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1 HOMOFOBIA NA ESCOLA PÚBLICA CÉLIO LUCION ORIENTADORA: DRA. NANCI STANCKI SILVA RESUMO Este trabalho apresenta resultado do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), e visa analisar como a escola lida com alunos que tem uma orientação sexual distinta da heterossexualidade, isto é, alunos homossexuais. Verificou-se que a escola como um todo silencia ou pratica homofobia sem se dar conta dos danos que causa ao aprendizado e a vida desses estudantes. Por outro lado foi possível observar o quão nossos professores se sentem despreparados e inseguros para se tratar desse tema desprovidos de preconceitos. No transcorrer do projeto percebeu-se que, o tema exposto e aplicado entre professores da escola Estadual Plínio Alves Monteiro Tourinho contribuiu para desconstruir a imagem homofóbica dos mesmos, bem como os despertou para uma maior sensibilização e estudo dessa realidade, que até aquele momento eles não achavam de incumbência da escola tratar. Palavras-Chave: História, Homofobia, Escola Pública. 1 INTRODUÇÃO O governo do Estado do Paraná, em 2007, implantou o Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE). O PDE é um programa de formação continuada em rede que integra as escolas públicas às Universidades, tendo por objetivo principal proporcionar aos professores da rede pública estadual subsídios teórico-práticos para o desenvolvimento de ações educacionais sistematizadas, que possam ser avaliadas em seu processo e em seu produto, resultando em redimensionamento de sua prática educativa.

Author: lenhi

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    HOMOFOBIA NA ESCOLA PBLICA

    CLIO LUCIONORIENTADORA: DRA. NANCI STANCKI SILVA

    RESUMO

    Este trabalho apresenta resultado do Programa de Desenvolvimento

    Educacional (PDE), e visa analisar como a escola lida com alunos que tem uma

    orientao sexual distinta da heterossexualidade, isto , alunos homossexuais.

    Verificou-se que a escola como um todo silencia ou pratica homofobia sem se dar

    conta dos danos que causa ao aprendizado e a vida desses estudantes. Por outro

    lado foi possvel observar o quo nossos professores se sentem despreparados e

    inseguros para se tratar desse tema desprovidos de preconceitos. No transcorrer do

    projeto percebeu-se que, o tema exposto e aplicado entre professores da escola

    Estadual Plnio Alves Monteiro Tourinho contribuiu para desconstruir a imagem

    homofbica dos mesmos, bem como os despertou para uma maior sensibilizao e

    estudo dessa realidade, que at aquele momento eles no achavam de incumbncia

    da escola tratar.

    Palavras-Chave: Histria, Homofobia, Escola Pblica.

    1 INTRODUO

    O governo do Estado do Paran, em 2007, implantou o Programa de

    Desenvolvimento Educacional (PDE). O PDE um programa de formao

    continuada em rede que integra as escolas pblicas s Universidades, tendo por

    objetivo principal proporcionar aos professores da rede pblica estadual subsdios

    terico-prticos para o desenvolvimento de aes educacionais sistematizadas, que

    possam ser avaliadas em seu processo e em seu produto, resultando em

    redimensionamento de sua prtica educativa.

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    Diante do contexto em que a homossexualidade no mais vista como crime,

    como doena, como desvio, como anormalidade pela sociedade (medicina e

    psicologia), como explicar, a escola continuar se eximindo de tratar desse assunto?

    Ou por que quando menciona esse tema, vem carregada de preconceitos e chacota,

    contribuindo para a excluso, a violncia e a marginalizao desses grupos sociais?

    Como a escola pblica pode trabalhar diferente com a homossexualidade sem

    cair nos esteretipos ou banalizaes? Como resgatar a auto-estima, o sujeito

    histrico dessas pessoas, at agora sem voz, sem representao, sem

    reconhecimentos, sem histria? Quais as novas abordagens para superar a

    homofobia na escola?

    Como nos mantermos abertos e sensveis a ouvir a histria daqueles que

    enfrentaram a intolerncia, e em alguns momentos usados para justificar o poder

    patriarcal e a famlia burguesa?

    Pretendo com esta pesquisa realizar um breve estudo da produo histrica

    da homofobia ao longo da histria do Brasil e verificar se a escola pblica ainda

    mantm o discurso e a prtica homofbica no interior das salas de aula. Dessa

    forma, pretendo ainda contribuir com subsdios ao professores e grupos de estudo a

    fim de reconhecer a homofobia e rejeitar essa forma de discriminao.

    2 COMO A HOMOFOBIA PERCEBIDA

    Falar sobre a homossexualidade ou denunciar a homofobia um tabu em

    nossas escolas, causando as mais diversas reaes desde surpresa, horror,

    vergonha, risos, desconfiana ou desdm. Uma coisa certa, homofobia incomoda

    tanto e principalmente o (a) homossexual quanto quem a reproduz:

    A Organizao das Naes Unidas para a Educao, a Cincia e a Cultura (UNESCO) publicou em 2004 o estudo Juventude e Sexualidade, fruto de uma pesquisa em 14 capitais brasileiras. O levantamento indicou, entre outros tpicos, que cerca de 27% dos(as) alunos(as) no gostariam, por exemplo, de ter um(a) colega de classe homossexual, 60% dos professores(as) no sabem como abordar a questo em sala de aula e 35% dos pais e mes no apiam que seus filhos(as) estudem no mesmo local que gays e lsbicas. (GUIA PRA EDUCADORES(AS), 2006, p.8)

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    A pesquisa realizada pela UNESCO por si s, extremamente reveladora,

    mostra como a escola lida, ou no lida, evita falar ou sequer discutir o tema

    homossexualidade. Ela constata o que j percebido h muito tempo nas salas de

    aula, quer seja, ou a homossexualidade vista como uma aberrao, uma prtica

    desviante, amoral, totalmente fora dos padres aceitveis para um processo

    educativo, ou simplesmente ela silenciada, percebida, mas ignorada.

    A falta de uma educao sexual para a diversidade colocada no mais em

    padres fixos (heterossexuais), mas focalizada no respeito s formas como cada

    pessoa orienta o seu desejo afetivo sexual, acaba produzindo pessoas infelizes,

    cercadas de culpas por serem diferentes:

    Segundo WELZER (2001), como grupo dominado, os homossexuais... colocaram em evidncia as condies de opresso: represso em numerosos pases... direitos distintos dos outros homens dando a impresso de serem considerados como cidados de segunda ordem, agresses no espao pblico, invisibilidade nos livros escolares contribuindo ao isolamento. (REVISTA DE ESTUDOS FEMINISTAS, 2 Semestre, p. 406, 2001)

    Diante de uma sociedade de padres brancos, masculinos, heterossexuais e

    cristos, a escola tem refletido esses mesmos ideais, transformando os

    diferentes, os que no se enquadram nesse esquema, em cidados indesejveis,

    exticos, pecadores, e, portanto, passveis de serem ridicularizados, desprezados,

    segregados e vtimas das piores violncias e dio, o que chamamos de homofobia.

    Medo, desprezo e intolerncia... esses so apenas alguns dos sentimentos de repulsa demonstrados contra homens e mulheres homossexuais. A homofobia dio ou averso homossexualidade uma prtica disseminada no apenas entre skin reads, ou grupos extremistas, mas tambm entre adolescentes, jovens, adultos e idosos que, por motivos culturais, sociais ou de conduta individual, discriminam pessoas de acordo com a orientao sexual. (GUIA PARA EDUCADORES(AS) 2006, p. 19)

    E a escola? E os educadores? Como tratam a homossexualidade? O seu

    papel no seria incluir? Alis, se fala tanto de incluso; incluso dos portadores de

    necessidades especiais, incluso do ensino indgena nas aldeias, da cultura afro nas

    escolas, dos adultos para alfabetizao e, no entanto, sobre as manifestaes de

    sexualidade a escola silencia-se.

    Ao invs de incluir, a instituio escolar pode praticar a homofobia, ou se

    desobriga de tratar desse tema:

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    importante notar no entanto que, embora presente em todos os dispositivos da escolarizao, a preocupao com a sexualidade geralmente no apresentada de forma aberta. Indignados/as sobre a questo, possvel que dirigentes ou professores/as faam afirmaes do tipo: em nossa escola ns no precisamos nos preocupar com isso, ns no temos nenhum problema nessa rea, ou ento, ns acreditamos que cabe famlia tratar desses assuntos. De algum modo, parece que se deixarem de tratar desses problemas a sexualidade ficar fora da escola. indispensvel que reconheamos que a escola no apenas reproduz ou reflete as concepes de gnero e sexualidade que circulam na sociedade, mas que ela prpria as produz... (LOURO, 1997, p. 80-81)

    como se, ao adentrar a escola o aluno(a), seria desligado, despido de sua

    sexualidade, transformando a escola num ambiente assexuado, higienizado de

    todas as manifestaes afetivas.

    As escolas tratam a educao sexual de forma restrita, em geral, nas

    disciplinas de Cincias, Biologia e Educao Fsica, associando muitas vezes o sexo

    s doenas, gravidez, algo a ser feito aps o casamento, e principalmente centrado

    na heterossexualidade. Dessa forma negam outras formas de orientao sexual,

    principalmente aquela em que sujeitos possam ter como objeto amoroso e de

    desejo, algum do mesmo sexo e assim contribui e pretende garantir o padro

    heterossexual:

    No h dvidas de que o que est sendo proposto, objetiva e explicitamente, pela instituio escolar, a constituio de sujeitos masculinos e femininos heterossexuais nos padres da sociedade em que a escola se inscreve. Mas, a prpria nfase no carter heterossexual poderia nos levar a questionar a sua pretendida naturalidade. Ora, se a identidade heterossexual fosse, efetivamente, natural (e, em contrapartida, a identidade homossexual fosse ilegtima, artificial, no natural), por que haveria a necessidade de tanto empenho para garanti-la? Por que vigiar para que os alunos e alunas no resvalem para uma identidade desviante? Por outro lado, se admitimos que todas as formas de sexualidade so construdas, que todas so legtimas mas tambm frgeis, talvez possamos compreender melhor o fato de que diferentes sujeitos, homens e mulheres, viviam de vrios modos seus prazeres e desejos. (LOURO, 1997, p. 80-82)

    Qual seria a reao de alunos(as), que no se identificam com a

    heterossexualidade, como se sentiriam diante de uma educao que os(as) colocam

    como transgressores da normalidade? Para LOURO (1977), na medida em que

    seus desejos se dirigem para prticas consideradas inapropriadas para seu gnero,

    ele ou ela levado(a) a aprender uma lio significativa: a lio do silenciamento e

    da dissimulao, aprender a se esconder torna-se parte do capital sexual da pessoa.

    (LOURO, 1997, p. 80-82)

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    Silenciamento e dissimulao, so os resultados mais chocantes de uma

    educao homofbica alicerada num preconceito sem fim, numa falta absoluta de

    sensibilidade para o diferente, somado-se a incapacidade da escola como um todo

    (pais, professores, alunos, funcionrios, equipe pedaggica e direo), em estudar

    esse tema, diluir os preconceitos e cessar as piadas, comentrios maldosos,

    transferncias de alunos por no adequao escola e aos padres por ela

    imposta. Segundo LOURO (1997), alguns estudiosos e estudiosas tm se ocupado,

    mais recentemente, em examinar como a escola opera na produo das

    sexualidades de meninos e meninas. Mrtin Mac Na Ghaill (1996, p. 197),

    analisando a formao de estudantes, masculinos em algumas escolas secundrias,

    apontou formas contraditrias de heterossexualidade compulsria, misoginia e

    homofobia, como os elementos culturais que so acionados na formao de

    subjetividades destes garotos. Para esses jovens, o outro passava a ser as

    mulheres e os gays; ao mesmo tempo, eles deveriam expulsar de si mesmos a

    feminilidade e a homossexualidade. (LOURO, 1997, p.82)

    Talvez, dizer que a escola seja incapaz de enfrentar essa barreira

    homofbica, soa a eufemismo. possvel que exista, uma inteno deliberada,

    consciente, mas, no revelada de tratar a homossexualidade intramuros, que ,

    justamente no falar sobre o tema, no levantar a lebre, deix-la escondida, ocult-

    la, como se fosse um segredo. Algo que, se enfrentado, estudado, reconhecido,

    poderia ser altamente contagioso, que como uma doena, poderia se espalhar e

    fugir completamente do controle. Louro (1997) ainda acrescenta que, provavelmente

    nada mais exemplar disso do que o ocultamento ou a negao dos/as

    homossexuais e da homossexualidade pela escola. Ao no se falar a respeito

    deles e delas, talvez se pretenda elimin-los/as, ou, pelo menos, se pretenda evitar

    que os alunos e as alunas normais os/as conheam e possam desej-los/as. Aqui

    o silenciamento a ausncia da fala aparece como uma espcie de garantia da

    norma. A ignorncia (chamada, por alguns, de inocncia) vista como

    mantenedora dos valores ou dos comportamentos bons e confiveis. A negao

    dos/as homossexuais no espao legitimado da sala de aula acaba por confin-los s

    gozaes e aos insultos dos recreios e dos jogos, fazendo com que, deste modo,

    jovens gays e lsbicas s possam se reconhecer como desviantes indesejados ou

    ridculos. (LOURO, 1997, p. 67-68)

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    quando no possvel esconder, silenciar a livre manifestao de

    alunos(as) homossexuais, a homofobia atua da forma cruel e intolerante entre os

    alunos e com a anuncia ou omisso de educadores. O depoimento a seguir,

    retirado do artigo de MARTINS (2007), ilustra essa intolerncia que acaba

    resultando em violncia escolar:

    Nikky (ela prefere usar o apelido) se orgulhava de ser aluna de uma escola particular tida como liberal em Campinas. No precisava usar uniforme completo, podia usar piercings e ela at j foi para a escola de moicano, um penteado punk com pontas de um palmo de altura. Casais de namorados podiam se beijar vontade, ao contrrio de outras escolas, e ela no pensou duas vezes antes de beijar sua namorada no ptio do colgio. A reao foi devastadora. Um amigo meu veio me dizer que achava que eu quis aparecer, que se eu queira ser lsbica, que fosse entre quatro paredes. Que as pessoas no eram obrigadas a ver isso... Eu sofri agresses fsicas, verbais e tecnolgicas, desabafa, Augusto Kobayashi, aluno de ensino mdio e assumidamente homossexual. Levava socos, chutes, cotoveladas, joelhadas e empurres. Augusto ainda diz que o grupo de meninos que o importunavam, no satisfeitos com as agresses fsicas e verbais, espalhava pelos computadores da escola imagens dele caracterizado como travesti e com as unhas pintadas de rosa... (MARTINS, Vicente. Acesso: jun.2007)

    Segundo a pesquisadora da UNESCO Mary Castro no livro Juventudes e Sexualidade (2004), isso ocorre cotidianamente: Muitas vezes os professores no silenciam, mas colaboram ativamente na reproduo de tal violncia. Os dados da pesquisa mostram que apenas 2,3% dos professores no gostariam de ter alunos homossexuais. Mas consideram que as brincadeiras no so manifestaes de agresso, ressalta a pesquisadora, naturalizando e banalizando expresses de preconceito. A concluso da UNESCO vai alm e pede por investimentos em uma cultura de convivncia com a diversidade. (Juventude e Sexualidade, UNESCO, 2004, p. 277, 301)

    A escola, seja ela pblica ou privada se mantm fechada, a respeito da

    homossexualidade em suas dependncias, buscando repelir, excluir o diferente,

    bem como tratar a homossexualidade como aberrao ou doena.

    Ao fazer referncia s escolas pblicas, essa questo da homossexualidade sofre com um preconceito muito acentuado. Ao fazer referncia s escolas privadas, pouco se discute, pouco se fala, pouco se reflete, gerando, no poucas vezes, comportamentos sutilmente agressivos de professores com relao aos alunos homossexuais, sejam meninos ou meninas. Nas escolas privadas, aceita-se o matriculado, mas no se tolera o educando com tendncia homossexual. A diferena entre a escola pblica e privada, nesse particular, que, naquela, no h o princpio de tolerncia. Para algumas escolas conservadoras, no h diferena entre o aidtico e o homossexual: todos sofrem com o preconceito social. (MARTINS, Vicente. Acesso: jun. 2007)

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    As escolas do Estado do Paran tambm no fogem a essa regra, eis um

    relato de uma aluna do ensino mdio de uma escola da Regio Metropolitana de

    Curitiba.

    ...no colgio a gente no pode ficar juntas... s se v, bem dizer, s conversar... e se no j chamam na diretoria... porque muito preconceito... ainda ela falou que estava pensando em juntar todos os homossexuais do colgio e fazer uma lista de quem no era a favor do preconceito. Porque todos os namorados ficam abraados, todos os namorados ficam de mos dadas, a gente s queria ter a liberdade de ficar de mos dadas, s pra conversar, a gente no pode porque muito preconceito. Da vem pai, vem me, vem isso, vem aquilo, de nossos colegas, vem reclamar que o colgio est virando o colgio G.L.S., e quem no tem que sair agora. Ento a gente fica meio assim, tem pessoas que no aceitam, podem agredir verbalmente, fisicamente, ns tomamos essa iniciativa de no ficarmos mais juntas no colgio, ficar longe uma da outra, se falar o mnimo possvel. Ela me chamou na casa dela, bateram nela... no sei quem foi especificamente... s sei que em cinco pessoas, ela no conhece, eu desconfio que seja aquele grupo de skin heads, ou no sei, ou algum da minha famlia que no a favor... ela pediu mais uma chance... eu tava com medo de ficar com ela, estava chateada com tudo o que aconteceu e sabendo que ningum iria apoiar a gente ficar juntas de novo. No curso de informtica andaram fazendo muitas piadinhas de homossexuais que me deixaram aflita. Fui conversar com o superior e reclamar da discriminao, no sou s eu, tem outras homossexuais no curso que tambm se sentiram atingidas, pararam um pouco de fazer aqueles comentrios... (Aluna Fnix 17 anos. Depoimento maio, 2007)

    O mais impressionante que, a mesma escola que reproduz a homofobia, a

    excluso, que negam a esses grupos sociais uma histria, o reconhecimento como

    sujeitos histricos, a mesma que contraditoriamente se alicera em leis, estatutos,

    normatizaes que rejeitam qualquer tipo de excluso, elitizao, desrespeito a

    liberdade e integridade humana. Essa escola, dessa forma, deveria respeitar a

    Constituio Federal de 1988, que em seu artigo 5 nos diz o seguinte:

    Todos so iguais perante a lei, sem distino de qualquer natureza, garantindo-se a todos a inviolabilidade do direito vida, liberdade, igualdade, segurana e a propriedade. Ningum ser obrigado fazer ou deixar de fazer alguma coisa seno em virtude da lei. (pargrafo 2)

    III - Ningum ser submetido tortura, nem a tratamento desumano ou degradante.

    X - So inviolveis a intimidade, a vida privada e a honra dos cidados.

  • 8

    J a lei mxima sobre educao, a Lei de Diretrizes e Bases da Educao

    1996 (L.D.B.), no artigo 2 e 3, reafirma e explicita o artigo 5, frisando o respeito ao

    pluralismo, a liberdade e o apreo tolerncia:

    Art. 2. A educao, dever da famlia e do Estado, inspirada nos princpios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exerccio da cidadania e sua qualificao para o trabalho.

    Art. 3. O ensino ser ministrado com base nos seguintes princpios:

    I igualdade de condies para o acesso permanncia na escola;

    II pluralismo de idias e de concepes pedaggicas;

    III respeito liberdade e apreo tolerncia.

    No artigo 15 e 16 do Estatuto da Criana e do Adolescente (1990), o direito

    liberdade, o respeito e a dignidade como pessoas humanas, s esto presentes num

    ambiente onde no haja discriminao:

    Art. 15 A criana e o adolescente tm direito liberdade, ao respeito e dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais, garantidos na Constituio e nas leis.

    Art. 16 O direito liberdade compreende os seguintes aspectos:

    I ir, vir, e estar nos logradouros pblicos e espaos comunitrios ressalvadas as restries legais;

    II opinio e expresso;

    III crena e culto religioso;

    IV brincar, praticar esportes e divertir-se;

    V participar da vida familiar e comunitria, sem discriminao;

    VI participar da vida poltica, na forma da lei;

    VII buscar refgio, auxlio e orientao.

    Ainda com respeito a essa contradio da escola, que deve incluir, mas

    pratica a homofobia, FREIRE (1996), nos relata o seguinte:

    Faz parte igualmente do pensar certo a rejeio mais decidida a qualquer forma de discriminao. A prtica preconceituosa de raa, de classe, de gnero ofende a substantividade do ser humano e nega a democracia.... O que quer dizer o seguinte: que algum se torne machista, racista, classista, sei l o qu, mas se assuma como transgressor da natureza humana... Qualquer discriminao imoral e lutar contra

  • 9

    ela um dever por mais que se reconhea a fora dos condicionamentos. (FREIRE, 1996, p. 60)

    3 COMO A HOMOFOBIA FOI CONSTRUDA

    A homofobia uma produo histrica cultural onde teorias so criadas,

    defendidas, justificadas nas cincias e leis, e a escola inserida nessas condies

    histricas as reproduz e reafirma o que a sociedade exige dela.

    Portanto, ela no produto, criao exclusiva da escola, fruto de toda uma

    produo histrica ao longo de dcadas e sculos. Como a homofobia adquiriu tanta

    justificao para ser praticada e banalizada pela sociedade e pela escola, a ponto de

    se achar normal atitudes discriminatrias contra a homossexualidade? Como foi a

    abordagem histrica da homossexualidade nos diferentes momentos e contextos

    histricos brasileiros e por que foram tratados dessa e no daquela maneira?

    Qual foi o peso de instituies como a escola, a imprensa e a justia no

    reforo da homofobia e sua justificao? Como as cincias, especialmente a

    medicina e a psicologia, evoluram na forma de abordagem da homossexualidade?

    O relato abaixo revelado por um mdico em 1872, revela a discriminao de

    um homossexual, como um doente:

    Por caracteres especiais e disposies anatmicas, de que no trato, poderamos afirmar o maior nmero das vezes que sodomita passivo o indivduo que examinarmos... assim se virmos um rapazito com andar sereno, grave, com os passos curtos acompanhados de movimentos do tronco e dos membros superiores, com as pernas um pouco abertas e o bico do p muito voltado para fora... um rapaz arremedar no andar uma dama... os movimentos semilascivos do corpo e que os ponha em prtica quando passeia, com o fim de excitar e atrair as vistas e desejos dos transeuntes, podemos suspeitar que um rapaz infame que passa... se juntarmos a estes caracteres o de uma fala verdadeiramente efeminada, doce, agradvel, e um trajar nos extremos, ou no rigor da moda, ou o seu contraste, podemos ter mais do que suspeitas... (GREEN; POLITO, 2004, p. 27-28)

    Ainda na mesma obra descreve:

    Pode-se dizer de um modo geral que os sodomitas esto distribudos por toda a cidade... digno de nota que em quase todas estas partes da cidade h casos especiais, verdadeiros focos de extrema degradao moral, onde se alugam quartos... para a consumao de atos de uma hediondez tal que a decncia manda ocultar... nas praas pblicas sentados em bancos de pedra, ou passeando aos dois... fumando, falando, proferindo e gesticulando indecncias... (GREEN; POLITO, 2004, p. 29-30)

  • 10

    A prtica da homossexualidade teria dois destinos o tratamento mdico ou a

    priso:

    Se o conhecimento mdico atestasse sua doena poderiam ser

    encaminhados para tratamento clnico especfico, se no, poderiam ser tratados com

    criminosos comuns... (GREEN; POLITO, 2004, p. 21)

    ...O cdigo Penal republicano brasileiro, promulgado pelo Decreto n 847, de

    11 de outubro de 1890, punia implicitamente as prticas homossexuais... (GREEN;

    POLITO, 2004, p. 77)

    Mas como essas atitudes, esses tratamentos, no resolviam o problema,

    outras medidas eram sugeridas:

    Pode-se dizer que a medicina, nos ltimos 150 anos, j tentou ou props de

    tudo para a cura dos homossexuais. Confinamento, choques eltricos, medicao

    pesada, tratamento psicolgico ou psiquitrico, psicanlise individual, de grupo e

    familiar, camisa de fora, transplante de testculos... (GREEN; POLITO, 2004, p.

    104)

    Em 1953, Jorge Jaime, nos prope uma doutrina eugenista para resolver o

    problema da homossexualidade:

    A reeducao psicolgica e profissional medida de muita eficcia, em certos casos. Mais importante, entretanto, do que tratar e assistir os anormais sexuais evitar, na medida do possvel, o seu aparecimento. Medidas eugnicas e de higiene mental, educao sexual, melhoria da situao econmica geral, combate vida promscua e dissoluta so recursos demorados mas de maior eficincia... Que os mdicos criem hospitais, sanatrios, colnias de reeducao sexual, especializados no tratamento das diversas fases da evoluo da homossexualidade importantssimo. Que os juristas faam leis adequadas que regularizem a questo de suma urgncia. (JAIME, apud GREEN; POLITO, 2004, p. 106)

    J Aldo Sinisgalli em 1938, encara a homossexualidade como o pior inimigo

    da sociedade:

    O homossexualismo anti-social. O homossexualismo a destruio da sociedade, o enfraquecimento dos pases... a maioria dos pederastas no se casa, no constitui famlia.A grande maioria deles constituda por moos solteiros. Portanto, o pederasta no contribui para o engrandecimento, para o desenvolvimento da sociedade e do pas.Se o homossexualismo fosse regra, o mundo acabaria em pouco tempo. (SINISGALLI, apud GREEN; POLITO, 2004, p. 101)

    Como as cincias sociais evoluram na forma de abordagem da

    homossexualidade?

  • 11

    Essas e outras questes foram abordadas em duas obras recentes Frescos

    Trpicos, em que revela textos sobre como a homossexualidade era encarada no

    Brasil em 1870 a 1980. E Devassos no Paraso, onde o autor faz um minucioso

    relato sobre a homossexualidade no Brasil da colnia aos dias atuais.

    Para Silvrio (2002), as Ordenaes Manuelinas (publicadas em 1521, sob o reinado de Dom Manuel) foram o mais antigo Cdigo Penal aplicado no Brasil, pois vigoravam em Portugal poca do Descobrimento. Nelas, a sodomia passou a ser punio o confisco dos bens e a infmia sobre os filhos e descendentes do condenado... nas Ordenaes Filipinas em 1603, proclamavam que, nos casos em que pessoas do mesmo sexo apenas se masturbassem entre si, a pena seria degredo. Segundo essas leis, quem conhecesse e no denunciasse um sodomita perderia todos os seus pertences e sofreria degredo perptuo para fora de nossos reinos e senhorios. Ao contrrio, aquele que denunciasse um grupo de sodomia tinha direito, se comprovado o crime, a receber metade dos pertences do criminoso, quando este no tivesse posses, a prpria Coroa se encarregaria de premiar o denunciante com cem cruzados... a punio sodomia no era passvel de atenuao e misericrdia, mesmo que o criminoso fosse nobre ou funcionrio da coroa. Em 1707, o Snodo baiano promulgou as Constituies Primeiras do Arcebispado da Bahia... as Constituies eclesisticas promulgadas em Salvador valiam para as demais dioceses do pas, que constitua ento uma nica provncia religiosa. Nessas Constituies que continuaram vigorando at 1900 , a sodomia era considerada to pssimo e horrendo crime..., e provoca tanto a ira de Deus, que por ele vm tempestades, terremotos, pestes e fomes, e se abrasaram e subverterem cinco cidades, duas delas somente por serem vizinhas, de outras onde ele se cometia. Pecado indigno de ser nomeado, chama-se por isso nefando que o mesmo que pecado em que no se pode falar, quanto mais cometer. Quem ousasse cometer tal crime, que parece feio at mesmo ao demnio, deveria ser investigado em segredo pelo vigrio geral e entregue preso ao Santo Ofcio da Inquisio (SILVRIO, 2002, p. 166, 167)

    Green relata sobre a obra de Hernani de Iraj publicada em 1917 e tendo sua nona edio em 1954 intitulada Psicose do amor. No livro o autor no deixa dvida sobre o seu ponto de vista,a homossexualidade o amor ou a prtica de atos sexuais entre indivduos do mesmo sexo. Em geral, os indivduos moral e fisicamente gastos, e estado de verdadeira decadncia e corrompidos sob os aspectos, procuram reavivar as sensaes embotadas com novos e estranhos. Donde o vcio da pederastia. Para quem ainda tem dvidas, veja a ilustrao que ele inclui no captulo intitulado Homossexualidade: inverso sexual, na qual o homossexualismo leva diretamente ao inferno. Uma extensa imagem horizontal, que achata os rostos frontais, demonacos e com expresses e gestos de horror e dor, e uma bunda em primeiro plano e mais elevada, de um ser de unhas grandes de onde escorre talvez sangue.

    Outra obra analisada por Green foi a de Antonio Carlos Pacheco e Silva que

    publicou em 1940 sua extensa obra Psiquiatria Clnica e Forense. Nela o autor

    estabelece conexes entre raa, crime e sadismo para construir uma imagem do

    homossexual como um perigo social... o homossexualismo vem incluindo em sua

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    listas perverses sexuais, ao lado de sadismo, masoquismo, necrofilia, bestialismo,

    exibicionismo, frigidez, ninfomania e onanismo... (GREEN, 2006, p. 80, 81)

    Como se pode perceber nesses dois relatos de pocas diferentes, a

    homossexualidade retratada da pior forma possvel, produzindo imaginrios

    negativos, e o pior, que continuam a ser reproduzidos e reafirmados em nosso

    momento atual sem reflexo, como se a sociedade no tivesse alterados no sentido

    de perceber ou reconhecer os direitos sexuais de uma pessoa.

    4 A DESCONSTRUO DA HOMOFOBIA NOVAS PERSPECTIVAS PARA TEMTICA.

    Linhas historiogrficas mais recentes se voltaram da sexualidade entre elas

    as que abordam a questo das mentalidades. Para CARDOSO (1997):

    ...a sexualidade afirma-se, cada vez mais, como um objeto fundamental na busca da compreenso dos possveis significados das relaes humanas, consideradas nos seus mais variados e complexos significados das relaes humanas, consideradas nos seus mais variados e complexos sentidos. De objeto prioritrio e/ou privilegiados em vrios campos do saber tais como a psicanlise, a psicologia, a antropologia , a sexualidade passa a adquirir um lugar de destaque na histria... Trata-se, ao meu ver, de consideraes extremamente frteis, abrindo novas perspectivas para a prpria histria da sexualidade, centradas, de um lado, nas relaes sexuais hetero e/ou homossexuais envolvendo ambos os sexos , inseridas no contexto das relaes sociais e, de outro, na circulao social dos diferentes padres culturais, nas formas e limites de sua introjeo e na sua prtica pelas diferentes mulheres e homens. Nesse sentido, cabe lembrar que a dcada de 1990 vem sendo marcada pelo aumento significativo de estudos e pesquisas situados nos mais variados campos do conhecimento que, a partir da perspectiva de gnero, privilegiam a especificidade da condio masculina. (CARDOSO, 1997, p. 297, 298)

    As diretrizes Curriculares de Histria tambm contemplam essa preocupao

    no sentido de retirar do foco de pesquisa histrica tudo que possa ser entendido

    como definitivo, dado, eterno, evitando a qualquer custo o dogmatismo,

    possibilitando ouvir o outro lado da histria, a histria dos oprimidos.

    Nessas diretrizes, trata-se de uma concepo de Histria em que verdades

    prontas e definitivas no tm lugar, porque necessariamente o trabalho pedaggico

    nesta disciplina deve dialogar com outras vertentes tanto quanto deve recusar o

    ensino da Histria marcado pelo dogmatismo e pela ortodoxia. (DIRETRIZES

    CURRICULARES, 2006, p.22)

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    A viso de uma histria no dogmtica, a viso da histria sob o ponto de

    vista do excludo, pressupe uma histria enquanto problematizao:

    ... a problematizao produz uma narrativa histrica que tem como desafio

    contemplar a diversidade das experincias sociais, culturais e polticas dos sujeitos e

    suas relaes. (DIRETRIZES CURRICULARES, 2006, p. 22)

    Dentro dessa nossa perspectiva de estudo histrico, considero as abordagens

    da Nova Histria e da Nova Esquerda Inglesa, coerente com uma pesquisa e

    interveno na escola acerca do problema da homofobia:

    A Nova Histria, cuja principal expresso a Histria das mentalidades, insere-se no contexto conturbado da dcada de 60, influenciada pelos acontecimentos de maio de 1968, em Paris, da Primavera de Praga, dos movimentos feministas, pelas ruas contra as desigualdades raciais nos Estados Unidos da Amrica, entre outros...

    Os historiadores da Nova Esquerda Inglesa procuraram analisar a concepo de poder de forma a presentear outros atores sociais e outros espaos de poder, o que ficou conhecido como a histria vista de baixo. (DIRETRIZES CURRICULARES, 2006, p. 27)

    Nesta perspectiva a histria vista de baixo, a histria deve incluir outros

    sujeitos:

    Ao retomar alguns aspectos apresentados no histrico da disciplina,

    identifica-se que o ensino da Histria tradicional est pautado pela valorizao da

    Histria poltica e econmica, linear, factual, personificada em heris, e exclui a

    participao de outros sujeitos. (DIRETRIZES CURRICULARES, 2006, p. 28)

    O estudo e o combate da homofobia na escola passam por uma anlise de

    relao de poder:

    Segundo Barros (2004), o que autoriza classificar um estudo como Histria poltica o enfoque no poder, no apenas estatal, mas, tambm, nos micropoderes presentes no cotidiano: famlia, escola, fbricas, prises, hospitais, hospcios etc. So perceptveis as influncias do pensamento de Michel Foucault e outras contribuies tericas que favorecem a releitura da Histria poltica, como os escritos de Gramsci, Geertz, Bourdieu, entre outros...

    ...Para tanto, ressalta-se a importncia de inserir o sujeito comum na Histria, a partir do estudo de espaos e de relaes sociais pautadas pelas relaes de poder. (DIRETRIZES CURRICULARES, 2006, p. 29)

  • 14

    Uma abordagem histrica vista de baixo, que vise incluir a participao de

    outros sujeitos, pautada por relaes de poder, deve necessariamente se

    aproximar de outras reas do conhecimento humano, desconsideradas em outras

    pocas:

    ...as pesquisas na rea da Histria ganharam novo impulso. Historiadores

    optaram por aproximar a Histria de outras reas das cincias humanas, como a

    Sociologia, a Geografia, a Psicologia, a Economia, de modo a incorporar outras

    dimenses e articular diversos aspectos da sociedade na anlise do processo

    histrico. (DIRETRIZES CURRICULARES, 2006, p. 33)

    Um projeto de interveno na escola, deve se fundamentar no sentido de propor mudanas tericas e prticas, a fim de superar qualquer concepo histrica que insista numa abordagem economicista e reducionista, contribuindo para a manuteno da excluso e empobrecimento da prpria histria. Nesse sentido se faz a importncia da Nova Esquerda Inglesa,...quando prope a articulao entre a dimenso econmico-social e a cultura.Entre outros, o novo olhar sobre essa dimenso se faz presente na chamada History from Below (Histria vista de baixo), proposta que incluiu novas fontes para o estudo da Histria, que buscava dar voz aos excludos, uma vez que os documentos oficiais privilegiavam, a priori, o olhar dos vencedores.Conforme Sharpe em 1936, Bertold Brecht, em seu poema Perguntas de um operrio que l, apresentou aquela que provavelmente ainda a afirmao mais direta da necessidade de uma perspectiva alternativa ao que poderia ser chamado de histria da elite (1992, p.40). Entretanto, somente em 1966, com a publicao de um artigo de Edward Thompson, iniciava-se essa perspectiva da Histria vista de baixo.Os intercmbios com a antropologia, por exemplo, permitiam o uso de fontes ligadas represso, como: processos judiciais, inquritos policiais, processos inquisitoriais, entre outros. Para o estudo da Histria, tambm so importantes as fontes orais, que possibilitam resgatar o passado dos sujeitos comuns. Os trabalhos de Paul Thompson (1935-) so exemplares dessa afirmao. Para Joutard, a fonte oral no mais se trata apenas de uma simples fonte complementar do material escrito, e sim de uma histria, afim da antropologia, que d voz aos povos sem histria, iletrados, que valoriza os vencidos, os marginais e as diversas minorias. (DIRETRIZES CURRICULARES, 2006, p. 34)

    No podemos deixar de ressaltar que um dos eixos norteadores do projeto

    poltico educacional da SEED o estmulo ao acesso, permanncia e o sucesso

    de todos os alunos na escola.

    No basta que o aluno tenha acesso, deve-se garantir a qualidade dessa

    permanncia. Ele deve ser acolhido tal qual o meio scio-cultural o produziu. Sua

    diferena seja religiosa, de classe, de raa, de gnero motivo de excluso,

    violncia, chacota, menosprezo, ironia.

    A escola deve ser pensada como um ambiente onde valores humanos,

    igualdade, respeito, solidariedade e democracia sejam os pilares fundamentais, e

    onde tambm, a explorao, e qualquer forma de discriminao seja rigorosamente

  • 15

    combatida. Um novo mundo est por nascer e, talvez ele d seus primeiros passos

    na escola, para isso precisamos tomar conscincia da discriminao e aos poucos

    desconstruirmos preconceitos, racismos, machismos e homofobias:

    Depois do ncleo familiar, na escola que aprendemos a nos relacionar, respeitar limites, utilizar espaos, identificar igualdades e desigualdades. na escola que comeamos a perceber o que uma sociedade e como ela se organiza. Dela tambm faz parte ensinar regras e normas sociais, e promover o bem-estar entre todos.Os adolescentes homossexuais so, muitas vezes colocados em evidncia pelos colegas, tornando-se alvo de crueldades verbais e, muitas vezes, fsicas. Professores se omitem por estarem enraizados nos seus preconceitos ou por acharem que no compete a eles qualquer atitude. (PICAZIO, 1998, p. 120-121)

    5 INTERVENO NA ESCOLA

    Como lidar com a homofobia diante de tamanho entulho discriminatrio,

    diante de camadas e mais camadas de teorias, pseudoverdades, pseudocincias?

    Como realizar uma arqueologia do desfavorvel, do no histrico, do silenciado,

    mas que sempre insistiu em ser? At que ponto a escola pblica pode desconstruir

    esse imaginrio negativo produzido ao longo dos sculos? O desafio est lanado, a

    escola ter, mais cedo ou mais tarde de resolver essa contradio, continuar

    reproduzindo a homofobia historicamente ou ter que rever os seus conceitos

    homofbicos, formando professores e esses trabalhando as novas geraes de

    forma mais tolerante, com profundo respeito s diferentes orientaes afetivo-

    sexuais, onde mais importante cada qual ser feliz. E foi esse, o objetivo principal

    desse trabalho de interveno terico-prtico na escola, quer seja, desconstruir as

    vises homofbicas reafirmadas secularmente, propiciando assim uma reflexo

    sobre nossos preconceitos, muitas vezes no percebidos nos cotidiano escolar e em

    nossas vidas dirias. Segue abaixo algumas atividades propostas e implementadas

    que ajudaram no sucesso dessa pesquisa:

    5.1 RELATOS DOS ENCAMINHAMENTOS FEITOS SOBRE A IMPLEMENTAO OU INTERVENO NA ESCOLA DO TEMA: HOMOFOBIA NA ESCOLA PBLICA

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    - Grupo de estudo (GRT) realizado na plataforma moodle.

    Esse trabalho consistiu em cerca de 60 horas de estudo via online envolvendo

    aproximadamente 27 professores de distintas regies do Estado do Paran inscritos

    pela SEED, dos quais 14 professores seguiram at o final do curso. Este estudo

    realizou-se entre junho de 2007 a junho de 2008, o tema foi desenvolvido com

    inseres constantes de textos, artigos, relatos, material didtico, plano de trabalho

    e outros. A inteno deste procedimento era justamente trocar idias sobre a

    homofobia nas vrias escolas representadas por esses professores, bem como

    estudar formas de trabalhar a homossexualidade de modo a desconstruir os padres

    homofbicos vigentes no interior das mesmas.

    O trabalho foi positivo, pois permitiu a troca de idias entre professores de

    diversas regies do Estado sobre um tema pertinente para o ensino pblico. Segue

    abaixo alguns relatos ou comentrios dos professores que participaram das

    discusses:

    a)- Relevncia do tema:

    Alguns professores participantes expressaram a importncia dessa discusso

    e a necessidade de trabalhar o tema com os docentes:

    Penso que a temtica muito pertinente e a discusso urgente, porm temos muitos tabus e receio ao tratarmos disso. Talvez j tenha sentido quando apresentou seu projeto aos colegas.Sempre condenamos aquilo que desconhecemos ou ignoramos. A idia de propor uma palestra numa reunio pedaggica muito boa e seria mesmo ai o incio do trabalho. Precisamos trabalhar a homofobia entre ns professores, para depois com os alunos. Isso porque muitos colegas so homofbicos e se julgam donos da verdade.Creio que em centros maiores como o caso de Curitiba, essa abordagem seja um pouco mais fcil, tendo em vista a diversidade de pessoas que vivem a. Moro e trabalho em Guarapuava, cidade interiorana e com MUITOS resqucios do coronelismo. Uma cidade muito boa de se viver, mas que preserva um tradicionalismo de aparncias, onde o sobrenome vale mais do que o carter. Por isso o respeito a diversidade ainda seja quase ausente. A sexualidade entre os adolescentes latente, precisamos discutir a homofobia. Como faz-lo? A revista Aventuras na Histria, Editora Abril, edio 56, trouxe uma matria intitulada amor entre iguais, a qual demonstra a inveno do preconceito e a que grupos isso interessava. Tambm discute a questo de gnero j que o amor entre iguais-homens era aceito e entre iguais-mulheres era uma aberrao. (Professora de Guarapuava-PR.)

    Os relatos abaixo so de um professores (as) da escola onde leciono que j

    trabalhava na desconstruo da homofobia e do preconceito em suas aulas:

    Estou tendo esse privilgio, de acompanhar de perto, pois leciono no mesmo colgio que o Clio, ou seja, Colgio Plnio de Colombo. Como ele mesmo relatou, a reunio

  • 17

    pedaggica em que ele apresentou seu trabalho, rendeu muitas discusses e reflexes sobre o tema da Homofobia na Escola. A fala do Clio e da outra professora de um outro colgio que possui uma filha Lsbica foram bastante claras, tornando o assunto interessante de ser debatido. Muitos professores ficaram um pouco perplexos com a temtica, pois, no esperavam esse tema. Eu participei muito do debate, e ainda relatei que fao parte do grupo de discusso, e que esses conhecimentos que estou adquirindo aqui, esto sendo fundamentais. Pois sempre procuro e luto por uma educao libertria para todos.Alguns professores(as) participaram dos debates, sendo receptivos ao tema, outros continuaram com suas posies homofbicas e alguns(as) com suas posies de extremismo homofbico ligados a ideologia de extrema direita e dogmas religiosos fundamentalistas. Mas no geral a sua proposta de interveno est tima, e sua idia de distribuir algumas questes sobre o tema para os professores responderem deu um enfoque maior na temtica e foi muito bom. Vamos ver quantos professore iro entregar as respostas. Continuarei fazendo sala de aula, trabalhos e debates com os alunos da importncia do respeito as diferenas e a prtica da tolerncia com o diferente, porque isso um dos princpios da educao libertria, enfocando agora principalmente os homossexuais, mas sempre colocando que os homossexuais so iguais aos heterossexuais ou bissexuais, apenas possuem uma orientao sexual diferente e que todos devem ser respeitados para poderem exercerem dignamente sua cidadania. (Professor de Curitiba-PR)

    Clio, sempre que posso fao um debate sobre a excluso que sofrem os homossexuais e outros que tem uma orientao sexual diferente da dita certa heterossexualidade que impera no Brasil. Coloco os direitos que so respeitados dos homossexuais em pases como a Noruega e Sucia, mostrando que nesses pases um homossexual tem o direito de exercer sua cidadania igual ao heterossexual. E questiono os alunos porque no Brasil isso no to aceito? J que no dizem que no Brasil no tem preconceito?? Tambm debato sobre o preconceito que existe aos homossexuais em nossa Escola. Em algumas turmas, o debate interessante em outras o preconceito de professores homofbicos ainda muito grande. Mas primeiramente temos que tirar o preconceito de professores homofbicos que as vezes incentivam numa forma velada a perpetuao do preconceito para com os alunos que possuem orientaes sexuais diferentes do heterossexualismo.

    Abos! (Professor de Curitiba-PR)

    b)- Em meio aos debates, houve algumas propostas e encaminhamentos:

    Parabenizo-o pela excelente proposta de trabalho, onde esto bem claros quais os objetivos que deseja atingir. Quando voc diz: a homofobia no nasceu na escola e que ela apenas reproduz e refora, tenho que concordar com sua fala pela seguinte razo: Numa escola de minha cidade, vrios alunos resolveram assumir sua homossexualidade, inclusive se abrindo s famlias e estas compreendendo a situao. Porm, na escola este fato tem sido motivo de chacotas entre os professores, parafraseando um Membro do Conselho Superior de Censura, citado em seu trabalho, dizem: O que d de viado na escola... no brincadeira. Na minha opinio creio que a escola poderia aproveitar a situao e trabalhar o assunto, pois estes alunos tambm dever ser includos, no s os alunos com deficincia. A escola poderia utilizar a sua proposta, trabalhando primeiramente os filmes citados, mas com professores, porque entre os alunos no h tantos homofbicos, eles aceitam com mais naturalidade seus colegas homossexuais. Se eu trabalhasse nessa escola iria propor seu trabalho (com sua licena, lgico) e quem sabe at solicitar sua presena na escola para trabalhar com os professores, como voc fez

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    na semana pedaggica na sua escola. Nesta escola h professores que se fazem amigos destes alunos, instigam para que os mesmos contem suas intimidades e como a maioria adolescente, acabam fazendo confidncias. Essas confidncias so motivos de piadas nos intervalos das aulas. desumana a atitude destes professores. Acredito que seria muito interessante se a SEED formasse uma equipe de professores capacitados no assunto para repassarem a teoria e algumas prticas de como trabalhar em cada escola, onde poderiam esclarecer dvidas existentes sobre a homossexualidade, diminuindo o preconceito. Desta forma promoveria a cidadania e a construo de uma sociedade mais justa e solidria. (Professora de Londrina-PR)

    A respeito do material analisado e, da proposta enfocada desde o incio do mdulo proponho algumas reflexes. Inicialmente indubitvel que, quando trabalhamos com questes humanas temos que ter como princpios o dinamismo social, ou seja as questes de conflito esto em constante choque de opinies e mudanas de conceitos. Dessa forma, devemos sim ter um material de apoio para trabalharmos a homofobia, mas sobretudo, devemos estar em constante processo de leitura, assim como as sugestes feitas pelo senhor como a Revista Veja por exemplo. Dessa forma poderemos estar vivenciando de forma atualizada com exemplos mais prximos da realidade social do momento. Com efeito,a homofobia, por ser um tema extremamente polemico que envolve mltiplos aspectos axiolgicos, deve ser visto e revisto propondo um aumento de vises sobre o tema com por exemplo a homofobia na esfera jurdica, religiosa, cultural, econmica, mdica (neurolgica), e ou, demais vertentes. necessrio que os alunos entendam a homofobia como um processo natural da humanizao em que os choques de valores levam a certos tipos de intolerncia. A produo de conscincia tem que ser o norte da proposta pedaggica.Com isso, se atermos a apenas em um material, parece ser no mnimo uma forma de limitarmos as possibilidades de vises e de reflexes sobre o tema. No podemos nos embasar pra discusso de um tema to amplo apenas em um material de apoio. Logo, com base nessa problemtica parece salutar para a educao que faamos um acervo de apoio, com materiais de jornais, revistas, artigos cientficos e demais peridicos para que possamos quando discutir o tema Homofobia, tenhamos com recurso pedaggico, aps a exposio do tema e o levantamento do problema, diversos materiais, para que os alunos possam, em grupos, fazer suas prprias reflexes, criando a partir de informaes de fontes diversas, um verdadeiro com conhecimento sobre o tema e com isso gerando conscincia. (Professora de Cascavel-PR)

    Acredito que sua proposta deve ser trabalhada com professores e depois com os alunos, sabendo que muitos professores so homofbicos, preconceituosos, no aceitam as diferenas. Mas se temos que trabalhar a incluso devemos pensar que homossexualidade tambm faz parte. Aceitar que o aluno ou aluna que tem interesse pela pessoa do mesmo sexo, no um desvio de comportamento, mas algo aceitvel nos dias atuais. Temos que trabalhar em reunies pedaggicas e depois que todos tiverem conhecimento e embasamento terico e conhecimento cientfico trabalharemos com alunos. Assim pode ser que funcione, pois todos tendo conhecimento do assunto trabalharemos em reunies com pais e APMF e conselho escolar tambm. (Professora de Ponta Grossa-PR)

    um assunto pertinente, mas que tem de ser esclarecido a todos. Os

    educadores tm que ter conhecimento deste material, estes textos so timos. No

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    pode ser s para professores de Histria, mas todas as disciplinas. (Professor de

    Campo Mouro-PR)

    Acredito que um primeiro ponto fundamental do tema em questo e que deve ser colocado de forma clara que no precisamos, necessariamente, concordar com todas as pessoas em todos os assuntos, mas precisamos respeitar sempre o nosso semelhante, bem como suas aes. Se conseguirmos que nossos alunos formem essa conscincia j teremos garantido a formao de pessoas melhores e que convivero melhor na sociedade.Com relao possibilidade de implementao dessa proposta na escola, eu penso que antes necessrio um preparo melhor para que o assunto seja abordado com todo respeito que merece. preciso um conhecimento abrangente sobre o assunto antes de discuti-lo, pois por ser um assunto polmico, vo surgir muitos questionamentos, opinies diversas e temos que estar preparados teoricamente, com muitas informaes, muita segurana para conduzir o trabalho de forma satisfatria. O preconceito ainda muito forte em nossa sociedade, mas aos poucos, realizando um trabalho srio, comprometido, possvel que consigamos, seno exterminar, pelo menos minimizar os efeitos nocivos dele, garantindo a igualdade de todos. (Professora de Irati-PR)

    Vamos chegar l, sou muito otimista, muitas palavras dos amigos do curso so minhas tambm, como o respeito a opinies, temos que nos preparar para isso, iniciando o nosso trabalho de conscientizao, pois o preconceito no nasce com as pessoas, ele formado como disse. Li no jornal de minha cidade Tribuna do Norte do dia 30 de maro ltimo, uma nota da advogada especialista em Direito da Famlia de So Paulo, Slvia Maria Mendona que o Brasil tido como um pas intermedirio quando se trata da concesso aos direitos aos homossexuais, pois o mesmo o artigo constitucional que assegura o direito igualdade fala tambm em direito vida, liberdade, segurana. Tambm fala que so inviolveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas. E vai mais alm: afirma que um dos objetivos e promover o bem de todos, sem preconceito de origem de raa, sexo, cor, idade e qualquer outras formas de discriminao. Completa dizendo a dificuldade da credibilidade em nossa Constituio quando vemos que os homossexuais no podem casar. As discusses esto a, cada vez mais pblico, desmistificando muitos conceitos. Ns como educadores estaremos trabalhando, ensinando em prol do promover o bem de todos. Quando estou em sala, observo o desconcerto de alunos (meninos) que so o n 24 da chamada. Procuro conversar, explicar as bobagens de brincadeiras, das discriminaes. Interessante as reflexes sobre o tema de 30/03/2008 no h o termo homossexual na Bblia, interessante as deturpaes que se fazem das escrituras e de tudo de acordo com interesses. (So Sebastio de Amoreira-PR)

    Voc merece, parabns! Parabns pela sua iniciativa, coragem, pois so poucos os professores que esto aptos a fazer esta abordagem em sala de aula, mesmo a escola j tendo feito discusses sobre como lidar com os diferentes problemas. O problema principal levar o professor a saber e entender, rever sua postura diante de algo to antigo, mas desconhecido por muito; basta olharmos a nossa volta, para percebermos as diferenas, o comportamento e tambm o sofrimento de nossos alunos, tentando esconder sua preferncia sexual e outros, sofrendo com o preconceito deles prprios. A homofobia na escola pblica deveria fazer parte do cotidiano pois seria muito legal se todos pudessem assumir sua identidade, sua diferena com a cabea erguida, com coragem para enfrentar o que a vida tem a oferecer.

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    Precisamos mudar, rever nossa postura frente s desigualdades existentes no nosso ambiente escolar. E que a escola seja o espao certo para que eles encontrem o respeito pela sua sexualidade e a cidadania. (Professora de Castro-PR)

    e)- Discusso com fundamentos cientficos:

    A homossexualidade precisa ser discutida abertamente, com fundamentos

    terico-cientficos e jamais em fundamentos religiosos e moralistas; O homossexual

    precisa ser includo em nossas escolas, primeiro pelos professores e professoras, e

    estes precisam ensinar os alunos a assumirem essa questo sem pr-julgamento.

    Sem discutir o assunto no se avana. (Professora de So Mateus do Sul-PR)

    d)- Rompimento de barreiras que sustentam aes discriminatrias e excludentes:

    Propor a incluso de temas relativos sexualidade e homossexualidade nos contedos, currculos escolares, livros e outros materiais didticos, considerando o contedo no discriminatrio como um dos critrios para a seleo de livros didticos adotados ou indicados nas escolas pblicas.

    Apoiar a divulgao de informaes cientficas e de direitos humanos sobre a orientao sexual e o combate a homofobia com diversas aes visando capacitao e sensibilizao dos profissionais de educao, publicaes de materiais informativos e eventos sobre o tema. (Professora de Ivaipor-PR)

    Temos muito que avanar na discusso quanto homofobia na escola. Creio que esta proposta de interveno seja uma boa arranca e precisamos pratic-la. Ser uma tarefa rdua, uma vez que reproduzimos aquilo que prega a sociedade.

    No colgio no qual trabalho, percebo a existncia da homofobia e alguns debates foram propostos. Acredito que algumas barreiras j foram vencidas, mas ainda existem aqueles professores que realmente professam sua crena e consideram o diferente como anormal/doente. Uma constatao foi boa, estes so uma minoria! (Professora de Maring-PR)

    e)- Insero da temtica na escola:

    Precisamos discutir muito sobre homofobia na escola. Pois esta proposta de

    interveno ser um passo importante na histria da educao e devemos por em

    prtica. Inserir temas de sade sexual, homofobia, sade reprodutiva. Enfim

    combater com a discriminao e levar a informao com naturalidade do diferente

    inserindo na natureza (Professora de Foz do Iguau-PR)

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    f)- Resultado do trabalho:

    Querido Clio, acredito que sua proposta de interveno vem obtendo bons resultados em nosso colgio (leciono no mesmo colgio que o Clio; Colgio Plnio de Colombo). A questo da homofobia vem sendo comentada pela maioria dos professores, alguns continuam e continuaro com suas idias homofbicas devido seus dogmas religiosos e discursos de extrema direita, ou seja, no aceitando o diferente, no caso, o aluno homossexual ou bissexual. Outros eu percebo, que esto mudando a sua postura em relao a essa questo, e tem professores que gostaram muito da sua proposta. Eu, como sempre, continuarei a fazer meus debates com os meus alunos sobre o respeito e a tolerncia aos diferentes e excludos da sociedade capitalista, dando nfase na igualdade de direitos desses excludos, principalmente os homossexuais, e tambm combatendo de todas as formas a Homofobia na Escola e na sociedade brasileira, alm de exigir respeito aos alunos homossexuais, porque eles so iguais aos alunos heterossexuais, nem melhores, nem piores. Enfim, continuaremos a luta contra a Homofobia na Escola, principalmente contra alunos homofbicos e professores Homofbicos.

    Parabns pelo seu trabalho. (Professor de Curitiba-PR)

    Tem uma frase que diz: Uma caminhada vitoriosa tem incio com um primeiro passo. Sabemos que quando iniciamos uma proposta polmica, encontraremos obstculos e o nosso grande desafio venc-los.

    Acredito que o tema que foi proposto o inicio de um trabalho que ir render bons frutos. certo que as opinies vo divergir pois sabemos que a unanimidade impossvel. Mas enquanto sujeitos ativos do processo educacional, temos que proporcionar a discusso e o conhecimento em torno do tema, para que as pessoas tenham um olhar sem preconceitos. A homossexualidade no deve e no pode ser visto como uma anomalia. fundamental que a escola e os educadores sejam agentes atuantes na construo de uma sociedade onde o direito de todos sejam plenamente respeitados.

    g)- Necessidade de trabalhar com as famlias:

    um prazer enorme poder contar com as informaes dessas pesquisas. At ento o tema HOMOFOBIA no era comentado ou discutido na escola (pelo menos em que trabalho). Nesta sexta-feira tivemos Conselho de Classe, voc sabe que muito discutido para tentar descobrir ou detectar o porqu da dificuldade do aluno. Foi da que veio discusso ao problema de uma aluno adolescente, 15 anos, ainda na 6 srie, que sofre mais com a discriminao homofbica de seu pai do que com as brincadeiras, j aceitas por ele, de seus colegas. Ento, no s trabalhar com os alunos, professores e funcionrios da escola. Nosso trabalho muito mais srio e preciso que repercuta alm dos muros da escola; que v para dentro de casa daquele ou daquela que sofre com a violncia da descriminao. A adolescncia pro si s j um dilema, uma fase de conflitos e indecises, de descobertas, encantos e desencantos; se no houver apoio na famlia... a fica sem cho e a vida com certeza vai ficar mais difcil ainda. E a escola mais uma parceira na vida desses adolescentes, mais uma vez reafirmo nossa importncia como educadores e auxiliadores na transformao para melhoria do social e do direito igualdade entre todos os cidados. (Professora de Cascavl-PR)

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    Os espaos esto se abrindo para uma nova viso, deixando de lado tabus, que no levam a nada.

    Atualmente na escola, falamos, conversamos sobre o assunto, mas ainda pouco, temos muito a esclarecer, ensinar e aprender. No vejo erros, e sim ensaios para os acertos, s no podemos parar. Tenho visto tanto nos meios de comunicao notcias envolvendo homossexuais, lsbicas de uma forma muito natural e estou contente com isso. Estamos no caminho, os livros hoje trazem um monte de opes de se discutir, debater vrios assuntos e com isso vamos acabar com essa intolerncia. Ns professores da rea de humanas temos uma responsabilidade social muito grande inclusive de passar essa responsabilidade para nossos alunos. (Professora de Maring-PR)

    h)- Desenvolvimento de projetos:

    Ol professor CLIO A discusso sobre a discriminao de grupos minoritrios em escolas, principalmente homossexuais, vem ganhando espao em pesquisas e projetos de polticas pblicas na rea da educao. Esse discurso nos faz conhecer uns aos outros, por isso o respeito diversidade indispensvel quando se quer construir com uma educao de qualidade, pluralista e emancipadora. importante desenvolver aes de combate homofobia nas escolas, especialmente no ensino fundamental, porque os estudantes no ensino mdio j tm opinio formada. O preconceito dentro da escola reflexo do preconceito presente na sociedade. Para combater o preconceito no ambiente escolar as escolas teriam que desenvolver projetos como: Diversidade sexual na Escola, Novas prticas educativas sobre a sexualidade e cidadania; com a iniciativa de propor aos profissionais da educao informaes sobre a diversidade sexual. A idia que com essas informaes, eles possam rever sua opinio com relao homossexualidade e a prpria sexualidade dos jovens e, combater o preconceito no ambiente escolar pois o preconceito no acontece apenas nas relaes entre alunos, tambm tem a participao de professores. Estes so coniventes com a discriminao, aceitam-na e at utilizam apelidos e piadas homofbicas criadas pelos adolescentes. A escola no sabe lidar com essas questes e muitas vezes o assunto tratado a portas fechadas e encarado como doena ou imoralidade. O projeto para combater a homofobia nas escolas teria que primeiramente, acontecer com a sensibilizao dos diretores e dos coordenadores pedaggicos, pesquisa entre os alunos, para saber como tem sido a discusso sobre a diversidade e homofobia nas escolas, material didtico para formao direcionada. A expectativa a de que os educadores disponham de recursos didticos e tericos para, no ficarem omissos de cenas explcitas de homofobia e estejam preparados para conversar sobre o assunto. No se combate o preconceito sozinho precisa oferecer aos professores condies de lidar com diferentes situaes de forma respeitosa, com informaes sobre como tolerar e respeitar a diferena, que nada mais do que respeitar o outro. (Professora de Castro-PR)

    i)- Rompimento do silncio da escola:

    Sabemos que a homofobia existe em muitos de ns, uns admitem outros no, por isso devemos lutar para que um dia todas as diferenas sejam aceitas com normalidade pela sociedade, sejam de foro religioso, sexual, cultural, esttico, etc... Todos ns temos algo para dar ao prximo, todos ns temos a nossa forma de estar na vida, todos ns temos algo que nos diferencie de tudo e de todos ns merecemos

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    o mesmo respeito e os mesmos direitos para que um dia esta suposta sociedade assim o seja.

    Esta introduo serve apenas para ratificar o seu trabalho como uma proposta inovadora da qual posso dizer que aprendi muito, pois eu era como vrios professores Maria vai com as outras, ou seja, quando algum comeava a falar sobre os homossexuais eu tambm fazia comentrios desagradveis. Hoje, graas a sua pesquisa, e sua tutoria no GRT, j consigo falar sobre o assunto com segurana, mostrando a todos que criticar os homossexuais preconceito e digo que eles no tm nada de diferente. Precisamos de intervenes mais srias nas escolas, pois o silencio a pior forma de se lidar com a temtica em questo. Sugiro que os trabalhos nas escolas iniciem primeiramente pelo tema cidadania, depois sobre sexualidade, todas elas. Sobre o assunto a UNESCO vai mais alm e pede por investimentos em uma cultura de convivncia com a diversidade. necessrio que a escola reserve algumas aulas para tratar de cidadania, direitos e deveres, diferentes de outras pessoas. Acredito que este trabalho ajudaria no combate discriminao contra os homossexuais e contra todos os tipos de minorias. Finalmente, posso dizer que este tema me empolgou tanto que tenho procurado ler sobre o assunto em revistas e na internet. (Professora de So Mateus do Sul-PR)

    Precisamos muito avanar na discusso sobre a homofobia na Escola.

    Capacitar professores e profissionais de instituies pblicas atuantes no combate discriminao e violncia contra homossexuais;

    Estimular o uso de materiais educativos (filmes, vdeos, reportagens e publicaes) sobre orientao sexual e superao da homofobia;

    Divulgar as informaes cientficas sobre a sexualidade humana;

    Apoiar a implementao de projetos de preveno da discriminao e a homofobia nas escolas, sobretudo sensibilizar para uma cultura de paz e de no-violncia e da no-discriminao contra os homossexuais. (Professora de Guara-PR)

    Vivemos sem dvida uma poca interessante e tambm desafiadora. Tabus

    e preconceitos a muito enraizados na humanidade vo dando lugar ao respeito e

    solidariedade. Novos valores se afirmam, e talvez tenhamos um mundo um pouco

    melhor para nossos filhos independentes de sua orientao sexual. (Professora de

    Guarapuava-PR)

    j)- Construo de novos valores:

    Percebo a urgncia de mudanas no comportamento de nossa sociedade, que mostra-se incapaz de construir um novo padro educacional que estimule a capacidade de solidariedade, resultando numa sociedade marcada por uma ao educativa potencializada das foras criadoras que permitam o resgate do essencial respeito vida. Cabe a escola assumir o compromisso de construir novos valores, trabalhar decididamente pela superao da escola arcaica e antidemocrtica. Temos que construir um espao onde os valores como tolerncia, respeito, no violncia, seja parte do cotidiano dos educadores e dos educandos, resultando em sujeitos crticos ticos e transformadores da vida escolar e da sociedade como um todo.

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    A mudana s vai acontecer quando houver o comprometimento com a educao transformadora, capaz de criar uma nova tica cidad. (Professora de Ponta Grossa-PR)

    5.2 INTERVENO NA ESCOLA PLNIO ALVES MONTEIRO TOURINHO: EXPOSIO DO TEMA PARA OS PROFESSORES.

    Uma das maiores preocupaes ao desenvolver esse tema na minha escola

    foi o de expor aos demais professores minha pesquisa, minha fundamentao

    terica e acima de tudo ouvi-los, abrir os canais da comunicao para que eles

    colocassem seus pontos de vista e tambm se posicionassem a respeito da

    homofobia. Pensando nisso, propus para a direo e equipe pedaggica um

    momento para reunir os professores e coloc-los a par dessa realidade presente no

    interior de nossas escolas. Nesse encontro tive a presena de 60 professores.

    Convidei tambm para o encontro uma representante da ONG-GPH (Grupo de Pais

    Homossexuais), que exps o seu trabalho junto a pais e mes que tem filhos

    homossexuais.

    Minha avaliao pessoal desse encontro foi positiva, apesar das reaes

    distintas de cada professor, alguns silenciaram, outros no concordaram que a

    escola homofbica, e houve outros que acharam o tema pertinente. O debate foi

    tenso, mas pela primeira vez na minha escola a homossexualidade de alunos e

    professores foi encarada com respeito, numa discusso sria sem riscos ou termos

    pejorativos. O perodo de palestra sobre o tema se estendeu durante a semana

    pedaggica nos primeiros dias de fevereiro de 2008.

    Segue abaixo alguns relatos e impresses dos professores da minha escola

    que participaram dessa discusso:

    a)- Importncia do tema:

    Homofobia na escola pblica um assunto de grande relevncia pois, ainda muito velado, como se fosse algo proibido e feio. A homofobia est presente nas escolas, ora explcito, ora implcito. Muitas vezes alguns alunos deixam de freqentar a escola por sofrer discriminao por parte dos colegas. Muitos professores, por no saber trabalhar o assunto, acabam por calar-se frente s situaes de homofobia, pelo fato de tambm termos nossos preconceitos. (Pedagoga da Escola)

    b)- Necessidade de discusso do tema:

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    Quando ouvi a palestra, muitas das informaes que eu tinha como certas,

    prontas e acabadas foram desmistificadas. preciso promover a discusso sobre a

    homofobia para que deixe de ser um assunto tabu. Refletir sobre a mdia, filmes,

    msicas e situaes fundamental, afinal, ajudamos a formar opinies. O que no

    podemos fingir que a homofobia no existe. (Professora de Portugus)

    H diferentes formaes de ncleos familiares atualmente, ainda que a

    abordagem de tal assunto seja polmica ela faz-se urgente. (Professora de

    Geografia)

    Esse tema deve ser tratado com urgncia nas escolas... para quem procura

    uma educao libertria como eu, esse tema fundamental (Professor de

    Educao Fsica)

    ...os educadores precisam contornar situaes de conflito dentro da sala de

    aula para amenizar situaes cuja a origem d-se pelo preconceito exacerbado.

    (Professor de Matemtica)

    c)- Percepo do preconceito:

    Percebi caractersticas preconceituosas at em mim mesma, que estavam

    internalizadas. (Professora de Qumica)

    d)- Papel da escola para o respeito diversidade:

    Muitos alunos da escola pblica vivem num mundo restrito a poucas relaes

    pessoais, e na escola ele vai ter o primeiro contato com essa diversidade do ser

    humano. (Professora de Ingls)

    e)- Trabalho com docentes para prepar-los para discutir o tema:

    A maioria de ns professores no estamos preparados para lidar com essa

    questo. (Professora de Artes)

    ... um tema que no comentado, existe um certo tabu sobre o mesmo. O

    tema homofobia veio para quebrar paradigma. (Professora de Histria)

    Sabemos que h homofobia na escola pblica, porm no sabemos como

    tratar do assunto. (Professor de Fsica)

    A homofobia um assunto que gera polemica, discusses, mexe com o

    pensamento de todos ns. (Professor de Filosofia)

  • 26

    5.3 INTERVENO NA ESCOLA: MURAL NA SALA DOS PROFESSORES

    Outra prioridade minha ao trabalhar esse tema na escola, foi a continuidade

    da implementao, isto , manter canais de discusses constantes como meus

    colegas educadores. Para tanto reservei um mural na escola onde disponibilizei

    textos, artigos, depoimentos, cartazes, pesquisas sobre a homossexualidade e

    homofobia escolar, minha inteno era manter o debate e subsidiar a atuao dos

    professores nas salas de aula. A reao foi positiva, apesar de muitas crticas de

    ordem religiosa e moral, a homossexualidade e a homofobia aos poucos foi se

    tornando alvo de comentrios, polmica, discusses acaloradas, desconstrues de

    preconceitos, identificao de alunos homossexuais e maneiras de melhor lidar com

    essa realidade, percepes no sentidas anteriormente. O mural se tornou

    interativo, outros professores tambm traziam artigos de jornal, revista, internet

    mostrando que a preocupao no era s minha e o assunto tornou-se foco de toda

    comunidade escolar. Alguns professores comearam a trabalhar o assunto em suas

    aulas atravs de dinmicas, obtendo com isso bons resultados. O perodo de

    realizao dessa atividade se estendeu de fevereiro a julho de 2008.

    5.4 INTERVENO NA ESCOLA: EXPOSIO DO TEMA PARA OS ALUNOS

    A terceira parte da implementao do tema na escola foi levar para os meus

    alunos (5, 6, 7, 8, do Ensino Fundamental e, 1 e 3, do Ensino Mdio) a

    pesquisa que desenvolvi junto aos professores.

    Percebi uma tremenda curiosidade e ateno dos alunos enquanto expunha o

    assunto, muitas resistncias, reaes e dvidas foram observadas pois em nenhum

    momento de suas vidas escolares tiveram oportunidade de ter uma aula sobre a

    homossexualidade desprovida de preconceitos e discriminaes. No demorou

    muito para salpicar perguntas, relatos de homossexualidade em suas famlias entre

    os amigos, vizinhos e at colegas da escola. Momentos riqussimos de aprendizado

    e de tolerncia. Essa atividade aconteceu entre agosto e novembro de 2008.

    Segue abaixo alguns relatos dos alunos extrados nas aulas:

  • 27

    ... importante discutir esse assunto, pois estamos vivendo o preconceito

    todos os dias, ou seja, ningum tratado com respeito. (Aluna do Ensino Mdio)

    ...eu acho um absurdo perseguir os homossexuais, pois Deus deu o livre

    arbtrio...(Aluna do Ensino Fundamental)

    ...minha me lsbica e eu acho natural. Ela uma pessoa como todas as outras, me trata normalmente, no vejo diferena nenhuma nos homossexuais pois ele so pessoas normais e at mais legais que as outras. Hoje eu vejo que as pessoas se do melhor com outras do mesmo sexo, pois elas podem estar at mais felizes do que os casais de homem e mulher. (Aluna do Ensino Mdio)

    Se o homossexual estiver feliz do jeito que , por mim no faz a mnima. O

    importante a felicidade dessa pessoa. (Aluno do Ensino Fundamental)

    Eu defenderia essas pessoas com muito orgulho, afinal elas tambm so

    seres humanos. (Aluna do Ensino Mdio)

    Por que discriminar? E se essas pessoas que so preconceituosas tivessem

    filhos homossexuais, negros, como seria? Iriam matar todos os seus filhos? Espero

    que Deus tenha compaixo dessas pessoas. (Aluno do Ensino Mdio)

    Meu tio homossexual, e sofreu muito preconceito, at pelos familiares. Eu

    acho que no h problema nenhum em ser homossexual, cada um tem o direito de

    escolher o que quer da vida. Ningum tem o direito de julgar, pois somos todos

    iguais. (Aluna do Ensino Fundamental)

    No mundo em que vivemos, a coisa mais ridcula ser preconceituoso. As

    pessoas querem se achar melhor que outras, e por isso geram tantas formas de

    serem preconceituosos. Os homossexuais sofrem, pois a maioria das pessoas que

    sentem este preconceito certamente no teriam metade da coragem que um

    homossexual tem. (Aluno do Ensino Mdio)

    Acredito que, se voc quer respeito, respeite o seu prximo e o ame, como

    se fosse voc mesmo pois, a Bblia tambm ensina isso. Tenho vrios amigos

    homossexuais, e os amo da mesma maneira que os heterossexuais.(Aluna do

    Ensino Mdio)

    O tema preconceito atual e muito importante. O preconceito est dentro de

    todos mas deve ser trabalhado, porque na realidade ter preconceito no o

  • 28

    problema, o problema no respeitar a liberdade de orientao do outro. (Aluna do

    Ensino Mdio)

    Eu no sei como que , mas deve ser horrvel voc ter que viver se

    escondendo todos os dias. Eu conheo uma menina que pode namorar em casa,

    porque seus pais no aceitam a sua homossexualidade. (Aluna do Ensino

    Fundamental)

    ... um tema delicado... isso porque, quem nunca sofreu preconceito ou

    preconceituoso mesmo sem admitir? s vezes, sem querer fazemos piadinhas dos

    outros, sem se tocar que isso pode machucar. (Aluno do Ensino Mdio)

    Meu amigo gay, e sempre me fala de situaes onde discriminado pela

    orientao sexual. As pessoas o ofendem e o ameaam. (Aluna do Ensino

    Fundamental)

    Sempre riam de mim por ser muito magra, ou por me vestir de forma

    diferente, ou fazem cara de nojo por saber que sou bi, mas quando isso acontece

    finjo no importar, pois a opinio dos outros indiferente. (Aluna do Ensino Mdio)

    s vezes, passo na rua e ainda me xingam ou fazem comentrios

    preconceituosos sobre minha orientao sexual do tipo: olha a sapato a ou cola

    velcro. super ofensivo, j cheguei a chorar por causa do preconceito. (Aluna do

    Ensino Mdio)

    6 RESULTADOS OBSERVADOS DURANTE A IMPLEMENTAO DA PROPOSTA

    a) Utilizao do material de pesquisa por alguns professores em suas aulas;b) Manifestao livre da orientao sexual de professores e alunos;c) Manifestaes homofbicas sofreram crticas mais contundentes;d) Participao efetiva de 25 professores da escola em curso de 60 horas

    ofertado pela UTFPR tendo como tema questes de gnero, sexualidade e homofobia;

    e) Oficina para os alunos na Semana Cultural palestrada por integrantes do Grupo Dignidade ocorrida no ms de novembro de 2008;

    f) H uma proposta de alguns professores da criao de um grupo de estudo sobre Gnero e Diversidade que aconteceria aos sbados nas dependncias da escola.

  • 29

    CONCLUSO

    Segundo CASTRO (2004), alguns professores assumem uma postura de

    distanciamento e assim de cumplicidade passiva com a violncia contra jovens tidos

    como homossexuais cada um , pode ser como quiser ou como um tema que

    no de sua alada. Dessa forma omite-se o debate sobre assuntos que so

    engendrados por preconceitos e discriminaes, quando muito pregando uma

    abstrata tolerncia, em que cada um poderia ser o que quisesse, quando na prtica,

    isso no ocorre. Muitos professores desempenham uma conivncia no assumida

    com discriminaes e preconceitos em relao aos homossexuais, ao considerarem

    que expresses de conotao negativa em relao a esses seriam brincadeiras,

    coisas sem importncia. (Juventude e Sexualidade, 2004. p. 288, 289)

    Como nos diz Castro acima, as atitudes mais comuns dos professores em

    relao aos alunos e professores homossexuais so a cumplicidade e a conivncia

    diante de prticas homofbicas e, esse foi a preocupao central desse estudo,

    trazer tona essa realidade de que ningum ousa falar, na qual existe completo e

    omisso silncio. Silncio incmodo que no quer perceber os assassinatos,

    violncias, evases, excluses de seres humanos que no so considerados como

    tais. A reflexo feita durante todo o ano de 2008 na Escola Plnio Alves Monteiro

    Tourinho torna toda comunidade responsvel na implantao de novos projetos que

    signifiquem o combate constante de todas as formas de discriminaes e, nesse

    caso da homofobia que precisa ser reconhecida, entendida, estudada e

    desconstruda. Torna os agentes escolares mais atentos ao que pensam, agem e

    dizem, transformando-os em defensores incondicionais dos Direitos Humanos.

    Acredito que o Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) atingiu

    plenamente seus objetivos na escola em que leciono e, tambm posso dizer o

    mesmo nas escolas dos professores que participaram do Grupo de Trabalho em

    Rede (GTR), pois a proposta Homofobia na Escola Pblica trouxe reflexo,

    conscincia e tomada de atitudes, visto que houve de fato um INTERVENO

    concreta, uma mudana de paradigmas conceituais, uma reformulao de conceitos

    e valores que envolveu os principais personagens que fazem a Histria da Educao

    Paranaense, quer sejam os(as) alunos(as) e seus professores(as).

  • 30

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    ABRAMOVAY, M. (Org.). CASTRO, Mary, et al. Juventudes e sexualidade. Braslia: UNESCO, 2004.

    ALUNA FNIX. Entrevista concedida a Clio Lucion. Colgio da Regio Metropolitana de Curitiba, maio 2007.

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    BRASIL. Estatuto da Criana e do adolescente. 1990.

    BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educao. 1996.

    CARDOSO, Ciro Flamarion; VAINFAS, Ronaldo. Domnios da histria: ensaios de teoria e metodologia. Rio de Janeiro: Editora Campus, 1997.

    FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessrios prtica educativa. So Paulo: Paz e terra, 1996.

    GREEN, James N.; POLITO, Ronald. Frescos trpicos: srie ba de histrias. [S.I.] Jos Olympio, [19__].

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    JUVENTUDES E SEXUALIDADE. UNESCO. Braslia, 2004.

    LOURO, Guacira Lopes. Gnero, sexualidade e educao: uma perspectiva ps-estruturalista. 2. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1997.

    MARTINS, Vicente. Disponvel em: . Acesso em: jun. 2007.

    PARAN. Secretaria de Estado da Educao. Diretrizes Curriculares da Rede Pblica de Educao Bsica do Estado do Paran. Curitiba: 2006.

    PICAZIO, Cludio. Diferentes desejos: adolescentes, homo, bi e hetero. So Paulo: Edies GLS, 1998.

    PROJETO ESCOLA ELETRNICA. Disponvel em: . Acesso em: Jul. 2007 a jul. 2008

    REVISTA DE ESTUDOS FEMINISTAS. Centro de Filosofia e Cincias Humanas. Florianpolis: UFSC. v. 9, n. 2, 2001.

    SILVRIO, Joo. Devassos no paraso. 5. ed. So Paulo: Record, 2002.

    RESUMO1 INTRODUO2 COMO A HOMOFOBIA PERCEBIDA3 COMO A HOMOFOBIA FOI CONSTRUDA4 A DESCONSTRUO DA HOMOFOBIA NOVAS PERSPECTIVAS PARA TEMTICA.5 INTERVENO NA ESCOLA5.1 RELATOS DOS ENCAMINHAMENTOS FEITOS SOBRE A IMPLEMENTAO OU INTERVENO NA ESCOLA DO TEMA: HOMOFOBIA NA ESCOLA PBLICA5.2 INTERVENO NA ESCOLA PLNIO ALVES MONTEIRO TOURINHO: EXPOSIO DO TEMA PARA OS PROFESSORES.5.3 INTERVENO NA ESCOLA: MURAL NA SALA DOS PROFESSORES5.4 INTERVENO NA ESCOLA: EXPOSIO DO TEMA PARA OS ALUNOS

    6 RESULTADOS OBSERVADOS DURANTE A IMPLEMENTAO DA PROPOSTACONCLUSOREFERNCIAS BIBLIOGRFICAS