imagens de vilas e cidades do brasil - nestor goulart reis filho

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366 R. bras. Est. pedag., Brasília, v. 81, n. 198, p. 366-379, maio/ago. 2000. Imagens de vilas e cidades do Brasil Colonial : recursos para a renovação do ensino de História e Geografia do Brasil * Nestor Goulart Reis Filho Palavras-chave: história do Brasil; urbanismo; cartografia histórica; Brasil Colônia. CIBEC Ilustração: Duché de Farney ( detalhe de Florianópolis – Nossa Senhora do Desterro – 1785 – “Vista da Ilha de Santa Catarina”). * Artigo baseado em palestra re- alizada no Centro de Informa- ções e Biblioteca em Educação (Cibec) do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacio- nais (Inep), em 16 de agosto de 2001, no âmbito do Programa Conheça a Educação.

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Page 1: Imagens de Vilas e Cidades Do Brasil - Nestor Goulart Reis Filho

366 R. bras. Est. pedag., Brasília, v. 81, n. 198, p. 366-379, maio/ago. 2000.

Imagens de vilas e cidades do BrasilColonial : recursos para a renovaçãodo ensino de História e Geografia do Brasil*Nestor Goulart ReisFilho

Palavras-chave: história doBrasil; urbanismo; cartografiahistórica; Brasil Colônia.

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* Artigo baseado em palestra re-alizada no Centro de Informa-ções e Biblioteca em Educação(Cibec) do Instituto Nacional deEstudos e Pesquisas Educacio-nais (Inep), em 16 de agosto de2001, no âmbito do ProgramaConheça a Educação.

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As plantas e vistas doscentros urbanos reunidas no livroImagens de vilas e cidades doBrasil Colonial são, ao mesmotempo, obras-de-arte edocumentos preciosos para oconhecimento da Historia e daGeografia do País. O artigomostra a importância dessesdesenhos, como instrumentos detrabalho para os professoresdessas e de outras matérias. Apublicacão do livro foiacompanhada da edicão de umCD-ROM e de uma coleção deposters, destinados a apoiar otrabalho de pesquisadores eprofessores.

Introdução

A documentação preciosa recolhida noprojeto1 Imagens de vilas e cidades do Bra-sil Colonial mostra: 1) que havia projetosurbanísticos no Brasil desde os primeirostempos da colonização; 2) que os padrõesdesses projetos variaram no tempo, e que,portanto, é importante que façamos umahistória desse urbanismo, para conhecersuas diversas modalidades e compreendermelhor o presente 3) que existiam quadrosprofissionais para a realização dos proje-tos urbanísticos e desses desenhos, os cha-mados engenheiros militares; 4) que essesprofissionais tinham um bom nível de for-mação. E nos fazem lembrar da importân-cia das chamadas Aulas de Arquitetura Mi-litar, que existiram no Brasil desde 1696,

formando profissionais com essas qualifica-ções. Os originais desses documentos es-tão guardados em dezenas de arquivos ebibliotecas de várias regiões do Brasil e daEuropa, em países como Portugal, França,Holanda. Um deles foi encontrado na Bibli-oteca Pública de Nova lorque. Com nossotrabalho, estamos, pela primeira vez, ofere-cendo ao leitor a possibilidade de observarsimultaneamente todo esse conjunto dedesenhos, reunindo os resultados de qua-renta anos de pesquisa. O leitor comum,mesmo que encantado pela beleza das ima-gens, pergunta qual a finalidade de todoesse trabalho; quer saber qual a finalidadedessa pesquisa, qual o conhecimento queesses desenhos nos trazem.

A história da urbanizaçãoe do urbanismo no Brasil

Esse material foi reunido para funda-mentar pesquisas sobre a história da urba-nização e do urbanismo no Brasil. O assun-to era pouco estudado, no final dos anos50 e início dos anos 60, quando a pesquisafoi iniciada. Havia a convicção generaliza-da, entre os historiadores e entre os arqui-tetos, de que não existiam projetos urba-nísticos no Brasil. Acreditava-se, de manei-ra geral, que não havia existido uma políti-ca da administração portuguesa no Brasil,para orientação da formação do sistemaurbano colonial.

Esses desenhos mostram claramente ocontrário. Mas, para compreendê-los bem,é necessário acompanhar as várias etapasdesse processo. Em trabalhos anteriores fi-zemos, como continuamos a fazer, um es-tudo detalhado desse desenvolvimento.Aqui, podemos apenas fazer observaçõesgerais, a partir dos desenhos, que são, paranossas pesquisas, como as formigas, abe-lhas e ratos dos biólogos: são uma parteimportante do material empírico, que fun-damenta nossos estudos teóricos. Os estu-dos sobre a história da urbanização e dourbanismo devem tomar como fundamentoos remanescentes e os vestígios das formasoriginais dos antigos núcleos e de suastransformações no tempo. Mas os vestígi-os são poucos e as transformações, emvárias épocas, alteram significativamente aprecisão das informações originais.

No caso dos desenhos, a segurançadas informações tende a ser maior. Nos

1 O projeto foi desenvolvido sob aresponsabilidade de NestorGoulart Reis Filho, do qual re-sultaram um livro, um álbum deestampas e um CD-ROM (ver"Referências bibliográficas" aofinal deste artigo).

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casos em que conhecemos os autores eas datas ou, pelo menos a época da suaexecução, temos elementos para conheceras formas gerais da cidade, a aparência desuas edificações e sua distribuição no es-paço. Poderia sempre haver margem deengano, pois o desenho é uma representa-ção da realidade, é uma interpretação. Masa comparação com um conjunto maior deinformações permite limitar a margem deerro. Os traçados podem ser comparadoscom outros desenhos da mesma época esuas dimensões podem ser corrigidas, emcomparação com a situação presente oudo passado recente, que facilita a compre-ensão das escalas e dimensões originais eo reconhecimento das características dostraçados urbanísticos. As vistas, sobretu-do no caso das perspectivas, são mais úteispara o reconhecimento da aparência dasvilas e cidades e de suas relações com apaisagem.

No que se refere à aparência, algunsdesses desenhos, como a imagem quemostra a área do Morgado de Santa Bár-bara,2 na Cidade Baixa, em Salvador, o"Prospecto visto pela frente de hua porçãoda Cidade da Bahia..."3 e a imagem quemostra uma área do Recife,4 nas proximi-dades da Igreja de Nossa Senhora da Pe-nha dos Capuchinhos, permitem compre-ender melhor os aspectos gerais das ruase casas mais simples, nos principais cen-tros urbanos do século 18, em contrastecom as formas de refinamento, introduzidas

sobretudo no início do século 19, comoornatos ao redor das janelas e portas, emgrande parte realizados após a Independên-cia. E todas essas imagens revelam, demodo muito concreto, a importância davida urbana do Brasil Colonial, sobretudono século 18 e início do 19.

A fundação das primeiras vilase cidades (1532-1580)

As imagens mostram as característicasdos primeiros núcleos urbanos implantadosno Brasil. Os projetos urbanísticos existirama partir da fundação de Salvador em 1549,nos tempos do primeiro Governador Geral,Tomé de Sousa. Essas imagens teriam sidobaseadas em um levantamento realizadopor volta de 1604 ou 1605, para a elabora-ção de um novo plano de fortificação dacidade da Bahia.5 No desenho são assina-ladas as características do bairro mais anti-go, fundado por Tomé de Sousa, com umnúcleo de planta em xadrez e um grupo dequadras alongadas, mais ao fundo, inclina-das em relação às primeiras, para se aco-modar a um desnível do terreno. A outraparte do desenho, mais à esquerda, mos-tra o bairro construído nas últimas décadasdo século 16, no qual se mantiveram, emprincípio, os esquemas de traçado em xa-drez. A cidade foi construída em terreno ele-vado, a cerca de 70 metros de altura sobre

2 Original manuscrito sem título,de autor desconhecido, 1764-1785. Arquivo do Estado daBahia (Reis, Bueno, Bruna,2000, p. 42, fig. 24).

3 Original manuscrito de ManuelRodrigues Teixeira, 1786. Arqui-vo Histórico Ultramarino, Lisboa(Ibidem, p. 49, fig. 30).

4 Original manuscrito sem título,de autor desconhecido, século18. Arquivo Histórico Ultrama-rino, Lisboa (Ibidem, p. 103, fig.99).

5 Existem duas versões do origi-nal manuscrito de JoãoTeixeira Albernaz I: a "Pranta,da çidade D. Salvador/na Bahiade Todos os Santos", cerca de1605 (1616). In: Moreno, Diogode Campos. Rezão do Estado doBrasil no governo do nortesomete asi como teve Dõ Diogode Menezez até o anno de1612. 1616. Biblioteca PúblicaMunicipal do Porto; a "Prantada çidade do Salvador/naBahia de Todos os Santos", cer-ca de 1605 (1616). In: Moreno,Diogo de Campos. Livro que dárezão do Estado do Brasil. 1626.Instituto Histórico e Geográfi-co Brasileiro, Rio de Janeiro(Ibidem, p. 17-18, fig. 1 e 2).

Ilustração: Manoel Vieira Leão (Planta da Fortaleza de Jesus-Maria-José-1754).

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6 Original manuscrito de autordesconhecido, cerca de 1609-1612. Algemeen Rijksarchief,Haia (Reis, Bueno, Bruna, 2000,p. 20, fig. 5).

7 "Marin d'Olinda de Pernambuco/Trecif de Pernambvco", de au-tor desconhecido, cerca de1630. In: Laet, Johannes de.Histoire ofte laerlijk Verhael Vande Verrichtinghen der Geoctoye-erde West-Indisch Compagnie,zedert haer Begin/tot het eyndevan't jaer sesthien-hondert ses-em-dertish... Tot Leyden:Bonaventeur Ende -AbrehamElseiver, 1644. KoninklijkeBibliotheek, Haia (Ibidem, p.78, fig. 65).

8 "Igarassu", de autor desconhe-cido, cerca de 1729. Museu deIgaraçu (Ibidem, p. 105, fig.103).

9 "Itamaracá", de autor desco-nhecido, cerca de 1729. Museude Igaraçu (Ibidem, p. 109, fig.110).

10 "Prospeto da Vila de Vitoria ca-pital da Capitania do EspiritoSanto, e distante da foz do riodo mesmo nome, huma legoa:na latitude de 20g. e 15m. aosul, e 334g e 45m. de longitu-de", original manuscrito deJosé Antônio Caldas, 1767. Ar-quivo Histórico do Exército, Riode Janeiro (Ibidem, p. 148, fig.153).

11 "Le Vrai Pourtraict de Geneureet du Cap de frie par Jqz de Vaude Claye", original manuscritode Jacques de Van de Claye,cerca de 1579. BibliothèqueNationale, Paris (Ibidem, p. 154,fig. 161).

12 Imagem sem título [Vista da ci-dade de São Paulo – parte nor-te], de Arnaud Julien Pallière,1821. Coleção de Beatriz eMário Pimenta Camargo(Ibidem, p. 190, fig. 199).

a praia, que era então uma estreita nesgade terreno, muito diferente da atual Cida-de Baixa, toda ela fruto de aterros posteri-ores. Outros desenhos (cf. Reis, Bueno,Bruna, 2000, p. 19-24, fig. 3, 5 e 6) mos-tram a cidade no alto e umas poucas cons-truções junto à praia. E as suas portas, poisSalvador dispunha de muros e portas,como as cidades medievais.

Mas, nesse tempo, era ainda um cen-tro urbano modesto, com população muitolimitada, como podemos ver nos detalhesda imagem "Perfil da çidade do Salvadorda Bahia de Todos os Sãtos q mostra altvrado mar a ella",6 com suas igrejas sem tor-res, como a do Carmo (à esquerda), a deConceição da praia, na Cidade Baixa e aCatedral (ao centro), com uma única tor-re. E vemos uma simplicidade compará-vel, nos perfis das casas, na Cidade Alta,e nos armazéns na Cidade Baixa. Mas osdesenhos mostram também, desde cedo,a presença de monta-cargas, para o trans-porte de mercadorias para a vida urbana,que se desenvolvia quase toda nos sítiosmais elevados.

Esse esquema de construção das vi-las e cidades no alto de colinas, práticacomum na época, é documentado em de-senhos posteriores, mostrando a aparên-cia das vilas e cidades mais antigas, comoOlinda,7 Igaraçu,8 fundada em 1536 porDuarte Coelho Pereira, donatário da Capi-tania de Pernambuco, Itamaracá,9 Vitória,10

fundada em 1551, o Rio de Janeiro,11 quevemos sobre o Morro do Castelo, com asua aparência em 1579, apenas doze anosdepois de fundado, e São Paulo,12 funda-da em 1554 pelos jesuítas. O Colégio dosJesuítas é mostrado também sobre umacolina, a cerca de 30 metros de altura, so-bre o Tamanduateí, que lhe corria aos pés.

Os núcleos urbanos eram fundados emgeral em terrenos elevados, como as cida-des medievais, mas as obras tinham algumapoio técnico, a partir da instalação doGoverno Geral. O principal objetivo do ur-banismo, nessa fase, era a organização dosistema defensivo. Salvador teve a assis-tência de um mestre de fortificações, LuizDias. Alguns membros de sua equipe po-dem ter acompanhado o governador Toméde Sousa, na visita que fez às capitaniasao sul da Bahia em 1553, quando foramfeitas algumas melhorias na parte de traça-do e construídos muros, baluartes e por-tas, em todas as povoações importantes,com exceção de Santos e São Vicente.

R. bras. Est. pedag., Brasília, v. 81, n. 198, p. 366-379, maio/ago. 2000.

Ilustração: Albert Dufourcq (detalhe da Baía de Todos os Santos, antiga capital do Brasil-1782).

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Dessa época foi a fundação de Santo Andréda Borda do Campo, que possuía muros,baluartes e portas como as demais vilas. Omesmo esquema foi adotado em São Pau-lo, a partir de 1560, quando foi extinta a vilade Santo André e transferido o seu pelou-rinho para a de São Paulo. As atas da Câ-mara de São Paulo mencionavam freqüen-temente os muros, os baluartes e as portasda cidade. Porém esse urbanismo se con-centrava nessas partes de fortificação ex-terna, como mostram as imagens da cida-de do Rio de Janeiro elaboradas em 1579e 1602 (aproximadamente).13

Mas não eram só os portugueses queestavam interessados em registrar as obrasurbanísticas e de fortificação. Seus concor-rentes faziam trabalho de espionagem e seusdesenhos registram também, com destaque,o sistema de fortificações. Um piloto holan-dês, chamado Dierick Ruiters, que estevepreso no Rio de Janeiro em 1617 e depoisem Recife e Salvador, 1618, desenhou cadaum desses centros urbanos, com destaquepara suas fortificações. Mais tarde, partici-pou das invasões holandesas à Bahia (1624)e Pernambuco (1630), e fez uso eficiente dasinformações que havia registrado.

O período de união das Coroasde Portugal e Espanha

(1580-1640)

Quando as Coroas de Portugal eEspanha foram unificadas, passaram a seraplicadas ao Brasil as normas urbanísticasde Felipe II, que haviam sido estabelecidaspouco antes.

A cidade de Felipéia de Nossa Senho-ra das Neves da Paraíba foi fundada em1585, como primeiro passo para o controlemilitar dos territórios entre a Capitania dePernambuco e a foz do Amazonas, que peloTratado de Tordesilhas se situava dentro dosdomínios portugueses. Felipéia foi fundadacom planta em xadrez, utilizando, já então,os padrões de regularidade recomendadospelas Ordenações Filipinas;14 o sítio esco-lhido era ainda elevado, como se vê na gra-vura de Frans Post.15

As diretrizes urbanísticas implantadasdurante a dominação filipina eram uma for-ma de simplificação, na maioria dos casos,sem contudo se perder a preocupação deuma formalização de traçado, que represen-tava um esforço de estabelecimento de umadisciplina para a população colonial.

13 "Le Vrai Pourtraict de Geneureet du Cap de frie par Jqz de Vaude Claye", original manuscritode Jacques de Van de Claye,cerca de 1579; "Rio de Ianeira",original manuscrito de autordesconhecido, cerca de 1602.Bibliothèque Nationale, Paris(Reis, Bueno, Bruna, 2000, p.154 e 156, fig. 161 e 163).

14Cf. as imagens "FrederickStadt", de autor desconhecido,1634. Ministério do Exterior,Mapoteca do Itamarati, Rio deJaneiro; "Parayba", de ClaesJansz Visscher, cerca de 1634.Ministério do Exterior, Mapo-teca do Itamarati, Rio de Janei-ro; "Frederica Civitas", de Janvan Brosterhuisen, cerca de1637-1645. In: Barlaeus,Caspar. Casparis Barlaei rerumper octennivmin brasilia et alibinuper gestarum, sub praefecturaillustrissimi Comitis I. Mavritii,Nassoviae, &c. Comitis, NuncVesaliae Gubernatoris &Equitatus Foederatorum BelgiiOrdd. sub avriaco ductoris,historia. Amstelodami: ExTypographeio Ioannis Blaev,1647. estampa 26. BibliotecaNacional, Rio de Janeiro;"Frederyce Stadt", originalmanuscrito de JohannesVingboons, cerca de 1640(1660). Algemeen Rijksarchief,Haia (Ibidem, p. 116-119, fig.121, 122, 124 e 125).

15 "Parayba", cerca de 1637-1645(1647). In: Barlaeus, op. cit.,estampa 27. Biblioteca Nacio-nal, Rio de Janeiro (Ibidem, p.118, fig. 123).

Ilustração: Albert Dufourcq (detalhe da Baía de Todos os Santos, antiga capital do Brasil-1782).

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16Cf. "Verbs S. Lodovici inMaragnon", de autor desconhe-cido, cerca de 1641-1644(1647). In: Barlaeus, op. cit. es-tampa 52. Biblioteca Nacional,Rio de Janeiro; "Maragnon inZuid America van western vanBrasil", original manuscrito queintegra o atlas de JohannesVingboons, cerca de 1640(1660). Algemeen Rijksarchief,Haia (Reis, Bueno, Bruna, 2000,p. 142, fig. 146 e 147).

17"Maragnon", cerca de 1641-1644 (1647). In: Barlaeus, op.cit., estampa 51. Biblioteca Na-cional, Rio de Janeiro (Ibidem,p. 141, fig. 145).

18 "de stat ende fort van grandpara", original manuscrito deautor desconhecido, cerca de1640. Algemeen Rijksarchief,Haia (Ibidem, p. 266, fig. 293).

19 "Prospecto de Villa Boa toma-da da parte do sul para o norteno anno de 1751", original ma-nuscrito de autor desconheci-do, 1751. Casa da Ínsua,Castendo, Portugal (Ibidem, p.235, fig. 256).

20 "S. Salvador/Baya de todos losSantos", de autor desconhe-cido, cerca de 1624. In: Reys-boeck van het rijcke Brasilien.1624. Koninklijke Bibliotheek,Haia; "S. Salvador/Baya de to-dos os Sanctos", original ma-nuscrito de Claes JanszVisscher e Hessel Gerritsz,cerca de 1624. Biblioteca Na-cional, Rio de Janeiro (Ibidem,p. 19 e 23, fig. 3 e 6).

21"Philippo Avgvsto Lvsitanomonarchae africo aethiopicoarabico persico indico brasilicofelicitas et gloria", deBenedictus Mealius, cerca de1625. Biblioteca Nacional, Riode Janeiro (Ibidem, p. 26, fig. 11).

22 De João Teixeira Albernaz I, cer-ca de 1625 (1631). Ministériodas Relações Exteriores,Mapoteca do Itamarati, Rio deJaneiro (Ibidem, p. 27, fig. 12).

23 "Urbs Salvador", de autor des-conhecido, cerca de 1625. In:Montanus, Arnoldus. Die Nieuweem Onbenkende Weereld orBeschryving van America em'tZuid-Land...1671. Ministério dasRelações Exteriores, Mapotecado Itamarati, Rio de Janeiro.

24Original manuscrito de autordesconhecido. AlgemeenRijksarchief, Haia (Ibidem, p. 32,fig. 17).

A cidade de São Luís do Maranhão,fundada em 1615, apresentava também umtraçado em xadrez, com destaque especi-al para a fortaleza, que protegia o acessoao seu porto.16 Como a cidade de Paraíba,São Luís foi fundada sobre um terreno ele-vado, como nos é mostrada em magníficagravura atribuída a Frans Post.17

Em 1616 foi fundada a cidade deBelém, junto à foz do Amazonas, que émostrada na imagem18 que se julga ser de1640, isto é, que mostra Belém apenas 24anos após a sua fundação, quando eraconstituída por umas poucas ruas e qua-dras. No primeiro plano, vemos a Rua doNorte, a primeira a ser aberta, no momen-to de fundação da cidade. A importânciadessa imagem fica mais clara, quando sesabe que esse desenho, até aqui inédito, éo único dessa época e quando é compa-rado com a planta seguinte, do conjuntoda cidade que se conhece, de 1753.19 Nes-ta última, vê-se que o desenho anteriorapresenta apenas o bairro mais antigo, àdireita da figura.

Importância da documentaçãodas guerras com os

holandeses

A união com a coroa de Espanha trou-xe para Portugal uma situação de conflitocom os holandeses, que estavam em guerracontra Carlos V e Felipe II. Os holandesesrealizaram um trabalho insistente de espio-nagem, registrando todas as informaçõespossíveis sobre as instalações no litoral doBrasil. Em 1624 atacaram e ocuparam acidade de Salvador, por um ano. Desse pe-ríodo há um conjunto excelente de dese-nhos portugueses e holandeses, que mos-tram as operações militares de ambos oslados, e, como decorrência, registram cui-dadosamente as características da cidadee suas edificações. É o caso das imagensde 1624,20 que mostram o ataque holan-dês com todos os detalhes, e do desenho21

que ilustra o livro Iornada dos vassalos dacoroa de Portugal de Bartolomeu Guerrei-ro, de 1625, que mostra a reconquista dacidade por espanhóis e portugueses. E a"Planta da Restituição da Bahia",22 quemostra os mesmos acontecimentos, inclu-ída no atlas manuscrito Estado do Brasilcoligido das mais sertas noticias q podeaivntar dõ Ieronimo, de Ataíde, de João

Teixeira Albernaz, com data de 1631. Umdesenho semelhante,23 cuja autoria e datanão conseguimos estabelecer com exati-dão, mostra Salvador na mesma época,com algumas outras características. Essasimagens mostram sobretudo as portas dacidade, seus muros, as fortificações ao seuredor, mas revelam também algumas carac-terísticas do urbanismo da cidade e da ar-quitetura. Essa documentação é comple-mentada por dois desenhos portugueses,tomados pelos holandeses, hoje pertencen-tes ao arquivo geral de Haia. O primeirodeles, "Perfil da çidade do Salvador daBahia de Todos os Sãtos q. mostra altvrado mar a ella", já foi mencionado e o se-gundo, "Desenho das forteficaçoes e trin-cheiras q se fizeraõ em deffença do inimi-go",24 de 1638, que mostra alguns edifíci-os em vista aérea, com destaque para omosteiro de São Bento, as construções naCidade Baixa, os fortes e as duas portas dacidade.

Em 1630 os holandeses voltaram, ata-cando e ocupando Recife e Olinda e termi-naram por dominar todo o Nordeste e acosta norte, entre Sergipe e Maranhão. Paradar apoio aos seus objetivos militares eadministrativos, desenvolveram um amplotrabalho de registro cartográfico de toda aregião e levantamento das povoações. Es-ses trabalhos constituem uma parte impor-tante da documentação por nós recolhida.

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Ilustração: Albert Dufourcq (detalhe da Baía de Todos os Santos, antiga capital do Brasil-1782).

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Nos arquivos holandeses existem ain-da hoje numerosos desenhos que docu-mentam as características das povoaçõesocupadas por eles em todo o Nordeste,inclusive alguns desenhos dessa época,tomados dos portugueses (cf. Reis, Bueno,Bruna, 2000, p. 77-78, fig. 63 e 64). Nessasérie incluem-se alguns desenhos já conhe-cidos, como o de Recife, em 1630,25 a vis-ta de Recife que ilustra o livro de Barleus,26

os trabalhos mais ou menos esquemáticos,que mostram Igaraçu e Itamaracá27 e ocabo de Santo Agostinho.28

Os holandeses incendiaram os princi-pais edifícios de Olinda em 1631 e realiza-ram os seus investimentos urbanísticos noRecife, deixando sobre isso documentaçãocircunstanciada.29 Os planos para o Reci-fe foram apenas em pequena parte execu-tados, mas constituem um exemplo da qua-lidade técnica das obras urbanísticas queos holandeses pretendiam desenvolver.30

A escolha dos holandeses recaiu sobreuma povoação instalada num sítio plano,mais adequado para um núcleo portuário,voltado para o comércio. Essa diferençapode ser percebida em detalhes num qua-dro existente no Museu de Arte Sacra delgaraçu, no qual são mostradas vistas deOlinda e Recife no início do século 18.31

O desenvolvimento do comércio noinício do século 17 já estava produzindotransformações semelhantes em outros nú-cleos urbanos brasileiros, como o Rio deJaneiro, cuja área urbanizada se expandiujunto à praia, enfraquecendo o seu núcleoinicial, instalado no Morro do Castelo. Asnovas instalações já apresentavam um tra-çado com características que respondiam,em parte, às diretrizes das Ordenações Fili-pinas (cf. Reis, Bueno, Bruna, 2000, p. 157,159-160, fig. 165, 167 e 168).

O urbanismo da Restauraçãoportuguesa

As primeiras vilas, fundadas em terrenosmais acidentados, tendiam a apresentar tra-çados de grande irregularidade. Esses exem-plos levaram muitos autores a acreditar quenão houvesse projetos urbanísticos e disci-plina de traçado, durante todo o períodocolonial. Mas os desenhos deixados pelosengenheiros militares mostram que em mui-tos casos havia essa disciplina e que, já nofinal do século 17, esses procedimentos setornaram muito comuns.

25 Vide nota 6 deste trabalho.26 "Mauritiopolis", de Frans Post,

cerca de 1637-1645 (1647). In:Barlaeus, op. cit., estampa 35.Biblioteca Nacional, Rio de Ja-neiro (Reis, Bueno, Bruna, 2000,p. 92, fig. 85).

27 Original manuscrito sem título[Igaraçu e Itamaracá], de autordesconhecido, cerca de 1630;"Stadt Nostre Signora deConception", original manuscri-to de autor desconhecido, cer-ca de 1630; "Eyland Itamarica",original manuscrito de autordesconhecido, cerca de 1633.Algemeen Rijksarchief, Haia(Ibidem, p. 105-106 e 108, fig.104, 105 e 111).

28 "Afbeelding vande Cabo s.tAugustin Met haer forten", deautor desconhecido, 1634. In:Commelyn, Izac. Wilhelm emMauritis van Nassau, Princenvan Orangien Haer Leven emBedryf, off't Begin em Voortgangder Nederlandche Oologen.1651. Biblioteca Nacional, Riode Janeiro; original manuscritosem título [Cabo se Santo Agos-tinho], de autor desconhecido,1634. Algemeen Rijksarchief,Haia; "Cartien vande Cabo st.Augustin em t'Eylant nugenaemt Walcheren", originalmanuscrito de autor desconhe-cido, 1634. AtadsarchiefGemeente Deventer (Ibidem, p.110, 112-113, fig. 114, 116 e117).

29 "Insula Antonij Vaazij", deCornelis Bastiaensz Golijath,cerca de 1637 (1647). In:Barlaeus, op. cit., estampa 33.Biblioteca Nacional, Rio de Ja-neiro (Ibidem, p. 87, fig. 76).

30 "Caerte vande haven vanPharnambocqve... anno1639", original manuscrito deJohannes Vingboons, 1639(1660). Instituto Arqueológi-co, Histórico e GeográficoPernambucano, Recife;"Caerte vande haven vanPharnambocqve met deStadt Mouritius em DorpReciffo ende Bijleggendeforten met alle gelegenthr denvan dien", desenho deJohannes Vingboons do origi-nal de Cornelis Golyath, 1644.Algemeen Rijksarchief, Haia(Ibidem, p. 86-87, fig. 75 e 77).

31 Quadro a óleo de autor desco-nhecido, cerca de 1729(Ibidem, p. 97 e 95, fig. 86 e 87).Ilustração: João Pessoa-Paraíba-1634 (detalhe da imagem “AFBEELDINGHE van PARIBA ende FORTEN”).

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32"Villa de Taubathé he maisrectangular", de Arnaud JulienPallière, 1821. Universidade deSão Paulo, Instituto de EstudosBrasileiros (Reis, Bueno, Bruna,2000, p. 206, fig. 222).

33 "Fig. a, por estimação da V.a deItú", de José Custódio de Sá eFaria, 1774. Arquivo Históricodo Itamarati, Rio de Janeiro(Ibidem, p. 206, fig. 221).

34 "Va. de Jacarahy", ArnaudJulien Pallière, 1821. Universi-dade de São Paulo, Instituto deEstudos Brasileiros (Ibidem, p.207, fig. 223).

35 "Villa de Vbatuba", de João daCosta Ferreira, cerca de 1815.Sociedade de Geografia de Lis-boa (Ibidem, p. 202, fig. 213).

36 Original manuscrito de Joa-quim Cardoso Xavier. Bibliote-ca Municipal Mário de Andrade,São Paulo (Ibidem, p. 236, fig.257).

De fato, nas décadas que sucedem àRestauração da Coroa de Portugal, ou seja,ao fim do domínio espanhol, tornou-se co-mum o uso de traçados com maior regula-ridade geométrica em muitos dos núcleosque estavam sendo fundados e em áreasnovas abertas para a expansão das vilas ecidades já existentes. O que era a exce-ção, como nos casos de Salvador, Paraíba(hoje João Pessoa) e São Luís doMaranhão, tornou-se depois uma práticamais comum.

Essas tendências se tomaram cada vezmais claras após a Restauração dePernambuco, isto é, a expulsão dos holan-deses do Nordeste.

Paradoxalmente, os padrões conheci-dos como filipinos entraram em uso maisamplo, nas vilas de algumas capitanias, nãodurante o domínio filipino, mas com maisfreqüência após a separação das Coroas. Éo que mostram as plantas de Taubaté,32 fun-dada em 1645, e de ltu,33 fundada em 1657,como a parte central da vila de Jacareí,34

fundada em 1655. Essa regularidade podiaser observada pelo menos na praça centralda vila de Ubatuba,35 fundada em 1637.

No final do século 17 os principais por-tos, como Salvador e Rio de Janeiro, jáapresentavam significativo crescimento esua arquitetura havia sido refeita, com ca-ráter monumental. É o que mostram os de-senhos da época, com as igrejas com duastorres e fachadas de grande porte (cf. Reis,Bueno, Bruna, 2000, p. 35 e 162, fig. 18 e171).

Urbanização e o urbanismoem uma colônia de mineração

e seus desdobramentos(1700-1822)

As grandes mudanças ocorridas na pri-meira metade do século 18 decorreram daexpansão das áreas de mineração. O Bra-sil deixava de ser uma colônia voltada paraa produção agrária, uma grande retaguar-da rural para os mercados urbanos euro-peus, passando a ser também colônia demineração. A nova atividade econômicapromoveu a ocupação dos territórios dointerior, muito além da linha de Tordesilhas.E promoveu a criação de um grande nú-mero de vilas, nas regiões mais distantesdo litoral.

As regiões de mineração tinham índi-ces elevados de urbanização e tinham vidaurbana intensa. Esse mercado interno dina-mizava diversas outras regiões, impulsionan-do também a vida urbana junto aos princi-pais portos, como Recife, Salvador, Rio deJaneiro e Belém.

As imagens revelam a importância nãoapenas das vilas das regiões do atual Esta-do de Minas Gerais, como também Goiáse Mato Grosso, como a "Prespectiva da Villaboa de Goyas mandado tirar pelo ilustrís-simo e excellentíssimo senhor Don JoãoManoel de Menezes",36 desenhada em 1803;

R. bras. Est. pedag., Brasília, v. 81, n. 198, p. 366-379, maio/ago. 2000.

Ilustração: Duché de Farney ( detalhe de Florianópolis – NossaSenhora do Desterro – 1785 – “Vista da Ilha de Santa Catarina”).

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os prospectos da Vila Boa,37 desenhadosem 1751, o "Prospecto da Villa do BomJesus de Cuiabá..."38 e duas outras, semtítulo, também relativas a Cuiabá (cf. Reis,Bueno, Bruna, 2000, p. 257-258, fig. 279 e280). Como mostram também as vistas deOuro Preto,39 Mariana40 e Paracatu.41 Al-gumas focalizavam os pequenos arraiais demineração, como os de Sumidouro42 e SãoCaetano43 ou, em Mato Grosso, os quatropequeninos arraiais de Santana, Pilar, SãoFrancisco Xavier da Chapada e SãoVicente,44 com suas irregularidades.

37 Prospectos de Villa Boa toma-da da parte do sul, da parte donorte e do esnoroeste - três ori-ginais manuscritos de autordesconhecido. Casa da Ínsua,Castendo, Portugal (Reis,Bueno, Bruna, 2000, p. 235 e239, fig. 256, 258 e 259).

38 De autor desconhecido, cer-ca de 1790. Museu BotânicoBocage, Lisboa (Ibidem, p.254, fig. 278).

39 Original manuscrito sem título[Praça Tiradentes], de autordesconhecido, cerca de 1785-1790. Universidade de São Pau-lo, Instituto de Estudos Brasilei-ros (Ibidem, p. 216, fig. 235).

40 "Mapa da cidade de Mariana",original manuscrito de autordesconhecido, cerca de 1796-1801. Ministério das RelaçõesExteriores, Mapoteca doItamarati, Rio de Janeiro(Ibidem, p. 217, fig. 237).

41 "Prospecto de Paracatu", ori-ginal manuscrito de autor des-conhecido, cerca de 1772-1790. Casa da Ínsua, Castendo,Portugal (Ibidem, p. 218, fig.238).

42 "Sumidouro/nas Geraez, eMatto/dentro", original manus-crito de autor desconhecido,1732. Arquivo Histórico Ultra-marino, Lisboa (Reis, Bueno,Bruna, 2000, p. 213, fig. 231).

43 "S. Caetano/nas Geraez, eMatto/dentro", original manus-crito de autor desconhecido,[1732]. Arquivo Histórico Ultra-marino, Lisboa (Ibidem, p. 214,fig. 232).

44 "Arraial de S.ta Anna/Arraial doPilar/Arraial de S. Fran.coXavîer da Chapada/Arraial de S.Vicente", original manuscritode autor desconhecido, [1770-1780]. Casa da Ínsua,Castendo, Portugal (Ibidem, p.262, fig. 287).

45 "Planta da Villa de Santos ede seu Porto, com suasfortifficaçoens dessinadas denovo", original manuscrito,cerca de 1714. Arquivo Histó-rico Ultramarino, Lisboa(Ibidem, p. 197, fig. 206).

46 "Planta de cidade de SaõSebastiaõ do Rio de Janeiro,com suas fortifficaçoins", origi-nal manuscrito, cerca de 1714.Arquivo Histórico Ultramarino,Lisboa (Ibidem, p. 165, fig. 173).

47 "Planta da cidade de S. Sal-vador na Bahia de Todos osSantos na America Meridionalaos 13º de latitude, e 345º 36'de longitude", cerca de 1715.Arquivo Histórico do Exército,Rio de Janeiro (Ibidem, p. 31,fig. 16).

Passada a desorganização dos primei-ros anos de mineração, foi sendo implanta-do, com maior eficiência, um sistema decontrole da urbanização e do urbanismo.Ampliou-se significativamente o número deengenheiros militares, que realizavam levan-tamentos das condições existentes nas ci-dades e vilas do litoral, planejavam melhorseu sistema de defesa e sistematizavam asvilas do interior. Os cuidados podem serobservados, por exemplo, nos projetos re-alizados pelo engenheiro João Massé paraSantos,45 Rio de Janeiro46 e Salvador,47

Ilustração: Duché de Farney ( detalhe de Florianópolis – Nossa Senhora do Desterro – 1785 – “Vista da Ilha de Santa Catarina”).

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48 "St. Salvador/Ville capitale duBresil", de autor desconhecido,cerca de 1695 (1698), e "S.tSebastien/Ville Apiscopale duBresil", de autor desconhecido,cerca de 1695. In: Froger,François. Relation d'um voyagefait em 1695, 1696 & 1697 auxCôtes d'Afrique, Détroit deMagellan, Brésil Cayenne &Isles Antilles...". 1698. Bibliote-ca Nacional, Rio de Janeiro(Reis, Bueno, Bruna, 2000, p. 35e 162, fig. 18 e 171).

49 "Vue de la Ville de St. Salvadordu coté de la Baye/Plan de laVille de St. Salvador/Capitaledu Bresil", de Frézier, cerca de1714. In: Frézier, AmédéeFrançois. Relation du voyagede la mer du sud aux côtes duChily.... 1716. Acervo de JoãoMoreira Garcez (Ibidem, p. 30,fig. 15).

50 "Prospeto da Cidade da Bahiade todos os Santos na AmericaMeridional aos 13 graôs de lati-tude, e 345 graôs e 36 minutosde longitude", de João Francis-co de Suoza e Almeida, 1782.Gabinete de Estudos Arqueo-lógicos da Engenharia Militar,Lisboa (Ibidem, p. 40, fig. 23).

51 "Elevasam e Fasada, que mos-tra emprospeto pela marinha aCidade do Salvador Bahia detodos os Santos...", de CarlosJulião, 1779. Gabinete de Es-tudos Arqueológicos da Enge-nharia Militar, Lisboa (Ibidem, p.39, fig. 22).

52 "Prospecto da Villa do Recifevista pello lado fronteiro a Cida-de de Olinda huma das praçasmais fortes,..." original manus-crito do padre José Caetano,cerca de 1759. Biblioteca Na-cional, Rio de Janeiro (Ibidem,p. 100, fig. 96).

53 "Carta topographica da cidadede S. Sebastião do Rio deJaneyro...", original manuscri-to de André Vaz Figueira, 1750.Biblioteca Nacional, Rio de Ja-neiro (Ibidem, p. 169, fig. 180).

54 Original manuscrito que mos-tra a parte do norte da cidade,1750. Arquivo Histórico do Exér-cito, Rio de Janeiro (Ibidem, p.170, fig. 181).

55 Original manuscrito sem título[Rio de Janeiro], cerca de 1772(Ibidem, p. 178, fig. 188).

56 "Prospecto da cidade de S. Se-bastião do Rio de Janeiro situa-da no Estado do Brasil naAmerica Meridional...", originalmanuscrito, 1775. BibliotecaNacional, Rio de Janeiro(Ibidem, p. 182, fig. 192).

todos traçados entre 1713 e 1717. Da mes-ma época conhecemos algumas estampasde livros, que mostram a aparência de Sal-vador e Rio de Janeiro. O mais antigo é olivro de Froger, de cerca de 1695, com vis-tas do Rio de Janeiro e de Salvador.48 De1714 temos o livro de Frezier, que incluiuma planta e um perfil de Salvador.49 Nes-sa época, as ladeiras e a Cidade Baixa jáestavam sendo ocupadas com maior inten-sidade, com a expansão do comércio.

Os novos padrões urbanísticos ganha-ram impulso especial na segunda metadedo século 18, a partir da administração doMarquês de Pombal, que se estendeu de1750 a 1777. Nessa época, estavam sendonegociados os tratados de limites entre ascolônias portuguesas e espanholas na Amé-rica do Sul, que exigiram a vinda para oBrasil de numerosas equipes de engenhei-ros militares e cartógrafos, que tiveram umaatuação importante no levantamento do sis-tema urbano da Colônia, na elaboração deplanos de novas vilas e no aperfeiçoamen-to das vilas e cidades existentes, além dolevantamento para o controle das condi-ções nas cidades e vilas existentes.

Dessa época são provavelmente osmelhores desenhos. Podemos acompanharo crescimento de Salvador,50 conhecer osdetalhes de suas fortificações e até mesmoos costumes de seus habitantes.51 Pode-mos conhecer a aparência de Recife.52 Ver,por exemplo, a ponte de Maurício deNassau, com suas edificações junto às bor-das e os arcos construídos para marcar osacessos das duas extremidades. Podemosconhecer os detalhes da planta do Rio deJaneiro,53 como a aparência da cidade em1760 e detalhes de todos os seus edifíciospróximos do mar, pela "Prospectiva da ci-dade do Rio de Janneiro", por Miguel An-gelo Blasco,54 e pelo desenho de 1772,55

pertencente ao arquivo da família do anti-go governador do Mato Grosso, Luis deAlbuquerque de Mello Pereira e Cáceres. Ouver a mesma cidade em 1775, no prospec-to56 que acompanhava o livro Cartassoteropolitanas e brasílicas, de Vilhena, con-cluído em 1803. Ou ainda a cidade deBelém, na "Prospectiva da Cidade de S.tMaria de Belem do Grão Para", elaboradaem cerca de 1800, que existe no ServiçoGeográfico do Exército, do Rio de Janeiro

Ilustração: Cidade de São Paulo-ca. 1746 (planta de uma parte da cidade inclusa no projeto de reforma da Igreja da Sé).

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57 "Projeto o qual mostra, comose podia fortificar somente a ci-dade, e não incluido a Campi-na...", original manuscrito,1773. Arquivo Histórico Ultra-marino (Reis, Bueno, Bruna,2000, p. 271, fig. 299).

58 "Prospecto da Vila da Vitoriacapital da Capitania do EspiritoSanto, e distante da foz do riodo mesmo nome...", originalmanuscrito. Arquivo Históricodo Exército, Rio de Janeiro(Ibidem, p. 148, fig. 153).

59 Original manuscrito sem título[Planta de uma parte da cida-de de São Paulo, inclusa no pro-jeto de reforma da igreja da Sé],de autor desconhecido, cercade 1746. Arquivo Histórico Ul-tramarino (Ibidem, p. 192, fig.201).

60 Original manuscrito sem título[Largo de São Bento e partesdas ruas da Alegria (hojeFlorêncio de Abreu) e da BoaVista], de autor desconhecido,cerca de 1787. Arquivo Distritalde Braga, Portugal (Ibidem, p.192, fig. 202).

61 "Villa e Praça de Stos.", "Praçade Santos" e "V.a de S. Vicente",originais manuscritos de auto-res desconhecidos, cerca de1765-1775. Biblioteca Nacio-nal, Rio de Janeiro (Ibidem, p.194, 198-199, fig. 205, 207 e209).

62 "V.a de S. Vicente", original ma-nuscrito de autor desconheci-do, cerca de 1765-1775. Bibli-oteca Nacional, Rio de Janeiro(Ibidem, p. 199, fig. 208).

63 "Oeyras do Piauhi", original ma-nuscrito de autor desconheci-do, século 18. Biblioteca Naci-onal, Lisboa (Ibidem, p. 139, fig.144).

64 "Copia da Villa de S. João daParnaiba que mandou tirar oIl.mo S.or Carlos CézarBurlamaqui...", original manus-crito de Joze Pedro Cezar deMenezes, 1809. Arquivo Histó-rico do Exército, Rio de Janei-ro; "Mapa exacto da Villa d'S.João da Parnaiba", originalmanuscrito de autor desconhe-cido, 1798. Arquivo HistóricoUltramarino, Lisboa (Ibidem, p.137-138, fig. 142 e 143).

65 "Mappa da Aldêa de S. Fidelis,que por ordem do Ill.mo e Ex.moSr. Luis de Vasconcellos deSousa...", de autor desconheci-do. 1782. Ministério das Rela-ções Exteriores, Mapoteca doItamarati, Rio de Janeiro(Ibidem, p. 185, fig. 193).

(cf. Reis, Bueno, Bruna, 2000, p. 272, fig.300). Ou o plano elaborado por GasparJoão Geraldo de Gronsfeld.57

Podemos também conhecer a apa-rência de cidades e vilas menores, nessaépoca, como Vitória, desenhada em 1767pelo engenheiro militar José Antônio Cal-das, nascido em Salvador e formado pelaAula Militar da Bahia.58 Ou a cidade deSão Paulo, por volta de 1770, revelada

em um desenho que mostra o lado doAnhangabaú, ou a Praça da Sé e as qua-dras vizinhas59 e o Largo de São Bento60

com sua igreja e ruas mais próximas, ouSantos, na mesma época, mostrada emmais de um desenho61 e mesmo a pequeni-na São Vicente.62 E Oeiras63 no Piauí e SãoJoão da Parnaíba64 no mesmo Estado. Ealdeias pequenas como São Fidélis,65

Ilustração: Detalhe de Santos – ca. 1765/1775 - “Villa e Praça de Santos”.

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66 "Prespectiva da Povoaçaõ deLinhares", original manuscritode autor desconhecido, 1819.Biblioteca Nacional, Rio de Ja-neiro (Reis, Bueno, Bruna, 2000,p. 151, fig. 159 ).

67 "Villa de Santarem da Comm.cade Ilheos", original manuscritode autor desconhecido, cercade 1794. Arquivo Histórico Ul-tramarino, Lisboa (Ibidem, p. 62,fig. 45).

68 "Villa de Abrantes da Comarcado Norte", original manuscritode autor desconhecido, cercade 1794. Arquivo Histórico Ul-tramarino, Lisboa (Ibidem, p. 63,fig. 46).

69 "Perspecto da Villa da Fortale-za de N. Snr.ª d'Assumpçaõ ouPorto do Seará", original manus-crito de Francisco Antônio Mar-ques Giraldes, 1811. ArquivoHistórico do Exército, Rio deJaneiro (Ibidem, p. 134, fig. 141).

70 Original manuscrito sem título[Paranaguá], de autor desco-nhecido, cerca de 1653. Arqui-vo Histórico Ultramarino, Lisboa(Ibidem, p. 134, fig. 141).

71 "Fachada dos Coarteis q. ha p.ªha p.ª a Barra/Parte da Caza doComand....", original manuscri-to de José da Silva Paes, cercade 1747. Arquivo Histórico Ul-tramarino, Lisboa; "Prospectoda Forataleza de S. Cruz da IlhaAnhatomiri que serve deRegisto vista de leste", originalmanuscrito de José Custódiode Sá e Faria, cerca de 1760.Biblioteca Municipal Mário deAndrade, São Paulo (Ibidem, p.228-229, fig. 248 e 250).

72 "Prospecto da Villa deBarcellos, antigamente Aldêade Mariuá, creada Capital daCapitania de S. Joseph do RioNegro,..." original manuscrito deJosé Codina ou Joaquim Joséfreire, 1784. Biblioteca Nacio-nal, Rio de Janeiro (Ibidem, p.302, fig. 327).

73 "Planta e perfil e prospecto doForte de S. Joaquim do RioBranco...", original manuscritode José Simões de Carvalho.Ministério das Relações Exteri-ores, Mapoteca do Itamarati,Rio de Janeiro (Ibidem, p. 287,fig. 314).

74 "Planta da nova Povoação deCazal Vasco...", original manus-crito de autor desconhecido,1782. Casa da Ínsua, Castendo,Portugal (Ibidem, p. 263, fig.288).

75 "Prospecto da Povoaçaõ deCazal Vasco, situada no rio dosBarbados, & legoas ao sul deVilla Bella", original manuscritode autor desconhecido, cercade 1790. Museu BotânicoBocage, Lisboa (Ibidem, p. 264,fig. 290).

R. bras. Est. pedag., Brasília, v. 81, n. 198, p. 366-379, maio/ago. 2000.

Linhares no Espírito Santo,66 Santarém naregião de Ilhéus67 e a Vila de Abrantes, pró-xima de Salvador.68 E Fortaleza,69

Paranaguá70 e as fortalezas de SantaCatarina, como a da ilha de Anhatomirim.71

E a antiga Vila de São Pedro do Rio Gran-de, hoje cidade do Rio Grande, primeiroestabelecimento português no Rio Grandedo Sul. E a vila de Barcelos,72 antiga capi-tal de Amazonas, e o Pequeno Forte deSão Joaquim do Rio Branco,73 em 1787,ponto extremo de colonização portugue-sa, na região do atual Estado de Roraima.

Na segunda metade do século 18,os engenheiros militares estabeleceram

padrões urbanísticos bem mais detalha-dos, mesmo nos projetos de criação devilas, nas regiões mais afastadas. A plantada povoação de Casalvasco,74 ao norte deCuiabá, mostra um traçado geometrica-mente regular, elaborado com extremo cui-dado, inclusive com um sistema dearborização nas ruas e praças, certamenteum dos exemplos mais antigos desse gê-nero, no Brasil. As vistas75 que conhece-mos dessa localidade não confirmam aexistência da vegetação projetada. Mas umdesenho que mostra a aldeia de São José

Ilustração: Francisco Antônio Marques Giraldes - Detalhe de Fortaleza - 1811 - “Perspecto da Villa da Fortaleza de N. Snr.ª d’Assumpção ou Porto do Seará”.

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de Mossâmedes,76 em Goiás, de 1782,mostra também a existência de projeto dearborização, na praça central. Não era umacaso; era um novo padrão de urbanismoque ia sendo estabelecido, não só para sis-tematização dos espaços destinados às ca-madas mais ricas, como também para oalojamento dos mais humildes, como osíndios aculturados.

Esses padrões podem ser reconheci-dos também em projetos para um conjuntode vilas no sul da Bahia, elaborados entre1760 e 1774 (cf. Reis, Bueno, Bruna, 2000,p. 59, 60-61, fig. 40, 42, 43 e 44). Se obser-varmos com atenção o mapa da nova vilade Portalegre,77 de 1772, vamos constatarque o projeto incluía a adoção de determi-nados padrões de fachadas para as casascomuns. Esses mesmos padrões sãoobserváveis nos projetos para a Vila Mariade São Luís do Paraguai78 e na povoaçãode Alcobaça,79 no Pará.

Não se tratava de diretrizes isoladas.O urbanismo dessa época começava a darimportância para os chamados conjuntosurbanos, como vinha sendo feito na Euro-pa, na mesma época. Esses conjuntos de-corriam de projetos urbanísticos mais com-plexos, que disciplinavam a aparência dascasas comuns, além dos edifícios mais des-tacados. Um dos exemplos mais importan-tes pode ser observado na Cidade Baixaem Salvador, em um desenho de ManoelRodrigues Teixeira, de 1786.80 Ali apare-cem várias quadras com edifícios pratica-mente idênticos, no lado esquerdo da ima-gem, revelando uma disciplina urbanísticaque se perderia na memória dos brasilei-ros, a partir de meados do século 19. Masesse conjunto não era único; havia outrosem Salvador, como podemos ver nos de-talhes do "Prospeto da cidade da Bahia

de todos os Santos" de João Francisco deSouza e Almeida, de 1782 (cf. Reis, Bueno,Bruna, 2000, p. 40, fig. 23). Esses desenhossão importantes porque tomaram por baseum levantamento realizado por José Antô-nio Caldas em 1756, no início da sua carrei-ra como engenheiro militar, sob orientaçãode Manoel Cardoso de Saldanha, profes-sor da Aula de Arquitetura Militar da Bahia,em que se formara José Antônio Caldas.Esse desenho foi publicado em 1758, maselaborado entre 1755 e 1756, exatamenteno momento em que Lisboa era destruídapor um grande terremoto, que deu motivoà construção do grande conjunto urbanoda chamada Baixa Pombalina. Vê-se por-tanto que já existiam conjuntos urbanos des-se porte em Salvador, antes mesmo daconstrução da Baixa Pombalina em Lisboa,que se tornara padrão para o mundo luso-brasileiro.

Essas são apenas algumas das obser-vações que podemos realizar, a partir des-se conjunto de imagens do Brasil Coloni-al, que demonstram com clareza que, pelomenos em fins do século 18, havia padrõesde projetos urbanísticos no Brasil, melho-res do que os implantados hoje em muitascidades brasileiras. E demonstra que, defato, existiram projetos urbanísticos no Bra-sil Colonial e que até mesmo os escravosfugidos, em alguns casos, sabiam traçarseus acampamentos com rigor urbanísti-co, como mostra um desenho de 1764,81

do chamado quilombo O Buraco do Tatu,na região do Rio Vermelho, hoje um bairrode Salvador.

Não podemos dizer que as mesmasdiretrizes estejam sendo aplicadas no pre-sente às cidades de todo o Brasil. O estu-do desses exemplos do passado pode nosajudar a repensar o presente.

76 "Plano projectico de hum novoestabelecimento de indios daNaçaõ Cayapó cituado na mar-gem do Rº Fartura,...", originalmanuscrito de autor desconhe-cido, 1782. Arquivo HistóricoUltramarino, Lisboa (Reis,Bueno, Bruna, 2000, p. 242, fig.264).

77 Original manuscrito sem título[Mapa da nova Villa dePortalegre], de José XavierMachado Monteiro, cerca de1772. Arquivo Histórico Ultra-marino, Lisboa (Ibidem, p. 61,fig. 43).

78 "Prospecto de Villa Maria de S.Luis do Paraguay, situada emhuã barreira de perto de 40 pal-mos de alto, em hum excellentetaboleiro de terra", original ma-nuscrito de autor desconheci-do, cerca de 1790. Museu Bo-tânico Bocage, Lisboa (Ibidem,p. 265, fig. 291).

79 "Planta da Fortaleza Na. SaNazareth/Povoação deAlcobaça que se há de erigir noRio Tocantins por ordem...", ori-ginal manuscrito de autor des-conhecido, cerca de 1780. Ar-quivo Histórico do Exército, Riode Janeiro (Ibidem, p. 281, fig.308).

80 "Prospecto visto pela frente dehua porção da Cidade da Bahia/no qual se mostrão os edificioscomprehendidos na pt.e supe-rior, e inferior da mesma Cid.e;...",Arquivo Histórico Ultramarino,Lisboa (Ibidem, p. 49, fig. 30).

81 Original manuscrito de autordesconhecido. Arquivo Históri-co Ultramarino, Lisboa (Ibidem,p. 54, fig. 35).

Referências bibliográficasREIS, Nestor Goulart. Imagens de vilas e cidades do Brasil Colonial. São Paulo: Fundação

para a Pesquisa Ambiental, 2000. il., color.; 40x60cm. Contém 36 pranchas em pa-pel couché, sendo 34 de imagens.

______. Imagens de vilas e cidades do Brasil Colonial. São Paulo: Sonopress, [2000]. 1disco compacto: digital, estéreo. 010300; 5012/00. 89,1 MB. Contém figuras e texto(formato Word) + clipe de filme (04:08min).

REIS, Nestor Goulart; BUENO, Beatriz Piccolotto Siqueira; BRUNA, Paulo Júlio Valentino.Imagens de vilas e cidades do Brasil Colonial. São Paulo: Ed. da Universidade deSão Paulo: Imprensa Oficial do Estado, 2000. 411 p. (Uspiana Brasil 500 anos).

R. bras. Est. pedag., Brasília, v. 81, n. 198, p. 366-379, maio/ago. 2000.

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Abstract

The plans and views of urban centers gathered in the book Imagens de Vilas e Cidadesdo Brasil Colonial (Images of Villages and Cities of the Colonial Brazil) are, at the same time,masterpieces and precious documents for the knowledge of the Geography and the Historyof the country. The article shows the importance of these drawings, as work instruments forgeography and history teachers, and other subjects. The publication of the book comes withthe edition of a CD-ROM and a collection of posters, intended to give support to the work ofresearchers and teachers of all regions of Brazil.

Keywords: History of Brazil; urbanism; historical cartography; Colonial Brazil.

Nestor Goulart Reis Filho, arquiteto e sociólogo pela Universidade de São Paulo(USP), é professor titular da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo dessa Universidade.

R. bras. Est. pedag., Brasília, v. 81, n. 198, p. 366-379, maio/ago. 2000.