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IMPLEMENTAÇÃO DO INDICADOR
OEE (EFICIÊNCIA GLOBAL DOS
EQUIPAMENTOS) PARA MEDIÇÃO DA
EFICIÊNCIA PODUTIVA DE UMA
INDÚSTRIA CERVEJEIRA
Matheus Costa Frade (UNIBH )
Carolina Nunan (UNIBH )
Maira Moreira Morais (UNIBH )
Joaquim Jose da Cunha Junior (UNIBH )
Bruno Rodrigues (UNIBH )
RESUMO: Objetivando a identificação e mensuração das perdas
relacionadas a equipamentos, iniciou-se os trabalhos de
implementação do indicador OEE (Eficiência Global dos
Equipamentos) em uma indústria cervejeira. O referido indicador é
formmulado por três variáveis principais que são disponibilidade,
desempenho e qualidade. Nesse sentido, com base em informações
referente ao processo produtivo da empresa estudada, foi escolhido um
equipamento piloto o qual se coletou dados de sua produção no mês de
abril de 2016. Através destes dados foi possível identificar onde estão
as maiores perdas do equipamento escolhido de modo a permitir a
canalização das estratégias de melhoria produtiva do mesmo. Por fim,
foi possível comprovar a eficácia do indicador, bem como a
possibilidade de expandir a sua utilização à partir do equipamento
piloto escolhido. PALAVRAS-CHAVE: Eficiência Global dos
Equipamentos, Disponibilidade, Desempenho, Qualidade. ABSTRACT:
Aiming at the identification and measurement of losses related to
equipment, began the implementation work of the indicator OEE
(Overall Equipment Effectiveness) in a brewery. This indicator is made
up of three main variables, which are availability, performance, and
efficiency. In this sense, based on information about the production
process in the studied company, a pilot equipment was chosen and its
production data was collected during April 2016. Through this data it
was possible to identify where were the greatest losses of the equipment
chosen so as to allow the channeling of improvement strategies.
Finally, it was possible to prove the indicator’s effectiveness, as well as
the possibility of expanding its use from the chosen pilot equipment.
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.
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KEYWORDS: Overall Equipment Effectiveness, Availability,
Performance, Quality.
Palavras-chave: Eficiência Global dos Equipamentos, Disponibilidade,
Desempenho, Qualidade.
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1. Introdução
A informação de que o mercado consumidor está cada vez mais exigente e que o setor
industrial está cada vez mais competitivo já é um consenso entre as indústrias dos mais
diversos ramos de atuação. Este consenso e características do mercado atual geram uma
demanda pelo desenvolvimento de novas metodologias de produção, redução de desperdícios
e sistemas de qualidade. Muito se fala em manufatura enxuta baseada no Sistema Toyota de
Produção, porém para identificar se uma metodologia, mesmo àquela considerada enxuta, está
sendo eficaz ou não, é necessário saber escolher quais indicadores irão demonstrar a real
situação da indústria. A medição e monitoramento do sistema de manufatura se torna
essencial para a solução de problemas e direcionamento de projetos de melhoria contínua.
Neste viés é que um indicador conhecido como Overall Equipment Effectiveness ou OEE tem
ajudado empresas à medir e controlar seus sistemas de manufatura. Segundo Jonsson e
Lesshmmar (1999), o OEE permite indicar áreas onde devem ser desenvolvidas melhorias
bem como pode ser utilizado como benchmark, permitindo quantificar as melhorias
desenvolvidas nos equipamentos, células ou linhas de produção ao longo do tempo. A análise
do OEE e output de um grupo de máquinas de uma linha de produção ou de uma célula de
manufatura permite identificar o recurso com menor eficiência, possibilitando, desta forma,
focalizar esforços nesses recursos.
Este método de avaliação e canalização de ações de melhoria pode ser usado nos mais
diversos setores industriais. Nesse trabalho avaliamos a aplicação do OEE em uma micro
cervejaria localizada em Belo Horizonte. A indústria de cerveja artesanal, encontra-se em uma
crescente e pode ser considerada uma oportunidade para aplicação de OEE nos processos
produtivos.
De acordo com o jornal britânico The Economist (2014), através do artigo “A pint well
made”, a Grã-Bretanha tem 1.285 cervejarias comparadas a duzentas na década de 1970.
Outro importante dado citado demonstra que 14 novas empresas de produção de cerveja
artesanal abrem a cada mês no país. Esse ramo, embora muito antigo, vem ganhando muito
espaço no Brasil e no mundo com produção de cervejas artesanais.
Um destes investimentos no setor é o Wisconsin Craft Beer Festival que traz mestres
cervejeiros para ministrar cursos aos produtores artesanais. Em divulgação feita pelo canal de
notícias WJDT Milwaukee, Justin Thompson-Gee (2015), informa que o evento reúne cerca
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de 50 cervejarias artesanais com apresentação de mais de 150 tipos de cerveja. John Bolton,
CEO da organizadora do evento Unfiltered Media (2015), disse “Estamos muito satisfeitos de
ser capaz de dar os amantes de cerveja a oportunidade de provar os sabores especiais da
cerveja artesanal de cervejarias regionais e nacionais e dar o produtor local uma oportunidade
de aprender com os mestres do ofício”.
Os empresários brasileiros não contradizem esta crescente de investimentos no setor . O Brasil
é o terceiro maior mercado de cervejas do mundo , atras apenas dos EUA e China , segundo o
Relatório de Inteligência do setor de alimentos publicado pelo SEBRAE em junho de 2015. O
mesmo relatório aponta que em 2013, foram produzidos 13,5 bilhoes de litros da bebida no
país, movimentando cerca de R$55 bilhões, e que tal valor representa 60% de aumento do
obtido em 2009.
O Presidente do Sindicato das Indústrias de Cerveja e Bebidas do Estado de Minas Gerais,
Mario Morais Marques corrobora esta informação ao afirmar em 2015: “Estamos crescendo
há anos na casa dos dois dígitos. Criamos alternativas para o consumidor e Minas tem
assumido papel importante na produção nacional, com participação entre 11% e 12% do
mercado”.
Segundo o diretor comercial e de eventos da cervejaria Backer, João Roberto Pires, a empresa
cresceu 15% de janeiro a junho de 2015 e mais investimentos estão planejados. A marca já
investiu R$ 6,7 milhoes na implantação de seu patio cervejeiro no Bairro Olhos D’Água, em
Belo Horizonte de acordo com notícia publicada no jornal online Estado de Minas.
Juntamente com este crescimento do setor vem a competitividade de mercado. Logo,
produtores de cerveja devem se atentar às exigências dos consumidores para se sobressaírem,
bem como trabalhar seus processos de modo que os mesmos agreguem maior valor ao
produto final.
Este cenário justifica, em um ponto de vista produtivo, a implementação do OEE, um
indicador simples e direto que utiliza parâmetros relacionados à disponibilidade, desempenho
e qualidade. Neste sentido, o propósito deste trabalho é a implementação do indicador OEE
(Overall Equipment Effectiveness) no processo produtivo de uma indústria cervejeira para
melhor direcionamento das ações ligadas à melhoria contínua.
Tendo como objetivos específicos: mapear e analisar o fluxo produtivo de uma indústria
cervejeira; identificar equipamentos e células produtivas chaves para medição do desempenho
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produtivo destes; desenvolver uma metodologia para coleta e controle de informações
necessárias para o cálculo do indicador OEE; propor melhorias no processo produtivo para
melhoramento do indicador OEE.
Portanto, espera-se com este trabalho que seja possível identificar o desempenho de
equipamentos do processo produtivo, para que assim sejam canalizados esforços de
programas de melhoria contínua naquelas áreas com menor contribuição ao indicador OEE.
Espera-se ainda um melhor entendimento do processo de fabricação de cerveja bem como o
desenvolvimento de ferramentas de coleta de dados, ligadas ao indicador OEE, que possam
ser utilizadas em outros tipos de indústria
2. Exame de literatura
2.1. Desempenho, eficiência, eficácia e produtividade
Tomando como base os objetivos apresentados, que trazem o termo desempenho produtivo, é
importante definir o que é desempenho e seus termos correlatos como eficiência, eficácia e
produtividade.
Oliveira (2009), define eficiência como “a otimização dos recursos utilizados para a obtenção
dos resultados esperados” e eficacia como “a contribuição dos resultados obtidos para o
alcance dos objetivos da empresa”.
De maneira mais simplória, o estudioso Peter Drucker (1993) define eficiência como “fazer
certo as coisas” e a eficacia como “fazer as coisas certas”.
Produtividade por sua vez , segundo Slack (2002), é a relação entre os recursos empregados e
os resultados alcançados. Considera-se que produtividade seja a eficiência em se transformar
entradas em saídas num processo produtivo (SOUZA, 1998).
Desta forma, pode-se considerar que produtividade é a relação entre o output do sistema e o
input. Ou seja, é uma relação entre a eficácia (bons produtos ou serviços ao final do processo)
e a eficiência (boa utilização dos recursos produtivos) do sistema.
Finalmente, segundo Tangen (2005), desempenho é um termo que abrange além dos
aspectos operacionais o que inclui os aspectos econômicos.
2.2. Lean Manufacturing
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Lean manufacturing ou produção enxuta surgiu no Japão, após a Segunda Guerra mundial,
quando o país se encontrava em uma situação problemática.
Neste sentido, a empresa Toyota Motor Company, com o objetivo de se manter no mercado
competitivo, então liderado pela Ford e General Motors, desenvolveu tal modelo. Estruturado
e pelo então vice-presidente da Toyota, Taiichi Ohno o modelo ficou também conhecido
como Sistema Toyota de Produção.
De acordo com Hobbs (2004), lean manufacturing é uma série de técnicas que permitem que
um produto seja produzido em uma unidade de tempo, em uma taxa formulada, enquanto se
elimina tempos de espera, filas ou outros atrasos na produção.
Outros autores também conceituam o sistema, conforme apresentado abaixo:
“O lean manufacturing é uma iniciativa que busca eliminar desperdícios, isto é,
excluir o que não tem valor para o cliente e imprimir velocidade à empresa.”
(WERKEMA, 2006, p. 15).
“A eliminação de desperdícios e elementos desnecessarios a fim de reduzir
custos; a ideia basica e produzir apenas o necessario , no momento necessário e
na quantidade requerida” (OHNO,1997).
2.3. Vantagem competitiva e indicadores de desempenho
O aumento da competitividade exige que empresas busquem ações estratégicas que geram
vantagens competitivas. Barney (1991) aponta que essas estratégias devem ser focadas nas
forças internas através do aproveitamento de oportunidades e neutralização de ameaças
externas, evitando-se assim a geração de fraquezas. Logo, segundo Barney (1991),
considerando-se a heterogeneidade e os diferentes recursos que sustentam uma negócio
produtivo, é necessário identificar a relação entre as características e o desempenhos destes
recursos internos para se alcançar vantagem competitiva.
A identificação desta ligação entre o tipo de recurso e o seu respectivo desempenho requer um
entendimento sobre a definição do termo capacidade. Em termos de produção, “capacidade é
o máximo nível de atividade com valor adicionado em um determinado período de tempo que
o processo pode realizar sobre condiçoes normais de operação.” (SLACK, 2009, p. 315).
Portanto, uma vez definido que capacidade é o ponto máximo que um recurso pode atingir, o
caminho a ser percorrido para o alcance deste ponto depende do desempenho deste recurso.
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O termo desempenho considera quase todos os objetivos que estão relacionados a capacidade
competitiva ou excelência em fabricação, tais como custo, flexibilidade, velocidade,
confiabilidade e qualidade (TANGEN, 2005b, p. 40).
Verificado então, que o alcance da vantagem competitiva relaciona-se com as características
dos recursos produtivos e que o desempenho destes são limitados à suas capacidades, é
necessário a utilização de um sistema que permita a medição dessas informações.
De acordo com Rodrigues et al . (2003), os sistemas de indicadores de desempenho são pontos
de partida para qualquer acao de melhoria empresarial .
2.4. Total Productive Maintenance (TPM) e Overall Equipment Effectiveness (OEE)
TPM reporta ao termo inglês Total Productive Maintenance ou Manutenção Produtiva Total,
em português.
Nakajima citado por Gupta e Garg (2012, p. 116), define TPM como uma abordagem que
otimiza e efetividade dos equipamentos eliminando tempos de parada e promovendo a
manutenção autônoma pelos operadores.
Considerado uma importante ferramenta do TPM, o Overral Equipment Effectiveness (OEE),
tem se tornado, segundo Slack (2009), cada vez mais popular dentre os métodos de medição
da eficiência dos equipamentos de processos produtivos.
Nakajima citado por Gupta e Garg (2012, p. 117) diz que OEE é uma maneira efetiva de
análise da eficiência de uma única máquina ou um sistema de manufatura integrado.
O indicador OEE e resultado da multiplicação de três parâmetros com funçoes relevantes na
filosofia TPM (FUENTES, 2006).
Bariani e Del’Arco Junior (2006) definem os parâmetros:
Disponibilidade (Availability): E a quantidade de tempo em que um equipamento
esteve disponível para trabalhar comparado com a quantidade de tempo em que foi
programado para trabalhar.
Desempenho (Performance): E o quanto o equipamento trabalha próximo do tempo de
ciclo ideal para produzir uma peça.
Qualidade (Quality): E o número total de peças boas produzidas , comparado com o
número total de peças produzidas.
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A Figura 1 e o Quadro 1 apresentam os índices e suas principais falhas que interferem o seu
resultado:
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Figura 1 - Principais Perdas e o Impacto Sobre o Tempo Total Operacional
Fonte: Adaptado de SETEC, 2008
Quadro 1 – Índices e Principais Perdas
Fonte: Adaptado CASTRO, 2010
Tomando estas informações como base e ainda a literatura associada ao cálculo do OEE, as
seguintes fórmulas são definidas:
%100*)2
1(t
tDi
(1)
%100*)2
1(tc
tcDe
(2)
Q =pb
pt (3)
QDeDiOEE ** (4)
onde:
Di = Disponibilidade, t1 = Tempo Produzindo, t2 = Tempo Programado
De = Desempenho, tc1 = Tempo de Ciclo Ideal, tc2 = Tempo de Ciclo Real
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Q = Qualidade, pb = Quantidade de Produtos Bons Produzidos, pt = Quantidade Total de
Produtos Produzidos
OEE = Overall Equipment Effectiveness ou Eficácia Global dos Equipamentos
Segundo Bariani & Del’Arco Júnior (2006):
“O OEE mede a habilidade do equipamento em produzir consistentemente
pecas que atendam aos padrões da qualidade dentro de um tempo de ciclo
designado e sem interrupções, a disponibilidade, a performance e a taxa de
qualidade de uma máquina. Fornece um método para análise das perdas e
medição dos resultados das açoes tomadas”.
3. Desenvolvimento
Para o desenvolvimento deste trabalho foram feitas: pesquisa bibliográfica em artigos livros,
periódicos e sites sobre o tema abordado; visitas técnicas para análise dos processos
industriais da micro cervejaria estudada; pesquisa documental através da análise de controles
de qualidade, eficiência, disponibilidade de equipamentos e outros documentos relacionados;
e entrevista com o Engenheiro de Produção responsável pelo processo produtivo, através de
roteiro semiestruturado.
3.1. O processo de fabricação da cerveja – Fluxograma
Para iniciar os trabalhos foi feito um levantamento dos processos produtivos da fabricação de
cerveja.
Segundo Gonçalves (2000), processo é qualquer atividade, ou conjunto delas, que recebe um
input, agrega valor a ele e produz um output para um determinado cliente.
Portanto, o levantamento do processo produtivo de cerveja na fábrica estudada levou-se em
consideração esta definição e foi desenvolvido um fluxograma do processo produtivo
conforme demonstrado pela Figura 2:
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Figura 2 - Fluxograma – Processo de Produção de
Cerveja
Fonte: Autor, 2016
3.2. Levantamento de equipamentos
Através de visita técnica à empresa estudada, foi feito um levantamento dos equipamentos
que a mesma tem à sua disposição. Pelo fluxograma demonstrado anteriormente também é
possível a identificação dos tipos de equipamentos necessários para a produção da cerveja. O
Quadro 2 retrata o quantitativo e capacidade dos equipamentos da cervejaria estudada:
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Quadro 2 – Levantamento de Equipamentos
3.3. Escolha do equipamento piloto
Para atender o objetivo deste trabalho e iniciar o processo de implantação do indicador OEE
na cervejaria, a envasadora foi escolhida como o equipamento piloto. A escolha foi baseada
nas informações do Engenheiro da empresa que informou que o equipamento é o que possui
maior contribuição para as perdas da empresa. Ademais, foi observado que o equipamento é
utilizado na produção de todos os produtos da empresa, aumentando a importância da
medição e avaliação do seu OEE.
3.4. Coleta de dados
A coleta de dados limitou-se no equipamento definido como equipamento piloto para
implantação do OEE. Os dados foram coletados manualmente, em abril de 2016, através de
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uma planilha padrão desenvolvida para implementação da metodologia em qualquer tipo de
equipamento, conforme Figura 3:
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Figura 3 - Planilha Padrão para Cálculo de OEE
Fonte: Autor, 2016
Como pode ser visto pela Figura 3, os dados coletados foram basicamente:
Número de horas planejadas para o equipamento funcionar;
Quantidade de produtos bons produzidos (sem defeitos);
Quantidade de produtos ruins produzidos (desperdício);
Tempo de ciclo ideal em horas e;
Tempo de ciclo real em horas.
Cabe ressaltar que a unidade de medida utilizada na medição para a produto foi caixa de
cerveja, sendo uma caixa composta por 15 garrafas devidamente envasadas.
A alimentação da planilha contou com a assistência do Engenheiro da empresa que prestou as
informações sobre o processo produtivo diário. Os dados coletados podem ser visualizados no
Anexo I e os resultados estão demonstrados na Seção 5.
5. Resultados e discussões
A seguir, estão demonstrados graficamente pelas Figuras 4 à 10, os resultados obtidos à partir
da coleta de dados constante do Anexo 1. Foram utilizadas as fórmulas demonstradas
anteriormente para se chegar aos resultados do OEE que estão demonstrados pelos gráficos.
Figura 4 – Disponibilidade (Envasadora) – Abril 2016
Fonte: Autor, 2016
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Figura 5 – Desempenho (Envasadora) – Abril 2016
Fonte: Autor, 2016
Figura 6 – Qualidade (Envasadora) – Abril 2016
Fonte: Autor, 2016
Figura 7 – OEE Diário (Envasadora) – Abril 2016
Fonte: Autor, 2016
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Figura 8 – Variáveis do OEE (Envasadora) – Abril 2016
Fonte: Autor, 2016
Figura 9 – OEE Global (Envasadora) – Abril 2016
Fonte: Autor, 2016
Figura 10 – Perdas por Tipo (Envasadora) – Abril 2016
Fonte: Autor, 2016
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Conforme pode ser observado pelo gráfico apresentado na Figura 8, a variável com menor
contribuição para o indicador OEE, no caso da envasadora, foi a variável desempenho. Seu
resultado foi de 84,65% seguido por 92,16% da variável disponibilidade e 99,01% da variável
qualidade.
Pela multiplicação dos resultados destas variáveis foi obtido um OEE Global de 77,25%,
conforme gráfico da Figura 9, o que representa uma perda de OEE de 22,75%.
Para efeitos de comparação, vamos utilizar um índice conhecido como World Class OEE.
O índice vem do termo World Class Manufacturing - WCM, apresentado por Paddock (1993)
como aquele usado para descrever os melhores fabricantes do mundo.
Yamashina (2009), define WCM como o nível de excelência do ciclo logístico - produtivo,
considerando as metodologias utilizadas e o desempenho das melhores organizações
mundiais.
A empresa Vorne Industries Inc apresenta em um de seus websites, leanproduction.com, as
classificações dos percentuais de OEE utilizadas pelos padrões industriais para fins de
benchmarking.
OEE de 100%: representa uma produção perfeita onde apenas bons produtos são
produzidos, o mais rápido possível e sem paradas.
OEE de 85%: é considerado o world class e muitas vezes objetivado pelas empresas.
OEE de 60%: é bastante típico, mas indica que há bastante espaço para melhorias.
OEE de 40%: não é bastante incomum para empresas que estão começando a controlar
e melhorar o seu desempenho produtivo. É uma pontuação baixa e que pode ser
melhoradas através de medidas simples.
Considerando estas classificações e comparando-as ao resultado obtido para a envasadora,
observa-se que seu OEE não está distante do que se busca como objetivo no mercado
mundial. Entretanto, não se deve perder de vista que ainda há espaço para melhorias no
processo produtivo do equipamento.
Este espaço consiste principalmente na eliminação das perdas relacionadas ao desempenho do
equipamentos que são as perdas com velocidade reduzidas, downtimes e pequenas paradas.
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4. Conclusões e trabalhos futuros
A competitividade, impulsionada pela crescente do mercado cervejeiro, aliada às exigências
dos consumidores, tem feito com que seja necessário o aumento de esforços para redução de
perdas em todos os seus níveis e tipos.
De acordo com proposta do trabalho de implementar o indicador OEE no processo produtivo
de uma indústria cervejeira para melhor direcionamento das ações ligadas à melhoria
contínua, verifica-se que a mesma foi atingida, uma vez que do mesmo modo do equipamento
piloto poderão ser coletadas informações para o cálculo do OEE para os demais equipamentos
levantados na empresa.
Foi possível o mapeamento do processo produtivo da cerveja e a verificação de 77,25% de
OEE para o equipamento piloto. Também foram verificadas suas perdas para cada variável
constante do indicador OEE, o que permite a canalização dos esforços de melhoria contínua
do equipamento naquelas áreas com maior perda.
Como proposta de trabalhos futuros ficam o fortalecimento da cultura de medição das etapas
de processamento que ainda não está difundida dentro da empresa, a implementação de
dashboards de OEE para cada equipamento de modo a facilitar a visualização de
informações, a adoção de medidas para identificar as perdas contidas dentro das macro-perdas
classificadas neste trabalho bem como suas mensurações e a avaliação da viabilidade
econômica de implantação de tecnologias de automação para facilitar a medição das variáveis
relacionadas ao OEE.
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