impactos da industria petroleo 2

GURGEL ET AL. (2013)

HOLOS, Ano 29, Vol 3 130

IMPACTOS DE EXTRAO DO PETRLEO (LEO E GS) NO RIO GRANDE DO NORTE, NA REGIO DO ALTO DO RODRIGUES/RN

C. A. V. GURGEL, G. B. de QUEIROZ, E. L. S. C. dos SANTOS e M. L. M. GALVO Diretoria Acadmica de Recursos Naturais Instituto Federal do Rio Grande do Norte

[email protected] [email protected]

Artigo submetido em outubro/2011 e aceito em agosto/2013

RESUMO

Este trabalho traz a temtica dos impactos gerados pelo desenvolvimento da atividade petrolfera que proporciona tantas riquezas e conflitos. A abordagem feita em cima dos impactos de extrao do petrleo e a utilizao do gs, retirado dos poos, na usina de termoeltrica de co-gerao do Vale do Au, Jesus Soares Pereira. Fundamenta-se numa pesquisa bibliogrfica e no levantamento de dados em campo. Ela aborda os principais pontos da histria, a composio do petrleo, extrao, produo, geopoltica e o desenvolvimento da atividade petrolfera no territrio norte-rio-grandense, com a caracterizao do municpio

de Alto do Rodrigues, feita pelo relatrio do Servio Geolgico do Brasil (2005), um breve relato sobre o gs natural e a apresentao dos dados que foram coletados durante visita tcnica a usina, onde ainda foi observada a importncia da atividade para o estado e a preocupao com a questo ambiental e a no emisso de gases txicos ou estufa da empresa, que responsvel pela produo do vapor de gua, o qual injetado em outros poos demonstrando a interao entre a atividade de extrao e a gerao de energias e riquezas para o estado do Rio Grande do Norte.

PALAVRAS-CHAVE: petrleo no RN, impactos ambientais, gs natural no RN, TERMOAU.

IMPACTS OF EXTRACTION OF PETROLEUM (OIL AND GAS) IN RIO GRANDE DO NORTE, IN THE ALTO DO RODRIGUES/RN

ABSTRACT

This paper brings the themes of the impact caused by development of the oil activity that provides so many riches and conflicts. The approach is made upon the impacts of oil extraction and utilization of gas from wells in the removed thermal power plant co-generation Vale do Au, Jesus Soares Pereira. It is based on a literature search and field survey data. It covers the main points of history, the composition of the oil, mining, production, geopolitical and the development of the oil activity in the territory of Rio Grande do Norte, with the characterization of the municipality of Alto do

Rodrigues, made by the report of the MRCP (2005), a brief report on natural gas and presentation of data that were collected during the plant technical visit, where noted the importance of activity for the state and concern about environmental issues and no toxic fumes or gases company, which is still responsible for the production of water vapor that is injected in some wells demonstrating the interaction between the mining activity and the generation of energy and wealth for the territory of Rio Grande do Norte.

KEYWORDS: petroleum in RN, environmental impacts, natural gas in RN, Termoau.



IMPACTOS DE EXTRAO DO PETRLEO (LEO E GS) NO RIO GRANDE DO NORTE, NA REGIO DO ALTO DO RODRIGUES/RN

INTRODUO

O presente trabalho discorre sobre o processo produtivo do petrleo, visando a extrao e os impactos decorrentes dele, disponibiliza conhecimento no tocante a origem e composio do petrleo, que configuram um embasamento necessrio para discusses sobre as questes ambientais principalmente as do territrio potiguar , alm das noes sobre a histria, a representatividade e o desenvolvimento da atividade no Rio grande do Norte, com destaque para o municpio de Alto do Rodrigues, sede da usina de termoeltrica de co-gerao do Vale do Au, Jesus Soares Pereira, que est atrelada a atividade petrolfera da regio. Esta pesquisa foi fomentada pelo Programa de Formao de Recursos Humanos da PETROBRAS (PFRH-PETROBRAS), que estimula jovens a pesquisarem sobre energias e biocombustveis a fim de despertar o interesse sobre a temtica.

A fim de se alcanar os objetivos determinados, obteve-se o conhecimento por meio da literatura disponibilizada, que trouxe dados da histria e configurao da problemtica, alm de apresentar o produto gerado. Em seguida foi realizada uma visita tcnica a Usina Termoeltrica do Vale do Au, que proporcionou a coleta de informaes, alm da realizao de entrevistas; a participao em aulas dialogais, os grupos de estudo e os seminrios tambm auxiliaram na confeco do artigo. Por fim, o PFRH disponibilizou um minicurso de geoprocessamento para subsidiar a pesquisa no seu carter grfico.

Como a pesquisa encontra-se em desenvolvimento, ainda est se trabalhando no destaque para os impactos de extrao e produo de petrleo em territrio potiguar, mas a literatura at agora levantada que relata a utilizao do gs na TERMOAU est presente no corpo do artigo.

O trabalho inicia apresentando os principais pontos da histria mundial do petrleo, bem como traz sua origem e composio para auxiliar no entendimento posterior do desenvolvimento da atividade. Em seguida apresentada a forma mais usual de produo na rea de Alto do Rodrigues, a produo por bombeio mecnico, ou cavalo-de-pau.

Os impactos ambientais vm logo em seguida, uma vez que os questionamentos sobre essa fonte de energia primria na atualidade se fazem presentes de forma recorrente em noticirios e convenes. Com uma viso que leva em conta o conceito de sustentabilidade e de impacto ambiental, apresentado um dos principais impactos da atividade petrolfera, que a contaminao da gua injetada nos poos para melhorar a produo.

Aps os impactos, a atividade petrolfera caracterizada no RN pela histria e representatividade no RN, a apresentao do municpio de Alto do Rodrigues, e a utilizao do gs pela usina com a colocao dos dados da visita bem como tambm feito um breve relato sobre composio e utilizao do gs natural.

Por fim, as consideraes finais trazem o pensamento referente atividade no Rio Grande do Norte que pode ser extrado com a leitura, bem como demonstra a preocupao com o desenvolvimento sustentvel da atividade de extrao do petrleo e da utilizao do gs natural.



1. PETRLEO: ORIGEM E HISTRIA

Com o caminhar da humanidade no s se evolui no conhecimento, mas tambm cresce o consumo. E, para sustentar esse consumismo, a procura por mais reservatrios da principal fonte primria de energia da modernidade, o petrleo, cresce, alm da busca por novas tecnologias, adaptaes e aperfeioamento.

O petrleo est presente em vrios itens do cotidiano das pessoas e da indstria, como combustveis, fertilizantes e petroqumicos, que substituem uma grande parte de matrias-primas, como vidro, metais, celulose e at mesmo as de origem animal, como l, marfim e couro. Ele sinnimo de riqueza e poder para um pas e se tornou mais valorizado ainda com a criao da OPEP (Organizao dos Pases Exportadores de Petrleo), pois no s garante o desenvolvimento da indstria, do transporte e da segurana, como tambm imprescindvel para a estabilidade de grandes potncias mundiais, como Estados Unidos, China, Rssia, Brasil, Venezuela, entre outros. E, como todo tesouro, foi o motivo de vrias guerras: a Primeira Guerra do Golfo, a Guerra Ir-Iraque, a luta pela independncia da Chechnia e a invaso estadunidense no Iraque, em 2003.

1.1 Origem

O petrleo um composto viscoso de Carbono e Hidrognio (hidrocarbonetos alifticos, alicclicos e aromticos) com pequenas pores de Oxignio, Nitrognio e Enxofre, de colorao que varia entre o negro e o mbar, alm de menos denso que a gua. Pode ocorrer no estado slido, em que conhecido como asfalto, no estado lquido, denominado de leo cru, e no estado gasoso, como gs natural.

As bacias sedimentares, que constituem 64% da estrutura geolgica das terras emersas brasileiras, consoante Moreira & Sene (2005, p. 84), so depresses de relevo preenchidas por fragmentos de rochas preexistentes, que foram erodidas, e grande quantidade de organismos animais e vegetais depositados, lentamente, em um grande intervalo de tempo geolgico e que por meio da compactao ou cimentao ocasionadas pelo emparelhamento das camadas geolgicas, calor e presso transformam-se em combustveis fsseis. A maioria dos hidrocarbonetos explorados mundialmente vem de rochas sedimentares. Alm da matria orgnica e das transformaes termoqumicas, para que o petrleo (leo e gs) venha a se formar, tambm preciso outras condies iniciais, como o afastamento das bactrias aerbicas, a imobilidade do material orgnico por um longo perodo e a presena de bactrias anaerbicas. O petrleo ento formado migra pelos poros da rocha para locais de menor presso e vem a superfcie ou para em uma camada impermevel, onde ser armazenado.

As reas mais propcias formao de petrleo so mares interiores, baas e golfos, sendo a ocorrncia de reservas nos interiores dos continentes resultantes de reas originalmente marinhas, emergidas por foras advindas dos movimentos da crosta, ou da migrao do leo das rochas geradoras para as rochas armazenadoras por meio de fendas.

Com relao idade dos sedimentos, 60% do petrleo e do gs encontrado so originrios de estratos do perodo cenozico, conforme Corra (2003, p. 14), sendo as principais reservas



petrolferas datadas do mesozico (perodo cretceo).

1.2 Histria

O primeiro poo de petrleo foi perfurado nos Estados Unidos durante uma busca por gua comum em algumas regies norte-americanas a escassez de gua , em 1859. Mas seu uso industrial s se deu na segunda metade do sculo XIX, em Tittusville pelo Coronel Edwin L. Drake a produo chegou a 19 barris/dia, Consoante Cneo (2011, p. 01).

Para conseguir perfurar o poo, o primeiro mtodo utilizado foi o de escavao da terra e para se alcanar rapidamente maiores profundidades o mtodo mais eficaz o rotativo, onde a coluna de perfurao, tendo na ponta uma broca, vai penetrando no solo em determinados intervalos retiram-se amostras que vo sendo analisadas no decorrer da operao; algumas vezes a perfurao feita de maneira direcional para debelar um incndio ou controle de jorro de petrleo;

A 4000 metros de profundidade, em camadas de rochas sedimentares, o poo sofre uma presso de mais de 400 atmosferas (400 kg por cm2) e para equilibrar a presso interna com a externa injetada no poo uma mistura especial de lama, argila e gua que vai sendo despejada medida que a sonda se aprofunda. (CNEO, 2011, p. 01)

Com relao a esses fluidos, existem variados tipos que, dependendo das propriedades das formaes geolgicas a serem perfuradas, variam em sua composio qumica segundo Corra (2003, p. 41), os produtos mais utilizados so: amidos, carbonatos, soda custica, detergentes, cidos, inibidores de corroso, cromatos, cloretos, asfaltenos, polifenis, polmeros, etc. Eles so denominados ainda como lamas de perfurao e so indispensveis para evitar a entrada de fludos das formaes, a entrada de lascas de rocha no poo devido presso que exercem , alm de resfriarem a broca e trazerem o material perfurado (cascalho) do fundo do poo at a superfcie e assim tal material ser analisado por gelogos, o que, mesmo confirmada inexistncia de uma reserva produtiva, contribui para um maior conhecimento e interpretaes dessa rea explorada.

O primeiro uso do petrleo foi como combustvel, em substituio do leo da baleia na iluminao, por exemplo. Como era muito inflamvel ele passou a ser refinado em alambiques, obtendo-se assim, o querosene. A inveno dos motores de exploso e a diesel, em 1887, fez com que as fraes do petrleo que eram desprezadas passassem a ter novas aplicaes.

No Brasil, j se tinha relatos da utilizao do petrleo desde os tempos de imperialismo, onde o Marqus de Olinda cedeu o direito a Jos Barros de Pimentel de realizar a extrao de betume nas margens do rio Marau, na Bahia.

O primeiro reservatrio de petrleo brasileiro foi encontrado em 1930 em Lobato, bairro suburbano de Salvador (BA), pelo engenheiro agrnomo Manoel Incio de Basto, que em 1932 comunicou seu achado ao ento presidente da repblica, Getlio Vargas.

A descoberta de tal riqueza gerou inmeras medidas institucionais nessa dcada e nas dcadas posteriores como, em 1938, a discusso sobre o uso e a explorao dos recursos do subsolo brasileiro, que viabilizou a criao do CNP - Conselho Nacional do Petrleo (em suas primeiras aes, o conselho determinou vrias diretrizes com respeito ao petrleo e determinou



que as jazidas pertencessem Unio); em 1953, foi estabelecida a oficializao do monoplio estatal sobre a atividade petrolfera e a criao da empresa estatal Petrleo Brasileiro S.A., mais conhecida como Petrobras; e na dcada de 60 aumentou-se o poder econmico da Petrleo Brasileiro S.A. No ano de 1968, a empresa passou a desenvolver um projeto de extrao iniciando a explorao de petrleo em guas profundas; em 1974 houve a descoberta dos poos na bacia de Santos, a maior reserva do pas, e com o passar dos anos desenvolveu-se tecnologias para a explorao marinha em guas profundas e ultraprofundas, o que tornou o territrio brasileiro auto-suficiente em petrleo, suprindo, conforme Sousa (2010, p. 01), mais de 90% da demanda interna de petrleo e seus derivados. Tal conquista proporcionou no s o crescimento econmico, mas tambm a diminuio do desemprego.

As reservas de petrleo no mega campo de Tupi, na Bacia de Santos, foram descobertas em 2007. O termo pr-sal a denominao dada pelos gelogos camada de rochas porosas que se localiza abaixo de uma espessa camada de sal no subsolo marinho. Ela guarda grandes reservatrios de petrleo, numa faixa de 800 km que vo do estado do Esprito Santo ao de Santa Catarina e a sete (07) mil metros de profundidade, consoante Sousa (2010, p. 01).

Estima-se, ainda, que as jazidas do pr-sal tenham iniciado seu processo de formao a mais de 100 mil anos, quando o super continente Gondwana se separou formando os atuais, mais precisamente durante a separao entre o atual Sul Americano e Africano. O principal desafio ampliao da extrao nessa bacia o tipo de rocha. Na Bacia de Campos, o principal campo petrolfero brasileiro localizado na camada ps-sal, o leo est armazenado em rochas com predomnio de silcio. No pr-sal, a substncia encontra-se armazenada em rochas constitudas principalmente por carbonato de clcio e magnsio, o que dificulta o trabalho dos gelogos.

2. PERFURAO DE POOS

Neste documento ser exposta a perfurao de poos onshore, uma vez que a pesquisa se delimita extrao em terra.

Aps os estudos para a determinao do tamanho da reserva de petrleo e os impactos ambientais que sero gerados, alm da posse das licenas para iniciar a atividade, o terreno limpo, nivelado e so construdas estadas de acesso, uma vez que as sondas terrestres necessitam de tal recurso para poderem ser transportadas como as sondas que perfuraro necessitam em locais de difcil acesso, como ilhas e florestas, de helicpteros e embarcaes.

A perfurao s termina quando atingida a profundidade determinada nos estudos geolgicos feitos durante a explorao.

Como nessas perfuraes um dos itens de extrema importncia so os fluidos, ou lama, de perfurao, faz-se necessria a existncia de fontes dgua nas proximidades. Se elas no existirem naturalmente, a equipe se encarregar de cavar poos dgua para essa produo de guas subterrneas. Essa lama injetada no poo por meio de canais dentro da estrutura das brocas, o que auxiliar no s na retirada dos cascalhos, mas tambm na perfurao, uma vez que se calcula a melhor hidrulica para aumentar o impacto dos jatos sobre a estrutura.

As caractersticas que fluidos de perfurao devem possuir so:

Refrigerar as brocas de perfurao.



Ter uma viscosidade suficiente para arrastar os cascalhos formados ao fundo do poo para a superfcie.

Possuir uma tenso superficial e densidade suficiente para manter em suspenso os cascalhos contidos na lama durante a paralisao da perfurao, enquanto se fazem as coneces do dos tubos, durante a perfurao.

Ter um peso suficiente para manter a presso hidrosttica da lama equivalente presso das formaes atravessadas, evitando a ocorrncia de erupes (kicks ou blowouts) durante o avano da perfurao.

No alterar as suas caractersticas com o aumento da temperatura do fundo do poo medida que a perfurao prossegue.

No penetrar, atravs de seu filtrado (lquido que a lama perde entre o poo e as formaes), nas formaes que estejam sendo perfuradas. (CORRA, 2003, p. 41)

Devido sua extrema importncia, existem muitas empresas que se encarregam dos estudos sobre essas lamas, e da fabricao de alguns produtos especiais e/ou do prprio fluido, bem como acompanham as caractersticas dele na utilizao.

Como aqui j foi exposto, h vrios tipos de lamas de perfurao, e para o desenvolvimento de uma atividade podem ser usados mais de um tipo de fluido:

Assim, temos: as lamas a base de gua (as mais comuns na perfurao das formaes superficiais); as de base leo, hoje evitadas, devido aos problemas ambientais; as de base em solues catinicas, atualmente muito utilizadas, devido estabilidade de suas caractersticas; as de base cal, muito utilizadas na perfurao de calcreos; e muitas outras. (CORRA, 2003, p. 41)

A gua a fase contnua e o principal componente dos fluidos a base da gua, ou aquosos. Eles so relativamente mais baratos e biodegradveis, porm possuem limitaes tcnicas e operacionais para a execuo da atividade.

A fim de suprir as lacunas deixadas pelos fluidos aquosos, desenvolveu-se como alternativa, os fluidos sintticos, que tem como base a parafina leo altamente hidratado , alm de outros adicionais qumicos.

Para o descarte dos fluidos de perfurao, que trazem os cascalhos, alm dos cortes de rocha, a equipe cava um fosso reserva que ser revestido com plstico. Caso a rea seja de risco, como pntanos e regies selvagens, esse material deve ser descartado com o auxlio de caminhes em outros locais.

Assim, so escavados vrios tipos de poos, alm dos que aqui j foram citados, e que recebem denominaes conforme sua finalidade:

Poo pioneiro. o primeiro poo perfurado na rea.

Poo estratigrfico. aquele perfurado para melhor conhecimento da superfcie.



Poo de extenso. o poo que ir determinar o tamanho da jazida de petrleo encontrada.

Poo pioneiro adjacente. aquele perfurado prximo ao primeiro poo da rea.

Poo perfurado para a jazida mais rasa do reservatrio.

Poo perfurado para a jazida mais profunda do reservatrio.

Poo de desenvolvimento. o poo perfurado para desenvolver um campo de petrleo.

Poo de injeo. aquele destinado a injetar fluidos dentro do reservatrio, para estimular sua produo.

Poo dgua. Destina-se a produo de guas subterrneas. (CORRA, 2003, p. 21 )

Aps essa primeira fase de preparao, a sonda terrestre instalada. As sondas de perfurao so constitudas de trs sistemas indispensveis, e outros dois, que no se fazem essenciais. Tais sistemas so, consoante Corra, respectivamente: o sistema de elevao; o sistema de circulao; o sistema de rotao; o sistema de compensao de ondas (que destinado a plataformas em alto mar, e que por isso no ser mencionado mais adiante) e; o sistema de preveno de erupes.

O sistema de elevao composto pela torre (ou mastro), formada por uma srie de tubos enroscados, que suporta o gancho e os elevadores e sustentada por um conjunto de polias, denominado Catarina, alm dos cabos de perfurao, outro bloco de polias, o de coroamento, e do guincho e seus motores.

J o sistema de circulao o encarregado de bombear a lama de perfurao.

Quando perfurando, as bombas de lama so utilizadas para circular os fluidos dos tanques de fluidos de perfurao, atravs do tubo bengala, mangueiras de perfurao, swivel, haste quadrada, tubulao de perfurao, at a broca. Assim, os cascalhos oriundos do corte das formaes, pela broca, so carregados do fundo do poo para a superfcie. (CORRA, 2003, p. 31)

As bombas de lama desse sistema ainda so utilizadas na cimentao, durante o revestimento do poo para evitar que o poo desmorone e auxiliar na circulao dos fluidos de perfurao.

Com relao ao ltimo sistema essencial, o de rotao, ele o responsvel pela perfurao rotativa e constitudo, basicamente, pela mesa rotativa e seus motores, a haste quadrada e o swivel. Os motores podem ser a exploso ou eltricos.

Por fim, o preventor de erupes constitudo por um conjunto de vlvulas de alta presso, colocadas uma em cima da outra e fixadas com parafusos, que previnem e agem durante uma erupo de gs, leo, gua ou outros fluidos que possivelmente cheguem superfcie. Quando h o alerta ou a erupo constatada, o sistema fecha o poo e desvia os fluidos, primeiramente, para um tanque de lama reserva, depois para um desgaseificador e depois para os tanques de lama, onde sero armazenados. Neste equipamento, a lama com peso e densidade menor tem a possibilidade de ser tratada para elevar seu peso ou mudar suas caractersticas.



No mais, com os testes, aqui j citados, que so realizados com os cascalhos durante a perfurao possvel se obter o perfilhamento da rea e se constatar realmente a existncia ou no de hidrocarbonetos e se tal reserva vivel.

Para definir a real produtividade do poo, pode ser programado um teste de formao de longa durao (cerca de 72 horas). Esses testes so feitos co uma coluna, na qual colocam-se dois packers (vedadores de borracha inflveis, sob presso), para isolar o intervalo a ser testado, tendo entre elas uma de tubos perfurados, por onde penetrar o fluido da formao, quando se abrir uma vlvula que permite a entrada dos fluidos para dentro da tubulao e, em alguns casos, conforme o programado, surgindo na superfcie, onde ser direcionado para tanques para tal fim. (CORRA, 2003, p. 44)

Vale ressaltar, mais uma vez, que tais estudos tambm so importantes para o conhecimento da rea, no perdendo o valor depois da descoberta de hidrocarbonetos ou no.

Caso o poo apresente-se seco, o revestimento que vinha sendo feito por fase estacionado e so descidas pastas de cimento (tampes), uma por vez, para o fechamento do poo e assim no permitir a circulao de fluidos de algumas reas. Segundo Corra, o nmero de tampes varia conforme a quantidade de zonas que necessitam de isolamento.

Em campos j em desenvolvimento podem ser perfurados outros poos, alm dos j comentados.

Tais poos podem ter a inclinao o mais prximo possvel da horizontal: so os poos horizontais. Essa caracterstica, consoante Corra, aumenta a exposio da zona produtora em 100%, pois a parte final do poo fica totalmente envolvida pelo reservatrio. Esse tipo de poo est em grande evidncia nos ltimos anos.

Esse tipo de poo faz parte de um grupo denominado de poos direcionais, que proporcionam a base de perfurao, na superfcie, atingir pontos muito distantes e de difcil acesso.

As situaes que necessitam de tais poos so:

objetivos longe da locao;

perfurao dentro de vilas e cidades;

na beira de rios, lagos e do mar;

afastamento de poos secos;

plataformas com mltiplos poos;

interferir em poos com blowouts; e outros.

O desvio de poes feito por ferramentas especiais como: turbinas; calhas desfiaduras; subs defletores (knuckle joints); brocas com jatos especiais; comandos no magnticos (k-monel), etc. Para conseguir-se o desvio do poo, utiliza-se uma ou mais dessas ferramentas e efetua-se um preciso controle dos parmetros de perfurao e, principalmente, do posicionamento dos estabilizadores na coluna de comandos. (CORRA, 2003, p. 47)

A fim de se manter o controle da orientao do poo, no que diz respeito direo e



inclinao, so retiradas fotos, por meio de equipamentos especiais, que registram continuamente o que permite a tomada correta de decises a qualquer momento, como a alterao de parmetros ou a retirada da tubulao para modificar a distribuio dos estabilizadores da coluna, tudo isso para o poo chegar a seu objetivo.

3. PRODUO DE PETRLEO

Poos so os condutos para o fluxo dos fluidos das formaes at a superfcie. Para mantimento e o controle desse fluxo so utilizados equipamentos e vrios itens, denominados, conforme Corra (2003, p. 51), de completao de poo.

Como as situaes se tornaram mais complexas, sendo necessrias completaes cada vez mais profundas para que aumentassem as zonas produtoras, inmeros equipamentos de fundo de poo foram desenvolvidos. Devido evoluo na tecnologia de cimentao, ela pode ser usada como recurso na compleao:

A cimentao de um poo uma operao essencial em todas as completaes, pois necessria uma boa aderncia do cimento no espao entre o revestimento e a formao produtora (reservatrio). Atualmente, a maioria dos poos so cimentados cobrindo todo o reservatrio e cobrindo uma certa altura acima do topo do mesmo. (CORRA, 2003, p. 51)

A fim de estabelecer-se o fluxo para os poos, bem como sua estimulao, uma vez que a produo tende a diminuir no decorrer do tempo, fazem-se furos laterais, ou perfuraes, com cargas explosivas dirigidas, equipamento vulgarmente conhecido por canho; com cido para um fraturamento hidrulico; ou com a diminuio da tubulao, o que Corra (2003, p. 51) denomina tubing, com a finalidade de tornarem viveis a velocidade, a presso e o volume produzido; entre outros.

So variadas as opes de mecanismos de produo de petrleo e/ou gs que podem ser utilizados para levar os fluidos do fundo do poo at a superfcie.

Quando a presso do reservatrio suficiente para tal fim, o poo considerado surgente. Caso seja necessrio fornecer alguma energia auxiliar no interior do poo, a surgncia dita artificial.

H vrios sistemas de elevao artificial que auxiliam o poo a conseguir atingir a vazo esperada. Entre estes sistemas, temos os seguintes:

Bombeio mecnico por hastes (sucker rod pumping);

Elevao por gs (gs lift);

Bombeio eltrico submerso convencional (electrical submersible pumping);

Bombeio eltrico a pisto (hydraulic piston pumping);

Bombeio hidrulico a jato (hydraulic jet pumping);

Elevao a embalo (plunger lift);



E outros. (CORRA, 2003, p. 56)

Na regio de Alto do Rodrigues/RN, localizado no vale do Au, durante visita tcnica, o grupo observou grande proporo do mecanismo de elevao artificial de bombeio mecnico, cuja bomba conhecida como Cavalo de pau, como pode ser observado na figura abaixo (figura 1) com destaque para dois desses mecanismos de bombeio:

Figura 1: Cavalos de Pau utilizados na explorao de poos em Alto do Rodrigues (RN). Fonte: Nova (2011).

O bombeio mecnico uma unidade motora instalada na superfcie, que aciona as hastes controladoras da bomba, e que por um movimento de pistoneio do poo, devido ao movimento alternado das hastes, o leo produzido. Podem-se observar as seguintes vantagens e desvantagens:

Vantagens:

Pode usar gs ou eletricidade como fonte de energia;

Simples e fcil de operar;

Aplicvel em poos de pequeno dimetro e completaes mltiplas;

Pode bombear um poo com baixa presso;

Pode elevar leos de alta temperatura e viscosidade.

Desvantagens:

Poos tortuosos apresentam problemas de frico;

Alta produo de slidos causa problemas;



limitado pela profundidade, devido, principalmente, capacidade das hastes;

Obstrui em locaes urbanas;

Pesado e volumoso para operaes no mar. (CORRA, 2003, p. 57)

4. IMPACTOS AMBIENTAIS DE EXTRAO DO PETRLEO

A sustentabilidade est ligada ao desenvolvimento tecnolgico e econmico sem agresso ao meio ambiente, usando os recursos naturais de maneira inteligente, possibilitando a manuteno deles (rios, lagos, oceanos, florestas, matas) e garantindo a existncia de vida no futuro. Sendo assim, cada atividade realizada pelo ser humano deve levar em considerao primeiramente a sustentabilidade, tornando sustentvel o desenvolvimento, com aes que possam suprir as necessidades humanas e sejam socialmente justas, ambientalmente corretas e economicamente viveis, resguardando as geraes futuras.

indubitvel que a extrao do petrleo gera impactos ambientais e sociais tanto diretamente quanto indiretamente. Uma vez que essa atividade se constitui na interveno do meio ambiente para extrao de um recurso natural, com potenciais impactos ambientais. Por outro lado, os impactos podem ser positivos, atravs do aumento da arrecadao tributria e um aumento no dinamismo econmico da regio. Por isso, cabe a anlise cuidadosa do que mais vantajoso tanto para o meio ambiente quanto para a sociedade, sob a tica da sustentabilidade.

Impacto ambiental qualquer alterao (vantajosa ou danosa) no meio ambiente causada por determinada ao ou atividade que afete a qualidade do solo, gua, atmosfera (meio fsico), dos ecossistemas, da flora, ou da fauna (meio bitico) ou das atividades humanas como turismo, pesca ou atividades culturais (meio socioeconmico).

Os impactos podem vir a atingir os diversos nveis de organizao dos seres vivos desde o subcelular at o ecossistema. Uma modificao em nveis mais baixos pode ou no ser refletida em nveis superiores como uma diminuio na biodiversidade ou modificao (negativa ou positiva) no patrimnio gentico. Sendo de extrema importncia a anlise da estrutura e das interaes dos organismos que sero afetados com a minerao.

A gua contaminada apresenta-se como um dos principais impactos ambientais da produo de petrleo. Essa contaminao ocorre ao tentar manterem-se condies adequadas de presso na rocha-reservatrio para a migrao do petrleo at a superfcie; no processo geralmente efetuada uma injeo de gua nas camadas inferiores do reservatrio. Conforme Cotovicz Junior e Silva (2009, p. 91, apud MARIANO; ROVERE 2006) um campo novo produz de 5 a 15 % de volume de gua. medida que a vida econmica dos poos se esgota, essa gua pode atingir uma faixa de 75 a 90 %de volume total extrado do poo.

A gua produzida na explorao do petrleo contm geralmente alta salinidade, partculas de leo em suspenso, produtos qumicos adicionados nos diversos processos de produo, metais pesados e por vezes alguma radioatividade. Isto a torna um poluente de difcil descarte agravando-se pelo expressivo volume e quantidade de compostos envolvidos. (COTOVICZ JUNIOR; SILVA 2009, p. 94 apud RAY; ENGELHARDT,



1992)

A produo excessiva de gua descartada um problema srio nos campos de petrleo maduros. Geralmente o descarte feito em grandes ambientes receptores (reas offshore), onde a diluio e a disperso rpida tomam lugar. O descarte de tais volumes de resduos vem causando preocupaes sobre a poluio ambiental no controlada e irreversvel no ambiente marinho. As guas produzidas apresentam, em geral, altos teores de contaminantes txicos; produtos qumicos adicionados durante a injeo, alm de uma complexa mistura de complexos orgnicos e inorgnicos dependendo do campo petrolfero. O impacto ambiental avaliado pela toxicidade dos constituintes e pela quantidade dos compostos presentes. (COTOVICZ JUNIOR; SILVA, 2009, p. 94 apud LIMA et al., 2008)

Devido aos grandes danos ambientais gerados pela gua descartada no processo, a legislao atuou de modo a estabelecer limites de contaminantes. A resoluo do CONAMA 357/05 estabelece nveis aceitveis de hidrocarbonetos e outros contaminantes para o descarte de guas utilizadas no processo de extrao do petrleo. O artigo 24 dessa resoluo estabelece como a concentrao padro para o lanamento de efluentes o limite de 20mg/l por dia.

5. PETRLEO NO RN: HISTRIA

A descoberta do petrleo no Rio Grande do Norte foi de fundamental importncia, uma vez que, em solo potiguar, foram feitos os primeiros registros de indcios do chamado ouro negro em territrio brasileiro. A descoberta foi feita ainda no final do sculo XIX pelo padre Florncio Gomes, no municpio de Apodi.

Entretanto, passaram-se dcadas desde o primeiro registro at a confirmao da existncia de petrleo no Rio Grande do Norte, pois foi necessrio que vrios pesquisadores e pessoas influentes insistissem que na bacia potiguar havia petrleo.

Cientificamente, as primeiras afirmaes da existncia de petrleo so do gelogo norte-americano John Casper Branner, que em 1922 publicou um livro, no qual indicava a possibilidade de haver petrleo na regio de Mossor.

Quase uma dcada depois, em 1956, a Petrobras resolveu fazer a primeira sondagem no Rio Grande do Norte, na regio de Gangorra, municpio de Grossos. Embora tenham confirmado a existncia de petrleo e de gs natural, os estudos concluram por uma inviabilidade econmica.

Em 1966, o prefeito de Mossor contratou uma firma para abrir um poo dgua, supervisionado pelo gelogo Lcio Cavalcante, na praa Pe. Joo Mota. O poo jorrou petrleo misturado com gua e serviu de combustvel para as lamparinas da populao pobre durante meses. Vinte anos depois, quando alguns estados j produziam petrleo com sucesso, foi descoberto o campo martimo de Ubarana, em Macau-RN.

Porm, foi apenas em 1973 no contexto da primeira crise do petrleo, que a Petrobras reiniciou suas pesquisas, esta feita na plataforma continental confrontante com os municpios de Macau e Guamar, descobrindo o campo petrolfero de Ubarana.

Dessa forma, em 1974, chegou a primeira plataforma continental na costa do municpio de Macau. Um ano depois, o poo martimo RNS-3 estava em pleno funcionamento. Inclusive o presidente na poca, Ernesto Geisel, veio visit-lo.



A partir de 1975, a Petrobras comeou a perfurao de poos na cidade de Mossor. Entretanto foi apenas em 1979 que encontraram petrleo em poos de gua. O poo MO-13 deu origem ao campo de Mossor, ainda no ano de 1979. Em 1980, foi perfurado o poo Mossor-14, que foi o primeiro poo terrestre comercialmente vivel do Rio Grande do Norte.

Na dcada de 1980, a perfurao de poos petrolferos terrestres foram intensificadas nos municpios de Macau, Mossor, Areia Branca e Alto do Rodrigues. A reestruturao das atividades de explorao, perfurao e produo no RN foi feita pela Petrobras no ano de 1995.

At o ano de 2003, j havia 4664 poos produtores de petrleo, que tinham uma produo diria de 85 mil barris, conferindo ao Estado a posio de o 1 maior produtor em terra e o 2 maior produtor em mar do Brasil.

6. EXPLORAO NO RN: ALTO DO RODRIGUES

A bacia potiguar compreende uma rea de 22.500km2, segundo o Servio Brasileiro de Apoio s Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) (2005, p. 70), de terras emersas, limitando-se ao sul, leste e oeste com rochas do embasamento cristalino e ao norte com o oceano atlntico e com o alto de Fortaleza.

sem dvida uma importante fonte de recurso, como pode-se observar com os dados da Agncia Nacional do Petrleo (ANP) de 2008, onde o RN produziu 22.331.784 barris, dos quais 19.207.588 extrados em terra e ainda apresentou a produo diria, segundo dados do SEBRAE (2005, p. 75), de trs (03) milhes de m3 de gs natural, sendo considerado o maior produtor nacional de petrleo em terra e o segundo no mar, atrs apenas do Rio de Janeiro, na poca.

O SEBRAE (2005, p. 70) nos traz a informao de que a bacia desenvolveu-se sobre um substrato de rochas pr-cambrianas. Seu arcabouo estrutural constitudo basicamente por quatro feies morfo-estruturais, relacionadas com o contexto evolutivo da margem equatorial atlntica, iniciada no final do perodo Jurssico.

No ano 2000, a Petrobras, construindo uma segunda unidade de processamento de gs natural em Guamar, dobrou a produo de gs no estado, alm de tambm, passar a produzir diesel e nafta no territrio potiguar.

Ao se falar da importncia dos royalties para as receitas municipais, tal representatividade chega, em alguns municpios, a mais de 50% do total do oramento municipal, conforme SEBRAE (2005, p. 79). Ainda dialogando com SEBRAE (2005, p. 79): o volume total dos recursos repassados sob a forma de royalties ao Estado, em 2004, foi superior a R$ 276 milhes. Desses recursos, cerca de 36%, ou seja, R$ 98 milhes, foram repassados diretamente aos quinze municpios produtores de petrleo e/ou gs natural.

6.1 Caracterizao da rea

Alto do Rodrigues um municpio norte rio-grandense, situado a 236 km da capital do Estado, Natal, na mesorregio do Oeste Potiguar e microrregio do vale do Au. As fronteiras municipais so estabelecidas com Carnaubais, Pendncias, Afonso Bezerra e Au, o que diz respeito a uma rea de 207 km, como pode ser observado no mapa abaixo (figura 2), com



destaque para Alto do Rodrigues e a bacia hidrogrfica do rio Piranhas Au:

Figura 2: Mapa do Rio Grande do Norte com destaque, segundo legenda, para o municpio de Alto do Rodrigues e a bacia do rio Piranhas Au. Fonte: Gurgel, Queiroz, Santos, Galvo (2012), adaptado de Moura (2007).

Segundo Servio Geolgico do Brasil (2005, p. 03), as principais atividades econmicas do municpio so: agropecuria, extrao de petrleo, gs natural, comrcio e extrativismo. Ainda consoante o Servio Geolgico do Brasil (2005, p. 04), Alto do Rodrigues possui temperatura mdia anual em torno de 25C e umidade relativa mdia anual de 69%, alm do clima quente e semi-rido, o que provoca uma grande evaporao e concentrao de sais na parte superficial do solo sais esses que aparecem devido proximidade com o mar.

Com relao formao geolgica, temos a citao de Servio Geolgico do Brasil (2005, p. 04): o municpio de Alto do Rodrigues encontra-se inserido, geologicamente, na Provncia Borborema, sendo constitudo pelos sedimentos das formaes Jandara, Tibau do Grupo Barreiras e dos Depsitos Aluvionares.

6.2 Utilizao do gs natural

A primeira vez que o gs natural foi usado no mundo aconteceu a cerca de 300 anos, na China, em que um vazamento superficial possibilitou sua coleta, atravs de tubulaes de

LEGENDA

Bacia do Rio Piranhas Au no RN

Bacia do Rio Piranhas Au na PB



bambus, para ser queimado e utilizado na evaporao de gua salgada a fim de se obter sal.

Esse gs composto essencialmente p hidrocarbonetos leves em estado gasoso, como metano, etano e propano; mas ainda podem existir contaminaes por nitrognio, dixido de carbono, gua e compostos de enxofre. Ele normalmente encontrado nos reservatrios, sendo acompanhado, ou no, por petrleo. Quando vem acompanhado de petrleo, essa relao depende do grau de saturao do leo com gs, em outras palavras, a quantidade de gs que est dissolvido no leo.

O gs possui um poder calorfico de 9.400 kcal/m3. A energia disponibilizada , provavelmente, o maior meio de transporte do leo dos reservatrios. Se existir gs dissolvido no leo, sua viscosidade diminui, tornando mais fcil sua produo. Ele inodoro, incolor e asfixiante, sendo assim, por medida de segurana, adicionado composto de enxofre a fim de que o odor permita identificar vazamentos.

O volume de gs que permanece em soluo nos reservatrios, depende da presso e da temperatura do mesmo. Quando no reservatrio, h menos gs do que o volume de leo existente capaz de absorver, o leo chamado de subsaturado e, no caso contrrio, chamado de supersaturado. Algum gs tende a se acumular nas estruturas mais altas do reservatrio e formam uma capa de gs e, neste caso, o leo permanece saturado com gs em soluo. (CORRA, 2003, p. 16, grifo do autor)

Atualmente, o gs natural terceira fonte de energia primria utilizada como matriz energtica no mundo. Sua maior contribuio se d pelo fato de apresentar uma queima uniforme, no produzindo resduos, e assim no agredindo o meio ambiente. Conforme o SEBRAE (2003, p. 22) sob condies normais de temperatura e presso, 1.000 m3 de gs equivalem a uma tonelada de petrleo.

Tal fonte energtica transportada comumente atravs de dutos em seu estado gasoso, mas tambm pode ser transportado por caminhes, trens e navios, sendo que dessa forma ele precisa ser pressurizado e acondicionado em cilindros (Gs Natural Comprimido GNC) ou ser liquefeito (Gs Natural Liquefeito GNL), o que reduz seu volume em 600 vezes.

No entanto, no s como fonte energtica que o gs natural se destaca. Ele tambm utilizado como matria-prima na obteno de vrios produtos, e a partir desses chegar a outros de grande importncia comercial como os combustveis:

Produtos primrios: acetileno, formaldedo, metano, protena sinttica, negro e fumo, enxofre elementar, etileno e amnia.

Produtos secundrios: a partir do acetileno benzeno, neoprene, cido actico e acrinolitilas; a partir do formaldedo desinfetantes e plsticos; a partir do metano metanol, hidrognio e cloreto de metila; a partir do fumo negro pneumticos; a partir do enxofre anidrido sulfuroso; a partir do etileno e da amnia explosivos, cido ntrico, fertilizantes, polmeros, etileno glicol.

Produtos tercirios: a partir da acrinolitilas fibras acrlicas e elastmeros de nitrila; a partir do hidrognio combustveis; a partir do cloreto de metila tetracloreto de carbono; a partir do anidrido sulfuroso cido sulfrico, preservativos de alimentos, alvejantes industriais, dissulfeto de carbono. (SEBRAE 2005, p. 22, grifo do autor)

O Rio grande do Norte participa com 8% do volume total de reservas provadas de gs natural nos estados, segundo dados de 2003 da Associao Nacional do Petrleo (ANP), o que



corresponde a 20.440 m3.

6.3 TERMOAU

No dia 15 de junho de 2011, a usina termoeltrica do vale do Au, Jesus Soares Pereira, permitiu uma visita tcnica a suas instalaes e colheita de dados sobre a empresa e seu processo produtivo. Somente foi autorizada a retirada de uma fotografia das caldeiras e chamins da usina (figura 3), como pode ser observado a seguir:

Figura 3: Caldeiras e chamins da Termoau, Alto do Rodrigues (RN). Fonte: Gurgel, Queiroz, Santos, Galvo (2011)

Para transmitir os dados e informaes a empresa disponibilizou um de seus engenheiros. Segundo o mesmo, a usina foi inaugurada no dia 19 de setembro de 2008 com investimentos da Petrobras (80%) e do grupo Iberdrola (20%), sendo que atualmente essa ltima parte est alugada a primeira empresa. Ela uma usina de co-gerao, ou seja, capaz de produz, simultaneamente, energia eltrica e trmica (calor/vapor do processo). A Petrobras fornece o gs natural utilizado como fonte de energia na usina. Em contra partida, a usina vende vapor de gua para a mesma, que o utiliza a fim de ajudar na fluidez do leo dos poos durante o bombeamento, prtica inovadora e ainda pouco difundida no mundo. O vapor de gua produzido determinado pela demanda.

Conforme o engenheiro, a usina capaz de suprir mais da metade da necessidade energtica do estado potiguar, e exporta energia para atender clientes da Companhia Eltrica da Bahia (Coelba) e Argentina. A energia que produzida vai para o sistema de distribuio, que no caso a Companhia Hidro Eltrica do So Francisco (CHESF), e de l direcionada para onde requerida. A demanda energtica determinada por esse sistema. No dia da visita, por exemplo, a usina estava produzindo 130 MW. Ela capaz de produzir 370 MW, consoante o funcionrio. Em tempos de pouca demanda, a usina produz no mnimo 90 MW, para garantir a sustentabilidade



da prtica. Quando a demanda for menor que 90 MW, a termoeltrica produzir apenas 30 MW, para suprir a necessidade da Petrobras de vapor de gua a usina capaz de produzir 450 t/h de vapor de gua.

A usina no produz gases txicos ou do efeito estufa, devido eficincia no processo de combusto utilizado por eles, alm de ser mais vivel a queima de gs de que a queima de qualquer outro combustvel segundo o engenheiro eles no possuem filtro nas chamins devido a esse fato, sendo o vapor de gua produzido destinado atmosfera. A usina tambm tem uma estao de tratamento, que devolve, com melhores parmetros, a gua do rio Au utilizada nas caldeiras em outro ponto diferente do da coleta.

Essa gua que coletada passa por uma grade, que retm os slidos de grande dimetro, por um filtro, vai para a floculao e recebe substncias para ficar deionizada. Depois do processo, ela se mistura ao leo e aos outros e efluentes advindos do processo e das dependncias da empresa, para ento ser separada e cada um receber um tratamento. Ela retorna ao rio quase em sua totalidade, pois h uma parte perdida na combusto e em vapor de gua.

Os lodos produzidos na estao de tratamento, bem como os resduos, so colocados em caambas e a Petrobras a encarregada da destinao final que o engenheiro afirmou ser um aterro sanitrio.

Um problema que h na usina o excesso de aves, que usam a estrutura da empresa como abrigo e acabam depositando fezes e penas nela, o que acarreta em problemas na sade nos funcionrios.

Os riscos que h na empresa, segundo o encarregado, so: os rudos, as altas temperaturas e presses (riscos fsicos), que podem se agravar em casos de acidente mas no afetam a populao devido a localizao do empreendimento ; os compostos de petrleo, o gs e as substncias utilizadas no tratamento de guas e efluentes, como o cido sulfrico (riscos qumicos); e os esgotos, alm dos lodos provenientes da estao de tratamento de gua e as aves (riscos biolgicos) no houve problemas com outros animais (de grande porte).

7. CONSIDERAES FINAIS

incontestvel a importncia da atividade petrolfera no Rio Grande do Norte, uma vez que ela proporciona atravs de royalties, gerao de empregos e melhoria de infra-estrutura, entre outros pontos, um desenvolvimento tanto econmico quanto social do estado. Entretanto, como a atividade demonstra aspectos agressivos aos recursos naturais, a busca por tecnologias que auxiliem o desenvolvimento cada vez mais sustentvel no deve cessar.

Nessa perspectiva, a demonstrao do surgimento e desenvolvimento da atividade, a composio do produto, bem como a abordagem localizada no Rio Grande do Norte e a possibilidade de atividades atreladas, como a utilizao do gs, extrado junto com o leo, para a produo energia eltrica, exemplificam como a atividade petrolfera impactante para o meio ambiente, mas em contra partida no descartam o petrleo como valioso recurso, uma vez que so enormes os benefcios trazidos para a regio, como produo e consumo, royalties nas pequenas economias regionais, a conscincia ambiental praticada por meio da educao da populao e das empresas de petrleo e gs, entre outros, sendo importante a constante busca



por medidas mitigadoras enquanto se explora esse recurso.

A pesquisa encontra-se em desenvolvimento, mas os primeiros frutos que se tem do trabalho so a perspectiva de que a atividade petrolfera demanda estudos a fim de que se diminuam ou mitiguem os danos ambientais, que muitas vezes se configuram em cadeia, bem como de extrema importncia sua continuidade para o desenvolvimento do pas uma vez que esse recurso to valioso almejado por todo o mundo.

8. REFERNCIAS

1. CORRA, O. L. S. Petrleo: noes sobre explorao, perfurao, produo e microbiologia. Rio de Janeiro. Intercincia, 2003.

2. GURGEL, C. A. V.; QUEIROZ, G. B. de; SANTOS, E. L. S. C. Dos; GALVO, M. L. de M. Fotos da TERMOAU. Alto do Rodrigues, 2011. 01 fotografias.

3. ______. Mapa adaptado de Alto do Rodrigues. Natal, 2012. 01 mapa.Servio Geolgico do Brasil. Projeto Cadastro de Fontes de Abastecimento por gua Subterrnea: estado do Rio Grande do Norte. Recife: CPRM/PRODEEM, 2005.

4. CNEO, Roberto Grillo. Petrleo. Disponvel em: . Acesso em 19 jan. 2011.

5. COTOVICZ JUNIOR, L. C.; SILVA, V. P. da. Licenciamento ambiental onshore no Rio Grande do Norte: uma anlise do descarte da gua produzida em relatrio de controles ambientais. In: PEGADO, . A. da C.; SILVA, V. P. da (Org.). Licenciamento ambiental onshore: limites e otimizao. Natal: IFRN, 2009, p. 89-114.

6. FORMAO do petrleo. Guia do estudante: Geografia, So Paulo, Ed. 04, p. 39, jan. 2011. Anual.

7. MOREIRA, Joo Carlos; SENE, Eustquio de. Geografia: ensino mdio. Vol. nico. So Paulo: Scipione, 2005.

8. SERVIO BRASILEIRO DE APOIO S MICRO E PEQUENAS EMPRESAS (SEBRAE). Petrleo e gs no Rio Grande do Norte: prospectando negcios. Natal: SEBRAE/RN, 2005.

9. SERVIO GEOLGICO DO BRASIL. Projeto cadastro de fontes de abastecimento por gua subterrnea: estado do Rio Grande do Norte. Recife: CPRM/PRODEEM, 2005.

10. SOUSA, R. Histria do petrleo no Brasil. Disponvel em: . Acesso em: 02 dez. 2010.

impactos da industria petroleo 2

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