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Série História dos Bairros, 11 (1977)

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CAPA: Parque do IbirupucrarOTO: Edison Pacheco de AquinoLAY-OUT: Fernando Frank Cabral

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PREFEITUR A DO M UN I Cf p lO DE SA o PAULO

SECRETARIAMUNICIPAL DE CULTURA

DEPA RT AM ENT O DO PATR IMONIO H1ST ORI CO

DIVISA:O DO ARQUIVO IIISTORICO

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maria celestina teixeira mendes torres

I

'lblrepuera.(y

~~Sistema AlexandriaA.L. : 1376125Tombo : 2723

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PRIMEIRO PR6 no DO VIII CONCURSO

DE ~l ONOGRAFlAS SOBRE A IIISTORIA

DOS BAIRROS DE S,\O PAULO, PROMO­

VIDO PEL:'" DlVISAO DO ARQUIVOlIIST ORICO DA SECRETARIA MUNICIPAL.

DE CULTURA VA PREFE ITURA DO ~lUN I ­

C11'10 DE SAO PAULO.

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MARIA CELFSTINA TEIXEIRA MENDES TORRES

Nasceu em Piracicaba , Estado de Sao Paulo.

Professora primar ia comissionada junto aFaculdade de Filosofiae t etras, fez 0 curso de gcografia e Hist6r ia da U.S.P. em 1937.

Dcpois de licenclada continuou a prestar services junto aFacul­dade de Filosofia , Cls nclas e Letras , a principio como 3.0 assis­tente de Psicologia Educacional, depols junto a cadeira deHist6ria Moderna e Conteporanea e ainda como 1.0 assistentede Hist6ria Economlca da Faculdade de Ciencias Economicasda U.S.P.

Realizou vartas pesquisas htstorfcas, entre as quais; "Urn Iavradorpaulista do tempo do Imperio", " 0 Jardim da Luz.., "0 Bairrodo BUs" , "0 Bairro de Santana " , " Um Vereador Paulista doSeculo XVI" , " 0 Presidente Antonio Costa Pinto" , "Parties­pa9ao de Sao Paulo nos primeiros anos de Guerra do Paraguai"e "Aspectos da Bvojucao da Propriedade Rural em Piracicabano tempo do Imperio", esta ult ima recebendo "Menyao honrosa "do "Pen Club" .

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A memoria de Mam:Ie c Papal , os queridos Leona e Octavto,que, amando plantas e crtancas. semearam muito amor puronde passaram.

A Octavto Augusto, esta pesquisa, feita com 0 mesmo amorcom que Iez o tracado do Ibirapuera.

A Nelson e Man1ia, us mats quer idos abandonados duranteminhas buscas pelos Arquivos.

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APR ES ENTA C;AO

A Histone dos Bairros de Sao Paulo nao e urna obra individual, masrepresenta 0 esforco de grande numero de estudlosos, interessados tant oem conhecer, como em divulgar a Historia e as tradicdes da capital paulista.

Por nso ser obra de urn nntco historiador, mas de colaboracro, apre·senta, nas monograflas publicadas, pontes de vista diversos, ou, pclo rncnos,uma certa divcrsidadc na cscolha des tcptcos essencials sobre os quais cadaurn constr6i 0 seu trabalho.

Escrevendo essencialmente uma Hist6ria de bairro paulistano , cadaautor orienta sua pesquisa procurando-lhe os caractcnsticos, a origem, afunr;ao por ele prcenchida, a sua Importance, enfim, no dla a dia paulistano.

Ao colaborar nesta obra, cujo objetivo e, justamente 0 invcntariohist6rico da cidade, com destaq ue aos scus bairros e sua importancia nocomplexo urbano paullstano" , 0 autor sentiu 0 rncsmo problema ja salientadonas monograflas publicadas, na dificuldade em sc definir °"batrro''.

Ibirapuera foi escolhido para tema desta pesquisa, exatamente por suaindiscutfvcl importancia no complcxo urbano da capital paulista. E, esco­Ihendo Ibirapuera, parccia, a princfpio , que, tratando-sc de nome tradicional ,signiflcando . a urn tempo, 0 passado c 0 presente, e, em certo scntido ,tambem 0 futu ro da Cidade, nso seria dificil aprcscnta-lo, desde logo, comobairro da cidade de Sao Paulo, identificado sempre pcla denom inacdo deIbirapuera.

Entretanto, logo se verificou que, sc ha urn sub-distnto de Ibirapuera,ncste ja nao existe, bern definido, urn "ba irro" com este nome.

As constderacces tecidas a prop6sito do Distrito Sui da Se tiveram emmira, principalmente , situar , na capital paulista, 0 Caminho de Ibirapuera, ea rcglso que se estendendo ao sui da Cidade, abrangia grande parte de terrasinclufdas na annga dcnonunacro de Ibirapuera.

(*J Leo nardo Arroyo - "Aprcscntacdo", in 0 Bairro do Bras de Maria C.T.

vtcndcs Torres, vol. I de lIi stor ia dos Bairrcs de S. Paulo .

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o desenvolvimento da zona Sui da capita l paulista esteve condicionado.em grande parte. a San tos e ao Iito ral, desempenhandc 0 Caminho do \ Iar.Impo rtante papel na expansso da Cidade para esse lado.

Os bairros que sc localizam estntar nente na dtrecao sui tern 0 seu de­seuvolvtmcnto ligado nac arenas ao Carninho do Mar, mas a aut igos caminhoscolonia is. pcrcorridos per tropas e carros de bois. data ndo alguns de les ainda

• do seculo XVI.Caminho do Mar e Caminho do Carro, serso. pois, as balizas a marcar

a expansro urbana de sao Paulo no sentido do Sui, caminhos que datam doseculo XVI, mas cujo desenvolviment c sera marcante no seculo XX, com suarransformacro em amp las avenidas asfaltadas, com rnodemos tunets eviadutos, servindo a ba irros com mulripla s funcoes, de diferent es aspectos,residenciais alguns. industria is out ros. mas na sua maioria com grande diver­sidade funcional.

Excluidos os Ires primeiros scculos em que a Hist6r ia dos ba irros do suie sudoeste da capit al se individualiza, de fato, quunto a Pinheiros e a SantoAmaro , e , na segunda metade do secuto XIX que se pede procurar as ratzesde novos bairros, na desimegracao das antigas propriedades, nos lo teamentose na abertura de mas nas chacara s dos herdeiros dos ant igos povoador es desao Paulo do Campo .

E, ao contranc de bairros mais anngos , mio sera em torno de umacapela que iraQ todos se desenvclver ,

Santo Amaro, Pinheiros, Penha, Bras, Santa na, Sao Miguel - para citarapc nas alguns bairros tradtciona is, ja estudados em monograflas - cresceramao redor da igreja. 0 largo da igreja e especie de marco inicial no seu desen­volvimcnto c , em torno da igreja , pur muito tempo. giraram 05 mats decisivosinteresse e problemas.

. Niio seria facil de limita r a area compreend ida pelo ant igo Virapoeira,hoje tao divid ido em centc nas de vilas, ba irros e jard ins, de aspec to taomoderno que nada mais faz lembrar 0 passado.

Em rnonografa s da Colecso " Bairros de Sao Paulo" ja foram apresen­tados alguns bairros do antigo Ibirapuera.

o que apresentamos hoje e. prcvavebnente, um dos menores quanto aarea , mas e a mais moderno e funcional, e, em cen o sentido, 0 mats lmpor­tante quando se tern em vista a versatilidade de suas funcoes.

Nao se trata do sub-dtstnto de Ibirapuera, desmembrado de SantoAmaro , mas do novo bair ro de lhira puera que sc formou tendo por centroa Parque de Ibirapuera.

o antigo Ibirapuera, constiturdc pelas terras do cacique Caiub i, foi estu­dado aqui como ponto de partida - especie de pont e de apoio que podenaservir ac estudo de ou tros bairros da zona sui - de modo que, em det ermi­

ado memento, se pudesse ter....:J. hist6ria comple te do antigo Virapoeira de'ubi e de Anchieta .

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Algumas part icularidades que poderiam fazer parte desta mcnografia.ennq uecendo-a, foram omit idas por ja terem side salientadas em outrasobras da CoIe¢o. e, sao. pcrtanto , do conheciment o geral.

E, se em cenos cap itulos alguns fatos foram repctidos, 0 foram apenaspelas conungsncas surgidas aqui e ali, em que 0 objet ivc foi dar maior solidez.i pcsquisa, apoiada, assirn, em maior base documental.

Dessa maneira, foram apresentados certos detalhes que oonstituemuma especie de tmroducro .i IJist6ria do novo bairro de Ibirapuera.

Detalhes a respetto de bairros ao longo do caminho de Ibirapuera.Ao longo de uma estrada, nao em torno de uma capela, embora ela tambemface parte do oonjunto.

Estradas do Carro para Sant o Amaro e Estrada do Vergueiro para 0

Mar - ets os marcos que, em certo sentidc, servirao de limites a novas bairrosou novas unidades administrativas criadas em fins do seculo XIX e primeirametade do XX, no munici pio de Sao Paulo.

Foram, pais apresentados alguns aspectos referentes .i epoca deAnchieta , des primeiros jesurta s em Sao Paulo, e dos pn metros povoadoresde sao Paulo de Piratininga, acidade de Geribativa e aos prim6rdios de SantoAmaro .

Foi feita apenas referencia ao atual sub-distnto de Ibirapue ra, que nao~ propriamente urn bairro, mas urn conjunto de povoados. Vilas, bairros ejardins, que poderao oonstit uir outros temas para moncgrafias.

As referencias, pois, a Ibirapuera, que possam pareeer amargem destaHist6ria, tiveram em mira, algumas vezes, salientar, pot em evidencia, apenas,Ulna pergunda ainda per responder :

. ' 0 que i hoje 0 Ibirapuen?

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NO CAMINHO DO IBIRAPUERA 'It

A lIist6 ria des Batrros da zona sui da capital paulista esta ligada iHistcra do Ibuapuera. Pertence, pois, ao mats remoto passado de sao Paulo,cujo povoamento a partir da colina hist6rica sera fcito na direcro doscaminhos da Penha, Ptnhetros.J piranga. Guare. lbirapucra e out ros.

Ibirapuera - termo escrito de vanes maneiras, e cilado nos livros deAtas da Camara Municipal de sao Paulo. desde 0 seculo XVI, e. ao longo do-cenunho de Virapoeira" , ou na sua direcao, muitas sersc as datas de terrasconcedidas aos primeiros moradores do planalto paulista, algumas ainda nasruas mars pr6ximas do centro urbane .

Convem lcmbrar, ent retanto, que, de modo geral, a palavra Ibirapuera(au v irapocira, como era mais comum), nso c muito frequente em certosdocumentos basicos para 0 estudo dos primeiros tempos do Co jeglo de SaoPaulo de Piratin inga.

Entre estes, as Cartas dos Primeiros Jesurtas consutuem a docu men­ta'?o por excejencia, particularmente as des jesui tas estabekcidos no planaltopaulista que se referem com certa frequencla, i aldeia de Geribat iba (ouJaraibatiba) , a part ir do proprio ano da fundacso do Colegto.

Situadas na zona sui, Geribatiba (palavra tambern grafada de vanesmanetras)e Ibirapuera, seriam a regi:i"o percomda pela mesma genie que,pelo caminho novo aberto em 1560 , quando Mem de sa Il\ilflda fechar aantiga trilha dos tupiniquins. se dirigia do Planalto a Baixa da Santista! .

A carta do padre Jose de Ancheta" dirigida ao Pe. Inacio de Loyola.datada de 1554 refere-sc a jesuftas que estana m entre os indios, em suesaldeias! as qua is N6brega ira tarnbem se referir" em meados desse ano. Doisanos depots. 0 Pe. Luis da Gra, que Iicara no lugar de Nobrega, em carta aoPe. Inacio de Loyola", cita os nomes dos padres da Companhia de Jesus esta -..be1ecidos na Capitania de sao Vicente, nas tres casas que scriam sao Paulo.

(..) Sobre a palavra Ibirapuera vcr Anexo 1

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16 NO CAMINHO DE IBIRAPUERA

Geribatiba e Sao Vicente, explicando-Ihe como sc mantinham entre as in­dios.

" Los que estan em Geribatiba, de anzuejos e cuchillos que trazeel Hermano se mantienem, dandolos su comer."

E mais adiante (p. 202):

"Lo que maier difficuldad nos haze es la mudanca continuadesta genre. que no atura em un lugar sino mui poco, porquecomo las casas de tierra que usarn 0 de palma no duran sinohasta tres 0 quat ro anos, vanse a hazer otras en ot ro lugar; y estamblen la causa que acabada una novedad de mantimientosen una parte, buscan otra en otra parte, derrocando siempre parael mato, como 10 hazen los blancos; y 10 que es peior, que nosi mudanjuntos, sino espargidos .. ...

No mesmo ano Anchieta assimse refere aaldeia de Oenbanba" :

"Em Jaraibatiba, de que fiz mencro na anterior, e que fica asets milhas daqu l, procede-sc em boa ordem, na doutrina cristae tambem 13: h3 mulheres e alguns homers vern a Igreja duasvezes; entre estes nrc falta quem, andando a cultivar os campos,conte muito 0 nemero dos dias, e chegando 0 s:ibado, deixe 0

trabalho e venha a Aldeia para assistir no dia segumte asoleni­dade da missa ; e mats ainda, nos dias em que e proibido comercarne, tambem dela sc abstem fora da Aldeia, de rnanetra que,quando estso longc des Irmsos no tempo da Quaresma, comendoos outros carne, d es, dando por mot ivos os costumes crtstsos,que adotaram, abst iveram-se das comidas proibidas. Os Irmiosque tern cuidado de os doutrinar, passaram aqui alguns diaspara celebrarem a festa da Pascoa; uma velha, sentindo a demora,chamou duas vezes 0 povo a lgreja, e, fazendo urn de Professorc os outros de discipulos, repenram par ordem a doutrina crista;e quando as lrmaos voltaram quelxaram-se, urn de as deixarema sos nas grandee festas, outro de lhes faltar quem lhes indicasseos dias de preceito, e, por 0 nao saber, estando a trabalhar nomato urn dia festivo, 0 tinha obrigado a fugir para casa. todomordido dos mosquitos.Encontra-sc agora entre eles 0 Padre Luiz empenhando-se comdo a cuidado em ensinar a doutrina, e nao 56 af mas tambem

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NOCAMINHO DE IBIRAPL'ERA 17

nourra Aldeia, distante duas m tlhas. lancando os fundame ntos daft , visitando esta Aldeia freqnente mente . mas vivendc emJaraibaub a, onde alguns ja bastante instruid os na ft ccnuairamlegitimo matrimOnio. Batiza-se muitos inocent es, des quais algunsrio para 0 Senhor. Tem-se ta mbem especial cuidadc em ensinaros mentnos."

Em dezernbro do rnesmo ano , 0 padre Anchieta, escrevendo ao Provin­cial de Por tugal' , ncvamente refere-se aaldeia de Jaraibatiba:

"T ambem 0 lrmso Gregorio Serrao teve humas agudas febres,mas como quer que falta a mezinha corporal e terrena,superabunda a celest ial com a qual sc curio as enfermidades,ainda que pcrigosa, si que em breve convalcscco, e sc foy parasuas ovelhas que estao em Jaraibatiba, 2 legoas daqui, comoutro irmdo interptete, e cada sabado vay daqui hum de s sacer­dotes a lhes dizcr a rnissa ."

•As Cartas dos Jesuftas sao ricas em lnformacoes sobre a vida no Campo

de Piratininga e pcrmit em que se fa~a uma ideia do que seriam os arredoresda Iutura Vila de sao Paulo de Pirat ininga.

E, abril de 1557, em carta ao Pe. Imid o de Loyola , 0 Pe. Luis da Grinovamente ira se refen r a Aldeia de Jaraibatiba' , a respeito dos costumesdos indigenas: •

" 2. EI Padre N6bregua quando de aqui se fut dex6 esta Aldeiaem que esta esta Casa de Piratininga poblada de los indios, enlos quales avia muchcs christia nos y muchos cathecdmenos.3. pero ellos son tan costumbrados a se mudar como suas casas

son viejas que cada Ires 0 qua tro afios que elias duram se mudam,y 10 que es pcor no van juntos, y por esta causa sc perde em muipoco tiempo quant o com ellos se trabaja em muchos aftos, comonos ha acaecido en otos lugares dcste Brasil. Assi fue en estepueblo , que solo una casa quedo en que avra cinquo 0 scishombres casados: mudarsc an como su casa calerc, por 10 qualno se puede cojer fructo alguno.4. Otro lugar que esta cercano dos lcguas y media tambidn es

quase dividido , que aunque queramos segutr la maior parte nohai commodidad ."

De acordo com 0 porno de vista de s jesuftas, aos quais pereca mars

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18 a BA IR RO DO IBIRAPUERA

importante a catequese dos memnos, a cristtanizacdo dos tndrgenas prosseguiacorn relative sucesso, nao obstante as grandcs dificuldades salientadas por elesem suas cartas. Em abril de 1557. escrevendo de Piratlninga aos Padres eIrmaos de Portugal" - vimm"os padres distribu idos em Sao Vicente , SaoPaulo e Geribatiba - Anchieta , depois de se referir a "uma veridica aumelhor dtzer diab6lica facanha" , da not fcia da obra crista realizada emJaraibat jba10 , citando, com detalhes ,

"huma causa que fez hum destes bautlzados" . . ."des que se enstnro em Jaraibat iba, e vendc huma imagenmuy fermosa de Nossa Senhora em rnaos des ladrocs arrerneteccom elles pondo-se em perlgo de vida e tomou-Ihe das mros eguardou-a; e of somente em isso se mostrou sua fee mas emoutras cousas, sendo desonrado e injuriado dos seus que Ihechamao escravo dos Portugueses""! .

Por essa epoca, segundo carta do Pe. Manuel da N6brega ao Pe. Miguelde Torr es, em Llsboa, as coisas nso iam bern na Capitanla de Sao Vicente

"que se yay pouco a poueo despovoando pelo poco cuydadoe diligencia que nisso El-Rey e Martim Affonso de Sousa tern,e se vao passando ao Paraguay pouco a pouco. " Ha Capitaniade Sam Vicente como digo val pejora ndo e cada vez as rendasd'El-Rey valem rnenos e por isso me parece que nem ha quefalar nisso nada, somente se podia pedir a Martim Affonso deSousa sete ou otto leguas de terra para 0 Colegio de Piratininga.E as rnais convenientes que me parecia eram correcando no portoque agora chamam Piratininga, :i mao esjunto de uma lagoa, pelorio grande abaixo , :i mao esquerda sete ou oito legoas decomprido e outras tantas de largo. E nam lui grande dada porquehe no scrtso , onde nam esta dado a ninguem e servtra isto quandoem algum tempo se povoar, 0 que espera se ha terra melhorarporque hea milhor cousa que lui no Campo ;

"Tambem me parece que se devia dizer a Marum Affonso e aSua Alteza que, se quer que haquela Capitania se nam despovoede todo, que dem liberdade aos homeins pera que os do Campose ajuntem todos juntos no Rio de Piratininga, omde elles esco­Iherem, e os do mar se ajuntem tambem todos juntos omderrulhor for, par estarem mats fortes, porque a causa de despo­voarem he fazerem-nos viver na Vila de Santo Andre :i Borda do

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NO C AMIN HO DE I BI RAP UE RA 19

Campo, omde nam tern mais que farinha e nam se podem ajudardo peixe do rio porque esta tres legoas dahi, rem vivemem parteconveneme pera suas cria¢is, e se os dexassem achegar ao riotiriam tudo e asosegara m.v' ?

Em 1560, 0 Governador Geral Mem de sa visita a Capitania de saoVicente, e, atendendo ao "requerido por 0 povo de Sio Vicente, Santos ePadres da Companhia" , pe r razzes de seguranca cont ra os indios, deu ordempara se t ransferir os moradores de Santo Andre da Borda do Campo" parajunto da Casa de Sam Paulo, que he des Padres de Jhesu13. A partir desseano a pequena povoacro de Sao Paulo tornou-se Vila de 530 Paulo de Pirati­ninga.

Na mesma epoca'" , 0 Pe. Luis da Gra, Provincial da Companhia deJesus, obtem, para os jesuitas de Sao Paulo de Piratininga, duas leguas deterras de scsmaria, indo de Pirat ininga na dire~o do mar por urn "ca minhonovo" que ora sc abrio, passando 0 Campo por donde se suya a ir ho caminhoda borda do Campo para Geraubatiba , quoais dus leguoas comecarso lIoguopasado 0 Campo , emt rando 0 mato, caminho do Rio, que se chamaGeraibatiba IS • •• "a qual terra estara de Pirat ininga perto de duas lleguoaspouco mais ou menos.' A Carta de samaria tern a data de 26 de maio de 1560,registrada no Livre de Tombo cia Capttana de Sao Vicente a 22·1·1561.

o termo de posse da sesmaria de Geribatiba no Campo de Piratiningapelo Irmsc Gregorio Serrso., ministro do Mosteiro de Sio Paulo de Pirati­ninga, a mandado do Pe. Manuel da Nobrega, data de 12 de agosto de 1560"tendo sido estabejecidos os seguintes Iimites:

" E lIugo, por my tabebro, foy dado pose da dyta terra e mato,que parte de hurna banda por huns pynheiros perto de Bartolo­meu Carasco, parte com ha outra parte vyndo pelo Camynho haclongo do mato , camynho da Borda do Campo.. vyla que foy deSanto .Andre, ate Intestar com 0 pao de canoa que esta no dito,dyguo, no meio do dyto camynho velho, easy Yay para a Bordado Campo" .

As cartes referern-se aos indios encontrados no Campo e seus costumese problemas, e as dificuldades encontradas para a catequese, principalmente,como ja vimos, pe la dtspersro dos indios, afastados de Pirat ininga parapoderem viver mais Iivremente, frisando que muitos flcaram, principalmenteos que pertenciam a gera~o de Caiubi17

, de quem teremos ccaslso de falarmais tarde.

Entretanto, silenciam sobre a palavra Ibirapuera .

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20 o BAI RRO DO I BI R AP UE RA

Nonnalmente encontramos referencias a Ibirapuera em obras sobre aa~o dos jesuttas em sao Paulo dos primeiros tempos. Na verdade, sio maisau menos as rnesrnas infonnaiWOes. mesmo quando se trata de autores tradi­cionalmen te ligados a estudos sobre a Hist6ria da Cidade de SEa Paulo. Ternside tais cbras fontes precosas para as mais variadas pesquisas a respeito dovelho sao Paulo.

Ao se iniciar a vida municipal de 530 Paulo de Piratininga, em 1560 .as Indios irao abandonar a vila "venda que iao concorrendo portuguezjse ocupando as suas terras?" dando origem aos bairros de Pinheiros e saoMiguel. Sera, pois, a Aldeia de Pinheiros urn dos marcos citados por Nob rega,em agosto de 1562. qua ndo pedla ao capttso Colaco , para seu Colegio. "umalcua de terra partindo da aldeia que se chama Pinheiros pelo rio Jeribatibaabaixo' '.

Bste, pols, na bacia do Pinheiros, a sesmaria de "Gerlbatiba" cbtldapelos jesuuas em 1560. Onde tambdm cstava a gente de Caiubi.

Assim, nas Cartas dos primeiros jesuftas do Brasil ha muitas referenciasa Geribatiba, aos indios da aldeia de Ceribatiba, da t ribo de Caiubi e aosindios de Piratininga, da tribo de Tibinea . Nada, porem, espectflcameme,sobre Ibirapuera, mas outras referencias a Ibirapuera tomam evidente sualoca liza~o dent ro da mesma area de Ceribatiba.

No fndice alfabetico e remissivo de Cartas dos primeiros jesuitas doBrasil19 nso encontramos a palavra Ibirapuera. Encontramos referencias aaldeia de Ceribatiba ou Jaraibatiba) no volume II (pg. 123, 150, 287, 291,309 , 310, 316, 361 , 369, 370) e no volume III (pg. 104, 197.201,270-271,70.372.375.377).

Geribatiba, Geraibatiba ou Gerebaitiba aparece. a principio comoAldeia, e depois como sesmaria do Colego de sao Paulo. Como aldeia deindios e: mencionada ao lado de sao Paulo e Mantcobe, em meados de155420

, a respeno des "Irmros postos entre os indios, tam longe huns dosoutros" .

Tambem em carte do Pe. Cra ao Pe. lnacto de Loyola datada dePiratininga, 8 de jun ho de 155621 :

"Aqui, em esta Capitania, somos repartidos em tres Casas. yoy los Padres Manuel de Paiva, Vicente Rodriguez, Afonso Bras,com tes Hermanos Joseph, Gregorio Serran, Goncalo d'Ohvera,Gaspar Lourenco, Manuel Chaves, Diogo Jacome, MatheusNogueira, Sim6n Goncalves".

Segundo Serafim LeiteH, os "nucjeos jesuiticos criados no Campo•

. 'durante a estada de Nobrega na Capitania de Sio Vicente, foram, pot sua

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NO CAMINHO DE IBlRAP UERA 21

crdem: Piratininga (agosto de 1553), Mani~ba (sete mbro), Geribatiba(junho de 1554) , Ibirapoera, pouco depots" , afirmando que "os padres eirmaos de ManilfOba distribuirarn-se por sao Paulo e Gerebat iba e dai a poucope r Ibirapoera, onde ja existia m alguns Pdes. e Irmaos em 1556". E maisadiante :

' 'Gereba tiba tinba seu assentc a duas leguas de Piratininga , acarninho do mar, e ali possuia terras 0 cacique Joao Caiubi . . ."

Nas pegtnas seguintes h3 muito da Hist6ria de 'Urarai e de Pinheiros(Carapicuiba) , mas nada especificamente sobre Ibirapuera.

A prop6sito des chefes Indigenes das aldeias h3 sempre alusoes aTibir iya (pi ratininga) e Caiubi (Gerebatiba).

No Dialcgo sobre a conversto do Gentio do Pe. Manuel da Nobrega" ,eis 0 que diz Matheus Nogueira , trmso ferreirc - que em 1556 vivia nosarredores em Gerebauba, de cuja case era 0 umcc sustento, de acordo com 0pe. Luis da Gra (8-6-15 56) - respondendo a Goncalo Alvarez :

' 'Que direi da fee do grso velho Cayo bi que deixou sua aldeiae suas r~s e se veo morrer de fome em Piratininga por arnorde n6s, cuja vida e custume e obedientia amostra bern a feedo coracr o".

E Serafun Leite, em nota ao Di3J.ogo, repete as palavras de Anchieta ,em meados de 156 1:

."sendo morado r nou tro lugar duas II!'guas de Piratininga, dizen­do-lhe os Padres que viesse para Piratininga para aprender asccisas de Deus, logo deixou quanta tinha e fol 0 primeiro quecome yOU a povoa-la indo de certos em certos dias buscar decomer com a sua genre ao outro lugar que pot amor de Deustinha deixado , onde tinha as royss e fazendas".

(Carta de Anchieta , de 12 de junho de 1.561 )

E, sem seguida :

"Como em junho de 1553 , N6brega tratava de fundar a Aldeiade Piratininga e se procedia a reuniio doutras Aldeias nesselugar (p. 342) a ida de Caiubi coloca-se nesse petfodo, antesde 29 de agosto Pe 1553, pois foi 0 primeiro, segundo 0 teste-munho citado," J , .

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22 o BAIRR O DO IB IR AP UE R ,\

A partir de 1556 , as Canas passam a tratar apenas de "tres hab italjOes"(530 Vicente, sao Paulo e Jereibatiba) e de 1560 em diante , quando se falade Jaraibat iba, ja nao ~ propriamente a aldeia indigena, mas a sesmaria dosjesuitas.

Batista Pereira' " refere-se a "C afubt, maioral de Ibirapuera" que, quasecentenano . transfere sua res tdenca de Ibirapuera para a vila" , e. citando asproblemas de defesa da vila de Sao Paulo de Pirat ininga:

"A cidade contin uava lnexpugnavel atraz de seu ctnto de aldea­mentos, cuja localiza~o era, repito, perfeita sob 0 ponto de vistamilitar .. ." "a primeira linha de defesa era a co rda Embuacava ­Pinheiros - Ibirapuera, apoiada sobre 0 rio Jurubatuba ou Pi­nheiros."

E mais adia nte :

"Depots de Itapecerica, Ibirapuera, dentro da tribu de Caiubi,que irradiava pelos arredores na dire¢ o de Santo Andr6 e doCaminho do Mar."

Em seu Quadro Hislbrico cia Prevfncia de sao Paulo, Machado deOliveira diz que Caiubi era chefe dos indios guaianazes que babftavam asserras de Geribatiba , entre a serra de Paranapiacaba e a lite ral. AntonioRodrigues, companheiro de Jere Ramalho, vivia com uma filha de Caiubi.

Referindo-se a Cefubt, fret Gaspar da Madre de Deusu afirma que

" para rnais commodamen te poderem instruir os neophytos,aconselharao M. Affonso Tebyriy;( e a Cayuby, senhor deGeribatiba, jll: muito velho (tomou 0 nome de Jose no bausmo)que transferlssem suas residencias para ju nto do Collegio futuro .Conformarao-se ambos com a vontade do padre. Tebyrlca vetolevantar suas casas onde hoje esta 0 Mostetro de Sao Bento ;per elle aqui rnorar chamavso os antigos Rua de Martim Affonsoa que agora sc denomina de Sao Bento".

E mais adiante :

... _ 0 Tarnbem se havia mudado com sua gente Cauiby ouCayobig, senhcr de larabatiba e outros .. 0"

Apoiados nas Cartas alguns histor iadores, quando se referent a Caiubi 0identir:~m como "senhor de Gerebatiba" , mas, segundo Rocha Pombo' ""

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NO CAMINHO DE IBIR AP UE RA 23

Martim Afonso de Sousa encont rou. nos campos de Piratininga, "Braz" Goncalves, genre do cacique Caiubi, principal de v lrapoetra".

Sera m, pois, alem de Joro Ramalho, pelo menos mais dois portu­gueses - Antonio Rodrigue s e Braz Goncalves - ligados, pelo casamento ,as trlbos indfgenas, an tes da fundacro de Sao Paulo . 0 que leva AlfredoGomes27 lembrar que "na verdade foram padres que prepararam a funda~o

(Leonardo Nunes) e a concretizaram (N6b rega) mas havia 0 alicerce humano(l oao Ramalho ,Tibir~, Bart ira e Ca iubi)" .

Aos dois chefes de tribos, Serafim Leite iri se referir ao tratar da Casada Vila, citando c::artas de N6b rega2a:

"Perigo maier foi em 1558. Os tupis, acossados pelos castelhanose carij6s, puzeram-se em grande alvoroto" . "vinharn ji com de­termtnacro de matar os crtstros de Geribatiba e la houveramde ir tambe m os meus trmsos de Piraininga se Nosso Senhornio socorresse; e foi que meteu na vontade a dois principa isdo Campo, os quais detiveram a muita gente que ja caminhavacom aquele mau prop6sito e flzeram-nos tornar."

Na documentacro basica e essential para 0 est udc de qualquer anguloda Hist6ria de Sio Paulo nos primeiros anos cabe urn luger importantetambt!m, alem das Cartas dos primeiros jesuftas , as Atas da Camara MWlicipalde Sao PauloH . Infelizmente 0 Livre de Atas que, nas publicacoes da Divissodo Arquivo Hist6rico t! numero I , 56 contem as atas a part ir de janeirode 1562 , correspondendo aos sete prlmeiros volumes das etas manuscrita sda Camara Municipal de Sio Paulo. Alt!m dtsso. faltam todas as ata s dosanos de 1565 a 157 1, as de 1574, alem de muita s outras de urn ou outroano .

€. possrwl que houvesse ju stamente nas Atas de 1560 e 1561 referenciasexphcitas as aldeias Indigenes e as andancas dos jesuitas por elas. E refersn­etas mais claras a Ibirapuera e Caiubi.

As Alas fazem uma primeira referencia a Ibintpuera em 30 de marcode 1575, quan do se decide mandar fazer

.. . . . 0 caminho do conselho que vat daqui para Virapoeira eque toda a pessoa que uvesse terras e testadas que viessem a darno . dlto caminho as mandassem fazer e limpar dentro em ottodias sob pena de cern reisl o .

Uma outra referencia data de 3 de julho de 15l:SI, quando sao cn.rdos

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24 o BA IR RQ DO IBIRAP UER A

nominalmente as moradores de Virapoeira para fazerem 0 caminho que ligaeste bairro 3 0 Consellio sem que haja nessa data referend a a moradores deout ros batrros. Na reunlso de 9·7· 158 1 insiste-se novamente na necessidadede se cuidar do caminho de Ibirapuera.

Os nomes dos moradores de cada bairro serao citados quando, em 23de maio de 1584 , a reque rimento do procurador, decide-se mandar limpar oscaminhos dos bairros de "Uipiramgua (caminho do mar), Ponte Grande,Virapoeira , Pinheiros", frisando-se que os moradores residentes "fora dessescaminhos serso obrigados a Iimpar os caminhos das pontes",

Aos moradores de Ibirapuera iremos nos refenr mats tarde.Na analise dos da is documenta l basicos - cartes dos jesuftas e Alas

da Camara de Sao Paulo - enco ntramos pots: nos primeiros, predomlnancade Geriba tiba ; nos segundos, Ibirapuera com maior insisten cia e apenas umavez referencia a Geribati ba , no seculo XVI, mais precisamente, na ata de27·3· 1593 (I , p. 459), quando " 0 procurador do Conse lho requereu que seflzessem os caminhos e assinassem urn homem de cada part e para aplicaros mais vizinhos a que se fizessem e assentaram que Jeronimo Rodriguestivesse cuidado de aplicar e chamar a genre de Ubirapoeira! e Jerebatiba! eGaspar Fernandes os de Abuasava! e da part e de Piranga a Pedro Nunes! ecia part e de Pequeri Gaspar Cc laco'' .

Entre os historiad ores de $30 Paulo no seculo XVI ejem dos quetemos citado ao nos referirm os as cartas, devemos, ~ 6bvio , incluir Afonsode Tau nay e Alfredo EUis Ir. cuja obra sab re a Historia de $30 Pauloconsti tui fonte de tnformacso imprescindfvel.

Nada ha especificamente sab re 0 lbirapuera no seculc XVI em out ros•. trabalhos sabre Sao Paulo , publicados em livros, jornais e revistas" . Uma

rapida referend a "a aldela. fundada por Anchieta " , ou "I birapuera , nomesmo sitio em que esta Sant o Amaro" . sao mais ou menos as mesmasreferencas, geralmente baseadas na documentacso por nos citada. Nemmesmo as cartes dos primeiros jesuftae no Brasil contem uma eflrrnacropositiva sabre a funda¢ o de Ibirapuera.

Mas ita muitas referencias a Geribatiba, algumas incluindo 0 nome deCaiubi, como chefe indigena de grande prestigio.

E, na Hist6 ria da Companhia de Jesus no Brasil, de Seraflm Leite , jlino segundo volume nada consta sabre Ibirapuera.

Alvaro AmaralJ 1, citando info nna-;6es de Ancheta, diz:

"J unto a vila de Santo Andre, ao principio havia 12 Aldeias,sem enumera-la s. Mas con forme a nota 425, menciona-se que,segundo Machado de Oliveira, em seu Quadro Hist6rico, tatsAldeias no pencdo de 1560 a 1600 seriam: Pinheiros ou Cara-

•.

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NO CAMINHO DE IBIR APUE RA 25

picuiba, Bailed ou Baruen, Sao Miguel ou Urarai, NossaSenhorada Escada, Concetcso de Guarulhos, Sao Jose de Peroibe, NossaSenhora da Ajuda de Itaquaquecetuba, EmM ou Mboi, atualEmbu e Concetcao de Itanhaen. AJem dessas citadas, as saoXavier, Santo lnacio e Bncamacsc "que por esseepcca provavel­mente existiam nas margens do rio Paranapanema." " 0 autordessa nota, Antonio Alcantara Machado, menciona ainda que,entre as primitivas povoacoes de Si o Vicente figuram as de :Piratininga, Geribatiba ou Jeraibativia (Aldeia de Caiubi), Mat­ranhaia ou Marranhais. Jabiuba ou J ubiuba (Salomio de Vascon­cellos, L.o I, Cronica, n.c 130) e Mar ucoba. Cita ainda Ebirapueraou Prapuera, atua l Santo Amaro."

Nao obstante a falta de outros dados sobre Ibirapuera como aldeia deindios, e considerando-se que tanto Ibirapuera como Geribatiba estao namesma dtrecro sui, caminho do mar, pode-se aflrmar que ambas seconfundem, ou que lbirapuera corjesponde a uma parte de toda urna regiaodenominada Genbauba: e que, mesmo que a aldeia de Anchieta logo se dis­perse, t certo que Geribatiba como necleo indigena t anterior a fundat;iodo Colt gio de Sao Paulo de Piratininga. Dentro deste nucleo estaria Ibirapuera,situada, segundo Serafim Leite, a duas leguas de Piratininga, cantinho domar, e ali possuia terns 0 cacique Joi o Caiubi13•

Em seu livro, " Anchieta, 0 Ap6stolo do Brasil, 0 padre Viott i, nocapit ulo sobre ,Sao Paulo de Piratininga (p.SS), embora se refira a Caiubi,nao cita Ibirapuera, mas, no capitulo seguinte, sobre 0 Caminho do PadreJose, citando Femao Cardim, refere-se ac "Jerebanba-ecu" ou Geribatiba,ou Rio Grande dos Pinheiros; podemos super" . E mais adiante :

"A tarde desse dia 23, desembarcavarn na ptacaba junto a lugara tres leguas de Sio Paulo, lugar identificado hoje provavelmentecom Santo Amaro, ao tempo denominado lbtrapuera".

(p.76)

A paglna 79, urna referencia a urna taba "visitada pelo Abarebebe,devia estar localizada nesse ponto de convergencia, que foi que antigo vaudo Rio Jurubatuba ou dos Pinheiros" . . _"A essaaldela se deve ter acolhidoUlrico Sclunidel, em 1553, apos sua aventurosa travessta do sertso, vindc doParaguai, e, poucc antes de atingir a Vila de Santo Andre. Localidade grandet como classifica a Yerubatlba 0 aventureiro alemio. Ai descansou tres das".Cita em seguida uma Carta de Luis da Gra (7-IV-1557) na qual se fax umarefersncia aos indios de Jaraibatiba:M

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26 o BAIRRO DOIBIRAPUERA

Segundo Azevedo Marques3S• e

"Gerybatyba (Geribatiba) - rio que tern origem nas prox imidades<fa Serra de Cubatao e. correndo no municipio de Santo Amaro,desagua no rio de s Pinbeiros. eomesmo que na estrada de SioPaulo a Santos tern 0 nome de Rio Grande, para distingui-lo dochama do Pequeno .Carre na dire~o mais geral de Oeste para Leste".

De fato , nos mapas executa dos pela Comissao Geograflca e GeoI6gicado Estado de Sao Paulo (Polhas de Sao Paulo e de Sao Roqu e, 191 2) encon­tramos 0 Rio Grande ou Jurubatuba, alem das localidades de Jurubatuba eRio Grande. Tambem no mapa do municipio de Sao Paulo, organizado peloInstitute Geograftco e Geol6gico em observancia ao decreta -lei nacionaln.c 311 de 2 de' mar~o de 1938, encont ra-se 0 R io Grande a u Jurubatuba,afluente do rio Pinheiros, at ravessandc urn bairrc denominado Ibirapuera,e, corre ndo em seguida, a esquerda de Santo Amaro. A sua direita estscainda, Ibirapuera, at 03I sub-dlsm to, e 0 parque (scm deno mmacsc no mapa),atravessado pelo c6rrego do Sapateiro, afluente, como 0 ribeiri o da Tra~o,

da margem direita do Rio Grande ou Jurubat uba.As indica~s dos mapas confi rrnam as tnformacees de Azevedo Mar­

ques - Rio Grand e ou Juruba tuba , afluente do rio Pinheiros.Sobre a localtaacrc das tabas, 0 Pe. Hello Abranches Viatt i)6 que tern

escruo int ensamente sobre Ancheta e a Cidade de sao Paulo , assim seexprime em 1954 :

"Discute-sc a respetto da tocauzacso pmnitrva das tabas pira­titininganas. A margem do Geribatiba , mais pr6xima deSanto Andre da Borda do Campo e da serra de Paranaplacaba,estava 0 velho Caiubi. No Guare . jun to a confl uencia do Taman­duatei com 0 Tjete , a de Tibirjea. Ou nos Campos Eliseos,querem outros. Ou no Emboacava, junto a confluencia do Jeri­batiba com 0 mesmo Tiele. Outras aldeias se espalhariam asmargens do Tiete , do Pinheiros e seus diversos afluentes. Sobreesse pon te , sobre 0 qual tant os e tao acatados pesquisadores daHistoria de Sao Paulo, Theodoro Sampaio entre as pnmelros,tern emitido suas opinides, dificilmente, dada a escassez de do­cumentos, podere mos passar de conjeturas, mais ou menos bernfundadas" (p. 123) " 29 de agosto de 1553 vinha ter M. deNobrega a uma aldeia nova que se chamou de Piratininga e que .haviam fonna do representente dessas tabas tndrgenas.' "Pa r emor '

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NO CA MIN HO DE IBIR AP UE RA 27

de n6s - diz Nob rega - "veio pra nossa aldeia 0 velho Caiubi".E Anchieta , sobre 0 rnesmo Caiubi, afirma que veto por assim lheterem dito os Padres"

(p. 124)."Pela carta de Luis da Gra, de 1-1 1-1556 , sabemos que Nobregaescolheu pessoalmente 0 srtio em que os indios a levantaram . Noalto de uma escarpa da colina de Inhapumbucu, e entre a habi­talfio de Tibiricra , localizada no atua l Largo de sao Bento, e ataba de Caiub i, na altu ra da Tabat inguera , distancia que se per­corre em mcnos de meia hora, elegeu N6brega e apon tou ao chefeindigena , 0 sitio escolhido , " 0 melhor luga r que se poderia esco­lher''; o atua l Pateo do Colegio".

(p. 126)

Ora , e evidente que, rodeada pelos adeamentos indigenas, onde ja seencontravam, ante s mesmo da fundacro de Sao Vicente , alguns brancos eseus descendentes mamelucos, a vila de Sao Paulo de Piratininga tinha, force­samente, de se torn ar um importante nucleo de mesncos de brancos e ind ios,fundindo-se os costu mes, forjando-se urn novo povo, com uma novalinguagem enriquecida por vocabulos de origem tupi sobre 0 lastro portugu­gues.

Quanto a origem dos primitivos habitantes de sao Paulo, ha varie sest udos baseados , em geral, nas mformacoes dos jesuitas e relates de viagensnos seculos XVI e XVIIl

'7 em que se procura esclarecer se seriam os guaianasde Piratininga de uma outra origem que nso a tupi.

Muitas fon tes referem-se a goiamis como primitivos habitantes doscampos de Piratininga, e. segundo Egon Schaden "0 exame e 0 confrontoda dcc umentacro leva a admitir com bastante seguranca que 0 nome deGoiandou Guaianazes se aplicava aos pr6prios Tupimquins."

Segundo Capistrano de Abreu , citado por Theodoro Sampaio (asGuaiands na Capital de Sao Vicente), os guaianas Ilio eram ali morado res enem tinham dominio nesses campos, e s6 em guerra penetra vam nos camposde Piratlninga. Indios catequizados pelos jesuitas eram, em Piratirunga,Tupiniqu ins. Caiubi e Tib irilfa e sequela desses dois chefes serlam tupini­quin a".

Ope . Anchieta refere-se a Caiubi :

"Em Piratininga, da Capitania de Sao Vicente, Caiuby , velho demuit os annes, deixou uma mulher de sua nacre tambem multovelha, da qual tin ha urn filho homem, muitc principal , e muitasfilhas casadas segundo seu modo , com indios principals de toda a

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28 o BA IRRQ DO IB IR AP UE RA

aldeia de Jeribatiba, com muitos netos e sem embargo disso,casou-se com outre, uma gayana das do mato, sua escrava tomadaem guerra e a tinha por mulher . .."

As palavras de Anchieta tern side analisada s por vanesautores - haveriaguaia nas do mato e do campo?

Segundo Ego n Schaden "0 no me de goianas ou guaianazes se aplicavaaos pr6 prios tu piniquins."

A verdade que nos interesse no momento , ~ que as mamelucos sao an­tenores a fundar;io nao s6 do Colegic de Sao Paulo de Piratininga como adeSanto Andre da Borda do Campo e Sao Vicente, 0 seu numero aumentand oii med ida que avan~va a colcruzacro europeia - portuguesa e espanhola - nocampo e no senro. E que a massa da populecrc da Vila de sao Paulo dePirat ininga era constitu ida de "rnamelucos".

Ibirapuera, cent ro de populacro bastante miscigenada, terta sido per­corrida mutu s vezes por Anchieta e outrosjesuitas.

No tim do sc!culo XVI (1593-1 594) , depo ts de ter passado variosanos na capitania do Espirito Santo, 0 padre Jose de Anchieta, como visitadordas casas do Sui, espece de vice-provincial, percorre OS chaos que ele tantoamara, nos Campos de Piratininga. Revs amigos e discfpulos, espalhandopreces e benlf8os.

A vtsita e relembrada no Processo Remissional de 1627-1628, emSio Paulo, relative a canoniza~o de Anchieta38 pelas testemunhas int ima­das a prestar depoimento .

Uma delas e Clemente Alvares, mineiro prance e sertanista, urn dosInteressados no Engenho Nossa Senhora de Agost03'l ."Chamado a depor

. aflrma que :

" chegando 0 dito padre a sua casa (em Ibirapuera) , notaramflc rescera uma pouca de horteli com que enramou casa para 0receber, e, laneando-lhe a bencso, the dissera que fizesse outracasa e se tirasse daquela antes de sets meses. No tim deles quei­mou-se a casa com perda de alguma sua fazenda".

Sobre 0 eptsodlo, no depoimento de Anton io Raposo e Mateus LuisGrou , este diz:

"ao chegar Ancheta a Ibirapuera, em Sao Paulo. em sua vinda aSao Paulo , fora testemunha com os mocos da Escola e que viucom meus olhos que a horte13 estava naquele sftio (a saber, acasa de Clemente Alvares), onde foi recebido, nao tendo flor

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NO CAM INII O DE IBIR AP UE R A 29

nenhuma , floresceram com sua vinda . E nao sendo tempo de flgosnem de uvas, indo a buscar alguma fruta, acharam uvas e flgos".

as moradores de Ibirapuera

Em 15844 0 a vila de Sao Pau lo " passava de cern moradores" , tendo"cinco ou sets caminhos e uma ponte" que devem ser feitos pelos moradoresda vila distribuindo-sc os traba lhos de modo que

"os de Virapoeira , Jorge Moreira, Silvestre Teixeira, GoncaloFerna ndes, Baltazar Rodrigues, Diogo Teixeira, MarcosFernandes, Baltazar Goncalves. Jeronimo Rod rigues, Jose daCunha, Manuel Ribeiro, Andre de Burgos, Bastiao Leme, ManuelFernandes, Luis Gomes, Pero Alves, Antonio Saavedra se juntaraoum certo dia que os lui de chamar Manuel Ribeiro que venham aodito caminho 0 dia que 0 dito Manuel Ribeiro assentar e 0 quenrc vier que ele ordenar pagara cinco tostoes para as obras doconselho ..."

Este documento refere-sc ainda aos caminhos de "Ipiranga, da PonteGrande e de Pinheiros". Sedam citados provavelmente , os principals mora­dores des bairros, que dcviam tcr tcrras ao longo des caminhos que deviam semanter em condtcocs de transite para a ligacao cotidiana entre elas e 0

centro da Vila.Uma analise atraves das Atas da Camara de Sao Paulo revela 0 nome , se

nao de tod os, pelo menos dos mais importa ntes moradores quc, ou exerciamcargos no govemc da vila ou tomavam parte em ajuntamentos quando para taleram convocados . Alguns moradores sao cuados, as vexes, em virtude de suaproflssro.

A Ata de urn "ajuntamento para leitura de uma provtsro do snr. capttsoem que entregam as aldeias dos indios aos padres" da "Companhia de Jesus" ,datada de zu.de setembro de 1592 t raz as assinaturas de setenta e oitohomens, algurrs-eeles residentes em Ibirapuera, mas como muitos sao scrta­nistas, provavelmente alguns estarao no sertao , em expedicoes de apresa­mento de Indios.

Em Anexo II anotamos alguns deta lhes sabre os moradores de lbira­puera , citados para a limpeza do caminho.

Americo de Moura" refere-se a outros moradores do Ibirapuera noinicio do seculo XVII: Francisco Farel, casado com Beatr iz Camacho (passe

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30 o BAIRRO DO IBIRAPUE RA

escntura de terras de sesmaria em 160 1; em Urubiapira) ; Cn stovso Mendes,bandeirante que faz parte da expedtcro de Nicolau Barreto, morador nolbirapuera em 1607, inventar iado em 161 2."

Alguns sao de o rigem espanhota, vindcs do sui para 0 planalto paulista,ou vindos diretamente da Espanha , movimento emigrat6 rio facilitado pelauniio das coroas espanhola e portuguese (1580-1640), mas M tambem os quevern de outras captrana s para Sao Pau lo como se depreende da pettcro feitapor Do mingos Pimentel aCamara Municipal de Sao Pau lo, em 17 de ma io del S~ : .

•• . . . q ue , poTthe pareeer be rn esta vila q uer ia ser mor ador e fazerncla casas e fazenda para manda r sua familia cia Bahia e porq ue einformado que entre 0 caminho que vai para Birapoeira e 0 quevai para Pinheiros esta alguma quantidade de chro por dar ...pcdia Ihe dessem os sc bejos que estao por entre os do ts caminhosde Birapoe ira e de Pinheiros e 0 n bet rso onde eles vao dar . ..42

Nso se trata apenas de grandes areas de terras, mas tam bem de peque­nos terrenos, geralmente de vinte braces. como 0 de Bras Go ncalves e BelchiorCarneiro - moradores na vila de Sao Paulo, casados, com muitos fllhos,f ilhas e sobrinhos - ou de Manucl Fernandes, Pcdrc Nunes e Fe rrule Marques,mhos de antigos morado res, "que t inham mulheres, filhos e sempre comsuas pesscas ajudaram a sustentar a terra asua custa", estes com vinte e cincobraces para quintal e vinte de testada'" .

De vinte braces em quadra sao as datas de terras concedidas a AndreEscudeiro e Jaques Feliz que tinham pedido "S O braces craveiras em quadra,os quais chaos serso indo desta vila para Burapucra, partindo com uns chaosde Nuno Vaz Pinto, ao longo do dito caminho da banda de baixo, para 0

ribeiro que passa por baixo da casa de Maria Rodrigues ate a dito nbetro?"Americo de Moura refere-se a Gaspar Candia, membro da Confraria

de Santo Amaro de Ibirapuera, no com~o do seculo XVII4S•

Isto nos leva naturalmente ao estudo da substttulcro nos documentos,do nome de Ibirapuera pelo de Santo Amaro.

Algumas fontes citam a doacro de uma imagem de Santo Amaro acapelinha de Ibirapuera pelo casal J er e Paes-Susana Rodrigues, scm, porern ,citar datas, Mesmo a moncgrafia sobre Santo Amaro, publicada pelo De­partamento de Cultura da Prefeitura de sao Paulo e omissa resse particu­lar46

Jose Paes era casado com a HUla de Martim Rodrigues Tenor io deAguilar, que linha 0 mesmo nome de sua mae, Susana Rodrigues, residenteem lbirapuera. Foi sertanista, acompanhandc 0 sogro numa entrada Tiete

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NO CAMI NHO DE JBI RAP UE R A 31

abaixo, em demanda dos bilreiros em 1608- ' .A autora de Santo Amaro. quando faz alussc a Sebastiana Rodrigues,

refere-se a Mart im Fernandes Tenorio de Aguilar, falecido em 1603, nasmargens do rio Parana.

Estendendo-se em outras mformacoes sobre Martim Tenorio, que em1589 se casara com Susana Rodrigues, Amenco de Moura afirma que, emboratenha feito testamento no sertso , em mar90 de 1603 entrou na Irmandadeda Miseric6rdia. Em 1607 esteva em Ibirapuera. Em 1608 foi arremata nte eper algum tempo fiador no inventatio de Francisco Barreto. Foi vereador debarrete em abriJ; em 26 de agosto estava no porto de Anhembi capitaneandobandeira que ia aos bilreiros. Em 1612, tido como morto, com seuscompanhetros , foi lnventariadc em Sao Paulo (lbtrapuera)'?" .

o que foi citado acima entre em contradicro com Azevedo Marques' "que afirrna que

"Santo Amaro comecou por aldeamento de indios guaianazescom 0 nome de Ibirapuera, dirigida pclo veneravel padre Jose deAnchieta, pclos enos 1560 e scguintes.Por este tempo, Jose Paes e sua mulher Susana Rodrigues, natu­rais de Port ugal, que vieram para Sao Vicente com 0 donatarioMart im Afonso de Sousa, erigiram ai, segundo aruma PedroTaques, uma capela de tnvocacro de Santo Amaro, ccmecandodesde entre a aOuirem moradores".

A presenca de Jose Paes na expedicro do sogro em 1608 faz dele urnsertanista bastante idose, se aceitarmos como exata a mformacrc de AzevedoMarques, segundo 0 qual 0 casal teria vindo para 0 Brasil com Martim Afonsode Sousa. Problema que deixamos para os linhagistas resolverem.

De qualquer maneira, a part ida de Jose Pees para 0 sertso em 1608sugere a possibtlidade de uma doacro, nesse momento, de uma imagem acapela de Ibirapuera, que poderia mesmo ter side erigida no tempo deAnchieta, nao pelo casal doador da unagem, mas pelos jesuit as. E a novadenominacac 56 apareceria nos documcntos a partir dos primciros anos doseculo XVII.

Aqui e ali, nas Atas do seculo XVII aparecem as duas denomina­¢es - Santo Amaro e Ibirapuera. E nenhuma vez uma referenda a Geriba­t iba.

A~m das cartes e das alas , uma outra fonte muito importante e 0 con­junto de pubbcacees do Departamento do Arquivo do Estado de sao Paulo,

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32 o BAIRR O DO IBIRAPUERA

principalmente sesmariase inventarios e testamentos.Deve-se mclun ainda a eotecso de Cartes de Terras publicada pela

Prefeitu ra Municipal de Sao Paulo, alem da Revista do Arqubc Municipalque. com excelente ccabc racso, publica em muitos nameros. documentosde grande tmportenca para 0 estuda de Sao Paulo.

Atraves dessa importante documentacro pode-se avaliar como seestendcu 0 povoamento de Sao Paulo a parti r do Patio do Ccjeg io.

Entre as moradores de lbirapuera no seculo XVI citad os por Amertcode Moura, esta Braz Goncalves, ao qual tarnbdm se refere Rocha Pombo.Os irmaos Braz e Baltazar Goncalves tinham terras em lbirapuera, tendoBraz se casado com a filha do cacique, Margarida Fernandes. Seu filho, conhe­cidc per Braz, 0 moco, casado com Catarina de Burgos, part iu para 0 sertr ona Bandeira de Nicolau Barreto , falecendo "no arra ial do dcscobrimento deminas de ouro e prata e mais metals". No seu Inventan o. feito em 1604, emSao Paulo, ao qual foi anexado scu testament o feito no sense , consta que'"

" no termo desta vila, aonde chamam Gerebat iba, nas casas efazenda de Braz Goncalves, 0 m~o defunto ..."

Como consta que tais faml1ias residiam em Ibirapuera, os termos dodoc umento permi tem que se admita como certo que Ibirapuera e Geribatibase confundem, constituindo uma untca regiao.

Novas moradores irao povoa ndo 0 caminhc de lbirapuera!". Em 1609Gaspar Colaco ob tern uma data de ter ra de vinte braces "nas cabece iras dadasa Goncalo Fernandes da banda direita do caminho indo para Birapoeira,partindo com Bras Mendes".

Vinte braces em quadra serso concedidas "no arraba lde desta vila indopelo caminho que vai para Ibirapuera saindo desta vila em uma travessa queesta demarcada pelo cuero de Jose de Oliveira partind o co m ele dito Jorode Oliveira para a banda do ribeirao chamado Anhangaba6 . . ,'. a PascoalDelgado e Manu el Costa .

"Na paragem dencrninada Anhanguonaby indo para 0 Virapoeira, docarmnho para baixo , com querente braces de testada" , sera a data conccdidaa Joro Paes em 1639 .

"Na rua aberta comccando de Santo Anto nio para 0 Ibirapuera" , 0

ca pnro Francisco da Costa Valadares ob tcm doze braces em quadra , emmar~o de 1640 , no mesmo dia em que Inocencio de Camargo obtem "setsbracas de chao" e a Jero nimo de Camargo, " filho e neto de povoadores, queesta para se o rdena r em Angola de clerigo", sao conced idas trinta bracesem quadra nos campos que estao da banda do caminho de Virapoeira, dabanda do ribeirdo de Anhanguobahy" . Ainda no rnesmc ana de 1640 obtem

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N O CA MIN H Q DE IB IR APU ERA 33

datas de terras no caminho do lbirapuera , Balta zar de Godoy Moreira,Mariana de Lara, Francisco Goncalves, Manuel Fernandes Velho, Pedro daSilva, Gaspar Sardinha e Manuel da Cunha.

Os Iivros de Atas da Camara Municipal serviam de Registro ate fins de1583, como vern declarado na Carta de Data de Mart im Afonso (Atas, I,p. 202). S6 a parti r de enteo passou a haver Livros de Registro, seperados dosLivros de ve reacaes. Nesses Livros de Registros sao lancadas as concessces deterras.

Algumas dates citad as, concedidas ao longo do caminho do Ibirapueraestso situadas no pr6prio rossio da Vila. ..llgumas estso "no arrabalde davila", sao "chaos devolutos da banda do caminho de Santo Amaro."

"Para 0 lado de Santo Amaro" , ainda em 1640 sao registradas as cartasconcedidas ao padre Alvaro Neto e a Custodio Nunes - "chaos devolutosentre os dots caminhos que saem desta vila para Santo Amaro, partindo comJodo Pees", a Amaro Alves e Antonio Paes Alves, "parti ndo com SimaoCoelho , que parte com Joro Paes" ; a Belchior de Barros e Manoel Rodrigues,defronte des chaos de Francisco Velho de Moraes?"

Sao, em geral, terrenos relat ivamente pequenos, mas nso se excluemas concessces de terras para cultur as, como a sesmarta concedida em 1653a Calixto da Mota "nas cabeceiras das terras que foram de Jose de Oliveirae de seu trmao Diogo de Oliveira, que estavam no termo da vila de Sao Paulo,onde chama m de Burapuera, uma legua de comp rido de testada e pelo matoa dentro ou tra ICgua ."S4 E ainda mantem-se os ant igos sruo s, a exemplo doque cons ta do inventano de Maria Rodrigues, datado de 1648, "s(tio e casae fazenda na paragem denorninada Ibirapuera' v" .

Em meadcs do seculo XVII fala-se em "bairro de Santo Amaro" e"lbtrapuera", aparentemente referindo-se ao rnesmo batno. E os do ts ca­minhos a que se referem os documentos sao caminhos percorr tdcs por car rosde bois, tropas. tropei ros e cavaleiros, convergmdo para 0 centro da vila,servindo a toda a zona sul.

Com 0 aumenro de populacao, os moradores do bairro de Santo Amaropcdcm a nomeacro de urn capuro de ordena ncas a quem acompanhasscme obedcccssem " para ocastces que se oferecessem do inimigo e rebates quehouvcssem.' De acordo com a provtsro de 16·2-1657 e "eleito e norneadopor capitao de todos os rnoradores do Bair ro de Birapuera e desde a Bordado Campo ate Ygapuam e Nossa Senhora de Pinheiros" 0 capitao AmaroAlvesTencrto' ".

Esta nomeacao precede , em Sao Paulo, a organizacso das Companhiasde Ordenancas , 0 que se dara em 1698, pelo Governado r Art ur de Sa e ­Menezes!".

A nomeacso do capttao Amaro Alves Ten6 rio e feita quand o Salvador

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34 o BAIR RO DO IBIRAP UER A

Correia de Sa e Benevides, com 0 5 oficia is da Camara de Sao Paulo , mandara"Iazer urn bando e quartet acerca do carrunhc das fazendas, entradas e saidasdesta vila", nomeando 0 capilEo "com a sua companhia e bairro, para 0carrunhc de Santo Amaro" , no rnesmo ano em que se nomeia Femeo DiasPaes capitao do bairrc de Pinheirost",

A 14 de janeiro de 1680 , segundo Azevedo Marques (ou 1686, segundoEugenio Egas, que se baseia em auto lancado no 1.0 livre de Tornbo, a30 -1-1747 ), a capela de Santo Ama ro ~ elevada a Par6quia, po r prcvtsso dobispo D. Jose de Barros e Ajarcsc, tendo side nomeado seu primeiro palaeoo padre Joao de Pontes, trmso do veneravel padre Belchior de Pontes! ".

Uma provisro do governador geral, datada da Bahia (6-10-1677)nomeara para 0 cargo de capttac de ordenanca do "bairro de Santo Amarode Virapoeira, da vila de Sao Paulo, que servia Francisco Furtad o, a pessoade valor, de pratica de disciplina militar e experiencia de guerra, a ManoelRodrigues de Arzso" .

Manoel Rodrigues de ArzEo pertence a uma familia de antigos povoa­dores da capitania de Sio Vicente. Seu pal, Cornelio Arzao, natural deFlandres, viera a capitania de Sao Vicente com 0 governador das minasD. Francisco de Souza, para "constructe dos engenhos das minas da vila deSio Paulo, e, de sociedade com 0 mesmo e com Francisco Lopes Pinto ,fundou 0 primeiro engenho de fabricar ferro que houve no Brasil" , segundoaruma Sim6es Magro60 .

. Este engenho, ao qual se refere Eschewege, em Pluto Brasiliensis(vol. II,p. 336), na realidade 1130 foi 0 primeiro, mas sim 0 segundo, como proYa 0prof. Sergio Buarque de Hollanda, salientando sua importa ncia na epocacolonal" .

A sua locabzacro e explicada, em parte, pela facilidade de ccmbusnsel,representada pela abundancia de matas nas margens dos rios vizinhos, ouainda, provavelrnente pelo fato de se poder acionar com facilidade umaroda d'agua, pois estava situado amargem de ribeirio tributaric do rio Pinhei­ros. Como nos tnventanos da epoca hi varias referencias a ferro em barra,servindo como forma de pagamento, pode-se admitir fossem elas prove­nientes das forjas de Santo Amaro, pois 0 pr6prio Francisco Lopes Pinto,de acordo com 0 processo do tnventarto de Jose Gomes, pagava aluguel decasa com 0 produto de sua forja.51

Tambem a ele refere-se Pandia Calogeras'" , acrescentando, aos fatoresassinalados, que teriam contribuido para sua instala~o em Santo Amaro, asfacilidades oferecidas pelo rio ou pela estrada de Anchieta , buscando tanto 0Mercado de Santos como 0 das vilas acima da serra de Cubatsc.

Cornelio Arzio, trcncc de familia bandeirant e, casara-se com ElviraRodrigues Ten6rio de Aguilar, urn dos antigos moradores de Ibirapuera,

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NO CAMINHO DE IBI RAPUE RA 35

ta mbem minelro e fundidor, segundo Carvalho Francd" , interessadc noengenho de ferro construido em Ibirapuera e inaugurado a 16 de agosto de1607 com 0 nome de Nossa Senhora de Agosto . Este engenho, par heranca,passou a pertencer a Luiz Fernandes Folgado.

A prop6sito de Cornelio Arzso , lembra mos ainda que ele possuia ummoinho de trigo no Anhangabau.

Quando D. Manuel Lobo chegou ao Rio de Janeiro , com a misslo defundar , nas rnargens do Rio da Prata, uma povoacro, procurou imediatamenteen trar em contacto com os paulistas, fazendo-os interessar-se pela missao.Assim, a maier parte da gente que constituia a expedtcro de D. Manuel Lobofoi recrutada em Sao Paulo, sendo 0 destacamento paulista comandado porBraz Rodrigues Arzso, filho de Corne lio Arzso, e Jorge de Macedo. A Coloniado Sacramento foi fundada em 1680, por D. Manuel Lobo."

Veremos, posteriormente , que as terras do atual Parque de Ibirapueraeram vizinhas as terras dos herdeiros de Braz Arzao, Garcia Velho e PemsoDias Paes.

No comeco do seculo XVII (1607) , a Camara toma medidas no sentidode evitar que a vila de Sao Paulo ficasse de todo despovoada, em virtude dascontinuas expedlczes para 0 sertao. Ordena a Belchior Rodrigues, casadocom uma bisneta de Jose Ramalho, com forja de ferreiro em Ibirapuera,que nao abandone a vila como pretendia , sem licenca. Nesse mesmo ano ,como nao se consegutsse manter tnstalada a forca na Tabatin guera, a Camaradecidiu instala-la "naquele alto que esta entre 0 caminho que val paraBirapoeira e 0 des Ptnhefros, por cima donde morou Domingos Agostinho'" .

A concessro de datas "no caminho de Ibirapuera" ou na estra da deSanto Amaro, revela a expansro da vila de Sao Paulo de Piratininga no sentidoSul, o mesmo se verificando em rela~ilo ao "Caminho do Mar" .

Nao se trata, E! claro, de verdadeira urbamzacro, mas de om povoa­mento de forma esporadica no sentido da zona rural, com seus sftios e rocas,suas casas de taipa , seus campos de pastagens.

Nao obstante confundt rem-se, em certos momentos, os dais cami­nhos - de Santo Amaro e de Ibirapuera - Affonso de Tau nay afirma que , emfins do seculo XVI ja se discriminava como bairros de sao Paulo:

"Hipiramgua, Ponte Grande de Tabatinguera, Birapoeira , SantoAmaro e Pinheiros, alem dos bairros de menor Importance,Piqueri , Samambativa e Embuecava'?".

Afirmativa que merece urn comentario :

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36o BA I R RO DO I BI R AI' LT RA

As Atas do seculo XVI nro fazem alusro a bairro de Santo Amaro.Desde q uando, pois, haveria urn bai rro com essa deno mmacso?

Antes mesmo da elevacro de Santo Amaro a categorta de freguesla,havcria uma pequena dtsttncro entre Ibirapuera e Santo Amaro, possivel­ment e no senud o de se individualizar urn pequeno nncteo formando urnnovo bairro, em torno da capela erigida em terras de Susana Rodrigues (SantoAmaro) dcntro de uma area maior que seria 0 Ibirapuera, antigo vlrapoeira.Assim, as terras que cont inuam a ser conhe cidas com a denominacro deIbirapuera nso serso apenas as que integrarso 0 fut uro municipio deSanto Amaro, nas terras de onde sera desmembrado este e que permaneceraoIigados aFrcgucsia da 51! ate 0 11m do seculo XIX, formando parte do DistritoSuI.

Trata-se de uma enorme area rural ou semi-rural ao sui da capital deSao Paulo, servida po r caminhos citados nas Alas em 1583. Os outroscaminhos da Vila seriam os da Tabatinguera, na dtrecro do Tama ndua tef,o de Pinheiros, para 0 Oeste, 0 do Guare, para 0 Norte e ainda, tambe m parao Sui, como 0 de lbirapuera, 0 caminho do Ipiranga, come~o do Caminho doMar.

Nos termos das concesszes de terras, particularmente das. sesmana s,predominam, como ponto de referencia 0 rio Geribatiba e 0 bairrb de SantoAmaro.

Terrenos menores sao concedidos a mo radores 'no "ca minho delbirapuera" , cuja localfzacro mostra tratar-se de terrenos no penrnetrourbano, e nrc na zona rural. Mas a qualificacfo do novo propnete no deterras da a entendcr que, alem da "data" havera urn sitio provavelmente noIbirapuera, como e 0 caso de Bartolomeu Goncalves que, sendo cr iador degado, "obtem chaos para casa atras de Santo Antonio , entre os caminhosde Birapueira e Pinheiros" , em 16076 8 •

Sao Paulo, no fun do seculo XVI seria, segundo Nuto Santana'" "urnemaranhado de longas e curtas ruas, que cram caminhos de penetracro quelevavam ao Sui, ou a Golas ou ao Mar, e vicinais, como os de Embuacava,Carapicuiba, lbirapuera, Nossa Senhora da Concetcro de Guarulhos. Aldea­mentos notavets cram os de Ururai e Bougy, que deram Sao Miguel e Mogidas Cruzcs. Scguia-sc Ibirapuera, a margem do Jeribatiba, de que saiuSanto Amaro."

o Repert6rio lias Sesmarias, concedidas pelos Capitaes Gerais da Capt­tania de Sao Paulo, desde 1721 ate 182 1, organizado pela Seccao hist6ricado Departamento do Arquivo do Estado de sao Paulo, refere-se a duassesrnartas "ao longo do rio Ia rabatlba", a Bento Rodrigues Barboza e herdei.ros de Manuel Fernandes de Oliveira, uma concedida a Manuel Soares Borbae seus filhos e genros, ju nto acachoeira grande do Ribenao Sao Lourenco,

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NO CAMIN li O DE IBIRAPUERA 37

e ainda uma outra a Thorne Alves Furtado, na paragem do Moinho Velho ,todas no bai rro de Santo Amaro .

a Caminho de lblrapuera sera, posteriormente, conhecido pelo nomede Caminho do Carro para San to Amaro, saindo do cent ro da Cidade, se.guindo ruas conhecldas hoje pelcs nomes de Liberd ade e Vergueiro, e, emseguida, pclo caminho percorrido pelos bondes de Santo Amar o?" . Urn outrocaminho para San to Amaro teria sido in iciado em 1640 , segundo ZenonFleury Monteiro" .

Tao importante teria sido 0 Caminho do Carro para San to Amaro que,no seu trajeto ou nas suas imediacoes seriam cdific adas , nos seculos XVI,XVII e XVIII , as igrejas de Miseric6 rdia e de Sao Francisco , 0 Pace do Scnadoda Camara , as igrejas de Sao Goncalo e dos Remedios, a Casa da Pclvora 72 .

Tra ta-sc, todavia, de construczes ainda nos arredores do nuclco central,pois, a maior distanci a estariam as chacaras formadas ao longo de s caminhos,rodeadas de matas e capoeiras, cercadas de pau a pique, nu ma area bernirrigada pclos nbeiroes das bacias do Pinheiros e do l piranga.

Como se dcduz das Atas da Camara de Sao Paulo , sccu los XVI e XVII,a reglro que hoje e conhecida pelo nome de Ibirapuera era coberta de ruato .chela de alagadtcos , mal frequen tada e sem policiamento - varzca de SantoAmaro , mata de Caguacu. Tao perigosa que, em 1620 , a Cama ra teria q uetomar a decisao de formar "quadrilheiros para prender os dclinquentes".Em 1624 teria servido de esconde rijo a " urn negro que anda fugido". acusa dode roubo , mor tes e assaltos, quadro que persistira pclo seculo scgulu tc,sem grandcs difere ncas 75 .

Como as pontes nem sempre podiam ser consertadas pclos morado rcs,em pleno seculo do bandeirismo, quando os paulistas viviam prattca mcntcem funcro do sertao, deixa ndo a vila de Sao Paulo quase descrta , as com unl­caczes ent re 0 cent ro e Santo Amaro mantinham-sc precanas, mal cuidadase perlgosas. "lnda a gente nrc era tod a chegada". diz iam os camanstas anexplicar que "as pont es entre a Vila e Santo Amaro csta vam muito dani fl­cadas ...

Mantem-se, po ts, du rant e todo 0 seculo XVIII 0 aspccto rural da regclc ,

fornecedora de gado e leite, percorrida pelos len tos carro s de bois q ue fazcmo t ransporte de lenha .

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NOT AS

I . &lrista Putinl - A Ck1ade de Andlieta. in RA M., XXlII, 1936 , p.34. Dr. LuizPUa - Idmtifiao~o de Santo Andre, in RJ.GJI. de Sao Paulo, XJII, p.208 , refe­nndo-se a este cam inho diZ: "0 novo, aproveitando em parte 0 do Pique ri, econ­sidcrado reccnte em 1560 . Peito pelo Oerebatiba, para semr 11 lntcresscs de BrasCubes". Theodora SDmptlio - Sio Paulo de Pin.t ininga no lim do seculoXVI, inR.I.l I.G. de Sao Paulo, vol. IV, 189 8-99. p.260: " 00 pate o lb. Matri z, encami­enanee-se para 0 alia da collin-. . w a rna de !ttl.nuel Pu s. que levan ao campoda (orca e mais aJem ale a bela mala do Caagua~u abundante em madeiras rem.Ao lado dessa rna e paralle lamen te a ella, na lom bada para allm de Anh angababu ,seguia 0 enlao caminho novo para 0 mar. cruza ndo no alIa a malta do Caaguassue descambando para as varzeas do rio Geribatiba procurava a aIdcia de Ibirapuerafu ndada pol Anchieta a tre s kguu distante. Ao lon go desse cam inho ficaramdemarcadas as duas leguas d.1 scsnu.ria do pe. Luis da Gri, toda em campo e emvarzea."

2. As Cartas dos Jesuftas tern side pub licadas em edil<Oes e colel<OcSdiversas, e umarela~io das Edi~ das primrira s eartas do Brasil e encc ntrada na Cole~io publl­cada pela Com issao do IV Ctntenario da Cid.1de de Sao Paulo, Sero{1m Leite,S.J . - Cartas dos primriros jes.ulw do Brasil, I, (1538-1553), p.69 e seg.

3. Sertlfim Leite , S.I. - Cartas dol primeiros je suitas do Bl1Isil, bol. lI (1553-1558"Comissao do IV Centcnaric da Cidade de Sao Paulo, 1954, p.120. A nota 13referc-se as aldeias de Manlcoba c de Gercbatiba.

4. Serafim Leite, S.1. - NObrega e I fu~ de Sio Paulo , p.71, 87, 88.

5. Idem - Cartas. II, p.287 e 291. a ta. 0 Irmio ferreito MateU$ Nogueira (nOla 14,que estaria em Geraibatiba .

6. Serofim Leit e. SJ . - Carras, I - Carta trim estra l de maio a agostc de 1556. peloinn ao Jose de Anchieta.. Sao Paulo de Piralininga, egcsto de 1556, p.309.Idem - Hisln da Companhia de Jesus no Bl1Isil, I, p.54)·544; BKYe Itineririo .p.167. A Aldria de "Gerebatiba ou Jaraibatiba", Senfim Leite Iaz referencia emOs jnuitas na vila de Sao Paulo. in R.A.M., XXI, p.40 : " Ilorescente em 1556,asstm como "I birapucra", que ncste ano se estabelcceu, e fieava, na opiniio deAzevedo Marques, "na modem a vila de Santo Amaro ". Mas estc autor admile

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o BAIRR O DO 1BIRAPUERA

como 1560 a sua Cunda~o (Azntdo .lfllrqUts, Apontllmtntol, II ,.

7. Strtljim Leit e, S. I . - in Cartu, II . p.316.

8. Cartes, 11 - Carta 55 , p.360. Em nota a esta Carta,St rojim Leite identifica comoJaraibatib a a aldeia cueda no paragrafc 4 . Segundo Vam hagen, in lIi sl6ria Geraldo Brasil, em abril de 1557 Sio Paulo reccbe Coral de vija.

9. Cu w . II - Carta do Pe. l ose de Anchicta aos Padres e Irmi os de Portugal. SaoPaulo de Piratininga, tim de abri 1de 1557, p.365 . 369 .

10 . Uma carla escrita par te em 1554 , par te em 1555 , po r Anchieta ao Pe. lnacio deLoyola, in Cartas dos pr imeiros [esuftas, II, p.194, 195, 209, retcre-se Ii destruil(aopclos ind ios da aldcia de Manil(oba, de onde Cora m expulso s os padres que alideutrinararn quase um ano, Francisco Pires, Vicen te Rod rigues e ou tr os.

11. CarUS, II, p.370. Carta do IllTIio lose de Anchieta aos Padres e Irmaos dePortugal. Sao Paulo de Ptratininga, fun de Ibril de 1557.

12. Cana s, II . Bahia , 2 de sctembro dc 1557, p- 412, 41 4, 4 15.

13. Carta da Ci mara de SJ"0 Paulo de Pirat ininga a D. Catarina. rainha de Portu gal,Si o Paulo de Piratininga , 20 de maio de 1561 . in CarUS. III , p.34 . Aw da CirnataMunicipal de Sao h ula , I. p.42.

14. Scs rnarta de Oerebanba, no Campo de Piratininga, San tos , 26 de maio de 1560,in Carras, III, p.191 (ver Anexo Hl j,

IS. Alt~edo Marques _ Apontam entos IIist6ricos. I, p.299 : " Rio que tern or igemnas proximidades da serra de CUbalio. e correndc no muni cipio de Santo Amaro,desagua no rio dOIS Pinheiros. E 0 mes.mo qu e na eSlrada de sao h ulo, e San tostern 0 nome de Rio Gran de. para distingui-lo do Rio Pequeno"

16. Posse da Sesmaria de Ge ribatiba no Campo de Pira tininga, 12 de agosto dc 1560,in Carras, III , p.270.

11. Serafim LtiU _ Cartas, III. p.316, Sao Paulo de Piratininga, fim de abril de 1551.

18. Madre de Deus _ MemOrias para I Histor ia dl Capi tania de Sio v iceere, hojechamada de Sio Paulo c NOliaas des ann os em que se descobrio 0 Brazil, p.200".

19. Serajim Leite - Carras dos primeiros jesu itas do Brasil, vel. II e III .

20. Cartas , II , p. 150 . Carta 27, do Pe. Ambrosio Pires 10 Pe. Diego Miron ; no ta14 - " Em Sio Vicente. Sio Paulo de Pira lL nir.~ c \Ia ni~oba , e a noticia Icvadaa Port o Segura sc referia a mcados de 1554 , ant e• .k se dcsfaze r ~hnil(Oba".

21. Carras, II , p.287. Em nota 4, Seraflm I.eite aflrrna scrcm trei ~ ~,", S:io Paulo,Gereba tiba e Sao Vicen te.

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NO CAMINHO DE IBIRAPUER A 41

22. Serefim Leite, S.I. - Os jes uitas na vi.Ia de Sio Paulo, R.A.M., XXV, p.25 e 13.lli stom da Companhia de JeNI~ I <seculo XVl - 0 Estabekcimento), p.24 7.

23. Cartas , II , p.3 ; p.34 1·34 2, lb.hia , 1556· 155 7.

24. A Ctdade de Anch ieta , in R.A.M. vol. XXIII , p.7 1, SO. Armondo Oliuby - 0Padre Manuel da Nobrega e a Unidade Nacio nal, in ~N6brcp", p. ll l , rerere-sea "Caiubi, cacique poderoso do sereso, com aldeia em Jeribatiba" ... Caiubi esua tri be dcixam a aldcia de Jeri batiba , tomam co nta do sui do plato, levantan doas choupanas da Taba tinguera, dO$ dcspenhadei ros do sui e entrada de r ate­quara (1 14) ; "Caiubi arrazcu a velha e pode rosa taba de Jeribatiba ao mesmotempo em qu e Tib iri~, rei de s reis , des truiu a aldel a de Piratinsnga" (p . 125).

25. Madre de Deus - ob . cit., p.2 21.

26. Rocha Pombo - lI isloria do Brasil, III , p.60 .

27. A lfredo Gomes - Nobrega em Piratininga, in Nobrega, p.298.

28. Sera/im Leite - Os jesu itas na vila de Sio Paulo , R.A.M. XXI, p.24.

29. Atas da Ciman Municipal de Sio Paulo , 1562 -1592 , vol. I, siculo XVI. Publica­~o do Arquivo Histor ico ; Divisio do Arqu wo Hutcnco e do Departamento deCultura , 2.a ed., 1967. A La edi~o data de 19 14.

30 . Atu , I, p.71.

31. Citando apenas algu ns doli hisloriad ores que trata ram do assuntc, alem da obrade Alfredo Ellis J r. e Afonso de Taunay, na parte que mais dtte tamente intere ssaa esta pesqu isa : I) EKo" Schade" - Os Primithos lIablu ntes do Territ orioPaumta, in RL'l,jG de Sio Paulo, V, 18; 2} Jaw Jotlquim ItIQcluldo de O/wei­ro - ~tida raciofgda sabre as aldrias de indios da Provincia de Sio Paulo desd eo corn~ ate a at ualidade , RIII G Brasiieiro, VIII , 2.a edi~o ; 3) TheodoroStlmptlio - Os G uayanis na ca pitania de Sio Vicente , in RIII G de Sao Paulo,VlII , 1903 ; 4) Th«Jdoro Sampaio - Sio Paulo de Piratini nga no lim do secu­10 XVI, in RIIIG de Sio Paulo, 1898-99 ; 5 JJ. C. Gomes Ribeiro - Os Ind igenasprimitivos de Sao Paulo _ Guaianazes ou Tupis'!, in RII IG de Sao Paulo, XIII ,1911 ; 6) Aflo llSo de FreitQs - Os Guayamis de Pirat ininga, in R,IIIG de SioPau lo, XVl II , 1911 ; 7) A lvaro A I11Qraf - Pe. Manuel da N6brega, 0 precursordo bandeirismo pautlsr a. in Nobrega, p.2S.

32. AlvQro A /TIaral _ Padre Manuel da Nobrega, 0 precursor do 8andeirismo paulista,p.2S.

33. Seraftm Leite - Os jesuitas na vila de Sio Paulo , in RAM.

34. Pe. Nelia Abro"cheJ Viotti, S.J. _ Anc hieu, 0 ApOstoio do Brasil.

3S. Ob. cit ., - I, p.299 .

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42 0 BAIRRO DO IBIRAP UERA

36. Pe. Helio Abronches Viotti - A Funda~io de Sio Paulo pelos Jesuftas, in RH, 17,p.123 . Outros trabalhos do mesmo autor : Cr(tiea Historica acerca dos fundadore sde Sio Paulo ; Aspectos da Fundalji"o de Sio Paulo atraves dos escrirc res nobre­guenses, in RH, n.o 30 ; Para uma biografia de Nobrega, in RH, n.c 28; Algunsdocu men tos ineditos sobre 0 Pe. Anchieta, in RH, n.c 30; 0 vere rsvet padreJ, Ancheta, in RIHG de Santos, vet. II , p.9.

37. Egan Schaden - Os primitivos habitantes do territ6rio paulista, in RH, 18, 1954 ;Theodora Sampaio - Os guaianazes na capitania de S. Vicente, RIHG de SaoPaulo, VIII ; Gomes Ribeiro - Os indigenas primitivos de Sio Paulo (Guayanues,Tapuias a u Tup is?), RIHG de S. Paulo, XIII ; Madre de Deus - A prcposito dosguaianazes da Capitania de S. Vicent e, RlH G, Sao Paulo, XIII ; Affonso de Fret­tas - Os guaiand s de Piratininga, RIHG de S. Paulo, XVIII.

38. Trabalho aprcscntado pelo Pe. Helio Abranches vtotn S.J. ao Congrcssc de His­te ria comemorativa do IV Centemi rio da Fundat;i o de S. Paulo, RAM, CLiX.

39. A merica de Moura - Os moradorcs do Campo de Pira tinin ga ; Carvalho Fran­co - Diciondrio dos Bandcirantcs Pauta tas.

40 . Atas, I, p.446 .

41. A mt rico de Moura - ob. cit., p.20 .

42 . Registro Geral da Cam~a Municipal de Sio Paulo, VII, p.88. Traslado da Carta(19-5 ·1598). CTD, I, p.l04 .

43 . Rcgtstro Geral da Camara Municipal de Sio Paulo, VII, p.104 (12-1 2-15981;p. I IO (29 -2-1598). COT - I, p.I I 0.

44 . R.G., VII , p.n (Traslado a 30·12-\598)

45 . Db . cit., cf. lnventarios , II , p.62.

46. A zevedo Marques - Apontamento s, II , p.226; Maria Heleno Petrillo Berardi ­San to Amaro, in Histc ria dos Bairros de S. Paulo, IV. Carvalho Franco - Dieio­naria dos Bandeirantes, p.2S0.

47 . Sobre as expedicfes, consultar as c bras scbrc 0 Bandclrismo indicadas na Biblio­grnfia (lcral.

48 . Db. cit. p.454. Carvalho Franco, Dicion:irio dos Bandeirantes Paulistas, p.15.

49 . Ob. cit ., II , p.226 .

SO . Orville A., Derby - As Bandeiras Paulistas de 1601 a 1604 , in RlUG de SaoPaulo, VIII, p.405 .

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NO CAMINHO DE IBIRAPUERA

51. CDT, vol. lI,p.34,53, 136 , 147.

43

52. RG, vol. II , secure XVII _ registro de uma carta de chao de rorc Pees0 0-9-1639" p.B7. Em 1640, sO nos primeiros rnescs ; Jeronimo de Camargo(p.12 2J; tnectc de Camargo (p.123 ,; Francisco Valadarcs (p.t 27J; FranciscoOoncalvcs (p.135,; Baltazar de Godoy Moreira, Bd chior dc Godoy. Mariana deLara (p.140, ; Manuel F. Velho (p.153); Pedro da Silva c Gaspar Sardinha (p.t 52).

53 . Amaro Alvrcs c Antonio Alvres (1640) , (p.14 2J; a Francisco Vclho c out ros(p. t 52); a Belchior de Barros e Manuel Rodrigues (p.163J.

54. Sesmarias, vol. 3 bis, p. l l .

55. Inventirios e Testamentos, vol. XXXVII, p. 139. Invcntano de Maria Rodrigues(1648)

56. Registro Geral, II, pA 76.

57. Sim6es Magro - A Legiio de Sao Paulo, in Rcvista do Arquivc Municipal, vor.XXIV, o. n .

58. Registro Geral, Ill , p.53 .

59. A zevedQ Marques - Apontam entos lIistoricos da Provincia de Sao Paulo, II,p.226.

60. Sim6esMagro - ob . cit ., p.9 nota t o.

61. Sergio Buarque de Hollanda _ A Fabrica de Ferro de Santo Amaro, in DigestoEcon6m ico, janeiro-feverctro dc 1948.

62. Heitor Ferreira ume ; Form ecro Industrial do Brasil (perfodo colonial), p.123.

63. Pandid Cal6geras _ As Minas do Brasil, p.25 e 26.

64. Carvalho Franco - Os Companheiros de D. Francisco de Souza.

65 . Sim6esMagro - ob. cit .

66. Atas (l 596-1622' , P. 197.

67. Teunay - Sio Paulo nos Primeiros Anos, p.182-183.

68. A merica de Moura _ Os Primeiros Povcadores do Campo de Piratininga, in RIIIGde Sao Paulo, XLVII, p.379; Registm Geral, I, p.139.

69. Nuro Santana _ 0 Beeo do Colegio, in Revista do Arquivo Municipal, XXVI,p.B.

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44 0 BAIRRO DO IBIRAPUERA

10: Afonso de Freitas - A Cidade de Sio Paulo no ana de 1822, in Revista do I.H.G.de Sio Paulo, XXIII, p.l3!.

11. Zenon Fleury Monteiro - Reconstitu~io do Caminho de Carro pan SantoAmaro , p.134;Nuto Santana - Sio Paulo Hist6rico, II.

72. Nuto Santana - Sio Paulo I:Iistorieo, vel. I.

13. Alas, II, p.436 ; Atas, 111 , p.129 ; Atas, IV, p.84.

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o DISTRITO SUL DA S£

No imcio do seculo XIX ainda serso concedidas novas sesmartas que,com as antigas, constitulrao 0 patnmenio tradicional des herdeiros dos pri­metros povoadorcs de Sao Paulo do Campo . Nos subnrbtos da Capital, aolongo da antlga "Estrada do Carro" sao concedldas terra s com a flnalidade denelas se estabelecerem "chacrinhas", como consta de alguns documentos.Uma destas, por exemplo, teria side co ncedida, "visto a sua inutilidade,cavi l de latrocmios e de negros fugidos", a Mariano de Almeida Lima".

Em 1807, em offcio de Franca e Horta ao capnso das ordenancas dasfreguesias da Penha , 530 Bernardo, Sant' Ana, Nessa Sen hora do 6, Cotta eSanto Amaro, ordenava-se que "se acabassem os insultos, desordens e roubospra ticado s pelo s negros fugidos e aquilombados" naqueles lugares2 •

Situayao que ha de perdurar por muito tempo, pois ir a Santo Amaroem meadcs do seculo , mesmo entre os estudantes da Academia de Direito,que induiam entre seus passeios pre fertdos andar a pe pelos arredcres de530 Paulo, sera algo assim como uma aventura. A ponto de Vieira Buenoafirmar, em sua Autobiografia' , ao se referir as longas caminhadas que,"de uma feita , fomos a San to Amaro e voltamos no mesmo dia."

Segundo 0 Tombamento de 18 17, recenseamento dos lavrado res daCapitania de 530 Paulo, feito por orde m do Principe Regente D. Joao, nso hoiurn bairro com 0 nome de Ibirapuera na freguesia de Santo Amaro" .

o service de levantamento de Santo Amaro estevc a cargo do capltaoJose Francisco Motta Salles e alferes Ignacio Jose de Souza Carvalho.

De acordo com esse Tombamento, que no Departamento do Arquivodo Estado de Sao Paulo esta rotulado sob 0 t itu lo de Bens nisticos, emSanto Amaro e ltapecirica havia 446 lavradores, locahzados nos bairrosde :

"Primeira Companhia - 97 ; Bouguassli - 25 ; Boimirim - 48 ;Boturussu - 2 ;"Capelinha - 37; ltapecirica - 44 ; Pirajussa­ra - 75; Potuvera - 89 ; Tuparoquera - 29."

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46 o BAIRRO DO IBIRAPU£R A

Ejevada a categorla de vila a 10 de j ulho de 1832. mats comunidaderural do que urbana, San to Amaro e Iigada acapital pelo Caminho do Carro.antigo Caminho de Virapoeira. Segundo Nuto Santana , "0 seu pnmeirotrecho podia ter side 0 correspondente a futura rua da Cruz Prete [maistarde do Principe, depois Quintina Bocaiuva)" . Dai continuava, segundoAfonso de Freitas, pelc local que seria mais tarde 0 Campo de sao Gc ncaloe 0 tracad o correspondente as ruas agora denominadas Rodrigo Silva, Liber­dade, Vergueiro, Domingos de Moraes. e 0 it inerano de bonde de SantoAmaro. Urn caminho novo para Santo Amaro teria sido feito em 1640 ," partindo da baixada do Vergueiro ou do Curral (rnais tarde do Bexiga ou doRiachuelo) , seguindo as atuais ruas de Santo Amaro e Brigadeiro LuisAntonio, lambada do Caguacc e bacia do Pinheiros, ate encont rar com 0

carninho do Carro, an tes de chegar a Santo Amaro! .De fate , a rua Santo Amaro foi conhecida pelo nome de "Novo Cami­

nho de Carro que vai para Sant o Amaro" e nela ira desemb oca r a avenidaBrigadeiro Luiz Antonio, inaugurada a 16 de maio de 1894. Esta avenida,ap6s 0 cruzamento com a Avenida Paulista , sera conhecida pelo nome deEstrada do Caguacu com uma variante que conduzia a Pinheiros - a Estradadas Baiadas. 0 ate n.c 226 de 30 de abril de 190 5 dara 0 nome de Caguaccao prolongamento da Avenida Brigadeiro Luiz Antonio, a part ir da AvenidaPaulista.

Havia urn caminho que 56servia a pedestres, caminho denominado "de­baixo". Levando em conta a importincia de melhoramentos para as comuni­ca~6es entre a Cidade e a Vila, alguns moradores de Sant o Amaro fazem umarepresentacso pedindo que "0 Caminho que he de a pe para a Cidade taoseja de carro de ora em dante" (16·2-1841).

A Comissao Permanente da Camara Municipal de Santo Amaro, encarre­gada de examinar a represemecro "em a qual pedem que 0 caminho quesegue desta Vila :l. Cidade de Si o Paulo, denominado debaixo, per ondetransitam pessoas a pee e a cavalo, flque iguabnente servido de transite paracarro, sendo para este tim adatad o e coneertado de mao comum pelos carrei­ros e mais pessoas do povo, abandonando a estrada de cima plr ser situadoem mao terrene , e dependendo ~e muitas pontes" , da pareeer favoravel,propondo, todavia, 0 presidente , que as pontes sejam feitas" somente pelossuplicantes e mais carre tros pela primeira vez, e que os aterrados de maocomum pelos interessados".

Luta m as Carnaras com falta de recursos para os mais elementares ser­vices urbanos. Procurando melhorar tal sttuacro, 0 Oovemo Provincial n.o 2de S de mar~ desse ano, pela qual, a partir de 1.7.1848, "passam a pertenceras Camaras os impas tos de I S600 rs. sobre as rezes, 320 15. de subsidioliterano e 0 das aguas ardentes nacionais e estrangetras, e 0 novo imposto

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o DISTRITO SUL DAS£ 47

de 6 5400 rs. sobre armazens, tavernas e botequins".Com os novos recursos, a Camara de Santo Amaro ped e melhorar 0

especto das ruas, inclusive ca l~r 0 cent ro das ruas das Processes, mas naoh3 dinheiro suficiente para uma porc;io de outras obras importantes, inclusiveasestradas.

Ao rnesmo tempo , a Camara Municipal de sao Paulo continua a cederterrenos na Estrada de Santo Amaro, pois ent re a Vila de Santo Amaro eImperial Cidade de sao Paulo h3 grande extensro de matos e capoeiras.

Desde 1833 0 distrito da SI! esta dividido em distrito do Sui e dis­trito do Norte. De acordo com a lei de outubro de 1828, a Camara Muni­cipal de Sao Paulo, pelo ato de 14 de mar~o de 1833, estabe lece que,dividido 0 distrito da S~ em Norte e Sui, aquele compreenderia " toda apovoacso que fica para 0 lado de Sao Bento, "sendo as divisas do distntoSui as segutntes" :

"Desde a Ponte de 7 de Abril, subindc pela ladeira que the ficafronteiea, daf pela rua Direita, seguindo por esta desce as casasn.c 6 e . .. a t~ 0 largo da S~ , deste pela rua da Fundi,?"o ateencont rar a rna do Carmo, e por esta rua, desde a casa de0 , Angela, n.c I , ate a ponte do Carmo, de sorte que 0 1.0

Distr itc ou Sui da se seja fonna do por toda a povoacrc quefica para 0 Iado de Sao Goncalo , inclusive as ruas per onde efeita a demarC3,?"o de urn e outro lado" .

Por ate da Pres tdencia, datado de 4-0-1863, serio marcadas as divisasdo distrito Sui da se da seguinte maneira :

" Desde a Ponte do Piques, intitulada 7 de Abril, pela ladeirado Doutor Falcao, que vern dar na rna Direita , pela mesmarua Direita ate 0 largo da Se e daf pelarua antiga da Fundiclo ateo beco que separa a casa da Marquess de Santos e da do falecidoDr. Moura, servindo a dita ladeira e as mencionadas ruas dedivisa dos referidos Oistr itos, de maneira que as casas do ladosuperior dessas ruas e ladeiras pertencem ao Distrito Sui e asdo inferior ao do Norte ."

Esta linha sera alterada por ato do Governo datado de 6-9-1872, quedeclara pertencerem ao Oistr ito Sui os predios entre as travessas do Cclegice a rua da FWldi,?"o.

Assim; pee, a linha divis6ria 56 ~ demarcada para separar os doisdistritos da antiga Freguesia da se. Na realidade, ni o se cogita de estabelecer

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48 o BAIRRQ DO IBIRAP UERA

urn limite especial para 0 distrit o Sui, visto que, para esse ledo. ja estariamestabelecidas as dlvisas com 0 novo municipio de Santo Amaro, criado em1832.

Pertenceriam a jurisdi\<io do Distnto Sui da ~ (futuro distrito daLiberdade , po r ato de l?OS) toda s terras que iriam format, futurarnente, osbairros da zona Sui , isla t!, Liberdade, Camb uei, Vila Mariana, Vila Clemen­tino , Jabaquara , Indian6 polis e outros.

Para a dtstnb utcro de callas de datas em toda esta zona , desdc osprimeiros anos do seculo XIX, determinados locais, certas denorrunaceespopulates e pitorescas, oonstituem os pontes principais de referincia - Ca­rninho do Carro , Caminho do Mar , Casa da P61vora , Perea, Quebra-Bundaprimeiro, Tek grafo, Matadouro, Estrada do v ergnetro, depois.

Os U vros de Dates referem-se a dezenas de concessoes " no caminho doCarro, defronte da Casa da Polvora"" . A maior ia dos terrenos tern frentepara a rna Conego Lese (future rua da Llberdadc] mas neles nso se constrotimed iatamente, po ls a cond ieao ~ "n rc se fazer fogo de qualqu er qualidade",e nso seconst ruir casade morada .

Assim alguns pro prletanos chegam a requerer i Camara que " se marqueoutro tugar para a Case da P6lvora afim de pode r edifica r em terrenos conce­didos perto da Casa da P6lvora atual" . Pedidos que nao serso atend idos.

A Casa da P61vora tinha ficado pronta no comeco do ano de 1813.tendo a Camara Municipal mandado pub licar urn edital o rdena ndo que tod osos que negociassem p6lvora deviant a cia recolher 0 que excedcssc 0 peso dequatro libras, de acordo com 0 regiment c cntso cstabelectdo" . Nessa epoca ,sua localizacao serta razoavehnente distante do centro urbane , e. a medidaque a Cidadc se expa nde para 0 Sui. a Casa da P61vora const itu ira urn impe­CiUlO maier qua nto i auto rfzacro de novas construcses.

Na mesma direi?o Sui. no alto do morro , situa-se 0 Tee grafo , rodeado ,ainda em meados do seculo. de terrenos devolu tos . que serso concedidos.aos poucos, como dates. Tais conccssscs sereo em maie r mlmero qua ndo 0

Te kgrafo for transferido para outro local" . A alguns pcdidos 0 fiscalFra ncisco Antonio Borba da 0 seguinte parecer :

-E xarnmando os te rrenos para 0 lado esquerdo do ant igo Te k­grafo encontret terrenos devolu tos no alto do morro onde estevecolocado outrora 0 Tejegra fo , urn grande assento de campos.que, consta-mc ester reservado para a nova Casa da Po jvc ra,seguindo a est rada no mcsmo scnudo. terrenos com pouco

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o D1STRITO SOL DAsf: 49

Demetrio da Costa Nascimento, assim como urn grande te rrenedevoluto que chama Mato Grosso, com campos e matos na con­tinua~o da estrada mais distante da cidade e que serve de logra­douro publico para animais, para a pobreza fazer lenha e outrosmisteres."

Entre as chacaras do bairrc da Liberdade, haYia urna denominada do"Quebra-Bunda" , situada ent re as atuais ruas des Apeninos, Pires da Mota,Nilo e Paraiso, onde se situou 0 Hospital OfU:lmico. Ai os escravos que ni oserviam aos senhores recebiam grandes surras " a ponto de ficarem os infeh­zes descadeirados, provindo daC 0 nome de " Quebra-Bunda" dado amesmachacara, a qual confmava com as terras pertencentes ao tenente JoaqutmRodrigues Cardim e Padre Jeronimo Maximo Rodrigues Cardim e LourencoJeronimo Maximo Rodrigues Cardim e mais irmios, e atualmente (19 10)pertence, em parte , ao propretano do Jardim da Adima~o e aos herdei­res de Francisco Justino da Silva, falecido a II de agosto de 1901 haven­do , ajern dew tradiciona l ehacara, outras em diversos lugares da cidade,e tambem afastados do centro, em que se disciplinavam os escravos, aplican­do-se-lhes surras, gratuitamente, e por amizade aos respectivos senhores, ou,entao, mediante pagamento de qualquer quantiaaos proprietaries de taiscMcaras" \O

Esta chacara pertencera a Jer e Nepomuceno, que a vendera a Jose deOliveira Veloso. Demetrio Nascimento arremata ra-a em pra~ publica, apesa morte de v eloso.

Entre a chacara e 0 terrene de Antonio Jose de Moraes esta localizadourn terrene doado per Demetr io Nascimento para logradouro p6bltco, notempo em que era presidente da Provincia 0 bario de lguape. Entre tanto,em 1862, a Camara pretendeu cede-lo como data, diante do que, a 28 deagosto do mesmo ano, Costa Nascimento apresentou urn protesto, impedindoa concess!oll.

Os melhoramentos urbanos exigidos pela expansso da Cidade concorre­rao para 0 desaparectrnentc paulatino das chacaras. Da chacara de Demetr iodo Nascimento sera desanexada uma area para a abertura da estrada doVergueiro.

Embora negue algumas datas de te rras situadas no lado direito do morrodo Telegrafc , no ana de 1860 a Camara Municipal concedera varias nas suasimediay6es12 , mas ao estudar a distribuicao do rossio, iri venflcar que hli.insuficiencia de terrenos para logradouros pnbbcos, deliberando "reservarpara logradouro publico deste municipio, att a extensro maxima de urnquarto de lc!gua quadrada, ou meia Itgua em pen'metro de campos e varzeas,pela estradas de Cotia, Jundiai, Braganea, Conceicro de Guarulhos, Penha ,

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50 o BAIRRO DO IBIRAPUERA

Mecca, San tos, 0 , e Santo Amaro." Pela est rada de Santo Amaro sio reser­vades terrenos na varzea e no campo do mesmo nome'"

A Camara Municipal manda urn engenhetro frances, Mr. Prudent , fazera planta e 0 orcamento da estrada desta Capita l a Santo Amaro, mas como osrecu rsos para sua execucrc Ilia sao suficientes, solicita aux l1io ao GovemcProvincial, alegando que tal despesa e provincial e nao municipal. Toda via,o Governo Provincial devolve-lhe 0 orcamento, afirmando nao haver quota nalei vigente do orcamento, para concertos da estrada em questrc' ...

Com varias pontes em pesnmo estado, a estrada e quase intransitavel,provocan do reclamaczes frequentes dos condutores de gene ros alimenticiose madeiras, particularmente quant o as pontes sab re as nbetrees Uberaba eUrubuqu icaba, pertencentes ao municipio de Sao Paulo na est rada de SantoAmaro. Para conc erta-las foi designado pela Camara Municipal de Sao PauloAdo lfo Alves Pinheiro , residente na Vila de Santo.Amaro' 5 .

o fato de existir, no caminho que liga Sant o Amaro a Sao Pau lo, umabarreira, inclui a est rada entre as provincials, Por tsso a Camara Municipal deSao Paulo insiste junto ao Governo da Provincia, solicitando sua aten¢opara a estrada cujas pont es estio "e m estado de nao dar tnin sito , mas en­quanto espera ser atendtda '" entram em entendimento as Cameras de SantoAmaro e a de sao Paulo, para cs concertos urgente s. Somente em 1869 urnoficio da Secretana do Govemo Provincial comunicara aCamara Municipalde Sro Paulo que ja fora entregue uma verba de 1:500 S para a estrada deSan to Amaro.

Esta t uma situa~o permanente: a estrada, de 'grande importinciaem virtude da fun~o de Santo Amaro , de abastecedor do mercado da Cap ital,esta sempre necessitando de reparos, quer por causa do transite intenso doscarros e cavajefros, quer pOT causa da passagem de gado bravio, destinado arnatanca. e que deve permanecer nos campos denominados de "Santo Ama­ro", campos bern irrigados, constnulndo verdadeiras invernadas. Mas, oscofres das duas Cameras estao sempre vazios, num apelo constante, pree­mente, angustioso ' ".

~ muito grande a distdncla ent re 0 centro da Capital e a vila de SantoAmaro - 13,600 km - sendo a linha dfvtsorta entre os dots municipios aseguinte'" :

"Com a freguesia da Se. pelo ribeirdo da rraic;ao acima, desde 0ponto em que atravcssa a est rada ate suas primitivas vertentes,e dai seguindo ate chegar a Cruz das Almas, na estrada dosCarros , a buscar 0 Sitio do cap . Andre Cursino, e da i. rurno sui,pela estrada que vai ao Curral Grande, sltio de Antonio Mede iros,seguindo a estrada des Carros ate a encruzilhada de Pinhanhiba,

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o VISTRJTO SUl VA S£ 51

onde se toea com a reta que , seguindo pelo mo rro vermelho.divide a se da freguesia de sao Bernardo: '

Tal distdncia explica 0 aspecto rural da regiso, com mate s e capoeiras,caminhos mal cuida dos, atravessados por nbetroes sobre os quais as rusticaspon tes estso semp re a cair , estrada , poeirenta ou alagada , conforme a epoca.Aspecto que nio seria mu ito diferente do conhecido pelcs antigos moradoresdo Bairro .

Em 193 6 19 alguns negocia ntes de gado pediram ii Cama ra Municipalde Sao Paulo que decla rassc de urilidade mun icipal "os campos denominadosde Santo Amaro, parte des quais fechou 0 prefeito de Santo Amaro" .

Tais campos, situados mats o u menos a uma legua de Sao Paulo , nsot inham ainda benfeit orias, e os su plicantes alegavam que nao havia ou trospastos para 0 gado de corte. 0 parecer favoravel da Comissao fazia referenciaii existe ncia de mais de qua troce ntas cabecas de gada nesses campos.

Co m seu aspecto caractenst fco, percorr ida pa r t ropas e barulhentoscarros de bo is, com seu chiado inccnfundfvel, sua lentidao natu ral, entreSanto Amar o e Sao Paulo esta , no caminho de Santos, a zona que se trans­fe rmata urn dia em varies bet rros. vilas ou jardins, com novas fun96es - in­dustrial, resldencial, recreau va. comercial e administrativa . Mas antes de ser adistrito de Ibirapuera. sugerido po r tecnrcos em administracao municipal,a u bairrc residencial - Vila Mar iana , Indian6po lis, Brooklin au qualqueroutro bairr o, durante mais de tris seculos a maior parte de sua area tedurn aspecto rural , individualizado pela varzee de Santo Amaro e seus ribei­roes . Por ela passavam , obri gatoriamente, os negociantcs de madeira, que ,vindos de Santo Ama ro e Ita pecer ica, faziam suas feiras semanais no Bexiga,onde se alinhavam, em meados do seculo XIX, dezenas .ae carros debois20

Nessa epoca, 0 Largo da Liberdade ja se tamara insuficiente para amo vimento das feiras semana is de madeiras, a pon te de, na sesslo da Cama raMunicipa l de 8 de janeiro de 186321 , 0 vereadcr Leandro de Toledo proporque se

"remove do la rgo da Liberdade para 0 dos Curros, a feira que sefaz no primeiro largo, visto que nao oferece as cornodidades enem a capacidade necessaries para comportar ti o grande nnmerode carros, tendo apenas uma s6 saida, e esta multo est retta eincapas de se presta r ao tra nsite das ma s que, simultaneamente,entram e saem nos dias de vendas de madeiras."

A Camara , per proposta de outro vereador, decide que :

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52 o BAIRRO DOIBIRAPUERA

"se faculte aos carroce iros entrarem pe lo Telegrafo, rua da GI6riae freguesia da Penha , e estaconarem no Largo da Liberdade a udes Curros, e os que vierem de Santo Amaro pelo Bexiga, aseguirem diretamente para os Curros"

A dec tsro da Camara 1\50 fol aceita pelc Govemo da Provincia . A 7 demarco do mesmo ano]2 0 President e da Provincia ofieia aCama ra que anuletal decsso. Assirn, a Ieira de madeiras continua a realizar-se no Largo daLiberdade, para onde conttnuarfc a afluir carros carregados de generos ali­ment icios e madeiras provenient es de Santo Amaro e das fazendas em suasproxtnudades' ", nao obstante " 0 estado ruinoso em que estso as pontesdo Uberaba e Urubuquicava, pertencentes ao municipio de Sao Paulo, naestrada de Santo Amaro" , como dira urn offcic da Camara de Santo Amaro(30·1-1865 ). A ponte do rio Uberaba acabara ruindo , ficando enca rregado deconserta-la um morador de Santo Ama ro.

A zona sui de Sio Paulo nfo e apenas a zona que fica ent re 0 centrourbano da capital e 0 da Vila de Santo Amaro. ~ tambem a 'area de comunt­ca~s muito mais tmportantes e de maier alcance, entre 0 Planalto e aBaixada Santista , entre 0 sertro e 0 mar.

Sem pre foi muit o importante para a pr6pria manutenyao do antigoColegio de Sao Paulo de Piratininga, a conservacso do Caminho do Mar,Iigayao tmpresctndrvel ent re 0 planalt o e 0 literal, via de escoamento de pro­dutos para 0 abastecimento de Santos e sao Vicent e. a u escravos e ouro. Osproblemas da estrada s:fo salientados nas Atas das sesszes da Camara, e trso,evtdentemente, forcar a expanssc urba na no sent ido do Sui, como salientaLucila Hermann'":

"em torno, primelro, do anti go caminho para 0 mar , refazendo aantiga trilha dos tupiniquins, atraves os brejais do Anhangaba6,do Lavapes, do Tamanduatef, e abrindo, no corecsc de cidade, arna do Carmo; do novo caminho para ° mar. aberto no tempodos Oovemado res, e, rasgando , nos subUrbios da Cidade, a ruado Cemiterio , hoje rna da Gl6ria , saindo da rna do Quarrel,hoje 11 de agosto ; do caminho do carro para Santo AmiJro,segu indo tortu oso e dlfrcil , quase paralelo ao Anhangabau,forcandc a abe rtu ra da rna da Pc lvora, hoje da L iberdade' ",cortando 0 Campo da Pojvora, hoje Largo da Liberdade, peloPatio da eadeia, hoje Praca Jose Mendes, saindo nas ruas Espe­ranca, hoje quase desaparecida, e Sio Gcncalo, hoje tambemdesaparecida.

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o DlSTRITO SUL DA sr 53

Uma analise do Mapa Topograflco de Sao Paulo {I 810) rnostra aexpansao da Cidade para 0 SuI, em torno das safdas para 0 mar, em direiY50aos atuais bairros da Mooca' ", lpiranga, Santo Amaro, enquanto se expandepara 0 Norte, no sentido do Guare (Luz).

Explica-se esta expansso para 0 Sui, pots, de fate , tais bairros estariarndentro da area entre a estrada de Santos, tsto ll, 0 Caminho do Mar, e a sardapara 0 interior, a estrada que liga a Capital a Itu, centro produtor de a~u­

caLUrn aviso do Principe Regente D. Jose, datado de 4-11-1799 aprovara

" uma contribuicao voluntarta" des rnoradores de Sao Paulo para "construcsoe reparo do caminho de Santos" , 0 que leva 0 Governador da Capitania aoficiar aCamara Municipal de Sao Paulo (6-3-1 805), no sentido de se aplicarparte dos recursos obtidos na construcso de "ranchos", que desde a estradade Itu ate 0 Cubatao se fazem indispensavelmente necessaries para a como­didade das tropas e abrigo dos condutores que dianamente versam por elacom os referidos acucares ...", artigo mais Importante de exportacro ecomercio para 0 reino!".

\

A necessidade de se manter em boas condtcces 0 carrunho que liga aCapital ao Iitoral, tanto para 0 regular escoamento de produtos do Planalto,como para 0 abastecimento deste, continua a forcar a expansro da Cidadepara 0 SuI, particularmente quando, em meados do seculc, se cogitar daconetrucro de urn novo caminho para 0 mar, de cuja construcso sera en­carregado Jose Vergueiro .

Evidentemente , tal obra, se, de wn lado favorece a expansro urbananesse sentido , per outre , fara entrar em choque interesses publtcos e parti­culares.

Preocupados, alguns negociantes enviam representacro ao Presidenteda Provincia, atraves da Camara Municipal. Todavia, 0 Governo afirmaraque "tnteressado no aumento e prosperidade da Capital, nada fara que lhepossa resultar prejurzo'".

Para a construcao da estrada sera desanexada uma grande parte desterrenos da chacara do Quebra-Bunda. Na demarcaero, porem, dos terrenosda Gl6ria, pertencente a Fazenda Nacional, foram compreendidos nao apenasos terrenos desta, mas "0 local do pedregulho na estrade de Santos denomi­nado Mato Grosso, de servidac publica bern como alguns pedacos de camposque estso no gozo da populaero para pastagens e outrosrrusteres" , por issoem sessso de 21 de junhc de 1864 decide a Camara Municipal constituiradvogado" a fim de promover 0 direitc do municipio a tats terrenos, opondoos remedies legals para que eles nso flquem compreendidos na demarca­iY50 .,, 29

A estrada , na realidade, sera a conttnuacro de uma rua, por isso preo-

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54 o BAIRRO DO IBIRAPUERA

cupa -se a Camara com sua arborfzacso , manda ndo plantar palmeiras, cogi­tando-se, ainda de replantar ervores que morrcsscm, pelo menos ate a" csquin ada casa de Augusto Duma,,30. A despesa com 0 replantio das palmeiras, feitapor Jose Bonifacio de Toledo, ficou em 65$00031

.

Mas, continuam os at ritos , De urn lado , sitiantes da regtro , prejudicadospela desapropnacro de suas terras em benefi cia da estrada , lnsistem em pedirnovas terrenos!" . De outro , 0 teor de certos oficios cia Camara ao GovernoProvincial revela certo ressentimento daquela quando , por exemplo , refere-seao tcrreno junto ao Matadouro publico, "invadidc e infestado por animai s det rabalhadores do Comendador Vergueiro", cont ribuindo para a polutcro dasaguas dos Tanques!" .

Nrc apenas animals contribuem para a polutcro das uguas, mas ospr6 prios moradores, lavando roupas no tanque publi co de Santa Tereza, novale do Telegrafo . Como a Camara proib tsse tal prattca , diante de uma repre­sentacao dos rnoradores , a Comissao encarregada de examinar a pettcro sugcreque "autorize a lavagem de roupa s em gamelas, fora do tanque, ou em vazi­lhame ap roprtado lancando fora a ague servtda", lembra ndo que 0 tanqueem questao nao presta ut ilidade alguma, assim como e certo que para aqueleDtstrtto' ha grande falta d'agua para 0 mister a que se referem os suplicantes" ,A proibicao da Camara foi mant tda!" .

Havendo varies pedidos de datas de terras - sao muito s os terreno sdevo!utos na zona sui, pa rticu!armente nas imediacoes do morro do Telegra­fo - a Camara enca rrega 0 engenheiro Romien de fazer a planta dos mesmos,atendendo , assim a vanes pedidos em 1865 3 5

.

Nessa epoca . de acordo com uma divisao das ruas e Freguesias daCapita! entre os nove vereadores, eada urn sc encarregava de urn distrito ,para inspecionar e reclamar-lhe os melhoramentos necessanos. 0 oitavodistrito, do qual se enearregaria 0 vereador Malaquias Rogeno Salles Guerra,compreendia a ladeira do Riachuelo , ate a divisa de Sant o Amaro, rua ebeco de Santa Cruz e Matadouro.

Data desse ano a denorrunacro de Liberdade a rua conhecida aindacomo do Ce nego Leao, quando foram feitas vartas altcraczes na nomencla­t ura das mas da capttaf 6 ,

Mas Sao Paulo e ainda uma cidad e com problemas de diffcil soncro.Urn deles e 0 que se refere ao fomecim ento de ague para beber e a propo­sito, as ata s das sessees da Camara content pitorescos e interessantes epi­sodtos relacionados com 0 fom eciment n de agua da vertente do Moran­gutnho, localizada na chacara do Dr. Gabriel Riheiro des Santo s, vendida aCarlos Theodoro Stree t. 0 caminho que levava au ,\:" ran!!Uinho to rnou-sea rna Jaceguel! ",

Desde 1854 a Camara Municipal esta au tonzada a requerer as auto. ldadcs

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provinciais e imperials, mats meia legua de terras para aumentar 0 rossio daCtdade. Entretanto, ainda "em 1863 nzc tinham side demarcados correta­mente os limites de acordo com a concessao de meia legua. Nesse sentido,a Comissao Permanente da Camara ~ de parecer que se oficie ao GovernoProvincial, lembrando que 0 Presidente devera nomear urn engenheiro e aCamara outro, e, assim, "se procedera em tenno breve a essa demarcacaona dire¢'o de todas as est radas da Cidade, a parti r da porta principal da S~

Catedral em linha reta e horizontal , fazendo-se nessa ocasao uma demar­cayao suplementar de mals meia legua que a Camara Municipal transata pediuaos Governo Provincial e Imperial, conforme facultou 0 Aviso de12_10_1 854.38 • •

o Governo Provincial nomeou para tal service 0 engenheiro RaymundoP. Alves Sacramento Blake, e a uma consulta da Camara, informa que asdespesas da medicao correrro par conta desta. Posteriormente ira a Camarasugerir que a medi~o seja feita na estacro seca, abrilou maio.

Como se ve, M sempre alguns anos ent re as discussoes preliminaressobre os problemas e as solucees dos mesmos.

Interessada em corngir certos aspectos da Capital , que tende a esparra­mar-se, com largos espacos sem const rucees, criando problemas de adrninis­trayao e enfeiando a Cidade, enquanto nrc se demarcam os limites do roseto,~ aprovada uma indica¢'o (28-1-1864) de urn vereador no sentido de

"a bem dos interesses do Municipio se declarar de nenbum efeitoas datas de terras que foram concedidas a diversas pessoas, nosarrabaldes desta Cidade, e com especialidade, as que ficam de urnquarto de legua para dentro , e que nao foram 'cultivadas e edifi­cadas como determina a Portaria de 8.2.1830, art . 15 e bemassim, que se recomende aos Piscais toda vigi1:incia acerca daresolucso que for tornada, como ja se lhes tern recomende­d039.

Mas, em materia de urbanismo tudo ainda esta por se fazer, alem dolargo da Liberdade e suas tmediaczes. E, quando se fala em "sardas paraSantos" , a referencia a "estrada" significa ainda a continuacao da rua daLiberdade, ou do " caminho para Santo Amaro". At~ 0 encarregado daIimpeza da Cadeia obtem urna data de " terra pelo lado da estrada do ver­gueiro para fazer urn telheiro onde possa guardar os carros e mais objetos deseu trabalho" embora temporariamente, isto ~ , "enquanto vigorasse seu con­trato com a Camara4 0

Na varzea de Santo Amaro, ainda em 1871, enquantc esteve a serviceno concerto da estrada, Jose Patric.io mandara construtr urn rancho para

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abrigar seu cerro e bois, em virtude de trabalhar multo Jonge de sua casa",rancho que, em 1873, agora em terrene cercado, desaflari as posturasmuni·dpau, em flagrante desrespeito i lei.

Vastos terrenos por ccns trutr, pastos, campos abandonados, ranchosabrigando bois e carros, e, ainda mail , falta absoluta de Ilumtnacso, cisalguns aspectos da zona que se estende alem do antigo Campo da P61vora.

A Camara oficia ao Govemo da Provincia, pedindo que scjam colo­cados lamplees no Largo da Liberdade aU! 0 destacamento da P61vora, "tendoem vista a grande distfncia entre os dais locals", e as insistentes reclamalj6esdos moradores (1869). Quase urn ano depo ts, novamente a Camara Municipalid pedir meios para colocacro de mais cern lampioes nas tr~ s freguesias da Se,Santa Eflgenia e Bras (3·3·1870). '

Alias, embora nessa epcca estwessem os edis preocupados com a neces­sidade de arbcrizar as principals pra~as da Cidade, os pequenos largos dodistrit o Sui da ~ foram completamente esquecidos. lndicam-se zeladoresgratuitamente da arborizay!o dos largos do Carmo, de Slo Goncalo e daG16ria, sem que se cogite do que seria a rua da Llberdade. com todos os seusprolongamentos, lbirapuera afora.

Assim, aquilo que sen 0 distrilO da Vila Mariana, ainda es11 por seurbanizar e. em certo sentido, ainda per se povoar. Pois, ainda em 1872,moradores da P6lvora solicitario aCamara Municipal que "se limpe e Iecheterrene vizinho, que, coberto de mato, incomoda os suplicantes com ajunta ­mentos noturnos que ali se dio e onde se praticarn imoralidadesv'".

o proprio Governo Provincial serli responsabilizado pela demora decenos melhoramentos para 0 baino, pais em 1872, embora tivesse sidotransferido 0 deposito de p6lvora , a antiga Casa da Polvora nsc tinha aindasido demolida, impedindo a conttnuaeso de uma rua que iria da Glcrta irua da Liberdade4 3

Amedida que se desenvolve a lavoura cafeeira em sua expansio para 0

Oeste da Provincia, a expansio urbana toma novos aspectos , ou antes, novosrumos, atraves de determinada s radiais.

A construesc da Estrada de Ferro Sio Paulo Railway iri provocar umsurto urbanistico no sentido Norte e Leete - maior neste ultimo, onde 0 Srlisserli beneficiado, do que naquele, onde as condi~ topogrlificas retardarfoo desenvolviment o na margem direita do rio Tiete - mas, no conjun to, aCidade apresenta ra certa tendencia a acentua r a expansi'o demogreflca nad ire~o Oeste, desviando-a momentaneamente, da estrada de Santos. doCaminho do Mar, para 0 interior paulista , para 0 oeste cafeetro, isto e, urn

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deslocamento do Sui para 0 Oeste , devido, em parte amda, anova Iigat;ao doPlanalt o com 0 literal pela via ferrea.

Assim, os batrrcs do Sui que antes foram beneficiados em virtude dafun yao do antigo Caminho do Mar, enquanto nr c se inicia a era das rodovias,sofrerrc, por algum tempo, uma especle de estagnacsc no processo de urba­nizayfo, nao obstante a concessso, pela Camara Municipal, de cartas de datas,particularmente a partir de 1880 , tanto na estrada do Vergueiro, como noCaguayu, no Tejegrafc e na estrada de Santo Amaro.

Todavia, tab concessoes mio serio feitas no mesmo ritmo das que sefario na direyao ociden tal.

A uma legua da Cidade exist em campos e pequencs capoes de mato decujos pastos se utilizam tropeiros, sitiant es ou negociantes, pondo ali , emcomum, 0 gada para abastecimento de carne verde aCapital.

Urn aviso do Ministerio da Agricult ura , datado de 20-7-1881 eutorizarao presidente da Provincia a "mandar vender em basta publica, a Julio Teodo­rico, ou a quem rnais vantagem oferecer, 43.56O,OOm2 de terrenos devolutos,que 0 engenheiro Leopoldo Jose da Silva declarou existirem i margem daestrada de Santo Amaro, coma rca da Capital."

Com uma serie de considerandos , provando que "os Campos dessasterrae src verdadeiros logradouros pliblicos e de usa conium, como define aLei n.o 60 1 de 18 de setembro de 1850, art . 5, §4, "0 vereador Dr. Joi oBueno solicita i Camara que represente ao Ministeric da Agricultura e aoPresidente da Provincia a revogacro do Aviso4 4

A questso das terra s patrimoniais do Municipio esta sempre presente.Discute-se a legalidade da concessro de datas pela Camara Municipal naestr ada do Vergueiro. Particularmente junto aos terrenos do chamado MatoGrosso4 S

Em sessro de 22·5·1882 , 0 presidente da Camara , Dr. Jose Mendes Jr .assim se refere ao assoot04 6

:

"0 patrimOnio da Camara desta Capita l nao deve ser confun­dido com a determmacsc do seu rossio para logradouro com um.Este ccnsta da Carta de Sesmaria de 25 de mart;o de 1724, aquelaconsta do foral da Vila de Sao Paulo de Piratininga de 18 demarco de 1660 . •Se a Camara tern concedidc datas nos limites da meia Iegua ~

porq ue 0 Alvara de 10 de abril de 182 1 permitiu fazer tais ahe­nat;Oes na parte desnecessana para logradouro; mas, 0 patri ·mOnio da Camara esta ccntido nas sets It!guas, tanto assim que asantigas datas e aforamentos eram feito s naquelas seis liguas ,segundo CORSta do arquivo . Quando mesmo a Camara nro pudesse

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da r datas sense na meia legua, teria dircito de if ate a antigaest rada do Carro , no bairro Mato Grosso. caminho velho deSantos , porque segundo 0 termo de med i~ao feito em 1769 , ameia legua termina no ribcirao Ipiranga. Constes a propriedadcdo Estado sobre a antiga Chacara da Gl6ria, porque os jesuftasnun ca tiveram sobre ela sense 0 dominio dtil; mas quando fosseo con trano. ainda assim poderiam ser co ncedidas datas no lugarja determinado pela Camara . porque esta fora dos limites daChacara da GI6ria" .

Urn ana depots, a situa~o continua a mesma. A urn offcio dePrestdcnte da Provincia relatlvamente Ii concessro de datas nos terrenosdenominados Mato Grosso situados na Estrada do v erguetro , a Camara res­ponde co m urn parecer assinado por Francisco Baruel e Cant mho Sobrinho,a 27 de junho de 18834 7 declarando legit jmamente conflrmados os direitosda Camara Municipal de Sao Paulo aos terrenos do Mat e Grosso .

Para cs entend imentos com a Presidencia da Provincia a Camara apre·senta dois pareceres - de Dr. Joro Mendes Jr . e 0 assinado pe r Baruel eCant inho Sobrinho. Entre outros argumentos, lembra que "datas nos terre­nos eo lado da estrada de Santo Amaro Coram concedidas sem opos.i~o daFazenda Pliblica; e mesmo no ano passado novas datas Coram concedidasnas pr6prias terra s do Mato Gro sso , lado direito da Estrada do Vergueiro eesquerdo daquela acima referida , na extcnsro de algumas dezenas de met rossem que tais conccssoes provocassem rcclamacro por parte da mesma fa­zenda ....

Mediante tats documentos e argumentos . a Camara pede ao GovernoProvincial que suspends a medi~ao de totes naqu elas tetras, para serem dis-rnbuidos aos municipcs. .

a teor dos documentos da epoca permite que se avalie 0 aspectc dasterras da zona sui da Imperial Cidade de sao Paulo. E que se tenha umaideia da expansro do Distrit o Sui da se no ultim o quartel do seculo XIX.

Duas radiais tmpon antes - a estrada de Santo Amaro e a estrada doVergueiro. Uma , conun uacro da atual Avenida Brigadeiro Luis Antonio ,tambem dcnominada Estrada do Caguacu, tomando a dtrecro levementepara Sudcste, ate que , cruzando 0 C6rrego da Trai~ao , ira atingir 0 muni­cipio de Santo Amaro, 0 antigo Virapocira. Dut ra, continuacro da rua daLiberdade, orientada para Sudeste, na dire~ao do nbeuso Ipiranga at E! encon­trar 0 ant igo Caminho do Mar.

Entre as duas radials, ao lado de algumas chacaras, largos espacosvarios, terrenos cuja co ncessro E! duvidosa, mates e capoe iras, caminhosmal cuidados, percorridos pe r tropa s e tropeiros, carros de bois e boiadas,

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pontes precarias sobre os diversos rtbetrees . E, mesmo entre a rna do Paraisoe a rna da Consolacro, a chamada mata do Caguacu ainda era exuberante .

Na realidadc, sob a ponto de vista estritamente urbane. ainda i! cedopara se considerar as trncdiacecs da estrada do Vergueiro como parte doperimetro de fato urban izado.

Se 0 abastecimento de agua i! precario , muito mais sene t 0 problemade Ilumlnacao publica, decididamente ausente , pois nso ira alem da rna daLiberdad e, ainda na decada dos cite nta . Em seSS30 de 7·2 ·1881 a Camaraaprova indicacao no sentido de "se representar com urgsncta a AssembleiaProvincial sobre a necessidade de autonzar 0 Govemo da Provincia a aumen­tar , com rnais duzent os. 0 numero de combustores de uurnmacro publicadesta Capital . devendo estes combustores ser distribuidos conforme as necessi­dades publicas, atcndendo principalmente a impo rtancia e progressive desen­volvimento dos arrabaldes da Capnaj'".

Obtida a eutonza csc {Lei Provincial n.c 39, de 2 1.2. 1881).0 GovernoProvincial solicita aCamara que infcrrne, "com brevidade , quais as ruas queainda nao gozam, mas necessitam desse melhoramento e quais as que, tendotlumtnacro, precisam de aumento de cornbusto res' ' .

Entretan to , os melhoramentos pleiteados ni o atingirdo tio rapidarnentecs novos bairros que vio surgindo. Ainda em 1883 sera solicitada iluminacaopara a Estrada do v erguetro . ate 0 Morro Vermelho e em 1885 a Camara fania requisi~o de combustores de gas para varias mas, entre as quais , a est radado verguetro'" .

Somente a 3 1 de maio de 1889, quan do serso abertas algumas propos'tas para diversos servtcos, cogttar-se-a de fato da "colocacro de lampiees deiluminacao da Liberdade aVila Mariana, iguais aos que via ser colocados noaterra do de Santa na", Os lampiOes majores custarso 35S e os menor es 3OS.

Nio obstante as melhoramentos no sistema de transporte que Sio Pau lovai ter na segunda metade do scculo XIX ainda persist ira a paisagem rural nosCampos de Santo Amaro, na zona sui da Ctdade. Tropes, carretros, carros debois percorrem os caminhos que , partirido do cent ro da Cidade , dirigem-se aSantos ou a Santo Amaro. E, ernbora sejarn concedidas muitas datas de terranes imediacoes da estrada do Vergueiro e do Telegrafo, na v arzea e nosCampos de Santo Amaro, ent re a Estrada do Vergueiro e 0 Caminho deSanto Amaro, mates e capoeiras formam terrenos devolutos, vazios de povoa­mento e de edtflcaeoes, aespera de' urbanizacdo.

Em 1871, 0 Govemo Provincial assinara com 0 engenhetro NicolauRodrigues des Santos Franca Leite, urn con trato para a constructe de umalinha de diligencias na Cidadc" por mete de trilhos de ferro, tiradas porarumats!" . A primeira linha , inaugurada no ana seguinte, ia do Largo doCarmo ate a Estalfio da Luz. Em 1877 inaugura-se a linha do Bras, ate a Esta-

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crao do Norte, que era, entr e, 0 ponto final da Companhia Carris de Ferro deSao Paulo.

Outras Iinhas serro inauguradas postenormente para a Mooca, CamposEhseos. Santa Cecrha , Consolacro alem de urna para a rna da Liberdade,cujo ponte final sera a r03 de Sao Joaquim. Desse ponto pertira urn Irenzinhoa vapor para 0 futuro bairro de Vila Mariana e para 0 municipio de SantoAmaro, isla e, a linha da Companhia Carris de Ferro de sao Paulo e SantoAmaro, para ser inaugurada a 23 de janeiro de 1885, pelo engenhetro AlbertoKuhlmann.

Dessa maneira 0 antigo Ibirapuera sera cortado por urn novo e modernomete de transporte. A longinqua v ia de Santo Amaro passa, nos ulumosanos do seculo XI X. ater Iiga9io mais rapida, nao apenas com 0 Distritc Suida Se, pela Carril de Ferro Sao Paulo - Santo Amaro, mas com 0 outre ladoda Cidade , pelos bondes puxados por burros, bondes estes sem Iluminacroalguma, e que trafegavam somente ate oito e meia da noite. Seria esta . depotsdas vias percorridas por carros e cavaleiros, .tropas e boadas. a pnmeiradiametral - Norte-Sul. postertormente Iigada a Ponte Grande e Santana.

Uma outre linha da Companhia Carris de Ferro Sao Paulo e SantoAmaro deveria ligar Vila Mariana ao at errado do Gaz6metro. Entre tanto, 0tracadc aprovado pelo Oovemc Provincial, corta ndc a Vinea do Carmo,sera impugnado pela Intendencta instalada depots da proclamacso da Repu­blicaS!, o que leva a Companhia Carris de Ferro a apresentar nova planta comnovo tracado, para nao prejudicar futures melhorarnentos na v arzea. Namesma epoca. a Comissao Diretora da Expostcso Continental (189 1) obtema concesssc de uma Iinha de bondes entre a celina do Monumento do Ipirangae o bairro de Vila Mariana.

Esu, pots, na ultima decade do seculo XIX, 0 trecho da zona Suisituado en tre a estrada do Vergueiro, e a estrada de Santo Amaro, co rtado porurna nova esfrada. a do tramway de Santo Amaro, ao lan ge do qua l os futu rospontes de parada serso novos nucleos de futures bairros, corta dos por mo­dernas aven idas.

Numa velocidade de 80km por her a, apelidado de "gaiola de tate", apartir do Institute Biol6gico, 0 bonde amarelo, fechado com o os vegees deestrada de ferro, tomava-se 0 "Perigo Amarelo", em virtu de do excesso develocidade.

~ interessante observer que a ant iga denomi nacdo de Ibirapuera, quelembrava a antiga aldeia de Caiubi prati camente desaparece des documentosoficais da Cidade de Sao Paulo. Embora seu povoamento ainda seja espora­dico, 0 antigo caminho de V'm poeira comeca a se dividir em pequenoscentres de povoamento. mas s6 no comeyo do seculc segumte vctur-se-aao nome traditi onal com a criayio do distrito de paz de Ibirapuera, com uma

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parada de bonde desse nome. e. dentro do sub-distritc de Vila Mariana . urnParque de Ibirapuera, onde sera instalada a sede da Prefeitura Municipal deSio Pau lo. Tambem , permanecera urn bairro ou Jardim de lbirapuera nosub-distrito deSanto Amaro.

Em 1881, quando se eogitou da construcso de urn novo Matadouro' "foi nomeada uma comissao para examinar urn terrene no campo das Perdizese urn em Pinheiros, cedidos para esse flrn, mas em 1883. reunidas as corms ­sOes de Jusnca e Obras, sao de parecer que 0 novo Matadouro seja construidona varzea de Santo Amaro , pr6ximo ao ribeirao Jabaquara, ao lado da proje­tada linha de bondes da Vila de Sant o Amaro. distante da capital mats oumenos dez quilemet ros, sugertndo-se, porem, que fossem ouvidos 0 medicoe 0 engenheiro da Camara53 •

o medico nao deu parecer favoravel, 0 que provocou uma serie deabaixo-assinados de marchant es e comerctantes de carnes verdes. que prefe­rem 0 local jun to ao Jabaquara.

A preferencta por esse local para urn matad ouro revela a funt;io deSant o Amaro e adjacencas, fomecendo gada para 0 mercado da Capital.AMm dissc, as pr6prias cond~Oes da regifo, com campo s e ribeirOes. saofavoraveis a localiza~o do matadouro , devendo constderar-se quenao se trata ainda de urn lugar residencial, onde predommam terreno s bal­dies. nao havendo, portan tc , protesto de faml1ias contra uma vizinhan~

urn poucc inc6moda e pcucc interessante. sob muitos pontos de vista. comoE!' urn matadouro.

No ana seguinte (304·1 884). a Comissao encarregada da escolha dolocal para 0 Mata douro, apresenta 0 seguinte parecer:

"Considerando que. de parte 0 que dlz a hlgiene a questsc maisimportante a atender na colocaero de urn matadouro E!' a como­didade dos marchantes. Considerando que os marcbantes , quaseunarumemente, reclamam contra a cotocacrc do novo mata ­douro nos Campos das Perdizes e dos Pinheiros por falta de pastoe mats ainda por haver herva nas poucas pastagens existen tes.Considerandc a importincia da alegacro, e , mais ainda, cons i­derandc que 0 terreno para este foi comprado pela Camara ,denominado Pacaembu, no Campo das Perdizes, ao efeito alegadoune tambem 0 de ficar urn pouco dentro da povoacso, visto quea Cimara esta concedendo datas nos terrenos do mesmo Campodas Perdizes, a Comissfo encarregada da escolha do lugar para a

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construcro do novo Mata douro, propoe que fique definitivamenteescolhido 0 Iugar denominado Rincao do Sapateiro - e que sechame concorrentes para apresentacro de plantas apropriadas aeste local, dentro do praza de cinco meses, a contal de s edttats,com as scguintes condtcees:Propo rcr o para 0 corte de cern rcses, sessenta porcos e cinquen tacameiros, com todo 0 aperfeicoamento conhecido para cstasorte de const rucsc , nrc 56 em relacro ao asseio, como tarnbemem relecrc a facilidade da matanca, do corte, e do aproveita­mento do sebo e couro.D preco do edifrcio com scus aparelhos nrc devera exceder aRs. 150000 $000.o autor da plan ta colocada em primeiro lugar pela comissaorccebera 0 premia de 150000 5000 , se nso for ele pr6prio en­carregado da co nstrucao: e 0 que tiver 0 segundo Iugar, 0 premiode 800 S.

Sao Paulo , 30 de abril de 1884Rafael de Barros, Manuel Ant onio Dut ra Rodrigues, Anton ioPaes de Barros, Nico lau de Souza Queiroz" .

Pcrccbc-se, pois, que lui, no ult imo quartel do seculo XIX uma certatendenca para a cidade expandir-se para 0 Oeste, aco mpanhando a ex pansiocafeeira. A preferencia da Comissao pelo Rincio do Sapateiro nio s6 revelaa urbantzacro dos Campos das Perdizes, como nos descor una ainda umapaisagem semi-rural na direcao sui da Cidade.

A questao do Matadou ro nao se resolve rapidamente . Somente emdezembro a Camara enviara aComissao de Obras e de Justice vanes oficiosa esse respeito: um do medico Dr. Eulalio da Costa Carvalho, datado de 2S denovembro, fazcndo co nstderacses acerca do proje to do novo matadou ro nolugar denomin ado Rincio do Sapateiro; urn de Guilherme Jose da CostaViana e Dr. Jose Goes e Siqueira , do Rio de Janeiro , propondo-se tomar " porsi, individualmente, ou por empresa que se organize dent ro ou fora do Im­perio , a const rucro de urn matadouro, nas condtcoes exigidas pelo adianta­menta de nossa civilizacao; um do engenheiro Francisco Ramos Azevedo,apresentando projeto para a const rucac do novo rnatadouro e um da Dire­to ria da Companhia Carris de Ferro Sao Paulo c Santo Amaro, apresentandoum projeto para 0 mesmo fim, assinadci por Alberto Kuhlmann!" .

Diante da cornplextdade do assunto , Rafael de Barros porpoe aCamaraa nomeacro de "uma comissao denominada do Matad ou ro, a cujo cargo ficaa Inspecro do atual Matadou ro e tudo que for concernente aconst rucso do

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novo, desde 0 estudo das plantas, determtnacro do luger, ate a nscenzecsodas obras". Para integrar a comissao foram escolhidos Dr. Manuel DutraRodrigues, Dr. Rafael de Aguiar Paes de Barros e Antonio Paes de Barros'".

Esta comissao, examtnando os projetos apresentados a Camara para aconstructe do novo Matadcurc no Rincio do Sapateiro, de acordo com 0reerono do engenheiro , e de parecer que seja classificado em pnmetro Jugaro projerc de Albert o Kuhlmann, indicando-o para receber 0 premlo insti­tuido e em segundo lugar, 0 engenheiro Ramos Azevedo' ".

A dectsro nee foi bern aceita por todos os lnteressados.A Camara recebe vanes abaixo-assinados, uns pedindo reconsideracro

do ate que determina const rucsc do matadouro no Rinclc do Sapateiro,outros, pelo contrario, pedindo que se mantenha tal dcctsro. Ao mesmotem po, a Companhia Carris de Ferro Sao Paulo e Santo Amaro cuida deconcluir 0 asscntamento de trilhos no ramal que sc diriglra ao Matado u­r05 7

, cuja construcso deve terminar em sctembro de 1886, de acordo com ostermos do contrato da empreitada. 0 novo ramal sera inaugurado a 21 desetembro de 188558

Nao obstante pequenos problemas - uma lndtcacro na sessso de 12 demaio de 1886 alerta a Camara contra 0 uso de madeira carcomida que esta riascndc utilizada nas obras - a 29 de dezembro do mesmo ana pede a Comis­sao do Matadouro propor que fique 0 Presidente enca rregado de tomar asprovidencias para a inaugura~o do Matadourc a 5 de janeiro de 1887.

A esta altura , a Comissao Carris de Ferro j;i cons truira uma pequenaesta~o de bondes junto ao Matadouro, inaugurado solenemente no diamarcado.

Nat uralmente, com a inslala~ao do Matadouro, 0 bairro recebe algunsmelhoramentos, como urna nova rna, ligando Vila Mariana ao novo estabe­lecimenlo . Sugere-se tambem a abertu ra de urna estrada Iigando 0 Natadourca estr ada de Sorocaba, para facilitar 0 transports de carne verde , evitan­do-se, assim, 0 inccveniente de passar 0 gado pelas ruas e proximidades daCidade (21-6-1887). E, ainda mats. a Camara ap rova a tnstalacr o, por AntonioFausto, de urn quiosque nas imcdiacces do Matadour c , mediant e a condtcro,porcm, de que " nrc sed Iigado a nenhu m dos edifrcios ou muros do Mate ­douro e sed removido no momenta em que a Camara ou a Comissao entendaque 0 local l! Inconvcntent e'', sendo expressamentc proibida a venda debebidasalcoolicas.

IU uma diferenca rnuitc scnsrvel entre 0 Distnro Sui e a Distrito Norteda Se. Este correspcnde. em grande parte, ao proprio centro urbane, com

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ccrnercto int enso, com lojas de modas, alfaiat es, cabeleirei rc s Iamoscs,hotels e restaurantes, ao passo que 0 Sui da SeS9 ainda seria uma area depequenas casas, acanhadas e sombrias, quase semple terreas. e de fracocomerctc.

Na ultima decada do seculc XIX serso raros os estabelecimentos comer­ciais no lado Sui da Capital. 0 Almanaque para 188560

• salientando que VilaMariana, embo ra ainda seja urn " bairrc do Distrito Sui da Se", mas tendo setornado muito importante e conveniente trata-lo como distrito" ; asseguraainda que "residencia de muitos habitantes da Capital e tern ccmunicaceesfaeilimas pelos Carris de Ferro Si o Paulo e Santo Amaro.

Predomina 0 aspecto residencial, com "casas no alinharne ntn", algumassem jardins, modestas e acanhadas, ao lado de algumas residencies melhores,com jardins rodeados de grades , em antigas chacaras. Mas, ja se mistu ram, emalgumas mas, is residsn ctats. algumas edifica~s com finalidad e comercial eindus trial. Algumas dessas construcees provocam queixas . A fabrica deIosforos que , na epoca . era a unica existente no Brasil, tinha urn dep6sito dernateriais na rua Sao Joaqu irn, a desafia r as postu res muntctpats.".

Mas as casas ja nao tern 0 mesmo aspecto das antigas casas caracterrs­tlcas do antigo centro da Cidade .

De fato , 0 estilo de habitayio paulistana esta se alterando neste fun deseculo, gracas i influencia da imigra~o estrange ira. 0 novo est ilo, introduzidcprincipalmente por arquitetos e empreiteiros italianos, l! urna adapta'f3o dobarroco dos seculcs XVII e XVIII a urn problema local , conforrne acen tuaIan de Almeida Prado61

Na Estrada do Vergueiro construtr-se-so chales como os daSuica, 0

mesmo, alias, acontecendo no Clui e nos Cam pos Ehsecs.Trata -se de uma arquitetura mais atualiza da , substitu indo 0 estilo

colon ial, mais de acordo com as normas de arquitetura europeta, mais urbanado que rura l. .

Os novos hairros residenciais que se formam em. Sio Paulo nas ultimasdl!cadas do seculo XIX apresentarso formas arquttetentcas tipicamente urba­nas, algumas com ja rdins rod eados de grades , contras tando com os bairrosantigos, mais proximos do cent ro, onde se conservam ainda os velho s casa­rzes colontais, agora desprovidos de rotulas, por forca de lei.

\'" Urn aspecto novo e dado pelos jardins. 0 paulistano subitamente torna\ conhecimen to, nao apenas da flora brasileira , mas tambem passa a interes­

sar-se por flc res consideradas excticas.Abrem-se na Cidade algtms estabe lecimentos cuja fmalidade e abastecer

as chacaras e os jardins , de mudas e semen tes . 0 A1manaqu e de Sio Paulopara 189 1 refere-se a varios estabelecimentos desse genera, como a cbacaral oly no Bras, a de Kirayen no Marco da Meia U gua, a de Guilherme Carlos

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Opel, na Avenida Rangel Pestana, e a de Francisco Nemitz , em Vila Maria­na.

J:. multo heterogeneo 0 padrao residencial da rna Vergueiro e imedia­~6es . Se "lui modernas casas com jardins e grades, com fachadas omamen ta­des", ha tambem "pequenos puxados", "aumento de uma cozinha", "cochei­ras'', "depositos" , como se pode venflcar atraves de dezenas de requertmentosdirigidos a Camara Municipal solicitando licence para pequenas construcoes ,acompanhados das respectivas plantasv! .

Tal variedade de padrces residenciais revela como foi heterogenea aformacao da populacao e s6 poste riormente os loteamentos denomi nados"jardins", abertos ja com melhoramentos urbanos essenciais, formarao con­juntos residenciais de apardncia rnais fina, em locais distantes do Matadouro.Pois, em 1890 , Vila Mariana, Campos do Paraiso, Cambuci e out ros compre­endidos no tcrcctro penmetro da Cidade, serao os bairros que ainda careciamde luz, agua e esgoto' ".

Ao findar 0 seculo, no alto do maceo estarao instaladas as residenciesburguesas, prinieiro no Norte (Santa Efigenia e Campos Ehseos), depots noIado Sui (Consolecr o, Liberdade e Vila Mariana).

Entretanto, nsc e 0 mesmo padrso que se observe nos dots setores.A freguesia de Santa Efigenia e considerada "aristocratica" pOI Toledo Piza,em seu Relat6rio de Estat fstlca, ao passe que Vila Mariana, embora residen­cial, com moradias de certa qualidade e aspecto agradevel, nao pode serenquadrada dentro do concetto de aristocracia, que, no case seria uma "altaburguesia" enriquecida graces aos novos elementos do progresso de quedispoe 0 Planalto Paulista , em estado de euforia economtca em virtude daexpansao do cafe e do recente processo de Industrtahzacro.

J:. uma classe media que se instala nas novas ruas abertas nas antigaechecaras, mas que esta longe de apresentar r!queza e luxo encontrados noalto do espigro, em torno da vizinha Avenida Paulista.

Ao se proclamar a Republica, a vesta area entre a Se e Santo Amaroconserva ainda um certo aspecto semi-rural, naturalmente mais acentuadono extremo sui, mais urban,izado nas Imediaczes da Liberdade. Entre osdois - 0 bairro central da Se e a distante vila de Santo Amaro - extensasareas rurais ou semi-rurais, atravessadas:

a) pela linha ·da Companhia Carris de Ferro Sao Paulo e SantoAmaro , cortando 0 que sera 0 futuro Brooklin Paulista ebairros vizinhos;

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66 o BAIRRO DO IBIRAPUERA

b) pelo caminho que , em conunuacro a Vila Mariana , cortarao Jabaquar a ;

c) pela antiga Estrada de Santo Amaro, que, atravessando 0

ribeirao Uberaba, primeiro, depois 0 C6rrego da Tratcro,ira atingir Santo Amaro , na di reyao do mar ;

d) pela Estrada do Vergueiro que, tomando a dtrecro sudeste,ira reunir-se aantiga estrada do Mar.

o surto urbanfstico da Cidade de Sao Paulo que corresponde ao pe­rfodo que se convcnctonou chamai de segunda fundacao de Sao Paulo,atinge rnais 0 norte e 0 leste da Cidade do que 0 sui e 0 oeste, e menos aindao sui do que 0 oeste , " caminho de Campinas" , interio r desbravado pelaexpansao da lavoura cafeeira .

A planta da Capital paulista e seus arrabaldes, desenhada e publicadapor Jules Martin em 1890 , indicando apenas as nomes dos bairros mats dis­

. tantes mostra ainda urn vazlo entre a rna de Santo Amaro e a Liberdade ,ruas ligadas pela rna Pedroso , quatro mas sem nome, nada mais ainda quelembre 0 bairro de Vila Menana' ".

Da urbanizacao dcssa area se desenvolvera urn grande e heterogsneogrupo de bairro s que se estendem na dtrecro sui da Cidade de Sao Paulo ,formando tres sub-grupos disti ntos que se individualizam pelo seu sitioe por seus caracterrsncos especiais.

Refenndo-se a eles, Renato Silveira Mendes assim os dfvide'" :

I ) bairros. localizados na area compreendida entre os aflue ntesdo Tamanduatef, a SE, e 0 r tbetrao Anha ngabau. com seus tri­butanes da margem esquerda , Isto e, os bairros locallzadosentre 0 Camb uci e a Consolacro (Liberdade, Paraiso, BelaVista e Bexiga) ;

2) bairros localizados no espigio divisor entre os afluentes doTamanduatei , particularmente 0 Ipiranga , e os aflue ntes damargem direlta do rio Pinheiros (Vila Mariana, Vila Cleme n.tino, Bosque da Saude, Jabaquara , vilas satelites dos mesmos ):

3) bairros situados nos terrassos da margem direita do Pinheirose suaves ondutaczes que se estendem do Parque do Ibirapueraa Santo Amaro (Indian6polis, Brooklin Paulista, Vila Novada Concetcto , algumas "Vilas" ).

Sao bairros cujo progresso se Iiga ~o estabelecimento da llnha ferreade San to Amaro e a Inauguracr o do Matadouro em terras do at ual bair rode Vila Clementino'".

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o D1STRITO SUL DA se 67

o povoamento ira estende r-se ainda na dire¢o do atual Parque doIbirapuera, ccrta do pelo ribeirao do Sapatelro, tambem conhec idc pelonome de c6 n ego do Matadouro ou do Cortume.

Out ros bairrcs surgirdo neSS3 zona da bacia do rio Pinheiros, carac­tenzada por plataformas tubulares, dispostas de 15 a 25 metros do nrveldos baixos terrassos fluviais e das plamcies de lnundacro do Pinheiros e doTjete.

Tais bair ros, desde 0 lbirapuera ate Santo Amaro, tendo por eixo aatual Avenida de Santo Amaro, assentam "sobre solinas de fraca declividadee sobre terrassos pertencentes a margem esquerda do rio Pinheiros". Atraves­sados pelos tri lhcs da Sao Paulo-Santo Amaro, a cada parada de bondesccrrespondera, posterio rmente, urn pequeno nucleo com terrenos valorizados,e que se desenvolvera sob nova denommacro.

Assim 0 que durante anos foi a freguesia da Se. aos poucos ira t rans­for mar-se - subdividida primei ro em distntos Sui e Norte, e, em seguida,com novos distritos desmembrados dos antigos .

o Ate de 14 de marco de 1883 divide a freguesia da se em Distr itoSule Distrltc Norte , cebendo a este as terrae situadas "do lado de Sio Bento" ,e ao primeiro, "as terr as do lado de Sse Gc ncalo".

A Lei n.o 975 de 20 de dezembro de 190 5 ira substituir a denomi­nar;ao de Norte da Se por apenas Se, e a de Sui da Se, par Liberdade.

Mas a essa altura, do Distnto Sui da se ja teria side desmembrado 0bairrc de Vila Mariana, formand o urn novo dist rito . 0 lot eamento da chacarade D. Mariana de Barros Fagundes, com a abertu ra de vanes ruas, leva osmoradores do bairrc a pedir a Camara , a 27 de janeiro de 1890 , a elevaero domesmo a (reguesia69 e, antes mesmo de ser ejevada a freguesia, divisao ecle­stastica, sera cna do 0 distritc de Vila Mariana, na [ust iea de paz.

A Lei n.c 370 de 3 de dezembro de 1895 estabeleceu as seguinte sdivisas para Vila Mariana70;

"Comecando na avenida Paulista , no ponto em que esu e cortadapela est rada de Santo Amaro, seguirao pela mesma avenida erua do Paraiso ate 0 fun desta , dai por reta ate a Case da Pclvora ;pelo rio Ipiranga abaixo ate sua confluencia com 0 Tamanduatei;por este acima ate encontrar a linha divis6ria com 0 municipiode Sao Bernardo , por essa linha e pela que divide 0 municipio deSanto Amaro, ate a estrada que desta capital vai a vila do mesmonome, e por esta estrada, ate a avenida Paulista , no ponto departida" .

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68 o MIRRO DO IBJRAPUERA

o Distrit o Sui da S~ , nos fins do seculc XlX~ , na realidade , urna grandeparte dos bairros da zona sui da capital paulista. 0 distrito de Vila Marianaabrange urna enorme area ate os limit es de Sao Bernardo e Santo Amaro,area qu e 56sera urbaniza da muito depo is.

Os antigos povoadores de Sao Paulo do Campo que tinham terras noCaminho de Virapoeira, tinham sitios e sesmarias, " moradores de casas" ,gada e pequena lavoura esparramados per essa regsro. Mas nso se fala mais emvtrapcelra, nem mesmo como Ibirapuera.

Nao obstante a relativa proximidade do Centro, Vila Mariana raram enteseria incluida ent re as areas que necessitavam de melhorarnent os urban os.o que nf o impede que 0 bairro, cuja hist6 ria ja foi assuntc de monografJa71,

como tambem 0 Baiera da 5e, va recebendo novos moradores. italianos ealemaes, que darro urncunha peculiar a seu desenvolvtmento.

Mas, segundo Afonso de Freitas, no ultimo qua rrel do seculc XIX,no lado sui "as chacaras dos Fagundes e de D. Alexandrina de Moraes fecha­riam 0 ambito da pequena cidade ncm circulo de latifUndios baldios."

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NOTAS

1. C.D.T., VI, p .207 0 0-1-1818)

2. D.I" LVII, p.183-184

3. SUrdBruno - ob. cll., lI, p.829

4 . ./otio B. C. AplU1T - 0 TombamenlO de 181 7, in R.A.M., X. p.61

S. S UVd Bruno , ob . cit" I, p.216 e 211

6. EIlI~nio EpJ - Os Munid piOll Paulisw., I, p.4S7

7. Anexo - Lista de Ccn ceseses de Terra s, segundo CarU5 de Datas de terra s (180 1·(1 SOl-1858, . Arquivo Hist6rico da Prefeitura Municipal de Sio Paulo.

8. R.C. da Ciman Municipal de Sio Paulo. 1808·1813, vol. XlV, p.482. SegundoCunino d~ !rIOurtl, in Sio Paulo de Outrora, p.121, a primein elsa da 'Pblvon,situada no Largo do mesmo nome , teria sido constroi da de madeira, por aJvarade ju lho de 1754.

9. C.D.T. (l8S9J, XVIII , p.ll : "pedido de terras de Joaquan Mariano da SilVI ,na Estrada de Canes, indo do lado direito em (rente e alto dos Td egra(os; deJose Antonio de Barros e Gabriel Anton io de Banos, no Caminho de Sant oAmar o (]·2-18591

10. Cunino de ItTOurtl - Sio Paulo de Outrora., p.122

I I. C.D.T., vet. XX (l 861·1863}

12. C.D.T.,voI. XIX.p.II,13, 14,1 6

13. C.D.T., vol.. XIX (1860" p.146

14. Atu (l8641, p.l 41 e 141

I S. Atu (l 86SI, p.4 1, 81 e 104

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70 0 BAIRRO DO IBIRAPUERA

16. Alas (18611. p.13 , 14. A las (1868" p.20, 50 , 91

11. Alas (1812,. Pede-se 1 0 Govemo Provincial a quantil. de 4:000$ pan 0 concertoda estrada de Santo Amu o.

18. Rclat6rio do Presidente da Provincia, Dr. Nabucc de Araujo.

19. AW.XXIX, p.1I 2

20. AlmridD Nogu~iro _ Reminisei ncias. vol. VIIl, p.128

21. Atllll (l 863J, p.9

22_ Alas (1863J,p.14

23. Atas (1865 1.p.4 1

24. Lucilo Hermann - "Es tudo do Desenvolvimento de Sao Paulo Itrav~ dl Anil isede uma Radial - A Estrada do Cafe (1935), in RAM., xax, p.7

25. As Atas da Ciman Municipal de Sio Paulo referem-se arua da Liberdade comoantip rua do Conego Lege, rna!, de £ato, seu primitive nome tena sido rua daPolvora, pOT ester I i instalada. Casa dl POIvon, consttuida pol aiM de 1754.Foi tambem conhecida como Caminho do Carro (cr. Om ino tk MO UN , eb. ete.p.12l)

26. Map. da Cidade de Sio Paulo (18 10), Comissao do IV Centendno de Sao Paulo,1954

27. h peis Avubot, Uvro lll, doc. XLVIII, in R.A.M. Xl, p.124

28. Atllll (186 3" p.l81 (20-8-1863,

29. AIlS (1864J, p.1I 8·119

30. Atas (18651. p. 144

31. Ata! (18651.p.182

32. Jose de Sant'Ana quer "oomprar um rinci o nacional que se acha do lado esquerdode seu sftio dividido pelo ribeiri"o Ipiranp visto haver-lhe sido tomada uma partede seu sitio pela estrada nova de Santos construida pelo adadio Jose Vergueiro"(Aw., 1864, p.41 e 130,

33. D({cio da Cima ra Municipal ao Govemo Provincial, informando sabre peti~o deCarlos Rath, 23-3-1864 , in Atas, 1864, p.63

34. Atas (l 880 J, p.87

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o DlSTRITO SUL DAS~ 71

35. Atas (1865 " p. 169 e 180: requerimentos diversos enviados aComissao Permanen­te (2J.€j·1865). Varias datas sao concedldas no Tek igrafo (1711-1865)

36. Atas (1865), p.297

37. Silva Bruno - ob . cit ., p.650 . Alas (1868), p .87

38. Atas(t864"p.283

39. Atas (l 864J, p.31

40 . Alas(1869),p.4 1

41. Atas (1871), p.82

4 2. Atas(1 872" p.19

43. Atas (l872), p.l06. No ano seguinte, em sessao de 13 de jun ho, a Camara Muni­cipal decide solicitar autoriza,<ao para demolir a casa que servia de deposito depdlvora, para poder dar alinhamento a uma tra vessa ligando a rna da Liberdadee ados Estudantes.

44. Atas (1881 " p.182

45 . Certos matos e capoeiras conhecidos com a nome de caa-guacu (caa - rnato ,gua,<u - grossoj : bern conhecidos as de Mooca e Vila Mariana, em meados doseculc XVIII; a zona prc ferida pelos escravos fugitives era a mato grosse deVila Mariana, do lade de Santo Amaro (cC. Nu to San!a/'UJ. Sio Paulo Historico)p.301

46. Atas (1822), p.145

47. Atas (1883,

48. Atas (1881), p.39

49. Atas (t88h p.ll3 ; Atas (885), p .44

SO. Silva Bru no - ob. cit ., Ill , p. I073

51. Relaterio apresentado a Alfredo Pujol por Antonio de Toledo Pin , 1896

52. 0 prtmeiro matadouro de Sio Paulo Col construido na ladeira de Santo Amaro,tendo sido transferido para a rea Humaita , no bairro da Liberdadc em 1852(d. Nu to Santene, Sio Paulo (I 881), p.56 ; Atas (1883 " p.245

53. Atas (l 881), p.56. Atas (l 883" p.245

54. Atas (1884"p.303

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72 0 BAIRRO DO IBIRAPUERA

55. Alas (1885" p.11

56. Alas (1885" p.26

57. Alas (18851.p.143 e 144

58. Urna c6pia do "Te rmc do Connate que fez a Companhia Carris de Ferro SaoPaulo e Santo Amaro, com a Camara ~funicipa1 desta Capital para a conslrul;iode urn Matadouro no lugar denominado Rincio do Sapateirc" consla do Reb­t6rio apresentadc :i. Camara Municipal de Sio Paulo pelo Presidenle Dr. PedroVicente de Azevedo (18931

59. Silva Brona - ob. cit. III, p. 1039, cilando Junius, "Si o Paulo, notes de Viagcm".

60. Thorman, Canuto - Complete Almanak Administrativo, Comercial e Prof is ssonalde Sio Paulo para 1895, p.275

61. Alas (1889" p.270

6 2. lallil de Almtida Prado - "Sao Paulo Antigo e sua Arqnttemra", in l1usu~io

Btasilcira, 1929, cit . por Silva Bruno, ob. cit. III

63. Papeis Avulsos - Obras Particulares - Arquivo Histenco da Prefeitu ra de SioPaulo , anos di~rsos

64. Atas lias SessOes da aman Municipal de Sio Paulo (Conlelho de Inlendencia),1890, p.115. 0 primeiro perrmeuo correspoeoe :i. parte comerctat, 0 segundo acsbairros com igua ,luz e esgcto . Vila Mariana esri incluida no 4.0 distrito do tee­cetre perimetro, com Flzendinha do Car-no, Born Retire , Barra Funda (com­preendendc as chicaras de Bartolomeu Funchal e Cadete Galvio l, Palmeiras,PacaembU , Bela Cintra, Bexiga , Campos do Paraiso, Guanabara, Tamandare,Scuvero, lpjranga, Cambuci, ~looca , HipOdromo, Marco da Meia Ugua e Calumbi

65. Cf. Atlas de Plantas Antigas da Cidade de Sio Paulo, publicadas peta Comi~iodo IV Centenari o da Cidade de Sio Paulo, 1954

66. Renata SiI~eira Mendes - " Os Bauros da Zona Sui e Ocidcntal" , in A Cidadede Sio Paulo, vol. Ill , p. 273.

67. A 5 de dezembro de 1891 l!defcrido o requerimento de 127 pcssoas pcdindo queseja dado 0 nome de Vila Clement ino :i. parte de Vila Mariana em que estaosituados os lotes de tcrreno que lhes foram concedldcs (Atas, 1891, p.210,

68. • Alit Nacib' A b 'S4be, -"0 sltm urbane de Sio Paulo", in A Cidade de Sio Paulo,I, p.179

69. Alas, 1890 , p.22

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o DlSTRITO SUL VA S~

70. Atas (1890" p.22

73

71. Pedro DomingosMaserolo - " 0 bairro de Vi la Mariana" in lIi ~toria do s Dairros deSao Paulo , vel. VHI

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ALG UNS ASPECTOS DA ZONA SULNO S£CULO XX

Tem-se considerado a epoca da administracdo provincial de Dr. JoseTheodoro Xavier como uma segunda fundacao da Cidade de Sio Paulo,considerando-se as grandee transformacses sofridas pela Capital no ultimoquartel do seculo XIX.

No seculo atual, no campo da urbanlzacso, cumpre salientar, prin­cipalmente:

1. 0 periodo em que Antonio da Silva Prado e RaymundoDuprat dirigi ram a Cidade cuja obra foi continuada porWashington Luiz Pereira de Souza e Jose Pires do Rio.

2. A administra~o de Francisco Prestes Maia, com a remode­la¥io quase geral da Cidade, num plano fundamentado naestrutura radial concentrtca. com urn anel de largas avenidasa envolver a area central, e com urn sistema, cuja finalidadeseria ligar a zona Norte ao Sui da Cidade. 0 plano de avenidase numerosos viadutos, pontes e tuners, e servira de base paramelhoramentos urbanisticos, que futuras admlnlstraeoesrealizario, inclusive em novo periodo do pr6prio PrestesMaia na Prefeitura .

3. 0 periodo de humanfzacro da Cidade de Sio Paulo, em queFaria Lima, retomando 0 plano de Prestes Maia , opera radicaltransformacro da Cidade de Sao Paulo.

4. A obra des administracces postertorcs a Faria Lima, inclusivea do atual prefeito Olavo Setubal, em que os Prefeitos MiguelColasuono e seus antecessores enfrentaram os problemas rea­cionados com transportes e poluicao do ar, levando os urba­nistas a dar maior atencro aconstrucro do Metropolitano evias expresses. e conceder prioridade ao problema das areasverdes, considerando que as pracas e jardins sao exfguas, nao

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76 o BAIRR O DE IBIRAPUERA

havendo , em todo 0 penodo urbane , urn unlco parque devida­mente equipado.

Lm virtude do alto e cont inuo Espigao Cent ral que ~ urn des maiscaractenstlcos elementos do sruo urbano de sao Paulo - "alongado e estrettodivisor de aguas entre as bacias do Tiele e do Pinheiros" - ficaram Isolados osbairrcs localizados ao sui da Avenida Paulista , ob rigando as admintst racoes aprocurarem sclucoes de ctrculacro intema ent re os bairros e as ncclccs dasduas vertentes.

Per tsso, as pianos de urbaotzacso incluem as avenidas de fundo de valepara auxiliarem 0 tra fego. antes exclusbameute Iigado ao Espigao Cent ralo u csplgces sccundarios.

As novas avenidas

Duas importantes aveuidas ligarac , pois, de maneira mats raplda , osbairros do Sui ao centro urbane - Q avenida 9 de Julho , que remonta 0 valedo Saracura Grande atc as proximidades de suas cabcceiras, com dois tu neisque, perfurando a base do Espigao Ce nt ral, a altura do Parque SiqueiraCampos , atcanca a vertente do Pinheiros e Q avenida ttororo que, remont andco vale do Anhangabau por meio de tunets. e, atra ves do lbirapuera. ira Iigara Cidade ao Aeroportc , petas avenida s Rubem Berta e Washington Luis.

a vale do Anhangabau contnbuira para dividir 0 bairrc da Liberdade,separando os nucleos da vertcnte ju nto a radial Libcrdade-Vergueiro , de snucleos da vertente junto a radial Brigadeiro Luis Antonio. Tambem. noParaiso , 0 nucleo esta separado da rua Vergueiro pelo vale do Anhangabau .

Tais condicoes topograflcas dificultaram as construcoes nesses locaisdurante multo tempo, de modo que, iniciando-se a grande urbanizaceo daCidade , a ausencia de edlflcacscs factlitou 0 planejamento da Avenida Anhan­gabau ou ltoror6 , ligando 0 Cent ro da Cidade ao bairro de Vila Mariana eao Ibirapuera.

Esta sera a atu al avcnida 23 de Maio, que bgara 0 centro de Sao Paulo ,em concxso com a avenida Rubem Berta , ao Acroporto de Congonh as.

Seu tracado foi aprescntado j Camara Municipal pela Comissao daavenida do Anhangabau, tendo side aprovado pcla lei n.v 3272 de 5 de [eve­reiro de 1929, sendo, em seguida , aprovadas vanes dcsapropnacees. passando,entre, a chamar-se aven ida lt oror6 .

Em 1937, na adrninistracao Fabio Prado, a lei n.c 36 12, de 28 de julhoaprova 0 plano para sua const rucso. e, ao mesmc tempo, the devolve a antigaden c mmacso de Anhangabau , mas 0 plano sera parcialmente rnodificado pelo

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ALGUNS ASPECTOS DA ZONA SL'L NO SECULO XX 77

ato n.o 1382. de 15 de marco de 1938.No plano urban rsttco de Prestos Mala, apresentado primciro em 1930 .

reformulado em 194 5. sahenta-se 0 chamado sistema Y. "conjunto das Iresgrandes avenidas que. quando completes, at ravessarao tcda a Cidade. desde 0Tiete ate 0 vale de Ptnheiros'" . ,

segundo esse plano. as hastes do Y seriam as avenidas 9 de Ju lho eItororo. ligadas ao tronco [avenida Anhangebau Inferior ) realizando-se aconvergsncie ao longo do Piques.

Dcssa mancira, 0 sistema Y atcnderia as correntes Nortc-Sul, 0 que levao prefeito Prestes Maia a decretar "o alargamento de 13 para 30 metros. darna da Liberdade , entre a praca Joio Mendes e 0 Largo da P61vora (500 me­t ros) , eorrigindo urn estrangulamento que prejudicava as comunlcacees comVila Mariana."

Ambas as avenidas "9 de Julho" e "Anhangabau" (ex-ltororo - saomuito importantes como Jigayao do Centr o da Cidade com os bairros dazona SuI. Particularmente a ultima . cuja abertura sera autor izada por decretosde 1940 e 19432 • envolvendc a construcao de sets viadutos (Luis Antonio,Jaceguat, Condessa Sao Joaqutm. Pedroso. Paralso, Oscar Hor ta) . urn tunclpara t ramway com 900 metros de extensro e sets pontuhces". A sua largureseria, con forme 0 trecho, 33. 38 e 50 metros. numa extensrc de cinco quil6­metros, segundo os decretos, estando, ernso, planejadcs os prolongamentosna dtrecro de Vila Mariana e do Aeropono de Congonhas.

o plano sera ampliado pelo decreto n.o 476 de 17 de dezembr o de1943. no trecho entre 0 Largo Riachueto e a rna do Paraiso, sendo aprovadasas obras de arte anexas, rampas e vias complementares de llgacro, ajardina­mento lateral e recomposicro de lotcs. No mesmo dia, 0 dccrcto n.o 447aprova 0 prolongamento da Avenida entre a Praca Rodrigues Alves e a ruaCurit iba.

Na administratyio Ademar de Barros) . pela Lei n.c 5418 de 14 denovembro de 1957, e aprovado 0 plano de abertura da Avenida 23 de Maio(nova denommacso dada a antiga avenida ttororo" , na adnur ustracro JanioQuadros em homenagem a epopea const itucionalista de 1932) , a parti r daPreca das Bandeiras, pelo vale situado entre os sub-distritos de Bela Vista,Liberdade e Vila Mariana. em direyao ao bairro de Paraiso c seus prolonga­mentos. Refere-sc a lei ao plano de abert ura da avenida, cont ido no projctode Lei n.c 122, de 195.4, aprescnta ndo modificacces no senudo de the darmaier largura (de 45 para 60 metros . permitindo-lhe maior capacidade detrafego . A ideia e dar a avenida urn carater de "avenida-parque", oferecertracado menos stnuoso , mais adequado a altas velocidades, permitir 0 esta­belecunento de estacees do Metropolitano no treeho entre a Praca dasBandeiras e a Praca Rodrigues de Abreu.

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78 o BAIRRQ DO IBIRAPUERA

Novas plantas foram apresentadas para 0 segundo trechc - da pracaRodrigues de Abreu a rua Curitiba [Parque Ibira puera), onde tennina a 3VC­

nida 23 de Maio .o novo projeto Olio incluia faixa alem da rna Curit iba par estar cia in­

cluida nos pianos da construcao do Metropoltta no.Ap6s quase quarenta anos, a avenida 23 de Maio tom cu-se urna rea­

Iidade. Recebendo tratarnento preferencial na adrninlstraedo de Faria Lima ,em janeiro de 1969 e entregue ao trafego 0 neche da praya das Bandeirasah~ 0 espigso da avenida Paulista , e da rna Cubatio ate o lbirapuera .

Atcndendo aos mora dores da zona pr6xima ao lbirapuera. a avenida23 de Maio permite a Hgacsc raptda entre 0 Cent ro e a zo na Sui, principal­mente Aeroporto e Santo Amaro. Com a avenida 9 de J ulho - interhgadas,terse quase 9 quilcmetros - regulanzarao e pode rio desa fogar 0 trafego parao Sul .

Avenida scm cruzame ntos , mas com viadutos de linhas arquitetonicasmcdernas. a avenida 23 de Maio tern carat er de via expressa, permitindo aliga'fi o rapida, atraves do Ibirapuera, em conexso com a avenida Rube mBerta , com 0 Aeroporto .

Esta iiga'fao foi inaugurada na festa de encerrame nto da administracaoFaria Lima, a 6 de abril de 1969, quando tambem, Ioram inaugurados tresviadutos.

Tais obras fazern do Parqu e lbirapuera urn dos complexes viarlos epatsagrsuc os mais exp ressivos da Cidade de Sao Paulo. "Os vtadu tcs , cujosvi os centrals sao de 52, 35 e 15 metr os , respectivamente, tern linhas arqui­tere mcas inedi tas no Brasil. 0 qu e esta proximo ao Pavilhao da Bienal, apre ­senta sua seccro transve rsal lembrando a asa de urn ps ssaro a u aviao, 0

que Ihe emp resta for te expressro plesuca, e. ao mesmo tem po , da urn toquede tcveza a obra . A Inauguracro de todo esse sistema viario permite ao paulis­lano ir do centro da Cidade ao Aeroporto em apenas sete minutes. E naconsrrccso da Ru bem Berta e 23 de Maio - qu e tern 18 viadutos - foramgastos cerca de 44 rrulhces de cruzeiros novos , scm incluir services de ajar­dinamen to e ilumina'fao" .5.

Dots oesses viadut c s passam sobre a avenida 23 de Maio, urn dandovazao ao trafego oriundo da avenida Brasil ate cncontrar-se com 0 segundoque sai a direita do lbirapuera. 0 terceiro sai da aven ida Rubern Berta , nurnaoutra avenida q ue da Iiga'fao direta , sem cruza mentos , com Vila Clement ino .

o viaduto q ue cor uoma 0 monumen to aos her6 is da Revolu'fio Co ns­tit ucio nalista de 1932, e 0 que fica pr6ximo ao Pavilh30 da Bienal receberamno mes bastante significativos aos paulistas que veneram os her6is da Revo­IU'f30 de 1932 - general Euclides Figueiredo e general Julio MarcondesSalgado .

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ALGUNS ASPECTOS DA ZONA SUL NO S£C ULO XX 79

Ao serem inaugurados, a placa do primeiro foi descerrada por IbrahimNobre e uma sobrinha do homenageado, e a do segundo, por D. OfeuaMarcondes Salgado. 0 tercetro, proximo ao DET, recebeu 0 nome de Imi­grames, tendo havido ai, uma pequena cerimonla em que discursaram 0

secreu rto de Obras, Jose: Melches. Ibrahim Nobre, 0 eel. Guilherme Rocha,em nome da famil ia Marcondes Salgado, e o prefeito Faria Lima.

A abertura das avenidas 23 de Maio e Rubem Berta facilitou, pots, 0

acesso a tcda zona Sui; alem disso, as obras de recapeamento das vias paronde passa a linha de ombus perrnitem li~rjio rapida com 0 Centro e azona Norte", 0 que situa 0 Parque lbirapuera numa verdadeira encruzilhadade meios de transports , ideal para a edmtntstracro municipal.

A antiga radial Liberdade-v ergueirc onenta -sc no rumo da Estrada doVergueiro, no sentido SE, na dire~ao do Caminho do Mar, atual via Anchieta,enquanto a Domingos de Moraes-Jabaquara segue 0 rumo do bairro da Sau­de.

Os bondes elet dcos

Ak!'m dessas importantes an enas. convem lembrar a antiga linha debondes "C arris de Ferro Sao Paulo e Santo Amero?" . A Companhia Carris deFerro, no fun do seculo passado, compunha-se de sets locomouvas. dez cerrose trinta e quatro vagees, percorrendo 19km de sao Paulo a Santo Amaro,ajem de urn ramo de 2km de Vila Mariana ao Matadouro, com bitola deI ,oSm. Seu acervo, levado em hasta publica por senrenca judicial, foi adqui­rido em 15 de marco de 1900 , pela Sao Paulo Tramway Light &Power Co.ltd . Esta empresa obteve, pela lei municipal n.c 528, de 6 de julho de 190 1,concessrc para instalacao de bondes elem cos na Capital.

Tal acervo era formado por uma ccncessro de linhas de bondes a vapor.desde as ruas Liberdade e Sio Joaquim at~ Santo Amaro, e das propriedades,Iinhas e respectivos equtpamenros.

Pelo contrato de 25 de dezembro de 1902, feito de acordo com a lein.c 781 de 1912 e de setembro do mesmo ano - de acordo com a lei esta­dual n.c 1275 de 30 de dezembro de 1910, que autonzou a tra~ao eletricaem uma nova linha para Santo Amaro - foram retirados da Concessso Es­tadual os trechos da Estrada de Ferro Santo Amaro nas ruas Liberdade eDomingos de Morais c 0 ramal para 0 Matadouro, toman do-sc parte inte­grante do sistema urbane .

A linha de bondes instalada pela Light segue rigorosamente 0 antigotracado da Carris de Ferro sao Paulo e Santo Amaro; parti ndo do LargoD. Ana Rosa, desce a avenida Rodrigues Alves ate os Iimites ent re a zona

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80 o BAIRR Q DO IBIRAPUERA

Sui e a zona Norte , pais ligava diretamente Vila Mariana ao bairro de Santana ,pelo bonde "Ponte Grande" , at ravessandc a parte central da Cidade .

Em 1962 e extinta a linha de bondes para Vila Mariana , saindo dactrculacro, em 1966 , os bondes da linha Sao Judas e Sande. As ulti mas linhas ,nesse senudo , a serem extintas, sao as de Santo Amaro e Brooklin, a partir de1967 . Assim, 0 service de transporte para a zona Sui passa a SC f feito exclusi­vamente por linhas de ontbus.

A antiga linha da Companhia Carris de Ferro , com cerca de arame iso­lando seu leito , com suas paradas mais ou rnenos distanciadas, tinha mais 0aspecto de uma estrada de ferro do que uma linha de bondes. Tais carac­tensticas contnb uiram para a formacao de pcquenos ccntros de povoa mentoem torno des paradas, com pequenos bares c botequlns, bancas dc jo rnais erevistas , vendedores .k frutas e gulosetmas , origem de futures bairros, algunspertencendo a Vila Mariana , o utros ao municipio de Santo Amaro.

Ao longo dessa linha existiam muttas chacaras, a maioria pertencentea alemaes e italianos, 0 que, de alguma maneira faciljtava 0 abastecimentodos novos bairros com fruta s, hor talicas e flores, favorecendo 0 seu desenvol­virnento, estendcndo 0 povoame nto no sentido de Saude e Jabaquara e aolongo da radial Domi ngos de Moracs-Jabaquara , prolongando alnda a radialLiberdade-Vergueiro na direcao da Estrada do v erguetro.

Dessa maneira , da antiga chacara de D. Mariana Fagundes, loteada earruada , 0 povoamento e a urbantzacao irso esp raiar-se, rumo ao Parque delbirapuera, fazendo florescer 0 bai rrc de Vila Clementine , onde se tnstala rsoa Escola Paulista de Medtctna , 0 Hospital Sao Paulo e 0 Instit ute Biol6gico .Futuramente tambern 0 Hospital dos Servidores, na propria zo na de influen­cia do Ibirapuera.

Ourros nucleos crescerao nas terras do antigo distrito de Vila Mariana,bair ros satelit es do antigo bairro do v erguetro, ou novos sub-distritos quedele se desmembra m como Jabaquara e Saude, com lotea mento mais recente ,ou vilas como Miran d6polis, um dos novos balrros de Vila Mariana , noslimites do Bairrc da Sande.

A avenida Conse lheiro Rodrigues Alves e a antiga avenida Jabaquaraque recebe dcnominacdes novas pela lei n.o 1849 de 5 de marco de 19 15; foiaberta em 1898, no distrito de paz de Vila Mariana, e, antes de se chamarJabaquara era conhecida pelo nome de Lins de Vasco ncelos.

Segundo essa lei 0 Prefeito e autorizadoa entrar em acordo com osrepresentantes do mun icipio de Santo Amaro para estudar 0 prolongamentode seu trajeto "em reta , 0 quanto possrvel, a partir da rna Domingos deMoraes' " ate Santo Amaro, com 40 metros de largura, acompanha ndo a linhade bondes eletricos " desde que os proprietaries cedam gratuttamente osterrenos necessanos". Posteriormente, a denomtnacro de Rod rigues Alves

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ALGUNS ASPECTOS DA ZONA SUL NO S£CULO XX 81

sera estendida ao trecho compreendtdo entre a mesma e a rna do Cortume.

A era lias rodovias

A era das ferrovtas, iniciada na segunda metade do seculo XIX, entrenos, t rouxe considcrave is alteracces a paisagem urbana paulistana .

Mas, com 0 seculoxx sera responsavel po r novos aspectos, 0 novo npode est radas adaptado ao mode rno sistema de transporte - 0 automov cl.Autom6veis, jardine iras e carninhoes iraQ subst itui r t roles, carros, carrocase dmgenctas. Paralclamente a expansso ferrovtarta, 0 advento do autorno vvlexigira toda uma serie de refonnas e adaptacces , particularmente nos anttgoscaminhos pcrcorridos por tro pas e boiadas, carreiros e cavaleiros. 0 quelevara 0 presidente Washington Luis a afirmar que "govemar e abrirest radas". E, nrc apenas as estradas sofrerao reformas radicals, mas tambcmas ruas da Cidade serao condicionadas ao novo tipo de vercuto.

Antigos caminhos, alguns dos quais mete aban donados, scrro restau ­rados .

o antigo Caminho de Santos sera praticamente remode lado em 19 13,por Rudge Ramos. A remodelacao poderia ter sido feita, partindo da ruaverguclro, mas as condtcoes do trafego , 0 intense movimento de Vila Maria­na, levaram Rudge Ramos a refazer a antiga estrada que passava pela avenidadas Lagnmas.".

Nos anos em que foi prefeito da Capita l, durante a Primeira GrandeGuerra, Dr. Washington Luis Pereira de Souza deu enfase especial a conscr­vacao das antigas 'estradas, assegurando comurucacao entre os arredores quedevcm produzir e os centros que sao os consu midores.

Em seu Relat6rio de 1916, ap resentado a Camara Municipal de SaoPaulo , refere-se as estradas paulistas, tradicionais e histcrtcas, que ligam SaoPaulo a outras cidadcs .

A Estrada de Santo Amaro, sem 0 valor economtco e corncrcial dasestradas da Penha , da Cantareira ou do Mar "era a estrada da cate quese e desmissces religiosas a Ebirapoera, a Itapecerica, e no Mboy" .

Segundo 0 Relatorio "cia comeyava no cruzame nto da rua Franca Pintocom a Umbcrto I, ate encontrar a antiga estrada e daf ate 0 ribei rao daTraicao, dtvtsa da Capital e Santo Amaro" . Sua largura era de 16 metros, 'sendo calcada de paralelepipedos nos 600 metros corres pondc ntes a ruaPrance Pinto , continuando em leito de ter ra, permancntementc conservado,numa extcnsao de 5 km.

A Prefeitura pre feriu conservar esta estrada como ttgacro entre 0 muni ­cipio de Santo Amaro e a Capital , e nroa que sc iniciava na Avenida Brfgadeiro

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82 o BA1RRO DO I BJR APUERA

Luis Antonio par scr a declividade da Franca Pinto menor do que a da Briga­dciro. Alem disso a rampa da Franca Pinto ja estava revest ida de paralelepf­pedos.

No rnesmc Relatono 0 p rcfeito se tnsurgc contra os carros de bo is"pesadissimos ve rculos de eixo m6vel, com rodas grosseiras, fcrradas, ti radospor numcrosas juntas, que sao as mais atrasados, mais rudimentares, maisbarulhentos, mats demorados e mais dispcndiosos meios de transportes" .

Dtz ainda que "estrada em que trafega carro de bois dificilmente datransite born a veicu lo de outras espectes, e, como ha lei municipal que proibeentrada de bois na zona urbana , que sc cstabclccam impastos sobre verculos".

De fato, as novas condicoes de transite , os novos tipos de verculos exi­giam tambc m uma aneracr o no caminho percorr ido pelo gado destlnado aoMatado uro. Asstm, a lei n .o 2002 de 5 de agost o de 1916 pro ibe "a passagemdo gado que venha ao Mata douro e que entre pela rua Domingos de Moraes,parte sui, pelas ruas conhecidas pelos no rnes de Tanque, Gado, Borges Lagoa ,Pedro de Toledo , Bacelar, Leandro Dupre, Luiz Coelho , Napoleao de Barro s,Ribcirao Preto , Co ronel Lisboa e Marselbesa (Vila Clementine], qucr no seudestino ao Mataduu ro , quer no seu regresso aos past os.'

Essa proib icao tira 0 aspecto semi-rural desse trecho do bairro, mas 0

distrito de Vila Mariana ainda tern uma boa area na zon a rural , pots ain da em1940 serso aceitas pela Prefeit ura , varias ruas "na zona rura l do bairro deVila Mariana e distri to de paz de Sande"!" .

Nas pra'fas c cruzamcntos de mas impor tantes instala m-se pontos deau tomoveis de aluguel , substituindo os antigos carros puxados par daiscavalos. Na esquina da rna Vergueiro com a rua Comandante Saturnino~ dcsignado ponto para estacionamento de seis carros (ato 169 5,23-12-1921).

No ano seguinte e autorizado 0 ponto de estacionamento para quatrocarros no Largo D. Ana Rosa, em frente aavenida Rodrigues Alves. Melhora­mento substancial , indiscutivelmente , que concorre para alte rar, para melhor ,em termos de progresso, a paisagem ao lado do lbi rapuera, mas Hue, emtermos patsagrsucos. nao podemos considcrar como sendo 0 ideal.

56 em 1955 a populacro paulist ana dcixara de ver bo iadas tra nsitandoper suas mas e bairros. A lei n .o 464 1, de 20 de abril de 1955 proibird ° tran ­site de boiadas a pe pelas ma s e estradas que at ravessam povoados no muni­cipio de Sao Paulo .

Na altura de Vila Mariana , da radia l que , do centro da Cldade, atravesda Liberdade e de Vila Mariana, val Itgar-se.a via Anchieta , em Sao Bern ardo ,or tgmam-se duas vias de ctrculacao multo importa ntes: uma , parti ndo doLargo Ana Rosa, pelas aveni das Rodr igues Alves e Ibirapuera, segue a direcaoda antiga llnha ferrea, pioneira do povoa mento de s bairros de Indian6 polis,Brookli n Paulista , Ibirapuera e outros; a out ra, partindo da rua Domingos

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ALGUNS ASPECTOS DA ZONA SUL NosEcULO XX 83

de Moraes, segue a estrada Vergueiro ate encontra r a via Anchieta, desviando­se. portanto , des bairros que formam 0 atual sub-distrito de lbirapuera.

Atualmente , da radial Brigadeiro Luis Antonio depots da avenida Brasil,tambem partem duas vias importantes - uma contornando 0 Parque lbira­puera, com 0 nome de Republica do Libano, sera a avenida Indian6polisdepots que cruzar a linha de bondes , na avenida Ibl rapuera , e segue para 0

aeroporto de Congo nhas . com 0 nome de avenida Washington Luis, indo ateInterlagos. A outra e a antiga Estrada de Santo Amaro (hoje avenida SantoAmaro), que, com 0 nome de avenida Adolfo Pinheiro e Jose Dias, vai ateSanto Amaro.

Tais vias de ctrculacro ligam atualmente 0 centro da Cidade de SaoPaulo, a bairros distantes, pertencentes a diversos sub-distritos. Urn deles eo lbirapuera, com inumeros bairros, vilas e jardins , de aspectos muito diferen­tes confonne a epoca em que foram loteados. Os loteamentos mais antlgossao, em gerat, em forma de xadrez, como 0 Brooklin Paulista, mas os maisrecentes obedecem a nonnas urbanisticas mais modernas, com const rucecsisoladas, entre amplos jardins, habitadas por uma classe media de alto pa­drao.

Oe primciros loteamentos , abertos no que ainda fazia parte da zonarural, quando faltavam certo s melhoramerrtos urbanos, foram, a principio ,habitados por uma classe media que s6 aos poucos foi modificando seuspad roes de vida, formando pequenas "vilas" rodeadas de jardins e arvo redo.

o mesmo nao se deu com os chamados "ja rdins" que, em geral, obede­cem a exigencias de propri etaries mais abastadcs que podem pagar altosprecos par lotes cuja area favorece a construcro de amplos jardins, consti­tu indo alguns verdadeiros parqucs, piscinas e mirantes, segundo projet osconfiados a mod emos paisagistas e urbanistas.

Afastados de centro da cidade, os "jardins" constituem, de fato osbairros elegantes da zona Sui, com ruas em curvas de nrvel , amplas avenid asarb or izades, lon gc da poluicao propria dos grandes centr os urbanos.

No complexo viario de Vila Mariana cabe lugar de destaque .a t ons­trucro do Metropottteno .

Deu-se prioridade .a linha Norte -Sui , tendo 0 prefeito Faria Lima apro­vade 0 plano de desapropriacoes apresentado pela Companhia do Metropo­litano, liberando as areas necessanas .a construcso da primeira lfnha do metrode Santana ao Jabaquara (1968).

As desaproprtacecs atingiram particularmente 0 Norte e 0 Centro, scminterfenr com imcveis de part iculares desde a area central ate a praya

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84 o M IRRO DO IBlRAPUERA

Rodrigues de Abreu . No Jabaquara as deseproprtacoes comecaram na esquinada avcnida Jabaquara com a rua Pan-Americana! ' .

As obras da linha metropolitana Norte-Sul foram iniciadas, no setor sui,no trecho 9, com duas estaczes, na Conceicro e no Jabaquara, e. no setornorte. na avenida Cruzeiro do Sui, em meados de 1969 .

Em Vila Mariana, 0 trecho 6, com 2100 metros de extensso, Ioi contra ­tado nos ultimos dias da administra yao Faria Liman estendendo-se da ruaVerguelrc - entre Tamc io e Largo Ana Rosa - ate' a rna Domingos de\l ora~ent re Borges Lagoa e Pedro Toledo, com suas estacees.

; ... ... -A. --

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NOTAS

1. PrestesMaia - Os Melhorament os de Sao Paulo, 1945, p. IS

2. Decretos 0.°282, de 30-12-194 1; 0.0 311, de 16·3-194 2;Decreto-lei 0,0 162 , de21-9-1940 ; Decret os 0 .0 3S1, de 24-8 -1942 e 0 .0 476, de 17-12-194 3

3. Planejamento (1951·1961,

4. Lei 0.0 4473 , de 22·5 ·1954

s . " 0 Esta do de s se Paulo" , de 31-8-1969

6. "Folha de Sao Paulo" , de 31-8-1969 - reportagem sobre as AdministracdesRegionais.

7. Memorbl sab re 0 Servico de Transporte Coletivo apresentado aCamara Municipalde Saol'aulo pela The Sao Paulo Tramway , Light &Power Co. Ltd., 192 7

8. Leis e Atos do Municipio de Sio Paulo do ano de 1915

9. Artur Rudge Ramos - Relat6 rio scbre os traba lhos feitos na Estrada do Verguei·roop .2S-26

10. Decre tc-lei 0 .0 52, de 14·9·1968

11. "0 Estadc de ssePaulo", 1H i-1968

12. "0 Estado de Sao Paulo" , 29~-1969

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o NOVO BAIRRO DO I BI R APUE RA ES E U MOD ERNO PARQ UE

Ao longo dos Irilhos de bonde, as paradas foram se transfonnandoem centros de povoamcnto. Alern do centro urbane de Vila Mariana multi­plicaram-se os bairros a mcdida que foram scndo lcteadas as antigas chd-caras. ,

Entre Vila Mariana e Santo Amaro localiza-se 0 sub-distrito deIbirapuera, separado do Parque do Ibirapuera pelas terns do sub-distritc deIndian6polis.

o atual sub-distrito de lbirapuera corresponde ao amigo distrito policialde Brooklin Paulista, com as mesmas divisas deste, elevado a categcria dedistrito de paz com 0 nome de Ibirapuera, pelo decreto n.c 2538 , de 28 dejunho de 1934, pertencendo ao entao municipio de Santo Amaro.

Quando Sante Amaro, por dccrcto n.o 6983 , de 23 de fevereirc de1935. expedido pelo entre interventor Dr. Armando Salles de Oliveira,deixou de ser municipio. para tomar-se sub-prefeitura subordinada direta­mente oj Prefeitura de Sao Paulo. flcou estipulado que

"seu limite com 0 sub-distrito de lbirapuera comeca na con­Iluencia do Ribeirao Pirajussara com 0 C6rrego Pires, segue peloespigao que deixa, a direita, as aguas deste ultimo cerrego. passapelo alto do morro do Morumbi e continua pelo espigac ate ann­gir a cabeccira do ccrrego de Paul Arcade . pelo qual desce ao rinPinheiros e por este ainda ale: fonnar 0 eixo da Rua Bela Vista.que percorre em toda a sua extenssc ate 0 cruzamento com arua General Os6rio, val em Iinha reta ate a ponte do rio ltapurasobre 0 C6rrego do Cordeiro ou Cupece, pelo qual sobe ate: Sll :!

cabeceira mais meridional."

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88 o BAIRRO DO IBIRAPUERA

An ser criado 0 distrito de Ibirapuera, em 1934 por decreta do inter­vente r Ademar de Barros (decreta n,c 65 18, de 28 de junho de 1934), tinhamside estabelectdos os seguintes Iimites:

"Comeca m no rio Ju rubatuba, na foz do ribeirao cia Traicr o,sobcm este nbetrso ate as suas vertentes, e daf em linha retado seu galho sctentrional aEstrada.da concereso, dividindo coma Capita l, e da( seguem pela referida estrada, dividindo com aCapital e Sao Bernardo ate enconnar as nascentes do ribeiraoCupece ou Cordeiro, descem por este ate encont rar a ponte exis­tente nas proximidadcs de Benedit o Camargo e Dr. Lane, e desteponto , em linha rete ate 0 marco divisorio na Estrada do Cir­cuito do bairro do Taboao e dai em linha reta pelos marcosdivisorios com 0 municipio da Capital ate a foz do ribeirac daTratcao, onde tiveram comcco."

Em 3 1 de mar~o de 1938 0 Ibirapuera toma-se 35.a zona distrital dodistrito de paz de Sao Paulo .

o decreto n.o 9775 , de 30 de novembro de 1938 estabeleceu, para 0

municrpto da Capital, urn dist rito de paz (Sao Paulo) , subdividido em 43zonas, das quais 40 formavam, sob 0 titulo de dist ritos , 0 antigo municipiode Sao Paulo, e 3 integravam 0 antigo municipio de Santo Amaro , com adcnomtnacso de Sub-Prefe itura . Esta era formada pelos distritos da Capelado Socorro , Ibrapue ra e Santo Amaro.

Posteriorrnente , Santo Amaro e Ibirapuera scree sub-distritos , denomi­nacoes mantidas ate hoje, desaparecendo as Sub-Prefeituras, sibstituidasatualmente por Administracdes Regtonats. Uma parte do sub-distrito deIbirapuera pertence Ii Regional de Santo Amaro, mas outra esta subordinadaa Vila Mariana e lndianopolis.

Sao unidades dtversas - 0 Ibirapuera do primeiro seculo , isto e. doseculo XVI, quando comecou 0 povoamento de Sao Paulo do Campo, 0 dis­trito da paz de l birapuera de 1934, a 35.a zona dist rital criada em 1936,ou 0 atual sub-distrit o de Ibirap uera, de numero 30 . Ou ainda 0 DistritoEspecial, sugertdo pela pesquisa realizada por Delorenzo Neto e Lebret.

Na realidade , com a denomtnacro de Ibirapuera temos, oflcialmente,pelo menos:

I . 0 sub-distrito que corresponde mais ou rnenos ao an tigoBrookl in Paulista ;

2. Urn bairro no sub-distrito de Santo Amaro (remanescente

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o NOVO BAIRRO DE IBIRAP UERA E SEU MODERNO PARQUE 89

denonunacso ainda existente no antigo Ibirapuera de Anche tae Caiubi);

3. Uma avenida Ibirapuera, cujo prolongamento ~ a avenidaRodrigues Alves e 0

4. Parque Ibirapuera. onde estso instaladas a Prefeitura do Muni­cipio de sao Paulo com suas diversasrepart tcees, a AssemblelaLegislativa, alem do Departamento de Transite e outros edi­ficios destinados a reauzacsescultura is ou com fins de lazer.

Passados tantos anos, vive-se em Santo Amaro e nrc no vbapoelra,nem mesmo na sua forma moderna de Ibirapuera. Trabalha.sc no Ibirapuera.isto e, no Parque Ibirapuera, ou procura-se dtstracees em diferentes setoresdo Parque do Ibirapuera. E, em tome do Parque, formou.se 4Pl novo bairro,ja conhecido sob a dcnornlnacao de Ibirapuera, surgida naturalmente, aceitac apreciada por todos. E 0 que e hoje 0 sub-distrlto de Ibirapuera ja ni oconstitui urn bairro, mas esta todo dividido em vilas, balrros e jardins, comdenonuneezes pr6prias, scm que se de muita enfase a tradtcional denomi.na~io que identifica 0 aldeamento indigena do seculo XVI, ou a sesmaria dospadres da Companhia de Jesus.

Na realidade, 0 Ibirapuera de hoje, em ultima analise, nao tern muitoque ver com 0 v lrapoetra. De fato, as terras que 0 formam estariarn noCaminho de Ibirapuera. e. fariam parte de antigas sesmarias e datas de tetras.

Alguns moradores das elegantes residencies em torno do Parque lbira­puera costumam acrescentar a seu endereco a indicalf50 Ibirapuera, comoque acentuando uma locahzacrc importante, capaz de indlcar exatamenteaquilo que se deseja. Talvez poucos se lembrem de acrescentar Vila Mariana,ou Indian6polis, au mesmo Vila Clementino ou Jardim Arrertca. quandose trata de enderecos em ruas pr6xirnasas avenidas IV Centeneno e Republicado Lfb ano. Muno mais sugestiv.o sera Ibirapuera, como acontece tambem emretacro a residencias nas proximidades do Horto Florestal. Nso e mesmoverdade muito mais interessante viver no Horto Florestal ou no ParqueIbirapuera, denorm necees que imediatamente sugerem area verde, ar puro,silsncio e paz?

Nos anunctos de tmovcts a venda ou para alugar, muitas imobiliariasadotarn a mesma norma, c lbirapuera toma-se. assim, uma des vantagens donegocto. Entre podemcs cornprar urna casa em rna proxima Ii avenida IV Cen­tcnano , no lbirapuera, ou junto aavenida Republica do Lfba no, Parque Ibira­puem, ou na Vila Lusitana, no Ibirapuera.

Mesmo em documentos ol1ciais, para maior facilidade de ldennflcacro,ja se vai adotando a norma de identi ficar escolas. hospitals, reparucoes emgeral, ecrescentando-se ao endereco. a indicacao de bairro de Ibirapuera.

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90 o BAIRRO DO IBIR APUERA

Certos cadastros, orgaruzados.e spcctalmcntc para uso inferno em deter­minados services, tarnbem j<i estso scndo fettos com essa mdicacao.

Alguns enderecos nas Listas Telefc nicas, tambcm trazem em algunscasas, a tndicacao de Ibirapuera como bairro . E ale convites para casamentos,alem da rua e do nume ro , trazem, agutsa de esclarecimento, 0 nome do bairrode Ibirapuera, e nrc 0 sub-distrito de Vila Mariana.

o Ibirapuera do scculo XX nrc e, para muttos rnoradores da zona Sul,au para a maioria dos habitantcs da Cidade de Sao Paulo, residentes emoutros bairroe, nem 0 Virapoeira do scculo XVI, nem 0 antigo Santo Amaro,nem 0 sub-dist rito de Ibirapuera (antigo Broo klin Paulista], au qualquerbairro de uma dcssas unidades, mas apcnas 0 Parque do Ibirapuera que cons­titui, com sua admtntstracso propria , seu conjuntc arquitet6nico e patsagrs­tico, suas mas adjacentes, um bairro especial , diferertte dos dcmais batrros.vilas, jardlns ou parq ues paulist anos, rcuntndo funcdes bem defin idas e deamplo alcance .

Seu contcudo, sua propria esscncia , fazem do Parque do Ibirapucraum "bairro especial", na Histona des Bairros de Sao Paulo .

Pertence a histc ria do Distrito Sui da Se, mas suas condicoes, sua eve­lucre , ddo-lhe um aspecto todo especial que mesmo nao sendo 0 "DistritoEspecial" de DeLorenzo e Lebret merece um estudo especial , com suasrarzes no mats antigo Sao Pau lo.(*)

Para 0 bairro de Vila Mariana e scus arredores , 0 Parque Ibirapuerarepresenta 0 que 0 antigo Parque da Varzea do Carmo, 0 moderno ParqueD. Pedro II representava para os moradores do bairro do Bras. Ou 0 que foi,po r multo tempo, 0 Jardim da Luz, no caminho do Guare .

A varzea do Ibirapuera, valorizada soh a denormnacro de Parque doIbirapuera, representa os pulmees de Vila Mariana e Imcdiacoes. E 0 verde,o ar puro e a beleza. E morar numa das mas do Ibirapuera chega a ser ateum privilegio .

Os novos loteamentos e melhoramentcs substanciais nas ant lgas mas, aextc nsso da rede de esgoto a Vila Mariana (19 12), a pro ibi~ao da passagcm dogado em determinadas mas (1916) , 0 estabelecimento de pontes de estac io­namento de automoveis de aluguel (1921 e 1922) , com as duas artenas maisimportan tes - v erguctro e Domingos de Morace - convenientemente calcadas(lei n.o 1123 de 5 de setembro de 1908) e novo tipo de edtflcaczcs de pad raomais clevado, nao fazem Vila Mariana muito diferente des balrros vizinhos ,Liberdade e Paratso , embora com menores atividades comerciais.

(*J Reforma Polftica-Adminis trativa do Municipio da Cap ital - R.A .M., CLXX.

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a NOVO BAIRRO DE IBIRAPUERA E SEU MODERNQ PARQUE 91

Na verdade , Vila Mana na e urn prolongamento do bairro da Liberdade,e difcrencas sensrvets na sua populacao so surgirao mais ta rde, quando emmas multo proximas ao Centro irao instalar-se numerosos imigrantes deorigem oriental 0 que nrc acontece ra logo com Vila Mariana.

Embora seu povoamento contin ue a espraiar-se em todos as sentidosna varzea do Ibirapuera ainda existe urn grande vazio, a cont rastar com adensidadc de poputacao de out ros trechos do bairro. Esboca-se apenas 0 quesera 0 bairro de Iblrapnera. vizinhc ao lnstituto Biologico, que fora criadoem 1928, pa r Dr. Fernando Costa, quando secretarto da Agriculture doEstado de Sao Paulo . Com sessenta metros de frente e quarenta e cinco defundo, criado especialmente para investigacces no terrene da patologia detodos os seres vivos, situado a Avenida Consclhctro Rodrigues Alves, 0 Ins­tituto Biologico fica dentro de urn parque de 332.000m2

•1

A fundacro do Institute Blolcgico coincide com 0 lancamento do quesera 0 futuro Parque do Ibirapuera.

o mapa topograflco da Ctdade de Sao Paulo, de 1930 , consigna 0 localdo Parque do Ibirapuera, at ravessado pelos corrcgos Boa Vista ou Caguacu edo Matadouro , tambem conhecido por Saparetro ou do Cortume. Com aInvcrnada dos Bombeiros nas proximidades das mas Manuel da N6brega eAbrlio Soares, 0 Hospital Zoofilo e a Estacao Elevatoria RAE, na rua FrancaPinto, e 0 Instituto Biol6gico, na Avenida Rodrigues Alves, 0 Parque doIbirapuera, limitado pela Auto-Estrada c pela linha do Tramway de SantoAmaro, nee e mais do que urn vazio, urn vasto espayo dcserto no mapa daCidade.

As terras da Varzea de Santo Amaro foram motive de disputa, permuitos anos, ent re a Munidpalidade de Sao Paulo e particu lares. De acordocom a lei n.o 16, art. 38 , § I , de I3 de novembro de 1906, que passou a sero § I do art. 19 da lei n.o 1038 de 19 de novembro de 1906, arnbas estaduai s,o municipio de Sao Paulo e proprtetario de um milhgo e meio de metrosquadrados na Varzea de Santo Amaro. Esta aflrmacao foi feita pelo sub-pro­curado r da Prefeitu ra, em seu Relat6rio ao prefeiro Dr. Pires do Rio em19262

Essas leis transfcnram para os muntcrptos paulistas, para a formacaode suas cidades, vilas e povoados "as tetras adjacentes as povoacses de mats demil almas. em raio de circulo de sets qutlomet ros, a partir da praca central.".

Ora, a questro de terras ent re a Municipalidade de Sao Paulo e part i­culares quanta a posse da v arzea de Santo Amaro, esta ligada ainda a chama­da "Lei de Tetras" , lei n.o 601 , de 18 de sctembro de 1850, regulamentadaem 1854, e que dispunha sobrc 0 registro e legaltzacro de terras, procu randodepo is de extinta a Lei dos Morgados com a Lei das Partilhas (1835), evitaros frequentes litrgtos e estabelecer c1aramente 0 direito de anti gos sesmeiros e

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92 o BAIRRO DO IBIRAP UERA

possetros.Nos termos do art. 3 , § 2, da lei n.c 601, sao tetras devolutas as que nao

se encontram no dommio particular. pol qualquer titulo legitimo, nem Coramhavidas poT sesmarias e outras concessoes do govemo geral ou provincial ,amda em vigor .

De fato, parte des terras da varzee de Santo Amaro per tence a Muni­cipa lidade , mas Dutra parte e objcto de retvtndtcacoes. Alem disso, W. umaa'fao de divisac promovida per Olympia Mon teiro e sua mulher . Alegamestes , associados a terceuos, serem proprietaries de todo 0 im6vel, sob funda­mento de que ele sempre fora dominic privado, como part e do sitio lberava,situadc na v arzea de Santo Amaro , ent re 0 ribeirio Uberaba , denomi nadoIberava antigamente , e 0 c6rrego do Sapatei ro, Co rtumc ou Matadou ro,antigo cor rego das Ped ras, e entre a est rada velha de San to Amar o e a ruaNova, per onde passavam as vales divis6rios dos campos realengos. NumaIista de razze s apre sentadas pelos apelantes destacam-se algumas que cita­remos, por servtrem mais diretamente como contnbutcrc, pelos nomesque contem, a hist6 ria do povoam ent o que consn tutra. postenormente,parte do atual sub-distrito de Vila Mariana , que e 0 Parque do lbirapuera.

o sruo, antigamente, teria side propnedade do coronel FranciscoPinto Perras ", e confrontava

"pelo ribeirdo Uberaba au Ibemva. com terrenos pertenaentesaos sucessores dos sesmeiros Draz AnQo, Garcia Vetno. FemdoDiasPaese outros"

nome s esses encont rados entre os antigos moradores do Caminho de Vim­poeira:

" pelo corrego das Pedras, atual do Sapateiro, com os campos davarzea do Ceguacu , tambem conhecidos por Campos da Nay3o,on de veio depois estabelecer-se a cone go Joaquim do MonteCarme lo, antecessor de Antonio e Cust6dio da Costa Nascimento,e onde se acha atualmente a Invernada do Corpo dos Bombeiros ;e pela est rada velha de Santo Amaro ou caminho que do Caguacuia a Ermida de Sant o Amaro , com os antecessores de Dr. Leo­po ldo Couto Magalhaes; e pelos vales - hoje Rua Nova de VilaClement ino , com os campos conhectdos por Campos Realengos,que pertenciam aReal Fazenda da Capitania" .

"E m 24 de maio de 1803 0 Tribunal da n eu eso. depots Casa de Sup li­cacao - tomando conhecimento de urn recurso interposto pcloCel. Fran cisco

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o NOVO BAIRRO DE IBIRAPUERA E SEU MODERNO PARQUE 93

Pinto Ferraz da sentenea contra si proferida em Si o Paulo pelo juiz dos Feitosda Coroa e Fazenda da Capitania, numa just jflcacdo e manutencro de possepromovida pelo mesmo Ferraz contra a Real Fazenda da Cap itania, relati­vamente ao mesmo im6vel, com oposicro do cap. Gabriel Jose Rodrigues esua mulher - deu.Jhe provirnentc , para declarar que os terrenos da questsonao eram da co rea. e sim, de propriedade e posse do apelante, tudo nostermos da carta de sentence passada em 29-9-1813, e constante dos t rtulos eDocumentos Part iculares, e de uma reproducro fotograflca." .

-Pcr escritu ra particular passada nesta Capital em 22-6·1831 pelopunho de Jose da Cunha Paes, 0 Cel. Pinto Ferraz doara 0 im6vel, pelo valorde 50 1000 a sua nora D. Francisca de Assis Duarte, casada com Manuel PintoFerraz, escrttura esse assinada por Jose da Silva Marceana , a rogo do doador ,em presence das testemunhas pe. Bento Anton io de Barros e Ezequiel deMoraes Santos, e aceita por Luiz Bernardo Pinto Ferraz, na ausencia dodonatarto, tendo sido paga a respect iva siza, na tmportancta de 35 000, em13-6.1860, por seu sucessor Inocencio Machado de Barros."

A pedido de Francisco Machado de Barros essa escntura ter ia sidotran scrita , em 18.7· 189 5, no Livre de Notes n.o 5, fls. 97v , 5.0 Tabelio natode sao Paulo .

Uma parte do im6vel, a esse altura ,ji tinha side vendida por 100 $000,por D. Francisca de Assis Duarte e seu segundo marido Antonio Vaz deAlmeida, a Inocencio Machado Ferraz de Barros, segundo uma escrtturaparticular de 1-1 -1 854 , passada em Ribeirao Pires, pelo procurador dosrnesmos, Jose Pinto Fcrraz . No mesmo ano, per escritura part icular ainda,venderam a Amaro Antonio de Moraes, por 75$ 000, parte do im6vel que"ve rna para 0 c6rrego das Pedras, em comum com terras vendida s a InocencioMachado de Barros" . Assim, 0 sitio Uberava passa a pertencet, em comum, aInocencio Machado de Barros e Amaro Antonio de Noraes.

Em 1860, Amaro Antonio de Moraes e sua mulher venderam sua parte,por 100 5000, segundo escritura passada em Sant o Amaro, a Delfino Moreiraque, pa r sua vez , vende-la-a a Pedro Rodr igues Pereira Caldas Filho, por150 1 000, em 1880, a quem, por sua vee, Inocencio Machado de Barros e suamulher venderao a sua parte por 200$ 000 .

Ja em 1879 Pedro Rodrigues Pereira Caldas Filho con tratara comLino Jose dos Sant os, a guarda e a conservacro do im6vel por quarenta anos ,prazo este a finda r em 2 1 de setembro de 1919. Este contrato e apresentado,no processo , por reproducao fotografica , e cert tdse s do 1.0 e 2.0 Cart6 riosde Registro de Titulos. Com a morte de Pedro Rodrigues Caldas Fi!ho, seufi!ho, de igual nome, entre em pleno usa e gozo da propriedade, vendendouma parte do srno Uberaba per 10 contos de reis a D. Elvira Magro, e outraparte a Rasmin io F. Favero, em 31 de maio de 1923 . No mesmo ano D. Elvira

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9. o BAIRRO 1>0 IBIRAPUERA

Magro vende urna parte do seu terre ne , por 50 contos de reis, a Dr. Jor o Odo­rico da Cunha Gl6ria, e Rasrmnio Favero vende 20% do seu a Olympia~Ionteiro .

Estes. alem de outros argument os de menor interesse para 0 nossoestudo, sao" os principais argumentos apresentados cont ra as pret enszcs daMunicipalidade de Sao Paulo .

Esta , pe]o scu Departame nto J undico contes ta 0 valor des documcntos,nao lhes reconhecendo valor como prova de domfnio, afirmando que a Muni­cipalidade possuia te tras na Varzea de Santo Amaro , inco rpo rada a seu patri­mOnio pot decreta estadual 0.0 2669 de 17 de maio de 1916.

Este decreta , ao qual se refere 0 Relat6rio apresemado pelo prefeitoWashingto n Lutz Pereira de Souza a Camara Municipal de Sio Paulo . na parterelativa aos Terre nos da v araea do Iblrapuera inclui ao pat rlmcmo municipal"duas areas dc terrenos na varzea do Ibirapue ra, caminho de Santo Amaro,co mpreendida pelo vale des nb eiroes das Pedras, Ube raba , Tratcro, AguaPoore e Cupece, desde a Iinha da Estrada de Ferro Sao Paulo e Santo Amaroat~ 0 do Pinheircs". correspondendoa uma area de 164 1.332m1 e outra de382.250m~ ." .

En tre os argumcntos da Municipalidade salient amos particul anncnte osque se rcfcrcm a dcnonu nacocs dadas ao local e aos acidentcs.

En tre os documentos apresen tados h:i rcfcrencia ao "c6rrcgo dasPed ras" em epoca em que 0 mesmo ainda era conhecido pelos no mes deUmbucava e Urubuquicava (1 820-1846) . Esta s eram denomma czes dadas atoda aqucla paragem so recentemente conhecida como Ibirol'u era(" ) afirmao procurador da Camara em seu Relate rio . Tais dtscrepfncias invalidaria mcs do cumen tos, de modo quc 0 sub-procurador da Camara , Dr. Jodc Octa­viano de Lima Ferreira - nao obs tan te 0 pareccr do dcsembargado r Dr. Po ll­carpo de Azevedo que "cxa minando a documcntacso". a firma quc " todaessa documentacro rnostra . com toda evidencia, que as tetr as referidas nuneaforam devclutas: acham-se no dom rnto part icular h3 mais de urn seculo" - aoap resentar seu Relat6rio, espe ra que "tanto a Dr. Po lycarpo de Azevedo ,co mo os Drs. Cost a e Silva e Pinto de Toledo , sejam contraries as pret enssesdes embargantes'" .

A divisao do suio Ibira puera fora requerida pe r Olympio Mo nteiro ec urros COl feveretro de 192 4, tendo a Munic ipalidade con tes tado a aero,arguin do a falsidade dos trtulos em que os promoventes fundam 0 seu do­minio .

Out ras acoes de rewindtcecao foram movidas pela Municipalidadesobre terren os na varzea do Ibirapuera mas como alguns documentos estao

( ~) 0 grifc f: nosso. salicn tando, po rtanto. que 0 l hirapue1U de hoje na rcalidadcnao cmais °aklcamen lo de indios de Anch ic ta .

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o NOVO BAIR RO DE I BIRAPUERA E SEU MODERNO PARQUE os

relacionados com os da aero prcposta por Olympio Monteiro, D. Elvira Magroe outros nada sc decide de posinvo ncssc ana.

Alem dessas, foram iniciadas , em dezemb ro de 19 26" oile nta c cincorevindicacdcs tie posse, das quais onze rcfercm.sc a terren os na varzca deSanto Amaro , compreendendo area ap roximada de 58 .869 ,91 m" , abrangendoas qucstocs do Ibirapuera, inclusive a citada divisac , uma area de cerca de1.500 .000m2

.6

.

Ao apresentar seu Relat6rio (1926) aCamara Municipal de Sao Paulo ,o prefeito Dr. Pires do Rio rcfere-sc a ncccssidade absolu ta que a po pulacaode Sao Pau lo tem de mais areas verdes. "lmpunha -sc a iniciativa de um vastoparque , uti! a higiene da populacao urbana ", diz ele, lembra ndo que a mcnosde dez minutes da Liberdade ou tie lhgienopch s, nas viztnhancas da VilaMariana e do Jardim Acllrnacao ha uma vasta ext cnsao de terrene publico,vazia de const rucocs". situada na plamcie que come<;a no sopc da ce lina deavenida Paulista , ent re 0 fim da Rua Brigadeiro Luis Anton io , a Estrada deSanto Amaro , 0 C6rrego de Uberaba , a cuja margem esque rda fica lndiano­polis, limitados por Vila Mariana e Vila Clement ino" .

"Tais terrenos - lnvernada des Bombeiros e Chacara do Ibirapue­ra - prestaru-sc admiravelmente, a construcso de urn jardim ou parque, comarea igual a do Ilyde Park de Londres, ou mcrade da area do " Bois deBoulogne" de Paris" .

As ten tauvas de reivindic;<;ao de posse dessas terras contr ibuem pararetardar a execucao do plano do prefeito Dr. Pires do Rio. Entre tanto , ele Vt\

com sausfacro, que 0 proccsso toma rumo favoravel a Municipalidade, demodo que , sc nrc houver, na sua gestae, tempo para a const rucro do Parque ,ao mcnos ficara, para 0 fu turo , uma area de 3.000 .000m2

, livre e desimpe­dida. Na sua oplniao , na cidade em plena expansro, a posse de terrenos aindapa r const rutr, eo passo mais diffcil e dcmorado .

Outras vantagcns ainda sao lembradas pclo pre feito :

"0 projeto part icular de construcao de uma estra da de rodagcmpavimentada, entre Sao Paulo e Santo Amaro. Essa via de cornu­ntcacr o, revestida 'de concreto, ao atingir a margem do c6rregoUberaba , que separa Indian6polis de Vila Clementino, na vizi­nhanca do ponrtlhso da linha de bondes de Santo Amaro , bifurca­se: urn des ramais segue para Vila Mariana , pela avenida Conse­!heiro Rodrigues Alves, e outro procura 0 fim da rua BrigadeiroLuis Antonio . Esses da is ramais abra ngem precisamente 0 terrenoda Invernada dos Bombeiros e da Chacara do Ibirapuera , quedeverso constituir 0 grande parque futuro".

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96 o BAIRRODQ I BIRAP UERA

Todavia, no momenta , na vareea do Ibirapuera, 0 que realmente aPrefeitura possui, e apenas 0 dep6sito de lixo, comparumento fecbado, ondeo lixo sofre Jigeira fermentacro. dlstribuldo depots a chacaretros. para utili ­zarem como adubo.

Mas, a zona tende a tomar-se residencial, pois logo sera fechado 0 Mala­douro da Vila Mariana", cuja instalacao fora tao elogiada no seculc passado,quando, de fato, a seu modo, constituira urn dos fatores do desenvolvimentodo bairro. No momento , pc rem. tais instalayoes sao impr6prias e precanas,junto 3 0 C6rrego do Sapateiro, scm vazro suficiente" para 0 transportehigit!nico do afluentc " , segundo as palavras do Relat6rio.

Alem disso, a mstalacao, junto as margens do ribeirio, de uma rudi­mentar fabrica de sebo prejudicava bastante 0 baino, afastando eventuaisinteressados em ai construir suas residencias.

o bairro de Vila Mariana, pelo norte, cercava 0 local des currais, a quechegavam, diariamente, perto de duzentas reses. No scu caminho para 0 Mata­douro , vinharn as boiadas de Osasco ou da estacro fcrroviaria do lpiranga.

Em 1917,0 prefeito Washington Luis pedira a Camara Municipalautonzacro para vender, em concorrencia publica, alguns lotes da YarzeaIbirapuera. para

"neles serem estabelecidas pequenas granjas com 0 intuit o de au­xiliar, com medidas complementares, 0 desenvolvimento dosarredores na pequena cultura para barateamento da vida" ,

Alegando que:

" hoje 0 municipio, para ter alguma terra, ainda disputando,dentro da recente doa~3o do Estado, num raio de sets qunometrosda praca principal, restos inundaveis da varzea do Tters , pedacosdas bandas de Santo Amaro, ou inccrtas herancas de aldeias deindios, mantidas ainda nesse estado de ignorancia c pelo temordos moradores vizinhos, solicita aprovacso para divrsro dosmesmos lotes e autortzacso para vcnda deles em hasta publica,a PTe90 rmnimc de 800 rs. 0 metro quadrado."

Assim, uma parte das terras limitadas pela estrada de ferro (avenidaConselhciro Rodrigues Alves), linha pcrimetrica , estrada vel ha de rodagempara Santo Amaro e ccrrego do Sapateiro ou do \f atadou ro, foi dividida emIOICS, cada um com dois mil e poucos metros quadrados".

Os primeiros compradores foram Rosa Nastari, Antonio Santinon i,Giordano &Cia, Raphael A. Borba e Francisco Giordano, tendo sido lavradas

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o NOVO BAJRR O DE IBJ RAPUERA E SEU MODER NO PAR QUE 97

as escrituras no 8.0 Tabeliao.Uma scgunda concorrencia dcveria ser feita imediatamente, mas foi

adiada par causa da epide mia de gripe que atingiu Sio Paulo com extremavic lencia, em 19 18, a tal ponte que a renda do patrimenlo nio atingiu aquantia orcada na lei do creamentc desse ano.

A Municipalidadc vendera, pais, parte dessas terns, mas conservara aposse das tetras entre a avenida Franca Pinto e 0 C6rrego do Sapateiro. Porpermute com 0 Governo do Estado adquirira a zona compreendida ent re esseC6rrego e 0 do Caguacu, isto e, a parte maior da Invernada dos Bombeiros.Tambem adquirlra 0 terreno entre esse c6rrego e 0 fim da rua Abil io Soares.

o Oovemo do Estado de sao Paulo, em 1914 , ja conc1uira a discrimi­na~ao dos terrenos situados nos bairros do Matadouro e Sande, Fixando alinha que separa a zona municipal da estadual. Pelo decreto 2669 , de 17 demaio de 1916, dec1arou incorporados ao patrim6nio municipal os terrenosdevolutos contidos naquela zona.

Em virtu de desse decreto, combinado com as leis n.c 16 e 1038, sao dodominic municipal os terrenos que constituem uma area aproximada dc1.500.000m2•

"cuja linha divis6ria comeca no cruzamento da rua Nova com 0

corrego do Sapatetro. onde existe urn valo; segue esse valo atea estrada velha de Santo Amaro ; por esta , na d ire~o sui, ateo marco cravado na beira da estrada, junt o a chacara do coronelPiedade; ~esse ponto, acompanha a linha perimetrica do circulocom raio de seis quil6metros, at e 0 Ribeirao Uberaba, segue porestc ate scu afluente , c6rrego das Eguas, ate alcancar a Rua Nova,e, por esta , na dtrect o nort e, ate 0 ponto inicial, confrontando,ao Norte, com a Invernada do Corpo dos Bombeiros, a Este,com Vila Clement ino, ao Sui, com a Cia. Territorial Pau!ista ,Antonio de Andrade e outros, a Oeste, corn Dr, Bento de Camar­go e outros"." ,

Segundo 0 Relat6rio apresentado ao Prefeito Dr. Pires do Rio par Dr. J.Octaviano P. Lima, a maior parte desses terrenos acha-se sob posse do muni­cip io, com area aproximada de 1.200 .000 metros quadrados, da qual 76.905foram defmitivamente reivindicados a Antonio Francisco de Salles, Manueldos Santos Canada, Manoel Joi o do Rego, Rosario de Napoli, Augusto GomesTeixeira e Jere Miguel dos Santos. Dutra parte ainda estarta sendo reivindi­cada pela Prefeitura.

Refenn do-se as a~6es reivindicat6cias, pretendendo que parte do sitioIberava, situado entre 0 rtbetrso,Uberava e 0 C6rrego do Sapatetro, consti tui

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o BAIRRO DO IBIRAPUER A

dominio privadc , Dr. J . O. Pereira Lima estende-se sobre 0 assunto apresen­tando relat6rios sobre as trabalhos periciais mostrando a falsidade dosdocumentos, 0 que se verificou comparando-se as assinaturas neles contidas,com assinaturas comprovadamente autsnttcas. encontradas nos papets devaries Cart6rios.

Alguns documentos continham rasuras e foram apagados quimicamente ,segundo 0 relat6rio do Laboratorio da Policia Tecnica, datado de 12 de abrilde 1927, assmado pclo chefe do Laboratcno, Carlos A. de Sampaio Viana,e pelo sub-chefe Moyses Marx.

Pode-se ter uma ideia de situacao dos terrenos em litigio por urn clichedo Relat6rio, com a planta "do terreno compreendido pela estrada velha deSanto Amaro, Iinha separativa da zona municipal, rfbelrso Uberaba (verda­deiro Uberabinha) , corrego das Bguas, rua Nova e C6rrego do Sapateiro" ,abrangido pela a9ao de divisao requerida per Olympia Monteiro e sua mulher.o seu perimetro compreende as areas de reivindicacao cont ra Damiao Barrettie irrnao, Francisco Pompeo, J0<10 Rodrigues e out ros.

De posse de tats terrenos e ja no fim de uma demanda vitoriosa sobreuma area de perto de dais milhdes de metros quadrados, a Prefeitura encetaa construcso de urn grande parque, iniciando em 19270 amanho das tcrras ea plantacao <las primeiras arvores.

A construcro de tal parque iria triplicar a superfic ie des jardins daCidade.

Nessa epoca, para uma poputacr o de perto de urn milhdc de habttantes,Sao Paulo possuia apenas 926.839 met ros quadrados de parques e jard ins.

Entretanto , enquanto 0 Prefeito pcnsa em trans formar 0 Ibirapueraem logradouro publico, transformando a varzea em belo parque, na CamaraMunicipal de Sao Paulo dtscutc-se urn projeto de lei que autoriza a Prefeituraa tomar providencias para transfcrencia do Jockey Club para os terrenos doIbirapuera".

Lido pelo sr. Gofredo Telles, pelo artigo n.c 1, "a Prefeitura e autori ­zada a promover, mediante acordo de direito, a t ransferencia do Jockey Clubpara os terrenos publicos do Ibirapuera e Invernada dos Bombeiros".

Pretende-se com tal transferencia, transformar 0 prado da MODca emjardim publico, necessarto a uma populacro a que falta tal beneficio. E,defendendo 0 projeto , 0 vereador salienta que a oportunidade nasce com aterrrunacro do grande processo, em virtude do qual a Prefeitu ra "meres deurn longo e patri6tico esforco, lucorporou os terrenos do Ibirapuera aopat rim6nio municipal" .

No Relat6ri o de 1927, apresentado aCamara, 0 prefeito Dr. Pires doRio refere-se ao fato de estar ja fechado 0 Matadouro de Vila Mariana elembra que

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ONOVO BAIRRO DE IBIRAPUERA E SEU MODERNO PARQUE 99

"A cidade espalhava-se para 0 suI. Alem do Matadouro j<i seedificava 0 bairro de Vila Clementine, cujos terrenos foramvendidos pela Municipalidade. 0 bairro de Vila Mariana cercava,pelc norte, 0 local dos curraes a que chegavam diariamenteperto de 200 reses."

Como 0 Matadouro esta situado a margem do C6rrego do Sapateiro,corrego de fraea vezso, 0 seu fechamento foi aplaudido pelos bairros prejudi­cados pela passagem das boiadas e pelos que tinham como vizinho urn tantoinc6modo 0 c6rrego mal.chetroso.

Percebe-se 0 estado de euforia do prefeitc Pires do Rio, pots, fechadoo Matadouro, os terrenos da varzea do Ibimpuem poderiam ter urn destinemats glorioso do que urn obsoleto Matado uro.

o proje to, que tern 0 n.c 90 , apresentado em 1928, na Camara Muni.cipal, chega a ser aprovadc em segunda dtscussro, mas a iniciativa de Dr. Piresdo Rio e vencedora na disputa entre a Camara e a Prefeitura , e 0 viveiro deplantas, perte ncentes a Dfvtsro de Matas, Parques e Jardine, futuro viveiroManequinho Lopes'" , ira se tornar 0 embriao do futuro e magnifico Parquedo Ibirapuera.

Para tal, a Prefeitura de Sao Paulo revoga, na gestro Prestes Maia, 0plano de lotea mento de terrenos municipais na varzea do Ibirapuera, quetinha sido autorizado pela lei n.o 2122 de 12 de marco de 1918, no trechocompreendido entre a rna Franca Pinto, a avenida Conselheiro RodriguesAlves e a avenida Indian6polis. .

Em seu Relat6rio, 0 prefeito Prestes Maia lembra que 0 processo rei­vindicat6rio de posse de terras da varzea do Ibirapuem nso se iniciara nosultimcs tres anos que correspondent a sua admtntst racso e nem tinha sidedada ainda uma decisac final, mas tinha certeza da vit6ria do Municipio naA~ao de Divisac do sitio Ibimpuem .

Em livro denominado lbirapuera, Imenso Grilo, foram publieadas asrazzes da Prefeitura em tao importante a~ao judicial.

Pelo decreto-lei n.o 3 1, de 7 de maio de 1940 , a Prefeitu ra eautorizadaa adqu irir , mediante pennuta , areas vizinhas, necessarias a regularizacao doperrmetro do Parque do Ibirapuera. Em 1942, t res areas de terre nos navarzea do Ibimpuem, sao declaradas de utilidade publica.

Muito significativamente, j<i em 193611 tlnha sido -escolhida a entradado futuro Parque, na Avenida Brasil, como local ideal para 0 monumentoas Bandelraa. A entrada do Parque que deveria ser urn monumento ao borngosto em materia de paisagismo , s6 poderia caber uma obra monumenta lque sirnbclizasse 0 verdadeirc esprrno paulista. E nada mais, portanto, que sesituasse esta no Caminh o de Virapoeira , pois muitos foram as bandeirantesque viveram "por essas bandas", e de suas terras satram para 0 serteo.

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100 o M IRRO DO IBIRAPUERA

Victor Brecheret ja tinha apresentado, em 1920 , a rnaquete do Menu­mento :is Bandetres. mas 56 posteriormente ele foi executado, ap6s algunsremanejamentos do projeto, que foi, " finalmente realizado com base nasligulas de am plos pianos simplificados e geometrizados, de frslco ideal em suamonumen ta lidade vigorosa , urna grande Massa de granite, macicamente fixadaa terra", como dira Araey Amaral ' ? a prop6sito de uma expostcso das obrasdo escultor na Funda~ao Arman do Alvares Penteado, em novembro de1969 .

Compoe m 0 monumento blocos superpostos de granite de vinte a vintce cinco to neladas, com SO metros de comprimento, 15 met ros de largura e9 metros de altu ra. Suas figuras - bandetrantes e in dios - terncinco metrosde altu ra .

Por decreta n.c 1078, de 6 de agosto de 1949 ,0 Executivo Municipaldispce sobre a localfzecro, no Parque do Ibirapuera, na parte central da pracacircular, localizada no prolongamento da avenida Brasil, a mil e cern metrosaproximadamente , da avenida Brigadeiro Luis Antonio, do Monumento aosMortos de 1932 , cuja erecso se acha prevtsta pelo artigo 19 das DispostcoesTransit6rias da Consututcrc do Estado.

A pedra fundamenta l do novo Monumento ~ lanca da como parte dascome moracoes do 9 de Jutho - data do initi o da Revoluyao Constitucio na­lista de Sio Paulo. Nao ape nas Monumen to, mas tambem Mausoleu dos hercisda Revolucro.

Executado pelo escultor Amadeo Ernenda bile, 0 Obelisco Mausoleuda Revolucso Constitucionalista de 1932 tern setenta metros de altura ee: revestido de marmore com esculturas e legendas alusivas a RevolucsoPaulista . No interior, a esta tua jascente do soldado paulista e: ilurninada poruma hi rnpada vntiva, na cripta composta de capela e panteon. Ai, nas come­moracees anuais de 9 de Ju tho sro colocados , aos pouccs , os despojos dos quemorreram na Revolucro, ou mais tarde, mas diretamente Iigados a ela .

Entretanto , embora lancade a pedra fundamental em 1949, aepoca doIV Centenaoc da Fundacrc da Cidade de Sac Paulo, em 1954. ainda naoestavam terminadas as obras do Monumento Mausoleu. Problemas relacio­nados com verbas concedidas pelo Executive do Esta do retardaram, inclusivea inaugura~ao do Mausoleu .

Somente nas comemoraczes de 9 de julho de 1955 e: que serso tradados para 0 Ibirapuera, os despojos das primeiras vitimas atingidas ruro teic de 23 de maio de 1932. na pra~a da Republica - Martun, MiragDrausro e Camargo - nomes que deram origem a sigla MM OC, e auPaulo Virglbo fuzilado em Cunha pelos soldados da ditadura.

_Assim, com 0 Monumento e Mauscleu ao Soldado Constit uti onal«c 1932, sob a sentinela dos Bandeirantes e Indice de Victor Breche

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o NOVO BAIRRO DE IBlRAPUERA E SEU MODERNO PARQUE 101

com a gloria de abrigar as cinzas dos her6is que se bateram pela volta da na~io

ao regime constitucional, 0 Parque do Ibirapuera sera tembem como urnincentive ao civismo, urn estrmulo a juventude para 0 culto a seus her6is eo respeito ao passado. Dentro do Parque do Ibirapuera, 0 Monumento devetrazer sempre viva a chama do respeito aos direitos do Homem, do amora Liberdade e aos princrpios da Democracia.

o planejamento do Parque s6 sera feito , de fato, as vesperasdas come.moracees do IV Centenar to da Cidade de Sse Paulo.

Mas antes disso, ainda na gestae Prestes Maia, 0 bairro de Ibirapueravai se modificando.

o decreto n.c 623 de 18 de maio de 1945 declara de utilidade publicaurn im6vel situado a avenida Conselheiro Rodrigues Alves, necessano aabertura de uma pra~a em frente a parada Ibirapuera, de propriedade deRaphael Antunes, com 905 ,56m2

, medindo 101,00 metros de frente edividindo com terrenos do Municipio e da Companhia Mana.

No mesmo ano, pelos oecretos n.o 677 e 702, sao dec1arados de utili­dade publica 0 terreno necessarto ao alargamento do trecho da avenidaIbirapuera e os "im6veis situados no Ibirapuera, necessaries ao estabeleci­mento de uma via de transite rapidc e ltgacso entre as ruas Caravetas.Curitibae Joinville.

A Comissao do IV Centenario"

Ao aproximar-se a data das comemoracees do IV Centeneno da Fun­da~ao de Sao Paulo (25 de janeiro de 1954), as autondades estaduais emunicipals encontram no Parque do Ibirapuera 0 local ideal para a execucrode urn vasto programa, do qual flcou encarregada uma Comissao especial­mente criada pela lei n.o 4 166 de 29 de dezembro de 1951, diretamentecontrolada pela Prefeitu ra de Sao Paulo, com a finalidade de planejar, pro­mover e executar os fesrejos e comemoracces relativos ao IV Centenartoda Ctdade de Sao Paulo.

Criada como autarquia , a Comissao compunhe-se de sete membrosnomeados pelo Prefeito, dos quais tres deveriam, obrigatoriamente, serindicados pelo Governador do Bstado. Havia tambern, urn Consethc Consul­tivo composto de cinco membros nomeados pelo Prefeito.

A lei estadual n.o 1546, de 28 de dezembro de 1951, autoriza a cele­bracao de um convemo ent re 0 Estado e a Prefeitura para unl fzacro dospr6prios estaduais, seus orgros tecnicos e administrativos, pessoal, matenal . >maquinas e pertences, aparelhos, tnstalacoes e equipamentos necessaries arcalfzacro das comemoracccs do IV Ccntenarto da Cidade. Nessa epoca era

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102 o BAIRR Q DO IBIRAP UERA

Governador do Estado de Sao Paulo 0 Sf. Lucas Nogueira Garcez, sendoprefeito da Capital 0 Dr. Armando Arruda Pereira.

A lei n.c 4166 foi regulamentada pelo decreto municipal n.c 1572, de18 de janeiro de 195214

Para a Comissao Executiva foram nomeados os mrs. Francisco Mata­razzo Sobrinho , presidente; Joaquim Canute Mendes de Almeida, CarlosAlberto Carvalho Pinto , Joro Pacheco Fernan des; Jose de 'Melo Morais,Mario Beni e Oscar Pedroso Horta!".

Apes algumas alteracoes na Comissao, a presidencia passou ao poetapaulista Guilherme de Almeida (24 de marco de 1954) e novos membrosforam nomeados para a Comissao Executive!" .

Coube a esta ultima Comissao Executiva conduit as principals obrasdo Parque do lb lrapuera e inaugurar a Exposicao do IV Centenano e a I FeiraInternacional de Sao Paulo .

Com Guilherme de Almeida na presidsncta , foi criado 0 ()rgao Oficialda Comissao do IV Centenerio, editado pela Editora Abrtl'". 0 prtmeironcmero, de setembro de 1954 , traz as seguintes palavres de Guilherme, naepoca da tnauguracro do Parque do Ibirapuera:

"Ao abrirem-se os portoes do Parque Ibimpuera - quer dizer ; aocumprir Sao Paulo a promessa que h3 quat ro seculos fizera aomundo de a este revelar 0 tesouro de seu labor - forcoso equese abram tambem as folhas de um caderno de assentamentos, emque se t.lli de registrar 0 dia a dia das reabzaczes comemorativasnestes meses finais da grande Festa Paulista .Ora, para tanto aqui esta a Revista do IV Centenario. Levando achancela da Autarquia a qual incumbe a seria responsabilidadeda celebracro oficial da data hlstortca, sera este pertodtco , acrcnica auto rizada e viva de tu do 0 que foi Sao Paulo neste seutempo de jubilosa consciencia da propria grandeza .Na justa compreensao des que 0 folhearem tera este documen­tano seu premlo mater e melhor ."

Sao Paulo , agosto, 9, 1954

•Este primeiro numero da Revista do IV Centen3rio e rico em infer-

macoes sobre 0 Parque do Ibirapuera, apresentando urn mapa com a relacrode todos os locals nele indicados, alem de destacar as principals obras do

' Parque, com uma raptda cescrtcro'".Fixada a construcro de urn arrojado conjunt o arquitetdnico para a

cornemoracro da data , os estudos preliminares concentraram-se no Ibira­puera e isso por varies motlvos: a area, outrora constituida poi terrenos

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o NOVO BAJRRO DE I BIRAP UERA E SEU MODERNO PARQUE 103

devolutos, pert encia , apes longo litigio, a Prefeitu ra do Municipio de saoPaulo; praticaruente sem benfeitorias, a nao ser a sede do vweirc Manequ inhoLopes, e urna au outra pequena consrrueso como galpOes, garagens, estufas,e urn enorme barracio de madeira onde residia 0 escultor Victor Brecheret,que ali mesmo estava esculpindo em granite 0 monumento as Bandeiras,ob ra que foi montada no terrene em ehpse, no trec ho em que a avenidaBrasil sc bifurca , ja no Parque Iblrapuera.

A fixa~ao das atcnczcs da Comissao do IV Centcnano na regiao doIbirapuera deve-se tambem a ctrcunstancia de que para ali estavam conver­gindo as construcses de grandee mansoes , cis que os chamadcs Jardinsja estavam completamente lotados, e do Morumbi nao existia siquer a ideia.

Por OUlfO lado, onde encontrar urn terrene com dtmensses tama nhasa Ilia ser a grandes distancias ou rodeados de favelas'?

o que havia, nesse sentido, esta documentado em fotograflas, na sec~o

de Iconografla da Seeretaria de Educa~ao da Prefeitura Municipal, como sepede avaliar pelas copie s anexadas a este trabalhc (liustra~6es, 1 e 2)

A regiio em tela era conhecida tan to como Ibirapuera como por Mane­quinho lopes. Pe r essa epoce , os moradores da mesma dividiarn-se em rest­dentes no Manequinho Lopes, tendo como eixo principal a avenida Republicado Lib ano , e residente s no Ibirapuera que eram aqueles que moravam nabaixad a limitada pela Avenida Brasil e bairros chamados Jardins.

Convem salienta r aqui a razro do nome de Manequinho Lopes paratais terrenos. Manoel Lopes de Oliveira, ocupando elevado cargo na Prefel­tu ra, e conhecedor profundo daquela baixada , revelou-se urn grande adminis­trador quando, para evitar que a area caisse em maos de posseiros, (essefavelada , teve a ideia de sanea-la e aproveua-la para urn grande vwetro deplanus ornamcma ts tanto nacionau como ex6ticas, destinadas • arboriza~o

urbana, Ilio 56 das mas cia Capital, como tambem dos parques e ja rdins ,tanto municipais como particulates.

Em primeiro lugar, Mauequinho Lopes cuidou do saneamento cia area :baixada caracterizada por terrenos turfosos e ate mesmo pantanosos, eraimpr6pria para qualquer tipo de arbonzacro. Assim, sua primeira iniciativafor a plantacao de rnilhares de eucaliptos, essencta australlana adequadaaquele tipo de terra, provocando a elirninacao do excesso de humidade esaneamento da area. Sua iniciativa t rouxe dois provcitos: recuperacrc do solo ,e, mais imp ortante, manuteneao da posse daqueles terrenos pela Prefettura .

Mantlda .. posse, Manequinho Lopes organizou 0 grande viveiro deessencias nacionais e ex6ticas, semando rrulhce s de Pau ferro, Ip£, Pau Brasil,Pau Jacare. Tipuana, Flamboyant , Ligustrum, Platanus, Magn61ia. Canela,e ate mesmo Eucaliptus. De tnrcio , a nossa belissima Sibipiruna que enfei tahoje as ruas e logradouros da Cidade, eram pouco conhecidas para arborizayao

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104 o BAIRRQ DO IBIRAPUERA

urbana. Posteriormente foram Ieitos ali. viveiros dessa maravilhosa plantaorna mental. que hoje ja e comum nos grandes jardins part iculates mio 56 daCapital como de cidades do interior.

Nao se Iimitou Manequinho Lopes apena s a essencias arb6reas, masaquela baixada foi inundada por viveiros de plantas arbustivas e rasteiras,notadamente flonfe ras. 0 viveiro Manequinho Lopes tomou-se ponte deal ra~o turistica, aberto ao publico com seus Iestivos canteiros de Flores.

A principia , as mudas cram fomecldas gratuitamente com 0 intuitode fomente r 0 amor as plantas, chegando mesmo aquela reparncro daPrefeitu ra a executar , tambem gratuitamente, jardins e arbor izacdo em geral,ate a particulates.

Com 0 desaparecimento de Manuel Lopes de Oliveira 0 cargo passou ascr ocupado por Arthur Etzel, seu continuador por mais de 50 anos.

Sao dois nomes cuja mem6ria deveria ser reverenciada com temura egrand ee, principalmente hoje , quando 0 problema da polulcao do ar esta apedlr cada vcz mats. uma sotucrc . que ambos encontrara m mult ipllcandoarvores pela Cidade.

Sao dois exemplos de arnor a Nat ureza, que deveriarn ser seguidos ernesmo lernbrados em nossas Escolas para incentivar, ent re nossas crtancas.o amor as plantas.

Nso Ioi. pois, dific il a escolha do local , e a Comissao do IV Cent enenoIlxou-se definitivamente pelc Ibirapuera, para uma grande realizayio. Acer­tadissima escolha que ina valorizar, em mult o, a regiao, ja com todas ascaractensticas de urn peque no " bairro" do mais alto gabarito, e mult o pr6x.i­mo ao centro da grande rnctr6po le.

Ap6s a assinatura de urn Convento entre 0 Estado e 0 Municipio, firma­do a 25 de janeiro de 1954 - 0 que fez parte das primeiras comemoracoesfesnvas do IV Centenano - ob tida a concessro do necessario credi to pclaCamara Municipal de Sao Paulo , a Prefeitu ra obrigou-se a con tribuir para aFazcnda Estadual com a importdncia corrcspondente a metadc do montantede urn cmpresnmo de seiscentos milh6es de cruzeiros que 0 Estado foraautorizado a fazer, de acordo com a lei n.o 1475, de 26 de dezembro de1951, ao praza de 10 anos.

Asstm, garantldcs os recursos financeiros para a grande obra , ao iniciarscus trabalhos, a Comissao do IV Centcnarto to mou as primeiras mcdidaspara a desapropriacao ou volta ao patrim onio municipal das areas quc campu­nha m 0 Parque do Ibirapuera c ao mesmo tempo se entrosava com 0 Muni­cipio para a execucso das obr as urban ist icas tndtspensavets.

Em meados de 19 52 foram feitos os primeiros trabalhos de sondagemdo terrene e os levantamentos necessaries para a locabzacso dos ed ificiosa serem const ruidos, formacro de lagos arti flciais, plataformas, galerias de "-

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o NOVO BAIRRO DE I BIRAPUERA E SEU MODERNO PARQUE 105

aguas pluviais c de csgotos, redo de egua potavel c de energid ctctrica, etc.,seguindo-se0 service de arquitetura patsagrsuce .

Para essa tarefa, que devla ta mar 0 Parque do Ibirapuera "urn dos maio­res centros do genera do mundo, e que, duradouro na sua construcso decirnento e aco, e indestruuvel na betcza e harmonia de suas Iinhas, perma­necera como urn marco das homenagcns dos paulistas aos quatrocentos anosda Cidade" , a Comissao do IV Cenrenano solicitou a colaboracao de umgrupo de arquitetos que "cons titui a mais alta expressro da engenhariabrasileira: Oscar Niemeyer Filho, Ulhaa Cavalcanu, Zenon Lotufo, EduardoKneese de Melo, Octavto Augusto Teixeira Mendes e Icaro de Castro Melo."

Oscar Niemeyer e sua equipe apresentaram 0 projeto para 0 conjuntoarquitetonico, cuja descncao sera feita em Anexo (Anexo III)

Os arquitetos paisagistas Burle Marx e Octavio Teixeira Mendes tambcmapresentaram os seus pianos, tendo stdo cscolhido 0 deste ultimo, engenhciroagronomo pela Escola Superior de A.;riculttlra Luiz tic Quciroz da Untvcrst­dade de Sao Paulo, com varlos cursos de paisagismo realizados nos EstadosUnidos.

Para a execucro do plano palsagsst lco que iria colocar 0 Parque doIbirapuera como 0 coracro e 0 centro do bairro do rnesmo nome, 0 arquitetoOctavto Augusto Teixeira Mendes procurou estabelecer 0 envolvimento doconjunto arquitetonico Niemeyer por urn t racedo de ruas harmcnioso deamplas perspect ivas, scm prejuizo do aspectc funcional e sempre procura ndodar realce aquelc majestoso conjunto que iria inspirar Niemeyer, segundo areportagern de Luiz Ooncalez e Jose Maria dos Santos, em Manchete(21.8.1973), "a conceber os ministerios que seriarn construidos na novacapital" , podendo se dizer que "Brasilia e urn desdobramento das tdetaslaneadas no Parque Ibirapuera'.

A primeira providencia foi 0 Icvantamento altlmet rico e plantmetrtcoda area, em seus minimos detalhes, inc1uindo toda a erbonzacro ali cxts­tente , bern como das adjacencias: 0 Parque Ibirapuera teria que se incorporarao proprio bairro de lbirapuera, senao seria urn intruso com scu bela con­junto arquitetonico tao avancedo, em meio as belas e majcstosas manszes,em estilo convencional, que cstariam esbocando 0 verdadeiro bairro lbira­puera, conun uacao e a versro mais avancada dos chamados Jardins.

Os moradores daquela area que, ate cntac, se diziam restdcntes, ouno Ibirapuera, ou no Manequinho Lopes, com 0 cvento da Comissao doIV Centenario passararn esta ultima dcnomtnacao para segundo plano, dandopreferencia ade Ibirapuera.

o viveiro Manequinho Lopes, aos poucos, tornando -sc pequeno parasuas funcees. foi praticamente desaparecendo, tornando-se apenas urn viveiroabastecedor de mudas ornamentais para Sao Paulo, paulatinamente transferido

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106 o BAIRRO DO IBlRAI'UERA

para uma grande gleba em Cotia.Assim, 0 bairro Ibirapue ra se avolumava como zona rcsidcncial de alto

gabarito de Sao Paulo, tendo como propulsor 0 grande coracro que Sel ia 0Parque Ibirapuera.

Lcvando em consideracao as caracrerrsticos locals e 0 accntuado estill)moderno e rcnovador de Niemeyer, as vias de accssc c rcspectivas ent radas,as vias internas principais c subsidianas, os esracto.a mcntcs. a formacao,de lagos, as esparyos para as pavilhces que senam construidos mas que nsoforam projetados po r Niemeyer e sua equipc, dcstin ados a mostras nacionaise tntem actonats, restau rantes e play-grou nds, c, ainda, a ncccsstdadc de locaisde deposito de materials de construcao, tudo isso dificultava enormcmentca abertu ra de ruas.

AIE!m disso, havia a couside rar-sc a preservacao da vegctacro cxistcnte,em bora con stituida , na sua matorta , por dcnsos bosqu es de eucaliptus.

Para chegar ao rracado de arruamento do Parque, que E! 0 atual, acres­ctdo de pequenas ruas de acesso a construcoes nrc prevtstas na Iasc inicial ,o paisagista estudou cerca de duzentas perspectivas entre longnudinaismest ras e transversais secundaria s, levando sempre em consldcraceo a vege­tn~ao exis tente que devena ser preservada a tode custo. Todavta , assimmesmo ho uve nccessrdade de remocao de arvores, para que nao se reduzissedemais 0 nu mero de perspectivas esscnc lais.

Muitos eucaliptus fora m sacrificados. Havia esssncras, entre tanto,que poderi am ser poupadas: embo ra adultas, havia posslbilidadc de suaremocao. Levando em consideracso a vegetacso exrste nte, 0 patsag tstaTeixeira Men des pianejou a formacao de bosques, tendo como fund o ciapat­sagem, pela sun altu ra, os eucaliprus; as arvores que pudessem scr removidaso seriam para a formacao de novas bosques, tude denuo do plano paisagfst iccInicial. Se muitas ervores podiam ser aprovettadas nos seus lugarea adequa­de s, ou tras nrc tinham essa posstbilldade, pots os terrenos estavam total­mente ocupados pelas construczes, e toda sorte de materiais.

Asslm, ent rou-se em entendimento com 0 Departamento de Estradasde Rodagem do Estado de Siio Paulo para uma at ividade pioneira naquelaepoca : arbortzacao de rodovias. 0 Depart amento de Estrada de Rodagemfom ecia a mso de obra e transports, e 0 engenheiro agronomo paisagistaorientava 0 preparo das arvores a serem removidas, bern como a sua loca li­zacro na via Anche ta. Foram tran splantadas inumeras arvores ent re osqutlemetro s 14 e 40 daquela Imponante rodovia.

Algumas construcee s monu mentais surgirarn depots, como 0 Pav ilhaode Agricult ura. Como 0 conjunto Niemeye r nrc podia ser sacriflcadc, isto e,modificado scm prejuizo da sua beleza e functonaltdadc, hou ve urn en ten­dimento entre a Comissao do IV Cente nario e a Secretaria da Agricultura,

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o NOVO BAJRRO DE 181RAPUERA E SEU MODERNO PARQUE 107

aqual pertence 0 Instit ute Bio16gico. Este cederia parte de sua g1eba situadana baixada ao lado do Parque Ibirapuera, junto aavenida Brasil. A Comtssrodo IV Cemenarto. com sua pr6pria verba, construiria ali 0 Palacio cia Agri­cultura , 0 qual, ao termino das comemoracses, seria lncorporado ao patrt­monic da Secretaria cia Agricultura . Interessante e que tal nso se deu. Ter­minadas as comemoracoes do IV Cente narfo, 0 Palacio da Agricultura foiocupado pelo Departamento do Service de Transite , onde permanecc atehoje.

o Palacio cia Agricultura foi tambem prujetado pelo grupo Niemeyere 0 paisagista Teixeira Mendes ampliou 0 seu tracado envolvendo-o demaneira a Incorpora-lo ao conjunto, sempre levando em constderacro 0 todoformando pclo Parque Iblrapuera em si e 0 bairro Ibirapuera com seus par­ques-jardins estruturados com ample vegetacro.

Infelizmente ha, como teremos oportunidade de venficar , como umaperrnanente angusuante, a ideia de se llmitar a area do Parque do Ibirapuera,cercando-o com grades de ferro. l! "a anu-concepcro da paisagem, ou talvezainda a concepcso desumana das funryoes do Parque dentro de uma modernaMetr6pole.

Cont ra tal iddia, sempre se bate u 0 autor do projeto original do beloParque.

Entr etant o, alnda que um dia sc facam as grades, estas jamats.po dersose incorporar 0 Parque do Ibirapuera de seu bairro. Cercado ou nao pargrades, exerca a funcro que exercer no comp lexo urbane de Src Paulo, 0Parque do Ibirapuera ha de ser sempre 0 coracrc propirlscr do bairro doIbirapuera.

o BairTO de Ibirapuera

A ocupar;fo da area que corresponde hoje ac Parque lbirapuera e adja­cencias foi relativament e lenta, quando considerados pelo menos trezent osanos de Hist6ria do Colegio de Sio Paulo de Piratininga, mas ext remament erapida quando se toma pe r base 0 desenvolvimento do novo bairro de lbira­puera , ja no seculo XX, quase as vesperas do quarto centenario.

Se tomarmos por base 0 mapa de 1912 ja citado em capitulo anteriorencontraremos Vila Clementino e.Vila Mariana, ribeiri"o Uberaba e ribeiraoUberabinha , mas nrca palavra Ibitapuera nessa area.

Ja no mapa de 1930 (A) da Capital de Sio Paulo, executado quandoera engenheiro de Obras 0 Dr. Saboia, encontraremos com 0 nome de lbba­puera, uma enonne area despovoada , com a lnvernada dos Bombeiros aonorte, regula pelos corregos Boa Vista au Caguaryl1 , Matadouro, Cortume ou

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108 o BAIR RO DO IBIRAPUERA

do Sapateiro, e ribcirao Uberaba , cortada pcla rua Franca Pinto e peloTramway de Sant o Amaro . Ai. apenas 0 Instituto BioI6gico, 0 HospitalZ06fi1o e a Esta~ao Elevat6 ria RAE. Entre esta e 0 Largo do Matadouro, urnpequeno tracado de ruas ainda sem nome, mas com vanas casas. A rua FrancaPint o esta toda construida, da rua Domingos de Moraes ate as prox imidadesdo Insti tuto Biol6gico, e, daf em diante , e apenas urn traca do, 0 mesmo sedando com a rua Nova.

Urn decre ta de 14 de setembro de 1933 aprova planta e discrimina oslimites dos terrenos reservados ao lnsututo Biol6gico de Defesa Agricolae Animal, na area pertencendo ao Estadc , na Invemada dos Bombeiros .

No ana segutnte. 0 decreta n.o 6696. de 21 de sete mbro de 1934,transfere para a 2.3 Rcgiac Militar uma faixa de ter rene situada na mesmaInvemada, para nela ser instalado 0 Centro de Preperacro de Oflciats daReserva.

Nessa regiao ainda nrc inteiramente urbanizada , os adeptos da Revo­lu~ao Constitucionalista de 193:! reuniam-se para os preparatives do mo­virnento que iria explodir a 9 de Julho .

Alguns paulistas, Iiderados pelo engenhetro Dr. Antonio Carlos dePaula Souza . alguns meses ante s de eclodir a revolu~io. dedicavam-se afabricacao de bombas incendiaries. a s trabalhos, que tinharn sido iniciadosem urn Cassino abandonado no Jabaquara , continuaram em outros locais,per mot ivos de seguranca, e depois dos tragicos acontecimentos de 23 demaio. passaram a realizar-se em urn campo do Brooklin Paulista , onde.acidentalment e morreram 0 General Marcondes Salgado e 0 Capitio Mar­celino. A parti r de 9 de l ulho 0 Grupo passou abcrtarnente a fabrica grana­das, mas desta vez, na lnvemada dos Bombeiros , no Ibirapuera:

" U houvc dois actdcn tcs. Urn foi a dcronacro de urna espu­leta, ocasionando varies feridos, tendo urn deles perdido variesdedos da mao. 0 outro foi urn incendio numa mesa cheia depclvora. scm conseqee ncia. Foi mouvado pela renrada de cartu­chos de bala de canhso que nao estavam sendo usados. paisnao havia canhzcs daquelc calibre. lnicialmentc tira ram apolvora com todc 0 cuidado, mas depots com displicdncia , atetalhadeira usaram. Foi quando se deu °acidente.Nesse local eram fabncadas bombas para avtacr o. de tres tama­nhos diferemes: de I:! . 40 e 60 quilos . Uma destas ulum as foiusada perto de MOji !o.tirim, contra as forces mineiras que Inva­diram 0 Estado, ja no fim da Revolucrc"!",

Aos poucos. em torno desses terrenos vat sc formando ° bairro de

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o NOVO BAIRRO DE IBIRAPlJER A E SEU MODERNO PARQUE 109

Ibirapuera : as ma s Curitiba , Franca Pinto , Caravelas, Bento Andrade, AfonsoFerreira e outras aos poucos sio designadas como penencentes ao bairro dolblrapuera.

Nos anos que se seguem. pou cc a pouco, a Prefeitura vai regulariza ndoo perrmet ro do Parque lbirapuesa, individualizando-se 0 "novo" bairro delbirapuera, do qual j:l se fez referencias a propo sttc tambem do viveiroManequinho Lopes.

Asstm. 0 mapa do Municipio de Sao Paulo, organizado pelo Inst itutoGeogra fico e Geol6gico de aco rdo com 0 decreto-lei nacional n.c 311 de2 de marco de 1938, traz Olio apen as a indicacdo do "Parque", como a dolbirapuera , sub-distrito criado alguns anos antes.

Se nrc l! ainda 0 Parque do Ibirapuera, ja l! urn Parque assinalado nomapa .

A medida que foram sc desenvolvendo as obras do Parque e a posterio rtnsralacro de unidades administ rativas ou recrcativas, tambem as art eriasabertas no bairro tomam-sc amplas e modernas aventdas, como a avenidaRepublica do Libano e a avenida IV Centenano, com espa~osas residencies,lindamente ajardinadas. Ti o Iindamente que, porce ntualmente, possuemareas arbonzadas ou ajard inadas majores do que as do pr6prio Parqu e.

no quase tna ngulo formado pelas avenidas Republica do Lib ano,Brasil e Ibirapuera, as mas apresenta m tracado mais ou menos irregular. 0

mesmo acontecendo com as novas mas contidas na area formada pelasavenidas Ibirapuera,I ndian6polis e Rubem Berta . ( B).

Algumas mas sio relativamente antigas, com arruamcnto mais oumenos rete , fonnando engulos retos como nos antigos bairrcs da cidade , con­trastando com os novos tracados dos Janlins.

Mas as Iinhas modemas das grandes vias expresses com seus viadutosde linhas tarnbem avaneadas e funcionau, dio ao bairro de Ibirapuera urnaspecto absolutamente rnoderno, de acordo com 0 tracado do Parqu e e 0

rnagnffico conjunto arquttetonico realizado pe r Niemeyer e sua equipe.As novas avenidas, as quais j:l nos referimos em capitulo ant erior, trans­

formaram 0 Ibirapuera em urn centro de trradtacr o de trafego , com viadutose vias expressas ligando 0 centro da Cidade ao aeroport o e aos bairros dazona sul.

As obras relacionadas com os problemas do trafegc , estacionamento eoutros, ficaram a cargo da Administracao regiona l de Vila Mariana, mas aadmin fstracro do Parque Ibirapuera passou diretamente para a Coo rdenacaodes Admimstraeces Regionais.

Em 1955, ja inaugurado 0 Parque Ibirapuera, a Prefeitura decide tamarprovidencias para preservar 0 aspecto residencial de suas vizmhancas , esta­belecendo cond'cses de zoneame nto para os predtos e terrenos lindeiros aos

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110 o BAiRRO DO IBIRAPUERA

logredou rcs ptlblicos situados dentro de urn penmetro que corresponde aparte de Vila Clement ine, Jardim Lusitania e vizinhanlfas20 .

Dcssa maneira , as vizinhancas do Ibirapuera mio destoarso, no conjun­to , das rnansces ja ex lstcn tes nas avcnidas.

Mas, ao que parcce, 0 estabc lecimento, por lei, pela primeira vez, delimites para a area construida nos lotes paulistanos, fol pela n.o 526 1 de1957, tendo em vista a preservacao de antigas ou abertu ras de novas areasverdes.

o impulse para a criacsc de novas pulmoes para a capital paulista,ameacada de mort e pela poluteso Ioi dado pol Faria Lima quando umaequipe de arquitetos chefiada por Miranda Martinelli Magnoll e Rosa Kliasent rega a Dtvisro de Parq ues e Jardins, 0 que Francisco Chagas de MaraesFtlho! ' chama de "radiografia des pulmees de Sao Paulo, que estavam e estsomuito debilitados".

Na realidade , 0 projeto aprovado pela Comissao do IV Cente nanoso fora executado em parte , e em muitos pontes onde se planejara plantarmuitas arvores, 0 terrene se apresentava pobremen te gramado , as vezescompl etam ent e despido de vegeta~ao, ou coberto de asfalto ou cimento.As pont es epodrece rem, as aguas se contaminaram e at!'! as lindas arvcresoferectdas a Sio Paulo pelo Govemo Japones tinham sido vergonho samentefurta das.

No tnrcto de 1971, 0 entre prefe ito Salim Maluf ruanda abrir con­correncia para execucso do levantamentc plaru-alnmctrlco e cadast ral doParque Ibirapuera. Este scrta, segundo a reportagem d'O Estado de Sao Paulo ,talvez 0 "decimo quarto ou decimo quinto projeto de reforma e embele­zamento da malfadada area que a Prefeitu ra ganhou em lit fgio judicial, masnso tern sabido merece-la,,12.

A 31 de dezembro do mesmo ana a Camara Municipal de Sao Pauloaprova a lei que institui a Plano Diretor de Desenvol'vimento I nte~lIo de

/

Sio Paulo, e no ano seguinte Ioi aprovada a "Lei do Zoneamento"."A busca de urn equilib rio perdido na cidade , entre as diferentes

funcoe s urbanas - habitat , trabalhar, recrear , circular, segundo a Carta deAtenas - e 0 objetivo basico da lei proposta pelo prefe ito Figueiredo Ferraz,o qual afirma que " 0 uso do solo deve representar urn fator de tntegracroharmoulosa entre cssas quatro funcees, e nao de atritos e antagonismosv'" .

A Lei de Zoneamen to dispce sobre a divisfo do territ6rio do Muni­cfpio em zonas de uso e regula 0 parcelamento, uso e ocupacro do solo.Por ela, 0 Municfpio fica dividido em oito zonas de densidade variada:

Assim, A Z-l e estritamcnte residencial, com densidade demognfficade 100 h/ha . A Z-2 e predominantemente residencial, com a mesma den­sidade demcgrafica , 100 h/ha. Ja Z-3, embora ainda seja'p redomtnantemente

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ALGUNS ASPECTOS DA ZONA SUL NO SfX:ULO XX 113

resldencial admite outros usos, com densldade demografica de I SO h/ha .Uma zona de usos especiais, a Z.B, sera objeto de planes especats e espe·crftco s, elaborados pela Coordenadoria Geral do Planejamento - COGEP - noprazo de tres anos para cada urn de seus perrmetros.

Somente as duas primeiras e a ultima interessam a este raptdo estudo ,par isso nrc se faz referencia as outras zonas.

A maier parte do territ6rio urbano de Sao Paulo corresponde a Z·2.E como se houvesse urn fundo Z-2 sobre 0 qual fossem distribuidas as"manchas" correspondentes as outras zo nas.

E, se distribuirmos todas sabre Z-2, veremos que para Z-B nao haveriarnuito espa~o , e que, segundo a Lei de Zoneame nto , 0 Parque Ibirapueracorresponde a Z-B, e, em torno dele, os bairros Z-I e Z-2. Pertencendo aZ.J ,de urn lado, a Vila Paulista , com a avenida Republica do Libano, e do outrolado , 0 Jardim Lusitania com a avenida IV Centenario.

Na pr6pria area do Parque Ibirapuera, ligando-a a avenida IV Cente­nario , as mas Dr. Sarment o , Dona Adelina e outras, pertencem a -Z-8 , assimcomo a praca Cidade de Milio . Os outros vizinhos - Vila Nova Couceicro,Vila Uberabinha, Vila Mariana, Paraiso e Vila Primavera - pert encern a Z·2.

va-se, pais , que , administrativamente, em torno do Parque Ibirapuera,alguns bairros subordinam-se ao Jardim Paulista, outros a Indian6polis, eoutros ainda a Vila Mariana.

Bvtdentement e, nr c se pode dizer que todos esses pequenos nucleos"estrita mente residenciais" ou "predominantemente res idencats", formemo bairro de Ibirapuera, embora dentro de sua esfera de influencia .

Mas e inegavel que 0 Parque Ibirapuera e parte das mas que 0 cercamconstituem 0 bairro de Ibirapuera, assim conhecido per muitos dos antigose novos moradores entrevistados pe r n6s no decorre r de nossa pesqutsa.Alguns ainda falam do Viveiro Manequ inho Lopes, mas ja ruio vivem nele,e sim simplesmente no Ibirapuera.

o Jardirn Lusitiinia foi 0 ant igo Jardim Ibirapuera, te ndo se to rnadoJardim Lusitania quando a area fo i lot eada pelos proprietaries da Loja daChina na decada dos cmquenta, mais ou menos em 1952, te ndo as masentio abertas , recebidc nomes portugueses ou ligados a Hist6ria de Portugal,como : ruas Douro, Timor, D. Henr ique, Nun'A lvares, Sante lmo, Ceu ta,Acores, D. Diniz, Mocambtque e Largo Mestre d'Aviz .

Sua igreja, no Largo da Batalha , tern Santo Ivo como padroeirc e foifundada em maio de 1962, por frei Casto Santos Gonzalo, quando foi lancadaa primeira pedra, em terreno comprado gra~as aos esforcos do fundador e deseus paroquianos. A 15 de maio de 1966 fo i criada a Par6quia de Santo Ivo. _

Na entrevtsta com frei Goncalo e seu amigo e auxiliar sm. AugustoLeite Praca, foi possfvel collier alguns dados sobre 0 antigo Ibirapuera, antes

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114 o BAIRRQ DO IBIRAPULRA

da fund at;30 do Parque.Morador antigo da Ina Ef? de Oueiroz, Augusto Leite Praca. lembra-se

do tempo. 1:1: por 1946 au 47, que jogava futebol nos campos do bairro dav erzea do Ibirapuera numa epoca em que a "Portu guese de Dcsportos" alitreinava, mais au rnenos na altura da rua Abilio Soares. Lembra-se das duaslagoas - "uma foi aterrada e a( fo i constru ido 0 Palacio da Assembjeta, ea outra e urn dos lagos do Parque".

No fim da decade dos vinte 56 havia ali, nos arredorcs da avcnida Brasil,chacaras de ponugueses e italianos, que vendiarn suas verduras no mercadoda Praca Fernando Prestes. E 0 bonde Jardim Pauhst a, vindo de Largo SaoFrancisco, fazia ba130 na Parada Ibirapuera, onde, enti a, 56 havia chacaras,e volt ava para a cidade.

Bairro moderno, como p se viu, nso tern lojas e comercto em geral,vista ester induido na zona residencial. Apenas um pequeno mercado defrutas, do is bares e uma farma cia colocam pequena part e na zona 2.

Na decade dos tr inta , os rnoradores do bairro de Ibirapuera, aindadivert iam-se com as corridas na Auto-Estrada de Sant o Amaro. Assim, porexemplo , Giacomo Ivaldi, pela " Opera Nacionale Dopolavote" pedelicence para reale ar, no dia 16 de setembro de 1937, "uma prova de regula­ridade em mot ocic1etas no circu ito compr eendido pela auto-est rada deSanto Amaro e a Estrada Municipal que conduz aquela localidade. Osconcorrentes deviam sair da Auto-Estrada com intervale de urn minute urndo out ro, com vclocidade maxima de 46,500 km horano s, rumando por estaest rada ate Santo Amaro, voltando pela Estra da Municipal ate 0 cruzamentodas duas estradas na avenida Brigadeiro Luiz Antonio. Os concorrentesdeviam fazer tres vezes 0 circu ito num total de 69 km,,24.

Ainda new epoca . em ocasioes especats, a Prefeitu ra Municipal solici­tava a Light "tlurninacso fest iva" para 0 Ibirapuera, prlncipalmente em frenteao edificio onde se encontrava 0 Esquadrao de Cavalarta, na rua Manoel daNobrega, mas nc rmalmente, a tlununacrc ainda deixava mult o a desejar,pois 0 pr6p rio Parque era muito mal i1uminado, embora ja gozasse das van­t agens de possuir urn telefone que, diga-se de passagem , viera transferido doParque do l piranga, e 56 fora ali instalado depo ts de insistentes pedidos daPrefeitura aCompanhia Telefontca' ".

Fun ee es

Ao se lnaugurar 0 Parque Ibirapuera, no programa das comemoracees_!io IV Centenano da Cidade de Sao Paulo, em agosto de 1954, p- se pode teruma ideia do que seria 0 bairro de Ibirapuera, vinte anos depots, qua ndo,

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ALGUNS ASPECTOS DA ZONA SUL NO S£C;ULO XX 115

entr e, estariam abertas as grandes vias expressas anunciadas ou projetadas.Criado 0 Parque com funfuo social e recreative , devendo ser, essen­

cialmente urn cent ro de lazer, com suas exposlcoes, feiras, museus, restau­rantes, jogos e folguedos, e, actma de tud o, area verde, aos poucos foi sedesvirtuando, diantc das novas presszes que iraQ transforma-lc rapidarnente,levando-o a exerccr com muito maier snfase a [uncda administrativa do quelazer ,

Ja no ano segutnte , menos de urn anc depois de sua inauguracao, urnvereador leva 0 fato a Camara Municipal, aftrmando que 0 Ibirapuera estasob a ameaca de se transformar em Diretoria do Transite , e, como e um despoucos lugares da Cidade onde se pode respir ar livremente, deve "scr preser­vado contra as pretensces de reparnczes publtcas.

Ent ret anto , clamou no deserto , pots no dia seguinte mesmo, em reuntronos Campos Ehseos, do Govcrnador com 0 Secretario da Seguranca PUblica,e outras autor idade, ficou decidida a mudanca da Diretoria do Transite paraum des edifrcios do co njunto Ibirapuera. 0 edificio escolhido foi 0 Palacioda Agricultur a, onde se esperava, em ult ima analise, a instalacio da pr6pr iaSecretaria de Agricultura, visto que fora construido, como ja vtmos, emterrene do Insti tuto Biol6gico, embora sob protesto de agronomos e pes-qu isadores. .

De nada valeram argumentos e protestos. La se instalou 0 DETRA N,que e 0 atual DET, em completo desacordo com a propria "filosofia" queoriento u os trabalhos da Comissao do IV Centenano.

E, aos poucos, vanes reparucees pnbl icas municipals foram ser ranstertndo para 0 Parque Ibirapuera . a medida que alguns Pavilhoes foramse desocupando ap6s as comemoraczes do IV Centenarto, ou foram sendodoados ao Executivo Municipal.

A 23 de agosto de 1955 e entregue ao Museu de Ciencia 0 pavilhaoconstruido pela Ford Motor Company, onde havia se realizado uma grandeexposicso dos produt os daquela empresa norte-americana. Com uma areaexterna coberta, urn grande satro para exposicoes de veiculos, urn audit6riopara conferencias e exibicao de fitas, e urn saguso, 0 Pavilhdo For d foi logoutilizado pelo Museu de Ctsncla para uma exposicao de Hist6ria dos Trans­partes.

Ate ai ,salvo no caso do Detran, nao fugia muito aos proposttos ini­ciais da Comissao do IV Centenano. mas, com 0 decorrcr dos.anos tambemfoi se desvirtuando , delxando de ser cultural ou recreattvo , para se tor narsede da Supervisee Centra l de Uso e Ocupacao do Solo (desde 1970), urndos setores da Secretaria de Services Municipals subordinado aAdrninistracaoGeral do Parque Ibirapuera.

o Viveiro Manequinho Lopes, cuja deno minacro nao deixa duvida

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116 o BAIRRO DO IBlRAPUERA

quanto Ii sua finalidade - urn des mais cares projet os ligados agestso do pre­feito Fabio Prado - tornou-se a sede do Departamento de Parqu es e Jardins{antiga Divisgo de Parques, Jardins e Cemnenos). E ai, desde marco de 1974esta instalada a Secretaria de Service s Municipais.

o Palacio Manuel da Nob rega (antigo Palacio das Na~6es) esa ocu padopelo Gabinete do Prefeito e todo 0 seu corpo de funciomhios. Tambem aiestso a Coordenacao das Administra c;6es Regiona is, a Secretaria de Educacri oe Cultura (0 Departament o de Cuhur a que esteve tambem instalado noParque por a!gum tempo, passoll, em 1974, para a playa da Republica), aSecretaria de Higiene e Saude PUblica (alguns de seus setores), a Secretariade Neg6cios Internos e Juridicos, a Secretara de Obras, alem de Autarqu ias(Departamento de Estradas de Rodagem do Municipio de sao Paulo eConsetbo Rodoviario do Municipio).

No Pavilhfo dos Estados esta a Secretaria de Ffnarcas, com 0 CentroEletrcnicc de Computacro de Dados.

Asstm, 0 Parque lblrapuera exerce, atualmente importante funcroadministrative , abrangendo nrc apenas a admtntstracso municipal, como aestadual, pots, com tnstalacro. primeiro, do DETRAN, naquela epocasubordinado ao governo .estadual, depois, com a construcso e in stala~ao

do Palacio da Assembleia, sede, portanto, do Legislativo Estadual, passaa exercer importante fun~ao administrativa que ultrapassa os pr6prios limltesda Cidade de Sao Paulo, ampliando-se nos quadros politicos 113"0 56estaduaiscomo nacionais.

Temos de admit ir, entretanto, que as fun~oes primeiras - centropennanente de turismo, recreaoio e cultura - foram se cumpnndo no decor­rer dos anos. Passados os meses de comemoraczes do IV Centenano daCidade de Sao Paulo, continuam muitas das exposicses programadas.

A Exposi~30 do IV Centenano compreendia, alem da mostra daindustria paulista, mantida no Palacio das Indl1strias e no Pavilhao Verde,setecentos " stands" de vinte e sets paises, que foram montados no Palaciodas Nacdes.

No Palacio dos Estados foram armados, alem dos "stands" oficiaisda Prefeitura Municipal de Sio Paulo, as "stands" de vanes Estados (Ama­zonas, Santa Catarina, Distrito Federal, Mato Grosso, Parana, Espfrtto Santo,Cia. Hidreletrlca do Sao Francisco, alem do Distrito Federal). a s Estadosde Minas Gerais e Rio Grande do SuI fizeram construir dois grandee pavi­\hiles com expoacees representativas da industria e da agriculture.

No Palacio Katura, em abril de 1955 abre-se a quinta e etnma seriede expostcoes peri6dicas que a Comissao Colaboradora japonesa Pr6 Feste­jos do IV Centenanc apresenta desde agosto de 1954. ~ uma cotecsc decinqiienta bcnecas procedentes do Japso, das regiOes de T6quio e Kioto, alem

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ALGUNS ASPECTOS DA ZONA SUL NO SOCULOXX 117

de pe~s de bronze, miniaturas de monumentos., quadros, imagens e fot o­grafias.

Durante varia s semanas, com excecsc das segundas feiras., 0 Museu deArte Moderna expos todo 0 acervo, apresentado por tendencies, suas colecoesde pintura, esculturas, desenhos e gravures.

No Pavilhio da Marinha Mercante, onde se encontra plantado 0 mastrode urn dos navios torpedeados nas costas do Brasil per submarinos naz istas,cornernorando a Semana da Vit6r ia. foram exposta s pecas conquistadas pelasunidades do Exercitc Brasileiro que parti ciparam da II Guerra Mundial, naJUl ia.

Ocupando dois paviment os do Palacio das Exposicces, a Bxpostcrode lIist6ria de Sao Paulo foi dividida em nove secczes, apresentando docu­mentecro em grande parte inedita , desde a epoca dos grandee descobr imentosmaritime s ate 0 periodo republicano. Na elaboracr o dos roteiros, escolhade pecas e montagens, os historiadores paulistas foram dignos auxilia res doprofessor Jaime Cortezso.

No dia 16 de abril de 1955, no Ibirapuera houve grande concentracsode professores e estudantes, para receber 0 sr. presidente da Republica. sr.Cafe Filho, que viera a Sao Paulo para a inaugura~o oficial da Refinaria deCubatao, fato bastante auspicioso no ambito da politica relacionada com osassuntos relatives a produ~o de petr6leo, e que naquela epoca const ituir iaverdadeiro pioneirismo, sem que se tenha verificado muito progresso, passe­dos estes untmosvinte anos .. .

Visitando a Exposiyao de Hist6r ia, 0 Presidente da Republica recebeu,das msos de Guilherrne de Almeida, a medalha comemorativa do IV Cente­nario da Cidade de Sao Paulo. A visita, considerada muito significativa,principalmente pejo fato que trouxe 0 presidente a Sao Paulo. foi encaradaentso, como urn dos fatos mais importantes do ano.

Alguns meses depois, 6 homenageado tambem 0 professor JaimeCortezso , quando fez a entr ega dos originais do Catilogo da Exposi-;io deHist6ria de Sao Paulo no Quadro da Hist6ria do Brasil, a Fernando Millan.diret or do Service de Comemoraczes Culturais da Comissao do JV Cente­nario .

Continuam, no Ibirapuera, outras atividades de fundo cultural, acen­tuando-se, dessa maneira sua importante fUnfiio cultural. ao lado da recreo­twa.

De carater nacional foram as manifesta¢es folcl6ricas nos festejos doIV Centenano , com urn grande Festival Brasileiro de Folclore e Exposiyao deArtes e Tecnicas Populares. No Festival exibuam-se dezesseis grupos dointerior e do litoral do Estado de Sio Paulo, alem de alguns grupos repre­sentando outr os Estados. Assim, Atibaia apresentou Congadas; Piracicaba,

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us o BAIR RO DO IBIRAPUERA

Caterete ; Piracaia, Caiap6s; Tatuf e Sorocaba , Fandingo; Cunha e Aparecidado Norte, Mocambiques ; Tiete, Laranja! Paulista e Capivari, Batuque; RioGrande do Sui, com seus Tropeiros da Tradlcso, chimarrita ; Estado do Riode Jane iro, congo, ticumb i, Bumba men 8oi; Alagoas, reisado e guerreiros ;Santa Catarina, 0 vflso; e 0 Dist rito Federal, que era, ainda 0 Rio de Ja neiro ,apresentou aEscola de Samba do Portela.

A Exposicao de Artes e Tecnicas Populares, lnaugurada em agosto de1954, com 0 Congresso de Folclore, depois de fechada per algum tempo,fo i reaberta em abril de 1955, para atingir sell ponto culminante com ascomemoracces de agostc , 0 que se to rnou urn dos atrativos anuats do ParqueIbirapuera, durante todos estes ultimos anos. Como costumam ser, tambem,os Folguedos de Junho com as brincadeiras pr6prias dos dias de Sao Joao eSao Pedro .

A II Bxposicro de Arte Medema (BIENAL) foi a primeira grandemarufestacro artfst ica das comemoracoc s do IV Cente nano. Montada nosPalacios das Nacoes e dos Estadcs, epresentou quatro mil obras represen­ta ndo 0 Brasil, a GNU e trinta e oito parses. Cont inuaram as exposicocsbienais, com tod os os seus altos e baixos, pontos negat ives e positlvos, comgI6rias e frustraczes, mas sempre rnotivando uma parte da populacso _paulis­tana para as realizaeoes art fsticas.

Dentro da Hist6ria do Ibirapuera muitas Hist6rias diferentes poderiamser contadas. A das Bjenais talvez fosse uma das mais fascinantes pelo que elapode represcntar no campo das artes plasticas, nao arenas em Sao Paulo,mas no mu ndo artfs tico nacional e intemac ional. E ainda no sentido humanoe social, envolvendo personalidades complexas e versate ts, com urn interiormisterloso e rico.

Na mesma epoca da II BIENAL, no Palacio dos Estados realizou-sepma exposicr o internaclona l de Arquitetura, nela tomando parte importa ntegrupo de arquitetos estra ngelros, vindos da America do Norte, da Europae do Oriente. Para essa mostra a Fundacso Andrea e Virginia Matarazzoinstituiu 0 "Premio Sao Paulo" , sendo premiado Walter Grop ius, fun dadorda escola por ele denominada Bauhaus.

Durante os anos que se seguiram, pots, 0 Ibirapuera continua a cumprirsua f inalidade cultural, dentro do espirito que norteara as atividades daComissao do IV Centenarto.

Nao se deve, porem, deixar to talmente de lado, outras realizacoesculturais da Comissao, per isso e born lembrar que sob 0 signo do Ibirapuera,mesmo fora dele, foram realizadas em outros recintos , centenas de atividadesculturais, recreativas e esporttvas, envolvendo Congresses de Cis ncia e Arte,compencc es esportivas, espetac ulos oe arte em geraj , como os do " BalletQuarto Centenano" ou as pecas rnusicais criadas por artistas como Vila Lobos,

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ALGUNS ASPECTOS VA ZONA SUL NO Sf'£ULO XX 119

Francisco Mignone e Camargo Guarniere.Cada ana que passa, com modifica~Oes, sucessos au frustracoes. a Ibira­

ouera pode se apresentar sob novas iingulos, inclusive com ccmemoraceescrvtcas, como as que se realizam todos os anos, de carater nacional, em datespaulistas ou nactona ts, como as que se realizam no aniversario da Cidade a uem torno do Meusoleu 9 de Julho, a u ainda de carater s6cio-religioso , comoas Exposicoes de Prcseplos.

Os que visitam 0 Ibirapuera podem divertir-se, tomando parte em com­pcticees realizadas pelo Centauro Moto Clube au simplesmente passeandc debarco. Podem prance r espor tes como a futebol, au tomar part e em' exibi­~Oes de ginast lca a u assistindo a determinados espetaculos como, par exem.plo , 0 Camaval no Gelo. Ou simplesmente , passear pelo Parque , to mar refei­~o num dos restaurantes, ou sentar-se :i sombra das arvores.

Assim se define tambem a fun~o recreativa, que , com a de "areaverde", deve coonstituir a Ibirapuera e suas adjacencias como um dos c rga­rusmos mais importantes - envolve nao apenas 0 campo cult ural e social,mas tambem 0 amb ito muito importa nte da Sacde PUblica - da grande Me­tr6po le que tende a se desumanizar cada vez mais, cada vez mais poluida emenos saudevet.

Segundo 0 Coordenador das Admtntstraczes Rcgionais ent revtstadopela "Folha de Sao Paulo" no dia 10 de marco de 1974, "quando as repar­ti~6es publtcas salrem do Parque ele sera transformado em centro de culturae de lazer muito importa nt e para a Cidade".

. Na realidade , as fun~6es do Parque Ibirapuera fazendo dele 0 centro dobairro, di o ao ba lrro urn conjunto de funczes urn tanto desiquilibrado,quando se co nsidera que algumas desses funczes se avolumam e crescem numritmo raptdo , enquanto ou tras sao mais ou menos apagadas .

Uma destas fu"iOOes urn tanto apagadas, comparada com as de outrasserta a {UnftlO reudencial, visto que de fato a area utilizada como residenciaabriga uma populacao flxa relauvamente pequena quando comparada com amassa de visitantes que 0 Parque recebe ou 0 numer o de Iuncionarios que alitrabalham, mas residem em outros bairros.

Nas mansoes que rodeam 0 Parque Ibirapuera, ou nas casas de outrasruas nas suas proximidades vtve uma populaero mais ou menos restr ita ,considerando-se a area por ela ocupada , pots nao existem muitas familia snumerosas ent re as que habitam as grandee residencies com seus lindosjardins.

Um a Visio d o Ibira puera de Hoje

Embcra se mantenham suas fun~oes principais, aos poucos 0 Ibirapuera

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120 o BAIRRO DO IBIRAPUERA

Ioi se desvirtuando totalmente, deixando de ser aquila para 0 qual foracriado: cent ro perma nente de lazer , cultura e turismo.

Em 1969, com restaurantes de funcionamento precarto. fontes lumi.noses que naa funcionavam normabnente, ocupacro indevida de certasareas. predlos mal conservados au danificados por intempl!ries, e aguaspolufdas, Ievaram 0 prefeito Faria Lima, quase em fms de seu mandato , ainsistlr em uma remodelacso do Parque Ibirapuera, enquanto apressava asobras das grandesavenidas.

Ao mesmo tempo que milhar es de operartos tr abelhavam dia e notre nosviadutos e avenidas , 0 Parque Ibirapuera adquiria novo especto.b que e salien­tado pelos jorna is quase diariamente.

A:Wm se referiu ao Parque, " 0 Estado de Sao Paulo" de 3 de abril de1969" :

. "0 Parque florido"o Ibirapuera esta todo mudado. Desde 0 inicio, perto da Briga­deiro, notam-se dezenas de jardineiros da Prefeitura aparando agrama, remodelando tudo. As paImeiras, plantadas M algumtempo, ja se flrmaram na terra , e estso abrindo as folhas. Qua­drados de grama vio sendc arranjados como azulejos, sobre 0terr ene adubado. Depois de pronto cada cantelro, uma pla­queta ~ colocada: "Mantenha verde a nossa cidade" .Em volta do Obelisco nao ta mais plantas. Tudo esU arado,preparado para receber folhagens novas, gramas novas. E agora,que os grande eucaliptus foram cortados, as velhas paineieasem flor parecem maiores, dao urn tom cor de rosa ao Ibirapuera.

. Perto delas, ate urn laguinho foi colocado, de enfeite, novinho,azulejado, como uma primeiea rosa."

Mas ha muito 0 que refonnar ou restaurar, ou mesmo eliminar nesseParque que devil ser 0 maier centro cultural e recreat ive de Sio Paulo. Osjornais da epoca referem-se ao fato de urn functonano municipal ter umaresidencia confo rtavelmente instalada 1).0 Parque, podendo eriar aM porcosnas proximidades da Avenida IV Centenano considerada uma das maiselegantes do baiero de Ibirapuera. Clamam contra 0 fato de esterem lado alado, play-grounds, 0 Kennel Clube e ainda a Sociedade Paulista de CaesPastOICS.

Alguns jornais salientam que, se 0 Parque Manequinho Lopes, comentrada pela avenida RepUblica do Libano, que abriga. a Divisao de Parquese Jardins e que seria translormado em Jardim Botinico, e a cntca reparn­~ao que Ilio desflgurcu a fmalidade do Parque Ibirapuera, nas suas proximi-

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ALGUNS ASPECTOS DA l ONA SUL NO S~ULO XX 121

dades, a Comissao de Construcses Escolares deposita carteiras, balances eoutros materiaisde grupos escolares e parques infantis.. Apesar disso, certas atividades cuIturais e recteativas continuant nor­malmente. Em abnl de 1972, os jornais anunciavam algumas expos tczes,as sesszes do Planetano e os meios de recreacto do Parque.

o Planet!rio nio foi inaugurado durante as comemoraczes do IV Cen­tenaric, mas em 1957, no mes de janeiro. De fabrieat.;:io alemI, ocupa urne<1ificio de forma circular com uma cupula metalica de 20,06 metros dedidmet ro e 13 metros de altura . .

A sala de projecees tern acomodacees para 374 pessoas sentadas, comvis50 completa da tela, que ~ 0 pr6prio teto. Nas projecr& s pode-sever cincop1anetas e oito mil e novecentas estrelas.

Desde que foi inaugurado,o Planetario funciona aos sebados, domingose feriados, em tres sessoes, as 16, 18 e 20 hcras, e costuma ser urn dos grandeeatrativos do Parque, pots sao comuns as caravanas de estudantes, inclusive dointerior do Estado , que 0 visitamu .

Num roteiro do Parque, "0 Estado de sao Paulo" de 21-4-1972 orientasobre 0 maior acervo de arte conrempors rea da America Latina, expostcrono Museu de Arte Contepora nea, situado no Pavilhao Arruda Pereira, atrasda Bienal; 0 Museu de Artes e Tecnlcas Populares, mais conhecido comoMuseu do Fok lore, que ocupa, junto com 0 Museu de Aeronauuca, urnedificio semt-estertco, exibe pet.;:as folcl6ricas de todos os Estados do Brasil.o Museu de Aeronoiutica, mostrandc a Hist6ria da Aviat.;:io no Brasil e noMundo (ai se encontram 0 hidro-aviio JAO usado por Jere Ribeiro de Barrosem 1927, e as replicas do " 14 BIS" e do " DEMOISELLE" , que deram gJ6riaa Santos Dumont).

o Museu dos Presepios continua a ser uma das grandee atracr5es deIbirapuera. Organizado por Dona Lourdes Milliet, viuva de Sergio MiUiel ,foi instalado e inaugurado per Faria Lima em 1969.

Francisco Matarazzo Sobrinho trouxe da ltalia em 1949, urn PresepjoNapolitano, conjunto de arte barroca extremamente valioso. Doando aPrefeitura Municipal de Sao Paulo, Matarazzo Sobrinho financiou sua menta­gem na Galeria Prestes Maia, per artistas italianos e brasileuos, de acordocom concepcso arquitet 6nica de Tulio Costa.

Quando se iniciaram as obras cia escada rolante da Galeria Prestes Maia,o Preseplo foi desmontado e assim permaneceu durante doze anos, ate queFaria Lima autorizou a adaptacao de urn local no Ibirapuera e a remontagemdo Presepio Napolitano, como nucleo baslco de nova Unidade Municipal.

Com a doat.;:io de outros conjuntos per part iculares e aquisicrao dealguns pela Prefeitura, 0 Museu dos Prese:pios foi, fmalmente, inaugurado bernno flm do mandato do prefeito Faria lima.

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122 o BAIRRQ 00 I BI RAPUERA

Descrevendo 0 Museu dos Preseptos, " 0 Estado de Sao Paulo" de 3 deabril de 1969 , assim se exprimia:

"0 Museu dos Presepios possu i pecas francesas, pojo nesas, italja­nas, port uguesas, da Ilha da Madeira, alem de preseptos brasileirosdo seculo XVIII - lapinhas da Bahia - e alguns preseptc s reglo­nau , do Vale do Paraiba, mostrando uma arte mais ingcnu a e me­nos requintada . Mas a mont agem do Museu obedece a umaordem, de modo que as pessoas que 0 visitarem vao encontrando,a cada p Cy3 , urn pon te mais c1evado, que culminard com 0 Prese­pio Napo lita no, cujas flguras - mais de 300 - impressionampelo reattsmo, dan do, as vczes, impressao de que podersomover-sc-, tal a prectsro dos detalhes."

Localizado sob a grande marquise, 0 Museu des Preseplos possui ccrcade trezcntos preseplos de varie s parses. cada urn dando uma vtsro mats oumenos diferente do nasctmcnro de Cristo. Abert o diar iament e ao publico,menos as segundas tet ras. costuma nso cob rar ingresso 3S quartas feiras.

A Colonia Japonesa radicada em Sao Paulo continua a abrlr as portasdo Palacio Katura, acs sabados . domingos e ferlados, com seus salOes derecepcso e de cha, contendo objetos dat ados do ano 200 D.C.

Continua, pois, 0 Ibirapuera,cumprindo sua fun~o cultural, e a Sect e­tar ia Municipal de Tur ismo e f omento cost urna distribuir e afixar calen­dartos dessas auvidades , com certa antecedencia, inclusive de certos cursosque se realizam no Ibirapuera, em diversas areas de eultura, como, porexemplo, os curses que se realjzam todo s os anos sobre Folclore .

Cumpre tambem sua fu nftio recreative, com 0 Play-ground situadcarras do antigo Palacio lnternacional, com barras, gangorras. balances e uma"mini roda gigante". Funcionando normalmente nos fins de semana e feria­dos, 0 Toboga e 0 trenzinho atraem centenas de vtstta ntes e faze m a alegriadas cna ncas.

Mas, segundo a reportagem d' " 0 Estado de Sao Paulo" , sao os grama­dos do Parque Ibirapuera que atraom os paulistanos nos dias fena dos, cercade cinquenta mil pcssoas, que cont inuam a former a part e Ilutuant e dapopulacro e que varia conforme os programas c as atracze s.

Sob 0 ponto de vista restdenctal. as ruas que formam , em torno doParque e nas suas vizinhancas, 0 Bairro do Ibirapuera , provavelmente naosofrerf c muitas alteracoes, a nao ser talvez, no futuro , urn certo aumento nasua area, pots os que ai residem sentcm-se pcrfeitamente felizes em viver noIbirapuera, junto a urna das poucas areas verdes da Cidade , que, sendo umadas maiores rnet r6poles do Mundo, perde , de rnuita s, em relacro a proporero

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ALGUNS ASPECTOS DA ZONA SUL NO S£CULO XX 123

de area verde.Se 0 Ibirapuera substituiu, par algum tempo , os Jardins, outras opczes

surgiram nGS ultimos tempos,' como, per exemplo, 0 behssimo Morumbi,com restdenctas do mais alto gabarito , ou ainda 0 loteamento da antigaChacara Flora. mas nao e muit o provavel urn remanejamento de populacaono Ibirapuera.

Entretanto , apesar des muitas vantagens que 0 lblrapuera tern ofere.cido, e que foram salientadas nos anos scssenta , c mesmo nos pnm eiros anosda decada des sctenta , os mesmos jornais que tanto elogiaram e valorizaramo belo Parque, chamam a atcncro das autortdades para 0 que tern prejudicadoo bairro e 0 pr6prio logradouro .

Uma reportagem d' "0 Estado de Sao Paulo" , assinada por FranciscoOrnellas?", ernbora saliente a importancia do Jardim dos Cegos. com tresmil metros quadrados e places com tnscrlczcs em Braille, inaugurado em1973, nao se mostra muito ot imista, quando afirma exjstlr "urn rotciro deabandc nc dentro da pr6pr ia sede oficial da Prefeitura do Municipio de SaoPaulo" .

Agora, todos insistem que e hora de se reformar 0 Parque Ibirapuera,cujo projeto foi constderado simbolo de uma nova era no urbanismo do pais.

~ evidente que a noticia de qualquer tipo de reforma do Parque Ibira­puera provoca os mais dcsencontrados comentanos.

Em meados de 1973, a noncta da metalacro de uma cerca no Ibira­puera chegou a alarmar alguns paulistas. Contra a ideia da Prefeitura mani­festou-se urn des arquiteto s da Comissao do IV Centemirio, Sf . ZenonLotufo, cuja opiniao coincide com 0 pont o de vista do paisagista TeixeiraMendes.

Enquanto para a Prefeitura os gradis seriam uma forma de dar "maiertranqtiilidade as Iarmlias que 0 frequentem, bern como aos. funcionariosdas repamcoes municipals ali existentes", para Zenon Lotufo a cerca iraagravar mais ainda a ·rnauttl taacr o do Parque "tornando-o menos comuni­cativo no ponto de vista psicol6gico, quando devera scr uma extc nsro naturaldo espaco publico" . Para ele, essa sene uma des muitas medidas que dHuiramtotabnente os fins para ds quais 0 Parque fo i projetado'?".

Bntrevtstado pela FoUta de Sao Paulo" , 0 admmistrador do Parque,Anisic Ribeiro de Lima Filho afirma que :

"0 Ibirapuera M multo deixou de scr parque, e disciplinar aentrada - seis portoes des oito foram fechados ao transite ,para evitar congestionamento nas avenidas Republica do Lfb anoe IV Centcnan o - e uma das primeiras medidas que scraoadotadas para que possa ser executedo 0 Projeto de. Burle Marx,

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124 0 BAIRRODOIBIRAPUERA

que pretende exatame nte isto : urn retorno ac concerto deParque."

Convidado pelo prefeito Miguel Colasuon no, em fins de 1973, BurleMarx apresenta urn projeto dentro desse espirito .

No projet c de refor ma do Parque Ibirapuera apresenta do por BurleMarx e sua equipe, esti prevista a implantacdc de mais urna area verde dentrodo Parque , devendo-se abrir con correncia para a instalar;io de novos restau­rantes.

Tarnbern sera vedada totalmente a ent rada de autom6veis no Parque.Para os carros haveria tre s estacionamentos fora do per fmet ro do Parque, comcapacidade para quatro mil e quinhentos carros. 0 meio de circulacao no inte­rior do Parque poderia ser urn t renzinho ou qualquer outre meio de trans­porte, de acor do com 0 pr6p rio paisagista.

Nos ultimos anos a reforma foi uma constante nos programas da Prefei­tura . E,

"urn parque eurn centro de mer, culture e recreacdo",

afirma 0 prefeit c Miguel Colasuonno.Na esssncta do projeto de reforma do Parque , pretende-se conservar

o gramado para usc das cnanees, que poderso pisar a von tade na grama.Mas ant es de uma reforma , no amplo sentido da palavra, rio sendo

tomadas certas medidas para maior seguraJll? e confcrto as famflias que Ire­qa entam 0 Parque . Fechadas as guarita s (onde moleques costumavam per­nc itar}, reformados os cite sanitirios, reformada a rede de esgctos implantadaem 1954 , tornada deficiente no decorrer des ano s, com 0 servlco de vigi­Iincia executado por guarda s contratados de uma firma particular, enquanton50 se iniciam efetivament e as reformas, as portoes Iicarac abertos aosvisitante s.

Urn dos problemas rnais graves e 0 da poluicro des lagos que se torna­ram receptores dos esgotos. A EMURB {Empress Municipal de Urbanizacso)ja esta iniciando os estudos tecnicos sobre 0 assunto.

A ampltacro da area do Parque foi objeto do programa do prefeitoFigueiredo Perraz, Para tal, como parte da recuperacso total do Parque , foideclarado de utilidade publica, para posterior desaproprtacro, urn terrenocom 2382m2 na rua Repub lica do Lfbanc , junto ao n.c 3 15, e que da fundopara 0 Parque . Uma outra area, de quarenta mil metros quadrados, junto aavenida Ibirapuera, tambem sera transformada em jardim.

Planejada ainda a demolir;io do Palacio Intema cional, essa area tamb emseria transfonnada em jardim.

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ALGUNS ASPECTOS DA ZONA SUL NO S£CULO XX 125

No PaviIhio lntemacional eram realizadas, desde 1954 , as grandesfeira s exponcees e feiras internaciona is. Mas 0 edifrcio nso passava de urnbarracso feio e destoava do conjunto arquitetenlcc realizado pela equi peNiemeyer, e, realmente, dele nac fazia parte.

Em 1955 a empresa Alcantara Machado obteve exclusividade de seuusn, e ai se instalaram, em diversas ocaslees, 0 Sillo da Crtanea. 0 Sa1fo doAutom6vel, a Fenit, a Feira de Utilidades Dornesti cas. a Feira Americana ,a Feira Francesa.

Tais exposlcce s e feiras traziam uma movimentacso incomum aoParque, e 56 na epoca de elei~oes seriam retira dos os materiais das exposicoese feiras realizadas pela Alcantara Machado. Enti a , 0 Parque mudava deaspecto , com urna populacro com pletamente diferente des diu comuns,com fiscais e eleitores a con tro lar 0 movimento das apuracdes e das umas,

Com a constructe do Parque Anhembi, em local muito mais amp lopara tais expos tcoes e feiraa, a pr6pria Alcantara Machado nso se inter essoumats pelo Pavilhio Internacional, e, em 1971 0 cont rato nso foi renovado,fican dc , assim, 0 Pav ilhao disponivel para ser demolido, e desocupar urnaarea de vinte mil met ros quadrados.

Ant es d isso, ainda reatzou-se urna quermesse (setembro de 1970) ,promovida pela Associacr o Santo Agostinho - ultima promocro no Pavi­lJuio International - pois no rnesmo ano jli se realizava 0 primeiro Salao doAutom6vel, no Anhembi.

o proje to de reforma, apresentado pela equipe Burle Marx provocadebates, em virtud e, principalmente, do seu alto custo , exigindo novas verbasou transteren cias de verbas destinadas a outras finalidades.

Assim mesmo, ao ser apresentada aimprensa, ha urn clima de ot imismoem torno dos come ntanos. Afinal, todos estso de acordo, pelo menos emurn ponto: 0 Parque Ibirapuera fo i desvirtuad o em suas fmalidades e devevoltar as suas o rigens.

Urn comentarlstae? d' " 0 Estado de Sao Paulo" afirma que, se a Prefei­tu ra apravar 0 projeto de restauracro paisagist ica, sugerido por Burle Marx,ate 0 flm do aro 0 Perque lbirepuera podera ser remodelado. Entdo, a vege­ta¢o podera ser ccnservada . Havera flores 0 ano to do. Novos tipos de arvoresserso plantados: quaresmctras. paineiras, mulungus, sibipirunas, tipu anas ejacarandas. E, no Parque, s6 pedestres; carros nos estac ionamentos.

No projeto este prevista a transferencia do Museu de Arte Modernapara 0 predtc ond e esta instalado 0 Gabinete do Prefeito . A essa altura, aPrefeitu ra jli deveria ter escolhido 0 novo local para sua sede na zona Leste.

Tambem sertam transferidos 0 vivetro Manequinho Lopes, os galpOesdes Arqufvos, a Uniio Protetora dos Animais, a Cmemanca. Para Cotiaseriam levadas as mudas do v fvelro Manequinho Lopes , cera de urn milhao

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126 o BAIRRO DO IBIRAP UERA

ainda. jnnto ao Centro Municipal de Campismo.Assim, de 1955 em dante. a Cidade de Sao Paulo foi govemada po t

prefeitos instalados no Ibirapuera.Durante todos esses anos, 0 Ibirapuera, como nucleo centra l do re­

quintado balrro de Iblrapuera, peeencheu uma funyao administrativa para aqual nrc fora crtado, em prejufzo evidcnte da fu n~ao mais humana e sfmpa­tica de area de lazer e cult ura, priorltdria no projet o original.

Segund o nor mas e idcologias proprtas, cada prefclto exerceu sua funlfaodentro de dcterminados ponto s de vista, sendo 0 pr6prio Ibirapuera encaradode maneiras dlferentes.

Desvirtuadas as funcees esscncae para as quais fora crtado, os ulnmosprefeitos tenta rarn. sem sucesso, reconduzr-jc as suas or igens.

o Brigadeiro Faria Lima. Paulo Salim Maluf, Figueiredo Ferraz eMiguel Colasuonno tentaram restabe lecer a paisagem onde 0 verde era aessenca da beleza.

Depots do projeto Burlc Marx (mapa D), comc ntado durante 0 anopassadc (1974) , pelos jorna is que entrevistaram tanto 0 Prefeito MiguelColasuonno como 0 pr6prio paisagista , nouciou-se que 0 arquiteto OscarNiemeyer sene contratado pela Prefeitura para a recuperacsc do ParqueIbirapuera.

Para 0 ilustre arquiteto ,

"0 lbirapuera se resume hoje numa sene de lotes corta dos porcirculacao de verculos: os predios estro adu lterados; a marquisecompletamente ocupada ; a finalidade da area acabou se desvir­tuando, 0 que e lamentavel. 0 Ibirapuera e atua lmente urnrecanto da cidade com circu layao de ve tculos por todos os lados,quando a ideia era justarnente 0 cont rario, ou seja, a implanta­~o de urn grande jard im".

Apresentando 0 arquiteto Oscar Niemeyer aos jornalistas, 0 prefeitoColasuonno disse que ele viera a Sao Paulo a seu convite

"em razao da preoc upacro que tenho de ampliar, em algunsrnilhocs de metros quadrados, a area verde exlstente na Capitale que visa a r nelhoria da qualidade da vida urba na. Com lsso.vamos dar 0 exemplc, devolvendo 0 Parque Ibirapuera .i popu­la~ao e transferindo a scde do Execut ive Municipal para a VilaGuilherme".

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ALGUNS ASPECTOS DA ZONA SUL NO Sf.CULO XX 127

"Niemeyer ira orientar-nos e dar cobert ura profissional quantoadevolucao to tal do Ibirapuera ao povo, como simbolo da huma­niza~ao da Cidade de Sao Paulo" .

Ao mesmo tempo, 0 [lustre arquiteto afirma que

"eu e meus colegas - porque meu trabalho e de equipe - temosinteresse em ajudar na reconsti tuicao do Parque lbuapucra. quetanto interesse :i nossa arquitctura e multo mais ao povo de SaoPaulo. Nosso interesse ~ rca lmente fazer voltar a area verde queele constituia e que se foi desvirtuando com 0 correr dostempos."

·'0 desvirtu amento com~ou a ocorrer desde 0 imcio, quando naose fez 0 audit6rio, junto ao predio do Museu da Aeronauuca,com capacidade para mil pessoas. lsso deu ao parque um aspectcIndeflntdo que ell nso sabia como funcionava. Considcro queagora chcgou a opo rtun idade de sc rcfazcr tude ."

Inquirido sobre 0 tempo que se levara para a recuperacso do Parque,Niemeyer afirma que

" isso depende das medidas burocrauca s, ou seja, da renr ada dasreparncees da Prefeitura que aqui estso instaladas. Nao haviaratio da vinda delas para d . 0 parquc se dcsttnava a urn grandecentro de cuttura, com salas para conferenctas c expostcees.Porcm, de nossa parte, sera facil fazer urn rclat6rio expllcandoo que devc ser feito e, inclusive, refazer 0 projeto para a cons­tru~o do audit6r io." .

o arquite to tambem mostrou-se contra as grades ptcjetadas, afirmandoser contra tudo 0 que e limitacao. Assim, uma das primeiras providencias seraretirar os gradts.

Entre ta nto, as altcracoes c reformas previstas tan to pelo paisagistacomo pela admuustracro passada, nso chegaram a ser realizadas, nso havendonem mesmo a assmatura de cont ratos.

Nao obstant e os gastos cont ra a poluicao dos lagos. na gestsoColasuonno, e as medidas tomadas pejo prefeitc Figueiredo Fenez para evitara frequdncia de marginais - cclccando gradis de ferro e obstaculos a aut o­m6veis nos portoes - 0 Ibirapuera continuou a apresentar prob lemas dedific il solucso.

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128 o BAIRRQ 00 IBJRAPUERA

A 16 de abril do corrente ana (197 5), tomou posse ~ novo prefeitonomeado Olavo Egydio Setubal.

Era plano do prefetto Colasuonno t ransferir a sede do Executivo Muni­cipal para 0 edificio do Montepio em construcac na area do Projeto Leste,enquanto devena m ser construidos var ies predios destinados aadrmntstracso.

Falando a imprensa 0 prefeito Setubal afirma que 0 Hotel Anhembi,projetado em 1967 para ser urn modemo e luxuoso hotel, devers set a novasede da admtnistracso, 0 que faria, entso 0 Parque Ibirapuera voltar a suaprincipal fun~o como area de mer e culture, e, ao mesmo tempo, senamentregues A administralfao estadua l os pianos de reurbanizat;io do ProjetcLeete .

Nile tendo se realizado a mudanca, Coram tambem adiadas as reforma sdo Parque Ibirapuera.

Entretantc, passados tres rneses, a Prefeitura toma uma medida quemais de uma vez tinha side aventada, combat ida, porem, pejos que achavamque seria outra forma de desvirtuamento das funcoes do Parque : a part ir de1.0 de agosto, no periodo de 22 as 6 horas, 0 Parque Ibirapuera pennanece riafechado, pais nos ultimos dais meses "vohou a ser freqae ntado por prosn­tutas, enquanto pela manila era usado como estacionamentc de verculosde firmas comerclals. Ao mesmo tempo , e estudada mudance naestrutura adnunistrativa do Ibirapuera, a que delxara de ser subordinado aCoordenacsc das Admini str~oes Regionais, passando para a se~o deParques e Jardins da Secretaria de Servtcos e Obras' ".

Posslvelmente, tais medidas sejam 0 tnrctc das refonnas que, realizadas,trarso de volta 0 Parque Ibirapuera aimportantissima funyio para a qual foracriado, de verdadeiro propulsor do bairro Ibirapuera, centro de lazer e deculture, a urn tempo pulmocs e coracso, pulmoes a oxigenar como area verdea poluida capital de Sao Paulo, coracso de urn pequeno e sofisticado bairropauhstano .

Voltando as suas origens, 0 Ibirapuera perdera a fun~o administrativacujos tentaculos asfixiaram as funczes de area verde, mas tornara mais acen­tuada a fun~o residencial, 0 que melhor definira a sua denom inacro de"bairro", segundo 0 consenso popular.

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CONC LU SAO

Jornais e revistas dedicaram niimeros especlals ao IV Cente nerlo daCidade de Sao Paulo , ilustrados com excelen tes fotograflas.

Manchete, em seu nurnero especial, com justeposlcso de urn texto emlingua inglesa, referindo-se ao Parque lbirapuera , afirma que

"Esse Parque IS hoje nova cidade do Estado. ~ a cidade de Ibira­puera, constituida em menos de dais anos, para cont ar a hist6riade urna cidade de quatrocentos a ROS. Recebendo "uma med ia decern mil visitantes aos sebados e dbmmgos", no seu interiorcomo qualquer cidade de verdaae, se encontra uma Delegacia dePolfcia, urna estacro de Corpo de Bombeircs, urn posto de ProntoSocorro, com Ambulat6rio, Enfennage m e AmbuJancia; duasagendas bancarias e de cambia, tres agendas de turtsmo e passa­gens; urn Service Gera~ de lnrormacees desdobrado em vanespostos com lnterpretes em varies idiomas; um Service de Guardade Volumes; cinco bares cobertos e dezesseis externos; quatrorestaurantes e quatro churrascarias; uma Agend a de Correios eTelegrefos, e uma administracao que funciona como verdadeiraPrefeltura."

o mapa do Parque , pub licado nesse namero especial de Manchete , dauma ideia do Ibirapuera naquela epoce . "Cidade de populacao flutuante,cuja maioria s6 a habit a durante 0 dia , Ibirapuera viu crescer sua popula~iio

a medida que se passaram os anos, rodeada de mans6es com belos jardlns.~ uma populacso flu tuante, composta de uma massa de funcionarios

municipais e de visitantes que se revezam durante a semana, aumenta ndo nosdias de exposieoes e festivais, crescendo aos sabados, domingos e feriados.Populacso que nao reside, em geral, no bairro de Ibirapuera. Ao contrariodos habitantes das mas adjacentes , que, normalmente nao sao funclonarlos

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130 o BAIRRO DO IBIRAP UERA

municipais, nele nao trabalhando, c que, em geral, scm mesmo frequen­ta-lc - as moradores das elegantes avenidas que rodeam 0 Parque nsoprecisam desses pulmoes, vtsto que possuem as seus belissimos ja rdins, nestemes cober tos de azaleas e ipes. - usufruem das vantagens de apenas "vivcr"no bair ro de Ibirapuera.

Cidade em miniatura , sim. Portanto , urn peque no bairro segundo 0consenso popular , c que a pr6pria Prefeitura como ta l 0 acetta. pela suaSecretaria de Turismo e Fomento , quando em folhetos de propaganda trazuma fotografia do Parque Ibirapuera, situado no "bairro de Jblrapuere"!",ou nos dizeres explicativos em fotografias de seu arquivo Iconograftco.

Denominacao que a imprensa aceita , quando aqui e ali se refere a ave­nida IV Centenano e a avenida Republica do Lfbano, como das mats ansto­craticas do " bairro de Ibirapuera " . E que os propnos moradores ouproprietarie s de im6veis conflrmam quando anunciam Ii venda "quatrocen­tos metros quadrados de conservada construcso, no lbirapuera {IardimLusitania), ou exce lente residencia moderna em terre no de quinhe ntosmetros quadrados "no Ibirapuera, imcdiacoes de avenida Republica doLrbano e avenida IV Centenano". ou mesmo um aparta mento em Moema"protegido da poluicao pelo verde do Ibirapuera", ou "apartamento em ·Vila Mariana - lbirapuera".

Foi dessa "Cidad e" em miniatu ra, mas gigante pelo seu significadono complexo urbano da capital paulista que tentamos resumir, em tracesgerais, a Hist6ria.

Com funcoes que jamais um logradouro comum teria - administra­tiva, cult ural, social e recrcativa - 0 Parque Ibirapuera, em vias de se mod i.ficar quand o se realizer a transterencia do Execut lvo Municipal para Anhcmbiou outro local qualquer, e passando para 0 Setor de Parques c Jardins, te rnan­do-se definit ivamente um dos logradouros comuns da Capital, ainda que 0

maior ou 0 melhor, [amais deixara de ser 0 Centro do novo Bairro de Ibira­puera que tende a se estender aos poueos, abrangendo rnaior area, aumen­tando, provavelmente, seu corredor eomercia l, sem perder , todavia, suascaracter isticas de bairro residencial.

Perdendo uma parte apenas de suas funczes admfnistrativas , vtsto quesera, em carater permanente, a sede do setor de Parqucs e Jardlns, e con­ttnuara a abngar.o Lcgislativo Estadual, 0 Bairro de Ibirapuera, mesmo sendoformado por terrenos perte neentes a diferentes sub-distritos - Vila Mariana,Iblrap uera ou Indian6polis - sera sempre um bairro diferente, versatil em suasfuncees, com uma Hist6ria que pode ser fascinante quando estudada emprofundidade, inclusive quanto a sua magnifica paisagem botanica, plantasque foram seu pr imeiro tipo de povoamento.

Avenida Ibirapuera - Jardim Ibirapuera - sub-distrito de Ibirapuera

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CONCLUSAO 13I

- Parque Ibirapuera.Eis os Ibirapueras que ainda encontramos em Sao Paulo, que mantem a

denc minacro tradicional e uma certa irnportincia ent re os bairros e jardinsda Capital de Sao Paulo.

e provavel que existam out ros jardins ou vilas ou mesmo algumaspropr iedades rurais sob esta denommacro. E que outros sejam criados futu­ramente. Mas, quantos ainda teriam alguma relacso com as terras do caciquede Geribatiba?

Ou quantos poderiam compenr com 0 "nosso" bairro de lbirapuera,com seu Parque, onde cada ediffcic . cada monumento, e att arvore tern suapr6pr ia Hist6r ia e urn sentido pr6prio?

As terras do I birap~era , estao no ''Caminho do Virapoeira" , e nao nopr6prio Virapoeira de Caiubi e de Anchieta .

A palavra Ibirapuera, como designa9ao das tet ras do atual " Bairro deIbirapuera" , formado pe jo Parque Ibirapuera e seus arredores, 03:0 fo i encon­trada sempre nos documentos por nos examinados .. Os documentos mais antigos referem-se, em geral, a ''Caminho de vlra­poeira" ou "bandas de Virapoeira" , indicando tet ras pettencentes a morado­res do Campo de Piratin inga.

No seculo XIX sao distribuidas muitas datu de tetras em varies bairrosde Sao Paulo .

Os terrenos que formam hoje 0 Sauro de Ibirapuera e seu Parque esta­Yam incluidos no Distrito Sui da St e as concesszes de datu rUo se referiama tetras especificamente do Ibirapuera, mas " caminho de Santo Amaro".

Urn exemplo ~ a "chacara de Joaquim Rodrigues Fulart entre as duasestradas que seguiam para a freguesia de Santo Amaro" I como alega seuproprtetano ao requerer como data de terra urn pequeno terrene vizinho do" potreiro de Jose Antunes" , do quinta l dos Frades Franciscanos" e " deGabriel Henrique Pessoa" (CDT, 25.1. 1826).

A palavra Ibirapuera prat icamente desaparece da documentacso emesmo das Atas da Camara Municipal de Santo Amaro, durante 0 seculc xx.

Mas reaparece no seculo XX, quando os prefeitos de Si o Paulo passama se interessar pelas terras que correspondem ao atual Ibirapuera , reiv mdt­cando sua posse para 0 munici pio.

Washington Luis Pereira de Souza, quando prefeito de Si o Paulo, emseus Relat6rios de 1916 , 1917 e 1918, refere.se a Yarzea do Ibirapuera.,caminho de Santo Amaro.

Quando prefeito, Dr. Jose Pires do Rio ( 1926) procurando reivindicarta is terras para urn Parque Municipal, refere-se a "terrenos da Varzea deSanto Amaro que formam a Invernada dos Bombeiros e a ant iga chacara deIbirapuera" .

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132 o BAIRRO 00 IBIRAPUERA

Finalmente, Francisco Prestes Meta, nos Relat6rios de 1938, 1939,1940 e 194 5, apresentando 0 pareeer de Dr. Oswaldo Aranha Bandeira deMello, Diretor do Departamento Juridico da Prefeitura Municipal de SaoPaulo, salienta " a importantissima A~o de Divisao do Sitio lblrapuera".

Parece, pais, que, a part ir. da a9io desses prefeitos da Cidade deSao Paulo, a denommacro de Ibirapuera para essa area tenha se consagradodefinitivamente .

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1.

2.

3.t ;

4.

5.

NOT AS

Sao Paulo de Ontcm, de Hoje e de Amanhi, ana I, agosto de 1941, n.o 7, p- 5

Relaterio do Prefeit o Dr. Pires do Rio aCamaJa Municipal de Sio Paulo, 192 6."0 Dcm fnio do Municipio da Capital sobre terrenos situados na Vanca deSanto Amaro" , p. 505

o Coronel Francisco Pinto Ferraz, de acordo com 0 Tombamento de 1817/18,realizado pOT ordcm do Prfncipe Regente D. l oao, era fazendejro em Campinas,com urn engenho onde possuia 56 escravos (Bens Riigricos, Arquivo do Estadode Sao Paulo)

Relatorio citado, p. 523

RelatOrio de 191 8 do prcfe ito Washingt on Luis acamara Municipal de Sao Paulo,1919, p- 250 - Oficios expedidos: " 16-1-1918 - Em mcu oficio n.o 15, de 27de outu bro do ano lindo, iniciada a discrirninacao de terras no municipio daCapital, ja foram julgados devolutos e incorporados ao patr imcnio municipal2.023.58 2 metros quadrados, des quais 1.641.3 32 metros quadrados na ·varuado Ibirapuera. Destes a parte compreend ida entre a avcnida Rodrigues Alves,linha do raio dc d rculo de 6 km, estrada velha de Santo Amaro e corrego doMatadouro, foi dividida em lot es para pequenas granjas a fun de serem vendidosem concorrdncia publica, conforme pedl Ii Camara naquele ofic io. Uma outraparte desses terrenos, comprcendidos entre a avenida Rodrigues Alves (ladoesquerdo. indo para Santo Amaro), linha perimetrica, rua Nova (que divide osterrenos municipals de Vila Clementino) e rua das Mangueiras, tambem foidividida em lotes de dois mil e poucos metros quadrados cada urn, que todos asuperffcie total de 322.112 metr os quadrados, como mostra a planta junta, porestar ja em zona suburbana e ja relativamente edjflcada." No seu Relat6rio de1916, refcre-ee Ii concessao de Martim Afonso de Sousa, dizendo: " De acordocom as divisas estabelecidas nessa Carla, os oficiais da Camara fjzcram a dcmar­ca~ao no terrene do patrim6nio municipal cravando alguns marcos. Afora alguns­pontos indicados por nomes de pessoas, ou de ;o~as , os outros cram naturaes, 0

que permite amda hoje dizer que 0 patrim6nio municipal se continha desde 0

primeiro ato, na estrada de Santo Amaro (Ebirapoera) em dir~ao a urn legatono caminho do Ipiranga, 0 primeiro que se pessa, por esse legato ao Tamanduatcf,

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134 o BAIRRO DO IBIRAPUERA

PO' estc ac Tic tC. por ~'SIC .1.0 R io Grande de Pmhca os, C por cstc aci ma c 1'0'urn de sellS aOuentcs. 0 que e'Stava na tapcra que foi de Jose Soares ;Kima.to so.:guirare 0 ponte de par tida ( \'ide Uvro de Vcrc:u,Oes n.v 60 da Cimara :'olun icip al.ano 1958). Dentro desse perfmc tro sem prc a Cam ara Municipal de Si o Pau loccncedeu datu ate que em 1699. po r uma injusta dccUio em dernanda lhe fo irecusado esse direit o Ip.XXXV) " A partir de 1724 , pol" conct'u i o de Rodri!!oCezar a Cimara Municipal lem dado terras (p. XXXVl).

6. Relarorio Pires do Rio, 1927. Procurador ia Fiscal. p. 494, 4% , 499 c 498

7. Rebtorio Pires do Rio, 1927, p. 23

8. Relarorio apresentado por Dr. Jaio Octaviano Pereira de l ima "Defesa des bensdomin iais do Municipio de Sao Paulo , administral;io Pires do Rio (1 927-1928)

9. Anaes da Cimara Municipal de Sao Paulo, 1928, p. 852, 907 c 968

10. Ato n.o 1372, de 14-) -1938, em hcmenagem a Dr. Manoet Lopes de OliveiraFilho "em virtude de sua valic sa con tr ibui~o cultural-cicnt ffica ao estudc daentomologia, botanica e biologia, colaborando com a adm inis tr a~:io , orgar u­zando, defendendo e embctezaedc os nossos parqucs c jardins publicos".

11. lei n. 0 3543, de 10-12-1936 aprova a localiza~o do Monumento is Bandeiras noParque Ibirapuera

12. A'll'q AmtITtll - Brecheret, in " 0 Estado de Sao Paulo", Suplemento Uterariode 22·11-1969, ano 14, n.o 650

13. Historico da Comissao do IV Cenlenario e suas realizal;Oc:$. Se rvi\Q de Imprrnsa,Comis.siodo IV CcnterWio

14. Deeretos e Leis do Municiplo de Sio Paulo, 1952. A lei n.o 1475, de 26·12-1951aia as "ApOlices do IV Centenario e auloriza 0 Estado a con trair ernprestrmo de600 milh5es de cruzeiros para custear as dcspesas requer jdas pclo prcgrama deIestejos.

15. Com a rnudanca da chefia do govemo municipal em abril de 1953, cs membrosda Comissao e do Conselho Consultivo pediram demissao. A nova Comissao eformada por: Francisco Matarazzo Sobrinbo, prestdenre: Plinio Barreto, MarioBeni, Jose Carvalho Sobrinho; Vicente Rao; Joiio Baptista de Arruda Sampaio cNile Andrade Amaral. Em outubro Arruda Sampaio e Vicente Rao sao substi­lUidos per Carlos Pinto Alws e Irci Benvenuto de Santa Cruz, D.P., scndo cstetambCm substituido em janeiro de 1954, por Candido Fontoura. Em fevereiroesubstituidc Mario Ben! por Sebasliao Pees de Almeida.

16. A Comissao que apresentcu 0 Relat6rio era fannada POJ Guilherme de Almeida,presidente; Sebastiio Paes de Almeida, Nilo Andrade Amaral, Jose Barbosa deAlmeida, Candido Fontoura, Joio Penteado Stevenson e Francisco Sales Vicentede Azevedo.

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ALGUNS ASPECTOS DA ZONA SUL NO SCCULO XX 135

17. Rcvista do IV Ccnlcnirio. n.e I. 6r-eio OflCiai da Comiuao do IV Cente narjo.'letcmbro de 1954

18. Para Rio sobrccarrt'gou 0 tcxto, aprcsenta mos em ANEXO. a copia das deSCf~

dos principais cdificios exlstcntes em 1954. no Parque Ibirapucra.. segundo 0­

dados conndcs no lIiSlor iro da ComiMio do IV Ccntcnirio, p. 5 e segueues,A";m ocstc s, cumprc citar 0 Palacio Katura, doad o pcb ColOnia Japon esa ~

Sio Paulo. ccns truidc jntciramcnte com material importado do fapi o, e traba­1hado por opcrarios e tccnicos japoneses, £ a reconSlitui\'io do Paliicio Ketura,de Kioto. 0 movtmenro para essa doa i;io foi dirigido pcb Comissao Cc tabcr ador«da Coldnia Japoncsa Pro IV Centcnano, prcsidida peto sr, Kyicschi Yamamoto.

19. Joaquim Pacheco c Silva - "Rcminiscdnctas da Revolu~o Constit ucionalista de1932" , in "Di firio do Povo", Campin as, 9-7-1974 "Estavam scndo fab ricados apa­relhos para colocecdo de bombas nos avlccs, mas nsc chcgaram a set usados.Havia sabotagcm nas granadas quando enviadas para 0 front. Retiravam a espoleta.e assim, quand o usadas, nao dctcnavam. Por esse motiv e, foram estudados novosrndtodos para apcrtar a rosca que Iixava a espoleta, que passaram a exigir aparelhoespecial para retird-las, Quand o termmou a Revolu~io haria em deposito no Bio­I6gico, 11.000 granadas carregadas, onde foraro detcnadas parll nio cairem nasmaos da Ditadura. As bombas de aviai;io foram deto nadas no Ibirapuenl. DCa­

sionando a quebra de vidrcs das janelas das casas vizinhas.··

20. lei 11. 0 46 36. de 124-1955 (ANEXO IV)

21. Frqncisoo ChagDJ de MOrtlu F i/ho - " Ibirapuera, sO promessas" , in "0 Estado desse Paulo" . 2-3-1969.

22. "0 Estado de Sio Paulo" , 16-1-1971

23. Constru~o em SiD PauJo. ano XXV, n.0 1290, 30-10-72

24. Rcquerirnento n.o 9525 - Departame nto de Servi~os Municipals, Divisio de Uti­Iidade PUblica, in Ofitios Diversos expedidos, 19 37, Arquivo Histc rico Municipal

25. Ofie ios Expedidos - Divisao de Services de Vtilidade Publica - Ptefeitu ra Muni­cipal A partir de 15-5-1936 quando a Prefcitu ra solicita providencias para trans­Icrencia do telefonc do Parque Ipiranga para 0 Yiveirc Mancquinho Lopes. Ness.;,dpoca 0 cndcrecc do Viveiro era AUIO Estrada, n,o 995

26. "0 Estado de sse Paulo" , 14-6-1955

27. Francisco Chagrude Morais Filho - art . cit., 2-3-1969

28. "0 Estado de Si o Paulo" de 18-8-1974, traz ia no Rot eiro, a programacdc paraagosto : "0 ceu do Invem c", " 0 Ncvtmento Diurno da EMera Celeste" , "So js­ticio e Equinbcios" e "0 Sol da !ofeia Noite" , sao a lra~Oes que 0 Planetaria, Par­que Ibirapuera, aptescnta este mcs, com proje~Oes acomp anhadas de comenciric>oral explicative. Sessse s pdblicas sab., dam.• feriados - para maiores de 10

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136 o BAIR RO DO IBIRAPUERA

anos - 16, 18 e 20 horas; segundas. senOes infantis - menore s entr e 5 e 10 anos ;s!b. e dom., i s 10,30; St'S$0e1 especiais para esceu, semen ee rom marcat;io ante­cipada. Todas as 5u. U 20. 0 Aanetirio promoee [cUDiOes do Centro de EsrudcsAstronau ticos com entrada franq ueada l OS mte ressados, Has St'ss6es pdblicas osadultos pagam 5,00 e mcnores de 14 anos, 3,00. Para as esccras nao oficiais , comgrupos de atl! 100 atunos, 80,00." 0 prograrna ni a varia muno. sendo apenasmu dadas algu mas proje~Oe s., como por exemplo, para julho oeste ano, ret progra­mada, em vez de "'Solst idos e Equin Octos", " 0 mais Longo Oia", continuando osmesmos pr~ do &nO passado.

29. No "Roteiro" d"O Estado de Sio Paulo" de 12 de julho do corrente ano: " 23vitr inas com presentes de varios estilos, alguns dos seculos XVII, XVl II e XJX.formam 0 acervc do Museu dos Presep ios, montadc na grande marquise do ParqucIbirapuera , en tre 05 muse us do Folclo re e de Ar te Moderna. A maior atr~o i 0prnCpio napclitano de 1500 pc~; que mcstra a vida numa aldeia nCK anedoresde NipolC$. As replodu~s do f.e'is em todcs 05 pormenores ate nos objetos demeu e arrci CK dos ClYlllol, trabaUtadCK em prata. Du 14 as 17, fech ando is las..Adultos pagam 0$2,00 e gratis para crian~s ate 10 anos." A prope sito, 0 " Ro­teiro" costu ma trazer notfc ias tambem do Muscu de Fotclore, como a do dia2 de agosto. com 0 tftulo: "Arte e Tecracas Populares", lembrando qu e hi noMuseu uma au la poe eemana sco re Folclore Brasilciro e que 0 Museu pertence aAMOcia~o Brasi.leira de Fo lclore, aberto ao publico is ter~s e domingos. noPavilhio Historico , das 14 is 18 horas, com en trada p atuita.

30. Fren cisco Ornellas - " Um passeic pclo lbirapuera que ja ro t urn Parque",12-4-1974

31. " Arquiteto cr itica 0 Ibirapuera" - " 0 Estado de Sao Paulo". 18-7·1973

32. " FoUta de sao Paulo" , " 15-2-1974

33. Pedro Mario Zen - "0 Estado de Sao Pau lo" , 5-4-1974

34. Niemeyer retor na par a recuperar 0 Parque lbirapuera, in " 0 Estado de Sao Paulo" ,31-1-1975

35. A 24 de julho 0 prereito OIayo Egydio Setubal assinou 0 eeoetc transferindo parao Departamento de Puqu es e Jardins da Secretaria de Servi~ e Obru da Pretei­tura, a admin istra~o dos Parques lbirapucra, Tenente Sique ira Cam pos (Trianon },Guara piran ga e Moru mbi, alCm do Jar dim da Luz, da Aclima~o e praca Alexan­dr e de Gu smao. 0 decreto preve que a area ocupada pe lo Viveiro Manequ inhoLopes (lIC de da Sel.:1" etaria} pauara a integrar a area do Puque Ibirapuera, preser­vandCMe a denominalj:io e a des linalj:io para outro imo\IC1 de propriedade daPrefe irura f 'O Estado de Sio Paulo" , U -V11· 1975).

36. Secretara de Turismo e Foment o - Prefeitura ~Iunicipal de Sao Paulo - "C idadede Sao Paulo - po ntos turfsticcs", 1911, p. 16. Identif icando uma vista doParque Ibirapuera, entre outr es informacdes, traz: " Local - Bairro de lbirapue­ra - Zona Sui"

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ANEXOS

Anex o I:

"0 Tupi em Sao Paulo" - J . David Jorge (Atmore), in Revista do ArquivoMunicipal, clvt, Secretarta de Educacao e Culture, Departame nto de Cultura,Prefeitura do Municipio de Sao Paulo, 1953, p. 53 .

An exo II:

Os Moradores do Ibirapuera no Seculo XVI, de acordo com 0 Livre deAtas da Camara da Cidade de Sao Paulo (1562-1596). Pubttcacso da Dlvtssodo Arquivo Hist6rico, vel. I, seculo XVI, Divisto do Arquivo IIist6rico doDepartamento de Cultura, 2.a edteso, 1967. A Le edity<lo e de 1914, comprefacio de Manuel Alves de Souza.

Ane xo Ill :

Re~o dos Ediflcio s existentes no Parque Ibirapuera conforme 0 Hist6ricoda Comissao do Quarto Centenar io da Cidade de Sao Paulo.

An exo IV:

Alguns t6picos da Lei n.c 4636, de 12 de abril de 1955, que estabelececondtcees de zoneamento em terrenos vizlnhos ao Parque Ibirapuera (VilaClementino, Ja rdim Lusitania e proximidades).

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AN EXO I

" 0 Tupi em Sao Paulo" - J . David Jorge (Aimore). in Revina do ArquivoMunicipal, e LVI, Prcfeitu ra Municipal de Sao Paulo , Sccretara de Bdu cacsoe Cult ure. 1953, p. 53

Ibirapuera [Yhy-ra-pudra] - 0 pau pod re, ex-madeira, arvore antiga,ext inta, acabada ; 0 pau ou madeira que foi e agora quase nada resta dela.

Do Yby (ibi ou iui) - terra, chao, solo ; retomar, rcccber, nascer, colher ,brotar; que surge , que vern, que aparece ; que se to ma, que se colhe. (l bi­ra) - a que se colh e do chao, a que brota , surge, nasce a u aparece na terra ,no solo ; a vegeta l. {Ndo se confund a ibira com ibera, ° mesmc que Ubera:agua brilhante, limpida, resplandescente : ibera a u ubcra ~ contracro de Ibe­raba a u Ubcraba].

Existent vanas form as de ibira (madeira, pau, Ironco, vara, arvorc, viga,vegetal, ta ro). vejamo-las: ybyra, lvira, mira, mara, imira, btra, ubira, vara ,uara, bura, guira, guara, muira, yba, yua, ib).

Se a madeira ou pau esta em forma de lenha para queimar, entsorecebe 0 nome de lcpca.

Puera, sufixo tupi que indica ° passado dos substantives , equlvalendcao "ex" latina . Em portugues dizemos: "Ex-cmbarcacao" ; no tupi:lgara-puera ; "Ex-mulhcr" no tupl: "C una-guera" (Puera ou puira, tambcmsignificam meudo, dclgadc, fino , pcque no).

As variantes de pusra sao; cocra, cucra, gcera, guera , boera, puera,poera, uera. oera, quera, rera. cuer , cue.

Como partfcula de prete rite : velho, extinto, antigo , acabado, passado:a que foi, a que existiu , 0 que nrc c mats. Ex.: ita -quera - pedra velha,antiga a u extinta; ibira-pudra - pau podre, antigo , etc .

Se "cuera" vier posposto ao verbo , dd a este a sigmf lcacac de aor isto.Ex.: Muiea (costu rar), Muica-cuera (ccsturana); se lhc acrescentarmos, porem,o termo "rn aha" au "amu", torna-se conju ntivo. Ex.: Mucuna [cngulir),Mucuna-cuera-amu (teria engolido).

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140· o BAIRRO DO IBIRAPUERA

Cuera tambem e usado para designer : duradouro, vt Ihaco, esperto,enlend ido. Foi nesse sentido que os selvioolas de Gotas apelidaram 0 paulistaBartolomeu Bueno da Silva de Anhanguera (Anhan gueca) - 0 dem6nio (augenic} espeno, sabido, entendtdo. espertalhao, matr etto. astute a u manhoso[An-nhan - espirito que vaga, genio malfazejo; demenio; guerra ao mves decuera: 0 scm nasal antecedent e (an-nhan) mudou a gutural "C" em "C",como ede regra no tupi.

lbirapuera (tupi) deve-se pronunciar em portuguss: Ibtrapueiri. Avogal e. com acento t6nico na pen6ltima sflava, vale pelo ditongo "ei".

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ANEXO II

OS MORADORES NO IBIRAP UERA NO StCULO XVI

1. ALVARES, Pedro - Em 1583 lorna parte em ajuntamentc sobre gadoque se pede para a armada de S.M. Em 1585, vereador, com BaltazarRodrigues. Nao compareee a vartas sess5es "por ter ido ao mar" . Citadoentre os que devem fazer 0 caminho de Virapoeira ao Conselho(3-7-1581), devendo fomecer urn escravo. Vereador em 1596. A!mota­eel em 1586. Ju iz c rdinario em 1588 e 1592. Toma parte em ajunta­mento do povo e da Camara a respeito da construcao de uma igrejaentre as casas de Diogo Teixeira e Andre Mendes. Toma parte nasexpedtcoes de Jeronimo Leitac em 1583 e 1590. Carvalho Franco refe­re-se a Pedro Alvares, casado com a filha de Jorge Moreira, tendofalecido entre 1613 e 1620 (Carvalho Franco - Diciomir io dos Ban­deirantes Paulistas; Americo de Moura - o, povoadores do Campo dePiratminga, in RAM, XXV, p. 21). Encontra-se nas Atas com 0 nomede Pedralves e Pedralvares.

2. BURGOS, Andre - Estabelecidc em Sao Paulo desde, pelo menos,1574, quando comprara uma porta do Conselho, fato denunciadopelo procurador, ava!iada pelo carpintciro Ooncalo Fernandes em250 rs. Com fazenda da "banda do Ibirapuera" , casado com MariaRodrigues. Fa!eeeu antes de 1603 (A. Moura, ob. cit., p. 314)

3. CANHA, Joao de - Cttado entre os que deviam "fazer 0 caminho deVirapoeira", em 1581. Toma parte em ajuntamentos em 1587 e 1592.Neste ano protesta-se quanto a exigsncia de se "levar farinhas ao mare entrega-las na procuradoria". Segundo A. de Moura, pertencia afamilia de origem castelhana (ob. cit., p. 320)

4. CARVALHO, Diogo Teixeira de - Citado entre os que deviam "fazer 0

caminho de Virapoeira" em 1581. Almotace! em 1583 e 1586. Ju iz

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141 o BAIR RQ DO IBIRAPUI:RA

ordinario em 1585, quando assma 0 " Auto de aprovacro e rat uicacraoque a Camara da Vila de Sao Paulo fez dos asscmos e requerimentos ecapnulos feitos pelas vilas de Sao Vicente e Santos com 0 sm. capitfoJeronimo Lenso sobre a entrada que se ha de Iazer ao genlio do sensedesta capitania de Sao Vicente" . Seguiu para 0 sense na ent rada deJeronimo Leitao, com 0 juiz Antonio Prete , sendo eleitos para substi­tuf-los Francisco de Brito c Baltazar Rodrigues. Provide no cargo deescnvso do campo e sense no ano de 1586, 0 vereador Jorge Moreiranega-se a acetta r a provtssc, por scr Diogo Teixeira genre de OoncaloFernandes e cunhado de Femao Oias, que era juiz . Almotacel em1586. Era ftlho do portugues Antonio Teixeira, tendo se mudado parao Rio de Ja neiro, onde ainda vivia em 1611. (C.F., Dicionano dosBandeirantes, p. 103)

5. FERNANDES, (Geraldo) Jose - portuguss da ilha da Madeira (1549),casado pnmetro com a filba de Andre de Burgos, e depots, com a filhade Andrt Mendes. Obrlgou-se a cottar came em 1590 , e foi almotace lem 1593. Tinha casa "da banda da cruz encruzilhada dos caminhos deIbirapuera e Ipiranga (R.G., VII, p. 57 e 67) , quando era conhectdopelo nome de Jose Fernandes, 0 moeo. Na epoca do Inventerlo de suarnulher, lzabel Mendes, que morreu em 1633, tlnha terras no Ibira­puera "partindo com as de Pero Domingues, a 100 braces para a bandado lp iranga, que Ute haviam side dadas em paga de chaos que largarapara a const rucso da igreja matr iz (A.M. - ob. en., p. 3650

6. FERNANDES, Go nealo - Em Santo Andre foi procurador do Con­selho (1556), almotacel em 1557, tomo u par te em ajuntamentos em1558, cf. Taunay, Atas da Camara de Santo Andre, in J030 Ramalho eSanto Andre da Borda do Campo, p. 281) . Na vila de Sao Paulo, comocarpinteiro, colaborou na obra de fortificalf<io (muros e baluartes ) emnovembre de 1562. Em 158 1, citado com outros, para Iazer 0 caminhode Virapoeira. Almota cel em 1582. v ereador, com Jorge Moreira em1580, 158 1, 1586 e 1587. Obtem carta de data de "chaos na Vila,com Afonso Dias, seu cunhado" (4-8· 1583) . Casado com uma 6rfi denome Madalena. Substitulu Antonio Saavedra, como vereador no anoante rior (1587). Convocado. com Jorge Moreira, para levantar 0 pejou­rinho, sao ambos multados por nsc comparecerem ao trabalbo. Subs­titu iu 0 vereador Andrt Fernandes, em sessio em que se decide Iazeruma force junto ao Tamanduatel.

7. FERNANDES, Manuel - tarnbem conhecido por Manuel Ferna ndes

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ALGUNS ASPECTOS DA lONA SUL NO Sr.C ULO XX 143

Ramos. Ocupou cargos na Camara de Sao Paulo desde 1564, quando eindicado para substituir Jose Ferna ndes. Juiz ordimirio em 1572 e1575. Almotacel em 1576 e 1575. Vereador em 1581, 1587, 1588,1589. Scrtanista, tomo u parte na bandeira de Jeronimo Letrro em1585. Pertence a familia dos Fernandes Povoadores. Maiores detalhesem; Carvalho Franco - Dtctonano de Bandeirantes, p. 325 ; AzevedoMarques - Apontamentos Hist6ricos, II, p. 96 ; Amertco de Moura - ob.cit ., p. 360 ; Maria Celestina T. Mendes Torr es - Manuel FernandesRamos, um vercador sertanista, in RAM, CLXXIX, p. 113.

8. FERNANDES, Marcos - Citado nas Atas em janeiro de 1579 par nsocolaborar no concerto da ponte. Na mesma sessto da Camara GasparAfonso refere-sc a ele como seu cunhado, convocando-o como portadcrde uma sentence pela qual Prutu oso da Costa viera de Portugal comodegredado para a capitania de Vaz Fernandes Coutinho. Novamentemultado em 1580 por nrc comparecer a procissao de Santa Izabel.Toma parte em ajuntarnento em 1583 a prop6sito de pedido de gadapara a armada de S.M.; comparece a ajuntamento em novembro de1587 "sobre 0 gentio vindo do sense." Outra s referencias emA.M. - ob . cit ., p. 362

9. GOMES, Lui! - S6 aparece nas Atas. a part ir de 1583 quando assinao auto do ajuntamento sobre a exigdncia de se mandar gada para aarmada de S.M. Cttado a prop6s ito de uma denuncta contra ManuelFernandes, ferreiro, em 1583. Convocado, em 1584 , para a limpezado caminho de Ibirapuera. Outros detalhes, em A. M., - ob. cit .,p. 374

10. GONC;ALVES, Baltazar - Residente em Sao Paulo pelo menos desdejun ho de 1576, quando registra sua rnarca de gado. Procurador doConselho em 1579, requerendo que se mande cobr ir a casa do Conse­lho , "quem tiver de 8 Pecas para cima que mande dois feixes de sapee quem tiver menos, urn . . ." e , ainda, em out ra sessso, requer aCamaraque mande Cnstovao Gonca lves fazer te lha para cobrir a casa doConselho. Almotacel em 1580. Citado em 1581 para mandar duas "pe­cas, urn macho e uma femea, para Iazer 0 caminhc de Ibirapuera".Escrfvso do campo em 1590, por provisro de Jeronimo Leitao. Decide,com outros moradores da Vila e oficiais da Camara enviar carta aocapitao sobre a mor te dos membros da ent rada de Domingos Luis Groue Antonio de Macedo pelos Indios ( 17 de marco de 1590) . Toma parteem entrada contra 0 gentio com Francisco Pinto em 1591. Convocados

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144 o BAIRRO 00 I BJRAPUERA

pela Camara "todos o s oficiais me canicos para se' )ouvarem em oficia l decada urn do s offcios", Baltasar Go ncalves disse que se louvava em BrazGoncalves, seu lrmro, para 0 of rcto de sapateirc ( 1592). Outros deta­lhes em A. M., ob . cit" p. 377 ; C. F., ob . cit., p. 183 .

II. GONc;ALVES. Braz - Sapat eiro, irmao de Baltasar Goncalves e deMarcos Goncalves, 0 moco (cf. C. F.• ob . cit ., p. 184). Casado comMargarida Fernandes, tupiniquun, filha do cacique de lbjrapuera. Naoe citado para faze r 0 caminhc de Ibirapuera em 1581 , ma s deve faze-toem 1584 . Tomou parte na bandeira de Nicolau Barreto em 1602 ena de Raposo Tavares em 1636 (A. M., ob. cit ., p. 50). Ver, paramaiores detalhes, Orville Derby - As Bandeiras Paulistas de 1601 e1604, RIHG de Sao Paulo , VIII . p. 400

12. LEM E, Sebastiao - Convocado em 1584 para limpar 0 caminho deIbirapuera, aparece com 0 nome de Bastiao Leme, ocupando variDscargos. Almotacel em 1583 e 1587. Juiz ordinano em 1591. v ereadorem 1585, 1588, 1590, 1591 , 1593. Sertanista, tomo u parte ria entradade Jeronimo Leuso, em Paranagua (1595) (cf . C. F., ob. cit ., p. 215).Toma parte em ajuntamento a respeito da remessa de gado para aarmada de S.M. ( 1583). Em 1608 residia na Iaze nda, a cinco ou setslfguas de distancia mas mudou-se de Sao Paulo em 1612 , depots deobt er uma sesmaria em Angra dos Reis.

13. MENDES, Andre! - S6 apa rece nas Atas a partir de 1584 convocadopara a limpeza do caminho de lbirapuera. Tinha casa na vila, quandoficou decidido que a igreja seria construida "entre as casas de DiogoTeixeira e Andre Mendes(~1588). Criador de gado, com marca regis­trada pelo genre Antao Pires (R.C., I, p. 66). Mais detalhes em A. M.,ob . cit., p.~I .

14. MOREIRA, Jorge - Nome encontrado ate! 0 fun do seculo XVI emquase todas as Atas da Camara da vila de Slfo Paulo. Amotacel em1575. Juiz ordlnarlo em 1573, 1575, 1591 e 1597. Vereador em1562,1 578, 1580,1 582,1 584,1 585,1 586, 1587,1 589,1 590,1 595 e1599. Mamposteiro dos cativos em 1580. Em 1575 e! capitio da vila.Muitas sesszes da Camara sao realizadas em sua casa na vila, nao s6antes da construcro da e asa do Conselho, como depois, quando estaprectseva de reparos. Cttaeo, em 1581 , para mandar trss machos parafazer 0 caminho de Ibirapuera. Incluido na lista dos que devem fa­ae-lo em 1584. E, quando se decide, em 1593, abrir " urn novo caminho

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ALGUNS ASPECTOS DA ZONA SUL NO Sf:CULO XX 145

publico, mais dlreito que 0 primeiro, "depois da Pascclea, em 1593, epelas tetras de Jorge Moreira que ele deve passar. Majores detalhes emC. F., ob. cit., p. 259; A. M., ob. cit., p. 405; Taunay - Joso Ramalho eSanto Andre da Borda do Campo, p. 242

15. RIBEIRO, Manuel - Nao ocupa muitos cargos pnblicos na vtla mascomparece a muitos ajuntamentos quando sao dlscutldos assuntos deinteresse geral, a partir de 1572. Juiz ordinano em 1583, 1588, 1589.Citado para rnandar trds machos para Iazer 0 caminho de Virapociraem 1584 e encarregado de marcar 0 dia para vartos moradores fazeremo caminho, sob pena de multa de cinco tostoes . Ouvidor eclesiasticcem 1590, assina, com outros, " 0 auto de aprovacsc e retif lcacao que aCamara da vila de Sao Paulo fez des asscntos e requerbncntos e capu u­los feitcs pelas vilas de Sao Vicente e Santos com 0 sm. Capiti o Jere­nimo Lettso sobre a entrada que se ha de fazer ao gent io do sertac destaCapitania de Sse Vicente" , (1-9-1585). Detalhes em Carvalho Franco,ob. cit., p. 334 e Americo de Moura, ob. cit ., p. 445.

16. RODRIGUES, Baltazar - Consta das Atas desde 5-11-1562, quando 0

procurador do Conselho requereu que "se acabasscm os muros e baluar­tes", sendo Baltazar Rodrigues urn de s encarregados. Irmi o de SusanaRodrigues e genre de Ooncalo Fernandes. Procurador do Conselho em1564. Multado em urn tostso por nao ter mandado trabalhador aponte,recorre, alegando que mandou urn moyo chamado Joi o mameluco,mas 0 encarregado mandou 0 m~o para casa porque Rio sabia fazer 0

service 922-10-1575). Julz ordinano em 1576 e 1586. Almotace1 em1579 e 1584. Em 1580 assina petiyao em que "nso van a todo 0 mo­mento ao mar, distante mats de 13 leguas de carninho". Mamposteirodes canvos em 1589. Outros detalhes em America de Moura, ob. cit.,p.452.

17. RODRIGUES, Jeronimo - Aparece, pela primeira vez, em Atas, noano de 1581, citado para fazer 0 caminho de Virapoeira, e novamenteem 1584, para 0 mesmo traba lho. Toma parte em ajuntamento sobre aconstrucro da igreja matriz em 2-2-1588. Assina auto contra ordem de"se levar farinhas ao mar e entrega-las na provedoria", em 1592. Tomaparte em ajuntamento pant .Ieitura de provisao em que as aldelas desindios sao entregues aos padres (20·9-1592) . Encarregado de convocaros vizlnhos para limpar 0 caminho de Ubirapoera e Jerebatiba(27-3-1593). Nsc ocupa cargos na Camara, mas e membro atuante dacornunidade, que em 1589 tern I SO moradores. assfnando ainda a a13 de

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146

ajuntamento do dia 13 de marco de 1594 .

o BA)R RO DO IBIRAPUERA

18. SAAVEDRA, Ant on io - 56 aparece nas Atas a partir de 1581 , quando~ citado para Iazer 0 caminho do Virapoeira. J uiz ordinaria em 1582,1589 e 1590 . Almotacel em 1588 . Assina urn Aut o contra a o rdem de"se levar farinhas ao mar e ent rega-las na provedona " em 1592. Ourrosdetajh es em Amencc de Moura, p. 450 .

:"ri OTA : Tomamos po r base para estas an otar;i5es 0 Livro de Alas do secutc XVI.uundo como po nt o de partida , isla e,de refercncia, apen as os names ducta l em relar;ao.1 0 lbuapuera. Para naa sobrecarregar 0 texto, deixam os de inclu ir notes genca l6gicasou maiorcs detalhes sob re os scrtanis tas, 0 que facilm ente podc SCI complctado pclolcitor, com as indif;;l~ contida s nas obras de Americo de Moura e Carvalho Franco ,que, por sua vea, apresentam utcis indica,,3es bibliogr:ificas.

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ANEXO III

Relacso do s Ed iff cios ex isten te s no Parque Ibirapuera ;Con fo rme 0 Hist6rico da Co m issao do IV Cen tenario da

Cida de de Sao Paulo , 19 54

Pal a cio da s Naeoe so Palacio das Naczes ocupa uma area de 150 x 42 metros e compreende

os scguintes pavimentos: urn porso, urn andar tcrrco, urn andar alto interli­gados poe uma escada, urn elevador e uma rampa. A area to tal construida ~

de 12.800 metro s quadrados e a area aproximada para "s tands" e de 5200metros quadrados.

Palacio dos Es tad osSua dimensao ~ de 150 x 42 metros. Possui os seguintes pavimentos:

urn andar terreo, urn porao, urn andar alto, interligados por escadas, eleva.dores e rampa. A area total construida ~ de 12800 me tros quad rados e adest lnada a "stands" de 5200 metros quadrados.

Pala cio da s Exp ost cs eso Palacio das Bxposiczes e de base circular com 76 metros de diametro

e cobertura em forma de cupula. Sua area construida eleva-se a 10720 metrosquadrados. Forma-se dos segumtes pavimcntos: urn terreo, com 4180 metrosquadrados e trcs andares com areas variaveis.

Pala ci o das Indus triasOcupando uma area de 250 x 50 metros quadrados , ~ urn dos maiores

existentes no mundo. Forma-se dos seguintes pavimentc s: urn porac , urnandar terrco, dois anoarcs altos, ligados entre si por cscadas, elevadores,rampas e escadas rolantes. A area to tal construida e de 39800 metros e adcstlnada a "stands" de 16000 metros quadrados.

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148 o BAIRRO DO IBIRAPUl::RA

G ran de Marqui seEsses quatro pavllhces, que consut uem 0 nucleo central do Parque

Ibirapu era, sao ligados entre si poTuma grande marq uise de forma irregular,com 620 metros de comprimento e largura variando entre quinze e oneruametros. A area total constru ida ~ de 28800 metros quadradcs, tendo nelesido usada a maior taxa de ferro ja empregada na America do SuI. Cento evinte e urna coluna s, cakulando-se que entre as lajea estejam aproximada­mente o itenta mil metros cubtcos de material.

Com 0 objctivo de atendcr as necessidades imediatas da mostra daindustria paulist a (0 maier parque industr ial da America do Sui) e da I PetraInte rnacional de Sao Paulo, foram cons tru idos dais grandes pavilh6cs decarater provfsorlo: 0 Pavilluic Verde e 0 Pavilhao da I Feira Internacional deSao Paulo.

Pavi lha o Ve rdeComplemento do Palacio das Industrtas. esse pavtlhac , de estrut ura

rnetalica de ferro M.E.M. e com onze arcos, ocupa uma area de 5610 metrosquadrados. Consnrut-sc de apenas urn vao, coberto de chapas de alurmniooomIantemin coberto de vidro , e com fechamento lateral de placas de cimen­to c janelas de concre to. 0 seu teto ~ sustentado nas pr6\?rias paredes laterais,nao exist indc, apesar de sua grande area, nenhuma coluna intema. Consu­miram-se na sua const rucso 2500 metros cubicos de ctmcntu, scndo dispen­didos, para a sua rcahzacro, 6781 500 cruzeiros . E facilmente desmontavel.

Pav jlh ao da I Fe ira In t er naci onal de Sa o PauloEsse pavilhao, tam bem de carate r provis6rio, ocupa uma area de vinte

mil met ros quadrado s, tendo duze ntos de comprimento e rem de largura.Erguido sobr e sapatas de concreto, sua estr utu ra emctaltca , composta de tresarcos atirantados e faci lmente dcsmo ntavel. Com pee-se de dois vsos lateraisde trtnta metros cada urn e de urn centra l de quarenta metros. Scus fecha­mentos laterais sao de placas de ctmcruo , ale uma altu ra de do is metros,sendo os 2,50 metros restantes ocupados par janeloes tambem de concreto.No teto , que e de alummio, ex istem lanternins com cobertura de vidro. Nasua construcro foram gastos dez mil sacos de cimento e seu valor eleva-so a15.553 .000 cruzeiros .

Pa lacio de A:;ri cultu raCompoc-se 0 ediffc io de trcs btocos. asstm distribuidos: urn central

com porao c nove pavtmentos; lim antc rtor com urn pavimcnto e urn pos­terior com dois pavimcntos. Possui vanes satccs. " hall" publico, secrctarlas,salocs dc cxpo stcocs lie cunfc rencias, etc.

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ALGUNS ASPECTOS DA ZONA SUL NO S£CU LO XX 149

Gi nas io de Esporteso ginasio possul forma circular, com 94,40 metros de dclrnet rc de base,

com cobertura formada pe r uma cupula de concreto armado, com 107 metrosde diametro . Comporta vlme mil espectadores.

Velbdromoo v elocromo do Parque lbuapuera, inaugurado no dia 6 de novembro

de 1954, possui forma elfptica , aprese nta ndo-se com uma raia de 500 metrosde desenvolvimentc por nove de largura, com entrada especial para as compe­li~Oes de lange percurso. Uma arquibancada medindo 67 x 10 metros,cobcrta, com cadetras especiais reservadas a imprensa e acomodacs es popu­lares, proporciona ao publico comoda visibilidade. Primeiro existente nopais, 0 velcdromo foi constru ido visandc ser equiparado aos mais rnoderncsde todo 0 mundo, obedecidos detalhes tecnicos importarucs, como os accn.tuados pianos inclinados colocados nas quat ro curves, permitindo aos parti­cipanles das provas melhorcs resultados e maior seguranca-

Plane tari aObedecendo as linhas arquitetonicas do Parque Ibirapucra, 0 Planetarjo

possui uma cupula de 20,06 metros de diametro por 13,03 de altura . Primeiroda America Lat ina, abriga 0 aparelho, adquirido na Alemanha, e que reproduzurn ceu artificial com estreas. planetas e constelacoes. Segue as novas nonn astecn tcas estabejecidas para a reproducro dos fene menos siderais, acompa­nhando 0 movimemo dos astros. observando-se na abcbada artificial e empoucos minutes a posicrc dos astros nos dots henusfenos como se esnvessefazendo uma viagem do Polo Norte ao Polo SuI. Tern a capacidade paracompcrtar 500 pessoas.

LagosEmbelezando 0 Parquc Ibirapuera, existem, em vanes pontes do logra­

douro, trss lagos artificiais interljgados numa area total de 157.000 metrosquadeadcs e uma extensro de 1500 metros. Comportam 250 mil metroscubicos de agua, num perimctro de trcs mil met ros. Na sua construcacCoram cscavados, ao todo, cern mil metros cubicos de terra e despendidos3.500.000 cruzeiros. 0 primeiro dos tres lagos ocupa uma area de 70.800metros quadrados; 0 segundo, de sete nta mil e 0 terceiro de dezessete mil.

Pont esCortando varlos pontos desses lagos, existe m sete pontes de concreto

armado, em cuja const ruceo foram empregados mais de urn miIhiio decruzeiros.

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150 o BAIRRO 00 I Bi RAPUERA

Aj ardinam entoEspalham-sc em todo 0 Parque lbirapuera os cameiros ajardinados.

numa area gramada de quatroce ntos e u inta mil met ros quadrados.

Arru am ento e Terrap lan agemNo Parqoe lbirapucra a area pavimcntada ~ de cern mil metros qua­

drados. Existe urna area de duzcntos mil metros quadrados destina da aocstacfonamento do can es. Vinic c um milhdes de cruzeiros foram gastos narcaleacr o dcssas obras. Nos services de terraplenagetu cujas dcspcsas scelevam a sete milhoes de cruzeiros, foram escavados nada menos de 400 milmetros cubiccs de terra .

Ce re asAs cercas levantadas no Parque Ibirapuera ocupam uma exrensso de

Ires mil metros. sendo mil de lela de arame e dais mil de arame farpado.Valor: 300.000 cruzeiros.

Fontes Lumi nosasCom urn jor ro de agua que alcanca trinta e cinco metros de altura,

profusamcm e iluminadas em nuances mult icores, as Fontes luminosas imprcs­sionam p OT sua hclcza.

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ANEXO IV

A Lei n.c 4636, de 12 de abril de 1955 estabelece condkees de zcnea­mente em terrenos vizinhcs ao Parque Ibirapuera (Vila Clementino, Jar dimLusitania e proximidades).

Pelo seu artigo 1.0 :

H earn sujcitos as condtcse s de zoneamento estabelecidas ncsta Lei, 0 5

predtos e terrenos lindciros aos logradouros publicos situados dentro dopenmetro dcscrito :

"C o meca no cruzame nto da rua Franca Pinto com a avenidaIndian6polis; segue par esta ate a Alameda dos Tupis, ate encon­trar a avenida Ja(f3ni; segue por esta aM a rua Loefgren; segue poresta e pelas ruas 3 dc Maio, Luiz Goes, Domingos de Mcraes,Serra Madureira, prolo ngamcnlo da avcnida Franca Pinto, e poresta ate 0 eruzamento com a avenida Indian6polis, onde come­ccu."

§ unico:

As r estr~Oes da present e lei sao extensivas aos lotes lindeirosdos !ados fronteiros aos lcgradouros pitblicos que formam 0

per frnetro descrito, ate a profundidade de quarenta met ros.

Art. 2.0 :

Na zona delimitada pelo artigo 1.0, nenhum predlo pcde ra scrconstruido, reconstru ido ou reformado essencabnenre. enenhuma edifical;io ou terrene podera ser utilizada a nao serper urn ou mais dos scguintes fIDS: I) habltaeees isoladas;II) temples; III) jardim de infancia ou escola prtmaria; IV) biblio-

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152 o BAIRRO 00 IBIRAPU ERA

tecas e museus; V) clubes recreauvos; a u despornvos, scm fins'de lucro; VI) cbacaras; VII) consultorjo s, esa it6 rios a u estudiosde uso profissional a u pessoal anexo a residencia respecnva .

Art. 3.° ;

. Na zona delimitada pelo artigo primeiro a ed i fica~ao principalnso podera ocupar area superior a urn terce da area do lote .

Art. 4.0:

Dcverso obscrvar os scguintes recuos: 4 met ros de (rente; 1,60metros lateral. cxlgfvel com relacr o a uma das divisas do lote ;reeuos laterais equivalcntes a urn terce de altura do «nrrc», auseja, urn sexto em relacr o a cada divisa latera l, para as constru ­yOes de tres a u mais pavimentos; oito met ros de fundo.

'Ybservaf1io:A Lei 56 permit e nucleo comercial nos lctes de (rente i Pedro Toledo,

entre as ruas Otorus e Embau.

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I l U STRA~ 6ES

a) Const rucees cobertas de telhas au folhas de- lata, no Iblrapuera. em195 1.

b) Favelas no Ibirapuera, construidas com madeira e cobertas com Iolhasde lata , a altura do inicio da atual avenida Rubem Berta, 195 1

c) Represa, no Parque lbirapuera, em rase de remodelacr o em novembrode 1952. 1952.

d) Avenida Ibirapuera - Passagem de nivel junto aavenida Ibirapuera eParque Ibirapuera , novembro de 1952.

e) Retratos de prefeitos da Cidadc de Sao Paulo com sede no ParqueIbirapuera.

f) Fotografias do Iblrapuera de hoje.

Observaoio:As Iotcgrafias foram obt idasjunto ao seto r de Iconcgrefla da Prefeitu ra

Municipal de Sao Paulo.

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JUVENAL LI ND DE MA1705(2.7.55 / 10.4.56)

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\VLADIM IR TOLEDO PllA(11.4.56 f 7.4.57 J

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ADIIEMAR PEREIRA DE BARROS(8.4.57 /8.2.61) - 0 .3.61 f 7.4.61}

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FRANCISCO PRLS ITS \1,\ 1,\(1\.4 .61 f 7.-\.65)

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JOSE VICENTE FARIA LIMA(8.4.65 / 7.4 .69 1

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PAULO SAlI.\1 .\IALlJT(8 .4.69 /7.4 .11,

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JOS£ CARLOS DE FIGUEIREDO FERR AZ(5.4.71 /27 .8.73,

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~IIGU.eL COLASUO:-lNO(28.& .73 /15.3.15,

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OLA \ '0 EGYDlO SErOSAL(16.4.15 I J

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FOTOGRAFIAS :

OSCAR NIEMEYER

Arnoldo Mondadori Editore, 1975, 1.1 ed~i'o

I) anteprojeto (pig. 101)

2) projeto definitive (poig. 101)

3) obras (pig. 100)

4) pavilhao e teatro (cortes) (pigs. 106 e 107)

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Parq ue do lbirap uera - anrcproic to

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Parqu e do lbsrapucra - obras

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B IBL IOG RAF IA

I - AUTORES

( Llvros , J ornai s e Revistas)

l. ALCANTARA MACHADO, A. - Vida e Mone do Bandeirtmze, Livraria MartinsEdit., 1943, Sao Paulo

2. AL\IE IDA, Joao Mendes de - Monograrlll do MlUl ic(pio de Stio Paulo. Tipol7ar Klde Jorge Seikler. 1882, Sao Paulo

3. ALMEIDA N~UEI RA, Jo~ Luis de - HA A Ctldema de :Ilia Paulo. Tradi¢efe RemiJtisdnca J. Usboa, 1912

•4. ALMEIDA, rose Mendes de - Dicion4Tio Geo/7tlPhico da Prol'iJtdll de Sifo

Paulo. p'~ido de um euudo JObre II " l",tuTtI da l intull rupi t rrazmdoem appendice, Umll memoria JObre 0 nome A mtrK:d, Sao Paulo, 190 2

5. ALMEIDA PRADO, Ian de - Stio PauIQA nl igo t JUa ArquiretJUa. in " I lustn~o

Brasi\eira" , l 929

6. AMARAL, Alvaro - "Padre Manuel da Nobrega, 0 precursor do BandeirismoPaulista" , in " Nobrega" , publica~o do Instit ute HisI6rico e Geogniftcode Sao Paulo, 1970 .

1. AMARAL, Antonio Barreto do - Ancnteta. uma ooluna grande dtlta Provtnca.Tip. " 0 Calvaria" , 1966, Sao Paulo

8. AMARAL, Aracy - Srecheret , in "0 Estado de Sao Paulo" , Suplemento U te-rario, 22-11·1969

9. ANDRADA E SI LVA. Raul, e outros - A El'Olu¢ o Urbana de Sao Paulo, Cole-¥io "Revista de Hist6ria" , dir~o de Eurfpedes SimOes de Paula, V, 1955,Sao Paulo

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200 0 BAIRRO DO IBIRAPUERA

10. ANCHIETA, Joseph - Carla~ do Brasil (l 554-1594}, publicacio da AcademiaBrasileira de Letras, Editora Civilizaliio Brasileira, 1933, Rio de Janeiro

11. AGUlRRA, rose B. C. - To mbamento de 1817, in "Revista do ArqllivoMunicipal" , publicacao do Departamento do Expedicntc e do Pessoal,Ano I, vol. X e XII, Prefeitura Municipal de Sio Paulo, 1935

12. ARAUJO, JoiJ! Thomas Nabuco de - Relat6rio do Pretidente aa Provfncia deSoo Paulo d A ssembJeia Provincial de Soo Paulo, 1952

13. AZEVEDO, Aroldo de - suocruos Onentais de Soo Paulo, Tese de concurso aCadeira de Geograt'ia Geral (XXVa.) da F.F.C.L. da U.S.P., Sio Paulo,1945

14. A Cidade de SOo Paulo, estudo de Geografia Urbana, porurn grupo de gcegrafos sob a dire~o de Aroldo Azevedo. Associa~o desGc6grafos Brasileiros, ScCliio Regional de Sio Paulo, 4 volumes, Cia. Edi­tora Nacional, 1958, Sio Paulo

15. AZEVEDO MARQUFS , Manuel Eufrasic de - Apontamentos llistoricos, Geo-grdficos, BiogrdrlCOs e Estattt ticos e No tlciosofi da Provfncia de Soo Paulo,publ da Comissao do IV Centenanc de Sio Paulo, 1954

16. BANDECCHI, Pedro Brasil - Efemeridet Paulisun, in "Revista do InstituteHist6rico e Geografico de Sio Paulo" , vel. LXIII, 1967

17. BAPTISTA PEREIRA, Antonio - A Cidade de A nchieta, in Revista do ArqulvcMunicipal, Publ. do Departamento de Cult ure e Recreacgo, voL XXIII,Pref. Municipal de Sao PaulO, 1936

18. Piratinlnga no secuto XVI Revista do Arquivo Municipal,publ. do Departamento de Cultura, Prefejtura Municipal de Si o Paulo,vet. XLIII, 1937

19. BELMON1E - No Tempo dos Bandelrantez; ed. do Departamento de Cuttura,Prefcltura Municipal de Sio Paulo, 1939, 2.a edi~o

20. BERARDI, Maria Helena Petrillo - Santo Amaro, in "Hist6ria des Bairrcs deSio Paulo", vol, IV, Departamento de Cultura, Pref. Municipal deSio Paulo, 1969

21. BUARQUE DE HOLLANDA, Sergio - "A Fdb'ica de Ferro de Santo Amoro",in " DigestoEconomtco", jan-fev. de 1948

22.1959

. 23. CAIUBY, Armando - 0 Padre Manuel dil Nobrega e a Unidade Naciorul1, in"Nobrega", Institute Hist6rioo e Gcognifico de Sio Paulo, 1970

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B1BLlOGRAFlA 20 1

24. CALOGERAS, r ete Pandid - A s Minas do Branl e .IUa Legis1o¢o, 3 vols. Riode Janeiro, 1904 e 19Q5. Imprensa Nacional; 2.a ed. refundida peloDr. Djalma Guimaraes, voL 134 da Cole~o Brasiliana, Cia. Editora Natio-nal, Sio Paulo, 1938 '

25. CARVALHO FRANCO, Francisco de Assis - Dlcbn4rlo de & ndeinmtes eSertanistas do Brasil (S~eulos XVI - XVII - X VIII), Comissao do IVCentenario da Cidade de Sio Paulo, 1954

26. - Os Companheiros de D. Francisco de Sousa, tese laureedapeia Sociedade Capistrano de Abreu, Rio de Janeiro, 1929

27. & ndeiras e & ndeirantes de sao Paulo, Sao Paulo, 1940

28. CHAGAS DE MORAIS FILHO, Francisco - Ibirapuera, Id pTOme#tls, in " 0Estado de Sao Paulo", 2·3·1969

29. DERBY, Orville A. - A s &ndeiras Paulistas de 160J a 1604, in "Revistado Instituto Histcr ico e Geogclfico de Si o Paulo, vo. VIII, 1903

30. EGAS, Eugenio _ Os Municipios Paullstas, 2 vots., Oficinas GrUicas d"OEstado de Sao Paulo", 1925

31. ELLIS JUNIOR, Alfredo - Alguns Paulisru aor s/eulos XVI e XVII, Subsfd iospara a Historia de Si o Paulo, in "Revista do Instituto Historico e Geo­graflco Brasileirc , tomo especial, I, Congresso de Historia da Am6rica,Rio, 1925

32. ELLIS JUNIOR, Alfredo - 0 /JtJndeirlsmo Paufisra e 0 Recuo do Meridiano,3.a ed., Si o Paulo, Edit. Nacfonal, 1938 Cole~o Brasiliana

33. Os prlmeiror troncor paulfstar e 0 cruzamenlo eur<Nlrnerl-cano. Sio Paulo, Ed. Nacional, 1936 (Brasiliana)

34. - Meb S~cuJo de Bandefrbrno. Boletim da Cadeira de Hutoriada Civilizarrio Brasileira, n,o I, F.F.C.L da u.~. P. , Sio Paulo, 1939

35. a OUTO e a Paulfstdnia. Boletim da Fac. FiL Ciencias e Letras,Vniversidade de Sio Paulo, 1948

36. A Economia Pauffsta no skulo XVnl , Boletim da F.F.C.Lda U.S.P., em cola~o com Myriam Ellis.

37. ELLIS, MYRIAM - A EconomiaPaulirta no ~euJo XVI!I, Boletim da ' .F.C.Lda U.S.P., em cola~io com Alfredo Ellis Jr.

38. ETZEL, Antonio - Ane.xo, eo R euu6rb de 1922, apreaentado pelo ptefeitoDr. Firmiano de MoracsPinto acamara Municipal de Sio Paulo

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20 2 0 BA!RRO DO IBiRAPUERA

39. FINA, Wilson Mala - 0 c/zao de Pirat ininga, in Anhambi Sao Paulo, 1937

40. FER REIRA, TilO Livio - Nobrega e Anchieta em Sao Paulo de Piratminga,Edll;aOda Oazeta de Sao Paulo, s.d .

41. FR EITAS, Affonso de - A Cidade de Sao Paulo eno ano de 1822 , in R.IJI.G.de Sao Paulo, XXIII, Sao Paulo

42.XIII, 1908

Os Guayamls de Pirat ininga, in RI.II.G. de Sao Paulo,

4 3. Tradi¢es e Reminiscencias Pauliuanes, Ed. de Rev. doBrasil, Sao Paulo, 1925

44. GOMES, Alfredo - Nobrega em Pvat ininga, in Nobrega, ed. de Rev. doRJJI.G. de Sao Paulo, 1970.

45 . GOMES RIBEIRO, J.e. - Os indfgerws primitivos de Sao Pau lo (Guayarwzes,Tepu ias ou Tupis?) , in Rcvista do Ll f.G. de Sao Paulo, XIIi , 1908

46. HERMANN, Luella - Ettudo do Desenvolvimento de Sao Paulo atrav~s doamllbe de um a radial - a estreda do caR (1935), in Rev. do Arq. Mun., ·XCIC, Departamento de Cultura, Prefeit ura Municipal dc Sao Paulo

47. LF1 TE, Aureliano - Histor ia do Civi/izaFio Paulista

48. LIMA, Heitor Ferreira Formafa~o lndustrtal do Brasil (Perfodo ColoniiI l) ,Editor a Fundo de Cu!tura , Estantc de Economta , Rio de Janeiro, 1961

49. LEITE, Serafim, S.J. - 02rtas dos Primetros Jetuttas no Brasil, 3 vel. Ed. Co-missao do IV Ccntemino da Cidade de Sao Paulo, 1954

SO. Hist6r ia do Com panh ia de Jesus no Brasil , Lisboa, LivrariaPormgalia; Rio de Janeiro, Civilizal;ao Braslleira 1938/1950, 10 vol.(3.0 ao 10.0 publ, polo Institute Nacional do Livro.)

51. Os Jesuttat no Vila de Sao Paulo, in Rev. do Arq. Municipal,Departamento de Cultura, Prcfeitura Municipal de Sao Paulo, vet. XXI

52. MACHADO DE OLIVEIRA, Jose Joaquim - /846 - Not (ciiI raciocinflda sooreas aldeiJzs de in dios do Provincw de Slio Paulo desde 0 comeco at~ a atua­lidade. Revista Trimestral do I.H.G. Brasilciro , voi. VIII, Rio de Janeiro ,2.a edil;ao, 1867

53. MADRE DE DEUS, Gaspar da - Mem6rws para a H ist6r ia do Capitania deSuo Vicente, hoie chamade de Silo Paulo, 4.a ed., Sao Paulo, MartinsEd., 1953. (A La ed.e de 1797)

54. A prop6sito dos Guaiaaazes 'do CapiJania de Sao Vicente , inRev. do U t G. de Sao Paulo, vet. XIII, 1908

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BIBLIOGRAFIA 203

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56. MONTEIRO, Zenon ~ Reconuituioio do Caminho de CaTTo para Santo Amaro

57. :-'IOURA, Americo de - Os momdores do Campo de Piratininga, in R.A.M.,Departamento de Cultura, Prefeitura dc Sao Paulo, vel. XXV

58. Os pO~OQdores do campo de Piratininga (TrafOs biogrd[icos egeneaI6gicm) in Rev. do l. I1.G. de Sao Paulo, vet. XLVII, 1952

59. MOURA, Paulo Cursino de - Sao Paulo de Ou trora (evOCt1rao da metr6pole),Cia. Melhoramentos, Sao Paulo, 1932

60. NACiB, Ab'Saber, Aziz - 0 sWo urbano de Sao Paulo , in A Cidade de SioPaulo, Estud cs de Geografia Urbana, por urn grupc de geegrafos sob adirel;io de Aroldo Azevedo - Associa~ao des Ge6grafos de Sao Paulo,4 volumes, Cia. Nacional Editora, Sao Paulo, 1958

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65. PEREIRA DE LIMA, rose Octaviano - Defesa dos Bent dominiais do Mun;'dpio de Si o Paulo, in Relat6rio da Admimstracdo Pires do Rio(1926-1927,

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67. PRESTES ~IAIA, Francisco - Ot Melhoram elltos de Sao Paulo, Ed. PrefeiluraMunicipal de Sao Paulo, 1945

68. PIZA, Luiz - ldent i[icaroo de Santo A ndre, in Revista do U I.G. de Sio Paulo,XIII

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Page 207: Ibirapuera: de Maria Celestina Teixeira Mendes Torres

20 4 0 BAIRRO 00 I BIRAPUERA

10. RUDGE RAMOS, Arthur - Rr lat6ri<:l scbreos traba'lhos fr itos na Estra da doVuguriro, apresentadc i. Cimara Municipal de Sio Paulo

11. SAMPAlO FERRAZ. Mario de - Os Municipios do Estedo de Sio Paulo. lofor·~1 interrsaantes coWgidas pe10s funcionmos Victorino Scixas Quriroze Lour~o Arantes Juni or, Dirrtoria de Publicidade Agrfoola, Scaetariade Agricultura, In dustria e Com&cio do Estado de Sio Paulo , 1933

11 SAMPAlO, Theodoro - 540 Ptlulo 110 {lJ7I do ~culo X VI. in Revista do UtG.de Sio Paulo, vet IV, 1898·1899

13. Or GUtl)'t1MI "" CtlPUQnUI de 540 Ptlulo, in Rcvista do l.H.G.de Sio Paulo, vel, VIII, 1903

74. __..,--::-..,-..,-~A propOrito dOl GIlIllYQIUI:uldtl Qlpl1t1nill de StIo Vicente,in j.evista do l.H .G. de Sio Paulo , XIII, 1911

m L VI_ __,-,,=-_ 540 Peulo no # culo XIX, in Revista do I.H.G. de Sio Paulo,".

76. S40 Paulo 110 tempo ck AnchierQ, ed. Etoola TipogrU"icaSalesiana, Sio Paulo, 1897

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79. SILVA BRUNO, Ernani - HIst6rltr e Ttadi¢et dtl CidDde de 560 hub. J JOAI-ma, Comissio do IV Centenmo ciaCidade de Sio Paulo, 1954

80. SILVEI RA, Enzo - Anch k tQ, 0 QpOltolo do Brtllil, in Revbta do ArquiYoMunicipal de Si o Paulo, vet, I, Ana I, Pub~o cia Diretoria do Proto­0010 e Arquivo da Prefeitura, Sio Paulo, 1934

81. SILVEIRA, Alcintara - Em tomo do Di41ogo w bre Q con~enQo do gentio, inNobrega, publdoI.H.G. de Si o Paulo, 1970 "

81 SILVEIRA CAMARGO, Monsenhor Paulo Plorencio da - Tib~ JUIl tpt)ale o, primeiro, povoadoret de Sao PtlUlO, in Rev. do Arquiv o Mwticipal,CLXVI, Departamento de Cultura, Prefeitura Municipal de Si o Paulo

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Page 208: Ibirapuera: de Maria Celestina Teixeira Mendes Torres

BIBLIOGRAFIA 205

84. SCHADEN, Egon - Os prlmiJivos habitall ter do territ6r io paulma. in Revistade m sl6ria. vet VIII, e.v 18, 1954

85." SIMOES MAGRO, Osmar - A Legitio de saoPaulo eo Regime1ll0 de IlI{a1llarklde 541110s nar OImpDnhu do S ui - E, /xJfo da HisttJria J,[i/itar PaultnlJ nos :lempos rolol'litlts. in Rev. do Arquivo Municipal, XXIV. Departamentode Cultura, Prcfcitun Municipal de Sio Paulo. 1938

86. SOUZA, Washington Luis Pereira de - R eltu6riOJ apresenlados i carnala Muni-cipal pelo prcfeito relativos aos exercfctos de 1916, 1917. 1918. Sio Paulo

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In Revista de Histona , XXlX. 1964. Sao Paulo

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'20 6 0 BAIRRO DO IBIRAPl: ERA

98. \10 m , Pde. Hello Abranch" , S.l . - A [u ndi2¢ o de SQo Paulo pelof Jesui laf .in ReYista de Historia. n.e 17. 1954

99. ASp«rof dlI [u fU14pfo de SQo Paulo an-avis dos naitof nob rt!-glIellhos. in Reviata de Hiuoria, n.o 21-22. 1955, Sio Paulo

100 . Para uma biograFItl de Nobrega. in Revista de Historia. e.c 28,1956. Sio Paulo

10J. Algullf documenrot inUilOs JOb" o Padre A nchieta, inRevista de Historia. n.o 39. 1959. SiD Paulo

102. 0 rroceuo Remissorial de 162 7-1628 em &fo Paulo, relattvoQ Calloll izaf OO de A nchiete. Trabalho apresentado ac Congrcsso de IIist6­ria oomemorativo do IV Cen tc naric da Fundacdc de Sao Paulo , in Revistado Arqu ivo Municipal, CLIX, Departamento dc Cul tura, Prefcitura Mum­cipa l de Sao Paulo, 1957

103. 0 Vellerdvel Padre Jost de Allchieto, in Revista do I.H.G. deSantos, VII

104 . ZAN, Pedro Mario Repono~m. in "0 Estad o de Sio Paulo" . 5-4-1974

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I I. DOCUMENT A<;AO

I. Alas da C;'mara Municipal de Sao l':.Iulo. Publi~o do Arquivo Historico, Divisiodo Arquivo Histori co e do Depa rta ment o de Cu.ltura. Seculos XV1, XVII eXVIII. Ed~Oes da PrcfC'i tura Municipal de Sio Paulo, a partir de 1914.

2. Alas da!.~sOes da Cimara ~hmicipa.l de Sio Paulo (Con$t lho de Inl endr nciJ.J,de 1890 em dian te.

3. Alas da Cimara Municipal de Santo Amaro. in Revista do Arquivo ~funicipal deSao Paulo, de 1833 a 19 14, vol. XVIII ate CXXVU.

4. CarW de Datas de Tern s. Publica~io da Divisio de Documentacac Hist6rica eSo cial, Departamento de Cultu re, Prefeitura Municipal de Sao Paulo. .

5. Diir io do Povo, jornal matutino. Cam pinas.

6. Documenta l lnteressantes para a Hisuu-ia e Costumes de Sio Paulo. PUb l i~oOficial do Arquivo do Estado de Sao Paulo.

7. Hist6rico ;b CornissSo do IV Cenlenirio da O dade de Sio Paulo, apresentadopcb Comissao do IV Centenirio de Sio Paulo, 1954 .

8. Folh a de Sio Paulo, matutino da Cida de de Sio Paulo.

9. Inventi ri06 e Testamentcs, Documentos da Seo;io do Archivo Hist6r ico doEstado de Sao Paulo.

10 . Lea e Decretos do Estado de Sao Paulo .

11. Leis e Decretos do Municip io tie Sao Paule.

12. 0 Estado de Sao Pau jo, matutino da Cida de de Sao Paulo.

13. Relal6rios da Comissio do IV Cente nirio de Sio !'auk! apresentado por seupresidente, Gu ithc:rme de Almeida, 1954

14. Relat6r ios de prefeil O$ da Cidade de Sio Paulo :1. Washington Luis Pereira da Sil¥a (19 16, 1917 , 19 18J

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208 o BAI RRO DO IBIRAPUERA

2. Firmiano de Moraes Pinto .(l922J3. Jose Pires do Rio 0 926, 1927. 192 8)4. Fra ncisco Prestes Maia (1938, 1939, 1940 e 1945,

15. Relatolios de Presidentes da Ci mara Municipal de Sio Paulo.

16. Relater jc do Presidente da Provincia Jose Thomas Nabuco de Araujo .i Assem-bleia Provincial de Sao Paulo, 1852

17. Relat6do apresentado por Anton io de Toledo Piza a Dr. Alfredo Pujol, 1896

18. Registro geral da Oi mara Municial de Sio Paulo. Publica~io do Depar tamento deCult ure, Prefeitura Municipal de Sio Paulo.

19.

21.

Revista do IV Centenano de Sao Paulo, dire1fio de Guilherme de Almeida, ana I,n.o 1, 1954 I

Revista do Arquivo Municipal de Sio Paulo. Publkacdo do Departamento deCultnra da Prefeitura Municipal de Sao Paulo, n.v I a CLXXXV

Revista Manch et e, Bloch Ed itores S.A. Rio de Janeiro

r

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NO T AS

I. As indica~ mais comptctas rdamas i Biblior-arlll sio enccntradas nas :'Ilot asno fmal de cada capitulo , com indica~o do nernero da pagina , do volu mee do ano da publicacao.

2. Abreviaturas usadas:RIII G - Revista do Instituto Hist6r ioo e GeogrifiooRAM - Revista do Arq uivo MunicipaleDT - Carta s de Datu de TerrasRG - Regimo Gera! da Cimara Municipal de Sao PauloD.I. - Documentos Interessantcs para a lI ist6r ia C Cos uumcs de Sao Pau lo

3. Acresccntar i BibliogrtzJia :

DELO!\ENZO NETO, Anlonio - Reform. Pol{tiro-Administrativa doMunicipio da Capital, in RAM. CLXX, Departamento de Cultura daPrefcitura Mlmicipa l de Sao Paulo

Anaes da Cimara Municipal de Sio l'lIulo, ,ecu lo XX

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i N D rc E

APRES ENTAC;A:.O ....•.... . ................... ...... .

NO CAMINHO DE IBIRAPUERA .

NOTAS .

o DISTR ITO SUL DA S£ .

NOTAS .

ALGUNS ASPECTOS DA ZONA SUL NO S£CULO XX .As novas avenidas .Os bondes eetncos .A era das rodovias......•. .... . .. . . .... ...... .. ~ ....

NOTAS .

IBIRAPUERA _ 0 NOVO BAIRRO DE lBIRAPUERA E SEU MODER NOPARQUE .

A Comissao do IV Ccn tedrio . . . . . . . . . .o Bajrro de IBIRAPUERA.. ..........•................FW1~Oes .. . . .... ... . . .. . . . . . . . . . . .. . • • . . .. . . . . .Uma visao do IBIRAPUERA DE HOl E .. : ..............•. ..

CONCLUSA:.O .

NOTAS .

ANEXOS........ ... ..... ............•........... . . .I. 0 Tupi em Sao Paulo .. . . . . . . . . . . . . . . . • . . . . . . . . ..

II . Os moradores do IBIRAPUERA no seculo XVI .Ill . Rela'<:iodos Edificios existe ntes no Parquc IBIRAPUERA .IV. Alguns Topic os da Lei n.c 4636 de 12 deabril de 19S5 : .

ILUSTRAC;6FS .

MArAS. . . . . . . . . . •• . . . . . . . . . . . . .

BIBLIOGRAF lA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . • . . . . .

NOTAS .

11

15

19

45

69

75 .767981

."87

101107114119

129

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199

209

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ESTA OBltA TERMINOU-SE DE IMPRIMIR NO \If:s DE FE\TRURO

DE III)M MIL NOVECENTOS E SETENTA E SETE , P£L A x o v o s

HO RIZONTES, E DiTORA LT DA., SENDO PREH ITO DO MONI­

CI1>IO DE SAO PAULO 0 DOUl ·OR O LAVO EGYDlO SETDBAL,

SECRETARIO ~lUNIClPAL DE CULTURA 0 PROFESSOR SABATO

ANTONIO MAGALDI, DlR ETOR DO DEPARTAMENTO DO PATRI­

MONIO HISTORICO 0 ARQ UITETO MURILLO DE A ZEVEDO MARX

F. DlRETOR DA D1VlSXO DO ARQUI VO lII STORICO r ROFESSOR

E DUARDO DE J ESUS MORACS DO NASC IMENTO.

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C E N TR O 0 ::DA M E M c n :A

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AHMTombo: 2723

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