indÚstria e desenvolvimento: a indústria de calçados...
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INDÚSTRIA E DESENVOLVIMENTO: a indústria de calçados diante das mudanças na economia.
Hélio Braga Filho1 – Uni-FACEF
Márcio Benevides Lessa2 – Uni-FACEF Jonatan Pousa3 – Uni-FACEF
INTRODUÇÃO
O objetivo do artigo é examinar as mudanças que ocorreram na
economia e no interior da indústria de transformação brasileira e, como essas
mudanças afetaram o gênero de fabricação de calçados instalado no município
de Franca - SP.
Essas mudanças foram analisadas a partir de três momentos
históricos distintos, visto que apreciam a situação do Brasil e da América Latina
na fase do desenvolvimento para fora, depois aborda-se a etapa caracterizada
pelo desenvolvimento para dentro do Brasil mediante o seu processo de
industrialização substitutiva de importações (ISI), juntamente com as
modificações que ocorreram na economia e no interior de sua estrutura
industrial. Em seguida, registram-se as alterações que se processaram na
economia e na indústria, decorrentes de uma nova inflexão da produção
brasileira, gestada pela abertura comercial impulsada pela globalização.
A dependência do Brasil e da América Latina na etapa do
desenvolvimento baseado no modelo agrário-exportador, evidenciava a falta de
comando, a fragilidade e a insustentabilidade desse modelo, pois, quem de fato
exercia o comando era a demanda advinda do centro de sistema econômico
mundial.
Ademais, a conformação da economia mundial engendrada pela
Revolução Industrial resultara de uma divisão internacional do trabalho (DIT),
na qual, o sistema econômico mundial fora constituído por duas estruturas bem
distintas: a do centro, da qual pertenciam as economias industrializadas e
tecnicamente mais avançadas e, a da periferia, composta por economias
especializadas na exportação de produtos primários para os países de centro.
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Diante disto, o subdesenvolvimento e a estagnação da periferia,
notadamente as economias latino-americanas, resultaria, entre outros motivos,
de um intercambio comercial desfavorável com os países do centro. Assim, o
inevitável rompimento com o modelo agrário-exportador de dependência
clássica resultou da adoção de uma estratégia de desenvolvimento para dentro
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que fora impulsada pela industrialização.
No entanto, essa nova etapa do desenvolvimento comandado
pela indústria requeria a superação de vários problemas de ordem estrutural,
entre os quais, destacamos a reduzida amplitude do mercado de consumo
proveniente de uma distribuição da renda e da propriedade marcada pela
concentração. Mesmo assim, com todas as dificuldades e limitações que
poderiam inviabilizar a implantação, bem como o desenvolvimento do setor de
transformação, importantes mudanças de viés estrutural deram novo impulso
ao desenvolvimento econômico e social do Brasil. Basta observar que a partir
da década de 1950, a agricultura começara a sofrer progressiva redução de
participação na composição do PIB e na ocupação dá força de trabalho, assim
como também diminuía a população residente na área rural.
Com o progressivo avanço da indústria, tanto sua participação na
formação do PIB e na ocupação da força de trabalho aumentara, como com o
esvaziamento do campo intenso processo de urbanização se iniciava.
Do lado da demanda externa, a cadente redução das importações
de bens de consumo de 36,9% entre 1901-1907 para 7,4% em 1961 -
apontavam para o fato de que a economia brasileira conseguira obter exito no
sentido de produzir bens que outrora importava. Por sua vez, à medida que as
indústrias tradicionais experimentavam contínua redução em termos de
participação no produto industrial, aquelas denominadas por indústrias
modernas/dinâmicas denotavam nítido movimento de expansão.
Entretanto, enquanto ocorria apreciável mudança na estrutura
interna da indústria, na direção contrária registravasse contínuo aumento das
importações de bens de capital, matérias-primas e bens intermediários. Após
uma década de estagnação proveniente da instabilidade protagonizada pela
inflação persistente e galopante, a economia brasileira, após sucessivos e mal-
sucedidos planos de estabilização econômica, conseguiria finalmente estancar
e levar a inflação níveis bem reduzidos. Assim, a década de 1990 inaugurava
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uma nova etapa para a economia brasileira marcada pela transição da inflação
com anêmica exposição à concorrência internacional, para a era da
estabilidade duradoura com apreciável abertura comercial.
Na fase mais densa do desenvolvimento para dentro ganharam
significado na economia e, portanto, no processo de desenvolvimento
econômico-social do país, a indústria, juntamente com a crescente participação
e presença do Estado. Todavia, a partir dos anos 1990, a globalização
assoviada ao ideário neoliberal, promovera a redução do tamanho e da
participação estatal na economia, além do que, uma nova inflexão da produção
no país marcaria progressivo declínio da indústria de transformação na geração
de empregos e na composição do PIB.
Diante deste movimento de construção - desconstrução -
reconfiguração procuramos examinar o que aconteceu com o gênero de
fabricação de calçados no Brasil, para em seguida, verificar diante deste
turbilhão de mudanças como tais ocorrências afetaram a atividade de
fabricação de calçados instalada no município de Franca-SP.
A metodologia adotada, baseou-se na combinação da pesquisa
bibliográfica complementada pela pesquisa de natureza quantitativa calcada no
emprego de dados estatísticos de fontes secundárias nacionais e
internacionais.
Na primeira parte, abordamos alguns dos problemas pertinentes
ao subdesenvolvimento latino-americano nos moldes do modelo agrário-
exportador e, qual foi a estratégia adotada para sua superação. Examinamos
também, as modificações que se sucederam na estrutura da economia e da
indústria de transformação brasileira, onde procuramos demonstrar como que
as indústrias tradicionais - predominantes na fase inicial do processo de
industrialização - foram, gradativamente perdendo espaço no interior da
estrutura industrial para os segmentos mais modernos ou, dinâmicos.
Em seguida, na seção 1.1., a partir de uma seleto conjunto de
dados estatísticos, abordamos a situação mais recente da indústria brasileira
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com ênfase no segmento de fabricação de calçados. Entre outros fatores,
admitimos que em alguma medida, mudança no coeficiente de elasticidade-
renda da demanda por produtos industriais, tenha exercido alguma influência
sobre o gênero de fabricação de calçados no país, sem contar que dos anos
1990 em diante, câmbio, juros e tributos impactaram e, ainda continuam
impactando sobre a indústria nacional debilitando a sua própria
competitividade.
Finalmente, a seção 1.2. foi dedicada a avaliar, como este
intrincado rol de mudanças foi profundo e danoso, ao ponto de exigir, enquanto
reação passiva, que a indústria calçadista - base da atividade industrial -
sediada no município paulista de Franca, colocasse em movimento intenso
processo de reestruturação produtiva que culminou com uma nova
reconfiguração do setor.
1-Fundamentos teóricos
Com o advento da I Revolução Industrial protagonizada pela
Inglaterra no século XVIII, uma nova configuração do capitalismo mundial em
termos de funcionamento e hierarquia ia progressivamente se definindo. No
quadro da divisão internacional do trabalho e, em decorrência da difusão
desigual do progresso, poder-se-ia vislumbrar uma conformação do sistema
econômico mundial matizada por dois grupos distintos de estruturas.
[...] de um lado, o centro, que compreende o conjunto das economias industrializadas, estruturas produtivas diversificadas e tecnicamente homogêneas; de outro, a periferia, integrada por economias exportadoras de produtos primários, alimentos e matérias-primas, aos países centrais, estruturas produtivas altamente especializadas e duais. (CARDOSO DE MELO, 1994, p.14)
Ademais, as economias do centro configuravam acentuadas
diferenças estruturais com as economias da periferia.
Analisando e comparando a estrutura econômica e social dos
países subdesenvolvidos Kuznets (1983) constatara acentuadas diferenças
destes em relação aos países desenvolvidos. Nos primeiros, apreciável
proporção da população residia na área rural, assim como porcentagem
elevada do produto e da população economicamente ativa estavam
concentradas nas atividades primárias em detrimento de reduzida participação
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da indústria na composição do produto interno da economia como na ocupação
da força de trabalho. Com um produto per capita mais baixo, o consumo nos
países subdesenvolvidos ajustava-se a baixa renda, pois, além de reduzido
destinava-se apenas e em proporção mais elevada a satisfação das
necessidades básicas.
Já nos países desenvolvidos, Kuznets (1983) constatara uma
situação completamente diferente, posto que, parcela reduzida da população
residia no campo e proporção da população economicamente ativa bem menor
estava ocupada nas atividades primárias. A participação do setor primário
(agricultura, pecuária, pesca,aquicultura, etc.) no produto total destas
economias era reduzida, enquanto a contribuição da industria de transformação
na ocupação da força de trabalho e na formação do produto da economia, era
bem maior. Além do mais, a expressiva participação da industria nestas
economias proporcionava uma divisão técnica do trabalho mais sofisticada, que
por sua vez, resultava de um produtividade maior, salários mais elevados, uma
renda per capita mais alta e, uma estrutura de demanda mais ampla e
diversificada. Tanto que, em 1970, um pequeno conjunto de países formado
pela Austrália, Canadá, Europa, Japão e EUA, juntos representavam 82,57%
do total da riqueza produzida no mundo, somente a Europa e os Estados
Unidos da América produziam o equivalente a 72,24% do produto mundial.
(United Nations Statistics Division). Comparando os países subdesenvolvidos
com os desenvolvidos, verificamos que nos primeiros
[...] o produto per capita mais baixo é acompanhado por taxas de mortalidade mais elevadas [...] A população ajusta-se à baixa renda e ao produto, destinando uma proporção maior de seus gastos às necessidades fundamentais, como por exemplo, alimentos, deixando um proporção menor dos baixíssimos gastos per capita para outros bens [...] (KUZNETS,1983,p.254)
Nestas condições uma porcentagem maior da renda é destinada
ao consumo de bens essenciais, enquanto reduzida proporção da mesma,
sendo despendida no consumo de outras categorias de bens - semiduráveis e
duráveis - , limita e/ou dificulta a implantação de outras e diversificadas classes
de atividades econômicas, inclusive da própria indústria. Mesmo porque, para
certos gêneros da indústria, o que torna viável (econômica e financeira) sua
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implantação é a otimização das suas respectivas plantas industriais, a qual,
por sua vez, depende do tamanho do mercado.
Uma evidência empírica sobre a influência do tamanho do
mercado em relação à otimização da capacidade produtiva instalada é
encontrada no estudo de Bain (1965) mencionado por Singer (1988). De
acordo com os dados observados verificava-se que em países como o Brasil,
Formosa, Índia, Colômbia, México e Filipinas, a produção de automóveis
situava-se bem abaixo do nível de otimização da planta industrial.
[...] a indústria automobilística é virtualmente inviável nos países pequenos e médios e nos grandes teria alguma viabilidade (pelo menos no Brasil e no México) se toda a produção fosse concentrada num único estabelecimento o que não é, porém, o caso. (SINGER, 1988, p.74).
Por sua vez, o tamanho de um mercado condiciona-se ao
tamanho da sua população e da sua respectiva renda, pois, a priori é
admissível supor que à medida que a população cresça e, sua renda aumente
uma quantidade maior e mais diversificada de produtos, será, então
consumida. Todavia, deve-se levar em conta que o efeito renda não será igual
para todos os bens em decorrência dos coeficientes de elasticidade-renda
serem diferentes.
Um milhão de consumidores distribuem seus gastos de 1.000 dólares por uma variedade muito maior de bens e serviços do que 10 milhões tendo somente 100 dólares para cada um. Embora a demanda total seja igual a um bilhão de dólares em cada caso, a demanda por bens com baixa elasticidade-renda, tais como alimentos, roupas, móveis é muito maior se a população é maior; a demanda por bens com alta elasticidade-renda será provavelmente maior se os consumidores dispuserem de rendimentos mais elevados. (SINGER, 1988, P.74)
Na América Latina e, por conseguinte no Brasil, a condição de
subdesenvolvimento de ambos, em larga medida, resultara da predominância
da atividade primária enquanto núcleo do modelo de dependência clássica do
tipo agrário-exportador. Basta verificar que como introdução ao Estudio
econômico de La América Latina escrito em 1949, Prebisch diagnosticava o
atraso do continente latino-americano como sendo resultado da perversa
relação centro-periferia, que no quadro da divisão internacional do trabalho
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[...] cabia à America Latina, como parte da periferia do sistema econômico mundial, o papel específico de produzir alimentos e matérias-primas para os grandes centros industriais. (PREBISCH,2000, p.71).
O problema do subdesenvolvimento latino-americano - senão na
sua quase totalidade, mas, pelo menos em boa medida - decorria de relações
desfavoráveis dos termos de intercâmbio comercial com o centro do sistema
econômico mundial.
[...], apesar do maior progresso técnico na indústria do que na produção primária, a relação de preços piorou para esta última, em vez de melhorar, dir-se-ia que a renda média por trabalhador aumentou mais intensamente nos centros industrializados do que nos países produtores da periferia. (PREBISCH, 2000,p.86)
Além disto, acrescenta-se ao problema da deterioração dos
termos de troca, o fato de que as economias da periferia do sistema econômico
mundial submetiam-se a influencia cíclica da economia.
Os preços primários sobem com mais rapidez do que os finais na fase ascendente, mas também descem mais do que estes na fase descendente, de tal forma que os preços finais vão-se distanciando progressivamente dos primários através dos ciclos. (PREBISCH, 2000, p.86).
Diante deste quadro, convém ainda assinalar que em decorrência
de eventos externos, tais como as guerras e a instabilidade provocada pelas
crises econômicas, o desenvolvimento latino-americano estaria nos moldes do
modelo de dependência clássica seriamente comprometido, razão, pela qual, a
estratégia seria, senão a da industrialização.
[...] o desenvolvimento econômico dos países periféricos é uma etapa a mais no fenômeno da propagação universal das novas formas da técnica produtiva [...] Antes da Primeira Guerra Mundial, já haviam ocorrido, nos países de produção primária, algumas manifestações incipientes dessa nova etapa. Mas foi preciso que sobreviessem, com o primeiro conflito bélico universal, graves dificuldades de importação, [...] e, em seguida, foi preciso que a grande depressão dos anos 1930 corroborasse a convicção de que era necessário aproveitar essas possibilidades, [...], corroboração esta que foi ratificada durante a Segunda Guerra Mundial, quando a industria da América Latina, com todas as suas improvisações e dificuldades, [...]. (CEPAL, 2000, P.140)*
Deste modo, o esgotamento do modelo agrário-exportador de
desenvolvimento para fora, cedera espaço para uma nova etapa de
desenvolvimento para dentro protagonizado pela industrialização substitutiva
de importações (ISI).
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Todavia, independente de certas restrições da industrialização por
substituição de importações, outra ordem de problemas criava dificuldades ao
processo de industrialização, decorrente, sobretudo, do longo período de
tempo no qual as economias latino-americanas permaneceram calcadas na
divisão internacional do trabalho como exportadoras de produtos primárias.
Entre outros, destaca-se o reduzido tamanho de seus mercados
domésticos de consumo devido a má distribuição da renda entre seus
habitantes.
Tabela 1: Participação das diferentes camadas da população no consumo total por rubricas de consumo, mais ou menos em 1970 na América Latina
Rubricas de consumo Camadas da população
20% mais pobres
50% mais pobres
10% mais ricos
Alimentos, tabaco e bebidas
5 23 29
outros alimentos 5 25 28 Roupas 2 13 44 Calçados 3 16 46 habitação (a) 2 29 44 Transporte 1 5 64 cuidados pessoais (b) 2 15 41 recreação e diversão (c) - 3 75
bens de consumo duráveis
1 6 61
automóveis* - 1 85 casas e aptos* 2 9 54 Mobiliário 2 5 74
apar.elétricos e mecânicos
1 5 50
3 15 43 FONTE: Apud (Anibal Pinto, 2000,p.630), adaptada pelos autores
a) habitação: inclui alugueis, artigos têxteis para o lar, gás, combustíveis, eletricidade, água e móveis e utensílios domésticos. b) cuidados pessoais: inclui produtos de toucador, drogas e medicamentos, serviços médicos, cabeleireiros e similares. c) recreação e diversão: inclui férias e turismo, jornais e revistas, mensalidades de clubes, agremiações e similares. * refere-se aos gastos com aquisições (compra)
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Comparando os 50% mais pobres com os 10% mais ricos, a
exceção das rubricas de consumo com alimentos, tabaco e bebidas e outros
alimentos, as demais rubricas denotam a elevada participação da classe mais
rica no consumo total. Verifica-se também que as camadas da população
pertencentes aos 20% e 50% mais pobres destinavam de suas respectivas
rendas, percentuais elevados aos gastos com alimentos, tabaco e bebidas,
outros alimentos e habitação, abaixo destes os gastos com calçados, roupas e
cuidados pessoais e, tímidas eram as demais rubricas de consumo.
A partir dessas informações questionasse de onde parte a
elasticidade-renda, em quais grupos se origina a demanda e qual a sua
dimensão para as diferentes categorias de bens.
Em outras palavras, as taxas de crescimento dispares dos grupos industriais assinalam aproximadamente as inclinações do sistema ou estilo, no que concerne ao que produzir.Cabe agora indagarmos sobre os destinatários desse esforço, que são, ao mesmo tempo, seus mandantes econômicos, isto é, cabe verificarmos " para quem" o sistema produz (preferencial ou exclusivamente). [...] Tomando como pontos de referência as participações da camada que compões a metade mais pobre da população e dos 10% de renda mais alta, ressalta de imediato que a participação do primeiro grupo é invariavelmente mais baixa que a do segundo, exceto no que tange ao consumo de cereais, e que ela vai diminuindo quando se trata de bens mais caros e serviços mais qualificados e dispensados (PINTO, 2000, p.629).
A partir destas constatações, entre outros fatores, é admissível
entender porque na fase inicial de industrialização a estrutura industrial
brasileira estivera tão fortemente concentrada nas indústrias leves ou
tradicionais, mesmo porque, têxtil; vestuário;calçados e artefatos de tecidos;
produtos alimentares;bebidas e fumo, juntos somavam 69,2% do valor
adicionado da atividade industrial em 1920 (BAER, 1998).
Assim, se no início do desenvolvimento para dentro, o setor de
transformação fora liberado pela indústria tradicional*, já a partir do final da
década de 1950, constata-se ampliação da participação dos gêneros:
metalurgia; mecânica; material elétrico e de comunicações; material de
transporte; produtos químicos; farmacêuticos e plásticos, enquanto, em sentido
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oposto, as indústrias têxteis; de vestuário e calçados; produtos alimentares;
madeira; bebidas e fumo, experimentaram redução em suas respectivas
participações no total do valor adicionado industrial.
Tabela 2: Estrutura da produção industrial, segundo participação relativa de gêneros selecionados no valor da produção industrial - 1939-1959-1980
Gêneros de Indústria Participação no Valor da Produção
Industrial (em %) 1939 1959 1980
Metalúrgica 6,29 10,53 13,73 Mecânica 1,06 2,85 7,59
Mater.Elétrico e de Comunicações
0,91 3,98 5,19
Mater.Transporte 2,95 6,79 7,84 Química 5,79 8,96 19,27 Têxtil 23,04 12,54 6,42
Vestuário, Calçados, Artef.de Tecidos
4,65 3,41 3,85
Produtos Alimentares 31,37 24,15 13,88
Bebidas 2,60 2,37 1,05
Total* 78,66 75,58 78,82 Fonte: IBGE, elaboração dos autores
* Os percentuais foram calculados sobre o valor da produção das industrias de transformação (não foram considerados os valores das indústrias extrativas).
Entre os gêneros selecionados da indústria, percebe-se que
praticamente, tanto em 1939, como em 1980, juntos ainda representavam
quase 80% do valor da produção industrial.
No entanto, constata-se apreciável mudança na distribuição dos
percentuais de participação no valor da produção industrial, tanto que,
metalúrgica; mecânica; material elétrico e comunicações; material de transporte
e química; que em 1939 detinham o equivalente a 17%, já em 1980, passaram
a representar 53,6% do valor da produção industrial. Inversamente, os gêneros
têxtil, vestuários e calçados; artefatos de tecidos; produtos alimentares e
bebida, tiveram, respectivamente suas participações reduzidas de 61,6% para
25,2%.
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Convém assinalar que entre as décadas de 1940 e 1980, a
estrutura do PIB brasileiro também sofrera apreciável alteração, pois, a
participação da agricultura encolhera de 30% para 12%, a dos serviços passara
de 49,4% para 53,0%, enquanto a participação do setor de transformação
aumentou de 20,6% para 35,0%. (BAER, 1998). Analogamente, é incontestável
a mudança de peso relativo dos diferentes gêneros na própria estrutura interna
da indústria de transformação, que, entre outras razões, deve ter sido em boa
medida, dinamizada por alterações na composição da demanda devido ao
aumento da renda per capita.
A transformação estrutural de uma economia em fase de desenvolvimento constitui ainda um conjunto de mudanças na composição setorial da demanda, comércio exterior e produção que tem lugar simultaneamente com o aumento da renda per capita. Essa interdependência opera nas duas direções: o crescimento da renda altera a composição da demanda e da produção e o aumento das taxas de investimento, crescimento da produção e a realocação da mão de obra levam ao aumento da renda per capita. (BONELLI & GONÇALVES, 1998, p.11)
Esta assertiva pode ser melhor comprovada quando se compara a
estrutura da produção industrial brasileira em 1920, com a de 1990. Os
gêneros da industria denominada "tradicional" como madeira; couros e peles;
têxtil; alimentos e bebidas e fumo, tiveram por conta dessa mesma
interdependência, recuo de 76,68% para 27,34%, enquanto metalurgia;
química; mecânica; material elétrico e material de transporte aumentaram sua
participação no valor da produção industrial, respectivamente, de 6,47% para
51,86%, sendo estes pertencentes aos grupos classificados como indústrias
dinâmicas A e B. (BONELLI & GONÇALVES, 1998). Entretanto, a instabilidade
da economia mundial provocada por dois choques sucessivos do petróleo e
pela crise financeira na década de 1970, colocaria em curso pelas economias
mais avançadas do capitalismo central intenso processo de reestruturação e de
modernização industrial, lançando desta forma as bases de uma novo
paradigma industrial. O novo padrão de produção industrial conformara uma
estrutura, na qual os setores mais dinâmicos da atividade de transformação
baseavam-se no emprego intensivo de tecnologia, incorporavam no circuito da
produção volume considerável e crescente de gastos destinados às atividades
de pesquisa e desenvolvimento (P&D).
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Novos produtos passaram a ser elaborados a partir da bem-
sucedida articulação da eletrônica com a tecnologia da informação (TI), como
também, a microeletrônica embrenhando-se no complexo mecânico aumentou
de modo substancial a participação destes segmentos no valor da produção
industrial. (CARDOSO DE MELO, 1992). No comércio internacional o fluxo de
mercadorias de maior intensidade tecnológica também aumentava, além do
que, ao mesmo tempo, a demanda do setor externo (exportações e
importações) ampliava-se substancialmente, contribuindo sobretudo para o
crescimento das economias.
No plano microeconômico, o emprego de novas tecnologias
aplicadas ao processo de fabricação (CAD, CAM, CGMS), de ferramentas
gerenciais mais arrojadas (Kanban, JIT, TQC), somados aos modelos de
gestão e de estratégias empresariais mais requintadas, dotaram empresas e
setores da indústria de robustas vantagens competitivas. Ademais, novas
formas de organização da indústria, tais como os industrial district, clusters,
APL's, polos tecnológicos, etc, reforçavam as bases da competitividade e
proporcionavam novo impulso a diferentes segmentos industriais. (BRAGA
FILHO; LESSA, 2010).
Como se não fosse suficiente, a abertura comercial mais intensa
da economia brasileira no segundo quadriênio da década de 1990, coetânea da
fase mais aguda do ajuste pró-estabilização da economia, colocara em curso -
enquanto reação a este mesmo processo - veemente reestruturação produtiva
mobilizada por setores e empresas da industria.
Consequência bastante adversas se abateram, no decorrer dos anos 1990, sobre a empresa nacional. Várias cadeias produtivas foram desmanteladas, parcial ou integralmente, enquanto inúmeros segmentos e empresas surgidos e desenvolvidos ao longo das décadas sob o manto protetor do Estado tiveram poucas ou nulas chances de resistir à competição internacional, [...]. Novos segmentos, produtos e processos surgiram em todos os setores da atividade econômica, e o terciário não foi exceção àquele fenômeno. (IGLECIAS, 2010, p.295-296).
De fato, na década de 1980, a conjuntura econômica que se
instalou no país, em razão da crise de endividamento externo e fiscal do
Estado, alimentada pela inflação galopante e persistente, sem contar com a
imperiosa necessidade de produzir saldo comercial superavitário e do excesso
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de proteção industrial protagonizado pelo governo federal, deixou a indústria
nacional com sérios problemas de deficiência competitiva, além dos enormes
gargalos ou, estrangulamentos decorrentes da precária situação em que se
encontrava a infraestrutura econômica do país.
Assim, no curso do processo de reestruturação produtiva
colocado em curso nos anos 1990, empresas foram vendidas ao capital
externo, ou até foram liquidadas, enquanto outras, na busca da redução de
custos aproveitando-se dos atrativos patrocinados pela guerra fiscal
deflagraram considerável movimento de relocalização industrial.
Todavia, não bastasse esse turbilhão de ocorrências, para que a
partir dos anos 1990 uma nova inflexão da produção ocorresse na economia
brasileira, em alguma medida provocada por alterações nos níveis de
elasticidade-renda da demanda, entre outras razões.
[...], na formulação pioneira de Clark (1957), países de renda muito baixa contam com maior participação relativa dos setores primários no PIB, mas, à medida que alcançam níveis médios de renda per capita, essa participação majoritária é transferida para o setor industrial. Quando alcançam finalmente níveis elevados (e sustentáveis) de renda per capita, a perda de participação do setor industrial no produto agregado e, principalmente no emprego total é transferida para o setor de serviços. (NASSIF, 2006, p.9).
Assim, no Brasil esta nova inflexão da produção resultante da
redução da participação da indústria de transformação de 33% (1980), para
apenas 18% (2008) no produto agregado - segundo dados da United Nations
Statistic Division/Unstad -, colide com o fenômeno assinalado de modernização
recente no mundo e no Brasil, denominado de " terceirização" da economia. (
AZZONI, 2005)
1.1 Situação da indústria de calçados no Brasil
Uma vez assinaladas as mudanças mais gerais da economia e da
indústria brasileira, detemo-nos em seguida a examinar, especificamente o
gênero de fabricação de calçados, segundo indicadores econômicos mais
recentes.
Embora o Brasil, notadamente o segmento de fabricação de
calçados esteja entre os principais países produtores, uma ordem variada de
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questões - tanto de natureza macroeconômica, como de viés microeconômico -
tem dificultado o desempenho da indústria nacional em geral, sobretudo o
gênero de fabricação de calçados.
Basta, para tanto, observar o desempenho das exportações
brasileiras nos últimos anos, segundo os principais grupos de produtos.
Tabela 3: Exportações brasileiras por grupos de produtos em
porcentagem do total das exportações 1993 e 2013
Grupos de Produtos Participação no total das exportações (%)
1993 2012
Básicos 23,69 46,77
Semi-Manufaturados 14,67 13,62
Manufaturados 61,10 37,39 Fonte: MDIC, elaboração dos autores.
Convém antes observar que decorridas quatro décadas, a
participação relativa das exportações de mercadorias do continente sul-
americano em porcentagem das exportações mundiais, praticamente não se
alterou - de 3,67% em 1970 ficou em 3,65% em 2011 -, conquanto as
economias desenvolvidas da Ásia de 8,40% (1970) aumentaram para 33,4%
sua participação em relação às exportações mundiais (UNCTAD).
No Brasil, os produtos básicos (incluindo as commodities
agrícolas e minerais) puxados pela elevação dos preços internacionais e pela
demanda, aumentaram sua participação no total de mercadorias exportadas
pelo país, enquanto os semi-manufaturados sofreram tênue redução, o grupo
de produtos manufaturados experimentou abrupta contração.
Além do mais, de acordo com as estatísticas da WTO (World
Trade Organization) as exportações (em milhões de US$ dólar a preços
correntes) de produtos manufaturados teriam somado em 2011 o equivalente a
US$ 11,5 (trilhões), sendo que deste valor somente a China exportou US$ 1,7
(trilhão), ou seja, 15,4%, enquanto o Brasil computou US$ 84,1 (bilhões), isto é,
apenas 0,73%.
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Em se tratando do gênero de fabricação de calçados, convém
observar que em 1980 a produção elaborada pela indústria brasileira atingira a
casa dos 465,2 milhões de pares (COUTINHO, 1993), o que representaria em
relação à produção mundial o equivalente a 20,5%. Além do que, juntos, China,
Taiwan, Coréia, Indonésia e Tailândia no mesmo ano, teriam produzido, tão
somente 871,2 milhões de pares, ou ainda 39,2% da produção mundial.
(BRAGA FILHO, 2000). Daí em diante, apesar da produção brasileira ter
aumentado de 465,2 milhões de pares (1980) para 806,1 (2005), a participação
da indústria brasileira de calçados em relação aos principais países produtores
sofrera suave redução.
Tabela 4: Principais países produtores de calçados (em pares) e
participação relativa (em %) - 2005 e 2007
Países Produtos de calçados (em
milhares de pares) Participação Relativa (%)
2005 2007 2005 2007 China 9.000,0 10.209,0 76,3 77,3 Índia 909,0 980,0 7,7 7,4 Brasil 806,1 796,3 6,8 6,0 Vietnã 525,0 665,2 4,5 5,0 Indonésia 552,0 565,0 4,7 4,3 Total 11.792,1 13.215,5 100,0 100,0
Fonte: Abicalçados, elaboração dos autores
É oportuno ressaltar que este conjunto seleto de países
representavam juntos mais de 80% da produção mundial de calçados e, que
somente China, Índia, Vietnã e Indonésia participavam com mais de 76% da
produção mundial. Assim, em menos de três décadas a participação da
indústria brasileira de calçados na produção mundial, reduziu-se de 20,5% em
1980, para apenas 6,0% em 2007. Além disto, de 1990 em diante, o segmento
calçadista nacional experimentara em razão da abertura comercial, sobretudo
os efeitos provocados pela apreciação cambial (R$/US$), abrupta redução do
volume de calçados exportados para o tradicional mercado norte-americano.
Basta verificar que em quase duas décadas, o valor das exportações
brasileiras para esse mercado, de US$ 837,3 (milhões US$/FOB) em 1990,
somaram US$ 351,2 milhões em 2009, já em volume físico, a quantidade de
pares recuou de 100,4 (1990) para 28,0 milhões de pares em 2009. Por sua
345
vez, em 1990, do volume total de calçados exportados pelo Brasil, 70,3%
destinavam -se ao mercado norte americano, contudo em 2009, apenas 22,2%
das exportações foram destinadas a esse mercado, sem contar que em volume
físico o total das exportações brasileiras de calçados em 1990,
comparativamente ao ano de 2009, recuou de 142,9 para 126,5 milhões de
pares.
Em síntese, o que se verifica é que de 1990 em diante, a indústria
brasileira vem experimentando progressiva redução da sua participação no
PIB, enquanto do mesmo modo, a participação dos produtos manufaturados no
total das exportações do país sofreu substancial contração. A reboque destas
alterações, a indústria brasileira de calçados também vem sofrendo e
acumulando perdas. Além disto, outros fatores tem contribuído para a perda de
dinamismo do segmento de fabricação de calçados.
Gráfico 1: Brasil, exportações e importações de calçados segundo índice
de quantum (média 2006=100) - 1995-2008
Fonte: Ipeadata, elaboração dos autores
A progressiva e acentuada expansão das importações de
calçados a partir de 2004, exercera impacto de sinal negativo na indústria
calçadista visto que, a exceção da considerável fase de volatilidade cambial
resultante da transição de governo - fim do mandato de FHC e inicio do
governo Lula - a apreciação cambial, daí em diante, comprimiu sobremaneira o
50
60
70
80
90
100
110
120
130
140
150
160
95 96 97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 07 08
Exportações Importações
346
volume físico das suas respectivas exportações.Além disso, o mercado
doméstico de consumo não tem esboçado reação favorável, ao ponto de suprir
a perda resultante da redução das exportações de calçados, mesmo porque, o
coeficiente de elasticidade - renda da produção industrial de calçados,
calculado a partir das variações percentuais do valor adicionado bruto em
relação às variações do PIB per capita, teria reduzido de 3,79(2001) para
1,51(2009).
De acordo com os dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares
(P.O.F./IBGE) a participação relativa dos gastos das famílias com a rubrica
calçados pouco se alterou, pois o total em porcentagem de todas as classes de
rendimento apurado em 1996 somara 1,27%, enquanto a pesquisa 2008-09
registrou 1,3%, entretanto, comparando os percentuais de gastos desta última
com a primeira, constata-se que para todas as classes de rendimento ocorrera
diminuição.
Outra evidencia de desempenho do gênero de fabricação de
calçados no país, está relacionada aos índices anuais da produção física.
Gráfico 2: Índices anuais da produção física da indústria do vestuário,
calçados e artefatos de tecidos - ano diversos.
Fonte: IBGE, Elaboração dos autores
*para os anos de 2005, 2010 e 2012, o índice anual foi calculado a partir da média aritmética
dos índices de janeiro, julho e dezembro.
Embora os índices de produção física englobe os segmentos do
150,38145,55
115,23
93,09
82,5783,99
68,99
55,35
0
25
50
75
100
125
150
1980 1985 1990 1995 2000 2005* 2010* 2012*
347
vestuário e de fabricação de artefatos de tecidos, constata-se que o
desempenho destes incluindo o de fabricação de calçados, esboça um
comportamento bem diferenciado antes e depois da abertura comercial dos
anos 1990, apesar do movimento indicar progressivo declínio. De 1995 em
diante, taxa de câmbio, o peso dos tributos indiretos, redução da participação
da produção nacional de calçados em relação à produção mundial, diminuição
do peso do mercado norte-americano para as exportações brasileiras de
calçados, seguido de ampliação das importações deste mesmo produto pelo
país, entre outros fatores, foram decisivos e continuam a comprometer o
desempenho deste tradicional ramo da indústria nacional.
Desta forma, admitimos que as mudanças estruturais, mais
acentuadas que ocorreram na economia brasileira, acrescidas das
modificações que se materializaram na estrutura interna da indústria do país,
potencializadas pelas alterações impostas por conta das diferentes conjunturas
econômicas internas e externas, em boa medida, explicam o que aconteceu
com a indústria calçadista instalada no país.
1.2 A indústria de calçados de Franca
Muito embora o município de Franca tenha perdido o status de
economia predominantemente industrial, para a classificação, baseada na
tipologia do seu respectivo PIB (Fundação SEADE) de economia multissetorial,
o setor das indústrias de transformação, ainda representa um peso significativo
para a economia local. Assim, ao calcularmos o coeficiente de reestruturação*
nos anos de 2003 e 2012 - quase que uma década - apuramos que no período
não ocorreu mudança tão significativa na estrutura de empregos do município.
No entanto, convém salientar que ao longo dos nove anos considerados, a
participação dos setores de comércio e de serviços no total de empregos,
saltou de 40,4% em 2003, para 50,9% em 2012, conquanto, inversamente, a
indústria recuou de 46,5% para 37,8% respectivamente.
348
Tabela 5 : Distribuição percentual dos empregos entre setores de
atividade econômica no município de Franca - 2003 e 2012
Classes de Atividade Econômica Distribuição do Estoque de
Empregos** (em%) 1993 2012
Agropecuária 2,09 1,38 Extrat.Mineral 0,03 0,01 Indústrial 46,59 37,88 Constr.Civil 3,73 3,94 Serv.Util.Pública 2,09 1,33 Comércio 17,00 25,23 Serviços 23,47 25,68 Adm.Pública 5,00 4,55 Total 100,00 100,00
Fonte: MTE, elaboração dos autores *O coeficiente de reestruturação relaciona a estrutura de emprego na região j entre dois períodos, a fim de avaliar o grau de mudança na especialização desta região.Quando o coeficiente for igual a 0, não teria havido modificações na composição setorial da região. Se, por outro lado, o coeficiente for igual a 1, terá ocorrido uma reestruturação profunda na composição setorial da região. (HADDAD, 1989,p.241). **refere-se ao estoque recuperado de empregos formais em 31/12 Obs: ao invés de calcularmos o coeficiente de reestruturação da região, calculamos o coeficiente do município.
De acordo com os percentuais obtidos, calculamos o coeficiente
de Reestruturação (CR) para o município de Franca.
∑ t1 t0
CRi = i (|iej - iej|)
2
CRi = 0,10650
O que se depreende é que no período examinado o coeficiente de
reestruturação bem próximo de zero, evidencia que não houve modificação tão
significativa na estrutura de empregos do município de Franca. Do mesmo
modo, não fora computada alguma alteração na estrutura interna da indústria
de transformação local, haja visto, que o gênero de fabricação de calçados,
ainda detém mais de 70% do valor adicionado total produzido pela indústria.
Todavia, a atividade de fabricação de calçados instalada no
município, cresceu, aproveitou-se do efeito de encadeamento produzido pelo
setor e diversificou-se no sentido da complementariedade, atingiu o seu ápice,
349
contudo vem também enfrentando uma conjuntura adversa, para não qualificar
de perversa, ao ponto de sofrer a partir de 1990, abrupta reconfiguração.
De acordo com as características mais gerais descritas por
diferentes escolas e correntes da Teoria Econômica compartimentadas no
núcleo da Economia Industrial, podemos admitir que empresas calçadistas de
Franca - considerando as suas especificidades - evoluíram da empresa
clássica para o formato de Empresa Verticalmente Integrada. Muito embora
em bem poucas empresas a integração vertical tenha se estendido a reduzidos
estágios da cadeia produtiva, podemos destacar que o Grupo Samello fora
pioneiro ao adotar no passado este mesmo desenho organizacional. Do
mesmo modo, porém em menor escala podemos citar também as empresas
HB e Sândalo. No limite, possibilitaram que um formato mais arrojado de
organização industrial pudesse emergir no município. Ocorre que, à medida
que novas fábricas surgiram, outras, já existentes ampliavam suas próprias
instalações, expandindo, por sua vez, a capacidade instalada da indústria e,
ainda criavam demanda intermediária suficiente para que novas
empresas/indústrias aproveitando-se do efeito de encadeamento se
instalassem no município. Assim, embora não se possa afirmar que a indústria
calçadista francana configure um arranjo organizacional tão satisfatório quanto
as empresas/setores do capitalismo avançado, convém ressaltar que a sua
evolução contribuiu decisivamente para a conformação de uma cadeia
produtiva. (BRAGA FILHO, LESSA, PUPIM, 2009).
A década de 1980 inaugurou o período de transição política do
país com o fim da ditadura militar e a retomada da redemocratização, no
entanto, do ponto de vista econômico penalizou severamente a indústria de
modo geral em decorrência da instabilidade macroeconômica agravada pela
inflação crônica e persistente que entre os outros efeitos perversos,
inviabilizou a modernização e a atualização tecnológica do parque fabril
nacional.
Diante disto, tecnologicamente atrasada e com significativas
deficiências competitiva, a indústria brasileira passaria e enfrentar em meados
da década de 1990 uma conjuntura bastante diferenciada daquela que ficou
350
conhecida como "década perdida". Ocorre que, além da economia do país
transitar do circuito inflacionário para a era da estabilidade (monetária e dos
preços), os expedientes de política econômica adotados pelo governo federal,
principalmente, entre 1995 a 1998 - sobrevalorização do câmbio, taxas internas
de juros elevadas e redução sintomática das alíquotas de importação - ,
induziram as empresas industriais, de modo geral, a promoverem profundo
ajuste de viés microeconômico.
No âmbito da indústria de transformação, o subsetor de
fabricação de calçados foi duramente penalizado em razão do "forte viés
antiprodução e pró-importação, traduzido pelo significativo aumento do
coeficiente de penetração das importações sobre a produção que em 1993
oscilaria entre 0,7 e 3% passou em 1996 a variar entre 4% e 8%". (COUTINHO,
1997). Assim, a abertura comercial inaugurada pelo governo Collor,
posteriormente aprofundada concomitantemente à estabilização da economia
pelo governo FHC, induziram os produtores de calçado de Franca a promover
radical ajuste estrutural em suas respectivas empresas, contribuindo
sobremaneira,entre outra ordem de motivos, para que mudanças sem dúvida
significativas ocorressem no formato da indústria. A transição da economia
brasileira da conjuntura da instabilidade e inflação com proteção industrial para
a da estabilidade com abertura comercial e econômica, foi senão decisiva e
sintomática para as empresas calçadistas sediadas no município de Franca.
Por este motivo, admitimos que até por volta de 1990, muito provavelmente, a
indústria calçadista francana passara de uma estrutura um tanto
similar/próxima da oligopolizada para uma configuração mais acentuada de
concorrência monopolística.
351
Quadro 1: Esquema simplificado das características dos mercados
Atributos do Mercado
Estrutura de Mercado
Concorrência
Monopólica Oligopólio
Nº de compradores e
vendedores Muito alto
Poucos
Fornecedores
Grau de diferenciação do
produto Muito baixo Normalmente Alto
Barreiras à entrada e a saída
do mercado Inexistentes Altas
Fonte: Apud (NELLIS & PARKER, 2003). Adaptada pelos autores.
Uma descrição mais detalhada a respeito das estruturas de
mercado permite-nos diferenciar melhor as indústrias competitivas daquelas
que conformam as indústrias oligopolistas.
As industrias competitivas apresentam as seguintes características: 1. existem barreiras à entrada de pequenos produtores; 2. os produtores com custos mais elevados (as formas marginais) são firmas pequenas e apresentam uma taxa de lucro nula ou apenas ligeiramente superior a zero; 3. as firmas marginais respondem por uma parcela não - negligenciável da produção total da indústria[...]. As indústrias oligopolistas caracterizam-se por: 1. Existência de significativas barreiras à entrada; 2. existência de siginificativos diferencias de custos, refletindo economias de escala; 3. o fato de que os produtores com custos mais elevados ( as firmas marginais) têm taxa de lucro significativamente maiores que zero[...]. (GUIMARAES,1987,p.34-35).
Examinando a quantidade de estabelecimentos segundo o porte
da planta industrial da indústria de calçados de Franca em 1985, é cabível
admitir, devido a existência de onze plantas industriais de grande porte que
essas empresas: a) desenvolviam de forma bem rudimentar atividades de P&D;
b) exerciam certa influência no mercado nacional, devido o lançamento de
novos produtos/coleções; c) por serem empresas multiproduto, alcançavam
escala de produção em algumas de suas linha de produtos , sobretudo nas
exportações, que otimizavam a planta industrial em que operavam, embora em
outras linhas de produtos as quantidades produzidas eram reduzidas; e d)
adotavam as estratégias mais agressivas de marketing. Diante disso,
352
presumindo que tais características sejam verdadeiras, podemos supor que a
indústria calçadista de Franca no passado, deve ter-se constituído de
empresas que operavam na indústria competitiva, como também, por aquelas
que competiam no oligopólio diferenciado. (BRAGA FILHO, LESSA, PUPIM,
2009).
Entretanto, a partir de 1990 em diante, a economia como a
indústria, notadamente o ramo da manufatura de fabricação de calçados do
município de Franca experimentariam consideráveis mudanças. Analogamente
ao que ocorreu na economia brasileira - tanto na composição setorial do PIB
como a redução da participação da indústria - na economia de Franca, a
participação da indústria no produto da economia local, reduziu-se
abruptamente de 54,9% em 1970, para 22,5% em 2007 , razão pela qual, o
status de município mudou para economia multissetorial segundo a
classificação/tipologia conferida pela Fundação SEADE. Na direção oposta, a
participação dos serviços ampliou-se de 40,3% para 76,4% respectivamente .
Por sua vez, a reestruturação do segmento de fabricação de calçados resultou
da liquidação de considerável número de empresas - inclusive daquelas mais
tradicionais e de grande porte - da relocalização de alguns plantas industriais e
de um intenso processo de terceirização , que foram, por sua vez, suficientes
para produzir uma nova reconfiguração da indústria, a qual, por conseguinte,
passou a constituir-se predominantemente de empresas de micro e pequeno
porte.
353
Tabela 6: Franca, indústria de calçados segundo a quantidade de
estabelecimentos e estoque de vínculos ativos por classes de
estabelecimentos - 1985 e 2009.
Classes de estabelecimentos por faixas de vínculos ativos
Indústria de Calçados Quantidade de
estabelecimentos Estoque de Vínculos
Ativos 1985 2009 1985 2009
de 04 a 19 vínculos 148 1.189 1.106 5.391de 20 a 99 vínculos 85 177 3.837 6.808de 100 a 499 vínculos 46 33 11.905 5.250de 500 a 999 vínculos 09 01 6.454 505de 1000 ou + vínculos 02 0 2.702 00
Total 290 1.400 26.004 17.954Fonte: RAIS/MTE, Elaboração dos autores.
Na comparação 2009/1985 da quantidade de estabelecimentos
segundo o porte e o estoque de vínculos ativos formais, constata-se: a) em
porcentagem,a classe de estabelecimentos de micro e pequeno porte
aumentou de 80,3% para 97,6%; b) que os estabelecimentos industriais de
médio porte escolheram de 15,9% para apenas 2,3%; c) que as classes de
grande porte reduziram-se de 3,8% para menos de 1%; d) acentuada
desconcentração do estoque de vínculos ativos nos estabelecimentos de
grande porte, que de 35,2% passaram a representar apenas 2,8%; e)
expressiva ampliação do estoque de vínculos ativos nos estabelecimentos de
micro e pequeno porte, visto que de 19,0% passaram a somar 67,9% ; e f)
considerável redução da participação dos estabelecimentos de médio porte no
total do estoque de vínculos ativos que de 45,8% aproximadamente, chegaram
a representar 29,2%.
Vale ainda observar de uma forma mais geral, que o tamanho
médio dos estabelecimentos sofrera também considerável diminuição, haja
vista que, de 89,6 passaram em média para 12,8 pessoas empregadas por
estabelecimento. Desta forma,devido à inexistência de barreiras à entrada de
pequenos produtores acrescida da imoderada expansão de firmas de menor
porte cabe-nos supor se a ausência de escala de produção representa custos
mais elevados e taxas de lucro ligeiramente superiores a zero para estas
354
firmas; e se as mesmas teriam regredido à forma clássica, pois na sua grande
maioria "são empresas familiares ou sociedades de natureza jurídica simples,
não separando a responsabilidade do patrimônio familiar dos compromissos
assumidos pelas empresas" (DANTAS, KERTSNETSKY e PROCHNIK, 2002).
Outra questão que deve ser considerada e, que de alguma forma
pode ter contribuído para o desaparecimento das plantas industriais de grande
portem relaciona-se ao ambiente macroeconômico dos anos 1980,
comparativamente ao dos anos 1990.
Até o final da década de 1980 é bem provável que a configuração
da atividade de fabricação de calçados em Franca, tenha sido, em alguma
medida, influenciada pelas possibilidade de obtenção de escala de produção
advindas: a) das políticas adotadas pelo governo federal( subsídios, incentivos
fiscais e de proteção industrial); b) da pífia concorrência externa e interna; c)
dos programas de exportação caracterizados pelos elevados volumes físicos e
por uma maior padronização; d) pelo ciclo de vida mais prolongado dos
produtos destinados ao mercado interno; e e) de uma demanda mais alta. A
partir da década de 1990 este quadro modificou-se acentuadamente. A politíca
de proteção industrial cedera espaço para o câmbio apreciado e por uma
significativa redução das alíquotas de importação.
Gráfico 2: Franca, exportações de calçados segundo índice de quantum
(1994=100)- anos selecionados.
Fonte: SINDIFRANCA, Elaboração dos autores.
Enfim, as importações brasileiras de calçados saltaram de 1999
para 2009 em volume físico de 7,0 milhões para 30,3 milhões de pares e, em
0
20
40
60
80
100
120
84 88 92 96 00 04 08 11
355
valores de US$/FOB de US$ 50,0 para US$296,4 milhões. As importações de
calçados provenientes da China aumentaram no mesmo período de 3.779.196
para 22.587.692 pares e, em valores de US$ 16,3 para US$183,5 milhões de
dólares. Em trajetória descendente, as exportações de calçados de Franca
reduziram-se pronunciadamente em volume físico, de 15.593.203 em 1993
para pífios 3.105.735 pares em 2009.
Assim, a progressiva e crescente ampliação da produção e
penetração nos mercados do continente asiático, a apreciação do real e, o
ainda reduzido consumo doméstico per capita, foram - e ainda continuam
sendo - decisivos para o segmento de fabricação de calçados no Brasil. Já no
município de Franca, um dos principais polos produtores de calçados do país,
além destes problemas que afetam sobremaneira o desempenho do setor,
acrescenta-se ainda, o fato da industrial local, ser constituída,
predominantemente por micros e pequenas empresas e, por uma base
exportadora relativamente pequena.
CONCLUSÃO
Entre as décadas de 1970 e 1990 importantes movimentos
ocorreram na economia mundial, nucleados pelo capitalismo avançado do
centro. Inaugurava-se um novo povo de acumulação de capital com a
globalização econômica e financeira e, um novo padrão de produção industrial
gestado pela Terceira Revolução Industrial.
Incorporando no circuito do capital os gastos provenientes das
atividades de pesquisa e desenvolvimento(P&D), novos materiais, produtos e
processos passaram a ser empregados, produzidos e oferecidos em escala
global pelas empresas/economias.
A ampliação do mercado global decorrente do aumento da
população mundial e da renda per capita, provocara inaudita ampliação do
consumo. Por sua vez, o comércio internacional experimentara notável
expansão em termos de fluxo de mercadorias transacionadas pelas economias,
como também, a sua estrutura sofrera, substancial mudança, pois, produtos de
maior conteúdo tecnológico passaram a circular progressivamente através
356
desta via.
Mudanças nos níveis de renda per capita acompanhadas de
alterações nos níveis de elasticidade-renda da demanda provocaram
simultaneamente modificações na estrutura da demanda e, por conseguinte, na
estrutura da própria indústria.
Além disto, o novo padrão de acumulação de capital e de
produção industrial engendrou duplo efeito sobre empresas/setores da
atividade econômica, uma vez que, a dinâmica e acirrada concorrência nos e
pelos mercados forçaria as empresas a adotarem estratégicas mais arrojadas e
as indústrias a buscarem novas formas de organização.
Até o final da década de 1980, a indústria calçadista de Franca
fora de certa forma, bem menos exposta à concorrência externa e, sua
configuração detonava expressiva presença de empresas de grande porte.
Com a abertura comercial iniciada na década de 1990, somada a
expedientes não favoráveis de política macroeconômicas,a exposição desta
mesma indústria à concorrência internacional impulsou um radical processo de
reestruturação produtiva. O resultado deste culminou com a extinção das
empresas mais tradicionais e de grande porte, esboçando, por conseguinte, um
novo formato, no qual, é predominante a participação/presença de empresas
de micro e pequeno porte.
Assim, a ausência de barreiras à entrada, a falta de escala de
produção, a predominância de empresas genuinamente familiares de capital
limitado, a progressiva redução do volume físico das exportações, mais o
problema da sucessão nas empresas, entre outras questões, podem estar
atuando em duas direções, ou seja, selar o destino final deste ramo da
manufatura industrial no sentido do declínio progressivo ou, abrir novas janelas
de possibilidades que dariam novo impulso à industria calçadista local.
357
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