impacto do farelo do bagaÇo do caju na …alimentaÇÃo de suÍnos dos 60 aos 90 kg: estudo ......

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL IMPACTO DO FARELO DO BAGAÇO DO CAJU NA ALIMENTAÇÃO DE SUÍNOS DOS 60 AOS 90 KG: ESTUDO DA DIGESTIBILIDADE DOS NUTRIENTES, DESEMPENHO E VIABILIDADE ECONÔMICA LORENA CUNHA MOTA MACAÍBA- RN/BRASIL FEVEREIRO 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO

ANIMAL

IMPACTO DO FARELO DO BAGAÇO DO CAJU NA

ALIMENTAÇÃO DE SUÍNOS DOS 60 AOS 90 KG: ESTUDO

DA DIGESTIBILIDADE DOS NUTRIENTES,

DESEMPENHO E VIABILIDADE ECONÔMICA

LORENA CUNHA MOTA

MACAÍBA- RN/BRASIL

FEVEREIRO 2014

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LORENA CUNHA MOTA

IMPACTO DO FARELO DO BAGAÇO DO CAJU NA

ALIMENTAÇÃO DE SUÍNOS DOS 60 AOS 90 KG: ESTUDO

DA DIGESTIBILIDADE DOS NUTRIENTES,

DESEMPENHO E VIABILIDADE ECONÔMICA

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós Graduação em Produção Animal da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

como parte das exigências para obtenção do título

de Mestre em Produção Animal.

Professor orientador: Dr. José Aparecido Moreira.

MACAÍBA-RN/BRASIL

FEVEREIRO 2014

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LORENA CUNHA MOTA

IMPACTO DO FARELO DO BAGAÇO DO CAJU NA

ALIMENTAÇÃO DE SUÍNOS DOS 60 AOS 90 KG: ESTUDO DA

DIGESTIBILIDADE DOS NUTRIENTES, DESEMPENHO E

VIABILIDADE ECONÔMICA

APROVADA EM: ___/___/___

BANCA EXAMINADORA:

____________________________________________

Prof. Dr. José Aparecido Moreira (UFRN)

Orientador

____________________________________________

Prof. Dra. Elisanie Neiva Magalhaes Texeira (EAJ/UFRN)

____________________________________________

Prof. Dr. João Batista Lopes (UFPI)

Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em

Produção Animal da Universidade Federal do Rio Grande

do Norte como parte das exigências para obtenção do título

de Mestre em Produção Animal.

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Ofereço este trabalho a todos aqueles que

dedicam grande parte de sua vida ao estudo e

pesquisa com animais, tendo no coração o amor e

respeito por eles.

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5

Somos todos aquilo que acreditamos ser, e do

tamanho que nossa fé nos permite.

Não existem obstáculos, nem pedras no caminho

que possam desanimar aquele que por Deus é

guiado.

A Ele devo toda honra, toda glória e todo louvor.

Só Ele é digno de toda adoração.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus, que é quem sempre me deu forças e saúde para

levantar e começar um novo dia.

À Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em especial ao Programa de Pós

Graduação em Produção Animal pela oportunidade de estudar e aperfeiçoar meus

conhecimentos.

Ao professor José Aparecido Moreira, por me orientar com maestria, paciência e

dedicação e me confiar um trabalho de tamanha importância.

Aos professores Emerson Moreira Aguiar e Gelson e demais professores do

Programa, por lutarem por uma Pós Graduação em Produção Animal da UFRN, cada vez

melhor.

Ao professor Emerson Moreira Aguiar por nos ceder os serviços do Laboratório de

Nutrição Animal da UFRN e nos apoiar no que foi preciso para realizar este trabalho.

À Bruna, seu Luiz, seu Francisco e Batista pela paciência e grande ajuda prestada

para a realização das análises que fizeram parte desta pesquisa.

Às professoras Elisanie Texeira e Janete Gouveia por me auxiliarem desde o início

dessa jornada.

Ao seu Bira, por ser meu braço direito, amigo e me ensinar que bom humor é

fundamental em todas as horas.

Aos colegas Iasmim, Apauliana, Rafael, Rômulo, Ernesto, Alane e Joelma pela

amizade e por estarem sempre presentes auxiliando nos experimentos e no que fosse

necessário.

A todos os colegas de sala de aula pela amizade, companheirismo e por tantas

dúvidas esclarecidas.

Ao meu pai, Paulo, minha mãe, Maria Rosa, minha irmã, Chalana e ao meu

namorado, Christian por sempre me apoiarem e segurarem minha mão nas horas mais

difíceis.

E a todos que direta ou indiretamente contribuíram para que este trabalho fosse

realizado.

A todos, meus mais sinceros agradecimentos.

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IMPACTO DO FARELO DO BAGAÇO DO CAJU NA ALIMENTAÇÃO DE

SUÍNOS DOS 60 AOS 90 KG:ESTUDO DA DIGESTIBILIDADE DOS

NUTRIENTES, DESEMPENHO E VIABILIDADE ECONÔMICA

Mota, L. C. IMPACTO DO FARELO DO BAGAÇO DO CAJU NA ALIMENTAÇÃO

DE SUÍNOS DOS 60 AOS 90: ESTUDO DA DIGESTIBILIDADE DOS NUTRIENTES,

DESEMPENHO E VIABILIDADE ECONÔMICA KG. 2014. 48f. Dissertação (Mestrado

em Produção Animal: Sub área: Nutrição de Monogástricos. Universidade Federal do Rio

Grande do Norte, Macaíba- RN 2014.

RESUMO

objetivou-se com este estudo avaliar a digestibilidade do farelo do bagaço de caju, o

desempenho de suínos em terminação alimentados com rações contendo níveis crescentes

de farelo do bagaço do caju e a viabilidade econômica das rações. Foram realizados dois

experimentos. No primeiro experimento foi desenvolvido o ensaio de digestibilidade com

dez suínos machos castrados pesando em média 60±6,86kg, alojados em gaiolas

metabólicas por um período experimental de quinze dias. Os animais foram alimentados

diariamente à 8h00 e 15h00, sendo que cinco animais receberam a ração padrão e os outros

cinco receberam a ração teste, com 30% de substituição da ração padrão pelo FBC.

Realizou-se a coleta total de fezes sem uso de marcador, diariamente às 7h00, sendo

retirada uma alíquota de 20% e armazenada em freezer. Ao final do período experimental

as amostras de fezes foram analisadas em laboratório para avaliar a digestibilidade da

matéria seca, proteína bruta, fibra em detergente neutro, fibra em detergente ácido, e os

teores de energia bruta, energia digestível, cálcio e fósforo do farelo do bagaço do caju. No

segundo experimento realizou-se o ensaio de desempenho e a viabilidade econômica das

rações, que foi composto por quarenta animais híbridos comerciais (vinte machos castrados

e vinte fêmeas), pesando em média 60±5,24kg, delineados em blocos casualizados, com

cinco tratamentos contendo níveis crescentes de farelo do bagaço do caju (0; 7,5; 15; 22,5

e 30 %) e quatro repetições. Os parâmetros de desempenho avaliados foram o consumo

diário de ração, ganho diário de peso e conversão alimentar. Os animais foram abatidos ao

atingiram peso de 90±6,8 kg, e dados da carcaça (espessura de toucinho, profundidade de

lombo, porcentagem da carne magra e peso da carcaça quente) foram coletados para

compor o estudo da viabilidade econômica, no qual, foram calculadas a receita bruta

parcial com índice de bonificação, receita bruta parcial, receita líquida parcial com índice

de bonificação e receita líquida parcial das rações. Os dados foram submetidos à análise de

variância e regressão por meio do programa estatístico SAS. Observou-se que os

coeficientes de digestibilidade da matéria seca, proteína bruta, fibra em detergente neutro e

fibra em detergente ácido e os valores da energia bruta, energia digestível, matéria mineral,

Ca e P do FBC foram, 44,265%; 8,20%; 15,22%; 13,05%; 4.081 kcal/kg, 2.470 kcal/kg,

6,61%; 0,50%; 0,35%, respectivamente. A inclusão de 7,5 % de farelo do bagaço de caju

incrementou a espessura de toucinho, porcentagem de carne magra e a receita bruta parcial

com índice de bonificação.

Palavras-chave: alimento alternativo, Anacardium occidentale, polissacarídeos não

amiláceos, suinocultura.

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THE CASHEW PULP BRAN IMPACT IN SWINE FINISHING FEEDING (60 TO

90 KG): NUTRITION DIGESTIBILITY, PERFORMANCE AND ECONOMIC

VIABILITY RESEARCH

Mota, L. C. THE CASHEW PULP BRAN IMPACT IN SWINE FINISHING FEEDING

(60 TO 90 KG): NUTRITION DIGESTIBILITY, PERFORMANCE AND ECONOMIC

VIABILITY RESEARCH. 2014. 48f. Dissertation (Master’s degree in Animal Production.

Concentration Area: Monogastric Nutrition. Universidade Federal do Rio Grande do Norte,

Macaíba RN- 2014.

ABSTRACT: The research objective was to evaluate the cashew pulp bran (CPB)

digestibility, the finishing swine performance feed with different levels of cashew pulp

bran diets and the feed economic viability. Two experiments were conducted. In the first

experiment, the digestibility essay with ten barrows with initial average weight of 60±6.86,

housed in metabolic cages for a trial period of fifteen days was developed. The animals

were feed daily at 8h00 and 15h00. Five of this pigs received standard food and the other

five received test food, with 30 % of CPB replacement of the standard food. Was chosen

the total feces collection, without marker feces. The feces samples were collected daily at

7h00 and was taken at a rate of 20 % and stored in a freezer. At the end of the experimental

period, the feces samples were analyzed in the laboratory to evaluate the digestibility of

dry matter, crude protein, neutral detergent fiber, acid detergent fiber and the levels of

gross energy, digestible energy, Ca and P of the CPB. In the second experiment, was

conducted the performance essay and diets animals economic viability, with 40 crossbred

animals, weighing 60kg ±5,24 (20 castrated males and 20 females), outlined in randomized

block design with five treatments (0, 7.5, 15, 22.5, 30 % with CPB included) and four

replications. The parameters were the feed intake, weight gain, feed conversion. When

animals dyed average weight 90±6.8 kg were slaughtered. The carcass data (the backfat

depth, the longissimus muscle, the hot carcass weight and the lean meat percent) were

analyzed to compose the economic viability study, which evaluated the partial gross

receipts with rate bonus, partial gross receipts, partial liquid receipts and partial liquid

receipts with rate bonus. The parameters were subjected to variance and regression

analysis using the SAS program. It was observed, the dry matter, crude protein, neutral

detergent fiber and acid detergent fiber digestibility and gross energy, digestible energy,

ash, Ca and P cashew pulp bran values were, 44.265% ; 8.20%; 15.22%; 13.05%; 4,081

kcal / kg 2,470 kcal / kg, 6.61%; 0.50%; 0.35%, respectively. The diet with 7.5% increased

the backfat depth, the lean meat percentage and the partial gross revenue allowance index.

Keywords: alternative food, Anacardium occidentale, non-starch polysaccharides, swine

production.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Composição das rações experimentais para o ensaio de

digestibilidade ................................................................................................... 38

Tabela 2. Composição das rações experimentais formuladas para o ensaio de

desempenho de acordo com os níveis de inclusão do farelo do bagaço do

caju (%).............................................................................................................. 39

Tabela 3. Coeficiente de digestibilidade e valores da energia digestível,

matéria mineral, Ca e P do farelo do bagaço do caju ........................................ 39

Tabela 4. Valores médios do ensaio de desempenho de suínos em terminação

alimentados com dietas contendo farelo do bagaço do caju ............................. 40

Tabela 5. Valores médios do efeito do farelo do bagaço do caju sobre as

variáveis do estudo da viabilidade econômica .................................................. 40

Tabela 6. Cotação do milho e farelo de soja (45%) e a variação da receita

líquida parcial dos tratamentos com farelo do bagaço do caju no ano de 2013. 41

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Galpão experimental com 10 animais em gaiolas metabólicas ......... 42

Figura 2. Gaiola de metabolismo ...................................................................... 42

Figura 3. Coleta total de fezes .......................................................................... 43

Figura 4. Coleta total de urina .......................................................................... 43

Figura 5. Análise química das rações no Laboratório de Nutrição Animal da

UFRN................................................................................................................. 44

Figura 6. Preparo das amostras de fezes para análise química ......................... 44

Figura 7. Determinação dos nutrientes das rações e coeficientes de

digestibilidade das amostras de fezes ............................................................... 45

Figura 8. Determinação do Ca e P das rações e amostras de fezes.................... 45

Figura 9. Leitura de Ca e P em cromatógrafo ................................................... 46

Figura 10. Unidade experimental representada por um macho e uma fêmea ... 46

Figura 11. Pesagem dos animais ....................................................................... 47

Figura 12. Animais já abatidos na Unidade de Processamento de Carnes de

são Paulo do Potengi. Pesagem das meias carcaças ......................................... 47

Figura 13. Coleta de dados da espessura de toucinho e profundidade de

lombo ................................................................................................................ 48

Figura 14. Coleta de dados de comprimento de carcaça dos animais ............... 48

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SUMÁRIO

1. REFERENCIAL TEÓRICO......................................................................................... 11

1.1. UTILIZAÇÃO DE ALIMENTOS ALTERNATIVOS EM DIETA DE SUÍNOS....... 11

1.2. CARACTERÍSTICAS DO CAJUEIRO, PSEUDOFRUTO DO CAJU E SUA

UTILIZAÇÃO NA ALIMENTAÇÃO ANIMAL........................................................ 13

2. INCLUSÃO DE DIFERENTES NÍVEIS DO FARELO DO BAGAÇO DO CAJU

NA ALIMENTAÇÃO DE SUÍNOS EM FASE DE TERMINAÇÃO......................... 22

INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 25

MATERIAL E MÉTODOS ......................................................................................... 27

CONCLUSÃO ............................................................................................................. 33

AGRADECIMENTOS.................................................................................................. 33

REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 33

3. ANEXOS ...................................................................................................................... 40

3.1. Ilustrações referentes aos experimentos ....................................................................... 41

3.1.1. Ensaio de digestibilidade .............................................................................................. 41

3.1.2. Ensaio de desempenho.................................................................................................. 45

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1. REFERENCIAL TEÓRICO

1.1. UTILIZAÇÃO DE ALIMENTOS ALTERNATIVOS EM DIETA DE

SUÍNOS

A produção de suínos vem crescendo nas regiões tradicionalmente produtoras e se

expandido para outras regiões do País, como o Centro Oeste, Sudeste e Nordeste. No

entanto, a produção de milho não tem acompanhado esse crescimento. De acordo com a

Companhia Nacional de Abastecimento, no ano de 2008, a produção de milho foi de

58.652 mil t, porém, em 2012 houve uma pequena queda para 58.152 mil t. Sendo que a

avicultura e a suinocultura vem consumindo cada vez mais esse alimento. Em 2008 foram

consumidos 8.397 mil t de milho pelos suínos, e em 2012 esse número aumentou para

9.340 mil t. A avicultura, consumiu em 2008, 19.746 mil t, e em 2012, foram destinados

24.051 mil t de milho para a nutrição das aves. Além da nutrição animal, a indústria do

etanol e alimentos humanos compromete grande parte da demanda do milho. Maiores

detalhes da produção nacional de milho, e consumo pelas aves, suínos, bovinos e industrial

podem ser visualizados no gráfico 1.

Prod. Nac.

de milhocons. Aves cons. Suínos cons. Bovino

cons.

Industrias

2008 58.652 19.746 8.397 4.149 4.888

2009 51.004 21.058 8.675 4.099 4.728

2010 56.018 22.206 8.891 4.295 4.812

2011 57.514 23.126 8.981 4.420 4.956

2012 58.152 24.051 9.340 4.641 5.105

0

10.000

20.000

30.000

40.000

50.000

60.000

70.000

Gráfico 1. Consumo de milho por segmento (mil toneladas)

Fonte: CONAB

A nutrição dos animais é o ponto de maior preocupação para o produtor. Os suínos

não conseguem armazenar grandes quantidades de alimento e também não possuem

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microbiota comensal eficiente em seu trato gastrintestinal que facilitem a digestão dos

alimentos. Além disso, o atual mercado consumidor exige que a carne suína seja mais

magra. Portanto as dietas necessitam ser bem balanceadas e constituídas de alimentos de

qualidade para que o animal consiga depositar mais tecido magro na carcaça e obter um

bom desempenho. Porém os alimentos que, geralmente, compõem as dietas são muito

valorizados acarretando num representativo custo para o suinocultor (Amorim, 2009), fato

que compromete a sustentabilidade das granjas.

Diante deste cenário, diversos estudos com alimentos alternativos estão sendo

realizados com o propósito de viabilizar o uso na dieta de suínos, de acordo com cada

categoria, constituindo uma opção regionalizada com redução dos custos de produção e

beneficiando os produtores e animais. Entretanto, a maioria dos alimentos alternativos é

resíduo de indústrias, com altos teores de fibra, o que exige do meio científico estudos

aprofundados que, determinem com exatidão o papel da fibra na nutrição de

monogástricos, principalmente em relação à sua participação no suprimento das exigências

nutricionais dos suínos (Gomes et al., 2007).

Com essa preocupação, Albuquerque et al. (2011), aproveitando a disponibilidade

do resíduo desidratado da cervejaria, realizaram estudos com suínos em terminação,

avaliando a digestibilidade, desempenho e características de carcaça, e observaram que os

coeficientes de digestibilidade aparente da MS, EB, PB e FB foram, respectivamente, de

53,9%, 73,9%, 53,3% e 62,5%, e os valores das energias digestível e metabolizável foram

de 2.628 e 2.623kcal/kg, respectivamente, determinando que o resíduo desidratado da

cervejaria pode ser incluído na dieta dos suínos em terminação, até 20%, sem influênciar

os parâmetros fisiológicos, de desempenho e as características de carcaça de suínos em

terminação.

Amorim et al. (2011), estudaram o desempenho e a viabilidade econômica das

rações com a inclusão de polpa cítrica com e sem complexo enzimático e os efeitos dos

níveis de inclusão sob os parâmetros de carcaça de suíno e observaram que a polpa cítrica,

com ou sem complexo enzimático, não reduziram os custos com a alimentação, não sendo

economicamente viável sua inclusão na dieta de suínos em crescimento e terminação.

Visando o aproveitamento dos resíduos do biodísel e da extração de óleo, Costa et

al. (2005) utilizaram o farelo de girassol para estudo, sendo ofertados a suínos em

crescimento e terminação. Estes autores observaram que os tratamentos utilizados no

experimento (0, 5, 10 e 15% de inclusão da torta de girassol), não influenciaram o

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desempenho dos animais, tão pouco as características de carcaça. Relataram, também que

o tratamento com 15% de inclusão de torta de girassol apresentou melhor eficiência

econômica.

Farias et al. (2008), utilizaram o pseudofruto do cajueiro na alimentação de suínos

em crescimento e encontraram valores de coeficiente de digestibilidade e

metabolizabilidade da proteína e da energia de 12,30 e 11,38%; 23,43 e 21,91%

respectivamente, sendo que os valores de energia digestível e metabolizável foram, 1.123

kcal/kg e 1.051 kcal/kg e recomendaram a inclusão de 20% desse alimento na dieta de

suínos em crescimento. No mesmo sentido, Ramos et al. (2007) utilizaram a polpa do caju

na alimentação de frangos de corte na fase final e observaram que a inclusão de até 15% do

alimento na dieta dos animais não influenciou o consumo, o ganho de peso e as principais

características de carcaça, porém, a conversão alimentar piorou e a viabilidade econômica

da rações foi menor com o incremento da polpa do caju desidratado nas rações.

1.2. CARACTERÍSTICAS DO CAJUEIRO, PSEUDOFRUTO DO CAJU E

SUA UTILIZAÇÃO NA ALIMENTAÇÃO ANIMAL

O cajueiro pertence ao gênero Anacardium da família Anacardiáce e são

conhecidas 21 espécies que estão dispersas em uma grande faixa tropical do mundo que vai

desde o sul da Flórida até a África do sul, sendo que, a Índia, Brasil, Vietnã, Tanzânia,

Indonésia, Moçambique e Guiné-Bissau respondem por 81% da produção mundial de caju

(Pinho, 2009).

A produção nacional de caju está concentrada na região Nordeste, detendo uma área

cultivada de aproximadamente 711 mil hectares com uma média de produção de castanha

de caju de 220 a 240 mil toneladas (CONAB, 2013) e 2 milhões de toneladas de

pendúnculo (Pinho et al., 2011). Esses números colocam o Brasil como o terceiro maior

produtor e exportador de castanha de caju, sendo que os Estados do Ceará, Piauí e Rio

Grande do Norte, são os maiores produtores nacionais, responsáveis por cerca de 96% da

produção, industrialização e exportação de amêndoas.

Em função do porte, o cajueiro é dividido em dois grupos, o comum e o anão. O

cajueiro comum ou gigante é o mais difundido e apresenta maior porte (8 à 15m de altura).

O cajueiro anão é de porte baixo, tem altura inferior a 4m, e sua floração inicia entre 6 e 18

meses enquanto que o comum tem sua primeira floração entre o terceiro e quinto ano

(PINHO, 2009).

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O caju é constituído de duas partes: a fruta propriamente dita, que é a castanha; e

seu pedúnculo floral, chamado de pseudofruto, que por sua vez, possui cor amarelada,

rosada ou avermelhada, com textura carnosa e suculência. É rico em vitamina C e

compostos fenólicos, principalmente, carotenóides e antocianinas, que são pigmentos

naturais responsáveis por sua coloração (AGUIAR et al., 2000). Segundo Luciano et al.

(2011), o pseudofruto é utilizado para fazer sucos, doces, geleias, néctares, farinhas e

ementados, porém, somente 15% da produção é utilizada, gerando o resíduo conhecido

popularmente como bagaço de caju, o qual pode ser reaproveitado para enriquecimento de

ração animal.

Segundo Lima Leite et al. (2013), a melhor forma de utilizar o bagaço ou

pseudofruto do caju na alimentação animal, é em forma de farelo. Para isso, é necessário

desidratá-lo ao sol, ou em forno convencional, ou em estufa, seguindo com a moagem e

peneiramento. Conforme Ramos et al. (2006), o farelo do bagaço do caju se configura

como um recurso alimentar de elevado potencial para utilização como fonte energética na

alimentação animal, pois ele apresenta valores de 88,70 % matéria seca, 4,15 % de extrato

etério, 14,00 % de proteína bruta, 12,07 % de fibra bruta, 0,45 % cálcio, 0,30 % de fósforo

total, 0,8 % de tanino e 4.320 kcal/kg de energia bruta.

Diante disso, alguns estudos foram desenvolvidos, visando avaliar o farelo do

bagaço ou do pseudofruto do caju como alimento alternativo para animais.

Sendo assim, Lopes et al. (2004), em estudo de desempenho de ovinos mestiços em

terminação da raça Santa Inês, alimentados com dietas incrementadas com diferentes

níveis de inclusão (0; 10%; 20%; 30% e 40%) de bagaço de caju desidratado, observaram

que o consumo de ração e a conversão alimentar não sofreram influência dos tratamentos,

porém, o ganho de peso decresceu proporcionalmente ao aumento de inclusão do bagaço

de caju às dietas, ficando entre 187 g/dia (40% de inclusão) e 295 g/dia (tratamento

controle). É importante ressaltar que os ovinos são animais ruminantes, capazes de

aproveitar a matéria fibrosa do alimento.

Ramos et al. (2007), estudando a inclusão de polpa de caju desidrato na dieta de

frangos de corte em crescimento, a fim de avaliar o desempenho e características de

carcaça, relataram que o tratamento com 15% de polpa do caju desidratado não influenciou

o consumo, o ganho de peso e as principais características de carcaça e que a utilização

desse produto depende do valor que será comprado.

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Farias et al. (2008), avaliando o desempenho, digestibilidade e metabolismo de

nutrientes, de suínos em crescimento, alimentados com diferentes níveis de inclusão do

farelo do bagaço do caju desidratado, e encontraram valores de coeficientes de

digestibilidade e de metabolizabilidade da proteína e da energia: 12,30 e 11,38%; 23,43 e

21,91%, respectivamente, e valores de 1.123 kcal/kg e 1.051 kcal/kg para energias

digestível e metabolizável, concluindo que este alimento, pode ser incluído nas dietas de

suínos em crescimento até o nível de 20% da ração, considerando o rendimento financeiro.

1.3. A FIBRA DIETÉTICA E SEU EFEITO NOS SUÍNOS

Segundo Urriola et al. (2010), a fibra dietética pode ser definida como hidratos de

carbono e lignina presentes nos vegetais. Os hidratos de carbono podem ser divididos em

três categorias: a) os açúcares simples e seus conjugados, como a glucose e frutose b) o

amido como composto de reserva c) carboidratos estruturais, celulose e hemicelulose e

pectina.

Trowel et al. (1976), afirmam que a fibra dietética é um conjunto de polissacarídeos

juntamente com as estruturas da parede celular e a lignina. Essa definição separa os

polissacarídeos em amido e polissacarídeos não amiláceos (PNAs). O termo PNA,

geralmente, é utilizado para se referir ao conteúdo fibroso de alimentos vegetais, o qual, os

suínos não possuem enzimas endógenas capazes de digerir.

De acordo com Choct (1997), os PNAs podem ser classificados em solúveis e

insolúveis. Os solúveis compreendem a hemicelulose, pectina e gomas (frutanos,

glucomananos, galactomananos, mucilagens e β – glucanos). Os insolúveis abrangem a

celulose, lignina e parte da hemicelulose. A celulose, hemicelulose e pectina compõem,

aproximadamente, 90% da fibra dietética, já a gomas são menos abundantes.

Bailey (1973) relaciona o termo fibra bruta (FB) ao resíduo do material da planta

após a extração ácida e alcalina, envolvendo porções variáveis de PNAs. A fibra em

detergente neutro, refere-se à porção insolúvel dos PNAs, incluindo a lignina, enquanto a

fibra em detergente ácida, trata-se da porção insolúvel de PNAs, compreendido, na maior

parte, por celulose, lignina, pectinas e as gomas.

No entanto, os suínos são animais monogástricos que possuem baixa eficiência na

digestibilidade da fibra alimentar, pois seu trato digestivo é simples, de baixa capacidade

de armazenamento e não possui enzimas endógenas, que possam digerí-las. Portanto, a

dieta desses animais é baseada em fontes alimentares ricas em açúcares simples e amido.

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De acordo com Bach et al. (1991) e Weber et al. (2008), os açúcares simples e o amido

podem ser quase totalmente digeridos (90 - 100%) quando atingem a junção íleo-cecal,

restando os PNAs.

Porém, as regiões do colón e do ceco dos suínos possuem características que

favorecem o crescimento de bactérias fermentadoras de fibra, como: temperatura, ausência

de oxigênio, pH adequado e nutrientes (OLIVEIRA et al., 2007). Segundo Varel (1987),

Noblet e Le Goff (2001), as bactérias predominantes mais conhecidas presentes nessas

regiões que degradam celulose, hemicelulose e pectina, são as Bacteroides succinogenes e

Ruminococcus flavefaciens, Bacteroides ruminícola e Ruminococcus albuns.

Por meio do processo de fermentação da fibra, a celulose, hemicelulose e a pectina

são degradadas a ácidos graxos voláteis de cadeia curta, como o acetato, propionato e n-

butirato e gases (CO2, H2, CH4), ureia e calor (WILLIANS et al., 2001). Esses AGVs, são

rapidamente absorvidos, podendo suprir entre 5 e 30% as exigências energéticas de

manutenção do animal. Segundo Brunsgaard (1998), o elevado teor de AGVs no intestino

grosso contribui para o metabolismo energético de suínos, principalmente dos adultos, e

atua no aumento do índice de renovação das células do epitélio intestinal. Também altera a

motilidade intestinal, elevando o fluxo sanguíneo do cólon e melhorando a produção de

muco que protege a parede do mesmo.

Para Breves e Krunscheid (1997), o acetato, geralmente, é o AGV mais produzido,

e depois de ser transportado para o fígado serve de substrato energético para o tecido

muscular, estimulando a lipogênese. Ocupando o segundo lugar está o propionato, que tem

o papel importante na glicogênese do substrato do fígado. Já o butirato é diretamente

metabolizado nas células da mucosa, sem precisar passar pela corrente sanguínea, trazendo

muitos benefícios.

De acordo com Kien et al. (2007), o AGV butirato é a maior fonte de energia para

as células epiteliais do intestino, pois ele colabora na regulagem do crescimento das células

epiteliais e induz a diferenciação e renovação celular, com isso, a capacidade de absorção e

digestão no intestino delgado é elevada.

Além da flora microbiana presente no intestino grosso, alguns fatores influenciam a

digestibilidade da fibra dietética no trato digestivo. Varel (1997) e Noblet e LeGoff (2001)

relataram que os fatores mais conhecidos são: tipo de fibra, método de processamento do

alimento, tamanho das partículas, solubilidade, hidratação, troca catiônica e concentração

na dieta.

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De acordo com Varel (1987), as fibras solúveis (pectinas, frutanas e β – glucanas)

têm a característica de serem viscosas. Quando entram em contato com a água do lúmen no

intestino, formam substâncias gelatinosas que retardam o tempo de trânsito e do

esvaziamento da digesta no intestino delgado devido à diminuição das contrações

intestinais. Isto também aumenta o volume e a consistência das fezes, diminui o pH do

cólon, acidifica o meio e reduz a proliferação de bactérias patológicas.

O retardamento do tempo de trânsito e do esvaziamento gástrico pode ser uma

vantagem quando se está trabalhando com suínos em terminação, pós terminação e

gestação. Conforme Gomes et al. (2006), devido a menor densidade energética de dietas

fibrosas, os animais aumentam o consumo de alimento na tentativa de suprir a exigência

em energia digestível, porém, logo se sentem saciados pelo aumento do volume da digesta

em função da formação das substâncias gelatinosas, assim a deposição de gordura na

carcaça é reduzida e a qualidade da carcaça que chega aos frigoríficos é superior.

Entretanto, a inclusão elevada de fibra na dieta de suínos pode diminuir os

coeficientes de digestibilidade dos componentes nutritivos da dieta. Segundo Vieira

(2008), o incremento de fibra dietética na ração deve ser criterioso, pois a fibra induz o

aumento da taxa de passagem da digesta no trato gastrintestinal e diminui a absorção de

nutrientes, pois as substâncias viscosas formadas pelas fibras solúveis em contato com o

lúmen podem agir como uma barreira à ação hidrolítica das enzimas, dificultando o contato

destas com os grânulos de amido e com as moléculas protéicas e lipídicas do alimento,

diminuindo o contato do bolo alimentar com as células absortivas da membrana intestinal.

Conforme Yen et al. (2004), a idade e peso são fatores inerentes a digestibilidade da

fibra, a qual aumenta de acordo com a idade. Animais mais velhos digerem melhor a fibra,

provavelmente pelo maior desenvolvimento do ceco com maior quantidade de bactérias

fermentadoras de fibra e maior tempo de retenção da digesta. Os animais em fase de cria,

ainda estão com o trato gastrointestinal em desenvolvimento, portanto, possui baixa

retenção de alimento, insatisfatória produção de enzimas digestivas e pequena presença de

flora microbiana no intestino grosso.

Varel et al. (1997) observaram que suínos em crescimento possuem número de

bactérias celulíticas 6,7 vezes menor que suínos adultos, portanto suínos em terminação

conseguem aproveitar melhor alimentos fibrosos.

Mesmo suínos adultos, com o trato gastrintestinal bem desenvolvido, quando

alimentados com dietas ricas em fibra, podem ter a digestibilidade dos nutrientes da dieta

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comprometida. Conforme Stanogias e Pearce (1985), a digestibilidade aparente da matéria

seca, nitrogênio, proteína bruta, energia bruta e outros componentes não fibrosos, é

inversamente proporcional ao teor de fibra na dieta ou ao consumo.

De acordo com Pozza et al. (2003), a fibra dietética pode reduzir a digestibilidade

da proteína e de aminoácidos por meio de estímulo da produção de proteína de origem

bacteriana, pela adsorção de aminoácidos e peptídeos na matriz da fibra e pelo aumento de

secreção da proteína endógena. Além disso, o incremento de fibra na dieta causa aumento

da descamação da mucosa intestinal e incremento da produção de muco, levando ao

aumento da perda de aminoácidos endógenos.

Gomes et al. (2007), ao incluir 8% de FDN do feno de coast cross na dieta de suínos

em terminação, observaram que houve redução dos coeficientes de digestibilidade para a

matéria seca, energia bruta, proteína bruta, fibra em detergente neutro e fibra em detergente

ácido. Resultados semelhantes foram obtidos por Zhang et al. (2013), quando incluíram

níveis crescentes (0, 15, 25, 35, 45 e 55%) de polpa de beterraba na dieta de suínos em

terminação, os autores observaram que o consumo de ração e os coeficientes de

digestibilidade da matéria seca, proteína bruta e energia bruta foram reduzidas em função

do aumento de fibra dietética.

A digestibilidade dos nutrientes da dieta também pode ser muito influenciada pela

presença da lignina. A lignina é um polímero álcool fenilpropano, que não pode ser

fermentado pelos microrganismos presentes no intestino dos suínos, e geralmente estão

ligadas à celulose e à hemicelulose. Segundo Noblet e Le Goff (2001), a lignina diminui a

digestibilidade dos PNAs, principalmente, devido às ligações covalentes mantidas com a

celulose e a hemicelulose. Sendo assim, estudos com alimentos fibrosos são de extrema

importância para que a escolha do alimento pelo produtor seja feita com muito critério não

só do tipo e/ou qualidade, como também da quantidade adequada de fibra para cada

categoria animal.

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2. INCLUSÃO DE DIFERENTES NÍVEIS DO FARELO DO

BAGAÇO DO CAJU NA ALIMENTAÇÃO DE SUÍNOS EM FASE DE

TERMINAÇÃO

Trabalho que será submetido à Revista

Asian Australian Journal Animal Science.

Página eletrônica: www.ajas.info

ISSN: 1011 - 2367

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Inclusão de diferentes níveis de farelo do bagaço do caju na alimentação de suínos em fase

de terminação

Lorena Cunha Mota, José Aparecido Moreira, Rafael Leandro Ramos de Oliveira,

Apauliana Daniela Lima da Silva, Rômulo Genuíno Pessoa

RESUMO: O farelo do bagaço do caju, coproduto do beneficiamento da castanha,

conserva em sua composição nutrientes que podem compor dietas de suínos em

terminação. Portanto, propôs-se com este estudo avaliar a digestibilidade, o desempenho de

suínos na fase de terminação e a viabilidade econômica das rações experimentais.

Compuseram o ensaio de digestibilidade 10 suínos machos castrados, pesando 60±6,86 kg,

alojados em gaiolas tipo Pekas. Cinco animais receberam ração padrão (milho, farelo de

soja e núcleo comercial) e cinco receberam ração teste (ração padrão com 30% de inclusão

de farelo do bagaço de caju). Coletou-se as amostras por meio do método coleta total de

fezes sem marcador. No ensaio de desempenho e estudo da viabilidade econômica utilizou-

se quarenta suínos híbridos comerciais, pesando 60±5,24kg, delineados em blocos

casualizados, com cinco tratamentos (0; 7,5; 15; 22,5 e 30% de inclusão do farelo do

bagaço do caju) e quatro repetições. Foram avaliados consumo diário de ração, ganho

diário de peso, conversão alimentar, receitas, bruta parcial com e sem índice de bonificação

e líquida parcial com e sem índice de bonificação. Os dados foram submetidos à análise de

variância e regressão pelo programa estatístico SAS. Observou-se que os coeficientes de

digestibilidade da matéria seca, proteína bruta, fibra em detergente neutro e fibra em

detergente ácido e os valores da energia bruta, energia digestível, matéria mineral, Ca e P

do FBC foram, 44,26%; 8,20%; 15,22%; 13,05%; 4.081 kcal/kg, 2.470 kcal/kg, 6,61%;

0,50%; 0,35%, respectivamente. O tratamento com 7,5% de inclusão de FBC apresentou

resultado superior.

Palavras – chave: alimento alternativo, pseudofruto do caju, fibra - bruta, suinocultura

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ABSTRACT: The objective of this research was to evaluate the digestibility, performance

and economic viability of feed with different levels of cashew pulp bran (CPB). The

digestibility essay with 10 barrows with initial average weight of 60 ± 6.86, housed in

metabolic cages for a trial period of 15 days was developed. Five of this pigs received

standard food and the other five received test food, with 30 % of CPB replacement of the

standard food. Was chosen the total feces collection, without marker feces. Was collected,

daily, faeces and urine samples of each animal At the end of the experimental period, the

feces samples were analyzed in the laboratory to evaluate the digestibility of dry matter,

crude protein, neutral detergent fiber, acid detergent fiber and the levels of gross energy,

digestible energy, Ca and P of the CPB. The performance essay and the food economic

viability was developmented with 40 commercial hybrid animals (20 castrated males and

20 females), weighing average 60kg ± 5,24, outlined in randomized block design with five

treatments (0.0, 7.5, 15.0, 22.5 and 30.0 % with cashew pulp bran included) and four

replications. Were subjected to analysis of variance and regression using the SAS program

the parameters of the feed intake, weight gain, feed conversion and the feed economic

viability parameters. Were analyzed to compose the study of economic feasibility that

evaluated partial gross receipts with rate bonus, partial gross receipts, partial liquid

receipts and partial liquid receipts with rate bonus. It was observed in this study, the

digestibility of dry matter, crude protein, neutral detergent fiber and acid detergent fiber

and values of gross energy, digestible energy, ash, Ca and P of the CPB were, 44.265% ;

8.20%; 15.22%; 13.05%; 4,081 kcal / kg 2,470 kcal / kg, 6.61%; 0.50%; 0.35%,

respectively. Feed conversion was affected by the CPB, the diet with 7.5% decreased the

backfat depth, improved the lean meat percentage and increased the partial gross receipts

allowance bonus. The diet with 15% of CPB increased partial gross receipts.

Keywords: alternative food, Brazilian northeast, cashew pulp, swine production.

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INTRODUÇÃO

Na nutrição de suínos uma variedade de alimentos alternativos ao milho e farelo de

soja são avaliados com a finalidade de substitui-los parcialmente, para evitar a total

dependência dos animais por estes ingredientes e possivelmente minimizar os custos com a

alimentação. Muitos desses alimentos são resíduos industriais, restando em sua

composição altos teores de fibra bruta (polpa cítrica, 22 %, farelo de arroz desengordurado,

8,63 % e farelo do bagaço do caju, 12,07 %) (Amorim et al., 2011).

As indústrias beneficiadoras da castanha de caju geram o coproduto, farelo do

bagaço de caju (Kunrath et al., 2010 e RamoS et al., 2006). Segundo a FAO (2011), os

maiores Países cultivadores de cajueiro para produção de castanha são Vietnã,

respondendo por 30 %, Nigéria (19,4 %), Índia (16,1 %), Costa do Marfim (10,8 %) e o

Brasil em quinto lugar, com 5,5 %.

No Brasil a produção de caju está concentrada na região Nordeste, mais

precisamente nos Estados do Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte. Juntos estes Estados

totalizam 711 mil há de área cultivada, produzindo em média 240 mil t de castanha e 2

milhões t do pseudofruto (CONAB, 2013). Geralmente o pseudofruto do caju não possui

destino comercial e conserva em sua composição nutrientes importantes para a nutrição

animal.

O farelo do bagaço do caju é produzido a partir da desidratação do pseudofruto.

Este coproduto tem em sua composição nutricional, aproximadamente, 30% de açúcares,

16,5% de proteína bruta e 12,07% de fibra bruta e vem sendo utilizado como alimento

alternativo aos animais (Farias et al., 2008). Entretanto, o teor de fibra bruta observado

neste alimento implica em cautela ao incluí-lo na formulação de rações para suínos.

A fibra bruta é composta da fração insolúvel ou polissacarídeos não amiláceos

(celulose, hemicelulose e lignina) e fração solúvel. Os suínos não possuem enzimas

endógenas digestíveis de fibra bruta. Apesar disso, a fibra insolúvel serve de substrato para

a microbiota presente no intestino grosso dos animais adultos, que ao fermentá-la,

produzem ácidos graxos de cadeia curta (lactato, acetato, propionato e butirato)

(BertechinnI, 2006. Ngoc et al., 2012). Estes são absorvidos, contribuindo com,

aproximadamente 30% para o metabolismo energético (Farrel et al., 1970; Yen, 1997).

Além disso, o crescimento da microbiota é estimulado, trazendo benefícios para a saúde

intestinal dos suínos.

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A microbiota benéfica possui relacionamento de simbiose com os suínos. Elas se

aderem à parede do trato gastrintestinal evitando que microrganismos patogênicos também

ocupem os sítios de ligação e causem danos aos animais. Dessa maneira a proliferação e

turnover das células epiteliais intestinais acontecem da forma esperada, mantendo a

integridade celular intestinal dos animais (Ngoc et al., 2012; Gomes et al., 2006).

A fração solúvel da fibra é composta por gomas, pectinas e mucilagens. Segundo

Noblet et al. (1994), quando as gomas entram em contato com o meio aquoso do lúmen,

conferem viscosidade ao meio, comportando-se como barreira enzimática, dificultando o

processo de digestão dos nutrientes.

Contudo as pectinas e mucilagens formam substâncias gelatinosas que aumentam o

bolo alimentar, causando maior tempo de saciedade ao animal. Além disso, as dietas

formuladas com alimentos mais fibrosos possuem menor densidade energética. Estes dois

fatos revelam uma importante estratégia quando se deseja produzir carcaças de animais,

em terminação ou pós terminação, com reduzido percentual de gordura e menor custo de

produção (Gomes et al. 2007).

Diante desse contexto, objetivou-se avaliar a digestibilidade, o desempenho dos

suínos alimentados com rações com diferentes níveis de inclusão de farelo do bagaço do

caju e a viabilidade econômica destas rações.

MATERIAL E MÉTODOS

A pesquisa foi desenvolvida no setor experimental de suinocultura da Unidade

Acadêmica Especializada em Ciências Agrárias EAJ/UFRN. Realizou-se ensaio de

digestibilidade, ensaio de desempenho e estudo da viabilidade econômica.

No ensaio de digestibilidade, foram utilizados dez suínos híbridos comerciais,

machos castrados, pesando em média 60±6,86kg, alojados em gaiolas metabólicas tipo

Pekas (1968), por um período experimental de quinze dias. Os seis primeiros dias foram

destinados à adaptação dos animais às gaiolas metabólicas e à ração teste. Os três dias

seguintes serviram para a regularização do alimento ao trato digestivo e ajustes

necessários. Nos últimos seis dias foram realizadas as coletas das amostras.

Cinco animais receberam ração padrão (RP), com farelo de soja, milho, óleo vegetal

e núcleo comercial, e os outros cinco receberam a ração teste (RT), RP suplementada com

30% de farelo do bagaço do caju. As rações foram formuladas de forma a atender as

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exigências nutricionais dos animais conforme Rostagno et al (2011), e sua composição

encontra-se na Tabela 1.

Os animais foram arraçoados diariamente ás 8h00 e ás 15h00. A água foi fornecida

ad libitum. A quantidade de alimento foi ajustada de forma gradativa e ao final da fase de

adaptação. Os animais receberam a quantidade de alimento calculado segundo o consumo

obtido no período de adaptação com base no peso metabólico (PV0,75) de cada unidade

experimental.

Na coleta das amostras foi escolhido o método total de coleta de fezes sem uso de

marcador. As fezes foram coletas diariamente às 7h00, em seguida, foram pesadas,

maceradas e homogeneizadas e uma alíquota de 20% do conteúdo total de fezes de cada

animal foi retirada e armazenada em freezer com temperatura a 5ºC. Ao final do ensaio, as

amostras de fezes e ração foram submetidas à análise química em laboratório.

Para a análise, as amostras foram descongeladas em temperatura ambiente por seis

horas, homogeneizadas, em seguida, retirou-se, 600g de fezes de cada animal e colocadas

em estufa de ventilação forçada à 55ºC por 72 horas e depois moídas em moinho tipo

Macro de rotor circular em peneira de 2 mash para proceder a determinação da proteína

bruta, fibra em detergente neutro, fibra em detergente ácido, matéria mineral, energia

bruta, extrato etéreo, cálcio e fósforo. As determinações de MS, PB e MM foram realizadas

segundo Silva e Queiroz (2002), da FDN e FDA procedeu-se conforme o método proposto

por Van SoesT (1994), o Ca e P utilizou-se o método segundo Zenebom et al. (2008). A

EB foi determinada a partir da bomba calorimétrica modelo Parr, e o coeficiente de

digestibilidade dos componentes dietéticos foi determinado conforme com os cálculos

descritos por Rodrigues (2010).

No ensaio de desempenho foram utilizados quarenta animais híbridos comerciais

pesando em média 60±5,24 kg, (vinte fêmeas e vinte machos castrados), alojados em baias

de piso de cimento, com comedouro simples de concreto e bebedouro tipo chupeta. Os

animais foram distribuídos em delineamento de blocos ao acaso, baseando-se no peso dos

animais, com cinco tratamentos e quatro repetições. A unidade experimental foi

representada por um macho e uma fêmea.

Os tratamentos foram formulados a partir de uma dieta basal dieta basal (milho e

farelo de soja), suplementadas com diferentes níveis do farelo do bagaço do caju (Tabela

2): T1 (0%); T2 (7,5%); T3 (15%); T4 (22,5%) e T5 (30%). A água e a ração foram

fornecidas ad libitum.

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Os animais foram pesados a cada 14 dias e dados de consumo diário de ração,

ganho diário de peso e conversão alimentar foram coletados.

Ao atingirem o peso médio de 90±6,8 kg, os animais foram abatidos no abatedouro

municipal de São Paulo do Potengi-RN. Foram coletados dados da carcaça, espessura de

toucinho (ET), profundidade de lombo (PL) e peso da carcaça quente (PCQ), de acordo

com Bridi e Silva (2009). Estes dados foram utilizados para compor o estudo da

viabilidade econômica.

O custo da alimentação foi determinado a partir do consumo total de ração de cada

animal durante o período experimental e do valor do quilo da dieta. Os valores pagos nos

ingredientes constituintes das dietas foram R$ 0,71 (milho em grão); R$ 0,87 (farelo de

soja 45%); R$ 3,56 (oleo vegetal); R$ 2.79 (núcleo evimix); R$ 0,30 (bagaço do caju).

Calculou-se o índice de bonificação (IB) de acordo com Fávero et al. (1997), para

avaliar a vantagem de se utilizar este índice quando o animal é alimentado com farelo do

bagaço do caju.

Para este cálculo foi necessário primeiramente determinar a porcentagem de carne

magra (%CM) (Equação 1), segundo proposto por Guidone (2000).

%CM = 65,92 – 0,685 x ET + 0,094 x PL – 0,026 x PCQ .................................(Equação 1)

IB = 37,004721 + 0,094412 x PCQ + 1,144822 x %CM – 0,000053067 x PCQ x %CM +

0,000018336 x PCQ2 + 0,000409 x %CM2.........................................................(Equação 2)

O valor pago pelo quilo do suíno vivo no início do experimento foi R$ 4,40. Para

determinar o valor do suíno final foram utilizados dois valores. Um foi calculado conforme

Fávero et al. (1997), utilizando o índice de bonificação, e o outro desconsiderou-se este

índice em virtude dos frigoríficos da região Nordeste não adotar essa prática.

Suíno final (R$) = (IB x [preço do kg do suíno inicial/0,7145]) x PCQ.............(Equação 3)

Suíno final (R$) = peso final x preço do kg da carcaça.......................................(Equação 4)

Foram calculadas as receitas bruta parcial e a líquida parcial, com e sem o índice de

bonificação, conforme as equações 5 e 6.

Receita bruta parcial com índice de bonificação (RBPIB) = suíno f IB - suínos i

..............................................................................................................................(Equação 5)

Receita bruta parcial (RBP) = suíno final - suíno inicial ................................... (Equação 6)

Receita líquida parcial com IB (RLPIB) = RBPIB - custo com alimentação .... (Equação 7)

Receita líquida parcial (RLP) = RBP - custo com alimentação ......................... (Equação 8)

Estatística

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Os dados de desempenho e do estudo da viabilidade econômica foram submetidos à

análise de variância e nas variáveis em que o efeito do FBC foi detectado, realizou-se

análise de regressão por meio de modelos polinomiais. Como ferramenta de análise

estatística, foram utilizados os procedimentos do Statistical Analisys System (2002), com α

= 0,05.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os coeficientes de digestibilidade da matéria seca, proteína bruta, fibra em

detergente neutro e fibra em detergente ácido estão descritos na Tabela 3. Os resultados

divergem dos resultados relatados por Farias et al. (2008), que ao trabalhar com a inclusão

desse alimento na dieta de suínos em crescimento, encontraram para MS (22,40%), PB

(12,30%) e FB (21,92%), isto pode estar relacionado ao fato da variedade de caju cultivada

no estado do Piauí, ser possivelmente diferente da cultivada no Rio Grande do Norte.

Ainda assim, existem fatores afetam o coeficiente de digestibilidade, entre eles

pode-se citar a ausência de enzimas endógenas digestoras de fibra dietética no trato

digestório dos suínos.

Isto pode ter ocorrido também devido ao trato gastrintestinal do suíno não poder

armazenar grandes quantidades de alimento ocasionando no aumento da taxa de passagem

da digesta no trato gastrointestinal e no menor tempo de contato da digesta com as enzimas

digestivas e as células absortivas do intestino delgado. Outro fator que pode ter contribuído

diz respeito à viscosidade originada por meio do contato das fibras solúveis (pectinas,

frutanas e β - glucanas) com o ambiente aquoso do lúmen intestinal, que pode ter

dificultado a ação das enzimas endógenas com os nutrientes da dieta, diminuindo o

aproveitamento desses nutrientes pelo animal (Gomes et al., 2006).

Contudo, o coeficiente de digestibilidade da fibra em detergente neutro (15,22 %) e

da fibra em detergente ácido (13,05%), indica que, parte do conteúdo fibroso da dieta foi

aproveitado pela microbiota do intestino grosso. Neste processo, os microrganismos

produzem proteína bacteriana, por meio da adsorção de aminoácidos e peptídeos na matriz

da fibra. Isto implica num baixo coeficiente de digestibilidade da proteína bruta. Pois taxa

de excreção fecal da proteína endógena aumenta (Shulze et al., 1994). Além disso, a

descamação do epitélio intestinal causado pela fibra também eleva o conteúdo de

nitrogênio endógeno nas fezes ocasionando na redução deste coeficiente. Ramos et al.

(2007) ao trabalharem com frangos de corte em crescimento alimentados com farelo do

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bagaço do caju também constataram que o coeficiente de metabolizabilidade da proteína

bruta reduziu à medida que houve incremento de fibra na dieta.

O teor de energia bruta encontrado para o FBC foi 4.085 kcal/kg, enquanto o valor

da energia digestível foi 2.470 kcal/kg. Estes resultados divergem dos observados por

FariaS et al. (2008), em que os autores encontraram 1.123 kcal/kg para energia digestível.

Certamente, isso ocorreu devido ao fato de que suínos em crescimento e terminação

possuem capacidades diferentes em aproveitar alimentos fibrosos. Segundo Varel (1987) o

trato gastrintestinal de suínos em terminação tem maior tamanho, e o ceco possui maior

população bacteriana (Bacteroides succinogenes e Ruminococcus flavefaciens, Bacteroides

ruminícola e Ruminococcus álbuns) fermentadoras de celulose, hemicelulose e pectina.

Provavelmente o elevado teor de energia digestível do FBC encontrado no presente

estudo sugere que os suínos foram eficazes em utilizar os ácidos graxos de cadeia curta,

resultantes da fermentação da fibra pelas bactérias. Estes ácidos graxos contribuem

também para a elevação do fluxo sanguíneo do cólon, do índice de renovação celular do

epitélio intestinal, alteração da motilidade intestinal, e melhora da produção de muco

protetor da parede intestinal (Willians et al., 2001; Brunsgaard, 1998; Breves et al., 1997 e

Kien et al., 2007).

Os resultados encontrados para Ca (0,50%) e P (0,35%) do FBC, estão em

consonância com os encontrados por Ramos et al. (2006), que obtiveram (0,45%) Ca e

(0,30%) P, estudando a inclusão da polpa do caju na dieta de frangos de corte na fase final.

Porém esses resultados não garantem o total aproveitamento destes minerais pelos suínos,

pois o P pode estar complexado com a molécula de ácido fítico presente nos vegetais. A

disponibilidade média do P de origem vegetal para os monogástricos é de um terço do total

analisado, pois os suínos não possuem enzimas capazes de quebrar a molécula de ácido

fítico e liberar os compostos que estão complexados nela. Ainda assim, a absorção de P

depende, principalmente da relação Ca:P, da presença de vitamina D no organismo, do pH

intestinal, da idade do animal, sexo (Moreira et al., 2010).

Os diferentes níveis do FBC, (Tabela 4), influenciaram a conversão alimentar (CA),

P<0,05, apresentando resultados desfavoráveis à medida que houve incremento do FBC.

Estes resultados corroboram com os do ensaio de digestibilidade, indicando que

altos níveis de fibra alimentar limitam o aproveitamento dos nutrientes da dieta pelos

suínos em terminação. O mesmo, observaram Ramos et al. (2006) ao trabalhar com a

inclusão de diferentes níveis de polpa de caju na dieta de frangos de corte, quando a

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conversão alimentar, piorou a cada 1% de inclusão de FBC. Segundo Gomes et al. (2008),

a inclusão de altos teores de fibra dietética na ração de suínos pode causar descamação do

epitélio intestinal, diminuindo o tamanho das vilosidades compostas por células secretoras

de enzimas digestivas e absortivas, reduzindo o aproveitamento dos nutrientes da dieta

pelo animal.

Verificou-se que o incremento do FBC na dieta de suínos em terminação,

influenciou (p<0,05) as variáveis espessura de toucinho, porcentagem da carne magra,

receita bruta parcial com índice de bonificação e receita bruta parcial (Tabela 5).

Para as variáveis espessura de toucinho e porcentagem da carne magra, a ração que

apresentou resultado superior foi com 7,5% de FBC (26,88 mm e 120,54%

respectivamente). Quando comparado o resultado desta ração com a controle (0% FBC), a

espessura de toucinho reduziu em 37,9% e a porcentagem da carne magra aumentou

6,60%.

Divergem destes resultados os encontrados por Farias et al. (2008), que não

observaram efeitos dos níveis de pseudofruto do caju sobre a espessura de toucinho quando

incluíram o FBC na dieta de suínos. No mesmo sentido, Figueiredo et al. (2012) não

observaram influência dos níveis de feno da rama da mandioca (0, 10, 15 e 20%) na dieta

de suínos em terminação sobre a variável espessura de toucinho. O mesmo ocorreu com

Amorim et al. (2011), que também não encontraram influência da polpa cítrica (0, 5, 10 e

15%) sobre as variáveis espessura de toucinho e porcentagem da carne magra.

Em relação à receita bruta parcial com índice de bonificação, a ração com 7,5% de

FBC apresentou resultado superior (R$ 503,74) e a ração com 30% FBC apresentou

resultado inferior às demais (R$ 448,71), havendo uma diferença entre elas de R$ 55,03 e

um incremento de 12,26% para esta variável. Já a variável receita bruta parcial, obteve

resultado superior quando foi incluído 15% de FBC (R$ 503,55) e resultado inferior para a

ração com 30% de FBC (R$ 437,71), resultando numa diferença de R$ 65,84 entre elas e

um incremento de 15,04 % para esta variável.

Portanto a estratégia de adicionar o farelo do bagaço do caju na alimentação de

suínos em terminação ao nível de 7,5% pode melhorar o acabamento de carcaça,

disponibilizando ao consumidor cortes de maior qualidade e ainda incrementar a receita do

produtor que abate os animais em frigoríficos que utilizam o índice de bonificação.

Entretanto, o produtor que abate em frigoríficos que não utilizam a bonificação, o mais

indicado para que se incremente a receitar, é fornecer a ração com a inclusão de 15% de

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FBC. Ainda assim, os resultados absolutos das receitas são dependentes de cotações que

variam ao longo do ano (Tabela 6), pois são influenciadas pelo câmbio, inflação,

disponibilidade em circunstância do abastecimento nacional e internacional.

Observa-se que, apesar da variação do preço do milho e da soja, as receitas obtidas

a partir do tratamento com 15% de inclusão do FBC, apresentaram resultados superiores

aos demais. As receitas dos tratamentos com 15% FBC mostraram-se melhores, sendo o

mês de novembro o de maior lucro (R$ 437,89). As receitas obtidas pelo tratamento com

7,5% de inclusão de FBC mostraram-se inferiores aos demais, apresentando o mês de

janeiro o pior resultado (R$ 398,02).

CONCLUSÃO

O farelo do bagaço de caju pode ser incluído na dieta de suínos em terminação até o

nível de 30% sem afetar negativamente o desempenho dos animais.

A inclusão de 7,5% de farelo do bagaço do caju na dieta de suínos em terminação

pode melhorar a qualidade da carne e incrementar a receita bruta parcial com índice de

bonificação.

Considerando somente a receita bruta parcial, orienta-se a inclusão de 15% de FBC

na dieta de suínos em terminação.

AGRADECIMENTOS

Este estudo foi financiado pela Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e

Tecnológico (CNPq) (562604). Os autores gostariam de agradecer a Unidade Acadêmica

Especializada em Ciências Agrárias, ao Programa de Pós Graduação em Produção Animal

e ao Laboratório de Nutrição Animal Emerson Moreira Aguiar da Universidade Federal do

Rio Grande do Norte pela ajuda prestada em realizar este experimento.

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Tabela 1. Composição das rações experimentais para o ensaio de digestibilidade

Ingredientes Padrão Teste

Milho 74,85 52,40

Farelo de soja 22,15 15,50

Farelo do bagaço de caju 0,00 30,00

Óleo vegetal 0,50 0,35 1Núcleo comercial 2,50 1,75

Composição calculada: 100,00 100,00

Energia digestível (kcal/kg) 3.400 -

Proteína bruta 16,50 -

Lisina digestível 0,69 -

Metionina digestível 0,25 -

Triptofano digestível 0,16 -

Cálcio 0,69 -

Fósforo total 0,31 -

Fósforo disponível 0,14 -

Sódio 0,17 -

Fibra bruta 2,77 -

FDN 11,68 -

FDA

4,28 - 1Níveis de Garantia por kg do produto: cálcio (min) 240 g; cálcio (máx) 245 g; fósforo (min) 25 g; sódio

(min) 55 g; ferro (min) 3.200 mg; cobre (min) 5.000 mg; Manganês (min) 1.280 mg; zinco (min) 2.400 mg;

iodo (min) 25,50 mg; cobalto (min) 12,80 mg; selênio (min) 9,60 mg; vitamina A (min) 180 UI; vitamina D3

(min) 32.000 UI; vitamina E (min) 720 UI; vitamina K3 (min) 36 mg; Vitamina B1 (min) 27 mg; vitamina

B2 (min) 108 mg; niacina (min) 638 mg; ácido patotênico (min) 362 mg; vitamina B6 (min) 36 mg; ácido

fólico (min) 18 mg; biotina (min) 1,80 mg; vitamina B12 (min) 580 mg; colistina 200 mg; fitase 17 U/g.

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Tabela 2. Composição das rações experimentais formuladas para o ensaio de

desempenho de acordo com os níveis de inclusão do farelo do bagaço do caju (%)

Níveis de inclusão do farelo do bagaço do caju (%)

Ingredientes 0 7,5 15 22,5 30

Milho 74,85 68,85 62,86 56,86 50,86

Farelo de soja (45%) 22,15 20,64 19,14 17,64 16,13 1Núcleo comercial

(evimix) 2,50 2,50 2,50 2,50 2,5

Óleo de soja vegetal 0,50 0,50 0,50 0,50 0,50

Farelo do bagaço de

caju 0,00 7,50 15,0 22,5 30,0

Total 100 100 100 100 100

Composição calculada

Energia digestível

(Kcal/kg) 3.401 3.268 3.134 3.000 2.866

Proteína bruta 16,55 16,55 16,55 16,55 16,55

Lisina digestível 0,69 0,66 0,64 0,61 0,58

metionina digestível 0,25 0,25 0,24 0,24 0,23

Triptofano digestível 0,16 0,15 0,14 0,13 0,12

Cálcio 0,69 0,69 0,69 0,69 0,69

Fósforo total 0,31 0,31 0,31 0,31 0,31

Fósforo disponível 0,14 0,14 0,14 0,14 0,14

Sódio 0,17 0,17 0,17 0,16 0,16

Fibra bruta 2,77 3,72 4,69 5,62 6,56

FDN 11,67 15,89 20,11 24,02 28,53

FDA 4,28 7,05 9,81 12,57 15,34 1Níveis de garantia por kg do produto: cálcio (min) 240 g; cálcio (máx) 240 g; fósforo (min) 25 g; sódio (min) 55g;

ferro (min) 3.200 mg; cobre (min) 5.000 mg; Manganês (min) 1.280 mg; zinco (min) 2.400 mg; iodo (min) 25,50

mg; cobalto (min) 12,80 mg; selênio (min) 9,60 mg; vitamina A (min) 180 UI; vitamina D3 (min) 32.000 UI;

vitamina E (min) 720 UI; vitamina K3 (min) 36 mg; Vitamina B1 (min) 27 mg; vitamina B2 (min) 108 mg; niacina

(min) 638 mg; ácido patotênico (min) 362 mg; vitamina B6 (min) 36 mg; ácido fólico (min) 18 mg; biotina (min)

1,80 mg; vitamina B12 (min) 580 mg; colistina 200 mg; fitase 17 U/g.

Tabela 3. Coeficiente de digestibilidade e valores da energia bruta, energia digestível,

matéria mineral, Ca e P do farelo do bagaço de caju.

Variáveis Coeficiente de digestibilidade

Matéria seca (%) 44,26

Proteína bruta (%) 8,20

FDA (%) 13,05

FDN (%) 15,22

Variáveis Valores

Energia bruta (kcal/kg) 4.081

Energia digestível (kcal/kg) 2.470

Matéria mineral (%) 6,61

Cálcio (%) 0,50

Fósforo (%) 0,35

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*Efeito linear (p<0,05)

letras minúsculas na linha horizontal (níveis de bagaço de caju) diferem entre si (P<0,05)

pelo teste “t” 1CV = coeficiente de variação

ns = não significativo para regressão polinomial

Tabela 4. Valores médios do ensaio de desempenho de suínos em terminação alimentados

com dietas contendo farelo do bagaço do caju

Níveis de inclusão do farelo do bagaço do caju (%)

Variáveis 0 7,5 15 22,5 30 CV %

Consumo diário de

ração (kg)

2,622 2,702 2,975 3,035 2,690 5,9

Ganho diário de peso

(kg)

0,869 0,876 0,900 0,867 0,789 17,9

*Conversão alimentar 3,01a 3,15a 3,33a 3,54b 3,42a 12,6

Tabela 5. Valores médios do efeito do FBC sobre as variáveis do estudo da viabilidade

econômica.

Níveis de inclusão do FBC (%)

Variáveis 0 7,5 15,0 22,5 30,0 1C.V

(%)

Peso final (kg) ns 181,50 179,30 183,85 182,35 179,15 6,30

Consumo de ração (kg) ns 160,06 160,97 180,01 184,78 152,79 16,13

Espessura de toucinho (mm)* 37,07a 26,88b 34,60a 31,42a 28,35ª 19,82

Profundidade de lombo (mm) ns 111,05 114,60 108,75 113,80 108,60 3,75

Peso da carcaça quente (kg) ns 147,25 144,92 148,02 146,27 138,22 6,84

Carne magra (CM %)* 113,08a 120,54b 114,51a 117,20a 119,18a 3,90

Índice de bonificação (%) ns 1,76 1,82 1,77 1,79 1,83 2,89

Rec.brut.parc.IB (R$)* 495,55a 503,74b 498,84a 494,34a 448,71a 6,01

Rec. Bruta parcial (R$)* 485,71a 474,90a 503,55b 491,20a 437,71a 7,50

Rec. liq. parc. IB (R$) ns 349,07 364,65 369,43 365,91 332,48 7,39

Rec. Liquida parcial (R$) ns 365,21 335,50 374,71 362,76 346,23 7,59

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Tabela 6. Cotação do milho e farelo de soja e variação da receita líquida parcial dos

tratamentos com FBC no ano de 2013

Cotação do milho e soja no

Estado da Bahia Receita líquida parcial R$/tratamento

Mês R$ Milho R$ Far. Soja

45% 0% 7,5% 15% 22,5% 30%

1 39,23 58,11 404,10 398,02 423,38 414,87 415,52

2 40,61 51,77 404,70 398,59 424,01 415,48 416,01

3 37,45 50,23 408,91 402,51 428,01 419,21 418,78

4 39,04 48,91 407,58 401,28 426,76 418,06 417,94

5 35,45 50,74 411,24 404,65 430,19 421,24 420,27

6 31,87 55,94 413,68 406,89 432,45 423,31 421,77

7 30,00 56,17 415,84 408,89 434,49 425,19 423,17

8 29,19 57,76 416,25 409,26 434,86 425,53 423,41

9 28,66 61,97 415,39 408,45 434,01 424,71 422,78

10 25,89 62,82 418,41 411,24 436,85 427,35 424,73

11 25,21 62,05 419,49 412,25 437,89 428,31 425,44

12 24,46 64,87 419,39 412,14 437,76 428,18 425,33

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3. ANEXOS

3.1. Ilustrações referentes aos experimentos

3.2. Ensaio de digestibilidade

Figura 1. Galpão experimental com 10 animais em cada

gaiola metabólica.

Figura 2. Gaiola de metabolismo.

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Figura 3. Coleta total de fezes

Figura 4. Coleta de urina

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Figura 5. Análise química da rações no

Laboratório de Nutrição Animal UFRN.

Figura 6. Preparo das amostras de fezes para

análise química.

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Figura 7. Determinação dos nutrientes das rações e

coeficientes de digestibilidade das amostras de

fezes

Figura 8. Determinação do Ca e P das rações, e

amostras de feses

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3.2.1. Ensaio de desempenho

Figura 9. Leitura de Ca e P em cromatógrafo

Figura 10. Unidade experimental representada por

um macho e uma fêmea.

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Figura 11. Pesagem dos animais.

Figura 12. Animais já abatidos na

Unidade de Processamento de Carnes de

São Paulo do Potengi.. Pesagem das

meias carcaças

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Figura 13. Coleta dos dados da espessura de

toucinho e profundidade de lombo dos animais.

Figura 14. Coleta dos dados de comprimento de

carcaça dos animais.