info nº18

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Janeiro - Março 2009 Eficiência Energética

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info

Como o leitor já reparou, a direcção da info passou a ser daresponsabilidade da colega Maria Teresa Ponce de Leão, vice--presidente do Conselho Directivo da Região Norte, alteração operadana sequência do pedido de dispensa do anterior director, o colegaLuís Ramos.Ao Luís Ramos se deve a significativa evolução editorial da info que,sem perder de vista a obrigação de noticiar as principais iniciativas daOrdem dos Engenheiros na Região Norte, soube focalizar-se naapresentação de exemplos de sucesso em todas as áreas daEngenharia. Foram cinco longos anos, durante os quais o Luís Ramosdirigiu com mestria e muito esforço este projecto, por isso é comprazer que expresso ao Luís Ramos o nosso agradecimento pelotrabalho desenvolvido. Destaco em particular os dois últimos anos,altura em que, já não sendo dirigente, aceitou manter-se em funções,prestando graciosamente o seu contributo.Regozijando-nos com o passado, afirmamos também a certeza de umfuturo promissor, agora sob a coordenação da Teresa Ponce de Leãoque, pese embora a intensa actividade profissional que todos lheconhecemos, acolheu com entusiasmo este desafio.Numa casa caracterizada pela variedade de áreas profissionais comoé a nossa, olhamos hoje para uma temática transversal: a Energia.Sobre os engenheiros, cuja intervenção se estende desde ainvestigação até à gestão e manutenção, passando pela concepção eimplementação ou construção de soluções e instalações, recaemparticulares responsabilidades neste domínio. Consciente disso, aOrdem dos Engenheiros – Região Norte contribui com este númeroda info para o debate necessário, na senda aliás de outras acções queconsubstanciam o seu compromisso com um futuro maissustentável, de que se destacam a adesão e participação na Agênciade Energia do Porto e a participação no grupo de trabalho “Eficiênciae Autonomia Energética das Cidades” do Douro Alliance1, ou aindano significativo e voluntário investimento na eficiência energética danossa renovada sede regional.Esperando que este número da info seja do agrado do leitor, terminoaugurando o maior sucesso à nova directora da info.

1 Projecto intermunicipal dos Municípios de Vila Real, Régua e Lamego

Gerardo Saraiva de MenezesPresidente do ConselhoDirectivo da Região Norte

índice

8Destaque

Vida Associativa 2824

Engenharia no Mundo

30Lazer

Propriedade: Ordem dos Engenheiros – Região Norte.Director: Maria Teresa Ponce de Leão ([email protected]).Conselho Editorial: Gerardo Saraiva de Menezes, Maria Teresa Ponce de Leão,Fernando de Almeida Santos, Carlos Pedro Castro Fernandes Alves, AntónioMachado e Moura, Joaquim Ferreira Guedes, Paulo Edgar Rodrigues RibeirinhoSoares, Carlos Brito, Luís Guimarães Almeida, Carlos Neves, Francisco AntunesMalcata, Pedro Jorge da Silva Guimarães, Vítor Manuel Lopes Correia, CarlosVaz Ribeiro, Fernando Junqueira Martins, Luís Martins Marinheiro, Luís Pizarro,Luís Machado Macedo, António Rodrigues da Cruz, Amílcar Lousada.Redacção: Susana Branco (edição), Paula Cardoso Almeida.Paginação: Daniel Dias.Imagens: Arquivo QuidNovi, Rui Pinheiro (GIM/IPP), FEUP, Getty Images.Grafismo, Pré-impressão e Impressão: QuidNovi. Praceta D. Nuno Álvares Pereira, 20, 4.º DQ – 4450-218 Matosinhos. Tel.229 388 155.www.quidnovi.pt. [email protected]ção trimestral: Jan/Fev/Mar – n.º 18/2009. Preço: 2,00 euros. Tiragem: 12 500 exemplares. ICS: 113324. Depósito legal: 29 299/89.Sede: Rua de Rodrigues Sampaio, 123 – 4000-425 Porto. Tel. 222 071 300. Fax. 222 002 876. http://norte.ordemdosengenheiros.ptDelegação de Braga: Largo de S. Paulo, 13 – 4700-042 Braga. Tel. 253 269 080. Fax. 253 269 114.Delegação de Bragança: Av. Sá Carneiro, 155/1.º/Fracção AL. Edifício Celas – 5300-252 Bragança. Tel. 273 333 808.Delegação de Viana do Castelo: Av. Luís de Camões, 28/1.º/sala 1 – 4900-473 Viana do Castelo. Tel. 258 823 522.Delegação de Vila Real: Av. 1.º de Maio, 74/1.º dir. – 5000-651 Vila Real. Tel. 259 378 473.

4 8

editorial

Ficha Técnica

Perfil Jovem

29

32Disciplina

30

34Agenda

Notícias

4

Page 3: INFO nº18

infoPágina 4 NOTÍCIAS

Norte do país debatido pelo FORNOP

O Salão Nobre da secção regional Norteda Ordem dos Médicos foi palco demais um debate promovido pelo FórumRegional Norte das Ordens Profissionais(FORNOP), que se realizou no passadodia 15 de Janeiro. Em representação das12 ordens profissionais, num universode 50 mil profissionais, o FORNOPconvidou Rui Boavista Marques, vice--presidente da AICEP - Agência para oInvestimento e Comércio Externo dePortugal, Carlos Lage, presidente daCCDRN - Comissão de Coordenação eDesenvolvimento Regional do Norte,Manuel de Castro Almeida, vice--presidente da Junta Metropolitana doPorto, e Rui Moreira, presidente daAssociação Comercial do Porto, paraliderarem a mesa do debate. “Do Nortepreterido ao Norte de eleição - fazer dacrise uma oportunidade” foi a temáticaescolhida, assunto moderado pelojornalista Carlos Magno, que nodiscurso introdutório afirmou: “Gostomuito da palavra liberal que tem umpapel importante nestes momentos decrise. Não sei o que é o Norte, ondeacaba e onde começa. Sei que tem umagrande identidade regional. Será o Norteuma invenção do Sul ou vice-versa?”,lançou o repto.

Acabar com as desigualdades entre oNorte e o Sul, relançar o Norte e dar--lhe uma identidade e autonomiapróprias foram os pontos comuns efulcrais entre todos os palestrantes, queapontaram a política como a via maiseficaz para alcançar aqueles objectivos.Unanimidade que se baseou muito nadiscussão da recorrente regionalização. Face à crise, Carlos Lage optou peloparalelismo entre a arte de governar ea arte da medicina, pois “ambasdevem procurar a terapêutica eadministrá-la conforme a evolução da‘doença’. É preciso saber dosear, comsensatez”, afirmou. Apesar dasestatísticas negativas sobre o Norte, opresidente da CCDRN lembrou que foia partir do Porto que se deu umagrande revolução cultural eeconómica, em 1920. “O Porto é um órgão do corpo destepaís, mas com vida e identidadepróprias”, sublinhou. E foi mais longe:“Chegou o momento de darautonomia e autoridade ao Norte. Estaregião precisa de ter um estatutopolítico próprio, não pode continuar, anível nacional, a ter uma atitude desubalternidade e não há Norte políticosem haver eleições”, referiu. Dez anosdepois do referendo sobre aregionalização, Carlos Lage deixouclaro que esta é a altura para se voltarao assunto e que “o Governo não deve

deixar cair esta causa, pois o Norte temdireito a uma democracia regional”.Já Rui Moreira, apesar de defenderigualmente uma maior autonomia daregião Norte e lamentando a falta deempreendedorismo no Norte do país,considerou a regionalização “um temaesotérico”, justificando que a mesma sóirá surgir quando acabarem os fundosestruturais: “Espero votar não, pois vãoquerer abandonar-nos”, assumiu.Em alternativa, o presidente daAssociação Comercial do Porto apontoua reforma da lei eleitoral – no queconcerne à eleição pelos círculoseleitorais dos deputados para aAssembleia da República – por forma aque cada um dos cidadãos possaescolher o seu representante. “É urgente criar um fundamentopolítico de acordo com aqueles que sãoos nossos interesses regionais”, referiu.Rui Boavista Marques sublinhou que em2007 a maior fatia (43%) dos apoios doQREN foi atribuída para exportação noNorte e apresentou, em simultâneo,alguns números da AICEP, sendo que20% dos 10 mil milhões de euros doinvestimento estrangeiro em Portugalforam aplicados na região Norte. O vice-presidente da AICEP sustentouainda o incremento dainternacionalização portuguesa em trêspilares: a diversificação do padrão deexportações, o alargamento da baseexportadora e os projectos PIN (Projectode Interesse Nacional) – cinco emexecução e seis em acompanhamento. O final do debate ficou marcado pelasinúmeras intervenções da plateia lotadaface aos diversos pontos de vistaexpostos pelos oradores convidados, oque reforçou, em jeito de conclusão, aspalavras de encerramento de CarlosMagno: “A política volta a reunir oshomens em tempo de crise e urgevoltar a encontrar soluções sem medoda divergência”.

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Página 5info NOTÍCIAS

Conselho directivo do LNEG entra em exercício

O conselho directivo do LaboratórioNacional de Energia e Geologia(LNEG) tomou posse no passado dia27 de Fevereiro. O laboratório é presidido pelaprofessora doutora Teresa Ponce deLeão e tem como vogais o doutorHélder Gonçalves e o professor doutorMachado Leite, respectivamenteresponsáveis por duas componentesfundamentais dotadas de autonomiatécnica: o Laboratório de Energia(LNE) e o Laboratório de Geologia eMinas (LGM).O LNEG tem como missãoimpulsionar e realizar acções deinvestigação, de demonstração etransferência de conhecimento, deassistência técnica e tecnológica e deapoio laboratorial dirigidas àsempresas. O LNEG mantém as competências doINETI nas áreas científicas de Energiae Geologia e integrará ainda asparticipações sociais nas áreas da suacompetência.

Encontro sobresoftware livre na AdministraçãoPública

Decorreu no passado dia 28 de Janeiro,no Centro de Congressos doLaboratório Nacional de EngenhariaCivil (LNEC), o encontro sobreSoftware Livre de InformaçãoGeográfica para a AdministraçãoPública: Casos de Estudo deInformação Geográfica, Engenharia eGestão.A iniciativa deste encontro deveu-se ao“Grupo para a Exploração do SoftwareLivre no âmbito da InformaçãoGeográfica”, que funciona no InstitutoGeográfico Português (IGP). O Colégiode Engenharia Geográfica da Ordemdos Engenheiros e o Centro deTecnologias de Informação do LNECassociaram-se ao grupo do IGPalargando-se ao mesmo tempo atemática do restrito campo do IGPpara o da Engenharia e CálculoCientífico e para o da Gestão. Paramais informações:http://www.eslap2009.org/

FEUP já tem Plano de Formação Contínua

A Faculdade de Engenharia daUniversidade do Porto já tem disponívelo seu Plano de Formação Contínua queestá divido em cursos das áreas deEngenharia Civil, EngenhariaElectrotécnica e de Computadores eTemas Interdisciplinares.Informação detalhada emwww.fe.up.pt/formacao Para mais informações contactar:Faculdade de Engenharia Universidade do PortoServiços AcadémicosDivisão de Pós-Graduação e FormaçãoContínuaRua Dr. Roberto Frias4200-465 PortoTelf.: 225081409E-mail: [email protected]

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infoPágina 6 NOTÍCIAS

Segurança contraincêndios em debate

No passado dia 11 de Março, pelas 21h,o auditório da Fundação EngenheiroAntónio de Almeida recebeu oseminário “Segurança contra incêndiosem edifícios e recintos fechados – novoenquadramento legal”. Com sala cheia, a sessão foiassegurada por Maria Filomena,engenheira civil, conselheira nacionalda Ordem dos Engenheiros (OE) erepresentante da OE na comissão deacompanhamento do novo regime deSegurança contra incêndios emedifícios e recintos (SCIE).Após a apresentação dos novoscontornos legais sobre segurança contraincêndios foi aberto um espaço paradebate, assegurado pela conferencista,pelo presidente do Conselho Directivoda Região Norte da OE, Gerardo Saraivade Menezes, e pelo coordenador docolégio nacional de Engenharia Civil daOE, Hipólito de Sousa.

A sessão terminou com oagradecimento do presidente doConselho Directivo da Região Nortepela presença de todos e com apromessa da realização de maisiniciativas neste âmbito.

AssembleiaRegional Ordinária

Decorreu nas renovadas instalações daOrdem dos Engenheiros - RegiãoNorte, a Assembleia Regional Ordinária,

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Página 7info NOTÍCIAS

no passado dia 24 de Março, pelas 21h.Com a presença dos membros doConselho Directivo, a assembleia foipresidida pelo presidente da mesa daassembleia, Luís Braga da Cruz,acompanhado pelos secretários damesa da assembleia, Paulo Lourenço eJosé Loureiro.Esta assembleia teve como objectivodiscutir o Relatório e Contas de 2008.

Politécnico do Portorecria aula de Engenharia do século XIX

O Politécnico do Porto celebrou o seu24.º aniversário, abrindo-se ao exteriore propondo às seis cidades do distritodo Porto, onde se situam as suas seteescolas, um vasto programa deactividades culturais, científicas eeducacionais, todas elas pensadas edirigidas às populações dessas cidades.

Uma dessas actividades foi a recriaçãohistórica de uma aula de EngenhariaQuímica do século XIX, que aconteceuno dia 2 de Março, no Teatro HelenaSá e Costa, pertencente ao Politécnicodo Porto.Esta aula possibilitou aos participantese espectadores verem como era umaaula de Engenharia Química há doisséculos atrás, quando a Escola deEngenharia do Politécnico do Porto, o Instituto Superior de Engenharia doPorto (ISEP.IPP) era ainda designadopor Instituto Industrial e preparavaquadros para alimentarem edesenvolverem o tecido industrialportuguês então emergente e emexpansão, resultante de uma revoluçãoindustrial que sabemos tardia.Esta aula, coordenada pela professoraFátima Morgado, vencedora este anodo primeiro galardão de carreiraatribuído pelo Politécnico do Porto,simulou a pedagogia e a exposição deconceitos científicos elementares quecolegas seus (na épocanecessariamente do sexo masculino)adoptavam na aula de abertura do ano

lectivo da disciplina científica emquestão.Recomendações bibliográficasalertando para a necessidade do únicoexemplar existente na biblioteca ter queser partilhado e de os alunos terem deaprender a fazê-lo (porventura umaquestão ainda não tão ultrapassadacomo seria de esperar) e a enumeraçãodos grandes mestres da EngenhariaQuímica (inevitavelmente franceses, oque, isto sim, mudou efectivamente noestado da arte contemporânea)constituíram o centro da primeira aula,na qual os alunos perceberam aindaestarem perante uma professoraexigente que os tratava e exigia que atratassem com uma deferência hojeeventualmente vista como demasiadoformal.Assim se percebeu que uma Instituiçãode Ensino Superior, para perceber ofuturo – sobretudo em temposconturbados como os de agora – temde conhecer e fazer conhecer bem opassado. É esta também a missão deuma instituição que se quer deexcelência.

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Engenheira Maria Teresa Ponce de Leão

infoPágina 8 DESTAQUE

“Energy is the single most important challenge facinghumanity today”, Nobel laureate Rick Smalley, April 2004,Testimony to US Senate.

A evolução do mundo esteve sempre associada àenergia, ou antes, à transformação da energia primária efontes secundárias. A descoberta do fogo foi um passoimportante da evolução da humanidade que estáintimamente ligada à energia.A nossa sociedade não consegue viver sem a energianecessária para gestos tão simples quanto beber umcopo de água ou ouvir música num merecido momentode descanso após um dia de trabalho. Para que gestoscomo estes sejam possíveis há um conjunto deactividades dependentes da energia. A sociedade emque vivemos é consumidora intensiva de energia. A energia está presente em quase todos os gestos dodia-a-dia.As questões relacionadas com a energia, desde a suaprodução e transporte até ao consumo, a segurança deabastecimento e o impacto ambiental encabeçamactualmente as preocupações geopolíticas do nossomundo.Assim, vejamos alguns números:

– 85% da energia consumida no mundo temorigem em combustíveis fósseis com asconsequências associadas;– 25% da população mundial não tem acesso àenergia, pelo que a tendência é o aumento dasnecessidades de consumo;– cerca de 40% da energia é consumida emedifícios (habitações, indústria e serviços).

E mais:– a energia é fundamental para o acesso àindustrialização e erradicação da pobreza;– a tendência da evolução das sociedades é a suaconcentração nos grandes aglomerados, assimcada vez mais a energia é consumida nas cidades;– a sustentabilidade e a produtividade estãointimamente ligadas à energia ou à necessidade defazer mais com melhor energia.

A sustentabilidade implica uma análise do ciclo de vidade qualquer solução técnica. A mensagem dasustentabilidade corresponde a garantir o bem-estar dopresente sem comprometer as necessidades futuras. O conceito de sustentabilidade surgiu nos anossessenta e foi configurado através do relatórioBruntland na segunda metade do século XX. Assentaem três pilares: o económico, o ambiental e o social.Isto é, a sustentabilidade surge de um compromissoentre estes três critérios, cujos objectivos são aumentaro bem-estar económico, reduzir os impactosambientais e aumentar o bem-estar social.O senso comum permite-nos concluir que óptimospara os diferentes critérios são difíceis de atingir e quea arte consiste em obter bons compromissos.A sustentabilidade corresponde a um ideal cujo grau desucesso está intimamente relacionado com o grau deresponsabilidade. Trata-se de uma gestãocomportamental que os agentes de decisão têm que sercapazes de gerir com vista à sua aplicação. A questãoque se coloca é: onde actuar?Atendendo a que vivemos e vamos continuar a viver naera das cidades, é sobre as cidades que deveremosfazer incidir o máximo do esforço quando procuramosa cidade sustentável:– Responsabilidade no uso dos recursos naturais eocupação do território;– pro-actividade na procura de condições para o bem-estar das populações;– respeito pela diferença e incentivo na participaçãosocial, comprometendo as pessoas com as soluções.Por outro lado, a tecnologia tem que ser capaz deoferecer novos e diversificados meios de gestão dasnecessidades energéticas, sendo este o ponto no qual aEngenharia tem o seu papel relevante na busca daeficiência energética. São necessárias novastecnologias, mais eficientes, mais próximas doconsumo, que garantam a satisfação das necessidadesda sociedade, mas em simultâneo também uma maiordiversidade e segurança no abastecimento e respeitopelo ambiente.

A eficiência energética como oportunidade

Eficiência energética

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info Página 9DESTAQUE

A eficiência energética consegue-se através de duas vias:recurso a consumos de energia produzida por melhoresfontes e por menores consumos. A primeira via consistena utilização de fontes renováveis próximas e parasatisfação directa do consumo, trata-se da aplicação demedidas activas. A segunda consegue-se através deacções de redução de consumo e trata-se da aplicaçãode medidas fundamentalmente passivas, como porexemplo a construção de edifícios mais eficientes.Na primeira via, a microgeração de energia a partir defontes renováveis: sol, ar, água e terra, assume umpapel inquestionável. A título de exemplo destaco aprodução de energia eléctrica ou térmica a partir de

recursos solares, eólicos, hídricos ou geotérmicos. Estasnovas formas de produção têm que ser orientadas eprojectadas para a sua integração nas necessidades deconsumo.Na segunda via, os materiais e técnicas construtivas quereduzem as suas necessidades energéticas sãofundamentais.Acresce que a eficiência dos sistemas dependefortemente da exploração de complementaridades e deadequação entres os diferentes perfis, basicamente deconsumo e produção. A optimização destes sistemasintegrados e complexos está fortemente dependente daexploração das tecnologias da informação ecomunicação (TIC) para a sua gestão de forma activa edinâmica em completo diálogo com as necessidades.Assim, a procura da eficiência energética dependetambém de novos modelos para soluções construtivas.Os edifícios inteligentes necessitam de muito esforço deinvestigação em novos materiais mais eficientes, comopor exemplo os nanomateriais, novas formas deprodução renovável e sua integração com os padrões deconsumo de forma monitorizada. Novas formas deintegração e capacidade de comunicação com as redesenergéticas não excluindo as redes para alimentaçãodos veículos eléctricos (num futuro não longínquo, onosso carro poderá funcionar como consumidor mastambém fornecedor de energia através de uma simplestomada).A Comissão Europeia tem feito um enorme esforço paralançar iniciativas com vista à colaboração estratégica emmúltiplas áreas de intervenção neste domínio. Asdecisões são tomadas tendo em conta a necessidade demultiplicar resultados através da conjugação dosesforços de forma colaborativa.De igual forma 50% do orçamento de investigação edesenvolvimento para o 7.º Programa Quadro daComissão Europeia está consignado às energiasrenováveis.No pacote de recuperação económica foi decidido, pelosestados-membros, reforçar o montante consignado àenergia onde os investimentos nas áreas de eficiênciaenergética e de uso racional de energia são prioritários.De igual forma e pela primeira vez, perante aadversidade económica, a decisão da comissão foi nãoefectuar quaisquer cortes aos orçamentos alocados aoInstituto para o Desenvolvimento Tecnológico.Estão reunidas as condições para a procura de umfuturo melhor. Assumamos a nossa responsabilidade!

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Quais as metas que a Agência de Energia do Porto(AdEPorto) se propõe atingir?A meta global apontada é o valor considerado deestabilização do CO2 na atmosfera (3,5 ton/capita/ano), oque significa que a tarefa seria a de reduzir em cerca de35% a capitação carbónica de cada portuense referida a2004, num horizonte não anterior a 2020. Tal meta nãose fará necessariamente por redução de consumos mas,sem descurar a vantagem da intensificação da eficiênciana redução dos consumos actuais, poderá ser atingidapela consecução conjugada de outras linhas de acçãopolítica:– intensificação da penetração de energias renováveis; – aumento da penetração do gás natural, nomeadamente,por substituição da electricidade para os usos de calor.

Que instrumentos vai utilizar para conseguir atingir osobjectivos que estipulou?A abordagem da agência será preferencialmente pelo ladoda gestão da procura, isto é, pela selecção das formas deenergia mais adequadas para cada serviço ou finalidade. A principal prioridade da intervenção resultou da análisedos resultados da Matriz Energética do Porto (figura 1) querevelou, por um lado, que o sector dos edifícios éresponsável por cerca de 60% dos usos de energia nacidade e 55% das emissões de CO2 e, por outro, que grandeparte desse consumo é de electricidade com um valor daordem dos 78% no edifícios residenciais (figuras 2 e 3 damatriz).Nesse sentido, a ADEPorto criou, entretanto, para oMunicípio do Porto, um Observatório para aSustentabildiade Energético-Ambiental dos Edifícios daCidade do Porto ao qual se juntou também a Porto Vivo – a Sociedade de Reabilitação Urbana do Porto. Esteobservatório tem como objectivo promover a qualidade dosedifícios do futuro da cidade e terá como principais funções:a) verificar o nível de desempenho e as tecnologias dassoluções construtivas e dos sistemas energéticos;b) desenvolver uma base de dados que permita caracterizaro edificado licenciado da cidade do Porto em termosenergéticos; c) explorar e potenciar o sistema SIM Porto (Sistema deInformação Multicritério da cidade do Porto);d) interagir com os promotores/projectistas em projectoschave, ou seja, projectos considerados emblemáticos para acidade, quer pelo seu valor arquitectónico, quer pela suadimensão, para promover a produção de edifícios deexcelência; e) criar um conjunto de indicadores que permitammonitorizar o desempenho energético dos edifícioslicenciados, novos ou reabilitados, e habilitar à formulaçãode políticas de âmbito municipal.O observatório terá, certamente, um tempo de respostaalargado. No entanto, ele é seguramente um auspiciosoponto de partida para a melhoria da qualidade do ambientee para a qualidade de vida dos cidadãos do Porto e aindapara a redução do CO2 a médio e longo prazos.

Entrevista com o professor Oliveira Fernandes

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Por sua vez, no domínio das energias renováveis, está adecorrer um processo para a instalação de 5000m2 depainéis solares térmicos em equipamentos sociais. Esteprojecto está revestido de um carácter particularmenteinovador já que vai potenciar, para além do benefício aosmoradores, a abertura à operação de empresas do tipoESCO (Energy Service Company), ainda em número

extremamente reduzido em Portugal, mas amplamenteinstaladas noutros países da Europa. Mas a medida com resultados mais palpáveis a curto prazona redução das emissões de CO2 é a substituição daelectricidade para usos de calor por gás natural,nomeadamente nas cozinhas e nas águas quentessanitárias. Um programa está em laboração para, em

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Figura 1 - Matriz Energética do Porto (segundo aproximação ao diagrama de Sankey)

Figura 2 - Procura: Repartição da energia energia primária pelosprincipais sectores de actividade (valores relativos)

Figura 3 - Oferta: Desagregação por vector energético da oferta deenergia no subsector residencial no concelho do Porto

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estreita associação com a incumbente da distribuição, sepromover uma campanha que favoreça essa substituiçãoem condições que não sejam onerosas para os utentes.

Quais as orientações políticas que, no seu entendimento,contribuiriam para acelerar as medidas com vista àeficiência energética?Em linha com a preocupação específica para o Portorelativamente ao papel dos edifícios na utilização deenergia, o novo pacote legislativo de regulamentos (DL 78,79 e 80 de 2006), enquadrado no Sistema de CertificaçãoEnergética e da Qualidade do Ar Interior nos Edifícios, veiocontribuir para criar as condições para que os edifíciosatinjam maiores níveis de eficiência energética. Mas aambição para o Porto é, com base nos resultados doobservatório acima referido, procurar ir mais além do queexige o Sistema de Certificação de Edifícios (SCE) criandomedidas de política que o favoreçam. O SCE criou umaetiqueta. Uma política municipal bem fundamentada edesenhada pode aumentar o nível ou o grau de qualidadeda etiqueta. A electricidade, sendo o vector energético comercial demaior intensidade carbónica utilizado nos edifícios, já que édominantemente gerada a partir de combustíveis fósseis,incluindo o carvão, e o de maior penetração, acaba por ter agrande responsabilidade do peso dos edifícios nasemissões de CO2. Por sua vez o gás natural (figura 3) temainda uma penetração muito residual nos edifícios, noentanto, nos usos de calor, ele emite menos de metade doCO2 do que a electricidade. Um chá feito com electricidadeem Portugal emite mais do dobro do CO2 que um chá feitocom gás natural. Por isso a aposta na criação de condiçõespara uma generalização do gás natural, nas cozinhas e naprodução de calor ambiente ou mesmo em águassanitárias, no seu complemento à energia solar, deverá seruma prioridade absoluta.Mas as potencialidades dos usos de gás natural não serestringem ao ambiente edificado. As frotas automóveismovidas a gás natural contribuem significativamente para aredução da intensidade carbónica deste sector ao substituiros combustíveis líquidos mais pesados. Vejam-se, comoexemplo, os resultados da Sociedade de TransportesColectivos do Porto, que dispõe de uma frota com mais de50% dos veículos a gás natural, o operador com a maiorfrota do género em Portugal.Outras mediadas têm que ver com as estratégias demobilidade. E aqui nunca é de mais sublinhar as vantagensda prossecução do projecto do Metro, com criação de mais

linhas, já que os resultados verificados em termos daredução dos consumos de combustíveis de e para a cidadecom a entrada em serviço das linhas do Metro em 2005 sãomuito eloquentes.

O Governo tem sido muito afirmativo no que respeita àeficiência energética. Há alguma medida que aconselhariade imediato para sublinhar esse desempenho?A transição da electricidade usada para efeitos de calorpara a água quente solar, sempre que possível, com oapoio do gás é a medida mais expressiva no que respeitaaos consumos das famílias. O gás natural é,indubitavelmente, o vector de transição de menor impacteambiental, até que as energias renováveis nos garantamuma electricidade mais limpa, eventualmente nos finaisdeste século.Outra medida de grande impacto é a da substituição decertos electrodomésticos como os frigoríficos com mais dedez anos. Trata-se de uma medida com mais impacte doque a da mediatizada – e bem! – substituição de lâmpadas.Tal medida teria também impacto em algo que tem sidogerido com menos responsabilidade entre nós e que é achamada potência de ponta, encarada que tem sido comouma espécie de fatalidade à portuguesa mas que custamuito caro ao país.

Numa sociedade em recessão, que truques poderão serutilizados para manter em bom ritmo as medidas deeficiência energética?Creio que a recessão vem apenas fortalecer a visão danecessidade de alteração do paradigma energético. A eficiência energética não é poupança energética, nosentido da restrição, pese embora o facto de acabar porconsubstanciar um decréscimo da factura associada aosusos de energia. Por outro lado, sabemos que grande partedas medidas de eficiência energética não requerinvestimentos significativos. No sector dos edifícios, porexemplo, um factor preponderante no seu desempenhoenergético-ambiental é o seu devido isolamento, medidaque é muitas vezes menosprezada em fase de construção.Mas estou certo que a crise vai contribuir para o desincharde uma bolha ‘novo-riquista’ de consumos desnecessáriosde energia e vai orientar a sociedade para hábitos e usosdos recursos mais sóbrios e mais compatíveis com opróprio ambiente. Tudo isto implica uma boa gestão públicadestas coisas que, infelizmente, não existe; competência eética profissionais, o que carece de maior atenção evalorização social; e muita cultura energético-ambiental por

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parte dos cidadãos que deverão ser cada vez mais isso emenos meros consumidores.

Sendo o professor co-responsável pelo programa MIT para aenergia, quais as actividades ao nível do ensino da ciência?Sou responsável da vertente energia na Faculdade deEngenharia da Universidade do Porto (FEUP) mas emestreita ligação com o professor João Abel Peças Lopes,que, aliás, é o director do curso de doutoramento da FEUPem Sistemas Sustentáveis de Energia. Tenho muito orgulhonesta recente actividade pelo seu carácter inovador eestratégico para o país. De recordar que há outrascomponentes deste programa com o mesmo enfoquenoutras universidades. Mas, posto que falamos da FEUP, é

notável verificar que tenhamos já cerca de 20 doutorandos atempo inteiro, dos quais cerca de um terço estrangeiros,dedicados a abordar problemas sistémicos da energia: deredes urbanas, regionais, nacionais, do ambienteconstruído, da electricidade, da co-geração, do veículoeléctrico, da melhor utilização da biomassa, etc. EmPortugal andamos sempre atrás das ondas, das tecnologias,dos gadgets tecnológicos. Esquecemos que a eficiência, aprodutividade, a eficácia de que somos tão carentes comocomunidade e como país dependem da harmonização,integração e optimização dos sistemas sociais (mobilidade,urbanismo) e dos sistemas tecnológicos (redes eléctrica, degás, de calor e de frio e redes de transporte, etc.), emparticular, vistas do lado da procura.

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Engenheiro José Manuel Fernandes

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Papel da indústria na eficiência energética

O mundo empresarial e industrial vive hoje desafios face àprodutividade, em que todas as variáveis da sua actividade ede desenvolvimento dos processos industriais contam deuma forma determinante para a melhoria dacompetitividade.A eficiência energética, desde há muito tempo, passou aestar nas preocupações dos empresários e gestores, de talforma que hoje é mais uma área de atenção particulardentro da empresa. Contudo, presta-se a um negócio paraempresas de Engenharia de serviços de consultoria. Isto porque envolve saberes transversais que dificilmente aempresa, por si só, tem dificuldade em atingir resultadoselevados.O desafio da eficiência energética coloca-se aos empresáriose aos gestores de duas formas vectoriais: In e Out, ou seja,na primeira, a maneira como aplicamos a energia e, nasegunda, as condições como nos fornecem essa energia.Relativamente à componente In, desde o desenho econcepção do seu lay-out ou à sua reformulação, passandopor luminosidade natural, logística, climatização comtécnicas de evitar a entrada de energia radiante solar directa,etc., muito há que ter em conta nos ganhos da eficiência.Por outro lado as áreas de manutenção devem dispor desoftware que tenha a eficiência energética contemplada.Na concepção do próprio projecto do produto deve estarcontemplada a variável eficiência energética que permitiráreduzir custos, quer pela simplificação, quer nos processosde fabrico, quer nos acabamentos de superfície, por umadefesa cerrada deste conceito.Por exemplo, uma redução do consumo de água cominclusão de técnicas de armazenamento da mesma emtanques subterrâneos, associados às tecnologias deobtenção da energia geotérmica de baixa entalpia, sãodesafios modernos que se traduzem em rápidos ganhos deprodutividade pela redução de custos directos energéticos.Contudo não se pense que a disciplina de gestão “EficiênciaEnergética” é tema de uma intervenção unilateral, somentede uma liderança… De forma alguma! O tema é universal àorganização e, em particular, disciplinar no lean manufacture,em que todos são convidados permanentemente a seremcriativos nas suas áreas de actuação e o seu desempenhodeve ser integrado num sistema de incentivo por objectivosa atingir.

Equipamentos modernos com tecnologias de ComandoNumérico Computorizado têm de estar preparados paragerirem outros equipamentos que estão a jusante eintegrados nos mesmos. Esta é uma das áreas de maioresperdas de energia nas empresas em que a intervenção dadesconectividade é humana e não automática e integrada.De facto muito há a fazer nas nossas empresas industriaissobre a eficiência energética. Na componente Out os fornecedores têm de ter fiabilidadeporque ocorrem por vezes acidentes na área industrial porcausa das condições anómalas nos fornecimentos e aquitambém se requer eficiência.Os desafios estão aí, o empresário tem de ver na eficiênciaenergética um desafio criativo à produtividade e ao mesmotempo um factor para o seu marketing, dentro de uma novacorrente jovem e futurista de participação com a sua quota-parte na responsabilidade perante a sociedade, em que oambiente sustentado é um bem e uma obrigação emdefendê-lo, para todos.

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Bioenergia em Portugal

ResumoA situação energética portuguesa é marcada pela fortedependência do petróleo, gás natural e carvão,representando mais de 80% no balanço energéticonacional. Portugal adoptou a Estratégia Nacional para as AlteraçõesClimáticas, que vem definir os princípios e objectivos quelevem ao cumprimento dos compromissos assumidos noâmbito do Tratado de Quioto. A estratégia nacional para aenergia, aponta diversos objectivos com vista aoaproveitamento das fontes renováveis, nomeadamente abiomassa. No entanto, existe ainda alguma incertezaquanto à quantificação real desta biomassa, seja sólida,líquida ou gasosa.Neste trabalho procedeu-se ao cálculo do potencialenergético dos recursos de biomassa nacionais. Os váriosprocessos de conversão foram também alvo de atenção,sendo que cada um deles foi sumariamente descrito.

1. IntroduçãoNa última década tem-se assistido a um interessecrescente pelas energias renováveis. Embora esteinteresse tenha ganho enorme fulgor já na década de 70,quando o mundo viveu duas crises de petróleo e queactuaram como incentivo à utilização de novas fontes deenergia primária. No entanto, a maior parte dos paísespreferiu ignorar o problema e pouco se fez para evitarfuturas crises. Presentemente vivemos aquilo que se podeadmitir como a terceira crise petrolífera. A 2 de Janeiro de2008 o preço do barril de crude atingiu o valor históricode 100 dólares.A situação energética portuguesa não é só marcada peladependência do petróleo, mas também pelas restantesfontes de energia que são importadas, nomeadamente ogás natural e o carvão. Estas três formas de energiaprimária chegam a representar mais de 80% no balançoenergético nacional (Direcção-Geral de Energia e Geologia,2006). Coloca-se, aqui, o problema da segurança doabastecimento e da independência energética, estando opaís sujeito à volatilidade do preço do petróleo, mastambém do gás natural e do carvão, embora estes emmenor escala. Esta é uma das mais importantes razões paraque hoje a maioria dos países esteja a apostar nas energiasrenováveis e na eficiência energética.

Para além do descrito no parágrafo anterior existetambém a razão ambiental, visto que o elevado consumode recursos energéticos de origem fóssil está a conduzir aum aumento artificial do efeito de estufa. É imperativoapostar num abastecimento de energia sustentável quenão prejudique o meio ambiente, exigindo a introdução edivulgação de energias renováveis.Os bio-recursos: resíduos de exploração pecuária,resíduos e culturas agrícolas, Resíduos Sólidos Urbanos(RSU), lamas das Estações de Tratamento de ÁguasResiduais (ETAR), resíduos da agro-indústria e biomassaflorestal apresentam um elevado potencial paraaproveitamento energético. Processos físicos,termoquímicos e biológicos de conversão de bio-recursospermitem transformá-los em combustíveis sólidos,líquidos ou gasosos para a produção de energia térmica,mecânica ou eléctrica.

2. Recursos da biomassaA biomassa é, por definição, a fracção biodegradável deprodutos e resíduos da agricultura, de floresta e dasindústrias conexas, bem como a fracção biodegradávelde resíduos industriais e urbanos. Convirá estabelecer adistinção entre biomassa proveniente da agricultura, dapecuária, do sector urbano e da floresta pois, pelas suascaracterísticas, poderão ter aproveitamentos diferentes.

2.1 - Resíduos provenientes de explorações pecuáriasNas últimas décadas a melhoria dos níveis de vida dosportugueses conduziu a um maior consumo de carnes,principalmente de aves e suínos, provocando assim oaumento de efectivos pecuários existentes em Portugal.Dentro do sector agro-pecuário existem diversos tipos deexplorações, no entanto, devido à dimensão ecomposição química dos seus efluentes, as de maiorrelevância são: indústria de exploração de bovinos; suínose galináceos (Instituto Nacional de Estatística, 2006). A gestão de efluentes do sector agro-pecuário é umagrande preocupação. O aumento de exploraçõesintensivas (elevada concentração de animais) tem vindoa produzir elevadas quantidades de efluentes animais,cujo destino final constitui um sério problema. Os efluentes animais são já responsáveis porcontaminação de águas e solos e, devido a uma elevadaconcentração de dióxido de carbono e metano,contribuem grandemente para o efeito de estufa.

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Tabela 1 – Potencial energético dos resíduos de explorações

pecuárias.

Os resíduos provenientes de exploração pecuáriacorrespondem aos excrementos produzidos pelos animais,assim como águas de lavagem, palhas e aparas de madeirausadas na sua estabulação que são recolhidos em conjuntoe que correspondem a um potencial de 93 mil tep (tabela 1).

2.2 - Resíduos e culturas agrícolasDesde 1989 que o número de explorações agrícolas emPortugal vem diminuindo, registando uma quebra de 45,9%,que ocorreu principalmente nas explorações com menos decinco hectares de Superfície Agrícola Utilizada (SAU). Estatendência poderá, contudo, vir a inverter-se com apossibilidade de utilização de culturas e dos seus resíduos naprodução de energias alternativas. Os resíduos de culturas,nomeadamente as partes aéreas das plantas, constituem umaimportante fonte de bioenergia.Considerando a SAU por cada cultura, e usando os valoresmínimos de produção de resíduos (Gonçalves M., 2005),podemos fazer uma avaliação do potencial quantitativo dosresíduos das respectivas culturas. Determinadas culturas,culturas energéticas, são passíveis de ser utilizadas paraprodução de biocombustíveis. Considerando a SAU em 2006(Instituto Nacional de Estatística; 2006), para as culturas demaior potencial na produção de biocombustíveis, assim comoo seu potencial de produção, podemos avaliar o potencialquantitativo dessas mesmas culturas.

Tabela 2 – Potencial energético de resíduos e culturas agrícolas.

O sector agrícola possui elevado potencial deaproveitamento para fim energético, como se podeobservar, quer pelo aproveitamento de resíduosprovenientes de culturas existentes, quer pela criação denovas ou recuperação de determinadas culturas, atingindoum potencial energético de 64 milhões de tep (tabela 2).

2.3 - Resíduos Sólidos Urbanos (RSU)Os RSU eram, até há pouco tempo, depositados em lixeirasmunicipais, sendo a forma mais barata e fácil de os eliminar.Surgiram, no entanto, vários problemas com este tipo detratamento, desde infiltrações de produtos poluentes nosubsolo, assim como explosões, o que levou à criação deAterros Sanitários (AS). A composição dos RSU acompanhadirectamente as mudanças económicas e tecnológicas queinfluenciam o modo de vida urbano e é, também,directamente proporcional ao aumento de população.

Tabela 3 – Previsão de produção de RSU no ano de 2007 e

potencial energético (Síntese de Dados – Resíduos Sólidos

Urbanos, 2005; Instituto Nacional de Estatística, 2007).

Na tabela 3 temos presente a produção de RSU para o anode 2007, com base na produção por habitante (Síntese deDados – Resíduos Sólidos Urbanos, 2005), e no número dehabitantes em 2007 (Instituto Nacional de Estatística,2007), assim como o seu potencial energético avaliado emquase dois milhões de tep.

2.4 - Lamas de ETARAs ETAR (Estações de Tratamento de Águas Residuais) são,como o nome indica, estações para o tratamento de águasresiduais de origem doméstica e industrial, para posteriordescarga em rios ou mar, com níveis de poluição aceitáveis.As águas residuais passam por vários processos detratamento, com o objectivo de separar ou diminuir asquantidades de poluentes, obtendo-se, em resultado dessesmesmos tratamentos, as lamas. As lamas apresentamelevados teores de humidade, de matéria orgânica enutrientes, metais pesados e elevadas concentrações demicrorganismos patogénicos. Grande percentagem daslamas são depositadas em aterros (60%), 30% sãoreutilizadas na agricultura e 10% das lamas não têm destinoconhecido.

EspéciePotencial (tep)

Excrementos

Bovinos 70 758

Suínos 8 124

Galináceos 14 675

Total 93 556

CulturaPotencial (tep)

Resíduos Culturas Total

Trigo 21 779 667 559 21 780 226

Milho 29 415 437 3 136 29 418 573

Outros cereais 12 948 898 214 12 949 112

Beterraba 500 105 500 105

Total 64 644 107 3 908 64 648 015

Capitação RSU(kg/hab/ano)

População(hab)

Produção de RSU (ton)

Potencial(tep)

Portugal 459 10 617 575 4 873 466 1 901 127

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Tabela 4 – Produção estimada de lamas de ETAR no ano de 2007 e

seu potencial energético (Carteiro P., 2005; Instituto Nacional de

Estatística, 2007).

A estimativa de produção média de lamas de ETAR é de 25 a30 kg de sólidos totais (ST) por habitante/ano (Carteiro P.,2005), o que representou em 2007 uma produção de 265 miltoneladas e um potencial de 91 mil tep (tabela 4).

2.5 - Resíduos agro-alimentaresA indústria agro-alimentar gera grandes quantidades desubprodutos com elevado teor de matéria orgânica para osquais não se encontra frequentemente colocação, o queresulta na sua acumulação em áreas anexas às unidades fabrise consequente poluição ambiental. A maior parte destesresíduos é sazonal, dificultando a sua quantificação, motivopelo qual não são considerados neste estudo.

3. Processos de conversãoA biomassa constitui uma fonte de energia renovávelsusceptível de ser convertida em outras formas de energia,sem que a sua utilização contribua para o aumento deemissões de CO2. O processo de conversão utilizado depende do fim para oqual a energia é produzida, assim como das características dabiomassa disponível. As várias formas de conversão sãoseparadas em três grupos: conversão física, conversãotermoquímica e conversão biológica.A conversão física é utilizada para o fabrico de pellets ebriquetes, sendo os resíduos florestais comprimidos,podendo também ser sujeitos à acção de calor de maneira areduzir o seu teor de humidade. As principais vantagens dadensificação da biomassa passam por possibilitar umacombustão mais uniforme, pela redução de partículas assimcomo pela facilidade de armazenamento e transporte damesma.A conversão termoquímica baseia-se na utilização de calorcomo fonte de conversão da biomassa, utilizandopreferencialmente resíduos de culturas agrícolas, biomassaflorestal residual e resíduos da indústria agro-alimentar. A conversão termoquímica inclui processos como acombustão directa, pirólise e gaseificação.

Na conversão biológica são utilizados diversos tipos demicrorganismos que transformam as moléculas emcompostos mais simples, mas com alto valor energético. Estaé adequada a bio-recursos com elevado teor de humidade e dematéria orgânica, bem como resíduos da exploração pecuária,RSU e lamas de ETAR. Os processos de digestão anaeróbia ede fermentação são exemplos da conversão biológica.

4. ConclusãoConsiderando o aproveitamento de todas as fontes debiomassa disponíveis obtém-se um total de 260 milhões de tep(tabela 5). Este é o valor de energia primária contida no bio-recurso passível de ser transformada em energia secundária(electricidade, calor ou combustível). Na prática é inviável oaproveitamento de toda a biomassa disponível, quer porquestões de disponibilidade, quer por questões económicas.

Tabela 5 – Potencial energético dos recursos nacionais.

No entanto o potencial da biomassa é real, representandouma fonte que deve ser explorada e que representa aoportunidade de menor dependência energética, assim comopermite atingir as metas definidas a nível ambiental. Devemser desenvolvidos esforços no que se refere à optimização dastecnologias de conversão da biomassa e ainda nodesenvolvimento de infra-estruturas (recolha e transporte)maximizando a exploração do seu potencial.

BibliografiaCarteiro P.; 2005; Estratégia para a valorização orgânica das lamas deETAR; QUERCUS – Associação Nacional de Conservação da Natureza;Direcção-Geral de Energia e Geologia, 2006 – www.dgge.pt;Gonçalves M.; 2005; Gestão de Resíduos Orgânicos; ConsultadoriaEmpresarial e Fomento de Inovação, SA; Principia – PublicaçõesUniversitárias e Científicas;Instituto Nacional de Estatística, 2006 – www.ine.pt.Síntese de Dados – Resíduos Sólidos Urbanos, 2005, AgênciaPortuguesa do Ambiente, Ministério do Ambiente, do Ordenamentode Território e do Desenvolvimento Regional.

Produçãode lamas(kg/hab.)

População(hab.)

Total(103 ton)

Potencial(tep)

MatériaSeca

25 10 617 575 265 91 890

Recursos Potencial (tep)

Resíduos Agro-pecuários 93 556

Resíduos e Culturas Agrícolas 64 648 015

ETAR (lamas) 91 890

RSU (Resíduos Sólidos Urbanos) 1 901 127

Biomassa Florestal 232 598 954

Total 260 638 851

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Sector energético:Tecnologias de carbono neutro

ResumoEnquanto o papel dominante do hidrogénio no sistemaenergético sustentável do futuro é comummente aceite,as estratégias para a transição entre os fósseis e ohidrogénio são amplamente debatidas. Actualmenteutilizamos 4.1x1020 Joules de energia/ano, o que equivaleà média de consumos instantâneos de 13TW. Estimativasde crescimento económico e populacional apontam paraa duplicação desses consumos antes de 2050 o que,conjugado com a ameaça das alterações climáticas,requererá quantidades enormes de energia isentas deemissões de carbono na ordem dos 10TW. Neste artigoidentificam-se as opções mais promissoras, o seu estadoda arte e o seu potencial, em especial no vectorhidrogénio, com ênfase naquilo que poderá ser aparticipação da indústria nacional.

1. Introdução

Actualmente a Humanidade enfrenta dois desafiosrelacionados entre si: o iminente esgotar dos recursos decombustíveis fósseis, agravado pelo constante crescimentoda procura de energia, e a perspectiva sombria dasalterações climáticas, associadas às emissões de CO2,relacionadas com a queima de combustíveis fósseisassociada à utilização de energia. A estas questõesacrescem razões económicas e geoestratégicas quetransformaram em temas quentes a independência e asegurança no abastecimento de energia e o impacto dautilização de combustíveis fósseis nos ecossistemas doplaneta. Em resumo, pode dizer-se que a manutenção dosactuais padrões de vida depende da capacidade deconstruírmos sistemas energéticos ambientalmentesustentáveis e que, para tal, terão de ser sistemas decarbono neutro (sistemas que não levem ao aumento daconcentração de CO2 na atmosfera).Actualmente o mundo utiliza 4.1 x 1020 Joules de energiapor ano, o que é equivalente a uma média de consumosinstantâneos da ordem dos 13TW. Estimativas docrescimento económico e populacional indicam que esses

Figura 1 – Energia primária 2005 (1)

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consumos serão mais do que duplicados antes de meadosdo século XXI e triplicados até ao final do século, apesar daimplementação de políticas agressivas no esforço daeficiência energética (2). A ameaça das alterações climáticase a necessidade de estabilizar os níveis de CO2 presente naatmosfera requererão quantidades enormes de energia,utilizando tecnologias de carbono neutro. Espera-se que paramanter o crescimento económico e populacional até 2050será necessária uma capacidade de produção de energiaadicional da ordem dos 10TW. São discutidas na bibliografia três opções promissoraspara atingir este objectivo:

• descarbonização de energia de fonte fóssil; • energia nuclear;• energia de fonte renovável.

Numa análise ao estado da arte destas opções (3)

pretende-se identificar o seu potencial, em especial novector hidrogénio, com vista a identificar alguns doscaminhos que permitam potenciar a participação daindústria portuguesa nestas opções, em particular na áreada energia de fonte renovável.

A figura 2 mostra que 81% da energia primária consumidapela Humanidade é hoje proveniente de combustíveisfósseis: carvão, petróleo e gás natural. O fornecimento deenergia primária é complementado com 6% de energianuclear e 13% de energia proveniente de fonte renovável.

2. Descarbonização de energia de fonte fóssil

O objectivo da descarbonização de energia de fonte fóssil éeliminar ou reduzir drasticamente a quantidade de emissõesde CO2 originadas na utilização de fontes de energia fósseis.

Pretende-se assim estender a possibilidade de utilização decombustíveis fósseis, talvez por duas centenas de anos, semo impacto adverso nos ecossistemas do planeta. O princípioutilizado é o da captura e sequestro do carbono, impedindo-oassim de chegar à atmosfera. Acredita-se ser possível comesta estratégia estabilizar a atmosfera nos 450 a 550 ppmsem abandonar a infra-estrutura dos combustíveis fósseis.

2.1. Estratégias de descarbonização2.1.1. Opções convencionaisExistem estudos para o desenvolvimento de três estratégiastecnológicas distintas para a descarbonização decombustíveis fósseis:

• Pré-combustão – consiste na reformação docombustível ou gaseificação do mesmo num syngasposteriormente processado para obter uma mistura deH2 e CO2 em que este é capturado para posteriorsequestro. Nesta tecnologia o hidrogénio resultante éutilizado como combustível livre de carbono.• Pós-combustão – após a combustão é efectuada acaptura do CO2 intervindo-se nos gases de exaustão da

Carvão

Petróleo

Gás Natural

Nuclear

Renováveis

6% 13%25%

21%

35%

Figura 2 – Fontes primárias de energia e seu contributo (global 2006) (1)

Gás Natural14.1 %

Portugal

Hídrica1.5 %

Renováveis e Resíduos11.0 %

Geotérmica/Solar/Eólica0.9%

Carvão12.6%

Petróleo59.9%

Gás Natural24.5 %

União Europeia(27 países)

Hídrica1.4 % Renováveis e Resíduos

4.6 %

Geotérmica/Solar/Eólica0.7%

Carvão 17.5%

Petróleo 36.9%

Nuclear14.3%

Figura 3 - Fontes primárias de energia e seu contributo (Portugal e

União Europeia a 27) 2005(1)

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combustão. Esta tecnologia tem actualmente aplicaçõesnum nicho de mercado.• Combustão oxyfuel – consiste na queima docombustível com oxigénio em vez de ar, de modo a queos gases de combustão sejam constituídosessencialmente por vapor de água e por CO2. Estaestratégia facilita a separação do CO2 já que bastará acondensação da água para que a fase gasosa sejaconstituída fundamentalmente por este gás.

Em todas estas opções é ainda necessário sequestrar o CO2pressurizando-o ou liquefazendo-o de modo a que possa sertransportado e guardado no destino final: formaçõesgeológicas, aquíferos.Diversas barreiras se colocam à utilização maciça destaestratégia. A primeira é que se trata de um processoconsumidor intensivo de energia, já que as várias tarefasadicionais relativamente à combustão tradicional sãointrinsecamente consumidoras (captura, compressão,liquefacção, transporte e injecção). Prevê-se um incremento dautilização de combustíveis entre os 11 e os 40% e um aumentode 21 a 91% do custo da energia proveniente de umainstalação com captura e sequestro de carbono (CSC). Existemestimativas que indicam que implicaria uma taxa entre os 70 eos € 200 por ton para viabilizar este tipo de tecnologias.Além dos consumos extra de combustível e respectivo custo,estas tecnologias enfrentam outras barreiras, nomeadamente:estudos adicionais sobre os riscos ecológicos de longo prazo,compreensão mais exaustiva das opções de sequestro eaplicação nas instalações de menor dimensão.Realisticamente não se espera praticar estas tecnologias emmais do que 20 a 40% das emissões até meados do século XXI.

Engenheiro Francisco Mota Torres

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TurbinaVapor

Combustível

(GN, Carvão,

Nafta, etc) Gasificador

ou ReformadorShift Separação CO2

TurbinaGás

Gás

de Síntese CO2

Hidrogénio

Transporte

e Contentorização

Ar

Vapor

Ele

ctr

icid

ad

e

Oxigénio

Azoto

Ar

Compressão CO2

Unidade de

Separação de Ar

Recuperação de Calor

Gerador de Vapor

Figura 4 – Esquema de princípio de um sistema de pré-combustão

Figura 5 – Sleipner, Noruega – Instalação injecta 1 milhão toneladasdesde 1997

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2.1.2. Sequestro ambientalmente benignoNa perspectiva de possíveis consequências ecológicas dosequestro do carbono, em formações geológicas e nosoceanos, têm-se realizado desenvolvimentos naquilo que édesignado na literatura como environmentally “benign”sequestration of CO2 (EBS). Estas tecnologias têm comoobjectivo providenciar a contentorização permanente do CO2evitando o impacto negativo do sequestro.A formação de carbonatos de minerais e a adição demicropartículas de carbono que providenciem a polarizaçãode grupos de partículas na superfície do CO2 liquefeito nofundo dos oceanos, de modo a catalisar a formação dehidratos de CO2 sólidos, são as tecnologias maispromissoras. No entanto, nenhuma destas tecnologias foiainda devidamente testada e comprovada.

2.2. Produção de hidrogénio com sequestro de CO2A partir das fontes fósseis pode produzir-se hidrogénio, o queassociado ao sequestro de CO2 é considerado comoestratégia de descarbonização. Nesta aproximação a energiade fonte fóssil é convertida em energia química contida nohidrogénio e o CO2 produto da reacção é capturado e

sequestrado prevenindo-se, assim, a sua dispersão naatmosfera com eficiências entre os 50 e os 75%, dependendoda fonte fóssil. De acordo com projecções do DOE dos EUAas reservas conhecidas de gás natural poderão providenciarvárias décadas (4). A vantagem desta estratégia é que a tecnologia SteamMethane Reforming (SMR) é bem conhecida, madura edisponível. Existem estimativas para a produção centralizadade hidrogénio por esta via com custos de 1,22 US$ por kg deH2. No entanto, esta mesma estimativa prevê um custo dedistribuição de 0,96 US$ por kg de H2, o que é quase tantocomo o custo da própria produção do hidrogénio. Destemodo, a opção pela produção descentralizada é vista como aestratégia de mais baixo custo para a produção de H2 na fasede transição para a economia do hidrogénio.Os críticos desta tecnologia referem, no entanto, que oincremento na procura de gás natural para abastecer asinstalações de SMR provocará uma tensão na procura quesuscitará uma mera troca do “problema do petróleo” pelo“problema do gás natural”. À medida que as fontes deenergia de hidrocarbonetos mais leves (GN, GPL, nafta) seforem consumindo serão utilizados hidrocarbonetos mais

Figura 6 – Formação de carbonatos minerais: esquema de princípio

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pesados, o que, para além de necessitar de desenvolvimentode outras tecnologias menos maduras que o SMR, obrigará àcaptura e sequestro de maiores quantidades de carbono, oque leva novamente à necessidade de tecnologias EBS.

2.3. A dissociação de hidrocarbonetos como estratégia dedescarbonizaçãoDevido à incerteza sobre os impactos ambientais no longotermo, associada à estratégia de sequestro do CO2, existemtambém propostas para que a descarbonização dehidrocarbonetos através da sua dissociação em ambienteisento de oxigénio e água permita a produção de umresíduo de carbono sólido. Embora existam vantagens quese centram, não só na isenção de emissões de CO2(carbono no estado sólido de fácil contentorização), mastambém no aproveitamento do resíduo carbono e suautilização como matéria-prima para as mais diversasaplicações, o facto de o metano ser uma das moléculasmais estáveis que existem, a sua dissociação é consumidorade energia e a energia química contida no carbono não éaproveitada.

2.4. A opção nuclearApesar da opção portuguesa pelo “não-nuclear”, o presenteartigo estaria incompleto se esta opção não fosse abordada.Muitos dos especialistas apontam a opção nuclear como afonte energética carbon-free com maior potencial pararesolver o problema dos GEE. A produção de energiaeléctrica a partir da energia nuclear é uma tecnologiamadura e utilizada em muitos países e está em operação emcerca de 440 centrais. A França, por exemplo, produz 80%da sua energia eléctrica a partir de reactores nucleares. Umavez que não têm sido construídas novas centrais desdefinais da década de 70 é previsível que o contributo destafonte energética venha a decair com a retirada de serviço dascentrais mais antigas, a menos que venha a ser decidida aconstrução de novas centrais.Apesar de haver previsões do renascimento do nuclear porparte dos defensores desta tecnologia, existem estudos maiscautelosos acerca do papel destas centrais, particularmente noque se refere à substituição dos combustíveis fósseis. Os EUAconsumiram em 2000 3,3TW de energia fóssil, o que exigiria3300 centrais nucleares de 1GW e o que seria mais do que 30vezes as actuais 103 em operação naquele país (5). O urâniodisponível consumido à actual taxa deverá providenciar entre50 a 100 anos. No entanto, se procurarmos providenciar os10TW referidos na introdução, as mesmas reservas darãoapenas para 30 anos. Tendo em conta o tempo de vida destes

reactores (30 a 40 anos), parece imprudente basear a políticaenergética na cisão nuclear convencional. A produção de hidrogénio a partir de energia nuclear podeconcretizar-se de várias formas, que vão desde a radiólise;electrólise a baixa, alta e muito alta temperatura; cicloshíbridos electrotermoquímicos e ciclos termoquímicos. Emfunção da tecnologia a eficiência da conversão pode variarentre os 27% da electrólise a baixa temperatura até aos 40 a60% dos ciclos termoquímicos e híbridoselectrotermoquímicos. O interesse da radiólise provém dadisponibilidade de grande quantidade de energia de radiaçãono combustível nuclear descarregado pelo reactor nuclear.O hidrogénio de fonte nuclear tem, no entanto, um custocerca de três vezes superior ao hidrogénio provindo de umsistema SMR. Espera-se, no entanto, que a implementaçãode reactores nucleares avançados permitirá reduzir aquelefactor para 1,5. Apesar dos inúmeros problemastecnológicos, económicos e ambientais, é expectável quevenha a ser uma opção como fonte de hidrogénio acurto/médio prazo. Neste momento não é mais do queespeculação o eventual contributo da fusão nuclear.

3. Fontes renováveis de energiaCom um contributo global na ordem dos 5%, as fontesrenováveis de energia podem ser classificadas, quer quanto àsua intermitência, quer quanto à presença ou ausência decarbono na utilização desta energia.

3.1. Biomassa e biogás3.1.1. BiomassaApesar de não ser isenta de emissões de CO2, a biomassa éconsiderada renovável em virtude de representar um ciclocurto para o CO2. A ideia passa por aproveitar a energiasolar, através da fotossíntese nos ecossistemas comuns paragerar biomassa que será depois utilizada como fonte deenergia. Acrescem como vantagens da utilização dabiomassa que se trata de um recurso endógeno epotencialmente poderá representar um custo baixo. Doponto de vista da biomassa, como uma forma de captaçãode energia solar, a eficiência global solar-biomassa é daordem dos 0,4% para um máximo teórico de 11% (6). Embora a literatura defina como potencial da utilização dabiomassa entre os 33 e os 1135 EJ/ano (1018 Joules por ano) (7),muitos especialistas contra-argumentam com a baixadensidade de potência da fotossíntese (cerca de 0,6W/m2)para que seja viável que a biomassa e os biocombustíveispossam ter um contributo muito significativo. Estudos recentes

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info Página 23DESTAQUE

prevêm que seria necessário 10% da superfície terrestre doplaneta para providenciar 10TW, o que é comparável com todaa superfície terrestre utilizada actualmente na agricultura (8). O potencial de impacto ambiental não se fica pela utilização daterra, já que os enormes volumes de água e nutrientes para aprodução de toda esta biomassa são também factores a tercuidadosamente em conta.

3.1.2. BiogásA digestão anaeróbica de biomassa e de resíduos orgânicosgera misturas de gases complexas, apesar de compostasprincipalmente por metano e dióxido de carbono.Actualmente apenas uma pequena porção deste gás éutilizado, apesar de o metano produzir um efeito de estufamuito mais potente que o próprio CO2. Embora asdificuldades introduzidas pela diversidade e pelacomplexidade da mistura contida no biogás é pois imperiosoque este metano seja no mínimo queimado,preferencialmente com o seu aproveitamento energético.

3.1.3. Geração de hidrogénio a partir da biomassa e do biogásSão bastante diversificadas as tecnologias que permitemgerar hidrogénio a partir do biogás e da biomassa. Processosbioquímicos e processos termoquímicos permitem obterbiocombustíveis que podem ser posteriormente convertidosem hidrogénio por gasificação ou por reformação.

3.2. EólicaCerca de 2% da energia solar é convertida emmovimentação atmosférica (vento) que pode,posteriormente, ser convertida em energia eléctrica atravésde turbinas eólicas. Esta tecnologia é considerada a que, deentre as que utilizam energia renovável, tem melhor relaçãocusto-benefício. O custo do kWh chega a atingir valoresinferiores a três cêntimos de euro nas melhoreslocalizações. O crescimento da utilização da energia eólica,com a instalação sistemática de turbinas eólicas por todo omundo, é uma evidência. No entanto, a sua intermitência ea necessidade de incrementar a sua transmissão entre oslocais de produção (meios rurais e os offshore) e osconsumos originam necessidades de investimento notransporte de energia e na capacidade de armazenamento.Uma estimativa publicada recentemente prevê umacapacidade da energia eólica providenciar 90 EJ anuais.

3.3. HídricaA energia hídrica é desde há muito tempo a energia de fonterenovável mais utilizada. O seu contributo é já muito

significativo. No entanto é pouco provável que disponhaainda de capacidade de crescimento muito significativa, querpor ter já uma proporção elevada de aproveitamento, querpelo impacto nos ecossistemas que provoca a construçãodestes sistemas.

3.4. SolarO sol é de longe a maior fonte renovável de energia. A suaintermitência é francamente mais previsível que a eólica e osul da europa é profundamente rico nesta forma de energia.Tal como para a análise de todas as tecnologias anterioresdevemos analisar a viabilidade de instalação de umapotência da ordem 10TW.A energia solar é aproveitada fundamentalmente com doisobjectivos: produção de calor e de energia eléctrica. Naprodução de calor é de realçar a sua capacidade decontribuir significativamente para a produção de águaquente com a entalpia suficiente para a utilização de águaquente sanitária. Também nesta matéria é muitointeressante a boa gestão desta energia na térmica deedifícios, promovendo através de uma arquitectura adequadae de uma redução significativa da energia necessária àclimatização. Na geração de energia eléctrica duas frentestecnológicas estão em franco desenvolvimento e merecematenção: a tecnologia fotovoltaica (com ou semconcentração) e um conjunto de tecnologias deconcentração associadas a ciclos termodinâmicos capazesde gerar electricidade.

Bibliografia

1. Agência Internacional de Energia. World Energy Outlook.

2. US DOE. Basic Research Needs For Solar Energy Utilization. 2005.

3. “Green” path from fossile-based to hydrogen economy: An overview of

carbon-neutral technologies. Nazim Z. Muradov, T. Nejat Veziroglu. s.l. :

Elsevier, 2008, Hydrogen Energy.

4. DOE, U.S.A. Ending the Energy Stalemate. Report of the National

commission on energy policy. Washington DC. 2004.

5. DOE. Basic Research Needs for the Hydrogen Economy. Fevereiro 2004.

6. Engineering, National Research Council and National Academy of.

The Hidrogen Economy. Opportunities, costs, barriers and R&D needs.

2004.

7. Hoogwijk M, Faaij A, van den Broek R, Bendes G, Gillen D,

Turkenburg W. Exploration of the ranges of the global potencial of biomass

for energy.

8. Hoffert M, Caldeira K, Benford G, Criswell D, Green C, Herzog H.

Advanced technology paths to global climate stability: energy for the

greenhouse planet.

Page 23: INFO nº18

infoPágina 24 VIDA ASSOCIATIVA

5.º Encontro Nacionaldo Colégio de EngenhariaMecânica da Ordemdos Engenheiros

O Colégio Nacional de EngenhariaMecânica da Ordem dos Engenheirosrealizou nos dias 13 e 14 de Fevereiro o 5.º Encontro Nacional de EngenhariaMecânica, que decorreu na Pousada deSanta Marinha, em Guimarães, e foisubordinado ao tema “Energia eTransportes”.O evento contou com 80 participantesprovenientes de empresas do sector daenergia e transportes, de universidadese institutos de investigação edesenvolvimento, e contou, na sessãode abertura, com a presença dopresidente do Conselho Directivo daRegião Norte da Ordem dosEngenheiros, Gerardo Saraiva deMenezes, da vereadora da Cultura eEducação da Câmara Municipal de

Guimarães, Francisca Abreu, dopresidente do Colégio de Mecânica,Manuel Gameiro da Silva, docoordenador do Colégio de Mecânicada Região Norte, Carlos Neves, e dodelegado distrital de Braga, LuísMachado Macedo.Foram realizadas 35 apresentações, 18na área da energia e 17 na área dostransportes, sendo cinco delasplenárias e que se intitularam:

1. Gaseificação de resíduos e suaconversão energética;2. Produção de energia a partir deresíduos: perspectivas e potencial naregião Norte;3. Mobilidade sustentável;4. Inovações tecnológicas no transportemarítimo;5. A utilização da biomassa em Portugal:optimização do recurso.

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info Página 25VIDA ASSOCIATIVA

Os temas discutidos e a qualidade dasapresentações despertaram grandeinteresse em todos os participantes, quetiveram assim a oportunidade de,durante dois dias passados num localextremamente agradável, discutir osavanços técnicos e científicos,perspectivar o futuro, bem como asexperiências profissionais concretas nosdomínios da energia e dos transportes.No final do jantar deste encontro foirealizada uma apresentação, peloengenheiro Rui Pinho, acerca da crise naindústria automóvel mundial, queoriginou discussões bastanteinteressantes.Para além das sessões de apresentaçãode comunicações, realizaram-se aindaduas visitas de estudo. A primeira no diaanterior ao encontro (dia 12) à Amtrol--Alfa (produtora de garrafas de gás) e aoutra na tarde do dia 14, à Vimasol,onde foi possível acompanhar todas asfases de produção de pellets de madeira.Finalmente de realçar o apoiofundamental para o sucesso destainiciativa do nosso patrocinadorCaetano Auto e dos apoiantesCaetanoBus, INEGI e CâmaraMunicipal de Guimarães.

Engenheiro Jorge Lino

Segurança na construção civil

Há 14 anos que o sector da construçãocivil espera que seja aprovada alegislação relativa à coordenação desegurança em obra para podercombater a desregulamentação domercado e os acidentes de trabalho.Apressar a aprovação destas normas é,por isso, um dos principais objectivosda Ordem dos Engenheiros da RegiãoNorte (OERN) para este ano.

O primeiro passo nesse sentido já foidado com a realização, em Janeiro, doseminário “Segurança na ConstruçãoCivil”, promovido em parceria com oInstituto de Soldadura e Qualidade(ISQ), no Porto.É que a legislação actual é “dispersa,descoordenada e contraditória”, acusaFernando de Almeida Santos,lamentando que a ausência deferramentas e metodologias contribuapara o “descrédito do sector daconstrução civil”, que, diz ainda osecretário do Conselho Directivo daOERN, afecta, sobretudo, a imagemdos engenheiros. Por isso, Fernando de AlmeidaSantos defende que quer acoordenação quer os planos desegurança sejam feitosexclusivamente por “pessoas comhabilitações académicas, experiênciaprofissional e formação específica naárea da construção”, isto é,engenheiros civis, engenheirostécnicos civis e arquitectos. Jorge Araújo, do Centro de Formaçãodo ISQ, não podia estar mais deacordo e aponta a necessidade dehaver “coordenadores de segurançacom formação adequada”. Aliás,acrescenta ainda, “todos osintervenientes da obra deviam terformação”, até porque a formação é

“fundamental para a construção de umpilar de segurança nas obras”. Contudo, se não houver “vontadepolítica”, a legislação continuará nagaveta, acredita Ricardo da CunhaReis, ao mesmo tempo que alerta parao facto de, neste momento, “qualquerpessoa, de qualquer profissão,” poderser responsável pela coordenação desegurança de projecto ou obra. Umasituação “preocupante” que, afirma ocoordenador adjunto da especializaçãoem segurança na construção da OE,pode ajudar a fazer “disparar osnúmeros da sinistralidade”. Se, poroutro lado, “conseguirmos regular omercado, faremos com que o nívelqualitativo dos coordenadores desegurança seja mais elevado e que osíndices de sinistralidade desçam”,acrescenta ainda.A falta de formação académica na áreada segurança é uma preocupação detodos os que participaram doseminário, inclusivamente das própriasempresas de construção civil, atéporque, como alertou SebastiãoGaiolas, da Edifer, as “pessoas menospreparadas para trabalhar naconstrução civil estão mais sujeitas ariscos”. O director de desenvolvimentoorganizacional de um dos maioresgrupos construtores portuguesesreconhece que cumprir a legislação é

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infoPágina 26 VIDA ASSOCIATIVA

um desafio que as empresas deconstrução civil têm de conseguirenfrentar nos próximos anos.José Carpinteiro Dacal, representantedo grupo espanhol S. Jose, mostra-semais optimista, até porque asconstrutoras do país vizinho já sãoobrigadas a ter um plano de prevençãode riscos laborais e a administrarformação a vários níveis aos seusfuncionários. Uma realidade de quePortugal está ainda muito longe. Por enquanto, é preciso saber quempode ser o responsável pela segurançae que tipo de formação deve ter. Algoque só a nova legislação – que,assegura a Ordem dos Engenheiros, “jáestá pronta há muito” – pode resolver.

Delegação de Vila Realpromove mais um“Café na Ordem”

A delegação distrital de Vila Real daOrdem dos Engenheiros realizou, a 13de Fevereiro, mais uma edição do“Café na Ordem” com o seguinteprograma: ITED – Infra-estruturas deTelecomunicações em Edifícios;ITUR – Infra-estruturas deTelecomunicações em Urbanizações;Projectos Eléctricos e o Decreto-Lei101/2007, de 2 de Abril.Nesta sessão foi abordada a propostade alteração do Decreto-Lei 59/2000,de 19 de Abril (ITED), elaborada pelogrupo de trabalho constituído pelosengenheiros Laxmiprasad Varajidas,Luís Manuel Montenegro de AraújoPizarro e António José Vilas BoasRibeiro. Uma proposta aprovada peloColégio de Engenharia Electrotécnicada Ordem dos Engenheiros (OE) eentregue na Autoridade Nacional de

Comunicações, aguardando-se umaresposta desta instituição acerca daproposta da OE.Uma questão que normalmente oscolegas colocam em relação ao novodecreto sobre as ITED prende-se comas qualificações exigidas para osprojectistas, pois na actual legislaçãodas ITED quase qualquer um pode sê-lo, tendo levado a que a qualidade dosprojectos e das obras tenha chegado asituações muitas vezes sem solução.Reconheceu-se a necessidade de queníveis diferenciados de competências,para actos praticados nas ITED e nasITUR, sejam compatíveis com os níveisde intervenção diferenciados.O actual estado das tecnologias dastelecomunicações está de tal formaavançado que só profissionaisaltamente qualificados deverão realizare assumir a responsabilidade por actoscomplexos, pois só estes podemgarantir a qualidade da concepção dasITED, a garantia da segurança depessoas e de bens e a defesa dointeresse público.Foi também discutida a necessidadeda elaboração de um regulamento paraos projectos de telecomunicações em

urbanizações (ITUR), devendo esteconstituir um regulamento distinto dodas ITED, visto tratarem-se de tipos de infra-estruturas de concepção eimplementação diferentes, podendoassim esta questão ser tratada deforma similar ao que acontece com osprojectos de infra-estruturas deelectricidade.Foi analisada a portaria 701H/2008,com especial relevância do Artigo 11 – “Categorias de Obras” –, no qual asITED e as ITUR estão incluídas. Estasem determinados graus decomplexidade são classificadas comoobras de Categoria IV.Foi abordada e debatida uma propostade alteração do Decreto-Lei 101/2007,de 2 de Abril, de modo a tornarobrigatórios os projectos deelectricidade para qualquer nível depotência. Esta intenção, sendo umadas preocupações e anseios doscolegas do Colégio de Electrotecnia,será posta em prática pela formaçãode um grupo de trabalho.Estes encontros, que serão realizadosem mais pontos do país, têm paratodos os colegas do Colégio deElectrotecnia uma enorme

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info Página 27VIDA ASSOCIATIVA

importância, já que têm uma influênciadirecta no exercício da sua actividadeprofissional, nos actos de Engenharia,na defesa do interesse público e nasegurança de pessoas e de bens.

Luís PizarroDelegado distrital de Vila Real

Segurança ContraIncêndios em Edifíciose Recintos

A delegação distrital de Vila Real daOrdem dos Engenheiros realizou, a 2 deFevereiro, mais uma edição do “Café naOrdem” sobre o tema: SCIE – Segurança Contra Incêndios emEdifícios e Recintos.Esta sessão foi uma primeiraabordagem acerca do Decreto-Lei220/2008, de 12 de Novembro ePortaria 1532/2008, de 29 de Dezembro,tendo como oradores o engenheiroCarlos Silva (comandante distrital deVila Real da Autoridade Nacional daProtecção Civil) e o engenheiroFernando João (responsável pela análisede projectos do Comando Distrital deOperações de Socorro de Vila Real).Este tema tem, em todos os colégios,uma enorme importância, pois temuma influência directa nodesenvolvimento do país e na defesa dointeresse público. Deste modoconsiderou-se pertinente a realizaçãodeste debate, o qual se insere no ciclo“Café na Ordem” que esta delegaçãodistrital tem vindo a realizar.O evento teve como programa umjantar seguido de apresentação edebate, que se realizou às 21 horas noauditório do Hotel Miracorgo,graciosamente cedido à Ordem dosEngenheiros.

O jantar e o debate tiveram cerca deoito dezenas de participantes, contandocom a presença do presidente doConselho Directivo da Região Norte,Gerardo Saraiva de Menezes.Este “Café na Ordem” teve o apoio daempresa Gunnebo, que distribuiuinteressante documentação aosparticipantes.O tema suscitou um animado debate,tendo sido colocadas diversas questões

e dúvidas acerca da nova legislação eregulamento. Os colegas presentesmostraram-se muito interessados emcolher mais informações acerca daSCIE e foram unânimes na necessidadeda realização urgente de uma formaçãocomplementar mais alargada sobreeste tema.

Luís PizarroDelegado distrital de Vila Real

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infoPágina 28 ENGENHARIA NO MUNDO

Novo serviço da Microsoft comtecnologia portuguesa

Durante o Mobile World Congress, quedecorreu em Barcelona no mês deFevereiro, um dos projectosapresentados pelo presidente daMicrosoft Corporation, Steve Ballmer,foi o My Phone. Desenvolvido de raiz,em Portugal, pelo Centro deInvestigação e Desenvolvimento emtecnologias móveis da Microsoft, emBraga, o My Phone é um novo serviçogratuito que permitirá aos utilizadoresde telemóveis Windows um acesso on--line aos dados do telefone. Trata-se,assim, de uma forma muito simples deaceder, gerir e restaurar a informaçãopessoal contida nos telefones a partir deum portal Web. A empresa portuguesa MobiComp é aautora da plataforma de sincronizaçãoentre o PC e o telemóvel, tecnológicanacional que desenvolveu o My Phone,

em 2004. Baptizada, na altura, com onome de MobileKeeper, esta ferramentafoi sobejamente reconhecida pelo sectorno Médio Oriente, tendo mesmoatingido uma posição cimeira nomercado. Factor que reforçou ointeresse da Microsoft na compra daMobiComp e levou a fabricante norte-americana a adquirir a empresa deBraga no ano passado. Segundo umcomunicado da gigante da informática,“este investimento realça a importânciado segmento das comunicações móveispara a Microsoft, cujo negócio desoftware para telemóveis cresce 30%por ano em Portugal”. Incluído no sistema operativo dosdispositivos, esta nova ferramenta vaipermitir a sincronização deinformação crítica, como mensagensde texto, fotografias, contactos outarefas, entre o telefone móvel dosutilizadores e um sítio Web protegido,alojado na própria página daMicrosoft. Uma vez sincronizada ainformação, o utilizador poderá fazer agestão, a recuperação ou ainda fazer

cópias de segurança, back-up, dainformação contida no telemóvel. O My Phone permite uma fácilutilização do portal Web, onde osutilizadores podem, além de aceder egerir os conteúdos no telefone, partilharinformação com outros utilizadores. O novo serviço My Phone deverá estardisponível no segundo semestre desteano e será imediatamente distribuído,apenas em versão beta, para telefonesmóveis com versão 6.0, 6.1 e 6.5 dosistema operativo Windows Mobile.Poderá ainda aceder-se à versão beta doMy Phone a partir dewww.windowsmobile.com/myphone. Entretanto, a Microsoft encontra-se aestudar a disponibilização do novoserviço noutros sistemas operativos.Do conjunto de novidades tecnológicasda Microsoft, anunciadas pelo seupresidente durante a maior feira domundo de tecnologia móvel, ficou aindaa saber-se que o sistema operativo dacompanhia irá deixar de se chamarMobile e passará a ser comercializadosob a designação de Windows Phone.

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info Página 29PERFIL JOVEM

Melhor Estágio de Engenharia Civil 2008

Cristina Maria Monteiro dos Santos foi a vencedora do prémiode Melhor Estágio de 2008, na especialidade de EngenhariaCivil. Uma distinção pelo trabalho “Caracterização eOptimização dos Sistemas Prediais de Abastecimento de Águae Drenagem de Águas Residuais, baseada na Reutilização deÁgua”. Segundo a autora, este projecto teve como objectivo avalorização de três aspectos: a caracterização dos caudais deabastecimento e drenagem associados a diferentes tipos deedifícios, a caracterização dos sistemas de abastecimento edrenagem predial e o estudo de alternativas não convencionaispara a reutilização de água.Esmoriz, a cidade onde nasceu e reside Cristina Santos, de 25anos, apresenta há vários anos problemas relacionados com aerosão costeira (e consequente avanço do mar) e com adegradação ambiental da Barrinha de Esmoriz, uma lagoa cujarecuperação tarda em chegar. Estas questões influenciaramCristina na escolha da sua profissão: “De facto, os problemasdo litoral da minha cidade acabaram por me influenciar naescolha da Engenharia e principalmente na opção pelahidráulica como área de especialização no último ano docurso”, refere.Licenciada na Faculdade de Engenharia da Universidade doPorto (FEUP), Cristina Santos trabalha actualmente naSOPSEC – Sociedade de Prestação de Serviços de EngenhariaCivil, SA. A mesma empresa onde fez o estágio. Resumidamente, “os trabalhos desenvolvidos no âmbito desteestágio contemplaram soluções tradicionais de instalações deequipamentos hidráulicos, adaptadas para incorporar sistemasmodernos de reutilização e aproveitamento de águas residuaisdomésticas e pluviais, bem como a validação económica dasopções apresentadas”, explica.Após ter concluído o estágio para a Ordem, a próxima meta dajovem engenheira é a conclusão do doutoramento emAmbiente Empresarial que iniciou na SOPSEC, SA, e na FEUP,com o tema “Optimização Ambiental do Uso de Água emEdifícios”. Mas nem só de projectos ligados à Engenharia vive Cristinaque em criança queria ser polícia, veterinária e oceanógrafa.Talvez por encontrar na leitura e nas viagens os seus principaishobbies, Cristina admite que hoje se não fosse engenheiramuito provavelmente teria enveredado pela área do turismo.Mas a Engenharia falou mais alto: “Pela vontade de ser parteactiva da evolução física dos espaços, pelos desafiosambientais tão falados hoje em dia e, principalmente, pela

diversidade de áreas de actuação que a profissão oferece”,justifica. A sustentabilidade, o seu lema de profissão, explica asatisfação da engenheira civil no activo: “Sinto-me integradanuma óptima equipa de profissionais que por diversosmotivos se apresentam como um modelo a seguir. Em termospessoais, gostaria de destacar a minha avó materna, como umexemplo para mim, pelo carinho, força e coragem que sempredemonstrou e que revejo também na minha mãe”. Outros factos ligados à sua vida particular demonstram bem asua determinação, uma característica dominante da suapersonalidade: “Em 2003 participei, durante dois meses, numamissão humanitária em Moçambique, pelo GASPorto – grupode acção social do Porto. Uma experiência sem dúvidafantástica, que me fez crescer muito enquanto pessoa. O gosto pelo trabalho em equipa é uma característica minhaque fui aperfeiçoando ao longo dos anos de voleibol quejoguei no Esmoriz G. C. e pela vivência na Tuna Feminina deEngenharia da FEUP”, conta.

Cristina Santos

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Agostinho Peixoto, consultor/especialista em Turismo

infoPágina 30 LAZER

No Centro de Portugal… pulsa o coração da raça

A água representa no Centro dePortugal um elemento unificador emodelar de paisagens e vivências,presentes na região da Ria de Aveiro,Coimbra, Viseu/Dão Lafões e CasteloBranco/Naturtejo. As baciashidrográficas do Mondego, do Vouga edo Tejo Internacional estabelecem umsingular caminho de água, desenhandoum território único. Património,gastronomia, vinhos, espaços naturais,termas, praias fluviais e marítimas,percursos pedestres, rotas turísticase/ou equipamentos culturais deprestígio caracterizam a diversidadesempre presente no Centro dePortugal. Território dinâmico e diverso,onde a tradição se alia a umamodernidade com a implementaçãoefectiva dos mais recentes recursoscientíficos e tecnológicos. O Centro está renovado, desde Aguiarda Beira a Ovar, passando pelaFigueira da Foz, Alvaiázere e Mação,até à fronteira com Espanha, com osconcelhos de Idanha-a-Nova, e dePenamacor. São, por isso, inúmeros osmotivos para visitar o Centro dePortugal.Parta à descoberta de uma região ondea cultura, a natureza, o bem-estar, agastronomia, os vinhos, o turismonáutico, o sol, o mar, o golfe e osnegócios andam de braço dado com aarte de bem receber.Desde as serras ao patrimónioconstruído, passando pelas tradições,até à costa atlântica, são muitos osmotivos para visitar a região Centro. O Centro, com a sua característica maismarcante, que assenta na diversidadecultural a paisagística do seu território,

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info Página 31LAZER

proporciona uma quantidade infinita decenários de pura beleza, quer histórica,quer natural.A extensão do país e deste territórioem particular, aliada às condições demobilidade, proporcionam férias oucity-breaks em que a rota traçada ésempre diferente e mais surpreendentedo que a anterior.Pelo Centro de Portugal passaraminúmeras personalidades da nossahistória que nos transportam paraestórias da nossa infância. Pelo Centro de Portugal os rios e as

serras são os responsáveis pelas maisbelas paisagens de Portugal.Pelo Centro de Portugal a pureza daságuas deu alma a um conjunto deequipamentos termais e de spa quetem como objectivo proporcionar otratamento e o descanso do corpo eda mente. Por aqui saboreiam-seprodutos gastronómicos de qualidadee vinhos de excelência! Pelo Centro de Portugal mãos sábias earrojadas trabalham peças deartesanato, verdadeiramente únicas. É a diversidade em plena pujança!

Parta de mochila às costas edescubra, na região de Viseu, asserras do Caramulo, de Montemuro,da Freita e da Arada, que escondemum património cultural a paisagísticoinegável. Em Aveiro, a ReservaNatural das Dunas de São Jacintopropicia o bird-watching. A pé ou debicicleta observe as espécies destaimportante zona húmida ou,simplesmente, perca o rumo, caminhepela praia e contemple a beleza doextraordinário sistema dunar. Em Arganil, a Paisagem Protegida daSerra do Açor possui uma belezadeslumbrante.Parta à descoberta da Reserva NaturalParcial da Mata da Margaraça.Aventure-se e suba até ao cume daFraga da Pena. Vale bem o esforço.Continue a viagem e renda-se aoParque Natural do Tejo Internacional.São inúmeras as opções de rotas quepoderá usufruir na área do parque:Rota dos Fósseis, Rota das AldeiasHistóricas, Rota dos Abutres, Rota dosVeados, entre outras. Ao observar oMonumento Natural das Portas doRódão ou o Parque Iconológico dePenha Garcia, terá vontade que otempo pare e a viagem não acabe…O Centro de Portugal… espera por si.

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infoPágina 32 DISCIPLINA

1. FUNDAMENTAÇÃO:

Apreciando todos os elementos de prova constantes no processo, o Conselho Disciplinar da Região Norte da Ordem dosEngenheiros deu como provados os seguintes factos, com relevo para a decisão do processo:

a) Que o engenheiro arguido M elaborou a Memória Descritiva e Justificativa cuja cópia se encontra junta aos presentesautos.b) Que aquela Memória Descritiva e Justificativa é um documento técnico e, por conseguinte, se deve limitar à explanação deconsiderações de natureza técnica.c) Que o arguido M, na referida Memória Descritiva e Justificativa, teceu as seguintes considerações:

c.1. No 3.º parágrafo do ponto B – Antecedentes, escreveu: “Quando se esperava que os bons serviços da Câmara Municipalcontribuíssem para a solução de consenso proposta em 17 de Nov., ou, construtivamente, mediassem qualquer outra que,procurando restabelecer a aproximação entre as partes interessadas, acabasse por resolver o problema, procedeu ao contrário,ignorando aquela proposta e ameaçando uma das partes, a agora notificada, de tomar posse administrativa do muro para procederà respectiva demolição, isto é, parece poder concluir-se que, para os serviços da Câmara Municipal, o importante não é resolvero problema técnico de estabilidade, mas sim demolir o muro!!!”;c.2. No 4.º parágrafo, identifica o engenheiro A como a pessoa responsável por toda a situação, escrevendo: “Esta tese éaliás bem tratada e reforçada com o texto da informação de DDMD citada, com efeito, sem qualquer justificação técnicaqualificada, mas por simples acto premonitório ou de profissão de fé”;c.3. No ponto 2 daquela Memória Descritiva e Justificativa comentando o parecer técnico do engenheiro A, escreveu oseguinte: “Ora, tecnicamente não se pode deixar de classificar esta opinião redutora e elaborada à medida de uma daspartes, é que na actividade da construção civil existem muitas soluções para resolver o mesmo problema, sendo dever do técnicoprojectista, antes de atender a quaisquer outros interesses particulares, apurando dentre todas elas, aquela que garantindo a mesmaeficácia tenha menores custos sociais e/ou económicos.”;c.4. E escreveu ainda, na sua Memória Descritiva e Justificativa, o seguinte: “Mas, estranhamente ligeira e sem demonstrar arelação causa efeito, é a opinião do autor da informação quando comenta e classifica de inviável a solução de reforço do muroexistente, proposta pelos notificados em 12 de Abril, então não é que o argumento invocado, contrariando as leis maiselementares da física, conclui que «… se as terras geradoras dos impulsos sobre o muro forem retiradas o muro cai…»”;

d) Que o engenheiro arguido M e o engenheiro participado (e participante) A não têm quaisquer antecedentes disciplinares.

Nada mais resultou provado no julgamento feito pelo Conselho Disciplinar da Região Norte da Ordem dos Engenheiros,designadamente, não ficou provado que o engenheiro participante e participado A tenha utilizado expressões ofensivas emrelação à pessoa do engenheiro M, uma vez que não se vislumbram, nos documentos escritos pelo engenheiro A, quaisquerexpressões injuriosas ou deprimentes em relação à pessoa do engenheiro M. Relativamente ao processo apenso CDISN11/2007-A, é importante frisar que não está em causa a apreciação do trabalho desenvolvido pelo engenheiro A na CâmaraMunicipal onde exerce funções, que não cabe no presente processo e nem sequer competiria a este Conselho Disciplinar daRegião Norte da Ordem dos Engenheiros apreciar, mas sim a eventual violação de deveres deontológicos recíprocos entreengenheiros por parte do engenheiro A, violação essa que o Conselho Disciplinar entende não se ter verificado no caso emapreciação.

Acórdão do Conselho Disciplinar da Região Norteda Ordem dos Engenheiros – Síntese

Processos CDISN 11/2007 e CDISN 11/2007-A

Page 32: INFO nº18

info Página 33DISCIPLINA

Não está em causa no presente processo disciplinar se o engenheiro arguido M tem ou não tem razão na crítica técnica quedirigiu ao parecer do engenheiro A, que poderá até ser legítima e justa. O que está em causa é a forma utilizada para expressaressa sua crítica, na qual o engenheiro arguido incluiu as expressões acima transcritas e destacadas, que não podem deixar deser consideradas objectivamente ofensivas, pois são dirigidas à pessoa, e até mesmo à honorabilidade do engenheiro A, e nãoao seu trabalho técnico, não podendo por isso considerar-se serem críticas feitas com elevação, tal com preceitua a norma don.º 4 do artigo 89º do Estatuto da Ordem dos Engenheiros.

Por outro lado, as insinuações acerca de uma eventual falta de imparcialidade do engenheiro A no exercício de um cargopúblico em que tal imparcialidade lhe é legalmente exigida são afirmações subjectivas, que não devem constar de umdocumento técnico como uma Memória Descritiva e Justificativa de um projecto. Se efectivamente tinha tais suspeitas epretendia que as mesmas fossem averiguadas, o engenheiro M deveria ter participado o caso às entidades administrativas oujudiciais competentes para tal averiguação.

Os factos provados, referidos nas alíneas a), b) e c) da presente Fundamentação demonstram, portanto, que o engenheiroarguido M, ao utilizar as expressões que utilizou na sua Memoria Descritiva e Justificativa do projecto, infringiu com culpa anorma prevista no n.º 4 do artigo 89º do Estatuto da Ordem dos Engenheiros, que obriga os engenheiros a não prejudicar areputação profissional ou as actividades profissionais dos colegas, nem deixar que sejam menosprezados os seus trabalhos,apreciando-os, quando necessário, com elevação e sempre com salvaguarda da dignidade da classe. E o engenheiro arguidoM violou esta norma deontológica culposamente na medida em que sabia (ou tinha obrigação de saber) que estava a criticarum colega de profissão, utilizando expressões pessoalmente ofensivas e fazendo insinuações não concretizadas de umaalegada falta de imparcialidade desse colega no exercício de funções públicas.

2. DECISÃO:

2.1 - Em face da Fundamentação do presente Acórdão, que acima vem exposta e tendo em conta o grau de culpa do arguidoengenheiro M, a gravidade da infracção por ele praticada e as circunstâncias atenuantes, essencialmente resultantes dasreduzidas consequências dos factos e do arguido não ter antecedentes disciplinares, condena-se o arguido numa pena deadvertência, prevista na alínea a) do n.º 1 do Artigo 70º do Estatuto da Ordem dos Engenheiros, pela prática da infracçãodisciplinar acima descrita, consistente na violação culposa da norma deontológica prevista no n.º 4 do artigo 89º do Estatuto daOrdem dos Engenheiros.

2.2 - Relativamente ao processo apenso CDISN 11/2007-A, em face do que consta na Fundamentação a este respeito e umavez que aí se considera que o engenheiro participado A não violou culposamente qualquer dever deontológico recíproco entreengenheiros, designadamente, não violou a norma prevista no n.º 4 do artigo 89º do Estatuto da Ordem dos Engenheiros, nãose vislumbra que do prosseguimento do presente processo disciplinar e dentro do âmbito de averiguação que compete aoConselho Disciplinar da Região Norte da Ordem dos Engenheiros, possa resultar demonstrada a prática, pelo engenheiro A,de qualquer infracção disciplinar, pelo que se decide, ao abrigo do disposto no n.º 1 do artigo 30º do Regulamento Disciplinarda Ordem dos Engenheiros, o arquivamento do respectivo processo.

Page 33: INFO nº18

infoPágina 34 AGENDA

ENCONTROS, CONGRESSOS E SEMINÁRIOS OE

07 e 08 de MaioLocal: CCC das Caldas da RainhaOrganização: OE – Colégio Nacional de EngenhariaGeográficaCONFERÊNCIA NACIONAL DE CARTOGRAFIA E GEODESIA (CNCG 2009)

19 de JunhoLocal: PortoOrganização: OE – COLÉGIO NACIONAL DE ENGENHARIA DO AMBIENTEIII ENCONTRO NACIONAL DO COLÉGIO DE ENGENHARIA DO AMBIENTE – “Avaliação Ambiental Estratégica – uma nova dimensão naavaliação de efeitos ambientais”

ENCONTROS, CONGRESSOS E SEMINÁRIOS EXTERNOS

26 e 27 de Junho Local: Hotel Sheraton, PortoOrganização: INEGII INTERNATIONAL CONFERENCE ON BIODENTAL ENGINEERINGMais informações em: www.inegi.pt

21, 22 e 23 de Julho 2010Local: GuimarãesOrganização: Universidade do MinhoINTERNATIONAL CONFERENCE ON STRUCTURES AND ARCHITECTUREMais informações em: www.icsa2010.com

CURSOS DE ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL

09 e 16 MaioLocal: PortoOrganização: OERN

20 e 27 JunhoLocal: Vila RealOrganização: OERN

18 e 25 de JulhoLocal: Viana do CasteloOrganização: OERN

Inscrições através de www.oern.pt

Pin da Ordem dos Engenheiros – Região Norte à venda na sede

e nas delegações distritais por 5 euros

ERRATA:Por lapso tipográfico, no último número da info apareceu na p. 16 referido o professor José Teixeira como director do CEB,quando deveria ter sido listado o seu actual director, professor Manuel Mota. Pelo facto, apresentamos as nossas desculpas.