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Universidade Federal de Minas Gerais
Departamento de Odontopediatria e Ortodontia
Trabalho da disciplina Prevenção Individual à Cárie e a
os Problemas de Oclusão Desenvolvimento crânio facial e Síndromes
Autores:
Alef Gimenes, Alessandra Schuttenberg, Aline Rocha, Amanda Neto, Ana
Paula Melo, Ellen Anjos, Fernanda Lavall, Fernanda Oliveira, Flávia Ceruli,
Flávia Silveira, Gabriel Avelar, Hellen Cristina, Janayna Fraga, João Paulo
Berger, Kecyanne Malheiros, Larissa Bemquerer, Leonardo França, Luana
Sobral, Luanne Avelar, Lucas Beltrão, Luíza Freire, Luma Franco, Maria Luiza
Rocha, Matheus Phillipe, Michelle Assis, Miguel da Mata, Milene Martins,
Nanda Lavall, Natalia Teixeira Tavares, Nívia Nobre, Olívia Francescato, Pedro
César, Polianne Alves, Potiara Monteiro, Sabrina Batista, Sara Neves, Rafaela
Braga, Renata Felizali, Renata Viana, Renato Vieira, Roberta Amaro e Thalita
Soares.
Belo Horizonte,
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Alef Gimenes, Alessandra Schuttenberg, Aline Rocha, Amanda Neto, Ana
Paula Melo, Ellen Anjos, Fernanda Lavall, Fernanda Oliveira, Flávia Ceruli,
Flávia Silveira, Gabriel Avelar, Hellen Cristina, Janayna Fraga, João Paulo
Berger, Kecyanne Malheiros, Larissa Bemquerer, Leonardo França, Luana
Sobral, Luanne Avelar, Lucas Beltrão, Luíza Freire, Luma Franco, Maria Luiza
Rocha, Matheus Phillipe, Michelle Assis, Miguel da Mata, Milene Martins,
Nanda Lavall, Natalia Teixeira Tavares, Nívia Nobre, Olívia Francescato, Pedro
César, Polianne Alves, Potiara Monteiro, Sabrina Batista, Sara Neves, Rafaela
Braga, Renata Felizali, Renata Viana, Renato Vieira, Roberta Amaro e Thalita
Soares.
Trabalho da disciplina Prevenção Individual à Cárie e a
os Problemas de Oclusão Desenvolvimento crânio facial e Síndromes
Trabalho apresentado à disciplina de
“Prevenção Individual à Cárie e aos Problemas
de Oclusão” ofertada pelo curso de Odontologia da
Universidade Federal de Minas Gerais,
com o intuito de nos informar sobre
desenvolvimento crânio facial e síndromes.
Orientador: Prof. Dr. Henrique Pretti
Belo Horizonte,
2014
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Sumário
1. Desenvolvimento dos Processos Faciais ...................................................... 3
2. Desenvolvimento dos Arcos Branquiais...................................................... 14
3. Desenvolvimento do Palato Secundário.................................................................19
4. Sindromes relacionadas .................................................................................. 25
4.1 Síndrome Fetal Alcóolica (SFA) ............................................................. 25
4.2 Anencefalia ............................................................................................. 36
4.3 Microssomia Hemifacial.......................................................................... 41
4.4 Disostose mandibulofacial ..................................................................... 44
4.5 Anormalidades dos membros................................................................. 46
4.6 Fenda do lábio e do palato ..................................................................... 53
4.7 Acondroplasia ........................................................................................ 60
4.8 Síndromes Sinostóticas: Crouzon e Apert ............................................. 64
4.8.1 Síndrome de Crouzon ..................................................................... 64
4.8.2 Síndrome de Apert .......................................................................... 66
5. Referências Bibliográficas .............................................................................. 68
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1. Desenvolvimento dos Processos Faciais
1.1. Introdução
O crescimento crânio-facial pode ser definido como sendo as mudanças
normais na quantidade de substância viva; trata-se então do aspecto quantitativo do
desenvolvimento biológico e é medido em unidades de aumento por unidades de
tempo. Ele resulta dos processos biológicos, por meio dos quais a matéria viva
normalmente se torna maior. Pode ser o resultado direto da divisão celular ou o
produto indireto da atividade biológica como, por exemplo, em ossos e dentes.
A cabeça humana tem um padrão de crescimento complexo. O crescimento da
caixa craniana está limitado pelo crescimento do cérebro e por si próprio, enquanto
que o crescimento da face e dos ossos da mastigação são relativamente
independentes do crescimento do cérebro.
O crescimento e desenvolvimento craniofacial são susceptíveis a algumas
variáveis, tais como: nutrição, doenças, etnia, fatores sócio-econômicos e
hereditários e alterações funcionais.
As Estruturas Faciais derivam primariamente dos Arcos Branquiais. Cada Arco
Branquial é forrado por Ectoderma na superfície externa, e Endoderma na superfície
interna. O “recheio” é mesenquimal, de origem mesodérmica e de cristas neurais.
Todo arco branquial é estruturado por um arco cartilaginoso, inervado por um nervo
craniano, e vascularizado por uma artéria.
Fig.1 Correspondência de cada Arco Branquial a um Nervo Craniano
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Durante o processo de desenvolvimento do esqueleto crânio-facial ocorrem
dois tipos de ossificação, a intramembranosa e a endocondral.
Na ossificação intramembranosa, o osso vai se formar a partir das células
mesenquimais, que irão sofrer processo de mitose e diferenciação celular para a
formação de matriz óssea.
Célula Mesenquimal Células Osteoprogenitoras Osteoblastos
Osteócitos Síntese de Matriz Óssea
Na Ossificação Endocondral, o osso se forma a partir da modificação da
cartilagem, e o desenvolvimento é divido em duas etapas:
Primeira Etapa:
Célula Mesenquimal Condroblastos Síntese de Matriz Cartilaginosa
Condrócitos
Segunda Etapa:
Modificação da Cartilagem Hialina (calcificação) Invasão da Cartilagem
Calcificada por Vasos Sanguíneos e Células Mesenquimais Formação de Osso
Endocondral
Esse processo ocorre nos centros de ossificação primário (diáfise), e
secundário (epífise) dos ossos longos, nas cartilagens secundárias da mandíbula:
processo coronóide, processo condilar, no osso etmóide, esfenóide e alguns pontos
da base do crânio.
1.2. Crescimento da face
Moyers (1979) relata que a disposição estrutural e o crescimento progressivo
dos diferentes ossos craniofaciais se adaptam a um sistema de “equivalência” de
região a região. Equivalência é um princípio arquitetural baseado na natureza de
duplicação de construção entre os ossos separados.
Qualquer osso, ou alguma parte dele é um complemento estrutural de algum
outro osso posicionado mais ou menos paralelo a ele. A característica de simetria
bilateral de todo o corpo é um exemplo simples do princípio de equilíbrio equivalente.
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Na 4ª semana de vida intra-uterina os arcos branquiais começam a se
estruturar, sendo importantes no desenvolvimento da face humana. Os arcos são
constituídos por vasos sanguíneos, músculos, nervos, cartilagens e ossos que irão
se diferenciar para auxiliar no desenvolvimento da face. Ocorrem cinco
proeminências principais: 1 Fronto nasal, 2 maxilares e 2 mandibulares.
Abaixo da cavidade bucal, o primeiro arco branquial irá se formar, também
conhecido como arco mandibular. Esse arco branquial é responsável pela formação
do osso mandibular, músculos, nervos e o suprimento sanguíneo associados a
mastigação. Na verdade, o primeiro arco branquial se divide em duas partes, uma
que irá formar a proeminência mandibular e a outra que formará os processos
maxilares.
Fig.2 Proeminências
Durante a 6ª semana, há a formação de 2 placas na proeminência frontonasal
(placóides nasais) que tomam o formato de ferradura, com orifício central (narina).
As alças da ferradura: proeminência nasal medial e lateral. Ocorre também à
formação de placas de lentes na proeminência frontonasal, que correspondem aos
olhos.
Na 7ª semana ocorre à fusão das proeminências nasais mediais da eminência
intermaxilar, há a formação da ponta nasal, septo nasal, filtro labial, pré-maxila e
palato primário. Ocorre também, a proeminência nasal lateral e a medialização dos
olhos.
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Já na 8ª semana, há o desenvolvimento do palato, formação dos processos
palatinos medial (5ª e 6ª semana) e laterais, crescimento da língua em direção
superior para dentro da cavidade nasal. Contato dos processos palatinos com a
língua, elevação dos processos palatinos, forçando a língua para frente e para baixo,
alargamento da língua e fusão dos processos palatinos com o septo nasal
(separação das cavidades nasais e bucal até a naso-faringe).
1.3. Ossos da Face
Como regra geral, os ossos da base do crânio são formados por ossificação
endocondral. O molde cartilaginoso tem origem da crista neural.
Fig.3 Ossificação intramembranosa e endocondral
1.3.1. Mandíbula
Na mandíbula, que é o único osso móvel da cabeça, não há crescimento
intramembranoso aposicional sutural, apenas aposicional de superfície e
endocondral.
Ao nascimento os dois ramos mandibulares estão muito curtos, o
desenvolvimento condilar é mínimo, praticamente não existe eminência articular na
fossa glenóide, e há uma fina linha de cartilagem na linha média da sínfise para
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separar os corpos mandibulares direito e esquerdo, a qual se funde
aproximadamente durante o primeiro ano de vida.
O crescimento da mandíbula é um produto de todas as diferentes forças
regionais e dos agentes funcionais regionais que agem sobre ele para produzir a
forma topograficamente complexa desse osso como um todo.
Origina-se do primeiro arco branquial, uma estrutura embrionária formada por
uma população de células derivadas da crista neural encefálica as quais são
responsáveis pela origem do mesênquima.
Fig.4 Esquema das proeminências
Essas células originam todos os ossos da face, inclusive os da mandíbula,
porém, para que elas realizem a função de gerar estruturas ósseas, elas necessitam
de fatores provenientes do epitélio. O primeiro arco branquial será constituído por
dois tipos de epitélio, um de origem endodérmica e outro, ectodérmica.
A mandíbula se forma principalmente por ossificação intramembranosa, porém
no côndilo a ossificação é endocondral. A cartilagem de Meckel forma a mandíbula
embrionária. A mandíbula definitiva se forma externamente e lateral a ela. Por volta
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da semana 6-7 da gestação há o início da ossificação intramembranosa da
mandíbula definitiva.
A mandíbula definitiva se ossifica em torno da cartilagem de Meckel formando
uma placa, progredindo anterior e posteriormente a ela, e ''abraça'' o nervo
trigeminal, e se diverge da cartilagem de Merckel na língula, onde se insere o ramo
mandibular do nervo trigeminal.
Em termos específicos, embora tanto a maxila quanto a mandíbula passem por
fases de crescimento bastante ativas, a mandíbula deverá exibir maior velocidade
para atingir a maxila. Assim, após a maxila ter esgotado seu crescimento, a
mandíbula ainda continuará crescendo para se equiparar à maxila.
1.3.2. Côndilos Mandibulares:
São grandes sítios de crescimento, que participam da articulação têmporo-
mandibular e, portanto são cobertos por uma cartilagem articular, que suporta as
pressões sofridas durante a articulação. Dessa forma, o mecanismo de crescimento
é endocondral, pois os côndilos crescem em direção à articulação sofrendo pressão
direta, sendo o crescimento uma resposta a essa condição local. Esse tipo de
crescimento ocorre apenas na região de contato articular por que é onde existe
pressão a níveis acima da tolerância da membrana de tecido mole do osso.
1.3.3. Maxila
No final da 3ª semana de vida intra-uterina, o processo frontonasal do qual a
parte anterior da maxila e o processo fronto nasal se desenvolvem, crescem para
baixo para encontrar o processo maxilar do primeiro arco branquial, o qual cresce
para frente. O processo frontonasal e o processo maxilar do primeiro arco branquial,
já na 4ª semana de vida intra-uterina formam a maxila.
A pré-maxila se origina inicialmente na 7ª semana de vida intra-uterina como
uma membrana óssea na superfície externa da cápsula nasal. Estende-se
posteriormente e superiormente, quando se encontra com a maxila propriamente dita
na formação do processo frontal.
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A maxila se ossifica a partir de dois centros, um centro maxilar principal
aparece no meio da 7ª semana e o outro abaixo do vômer no final da 10ª semana.
Este último se une com o processo palatino assim que aparece.
O seio maxilar permanece estreito até os 2 anos pós natais. O
desenvolvimento pré-natal da face ocorre, sobretudo, entre a 4ª e 8ª semana de vida
intra-uterina.
1.3.4. Tuberosidade Maxilar:
É a maior área de crescimento da maxila, que cresce por deposição óssea
periosteal em suas superfícies posterior, lateral (ou bucal) e alveolar (para baixo). O
lado endosteal do córtex, no interior da tuberosidade é de reabsorção, fazendo com
que ele acompanhe esse crescimento em direção posterior. O deslocamento
primário da maxila ocorre em direção anterior e inferior.
A quantidade desse movimento é igual à quantidade de incremento de
crescimento de novo osso na superfície posterior da tuberosidade, porém, a força
que causa o movimento de deslocamento é a matriz funcional, ou seja, os ossos
crescem numa relação de controle subordinado de crescimento com todos os
tecidos moles circundantes. Isso coloca cada osso em posições anatômicas corretas
para realizar suas funções.
Através do crescimento na tuberosidade maxilar, o espaço para o irrompimento
dos dentes molares permanentes é conseguido, e ele contribui para o crescimento
no sentido ântero-posterior e para fora (formato divergente) da maxila.
1.3.5. Palato
Inicialmente, a cavidade bucal é separada da fossa nasal pela membrana oro-
nasal. A membrana oro-nasal é lentamente substituída pelo palato secundário ou
definitivo. O palato definitivo tem duas origens: Saliência Nasal Medial e Processo
maxilar.
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Fig.5 Palato primário e secundário
Durante o desenvolvimento do palato, o segmento pré-maxilar tem um
componente labial: que forma a porção média ou filtrum do lábio superior; um
componente maxilar que compreende a região anterior da maxila (contém os 4
incisivos superiores e sua mucosa bucal); um componente palatino de forma
triangular que dá origem ao palato primário. Seu desenvolvimento continua em
direção craniana para unir-se ao septo nasal.
O Palato Primário se desenvolve entre a 5ª e 6ª Semana. Ele formará a região
dos 4 incisivos superiores, e corresponde a região anterior do forame incisivo.
O Palato Secundário se desenvolve entre a 7ª e 8ª Semana, e é formado pela
fusão das cristas palatinas, que vêm do Processo Maxilar. A fusão na linha média
(região de rafe palatina), atrás do forame incisivo, ocorre no final da décima semana.
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Fig.6 Fusão do Palato
O Palato acompanha a direção de crescimento facial, havendo aposição óssea
em sua superfície bucal e reabsorção na superfície nasal, seguindo a teoria de
crescimento do princípio em “V”, de forma que esse osso cresce em direção à sua
maior abertura.
1.3.6. Língua
A mucosa da língua tem como origem o endoderma das bolsas branquiais, e o
músculo é originado a partir do mesoderma. A inervação sensitiva da língua ocorre
da seguinte forma: a região anterior da língua é inervada pelos Nervos Cranianos V
e VII, que correspondem aos arcos branquiais 1 e 2, a região medial pelo Nervo
Craniano IX, que corresponde ao arco branquial 3, e a posterior pelo Nervo Craniano
X, que corresponde ao arco branquial 4. Dessa forma, a língua é formada pela fusão
de componentes do 1°, 2°, 3° e 4° arcos branquiais.
Durante o desenvolvimento da língua, o embrião levanta a cabeça, permitindo
a expansão da língua e da mandíbula.
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Fig.7 Vista Lateral
1.3.7. Formação da Orelha Externa
A orelha externa tem como origem a 1ª fenda branquial (entre 1º e 2º arco), e o
1º e 2º arco. Possui 6 saliências: 3 anteriores (1ºarco) 3 posteriores (2º arco). As 3
saliências anteriores dão origem ao trago, parte superior da hélice, e as 3 saliências
posteriores dão origem à parte posterior da hélice, antitrago, lóbulo. O tímpano é
originado a partir da membrana do fundo da 1ª fenda.
Fig. 8 -9 semanas
A orelha forma-se no pescoço, migrando cranial e posteriormente. A inervação
sensitiva ocorre da seguinte forma: 1° arco: ramo mandibular do trigêmeo
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(auriculotemporal); 2° arco: ramos cutâneos do plexo cervical (occipital menor e
auricular magno); vago, ramo auricular: região posterior da orelha, meato acústico
externo.
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2. Desenvolvimento dos Arcos Branquiais
2.1. Introdução
Nos estágios iniciais do desenvolvimento, a face é segmentada por arcos
branquiais. Durante o desenvolvimento embrionário humano surgem, por volta das 4
a 5 semanas, uma série de estruturas chave para o desenvolvimento da cabeça e
pescoço: os arcos faríngeos ou arcos branquiais. Eles contribuem decididamente
para a aparência externa do embrião. Inicialmente eles consistem em segmentos de
tecido mesenquimatoso separado pelas fendas branquiais. Simultaneamente,
desenvolvem-se nas paredes laterais do intestino faríngeo as bolsas faríngeas.
Estas penetram no mesênquima, mas não estabelecem uma comunicação externa
com as fendas. Cada arco faríngeo consiste num centro de tecido mesenquimatoso
coberto externamente por ectoderma e internamente por endoderme. Para além do
mesênquima apresentam um componente muscular, nervoso e sanguíneo. Cada
Arco Branquial está associado a um nervo craniano.
A evolução dos arcos branquiais resultará na formação da face, pescoço,
cavidades orais e nasais, faringe e laringe. Dos seis arcos que se formam, apenas
quatro são bem definidos e o seu desenvolvimento não se dá de forma simultânea:
os mais craniais surgem primeiramente e à medida que estes se desenvolvem irão
aparecendo os demais.
2.1. Período de Organização da Face
A diferenciação da face humana ocorre precocemente na vida pré-natal,
precisamente entre a quinta e a sétima semana após a fertilização. Durante esse
curto período, acontece uma série de eventos importantes, os quais determinam sua
formação.
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Fig.10 Cronologia
Na quarta semana após a concepção, segmentam-se a futura face e a região
do pescoço, localizadas sob o prosencéfalo do embrião humano. Formam-se cinco
arcos branquiais, que se apresentam como longos tubos arredondados, ligados por
fendas e sulcos que ajudam a definir cada arco. Esses arcos são enumerados a
partir da parte anterior. As regiões faciais média e inferior se desenvolvem, em parte,
dos dois primeiros, chamados arcos mandibular e hioideo. O terceiro também
contribui para a base da língua. Dentro desses arcos branquiais têm origem os
elementos esqueléticos, musculares, vasculares e os tecidos conjuntivo, epitelial e
neural, que se desenvolvem em sistemas que suprem a face e o pescoço. A maioria
das estruturas da face adulta se desenvolve a partir do primeiro e segundo arcos
branquiais e dos tecidos que circundam o prosencéfalo. No período precoce do
desenvolvimento, isto é, na quarta semana, é difícil diferenciar as principais
características craniofaciais do embrião humano daquelas dos demais mamíferos.
A face humana é primeiramente caracterizada por uma invaginação ou
ondulação na superfície do ectoderma, que aparece exatamente abaixo do
prosencéfalo. Na medida em que essa depressão se aprofunda, forma o esboço da
cavidade bucal As massas teciduais que circundam imediatamente essa depressão
irão formar a face humana. Na quarta semana, o limite posterior da depressão bucal
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entra em contato com o intestino anterior em desenvolvimento. Assim que a lâmina
ectodérmica bucal encontra o revestimento endodérmico do intestino, as membranas
se desintegram, e a continuidade entre a cavidade bucal e o trato gastrointestinal é
pela primeira vez obtida.
Fig.11 Embrião humano com 5 e 7 semanas
Dentro dos arcos faríngeos há uma concentração de células da crista neural,
formando o ectomesênquima. Essas células, dentro dos arcos são capazes de dar
origem a osso, músculo, um nervo craniano e uma artéria (se ramifica e irriga toda a
região a qual o arco da origem).
Componente ósseo: O primeiro arco faríngeo se divide em dois, processo
maxila e processo mandibular. Dentro dos primeiros arcos existe a cartilagem de
Meckel, precursor da mandíbula. Além da maxila e mandíbula, o primeiro arco forma
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o martelo e a bigorna. No segundo arco, há a cartilagem de Reichert, que forma o
estribo e o processo estiloide, ligamento estilo-hioideo e ao corno menor do osso
hioideo (juntos sustentam a mandíbula). O terceiro arco faz o corno maior do osso
hioideo. O quarto arco faz a cartilagem laríngea.
Componente muscular: o primeiro arco forma músculos da mastigação, ligado
à maxila e à mandíbula. O segundo arco forma os músculos da expressão facial. O
terceiro arco dá origem ao musculo estilo-faríngeo. O quarto arco dá origem aos
músculos constritores da faringe.
Componentes nervosos: ramos dos nervos cranianos que passam nos arcos
faríngeos. O quinto nervo craniano, o Trigêmeo, passa no primeiro arco. O sétimo
nervo, Facial, passa no segundo arco. O nono nervo, Glossofaríngeo, passa no
terceiro arco. O decimo nervo, Vago, passa no quarto arco.
Componente arterial: passam quatro arcos aórticos nos arcos faríngeos, um
para cada.
Para formar a face precisa de cinco proeminências da face, proliferação de
células da crista neural, a proeminência fronto nasal, proeminência maxilar e
proeminência mandibular. A movimentação da face é para trazer estruturas laterais
para o centro. O placódio nasal dá origem às fossetas nasais; processo nasal lateral,
processo nasal medial; quando as saliências nasais mediais se fundem no meio,
formam o segmento intermaxilar, que dá origem ao septo nasal, filtro do lábio e a
pré-maxila. As saliências maxilares formam as bochechas e o lábio superior. As
saliências mandibulares formam a bochecha inferior e o lábio inferior. O processo
fronto nasal forma a testa e o dorso e o ápice do nariz.
O palato primário vem da maxila. O palato secundário, palato duro e mole, é
formado pela projeção de prateleiras pelas saliências maxilares, que tem que se
fundir ao palato primário e ao septo nasal. No final a úvula é formada.
Em 5 semanas, a “face” aparece comprimida entre o prosencéfalo em rápido
crescimento e o coração, o qual, nesse estágio, ocupa grande parte da cavidade
torácica. Os pulmões em desenvolvimento, e que ainda não funcionam, são bem
pequenos, compostos principalmente de brônquios condutores, até que, no quarto
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mês, começam a se formar os bronquíolos respiratórios. Como os pulmões não
funcionam até o nascimento, as necessidades de oxigênio são supridas através das
vias umbilicais, desde a placenta até o coração. Este último, porém, deve funcionar
em uma idade muito precoce. Torna-se evidente, pelo seu tamanho, na terceira
semana, e inicia a pulsação na quarta semana de vida embrionária. Durante o
período pré-natal, o coração, não só bombeia o sangue para todo o corpo do
embrião, como também o conduz, através e a partir do sistema placentário, de volta
para si. O coração é proporcionalmente muito maior nessa época do que será na
fase adulta, e, por essa razão, requer muito espaço para o seu próprio
desenvolvimento. O crescimento do coração afeta o desenvolvimento da face, não
só por causa da importância do suprimento sanguíneo para seu desenvolvimento,
como também porque a face, durante seu período precoce de rápido crescimento e
organização, está comprimida entre ele e o prosencéfalo desenvolvido. Mesmo
nesse estágio precoce, o padrão de crescimento da face é para baixo e para frente,
à medida que esses dois órgãos crescem para fora. Nesse período, ocorrências
importantes são as flexões que ocorrem durante a quarta semana na região do
futuro pescoço. O cérebro flexiona-se ventralmente, depois dorsalmente, e, como
resultado, a cabeça torna-se mais ereta.
Fig.12 Vista anterior da face em desenvolvimento
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3. Desenvolvimento do palato secundário
3.1. Introdução
O palato se desenvolve a partir de dois primórdios:
- O palato primitivo;
- O palato secundário.
Esse desenvolvimento não se completa antes da 12ª semana, sendo o período
crítico para tal o final da sexta semana até o início da nona semana. No período
inicial desse processo, as cavidades oral e nasal comunicam-se através de um
espaço entre elas, que é ocupado pela língua em desenvolvimento e delimitado
anteriormente pelo palato primário. Essas cavidades se separam somente quando o
palato secundário se desenvolve.
O palato primitivo (processo palatino mediano) começa a desenvolver-se a
partir da parte profunda do segmento intermaxilar da maxila, formado pela fusão das
proeminências nasais mediais. Ele forma a parte pré-maxilar da maxila e representa
uma pequena parte do palato duro: a parte anterior à fossa incisiva.
O palato secundário, em contrapartida, é o início das partes duras e mole do
palato, que se encontram posteriormente à fossa incisiva.
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Fig.13 Vista frontal de um embrião de 40 dias mostrando as diversas estruturas, indicando as regiões
que formam a maxila e a mandíbula de um recém-nascido.
3.1. Desenvolvimento do Palato Secundário
O desenvolvimento do palato secundário inicia-se na sexta semana, a partir de
duas projeções mesenquimais que se estendem dos aspectos internos das
proeminências maxilares: os processos palatinos laterais ou prateleiras do palato.
Inicialmente, essas estruturas estão voltadas para baixo a cada lado da língua.
À medida que os maxilares e a mandíbula se desenvolvem, a língua torna-se
relativamente menor e se desloca em direção inferior. Durante a sétima e a oitava
semanas, os processos palatinos laterais se alongam e ascendem a uma posição
horizontal, superior à língua. Gradativamente, os processos se aproximam e se
Processo nasal lateral
Processo nasal medial
Processo maxilar
Processo nasal medial
Processo Mandibular
Cavidade oral primitiva
Vesícula óptica
Fosseta nasal
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fundem no plano mediano. Também se fundem com o septo nasal e com a parte
posterior do palato primitivo.
Há uma força intrínseca que promove a movimentação e o fechamento das
prateleiras palatinas, tendo talvez relação com a grande quantidade de
proteoglicanas, que tornam as prateleiras túrgidas ao atrair água, e fibroblastos
contráteis da região. Durante a fusão dos epitélios do palato secundário, ocorre
adesão. Para atingir esta fusão, a síntese de DNA dentro do epitélio é cessada, 24 a
36 horas antes do contato epitelial. As células do epitélio superficial são necrosadas
e, posteriormente, descamadas, expondo as células epiteliais basais. Estas células
têm um revestimento superficial rico em carboidratos que permitem uma rápida
adesão e a formação de junções para que o processo se complete.
Com a adesão, é formada uma sutura na linha média, consistindo em duas
camadas de células epiteliais basais. Apesar de as células epiteliais da sutura
continuarem a dividir-se, o crescimento da sutura não consegue acompanhar o
crescimento do palato, fazendo com que a sutura fique mais fina, reduzida a uma
camada de células, e posteriormente se quebre em discretas ilhas de células
epiteliais.
A fusão entre o septo nasal e os processos palatinos começa, anteriormente,
durante a nona semana e se completa, posteriormente, na 12ª semana,
superiormente ao primórdio do palato duro.
Gradativamente, desenvolve-se osso no palato primitivo, formando a porção
pré-maxilar da maxila, que aloja os dentes incisivos. Ao mesmo tempo, o osso
estende-se a partir dos maxilares e dos ossos palatinos para dentro das prateleiras
palatinas, formando o palato duro. A rafe palatina mediana indica a linha de fusão
dos processos palatinos laterais.
Um pequeno canal nasopalatino persiste no plano mediano do palato, entre a
parte pré-maxilar da maxila e os processos palatinos das maxilas. Este canal é
representado, no adulto, pela fossa incisiva.
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Fig.14 Formação do palato observada num corte frontal de um embrião de 40 dias. As setas indicam
a elevação das cristas palatinas e o rebaixamento da língua.
Fig.15 Fusão das cristas palatinas em um embrião de 60 dias.
Septo nasal
Crista palatina
Língua
Cavidade oral
Cavidade nasal
Região de fusão
Crista palatina
Cavidade oral
Cavidade nasal
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Fig.16 Cristas palatinas já fundidas com o osso próximo a linha mediana em um embrião de 90 dias.
3.2. Falhas na formação do Palato
Falhas na sincronização dos movimentos e do crescimento das cristas
palatinas e de elementos da língua, da mandíbula e da cabeça em geral podem
afetar o fechamento normal do palato.
Fig.17 Exemplos de malformações faciais
que originam fendas observadas do ponto de
vista do palato: I,normal; II, fenda labial
unilateral; III, fenda labial bilateral; IV, fenda
labial bilateral e fenda palatina.
Agente teratogênico é definido qualquer substância, organismo, agente físico
ou estado de deficiência que, estando presente durante a vida embrionária ou fetal,
Osso da crista palatina Septo nasal
Região de fusão Epitélio oral
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produz alteração na estrutura ou função da descendência. Dessa forma, deve-se
evitar prescrever para grávidas, especialmente nos primeiros três meses de
gravidez:
Anticonvulsivantes (antiepiléticos): causam fenda palatina;
Tetraciclinas (administração prolongada): defeitos nos tecidos dentários
em desenvolvimento e retardam o crescimento ósseo;
Hidantoína (usada para tratar disritmias): causa fissura palatina;
Benzodiazepínicos: aumenta o risco de fissura palatina no primeiro
trimestre;
Corticóides e Antidiabéticos orais: podem gerar palato secundário
fissurado.
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4. Síndromes Relacionadas
4.1. Síndrome Fetal Alcóolica (SFA)
A Síndrome Fetal Alcóolica (SAF) resulta da exposição pré-natal ao álcool
causada pelo alcoolismo da mãe ou pelo consumo elevado de bebidas alcóolicas
durante a gestação. O contato pré-natal com o álcool pode gerar nesse caso
prejuízos para o indivíduo, caracterizando a síndrome.
A primeira descrição da SAF data de 1973, desde então muitos estudos e
pesquisas foram elaborados com objetivo de identificar as manifestações físicas e
comportamentais desse tipo de síndrome. Hoje se sabe que nem todos os indivíduos
com a SAF apresentam todos os sintomas relacionados, podendo apresentar um
comportamento característico, mas ausência dos caracteres físicos esperados, ou o
inverso, apesar de possuírem os caracteres físicos não terem necessariamente
prejuízos intelectuais e comportamento atípico. Muitas expressões têm sido
utilizadas para esse tipo de patologia, a mais comum é a Síndrome Fetal Alcóolica
ou SAF, mas outras expressões tem sido empregadas como Efeitos do Álcool no
Feto (EAF), Síndrome Alcóolica Fetal Parcial (SAFp) , Distúrbio de Desenvolvimento
Neural associado ao Álcool (DDNA) e Distúrbio do Espectro da Síndrome Alcóolica
Fetal (DESAF).
4.1.1. Histórico e revisão de literatura
Um dos primeiros registros claros que revelam a relação entre a ingestão de
bebidas alcóolicas e a ocorrência de malformações e prejuízos para o sistema
nervoso central de recém-nascidos, data do século XVIII, num episódio ocorrido na
Inglaterra. Nesse período houve um aumento do consumo de “Gim”, um destilado de
cereais com alto teor alcóolico, pela população devido a redução dos impostos sobre
o produto. Muitas crianças nasceram com malformações e problemas sérios e esse
fenômeno ficou conhecido como a “epidemia do gim”.
No século XIX apesar das observações sobre os efeitos maléficos do consumo
de bebidas alcóolicas durante a gestação, não houve uma preocupação sobre
medidas preventivas que pudessem informar e alertar a população para esse fato.
26
Somente nas décadas de 1950 e 1960 estudos mais elaborados trataram dos efeitos
do álcool sobre a gestação, como o de Paul Lemoine (1968) e o trabalho de David
Smith e Kenneth Jones (1973).
Lemoine et al. (1968), publicaram um estudo sobre 127 crianças cujas mães
biológicas era alcóolatras e estabeleceram uma análise das alterações presentes
nesses indivíduos.
Jones & Smith (1973), trataram da síndrome em seus trabalhos ressaltando o
padrão clínico observado, propondo a denominação mais comumente usada, a
Síndrome Fetal Alcóolica (SAF).
Em 1988 o congresso americano aprovou o Ato de Rotulação de Bebidas
Alcoólicas. Desde então se tornou obrigatória uma advertência sobre os riscos de
defeitos congênitos em todos os rótulos de bebidas alcóolicas comercializadas no
território dos EUA.
4.1.2. Teratogenicidade do etanol
A ocorrência da SAF está associada a alta embriotoxidade e a
teratogenicidade fetal promovidas pelo contato do embrião com o álcool ingerido
pela gestante. Hoje se sabe que grande parte dos pacientes portadores da SAF são
filhos de mulheres com alcoolismo crônico, que durante a gestação fizeram consumo
diário de bebidas alcóolicas.
O etanol é um agente teratogênico e causador da síndrome. O efeito primário
do álcool no organismo de uma gestante é a vasoconstrição no cordão umbilical e na
placenta, o que pode promover uma maior duração da exposição fetal uma vez que
há redução do fluxo sanguíneo local. Outros efeitos são esperados considerando-se
a ingestão contínua da gestante como interferências nas funções placentárias e no
crescimento fetal. O etanol é capaz de passar a barreira placentária através do
sangue materno concentrando-se no líquido amniótico que envolve o bebê.
Levando-se em conta o consumo pela gestante, estima-se que em cerca de uma
hora os níveis de álcool no sangue fetal e no líquido amniótico são equivalentes ao
do sangue materno.
27
A placenta humana não tem capacidade metabólica eficiente para o etanol, e o
fígado do bebê não tem todas as enzimas amadurecidas o suficiente para
metaboliza-lo. A diminuição dos níveis de álcool do líquido amniótico só pode
acontecer por via circulação materna.
A variabilidade de características dos indivíduos acometidos pela SAF deve-se
a exposição a drogas em quantidades diferentes e em momentos gestacionais
distintos, além de estar associado ao padrão genético do próprio indivíduo.
Segundo Fields (2009), o terceiro trimestre de gravidez é a época mais
delicada para exposição do cérebro fetal ao álcool, isso porque se trata de um
período de formação das características faciais e quando o cérebro sofre um
tremendo estirão de crescimento. A vulnerabilidade do feto ao álcool é representada
na Figura 1.
28
Fig.18 Vulnerabilidade do feto a defeitos durante diferentes períodos do desenvolvimento. A
porção mais escura das barras representa os períodos mais sensíveis do desenvolvimento, durante o
qual os efeitos induzidos pelo álcool nos locais listados resultariam em anormalidades estruturais
mais significativas na criança. A porção mais clara representa períodos do desenvolvimento durante
os quais efeitos fisiológicos e anormalidades estruturais menores aconteceriam. Fonte: “ASSESSING
THE IMPACT OF MATERNAL DRINKING DURING AND AFTER PREGNANCY”
4.1.3. Quadro Clínico e Critério Diagnóstico
O melhor momento para o se diagnosticar a SAF é após o período neonatal
quando é possível observar sinais de retardo mental e anormalidades no
crescimento do bebê. Crianças cujas mães são alcóolatras devem ter
acompanhamento para que se faça uma análise em busca de sinais da síndrome.
Vários estudos propõem a realização de um diagnóstico pré-natal e/ou
diagnóstico precoce da SAF. Halmesmaki et al. (1987), sugerem que a detecção de
níveis baixos de alfafetoproteína e fèi glicoproteína, fazem o diagnóstico de SAF no
período pré-natal. No entanto, nenhum destes testes vem sendo usados.
Alguns sintomas como dificuldade de sucção, opistótono, hiperexitabilidade e
irritabilidade durante semanas e meses são relatados pela literatura. Algumas
crianças podem ter convulsões o que poderá caracterizar uma síndrome de
abstinência.
Existem alguns critérios para o diagnóstico da SAF, são eles:
Retardo de crescimento pré ou pós-natal;
Comprometimento do sistema nervoso central, com atraso no
desenvolvimento neuropsicomotor, alterações no QI e no comportamento;
Dismorfismos faciais, com pelos menos dois sinais presentes,
microcefalia, microftalmia e/ou fissura palpebral pequena, filtro nasal
hipoplásico com lábio superior fino e hipoplasia do maxilar.
Esses critérios foram estabelecidos pela “Reserch Society on Alcoholism”, após
a análise de 245 pacientes com SAF.
29
Conforme Guimarães et al. (1995), o dimorfismo craniofacial, em associação
com a microcefalia, atraso psicomotor, déficit de crescimento pré e pós-natal e
algumas má formações, que podem acometer qualquer aparelho ou sistema do
organismo, são os principais critérios para se diagnosticar a presença da Síndrome
alcóolica fetal.
4.1.4. Dismorfismo Facial na SAF
Nos indivíduos portadores da SAF com dismorfismo facial observa-se um
aspecto triste devido às alterações faciais apresentadas. A fissura palpebral
pequena aparece na maioria dos casos (73 a 91%). O nariz é curto com ponte nasal
baixa e narinas antevertidas. O filtro nasal é hipoplásico e o lábio superios fino. A
mandíbula apresenta-se pequena ao nascimento. A hipoplasia da face média pode
provocar alterações de arcada dentária, resultando em má oclusão dentária e
disfunção da trompa de Eustáquio, promovendo otites frequentes. Algumas outras
alterações são listadas em um número pequeno de casos como a ocorrência de
lábio leporino. 5 As características observadas podem ser verificadas na Figura 2.
Fig. 19 – Características da SAF
Fonte: Google Imagens
30
Imagens dos indivíduos com a SAF
Fig.20 SAF: recém-nato com hirsutismo facial (Jones, 1988)
Fig.21 SAF: dois anos e seis meses (Jones, 1988)
Fig. 22 SAF : três anos e nove meses
ptose palpebral (Jones, 1988)
Fig.23 SAF: 22 anos de idade: fissuras palpebrais curtas, filtro
nasal discreto e lábio superior fino (Jones, 1988)
31
Fig.24 Perfil de pessoas
Fonte: José Salomão Schwartzman 7
Lima (2008) refere que o quadro clínico da SAF é caracterizado por algumas
manifestações relacionadas com as malformações sobre os órgãos do embrião/feto.
A ação do álcool durante a gravidez compromete diversos órgãos, porém, o cérebro,
o coração e os rins são os mais atingidos. O comprometimento de tais órgãos pode
ser observado no Quadro 1. Os sinais e sintomas relacionados com outros órgãos
manifestam‐se de acordo com a localização orgânica e a intensidade do defeito
morfológico, dependendo da fase de gravidez em que ocorreu a ingestão de bebidas
alcoólicas.
32
Quadro 1 - Relação entre o órgão e as manifestações clínicas da SAF
Fonte: “A SÍNDROME ALCOÓLICA FETAL EM CONTEXTO ESCOLAR”
Das alterações de comportamento apresentadas pelas crianças com SAF, as
mais frequentes são a hiperatividade e o déficit de concentração. Os distúrbios de
coordenação motora e o retardo do desenvolvimento neuropsicomotor,
principalmente da fala, associada às alterações de comportamento, contribuem para
o aparecimento de dificuldades escolares nas crianças afetadas.
Nesse contexto, a OMS, em 2001, classificou o perfil de funcionalidade do
aluno com SAF, por referência à CIF - Classificação Internacional da Funcionalidade,
Incapacidade e Saúde, como apresentando:
Desenvolvimento intelectual geral deficitário grave;
Deficiências na concentração por um tempo considerado mínimo para
a execução de tarefas;
33
É bastante disperso em ambientes pouco estruturados;
Demonstra deficiências na memória imediata;
Manifesta problemas na resolução de problemas que impliquem
sistematização e planificação de tarefas;
No domínio das funções da linguagem, manifesta deficiências na
compreensão e interpretação de mensagens orais e escritas;
O aluno com SAF revela dificuldades na aprendizagem básica de imitar ou
copiar as letras do alfabeto, assim como dificuldade em escrever palavras e frases.
Além dos aspectos escolares, o indivíduo que apresenta a SAF demonstra
problemas sociais: amizade imprópria com desconhecidos, comportamento social
imaturo, assim como grande dificuldade em se adaptar à sociedade.
4.1.5. Epidemiologia
A abordagem mais detalhada da SAF e a preocupação com medidas
preventivas são recentes. Até pouco tempo o diagnóstico desse tipo de síndrome
não era realizado com frequência e pesquisas e estudos de indivíduos acometidos
são considerados recentes, principalmente em alguns países. Estudos
epidemiológicos são também incipientes e os dados que existem quase sempre são
baseados em pesquisas realizadas em países desenvolvidos.
A incidência da SAF varia de acordo com a população estudada e isso se deve
as características da população estudada, os hábitos dessa população e até mesmo
o seu nível de instrução.
Cerca de 40 mil crianças nascem ao ano nos Estados Unidos com algum
problema decorrente do álcool ingerido pelas suas progenitoras durante a gestação.
Em 1986, Abel e Sokol, relataram que 24 em cada 10000 pacientes internados em
instituições para deficientes mentais nos EUA eram filhos de mães alcóolatras.
No Brasil, ainda não há dados concretos sobre a SAF embora essa síndrome
seja objeto de estudo e publicação de vários autores.
34
Em 1991, a American Academy of Family Physician tinha uma estimativa de
que 50 a 70% dos recém-nascidos de mães alcóolicas apresentavam sinais da SAF
(Pinho, Pinto, & Monteiro, 2006).
A estimativa média mundial é de 1,9:1000 nascidos vivos.
Tomando-se uma análise dos anos de 1979 até 1992 a taxa de SFA para
100000 nascimentos pode ser observada nesse gráfico:
Fonte: José Salomão Schwartzman
Os resultados demonstram um aumento da incidência da SAF no intervalo de
tempo considerado. Cabe ressaltar que tal comportamento pode estar associado a
mudanças no padrão comportamental da sociedade, principalmente de mulheres
que podem ter aumentado o consumo de bebidas nesse período.
4.1.6. Tratamento Odontológico
"Os desafios orais que os dentistas possam enfrentar com crianças que têm
SAF incluem cavidades generalizadas; respiração bucal causada por deformidades
faciais, o que leva a boca seca, e distúrbios da articulação da mandíbula", diz Peter
0
1
2
3
4
5
6
1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992
35
G. Bastian, cirurgião dentista, mestre e porta-voz da AGD (Academy of General
Dentistry).9
Problemas dentários ocorrem em 80% das crianças diagnosticadas com SAF.
Anomalias dentárias podem ocorrer como fenda palatina, hipo ou hiperplasia de
maxila e mandíbula, agenesias dentais e apinhamento dos dentes. Outros
problemas como enfraquecimento do músculo orbicular da boca e do músculo
bucinador e sialorréia também são relatados. O enfraquecimento dos músculos
interfere na mastigação e podem alterar a oclusão. A perda tardia dos dentes
decíduos e a erupção tardia dos permanentes também costumam ocorrer com
frequência.
O paciente portador da SAF pode ter um comportamento atípico e pouco
usual, além de algumas sensibilidades físicas que tornam o tratamento odontológico
dificultado. Diante de tais aspectos um diagnóstico preciso e um planejamento
adequado do tratamento é de extrema valia para que o profissional dentista
desempenhe bem sua função.
Algumas dicas podem ser observadas tais como:
Para pacientes com SAF o melhor horário de atendimento é em um
horário mais tranquilo ou até mesmo depois do horário;
Quando o paciente chega ao consultório/clínica, explique os
procedimentos a ele e use a mesma sala que é usada normalmente;
Revise o histórico médico cuidadosamente, pois a maioria de pacientes
com SAF têm uma severa reação a medicamentos, se possível consulte o
pediatra de rotina;
Hipo ou hipersensitividade podem ocorrem em áreas diferentes do
mesmo individuo;
A sala de tratamento deve estar a mais organizada possível, pois eles
se incomodam facilmente com objetos pendurados ou cortinas.
Os pacientes podem apresentar uma maior sensibilidade com sons, os
ouvindo mais alto. Para isso, use headphones com uma musica calma.
36
Fale diretamente com o paciente, pois eles muitas vezes não entendem
se você virar a cabeça ao falar. Use gestos para que ele possa entender mais
facilmente.
Os pacientes precisam relaxar antes de o tratamento começar.
Forneça uma bola de borracha para ele apertar durante um exame de raios-X,
por exemplo.
4.2. Anencefalia
4.2.1. Caracterização da síndrome
Anencefalia é a ausência total ou parcial do cérebro e da calota craniana.
Também chamada de aprosencefalia com crânio aberto, a anencefalia é um defeito
do tubo neural que ocorre nos primeiros estágios do desenvolvimento do feto (entre
o 16º e o 26º dias). É originada de uma neurulação anormal, resultando na ausência
de fusão das pregas neurais e da formação do tubo neural na região do encéfalo. É
a má formação fetal mais comumente relatada. Os defeitos do tubo neural envolvem
o tecido que cresce dentro do cérebro e da medula espinhal. Embora o termo sugira
a falta total de cérebro, nem sempre é isso que acontece e, muitas vezes, há falta de
partes importantes do cérebro, mas há presença de algumas estruturas do tronco
cerebral, o que sustenta a sobrevivência do feto.
A expectativa de vida de bebês nascidos com anencefalia é muito curta e ela é
sempre uma patologia letal a curtíssimo prazo. Trata-se de ocorrência rara
Fig.25- Feto anencéfalo
37
(1/10.000, conforme as estatísticas), mais comum em fetos femininos e em mães
nos extremos da faixa reprodutiva, muito jovens ou com a idade já avançada.
A incidência, na verdade, pode ser maior que essa porque ocorrem muitos casos de
abortos espontâneos em que a condição não é diagnosticada.
A gravidez de um bebê anencéfalo pode apresentar complicações. Podendo
haver acúmulo de líquido amniótico no útero, devido a não deglutição do líquido
da bolsa amniótica pelo feto anencéfalo, já que este tem menos reflexos. Se o bebê
com anencefalia chega a nascer, ele geralmente é cego, surdo, inconsciente e
incapaz de sentir dor, sendo, portanto, inviável. Os fetos anencéfalos podem assumir
posições anômalas, dificultando o parto, já que o fenômeno físico do parto precisa
do crânio. O ombro deles, não se sabe o porquê, é maior. E ainda existe o risco de
não contração uterina após o parto levando a hemorragias no pós-parto, o que pode
colocar a vida da mulher em risco.
Não existe cura ou tratamento para a anencefalia. Nos fetos nascidos vivos
pode ser dado um suporte ventilatório, o que tem efeito apenas paliativo. A
assistência médica e o apoio dos profissionais envolvidos são fundamentais para a
gestante.
4.2.2. Etiologia da síndrome
A etiologia da anencefalia ainda não é bem definida, sendo considerada uma
herança multifatorial, o que significa uma interação entre fatores genéticos e
ambientais. Dentre as anomalias que afetam o sistema nervoso central é uma das
mais graves e mais comuns (Moore & Persaud, 1998).
São vários os tipos de genes envolvidos no fechamento do tubo neural. Os
genes mais relacionados e estudados são os associados com o metabolismo do
ácido fólico, como o 5,10 metileno-tetra-hidrofolato-redutase. Alguns pesquisadores
tem encontrado uma frequência, tanto em fetos afetados quanto nas mães, de
homozigotos da mutação C677T deste gene. Além dos fatores genéticos os fatores
ambientais são de grande importância na etiologia da doença. As implicações do
ácido fólico, considerado o principal método para a prevenção de defeitos na
formação do tubo neural, ainda são desconhecidas.
38
Para Borges-Osório & Robinson (2001), agentes teratogênicos são aqueles
que agem sobre o organismo em formação, produzindo anomalias características ou
gerais, ou aumentando a incidência de uma anomalia na população. Os principais
agentes teratogênicos ou teratógenos são as radiações, os vírus, as drogas e as
doenças maternas. (Ciênc. saúde coletiva, 2005). Alguns agentes teratogênicos que
podem estar associados à anencefalia são uso de ácido valpróico para tratamento
de epilepsia durante a gestação, obesidade materna, deficiência de zinco e
hipertermia.
Estudos demonstraram que parentes de primeiro grau possuem maior risco de
DFTN que os parentes mais distantes. Outra linha de evidência é a presença de
DFTN em diversas síndromes genéticas, como na síndrome de Meckel-Gruber, na
síndrome de Waardenburg e nas Trissomias dos cromossomos 13 e 18. (Melvin CE,
George TM, Worley G, Franklim A, Mackey J, Viles K, et al. Genetic studies in neural
tube defects. Pediatr Neurosurg 2000;32:1-9.)
A anencefalia é encontrada na maioria dos casos em fetos do sexo feminino
em uma proporção de 2:1, além disso, a sazonalidade é considerada como fator da
doença, no qual as concepções que ocorrem no outono e primavera tem maior
incidência. Estudos mostram também que a uma prevalência da anencefalia em
etnias caucasoides.
4.2.3. Prevenção e diagnóstico
A anencefalia, assim como outras síndromes, tem seu diagnóstico feito ainda
na gestação, obtido por meio de imagem por ultrassonografia. Este exame é feito a
partir da 12a (décima segunda) semana de gestação e o exato diagnóstico
idealmente deve ser feito por ultrassonografistas especializados. Como esta
síndrome decorre da má formação ou ausência do cérebro e/ou da calota craniana,
a ultrassonografia permite visualizar a ausência da calota craniana e o parênquima
cerebral característicos da síndrome no feto. Outras características visíveis são a
preservação da base do crânio, ausência de hemisférios cerebrais e proeminência
das orbitas oculares.
39
Além da ultrassonografia, outro método de diagnóstico é feito através da
dosagem de alfa-fetoproteína no soro materno ou no líquido amniótico.
Uma vez que essa síndrome acomete o recém-nascido o impossibilitando de
vida plena, já que em grande parte dos casos o feto morre antes do parto ou horas
após, a gestante tem o direito de aborto. Além disso, ela pode escolher continuar a
gestação e ter assistência médica pré-natal compatível com o diagnóstico. Em
ambos os casos, a mulher estaria garantida de, caso desejar, a assistência de
equipe multiprofissional, segundo o Conselho Federal de Medicina (Resolução CFM
N 1.989/2012). Entretanto, trata-se de uma síndrome cujo tratamento é inexistente
levando quase sempre á morte do recém-nascido.
Por fim, mesmo que não haja tratamento para a anencefalia, existe prevenção
com a ingestão de acido fólico, vitamina do complexo B, na dieta materna, que é
indicado a começar a tomar, uma dose diária, de 400 mcg a partir de três meses
antes da gravidez até o 3º mês da gestação, o que reduz em 50% essas más
formações características da síndrome (Gadelha OS et al, 2009), evitando a má
formação do tubo neural, algo em comum e que ocorre com outras síndrome de
importância odontológica como a fissura palatina ou nasopalatina.
4.2.4. Desenvolvimento e sobrevida do portador da síndrome
Bebês que nascem com anencefalia geralmente sobrevivem por dias ou
poucos meses. Em 50% dos casos a morte é provocada ainda na vida uterina e 99%
Figuras 26 e 27 - Ultrassons de bebes anencefálicos
Figuras 2 e 3 - Ultrassons de bebes anencefálicos
Figuras 2 e 3 - Ultrassons de bebes anencefálicos
Figuras 2 e 3 - Ultrassons de bebes anencefálicos
Figuras 2 e 3 - Ultrassons de bebes anencefálicos
40
morrem logo após o parto. “Os que sobrevivem conseguem fazer o movimento
involuntário de engolir, manter os batimentos cardíacos e respirar. Essas funções
são controladas pelo tronco cerebral, região que não é atingida pela anomalia.
Alguns recém-nascidos chegam a serem levados para casa sem o auxílio de
aparelhos, porém vivem em estado vegetativo”, afirma José Roberto Goldim,
professor de bioética da UFRGS.
Por esses motivos, é importante desmistificar a visão de que a anencefalia é
incompatível com a vida extrauterina. Há um caso em Porto Alegre de um paciente
que viveu quatro meses. Também existem casos como o da menina Marcela de
Jesus Galante Ferreira, que sobreviveu 1 ano e 8 meses após ser diagnosticada
como anencéfala. Durante seus 20 meses de vida, Marcela se desenvolveu dentro
dos padrões de peso e altura de uma criança normal. Aos 5 meses, a menina
esboçava movimentos e sons, como gritos e choros. Quando completou 9 meses de
vida, a família passou a receber um benefício assistencial do INSS de um salário
mínimo. A mãe usava esse dinheiro para comprar fraldas, roupas e alimentos.
Porém, com quase 2 anos, Marcela sofreu uma parada respiratória decorrente de
uma pneumonia aspirativa e faleceu.
Para alguns geneticistas, o caso de Marcela é uma anomalia extremamente
rara chamada merocrania, caracterizada por apresentar resquícios do cérebro
revestido por uma membrana que protege contra infecções e prolonga a expectativa
de vida. Porém todos os casos também resultam na morte, assim como na
anencefalia.
Fig.29 Menina anencefala Fig.28 Estrutura cerebral de um indivíduo normal comparada com a merocrania e anencefalia
41
4.3. Microssomia hemifacial
4.3.1. Introdução
Fig.30
Pessoa com Microssomia hemifacial e radiografia
A microssomia hemifacial, também conhecida como Síndrome de Goldenhar, é
uma doença de causas diversas, podendo originar-se por heranças genéticas,
influencia ambiental ou mistas. Porém a maioria dos casos é ocasionada por
herança genética multifatorial, aonde é afetado principalmente o desenvolvimento
pré-natal do primeiro e segundo arcos branquiais. Dessa forma, é comum observar
famílias com múltiplos indivíduos que apresentam o quadro.
4.3.2. Diagnóstico
42
Fig.31 Fotografias mostrando a assimetria facial
A doença pode ser diagnosticada, em casos mais sutis, por exames de analise
gênica do paciente, exames radiográficos ou tomográficos, onde podem ser
identificados deficiências de formação de tecido em regiões específicas. Pode ser
descoberta também a partir da percepção de uma fenda indolor próxima à linha
média da face. Em casos mais graves é notável até mesmo agenesia do côndilo
mandibular e outras deformidades evidentes na face, além de ineficácia funcional de
músculos e articulações (ATM).
4.3.3. Caso clínico
São nítidos os sinais da doença, principalmente quando não é tratada
previamente e se desenvolve. Ela pode gerar múltiplas complicações para o
indivíduo, geralmente afetado somente de um dos lados da face ou de forma
sistêmica. Pode haver o mau desenvolvimento muscular, afetando músculos da
mastigação e da expressão facial e prejudicando suas funções.
Pode ocorrer ausência de côndilo ou atrofia unilateral da mandíbula, tornando
deslocada para o seu lado de desenvolvimento normal e gerando uma assimetria
entre mandíbula e maxila, que faz com que o paciente apresente uma mordida
cruzada e problemas de oclusão sérios, além de agravar quadros de mau
desenvolvimento muscular por desuso.
Entre as porções faciais afetadas pela síndrome se encontram o pavilhão
auditivo, que pode sofrer má formação ou mesmo anagesia, assim como o globo
ocular. Pode-se observar também má formação óssea por extensões variadas,
chegando até mesmo à ossos cranianos e conferindo deformações grandes que
afetam funções vitais.
Em casos extremos as má formações podem ter grandes extensões, afetando
o funcionamento normal do sistema nervoso central, diminuindo as funções
respiratórias, compromete o desempenho do sistema circulatório e pode também
afetar a coluna vertebral, principalmente em sua porção cervical.
43
Fig.32 Fotografias mostrando oclusão
4.3.4. Tratamento
O tratamento é muito variado, sendo que a doença pode afetar diversas partes
da face, individual ou coletivamente, dessa forma não há uma forma exclusiva e
específica de tratamento. Para o subdesenvolvimento grave da mandíbula, a
reconstrução com enxerto de osso é sugerida. Outra possibilidade para alongar a
mandíbula subdesenvolvida seria colocar um dispositivo na mandíbula para
distração óssea. Esta técnica evita a necessidade de enxertos ósseos. A orelha
externa é geralmente reconstruída entre as idades de 6 a 8 anos. Este é um
processo de múltiplos estágios, com vários meses entre cada cirurgia. Nova cirurgia
nos tecidos moles da bochecha para aumentar a simetria, ou, eventualmente,
cirurgia maxilar, pode ser necessária quando a criança atinge a adolescência. Em
casos mais simples o problema pode ser corrigido através do uso de aparelhos
ortodônticos.
44
4.4. Disostose Mandibulofacial
4.4.1. Introdução
A Disostose Mandibulofacial é uma síndrome rara, que se caracteriza por
defeitos de estruturas derivadas do primeiro e segundo arcos branquiais. É
hereditária autossômica dominante e ocorre em aproximadamente um para 10.000
nascimentos. A condição tem expressividade variada, e a gravidade dos aspectos
clínicos tende a ser maior nas gerações subsequentes de uma mesma família, e
estão associadas com o aumento da idade dos pais.
Fig.33 Radiografia mostrando desenvolvimento da maxila
4.4.2. Características Clínicas
Os pacientes com disostose mandibulofacial apresentam uma face
característica, face estreita com depressão das bochechas e fissuras palpebrais com
inclinação oblíqua. Em 75% dos pacientes a fenda ocorre na parte externa da
pálpebra inferior.
Os pavilhões da orelha mostram-se frequentemente deformados ou fora de
posição, e podem ser vistas orelhas rudimentares acessórias. Defeito ósseo na
cavidade timpânica ou ausência do conduto auditivo externo pode causar perda da
audição.
A mandíbula é pouco desenvolvida, resultando em uma acentuada retrusão do
queixo. As radiografias mostram, muitas vezes, hipoplasia dos côndilos e processos
45
coronóides com acentuada chanfradura antigonial. As glândulas parótidas podem
ser hipoplásicas ou estar totalmente ausentes.
Alguns recém nascidos podem apresentar dificuldade de respiração e
alimentação devido a hipoplasia da nasofaringe, orofaringe e hipofaringe. A atresia
das coanas é um achado comum, e a laringe e a traqueia costumam estar
estreitadas. A combinação da mandíbula hipoplásica, que resulta em posição
inadequada da língua, pode levar o recém nascido a morte devido a complicações
respiratórias.
4.4.3. Tratamento e Prognóstico
Pacientes com formas moderadas de disostose mandibulofacial podem não ter
necessidade de tratamento. Em muitos casos graves, a aparência clínica pode ser
corrigida com cirurgia plástica. Devido à extensão da reconstrução facial,
frequentemente são necessários múltiplos procedimentos cirúrgicos. Cirurgias
especializadas podem ser necessárias para os olhos, zigomas, maxilares, orelhas e
nariz. É necessário o tratamento ortodôntico, associado à cirurgia ortognática.
Fig.34 Individuo com disostose mandibulofacial
46
4.5. Anormalidades dos membros
4.5.1. Introdução
O desenvolvimento dos membros se inicia por volta da quarta semana de
gestação, apresentando, discretas elevações na porção ventrolateral do corpo. Os
brotos dos membros superiores desenvolvem-se cerca de dois dias antes dos brotos
dos membros inferiores. Os tecidos que compõe os brotos são derivados do
ectoderma e mesoderma. Os brotos alongam-se devido à proliferação do
mesenquima. Os músculos se originam do mesenquima (células precursoras
miogênicas) originadas dos somitos. As células formadoras de músculo, mioblastos,
formam as massas musculares dorsal e ventral. Logo após a formação das massas
musculares, ocorre a penetração dos nervos nos brotos (FRANÇA, 2012).
O desenvolvimento dos membros inicialmente se dirige caldalmente, depois se
projeta ventralmente, e finalmente executam movimentos de rotação sobre eixo
longo (MOORE & PERSEAD, 2004).
Uma anormalidade é uma condição determinada por fatores causais que atuam
antes do nascimento, cuja expressão clinica inclui defeitos em um ou mais Órgãos,
que podem ser estruturais ou funcionais (GUILLER; DUPAS; PETTENGILL, 2007).
Grande parte das anormalidades que ocorrem nos membros tem como causa
fatores genéticos, porém, a também aquelas que são causadas por interação de
fatores genéticos e ambientais (herança multifatorial) (MOORE & PERSEAD, 2004).
E alguns casos por ação teratogênica, como as ocorridas pelo uso de Talidomida,
fármaco Antiestomatite Aftosa, anti-hanseniase, quando utilizado na gestação
(MARTINS & SAEKI, 2012).
4.5.2. Principais anomalias dos membros
As anomalias são descritas segundo duas terminologias, uma delas e a Amelia,
caracterizada pela ausência completa de um ou mais membros, já a outra e a
Meromelia, caracterizada pela ausência parcial de um ou mais membros (FRANÇA,
2012).
47
4.5.3. Mão e pé fendidos
É uma deformidade rara, as mãos e os pés possuem forma de pinça de
lagosta. Há ausência de um ou mais dedos centrais, resultante da falta de
desenvolvimento de um ou mais raios digitais. A mão ou o pé é dividido em duas
partes que se opõem uma a outra como pinças de lagosta. Os dedos restantes são
parcialmente ou completamente fundidos (sindactilia) (MOORE & PERSEAD, 2004).
Fig.35 Mãos e Pés Fendidos.
Fonte: strange.com.br
4.5.4. Braquidactilia
Ocorre a redução dos dedos (mãos e pés) devido ao encurtamento do
comprimento das falanges. Pode também ocorrer em apenas em um dedo das
mãos, sendo que geralmente ocorre no polegar ou no dedo mínimo. E uma anomalia
incomum herdada com traço dominante (MOORE & PERSEAD, 2004).
48
Fig.36 Ocorrência no polegar
Fonte:
federacionmexicanadepodologos.com.mx
Fig.37 Ocorrência em todos os dedos
Fonte: radiologianota10.blogspot.com
4.5.5. Ausência Congênita do Radio
É uma alteração que ocorre durante a formação do Membro Superior e, que
inclui uma série de alterações no lado radial desde o antebraço, punho e polegar,
ocasionando ausência parcial ou total do Rádio. A mão desvia-se lateralmente
(radialmente) e o cúbito se encurva com concavidade no lado lateral do antebraço. A
anomalia é um resultado da falta da formação do primórdio mesenquimatoso do
rádio, durante a quinta semana do desenvolvimento embrionário. É usualmente
causada por fatores genéticos, porém alguns fatores ambientais como
influenciadores na ocorrência genética como, processos inflamatórios e infecciosos
durante a gravidez, deficiência nutricional materna, irradiação e exposição química
(GIOSTRI, 2013).
Fig.38 Foto e radiografia de individuo com Ausência congênita do Rádio.
49
4.5.6. Polidactilia
É uma anomalia genética causada pela manifestação de um alelo autossômico
dominante com penetrância incompleta, consistindo na alteração quantitativa
anormal dos dedos das mãos ou dos pés. Geralmente caracterizado pela presença
de um dedo extranumerário próximo ao quinto dedo, seja no membro inferior ou
superior. Em grande parte dos casos, o dedo extra não se formou completamente e
não apresenta desenvolvimento muscular apropriado (MOORE & PERSEAD, 2004),
(STUQUE, 2009).
Fig.39 Polidactilia em mãos e pés.
Fonte: www.estadao.com.br
4.5.7. Sindactilia
A sindactilia Cutânea (ligação entre os dedos pela menbrana interdigital) é a
mais comum, sendo mais frequente no pé do que na mão. É um resultado da falta de
degeneração das membranas entre um ou mais dígitos. Em casos mais graves, há
fusão de varios dedos. Já a Sindactilia Óssea, é causada quando as depressões
entre os raios digitais não se desenvolvem durante a setima semana de gestação,
ocasionando a não separação dos dedos (MOORE & PERSEAD, 2004), (STUQUE,
2009).
50
Fig.40 Sindactilia Cutânea.
Fonte: marcapasoconvino.blogspot.com
Fig.41 Sindactilia Óssea.
Fonte:share.pdfonline.com
51
4.5.8. Pé Torto Congênito
É uma deformidade que envolve ossos, músculos, tendão e vaso
sanguíneos, apresentada pelo recém-nascido no momento do nascimento. O
pé é geralmente pequeno, com calcanhar elevado, pé voltado para dentro e
rodado para cima, o que impede a sustentação normal do peso. Quando a
criança tenta andar, se apoia sobre o tornozelo em vez da planta do pé.
Fatores genéticos e ambientais estão envolvidos na anomalia. Esta
anormalidade parece seguir um padrão multifatorial de hereditariedade, sendo
assim, qualquer posição dentro do útero que resulte no posicionamento
anormal dos pés pode vir a causar pé torto se o feto possuir predisposição
genética para esta deformidade (MOORE & PERSEAD, 2004).
Fig.42 Pé Torto Congênito.
Fonte: fisiofabrini.blogspot.com
4.5.9. Luxação congênita do quadril
É uma doença na qual a cavidade do quadril e a cabeça do fêmur que se
articulam estão separados. A cápsula de articulação do quadril e muito fraca ao
nascimento, e o acetábulo do osso do quadril e cabeça do fêmur estão
subdesenvolvidos (MOORE & PERSEAD, 2004).
Os fatores mais comuns para esta anomalia são o desenvolvimento
anormal do acetábulo, e complacência generalizada das articulações. A
primeira ocorre em cerca de 15% nos nascidos com luxação congênita do
quadril, comum em partos pélvicos, sugerindo então que a posição invertida do
52
feto nos meses finais da gestação possa resultar no desenvolvimento de
anomalias do acetábulo e cabeça do fêmur. Já a segunda, é uma condição
genética, com herança dominante, associada à luxação congênita do quadril,
seguindo, portanto, um padrão de herança multifatorial (MOORE & PERSEAD,
2004).
Fig.43 Imagem radiográfica de luxação congênita do quadril.
Fonte: amadurecendocomsaude.blogspot.com
Fig.44 Criança com Luxação congênita do Quadril.
Fonte: amadurecendocomsaude.blogspot.com
53
4.6. Fenda do Lábio e do Palato
4.6.1. Introdução
A formação da face e da cavidade oral é de natureza complexa e envolve
o desenvolvimento de múltiplos processos teciduais que devem se unir e
fusionar de modo muito ordenado. Distúrbios no crescimento destes processos
teciduais ou nas suas fusões podem resultar na formação de fendas orofaciais.
4.6.2. Desenvolvimento do Palato
O palato se desenvolve em dois estágios:
desenvolvimento do palato primário.
desenvolvimento do palato secundário.
A palatogênese inicia-se no final da quinta semana, entretanto, o
desenvolvimento do palato não se completa antes da 12ª semana. O período
crítico do desenvolvimento do palato vai do final da sexta semana até o início
da nona semana.
Palato Primário
No início da sexta semana, o palato primário – processo palatino mediano
(segmento intermaxilar) – começa a se desenvolver. Inicialmente, este
segmento, formado pela fusão das saliências nasais mediais, é uma massa de
mesênquima em forma de cunha entre as superfícies internas das saliências
maxilares das maxilas em desenvolvimento. O palato primário forma a parte
pré-maxilar da maxila. Ele representa apenas uma pequena parte do palato
duro no adulto.
Palato Secundário
O palato secundário é o primórdio das partes duras e moles do palato. O
palato secundário começa a se desenvolver no início da sexta semana, a partir
de duas projeções mesenquimais que se estendem das faces internas das
saliências maxilares. Inicialmente, estas estruturas – os processos palatinos
laterais – se projetam ínfero-medialmente a cada lado da língua. Durante a
sétima e a oitava semana, os processos palatinos laterais se alongam e
54
ascendem para uma posição horizontal superior à língua. Gradativamente,
desenvolve-se osso no palato primário, formando a parte pré-maxilar da maxila,
que aloja os dentes incisivos. Concomitantemente, o osso avança a partir da
maxila e do palato para os processos palatinos laterais para formar o palato
duro.
4.6.3. Fendas Labiais e Palatinas
As fendas do lábio superior e do palato são as anomalias craniofaciais
mais comuns. Os defeitos são geralmente classificados de acordo com critérios
do desenvolvimento, tendo a fossa incisiva como marco de referência. As
fendas labiais e palatinas são especialmente conspícuas, pois resultam em um
aspecto facial anormal e defeitos na fala. Há dois grupos principais de fendas
do lábio e do palato:
As anomalias na fenda anterior incluem as fendas labiais com ou sem
fendas na porção alveolar da maxila. Uma fenda anterior completa é aquela
que se estende através do lábio e da porção alveolar da maxila até a fossa
incisiva, separando as partes anterior e posterior do palato. As fendas
anteriores resultam de uma deficiência do mesênquima da(s) saliência(s)
maxilar(es) e do segmento intermaxilar.
As anomalias na fenda posterior incluem as fendas do palato secundário
ou posterior que se estendem através das regiões moles e duras do palato até
a fossa incisiva, separando as partes anterior e posterior do palato. As fendas
posteriores são causadas pelo desenvolvimento defeituoso do palato
secundário e resultam de distorções do crescimento dos processos palatinos
laterais, que impedem sua migração medial e sua fusão. Além disso, outros
fatores, como a largura do estomodeu, a mobilidade das prateleiras e os sítios
de degeneração focal alterados do epitélio palatino também podem contribuir
para estas anomalias.
55
Fig.45 Vários tipos de fenda labial e palatina.
As fendas que envolvem o lábio superior, com ou sem fenda palatina,
ocorrem em cerca de um em cada mil nascimentos; entretanto, sua frequência
varia amplamente entre grupos étnicos; 60% a 80% das crianças afetadas são
do sexo masculino. As fendas variam de pequenas indentações na borda
vermelha do lábio até grandes defeitos que se estendem para o soalho da
narina através da parte alveolar da maxila. A fenda labial pode ser unilateral ou
bilateral.
A fenda labial unilateral do lábio superior resulta da falta de fusão da
saliência maxilar do lado afetado com as saliências nasais mediais fundidas.
Isto resulta da não fusão das massas mesenquimais e da não proliferação do
mesênquima para preencher e tornar o epitélio de revestimento com superfície
mais regular. Isto resulta em um sulco labial persistente. Além disso, o epitélio
do sulco labial é esticado e os tecidos do soalho do sulco persistente se
rompem. Como consequência, o lábio fica dividido em partes medial e lateral.
Às vezes, uma ponte de tecido, a faixa de Simonart, une as partes de uma
fenda labial incompleta.
56
A fenda labial bilateral resulta da falta de união das massas
mesenquimais das saliências maxilares com as saliências nasais mediais
fundidas. O epitélio em ambos os sulcos é esticado e se rompe. Nos casos
bilaterais, os defeitos podem ser distintos e apresentar graus variáveis a cada
lado. Quando ocorre uma fenda bilateral completa do lábio e da porção alveolar
da maxila, o segmento intermaxilar fica suspenso, solto, e se projeta
anteriormente. Estes defeitos são especialmente deformantes devido à perda
de continuidade do músculo orbicular dos lábios, que fecha a boca e aperta os
lábios.
Fig.46 Criança com fenda labial bilateral e fenda palatina.
A fenda mediana do lábio superior é um defeito extremamente raro
resultante da deficiência mesenquimal que causa a falta de fusão parcial ou
completa das saliências nasais mediais, o que impede a formação do
segmento intermaxilar. Uma fenda mediana do lábio superior é um aspecto
característico da síndrome de Mohr, que é transmitida como um traço recessivo
autossômico.
A fenda mediana do lábio inferior é também muito rara e é causada pela
fusão incompleta das massas mesenquimais das saliências mandibulares, que
deixam de preencher a fenda embrionária existente entre elas.
A fenda palatina com ou sem fenda labial ocorre uma vez em cada 2.500
nascimentos e é mais comum no sexo feminino. A fenda pode envolver
somente a úvula, a qual, quando se apresenta fendida, possui aparência de
57
cauda de peixe. A fenda também pode se estender pelas regiões mole e dura
do palato. Nos casos graves, associados à fenda labial, a fenda no palato se
estende por toda a porção alveolar da maxila e pelos lábios em ambos os
lados.
Uma fenda palatina completa indica o grau máximo de fenda de qualquer
tipo; por exemplo, uma fenda completa do palato posterior é uma anomalia na
qual a fenda se estende por todo o palato mole e, anteriormente, até a fossa
incisiva. O marco de distinção entre as anomalias de fendas anteriores e
posteriores é a fossa incisiva.
Fig.47 Paciente com fenda palatina completa, sem fenda labial.
As fendas unilaterais e bilaterais do palato são classificadas em três
grupos:
Fendas do palato anterior (ou primário) resultam da falta de
aproximação e fusão das massas mesenquimais nos processos
palatinos laterais com o mesênquima do palato primário.
Fendas do palato posterior (ou secundário) resultam da falta
de aproximação e fusão das massas mesenquimais dos processos
palatinos laterais e entre si e com septo nasal.
Fendas das partes anterior e posterior do palato (fendas dos
palatos primário e secundário) resultam da falta de aproximação e
fusão das massas mesenquimais dos processos palatinos laterais com o
mesênquima do palato primário entre si e com o septo nasal.
58
A maioria das fendas labiais e palatinas resulta de fatores múltiplos
(herança multifatorial): genéticos e não genéticos, cada um causando um
pequeno distúrbio no desenvolvimento. Ainda não se sabe como os fatores
teratogênicos induzem a formação de fendas labiais e palatinas.
Algumas fendas do lábio e/ou do palato aparecem como parte de
síndromes determinadas por genes mutantes isolados. Outras fazem parte de
síndromes cromossômicas, especialmente da trissomia do 13. Alguns casos de
fenda labial e/ou palatina parecem ser causados por agentes teratogênicos
(ex.: drogas anticonvulsivas). Estudos realizados em gêmeos indicam que os
fatores genéticos são mais importantes no estabelecimento da fenda labial,
com ou sem fenda palatina, do que na fenda palatina isolada. O irmão de uma
criança com fenda palatina apresenta um risco elevado de ter uma fenda
palatina, porém não há aumento no risco de ter uma fenda labial. Uma fenda
do lábio e do processo alveolar da maxila que se continua pelo palato é
geralmente transmitida por um gene ligado ao sexo masculino. Quando
nenhum dos pais é afetado, o risco de recorrência em filhos subsequentes
(irmão ou irmã) é cerca de 4%. O fato de os processos palatinos se fundirem
aproximadamente uma semana mais tarde no sexo feminino pode explicar por
que a fenda palatina é mais comum no sexo masculino.
4.6.4. Tratamento
O primeiro desafio que as crianças têm ao nascer com essa patologia é
de sofrer interferências em seu dia-a-dia, inclusive em sua qualidade de vida,
pois além de terem sua estética prejudicada, apresentam diversos distúrbios
funcionais, que abrangem desde a fonação até alimentação, podendo levar,
ainda, a transtornos psicológicos.
O tratamento do paciente com uma fenda orofacial envolve uma
abordagem multidisciplinar, incluindo pediatria, cirurgião plástico, cirurgião
buco-maxilar, otorrinolaringologista, ortodontista, odontopediatria,
fonoaudiólogo, entre outros.
A preocupação com a fonação, a oclusão e com o crescimento facial,
tornam clara a importância das propostas cirúrgicas, assim como do tratamento
59
multidisciplinar, sendo fundamentais para uma possível resolução das
deformidades, num menor tempo e com um mínimo de trauma para a criança.
Entretanto, a questão da época de intervenção, implica em divergências de
opiniões. A preocupação com a fala pode sugerir a realização da palatoplastia
no início da emissão da fonação. Pacientes não operados na infância
apresentam tendência ao prognatismo maxilar associado à protrusão da arcada
dental superior e ao crescimento maxilar deficiente em relação aos pacientes
operados em mais tenra idade.
Em relação à época de intervenção devem ser observados, além da idade
do paciente, outros fatores funcionais e individuais como a saúde geral do
paciente e a oclusão velofaringeana. A saúde geral deve ser analisada uma
vez que, geralmente, são pacientes deficientes sob o ponto de vista nutricional,
sobretudo aqueles de classes sociais desfavorecidas e a oclusão
velofaringeana diz respeito à fonação, sobrecarga respiratória e circulatória que
traz essa incontinência. Quanto mais cedo se fizer a intervenção, melhores
resultados serão alcançados, mas não tão cedo para evitar outras
complicações morfológicas. Recomenda-se que a cirurgia seja realizada entre
1 e 1,5 anos de idade, pois as estruturas anatômicas estão mais identificáveis e
a musculatura do palato mais desenvolvida tornando a cirurgia mais exequível,
além de ser a idade de aquisição da linguagem.
Fig.48 Visão pós-operatória, mostrando alongamento do palato mole e fechamento da
fissura palatina.
60
O fechamento primário do lábio é geralmente realizado durante os
primeiros meses de vida, seguindo, posteriormente pela correção do palato.
Aparelhos protéticos e ortopédicos são com frequência utilizados para moldar
ou expandir os seguimentos da maxila antes do fechamento do defeito do
palato. Na fase mais tardia da infância, enxertos ósseos autógenos podem ser
colocados na região defeituosa do osso alveolar. Posteriormente,
procedimentos ortognáticos e enxertos de tecido mole podem ser usados para
melhorar a função e a estética.
4.7. Acondroplasia
4.7.1. Histórico da Doença
A acondroplasia constitui uma das formas mais comuns de nanismo.
Afeta a ossificação endocondral, o que causa um crescimento esquelético
anormal resultando num individuo cuja altura é muito menor que a altura média
da população.
É uma patologia de origem hereditária, autossômica dominante. Nos
casos onde há ausência dessa condição na família, pode ser resultado de uma
nova mutação. Geneticamente, estima-se para os progenitores do indivíduo
afetado uma probabilidade muito baixa dessa condição para os outros filhos. Já
com relação a um portador da acondroplasia, existe uma probabilidade de 50%
de filhos afetados. A incidência da doença situa-se entre 1 em 16.000 e 1 em
25.000 nascimentos.
Fig.49 http://genetica12.files.wordpress.com/2011/05/lfhnsdkl1.png
61
4.7.2. Diagnóstico/Critério de Avaliação
Não há uma forma de prevenção para a maioria dos casos de
acondroplasia, já que é uma desordem genética, inesperada nos pais não
afetados. É importante consultas e exames com o ginecologista durante a
gravidez para tomada de decisões sobre o planejamento familiar.
Como as anomalias são bem específicas dessa doença o diagnóstico é
feito através de exames clínico e radiográfico- pacientes com essa alteração
genética possuem encurtamento proximal dos membros; as radiografias do
esqueleto apresentam alterações especificas, a nível das vértebras lombares e
da bacia . Já em recém-nascidos, o exame feito logo após o parto mostra
tamanho da parte frontal-oposta da cabeça aumentado. Pode haver sinais de
hidrocefalia ("água no cérebro") e com o exame de Raios x dos ossos longos
podem confirmar o diagnóstico. Durante a gravidez, um ultrassom pré-natal
pode mostrar fluído amniótico em excesso ao redor do feto.
Fig.50 Recém Nascido afetado pela Sindrome
Fonte: http://2.bp.blogspot.com/_5h7oiHoKloM/THm8DjPYMF
I/AAAAAAAAChA/xvcCdxnh89s/s1600/info[1].jpg
4.7.3. Quadro Clínico
Portadores de acondroplasia apresentam características peculiares como:
baixa estatura desproporcionada, encurtamento rizomélico dos membros,
62
dentes apinhados ou desalinhados, macrocefalia, fronte ampla e proeminente,
face plana, base nasal deprimida, tronco longo e estreito, cifose e lordose
acentuadas e dedos fusiformes. Em alguns casos pode ocorrer hipotonia da
musculatura, resultando em um retardo do desenvolvimento motor
.
Fig.51 Ilustração mostrando alterações na acondroplasia
As complicações clínicas que podem acompanhar a acondroplasia são
diversas, sendo que as que acometem o sistema nervoso central são as mais
preocupantes.
Alguns exemplos são:
Hidrocefalia: devido ao estreitamento dos forames da base do
crânio, e também, em conseqüência do aumento da pressão venosa
intracraniana pela estenose do seio sigmoide;
Problemas respiratórios: em conseqüência da obstrução da
passagem do ar, de origem central (compressão da medula cervical) ou
obstrutiva (estreitamento das coanas, da nasofaringe, da traquéia e/ou
63
caixa torácica). Os sintomas podem incluir ronco noturno, hiperextensão
do pescoço durante o sono ou apnéia do sono;
Obesidade: Este é um problema importante que pode piorar os
problemas articulares e aumentar as chances de complicações
cardiovasculares;
Problemas dentários: devido ao pouco espaço na boca;
Infecção do ouvido médio;
Fadiga, dor e dormência: na parte inferior da coluna.
4.7.4. Tratamento e prevenção das complicações
Cuidados médicos são importantes durante a infância. O perímetro
cefálico e o desenvolvimento psicomotor precisam ser comparados com
tabelas específicas para doentes com acondroplasia, para que alterações
sejam percebidas precocemente. Além disso, os pais devem ficar atentos na
possibilidade de ocorrer apneias, e se ocorrer, avisar os médicos para um
acompanhamento diferente. As vezes, uma intervenção cirúrgica pode ser
considerada.
Outro fator são os cuidados preventivos para minimizar alterações
ósseas. Por exemplo, é necessário um apoio adicional da cabeça de uma
criança com acondroplasia durante a infância.
Também é importante incluir dietas precocemente para evitar obesidade,
uma vez que um ganho de peso predispõe a compressão dos nervos e artrose.
Uma avaliação da audição deve ser realizada anualmente até uns 4 anos de
idade, em vista das otites frequentes e a possibilidade de perda da audição.
Além disso, algumas medidas terapêuticas podem ser empregadas, como
hormônios de crescimento e cirurgia para alongamento dos membros.
4.7.5. Aconselhamento Genético
Os fatores que devem ser mencionados durante o aconselhamento
genético incluem: a estatura média de um adulto com acondroplasia( 110-145
cm) e o risco de hidrocefalia precoce e de compressão medular.
64
No geral, o aconselhamento genético deve ser otimista: os padrões de
inteligência dos portadores dessa doença são normais e a capacidade de
adaptação deles é ótima.
4.8. Síndromes Sinostóticas: Crouzon e Apert
4.8.1. Síndrome de Crouzon
A síndrome de Crouzon, também conhecida por Disostose crânio-facial, é
uma doença rara onde há um fechamento prematuro das suturas do crânio
levando a diversas alterações cranianas e faciais. Além disso, a síndrome pode
gerar alterações em todos os sistemas do corpo, fazendo com que o paciente
tenha que ser submetido a diversas cirurgias durante a vida.
As causas da síndrome de Crouzon são genéticas. A idade dos pais pode
interferir e aumentar as chances do bebê nascer com esta síndrome, pois
quanto mais velhos forem os pais, maiores são as chances de deformidades
genéticas.
As características da criança afetada com a síndrome de Crouzon são:
Deformidades no crânio, a cabeça passa a adotar um aspecto de
torre e a nuca fica mais achatada;
Alterações faciais como olhos protuberantes e mais afastados que
o normal, nariz alargado, estrabismo, ceratoconjuntivite, diferença no
tamanho das pupilas;
Movimentos rápidos e repetitivos dos olhos;
QI abaixo do normal;
Surdez;
Dificuldade de aprendizagem;
Mau formação cardíaca;
Transtorno do deficit de atenção;
Alterações do comportamento;
Manchas aveludas de cor marrom à preta na virilha, pescoço e/ou
debaixo do braço.
65
O diagnóstico da síndrome de Crouzon pode ser feito através do exame
citologia genética durante a gravidez, ao nascer ou durante o primeiro ano de
vida, mas geralmente só é detectada aos 2 anos de idade quando as
deformidades mostram-se mais pronunciadas.Não existe um tratamento
específico que cure a síndrome de Crouzon.
A criança pode ser submetida a diversas cirurgias no crânio a fim de:
Aumentar o espaço entre as suturas ósseas, para dar mais
espaço para que o cérebro desenvolver-se o mais próximo do normal
Com o intuito de diminuir a hipertensão intracraniana
Para melhorar o aspecto facial
Além disso, a criança deve fazer fisioterapia e terapia ocupacional por
algum tempo. O objetivo da fisioterapia será melhorar a qualidade de vida da
criança e levá-la a um desenvolvimento psicomotor o mais próximo do normal
possível. Psicoterapia e fonoaudiologia também são formas complementares
de tratamento para a síndrome de Crouzon. A cirurgia plástica também é
benéfica para melhorar o aspecto facial e a auto-estima do paciente.
Fig.52 Individuo com Crouzon
66
4.8.2. Síndrome de Apert
A Síndrome de Apert é uma doença genética caracterizada por uma má
formação na face, crânio, mãos e pés. Os ossos do crânio fecham-se
precocemente não deixando espaço para que o cérebro se desenvolva,
causando uma pressão excessiva sobre ele. Além disso, os ossos das mãos e
dos pés são colados.
Embora não se saiba as causas do desenvolvimento da síndrome de
Apert, ela desenvolve-se devido a mutações durante o período de gestação.
As características das crianças que nascem com síndrome de Apert
são:
Aumento da pressão intracraniana
Deficiência mental
Cegueira
Perda de audição
Otite
Problemas cárdio-respiratórios
Complicações renais
A expectativa de vida da criança com síndrome de Apert varia conforme a
sua condição financeira, pois são necessárias várias cirurgias durante a vida
para melhorar a função respiratória e a descompressão do espaço
intracraniano, o que quer dizer que a criança que não possui estas condições
pode sofrer mais devido a complicações, embora hajam muitos adultos vivos
com esta síndrome. O objetivo do tratamento para a síndrome de Apert é
melhorar a sua qualidade de vida, pois não existe cura para a doença.
68
5. Referências Bibliográficas
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clínica. Ed. Guanabara Koogan – Segunda edição, 2000.
2 - http://www.agor.com.br/pdf/materiais/653.pdf
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fevereiro de 2014
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Janeiro – RJ, 1991)
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