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Impactos ambientais e sócio-econômicos das hortas comunitárias sob linhas de transmissão no bairro Tatuquara, Curitiba, PR, Brasil. Enviromental and social-economic impacts of community gardens under power transmission lines in Tatuquara neighborhood, Curitiba, PR, Brazil. OTTMANN, Michelle Melissa Althaus 1; BORCIONI, Elis 2; MIELKE, Érica 3; CRUZ, Mailane Raizer da 4; FONTE, Nilce Nazareno da 5 1 Universidade Federal do Paraná, Curitiba-PR, Brasil, [email protected]; 2 Universidade Federal do Paraná, Curitiba-PR, Brasil, [email protected]; 3 Universidade Federal do Paraná, Curitiba-PR, Brasil, [email protected]; 4 Universidade Federal do Paraná, Curitiba-PR, Brasil, [email protected]; 5 Departamento de Farmácia, Universidade Federal do Paraná, Curitiba-PR, Brasil, [email protected] RESUMO: Em virtude da existência de áreas ociosas, alvos de atividades ilícitas e depósitos de lixo, situadas sob as linhas de transmissão de energia elétrica (LTs) no bairro Tatuquara, Curitiba, PR, Brasil, a Eletrosul Centrais Elétricas S.A e a Prefeitura Municipal de Curitiba em 2003 estabeleceram uma parceria para a implantação de hortas comunitárias, que atende famílias de baixa renda como forma de incremento da renda familiar. O objetivo deste estudo foi avaliar sob a ótica dos horticultores os impactos ambientais e sócio-econômicos das hortas comunitárias criadas sob LTs no bairro Tatuquara. A coleta dos dados foi realizada em maio de 2008, com base em pesquisa bibliográfica, entrevistas abertas junto a Técnicos da Secretaria do Abastecimento da Prefeitura Municipal de Curitiba, visitas “in loco” nas hortas comunitárias do bairro Tatuquara, e aplicação de questionário junto aos participantes de uma das reuniões da Associação das hortas comunitárias deste bairro. De acordo com o estudo realizado percebeu-se que as mulheres (94%) são as que mais se dedicam as atividades na horta sob as LTs e também constatou-se que a comunidade possui uma percepção positiva a partir da instalação da horta principalmente em relação a qualidade de vida, uma vez que houve redução no vandalismo praticado nas áreas ociosas sob as LTs e melhoria significativa na sua alimentação. PALAVRAS-CHAVE: Áreas urbanas ociosas; hortas urbanas; melhoria de qualidade de vida. ABSTRACT: Due to the existence of idleness areas, target of illegal activities or dump for city waste, located under the power transmission lines (PTLs) in Tatuquara neighborhood, Curitiba, PR, Brazil, the Eletrosul Centrais Elétricas S. A. and the Prefeitura Municipal de Curitiba in 2003 established a partnership to implement a community gardens program, which attend low level income families as a way to increase their family wealth. The goal of this study is to evaluate below the gardeners’ perception the environmental, social and economic impacts after the community gardens creation in Tatuquara neighborhood, Curitiba, PR, Brazil. The data collection was carried on May/2008 on a basis bibliographic research, open interviews with the Technicians from Secretaria Municipal do Abastecimento from Prefeitura Municipal de Curitiba, “in loco” visiting in the community gardens and survey questionnaire applied to the members of the Tatuquara’s Community Gardens Association. According to the study, women (94%) are the most dedicated to the PTL’s community gardens activities and that overall community’s perception is positive, since the community gardens installation, especially about their health quality. Once there was a reduction of the vandal actions in the idle areas under the TL’s and a significant improvement in their food habit. KEY WORDS: Idle urban areas; urban community gardens; life quality improvement. Revista Brasileira de Agroecologia Rev. Bras. de Agroecologia, Porto Alegre, 5(1):86-94 (2010) ISSN: 1980-9735 Correspondências para: [email protected] Aceito para publicação em 14/02/2010

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Impactos ambientais e sócio-econômicos das hortas comunitáriassob linhas de transmissão no bairro Tatuquara, Curitiba, PR, Brasil.

Enviromental and social-economic impacts of community gardens under powertransmission lines in Tatuquara neighborhood, Curitiba, PR, Brazil.

OTTMANN, Michelle Melissa Althaus 1; BORCIONI, Elis 2; MIELKE, Érica 3; CRUZ, Mailane Raizer da4; FONTE, Nilce Nazareno da 5

1 Universidade Federal do Paraná, Curitiba-PR, Brasil, [email protected]; 2 UniversidadeFederal do Paraná, Curitiba-PR, Brasil, [email protected]; 3 Universidade Federal do Paraná,Curitiba-PR, Brasil, [email protected]; 4 Universidade Federal do Paraná, Curitiba-PR, Brasil,[email protected]; 5 Departamento de Farmácia, Universidade Federal do Paraná, Curitiba-PR,Brasil, [email protected]

RESUMO: Em virtude da existência de áreas ociosas, alvos de atividades ilícitas e depósitos de lixo, situadas sobas linhas de transmissão de energia elétrica (LTs) no bairro Tatuquara, Curitiba, PR, Brasil, a Eletrosul CentraisElétricas S.A e a Prefeitura Municipal de Curitiba em 2003 estabeleceram uma parceria para a implantação dehortas comunitárias, que atende famílias de baixa renda como forma de incremento da renda familiar. O objetivodeste estudo foi avaliar sob a ótica dos horticultores os impactos ambientais e sócio-econômicos das hortascomunitárias criadas sob LTs no bairro Tatuquara. A coleta dos dados foi realizada em maio de 2008, com base empesquisa bibliográfica, entrevistas abertas junto a Técnicos da Secretaria do Abastecimento da Prefeitura Municipalde Curitiba, visitas “in loco” nas hortas comunitárias do bairro Tatuquara, e aplicação de questionário junto aosparticipantes de uma das reuniões da Associação das hortas comunitárias deste bairro. De acordo com o estudorealizado percebeu-se que as mulheres (94%) são as que mais se dedicam as atividades na horta sob as LTs etambém constatou-se que a comunidade possui uma percepção positiva a partir da instalação da hortaprincipalmente em relação a qualidade de vida, uma vez que houve redução no vandalismo praticado nas áreasociosas sob as LTs e melhoria significativa na sua alimentação.PALAVRAS-CHAVE: Áreas urbanas ociosas; hortas urbanas; melhoria de qualidade de vida.

ABSTRACT: Due to the existence of idleness areas, target of illegal activities or dump for city waste, located underthe power transmission lines (PTLs) in Tatuquara neighborhood, Curitiba, PR, Brazil, the Eletrosul Centrais ElétricasS. A. and the Prefeitura Municipal de Curitiba in 2003 established a partnership to implement a community gardensprogram, which attend low level income families as a way to increase their family wealth. The goal of this study is toevaluate below the gardeners’ perception the environmental, social and economic impacts after the communitygardens creation in Tatuquara neighborhood, Curitiba, PR, Brazil. The data collection was carried on May/2008 on abasis bibliographic research, open interviews with the Technicians from Secretaria Municipal do Abastecimento fromPrefeitura Municipal de Curitiba, “in loco” visiting in the community gardens and survey questionnaire applied to themembers of the Tatuquara’s Community Gardens Association. According to the study, women (94%) are the mostdedicated to the PTL’s community gardens activities and that overall community’s perception is positive, since thecommunity gardens installation, especially about their health quality. Once there was a reduction of the vandalactions in the idle areas under the TL’s and a significant improvement in their food habit.

KEY WORDS: Idle urban areas; urban community gardens; life quality improvement.

Revista Brasileira de AgroecologiaRev. Bras. de Agroecologia, Porto Alegre, 5(1):86-94 (2010)ISSN: 1980-9735

Correspondências para: [email protected] para publicação em 14/02/2010

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Introdução

O ambiente, frente às modificações impostaspelo homem apresenta uma maior ou menorfragilidade, qualquer alteração nos diferentescomponentes da natureza (relevo, solo,vegetação, clima e recursos hídricos) acarreta ocomprometimento da funcionalidade do sistema,quebrando o seu estado de equilíbrio dinâmico.(SPORL e ROSS, 2004). Diante destaproblemática inserem-se diversas atividadeshumanas que foram criadas com o intuito demelhorar a condição sócio-econômica e trazermais conforto para os seres humanos, como é ocaso da construção das Linhas de Transmissão deEnergia Elétrica por cabos aéreos (OLIVEIRA eZAÚ, 1998).

Nessa atividade, especialmente na região suldo Brasil, destaca-se a empresa Eletrosul CentraisElétricas S. A. (ELETROSUL, 2008). Diversascidades no país possuem seu território cortado poressas Linhas de Transmissão como é o caso dacidade de Curitiba, especialmente o bairroTatuquara, que possui sua conformaçãohabitacional criada em torno das áreas abrangidaspelas linhas.

O Tatuquara é um dos bairros mais extensosda cidade de Curitiba, PR, Brasil, e, desde adécada de 1970, foi alvo de invasões. Após vinteanos, em 1990, estas invasões1 já eramconsideradas vilas, caracterizadas principalmente,pelo seu rápido crescimento. Em 1991contabilizava-se 3,7 mil moradores, e em 1999 jáatingiam um número de cerca de 25 mil(FENIANOS, 1999).

Segundo o censo do IBGE (Instituto Brasileirode Geografia e Estatística) de 2000, o bairroTatuquara correspondia a 2,29% de participaçãoem termos de habitantes em relação a todaCuritiba (IPPUC, 2008). Dados de 2004, doCadastro da Liberação de Alvarás da PrefeituraMunicipal de Curitiba, mostraram um total de64,13% de população economicamente ativa,sendo 53,64% dessas atividades econômicas

pertencentes ao comércio, 12,55% a serviçosgerais e 7,43% as atividades industriais (IPPUC,2008). O bairro, entretanto, vem sofrendo com aviolência urbana, sendo considerado o segundoem casos de homicídios no Mapa da Violência deMunicípios Brasileiros de 2008 elaborado pelaRITLA (Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana) (RITLA, 2008).

Deschamps (2008) também coloca em seuestudo sobre a vulnerabilidade sócio-ambiental daRMC (Região Metropolitana de Curitiba), que oBairro Tatuquara possui índices, mesmo que emdeclínio, mas ainda elevados de desvantagemsócio-econômica, indicando situações de pobreza,aonde muitos adolescentes já possuemexperiência reprodutiva.

A construção de Linhas de Transmissão (LTs)pode ocasionar diversos impactos nos locais ondesão instaladas: Dentre estes impactos, osprincipais são os devidos ao campo elétrico (aenergização da linha produz um campo elétriconas imediações da faixa de servidão, e seuprincipal efeito está ligado à indução de cargaselétricas sobre pessoas ou objetos situados nestaárea) e os impactos das LTs sobre osecossistemas (os impactos provocados pelas LTsobre os solos estão ligados ao desmatamentonecessário à abertura de praças, servidões,estradas de acesso, e os movimentos de terrarelativos às fundações e às próprias estradas deacesso, além da circulação de equipamentospesados). Os efeitos advindos sãofundamentalmente aqueles ligados aos processoserosivos (OLIVEIRA e ZAÚ, 1998). Araújo (2008)relata também a questão dos efeitos visuais dealteração da paisagem.

Além desses efeitos, no bairro Tatuquara, sobas áreas onde se localizam as LTs observava-seo problema de violência, marginalidade(vandalismo) e problemas ambientais comoacúmulo de lixo. Face a essa situação, a EletrosulCentrais Elétricas S.A., juntamente com a

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Prefeitura Municipal de Curitiba estabeleceramuma parceria para a implantação de hortascomunitárias sob as de linhas de transmissão deenergia elétrica (LTs) (FOME ZERO, 2006).

Dentro do contexto citado acima, se objetivoucom esse estudo, avaliar sob a ótica doshorticultores, os impactos ambientais e sócio-econômicos das hortas comunitárias criadas sobLinhas de Transmissão de energia elétrica, nobairro Tatuquara, em Curitiba, PR.

Material e MétodosCaracterização física da área de estudoO município de Curitiba localiza-se na porção

leste do Paraná, (25°25’ S e 49°16’ W), aaproximadamente 900 m s.n.m. O clima da regiãoé o subtropical úmido mesotérmico (Cfb), segundoclassificação de Köppen, a umidade relativa anualé de 80 a 85% e a evapotranspiração anual estáentre 800 a 900 mm (IAPAR, 2000). A regiãoapresenta solo do tipo Cambisssolo (EMBRAPA,1999), e vegetação tipo Floresta Ombrófila Mista(Floresta de Araucárias) bastante antropizada(IBGE, 2008).

Coleta de dadosA coleta dos dados foi realizada em maio de

2008, com base em pesquisa bibliográfica eanálise documental, entrevistas abertas junto aTécnicos da Secretaria do Abastecimento daPrefeitura Municipal de Curitiba, visitas “in loco”nas hortas comunitárias do bairro Tatuquara, eaplicação de questionário junto aos participantesde uma das reuniões da Associação das hortascomunitárias deste bairro.

O questionário foi aplicado a 17 famílias dototal de 170 famílias atendidas pelas hortas(correspondente uma amostra de 10%, que seconstitui no tamanho mínimo para obtenção de umresultado o mais aproximado possível do universototal) (MONTEIRO e MONTEIRO, 2006).

No questionário foram contempladas questõessobre a situação da região depois da implantação

das hortas sob as linhas de transmissão deenergia (em relação à segurança no Bairro,melhoria na paisagem, higiene e limpeza dobairro, melhoria em aspectos ambientais como acondição do solo, menos compactação, etc.); seos moradores apresentam algum desconfortofísico por trabalharem nas hortas embaixo dasLTs; aspectos de qualidade de vida (melhorias nasaúde, renda, alimentação, etc.); e quais osproblemas ainda existentes no Bairro e notrabalho nas hortas, bem como faixa etária,escolaridade, atividade profissional, número depessoas nas famílias, quanto horas trabalham porsemana na horta, e quantos familiares ajudam notrabalho da horta.

Os dados provenientes da aplicação dosquestionários foram sumarizados e transformadosem porcentagens com a intenção de realizar-seuma análise estatística descritiva das variáveisquantitativas (faixa etária, número de horastrabalhadas na horta, ...) e qualitativas (problemasencontrados, aspectos de melhoria de qualidadede vida, ...).

Resultados e discussãoO programa das hortas comunitárias sob

Linhas de Transmissão permite que 170 famíliasproduzam em lotes de no mínimo 60 m2, diversashortaliças, como alface, couve, beterraba,cenoura, tomate, etc., os quais servem para oconsumo próprio ou para a comercialização local,totalizando cerca de 4 ha cultivados. SegundoEdson Pereira Técnico da Secretaria doAbastecimento da Prefeitura Municipal de Curitiba(PMC) (2008 – Informe Verbal) o aproveitamentodessa área é bastante satisfatório. Estima-seapenas 30% de perdas, valor considerado normalpara cultivos de hortaliças. Além disso, aPrefeitura treina e capacita os moradores-produtores, realiza reuniões periódicas com acomunidade para trabalhar questões de mudançade hábitos alimentares e questões ambientais,

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como a recuperação de solos degradados e a suaconservação, fiscaliza se os mesmos estãorealmente utilizando a área para cultivo, e se nãoo estiverem, o lote é passado para outra família,além de prestar apoio técnico.

Em relação à caracterização da área deestudo, de acordo com informações de Pereira(2008 – Informe Verbal), o solo da área ocupadapelas hortas encontrava-se em estado bastantedegradado antes da implantação das mesmas,sendo necessária a sua mecanização, o plantio deadubos verdes e em alguns trechos a reposiçãototal do solo, além de um aporte inicial deadubação química (NPK, 50 g.m-2). Além disso,restos de cultura e lixo orgânico doméstico sãoadicionados ao solo para compostar e melhorar assuas condições físico-químicas. Segundo Pereira(2008 – Informe Verbal), o sistema de cultivo dashortas sob as LTs não pode ser denominadoorgânico, pois utiliza uma mescla de técnicas eferramentas convencionais aliadas a técnicas eferramentas de sistemas produtivos alternativos,como o uso de estercos, húmus, adubação verdee principalmente a proibição do uso de agrotóxicose pesticidas químicos no cultivo.

As 17 famílias entrevistadas, que trabalhamnas hortas sob as LTs, em sua maioria, sãoconstituídas por cerca de 5 indivíduos pormoradia. Nelas, apenas 6% dos homenstrabalham nas hortas contra 94% de mulheres.Quanto aos homens que trabalham na horta,100% se encontram na faixa etária de 45 a 55anos, enquanto que as mulheres, em sua maioria,se dividem nas faixas de 35 a 45 anos (40%) e 45a 55 anos (24%) e 50% delas trabalham tambémem outras atividades. Dentre os 5 indivíduos pormoradia, 50% dos que trabalham na hortacondizem a 2 pessoas/moradia, que gastam entre4 a 8 horas por dia trabalhando nas hortas.Quanto ao grau de escolaridade 43% doshorticultores apresentaram apenas ensinofundamental ao passo que, 21,50% possuem 10

grau completo, e 21,50% possuem 2o grau

completo.Esse resultado corrobora com outros estudos

sobre agricultura urbana, indicando que estaatividade e outras iniciativas do gênero sãotipicamente praticadas por mulheres(MENDONÇA et al., 2007; SOUSA e TEIXEIRA,2007; ZEEUW et al., 2000). Entretanto, um fatointeressante é que o número de pessoas quetrabalham nas hortas e em casa (50%) equipara-se com o número de pessoas que trabalham nashortas e em outras atividades (50%), denotando ointeresse e importância que os moradores dão àatividade de agricultura urbana.

Embora exista o impacto e perigo eminenterelacionado ao campo elétrico sobre as pessoasque transitam sob as LTs e nas proximidades, osprodutores das hortas comunitárias do BairroTatuquara, afirmam que em cerca de três anos defuncionamento do programa, não houve nenhumacidente, e que todo novo produtor, ao secadastrar no programa, recebe as instruções decomo realizar o plantio, cultivo e principalmente airrigação, que deve ser manual (regador) e naaltura do chão.

Pesquisas alertam sobre os impactos de baixafreqüência dos CEM (Campos Eletromagnéticos)sobre os seres vivos, entretanto, estas pesquisasfocalizam prioritariamente os campos magnéticos,uma vez que os campos elétricos teriam menoresefeitos sobre os seres vivos. Essas pesquisas têmse desenvolvido em três frentes principais:pesquisas “in vitro”, pesquisas “in vivo” e estudosepidemiológicos. Nenhum desses estudos até omomento conseguiu explicar satisfatoriamente aplausibilidade biológica entre a exposição aosCEM e os efeitos observados em seres vivos(MORENO e MORENO, 2001).

De acordo com o questionário aplicado às 17famílias produtoras da horta situada sob as LTs,apenas 7% apresentaram desconforto aotrabalharem nas hortas, contra 93% que nãoapresentam nenhum desconforto (Tabela 1),

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caracterizando-o como “dor na coluna”, o qualdeve ser analisado mais profundamente paracertificação da origem deste desconforto.

Como colocado anteriormente durante ainstalação das LTs, o solo, de um modo geral,sofre diversos impactos negativos. Dentre os maisseveros destacam-se a compactação e erosão. Omanejo e a conservação do solo são de extremaimportância para qualquer atividade, seja naturalou antrópica, especialmente para a agricultura.

Segundo Gliessman (2005), se acredita que: “afertilidade do solo somente pode ser mantida ourestaurada entendendo-se os ciclos de nutrientese processos ecológicos do solo, especialmente adinâmica da matéria orgânica”. Logo, o fluxo deenergia e essa dinâmica de nutrientes se vêafetada por atividades de antropização doecossistema natural, a qual pode ser observadana área em questão. E ainda dentro dessadinâmica, a produção de serrapilheira e adevolução de nutrientes em ecossistemasflorestais naturais constituem a via maisimportante do ciclo biogeoquímico (fluxo denutrientes no sistema solo-planta-solo)(SCHUMACHER et al., 2004).

Essa dinâmica natural, entretanto, não poderáser observada nas áreas sob as LTs, devido àmanutenção de vegetação baixa na área (3m nomáximo). Desta forma, segundo os técnicos queauxiliaram na criação e auxiliam no manejo econservação da horta sob as LTs, esse equilíbrioecológico de fluxo de energia foi drasticamenteafetado e assim, um manejo próximo do orgânico

e natural deve ser empregado para mitigarmaiores impactos ao meio ambiente e aoshorticultores.

De acordo com o questionário aplicado juntoaos participantes da Associação das hortascomunitárias do bairro Tatuquara, observou-seque houve uma melhora significativa no quesitorelação solo-planta, uma vez que o quadro deimpacto negativo gerado pela construção efuncionamento das LTs (erosão, compactação)pôde ser revertido por meio de práticasagronômicas mais ecológicas (Tabela 2), dentreoutras melhorias sócio-econômicas que puderamser observadas pela comunidade atendida peloprograma da horta sob as LTs como melhoria naalimentação (100%), renda familiar (94%) e nasaúde (94%) dentre outros que podem ser vistosna Tabela 2. Além da valorização de saberesadvindos da vida no campo, os quais oshorticultores carregam, pois a maioria dos queparticiparam da pesquisa são imigrantes dointerior do Estado do Paraná, que cresceramtrabalhando na terra. Relação essa que segundoeles mesmos é algo que traz muita “saudade”.

Almeida (2004) estudando a agricultura urbanapraticada nos quintais de Belo Horizonte, MG,observa que as motivações para a prática daagricultura urbana estão ligadas, principalmente, auma questão cultural. As pessoas plantam porquegostam, pelo prazer de plantar, pela importânciaque dão a valores, costumes e hábitos referentesà “vida na roça”.

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Ainda em relação a aspectos ambientais demelhoria com a implantação das hortas,Gliessman (2005) coloca que a primeira fase paradesenvolver matéria orgânica do solo, dinâmicaesta de extrema relevância, é preciso manteraportes constantes de material. Desta forma, sãoconsiderados importantes fontes de matériaorgânica os resíduos das culturas e as culturas decobertura, cultivadas especificamente para seremincorporadas como “adubo verde” ao solo, e aadição de estercos (currais, cama de ave),principalmente para a produção intensiva dehortaliças. Altieri (2004) também destaca como umdos elementos técnicos básicos de uma estratégiaagroecológica a reciclagem de nutrientes ematéria orgânica baseada na biomassa de plantas(adubação verde, resíduos das colheitas e fixaçãode nitrogênio) e biomassa animal (uso de esterco,urina, etc) além da reutilização de nutrientes erecursos internos e externos à propriedade).Práticas estas como o uso de estercos, adubaçãoverde e adição de restos vegetais, adotadas peloshorticultores do Bairro Tatuquara, quereaproveitam materiais orgânicos oriundos dopróprio sistema (restos da cultura e dosalimentos), melhorando o nível de matériaorgânica do solo e diminuindo o aporte dessesdejetos nos aterros sanitários.

As hortas urbanas também possuem algumas

especificidades decorrentes da inserção daagricultura no ecossistema urbano que devem serconsideradas. A utilização de agrotóxicos noprocesso de produção pode se tornarrelativamente mais danosa devido a maiorproximidade de locais densamente habitados.Essa proximidade também pode gerar maiorcontaminação dos recursos produtivos (ar, água esolo) e dos próprios alimentos, por metaispesados e outros poluentes químicos de origemindustrial ou por contaminantes de origembiológica (MENDONÇA et al., 2007).

Nas hortas comunitárias do bairro Tatuquara,segundo a Prefeitura de Curitiba, não existemproblemas ou danos severos com pragas edoenças devido a grande diversidade de cultivos equando ocorrem, procuram utilizar somentepráticas naturais e orgânicas de controle (calda desabão, fumo, calda bordalesa, plantascompanheiras), bem como a capina, também feitade forma manual. Monteiro e Monteiro (2006) emanálise sócio-econômica e ambiental das hortascomunitárias de Teresina – PI, constatou quecerca de 61% dos horticultores entrevistadosfaziam controle das pragas e doençasmanualmente e que 28,51% controlavamquimicamente e 8% apenas utilizavam algum tipode técnica natural de controle, o estudo também

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revelou que os horticultores desconhecem asnormas de uso de agrotóxicos (equipamentos deproteção, destino das embalagens, deriva,...).

Outro estudo sobre a situação sócio-econômica e agronômica das Hortas UrbanasComunitárias implantadas pela Prefeitura doRecife – PE elucidou também a falta deconhecimento sobre cultivo orgânico por parte doshorticultores entrevistados, os quais utilizamDetefon® (Imeprothrin 0,015%, Termetrina0,069%) sobre canteiros das hortas e formicidas(OLIVEIRA et al, 2007).

De acordo com o questionário aplicado aoshorticultores da horta sob as LTs no BairroTatuquara pode-se perceber, embora em pequenonúmero, que alguns horticultores também nãodetêm conhecimento mais aprofundado do queseria uma horta com manejo ecológico, pois 6%(Tabela 3) responderam existir problemas com aaquisição de insumos para produzirem na horta,como adubos químicos e agrotóxicos, os quaisconsideraram insumos importantes e afirmaramnão possuir acesso a estes.

Com relação à irrigação, esta é feitamanualmente, e a uma baixa altura do solo,recomendações estas, repassadas pela própriaEletrosul para evitar acidentes. Atualmente, oshorticultores da Horta Comunitária do Tatuquaraestão realizando a irrigação através de águabombeada manualmente de poços. Esta questãofoi apontada, de acordo com o questionário

aplicado, como a maior dificuldade encontrada nocultivo da horta (54%) (Tabela 3). E desta forma, apedidos da Associação de Moradores quecultivam na horta sob as LTs, a PrefeituraMunicipal de Curitiba já está viabilizando ainstalação de um sistema com bombas elétricas edistribuição da água ao longo das hortas.

Embora a aquisição de um sistema deirrigação indiscutivelmente facilitará o trabalho doshorticultores, Gliessman (2005) propõe que airrigação representa uma mudança maior nafunção do ecossistema e gera seus própriosproblemas ecológicos. Além da latente questãoeconômica, pois normalmente, sistemas defornecimento de água são caros. Técnicas menosdispendiosas de manejo da umidade do solo paraassegurar que a rota principal da água para forado mesmo ocorra através da cultura, podem serobtidas através de coberturas orgânicas. Práticaessa não observada em visitas “in loco” na hortasob as LTs no bairro Tatuquara. A adoção destaprática diminuiria a problemática de freqüência deirrigação demandada especialmente em mesesmais quentes e secos e, melhoraria a questão domanejo adequado do solo para evitar processoserosivos.

Conclusões

De acordo com o estudo realizado observa-sediante da percepção dos horticultores quetrabalham nas hortas sob as LTs, impactos

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positivos a partir da instalação da mesma.Principalmente em relação à qualidade de vida,uma vez que houve redução no vandalismopraticado nas áreas ociosas sob as LTs e melhoriasignificativa na sua alimentação, bem como umamudança substancial na utilização da área empauta, outrora utilizada como depósito de lixo.

Apesar das LTs resultarem em fortedegradação ambiental, a utilização destas áreaspara uma atividade produtiva compromete acomunidade do seu entorno em relação ao bomuso do espaço e impede ocupações ilegais, quepossivelmente poderiam ocorrer sob estas linhasde alta tensão.

A contínua capacitação das famílias empráticas agronômicas alternativas e naturais, comocultivo orgânico, é de extrema importância,visando aumentar o conhecimento desteshorticultores sobre estas práticas, a fim de sequebrar o estigma, gerado em parte pela própria“Revolução Verde”, de que não é possível cultivarvegetais sem o uso de agrotóxicos e pesticidas.Mostrando-lhes que é possível uma melhoria daprodutividade sem degradação ambiental,promovendo a diversificação e diferenciação dosprodutos gerados nestas hortas comunitárias ebem como a melhoria da qualidade de vida dacomunidade.

Notas

1 As origens do Tatuquara estão ligadas aalguns bairros próximos – Umbará, Ganchinho,Campo de Santana e Caximba – todos situadosno extremo Sul de Curitiba. Em 1965 foi registradoo primeiro loteamento legal e aprovado pelaprefeitura no Tatuquara. Porém, a região foi alvode muitas invasões, até recentemente. Um grandecontingente de migrantes, vindos de outrosEstados e de cidades do interior, atrás de trabalhoe vida melhor em Curitiba, acabou por seestabelecer nas amplas terras do Tatuquara. Nadécada de 70 começaram as ocupaçõesirregulares. Na década de 80, o governo

desapropriou terras do Tatuquara – uma área de220 mil metros quadrados, pertencente a umaimobiliária, onde já havia mais de 100 famíliashumildes instaladas. A intenção era regularizar oslotes e evitar o despejo dos moradores

Algumas ocupações foram regularizadas,outras ainda não (Gazeta do Povo, 2009).

Agradecimentos

Os autores agradecem a Secretaria doAbastecimento de Curitiba na figura doZootecnista Edson Pereira e a Senhora JosefaBernoeki, Presidente da Associação das hortascomunitárias do bairro Tatuquara pelasinformações e tempo cedido para este estudo. Etambém agradecemos ao Instituto Agroecológico,Curitiba, PR, que nos proporcionou oportunidadede participarmos de algumas de suas oficinas nacomunidade para fins de elaboração desseestudo.

Informações verbaisPEREIRA, E. Entrevista concedida a Michelle

Melissa Althaus Ottmann e Mailane Junker Raizerda Cruz. Curitiba, junho. 2008.

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