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INCLUSÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS

ESPECIAIS NO ENSINO REGULAR1

Maria Laurinete de Souza2

RESUMO: O presente artigo tem como finalidade a apresentação de todas as etapas

( projeto de intervenção pedagógica, unidade didática, intervenção pedagógica e GTR) exigidas

para a conclusão do Programa de desenvolvimento educacional-PDE. O tema escolhido foi a

“inclusão escolar de alunos com necessidades educacionais especiais”, devido ao

aumento da inserção de alunos com síndrome de down, baixa visão e paralisia cerebral

no Colégio Estadual Marechal Arthur da Costa e Silva – Ensino Fundamental Médio e

Normal, da cidade de Planaltina do Paraná. Foram realizados encontros que totalizaram

uma carga horária de 32 h/aula. Participaram dos encontros professores e funcionários de

escolas regulares e especial. O trabalho buscou contribuir para uma maior preparação e

formação do corpo docente para trabalhar com alunos que apresentam necessidades

educacionais especiais.

Palavras chaves: PDE. Intervenção pedagógica. Unidade Didática.

1. INTRODUÇÃO

O projeto teve como finalidade a inserção do programa de desenvolvimento

educacional – PDE – que visou o aprimoramento metodológico e didático das práticas

educacionais realizadas nas escolas estaduais de ensino do estado do Paraná.

Fez-se necessário, que a escolha do tema de estudo fosse restritamente

relacionada a algum problema enfrentado cotidianamente na escola em que atuava o

professor PDE. Assim, o tema escolhido foi a “inclusão escolar de alunos com

1 Trabalho de conclusão do Programa de Desenvolvimento Educacional, sob a orientação da

professora doutora Adriana de Fátima Franco da Universidade Estadual de Maringá-UEM.

2 Professora PDE 2010-2011 da rede estadual de ensino do estado do Paraná, Graduada no curso

de “Letras”, pela FAFIPA, pós graduada em Língua Portuguesa e Ensino a Distância pela Universidade

Estadual de Maringá-UEM.

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necessidades educacionais especiais”, devido ao aumento da inserção de alunos com

síndrome de down, baixa visão e paralisia cerebral no Colégio Estadual Marechal

Arthur da Costa e Silva – Ensino Fundamental Médio e Normal, da cidade de Planaltina

do Paraná.

Por não saber como desenvolver um trabalho com estes alunos, eles se tornaram

um “problema” para a escola. Em face disto, reconheceu-se a necessidade de ajudar

estes educandos proporcionando aos professores, por meio da Intervenção Pedagógica,

estudos sobre a inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais no ensino

regular. O trabalho buscou contribuir para uma maior preparação e formação do corpo

docente para trabalhar com alunos que apresentam necessidades educacionais especiais.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. Breve História

Antigamente, segundo Reis (2010), pessoas com deficiência eram afastadas do

convívio social, sua diferença era vista como algum tipo de maldição, o diferente

causava medo e, conseqüentemente era levado à exclusão.

No século XIX elas passaram a ser tratadas como doentes e colocadas em

instituições, excluídas da família e da sociedade. Em 12 de setembro de 1854, o

atendimento especial a indivíduos com deficiência começou oficialmente no Brasil,

quando D. Pedro II fundou o “Imperial Instituto dos Meninos Cegos3”, no Rio de

Janeiro. Em 1954, no Rio de Janeiro, foi fundada a primeira Associação de Pais e

3O Instituto Benjamin Constant foi criado pelo Imperador D.Pedro II através do Decreto Imperial n.º 1.428, de 12 de setembro de

1854, tendo sido inaugurado, solenemente, no dia 17 de setembro do mesmo ano, na presença do Imperador, da Imperatriz e de todo o Ministério, com o nome de Imperial Instituto dos Meninos Cegos. Este foi o primeiro passo concreto no Brasil para garantir ao

cego o direito à cidadania.

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Amigos dos Excepcionais – APAE4. Somente em 1961, com a LDB

5 é que veio ocorrer

uma preocupação direta e abrangente do estado brasileiro com a educação especial.

Em 1994, a UNESCO6 registrou, na Declaração de Salamanca,

7 o conceito de

inclusão no campo da educação comum, normatizando a necessidade de capacitar

escolas comuns para atender a todos os alunos, em particular aqueles com necessidades

educativas especiais. Em 1996, a LDB priorizou o atendimento educacional das pessoas

com deficiência no sistema regular de ensino. Em 2001, o Congresso Nacional aprovou

e promulgou o Decreto n° 3956/018, baseado na Convenção Interamericana para a

Eliminação de todas as formas de discriminação contra pessoas deficientes celebrada na

Guatemala.

Refletir e discutir sobre inclusão social significa favorecer a

compreensão de tal processo, para isso, faz-se necessário conhecer as

idéias e mudanças sobre o tema no decorrer dos tempos. A relação da

sociedade com as pessoas com deficiência, por exemplo, tem-se

modificado tanto em sua filosofia quanto em sua prática e isso implica

em dizer que o processo histórico da inclusão social tem evoluído,

ainda que lentamente. (REIS, 2010, p.31)

2.2. Legalidade

A legalidade da inclusão está exposta na Constituição Federal9 nos artigos 1º, 3º,

5º e 205, onde constam: o direito a dignidade da pessoa humana; a promoção do bem de

todos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de

4 O Movimento Apaeano é uma grande rede, constituída por pais, amigos, pessoas com deficiência, voluntários, profissionais e

instituições parceiras - públicas e privadas - para a promoção e defesa dos direitos de cidadania da pessoa com deficiência e a sua inclusão social.

5 A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) define e regulariza o sistema de educação brasileiro com base nos princípios presentes na Constituição. A primeira LDB foi criada em 1961, seguida por uma versão em 1971, que vigorou até a promulgação da

mais recente em 1996. 6United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (UNESCO) - A Organização das Nações Unidas para a Educação,

a Ciência e a Cultura fundou-se a 16 de Novembro de 1945 com o objetivo de contribuir para a paz e segurança no mundo mediante

a educação, a ciência, a cultura e as comunicações. 7A Declaração de Salamanca (Salamanca - 1994)é uma resolução das Nações Unidas que trata dos princípios, política e prática

em educação especial.Adotada em Assembléia Geral, apresenta os Procedimentos-Padrões das Nações Unidas para a Equalização de Oportunidades para Pessoas Portadoras de Deficiências.

8Reafirma que as pessoas portadoras de deficiência têm os mesmos direitos humanos e liberdades fundamentais que outras pessoas e que estes direitos, inclusive o direito de não ser submetidas à discriminação com base na deficiência, emanam da dignidade e da

igualdade que são inerentes a todo ser humano.

9 A Constituição ou Carta Magna é um conjunto de regras de governo, codificada como um documento escrito, que enumera e limita

os poderes e funções de uma entidade política.

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discriminação; direito a igualdade; e direito de todos à educação visando ao “pleno

desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação

para o trabalho”. Em setembro de 2001, o Conselho Nacional de Educação10

, instituiu

as bases para a elaboração das normas para a Educação especial.

Em setembro de 2001, cinco anos apos a promulgação da nova LDB,

o Ministério da Educação homologou a Resolução nº2, do Conselho

Nacional de Educação, referente as Diretrizes Nacionais para a

Educação Especial na Educação Básica. Instituindo as bases para a

elaboração de normas para a Educação Especial, a fim de reorganizar

a proposta de educação escolar dos alunos com necessidades

educacionais especiais, no contexto da educação inclusiva. (SEED,

2006, p.29)

De acordo com o Conselho Nacional de Educação (CNE), os estudantes deverão

ser matriculados nas classes comuns do ensino regular e, simultaneamente, receber

atendimento especializado em turno contrário ao da escola. O CNE ressalva que o

atendimento educacional especializado não poderá substituir o ensino regular e poderá

ser prestado em salas com recursos multifuncionais na própria escola, em centros de

rede pública ou em instituições filantrópicas, conveniadas com as secretarias de

educação.

Diante disto, segundo as Diretrizes Curriculares da Educação Especial para a

Construção de Currículos Inclusivos da SEED (PARANA, 2006), a partir de 2002,

MEC/Seesp11

e SEED12

, tiveram uma ruptura ideológica a respeito da Educação

Especial e inclusão dos alunos especiais nas escolas regulares. Esta ruptura se deu,

segundo a DCE da Educação Especial da SEED (2006), porque o MEC/Seesp defende a

idéia de inclusão TOTAL, a matrícula incondicional de todos os alunos com

necessidades especiais nas escolas regulares, enquanto que a SEED defende também a

matrícula de todos nas escolas regulares, mas com uma ressalva: que o aluno com

deficiência mental, tenha atendimento nos serviços especializados.

10 Conselho Nacional de Educação-CNE, órgão colegiado integrante do Ministério da Educação, foi instituído pela Lei 9.131, de

25/11/95, com a finalidade de colaborar na formulação da Política Nacional de Educação e exercer atribuições normativas, deliberativas e de assessoramento ao Ministro da Educação. 11 (SEESP) Secretaria de Educação Especial desenvolve programas, projetos e ações a fim de implementar no país a Política

Nacional de Educação Especial. A partir da nova política, os alunos considerados público-alvo da educação especial são aqueles com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e com altas habilidades/superdotação. 12 (SEED) Secretaria de Educação do Estado do Paraná.

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Voivodic (2008), resume o que realmente está acontecendo:

o termo inclusão tem sido usado com múltiplos significados. Em um

dos extremos, encontram-se os que advogam a inclusão como

colocação de todos os alunos, independente de grau e tipo de

incapacidade, na classe regular, com a eliminação dos serviços de

apoio de ensino especial. Em outro extremo, o conceito de inclusão

parece ser utilizado apenas para renomear integração, considerando

que o melhor é a colocação do aluno com deficiência na classe

regular, desde que se enquadre aos pré-requisitos da classe.

(VOIVODIC, 2008,p.25)

Ainda que o Brasil tenha acompanhado as posturas internacionais, e legalizado a

inclusão, sua implementação é lenta e não planejada. Peca-se no preconceito, na

discriminação e em questões metodológicas e didáticas. Apesar da legalidade, voltamos

aos primórdios (quando o deficiente era segregado), e de uma forma dissimulada,

continuamos a praticar a exclusão social.

2.3. Preconceito, Discriminação e Laudo Médico

Senra et al (2008 ) no livro “Inclusão e Singularidade: um convite aos

professores da escola regular”, faz comentários eficazes a respeito da discriminação,

preconceito e laudos médicos. Segundo os autores desde o começo da civilização

humana vemos reproduzir-se, de diversas formas e sob variadas estratégias, a exclusão

dos deficientes.

Há uma “seleção natural” em sociedades primitivas, uma eliminação

de corpos deficientes na sociedade espartana, um discurso religioso

que associa conteúdos diabólicos ou pecaminosos à imperfeições

humanas. E que tudo isso veio a ser respaldado cientificamente pela

constituição do saber médico que segundo eles institucionalizou a

segregação, quer através da classificação diagnóstica quer através de

mecanismos assistencialistas. (SENRA et al., 2008, p.26)

Foucault13

(apud Senra et al, 2008), descobriu que no século XVI e XVII, os

indivíduos que violavam as leis da natureza e as leis da sociedade, por sua existência e

13 Michel Foucault foi um importante filósofo e professor da cátedra de História dos Sistemas de Pensamento no Collège de France desde 1970 a 1984. Todo o seu trabalho foi desenvolvido em uma arqueologia do saber filosófico, da experiência literária e

da análise do discurso. Seu trabalho também se concentrou sobre a relação entre poder e governamentalidade, e das práticas de

subjetivação. Foucault é amplamente conhecido pelas suas críticas às instituições sociais, especialmente à psiquiatria, à medicina, às

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por sua forma associada a sua conduta, provocavam nesta sociedade diferentes reações:

a vontade de pura e simplesmente suprimir os desviantes, prestar-lhes cuidados médicos

ou dispensar-lhes piedade. O indivíduo que se desviasse das condutas esperadas pela

educação familiar, da igreja e escolar era chamado de indivíduo a corrigir. Desta forma,

surgiram as idéias de anomalias e de individuo anormal, que seria fruto de uma conexão

entre idéia de enfermidade e a idéia de desvio de conduta.

Conforme Senra et al (2008):

alguns outros autores apontam a desmedida abrangência da concepção

de deficiência. Exemplo disso é o fato de fenômenos como dificuldade

de aprendizagem ou desvio de conduta serem considerados

“deficiências”. Supor que uma criança tem dificuldade de

aprendizagem implica que é ela que tem problemas para aprender? Ou

pode implicar que também nós temos dificuldades para ensinar?

(SENRA ET ALLI, 2008, p.25)

Segundo Reis (2010):

o preconceito que surge do próprio professor, que, se não tiver bem

orientado e não for incentivado a buscar alternativas para trabalhar

com as diferenças, tenderá a deixar de lado os alunos com os quais

não consegue desenvolver o seu trabalho pedagógico. Desse

movimento, surgem muito comumente o preconceito e a acomodação

profissional diante da situação. (REIS, 2010, p.27)

Reis (2010, p.39) ainda ratifica dizendo que “O preconceito e a discriminação

podem ser frutos do desconhecimento, sendo assim, abordar o preconceito como parte

da educação inclusiva é essencial, já que esta tem a sua base exatamente nas

experiências com o diferente, nas trocas, na introdução de valores”.

No que se refere aos diagnósticos, o que persiste, segundo os autores Senra et al

(2008) e Voivodic (2008), é que:

muitas vezes, o diagnóstico, ao prevalecer em sua categorização

determinada por critérios particulares, pode promover, substituição do

nome próprio da criança. Escutamos às vezes que “a Maria, aquela

Down”, encarna a substituição de sua identidade social conferida pelo

prisões, e por suas ideias e da evolução da história da sexualidade, as suas teorias gerais relativas à energia e à complexa relação

entre poder e conhecimento. http://pt.wikipedia.org/wiki/Michel_Foucault .

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nome da síndrome em que a medicina a localiza, define e torna

transparente estranheza causada por ela (SENRA et al, 2008, p.27).

Por muito tempo a Síndrome de Down (SD) foi associada a condição

de inferioridade. Tal preconceito e estereótipo em relação à SD deve-

se, em parte, ao modelo médico da deficiência, pois para esse modelo

bastava prover o deficiente de algum tipo de serviço especializado

para assisti-lo, o que não lhe propiciava um desenvolvimento pessoal,

social, educacional e profissional pleno (VOIVODIC, 2008, p.17).

Segundo Senra et al (2008), o diagnóstico pode produzir riscos entre os laços

com pais e filhos. A criança não é a criança esperada, desejada nos meses de gestação.

Ela não coincide com a criança “ideal”. Assim os pais se tornam incapazes de

interpretar as manifestações e desejos da criança e delegam suas ações aos especialistas.

Estes outros também denotam que não se pode negar a deficiência, achando que isso

superaria o preconceito.

A negação da diferença não permite a superação do preconceito, mas

pelo contrário, o exacerba, na medida em que o mascara. Apesar de

politicamente correto se afirmar que somos iguais, é necessário

afirmar que somos todos diferentes, e que essa diferença é necessário

assumir. De outro modo, tomaríamos como bandeira a “inclusão do

custe o que custar”, mesmo que seja o preço da anulação da

subjetividade de nossos alunos, da confissão de nossa impotência e da

exposição da escola como um gueto alienado e alienante. (SENRA et

al, 2008, p.46)

Conclui-se dizendo que, segundo Alves (2009), é preciso entrar no mundo do

outro para melhor compreendê-lo, respeitá-lo em suas diferenças, para que ele possa

fazer parte da coletividade. Conforme a autora, devemos ter um pensamento

ecossistêmico, ou seja, ter uma visão do eu, do outro e do todo, em relação as pessoas

com deficiência ou não. Para tanto é necessário que a escola tenha um projeto coletivo

em que entrelace os interesses pessoais com os do grupo.

2.4. Respeito às Diferenças e o Ritmo de Aprendizagem de cada Indivíduo.

Para Senra et all (2008), no Brasil ainda não se produziu a capacitação das

escolas regulares para o atendimento de todas as crianças, e isso faz com que muitos

alunos ainda continuem a serem esquecidos, maltratados, reprovados e levados a evasão

das escolas regulares. Para estes autores, estes alunos ainda são vítimas de humilhação e

responsabilidade pelo seu fracasso escolar que, segundo o discurso pedagógico vigente

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nas escolas, classificam-nos, muitas vezes, com dificuldade de aprendizagem, distúrbio

de conduta e deficiência.

Senra et all (2008), e Reis (2010) dizem que as pessoas com necessidades

educativas especiais demandam metodologias educacionais e recursos pedagógicos

específicos às necessidades educacionais de cada um, no processo ensino aprendizagem.

Alves (2009) reforça esse pensamento ressaltando que na prática educativa, pode

haver momentos em que o professor reflita e rompa com algumas regras naturalizadas e

engessadas. E mesmo sentindo-se antiético, isso significará o desvelar de valores antes

incorporados e tomados como comuns a sociedade, os quais se tornaram obsoletos na

prática educativa inclusiva.

Assim, Ramos (2008, p.8), alega que “É preciso, portanto, em uma perspectiva

didática inclusiva, considerar os diferentes modos e tempos de aprendizagem como um

processo natural dos indivíduos, sobretudo daqueles com evidentes limitações físicas ou

mentais”. Ramos ainda defende a ideia de que respeitar as diferenças é também respeitar

o ritmo de aprendizagem de cada um, ainda que não corresponda às expectativas de

professores e da família, é preciso matricular as crianças com deficiências visando sua

idade cronológica, para que mesmo com defasagem mental e ou de aprendizagem,

tenham uma idade social14

. Ainda segundo Ramos (idem, p.14), “a convivência com

colegas da mesma faixa etária possibilita ao portador de deficiência a inserção em um

grupo social que lhe é próprio”.

De acordo com a DCE da Educação Especial da SEED (2006), há três tipos de

movimentos inclusivos, denominados inclusão condicional, inclusão total ou radical e

inclusão responsável. O primeiro se refere à forma mais conservadora de todos os

conceitos. Ela parte do pressuposto do tipo “se todos os professores forem capacitados

antes”, “quando todas as escolas estiverem adaptadas”, “apenas se diminuírem o

número de alunos por turma”, “se tiver um especialista auxiliando”. Isso implicaria

14 A idade social tem relação com a avaliação da capacidade de adequação de um indivíduo ao desempenho de papéis

sociais e comportamentos esperados para as pessoas de sua idade num dado momento histórico.

http://www2.uol.com.br/vyaestelar/idades.htm

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segundo a DCE da Educação Especial da SEED (2006) em possibilidades a longo prazo

e que inviabilizariam o direito de acesso desses alunos no momento atual.

Já o segundo, que tem como defensores intelectuais, pesquisadores na área da

educação e representantes de organizações governamentais e não governamentais,

defendem o direito de todos, sem restrição, no ensino regular.

O terceiro movimento, inclusão responsável, de acordo com as DCE da

Educação Especial da SEED (2006), é o mais correto e é onde situa sua política de

inclusão, que seria um meio termo entre o movimento de inclusão condicional e

inclusão total ou radical. Nesse, ela afirma que:

o desafio da inclusão escolar é enfrentado como nova forma de

repensar e reestruturar políticas e estratégias educativas, de maneira a

criar oportunidades efetivas de acesso para crianças e adolescentes

com necessidades educacionais especiais, e, sobretudo, garantir

condições indispensáveis para que possam manter-se na escola e

aprender. (SEED, 2006, p.39)

A inclusão responsável visa mais que a simples matrícula de alunos com

necessidades educacionais especiais na escola regular, segundo Carvalho, citado pela

SEED (2006):

Adota-se como um referencial filosófico dessa política a idéia de que

a inclusão educacional é mais que a presença física, é mais que

acessibilidade arquitetônica, é mais que matricular alunos com

deficiência nas salas de aula do ensino regular, é bem mais que um

movimento da Educação Especial, pois se impõe como movimento

responsável que não pode abrir mão de uma rede de ajuda e apoio

aos educadores, alunos e familiares. (CARVALHO, 2004, apud

SEED, 2006, p.39)

Voivodic (2008), afirma que a meta principal da inclusão é mudar a visão do

modelo médico para o modelo social, e que quando são trabalhados os contextos

familiares e escolares da criança com deficiência, propicia e favorece seu

desenvolvimento e integração. E Reis (2010), considera que todos ganham com a

inclusão: as crianças com necessidades especiais, as outras crianças que aprenderão a

conviver com as diversidades, os educadores que enriquecerão sua formação, pelo

crescimento e desafio de educar a todos, e as famílias, que passarão a ver seus filhos

como cidadãos com direito de partilhar dos recursos de sua comunidade.

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2.5. Inclusão Responsável

Se olharmos a nossa volta, deparamo-nos cotidianamente, com pessoas de

fisionomias, pensamentos, ideologias, etnias e perspectivas diferentes. Cada indivíduo é

um ser singular, ninguém é igual, há sempre algo diferenciado em cada um. Desta forma

percebemos que “diferença” não é sinônimo de incapacidade, mas de singularidade.

Segundo Reis (2010, p.70), “a base do paradigma de inclusão está na percepção

de que a diversidade é parte da natureza humana e a diferença não é um problema, mas

um fator de enriquecimento entre as pessoas. Uma sociedade democrática é uma

sociedade para todos. Assim, a inclusão é, antes de tudo, uma questão ética”. Baseado

nisto, acreditamos que a inclusão construirá no aluno dito “normal”, os conceitos de

cidadão ético, justo e humano, e no aluno “com necessidades educacionais especiais”, o

sentimento de capacidade dentro de suas possibilidades.

Para tanto, é necessário que o ambiente escolar, que é estabelecido pelo gestor,

equipe pedagógica, corpo docente, discente e funcionários em geral, seja propício para

que o aluno “normal” se adapte ao “aluno com necessidades educacionais especiais”.

Caso contrário, não teríamos uma “inclusão” (escola se adaptando aos alunos com

necessidades educacionais especiais), e sim uma integração (os alunos com

necessidades educacionais especiais se adaptando a normas pré estabelecidas pela

escola).

Entretanto é necessário cuidado quanto à simples inclusão do aluno nas escolas

regulares.

Fica claro que a simples inserção de alunos com assistência aos

sistemas regulares de ensino pode redundar em fracasso, na medida

em que estes apresentam problemas graves de qualidade, expressos

pelos altos níveis de repetência, de evasão e baixos níveis de

aprendizagem. (SALVIA & YSSELDYKE, 1991, p.43).

“Jogar” o aluno na escola regular como simples peça e argumento para se

efetivar a “inclusão”, demonstra a falta de uma política pública de inclusão efetiva, onde

o discurso está muito longe de se transformar em práticas reais em sala de aula.

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Comparo isso à abolição. Libertaram os escravos, e os jogaram nas ruas, sem

uma política empregatícia, sem moradia e sem escolaridade. A abolição foi um dos fatos

mais importantes acontecidos no Brasil, para tanto foram necessárias algumas leis

anteriores como a Lei Euzébio de Queirós, que acabou com o tráfico negreiro. A Lei do

Ventre Livre que dava liberdade a filhos de escravos nascidos a partir daquela data, a

Lei dos Sexagenários que garantia a liberdade aos escravos com mais de sessenta anos,

e finalmente a Lei Áurea, que libertou todos os escravos.

Os negros daquele momento histórico sofreram com a escravidão e

posteriormente com a falta de moradia, desemprego, preconceito e a discriminação, que

persistem nos dias de hoje. As pessoas passaram a ser livres no papel, mas não na

prática. A grande maioria vivia na miséria. Como não podiam ir à escola, não sabiam ler

nem escrever. Não tinham profissão nem condições de abrir um negócio. Além disso,

não possuíam casa e não podiam nem mesmo pensar em voltar para a África, pois não

havia dinheiro para viajar. Muitos continuaram trabalhando para os mesmos senhores e

morando na mesma senzala. Outros viraram mendigos e ficavam pelas ruas pedindo

esmolas. Todos os ex-escravos da época enfrentaram o preconceito e o racismo. Não

podiam se matricular em escolas, trabalhar nas fábricas e frequentar igrejas e outros

locais públicos. Atualmente eles (os afro-descendentes) têm suas vidas organizadas,

muitos deles escolarizados e com seus filhos formados ou nas escolas, seus empregos e

propriedades garantidos, mas ocasionalmente ainda se deparam com algum tipo de

discriminação racial.

Esta comparação15

se dá para que entendamos que o início de uma

transformação social é sempre difícil, e que os primeiros estão para os outros como

“escudos”, em que terão que arrebatar todo o tipo de preconceito e discriminação, e

exigir que se façam leis que os defendam e auxiliem. É desta forma que a sociedade se

transforma e constrói homens cidadãos com os mesmos deveres e direitos.

No caso da inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais, a

transformação social tem início na comunidade escolar, especificamente dentro das

15 Comparação entre a inclusão dos afros descendentes à sociedade e dos deficientes à escola e à sociedade

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salas de aula e posteriormente na sociedade como um todo. É sabido que uma grande

parte desses alunos com necessidades educacionais especiais, de início, encontrará

escolas e professores despreparados, gestores e equipes pedagógicas desinteressados, e

alunos e pais preconceituosos.

Assim, espera-se que posteriormente encontrar-se-ão escolas, que servirão de

exemplos a todas as outras, que abrigarão esses alunos e mostrarão através de uma

política inclusiva eficaz, que a escola pode ser a porta de entrada das novas gerações. E

ao final, quando for exigido que todas as escolas cumpram a lei, adaptando-as e

reorganizando-as para receber os alunos com necessidades educacionais especiais, com

o comprometimento de todos os envolvidos - Estado, escola, família e comunidade - a

inclusão estará estabelecida em todas as escolas brasileiras. Caso contrário, estaríamos

lançando estas crianças ao “breu”, como foram lançados os escravos às ruas, e a

“exclusão” estaria enfatizada nesse processo com decoro.

A grande ousadia deste momento de “inclusão” é tornar a escola um lugar

“plural”, onde todos os indivíduos, com deficiência ou não, devem ter seus direitos

respeitados, podendo assim, fazer parte de fato da sociedade, sendo aceitos nas escolas e

tendo suas necessidades educacionais atendidas.

3. METODOLOGIA

No decorrer do Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE foram

produzidos diversos trabalhos como: O projeto de intervenção pedagógica, produção

didático- pedagógica, implementação do projeto de intervenção pedagógica na escola e

o GTR, (grupo de trabalho em rede).

O projeto de intervenção pedagógica projetou a “Inclusão de alunos com

necessidades educacionais especiais no ensino regular”. Para a produção didático-

pedagógica – unidade didática, foram abordados referenciais teóricos e metodológicos

que contemplaram o tema: “alunos cegos e de baixa visão”.

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Na implementação, que foi em forma de curso de extensão, foram dispostas

discussões e propostas metodológicas por intermédio de referenciais teóricos que

abordaram os temas: “Explanação geral sobre inclusão”, com objetivo de oferecer

uma forma diferenciada de tratar o assunto sobre inclusão da criança com necessidades

educacionais especiais na escola publica, bem como alertar professores do seu papel

como educador. “Saberes e práticas da inclusão: alunos cegos e com baixa visão”,

que buscou proporcionar aos professores regulares das escolas envolvidas orientações e

assessorias sobre a confecção e utilização de recursos didáticos adaptados ao ensino de

alunos com cegueira e visão subnormal. “Saberes e práticas da inclusão: alunos

com síndrome de down”, que objetivou a identificação dos problemas e limitações que

as crianças com síndrome de down enfrentam para serem incluídas em escolas do

ensino regular, além das limitações específicas da doença, como também identificar se

as escolas regulares estão preparadas para receber os alunos com deficiência mental. E

ainda, compreender que a inclusão de crianças com síndrome de down faz diferença na

aprendizagem e desenvolvimento dos mesmos, e investigar quais tipos de atividades e

procedimentos devem ser realizadas com esses alunos nas escolas de ensino regular.

Os encontros tiveram início na terceira semana do mês de agosto de 2011, com

uma carga horária total de 32 h/aula, subdividindo em 07 encontros de 04 horas cada

um, os quais aconteceram às sextas feiras das 19:00 às 23:00 horas, perfazendo 28

horas. Para as 04 horas restantes, foram realizadas atividades extra-curso, objetivando a

melhor assimilação da proposta. Segue cronograma.

Data Conteúdo Total de horas

16/09/2011 e

23/09/2011

Explanação geral sobre a inclusão,

baseado em autores como: Herminia

Prado Godoy, Maria Tereza Eglér

Mantoan, Rosangela Gavioli Prieto,

MEC/SEESP, Rossana Ramos, L.S

Vigotsky, João Luis Gasparin e Dermeval

Saviani.

8 horas

30/09/2011

07/10/2011

Saberes e práticas da inclusão: alunos

com baixa visão. Baseado nos autores:

Rossana Ramos, Rose Reis, MEC/SEESP,

Alberto Mendonça, Cristina Miguel,

Graça Neves, Manuela Micaelo e Vitor

Reino.

8 horas

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14

14/10/2011

21/10/2011

Saberes e Práticas da Inclusão: Alunos

com Síndrome de Down. Baseado nos

autores: Maria Antonieta M.A. Voivodic .

http://sindromedownpuc.blogspot.com/

8 horas

28/10/2011 Encerramento: Exposição de trabalhos 4 horas

Trabalhos extra curso – tarefas 4 horas

Total: 32 Horas

O propósito desse trabalho foi de orientar os profissionais da educação e levá-los

a repensar suas práticas pedagógicas em prol dos alunos com necessidades educacionais

especiais inseridos na escola.

E por fim o GTR – Grupo de Trabalhos em Rede, que propôs uma explanação

geral do projeto, da unidade didática e da intervenção pedagógica, com atividades on

line, concretizadas em rede por quinze professores de diversas regiões do Paraná.

4. RESULTADOS

O curso de extensão, considerado por mim, como o ápice do projeto, foi realizado no

período de 16 de setembro a 28 de outubro de 2011, subdividido em três temas: “ Inclusão de

alunos com necessidades educacionais especiais”, “ Saberes e práticas da inclusão: Alunos com

Síndrome de Down”, “ Saberes e prática da Inclusão: Alunos cegos e com baixa visão”.

Conteúdos Trabalhados:

Item(ns) ministrado(s) / ministrante(s) Carga horária

Inclusão de Alunos com Necessidades Educacionais Especiais

Histórico – Como eram considerados os deficientes desde a

antiguidade.

Legalidade

Integração versus Inclusão

Educação Inclusiva

Quem ganha com a inclusão de crianças com necessidades

especiais?

8 Horas

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15

Como a escola deve se preparar para receber um aluno com

necessidades educacionais especiais?

Adaptações arquitetônicas

Formação de professores

Mudança de postura do educador

Papel da Escola do estado e da Família

Conclusão

Atividades extra-curso

Depoimentos: atividades

Lev Semenovich Vigotski (contribuição de Vigotski para

educação especial)

Filme as Borboletas de Zagorski

Saberes e Prática da Inclusão: Alunos com Síndrome de Down:

Tipos de Síndrome de Down.

a. Trissomia Simples

b. Translocação

c. Mosaico

Incidência

Características

Saúde

Expectativa de vida

Tratamento

Sexualidade

Aprendizagem

Aprovar ou reprovar. Quais os parâmetros?

Filme: Oitavo dia

Discussão sobre o filme

8 Horas

Saberes e práticas da inclusão: Alunos cegos e com baixa visão

Visão

Cegueira

Baixa Visão

Alguns tipos de visão subnormal e baixa visão

a. Alteração da visão central

b. Alteração da visão periférica

c. Hemiapnósia

8 Horas

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d. Alteração de sensibilidade ao contraste

Procedimentos Pedagógicos

Orientações na elaboração de materiais

Recursos para melhorar a visão

a. Telessistema

b. Lupa

c. Régua de aumento

d. Tiposcópio para leitura

e. Suporte para leitura

f. Recursos eletrônicos

Recursos pedagógicos

Sistema Braille

a. Reglete/punção

b. Máquina de escrever Braille

Soroban

Caneta barbante

Grade para escrita cursiva

Livro didático

Recursos Tecnológicos

a. Microcomputador

b. Impressora Braille

c. Softwares

Dos Vox

MEC Daisy

Mitos

Orientações

Atividades

Considerações Finais

Filme: A Cor do Paraíso

Discussão do Filme

Salas de recursos.

Salas de recursos

Atividades para salas de recursos

Café Temático: em grupos de três, cada membro do grupo será

um deficiente, ou visual, ou surdo ou físico, e eles deverão se

ajudar a alimentarem-se.

Discussão sobre as sensações.

4 Horas

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17

Exposição das atividades extra curso.

Atividades extra curso. ( trabalhos on line)

Atividade 1.

O que é Educação Especial para você?

Qual sua visão acerca do aluno com necessidades

educacionais especiais?

O que você considera como escola inclusiva?

Que pontos você considera positivos e negativos na

Educação Inclusiva?

Como você se sente como professora da escola

inclusiva

Quais as dificuldades que você encontra (ou acha que

encontraria) no trabalho com alunos com

necessidades educacionais especiais?

Quais os entraves (obstáculos) por parte do sistema

educacional, para que tenhamos uma educação

inclusiva eficiente?

Qual a diferença entre integração e inclusão?

Você acredita no processo de inclusão dos alunos

com necessidades educacionais especiais? O que

você acha que pode melhorar, ou o que está faltando?

Como trabalhar o preconceito dentro da escola?

Você tem alguma experiência ou sugestão?

Faça um comentário da citação abaixo com no mínimo 10

linhas.

[...] A inclusão educacional é mais que a presença física, é mais

que acessibilidade arquitetônica, é mais que matricular alunos com

deficiência nas salas de aula do ensino regular, é bem mais que um

movimento da Educação Especial, pois se impõe como movimento

responsável que não pode abrir mão de uma rede de ajuda e apoio aos

educadores, alunos e familiares. (CARVALHO, 2004, apud SEED,

2006, p.39)

Atividade 2.

Diante das intervenções abaixo citadas, crie uma atividade para

4 horas

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uma criança com síndrome de down. (escolha a idade escolar que

desejar)

Programar exercícios que aumentem seu tempo de atenção.

Construir uma gama de atividades curtas, focalizadas e definidas

claramente nas aulas;

Variar o nível de demanda de tarefa para tarefa e o tipo de

apoio;

Atividades variadas e amenas;

Selecionar as tarefas e repartí-las no tempo, sem angústia ou

cansaço;

Quando a criança participa ativamente da atividade, aprende

melhor e esquece menos;

Planejar tarefas nas quais as crianças intervenham ou atue como

personagem principal;

Atividade 3.

Planeje uma atividade para um aluno com baixa visão. Utilize as

intervenções abaixo caso seja uma atividade escrita.

Evitar fontes cursivas, decorativas, itálicos;

Usar fontes em que todas as letras ocupem um espaço de

dimensão fixa ou aquelas em que o espaço é proporcional à

letra, mas expandido, e forma a impedir que os bordos laterais

das letras fiquem muito próximos;

O tamanho da letra deverá ser no mínimo de 16 pontos, há, no

entanto que ter presente que esta é uma medida relativa, uma

vez que o tamanho real difere consoante a fonte usada;

Usar o tipo “bold”, mas nunca o extra-bold e evitar sublinhados;

O tamanho da linha não deve exceder os 15 centímetros;

Nunca usar folhas com tamanho superior ao A4;

Justificar apenas a margem esquerda do texto;

Nas imagens eliminar os detalhes desnecessários;

Nas respostas de escolha múltipla colocar as caixas, onde o

aluno deve assinalar a resposta, no final de cada frase;

Nas apresentações em PowerPoint usar cores contrastantes,

preferencialmente cores claras (branco ou amarelo) sobre o

fundo escuro (preto ou azul).

O conteúdo foi trabalhado com exposição de slides, clipes de filmes, debates, e

atividades extras, on line. Ao final do curso os cursistas concluíram que:

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19

Os alunos com necessidades educacionais especiais têm potencial, mas

necessitam do apoio da comunidade escolar, do poder público e participação

efetiva da família;

“O aluno com necessidades educacionais especiais, é capaz de

realizar todas as atividades dentro do seu limite e como todo cidadão

tem direito a uma educação efetiva e de qualidade”.

“Os alunos com necessidades especiais são aqueles que, por alguma

diferença no seu desenvolvimento (diferenças que podem vir de

condições visuais, auditivas, mentais, intelectuais, etc.) requerem

certas modificações ou adaptações na sua aprendizagem, para que

possam atingir todo seu potencial”.

“Deve ter um acompanhamento diferenciado, não necessariamente

separado aos demais, mas que lhe de suporte na hora do aprendizado”.

(PROFESSORES CURSISTAS. INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA

PDE 2010-2011).

A escola inclusiva é aquela que promove a educação para todos respeitando as

diferenças;

“É aquela escola que possui o espaço físico adaptado, profissional que

auxilie o aluno especial em sala de aula e documentos que o ampare”.

“E a que possibilita aos alunos inclusão com as mesmas oportunidades

escolares, garantir o desenvolvimento coletivo e individual

envolvendo além do professor, alunos, equipe pedagógica,

funcionários, a comunidade escolar como um todo”.

“A escola inclusiva não é aquela que aceita a matrícula de crianças

com necessidades especiais, mas sim aquela que garante a ele o

direito a vaga lhe dá condições de aprendizagem e acessibilidade.”

(PROFESSORES CURSISTAS. INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA

PDE 2010-2011).

Os pontos positivos da educação inclusiva é a socialização, integração social,

tornar o ser humano com índice menor de preconceito, valorização pessoal e

satisfação da família, direitos iguais a educação e a capacitação do corpo

docente, tornando-os comprometidos com a inclusão.

“ Os alunos com necessidades educacionais especiais se sentirão

com a auto estima elevada, os alunos ditos “normais”

aprenderão a conviver com as diferenças, a sociedade terá uma

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visão diferente sobre as pessoas com necessidades educacionais

especiais, os professores serão estimulados a buscar novos

conhecimentos para atender esses alunos, a diversidade permite

a construção de uma escola de qualidade.”

“Os alunos desenvolvem amizades, socializam-se, contam com a

ajuda dos colegas, é positivo para todos”.

“O ponto positivo é acreditar na integração social e no

desenvolvimento e potencial que cada criança possui, mas é

preciso confiar e aposta”. (PROFESSORES CURSISTAS. INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA

PDE 2010-2011).

Os pontos negativos se estabelece, segundo os cursistas, na falta de apoio do

poder público, uma inclusão de “fachada” acometida a exclusão dos alunos

inseridos no ensino regular, infra estrutura inadequada, material didático e

paradidático adequados, salas numerosas, despreparo profissional dos

educadores, da escola e família.

“Os pontos negativos são falta de espaço físico, recursos

multifuncionais, falta de participação dos pais, formação

continuada para os professores e apoio governamental”.

“O ponto negativo é que falta apoio do poder público para que

essa inclusão, seja feita de acordo com as necessidades de cada

aluno que ali está incluído. Quanto aos profissionais a maior

dificuldade é que fazemos parte de uma sociedade capitalista

onde valoriza somente os melhores”.

“Talvez o ponto negativo fosse qe nem todos poderiam estar

incluídos realmente, e acabar dentro de um processo que tem

uma proposta muito bonita, mas na prática, são apenas jogados e

excluídos nas salas de aula”. (PROFESSORES CURSISTAS. INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA

PDE 2010-2011).

Como professores de uma escola inclusiva, alguns demonstraram que teriam

dificuldades e que não estariam preparados, outros, no entanto, acreditavam que

seria preciso romper barreiras, trabalhar a tolerância, superar o medo do novo, e

que cada pequeno progresso seria uma vitória e um avanço a ser comemorado;

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“Sinto uma responsabilidade muito grande, pois sei que não é um

trabalho fácil, exige persistência e paciência, mas também o vejo

como algo desafiador que me faz tornar uma pessoa mais esforçada e

com grande capacidade de aprender cada vez mais”.

“Sinto-me responsável por estar passando conhecimento para o aluno

especial com o compromisso de me especializar para ensinar da

melhor forma possível, e ensinar os alunos através do exemplo de

que, apesar das diferenças, todos somos iguais”.

“Mesmo lecionando em uma Escola Especial, a vejo como uma escola

inclusiva, já que há diversidade e é respeitada e valorizada. Vejo

maior dificuldade na falta de apoio governamental aos profissionais,

já que raramente são oferecidos cursos de capacitação para a

Educação Especial. O professor na maioria das vezes tem que se virar

sozinho sem materiais que poderiam ajudá-lo, e não são ofertados”.

(PROFESSORES CURSISTAS. INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA

PDE 2010-2011).

O preconceito deve ser trabalhado dentro da escola, observando as necessidades

do aluno e não sua deficiência valorizando todos os alunos sem distinção, e que

devem ser realizadas palestras e trabalhados conteúdos que sirvam como

referencial metodológico para a conscientização e construção do ser humano

justo, sociável e sem preconceito;

“Através de conversas e informações com vídeos, testemunhos e

palestras”.

“A escola cumpre sua função social e política não somente na escolha

da metodologia para a transmissão dos conhecimentos historicamente

acumulados, ou no preparo das novas gerações, mas também a partir

do momento em que trata todos de maneira igualitária, respeitando as

diferenças, superando os preconceitos e discriminações existentes na

sociedade, através de um trabalho sistemático e crítico na formação de

valores”.identifiquem as mais variadas formas de preconceito e as

punições para cada caso.

“Através de palestras, conteúdos metodológicos que identifiquem as

mais variadas formas de preconceito e as punições para cada caso.

Filmes sobre o assunto, depoimentos verídicos. Reforçar sempre a

importância do respeito mútuo, onde cada pessoa tem o direito de ir e

vir”.

(PROFESSORES CURSISTAS. INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA

PDE 2010-2011).

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Conclui-se ao término da intervenção que a escola inclusiva não é feita de boas

intenções, é feita de ações concretas, que possibilitem a todas as crianças o aprendizado. Não

basta matricular o aluno para se identificar como escola inclusiva, mas garantir a ele as

condições de aprendizagem. O Curso conseguiu, através de estudos, promover uma maior

reflexão e aceitação dos alunos com necessidades educacionais especiais no ensino

regular. Possibilitou, ainda, a socialização da diversidade da clientela cursista, professores

de escolas regulares, de escolas especiais, escolas infantis, auxiliares administrativos e

profissionais de serviços gerais contribuiu para que experiências fossem trocadas e

conhecimentos adquiridos.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o tema “ Inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais no

ensino regular”, cerca de quarenta e cinco profissionais de educação, trinta no curso

presencial – Intervenção Pedagógica, e quinze on line - GTR, foi possível viabilizar

trocas de experiências, a (re)construção e (re) significação de conceitos e conhecimentos

existentes, objetivando a construção de um processo de ensino-aprendizagem dialógico,

dialético e investigativo, visando a heterogeneidade da nova clientela escolar.

Com a inclusão o desafio é que os alunos se desenvolvam e se apropriem do

conhecimento. A inclusão, diferente do que muitos pensam, não acabará com as escolas

especiais, mas as finalidades da existência das mesmas serão transformadas. Escola

regular e escola especial trabalham com a mesma finalidade a emancipação humana.

Desta forma, seremos capazes de enfrentar o desafio das diferenças e colher os

benefícios de uma educação inclusiva, com respeito à igualdade de direitos, convivendo

com a diversidade e exercendo a cidadania.

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