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ifrs JOURNAL Os próximos passos do IASB Os desafios e as perspectivas para a implantação global do IFRS são tema de entrevista com Sir David Tweedie, presidente do IASB. Página 2 Treinamento domina rotina O sucesso das empresas na implantação das novas normas contábeis depende de intenso treinamento de seus profissionais. Página 6 Webcast discute benefícios do IFRS Em programa produzido para a Internet, sócios e convidados da Ernst & Young discutem adoção das novas normas contábeis. Página 7 Junho e Julho de 2008 - Nº 4 Caminho das pedras Estudo da Ernst & Young registra as experiências das empresas européias do setor de serviços públicos que adotaram o IFRS pela primeira vez e serve como benchmark para companhias brasileiras. Página 4

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Os próximos passos do IASB Os desafios e as perspectivas para a implantação global do IFRS são tema de entrevista com Sir David Tweedie, presidente do IASB. Página 2

Treinamento domina rotina O sucesso das empresas na implantação das novas normas contábeis depende de intenso treinamento de seus profissionais. Página 6

Webcast discute benefícios do IFRS Em programa produzido para a Internet, sócios e convidados da Ernst & Young discutem adoção das novas normas contábeis. Página 7

Junho e Julho de 2008 - Nº 4

Caminho das pedrasEstudo da Ernst & Young registra as

experiências das empresas européias do setor de serviços públicos que adotaram o IFRS

pela primeira vez e serve como benchmark para companhias brasileiras.

Página 4

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OIFRS: desafios e perspectivas

IFRS Journal é uma publicação destinada a clientes e colaboradores da Ernst & Young que aborda questões relevantes para as empresas na migração para os padrões internacionais de contabilidade IFRS. Alertamos os leitores para o fato de que as opiniões aqui expressas não devem ser utilizadas, de maneira isolada, para a tomada de decisão por parte das empresas. Isto porque existem particularidades pertinentes a cada empresa que podem, eventualmente, alterar o enfoque transmitido na opinião. Recomendamos que, antes de a decisão ser tomada, as empresas discutam esses pontos de vista com seus consultores. Estamos à disposição para discutir nossas opiniões e sua aplicação em cada caso concreto.

Mais informações sobre IFRS com: Paul Sutcliffe ([email protected]); Pedro L. Farah ([email protected]); Fernando Próspero ([email protected]) ou pelo e-mail [email protected]

IFRS Journal é uma publicação do Departamento de Comunicação e Gestão de Marca da Ernst & Young Brasil. Jornalista responsável: Rejane Rodrigues (Mtb 22.837); projeto gráfico e edição visual: Milena Tavares Teves

Já há alguns anos o interesse pelas normas IFRS vem crescendo rapidamente em todo o mundo. A este cenário soma-se o recente anúncio pela Securities and Exchange Commission (SEC), órgão regulador do mercado de ações norte-americano, segundo o qual as empresas estrangeiras listadas naquele mercado poderão publicar suas demonstrações financeiras em IFRS, sem necessidade de reconciliação em US GAAP.

Mas mesmo com essa corrente favorável à adoção do padrão internacional em países de todos os continentes, ainda são muitos os desafios para a implantação global das novas normas e da transformação do IASB em um órgão normativo mundial. Esta é a opinião do presidente do IASB, Sir David Tweedie, que, na entrevista a seguir concedida à Ernst & Young, explica quais são esses desafios e fala sobre as perspectivas e prioridades em relação à consolidação do IFRS no mundo.

Ernst & Young - A adoção do IFRS em todo o mundo foi incrivelmente rápida, tornando-o a norma contábil preferida para divulgação de demonstrações financeiras. Quais desafios isso cria para o IASB?

Sir David - Quando o IASB foi formado, em 2001, tinha como objetivo ser

um centro de discussões dos órgãos normativos. No entanto, quando a União Européia decidiu adotar, em 2002, o IFRS para todas as entidades de capital aberto a partir de 1º de janeiro de 2005, tivemos de começar a atualizar as normas adotadas até então, de forma a não prejudicar a alta qualidade do padrão. Esse processo gerou atraso de três anos a outros projetos, sendo que apenas em 2005 começamos a criar as novas normas. O grande desafio é ter certeza de que contamos com os recursos necessários para nos tornarmos um órgão normativo global. Também devemos assegurar que trabalhamos em conjunto com as maiores economias do mundo.

Ernst & Young - A decisão da SEC em deixar de exigir a conciliação por parte das Foreign Private Issuers significou um enorme avanço em direção ao crescimento do IFRS. Como isso afetará o programa de convergência do IASB com o Financial Accounting Standards Board (FASB) dos Estados Unidos?

Sir David - A decisão tomada pela SEC foi essencial para vários países optarem por adotar o IFRS, especialmente em regiões como a América Latina, que precisa ter acesso aos mercados de capital nos Estados Unidos. O desenvolvimento do Memorandum of Understanding (MoU) em 2006 foi essencial para que a SEC concordasse em descontinuar a exigência. O MoU apresenta um plano para convergência entre IFRS e US GAAP, e o primeiro

O PRESIDENTE DO IASB, SIR DAVID TWEEDIE, EXPÕE EM ENTREVISTA

ASPECTOS QUE DIRECIONAM AÇÕES DO ÓRGÃO MUNDIALMENTE

2 JUNHO / JULHO DE 2008

Sir David Tweedie é presidente do International Accounting Standards Board (IASB) desde janeiro de 2001 e professor da cadeira de Ciências Contábeis da Escola de Administração da Universidade de Edimburgo, na Escócia. Anteriormente, Sir David ocupou a presidência do Accounting Standards Board no Reino Unido, de 1990 a 2001.

O IASB é um órgão independente baseado em Londres, no Reino Unido. Em abril de 2001, o IASB assumiu a tarefa de padronização contábil antes realizada por seu predecessor, o International Accounting Standards Committee (IASC). Hoje, mais de cem países exigem ou permitem a utilização do IFRS.

Sir David Tweedie

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ERNST & YOUNG �

também adotamos uma declaração de impacto em que tentamos avaliar o impacto das mudanças.

Além disso, todas as reuniões do IASB são públicas. Recentemente, fomos destaque em um relatório global sobre responsabilidade, publicado pelo One World Trust, pelo desenvolvimento de melhor relacionamento com os stakeholders externos. Isso demonstra o nosso compromisso com um processo transparente e responsável.

Os conselheiros da Fundação IASC também anunciaram recentemente uma revisão da constituição do IASB em 2008. Uma das questões que precisarão ser abordadas é se a representação no Conselho é correta. Atualmente, há 14 membros, dos quais dez são da Europa e dos Estados Unidos, mas esse número pode ser mudado, já que mais países estão adotando o IFRS.

Ernst & Young - O Plano de Trabalho do IASB inclui uma grande quantidade de projetos, sendo que alguns deles abordam os aspectos mais importantes sobre a divulgação de informações financeiras. Com recursos limitados, como o IASB pode efetivamente levar adiante esses projetos? Em sua opinião, quais projetos seriam os mais importantes no curto prazo?

Sir David - O plano de projetos é muito grande e há muito o que fazer com os recursos que temos neste momento. Por isso, precisamos aumentar o nosso quadro de funcionários. Também buscamos alternativas para trabalhar com mais eficiência, na tentativa de acelerar a conclusão de alguns

dos nossos projetos. Acredito que as prioridades do IASB são, entre outras: apresentação de demonstrações financeiras e definição de lucro; instrumentos financeiros, especialmente sobre a forma em que podemos reduzir o nível de complexidade; consolidações; arrendamento; e benefícios pós-emprego.

Ernst & Young - Qual é o seu principal desejo em relação ao IFRS no curto prazo?

Sir David - Gostaria que a contabilidade voltasse a ocupar o seu devido lugar na profissão, ou seja, que as entidades e seus auditores adotassem julgamento ao aplicarem normas de contabilidade. Para que isso ocorra, precisamos desenvolver mais normas baseadas em princípios, o que demandará a substituição das normas excessivamente baseadas em regras, como, por exemplo, as normas sobre instrumentos financeiros, imposto de renda e pagamentos baseados em ações. Além disso, os usuários das normas precisam parar de fazer perguntas sobre todo e qualquer aspecto de uma norma e, em vez disso, fazerem uso de análise crítica ao aplicar os princípios.

Para atingirmos todos os nossos objetivos, precisamos de apoio por parte dos profissionais. Seriam muito bem-vindas as respostas dos membros do IASB às nossas propostas.

Essa reportagem foi extraída de entrevista concedida por Sir David Tweedie à publicação Global EYeon IFRS em fevereiro. O original pode ser encontrado no site www.ey.com.

projeto conjunto importante foi o desenvolvimento de normas atualizadas para combinações de negócios. Isso tem sido muito bem-sucedido e, uma vez que a SEC conseguiu observar que o programa de convergência estava no caminho correto, decidiu colocar um fim à exigência de conciliação. No entanto, estamos comprometidos com a finalização de outros projetos no MoU, que incluem alguns assuntos de peso, como, por exemplo, instrumentos financeiros, benefícios pós-emprego e arrendamentos. Esperamos que a SEC autorize as empresas norte-americanas a divulgarem suas demonstrações financeiras de acordo com o IFRS. Mas isso pode vir a ocorrer apenas em 2011 ou depois.

Ernst & Young - Uma especial preocupação expressada por vários membros do IASB é até que ponto suas opiniões são levadas em consideração e se o órgão adota o processo correto para emitir normas. Como o IASB garante que todas as opiniões dos seus membros sejam consideradas?

Sir David - Têm surgido algumas preocupações em relação à forma como contemplamos as opiniões dos nossos membros. Fizemos algumas mudanças em nosso processo para garantir que os membros entendam isso. Em primeiro lugar, aumentamos o prazo entre a emissão e a adoção da norma para que as jurisdições tenham mais tempo para se preparar. Em segundo lugar, preparamos uma declaração de feedback quando publicamos uma nova norma. A nova declaração de feedback nos permite abordar os principais comentários dos nossos membros de maneira a facilitar o entendimento. Em terceiro lugar,

“Precisamos desenvolver mais normas baseadas em princípios, o que demandará a substituição das normas excessivamente baseadas em regras”. Sir David Tweedie, presidente do IASB

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Uma das vantagens para as empresas brasileiras que adotam o IFRS é a quantidade e qualidade das informações disponíveis para benchmark. Apenas na Europa, 8 mil companhias abertas adequaram-se ao IFRS em 2005 – incluindo nessa relação 160 companhias citadas na edição 2007 do ranking Fortune Global 500. Nessa linha, a Ernst & Young disponibiliza os resultados de estudo realizado com 32 empresas do setor de serviços públicos (energia, água e esgoto) em 14 países sobre a implantação das normas internacionais de contabilidade.

Os resultados do estudo – que teve como foco as políticas contábeis e práticas adotadas nesse setor – proporcionam informações úteis para companhias que estão adotando o IFRS no Brasil pela primeira vez. Veja, abaixo, um resumo dos principais resultados:

Imobilizado

Segundo a pesquisa, todas as empresas utilizaram custos históricos como base para avaliação do imobilizado, em vez da opção de usar o valor justo, conforme determina a norma IAS 16. Além de ser a opção mais usual em outros setores, essa opção é mais simples e não requer reavaliações anuais.

O imobilizado precisa ser classificado por classes para divulgação nas demonstrações financeiras. Existem várias classes utilizadas – mínimo de três a um máximo de 13 classes –, mas nota-se que a maioria das empresas utiliza entre quatro e seis classes para segregar o seu imobilizado. Essas classes são, em geral, subdivididas para divulgar os detalhes da vida útil dos ativos – por exemplo, edifícios, máquinas e equipamentos são, em geral, analisados dentro de diferentes subcategorias.

O estudo revelou haver diferenças na forma de divulgar a capitalização de juros no ativo imobilizado - 55% das empresas avaliadas optaram por capitalizar os custos de empréstimos para aquisição de imobilizado e 45% registraram esses custos diretamente no resultado do período. Entretanto, a partir de 2009, todas as companhias serão obrigadas a capitalizar os juros de acordo com a norma internacional já revisada (IAS 23).

Contribuições de consumidores No setor de serviços públicos (principalmente de energia elétrica), é comum que as empresas recebam doações de seus clientes, que podem ser

representadas por bens ou dinheiro para a aquisição de equipamentos requeridos para fornecer os serviços concernentes à sua área de atuação. A contabilização para essas contribuições de consumidores não estava bem definida no IFRS, motivo pelo qual a pesquisa revelou diferenças nas práticas contábeis utilizadas pelas empresas nesse quesito. Setenta por cento das companhias avaliadas reconheceram esses pagamentos como uma receita diferida, apropriando os valores ao resultado, ao longo da vida útil do ativo. Vinte por cento registraram essas contribuições como uma redução do imobilizado e 10% reconheceram esses recursos diretamente como receita no resultado do período. “A contabilização desses valores deveria ser consistente entre as empresas desse segmento, a partir das orientações contidas no International Financial Reporting Interpretations Committee - IFRIC D24 Contribuições de Clientes, publicado em janeiro de 2008”, revela Paul Sutcliffe, sócio-líder de IFRS no Brasil.

Ativos intangíveis

Em muitos casos, os ativos intangíveis são valores significativos no balanço patrimonial das empresas. A pesquisa revelou entre duas e nove classes de ativos intangíveis, sendo “software e licenças” e “direitos e patentes” as mais comuns. Como no imobilizado, a pesquisa mostrou diferenças na seleção das “vidas úteis” desses ativos dentre as empresas pesquisadas.

EESTUDO DA ERNST & YOUNG COM 32 EMPRESAS DO SETOR DE

SERVIÇOS PÚBLICOS NA EUROPA REVELA OS PRINCIPAIS

DESAFIOS NA PRIMEIRA ADOÇÃO DAS NORMAS INTERNACIONAIS

DE CONTABILIDADE

JUNHO / JULHO DE 2008

Experiência européia auxilia empresas brasileiras na adoção do IFRS

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Conforme o IFRS 3, as empresas são obrigadas a reconhecer ativos intangíveis adquiridos como parte de uma combinação de negócios, separadamente do custo de aquisição e ágio. Para 13 companhias que efetuaram aquisições no período, os ativos intangíveis que foram reconhecidos incluíam know-how, marcas, listas de clientes e custos de desenvolvimento.

Perda de valor nos ativos (impairment)

Este assunto mostrou ser extremamente relevante, com 31 das 32 empresas analisadas reconhecendo perdas por impairment. Essas perdas, relacionadas a ágio, imobilizado e outros intangíveis, somaram valores acima de 3,4% do total de ativos, com um impacto médio de 5% sobre o lucro anual das companhias – uma das empresas registrou uma provisão para impairment que foi equivalente a 92% de seu lucro anual. Os resultados mostram o quão importante o conceito de impairment, é para as empresa que adotam o IFRS e quão significativo o impacto pode ser. “Os resultados da pesquisa mostraram que uma melhor divulgação sobre as premissas utilizadas para o cálculo do valor recuperável de ativos, o que é base para definir a provisão de impairment é necessária. Além disso, diferentes taxas de desconto foram utilizadas pelas empresas para o cálculo do valor recuperável do ativo em questão”, observa Fernando Próspero, sócio da Ernst & Young.

Instrumentos financeiros

Instrumentos financeiros foram significativos para as empresas, segundo a pesquisa: todas registraram derivativos ao valor justo em suas demonstrações financeiras. Os derivativos mais

comuns identificados no setor de serviços públicos foram contratos de commodity, incluindo compromissos de compra de curto e longo prazos visando atender aos compromissos contratuais. Quando se trata de contratos de compra futura para atender demanda de clientes (“uso próprio”), estes estão fora do escopo do IAS 39 Instrumentos Financeiros. Entretanto, se a commodity é entregue e então revendida (trading), os contratos são considerados como derivativos e devem ser mensurados pelo seu valor justo. De acordo com os resultados da pesquisa, a divisão entre o “uso próprio” e o trading pode não ser clara e, na prática, é difícil concluir se há consistência na aplicação das regras contábeis nessa área.

Observa-se também que todas as companhias utilizaram-se da isenção existente no IFRS relacionado aos instrumentos financeiros de hedging para alguns de seus contratos de derivativos – geralmente aqueles relacionados à taxa de câmbio, de juros e risco de commodity. A contabilização desses instrumentos como hedging permite que as variações no valor justo no instrumento financeiro

de hedge sejam registrados diretamente no patrimônio líquido, reduzindo assim a volatilidade dos ganhos. A pesquisa revela ainda que os montantes reconhecidos diretamente no patrimônio líquido foram 80% do total de ganhos nestes instrumentos financeiros, enfatizando o quão significativa é essa regra contábil sobre hedging.

Provisões

A pesquisa revela o uso de provisões específicas, principalmente provisões relativas a comissões e provisões ambientais. Esses valores são geralmente significativos nas demonstrações financeiras da companhia e exigem julgamentos nos seus cálculos, incluindo gastos atuais, aumento de preços e aplicação de taxas de desconto.

A partir dessas conclusões, as empresas brasileiras – e não apenas as companhias do segmento de serviços públicos - que se preparam para implementar o IFRS possuem ferramentas importantes para evitar erros, custos desnecessários e, claro, perda de tempo quando da adoção do IFRS. Saiba mais detalhes sobre este estudo pelo site www.ey.com.br/ifrs.

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AMuito além dos contadores

A guinada recente do Brasil rumo ao padrão contábil internacional tem colocado em polvorosa contadores e auditores. Sem formação específica disponível sobre o assunto nas universidades, eles têm recorrido a treinamentos in company patrocinados por seus empregadores ou saído em busca dos ainda raros cursos sobre IFRS. Não bastasse isso, agora eles também estão enfrentando a concorrência de profissionais das mais diversas áreas. São executivos de finanças, especialistas em relações com investidores (RI), responsáveis por recursos humanos, membros de conselhos de administração e responsáveis por planejamento tributário, só para mencionar os mais comuns.

Não é para menos. Segundo especialistas, embora não sejam atingidos diretamente, esses profissionais terão participação fundamental para o sucesso da mudança de padrão contábil de suas empresas. “A prevalência da essência sobre a forma, conceito presente no IFRS, vai provocar diferenças importantes nas demonstrações financeiras de muitas empresas. E todos os principais empregados terão de entender por que isso aconteceu”, diz Eliseu Martins, professor da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA/USP) e da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi). Nesse aspecto, aponta ele, os profissionais da área de relações com o mercado são os que mais têm de se apressar, pois é deles que os investidores vão cobrar explicações sobre eventuais mudanças nos lucros ou no patrimônio líquido das companhias.

Um levantamento feito pela Ernst & Young com 65 grandes companhias européias que adotaram o novo padrão mostrou que, entre os bancos da região, boa parte apresentou diminuição nos lucros, no patrimônio líquido e em índices relacionados. “Se o lucro muda, os profissionais de relações com investidores precisam saber explicar o motivo”, diz Paul Sutcliffe, sócio-líder de IFRS da Ernst & Young.

Mas mesmo os profissionais do setor financeiro que não têm contato com interlocutores externos também devem se preparar para novidades. O pessoal da área de tesouraria é um bom exemplo. Será deles a responsabilidade de contabilizar a preços de mercados os valores de ativos financeiros da empresa, exigência do padrão IFRS que hoje só é seguida pelas instituições financeiras. Mas mesmo entre os bancos mais gente vai sentir as mudanças. De acordo com Grégory Gobetti, sócio da área de serviços financeiros da Ernst & Young, as novas regras poderão exigir dos bancos medidas de readequação às exigências de estrutura de capital previstas em Basiléia 2. “O resultado poderá ser uma mudança nos métodos de cálculo de juros para concessão de empréstimos”, diz ele.

Se para os profissionais de finanças e de RI a vida promete ficar mais dura, o mesmo deve acontecer na área de recursos humanos. Isso porque o sistema de remuneração dos altos executivos com base em bônus calculados a

partir dos lucros ou do faturamento será imediatamente atingido por eventuais mudanças nos resultados das companhias. “Como decorrência desse processo, o setor de RH pode ser levado a implementar mudanças na folha de salários”, explica Marina Yamamoto, coordenadora da Fipecafi.

Algumas companhias engajadas no tema há mais tempo, tais como filiais de companhias européias, vêm adotando soluções caseiras para treinar seus funcionários. O braço no País do banco britânico HSBC é um bom exemplo. Todos os profissionais que vão lidar diretamente com o assunto já estão prontos para a transição. “Agora vamos usar o e-learning para treinar outros profissionais cujas atividades sofrerão impacto indireto da mudança”, conta Marcos Antônio Presa, gerente de Política de Procedimentos Contábeis do HSBC. Outras empresas, como o Itaú, a Odebrecht e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), vêm contratando cursos in company. Mas é pouco para atender à enorme massa de profissionais encarregada de deixar as empresas preparadas em tempo hábil para a conversão.

De olho nesse público, universidades, consultorias especializadas e entidades de classe começam a se preparar para atender a demanda. Atenta a esse novo cenário, a Ernst & Young desenvolveu – para 2008 - séries de treinamentos em IFRS voltadas para profissionais da área de finanças (veja reportagem sobre o assunto na página 8).

AS PROFUNDAS ALTERAÇÕES NAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS DAS EMPRESAS DO PAÍS VÃO

GERAR IMPACTOS NA ROTINA DE PROFISSIONAIS DE DIVERSAS ÁREAS DESSAS ORGANIZAÇÕES

JUNHO / JULHO DE 2008

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Webcast reúne autoridades em IFRS

As normas internacionais de contabilidade são tema do Ernst & Young Report, programa em formato webcast produzido pela Ernst & Young com o objetivo de levar até seus clientes, de maneira diferenciada, informações sobre assuntos atuais que impactam os negócios das organizações. Dessa maneira, a empresa lança no País uma ferramenta inovadora no mercado em que atua para manter seu público-alvo sempre bem informado.

O programa inicial conta com a presença do sócio-líder em IFRS no Brasil, Paul Sutcliffe, além de Sérgio Romani, sócio-líder de Auditoria, e Sergio Citeroni, sócio responsável por contas globais, que falam sobre os aspectos mais relevantes das normas internacionais e de sua adoção pelas empresas brasileiras.

O debate - mediado pelo comentarista Milton Jung

- ocorre em um estúdio. Convidados de renome no mercado complementam o conteúdo do programa com dados importantes sobre o tema. Dessa edição, participam Eli Lória, diretor da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o professor Eliseu Martins, da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA/USP) e da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras(Fipecafi), e o gerente administrativo financeiro do Grupo Pão de Açúcar, Raphael Mattelon.

Lória fala principalmente sobre os desafios e benefícios que a conversão para IFRS significa para as empresas brasileiras. “O benefício de uma linguagem contábil internacional, nos dias de hoje, é a maior confiança do investidor estrangeiro nos números das companhias brasileiras. Com isso, o acesso ao mercado internacional de

crédito é facilitado. Não podemos esquecer também que a nova norma resulta em uma redução de custos, uma vez que as companhias vão poder acessar diversos mercados internacionais sem a necessidade de fazer diversos balanços, de utilizar diferentes linguagens contábeis”, disse o diretor da CVM.

Já Eliseu Martins explica como a adoção dos novos padrões contábeis, por parte também das companhias fechadas, pode ajudar a melhorar os relacionamentos dessas empresas, globalmente. “A Lei 11.638 veio dar condições para que o Brasil se encaminhe mais rapidamente em direção às normas internacionais. Normas estas que são importantes para todos. No caso específico das grandes sociedades fechadas, elas precisam, no seu relacionamento internacional, ter demonstrações em uma linguagem que o mundo inteiro entenda”, reforça Martins.

Por fim, Raphael Mattelon fala da experiência do Pão de Açúcar no reporte de informações em IFRS para a matriz na Europa. O executivo destaca quais foram as principais lições aprendidas no processo.

O programa Ernst & Young Report ficará disponível para toda a base de clientes da Ernst & Young por e-mail e também poderá ser acessado pelo site www.ey.com.br/ifrs.

EEM PROGRAMA PRODUZIDO PARA A INTERNET, SÓCIOS DA ERNST & YOUNG E CONVIDADOS

DISCUTEM OS DESAFIOS E BENEFÍCIOS DA ADOÇÃO DAS NORMAS INTERNACIONAIS

DE CONTABILIDADE

Com um programa em formato webcast, a Ernst & Young leva até seus clientes, de maneira diferenciada, informações sobre assuntos atuais que impactam os negócios das organizações

IFRS, The Basics chega ao Rio de Janeiro e Belo Horizonte

Em razão da grande procura pelos programas de treinamento em IFRS, a Ernst & Young realizará módulos do IFRS, The Basics no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte, além de São Paulo. No Rio, o curso está programado para os dias 18 a 20 de agosto e, em Belo Horizonte, as aulas acontecerão de 25 a 27 de agosto. Voltado para profissionais de finanças de todos os níveis e com 20 horas de duração, o IFRS, The Basics busca promover uma iniciação completa às normas internacionais.

Parte das iniciativas da Ernst & Young para a formação de profissionais brasileiros, o

Programa de Treinamento sobre IFRS contou em maio com o primeiro módulo da série de cursos Master Class. Com a participação de 46 executivos, entre CFOs, diretores e profissionais da área de relações com investidores de algumas das mais importantes companhias brasileiras, o primeiro módulo mostrou aos executivos como planejar o processo de conversão para o novo padrão e apresentou ainda lições aprendidas a partir da harmonização contábil no mercado europeu.

Para Paul Sutcliffe, sócio-líder de IFRS no Brasil e coordenador do curso, os resultados do primeiro

Master Class foram positivos, ao contribuir para disseminar o conhecimento nas normas internacionais de contabilidade. “O curso abriu espaço para muitos esclarecimentos e debates. A participação e o interesse desses executivos em compreender as normas realmente foram um diferencial e esse envolvimento será essencial para as empresas durante a conversão”, comemora Paul.

Para maiores informações sobre o Programa Ernst & Young de Treinamento sobre IFRS, entre em contato com Alexandre Cardoso, pelo telefone 11 2112-2213 ou pelo e-mail [email protected].

8 JUNHO / JULHO DE 2008

DDIRIGIDO A PROFISSIONAIS DE FINANÇAS DE TODOS OS NÍVEIS, O CURSO BUSCA PROMOVER UMA

INICIAÇÃO COMPLETA ÀS NORMAS INTERNACIONAIS

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