2000, em 57% da população

economicamente ativa (PEA), exigem dos serviços de Saúde ações que contemplem políticas

de saúde e segurança no trabalho mais eficazes (MS,2001).

Longo percurso será caminhado, a fim de que se possa consolidar a ação de saúde do

trabalhador nas instituições e serviços de saúde, incorporando-se no processo de trabalho, não

só as atividades ligadas aos níveis de promoção, prevenção, assistência, recuperação e

reabilitação, mas também o controle social, a vigilância à saúde, a interdisciplinaridade e

intersetorialidade, processo este que precisa ser experienciado pelos órgãos responsáveis pela

condução da Política de Saúde, particularmente a de desenvolvimento de recursos humanos.

1.2- SAÚDE MENTAL DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE

Vários aspectos da atividade profissional em saúde são compartilhados por médicos,

enfermeiros, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais, psicólogos, fisioterapeutas,

fonoaudiólogos (Nogueira e Martins, 2002 ).

No tocante à saúde ocupacional, o sofrimento psíquico inerente ao trabalho hospitalar é

comum a todos esses profissionais ( Pitta, 1991 ).

Diversas pesquisas sobre as relações entre o estresse ocupacional, as ambigüidades da

profissão, o sofrimento psíquico e a saúde mental dos enfermeiros e auxiliares de enfermagem

têm sido desenvolvidas recentemente em nosso meio ( Ângelo, 1989; Bianchi, 1992; Silva e

Bianchi, 1992; Aquino, 1993; Chaves, 1994; Silva, 1996; _abat_ , 1997; Campiglia, 1998;

Bianchini, 1999; Pedrosa e Viet_a, 1989 ). Fonoaudiologistas também têm sido contempladas

com estudos quanto ao estresse profissional de seus primeiros atendimentos, ainda no curso

de graduação (Nogueira e Martins, 1998 ).

Lado a lado com as semelhanças entre as profissões, caminham as diferenças, as

especificidades profissionais. Algumas profissões de saúde são constituídas por população

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predominantemente de mulheres e o trabalho feminino remunerado não libera a mulher de

continuar a executar as tarefas tradicionalmente a ela atribuídas no cuidado da casa dos ,

filhos, do marido, de idosos. O desempenho dessa dupla jornada passa a ser um traço

marcante para o resto da vida. A tendência predominante, hoje em dia, é conciliar o trabalho

com as diferentes etapas de sua vida, como educação e filhos. Permanecem economicamente

ativas durante sua idade reprodutiva e após os 40 anos, o que é um claro indicador da

importância pessoal e familiar da atividade profissional feminina, além de demonstrar a

extensão da mudança social ocorrida no país, DIEESE-2001.

Características psicossociológicas da população médica brasileira estudada por

Machado ( 1997), apontam o desgaste no exercício profissional, sendo referido por 80% dos

médicos. Os principais fatores de desgaste considerados foram: excesso de trabalho I multi­

emprego, baixa remuneração, más condições de trabalho, responsabilidade profissional, área

de atuação I especialidade, relação médico-paciente, conflito I cobrança da população, perda

da autonomia.

Pesquisa realizada para o Ministério da Saúde MS em 1997 através da Escola

Nacional de Saúde Pública e Fundação Oswaldo Cruz, ao traçar o perfil dos médicos e

enfermeiros do Programa Saúde da Família no Brasil revela que a maioria dos médicos e dos

enfermeiros, declara ser desgastante o exercício de suas atividades no Programa Saúde da

Família, 67,10% e 57,70% respectivamente. O vínculo precário foi um dos motivos alegados

pelos médicos e enfermeiras como geradores de desgaste profissional. Também o excesso de

trabalho (muitas vezes causado pelo numero excessivo de famílias a que são responsáveis); a

falta de recursos humanos, materiais e medicamentos; a dificuldade de acesso às áreas de

trabalho; a baixa remuneração; a falha no sistema de referência e contra-referência foram

apontados como as principais causas de desgaste no exercício profissional (Machado, 1997).

Um importante ponto merece ser destacado ao se estudar a tarefa médica: o caráter

altamente ansiogênico do exercício profissional. Esse caráter estressante inerente à tarefa

médica tem-se amplificado significativamente devido ao volume de pacientes e às precárias

condições de trabalhos vigentes na maioria dos serviços de emergência da rede pública.

Algumas das características inerentes à tarefa médica definem, isoladamente ou em

seu conjunto, um ambiente profissional cujo colorido básico é formado pelos intensos

estímulos emocionais que acompanham o adoecer (Nogueira e Martins,l991):

• O contato com a dor e o sofrimento;

• Lidar com a intimidade corporal e emocional.

• O atendimento de pacientes terminais

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• Lidar com pacientes dificeis: queixosos, rebeldes e não-aderentes ao tratamento,

hostis, reinvidicatórios, autodestrutivos e cronicamente deprimidos

• Lidar com as incertezas e limitações do conhecimento médico e do sistema assistencial

que se contrapõem às demandas e expectativas dos pacientes e familiares que desejam

certezas e garantias.

Na Literatura há descrição de uma síndrome psicológica, a Síndrome de Burnout,

decorrente da tensão emocional crônica, vivenciada pelos profissionais cujo trabalho envolve

o relacionamento intenso e freqüente com pessoas que necessitam de cuidado e/ou assistência.

É um constituído pelas dimensões exaustão emocional, despersonalização e diminuição da

realização pessoal (Maslach & Jackson apud Codo, 2000).

A primeira dimensão, exaustão emocional, refere-se a sentimentos de fadiga e

esgotamento energético emocional. O indivíduo se sente superexigido e reduzido nos seus

recursos emocionais. Esta dimensão reflete o aspecto de estresse individual do Burnout.

Despersonalização caracteriza-se pelas atitudes negativas de dureza e de

distanciamento excessivo de profissionais em relação às pessoas beneficiárias de seus

serviços.

A terceira e última dimensão, diminuição da realização pessoal, retrata o aspecto de

auto-avaliação do Burnout, sendo associada a um desempenho de incompetência à percepção

de um desempenho insatisfatório no trabalho.

1.3- O PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA EM CAMARAGffiE

Proposto pelo Ministério da Saúde, o Programa Saúde da Família - PSF - foi

implantado em Camaragibe em 1994, ano de seu lançamento a nível nacional, com o objetivo

de redirecionar o modelo assistencial em vigor e contribuir com a efetivação do Sistema

Único de Saúde a nível local. O Projeto piloto contemplava quatro localidades a nível local,

sendo composto inicialmente de um médico, uma enfermeira, uma auxiliar de enfermagem,

uma auxiliar de serviços gerais e uma média de seis agentes comunitários de saúde, conforme

prerrogativa ministerial.

O Programa busca estabelecer vínculos de co-responsabilidade entre profissionais das

equipes e população adscrita numa área geográfica onde habitam aproximadamente 800 a

1000 famílias e se propõe a mudar as práticas sanitárias compatibilizando as ações de

promoção e assistência à saúde no contexto de atenção básica. As responsabilidades propostas

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pelo Ministério da Saúde conferem às equipes locais o enfoque intersetorial centrado na

territorialização e tem o modelo de vigilância à saúde como eixo estruturante (MS, 1997).

Em linhas gerais, as equipes de saúde família devem conhecer o perfil epidemiológico

das localidades onde atuam e traçar junto com a comunidade plano de ação e programação de

ações estratégicas para o enfrentamento coletivo dos problemas prioritários.

Estas equipes desenvolvem suas atividades em jornada semanal de 40h sendo o turno

da tarde da sexta-feira destinado às reuniões administrativas das equipes em seus respectivos

locais de trabalho e um turno de 4h por mês é reservado para reuniões entre categorias

ocupacionais, acordo conquistado com a Secretaria Municipal de Saúde.

Uma vez por semana cada Equipe de Saúde da Família - ESF - recebe visita do

gerente do território, ator responsável pela monitoração do desenvolvimento do trabalho das

Equipes de Saúde bem como pela articulação do trabalho interequipes e interlocução destes

com a Secretaria Municipal de Saúde, bem como com outros órgãos da administração

municipal.

Na perspectiva de atendimento integral aos usuários, foram incorporadas ações de

saúde mental ao trabalho das ESF em 1996 e foi acrescido posteriormente a equipe de saúde

bucal que conta com um odontólogo, um técnico de higiene dental e um auxiliar de

consultório dentário, sendo esta composição disponibilizada para cada duas equipes de saúde

da família a partir de 1998 em uma unidade piloto.

Atualmente existem 36 ESFs, sendo 04 ampliadas com técnicos de saúde bucal,

envolvendo 3 86 trabalhadores perfazendo uma cobertura de 92% da população residente no

município.

Na ocasião de sensibilização dos profissionais pertencentes às 19 primeiras equipes de

saúde da família para o trato das questões relativas à saúde mental, os profissionais

reivindicaram apoio psicológico às equipes do PSF, justificando os conflitos vividos na

comunidade e a angústia em lidar com os mesmos. Porém, sempre que a demanda era

identificada, esta esclarecia que seu papel era apoiar as intervenções e discutir as questões

relativas à saúde mental da comunidade (Casé, 2001).

2. JUSTIFICATIVA

Segundo estimativa da OMS, os transtornos mentais menores acometem cerca de 30%

dos trabalhadores ocupados, e os transtornos mentais graves, cerca de 5 a 10%. No Brasil,

dados do INSS sobre a concessão de beneficios previdenciários de auxilio-doença, por

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incapacidade para o trabalho superior a 15 dias e de aposentadoria por invalidez, por

incapacidade definitiva para o trabalho, mostram que os transtornos mentais, com destaque

para o alcoolismo crônico, ocupam o terceiro lugar ente as causas dessas ocorrências

(Medina, 1986).

Há relatos na literatura de que profissionais submetidos a condições de trabalho sob

estresse crônico podem desenvolver diversas formas de adoecimento, inclusive a síndrome de

Bumout, manifestação psicológica característica do esgotamento profissional. V árias

categorias de profissionais de saúde como médicos, enfermeiras, auxiliares de enfermagem,

psicólogos, fonoaudiologistas estudantes revelaram alguma associação entre o processo de

trabalho e sintomas de sofrimento psíquico.

Quando se considera os trabalhadores do PSF de Camaragibe, o relato sobre trabalho

estressante é uma constante, havendo registro e reivindicações de um programa voltado para à

sua saúde, que possibilite amenizar as tensões ocasionadas pelo processo de trabalho (Casé,

2001).

A concepção deste trabalho baseou-se na necessidade de estudar se o sofrimento

psíquico é um problema de saúde entre estes trabalhadores e contribuir com a formulação de

uma proposta de atenção à saúde direcionada as categorias envolvidas nesta realidade.

3. OBJETIVOS

3.1 - OBJETIVO GERAL

• Analisar a ocorrência de sofrimento psíquico entre os trabalhadores do Programa Saúde da

Família no município de Camaragibe.

3.2 - OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Caracterizar o impacto do processo de trabalho no PSF sobre a saúde dos trabalhadores,

pela análise da morbidade referida por estes;

• Identificar a presença de suspeitos de distúrbios psiquiátricos menores e alcoolismo nos

profissionais das ESF.

4.MÉTODO

Estudo epidemiológico de corte transversal, de caráter exploratório utilizando

questionário semiestruturado previamente testado em estudo piloto. A população alvo foi

constituída de 386 trabalhadores do Programa de Saúde da Família de Camaragibe

compreendendo: Agentes comunitários de saúde, auxiliares de serviços gerais, auxiliares de

enfermagem, auxiliares de consultório dentário, técnico em higiene dental, auxiliares

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administrativos, médicos, enfermeiros e dentistas. Destes, 312 trabalhadores responderam ao

questionário, conforme Tabela 1:

TABELA 1: Distribuição da população estudada por função e percentual de questionários 2003.

Médico 36 28 77,7

Enfermeira 36 32 88,8

Dentista 04 03 75.0

Aux. de Enfermagem 36 27 75,0

Aux. de Consultório dentário 04 03 75,0

Técnico de Higiene Dental 04 04 100,0

Agente Comunitário de Saúde 237 186 78,5

Auxiliar de Serviços Gerais 33 28 84,8

Auxiliar de Administração 04 01 25,0

Na perspectiva de obter adesão de um maior número de trabalhadores, foram adotadas

as seguintes estratégias:

• Reuniões em locais de trabalho;

• Sensibilização das gerências de território;

• Sensibilização de representantes das Equipes do Saúde da Família (ESF).

O questionário semiestruturado tem como objetivo descrever:

• Caracterização geral dos trabalhadores do PSF: idade, sexo, escolaridade, tempo de

serviço, mudança de função/categoria profissional;

• Satisfação no trabalho: aspectos que mais agradam e os que desagradam no

trabalho;

• Condições de saúde: medidas através de dois testes padronizados, o Self Reporting

Questionnaire - SRQ-20 e o CAGE, os quais respectivamente apontam distúrbios

psiquiátricos menores e indicadores de alcoolismo, como também a morbidade

referida.

Os dados foram analisados através do software EPINFO (versão 6.0); Excel (versão

2000) para construção de tabelas e Word para elaboração de textos. As questões abertas

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constantes no questionário foram categorizadas e codificadas para posterior digitação no

EPINFO (versão 6.0).

O piloto para teste deste instrumento foi aplicado em 10% do total dos trabalhadores

do PSF, os quais foram escolhidos através de sorteio das Unidades de Saúde da Família do

município de Camaragibe. Acompanhando o questionário semiestruturado, auto-aplicável,

seguiu o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

O Self Reporting Questionnaire (SRQ) é um instrumento de rastreamento de distúrbios

psiquiátricos menores, produto de um estudo cooperativo coordenado pela Organização

Mundial da Saúde (Borges, 1997).

Foi desenvolvido para ser utilizado em locais de atenção primária à saúde,

especialmente nos países em desenvolvimento. Inicialmente composto de 24 itens, sendo 20

sobre sintomas neuróticos e 04 sobre sintomas psicóticos, foi submetido a vários estudos,

sendo retirado às questões relativas aos sintomas psicóticos por não detectar adequadamente o

que se propunham. A versão com os 20 itens de sintomas neuróticos (SRQ-20) passou a ser

utilizada para rastreamento apenas de distúrbios psiquiátricos menores (neuróticos),

considerando-se, para este fim, sua alta validade de conteúdo.

Mary e Willians ( apud Borges et alli, 1997) procederam à validação da versão em

Português do SRQ-20 na cidade de São Paulo junto a usuários de serviços de atenção primária

de saúde, sendo encontrados índices de 83% de sensibilidade e 80% de especificidade para o

ponto de corte 7/8.

Vários pesquisadores brasileiros utilizaram o instrumento em estudos sobre a saúde

mental dos trabalhadores de diversas categorias, constituindo assim uma experiência

significativa na utilização da freqüência simples de positividade do teste como indicador de

prevalência de suspeição de distúrbios psiquiátricos menores.

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O ponto de corte para o universo masculino foi 6,0 (seis) e para feminino 7,0 (sete).

Ou seja, a partir de seis ou sete respostas afirmativas entre as vinte questões do SRQ-20 foram

considerados suspeitos de sofrimento psíquico menor (Fernandes, 1992).

Estudos clínicos têm mostrado que, paralelamente ao uso abusivo de etílicos e à

instalação de síndrorne de dependência alcoólica, ocorre urna deterioração progressiva do

desempenho, seja ele profissional, social ou familiar.

Vem sendo muito utilizado na detecção do alcoolismo, pela sua facilidade de

aplicação, especificidade e sensibilidade o questionário CAGE, proposto por Ewing e Rouse,

em 1970. Composto de apenas quatro questões o CAGE - sigla formada pelas iniciais das

quatro palavras chaves (Cut-down, Annoyance by criticisrn, Guilty feeling and Eye-opener),

apontado corno o mais simples, de aplicação mais breve, de menor custo operacional e com

caráter menos intimidativo.

No Brasil, o CAGE foi traduzido e validado por Masur e Monteiro (1983),

encontrando urna sensibilidade de 88% e uma especificidade de 83% na detecção de

alcoolistas, quando duas ou mais, das quatros perguntas formuladas forem afirmativas.

Em Pernambuco, Gurgel (1998), utilizou o SRQ-20 e o CAGE em sua tese de

mestrado sobre a Repercussão dos Agrotóxicos na Saúde dos Agentes de Saúde Pública em

Pernambuco.

Nesta pesquisa, a pergunta ''você mgere alguma bebida alcoólica?" precede as

questões do CAGE1:

beber?

C: Alguma vez você sentiu que deveria diminuir a quantidade de bebida ou parar de

A: As pessoas o (a) aborrecem porque criticam o seu modo de beber?

G: Sente-se chateado (a) consigo mesmo pela maneira com que costuma beber?

E: Você costuma beber pela manhã para diminuir o nervosismo ou ressaca?

A importância do CAGE neste estudo se deve ao fato de o alcoolismo ser apontado

como importante fator relacionado a diversos distúrbios físicos e psíquicos, além de constituir

grande problema social.

1 As questões originais do CAGE são: Have you ever felt that should cut down (C) on your drinking? Have people annoyed (A) you by criticizing your drinking? Have you ever felt bad or guilty (G) about your drinking? Have you ever had a drink :first thing in the morning to steady your nerves or get rid of a hangover (eye-opener)

(E)?

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5. RESULTADOS:

5.1. Caracterização dos sujeitos:

A tabela 2, mostra a caracterização dos trabalhadores do PSF de Camaragibe, segundo a

idade, sexo, escolaridade, tempo de serviço e mudança de função em 2003. Nesta tabela

observa-se que 40% dos trabalhadores entrevistados se encontram na faixa etária entre 30 a 39

anos de idade, 28% entre 20 a 29 anos e 24% entre 40 a 49 anos. Observando-se a

distribuição dos trabalhadores de acordo com o sexo, 97% é feminino e apenas 3%

corresponde ao sexo masculino.

Quanto à escolaridade referida, encontra-se 62,5% com nível médio, 13% com nível

fundamental, 11% com nível de pós-graduação, 10,5% com curso superior e 2% com nível

básico.

Observando-se o tempo de serviço, a tabela evidencia que 25,3% dos trabalhadores estão

no exercício de sua função há mais de 7 anos, 23,1% entre 1 e 3 anos, 19,9% entre 3 e 5 anos,

15,4% tem menos de 1 ano em atividade e 14,4% entre 5 e 7 anos.

Quanto à análise de ter mudado de função, 92,9% estão na função que ingressaram no

PSF e 6, 7% registraram ter mudado.

TABELA 2: Caracterização dos trabalhadores do PSF de Camaragibe segundo idade, sexo, escolaridade, tempo de serviço e mudança de função em 2003.

IDADE <20 20-29 30-39 40-49 50-59 60 e+ N.I.* TOTAL

SEXO

F M

TOTAL

03 87

125 75 16 05 01

312

304 08

312

1,0 28,0 40,0 24,0

5,1 1,6 0,3

100,0

97,0 3,0

100,0

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ESCOLARIDADE Básica 07 2,0 Fundamental 40 13,0 Média 195 62,5 Superior 33 10,5 Pós-graduação 35 11,0 N.I. 02 1,0 TOTAL 312 100,0

TEMPO <1 48 15,4 1-3 72 23,1 3-5 62 19,9 5-7 45 14,4 7e+ 79 25,3 N.I. 06 1,9 TOTAL 312 100,0

MUDOU FUNÇÃO SIM 21 6,7 NÃO 290 92,9 N.I. 01 03

Legenda: N .I - não informado

5.2. Satisfação no trabalho:

A pergunta «Considera seu trabalho estressante?" foi respondida de forma afirmativa por

54,5% dos trabalhadores , no entanto, 86,2% revelaram que sentem-se satisfeitos com seu

trabalho, conforme a tabela 3.

TABELA 3: Distribuição dos trabalhadores do PSF de Camaragibe quanto a satisfação no CI.I.J(I.lllV. 2003.

Considera o trabalho 170 54,5 128 41,0 14 4,5 312 100,0 estressante? Sente-se satisfeita( o) 269 86,2 26 8,3 17 5,4 312 100,0 com o trabalho?

Legenda: N.I- não informado

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A avaliação de satisfação do trabalho contou com urna questão aberta no instrumento

de coleta de dados para a qual foram obtidas diversas respostas, sendo estas categorizadas em

20 itens:

1. Agendar

2. Orientar I atender

3. Acumular I trocar experiência I saber

4. Trabalhar educação em saúde

5. Saúde da mulher

6. Saúde da criança

7. Cumprir a missão I minimizar sofrimento I acolher I ajudar I ser útil

8. Saúde do idoso I hipertensão I diabetes

9. Visitas domiciliares I contato próximo (íntimo) com as famílias

1 O. Executar procedimentos técnicos de enfermagem

11. Terapias alternativas

12. Trabalhar em equipe

13. Avaliar o trabalho

14. Organização I limpeza

15. Campanhas

16. Tudo

17. Clínica médica

18. Saúde no trabalho

19. Saúde bucal

20. Cooperação

Dos quais os mais significativos foram: orientar a população, respondido por 21,8%

dos trabalhadores, seguido de realizar ações de educação em saúde, fazer visitas domiciliares

e ser útil a população no cumprimento da missão, com percentuais

de 16,4%, 34,5% e 10,9% respectivamente,conforme tabela 4.

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Tabela 4 : Distribuição das Categorias de Respostas quanto à Satisfação no Trabalho do PSF de 2003.

Orientar à população Visitas domiciliares Ações educativas em saúde Ser útil à população Outras

15

Com referência aos estressares ocupacionais identificados nas respostas à pergunta "O

que mais lhe desagrada no trabalho?" tiveram destaque: dificuldades no relacionamento com a

comunidade, questões relativas às condições de trabalho principalmente ligadas aos insumos

necessários ao desempenho das atividades, bem como fatores relacionados ao processo de

trabalho como sobrecarga de trabalho e burocracia institucional, e ligados à política de

recursos humanos foram citados os conflitos em equipe e insatisfação com as chefias locais e

intermediarias.

5.3. Condições de saúde dos trabalhadores do PSF de Camaragibe:

Quanto a ter apresentado problema de saúde a partir do ingresso no PSF, 50% dos

trabalhadores referiram uma ou mais queixas, sendo mais freqüentes as relacionadas ao

sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo (coluna, artralgia, tendinite, fraturas e

luxações), sistema nervoso (paralisias faciais, paresias, enxaquecas),sistema respiratório

(rinite, sinusite,asma e resfriados), transtornos mentais e de comportamento (ansiedade,

depressão e estresse) e às doenças do sistema cardiovascular (varizes e hipertensão arterial).

Quanto à identificação da ocorrência de sofrimento psíquico segundo respostas ao

SRQ-20 com ponto de corte 6/7, observa-se que 18% dos trabalhadores são suspeitos de

apresentar transtornos psíquicos menores, conforme mostra a tabela 5.

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16

TABELA 5: Distribuição dos trabalhadores do PSF de Camaragibe pelo tempo de serviço e sexo e suspeita de apresentar distúrbios psiquiátricos menores, em 2003.

TEMPO <1ANO 06 10,9 42 16,0 48 15,4 1-3 ANOS 08 14,5 64 25,0 72 23,0 3-5ANOS 10 18,1 52 20,0 62 19,8 5-7 ANOS 07 12,7 38 15 ,O 45 14,4 >7 ANOS 23 41,8 56 22,0 79 25,3 NÃO INFORMOU 01 1,8 05 2,0 06 1,9 TOTAL 55 18,0 257 82,0 312 100,0 SEXO M OI 1,8 07 2,7 08 100,0 F 54 98,2 250 97,3 304 97,0 TOTAL 55 100,0 257 100,0 312 100,0

Dentre os suspeitos, 41,8% estão no desempenho da função por um período superior a 7

anos, 18,1% têm entre 3 e 5 anos, 14% entre 1 e 3 anos, 12,7% entre 5 e 7 anos e 10,9% têm

menos dei ano de exercício.

Com relação ao sexo, observa-se que entre os trabalhadores suspeitos de apresentarem

distúrbios psiquiátricos menores, 98,2% são do sexo feminino e 1,8% sexo masculino.

A tabela 6 mostra que quando distribuídos pela faixa etária , 49% dos suspeitos estão

com idade entre 30 e 39 anos, 24% entre 20 e 29 anos, 20% entre 40 e 49 anos e 7% têm entre

50 e 59 anos.

TABELA 6: Distribuição dos trabalhadores do PSF de Camaragibe pela idade e suspeita de apresentar distúrbios psiquiátricos menores, em 2003.

IDADE <20 o 0,0 03 1,0 03 1,0 20-29 13 24,0 74 29,0 87 28,0 30-39 27 49,0 98 38,0 125 40,0 40-49 11 20,0 64 25,0 75 24,0 50-59 04 7,0 12 5 ,O 16 5,0 60 e+ 00 0,0 05 2,0 05 2,0

N.I . 00 0,0 01 O ,O 01 0,0

TOTAL 55 18,0 257 82,0 312 100,0 Legenda : N.I - não informado

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17

Analisando as questões do SRQ-20 isoladamente, os 10 sintomas que apresentaram maior

freqüência foram selecionados por ordem de freqüência, conforme a tabela 7:

Tabela 7: Distribuição dos sintomas do SQR-20, que apresentaram maior freqüência entre os trabalhadores do PSF de 2003.

Tristeza Cefaléia freqüente Dorme mal Cansaço fácil Cansaço o tempo todo Náuseas Dificuldade nas atividades diárias Assusta-se com facilidade Chorado mais do que de costume Dificuldade de pensar com clareza

86,6 76,4 76,4 76,4 74,5 64,8 63,6 58,2 54,5 52,7

Entre os suspeitos de apresentarem transtornos psiquiátricos menores, 85,5%

consideram o trabalho no PSF estressante e 80% responderam que sentem-se satisfeitos com o

trabalho.

TABELA 8: Distribuição dos trabalhadores do PSF de Camaragibe suspeitos de transtornos psíquicos menores segundo estresse e satisfação no trabalho, em 2003.

Trabalho estressante ? 4 7 85,5 07 12,7 01 1,8 55 100,0

Sente-se satisfeito(a) 44 80,0 07 12,7 04 7,3 55 100,0 com o trabalho?

Quanto à morbidade referida, dentre os trabalhadores suspeitos de sofrimento psíquico,

observa-se queixas, principalmente para doenças do sistema osteomuscular e do tecido

conjuntivo (34%), transtornos mentais e do comportamento (23,4%), doenças do sistema

cardiovascular (8,5%), doenças infecciosas e parasitárias (6,4%) e doenças do sistema

respiratório (6,4%).

Analisando as questões referentes ao alcoolismo, verifica-se que em 1,7% dos

trabalhadores do PSF de Camaragibe, o CAGE foi positivo, caracterizando suspeita de

apresentar alcoolismo. No entanto, 18,9% dos trabalhadores do PSF referiram ingestão de

bebida alcoólica, conforme mostra tabela 9.

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TABELA 9: Distribuição dos trabalhadores do PSF de Camaragibe segundo o consumo de bebidas alcoólicas e a classificação CAGE, em 2003.

% 1,7 98,3 18,9 80,7 0,3 100,0

18

No que diz respeito a distribuição dos trabalhadores suspeitos de transtornos psíquicos,

excetuando-se a função de auxiliares de enfermagem, observa-se que 70,9% encontra-se na

função de agente comunitário de saúde, 10,9% de enfermeiras, 7,3% de auxiliares de serviços

gerais, 5,5% de médico e as funções de dentista, de auxiliar de consultório dentário e de

técnico de higiene dental contam com 1,8% cada uma.

TABELA 10: Distribuição dos Trabalhadores do PSF de Camaragibe com o teste SRQ positivo segundo a função, em 2003.

ACS 39 70,9

Médico 03 5,5

Enfermeira 06 10,9

Dentista 01 1,8

Auxiliar de Enfermagem 00 0,0

Auxiliar de Consultório Dentário 01 1,8

Técnico de Higiene Dental 01 1,8

Auxiliar de Serviços Gerais 04 7,3

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19

6. DISCUSSÃO:

Estudos epidemiológicos são fundamentais para subsidiar planejamento, administração

e avaliação de ações, programas e serviços de saúde. No âmbito da saúde mental, ainda

encontramos uma escassez de informações disponíveis sobre a prevalência e a carga

transtornos mentais em países desenvolvidos e em forma especial em países subdesenvolvidos

(OPAS, 2001).

O Trabalho no Programa Saúde da Família é de caráter multiprofissional, inserido no

contexto coletivo específico, e assume no seu "fazer" o processo saúde-doença como resultado

da reprodução social, considerando seu produto como resultado da qualidade de vida.

As ESF, no desenvolvimento das suas atividades estão expostas a situações

estressantes, podendo afetar a saúde fisica e mental destes profissionais.

Observamos que a população de trabalhadores do PSF de camaragibe é constituída por

adultos jovens na faixa etária de 30 a 49 anos (47%), de 20 a 29 anos (28%) e entre 40 a 49

anos (24% ), correspondendo a 92% do total de trabalhadores.

A grande maioria á constituída de mulheres, representando 97% e somente 3%

corresponde ao sexo masculino, não fugindo a caracterização peculiar do PSF que absorve

mais mulheres em suas equipes de trabalho.

Sobre os dados relativos a escolaridade referida encontra-se 62,5% com nível médio,

13 % com nível fundamental, 11% com nível de pós-graduação, 10,5% com curso superior e

2% com nível básico.

No que conceme ao tempo de serviço, verifica-se que 25,3% dos trabalhadores estão

no exercício de sua função há mais de 7 anos, 23,1% entre 1 e 3 anos, 19,9% entre 3 e 5 anos.

Analisando-se a questão de ter mudado de função, 92,9% estão na função que mgressaram no

PSF e 6, 7% registraram ter mudado.

Embora 54,5% dos trabalhadores do PSF considerem o trabalho estressante, 86,2%

estão satisfeitos com o trabalho, destacando entre o que mais gostam de fazer: orientar a

população (21,8%), realizar ações de educação em saúde (16,4%), fazer visitas domiciliares

(34,5%) e ser útil a população no cumprimento da missão (10,9%), o que demonstra

comprometimento por parte destes profissionais no tocante as ações preconizadas pela

estratégia saúde da família, frente ao desafio de reverter a lógica do modelo de atenção

hospitalocêntrico.

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20

Em referência aos aspectos que desagradam no trabalho, observa-se que os estressores

ocupacionais estão no âmbito das relações com os usuários, condições de trabalho e da gestão

e gerência de recursos humanos.

Os principais problemas de saúde referidos pelos profissionais, constituem-se de

queixas relacionadas ao sistema osteomuscular (coluna, artralgia, tendinite, fraturas e

luxações); sistema nervoso (paralisias, enxaquequas); sistema respiratório (rinite, sinusite,

asma e resfriados); transtornos mentais e de comportamento (ansiedade, depressão e estresse)

e as doenças do sistema cardiovascular (varizes e hipertensão arterial). Todos estes problemas

são passíveis de relação com as atividades profissionais.

Segundo respostas do SRQ-20, 18% dos trabalhadores são suspeitos de apresentar

transtornos psíquicos menores. Pitta (1989), estudando os trabalhadores de hospital geral

público, encontrou em prevalência de 13% que se aproxima do resultado observado por

Gurgel (1998), entre os agentes de saúde pública da Fundação Nacional de Saúde. O resultado

encontrado neste estudo é inferior ao encontrado neste estudo é inferior ao encontrado por

Borges (1990), que observou 19,4% ao estudar os transtornos mentais em trabalhadores de

uma usina siderúrgica de São Paulo.

A distribuição dos trabalhadores do PSF segundo o consumo de bebidas alcoólicos

revelou que 252 destes não consomem álcoo~ que equivale a 80,7% e 59 ingerem bebidas

alcoólicas, correspondendo a 18,95. Entre os que ingerem álcool, 1,7% são classificadas

CAGE-positivas, consideradas suspeitas de alcoolismo. Este achado foi inferior ao registrado

por Rosa, et al, 2000, apud Nascimento, Chagas e Graça, 2002 que encontrou 3% de

prevalência de alcoolismo entre a população feminina adulta residente em Porto Alegre.

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21

7. CONCLUSÕES:

Os Trabalhadores do Programa Saúde da Família (PSF) de Camaragibe estão, na sua

maioria, na faixa etária de 30-49 anos (40%), seguida da faixa etária de 20-29 anos (28%)

e 40 - 49 anos (24%) somando 92%, destacando que destes, somente 25% estão no

desempenho de suas funções há mais de 07 anos.

Há predominância do sexo feminino (97% ), com escolaridade de ensmo médio

(62,5%) e 6,7% mudaram de função no trabalho depois de ingressar no PSF. Constituindo um

contingente significativo de trabalhadores em atividade no Município, merece destacar que

tendo conquistado papel importante na sociedade, as mulheres têm acrescido ao desgaste

estritamente profissional, a dupla jornada de trabalho com repercussões sobre sua saúde fisica

e mental.

O trabalho é considerado estressante por 54,5% dos entrevistados, ao mesmo tempo

em que 86% referem sentir-se satisfeitos no PSF e registram que entre o que mais gostam de

fazer é de orientar a população (21,8%), realizar ações de educação em saúde (16,4%), fazer

visitas domiciliares (34,5%) e ser útil a população no cumprimento de seu papel (10,9%).

Outras ações decorrentes do processo de trabalho das equipes de saúde da família (ESF)

frente às responsabilidades da atenção básica de saúde da população somaram 16,4%.

Entre os agentes estressores, apontados pelos trabalhadores do PSF de Camaragibe,

destacou-se: dificuldades no relacionamento com a comunidade, questões relativas às

condições de trabalho principalmente ligadas aos insumos necessários ao desempenho das

atividades, bem como fatores relacionados ao processo de trabalho como sobrecarga de

trabalho e burocracia institucional, e ligados à política de recursos humanos foram citados os

conflitos em equipe e insatisfação com as chefias locais e intermediárias.

Em relação aos problemas de saúde apresentados depois de ingressado no PSF, 50%

dos trabalhadores referiram uma ou mais queixas relacionadas principalmente ao sistema

osteomuscular e do tecido conjuntivo, sistema nervoso, sistema respiratório, dos transtornos

mentais e do comportamento e às doenças do sistema cardiovascular. Estas condições

patológicas são passíveis de relação com as atividades de trabalho sobretudo quando medidas

de prevenção e manutenção da saúde são insuficientes ou inadequadas.

Segundo as respostas ao SRQ-20, observou-se que 18% dos entrevistados são

suspeitos de apresentar transtornos psíquicos menores.

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' \

22

Dos suspeitos, 41,8% estão no desenvolvimento da função por um período superior a 7

anos, sendo a faixa etária de maior percentual a de 30-39 anos com 49%, quanto ao sexo, o

feminino representou 98,2% e o masculino 1,8%.

Os trabalhadores suspeitos de apresentarem alcoolismo, detectados pelo CAGE,

corresponderam a 1,8%. Este resultado foi inferior ao encontrado por Borges (1997), ~ue foi

de 6,0%.

Os resultados encontrados remetem à reflexão que diante do sofrimento psíquico

existente entre os trabalhadores do PSF de Camaragibe, este problema precisa sJr mais

investigado para que medidas eficazes dentro da política de saúde do trabalhador pos~am ser I

efetivadas na perspectiva de contribuir para uma melhor qualidade de vida destes

trabalhadores.

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REFERÊNCIAS BIDLIOGRÁFICAS

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23

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GURGEL DANTAS GOMES, IDÊ- Repercussão dos Agrotóxicos na Saúde dos Agentes de Saúde Publica em Pernambuco. Dissertação (Mestrado); 1998.

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SECRETARIA MUNICIPAL DE CAMARAGIBE/DIRETORIADE ATENÇÃO À SAÚDE- Relatório de Gestão do Território IV. Camaragibe, 2002.

24

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25

,--, ANEXOS

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CENTRO DE PESQUISAS AGGEU MAGALHÃES/FIOCRUZ CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO E POLÍTICA DE RH PARA O SUS

QUESTIONÁRIO AUTO-APLICÁVEL

CARACTERIZAÇÃO GERAL

1. Qual a função que você exerce na equipe do PSF?

o Médico (a) o Enfermeiro (a) o Dentista o Auxiliar de Enfermagem

2. Já mudou de função do trabalho PSF?

o Sim o Não

o Auxiliar de Consultório Dentário o Técnico de Higiene Dental o ACS D ASG

o Se «sim" qual a função anterior? ______________ _

3. Há quanto tempo trabalha no PSF desempenhando sua atual função?

o Menos de 1 ano o 01 a 03 anos o 03 a 05 anos o 05 a 07 anos o Mais de 07 anos

4. Qual a sua idade?

o Menos de 20 anos o 40 a 49 anos o 20 a 29 anos o 50 a 59 anos o 30 a 39 anos o Mais de 60 anos

5. Qual o seu sexo?

o Masculino o Feminino

6. Qual a sua escolaridade?

o Ensino básico

26

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27

o Ensino fundamental o Médio o Superior o Pós-graduação

SATISFAÇÃO NO TRABALHO

7. Considera seu trabalho estressante?

o Sim o Não

8. Entre as coisas que lhe agradam, o que mais gosta de fazer no trabalho?

1) __________________________________________ __

2) ________________________________________ __

3) ________________________________________ __

9. O que mais lhe desagrada no trabalho?

}) __________________________________________ _

~-------------------------------------------3) __________________________________________ __

10. Sente-se satisfeito(a) com seu trabalho?

o Sim o Não

CONDIÇÕES DE SAÚDE

11. Desde que começou a trabalhar no PSF tem apresentado algum problema de saúde?

o Sim o Não o Qual ou quais? __ ~-------------------

12. Tem dores de cabeça_freqüentes?

o Sim o Não

13. Tem má digestão?

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28

o Sim o Não

14. Sente falta de apetite?

o Sim o Não

15. Dorme mal?

o Sim o Não

16. Assusta-se com facilidade?

o Sim o Não

17. Tem tremores nas mãos?

o Sim o Não

18. Tem dificuldade de pensar com clareza?

o Sim o Não

19. Tem se sentido triste ultimamente?

o Sim o Não

20. Tem chorado mais do que costume?

o Sim o Não

21. Encontra dificuldade para realizar com satisfação suas atividades diárias?

o Sim o Não

22. Tem dificuldade para tomar decisões?

o Sim

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29

,.,....,,

o Não

23. Tem dificuldade nos serviços? Seu trabalho é penoso, causa-lhe sofrimento?

o Sim o Não

24. Sente-se incapaz de desempenhar um papel útil em sua vida?

o Sim o Não

25. Tem perdido o interesse pelas coisas?

I", o Sim o Não

26. Você se sente uma pessoa inútil, sem prestígio?

o Sim o Não

27. Tem tido idéias de acabar com a vida?

o Sim o Não

28. Tentou suicídio alguma vez?

o Sim o Não

29. Sente-se cansado(a) o tempo todo?

o Sim o Não

30. Tem sensações desagradáveis no estômago (náuseas)?

o Sim o Não

31. Você se cansa com facilidade?

o Sim o Não

32. Ingere alguma bebida alcoólica?

o Sim

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o Não

33. Sente-se chateado (a) consigo mesmo pela maneira com que costuma beber?

o Sim o Não

34. Costuma beber pala manhã para diminuir o nervosismo ou ressaca?

o Sim o Não

3 5. As pessoas o (a) aborrecem porque criticam o seu modo de beber?

o Sim o Não

3 6. Alguma vez você sentiu que deveria diminuir a quantidade de bebida ou parar de beber?

o Sim o Não

30

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31

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

• •

Título do Projeto: "Saúde dos trabalhadores do Programa Saúde da Família de Camaragibe" Instituições participantes do projeto:

• • •

Centro de Pesquisa Ageu Magalhães - CPqAM I FIOCRUZ Prefeitura Mmlicipal de Camaragibe/Secretaria de Saúde Equipe de pesquisadores: Idê Gomes Dantas Gurgel

Inês Eugênia Ribeiro da Costa F e manda Lúcia de Sousa Leite Morais

Você está sendo convidado(a) para participar da pesquisa: Saúde dos Trabalhadores do Programa Saúde da Família de Camaragibe- Pe. Você foi selecionado(a) considerando sua condição de trabalhador(a) do PSF do município, e sua participação não é obrigatória. A qualquer momento você pode desistir de participar e retirar seu consentimento. Sua recusa não trará nenhum prejuízo em sua relação com as pesquisadoras ou com as instituições.

O objetivo deste estudo é analisar a ocorrência de sofrimento psíquico entre os trabalhadores do PSF do município de Camaragibe, caracterizando o impacto do processo de trabalho do PSF sobre a saúde dos trabalhadores e identificando suspeitos de distúrbios psiquiátricos menores e de alcoolismo.

A metodologia a ser aplicada consiste na aplicação de um questionário semiestrutu-rado, auto­aplicável e anônimo e sua participação nesta pesquisa consistirá em preenchê-lo e devolvê-lo para a equipe de pesquisa.

Os riscos relacionados com sua participação são constrangimentos perante pessoas e instituições, caso suas respostas vierem a público. No entanto, garantimos que isso não ocorrerá sob hipótese alguma.

Os beneficios relacionados com a sua participação são no sentido de contribuir para o conhecimento sobre a ocorrência de sofrimento psíquico entre os trabalhadores do PSF do município o que poderá subsidiar a formulação de uma proposta de atenção à saúde para as categorias ocupacionais envolvidas.

As informações obtidas através dessa pesquisa serão confidenciais e asseguramos o sigilo sobre sua participação. Os dados não serão divulgados de forma a possibilitar sua identificação e você conhecerá os resultados obtidos depois da conclusão da mesma.

Este termo deverá ser assinado em duas vias, permanecendo uma cópia em seu poder e a outra com a equipe de pesquisa.

A qualquer momento você pode entrar em contato com as pesquisadoras para tirar suas dúvidas sobre a pesquisa pessoalmente ou por telefone.

Inês Eugênia Ribeiro da Costa Av. Dr. Belm:iro Correia- 2340 1 o andar - Sala 25 - Timbi - Camaragibe Telefones: (81) 3458 1086

(81) 9126 2866

Atenciosamente,

Fernanda Lúcia de Sousa Leite Morais A v. Ersina Lapenda - 105 - Timbi -Camaragibe Telefones: (81) 3458 9090

(81) 9162 1779

Declaro que entendi os objetivos, riscos e beneficios de minha participação na pesquisa e concordo em participar.

Participante