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Conte comigo Inclusão de pesoas com deficiência nos projectos de desenvolvimento Um guia prático para organizações do Norte e do Sul Por Paulien Bruijn, Barbara Regeer, Huib Cornielje, Roelie Wolting, Saskia van Veen e Niala Maharaj

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Contecomigo

Inclusão de pessoas comdeficiência nos projectosde desenvolvimento

Um guia prático para organizações do Norte e do SulPor Paulien Bruijn, Barbara Regeer, Huib Cornielje, Roelie Wolting, Saskia van Veen e Niala Maharaj

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Inclusão de pessoas com deficiência nos projectos

de desenvolvimentoUm guia prático para organizações

do Norte e do Sul

Por Paulien Bruijn, Barbara Regeer, Huib Cornielje, Roelie Wolting, Saskia van Veen e Niala Maharaj

Contecomigo

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Quem é deficiente?

Se você não é capaz de ver a pessoa, mas somente a deficiência, então quem é cego?

Se você não é capaz de escutar o clamor pela justiça de seu irmão, quem é surdo?

Se você não se comunica com suas irmãs, mas as separade si mesmo, quem é deficiente?

Se o seu coração e sua mente não se aproximam ao seu vizinho, quem está em desvantagem?

Se você não se levanta para defender os direitos de todasas pessoas, quem é o deficiente?

Suas atitudes em relação às pessoas com deficiênciapodem ser nossos maiores obstáculos, e os seus também.

Tony Wong

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Indice

Nota do autor 7Nossa própria história 8Introdução do conteúdo 9Apresentação dos Autores 10Agradecimentos

12PARTE UM: Deficiência, exclusão e inclusão 13O mistério do desaparecido e marginalizado 14O que é deficiência? 15Diferentes abordagens para deficiência 16Por que pessoas com deficiência são excluídas nos programas de desenvolvimento? 18O que é desenvolvimento inclusivo? 21O papel de organizações inclusivas no desenvolvimento inclusivo 24

PARTE DOIS: Criação de programas de desenvolvimento inclusivo 25Passos necessários para tornar um programa inclusivo 25Treinamento do Pessoal do Projeo 26Inclusão de pessoas com deficiência como formadores 28Boas práticas 33A remoção das barreiras 42Criando acesso para todos 43Estabelecimento de redes 46

TERCEIRA PARTE: Tornando-se uma organização de deficiência inclusiva 49Qual é a caraerística típica de uma organização inclusiva? 49Como se tornar uma organização inclusiva 55Inserçao de inclusão da deficiência nas estratégias e sistemas organizacionais 67Gestão dos recursos humanos para deficiência inclusiva 69Inclusão da deficiência no sistema de planificação, monitoria e avaliação 70Criação de acesso às instalações e informações em sua própria organização 72

QUARTA PARTE: Observações finais: lições aprendidas 74

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O que aprendemos com nossa experiência – eque gostaríamos de partilhar consigo – é queincluir pessoas com deficiência num grupo-alvoda sua organização não necessariamente exigelançar um programa totalmente novo. Isto podeser alcançado com actividades já existentes,esquemas de treinamento e políticas. Este guiavai o mostrar como, pois, contém passos simplese práticos que alguém pode adoptar para incluirpessoas com deficiência nas suas actividades.

Esse guia está repleto de sugestões, exemplosreais e experiências para inspirar os praticantesde políticas de desenvolvimento a tomarem ainiciativa. Ele foi desenhado tendo emconsideração os funcionários das sedes deorganizações de desenvolvimento no Norte,assim como aqueles que trabalham no Sul emorganizações responsáveis pela implementação.Portanto, esperamos que agregue valor paradoadores, ONGs, organizações do governo,fazedores de políticas e, nas próprias pessoascom deficiência.

Diferentes factores podem impulsionar umaorganização a começar a trabalhar com ainclusão de pessoas com deficiência. Primeiro,existe a Convenção sobre os Direitos dasPessoas com Deficiência da ONU, que motivaorganizações a iniciar a inclusão de pessoas comdeficiência nos seus programas. Esta é aconsequência lógica quando os países ratificam aConvenção. Às vezes o processo de inclusão se

inicia com um gestor que tem um filho(a)deficiente e introduz o tópico na agenda. Emoutros casos, as organizações avaliam seuspróprios programas e descobrem que pessoascom deficiência não se beneficiam de seustrabalhos humanitários. Algumas organizaçõesquerem trabalhar com inclusão de pessoas comdeficiência porque isso faz parte de suas visões emissões: por exemplo, educação para todos. Nãohá organizações onde o processo inicia-se comum pedido iniciado pelo doador.

Qualquer que seja a razão, este guia oferece osprimeiros passos, material de inspiração que osentusiasmados podem usar para introduzir otópico de inclusão de deficiência na agenda desuas respectivas organizações, incluindoinformações essenciais sobre como a inclusãopode ser incorporada nas políticas e estruturasorganizacionais.

Nossa própria história

Há quatro anos, três organizações dedesenvolvimento da Holanda uniram-se edecidiram que deveriam parar de falar sobreinclusão de pessoas com deficiência e começar afazer algo para que tal acontecesse. Isso resultounum programa de Desenvolvimento deCapacidades para organizações parceiras naÍndia e na Etiópia sobre como incluir pessoascom deficiência em programas de

A ‘inclusão de pessoas com deficiência’ tornou-se ainda outro tópico na ocupada

agenda dos sobrecarregados gestores e oficiais de programas de organizações de

desenvolvimento. Mas não tenha medo: esta brochura não vai aumentar o seu

fardo. Na verdade, vai torná-lo mais leve.

Nota do autor

←←Qual é a intençãodeste guião?

←Como este guiãosurgiu?

←←Porquê o precisamos?

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desenvolvimento tradicionais. Outrasorganizações holandesas ingressaram,juntamente com suas organizações parceirasnesses dois países.

No começo, o nosso foco era primariamente ainclusão de pessoas com deficiência nosprojectos de desenvolvimento. Porém, ao longodo percurso, percebemos que a inclusão quepretendíamos exigia não somente mudança deatitude, mas também mudanças organizacionais.Não era somente sobre a inclusão em projectose programas; era também sobre nossos própriosvalores organizacionais, sistemas e políticas. Nãohaviam somente barreiras nos nossos projectos,mas também barreiras nos nossos própriosescritórios e websites que impediam que pessoascom deficiência tivessem a mesma participação.

Portanto, lançamos um ‘Programa deAprendizagem Temática’ (TLP, em inglês) sobreinclusão de pessoas com deficiência em Janeirode 2011. O programa foi patrocinado pela PSO,uma organização holandesa de capacitação.Treze organizações doadoras (seis ONGsholandesas tradicionais; três ONGs holandesasespecíficas de deficiência e quatro ONGsincluindo de outros países europeus – ReinoUnido, Alemanha, Bélgica e Dinamarca) e vinte euma organizações implementadoras na Etiópia ena Índia participaram.

As organizações participantes formularam suaspróprias questões e planos de acção parapromover uma inclusão sustentável de pessoascom deficiência nos seus próprios programas eorganizações. O guia que tem em suas mãosneste momento é um dos resultados desteprograma de aprendizagem. É baseado emexperiências reais destas organizações. Portanto,esperamos que a nossa experiência inspireoutros a começar suas próprias jornadas comvista à participação equitativa de pessoas comdeficiência.

Introdução do conteúdo

A Parte Um desta publicação fornece umaintrodução vital do tópico de deficiência edesenvolvimento. Pode ser muito útil se este

assunto for novo para si, pois, apresentaperspectivas convencionais sobre pessoas comdeficiência e questionamentos sobre asdefinições populares nesta área. Aqui, nósdispomos a perspectiva de direitos humanossobre o conceito de deficiência e clarificamos anecessidade de programas de desenvolvimentoinclusivos para pessoas com deficiência.

A Parte Dois explica passo-a-passo medidas quepodem ser adoptadas para incluir pessoas comdeficiência em programas de desenvolvimentoregulares. Este capítulo é extremamenterelevante para os praticantes de políticas dedesenvolvimento envolvidos no desenho,implementação, monitoria e avaliação deprojectos e programas, e aqueles envolvidos notreinamento de pessoal.

A Parte Três apresenta como organizaçõespodem enquadrar o tópico de inclusão dedeficiência em suas próprias políticas, sistemas eestruturas. Isto é interessante para fazedores depolíticas, oficiais de monitoria e avaliação egestores seniores. Este capítulo também incluium teste prático para descobrir o quão inclusivasua organização é.

Apresentação dosAutores

• Paulien Bruijn, coordenadora de projectos dedesenvolvimento inclusivo, LIGHT FOR THEWORLD Holanda

• Huib Cornielje, consultor de assuntosrelacionados com deficiência e capacitação

• Niala Maharaj, coordenadora de edição• Barbara Regeer, professora assistente, AthenaInstitute, VU University, Amsterdam

• Saskia van Veen, pesquisadora, Athena Institute,VU University, Amsterdam

• Roelie Wolting, consultora de assuntosrelacionados com deficiência, ColigaçãoHolandesa sobre Deficiência eDesenvolvimento

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→Baseado na

experiência de vidareal

→Definições sãoimportantes

→→Mudanças de políticas

são necessárias

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Gostaríamos de manifestar a nossa gratidão àsorganizações que participaram no Programa deAprendizagem Temática e generosamentecontribuíram com sua experiência,conhecimento e fotografias para odesenvolvimento deste guia.

O Centro Etíope para Deficiência eDesenvolvimento (ECDD) e organizaçõesparticipantes na Etiópia: Ethiopian Kale HeywotChurch (EKHC); Meseret Kristos Church (MKC);New Vision in Education Association (NVEA);Kelem Education and Training Association (KETA);Ethiopian Mulu Wongel Amagnoch ChurchDevelopment Organisation (EMWACDO);Resurrection and Life Development Organisation(RLDO); Hope Enterprises; Wabe Children’s Aidand Training (WCAT); Evangelical ChurchesFellowship Ethiopia (ECFE). Leonard CheshireDisability SARO (LCD), Center for Disability inDevelopment in Bangladesh (CDD) e organizaçõesimplementadoras na Índia: Evangelical FellowshipOf India Commission on Relief (EFICOR); NorthEast India Commission On Relief & Development(NEICORD); Discipleship Centre; EmmanuelHospital Association; CCCD; ReformedPresbyterian Church (RPC); Vocational Trainingand Rehabilitation Center (VTRC); Word Trust;AMG India; Oikonomos Ministries; LeonardCheshire Home Lucknow; Leonard Cheshire HomeDehradun.

Organizações participantes na Europa: TearNetherlands; Edukans, Oikonomos; Help a Child;Light for the World Netherlands; WarChild;Zuidoost-Azië (ZOA); Fundação Liliane;Netherlands Leprosy Relief; Tearfund UK; KinderNot Hilfe Germany; Mission East Belgium; IASDenmark.

Portanto, gostaríamos de agradecer também aJoyce den Besten, que alegremente nos ajudouna produção desta brochura, assim como osseguintes estagiários de pesquisa da VUUniversity Amsterdam, que nos forneceram

relatos de casos da Holanda, Etiópia e Índia:Heleen Troost, Ineke Caubo, Claudine van derSande, Shanti Thakoerdin, Emmy de Wit,Sebastiaan Blok, Joyce den Besten, DurwinLynch, Denise van Kampen, Tessa Frankena andYang Qin.

Agradecimentos também a Dave Lupton, quegenerosamente nos permitiu o uso de seuscartoons Crippen na internet e recomendamosque os estimados leitores acessem o seu site:http://www.crippencartoons.co.uk

Estamos muito gratos à organização holandesaPSO por nos fornecer fundos para organizar oPrograma de Aprendizagem Temática e para aprodução deste guia. Também agradecemos àICCO Kerk in Actie por cofinanciar a produçãodeste guia

Finalmente, gostaríamos de agradecer às nossaspróprias organizações por nos permitirdespender tempo e recursos para este projecto.

Agradecimentos

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‘Ser deficiente deixar de ser um obstáculo ao sucesso (...) Nós temos o dever moral

de remover barreiras que impeçam a participação, e de investir o financiamento e

peritagem suficiente para abrir o vasto potencial de pessoas com deficiência.

Governos em todo o mundo não podem mais negligenciar centenas de milhões de

pessoas com deficiência que são negadas acesso à saúde, reabilitação, suporte,

educação e emprego, e nunca têm a oportunidade de brilhar. É a minha esperança

que (...) este século irá marcar um ponto de viragem para inclusão de pessoas com

deficiências nas vidas da sociedade ao seu redor.’

Professor Stephen Hawking

Deficiência, exclusão e

inclusão

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É estimado que pessoas com deficiência compõem cerca de 15% da população

mundial. Eles estão frequentemente entre os mais marginalizados dentre os

pobres.20% das pessoas mais pobres do mundo possuem deficiência, de acordo

com o Banco Mundial (UN Enable, 2009)

O mistério dodesaparecido emarginalizado

Em teoria, pessoas com deficiência possuem osmesmos direitos que você e eu de participarintegralmente de todas as esferas da vida: navida em família, na escola, no local de trabalho,na política ou em serviços religiosos (Convençãosobre os Direitos das Pessoas com Deficiência daONU, 2008). Entretanto, a realidade em muitospaíses em desenvolvimento é o oposto. Criançascom deficiência dificilmente frequentam aescola. Adultos raramente participam emactividades comunitárias como encontros,festivais e serviços religiosos. Elesfrequentemente não possuem acesso aomercado de trabalho e encontram discriminaçãoao procurar emprego ou envolvimento emgrupos de auto-ajuda ou actividades geradorasde rendimento. As raparigas e mulheres comdeficiência são extremamente vulneráveis aoabuso físico e sexual, particularmente quandopossuem uma deficiência intelectual.

Pessoas pobres possuem maiores possibilidadesde adquirir algum tipo de deficiência: elesrealizam trabalhos mais perigosos, comotrabalho em minas, indústria, construção civil econstrução de rodovias. Eles são mais expostos a

doenças ligadas a deficiência e condições.Pessoas pobres frequentemente vivem emcondições que podem levar a condiçõesdeficientes, por exemplo com mais exposição àviolência, incêndios e etc. Eles geralmentecomem comida de baixa qualidade e comvariedade limitada, o que pode resultar emcondições deficientes, como raquitismo, epossuem menos dinheiro para usar emassistência médica.

Ao mesmo tempo, ter uma deficiência aumentaa possibilidade de permanecer na pobreza.Pessoas com deficiência muitas vezes perdemseus empregos ou são impedidas de participarem ambiente escolar e de trabalho. Este ciclo dedeficiência e pobreza pode e precisa serquebrado. Agências de desenvolvimento devemdesempenhar um papel vital para quebrar esteciclo e criar oportunidades iguais para pessoascom deficiência.

Contudo, a amarga realidade é que pessoas comdeficiência, que frequentemente pertencem aosmais pobres dentre os mais pobres, dificilmentese beneficiam de programas de

→As pessoas comdeficiência não

aparecem no cenáriode desenvolvimento

→Grandes agências de

desenvolvimentogastam apenas 1% de suas actividades de microcrédito nas

pessoas comdeficiência

(Sarpy, 2001)

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desenvolvimento. Como é que as pessoas quemais precisam não conseguem aceder aosprojectos de alívio a pobreza? Por que poucasorganizações de -desenvolvimento prestamatenção aos grupos marginalizados em seusprogramas? Continue connosco. Nós vamostentar desvendar este mistério.

O que é deficiência?

Pergunte às pessoas, o que é deficiência e comcerteza irá ouvir muitas respostas e pontos devista diferentes. Algumas pessoas dirão que sãotragédias pessoais; outras vêem como umproblema médico; e ainda assim outras dirão quedeficiência é parte da vida e devem ser aceitescomo um aspecto de diversidade.

É importante tentar entender o que serdeficiente significa para as pessoas. Somente

15

A Convenção das NaçõesUnidas sobre os Direitosdas Pessoas comDeficiência (UNCRPD)

A Convenção entrou em vigor em 2008. Apelaespecificamente programas dedesenvolvimento para incluir as pessoas comdeficiência.

Artigo 32 - Cooperação internacionalOs Estados membros reconhecem a importância de a cooperação internacional e a sua promoção, em apoiar os esforçosnacionais para a realização do propósito e objectivos da presente convenção, e empreenderá medidas adequadas e eficazes,entre os Estados membros em parceria comorganizações internacionais relevantes eregionais e sociedade civil, nomeadamente asorganizações de pessoas com deficiência. Tais medidas incluem, entre outros:(a) Assegurar que a cooperação internacional,

incluindo o desenvolvimento internacionalprogramas, seja inclusiva e acessível àspessoas com deficiência;

(b) Facilitar e apoiar desenvolvimento decapacidades, através do intercâmbio e partilha de informação, experiências,programas de treinamento e boas práticas;

(c) Facilitar a cooperação em pesquisa e acessoao conhecimento científico e técnico;

(d)Providência de forma apropriada,assistência técnica e económica, incluindoa facilitação do acesso e a partilha detecnologias acessíveis e assistências, e através da transferência de tecnologias.

Artigo 11 - Situações de risco e emergênciashumanitáriasOs Estados membros devem proceder deacordo com suas obrigações sob o direitointernacional, todas medidas necessárias paraassegurar a protecção e a segurança daspessoas com deficiência em situações de risco,incluindo situações de conflito armado,emergências humanitárias e a ocorrência dedesastres naturais.

←Definições sãoimportantes

Os seguintes factos estão bem estabelecidos:• Há uma forte relação entre pobreza e deficiência (Banco Mundial, 2010):

75-90% das pessoas com deficiência no Sul vivendo abaixo da linha depobreza (WHO, 2011);

• Há uma forte ligação entre renda baixa e irregular e deficiência (OMS, 2011);• 40 milhões das 115 milhões de crianças que não frequentam a escola

possuem algum tipo de deficiência (Relatório de Monitoria Global 2010 doEFA). Deste modo, um terço de todas as crianças fora da escola são criançascom deficiência;

• É estimado que 500.000 pessoas, incluindo 10.000 pessoas com deficiência,morrem todos os dias como resultado de pobreza extrema. (KAR, 2005);

• Mais de 1 bilhão de pessoas vivem com alguma forma de deficiência. Istocorresponde a cerca de 15% da população mundial ((OMS, 2011).

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quando o fazemos é que nós tornamos capazesde endereçar efectivamente o problema damarginalização de pessoas com deficiência. Aspessoas frequentemente pensam que essamarginalização é causada pelo impedimento doindivíduo em questão e suas consequências paraa funcionalidade. Porém, na realidade, asatitudes e crenças que a sociedade mantémsobre deficiência contribuem grandemente paraa marginalização.

Dois conceitos chaves que precisam serdistinguidos são impedimento e deficiência. Estesdois termos são muitas vezes indistintos, mas adistinção entre os dois é vital para oentendimento da questão. ‘Impedimento’ refere-se a problemas na função e estrutura do corpocomo um resultado de uma condição saudável –por exemplo, cegueira ou paralisia. ‘Deficiência’possui um significado mais amplo. Refere-se aimpedimentos, limitações nas actividades (comoa inabilidade de ir ao banheiro) e restrições naparticipação (como as dificuldades em serempregado, ir à escola ou fazer uso dotransporte público).

Ter uma deficiência é algo muito influenciadopela interacção entre o individuo e seu ambientesocial, cultural e físico. Há muitas situações noambiente que são incapacitantes e pode ser feitauma distinção entre aquelas que não podem sermudadas (por exemplo, altas montanhas) eaquelas que podem ser alteradas (escadaspodem ser substituídas por rampas ouelevadores). Há também situações ou condiçõesque podem ajudar os indivíduos a serem menosdeficientes. Por exemplo, enquanto montanhasnão podem ser removidas, pode ser possíveltornar o transporte público local acessível a

pessoas que usam cadeiras de roda, enquantouma rampa ou elevador permite que pessoascom cadeiras de roda acessem os prédios.

A Convenção sobre os Direitos das Pessoas comDeficiência da ONU (UNCRPD), adoptada em2006, entrou em vigor em 2008 e, tendo sidoratificada por mais de 110 países, usa a seguintedefinição: ‘Pessoas com deficiência são aquelasque têm impedimentos de longo prazo denatureza física, mental, intelectual ou sensorial,os quais, em interacção com diversas barreiras,podem obstruir sua participação plena e efectivana sociedade em igualdades de condições comas demais pessoas.’

Deficiência é, portanto, não somente umatributo ao indivíduo: é uma interacção entre apessoa e o ambiente ao redor. Intervenções eacções visando a capacitação de pessoas comdeficiência para que participem em todas asesferas da vida deve, dessa forma, ir além doconceito tradicional de tratamento médico ereabilitação. Habilitar pessoas a participarem navida social pode ser largamente alcançado peloendereçamento de barreiras que dificultam odia-a-dia de pessoas com deficiência. Taisbarreiras são muito comumente encontradas nasociedade.

Às vezes pessoas com deficiência possuemtambém barreiras internas que podem afectarseriamente sua participação em sociedade. Porexemplo, pode ser que pessoas estejamdesmotivadas a contribuir para seu própriodesenvolvimento ou elas podem não ter auto-estima e acreditar não serem capazes deaprender coisas novas.

16

→Não confunda

‘impairment’ com‘deficiência’

→→‘Deficiência’ envolve a interacção com o

meio ambiente

→E o meio ambientepode ser alterado

→→Barreiras podem ser

removidas...

→→... Ou eles tendem a

perder a auto-estima...

Deficiência

PobrezaVulnerabilidadeA VULNERABILIDADE À POBREZA

E PROBLEMAS DE SAÚDE

estigma e exclusão social e cultural

participação reduzida noprocesso de tomada

de decisão e negação de direitos

deficiência nos direitos económicos, socias

e culturais

negação de oportunidades de desenvolvimento económico,

sociais e humano

Fonte: DFID, (2002)

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17

‘Apesar das inúmeras políticas e declarações relativas a deficiência e redução da

pobreza, ainda estima-se que 50.000 pessoas, incluindo 10.000 pessoas com

deficiência pessoas, morrem todos os dias, como resultado da pobreza extrema.

Esta não é uma teoria abstracta, mas uma crise desastrosa. Seria enganoso

afirmar que esta injustiça é intenção consciente de alguém. No entanto, pode-se

argumentar que é o inevitável e resultado lógico das relações globais existentes ‘.

Rebecca Yeo, KAR de 2005

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Diferentes abordagenspara deficiênciaA nova abordagem baseada em direitos sobredeficiência enfatiza que pessoas com deficiênciasão muitas vezes impedidas de alcançar seupleno potencial, não devido ao seuimpedimento, mas como um resultado debarreiras legais, atitudinais, arquitectónicas, decomunicação e discriminatórias. As pessoas comdeficiência devem ser reconhecidas e aceitescomo membros plenos e iguais da sociedade,que têm importantes contribuições a fazer àssuas famílias e comunidades, e possuem o deverde aceder as todas necessidades básicas –incluindo escolas, serviços de saúde ereabilitação. Essa nova abordagem visa dar àspessoas com deficiência acesso a programas dedesenvolvimento regulares, em vez de organizarprogramas especiais exclusivos para pessoas comdeficiência.

O novo entendimento sobre deficiência desafia oponto de vista mais tradicional de quedeficiência é um problema estritamente médicoque precisa ser resolvido. Nesta abordagemmédica o único foco é em ‘curar’ pessoas comdeficiência para enquadra-los na sociedade. Aquestão da deficiência é limitada ao indivíduoem questão: a pessoa com deficiência deve sermudada, não a sociedade ou o ambiente aoredor.

De acordo com a abordagem médica, pessoascom deficiência necessitam de serviços especiais,como sistemas de transporte especiais e serviçossociais de bem-estar. Para este propósito,instituições especiais existem: por exemplo,escolas especiais ou locais de trabalhoprotegidos onde profissionais como assistentessociais, médicos, terapeutas e professores deeducação especial determinam e oferecemtratamento especial, educação e ocupação.A nova abordagem baseada em direitos tambémdesafia o ponto de visto de que pessoas comdeficiência devem ser objectos de caridade,incapazes de guiar suas próprias vidas.

Esta denominada por abordagem de caridade vêpessoas com deficiência como vítimas de seus

18

1 Abordagem baseado nos direitos(De Harris y Enfield,2003,p.172)

2 Abordagem médica(De Harris y Enfield, 2003, p.172)

serviços deassistência

social

não podefalar,ver oudecidir

terapeutas eespecialistas

trabalhadoressociais

instituições especializadas

hospitaismédicos especializados

cuidado

cura

o pacienteé um caso

trabalho protegido

escolas especiais

transporte especial

problema=

individuodeficiente

negação dos direitoshumanos básicos

falta de oportunidadespara a autodeterminação

acesso limitadoaos serviços desaúde adequados

leis discriminatórias

participacao limitada na toma

de decisão

acesso limitadodas oportunidadesde trabalho

acesso limitado aeducação

exclusão das actividades

sociais

problema=

sociedadedeficiente

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impedimentos. Pessoas com deficiência sãodignas de pena e merecem nossa ajuda,compaixão e caridade para que sejam cuidadas.Esta velha abordagem resolveu o problema dedeficiência ao criar escolas especiais e programasde bem-estar especiais para pessoas comdeficiência. Às vezes, as próprias pessoas comdeficiência adoptam esse conceito, normalmentepassando a sentirem-se ‘incapazes’ e a terem umbaixo senso de auto-estima.

Este guia irá mostrar o que significa paraorganizações trabalhar com uma perspectivasobre deficiência baseada em direitos. Nósvamos explicar como as abordagens médica e decaridade, que estão profundamente enraizadasnos nossos pensamentos, podem ser superadas.

19

Enquanto o mundo se esforça para alcançar os [Metas de Desenvolvimento do

Milênio] ODM, é importante que a deficiência não seja tratado como uma sobra.

Peter Obeng Asamo, Director, Ghana Association of the Blind

3 Abordagem de caridade (De Harris y Enfield, 2003, p.172)

necessitaser

cuidado

não podecaminharfalarou ver

amargodistorcido agressivo

tristetrágicopassivo

necessita ajuda de caridadesimpatiaserviços especializadosescolas especiais, etc.assistência social

ser lastimado

valente decidido

inspirador

problema=

individuodeficiente

Dave Lupton em www.crippencartoons.co.uk

Direitossim,

caridadenão!

¿Qual é o seuproblema?

Capitán PratColectandodinheiro para os

deficientes

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Há muitas razões que explicam o porquê depessoas com deficiência serem negligenciadasem programas de desenvolvimento inclusivo.Geralmente não é um problema de má vontadepor parte das organizações: fazedores depolíticas de desenvolvimento simplesmente nãoestão conscientes das necessidades ecapacidades de pessoas com deficiência, que não são muito visíveis na sociedade.

‘Eu tenho quase trinta anos de experiência emcooperação de desenvolvimento e já realizeimuitas avaliações, mas nunca percebi que nósdeixamos de fora pessoas com deficiência atéesse momento,’ disse aos pesquisadores um

gestor de programas de uma ONG etíope. ‘Nósnunca pensamos em convidar pessoas comdeficiência antes.’

Pessoas com deficiência frequentemente têmmobilidade limitada e, portanto, costumam ficarperto de suas casas e não comparecem areuniões comunitárias. Eles são, dessa forma,facilmente negligenciados quando novosprojectos estão começando e não sãoconvidados a levantarem suas vozes durante aformulação de novos projectos. Isto pode levar,por exemplo, a planos de evacuação que nãolevam em consideração pessoas com mobilidadelimitada. Ou poderia significar que pontos de

20

Eu tenho quase trinta anos de experiência na cooperação para o desenvolvimento

e tenho feito muitas avaliações de necessidades, mas nunca nos apercebemos das

pessoas com deficiência. Nunca pensamos em convidá-los.

Coordenador de programas de uma ONG da Etiópia

Por que pessoascom deficiênciasão excluídas nosprogramas dedesen volvimento?

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acesso a água não estejam acessíveis parapessoas que usam cadeiras de rodas. E se asactividades e informações dos programas nãoestiverem acessíveis, será difícil para pessoascom deficiência participarem.

Há três principais categorias de obstáculos queimpedem pessoas com deficiência departiciparem: de atitudes, ambientais einstitucionais.

Obstáculos Atitudinais

Preconceito, vergonha e discriminação causamos maiores problemas para pessoas comdeficiência, que são muitas vezes consideradasincapazes, dependentes, com baixa inteligência e em necessidade de uma cura ou serviços esuporte especiais. Contraditoriamente, elas sãopor vezes vistas como inspiradoras, excepcionais

21

‘Não podemos incluir as

crianças com deficiência no

nosso programa de patrocínio

a criança por causa dos

critérios de nosso doador:

a criança deve ser capaz de

aprender e deve ser capaz

de caminhar para escola por

conta própria.’ Pessoal de

campo no programa

de educação em Etiopia

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e heróicas se conseguem viver suas vidasindependentemente. Esta última visão não é emsi um problema; porém, pode facilmente tomar aforma de uma caricatura.Pessoas sem deficiência podem reagir commedo, pena ou aversão, ou com um senso desuperioridade. Os órgãos de comunicaçãofrequentemente reforçam essas suposições e emoções. Além disso, palavras negativas – vítima, leproso, deficiente – reflectem ereforçam preconceitos.

Não é somente a comunidade que pode pensarque pessoas com deficiência são incapazes detomar conta de si mesmas. Equipas de projectosde desenvolvimento também podem ter esta

atitude. É muito comum. Aqui está o que opessoal de trabalho de campo de um programapara geração de renda em Bangladesh disse:

‘Durante nossas visitas de reconhecimentoencontramos algumas idosas e mulheres comdeficiência, mas não pudemos inscrevê-las noprograma porque elas não seriam capazes deaprender e não seriam capazes de trabalhar.’

Obstáculos Ambientais

Há muitas barreiras físicas que impedem pessoascom deficiência de participarem. Transporte

22

→Preconceito, vergonha,

discriminação

→→Barreiras decomunicação

Desculpas comuns paranão incluir pessoas comdeficiência

• Incluir pessoas com deficiência é muitodispendioso.

• Nós não temos o conhecimentonecessário.

• Pessoas com deficiência precisam deprogramas especiais

• Por que deveríamos investir em pessoasque não podem efectuar todas as tarefas?Primeiro nos deixe resolver os problemasde pessoas ‘normais’.

• Não há muitas pessoas com deficiênciapor aqui, por isso isto não é um problema.

• Não trabalhamos com deficiência.

• Nós estamos sobrecarregados; não temostempo para mais um problema.

• Nossos doadores não estão interessados.

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público, clínicas de saúde, escolas, lojas,mercados e locais de adoração sãofrequentemente inacessíveis para pessoas comdeficiência físicas. Comunicação, órgão decomunicação e informação podem conterbarreiras para pessoas com deficiência de falar,auditiva e visual se as informações não sãoapresentadas em um formato acessível, comoem Braille ou em tipografia de letras largas parapessoas com deficiência visuais ou o uso delíngua de sinais para pessoas com deficiênciaauditiva. Foi como Dilkamo, o pai de uma criançaetíope com deficiência visual, explicou aospesquisadores:

‘Eu não envio minha filha para a escola porque aescola não é acessível. Eu tentei enviá-la, mas elavoltou chorando. Ela me perguntou o porquê de euestar fazendo isso já que ela não poderia ver ouaprender nada na aula. E também, outras criançastroçavam dela. Por isso eu a mantenho em casaagora.’

Obstáculos Institucionais

Há também barreiras institucionais queimpedem pessoas com deficiência departiciparem em esferas como política, serviçosreligiosos e emprego. Exemplos de tais barreirassão uma legislação discriminadora, leistrabalhistas e sistemas eleitorais.Frequentemente, eles não se adaptam àsnecessidades de deficientes intelectuais ou comdeficiência visual

A exclusão também pode basear-se em crençasque consideram deficiência como resultado depecados cometidos nesta vida ou em vidaspassadas. Há também políticas discriminatóriasem agências de ajuda humanitária e dedesenvolvimento. Durante o Programa deAprendizado Temático, uma organização naÍndia percebeu que os seus critérios de admissãoescolar – que incluíam as ressalvas de quecrianças deveriam ser capazes de andar à escolasozinhas e que deveriam ser capazes de aprender– estavam excluindo crianças com deficiência.

Adicionalmente, muitos programas de micro-crédito vêem pessoas com deficiência como um

grupo de alto risco, pois acreditam que elas sãomenos produtivas e menos capazes de gerirnegócios viáveis. Alguns programas detreinamento vocacional usam o critério de queestagiários devem ser robustos e aptos atrabalhar e assim excluem pessoas comdeficiência por não as considerarem aptas osuficiente. A equipa de um trabalho de campo deum programa educacional na Etiópia explica:

‘Nós não podemos incluir crianças comdeficiência em nosso Programa de Patrocíniopara Crianças devido aos critérios do nossodoador: uma criança deve ser capaz de aprendere deve ser capaz de andar à escola sozinha.’

Desculpas

Organizações de desenvolvimentofrequentemente têm muitas desculpas queexplicam o porquê de não estarem a incluiractivamente pessoas com deficiência. Atémesmo as organizações integradas no Programade Aprendizado Temático têm dificuldade comestas questões. Ao longo desta publicação,tentaremos desmitificar as desculpas e darconselhos sobre como superar a resistênciadentro das organizações. Uma grande partedesta resistência pode ser eliminada se nósformos capazes de compreender o quedesenvolvimento inclusivo significa e que papéisorganizações de desenvolvimento convencionaispossuem.

23

←←Legislaçãodiscriminatória

←←Os sistemas de crenças

Dave Lupton em www.crippencartoons.co.uk

Vamos! Um rótulo más e vocêestará pronto para enfrentar o mundo.

Departa-mento da

dependência e cuidado

Maluco

Valen

te

Patetico

Incapaz

Falid

o Peso Trag

ico

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24

O que édesenvolvimentoinclusivo?

Ao incluir pessoas com deficiência em programasde desenvolvimento convencionais alguém fazuma declaração pública muito importante:alguém aceita pessoas com deficiência e as vê como membros iguais da sociedade. Este é aúnica maneira de assegurar um acesso aosserviços básicos e uma saída da pobreza parapessoas com deficiência. Os custos de inclusão de pessoas com deficiência são frequentementeusados como um argumento contra a adaptaçãode programas de desenvolvimento para que sejamincluídos. Mas na realidade, é mais eficiente eeficaz incluir pessoas com deficiência nodesenvolvimento convencional do que excluí-las.

Tome como exemplo o caso de escolas especiaissegregadas para crianças com deficiência. Semminimizar sua importância – já que algumascrianças certamente se beneficiam deste tipo deeducação – há ampla evidência de queprogramas especiais de educação para criançascom deficiência são muito caros e somentedisponíveis para os mais afortunados. Alémdisso, a educação especial reforça a segregação e a exclusão.

É importante que agências de desenvolvimentopercebam que pessoas com deficiênciacompartilham as mesmas necessidades básicasque outras pessoas da sociedade. Todos têm anecessidade de água potável e instalaçõessanitárias, por exemplo. Todas precisam demobilidade, embora uma pessoa sem deficiênciatenha mais opções para satisfazer essa

→Incluisão de pessoascom deficiência émuitas vezes maiseficiente e eficaz

→→Pessoas com

deficiência têm asmesmas necessidades

que todos os outros

O desenvolvimentoinclusivo representa

• Igualdade de direitos: Toda a comunidade,inclusive pessoas com deficiência, beneficiam-seigualmente de processos de desenvolvimentoconvencionais. O desenvolvimento inclusivotem como objectivo alcançar direitos iguais parapessoas com deficiência assim comoparticipação plena/activa e acesso a todos osaspectos da sociedade.

• Participação: Pessoas com deficiênciaparticipam de todos os benefícios de programasconvencionais e por isso também participam datomada de decisões.

• Acessibilidade: as barreiras ambientais,institucionais e atitudinais são identificados e abordados para assegurar uma inclusão plenadas pessoas com deficiência em todas as esferasda vida para que todos possam participar emsociedade e conquistem suas ambições demodo ideal.

• Sustentabilidade: O desenvolvimento inclusivonão é uma actividade isolada e única. A inclusãode pessoas com deficiência deve serincorporada em todas as veias da cultura deuma organização. Isto se tornará visível naspolíticas, sistemas e práticas da organização.

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necessidade do que uma pessoa com mobilidadelimitada. Todos precisam de interacção social.Todos nós precisamos pertencer a uma família,um lar e uma sociedade. Todos nós precisamosencontrar um sentido para nossas vidas e realizarnossos sonhos. Embora crianças e adultos comdeficiência possam ter necessidades especiais, amaior parte delas é compartilhada com todos osoutros. Para citar a Organização Mundial daSaúde:

‘Pessoas com deficiência têm necessidades normais– de saúde e bem-estar, económicas, de previdênciasocial, de aprender e desenvolver conhecimentos e de viver em comunidade. Tais necessidadespodem e devem ser atendidas nos programas deintegração e serviços.’

Consequentemente, a satisfação dasnecessidades de todos, inclusive as necessidadesde pessoas com deficiência, através deprogramas de desenvolvimento convencionais, é frequentemente a solução mais eficiente e eficaz. Adaptações muito simples a infra-estrutura existente como pátios ou edifícios deescolas – através de, por exemplo, rampas

e portas mais largas ou simplesmente reservandosalas de aulas no térreo para crianças usandocadeiras de rodas – pode ser suficiente paragarantir o acesso à educação de todas as criançasda região em questão. Da mesma forma, é frequentemente possível que adaptaçõessimples e baratas possam ser feitas emcomputadores, bombas de água, transportepúblico e etc.

Obviamente, crianças e adultos com deficiênciapodem necessitar de serviços especiais. Elaspodem precisar de equipamentos e instrumentosespeciais como cadeira de rodas ou próteses. O acesso a tais materiais deve ser garantidoatravés de serviços especializados, que existemna maioria dos países hoje em dia. Estes serviçosespecializados podem ser encontrados nossectores públicos e privado e não sãonecessariamente caros. Em grande parte doscasos, soluções de relativamente baixatecnologia estão disponíveis através do que sechamamos de programas de reabilitaçãocomunitários. Em tais programas, assentos e equipamentos especiais são fabricados commateriais de baixo custo.

25

←Simples ajustesbaratos, são muitasvezes, tudo o que é necessário

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A participação de toda a população de pessoascom deficiência na sociedade não pode seralcançada somente por organizaçõestradicionais. A responsabilidade é de todos:governo, comunidade, pessoas com deficiência esuas organizações, agências de desenvolvimentoe ajuda humanitária, assim como organizações eprestadores de serviços especiais para pessoascom deficiência. É o papel de agênciasconvencionais abrir seus programas para aparticipação de pessoas com deficiência,remover as barreiras e tornar os serviçosacessíveis. Nada mais, nada menos.

80% das pessoas com deficiência podemparticipar do convívio social sem nenhumaintervenção específica adicional ou comintervenções comunitárias simples, de baixocusto e que não requerem expertise especificade reabilitação.

Os outros 20% das pessoas com deficiência –aqueles que não podem participar activamentenos programas de desenvolvimentoconvencionais e se beneficiar de tais programas

26

→→Basta remover

as barreiras

→→80% de pessoas

com deficiência nãoprecisam deintervençõesespecíficas

O papel deorganizaçõesinclusivas nodesenvolvimentoinclusivo

Werner, D.(1999).

A ELIMINAÇÃO DE BARREIRAS REQUER UMAABORDAGEM INTEGRAL

BARREIRASparaPRINCIPAIS

Falta de reabilitaçãoe equipamento

SOLUÇÕES PARCIAIS(não estar sozinho é suficiente)

SOLUÇÃOINTEGRAL

Reabilitação e meios de compensação

Reabilitação e meios de compensação + acessibilidade + mudança de atitude

acessibilidade mudança de atitude

Barreiras físicas

nãoest

ou

BEM VINDO

BEM VINDO

ESCOLATRABALHOOPORTU-NIDADES

ESCOLATRABALHOOPORTUNI-

DADES

PARTICIPAÇÃOTOTAL

SOCIEDADETODOS

PARTICIPAÇÃOTOTAL

SOCIEDADETODOS

Barreiras de atitudes

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sem que medidas especificas sejam tomadas (por exemplo, fornecer prótese ou cadeira derodas, fisioterapia ou cirurgia) – podem e devemser referidos a organizações especializadas empessoas com deficiência como por exemplooficinas ortopédicas, serviços de fisioterapia e instituições de educação especial. Estesprestadores de serviços específicos podemgarantir as intervenções e equipamentosnecessários e realizar as adaptações necessárias.

Pode haver pessoas que não podem ser incluídasem programas convencionais e nós tambémdevemos estar atentos a isto. Seria, por exemplo,difícil ou impossível incluir crianças e adultoscom deficiência intelectual grave em escolaslocais ou locais de trabalho. Seria, talvez, possívelincluir os membros da família nos programas, nocaso de deficiência severa – por exemplo se apessoa é restrita ao leito devido a uma paralisiacompleta. Além disso, nós devemos referir estescasos para serviços e organizações especializadosem pessoas com deficiência.

Esta forma de trabalhar é denominada deabordagem de via-dupla. Pessoas comdeficiência devem, sempre que possível, serincluídas em programas regulares e devemtambém ter acesso a serviços especiais quandorealmente necessários. No caso da educação, porexemplo, isto significa que crianças comdeficiência devem ser incluídas ao máximo nossistemas de educação públicos e convencionaisjá existentes, e serviços especiais devem estardisponíveis somente onde inclusão em sistemasconvencionais não é possível – por exemplo, paracrianças com múltipla deficiência.

No capitulo que trata sobre o estabelecimentode redes, irá encontrar mais informações sobre opapel dos diferentes actores no desenvolvimentoinclusivo.

Specialist service providers can supply devices

27

↑Incluir membros da família emprogramas

↑A abordagemdupla

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[2]

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‘Eu trabalho num hotel onde faço reservas. No começo, meus chefes tinham dúvidas

sobre se deveriam comprar JAWS (softwares para usuários de computadores com

deficiências visuais) para mim, mas agora eles estão felizes com minha competência

e dedicação. Eles estão planeando contratar mais pessoas com deficiência visual no

departamento de reservas e eu ficarei a cargo do treinamento. O mais importante

para mim é que eu fiz muitos amigos e agora finalmente sou capaz de ajudar meus

pais e meu irmão mais novo. Estou até pensando na possibilidade de casar!’

Shankar, antigo cliente do centro de recursos de subsistência LCD (Centro de Recursos

de meio de vida ), Bengalore, Índia.

A criação de programas

de desenvol-vimento

inclusivo

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30

Passos para tornarum programainclusivo

A inclusão de pessoas com deficiência em

programas regulares não exige muitas

actividades adicionais. A ideia fundamental

é que quando novos programas são criados,

alguém deliberadamente envolve pessoas com

deficiência em todas as etapas do ciclo do

projecto, da análise dos actores à avaliação

de necessidades e definição das actividades

do projecto. O esquema na página seguinte

mostra os diferentes passos envolvidos no

desenvolvimento de um projecto inclusivo.

Rahila recebeu frangos e os homens passamactualmente a vida vendendo ovos

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O primeiro passo é comprometer-se. As pessoascom deficiência fazem parte do seu grupo alvo edeve inclui-las em todas as actividades doprojecto. Esta declaração vai pôr as coisas emmovimento. Também deve alocar parte doorçamento para inclusão e incluir dados sobredeficiência em toda planificação, monitoria eavaliação.

Uma etapa crucial é o treinamento de pessoal.Eles precisam estar conscientes dos direitos,necessidades e capacidades das pessoas comdeficiência. A equipa será então capaz deidentificar as pessoas a serem incluídas nosprojectos novos e já existentes. Uma vezidentificadas, às pessoas com deficiência devemser dados os meios de participar de todo o ciclodo projecto: planificação, implementação eavaliação. Para garantir que a participação sejabem-sucedida, eles devem também ter acesso acuidados médicos ou reabilitação. Nem todosprecisarão de tais cuidados ou instrumentoscomo cadeira de rodas, mas a existência de taloferta é essencial para a qualidade do processode inclusão. As organizações convencionaisdevem referir pessoas com deficiência para

outros provedores de serviços para que asnecessidades mais específicas sejam atendidas.

A etapa mais importante no processo de inclusãoé provavelmente eliminar as barreiras atitudinais,ambientais e institucionais que impedem aparticipação. Vem a seguir a estabelecimento deredes com servidores de serviços específicos parapessoas com deficiência, organizações depessoas com deficiência e governos. Eles podemajudar a sua organização de várias maneiras.

Nas páginas seguintes, cada um destes passosserá descrito com mais detalhes e ilustrados comexemplos reais, dilemas e soluções.

31

←←Envolver a pessoa comdeficiência em todasas fases

←←Treinar a equipa do projecto sobre os direitos, as necessidades e capacidades daspessoas comdeficiência

←Remover barreiras

Estabeleça o objectivo:

As pessoas comdeficiência sãoparte de nosso

grupo alvo e serão incluídas

em todas asactividades do

projecto

Capacite aos membrosda equipe

Construir redes com as organizações de pessoas com deficiência, governos,ONGs especializadas em reabilitação e serviços de reabilitação

Inclua a deficiência em todos os relatórios

de planificação,seguimento e avaliação

Identifique aspessoas comdeficiência

Referir para a atenção denecessidades específicas

Participação daspessoas com

deficiência emtodo o ciclo do

projecto

Assine um orçamentopara a inclusão

Elimine barreiras

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As pessoas com deficiência frequentemente nãosão incluídas em projectos porque as equipasnão estão conscientes das necessidades edireitos das pessoas com deficiência. Isto não éum sinal de má vontade, é somente uma questãode negligência a um grupo de pessoas que nãosão muito visíveis na sociedade. Uma vez quenos tornemos conscientes das necessidades ecapacidades de pessoas com deficiência, torna-se fácil para nós abrir os projectos e eliminar asbarreiras. Uma equipa motivada é umaprioridade chave quando se trabalha cominclusão, pois esta discute os assuntos com ascomunidades e identifica os beneficiários denovos projectos. Portanto, um dos primeirospassos que devem ser dados é a sensibilização daequipa para os direitos e capacidades de pessoascom deficiência.

Durante o Programa de Aprendizagem Temática,os gestores foram confrontados com o grandedesafio de organizar um bom programa detreinamento. Quais são os tipos deconhecimento, atitudes e competências que umaequipa precisa? Eles precisam de conhecimentosmédicos para identificar pessoas com deficiência?Ou uma formação aprofundada em reabilitação?Nós encontramos as seguintes respostas.

Mudanças de atitudes

O primeiro passo é desafiar os estereótipos queexistem sobre pessoas com deficiência. Todos

nós temos em nossas mentes certas imagens eideias sobre essas pessoas: elas precisam deajuda, não conseguem aprender, precisam deserviços especiais, etc. Mas essas ideias, elas sãocorretas? Nós já as verificamos? Em nossotreinamento, nós sempre explicamos asdiferentes abordagens para lidar com deficiênciae dizemos que nossa intenção é de basear nossotrabalho em uma abordagem baseada emdireitos e não em uma perspectiva médica ouuma perspectiva de caridade (ver Parte Um).

Ao final da sessão de treinamento, a equipa deveser capaz de considerar as pessoas comdeficiência como membros plenos da sociedadeque possuem necessidades e direitos comuns. O estigma relacionado à deficiência pode sermuito forte em algumas culturas e comunidades,isto deve, portanto, realmente ser discutido eanalisado durante a sessão de treinamento.

32

Treinamentodo Pessoal doProjecto

Os elementos daformação de pessoal

• Discutir as crenças locais, preconceitos ecultura relacionados com a deficiência.

• Introduzir os termos adequados para referir-se a pessoas com deficiência.

• Explicar os direitos que pessoas comdeficiência têm de participar em todas asesferas da vida.

• Identificar as barreiras para pessoas comdeficiência no projecto.

→Sensibilização daequipa é essencial

→Desafie os estereótipos

→Discutir estigma

associado à pessoascom deficiência

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33

‘Ao curso da organização de um programa de treinamento,’ relembra uma liderançade uma igreja na Etiópia, ‘nós pedimos a um dos membros da igreja, um cantorfamoso com deficiência visual, para nos dar uma aula sobre deficiência e teologia.Ele nos fez um discurso muito impressionante explicando que algumaspersonagens bíblicas importantes tinham deficiência: Moisés gaguejava, Pauloficou cego por alguns dias. O impacto deste discurso foi enorme. Realmente tocouo coração das pessoas. Durante a oração final, os participantes pediram perdãopor terem discriminado pessoas com deficiência no passado. Nós acreditamosfortemente que, de agora em diante, estes líderes de igreja farão o máximo quepuderem para incluir pessoas com deficiência.’

←Envolver pessoas comdeficiência naformação de pessoal

Viajando Juntos é um curso de formação de um diaque orienta os profissionais de desenvolvimentointernacional através de um simples processo demudança radical.O guião de treinamento oferece um conjunto deexercícios muito prático e testadas que podem serusados para o pessoal Treinamento.

http://www.worldvision.org.uk/what-we-do/advocacy/disabiliy-travelling-together-plubication/

Cego, Mecânico de bicicletas em Bangladesh

Conhecimento ecompetências

Não é necessário muito conhecimento paracomeçar a incluir pessoas com deficiência emprogramas convencionais. O papel da equipa deprojecto é encontrar pessoas com deficiência naárea do projecto e garantir que elas sejam

incluídas. Para realizar isto, a equipa precisaentender o que é deficiência e conhecer quediferentes tipos de deficiência há. A equipa devetambém entender como eles podem remover asbarreiras para pessoas com deficiência e quetipos de ajustes são necessários para inclui-las.Por exemplo, o que é preciso para que umacriança com deficiência auditiva possa participarna escola? Ou como é possível tornar a clínica de

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saúde local acessível para pessoas que fazem usode cadeiras de rodas?A equipa de projecto não é responsável pelodiagnóstico, reabilitação médica ou pela medidae distribuição de equipamentos médicos, por issonão precisam de conhecimento médicoaprofundado. Para estes tipos de serviço, elesdevem encaminhar a pessoa em questão paraprestadores de serviços especializados empessoas com deficiência. Por outro lado,conhecimento sobre a legislação local,calendários, programas e serviços relacionados apessoas com deficiência é muito útil. Isto ajudaráa equipa de projecto a encaminhar as pessoascom deficiência para os serviços apropriadasonde podem satisfazer suas necessidades.

O que aprendemos sobretreinamento da equipa de campoVer é crer! Quando a equipa de projecto é, pelaprimeira vez, introduzida à questão de inclusãode pessoas com deficiência, os membrosfrequentemente têm muitas dúvidas sobre ascapacidades de tais pessoas. Eles são realmentecapazes de participar em programasconvencionais? Como um homem cego pode serbem-sucedido no trabalho da fazenda? Comouma mulher paralisada é capaz de administrarsua própria loja? Como uma criança surda écapaz de aprender a ler e escrever? Há umagrande oportunidade de que eles não conheçamninguém com uma deficiência e que é capaz degarantir seu próprio sustento.

Por isso, é muito importante mostrá-los comopessoas com deficiência podem ser incluídas emum projecto convencional. Por exemplo, poderealizar uma visita a um projecto de inclusãobem-sucedido em sua área ou convidar umapessoa com deficiência que ganhe seu sustento eparticipa integralmente na vida da comunidade.Histórias de vida de pessoas são a melhormaneira de passar a mensagem. Se alguém nãofor capaz de promover um depoimento pessoal,pode também usar estudos de caso, filmes,vídeos e fotos. Há um grande número derecursos disponíveis na Internet.

Inclusão de pessoas com deficiência comoformadores

Os melhores advogados dos direitos de pessoascom deficiência são estas próprias pessoas.Convide uma organização de pessoas comdeficiência para fornecer treinamento sobredireitos de pessoas com deficiência e sobreinclusão, ou contrate um treinador comdeficiência. Em muitos países, há centrosespecializados em deficiência edesenvolvimento. Eles possuem treinadoresqualificados e são capazes de desenvolver cursosde treinamento feitos sob medida para a suaorganização.

A inclusão de pessoas com deficiência vaitambém te sensibilizar para as mudançaseventualmente necessárias no centro de suaorganização!

‘Quando Shitaya, membro do Centro Etíope deDeficiência e Desenvolvimento, veio até nós pararealizar uma avaliação inicial, ficou muito claroque nosso escritório era inacessível,’ confessa ogerente de um programa água, higiene e meioambiente na Etiópia. ‘Com sua cadeira de rodas,ela não podia entrar no prédio, então tivemosnossa reunião no estacionamento. Isto realmenteme chocou. Me senti muito mal por isto. Estaexperiência foi uma grande motivação para que eu realmente mudasse algo.’

Livre-se do mal-estar

As pessoas às vezes ficam nervosas ao cruzarcom pessoas com deficiência. ‘Meu Deus, estehomem é cego! O que eu faço? Eu não sei nemcomo cumprimenta-lo. Ele vai ficar irritado se eudisser, ‘Prazer em vê-lo’?’

34

→O pessoal precisa

aprender a eliminaros obstáculos

→Eles devem ter

conhecimento emprofundidade dosserviços que estão

disponíveis

→Organizar uma visita

a um projecto de inclusão bem-

sucedida

→→Deixe as pessoas comdeficiência explicar as

suas própriasnecessidades, desejos,

e habilidades

http://www.endthecycle.org.au/content/the-people-experience-their stories/videos/our stories

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A melhor forma de superar estes medos éatravés da interacção directa com pessoas comdeficiência. Permite que as pessoascompartilhem seus medos e duvidas em umaatmosfera confortável e dêem boas gargalhadasjuntos. Durante a actividade de treinamento,pode pedir aos participantes que anotem suasdúvidas sobre deficiência em um pedaço depapel. Deve ser algo que eles sempre quiseramsaber, mas nunca ousaram perguntar a umapessoa com deficiência. Ponha as questões emuma caixa. Depois, retire algumas das perguntase deixe que um dos treinadores com umadeficiência responda.

Durante uma de nossas sessões detreinamento, as seguintes questões surgiram:

Como uma pessoa cega apaixona-se?Yetnebersh: ‘Muitas pessoas videntes acreditamque é preciso ser capaz de enxergar para amar,mas o amor não precisa de cor ou imagem visual.Amar é aprender a conhecer uma pessoa.Portanto, você escolhe ligar-se a uma qualidadeespecial do(a) parceiro (a). Uma pessoa cegapode perceber a beleza de uma maneira própria,que não vai depender da capacidade de visão.Nós sentimos cheiro das coisas e as testamos,tocamos e ouvimos, e nós tambémdesenvolvemos nossa maneira própria de lidarcom o que não vemos. Além disso, um amigopróximo pode ajudar uma pessoa cega aimaginar como a pessoa amada parece.’

Quando é que percebeu pela primeiravez que tinha uma deficiência?Yetnebersh: ‘Eu percebi que tinha umadeficiência quando alguém mandava os outrosfazerem a colheita no campo e eu tinha que ficarem casa sentado. Por que sou cega.’

Pande: ‘Aos quatro anos de idades, eu desenvolviuma deficiência visual (parcial). Porém, até os 14anos, eu não havia percebido que eu possuíauma deficiência pois fazia parte de um ambienteinclusivo na escola, em casa, fora de casa, comamigo, etc. Mais tarde, quando eu estavaestudando no nono ano, comecei a enfrentarmuitas barreiras/dificuldades como ler, escrever,viajar, fazer amigos e sair para passear à medidaem que minha deficiência se agravava.Foi aí que percebi que tinha um impedimento. Eupercebi mais tarde que ninguém é deficiente,pois todos no mundo possuem algum tipo dedeficiência. Com isto em mente, segui em frentecom um sentimento de que eu não era diferentedos outros e era capaz de fazer tudo como todosos outros... Isto me ajudou a lidar com meuimpedimento.’

35

• Fale directamente com a pessoa enão com seu(sua) intérprete ouassistente.

• Converse da mesma forma como falacom quaisquer outras pessoas; faleclaramente e não grite ou resmungue.

• Nunca trate um adulto ou um idosocomo uma criança.

• Certifique-se de que, ao comunicar-secom pessoas com deficiência, estejam

no mesmo nível de visão. Esta é amelhor forma de mostrar que suaatenção está voltada para ele(a) e queestá ouvindo o que ele(a) estádizendo.

• Ofereça ajuda caso ache sernecessário, mas nunca ajude alguémsem antes perguntar se ele (a)precisa de assistência. Se ajudaralguém, pergunte-a como quer queseja ajudada.

• Não encare caso alguém ou algumacoisa na pessoa tenha uma aparênciaincomum.

• Se for falar de alguém, utilize o nomeda pessoa e não se refira a ele (a)mencionando sua deficiência.

• Trate a pessoa como tratariaquaisquer outras e como gostaria deser tratado.

←‘Ninguém é perfeito,porque todas pessoastêm algum tipo dedeficiência’

←←Intervenção directacom as pessoas comdeficiência remove omedo eintranquilidade

Dicas para interagir com pessoas com deficiência

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É frequente ouvir pessoa a dizer que é difícilencontrar pessoas com deficiência. Algumasdelas, especialmente crianças que possuemdeficiência severa, são escondidas ou não saemde suas casas muito frequentemente. Alémdisso, inúmeras deficiências não são visíveis: porexemplo, pessoas com distúrbios decomunicação e pessoas que são parcialmentecegas. Como podemos então identificar aspessoas com deficiência?

O primeiro passo consiste no reconhecimento deque pessoas com deficiência vivem em todas associedades. Elas estão lá; só precisa de encontrá-las. O seu próximo passo poderia ser recolherdados sobre deficiência dentro da área de seuprojecto. Pode haver estatísticas do governodisponíveis. Caso contrário, organizações locaisde pessoas com deficiência ou organizaçõesespecificas para deficiência podem ser capazesde te dizer mais sobre a prevalência d deficiênciana área em questão. O essencial é que tenhauma ideia da magnitude da situação dedeficiência.

Se está a começar um novo programa, o tópicodeficiência deve ser incluído no estudo de base.Nós recomendamos fortemente que não sebaseie somente em números e percentagens.Pode muito facilmente achar que o ‘problema’

é muito grande ou muito pequeno para sertratado. O assunto, entretanto, não podesimplesmente ser restringido a números epercentagens. É preciso perguntar-se a seguintequestão, ‘Qual é a melhor forma para nossaorganização de incluir pessoas com deficiênciaem nossos programas?’

Outro passo importante é perguntar mesmo aalguém a questão, ‘Quantos adultos e/oucrianças com deficiência e quantos membros desuas famílias já se beneficiam de nossosprogramas?’ Se este dado ainda não foi recolhidono seu projecto, este é um bom momento paracomeçar.

A equipa do trabalho de campo éfrequentemente capaz de fazer uma lista depessoas que já fazem parte do programa, mas é necessário um esforço a mais para descobrir seos beneficiários possuem membros da famíliacom deficiência. Esta pergunta poderia ser feitadurante uma das reuniões de projecto. É aconselhável que se anote a idade, género etipo de deficiência para cada caso. Se souberquantas pessoas com deficiência já estãoincluídas nos programas existentes, é precisoesforçar-se para também encontrar e incluiroutras pessoas com deficiência.

36

→Algumas deficiências

não são visíveis

→Incluir deficiência em

seu estudo de base

→→Deixe pessoas com

deficiência ajudá-lo aidentificar os outros

→→Colectar dados

Identificaçãode pessoascomdeficiência

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Portanto, irá surpreender-se ao ver o quão fácil é encontrar pessoas com deficiência quandocomeçar a convidá-las para juntarem-se a seusprogramas. Amiúde, elas são as mais capazes deidentificar outras pessoas com deficiência, já quegeralmente conhecem outras pessoas comdeficiência. Com o passar dos anos, mais e maispessoas com deficiência vão surgir ao verem queoutros estão participando. O poder de modelosé de importância vital para alcançar umdesenvolvimento mais inclusivo.

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Como encontrar pessoas comdeficiência em sua área de projecto

• Inclua dados sobre deficiência nos estudos de base de novosprojectos.

• Identifique as pessoas com deficiência que já fazem parte de seusprogramas.

• Articule-se com organizações locais especializadas em deficiência e organizações de pessoas com deficiência e peça a elas por nomese endereços.

• Use dados já existentes disponibilizados pelo governo ou ONGsespecializadas em deficiência na sua área.

• Converse com líderes comunitários e religiosos. Explique a eles quepretende incluir pessoas com deficiência em seus programas. Elesestarão muito provavelmente dispostos a mostrar-lhe os lares depessoas com deficiência.

• Organize uma reunião com pessoas com deficiência e peça a elasconselhos sobre a melhor forma de encontrar outros deficientes.

• Organize uma sessão de sensibilização sobre deficiência nacomunidade e peça aos participantes que o ajudem a encontrarpessoas com deficiência que possam participar do seu programa.

• No caso de deficiência na infância, pode pedir a crianças deprogramas que apoia ou executa (por exemplo, escolas ou clubes)que identifiquem aquelas crianças que não participam.

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Normalmente, reconhece-se que odesenvolvimento de um programa dedesenvolvimento comunitário sem a participaçãodo grupo alvo é uma receita para o fracasso.Desenvolver um programa de inclusão paradeficientes sem a participação de pessoas comdeficiência também irá falhar. Em geral, pessoascom deficiência pertencem ao grupo maismarginalizado na sociedade e não estãoacostumadas a serem ouvidas. Este é um desafioadicional, já que pessoas com deficiênciafrequentemente possuem pouca educação, nãoestiveram envolvidas em reuniões públicas eencontros, e consequentemente com frequênciapossuem baixa auto-estima. Por outro lado,algumas pessoas com deficiência falam bastantese são mais activas. É tentador perguntar suasopiniões, mas atenção: essas podem ser aspessoas que puderam ir para a escola. Ou podemser aqueles que adquiriram alguma deficiência em

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As pessoas comdeficiênciadevemparticipar detodo o ciclo doprojecto

→Não estão habituados

a serem ouvidos

→→Muitas vezes eles não

têm educação

Dave Lupton en www.crippencartoons.co.uk

Quandoqueremos saber

qual é a sua opinião lhe diremos qual é

essa opinião Confederação de Caridade

paraDeficiência

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uma idade mais avançada. Perguntar por suasopiniões pode te dar uma visão limitada darealidade.

Portanto, deve também garantir que as pessoascom deficiência participem de todo o processo deplanificação e desenvolvimento. Há amplaevidência de que discussões em grupos focaiscom (representantes de) pessoas com deficiênciasão uma forma eficaz de conhecer os pontos devista das pessoas em questão. Caso decida usaresta estratégia, deve assegurar-se de quediferentes grupos de pessoas com deficiênciaestão igualmente representados e pode organizardiscussões de grupos focais para vários grupos deinteresse, como mulheres, homens e crianças.

Um encontro que inclua pessoas com deficiênciaou um grupo focal de pessoas com deficiência

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←←Discussão de grupofocal pode ser útil

←Facilitação cuidadosa é necessária

Como envolver pessoascom deficiência naplanificação do processo?

• Ao analisar a situação das comunidades,sempre dê atenção ao tópico de deficiência.

• Sempre inclua os representantes de pessoascom deficiência no comité de planificação.

• Organize discussões de grupos focaisespeciais com pessoas com deficiência.

• Certifique-se de que vários grupos de pessoascom deficiência sejam consultados.

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precisa de uma estruturação cuidadosa. Convide-os pessoalmente ou através de líderescomunitários, dirigentes religiosos, membros dafamília ou da comunidade ou organizações eprogramas locais de pessoas com deficiência. Esta poderia ser a primeira vez que pessoas comdeficiência são reconhecidas como potenciaisbeneficiários de programas convencionais, ou quealguém as solicite para exprimir suas opiniões,preocupações e necessidades. É possível que elesproduzam uma lista de desejos pessoais (porexemplo, comida, moradia, dinheiro, roupas) eque não entendam imediatamente a importânciade representar seus pares. Frequentemente, estaspessoas cresceram com a caridade dos outros. É o seu dever interpretar as listas pessoais deforma que seja capaz de sintetizá-las emnecessidades comumente sentidas que podem serresolvidas pelo (ou através de) seu programa.

As pessoas com deficiência podem identificarperfeitamente as barreiras que enfrentam nasociedade, assim como as razões porque sãoexcluídas. As mulheres com deficiência podem teinformar sobre a dupla discriminação queenfrentam em casa e na sociedade. Maiscomumente, as pessoas que te informam sobre asbarreiras que enfrentam são também capazes depropor soluções necessárias para remover taisbarreiras.

Há diferentes níveis de participação em projectos.O primeiro nível é o compartilhamento deinformações. Esta é uma forma limitada departicipação, em que pessoas com deficiência sãosomente informadas das decisões, mas pelomenos esta forma de participação reconhece aexistência delas na sociedade. Durante o processode planificação e desenvolvimento de nossosprogramas, quando perguntamos a opinião depessoas com deficiência e lhes damos o feedbacknecessário, nós as ouvimos. Este tipo de consultanão garante que suas opiniões sejam levadas emconsideração. Uma participação significativafornece às pessoas com deficiência o direito denegociar durante o processo de planificação,assim como durante a implementação eacompanhamento das actividades. Talparticipação ocorre na interface de umaplanificação e tomadas de decisões conjuntas.

Onde possível, nós devemos desenvolverestratégias e actividades para incluirintencionalmente pessoas com deficiência emtodo o processo de planificação, monitoria eavaliação do programa e suas actividades.Finalmente, e idealmente, nós devemos tentaratingir uma situação em que pessoas comdeficiência são postas em frente ao volante. Seisso for possível, elas tornar-se-ão modelos paraoutros e actuarão como agentes de mudança.Uma capacitação real será o resultado.

40

→Muitas vezes

conhecem as suaspróprias soluções!

→→Participação

significativa da lhesdireito de negociardurante o processo de planificação e

depois disso.

→→A intenção seria

por lhes a sentar nolugar do condutor etornar-lhes modelos

para outros

Informação

Planificação conjunta

Toma de decisão

Empoderamento

Consulta

Níveis daparticipação

Tornar-se agente de mudança para outros

Níveis de participação

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Yasmin e Rahila

Yasmin é uma jovem mulher que vive no distritode Gaibandha em Bangladesh. Ela ficou muitofeliz quando encontrou um marido, pois para umamulher com deficiência visual não é fácil casar-se.Mas o amor não durou muito. Após um mês, seumarido a deixou. Isto foi desastroso porquequando ele se foi, Yasmin descobriu que estavagrávida. Durante sua gravidez, ela ainda trabalhoucomo servente doméstica, mas quando seu filhoRubel nasceu, ela não pôde mais sair paratrabalhar. Para a sua sorte, ela foi convidada parajuntar-se a um programa de segurança alimentardirigido pelo ICCO da Holanda que foca em lareschefiados por mulheres e presta atenção especialpara a inclusão de mulheres com deficiência. Nogrupo de mulheres, Yasmin esta aprendendocomo iniciar sua própria Horticultura. Ela também

recebeu sete galinhas e possivelmente irá ganharum cabrito.Rahila está participando em um dos grupos demulheres do ICCO da Holanda. Ela é deficienteauditiva. Com expressões faciais e gestos, elaexplica que também recebe galinhas. Ela temfeito um bom trabalho. Ela consegue seu sustentoatravés da venda de ovos de galinhas que recebe.Yasmin e Rahila são somente duas das 40.000mulheres que se beneficiam destes programas.

Um homem cegoestabelece umamachamba na EtiópiaOs facilitadores dos grupos de auto-ajuda daMKC-RDA receberam treinamento sobreinclusão de deficiência e começaram a introduzir

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Yasmin

Boas práticas

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a questão em seus grupos. Foram discutidas ascausas médicas dos diferentes tipos dedeficiência criando assim um contraponto paraas crenças religiosas e atitudes que deram formaao comportamento dirigido a pessoas comdeficiência. O objectivo destas discussões foireduzir a vergonha de pessoas com deficiência emovê-las de seus esconderijos para acomunidade.

Além disso, as pessoas com deficiência forammotivadas a juntarem-se aos grupos de auto-ajuda e o número delas cresceu em tais grupos.Foram ensinadas outras causas de deficiênciaque não maldições e espíritos demoníacos.

Alguns membros com deficiência tornaram-sebem-sucedidos nos negócios. Um homem cego,por exemplo, fez uma machamba e agora estávendendo com sucesso quantidadesconsideráveis de produtos que são ditos seremde alta qualidade. Os membros com deficiênciabem-sucedidos servem agora como modelospara inspirar e motivar outros a juntarem-se aosgrupos de auto-ajuda.

Cartrjik consegue umemprego

Cartrjik tem 18 anos de idade. Ele juntou-se hádois anos e meio ao centro de suporte WORDTrust, que ocorre após a escola. Apesar de suadeficiência intelectual, ele aprendeu a lidar comseus próprios problemas no centro. Ele agora éindependente com sua higiene pessoal e poderealizar tarefas sem ajuda. Cartrjik tornou-seindependente em todas as tarefas diárias:especialmente para nos encontrar, ele vestiubraceletes e um anel.

Agora, ele está seguindo um programa detreinamento de aprender trabalhando paratornar-se um pintor. Com o dinheiro que recebe,Cartrjik quer comprar um carro e construir umacasa para sua família. Sua mãe: ‘Ele é importantepara nós, tudo o que nos pede, nós tentamosfornecer.’ Para completar o seu sonho, a mãe deCartrjik comprou terras para a família e estápreparando o seu outro filho para cuidar dele nofuturo. Devido às intervenções do centro desuporte WORD Trust, ela agora é capaz depoupar dinheiro todo mês e sua família estáinscrita em um plano de seguro.

As crianças promovemdiscussões

A igreja etíope Kale Heywet (EKHC) introduziuclubes sobre deficiência em suas escolas naEtiópia. As crianças, tanto com quanto semdeficiência, formam grupos e começam a levar adiscussão para suas famílias. Elas pedem aos paisque levem suas crianças com deficiência para a

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Cartjik recebe formação no posto de trabalho

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escola. Os professores também tentam abordara questão na comunidade e nos dias dospais/mães eles organizam encontros públicos,debates sobre deficiência e trocam pontos devista e ideias.

Crianças aprendem arespeitar pessoas comdeficiênciaWabe Children Aid and Training (WCAT) treinoucrianças em escolas etíopes para usarem ostermos correctos ao dirigirem-se a seus colegasde classe com deficiência. As crianças ensinamumas às outras depois do treinamento ecorrigem-se entre si. Se alguém diz, ‘ o cego estávindo,’ os outros dirão, ‘Não, não pode dizer‘cego’, deve chamá-la pelo seu próprio nome.’

Pessoas com deficiênciasentem-se bem-recebidasA Organização Hospital Emmanuel, na Índia,quis mostrar que pessoas com deficiência sãobem-vindas em seus hospitais e programas. Porisso, no Dia Mundial da Deficiência, 1˚ deDezembro, eles organizaram uma celebração epediram aos voluntários de saúde locais quetrouxessem flores para as pessoas comdeficiência. As pessoas que foram ao encontrodisseram que nunca haviam se sentido tão bem-vindas antes.

Mulheres com deficiênciaganham o própriosustentoEm um programa de segurança alimentar de umaárea rural de Bangladesh, as mulheres comdeficiência são inscritas em grupos de mulheresdesde o começo do projecto. Todos os gruposrecebem treinamento sobre deficiência: o que édeficiência, como reconhecer, o que pode serfeito para prevenir deficiência em crianças, ondeprocurar tratamento, quais são as provisões dogoverno para pessoas com deficiência. E por

último, mas não menos importante, elasaprendem a tratar os outros membros comdeficiência com respeito.

Para mulheres com deficiência, é uma grandeexperiência fazerem parte dos grupos. Paraalgumas, é a primeira vez que são chamadas pelonome em vez de serem chamadas de ‘a mulhersurda’ ou ‘a aleijada’.

As mulheres com deficiência participam nasactividades geradoras de rendimento e podemgerar seu próprio sustento assim como os outrosmembros do grupo.

A sensibilização leva apedido de ajuda

O programa de fornecimento de água esaneamento da EKHC na Etiópia começou aincluir pessoas com deficiência. Elessensibilizaram a comunidade sobre o tópico dedeficiência, e pessoas com deficiência forameventualmente eleitas para serem membros decomités locais de fornecimento de água. Umdeficiente foi indicado para ser supervisor de umdos pontos de acesso de água. Mas o efeito dasensibilização foi além – pessoas com deficiênciapassaram a pedir por cadeiras de rodas etratamento médico. Como um programa defornecimento de água e saneamento, eles nãoestavam em posição de satisfazer tais pedidos,por isso entraram em contacto com provedoresde serviços específicos para deficientes paraencaminhar os solicitantes para que tivessemtratamento médico e dispositivos de assistência.

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Um homem cego encontra a solução

O programa de fornecimento de água e saneamento da EKHC apoiou a construção de um sanitáriopúblico em uma vila rural. A organização consultou as pessoas com deficiência. Um homem cegoprecisava que alguém o levasse até casa de banho e, ao colocar uma corda ao longo do caminho paraa casa de banho, o homem passou a poder ir a casa de banho. A ideia de instalar a corda partiu dopróprio homem cego. Quando um perito em deficiência ouviu esta solução, ele sugeriu que o homempudesse se beneficiar de um treinamento de orientação e mobilidade. A partir daí, ele poderáaprender a andar com um bastão e assim aceder a casa de banho sem ajuda da corda.

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Se pretende incluir pessoas com deficiência noseu programa, deve começar por incluir dadossobre deficiência em todos os relatórios deplanificação, monitoria e avaliação. Nesta sessão,explicaremos como fazer isto.

Tudo começa com a inclusão de dados sobredeficiência nos estudos de base propostos. Parauma pesquisa de base, um pequeno grupo de seisperguntas foi desenvolvido, testado e validadopelo Grupo Washington. Se fizer um estudo debase, por exemplo como parte de uma análisesituacional, deve incluir informação sobredeficiência e perguntar também sobre idade,género e tipo de deficiência.

Definição dos objectivos,indicadores e alvosNós precisamos desenvolver indicadores que irãonos ajudar a determinar o quanto estamosalcançando nossos objectivos e nossa meta finalde inclusão para todos. Se não incluirmos algunsindicadores específicos sobre deficiência e alvosem nosso plano e sistemas de monitoria eavaliação (já existentes), portanto não seremoscapazes de medir se pessoas com deficiênciaacedem nossos serviços ou fazem parte denossos programas. Porém, que tipos deindicadores são necessários? Nós sugerimos quecomece com os mais simples. Primeiro,certifique-se de recolher dados desagregadossobre deficiência. Isto significa que se tem umprograma de segurança alimentar, meça quantoshomens e quantas mulheres com deficiênciaestão participando do seu programa, assim comoquantos lares com um membro deficiente

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Inclusão de dadossobre deficiênciaem todos osrelatórios deplanificação,monitoria eavaliação

←Colectar dadosdesagregados

←Temos de ser capazesde medir se estamos a fazer uma diferençana vida de pessoascom deficiência

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beneficiam-se do programa. Funciona do mesmomodo com o género: simplesmente adicione‘deficiência’ a cada indicador existente.

Há também, é claro, uma necessidade paraindicadores mais específicos para medir oresultado e a qualidade do processo de inclusão,pode usar os indicadores desenvolvidos pelaCBM como exemplo.

As seguintes questões também podem serimportantes dependendo do tipo deactividade/programa que executar:

• Qual é a diferença entre a performance eparticipação de pessoas com deficiência e a performance e participação de nãodeficientes?

• Por que há uma diferença?• O orçamento dedicado para inclusão está

sendo utilizado para este fim? Monitorá-lo e para que propósito está sendo usado.

• Como a parceria/colaboração comorganizações específicas para deficiência,governo e organizações de pessoas comdeficiência se desenvolve?

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O CBM, uma organização internacionalespecializada em deficiência, desenvolveu cincoconjuntos de indicadores relativos a deficiênciapara os sectores de educação, saúde, HIV/SIDA,desenvolvimento urbano e fornecimento de águae saneamento: http://www.inclusive-development.org/cbmtools/part3/index.htm

As questões do censo referentes a pessoas com deficiência aprovadaspelo Grupo Washington

Frase de introdução:Estas questões tratam das dificuldades que pode enfrentar ao realizar certas actividades devido ao seu PROBLEMA DE SAÚDE

1. Tem dificuldades para enxergar,mesmo quando usa óculos?

a. Não, nenhuma dificuldadeb. Sim, alguma dificuldadec. Sim, muita dificuldaded. Sou incapaz de realizar

2.Tem dificuldade para escutar,mesmo quando usa aparelhoauditivo?

a. Não, nenhuma dificuldadeb. Sim, alguma dificuldadec. Sim, muita dificuldaded. Sou incapaz de realizar

3. Tem dificuldade para andar ou subirescadas?

a. Não, nenhuma dificuldadeb. Sim, alguma dificuldadec. Sim, muita dificuldaded. Sou incapaz de realizar

4. 4. Tem dificuldade para memorizarou concentrar-se?

a. Não, nenhuma dificuldadeb. Sim, alguma dificuldadec. Sim, muita dificuldaded. Sou incapaz de realizar

5. Tem dificuldade com cuidadospessoais como lavar-se por inteiroou vestir-se?

a. Não, nenhuma dificuldadeb. Sim, alguma dificuldadec. Sim, muita dificuldaded. Sou incapaz de realizar

6. Ao usar a sua língua habitual(costumeira), tem dificuldade paracomunicar-se, por exemplo, paracompreender ou ser compreendido?

a. Não, nenhuma dificuldadeb. Sim, alguma dificuldadec. Sim, muita dificuldaded. Sou incapaz de realizar

→Os recursos estão

disponíveis

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Orçamento para inclusãoInclusão de pessoas com deficiência em seusprogramas principais custa dinheiro. Não está claroo quanto abordagens inclusivas custam porque osnúmeros confiáveis não estão disponíveis. Osintervenientes principais, como a MobilityInternational, aconselha uma alocação orçamentalde 2-7% para a inclusão de pessoas comdeficiência. Isto é para cobrir os custos doseguinte:• Aumentar a percepção sobre deficiência no

meio dos próprios quadro de funcionários ecomunidades

• Tornar os edifícios acessíveis• Fornecer interpretação em língua gestual• Fornecimento de informações em formatos de

comunicação diferente (Braille, áudio)• Transporte para pessoas com deficiência• Os dispositivos auxiliares (geralmente este deve

ser fornecido pelos serviços governamentais oude invalidez, se eles não estão disponíveis podeser pago pelo orçamento do seu projecto)

Mais informações sobre o orçamento para ainclusão podem ser encontradas na parte 3.

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Crianças com deficiênciadevem ser educadas emescolas regulares

Os indicadores inclusivospara os diferentes sectores

Educação inclusiva• Crianças deficientes inscritas em escolas

regulares

• Salas de aula e toaletes acessíveis

• Professores treinados em práticas inclusivas(por exemplo, treinamento em Braille,linguagem de sinais, sensibilização paradeficiência, etc.)

• Nível de alfabetização de crianças comdeficiência

Intervenções inclusivas para HIV e SIDA• Pessoas com deficiência frequentando e

participando de encontros parasensibilização de HIV/SIDA e capazes deaceder as mesmas informações que pessoassem deficiência

• Pessoas com deficiência com acesso aosmesmos serviços e programas sobre HIV(aconselhamento, teste diagnóstico e anti-retrovirais) que pessoas sem deficiência

Segurança alimentar• Pessoas com deficiência têm acesso

suficiente a água segura em suas casas e acesso reforçado a alimentação nutritivaao longo do ano

• Todas as novas estruturas (casas de banhos,poços, etc.) que forem construídas sãoacessíveis a pessoas com deficiência

• Iniciativas de produtividade e meios de vidaincluem pessoas com deficiência.

Protecção infantil• Combate à violência contra crianças e

combater o abuso do poder aborda direitos,necessidades e problemas das crianças comdeficiência

• Campanhas comunitárias contra a violênciae abuso de crianças incluem informaçõessobre os direitos, necessidades e questõesde crianças com deficiência

Centros de formação profissional• O edifício é acessível a pessoas com

problemas de mobilidade

• No mínimo 5% dos participantes têmdeficiência

• Formatos de comunicação acessíveis (comoBraille e de áudio) estão disponíveis parapessoas com deficiência visual ou auditiva

←É recomendado alocarum orçamento de 2-7% para a inclusãode pessoas comdeficiência

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Avaliação A avaliação do seu programa oferece aoportunidade de medir o resultado e impacto dainclusão das pessoas com deficiência. Mastambém pode olhar para o processo de mudançadentro de seu projecto; especificamente, aremoção de barreiras e mudança de atitudeentre o pessoal funcionário e comunidade.Certifique-se de que as vozes das pessoas comdeficiência e/ou seus familiares são ouvidosdurante as avaliações.

Monitoria e avaliação (M&A) é suposto afornecer informações críticas e permitir que osdecisores políticos e gestores tomem decisõesinformadas e, portanto, melhores. Bons sistemasde M&A também irão também ajudar napromoção de maior transparência eresponsabilização no seio das organizações e emrelação ao público em geral. Como tal, asorganizações - se eles fornecem resultadospositivos - será habilitada a angariar maior apoiopolítico e público. A importância deste tipo deapoio não deve ser subestimada. A prova de quenossos programas e actividades estão a formaruma estratégia eficaz para trabalhar no sentidode uma sociedade mais inclusiva é, não sónecessária por razões de responsabilização, mastambém de formar um catalisador na promoçãode mais justiça, mais igualdade de oportunidadese de um mundo que é melhor para todos.

Aprendendo Braile em Nepal

• Quais são as conquistas das pessoas com deficiência no projecto?Será que eles alcançam os mesmos resultados? Se não, o que faz comque haja diferenças?

• Quais foram as dificuldades que as pessoas com deficiência tiveramno acesso de serviços ou do programa?

• Como é que a compreensão da deficiência influencia a forma como o seu quadro de funcionários está trabalhando com pessoas comdeficiência? Como isso mudou na comunidade? Quais foram asactividades que mais contribuíram para esta mudança?

• O projecto alterou as relações de poder e isso foi a favor de maisinfluência e participação de pessoas com deficiência em suasactividades?

• A capacidade organizacional das pessoas com deficiência aumentou?

• Quais são as recomendações para melhorar a inclusão?

• Será que as pessoas com deficiência tiveram a escolha eoportunidade de se tornar participantes activos nos processos detomada de decisão?

• Que tipos de deficiência são representadas?

• Que parcerias com serviços/programas específicos de invalides foram estabelecidas?

• Como é que as prioridades do projecto são definidas e por quem?

Exemplos de questões de avaliação

←As vozes de pessoascom deficiência e / ouseus familiares devemser ouvidos durante asavaliações

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Depois que o pessoal do projecto identificoupessoas com deficiência, o que deve acontecerem seguida? É possível incluí-los imediatamentenos programas existentes? Ou deve haver umaetapa intermediária?

As pessoas com deficiência não estãoacostumadas a serem inscritas em programas dedesenvolvimento inclusivos, lição apreendida.Um pouco mais de atenção é necessária aqui. Na Índia, algumas pessoas com deficiência e suasfamílias tornaram-se tão acostumados a receber- dinheiro, alimentos, roupas e caridade - que,inicialmente, eles não estavam felizes por teremsido convidados a se inscrever num programapara ganhar sua própria renda. Isso era algocompletamente novo para eles.

Muitas vezes, as pessoas com deficiência têmbaixa auto-estima e precisam ser convencidos deque eles podem aprender e ganhar sua própriarenda. Às vezes os pais também precisam serconvencidos de que é um bom investimento paraenviar seus filhos com deficiência à escola.Assim, depois da identificação, algumas visitasdomiciliares são geralmente necessárias antes deas pessoas com deficiência sejam matriculadasnum programa principal. Em seguida, asnecessidades e os desejos das pessoas comdeficiência e seus familiares podem serverificados. O que é que eles querem? Quais sãoos seus sonhos? Quais são as suas preocupações?

Pode explicar como eles podem beneficiar-se deprojectos da sua organização.

Por último, mas não menos importante, éfundamental que as pessoas com deficiênciatenham acesso aos serviços médicos e decuidados de reabilitação. Muitas vezes,condições incapacitantes são tratáveis. Muitosidosos são cegos devido à catarata, e umaoperação simples pode restaurar a visão. A história de Natnaël abaixo mostra como éimportante que as pessoas tenham acesso acuidados médicos. Muitas vezes, as pessoaspodem se beneficiar muito de fisioterapia ou dedispositivos, tais como muletas e cadeiras derodas. Mais informações sobre a referencia paraos prestadores de serviços de deficiênciaespecífica podem ser encontradas no capítulo deestabelecimento de redes.

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Encaminhamentopara necessidadesespecíficas dedeficiência

←←Às vezes as pessoascom deficiênciaprecisam aprenderque eles podemganhar sua própriarenda

←Muitas vezes ascondiçõesincapacitantes sãotratáveis ...

←... ou as pessoaspodem-se beneficiarde dispositivos, taiscomo cadeiras derodas

Dave Lupton en www.crippencartoons.co.uk

Parece que o senhorBrown perdeu sua con-

sulta outra vez Departamento de Otorino

Por favor,espere ateque sejachamado oseu nome

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História de NatnaëlNatnaël de oito anos de idade, vive em Bahirdar, Etiópia. Seupai morreu há alguns anos. Sua mãe tem problemas cardíacose passa a maior parte de seus dias na cama. Natnaël temproblemas de audição. Por quase dois anos, ele frequentou aescola com seus amigos. Com o apoio de WCAT, que o incluiuem seu programa de apoio a Criança Órfã e Vulnerável, foipossível para Natnaël continuar suas aulas. Ele está se saindobem, é um estudante medíocre e enquadra-se facilmente emsala de aula. Seu professor tem em conta a sua dificuldade deaudição, colocando-o na frente da classe, falando alto eencorajando-o a pedir a repetição quando ele não ouvir algocorrectamente.

Quando uma estudante de pesquisa com um backgroundmédico visitou Natnaël na escola, notou que o garoto pareciagostar de suas lições e anotou o que o professor dizia. O quepreocupou a estudante foi o facto de que ninguém sabia acausa real da dificuldade auditiva de Natnaël. Ela perguntou asi mesma se era temporária ou permanente. Ela descobriu quenenhum médico já havia diagnosticado a criança e pediu a seuassistente social para levá-lo ao hospital local. Lá, ele foiencaminhado para um hospital em Addis Ababa, já que emBahirdar não havia especialista para ouvido, nariz e garganta(ENT). Felizmente, depois de algumas pesquisas, um médicootorrinolaringologista foi encontrado em uma clínicaparticular. Ele estava disposto a tratar Natnaël sem nenhumcusto. As dificuldades auditivas desapareceriam após umsimples tratamento de dez dias, disse ele.

Audição de Natnael nunca tinha sido testada

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Uma vez que o pessoal do programa estiverciente das capacidades, necessidades e direitosdas pessoas com deficiência, eles podemidentificar mais facilmente as pessoas comdeficiência e inscrevê-los nos projectosexistentes. No entanto, é importante perceberque a inclusão é um processo. Podemosdistinguir três níveis. Ela começa com apresença: por exemplo, as crianças comdeficiência são identificadas e matriculados emescolas. O segundo nível é a participação: ascrianças com deficiência são realmenteparticipativas na classe, são aceites pelas outrascrianças e os professores são treinados paraajudá-los. O último nível é realização: as criançascom deficiência são capazes de obter umdiploma e continuar a educação secundária.

A primeira etapa da inclusão, presença, érelativamente fácil de conseguir, mas os passospara a participação e realização precisamos demais investimento e envolver mais treinamento.Barreiras no programa têm que ser removidas.Devemos ter em mente aqui, que não é a pessoacom a deficiência que precisa de adaptar a sipróprio/própria ao projecto. Devemos ajustarnossos projectos para que todos os povospossam acede-los.

Um bom exemplo disso é fornecido pelaeducação no Vietname. Lá, muitas escolasaceitam crianças com deficiência em suas salasde aula, mas muitas vezes essas crianças nãoestão autorizadas a fazer exames nacionais. Asescolas regulares têm medo de que elas tenhamuma influência negativa pelos seus resultados.No Vietname, é muito importante ter notas altascomo uma escola e ser a melhor escola dodistrito ou província. Assim, as crianças com

deficiência estão autorizadas a participar, massua participação é restrita e não é, portanto,igual.

Se realmente queremos incluir pessoas comdeficiência em nossos programas, não devemosapenas estar satisfeitos com presença. Muitasvezes, é realmente um marco histórico que elasestejam presentes, mas precisamos ter certezade que elas realmente beneficiam e participam.Devemos ter certeza de que elas realmentealcançam seus objectivos e sonhos. Será que ascrianças com deficiência são igualmente capazesde realizar seus sonhos, e os adultos comdeficiência realmente habilitados a usar edesenvolver as suas capacidades?Para incluir com êxito as pessoas com deficiêncianos nossos projectos precisamos remover asbarreiras que os impedem a uma igualparticipação. No primeiro capítulo deste guia nósexplicamos que existem três categorias debarreiras de atitudes, ambiental e institucional.Dentro dos nossos projectos nós podemossuperar as barreiras de atitudes por lutar contraatitudes negativas e discriminação. Devemos

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A remoçãodas barreiras

←←Inclusão é um processo

←←Existem três níveis: apresença, participação,realização

←A remoção dasbarreiras é a chavepara alcançar a participação erealização

←Acautele-se emseparar as pessoascom deficiência deoutros participantes do projecto

←←Não fique satisfeitocom uma únicapresença

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eliminar as barreiras ambientais, criando destemodo acesso a todos e nós podemos removerbarreiras institucionais, mudando as regras,mudando o sistema.

Luta contra atitudesnegativas e discriminação

Muitas vezes, as pessoas com deficiência nãoparticipam em programas de desenvolvimentoou reuniões da comunidade, porque elasenfrentam a discriminação de outros membrosda comunidade. Elas são chamadas de nomes enão levadas a sério. Nas escolas, isso resulta emtroças ou em ser ignoradas pelos colegas. Aúnica maneira de superar essa discriminação éatravés da sensibilização na comunidade e noprojecto. Existem diferentes maneiras de fazerisso, dependendo da natureza do projecto. Aszombas nas escolas é um grande problema paraas crianças com deficiência. Se quiser incluircrianças com deficiência em seus programasescolares, a sensibilização de crianças em idadeescolar e seus pais deve ter lugar. A história de Aragash

Aragash, de dezoito anos de idade, está na quarta classe. Ela éfisicamente deficiente desde o nascimento. Ela, muitas vezes se senteintimidada e negligenciada por seus pares, especialmente durante otempo de intervalo. Ninguém quer conversar com ela, então ela estámuitas vezes sozinha e isso a entristece. Ela também sente que asoutras crianças não têm a atenção para suas necessidades especiais.‘Gostaria que as outras crianças pudessem ver que eu preciso ter umacadeira, porque não posso ficar de pé por longo tempo’, ela explica. ‘Eu preciso que eles sejam meus amigos, e não me intimidarem’. Aocontrário de outros pais, a mãe de Aragash, Demovi, é muito rigorosaem relação a educação de sua filha. Ela percebe que a escola deve serdifícil para Aragash, mas não a permitirá deixar de estudar. A educaçãoé importante e ela aconselha a outros pais a mandar os filhos para aescola. No entanto, a atmosfera nas salas de aula da escola precisamudar para que a escola se torne mais acessível.

Não é só a comunidade que pode discriminar pessoas com deficiência.Também é importante que todo o pessoal de trabalho nos programastenha uma atitude positiva e acolhedora em relação a elas. Assim,todos os professores, trabalhadores de campo, directores das escolas,técnicos, médicosaté mesmo os motoristasdevem ser treinados sobre oassunto.

Aragash com seu amigo na escola

↑Todos precisam sertreinados para lidarcom pessoas comdeficiência

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Acesso físico

Se as pessoas com deficiência não podem acederao edifício, o lugar de reunião ou água datorneira, eles simplesmente não podemparticipar no seu projecto. Portanto, se quiserfazer seu projecto inclusivo, deve abordar aquestão do acesso físico. Isto pode soar comoum exercício dispendioso, mas não tem que ser.Muitas vezes existem soluções baratasdisponíveis. Uma sala de aula pode ser acessívelfazendo uma pequena rampa de cimento oulama, ou simplesmente transferir a classe em queuma criança com deficiência física estáparticipando ao chão. Certifique-se de que asreuniões da comunidade ocorrem em um localem que pode ser acedido por pessoas que usamcadeira de rodas. Atenção especial deve ser dadaà acessibilidade e higiene dos banheiros. Isto é

especialmente importante para as mulheres emeninas com deficiência. Se o acesso de pessoascom deficiência é tido em conta durante oesboço de novas infra-estruturas, praticamentenão haverá custos adicionais.

Há padrões disponíveis para o esboço deedifícios acessíveis, casas e outras estruturas.Isso é chamado de Esboço Universal. A directrizdo CBM sobre a acessibilidade é uma ferramentamuito útil para tornar estruturas construídas,acessíveis.

Veja:http://www.cbm.org/article/downloads/54741/CBM_Accessibility_Manual.pdf

No entanto, garantir a acessibilidade é umprocesso em curso. Pessoas com deficiência,seus familiares e a comunidade pode e devedesempenhar um papel importante em fazerprojectos acessíveis.

Problemas de acessibilidade também podem sersuperados certificando-se de que as pessoas comdeficiência recebam assistência. Esta pode ser apartir de um membro da família ou vizinho queleva a pessoa com deficiência para a reunião. Oucolegas estudantes que acompanham a suacolega de classe deficiente em seu caminho paraa escola. Certifique-se de que a pessoa comdeficiência se sente confortável com os arranjos.

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Criandoacesso paratodos

←As pessoas comdeficiência muitasvezes não dispõem deinformações

←Os recursos estãodisponíveis

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Acesso à informaçãoAcessibilidade de informação é muito importantepara as pessoas com deficiência visuais ouauditivas. Se for providenciada informaçãoescrita, torne-a disponível em formatos decomunicação (Braille, letras grandes ou áudio)adequada para pessoas cegas. O áudio égeralmente um formato melhor como muitaspessoas com deficiência visual nunca aprenderama ler e escrever em Braille. Também é útil permitirque as pessoas que são cegas toquem objectospara que elas possam recolher informação táctil.Se quiser explicar a uma pessoa que é cega comousar um preservativo, será mais fácil para elesentender se poderem tocar o preservativo eprática num modelo artificial.

Use um intérprete de linguagem gestual, sehouver pessoas com deficiência auditivas. Estepode ser um desafio: pode não haver muitosintérpretes de língua de sinais disponíveis no seupaís, contudo pode procurar saber da pessoacom deficiência auditiva, se a sua família podeajudá-lo com a interpretação. Em ambientesescolares é útil que os professores dêem umaintrodução básica sobre linguagem gestual eBraille. Normalmente, as escolas especiais oucentros de recursos do governo são capazes deorganizar essa formação e aconselhar sobremateriais escolares, adaptados para crianças comdeficiência.

Se pessoas com deficiência intelectuaisparticipam no seu programa, evite o uso defrases longas e palavras difíceis. Isso irá ajudá-losa melhor seguir o que está sendo dito e paracompreendê-lo melhor também. Se necessário,pode pedir a um membro da família paraacompanhá-los durante as reuniões. Repetição eprática são importantes para eles aprenderemcoisas novas.

↑Os professoresdevem receberformação básica emBraille e língua desinal

↑Não use fraseslongas e palavrasdifíceis

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Alterar regrasdiscriminatóriasSe existem regras discriminatórias em projectos,estas precisam ser removidas. Uma dasorganizações participantes na Etiópia ficouembaraçada, em relação a inclusão de criançascom deficiência no seu programa de Patrocíniopara Criança, porque um dos critérios deadmissão estabelecidos pelos seus doadores eraque as crianças deveriam ser capazes deaprender e deveriam ser capazes de ir para aescola sozinhas. Na discussão que se seguiu, opessoal do programa chegou à conclusão de queeles deveriam tomar uma posição em relação aoseu doador e quebrar as regras.

Pode, contudo, também existir leis de educaçãoou de emprego, discriminatórios no seu país oudistrito: por exemplo, não permitindo tempoextra para as crianças com deficiência duranteexames ou excluindo pessoas com deficiência docurrículo de formação vocacional. Em caso de sedeparar com leis ou práticas discriminatórias, porfavor consulte as organizações de pessoas comdeficiência no seu país ou distrito e veja o quepode fazer em conjunto para ajudar o governo amudar o sistema.

A educação inclusivaprecisa de mais atenção

A educação é importante para cada indivíduo,mas ainda mais para crianças e adultos comdeficiência. Eles podem não ser capazes derealizar trabalho manual pesado por causa de suadeficiência e por isso precisam trabalhar comsuas mentes, a fim de ganhar a vida. Nossaexperiência é que a inclusão de pessoas comdeficiência em programas de segurançaalimentar, ajuda de emergência ou em projectosde água e saneamento pode facilmente seralcançado. No entanto, inclusão de crianças comdeficiência em escolas regulares requer maistempo e investimento. Gostaríamos, portanto,de prestar atenção adicional para a educaçãoinclusiva neste guia.

Identificar crianças com deficiência e incluí-lasem classes regulares é relativamente fácil. Mas é preciso fazer mais para garantir que elasrealmente participam e fazem conquistas. O ambiente escolar tem de ser acessível,incluindo os banheiros. A sensibilização deoutras crianças e seus pais é essencial para evitartroçar e criar um ambiente seguro para elas.

Mas isso é apenas o começo. Os professoresprecisam de formação sobre a forma de ensinaras crianças com deficiência. Eles precisamaprender como ensinar uma criança cega, umacriança surda e como lidar com crianças comoutras deficiências. Este tipo de treinamentopode ser recebido do Ministério da Educação –ou pode haver formação disponível em escolasespeciais. Além disso, é também importante queos materiais de ensino estão disponíveis paracrianças com deficiência: materiais em Braille,livros falados e assim por diante. Aqui, o trabalhoem coordenação com o governo, ONGsespecializadas em deficiência ou organizações depessoas deficientes é essencial. Em alguns paísesexistem redes de educação inclusiva que podemajudar a sua organização a ter acesso a formaçãoe recursos.

Se a educação inclusiva parece ser impossível porcausa de uma grave falta de educadores denecessidades especiais, pode começar a pensarsobre a criação de sistemas alternativos. Estespodem não ser ideais, mas podem serapropriados para o momento. Alguns paísesutilizam professores itinerantes ou ambulantes

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←Criar um ambienteseguro semintimidação

←←As leis podem ter umefeito discriminatório

←Redes de educaçãoinclusiva podemajudá-lo a acessarrecursos etreinamento

←←A educação é aindamais importante paraas crianças comdeficiência do que a outrosProfessores devem ser treinados a se lidarem com

crianças com deficiência

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que vêm de vez em quanto para visitar as escolasque estão sob a sua jurisdição. Estes especialistasitinerantes aconselham os professores,examinam e avaliam as crianças em relação osatrasos de desenvolvimento, dificuldades deaprendizagem ou outras deficiências invisíveis,tais como surdez parcial ou visão prejudicada. Àsvezes, com conselhos simples que não custanada (por exemplo, colocar a criança na linha dafrente da classe, perto do professor) eles podemfazer uma grande diferença na vida da criança edo professor.

Pode haver situações em que uma criança comdeficiência vai beneficiar-se de educação especiale deve ser encaminhada para uma escolaespecial. Este deve ser um último recurso, noentanto, e só deve ser feito quando tornar-seevidente que a criança não está lidando com asala de aula inclusiva. Enquanto nãopromovermos a educação de necessidadesespeciais, nós perceberemos que algumascrianças podem beneficiar-se mais,

especialmente quando a qualidade da educaçãoinclusiva disponível é tão pobre que a criançacom necessidades especiais não pode aprender.

Muitos adultos com deficiência são analfabetosporque eles não foram capazes, ou não tiveram a oportunidade, de ir à escola. Enquanto isso éalgo que não pode ser facilmente corrigido, é fortemente recomendado que adultosanalfabetos com deficiência sejam dados a oportunidade de acompanhar as aulas dealfabetização. É importante manter contactocom programas de alfabetização e influenciarsua gestão para incluir pessoas com deficiência.As recompensas serão tangíveis uma vez queestará a empoderar os adultos, ajudando-os aobter melhores oportunidades de contribuir paraas suas famílias e para a sociedade. Portanto,pode ajudar a prepará-los para assumir funçõesde liderança nas organizações e projectosbaseados na comunidade ao desenvolvermelhores condições para que eles se tornemtrabalhadores.

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→→Os especialistas que

visitam e aconselhamprofessores

→→Esteja ligado com

programas dealfabetização de

adultos

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Perceber a plena participação das pessoas comdeficiência na sociedade é da responsabilidadede todos: o governo, a comunidade, as pessoascom deficiência e suas organizações, agências dedesenvolvimento e humanitárias, bem comoorganizações especializadas em deficiência eprovedores de serviços. Não é uma únicaorganização que será capaz de alcançar odesenvolvimento de uma (mais) sociedadeinclusiva. Todas as mãos precisam estar naplataforma para alcançar esse sonho.

O desenvolvimento de programas que incluempessoas com deficiência exige que asorganizações construam parcerias estáveis comos outros. Organizações principais não precisamse tornar prestadores específicos de serviços dedeficiência. Eles só precisam abrir seusprogramas para pessoas com deficiência, tornaros serviços acessíveis e referir-se a intervençõesespecífica de deficiência quando necessário.

Uma vez que muitas organizações principais dedesenvolvimento são novas para o tema dadeficiência, muitas vezes, não têm uma rede deprestadores específicos de serviços deficiência eorganizações de pessoas com deficiência na suaárea de trabalho. Este capítulo irá ajudá-lo aidentificar potenciais interessados que podemapoiar a sua organização a fazer seus programasde desenvolvimento inclusivo.

A tabela a seguir mostra os intervenientes noprocesso de desenvolvimento inclusivo, seupapel no desenvolvimento inclusivo e os temassobre os quais pode abordar com eles. Não é

uma lista exaustiva, e a situação será diferentede país para país, mas ela lhe dá uma ideia dosdiferentes actores no campo.

As organizações depessoas com deficiênciasão parceirosindispensáveis

As Organizações de Pessoas com Deficiência(OPDs), estabelecidas principalmente nosúltimos 30 anos, são uma importante ferramentapara a luta contra a exclusão e a discriminação.Elas às vezes representam uma busca deemancipação entre as pessoas com deficiência.Em alguns países, as OPDs tornaram-sepoderosas organizações e politicamentemotivada.

As OPDs geralmente se vêem como movimentosde direitos humanos. Enquanto isso éprovavelmente verdade para a maioria das OPDsnacionais, OPDs de base comunitária mais locaissão na verdade menos politizadas e orientadasde forma mais prática. Muitas vezes, elas semantêm ocupadas esforçando-se para aemancipação económica através de grupos deauto-ajuda, em vez de se envolverem na políticalocal ou nacional. Mas quanto mais elas sedesenvolvem, mais tais OPDs se tornamenvolvidas em acções de sensibilização eadvocacia e se tornam um porta-voz paraaqueles cujos direitos estão sendo violados.

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Estabelecimentode redes‘Se as teias de aranha estiverem unidas podem amarrar um leão’(provérbio etíope)

←←Organizações tem queconstruir parceriasestáveis

←Organizações depessoas comdeficiência podem setornar poderososdefensores de direitoshumanos

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Actores Papel no Desenvolvimento Inclusivo Articular-se para

Papel de diferentes actors no desenvolvimento Inclusivo

Organizações de Pessoas comDeficiência

Governo

Prestadores de serviços paraDeficiência específica, tais comoPrograma de Reabilitação baseadana comunidade, escola especial,ONGs para deficiência específicas

Organizações de Desenvolvimento

Lobby e defender os direitosdas pessoas com deficiência

Garantir o acesso a serviços básicospara pessoas com deficiência -trazem leis e da legislação alinhadascom UNCRPD

Fornecer serviços médicos e dereabilitaçãoOrganizar programas específicos dedeficiência Empoderamento das pessoas comdeficiência e suas organizações

Desenvolver programas para pessoascom deficiênciasReferenciar as necessidadesespecíficas de pessoas com deficiência

• Identificação de pessoas comDeficiência

• Dados de deficiência• Formação do pessoal• A sensibilização nas comunidades• Lobbying com o governo local• Encaminhamento de pessoas com

deficiência a grupos de auto-ajuda(para fortalecimento)

• Dados de deficiência• Os serviços médicos e de reabilitação

para pessoas com deficiência• O acesso a programas do governo

e redes de segurança• Desenvolvimento do currículo escolar• Treinamento de professores

• Prestação de cuidados médicos eServiços de reabilitação

• Aconselhamento e avaliação• As provisões de dispositivos, tais

como cadeiras de rodas e muletas• Informação em formato acessível

(Braille ou em língua de sinal)• Experiência técnica• Dados de deficiência• Identificação das pessoas com

deficiência• Treinamento de equipe• Treinamento dos professores• Lobby e advocacia

• Encaminhamento das pessoas comdeficiência para ser incluídas no seusprojetos desenvolvimento.

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Em alguns países, como Bangladesh e na Índia,as OPDs locais podem formar federações oucoligações, que têm uma voz mais forte. Elespromovem uma cidadania activa e em conjuntocom, ou sob uma organização nacional inclusiva,elas podem ser muito bem-sucedidas nocombate à injustiça social. A força unida dasOPDs no sul da Índia, por exemplo, ajudou acombater com êxito a corrupção nas questões depagamento de pensão. Os anos de corrupção –onde as pessoas com deficiência tiveram quepagar uma determinada percentagem da suapensão de invalidez ao homem dos correiosencarregado da emissão da pensão – pararamdepois de advocacia intensiva das OPDsconjuntas na região. No quadro da cooperaçãocom os RPD é bom estar ciente do seguinte.Algumas OPDs nacionais, embora politicamentepoderosas, pode ter-se alienado de seueleitorado como elas estão geralmente baseadasnas capitais e geridas pela elite urbana. MuitasOPDs locais podem ter uma estruturaorganizacional fraca e terem de lutar por suaprópria sobrevivência. Além disso, muitas OPDsrepresentam as pessoas com apenas um tipo dedeficiência.

Será que todos os desafios acima descritos nosimpediriam de formar parcerias e trabalhar emestreita colaboração com as OPDs? A resposta éum não claro e inequívoco. Nós não seremoscapazes de nos mover em direcção a umasociedade melhor para todos se ignorarmos asOPDs. As contribuições das OPDs nacionais emmuitos países formaram uma força poderosapara convencer os governos a assinar e ratificar aUNCRPD. As OPDs locais são muitas vezesfaróis de esperança para as pessoas comdeficiência, proporcionando locais de encontroonde eles entram em contacto com outraspessoas que enfrentam desafios semelhantes.Elas fazem parte de um sistema maior deorganizações da sociedade civil que são vitais naconstrução da sociedade e da democracia deaprendizagem.

As OPDs podem ajudá-lo a identificar e,portanto, incluir, pessoas com deficiência emsuas actividades. Elas também podemdesempenhar um papel na formação do pessoalfuncionário, a sensibilizar a comunidade ou fazer

lobby junto ao governo local. Se a suaorganização se concentra no fortalecimento dasociedade civil, seria óptimo se, em troca,pudesse apoiar as OPDs a fortalecer suasorganizações e ajudá-las a desempenharemefectivamente o seu papel como organismos dasociedade civil.

Cooperação com ogoverno

O por que deveríamos cooperar com os nossosgovernos não precisa de muita explicação. Se oseu governo tem ratificado a Convenção sobreos Direitos das Pessoas com Deficiência ele temque trazer leis e legislação em conformidadecom a convenção. Em muitos países, existe umalei de deficiência separada que promove osdireitos das pessoas com deficiência. É tambémo papel do seu governo garantir o acesso aosserviços básicos, tais como serviços de educação,de saúde e de reabilitação.

É, no entanto, a sua tarefa ajudar as pessoas comdeficiência no seu projecto a aceder aos sistemase serviços oferecidos pelo governo. Ajudá-los aobter um cartão de deficiência para que possamusar os benefícios relacionados. Levar as pessoascom deficiência para clínicas governamentais eesquemas de reabilitação. Alguns governos atémesmo criaram centros de recursos para aeducação inclusiva, que apoiam a inclusão decrianças com deficiência em escolas regulares.

Prestadores de serviços de deficiência, tais comohospitais, oficinas ortopédicas, centros dereabilitação e programas de reabilitaçãobaseados na comunidade, mas também escolasespeciais, são recursos muito importantes edevem ser utilizados para fins de referência. Elespodem fornecer avaliações, serviços deaconselhamento, assessoria, consultoria e osserviços terapêuticos e de reabilitaçãonecessárias que podem ser necessários. Elestambém podem desempenhar um papel naformação do pessoal de trabalho, formação deprofessores ou a provisão de informaçõesacessíveis como Braille e interpretação da línguado sinal.

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←←Mas eles podem àsvezes se tornaremalienados dos seusconstituintes

←←Organizações dePessoas comDeficiênciaprovidenciam locais deencontro para pessoascom deficiência

←←Ajude as pessoas comdeficiência a teremacesso a serviçosgovernamentais

←←Outras ONGs podemajudar

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Uma tendência emergente em muitos países é aintrodução e desenvolvimento do chamadoReabilitação Baseada na Comunidade (RBC).Esta é uma estratégia que visa melhorar aqualidade de vida das pessoas com deficiência.Trata-se de trabalhar em estreita colaboraçãocom pessoas com deficiência, suas famílias eprestadores de serviços para eliminar os entravesque resultam em exclusão da participação navida da comunidade. Programas de RBC sãofrequentemente geridos por ONGs ou governos.É de importância conectar-se com os programasde RBC existentes e tornar-se parte de sua redemultissectorial.

Portanto, pode direccionar as pessoas comdeficiência para o programa RBC para as suasnecessidades específicas de deficiência enquantoo programa RBG, por sua vez, pode indicar aspessoas com deficiência para serem incluídas emseus programas de desenvolvimento. Issocertamente vai levar a uma cooperação frutuosa.

Os programas de Reabilitação Baseada naComunidade e as escolas podem tambémtrabalhar em conjunto sobre a inclusão. Oprograma de RBC concentra-se em mudar asatitudes negativas em relação às crianças comdeficiência. Pode dar workshops desensibilização para crianças em idade escolarsobre a deficiência na sala de aula. A escola podeacolher as crianças, tornar as suas instalaçõesacessíveis e encontrar soluções práticas paraadaptações - juntamente com o programa deRBC.

Referência para outrasorganizações afins

Por último, mas não menos importante, tambémpode referir as pessoas com deficiência e seusfamiliares para os programas de outras ONGs dedesenvolvimento. Por exemplo, se incluiu umacriança com deficiência na sua escola, enquantoa família vive em condições muito pobres, tenteinscrevê-la em um projecto de geração de renda.Ou remeter as pessoas com deficiência que nãopodem ler ou escrever para um programa dealfabetização.

Gostaríamos de concluir dizendo que averdadeira parceria vai levar a aprendizagemmútua, intercâmbio de conhecimentos ecompetências, e contribuirá muito para odesenvolvimento inclusivo bem-sucedido. Noentanto, as parcerias requerem investimentocontínuo de todos os parceiros. Amor unilateralnão vai funcionar!

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→É necessário

investimentoscontínuos em

parcerias

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Tornando-se uma

organização de

deficiência inclusiva

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A maioria das organizações de desenvolvimentoinicia o processo de integração da deficiênciacom um projecto-piloto. Isso é exactamente oque fizemos no nosso programa deaprendizagem. Começámos por incluir aspessoas com deficiência, em projectos-pilotos, a fim de aprender mais sobre todo o processo deinclusão. Logo descobrimos, no entanto, que osprojectos-pilotos por si só não geram atençãosustentada para a inclusão de pessoas comdeficiência em nossos programas. Isso requermudança organizacional. Inclusão de pessoascom deficiência não só implica a inclusão emprojectos e programas, mas também nossosvalores organizacionais, sistemas e políticas.Existem barreiras à igualdade de participaçãonão só dentro de nossos projectos, mas tambémnas nossas próprias políticas, escritórios ewebsites.

Nós também chegamos ao entendimento de queera essencial para fixar a inclusão de pessoascom deficiência nas políticas, estruturas esistemas de nossas próprias organizações ou aquestão acabaria por desaparecer da agenda.

Para a mudança sustentável não precisamosapenas projectos de deficiência inclusiva, mastambém organizações de deficiência inclusiva.Mas quais são os critérios de uma organizaçãode deficiência inclusiva? E que tipo de processode mudança é necessário para se tornar umaorganização de deficiência inclusiva?

Durante o Programa de Aprendizagem Temáticadesenvolvemos uma curta lista de verificaçãoque ajuda a determinar como é que umaorganização de deficiência inclusiva é. Ela foiprojectada para organizações dedesenvolvimento europeus que trabalham comorganizações parceiras locais e muitas vezesfuncionam como organizações doadoras.Algumas perguntas podem não ser totalmenteaplicável à sua própria organização, mas a listavai lhe dar uma impressão de situação de suaorganização.

Não fique chocado se a sua organização apenasatinja o nível 1 ou 2 no teste. As organizaçõesque aderiram ao Programa de AprendizagemTemático também começaram com baixapontuação. Mas dentro de dois ou três anosalgumas organizações já estão atingindo a níveis3 e 4. Tão rápido progresso pode ser feito nosentido de tornar a sua organização, inclusiva à deficiência.

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Qual é acaracterística típicade uma organizaçãoinclusiva?

→→Atreva-se a fazer

o teste

→Organizar a mudança

é essencial para asustentabilidade

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Nível 4

Inclusão de pessoas comdeficiência a partir de umaperspectiva baseada nosdireitos é uma questãotransversal na nossaorganização e trabalhados emtodos os nossos documentosde estratégia e políticassectoriais.

A deficiência é mencionada napolítica de diversidade derecursos humanos e acçõesafirmativas (por exemplo,colocar anúncios de empregoem redes de invalidez) sãotomadas para empregarpessoas com deficiência.

Pelo menos 2% dosfuncionários, direcção evoluntários constituído porpessoas com deficiência.

Dados de deficiência sãorecolhidos em todos osprogramas.

A deficiência está incluída emtodas formatos de planificação,monitoria e avaliaçãorelevantes, inclusão o relatórioanual da organização.

As pessoas com deficiência sãoenvolvidas no desenho,planificação, monitoria eavaliação de todos osprogramas.

6% ou mais dos beneficiáriosem nossos programas regularessão pessoas com deficiência.

Todos os programas colaboramactivamente com asorganizações de pessoas comdeficiência e prestadores deserviços de deficiência (inclusãoo governo)

3-7% Nenhum orçamento estáalocado/disponível para ainclusão das pessoas comdeficiência em nossosprogramas.

Nível 3

Inclusão de pessoas comdeficiência a partir de umaperspectiva baseada nosdireitos é mencionada nosdocumentos de estratégia etrabalhada em algumaspolíticas sectoriais.

A deficiência é mencionada napolítica de diversidade nosrecursos humanos.Pelo menos 1% dosfuncionários, direcção evoluntários constituídos porpessoas com deficiência.

Em mais da metade dosprogramas dados de deficiênciasão recolhidos.

A deficiência não é mencionadana maioria dos formatos deplanificação, monitoria eavaliação.

Mais que a metade das pessoascom deficiência dos programassão consultadas no desenho,planificação, monitoria eavaliação.

4-5% dos beneficiários emnossos programas regulares sãopessoas com deficiência.

Mais que a metade dacolaboração programas ocorrecom as organizações depessoas com deficiência eprestadores de serviços dedeficiência (inclusão ogoverno).

2% do orçamento é alocadopara a inclusão das pessoascom deficiência em nossosprogramas.

Nível 2

A inclusão de gruposmarginalizados é mencionadanos documentos de estratégiae as políticas sectoriais, masnão especificamentetrabalhados.

Política de diversidadedisponível na organização, masa deficiência não é mencionadolá.

Em menos de metade dosprogramas dados de deficiênciasão recolhidos.

A deficiência é mencionada emalguns formatos deplanificação, monitoria eavaliação.

Menos da metade das pessoascom deficiência dos programassão consultadas no desenho,planificação, monitoria eavaliação.

1-3% dos beneficiários emnossos programas regulares sãopessoas com deficiência.

Em menos de metade dacolaboração programas ocorrecom as organizações depessoas com deficiência eprestadores de serviços dedeficiência (incluindo ogoverno).

0-1% do orçamento é alocadopara a inclusão das pessoascom deficiência em nossosprogramas.

Pelo menos 1% dos funcionários, direcção e voluntáriosconstituídos por pessoas com deficiência.

Nível 1

Deficiência ou inclusão depessoas com deficiência nãoestá incluído em nossosdocumentos de estratégia, ouem nossas políticas sectoriais.

Nenhuma política dediversidade de recursoshumanos disponíveis naorganização. Nenhuma acçãotomada para empregar pessoascom deficiência.

Nenhum funcionários,conselheiros ou voluntárioscom deficiência na organização.

Dados de deficiência não érecolhida em nenhumprograma.

A deficiência não é mencionadaem formatos de planificação,monitoria e avaliação.

As pessoas com deficiência nãosão envolvidas no desenho,planificação, monitoria eavaliação de programas.

O número de beneficiários comdeficiência em programasregulares é insignificante.

Não há colaboração com asorganizações de pessoas comdeficiência e prestadores deserviços de deficiência (inclusãoo governo) em nossosprogramas.

Nenhum orçamento é alocadopara a inclusão das pessoascom deficiência em nossosprogramas.

Área

Política

Gestão de RecursosHumanos

Planificação,Gestão e Avaliação

Programas

Avaliação da inclusão de deficiência nas organizações de desenvolvimento

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Nível 3

Os direitos das pessoas comdeficiência estão incluídos namaioria das existentesactividades de lobby, advocaciaou de rede da organização.

As salas de reuniões, sanitários eparte dos espaços de trabalhoestão acessíveis para pessoascom deficiência.

Acessibilidade é levada emconta quando os eventos sãoorganizados. A maioria sãoacessíveis a pessoas comdeficiência.

O website é testado paraacessibilidade e é bastanteacessível.

A opção de receber boletins denotícias e informações em umformato acessível é activamentecomunicado.

A maioria dos funcionáriosrecebe uma única orientaçãosobre os direitos das pessoascom deficiência e inclusão emprogramas regulares.

A organização dá orientaçãosobre os direitos das pessoascom deficiência e para ainclusão de pessoas comdeficiência às organizaçõesparceiras locais.

Nível 4

Os direitos das pessoas comdeficiência estão incluídos emtodas existentes actividades delobby, advocacia ou de rede daorganização.

O escritório inteiro, incluindotodos os espaços de trabalho,salas de reuniões e sanitários,estão acessíveis a pessoas comdeficiência.

Todos os eventos organizadospela nossa organização sãoacessíveis a pessoas comdeficiência.

O website é totalmenteacessível e boletins / folhetosestão disponíveis em formatosacessíveis.

Interpretação em língua gestualé sempre fornecido como umaopção.

A equipa recebe regularmenteorientação sobre os direitos das pessoas com deficiência epara a inclusão em programasregulares. Os funcionários sãoincentivados a trabalharactivamente sobre a inclusão depessoas com deficiência.

A organização dásistematicamente orientaçãosobre os direitos das pessoascom deficiência e para a inclusão das pessoas comdeficiência às suas organizaçõesparceiras locais.

Nível 2

Os direitos das pessoas comdeficiência estão incluídos emalgumas existentes actividadesde lobby, advocacia ou de rededa organização.

As salas de reuniões e sanitáriosestão acessíveis a pessoas comdeficiência. Os espaços de trabalho nãoestão acessíveis.

A acessibilidade não é levada emconta quando os eventos sãoorganizados pela organização,mas 50% dos eventos sãoacessíveis a pessoas comdeficiência.

O website é testado paraacessibilidade e é parcialmenteacessível.

Boletins e informações sãodisponibilizados sob demanda.

Alguns funcionários receberamuma única orientação sobre osdireitos das pessoas comdeficiência e inclusão emprogramas regulares.

Inclusão de pessoas comdeficiência é discutida comorganizações parceiras locais.

Nível 1

Os direitos das pessoas comdeficiência não estão incluídosnas existentes actividades delobby, advocacia ou de rede daorganização.

Os escritórios e salas de reuniãoda organização não estãoacessíveis para pessoas comdeficiência.

A acessibilidade não é levada emconta quando os eventos sãoorganizados pela organização. Apenas uma pequena parte doseventos são acessíveis a pessoascom deficiência.

O website e outras fontes deinformação não são acessíveis apessoas com deficiência visual.

Nenhum alojamento é feito parapessoas que necessitam deinterpretação em linguagemgestual.

Nenhuma orientação foi atéagora dada à equipa daorganização sobre os direitosdas pessoas com deficiência einclusão em programasregulares.

Inclusão de pessoas comdeficiência não é discutida comorganizações parceiras locais.

Área

Lobbies/advocacia/redes

Acessibilidade

Capacitação

Interpretação em linguagem gestual está disponível sob demanda.

1. Pense em estudos de linha de base, formatos de proposta, formatos de relatórios, formatos de visita de campo visita, formatos de avaliação, relatório anual eassim por diante.

2. Ou no caso de crianças, seus cuidadores pode estar envolvidos na concepção dos programas.3. "Regular" refere-se a programas não-específico para a deficiência.4.Pessoas com deficiência em programas: isto inclui cuidadores de pessoas com deficiência, se a pessoa com a deficiência não é capaz de participar.5. Os eventos podem ser seminários, conferências e cursos de formação, mas também actividades patrocinadas, como concertos ou passeios patrocinados.

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Partindo do pressuposto de que poderá ter feitoo teste acima e chegado à conclusão de quemuitas coisas precisam ser feitas para tornar a sua organização de deficiência, inclusive. Aquioferecemos informações sobre como organizarum processo de mudança bem-sucedido. Há muitas teorias sobre como as organizaçõesmudam e como pode planificar e gerir umprocesso de mudança. Usaremos o modelo demudança de oito passos de Kotter.

Oito passos para amudança organizacionalPasso 1 - Criar urgênciaPasso 2 - Formar uma coligação poderosaPasso 3 - Criar uma visão para mudançaPasso 4 - Comunicar a visãoPasso 5 - Remover obstáculosPasso 6 - Criar vitórias a curto prazoPasso 7 – Reforçar na mudançaPasso 8 - Firmar as mudanças na organização

Kotter salienta que a mudança numaorganização não ocorre durante a noite para odia, mas requer trabalho duro. O planeamentocuidadoso e da construção de uma base sólida

são vitais para tornar a implementação mais fácile irá melhorar as oportunidades de sucesso.Armadilhas para agentes de mudança são,impaciência e expectativas demasiado elevadas..

Criar urgênciaUma percepção de urgência sobre a necessidadede mudança tem se de desenvolver em toda aorganização. De acordo com Kotter, pelo menos75% da gestão de uma organização precisa de‘aderir' a mudança para que ela seja bem-sucedida. Isto significa que o Passo 1 é crucial.Tempo e energia significante precisa serinvestido para construir este sentimento deurgência antes de passar para as próximasetapas. Muitas vezes, não é apenas uma coisaque leva a esse sentimento de urgência, masuma combinação de factores.

Para EFICOR na Índia, o terramoto em Gujaratifoi um ponto de partida. O Director executivoRev. Kennedy Dhanabalan explica:

‘Durante a operação de alívio após o terramoto emGujarati em 2001, EFICOR perceberam queprecisavam assegurar que as pessoas comdeficiência fossem dadas ênfase especial nas

67

Como setornar umaorganizaçãoinclusiva

←←Um processo demudança pode serplaneado

←←75% das necessidadesde gestão recaem paraa mudança

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operações de socorro. Percebeu-se que as pessoaslutavam e corriam atrás de caminhões para recebermateriais de alimentos. As pessoas com deficiêncianão foram capazes de fazê-lo e elas foram deixadaspara trás. Depois dessa experiência, começamos a prestar atenção a pessoas com deficiência emnossos Programas de Redução de Risco deDesastres. Por exemplo, formação de pessoal pararesgatar as pessoas com deficiência e fazer abrigosacessíveis.’

‘Além disso, em uma das nossas campanhasescolhemos nos concentrar em grupos vulneráveis,incluindo as pessoas com deficiência. Por isso, foium passo muito lógico para nós para participar doprograma de capacitação oferecido pelo nossodoador, Tear Netherlands. Na nossa organização,queremos praticar o que pregamos, por isso a sérioqueremos trabalhar sobre a integração dadeficiência.’

O director executivo discutiu a ideia deintegração da deficiência com o seu quadrodirectivo e deram luz verde para a elaboração deuma política de integração da deficiência. [3]

A ajuda de emergência foi um ponto de partida,mas o sentido de urgência também resultou dofoco que a EFICOR colocou nos gruposvulneráveis, a cultura da organização em praticaro que prega e um convite de um doador paraparticipar de um programa de capacitação.

Para a Associação Hospital Emanuel na Índia, a urgência de fazer alguma coisa para as pessoascom deficiência começou quando um dosgerentes teve um filho com deficiência. Derepente, ele se tornou ciente das necessidadesdas crianças com deficiência e queria fazer algo.A organização começou a fornecer serviços dereabilitação baseados em instituições paracrianças com deficiência. Depois de alguns anos,os organizadores perceberam que seria maiseficaz se eles trabalhassem em comunidades eprestassem atenção para a deficiência em todosos seus programas. A partir daí, a EHA começoua integração da deficiência em todos osprojectos.

Mas este sentido de urgência não ocorreautomaticamente em todas as organizações. Às

vezes, pode ser um processo bastante intensopara convencer a gestão de uma organização quehá uma necessidade urgente de incluir pessoascom deficiência. Isto, muitas vezes ajuda paraconectar a inclusão das pessoas com deficiênciaà estratégia central de sua organização.Portanto, se a sua organização está visandoatingir grupos marginalizados, mostre que aspessoas com deficiência são um grupomarginalizado. Se a sua organização está atrabalhar sobre os direitos humanos, foque sobreos direitos das pessoas com deficiência. Se olema de sua organização é 'educação para todos',explique que um terço das crianças que não vãoà escola são crianças com deficiência. Nocapítulo ‘Como ter compromisso dentro da suaorganização’ vamos discutir maisdetalhadamente como este sentido de urgênciapode ser criado em organizações dedesenvolvimento.

Formar uma coligaçãopoderosa

Para convencer as pessoas de que a mudança énecessária, uma forte liderança e apoio visível depeças-chave dentro da organização é necessária.Numa coalizão ou equipa de pessoas influentesprecisa se trazer ao meio aquele cujo poder vemde uma variedade de fontes, incluindo o título dotrabalho, estatuto, experiência e importânciapolítica. A ‘coligação de mudança’ precisatrabalhar como uma equipa e continuar aconstruir urgência, bem como dinâmica emtorno da necessidade de mudança. [5]

No nosso Programa de Aprendizagem Temática,treinamos pessoas focais para estimular esupervisionar o processo dentro de suasorganizações. Nós aprendemos que a selecçãoda pessoa focal é crucial. Ele ou ela deverealmente ser nomeado(a) e ter tempo alocadopara orientar o processo de integração dedeficiência dentro da organização. Ele ou eladeve também estar na posição correcta paramanter o processo em curso. E por último, masnão menos importante, a pessoa focal precisa tero compromisso e o apoio da gerência superior.Algumas organizações trabalham com uma

68

→Precisa ser construídoum senso de urgência

→Ligar a inclusão de

pessoas comdeficiência para a

estratégia central desua organização

→→Uma equipa de

projecto que consisteem pessoas de

diferentesdepartamentosfunciona muito

melhor do que umapessoa focal operando

sozinho

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equipa de projecto que consiste em pessoas dediferentes departamentos. Isso parece funcionarmuito melhor do que uma pessoa focal operandosozinha. Isto é especialmente verdadeiro para asgrandes organizações.

A EFICOR da Índia trabalha com uma equipa. Aorganização nomeou duas pessoas focaisresponsáveis por manter o tema na agenda, odesenvolvimento de estratégias e supervisionar aimplementação. O director executivo apoia aspessoas focais, tanto quanto ele pode, porexemplo, juntando-se em sessões detreinamento ou encontro de prestação de contascom as pessoas focais após sessões detreinamento. [6]

‘Eu lidero um subgrupo sobre a educação inclusiva’diz o director executivo da NVEA, Etiópia. ‘Nestegrupo, partilhamos experiências e discutimos comoexpor aos colegas a ideia de incluir as crianças comdeficiência, na educação. Nós jogamos um papelimportante na sensibilização entre os outros.’

A boa notícia, porém, é que, uma pessoamotivadal ‘auto tarefada’ pode fazer um montede lobbying em sua própria organização e tersucesso na obtenção de inclusão na ordem dodia. Portanto, se é uma voz solitária, masentusiasmado para fazer uma mudança em suaorganização, tente convencer as pessoas chaveem primeiro lugar e torná-los seus aliados. Crieuma equipa para promover a inclusão emdiferentes níveis.

Criar uma visão para amudança

Uma visão clara da mudança que pretende, podeajudar as pessoas a entenderem por que elasprecisam fazer algo diferente. As informações einstruções que são dadas tendem a fazer maissentido então.

É importante fazer um plano simples sobre comosua organização irá trabalhar na inclusão daspessoas com deficiência. Isso começa com afixação de uma meta clara: por exemplo, aoafirmar que as pessoas com deficiência são

consideradas parte do seu grupo-alvo e seesforça para a igualdade de participação emtodos os seus programas. Se possível,desenvolver este plano em conjunto com os seuscolegas. Eles sentirão que são donos do processode mudança se eles participarem no desenho domesmo. Aprendemos no Programa deAprendizagem Temática que é importantereduzir o processo de inclusão à passos simples econcretos, de modo a apresentar uma estratégiaclara e explicar o que é esperado de todos.

A EHA na Índia, por exemplo, desenvolveu umavisão muito cativante para a mudança. Eles usamo slogan ‘Aprender a ver, Aprender a fazer,Aprender a deixar viver, Aprender a amar’. Todasas actividades relacionadas com a inclusão dadeficiência caem em uma dessas categorias.‘Aprender a ver’ significa, por exemplo, formaçãoe sensibilização de gestão e pessoal do projectoe, identificação de pessoas com deficiência pormeio de avaliações e pesquisas. ‘Aprender afazer’ refere-se à inclusão da deficiência emtodos os materiais de treinamento, manuais erelatórios de acompanhamento. Como resultadodisso, a deficiência é automaticamente incluídaem todas as actividades do projecto. ‘Aprender a fazer’ também incentiva a equipa do projecto aajudar pessoas com deficiência a ter acesso aosdireitos do governo, como trabalhar 100 dias porano, ou pensões.

69

←←Faça as pessoas chaveseus aliados

←←Definir uma metaclara

←O que você faz émuito maisconvincente do que o que você diz

Dave Lupton en www.crippencartoons.co.uk

E não estão em Braille

Barreirasdeactitudes

Barreiras do meioambiente

Barreirasde infor-mação

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Comunicar a visãoA visão precisa ser comunicada frequente epoderosamente, e ser incorporada dentro detudo o que faz. Se a visão for referidadiariamente, quando as decisões são tomadas e os problemas resolvidos, as pessoas vão selembrar e responder a ela. É importante ‘andar afalar’: o que você faz é muito mais convincentedo que o que alguém diz.

Comunicar a visão da inclusão pode ser feita demuitas maneiras diferentes. É claro que amaneira mais formal é através da organização deuma sessão de formação para o pessoal, mastambém pode realçar o tema da inclusão deformas mais informais, como durante as reuniõesde equipa, devoções ou durante um passeio emequipa. Também, pode encontrar maisinformações sobre este assunto no capítulo deSensibilização desta brochura.

Remover obstáculos

Algumas pessoas são resistentes à mudança e alguns processos e estruturas irão bloquear ocaminho. É importante, portanto, que osobstáculos sejam removidos para que oscidadãos sejam capacitados para implementar a visão. Há completamente algumas desculpasao redor, para nos impedir de agir. ‘A inclusão depessoas com deficiência é muito cara’; ‘Osdoadores não gostam disso’; ‘Nós já temostantos outros problemas para lidar’. Na sessãosobre como obter o compromisso de suaorganização, vamos explicar como essaresistência pode ser superada.

Criar vitórias de curtoprazo

O sucesso é um factor motivador primordial.Algumas vitórias visíveis no início do processo demudança irão inspirar as pessoas. Sem isso, aequipa pode perder o interesse ou mesmoanexar associações negativas para o processo demudança.

No Programa de Aprendizagem Temáticausamos projetos-pilotos na Etiópia e Índia comovitórias de curto prazo. Isso funcionou bem:dentro de relativamente pouco tempo asorganizações foram capazes de incluir as pessoascom deficiência em seus projectos. Muitasorganizações de desenvolvimento preferemcomeçar com projectos-pilotos e, em seguida,usar sua experiência para fixar o foco sobre adeficiência em suas estruturas organizacionais.Um projecto-piloto também pode ser usado para convencer a administração sénior daviabilidade de inclusão de pessoas comdeficiência. Ver para crer!

Reforçar a mudança

Porque a verdadeira mudança leva tempo, Kotterdesaconselha declarar vitória cedo demais.Sucessos rápidos são apenas o início do processopara a mudança a longo prazo. Mantenha aprocura de melhorias, já que cada sucessooferece uma oportunidade para construir sobre oque deu certo, assim como o que precisa sermelhorado. A inclusão não pode ser alcançadada noite ao dia; estamos constantementeprecisamos de superar barreiras. Portanto, nãopare depois de ter concluído com êxito umprojecto-piloto: use-o para aprender a fazeroutros projectos e toda a organização maisafável para deficientes. É nossa experiência quepode demorar cinco anos antes das organizaçõesterem realmente incorporado deficiência emtoda a sua estrutura. Basta levá-la passo a passo.

Firmar as mudanças naorganização

As alterações deverão tornar-se incorporadas, e faz parte da rotina de todos os aspectos daorganização. Os valores por trás da visão devemser visíveis no trabalho de dia-a-dia. Tragapolíticas e sistemas de acordo com a nova visãopara que as pessoas estejam automaticamentehabilitadas a implementá-los.

Este é um aspecto muito importante. Se ainclusão das pessoas com deficiência estiver

70

→Os projectos-pilotopodem inspirar a

mudança mais ampla

→→Não se apresse paradeclarar vitória: umaverdadeira mudança

leva tempo

→→As mudanças têm dese tornar uma parte

ou a prática de rotina

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fixada nos sistemas organizacionais, como naplanificação, monitoria e avaliação, ou em todosos manuais de treinamento, o tema voltaráautomaticamente no trabalho do dia-a-dia. Nocapítulo de fixação de deficiência em relação aorganização vamos explicar como alguém podeincluir a deficiência nas políticas e estratégiasglobais da sua organização; como incluir adeficiência no sistema de monitoria existente; e como fazer a gestão dos recursos humanos dasua organização para deficientes motores.

A EFICOR na Índia, por exemplo, recentementeelaborou uma política de integração dadeficiência. Director executivo Rev. KennedyDhanabalan explica:

71

‘Queremos incluir pessoas com deficiência emtodos os nossos programas e contratar pessoascom deficiência como pessoal funcionário.Vamos criar posições especiais para garantir queeles não desistem devido à forte concorrência.Deficiência também será incluída em todos osprogramas de formação da EFICOR. Portanto, otópico não será apenas incluído na formação doseu próprio pessoal, mas também na formaçãode outras organizações. O processo de fazer oescritório de EFICOR acessível já está em anda-mento. Estamos agora à espera do proprietáriopara dar a aprovação, para a construção de umarampa e banheiros acessíveis.’

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Gestão de desculpascomum para ignorar aspessoas com deficiência

Desculpa 1 - não é rentávelAs pessoas não acreditam que a inclusão depessoas com deficiência seja rentável. Elasperguntam: ‘Por que devemos investir muitodinheiro em pessoas com deficiência? Nós sópodemos gastar o nosso dinheiro uma vez.Nossas metas vão falhar se incluirmos pessoascom deficiência.’ [2]

Algumas suposições falsas se encontram sobeste raciocínio. Em primeiro lugar, existe a ideiade que a inclusão das pessoas com deficiência émuito cara. As pessoas muitas vezes imaginamgastos elevados para dispositivos de assistência,cirurgia, apoio financeiro ou de transportepersonalizado. Esta ideia está enraizada naabordagem médica da deficiência, que definedeficiência como um problema médico que sópode ser corrigido com tratamento caro,dispositivos e programas especiais de formação.Claro, existem custos relacionados com ainclusão de pessoas com deficiência emprogramas regulares, mas estes custos não sãotão altos. 2-7% do orçamento do programa tem

72

O que fazer paraque as pessoasestejamcomprometidas nasua organizaçãoUma lição importante do Programa de Aprendizagem Temático é que leva tempo

para que as organizações estejam dispostas e capazes de se comprometer

totalmente com a inclusão de pessoas com deficiência. Tivemos longas discussões

sobre como podemos obter pleno compromisso dos seus colegas e gestão para

integrar a deficiência em toda a organização. Nós nos deparamos com muitas

desculpas teimosas e obstáculos para não incluir pessoas com deficiência. Se quiser

obter o compromisso de sua organização deverá primeiro abordar estas desculpas.

As desculpas para nãoincluir pessoas comdeficiência pode ser

profundamenteenraizada

→Essa desculpa é

baseada em falsaspremissas

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sido suficiente nos exemplos que no deparamos.Estes são os custos de fazer os programasacessíveis a pessoas com deficiência. Para asintervenções específicas sobre a deficiência, asorganizações tradicionais devem referir-se aoutros prestadores de serviços.

‘Quando fizemos um levantamento dasnecessidades, sobre a inclusão de crianças comdeficiência nas nossas escolas, descobrimos quehavia uma necessidade de muletas e outrosdispositivos de assistência’, diz o director executivoda RLDO, Etiópia. ‘Nós estávamos preocupadosachando que não podíamos dar ao luxo decomprar essas coisas. No entanto, em nossareunião anual do conselho, de repente eu percebique o director da Handicap International na nossaregião era parte do nosso conselho. Felizmente elesestavam apenas planejando expandir os seusserviços para a nossa área. Estamos agora adiscutir como podemos ajudar uns aos outros.’

Outro pressuposto subjacente à relação debatecusto-eficácia é que as pessoas com deficiêncianão podem executar as tarefas de forma tãoeficiente quanto as outras pessoas. Esta ideiaestá enraizada na abordagem caridade para comdeficiência em que as pessoas com deficiênciasão definidas como fracas, dependentes eincapazes de executar. Isso não é correcto. Amaioria das pessoas com deficiência podemexecutar como qualquer outra pessoa, desde queas barreiras que dificultam a sua participação sãoremovidas. Quando as pessoas estão falandosobre custos, muitas vezes elas esquecem-se queas pessoas com deficiência têm o direito deserem incluídas. Nós não falamos sobre oscustos de se incluirmos as mulheres nodesenvolvimento. Nós não falamos sobre oscustos de se incluirmos as crianças. Então, porque falamos de custos se pessoas comdeficiência precisam de ser incluídas? Se aspessoas com deficiência são vistas como partedo grupo-alvo, todos os debates sobre os custosextras provavelmente irão desaparecer oupodem ser trazidos aos custos básicos de fazerprojectos acessíveis.

Na cooperação para o desenvolvimento, é muitomais barato e mais sustentável integrar adeficiência nos programas de desenvolvimento

do que criar para este caso, intervençõesespecíficas sobre a deficiência de anúncios combase em projecto. Integração é mais barataporque ela depende de infra-estruturasexistentes. Escolas já estão presentes, porexemplo. O único problema é torná-lasacessíveis. Outra vantagem é que odesenvolvimento inclusivo alcança mais pessoascom deficiência nas suas próprias comunidades.Isso cria aceitação social dentro da comunidade.Construir instituições especiais, contratarprofissionais médicos e importar equipamentotécnico custa muito dinheiro e só atinge umapequena percentagem das pessoas que delanecessitam. [3]

Se o argumento de custo-eficácia é forte em suaorganização provavelmente vai ajudar aorganizar uma sessão de sensibilização em quepode enfatizar as diferentes abordagens àdeficiência e discuta o que implica odesenvolvimento inclusivo.

Desculpa 2 - não temos a experiêncianecessária para fazê-loA ideia subjacente a esta desculpa é que aspessoas com deficiência só podem aprender eprogredir se elas forem guiadas por especialistascom uma grande quantidade de conhecimentossobre deficiência. Nossa experiência é que 80%das pessoas com deficiência possam participar

73

←É muito mais baratointegrar a deficiênciado que criarintervençõesespecíficas dedeficiência

Os custos da exclusão• Perda a longo prazo do potencial produtivo da pessoa com

deficiência devido à falta de reabilitação adequada, educação eoportunidades de formação profissional.

• Os custos adicionais para a família, comunidade e Estado em cuidarda pessoa com deficiência que poderia ter se tornado independente.

• A nível da família: perda de renda, porque o tempo é necessário paracuidar de membros da família com deficiência. Filhos de pais comdeficiência faltam à escola porque têm de cuidar dos pais ou não hádinheiro para ir à escola.

• Custos médicos adicionais que poderiam ter sido evitados por meiode exercícios básicos ou reabilitação que impedem que os prejuízosde tornem cada vez mais piores - por exemplo, cirurgia correctiva decontracturas devido à paralisia ou paralisia cerebral pós-pólio.

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na vida social, sem qualquer intervençãoadicional específica, ou com baixo custo eintervenções de base comunitária simples, quenão requer nenhum conhecimento dereabilitação específica. Os outros 20%, que nãopode participar activamente e beneficiar deprogramas de desenvolvimento principais semmedidas específicas (por exemplo, fornecimentode prótese ou cadeira de rodas, fisioterapia oucirurgia), possam e devem ser encaminhadospara organizações específicas de pessoas comdeficiência, tais como oficinas ortopédicas,serviços de fisioterapia e necessidades especiaisde educação. Esses prestadores de serviçosespecíficos podem dar as intervenções eequipamentos necessários ou fazer asadaptações necessárias.

Desculpa 3 - já estamossobrecarregados; não temos tempo paraum outro assuntoEste obstáculo, achamos ser o mais difícil deresolver. Como lidar com este ponto de vistamuito compreensível? É claro que os praticantesdo desenvolvimento estão ocupados com muitosassuntos diferentes, como o clima, género oudireitos. Assim, entendemos que as pessoas nãoestão felizes com um acréscimo de responsabili -dade. Portanto, a melhor maneira de lidar comesse obstáculo na sua organização é a de associara inclusão das pessoas com deficiência à suamissão principal. Esta pode ser a educação paratodos ou chegando aos mais pobres dos pobres.O tempo que gasta no cumprimento de suamissão principal não é geralmente considerada acarga de trabalho extra.Outra maneira de lidar com a escassez de tempoé começar a incluir a deficiência nas actividades

74

→→Uma discussão aberta

pode esclarecer a pensar sobre a

deficiência

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que já faz. Então, se está organizando umaconferência de parceiros, inclua um workshopsobre o desenvolvimento inclusivo. Se tem querecolher histórias da vida real para o próximoboletim da sua organização, inclua uma históriada vida de um beneficiário com deficiência. Seestá revendo a política de educação de suaorganização, escreva um capítulo sobre aeducação inclusiva. Se tem de aprovar uma novaproposta de uma organização parceira, perguntea eles o que eles vão fazer para incluir pessoascom deficiência.

Desculpa-4 - Precisamos resolver osproblemas das pessoas ‘normais’primeiroEsta é uma desculpa comum. As pessoasreclamam que o combate à pobreza é bastantedifícil. Por que devemos torná-lo maiscomplicado para nós mesmos? Nós podemoscontrariar esta desculpa, explicando que aspessoas com deficiência são pessoas normaiscom necessidades normais. As organizações dedesenvolvimento devem se concentrar empessoas que são excluídas e oprimidas. Portanto,este tipo de raciocínio provavelmente não estáem sintonia com a missão e valores centrais dasnossas organizações.

Desculpa 5 – O nosso doador não estáinteressado na inclusão de pessoas comdeficiência Organizações do Sul, responsáveis pela execuçãosão muitas vezes relutantes em incluir adeficiência em suas propostas, porque elas têmmedo que seu doador não esteja interessado ourejeite a proposta por causa do aumento docusto. Elas não têm certeza sobre como iniciar adiscussão sobre a inclusão das pessoas comdeficiência com seus doadores. De organizaçõesdoadoras às vezes ouvimos: ‘Nós só vamoscomeçar a trabalhar sobre a inclusão de pessoascom deficiência se as nossas organizaçõesparceiras perguntarem para elas.’ Então, quemdeve dar o primeiro passo? WCAT na Etiópia deuesse passo e achou muito fácil no final.

No seu programa de trabalho infantil financiadopela Kinderpostzegels, WCAT inclui as criançascom deficiência, porque elas trabalham bem. Odoador está entusiasmado com esse foco, uma

vez que WCAT explicou a importância destaquestão no contexto da Etiópia, onde muitascrianças com deficiência são obrigadas atrabalhar. De acordo com WCAT,Kinderpostzegels vê a importância da inclusãodessas crianças no combate ao trabalho infantilna Etiópia.

Doadores institucionais como o Banco Mundial,USAID, a União Europeia e DFID mostraramrecentemente o seu interesse através deoportunidades de financiamentoespecificamente destinado à inclusão e direitosde grupos marginalizados, incluindo pessoas comdeficiência. Com a ratificação do UNCRPD,grandes doadores como a União Europeia sãoobrigados a assegurar a igualdade departicipação das pessoas com deficiência. Isto évisível em suas directrizes para aplicações. Noentanto, nem todos os doadores estãoconscientes da necessidade de inclusão depessoas com deficiência. O Ministério dosNegócios Estrangeiros holandês tem sido muitohesitante a respeito deste assunto. E o climaeconómico actual não facilita esse processo.Achamos que as organizações dedesenvolvimento tradicionais têm um papel adesempenhar nesta discussão. Os doadores irãocomeçar a providenciar a solicitação somentequando a necessidade de financiamento deinclusão for expressa.

‘Nós precisamos desafiar os doadores quando elesnão querem aceitar a rubrica orçamental para ainclusão das pessoas com deficiência’, diz Sue Coe,coordenadora da integração da deficiência naVisão Mundial. ‘Enquanto as ONGs não mostraremos custos, ninguém vai saber.’

Talvez já se deparou com outras razões pelasquais a inclusão das pessoas com deficiência nãoestá acontecendo. Aqui nós nos concentramosem desculpas e obstáculos ao nívelorganizacional. Suposições pessoais sobre aorigem da deficiência e as capacidades daspessoas com deficiência também podem estarbloqueando a inclusão. Nossa experiência nosensinou que uma discussão aberta podeesclarecer pensar sobre deficiência.

75

←Os grandes doadorescomo a UniãoEuropeia são obrigadosa assegurar aigualdade departicipação daspessoas comdeficiência

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Todo mundo está ocupado com suas tarefasdiárias. Existem prazos de doadores, novaspropostas a serem escritas. Portanto, comoencontrar tempo para trabalhar emcompromisso? E que tipo de actividades poderiarealizar com vista a ter compromisso na suaprópria organização? E como sensibilizar asorganizações parceiras?

Com certeza precisa de ter uma abordagemdiferente, para convencer os membros doconselho e de gestão sénior, em relação a queusa no programa e na facilitação do pessoal (porexemplo, os departamentos de comunicação,gestão de recursos humanos e finanças). Em umareunião do conselho que provavelmente só iráobter uma hora do tempo disponível, enquantopoderia passar um dia inteiro com o pessoal doescritório. A qualquer pessoa quem se aproxima,a mudança de atitude é o primeiro passo naobtenção de compromisso. Pontos de vistatradicionais sobre deficiência precisam serdesafiados e uma visão baseada nos direitosprecisa ser apresentada. Como fazer isso?

Se for capaz de obter um dia do tempo dos seuscolegas, pode organizar um workshop. Viajandojuntos - como incluir pessoas com deficiência naestrada principal de desenvolvimento(http://www.worldvision.org.uk/our-work/reports-papers-and-briefings/travelling-together/) é um programa de treinamento de umdia desenvolvido pela Visão Mundial, que

certamente vai ajudar a criar um senso deurgência em sua organização, a serem sériossobre a inclusão de pessoas com deficiência.Existe um manual claro disponível com folhetose instruções para formadores. Se não tem um diainteiro, pode escolher um ou dois dos exercíciosnele mencionados. The game of Life (O Jogo daVida), um exercício interactivo de uma hora quevisualiza a discriminação de pessoas comdeficiência, é muito útil como uma actividadeindependente.

Mas também existem formas mais informais parasensibilizar os seus colegas sobre a inclusão dadeficiência, segundo activistas experientes sobreesta questão.

‘A discussão mais frutífera sobre a integração dadeficiência durante estes dias de workshop queeu tinha na linha de frente dos sanitários parasenhoras’, observa Saskia van Veen, pesquisadorano Programa de Aprendizagem Temática. ‘Euconversei com uma das participantes e derepente chegamos à essência da prática deintegração da deficiência. Este ambienteinformal tornou fácil falar livremente, semcuidado estratégico.’

‘Quando estou viajando a nossas organizaçõesparceiras no Sul do Sudão’, acrescenta BertienBos, coordenador do programa da Light for theWorld, minha agenda é muitas vezes totalmentepreenchida com reuniões oficiais. Isto significa

76

Sensibilização Todo mundo está ocupado com suas tarefas diárias. Existem prazos de doadores,

novas propostas a serem escritas. Portanto, como encontrar tempo para trabalhar

em compromisso? E que tipo de actividades poderia realizar com vista a ter

compromisso na sua própria organização? E como sensibilizar as organizações

parceiras?

→→Um ambiente

informal faz com queseja fácil de falar

livremente

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que há pouco tempo para discutir novas ideias.Ao mesmo tempo, ao visitar os projectos quepassam muito tempo na estrada. Depois dahabitual ‘conversa familiar’ eu apresentei aquestão da inclusão.

‘Eu organizei uma reunião na hora de almoçoentre colegas para sensibilizar sobre a inclusãode pessoas com deficiência,’ refere HendrienMaat, especialista sénior em educação emEdukans. ‘Não foi especialmente centrada para aquestão da comunicação e captação de recursos,mas isso se tornou um ponto, como invalidezfosse vista como uma oportunidade para ganhardinheiro. Um segundo ponto que foi levantado aeste respeito foi: ‘O que é que a sociedade ganhapor investir em pessoas com deficiência?’ '

‘Todo mundo que colabora connosco vai sersensibilizado sobre a inclusão de crianças comdeficiência na educação’ adverte Alebachew,director executivo da Rede de Educação Básica,Etiópia. ‘A inclusão dos mais pobres entre ospobres é algo que vamos trazer cada vez mais

que pudermos, e educação inclusiva paracrianças com deficiência é parte disso.’

‘Queríamos sensibilizar sobre nosso conselhoacerca da importância de uma abordagembaseada em direitos para com a deficiência’,recorda Paulien Bruijn, coordenador doprograma na Light for the World. 'Pedimos aYetnebersh Nigussie, coordenadora do programade ECDD, que ela mesma tem uma deficiênciavisual, a sediar a sessão. Ela mostrou um vídeode sensibilização e fez um exercício interactivo.A apresentação foi um grande sucesso; osmembros do conselho pareciam realmentetocados. Mais tarde, durante a noite, osmembros do conselho tiveram que decidir sobrea nossa nova política sobre a abordagem eintegração da deficiência baseada nos direitos.Os documentos foram aceites sem qualquerhesitação.’

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Dicas de sensibilizaçãoem sua organização• Primeiro concentre-se nas pessoas queestão interessadas. Elas podem ajudar aconvencer os outros.

• Forme uma equipa para sensibilizar naorganização.

• Mantenha-o simples; nada de palestrasdifíceis e chatas.

• Concentre-se na mudança de atitude etenta tocar o coração das pessoas.

• Faça reuniões agradáveis: faça umexercício interactivo, mostre um vídeo etraga um bolo de chocolate feito em casa.

• Prepare-se bem; não seja surpreendidopor comentários críticos.

• Envolva uma pessoa com uma deficiênciacomo um (co-) formador.

• Use momentos informais, também

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Desenvolvimento depolítica

Muitas vezes, as organizações não sabemquando devem começar a escrever uma políticade inclusão de pessoas com deficiência.Começamos o processo escrevendo uma políticaou vamos apenas começar com processo eescrever uma política no final? Não há uma únicaresposta correcta aqui porque as organizaçõessão muito diferentes. Em algumas organizações,documentos políticos são muito importantes;em outras organizações não são. Se, na suaorganização, nada acontece sem que se façauma política, definitivamente tem que começarpor incluir a deficiência nas políticas. Mas se asua organização estiver mais concentrada emaprender fazendo, pode ser melhor começar aexperimentar e começar a escrever uma políticaenquanto o processo está em andamento.

Certifique-se em escrever documentos depolítica antes que haja um verdadeirocompromisso da gestão. Documentos de políticanão são ferramentas para sensibilizar e obtercompromisso. Há uma grande oportunidade deque seu documento agradável acabe em umagaveta se a visão não for compartilhada eacordada de antemão. Idealmente, odesenvolvimento de políticas é um processocriativo de baixo para cima, com uma ligaçãoclara à prática. Então, se não há nenhumcompromisso pleno em sua organização, noentanto, é melhor começar a trabalhar em boaspráticas. Não espere até que haja uma políticaorganizacional. Nossa experiência é que muitasmedidas podem ser tomadas sem uma política.

Se houver comprometimento suficiente, podecomeçar a definir uma política dedesenvolvimento de deficiência inclusiva.

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Inserçao de inclusãoda deficiência nasestratégias esistemasorganizacionais Para criar uma mudança sustentável, a inclusão das pessoas com deficiência deve

ser incorporada nas políticas, sistemas e estruturas da organização. Neste capítulo

vamos explicar como.

→Não há uma maneira

correcta - issodepende daorganização

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Passo 1: elaborar uma declaraçãoabrangente sobre deficiênciaIsso começa com a definição do que significadeficiência para sua organização. Ele lhe daráuma odeia do âmbito e do sentido da política adesenvolver. É importante aqui responder àquestão de por que sua organização quer incluiras pessoas com deficiência e como é que isso seliga à estratégia central da organização. Será quea inclusão das pessoas com deficiência é meio dechegar aos grupos marginalizados? Ou será queisso se liga com a abordagem baseada nosdireitos de sua organização? Uma vez que estasquestões forem resolvidas, o Passo 2 pode serdado.

Passo 2: inclusão da deficiência naestratégia global da sua organizaçãoAqui pode seguir uma ou duas estratégias:escrever em separado uma política específicasobre a inclusão de pessoas com deficiência ouincluir a questão no documento de estratégiaglobal da sua organização. A última opção serámais sustentável, mas pode não ser semprepossível. Políticas organizacionais podem sermuito estáticas, portanto pode ter que recorrer auma política separada e esperar até a próximarevisão da política.

Tear Netherlands tornou a deficiência umaquestão transversal para a sua organização edecidiu escrever um documento de posiçãoseparada sobre integração da deficiência. Elestambém desenvolveram um conjunto de regras aserem aplicadas durante as avaliações emonitoria dos projectos.

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↑Se ainda não há plenocompromisso, começaa trabalhar em boaspráticas

Exemplo: Declaração inclusiva da Tear Netherlands

‘Tear trabalha dentro de uma rede mundial de igrejas locais e cristãosque estão comprometidos com a luta contra as causas e consequênciasda pobreza e da injustiça associada a esta, e com o trabalho narestauração de relacionamentos e de relações justas ... Inclusão depessoas com deficiência se encaixa nesta visão. Corresponde aoprincípio abrangente que Tear quer transmitir, com foco nodesenvolvimento orientado por valor, cada pessoa é preciosa, igualdadede oportunidades e direitos para todos. Inclusão de pessoas comdeficiência coincide com a atenção aos grupos marginalizados nasociedade e proveito dos pontos fortes e capacidades dessas pessoas.Muitas vezes, a pobreza, a injustiça e a deficiência reforçam-semutuamente de uma forma negativa. A maioria das pessoas comdeficiência nos países em desenvolvimento vive na pobreza e enfrentamuma situação injusta. Visando uma sociedade inclusiva para todos, Tearpretende melhorar as condições de vida deste grupo específico.’

↑Luta contra as causase consequências dapobreza e da injustiça

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Passo 3: Revisão sectorial e de outraspolíticas organizacionaisQuando a política global é formulada, é tambémaconselhável a olhar para as implicações práticasem políticas sectoriais. Portanto, se tem umapolítica sectorial de educação, descubra o queisso significa incluir crianças com deficiência. Setiver uma política de saúde e direitosreprodutivos, descreva como deseja assegurar aigualdade de acesso das pessoas com deficiência.Também é bom olhar para outras políticasorganizacionais, tais como a política de gestãode recursos humanos, comunicação e captaçãode recursos e capacitação. Para cada uma destaspolíticas, implicações concretas da inclusão depessoas com deficiência podem ser formuladas.

Etapa 4: fazer ajustes para garantir oacesso das pessoas com deficiênciaA questão-chave na política de deficiênciainclusiva é de certificar de que as pessoas comdeficiência tenham acesso aos seus projectos eorganização. Isso só pode ser alcançado se osobstáculos forem removidos e forem feitosajustes e modificações necessárias. Estes ajustespodem ser a prestação de informações em umformato acessível, tal como Braille ou softwarede computador especial, ou a construção de umarampa de acesso para tornar o seu escritórioacessível aos usuários de cadeira de rodas ealguém precisa de orçamento para estes ajustes.

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→Incluir a questão napolítica geral é mais

sustentável, masescrever um

documento de posiçãoseparada pode ser

uma solução prática

→→Faça alocações

orçamentais para acriação de acesso

→Exercite as implicaçõespráticas para políticas

sectoriais

Defina umadeclaração sobre

deficiência

Inclua o tema dedeficiência em toda a

estratégia da suaorganização

Ou adequa a estratégia

existente e inclua

a deficiência napolítica global

geral

Elabore umdocumento

independente deposicionamento

sobre a inclusão depessoas comdeficiência

Revise as políticassetoriais e outraspolíticas também

Inclua a deficiêncianos sistemas de

planificação,seguimento e

avaliação

Faça adequaçõespara as pessoas com

deficiência

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A contratação de pessoas com deficiência emnossa própria força de trabalho não énormalmente o primeiro passo que damosquando começamos a trabalhar nodesenvolvimento deficiência inclusiva. Esta éuma grande pena. Há três razões para dar estaprioridade.• Nós temos muito mais credibilidade como

uma organização de desenvolvimento sepraticamos o que pregamos. Nós todosconcordamos que as organizações que lutampor igualdade de direitos e participação dasmulheres devem olhar para a representaçãodas mulheres na força de trabalho e suaprópria gestão. O mesmo se aplica às pessoascom deficiência.

• Se sua organização é capaz de incluir comêxito as pessoas com deficiência no mercado

de trabalho, isso diz mais do que mil palavras.É uma maneira muito forte para aumentar aconsciencialização sobre a inclusão dentro e fora de sua própria organização.

• Tornar a organização acessível a pessoas comdeficiência é um bom processo deaprendizagem. Isto irá sensibilizar o pessoalpara as necessidades das pessoas comdeficiência e como lidar com essasnecessidades. Isto força a sua organização aremover as barreiras e dar as pessoas comdeficiência boas-vindas. Esta experiência vaiajudar a sua organização a fazer seusprogramas inclusivos também.

‘Um dos meus colegas usa uma cadeira de rodaseléctrica’, observa Paulien Bruijn da Light for theWorld. ‘Quando ela começou a trabalhar aqui, as

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Gestão dosrecursoshumanos paradeficiênciainclusivaPara criar uma mudança sustentável, a inclusão das pessoas com

deficiência deve ser incorporado nas políticas, sistemas e

estruturas de a organização. Neste capítulo vamos explicar como

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organizações em nossa rede não pensaram sobreacessibilidade em reuniões e conferências. Masum dia ela registou-se para uma reunião edescobriu que seria realizada no terceiro andar.Não havia elevadores, então, ela não poderiaparticipar. Isso fez com que a organização colegaficasse ciente da necessidade de organizarreuniões em locais acessíveis. Agora elesrealmente tentam certificar-se de que asreuniões são acessíveis. ‘

Como tornar as políticas e práticas de RH inclusivas

Especificamente incluir a deficiência na políticade diversidade do pessoal existente. Se gostariade definir uma cota, pode usar a percentagem

aconselhada pelo seu governo (na Holanda é de2% para empresas com mais de 100 trabalhadores;na Índia é de 3%). Mas é claro que está semprelivre para definir uma cota mais ambiciosa.

Tome acções afirmativas como a colocação deanúncios de emprego em redes de deficiência oumencionar especificamente que está convidandoas pessoas com deficiência para que secandidatem.

Remova as barreiras que o pessoal comdeficiência terá de enfrentar ao fazer seutrabalho: talvez algum orçamento extra énecessário para o transporte ou software deleitura de tela ou talvez o escritório e banheirostêm de ser acessíveis. Verifique se existemsubsídios governamentais disponíveis para tornaro trabalho acessível.

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→→Remover barreiras

→Incluir a deficiência napolítica de diversidade

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Incorporação de deficiência no seu sistema deplanificação, monitoria e avaliação (PMA)garante atenção estrutural para a questão.Também fornece informações valiosas quepodem ser usadas para melhorar a inclusão depessoas com deficiência em seus programas eexplicar aos doadores que a inclusão é relevante,eficaz e eficiente.

Os sistemas que as organizações dedesenvolvimento têm para a planificação,monitoria e avaliação são muito diversas, porisso é difícil estabelecer medidas universais sobre

como a deficiência pode ser incluída. Mas aquiestão algumas sugestões.

Inclua uma perspectiva da deficiência nosformatos existentes. Pense de linhas de base,propostas, formatos de relatórios, formatos deprojecto visita, relatórios de avaliações erelatórios anuais. Não há necessidade dedesenvolver um sistema paralelo para monitorarinclusão de pessoas com deficiência. Mesmo quea sua organização ainda não tenha começado aintegração sistemática de deficiência em seusprogramas, pode começar por incluir dados

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Inclusão dadeficiência nosistema deplanificação,monitoria eavaliaçãoPara criar uma mudança sustentável, a inclusão das pessoas com

deficiência deve ser incorporado nas políticas, sistemas e

estruturas de a organização. Neste capítulo vamos explicar como.

←←Incluir umaperspectiva dadeficiência emformatos existentes

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sobre deficiência no sistema de monitoria eavaliação. Isto lhe dará uma visão sobre o que jáestá acontecendo em seus programas. Setrabalha com organizações parceiras queimplementam programas, a inclusão de umcomponente de deficiência nos formatos é umaboa maneira de começar a conversa sobre ainclusão de pessoas com deficiência. Há umagrande chance que venha a ser inspirado pelofeedback.

As propostas de projectos ou documentos desíntese devem indicar claramente quanto oprograma é relevante para as pessoas comdeficiência e suas famílias. Elas também devemindicar as medidas que serão tomadas paragarantir que as pessoas com deficiênciabeneficiem em igual medida em relação a outrosmembros do grupo-alvo. Se estiver escrevendouma proposta para um doador que nãoespecificamente não pergunta pela inclusão depessoas com deficiência, incluir mesmo assim adimensão da deficiência. Provavelmente, podeincluir na secção ‘aproximando-se aos gruposmarginalizados’.

Muitas vezes não há necessidade de desenvolvermetas específicas ou indicadores sobre ainclusão das pessoas com deficiência: bastacomeçar por recolher dados desagregados sobredeficiência. Então, adicionar um componente dedeficiência aos indicadores existentes, assim

como faz com o género. Quando perguntarquantos homens e quantas mulheres estão sebeneficiando, também perguntar quantoshomens e mulheres com deficiência estão sebeneficiando.É importante quando desagregar os dados sobrea deficiência por género durante recolhatambém, porque as mulheres com deficiênciaenfrentam um duplo encargo. Elas são menosprováveis de participar em programas dedesenvolvimento do que os homens comdeficiência.Aconselha-se a atribuir um orçamento específicopara a remoção das barreiras nos programas. 2-7% é geralmente suficiente para cobrir essescustos.

As visitas de campo são uma excelenteoportunidade para discutir a inclusão eparticipação das pessoas com deficiência nasactividades do programa, realizações que foramfeitas e desafios enfrentados. Durante aavaliação do projecto, precisa rever aparticipação das pessoas com deficiência. Ostermos de referência devem incluir questões deavaliação sobre a participação das pessoas comdeficiência no programa, não só sobre o númerode pessoas que se beneficiam e participam (deacordo com sexo, idade e deficiência), mastambém sobre a qualidade e o impacto que oprograma tem em sua vidas. Também seconcentrar em que medidas foram tomadas paraeliminar os obstáculos no programa. Isso iráajudá-lo a melhorar o acesso de pessoas comdeficiência no futuro.

As organizações muitas vezes recolhem históriasde vida dos participantes para apresentar asrealizações do seu programa a um público maisvasto. Também, recolha histórias de vida depessoas com deficiência que participam noprograma. Apresente-as como participantesiguais do programa e actividades. Tente evitarretractá-los como miseráveis ou como heróis,pessoas que são excepcionais.

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→Não há necessidade de

metas específicas ouindicadores

→Basta colectar dados

desagregados dadeficiência

→Avaliar a qualidade

e o impacto doprograma sobre a vida

de pessoas comdeficiência

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‘Quando Shitaye, do Centro Etíope para Deficiência no Desenvolvimento, veio

a nós para fazer a avaliação de entrada, a inacessibilidade do nosso escritório

ficou muito clara,’ recorda Addis e Amado, Gestor do Programa, programa de

Água e Saneamento EKHC. ‘Ela não poderia entrar com sua cadeira de rodas,

por isso, tivemos uma reunião em nosso estacionamento. Isso realmente me

chocou. Eu me senti muito triste com isso. No momento, estamos reformando

as calçadas. No entanto, a instalação de elevadores é um grande desafio em

um antigo prédio de escritórios. Mas nós temos o compromisso do nosso

Secretário Geral, um engenheiro de estruturas de profissão, para corrigir os erros

passados na infra-estrutura.’

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Criação deacesso àsinstalações einformaçõesem sua própriaorganização

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A directriz da CBM sobre acessibilidade, dá dicassobre como melhorar em áreas fracas. Mas umamaneira muito mais fácil de fazer suaorganização acessível é perguntar às pessoascom diferentes tipos de deficiência para fazeruma auditoria de acessibilidade: visitar seusescritórios, instalações e serviços e utilizar um

formulário de auditoria de acessibilidadeexistente para identificar quais alterações sãonecessárias dentro de sua organização para queesta se torne mais inclusiva de todos.

Tópico

Acessibilidade física de salasde reuniões, sanitários, locaisde trabalho.

Acessibilidade dos eventosorganizados pela suaorganização: conferências,eventos de formação,concertos, passeiospatrocinados e mais.

Acessibilidade ao website eoutras fontes de informaçãoda organização para pessoascom deficiência visual.

Acessibilidade para pessoascom deficiência auditiva.

Objectivo

O escritório inteiro, incluindotodos os locais de trabalho,salas de reuniões e sanitáriossão acessíveis a pessoas comdeficiência.

Todos os eventos organizadospela organização sãoacessíveis a pessoas comdeficiência.Comunique-se que os eventossão acessíveis e pergunte aosparticipantes se eles têmnecessidades especiais.

Site é totalmente acessível eboletins/brochuras estãodisponíveis em formatosacessíveis.

Interpretação em línguagestual está sempredisponível como uma opção.

Recursos

Directrizes sobre aacessibilidade do website CBM:http://www.cbm.org/article/downloads/54741/CBM_Accessibility_Manual.pdf.Peça uma pessoa usando umacadeira de rodas para fazer umaverificação das instalações.

Veja acima

Faça uma verificação-provaBobby de seu site: Bobby é umserviço público gratuito parafazer a internet mais acessívelpara pessoas com deficiência:http://www.cast.org/learningtools/Bobby/ index.html Pergunte à sua associaçãolocal de cegos onde obterserviços de impressão emBraille.

Colabore com a suaassociação local para surdos.

Observações

Certifique-se de que, pelomenos, as salas de reuniões esanitários são acessíveis. Setiver uma equipa comdeficiência, (a maior parte) nolocal de trabalho deve seracessível.

Se um dos seus eventos nãopode ser acessível, comuniqueclaramente quão acessível é(ou não).Convide os participantes arevelarem as suasnecessidades especiais etentar encontrar soluçõespara este caso.

Quanto à informaçãoacessível: para as pessoas comdeficiência visual usandocomputadores, uma versãodigital no Word é muitasvezes suficiente. PDFs sãomais difíceis de navegar parasoftware de fala. Informartambém que pode fornecercaracteres em Braille sobdemanda.

Informar que está disposto afornecer a linguagem de sinaisse as pessoas pedirem.

Verificar a acessibilidade da sua organização

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Monica Vedia Vargas, 12 anos, com sua mãe.

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[4]

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Tem sido uma grande aventura trabalhar sobre este assunto com mais de 30

organizações de desenvolvimento em três continentes. Nossa jornada para a

inclusão das pessoas com deficiência tem sido inspiradora. Nesses três anos

recolhemos uma vasta gama de experiências, lições aprendidas e ferramentas.

Nós tentamos trazer todas estas experiências juntas neste guião. Neste último

capítulo, vamos tentar resumir as mais importantes lições que aprendemos a

partir desta jornada. Esta não é uma tarefa fácil. Há tantas coisas que temos

visto cada pessoa e organização desenhando suas próprias lições.

Observaçõesfinais: liçõesaprendidas

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Tudo começa com amudança de atitudeTudo começa com a mudança de atitude: esta é aprimeira lição importante. As pessoas comdeficiência só podem ser bem-vindas e incluídosem nossos projectos e organizações, se nósrealmente acreditamos em suas capacidades. Eununca vou esquecer a história pessoal de Kumar,um jovem do sul da Índia:

‘A vida era boa para mim, até quando fui batido porum carro quando eu estava na décima classe. Elesme levaram às pressas para o hospital, mas osmédicos não puderam fazer muito para mim. Volteipara casa um paraplégico. Eu estava deitado nacama por anos, dia e noite, sem qualquer esperança,sem qualquer tratamento. Meus pais estavamdesesperados, mas realmente tentaram tomar contade mim. Eu fiquei tão frustrado que eu queria mematar. Mas isso não é fácil quando não pode moverseus braços e pernas. Alguém me deu uma Bíblia.Depois de ler ela eu já não queria morrer mais. Logodepois eu conheci alguém de um grupo de auto-ajuda. As pessoas do grupo vieram à minha casapara me ajudar com exercícios. Após dois anos eu eracapaz de me sentar em uma cadeira de rodas. Euaprendi como me vestir e lavar-me e também comoescrever novamente. Quando cheguei a essa fase, eutambém queria encontrar um emprego. Minhafamília riu-se de mim, mas eu insisti. Eu comecei umacabine telefónica. Os clientes discavam seus própriosnúmeros e levavam o seu troco enquanto eucontrolava. O negócio correu bem e eu compreialguns computadores para começar um centro detreinamento em computador. Agora, eu empregoquatro funcionários. O bom é que eu não tenho queperguntar aos meus pais por dinheiro; agora elesvêm a mim!’

Quando lhe perguntei o que as organizações dedesenvolvimento poderiam fazer para as pessoascom deficiência, Kumar disse: ‘Não é suficientedar uma cadeira de rodas ou uma muleta. Aspessoas com deficiência precisam deautoconfiança; elas devem perceber que elaspodem fazer por si próprias. Não queremos vossacompaixão, diga-nos: ‘pode fazer isso!’

Sem piedade, apenas uma chance igual e umpouco de incentivo. Isso é o que odesenvolvimento inclusivo se refere. Formação desensibilização para a equipa e a gerência éessencial para alcançar esta mudança de atitude.Nossa experiência é que a maneira mais eficazpara criar consciência é envolver pessoas comdeficiência como formadores.

Resultados rápidos sãopossíveis, mas um longosuspiro é necessárioUma vez que o pessoal do programa está cientedas capacidades, necessidades e direitos daspessoas com deficiência, muitas vezes não édifícil para eles abrirem seus projectos parapessoas com deficiência. Orçamento não é umgrande problema. A inclusão não custa muito sea incorporar em estruturas e actividadesexistentes.

Por exemplo, o programa WASH na Etiópia: apósa formação de sensibilização, a equipa começoua formar grupos comunitários sobre os direitosdos deficientes. Como resultado disso, algumaspessoas com deficiência foram incluídas noscomités de água, e uma pessoa com umadeficiência foi apontado como um zelador deponto de água. Esta foi uma actividade que nãoenvolveu quaisquer custos adicionais, porque ospesquisadores de campo iam para a formação dequalquer maneira.

Também as escolas podem de formarelativamente fácil identificar e matricularcrianças com deficiência, sem custo muito extra.No entanto, é importante perceber que ainclusão é um processo. Existem diferentesníveis. Ela começa com presença. O segundonível é a participação. A última etapa é arealização. Não devemos ficar satisfeitos comapenas a presença, mas nos esforçarmos para aparticipação e realização.

Ao longo da estrada, descobrimos que a inclusãodas pessoas com deficiência só pode seralcançada se os prestadores de serviços

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específicos de deficiência, o governo, asorganizações de pessoas com deficiência e asorganizações de integração trabalharem emestreita colaboração. Depois do programaWASH na Etiópia, aumentou a sensibilização nacomunidade, as pessoas com deficiênciacomeçaram a pedir cadeiras de rodas etratamento médico. Elas decidiram associar-se aprestadores de serviços de deficiência paraencaminharem pessoas com deficiência paraaquisição de dispositivos de assistência etratamento médico. Organizações de integraçãonão precisam se tornar prestadores de serviçosespecíficos de pessoas com deficiência; eles sóprecisam abrir seus programas para pessoas comdeficiência e devem encaminhá-los para asintervenções específicas sobre a deficiência, seestas forem necessárias.

A mudançaorganizacional levatempo

Outra lição importante do Programa deAprendizagem Temático é que leva tempo paraque as organizações estejam dispostas e capazesde se comprometerem totalmente com ainclusão de pessoas com deficiência. A gestãoprecisa de sentir a urgência para acabar com aexclusão. Além disso, é necessário compromissode programa e pessoal de apoio. Pode havermuita resistência por isso é essencial gastarmuito tempo na sensibilização dos funcionários eda gerência. Neste Programa de AprendizagemTemática, optamos por treinar pessoas focaispara estimular e supervisionar o processo demudança dentro de suas organizações.

Começando com projectos-pilotos funciona bempara muitas organizações. Ele não requer

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quaisquer ajustes nas políticas e sistemas e nãoprecisa do pleno empenho da sua direcção ougestão. Além disso, ele é um grande campo deaprendizagem para a organização. Muitoscomeçam com projectos-pilotos e, em seguida,usam a sua experiência para fixar o tema dentrode suas estruturas organizacionais. A melhormaneira de convencer a gerência sénior sobre ainclusão de pessoas com deficiência é umprojecto de sucesso onde as pessoas comdeficiência estão incluídas.

Nossa conclusão é que as organizações podemincluir com êxito as pessoas com deficiência emseus projectos, sem ter qualquer tipo de política.Mas se elas realmente querem uma mudançasustentável, a deficiência, eventualmente,precisa de ser incorporada em sistemas, políticase estruturas. As organizações são muitas vezesrelutantes em incluir pessoas com deficiência,porque elas vêm isso como um problemaadicional a ser tratado. Relacionando-a com amissão central da organização é uma boamaneira de lidar com isso.

Boa companhia torna a jornada mais fácilO caminho para a inclusão de pessoas comdeficiência no desenvolvimento de integração é relativamente novo. Por isso, foi uma grandeexperiência viajar juntos. O Programa deAprendizagem Temática realmente foi umaoportunidade única de compartilhar e aprenderjuntos e motivar uns aos outros para perseverar.

O financiamento para a plataforma deaprendizagem chegou ao fim, mas nós temosuma base forte para continuar a nossacooperação e rede. Nós percebemos que ajornada apenas começou e que há muito maisaventuras pela frente. Se estiver interessado emfazer parte da nossa rede, entre em contactocom Paulien Bruijn da Light for the World naHolanda: [email protected]. Maisinformações e recursos estão disponíveis em:www.lightfortheworld.nl/en/what-we-do/training-and-services

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Notas finaisPágina 161. Dfid (2002)

Página 182. http://www.making-prsp-inclusive.org/en/6-disability

/61what-is disability/61/-the four-models.html

Página 263. S. Miles, Fortaleciendo el tema de discapacidad y el Trabajo

de Desarrollo, BOND Documento de Discusión, Febrero de1999

Página 674. htpp://www.nindtools.com/page/article/newPPM_82.htm

Página 735. S. Miles, Fortaleciendo el tema de discapacidad y el Trabajo

de Desarrollo, BOND Documento de Discusión, Febrero de1999

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O aprendizado continuo Por favor consulte o nosso site para as últimas informações sobre o nosso

novo programa de formação e de aprendizagem. Você também pode se

inscrever para o nosso boletim de notícias, navegar através de nossos

recursos para integração da deficiência, ou baixar a versão em Inglês,

francês ou versão Word do guião Conte comigo.

Website: www.lightfortheworld.nl/en/what-we-do/training-and-services

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Ficha TécnicaConte comigoInclusão de pessoas com deficiência nos projectos dedesenvolvimentoUm guia prático para organizações do Norte e do SulPor Paulien Bruijn, Huib Cornielje, Niala Maharaj, Barbara Regeer,Saskia van Veen e Roelie Wolting

Publicado pela confedera da LIGHT FOR THE WORLDCaixa postal 672, 3900 AR Veenendaal, Holanda

29 de Novembro, 2012

Número ISBN 978-90-819970-0-3

Disign: WAT ontwerpers, UtrechtFotografia: Ulrich Eigner, Anja Ligtenberg, Shumon Ahmed, LIGHT FOR THE WORLD Netherlands & Austria, CCBRT eSightsavers International. Impressão: Zalsman printers, Zwolle

Cópias deste livro estão disponíveis gratuitamente. Dentro da Holanda, por favor escreva para:[email protected]

Ou baixe uma cópia em: http://tlpinclusion.lightfortheworld.nl/

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"As pessoas com deficiência são muitas vezes entre os mais pobres nospaíses em desenvolvimento. Ainda elas são geralmente excluídas dosprojectos de desenvolvimento. Isso não é por causa da má vontade.As organizações de desenvolvimento simplesmente não sabem comoincluí-las. Este guia oferece sugestões baseadas na experiência deorganizações que participaram num programa de aprendizagem de dois anos. Este guia apresenta dicas úteis sobre como implementarprogramas e projetos inclusivos, como preparar sua equipa paratrabalhar com pessoas com deficiência e como adaptar seus processose sistemas organizacionais ".

As seguintes organizações têm contribuído para esta publicação:

Contecomigo