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INSTITUTO MAUÁ DE TECNOLOGIA 50 ANOS DE INOVAÇÃO A CAMINHO DA SUSTENTABILIDADE

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INSTITUTO MAUÁ DE TECNOLOGIA

50 ANOS DE INOVAÇÃO A CAMINHO DA SUSTENTABILIDADE

5 Instituto Mauá de Tecnologia – Um centro de excelência

6 Criação do Centro de Estudos de Tecnologias Sustentáveis do IMT Professor Roberto de Aguiar Peixoto, Pró-Reitor Acadêmico

7 A Mauá acelera porque o Brasil precisa Professor Otavio de Mattos Silvares, Reitor

8 Os serviços do IMT no Brasil globalizado Engenheiro Fábio Bordin, Superintendente

9 IMT – Uma contribuição de 50 anos Engenheiro Fernando Quartim Barbosa de Figueiredo, Presidente

10 IMT–50anosdepioneirismoeeficiência

•Umsonhotomaforma

•Trabalhandopelobemcomum

12 Sustentabilidade

•IMT–Liderandoatransformaçãoparao desenvolvimento sustentável

•ResponsabilidadeSocialnoIMT:cidadaniaativa

16 1ª Semana de Educação para a Sustentabilidade

•Programaeresumo

•Escolasdenegóciosesustentabilidade

•Tapeteparaacidadania

•Regulamentaçãopararuídoemrodovias

•Viveirodasárvores:desafioseoportunidades de um mundo novo

•PistadescendentedaRodoviadosImigrantes:referência para a engenharia nacional

23 Gestão Ambiental e Práticas de Sustentabilidade

•ComentáriossobreoprojetodeleiaprovadonaCâmarados DeputadosqueinstituiaPolíticaNacionaldeResíduosSólidos,pelos professores Mauro Silva Ruiz e Cláudia Echevenguá Teixeira

•Práticasdesustentabilidadeemempresascomorespostaaosdesafiosdagestãoambiental,pelosprofessoresMauroSilvaRuiz,RobertoDomenicoLajoloeAdrianaPonceCerântola

Sumário

Campus do Instituto Mauá de Tecnologia, em São Caetano do Sul, em 1973 e abaixo vista atual

Crédito: Wikimedia Commons

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O Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), fundado em 11 de dezembro de 1961, é umaentidadededireitoprivado(associaçãosemfinslucrativos)deutilidadepública,dedicadaaoensinoeàpesquisacientíficae tecnológica,visandoàformaçãoderecursoshumanosaltamentequalificadosquecontribuamparaodesenvolvimentodopaís.

O IMT mantém duas unidades: o Centro Universitário e o Centro de Pesquisas.

• O Centro Universitário do IMT (CEUN-IMT), que tem por missão o aprimo-ramentoeaatualizaçãodoensinoedapesquisanasáreascientíficas,dodesenvolvimento tecnológico e da gestão, atualmente oferece cursos de Administração, Design de Produto, Engenharia de Alimentos, Engenharia Civil, Engenharia de Controle e Automação, Engenharia Elétrica, Engenha-riaEletrônica,EngenhariaMecânica,EngenhariadeProdução,eEngenhariaQuímica,alémdoscursossuperioresdeTecnologiaemGestãoAmbientaleGestãodeTecnologiadaInformação.

• O Centro de Pesquisas (CP-IMT) foi criado em 1966, com foco na pesquisa técnico-científicaenaprestaçãode serviçosenodesenvolvimentode so-luções adequadasàsnecessidades específicasdas empresas.Comgruposde trabalho multidisciplinares, que incluem desde professores doutores até alunos estagiários dos cursos oferecidos pelo Centro Universitário, passando porexperientesprofissionaisdeváriasáreasdeatuação,oCentrodePes-quisas tem gerado soluções inovadoras e criativas para o desenvolvimento industrialdoBrasil.

Instituto Mauá deTecnologia Um centro de excelência

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Ao longodosúltimosanos,ospaísesbuscamcompatibilizar o desenvolvimento econômico--social com a proteção do clima. No cenáriobrasileiro, instituiu-se a Política Nacional deMudançasClimáticas–PNMCeoFundoNacio-nalsobreMudançadoClima.EmSãoPaulo,es-tabeleceu-seaPolíticaEstadualdeMudançasClimáticas–PEMC.Doladodomercado,opor-tunidades surgiram com a criação do Mercado de Carbono que estimula o desenvolvimento deprojetosdeMDL–MecanismodeDesenvol-vimentoLimpoeviabilizanegóciosambientais.

Considerando este cenário, a adoção de tecnologias de baixo impacto climático é imperativa nos diver-sos setores responsáveis por emissões de gases de efeito-estufa. No Instituto Mauá de Tecnologia,a criação de um Centro específico, neste campo,servirá como núcleo de convergência dos diversos trabalhos desenvolvidos por alunos e professores e como catalisador para a realização de novas ações naárea. Já contamos com inúmeros trabalhosdeconclusão de curso e de pós-graduação sobre a questãodasustentabilidade.

Além disso, o IMT atua intensamente no Programa dasNaçõesUnidasparaoMeioAmbiente (UNEP)para a implementação do Protocolo de Montreal e eliminaçãodeCFCseHCFCs,prejudiciaisà cama-da de ozônio. Participa, também, desde 1996 doComitê de Opções Técnicas em Refrigeração e Ar--Condicionado, o qual atualmente coordena. Em2009 e 2010, integrou, sob coordenação da CETESB, a elaboração do 1º Inventário de Emissões de Gases de Efeito-Estufa no Estado de São Paulo, sendo res-ponsável pela avaliação das emissões de CO2, CH4 eN2O,nossetoresdetransporterodoviárioeaéreo;dos CFCs, HCFCs e HFCs, utilizados em refrigeração e climatização, aerossóis e na produção de espu-masedePFCs,naproduçãodealumínio.

O momento é de grandes desafios e também degrandes oportunidades. A proposta do estabeleci-mento de um Centro de Tecnologias Sustentáveis no IMT, envolvendo o setor privado e outras instituições de ensino e pesquisa, visa dar apoio ao setor empre-sarial paulista para que consiga enfrentar a questão climática e permita dar repostas às exigências da legislaçãoedosacordosnacionaiseinternacionais.

O Centro avaliará as tecnologias existentes e co-mercialmentedisponíveis,identificaráoportunida-desdedesenvolvimentodeprojetosparaomerca-do de carbono, assim como desenvolverá estudos e pesquisasespecíficasde interessedo setor indus-trial/empresarial, promovendo a difusão e transfe-rência de práticas que garantam a competitividade no mundo da economia de baixo carbono ou eco-nomiaverde.

Professor Roberto de Aguiar PeixotoPró-Reitor Acadêmico do Centro Universitário do Instituto Mauá de Tecnologia

Roberto de Aguiar Peixoto é engenheiro naval, e mestre e doutor em Engenharia Mecânica. É membro indicado pelo gover-no brasileiro do Painel de Avaliação Tec-nológica e Econômica do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnu-ma) para implementação do Protocolo de Montreal, e do Comitê Editorial do Banco de Dados de Fatores de Emissão do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudan-ças Climáticas).

Criação do Centro de Estudos de Tecnologias Sustentáveis do IMT

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O Instituto Mauá de Tecnologia (IMT) está comemorando 50 anos. Em meio século deexistência,oIMTformoumaisde17milprofis-sionais na graduação e mais de 13 mil na pós--graduação, emdiversasáreas.Certamente, ainstituição continuará colaborando para a for-maçãoprofissionalnoBrasil,comsignificativaparticipação na história da educação nacional –comoofazdesdesuafundação,em1961.

Naépocadesuafundação,oEstadodeSãoPaulocontava com apenas seis escolas de Engenharia, muito pouco para suprir a demanda de um dos me-lhoresmomentoseconômicosbrasileiros,aeraJK,naqualodesafioeradesenvolver“50anosemcin-co”. Embaladopelo crescimentodopaís, o ensinosuperior decolou e foram abertos diversos cursos parainúmerosperfisestudantis.De1960até2009,onúmerodeinstituiçõesdeensinosuperiornopaíssaltoude260para2.314universidades,centrosuni-versitários e faculdades, públicas e privadas, e de dezmilformadosparamaisde820milformados.

Mashoje o país sente falta demãode obra qua-lificadaemdiversasáreas,entreasquaisadeEn-genharia, especialmente Engenharia Civil, além de setores comoode transportes, o automobilístico,e as indústrias e serviços de telecomunicações e energia, que demandam engenheiros mecânicos,eletricistas,deprodução,edeprofissionaisparaasindústriasdebaseemgeral.

Esta situação deriva de um retrato global da edu-caçãonopaís. Em2009, somente 14%dos jovensde 18 a 24 anos frequentavam cursos superiores no Brasil.Aqualidadedoquadrodocentetambémme-receumareflexãoconstantedetodososenvolvidosnaeducaçãobrasileira.Mesmomelhorandoacadaano, ainda são poucos os incentivos para bolsas e é incipienteofomentoàpesquisa.SegundooMinis-tério da Educação (MEC), o número de doutores que lecionamemuniversidadescresceu 16%em2010,emrelaçãoaoanoanterior,chegandoa27%doto-tal, sendo os demaismestres (36%), especialistas(29%)egraduados(8%).

Nosso país vive ummomento de discutir de for-ma realista e construtiva a qualidade da educação superior brasileira, pois somente assim seremos capazes de preparar grandes líderes e colaborarde forma efetiva para o crescimento econômico e socialdopaís.OInstitutoMauádeTecnologiaestáacelerando para reduzir estas carências, investindo na formação de seus alunos e na especialização de seusprofissionais,noestímuloagrandes ideiasena inovação tecnológica. A permanente atualiza-ção profissional é o principal desafio para todososengenheiros:seesperadeumengenheiroumaformação ampla e profunda nos fundamentos da ciênciaedatecnologia.

Professor Otavio de Mattos SilvaresReitor do Centro Universitário do Instituto Mauá de Tecnologia

Otavio de Mattos Silvares é engenheiro mecânico e livre docente pela Escola Po-litécnica da Universidade de São Paulo (USP), mestre e doutor em Engenharia Mecânica pelo Massachussets Institute of Tecnology (MIT), Estados Unidos, e bacha-rel em Direito pela Faculdade de Direito da USP.

O IMT acelera porque o Brasil precisa

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Desde sua fundação em 1961, o Instituto Mauá de Tecnologia coleciona sucessos graças à si-nérgica atuação de experientes engenheiros e de destacados professores do Centro de Pes-quisasedoCentroUniversitário.

Esses profissionais realizam em conjunto pesqui-sas técnico-científicas e desenvolvem a aplicaçãoadequada às necessidades específicas de clientesdo setor industrial em competências variadas para diversossetores,taiscomo:

• alimentos e bioquímica – serviços como desenvolvi-mento de novos produtos, otimização de produtos e processos de fabricação, assessoria na implanta-ção de unidades produtoras de alimentos, determi-nação de vida-de-prateleira, análise sensorial, im-plantação de boas práticas de produção, fabricação delotesexperimentais,sanificaçãoehigienizaçãoemlinhasdeprodução,pesquisabibliográfica,de-senvolvimentodeprojetoseotimizaçãodecustosde embalagem, balanceamento de linhas de enva-silhamento e treinamento in company;

• automação eletrônica, telecomunicações – serviços como pesquisa e desenvolvimento de aplicações de micro-ondas em processos industriais (como seca-gem,tratamentostérmicosereaçõesquímicasin-centivadas), novos materiais e novas tecnologias de processos produtivos, medições de irradiação e de interferência de campos eletromagnéticos, iso-laçãoeconstantedielétricademateriais;

• engenharia civil –adaptaçãodeprojetos,cálculosestruturais, métodos de execução de obras, mo-delagemeensaiosparacasosespecíficosdeapli-cação, pesquisa e desenvolvimento de utilização demateriaiseequipamentos;

• mecânica, metalografia, metrologia–projetosdemecanismos, ferramentas, dispositivos, instru-mentos e máquinas especiais, estudos, pesquisas, análises, ensaios e testes de materiais metálicos e nãometálicos,análises,testesouensaiosmecâni-cos,metalográficosoumetrológicos;

• química – tecnologia aplicada à pesquisa e desen-volvimento de termoplásticos, tintas e vernizes, ensaios e análises de inúmeros produtos e mate-riais, tais como microesferas de vidro, minérios, produtosmetalúrgicos,produtosquímicosindus-triais,revestimentosdepeças.

Estesserviçosjásãoprestadosàindústriabrasileirahá várias décadas, mas terão cada vez maior con-tribuição.ParaosmegaeventosCopadoMundode2014eOlimpíadasde2016 serãonecessáriospro-jetos, construções e instalações de grandes capa-cidadesparaatenderumgrandefluxodeusuárioscom um padrão de qualidade e de segurança inter-nacional.AEngenharia,comtodasassuasdiferen-tes especialidades, estará envolvida em aeroportos, estádios, sistemas de transportes, hospedagens, sistemasdevigilânciaesegurança,comunicações,sistemasviários,segurançapública,logísticaeser-viçosemgeral.

EoInstitutoMauádeTecnologiajáestátrabalhan-doparaoferecerprofissionaisqualificadoseservi-çosdealtonívelparaqueoBrasilpossamostraràcomunidade internacional porque é a sétima eco-nomiadomundo.

Engenheiro Fábio BordinSuperintendente de Planejamento e Desenvolvimento do Instituto Mauá de Tecnologia

Fábio Bordin é engenheiro mecânico pela Escola de Engenharia Mauá e adminis-trador de empresas e comércio exterior pelo Instituto Metodista, possui MBA em Gerenciamento de Facilidades e especia-lização em Gerenciamento de Empresas e Empreendimentos da Construção Civil pelo Programa de Educação Continuada da Poli da Universidade de São Paulo (Pece-USP) e MBA em Finance Trading pelo Instituto Mauá de Tecnologia.

O papel do IMT no Brasil globalizado

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Apósumperíododeestagnaçãoeconômica,se-guidoporoutrodecrescimentotímido,oBrasilvolta a crescer a partir de 2010, atraindo a aten-ção dos investidores estrangeiros e conquistan-doaconfiançadosbrasileirosedomundoparaa realização dos dois maiores eventos esporti-vosglobais–aCopadoMundoeasOlimpíadas.

Para o país responder adequadamente a essa ex-pectativa, muita coisa precisa ser feita, da infraes-trutura à educação e à geração de capital intelectu-aladequadoànovarealidade.OInstitutoMauádeTecnologia (IMT) está preparadopara esta tarefa.Na verdade, sempre esteve preparado, desde quefoicriado,em1961.

Esempreenfrentouevenceudesafios,emseus50anosde existência.Oprimeirodesafio, de caráterhistórico, foi transformar uma ideia de um punha-dodeengenheiroselíderesemalgoconcreto,real.As despesas iniciais para isso foram custeadas por subscrição a fundo perdido de diversos sócios do Instituto de Engenharia paulistano, doações de em-presas e da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp).Olocalparaseufuncionamentofoicedidopelogovernopaulista,nocentrodacapital,e1.139candidatosconcorreramàssuas320vagasiniciais.

Hoje,50anosdepois,oIMTéumcomplexodedicadoàformaçãotécnico-científica,comcapacidadepararecebercercade4.420alunosnoscursosdegradu-ação, oferecendo também vários cursos de pós-gra-duação lato sensu e stricto sensu.Éumdosprincipaispolos de ensino em tecnologia do Brasil, com desta-cadaeficiênciadeumcorpodocentede400profes-sores,dosquais60%sãomestresoudoutores.

O IMT vem se preparando para atuar neste novo Brasil, um mercado mais competitivo e que, em nosso entendimento de gestor, precisa se posicio-nar como uma instituição de alto valor acadêmico, formadaporprofessoresealunosdeníveisdiferen-ciados.Naverdade,apenasumretratodoquevemsendohá50anos.

Ocenárioédeumfuturopromissor.Eo IMTestáprontoparaele.

Engenheiro Fernando Quartim Barbosa de Figueiredo Presidente do Conselho Diretor do Instituto Mauá de Tecnologia

Fernando Quartim Barbosa de Figueiredo é engenheiro metalurgista formado na pri-meira turma de Engenharia da Escola de Engenharia Mauá, em 1966, com pós-gra-duação em Administração de Empresas na Fundação Getulio Vargas (FGV). Com expe-riência profissional em empresas privadas e públicas, foi vice-presidente da Eletropaulo.

IMT – Uma contribuição de 50 anos

Noiníciodosanos1960,oBrasilviviaumaacelera-dacorridaporsuamodernização,iniciadaporJus-celinoKubitschek,quegovernouopaís,de 1956a1961,comapromessadeavançar50anosemcinco.A abertura ao capital estrangeiro que esse presi-dentepromoveu,mesmomergulhandoopaísemdívidas externas, deu impulsoà sua industrializa-çãoeurbanização.

Naquela época, existiamapenas 24 escolas de En-genharia em todo o território nacional e suas vagas eraminsuficientesparaatenderademandadomer-cadoemexpansão.Emboraexistissempostosdetra-balho,milharesdejovensnãoconseguiamingressarnacarreiraporfaltadevagasnasfaculdades.Alémdisto,aindústriaautomobilística,recém-chegadaaoEstado de São Paulo, aumentou ainda mais a busca porprofissionaisqualificadosnaáreadetecnologia.

Atento a este quadro, o engenheiro Francisco Antu-nesousousonharoqueatéentãoeraumtabu:criaruma faculdade de engenharia privada, que se au-togerissesemdependerdeverbaspúblicas.Apoia-dopelocolegadeprofissãoVictorCarlosFillinger,Antunes organizou diversos encontros no Instituto de Engenharia da cidade de São Paulo, onde entu-siasmaramumgrupodeprofissionais, industriais,professoreseuniversitárioscomoseuplano.

Em apenas seis meses, o grupo se organizou para, em 11 de dezembro de 1961, criar o Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), como uma associação de uti-lidadepúblicae semfins lucrativos, eaEscoladeEngenharia Mauá (EEM) – a sexta do Estado de SãoPaulo.Asinstituiçõesforambatizadasemho-menagemaViscondedeMauá, o “empresáriodoImpério” e patrono dos engenheiros no Brasil, por ter iniciado a indústria náutica brasileira, em 1846, e uma série de outras, sendo o principal empreen-dedorbrasileirodoSéculo19.

INOVAÇÃO

Tempos pioneiros: turmas em aula (1969) e o campus (1972)

IMT – 50 anos de pioneirismo e eficiência

Um sonho toma formaApesar da formalização no papel, ainda havia muito porfazer.Oconselhodiretor,eleitoemAssembleia,trabalhou dia e noite, para, em poucos meses, se-lecionar e convidar os professores necessários para comporoquadrodaEEM.Emparalelo,umagran-de mobilização de pais e candidatos, por meio de telegramas diários ao Ministério da Educação, fez com que seu primeiro vestibular fosse autorizado jápara18deabrilde1962.Umaconquistainédita,uma vez que a autorização de um curso superior costumavalevaranosnaquelaépoca.

As despesas iniciais foram custeadas por subscri-ção a fundo perdido de diversos sócios do Instituto de Engenharia paulistano, doações de empresas e daFederaçãodasIndústriasdeSãoPaulo(Fiesp).Olocal para seu funcionamento foi cedido pelo go-vernopaulista,nocentrodacapital,e1.139candida-tosconcorreramàssuas320vagasiniciais.

Desde então, o IMT criou dois campi, ampliou seus cursos para as áreas de Administração e Design de Produto, e para pós-graduação e especialização em temas atuais como Finanças, Automação e, como não poderia faltar, Meio Ambiente e Sustentabilida-de.Tambémintegrouàssuasatividades,jáem1966,um Centro de Pesquisas (CP) que se destaca em aná-liseseserviços industriais, somando1.400projetosbem-sucedidosecentenasdeclientesatendidos.

Nocampus de São Caetano do Sul, conhecido como Cidade Tecnológica Mauá, 130 mil metros quadra-dos são ocupados com amplas instalações desti-nadas aos Centros de Pesquisas, de Vivência, deServiçosedeEstágios,entreoutros.OlocalagregatambémaEEM,comdiversoscursosdeEngenharia.Avançados laboratórios, ampla biblioteca informa-tizada e um complexo esportivo completam a infra-estruturaqueatraiestudantesdetodoopaís.

O campus na cidade de São Paulo, com 3,3 mil metros quadrados, abriga a Escola de Administração Mauá e o Centro de Cursos Extracurriculares em Engenharia e Administração (Cecea), a Associação de Ex-Alunos (Aexam) e a AdministraçãoMauá Jr, empresa dosalunosmantidaporseusprópriosserviços.

Ao todo, o complexo reconhecido como Centro Uni-versitário em 2000, recebe cerca de 4.420 alunosnos cursos de graduação, além de 150 nos cursos de pós-graduação lato sensu e 180 no stricto sensu. Éum dos principais polos de ensino em tecnologia do Brasileconsolidou,comdestacadaeficiênciadeumcorpodocentede400professores,dosquais60%sãomestresoudoutores,umaltoprestígioereno-mequebeneficiamtodosquealiseformam.

Trabalhando pelo bem comumNoInstitutoMauá,nãohásóciosdecapitaletodooganhoéreaplicadonaprópriainstituição.Assim,ela se atualiza constantemente com o que há de mais avançado em tecnologias e infraestrutura paraoensino.

Oespíritodecooperaçãoprevaleceali,comametade colocar a ciência, sua aplicação e inovações a ser-viçodaqualidadedevidaparatodos.EsteidealserefletetambémnoseuCentroAcadêmico,ondeosuniversitários tratam não apenas de suas questões estudantis, como também do bem-estar da popula-ção brasileira, com discussões sobre ética, respeito àsliberdadesedeveres,ejustiçasocial.Estaspreo-cupações se traduzem em campanhas de apoio ao terceiro setor, arrecadação de alimentos e doação de sangue, inclusive na recepção dos calouros com trotessolidários.

Há eventos que aproximam a comunidade da Ins-tituição, como o Ciclo de Seminários, a Semana do Empreendedor,aexposiçãoEurekacominovaçõescriadas por seus alunos, e a Semana de Educação para a Sustentabilidade, realizada pela primeira vez em2010.

Estes espaços permitem trocas ricas, onde estu-dantes entendem melhor os anseios da sociedade à qual servirão como profissionais e, ao mesmotempo, demonstram as habilidades desenvolvidas durante seu curso e se aproximam de corporações edesetoresdomercadoondedesejamtrabalhar.Visitasainstalaçõesindustriaisecorporaçõestam-bémestreitamesteslaços,regularmente.

Para que todos os benefícios oferecidos possamser democratizados, o IMT mantém um amplo pro-grama de bolsas para integrantes de uma mesma família,paramonitoresoupesquisadoresdeinicia-çãocientífica,pararesidentesemSãoCaetanodoSulemconjuntocomaPrefeituralocal,eaindaumcrédito educativo concedido pelo Fundo Mauá de Bolsas(FMB).

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Vista do campus de São Caetano do Sul, em 2010

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A Engenharia está na base da produção industrial e da utilização dos recursos naturais do planeta.Assim, este setor pode liderar a migração de um modelo desenvolvimentista a qualquer custo, para um desenvolvimento responsável e sustentável, considerando as necessidades das gerações atuais efuturas.

Atenta para a crise ambiental que tomou conta do globo, devido aos excessos humanos, o Instituto Mauá de Tecnologia (IMT) implantou, em 1998, um curso de pós-graduação em processos industriais com concentração em Energia e Meio Ambiente.Seu conselho diretivo estava ciente da necessidade deformarprofissionaiscapazesdelidarcomosde-safiosatuaiscomamáximainteligênciaeeficácia.

Esta preocupação se estendeu também ao seu cur-so de Administração, iniciado em 1996, no qual a formação passou a priorizar a visão sistêmica, apro-fundando a compreensão de como todas as áreas e ações humanas se entrelaçam, tanto entre si, como comasoutras formasdevidanaTerra.Defato,aEscola de Administração Mauá (EAM) foi a primeira escolasuperiordeAdministraçãonopaísaintrodu-zir a Teoria Geral de Sistemas como disciplina bási-ca de primeira série, de forma a dar embasamento teóricoàpercepçãosistêmica.

Naprática,oensinonaMauásedesenvolvecomaintegração interdisciplinar.Os seusalunos são le-vadosa absorver a visãode conjuntodo conheci-mento, aprimorando suas capacidades de liderança e inovação para lidar com situações cada vez mais complexas, considerando as necessidades huma-nasemconjuntocomosciclosvitaisdoar,daáguaedosnutrientesnaTerra.

O resultado disto pode ser conferido no grande número de trabalhos de conclusão de curso (TCCs) ligados ao tema da sustentabilidade, como um es-tudo para otimização na gestão de cooperativas de reciclagem, ou análises para utilização de um monotrilho como alternativa para o transporte metropolitano, ou a avaliação das propriedades do concreto estrutural elaborado com agregados reci-clados, ou ainda a idealizaçãodeumcondomíniohabitacionalsustentável,entremuitosoutros.

Oengajamentocomasustentabilidadepassaportodas as áreas de estudo e se percebe também nas turmasdeMBA(MastersBusinessAdministration).O resultado são negócios inovadores e ações práti-cas,comofoiaOperaçãoPapa-LâmpadasrealizadapeloIMTemconjuntocomaNaturalisBrasil,umaempresacriadacombaseemumtrabalhodefinaldecursoeaúnicanopaísapossuirunidadesmó-veisparaodescartedelâmpadasfluorescentesnoprópriolocalondeestãosendosubstituídas.

SUSTENTABILIDADE

IMT – Liderando a transformação para o desenvolvimento sustentável

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Ações internas e externasNaoperaçãorealizadanosdoiscampi,2.144lâmpa-das deste tipo – que contêm mercúrio em seu in-terior, um elemento nocivo ao sistema nervoso se inalado e ingerido – foram recolhidas e tiveram um descarte correto, mostrando que o compromisso com a sustentabilidade também se manifesta no própriofuncionamentodasunidadesdeensino.

Tanto as práticas como o ensino promovido pelo IMT, assim como as pesquisas realizadas pelo seu Centro de Pesquisas, seguem a premissa de que o desenvolvimentodevesersustentável.Aformaçãodadabusca associar os conhecimentos científicosaos talentos, criatividade e intuição para transcen-der os limites da técnica e da tecnologia, e respeitar avida,sobretudo.Maisqueprofissionais,oIMTvisaa preparar agentes de mudanças, com uma cultura geralquelhespermitaaanálisecríticadosproble-mas de gestão e das relações humanas, associada a uma visão clara das consequências sociais de seu trabalhonomundoglobalizado.

Estevalor,emconjuntocomorigorcientíficoapli-cado no ensino e nos serviços prestados pelo seu Centro de Pesquisas, rendeu ao Instituto responsa-bilidadesímparesnamigraçãodomodeloindustrialatualparaummaisinteligente.OCP,porexemplo,tem um longo histórico na criação e aprimoramen-todemotoresparausodecombustíveisalternati-vos.SeuslaboratóriossãocredenciadospeloInme-troe,desde junhode2010, tambémpelaAgênciaNacional do Petróleo,GásNatural e Biocombustí-veis(ANP).Destaforma,estãoformalmenteaptosa realizar pesquisa e desenvolvimento para a Petro-brás,condiçãoquepoucoscentrosatingem.

A qualidade de seus serviços também rendeu um convite do governo de São Paulo para que o IMT participasse de um pioneiro inventário de gases de efeito estufa de todo o Estado, primeiro estu-do desta abrangência no Brasil. O convênio coma Companhia de Tecnologia de Saneamento Am-biental (Cetesb) para este serviço, assinado em 2009, envolveu outras instituições para um le-vantamento das emissões estaduais, segundo os setores de energia, processos industriais, uso da terra, agropecuária e resíduos, de 1990 a 2008.Ao Instituto coube calcular as emissões de gases fluoradosegasesemitidospelosveículosdosetordetransportesrodoviárioeaéreo.Olevantamentomostrouqueesteúltimoéresponsávelpor25%a30%dasemissõesdeSãoPaulo.

Estediagnósticopermitiráumplanejamentoeficazparaanecessáriaredução.Todososdocumentoselevantamentos feitos pelas instituições participan-tes estão disponíveis para consulta pública e po-dem ser conferidos e receber contribuições no site

da Cetesb, na seção Mudanças Climáticas, sendo maisumelodoIMTcomascomunidadescientífi-casbrasileiraeinternacional.

O dinamismo e entusiasmo de seus estudantes – que se debruçam sobre finos detalhes como ainfluência da pressão dos pneus no consumo decombustívelatéáreas inovadorascomoageraçãode energia a partir das marés – estendem-se à sua direção, como demonstrou seu pró-reitor Roberto Peixoto, ao avaliar o inventário dos GEEs realizado paraSãoPaulo:“oEstadotemcaracterísticaspróxi-masàsdeumpaísemdesenvolvimentoe,porisso,tem todas as condições de caminhar para uma eco-nomiaverdeoudebaixocarbono”.

Oengajamentocomodesenvolvimentosustentá-vel está, aos poucos, contagiando todos os setores da economia nacional, e o Instituto Mauá de Tecno-logia pode se orgulhar de estar à frente, liderando essamudança.

Istosesentetambémjuntoàquelesquepassaramporsuassalasdeaula.“Nãotemosmaiscomofu-gir à responsabilidade de atuarmos, em nosso dia a dia – seja em nossa vida profissional, seja emnossa vida particular –, de forma consciente com relação às questões do meio ambiente”, declara RicardoVicaro,diretordaRLHigiene, formadoemEngenharia Metalúrgica pela Escola de Engenharia Mauá,em1981. “Comotodoengenheiro,gostoderesolverproblemas.OsanosdeestudantenaMauáproporcionaram-me, além da formação acadêmica, amadurecimento, desenvolvimento de espírito deliderança e segurança para enfrentar os desafiosque, inevitavelmente, sempre surgem ao longo da vidaprofissional”,concluiVicaro.

Laboratórios de motores credenciados pelo Inmetro e pela ANP

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Programa ProalfaPrograma de alfabetização de adultos desenvolvido emconjuntocomaPrefeituradeSãoCaetanodoSul. Iniciadoem1999,emdezanosoprogramajáalfabetizou3.970adultoscomaté90anosdeida-de, incluídos alunos surdos. O Proalfa contribuiuparaqueacidaderecebessedoMECo“SelodeMu-nicípio LivredoAnalfabetismo”, concedidoaos64municípiosde todoopaísqueapresentam índiceinferiora4%deanalfabetos.

Bolsas de estudo não restituíveis O IMT concede a alunos bolsas de estudo, integrais ouparciais,nãorestituíveis.Nosúltimostrêsanos,foram 16 bolsas integrais e 55 bolsas parciais (entre 30%e75%dovalortotal),paraáreasdeEngenha-ria, Administração, Design, Tecnologia e pós-gra-duação.

O IMT sabe que seu trabalho é preparar profissionais líderes capacitados para fazer as mudanças de que a so-ciedade precisa. Por isso, complementa suas atividades técnicas na área de sustentabilidade – como a oferta dos cursos de MBA em Gestão Ambiental e Práticas de Sustentabilidade, as atividades do Centro de Estudos de Tecnologias Sustentáveis e a organização de eventos como a Semana de Sustentabilidade – com ativida-des de cidadania corporativa que mantêm os corpos discente e docente em uma perspectiva humanitária, como as iniciativas destacadas a seguir.

SUSTENTABILIDADE

Responsabilidade Social no IMT: cidadania ativa

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Máquina de cortar garrafas PET EmparceriacomoInstitutoGEA-ÉticaeMeioAm-biente, em 2009, professores e alunos da área de projetomecânicodaEscoladeEngenhariaMauáde-senvolveramumamáquinaparacortarfiosdegarra-fasPETparaaconfecçãodevaraiscomfiostrança-dos.AmáquinadeveráserinstaladanaCooperativaCentral de Catadores e Catadoras de Materiais Re-cicláveisdoGrandeABC.Oprojetofoifinalizadoeaproduçãodoequipamentoestásendoviabilizada.

Mauá Cidadania O Programa Mauá Cidadania foi criado, em 2009, comoobjetivodecoordenarasatividadesdecunhosocialdesenvolvidasnoâmbitodoCentroUniversi-táriodoInstitutoMauádeTecnologia(CEUN-IMT).Dentre suas responsabilidades destacam-se o de-senvolvimentodeprojetosdecunhosocialamplo,a expansão da atuação do IMT, reafirmando osseus princípios de atuação, a contribuição para aaplicação de recursos tecnológicos modernos em comunidades e grupos portadores de necessidades específicas,eadepropiciarqueosalunosdoCEUN--IMT atuem no desenvolvimento de soluções para realidadessociaisdistintasdassuas.

Trote solidário 2011 IniciativadaáreadeProjetosSociaisdaEmpresaJú-niordo InstitutoMauádeTecnologia.Aediçãode2011tevecomotemao“TroteLiterário”:duranteaação, de 29 de fevereiro a 11 de março de 2011, cerca de 400 livros foram coletados, entre os calouros, ve-teranos e outros interessados, e depois doados para asbibliotecasdaorganização.

Bolsas não restituíveis Prefeitura de São Caetano do SulDentro do acordo de cessão do terreno para insta-lação do campus de São Caetano do Sul da então Escola de Engenharia Mauá, o IMT comprometeu--seaoutorgarbolsasdeestudonãorestituíveisaci-dadãosdomunicípio.Onúmerodebolsasequivalea2%donúmerodealunosmatriculadosnaEscoladeEngenharia.AsbolsasatribuídaspeloCEUN-IMTem2010beneficiaram231moradoresdacidade.

Fundo Mauá de Bolsas Desde o final da década de 1960, o IMTmantémumprogramaprópriodecréditoeducativo.OFun-do oferece bolsas restituíveis que permitem aosalunos necessitados o financiamento de algumasmensalidadesoudetodoocurso.Em2010,cercade140bolsasbeneficiaramcercade280alunos.

Selo social da ABMES O Selo Social da Associação Brasileira de Mante-nedoras de Ensino Superior (ABMES) visa ao reco-nhecimento das ações socialmente responsáveis desenvolvidas por instituições de ensino superior particularesde todooBrasil.Esteselose renovaacadaano.Em2010,arenovaçãodoSelodoCursodeAdministraçãoMauáfoiconquistadacomo“ProjetoAmigos da Mauá”, envolvendo os alunos do terceiro ano do curso de Administração que, com o apoio de docentes criaram um blog para uma organização não governamental e uma campanha para arreca-dardoaçõesparacomunidadescarentes.

Complementando suas atividades técnicas e de cidadania corporativa, o Instituto Mauá de Tecno-logia (IMT) realizou, nos dias 9, 10 e 11 de novem-bro de 2010, a 1ª Semana Mauá de Educação para a Sustentabilidade, no auditório do campus, em São CaetanodoSul.

O evento veio para consolidar a ligação do Instituto e de seus pesquisadores com a construção das mu-danças em direção ao desenvolvimento sustentável, umacausaqueoIMTabraçoudesdeofinaldosanos1990.Aolongodasúltimasdécadas,estetemapas-sou a integrar o conteúdo de várias disciplinas nos cursos de Engenharia e no de Administração, assim como nos de pós-graduação. Além disto, transfor-mou-se no foco de inúmeros trabalhos de conclusão de curso ou de encontros promovidos pelo Instituto eseusalunos,comoodebate“Sustentabilidade:Na-turezaeEconomiaLadoaLado”,realizadodurantea7ªSemanadeEngenharia,em2008.

Finalmente, em 2010, chegou a hora de dar-lhe um espaço dedicado na agenda do Centro Universi-tário.Assim, seusalunos,professoresepesquisa-dores puderam se reunir com empresários e lide-ranças especializados, para rica troca de ideias e tecnologias.Durantetrêsdias,maisde900partici-pantes desfrutaram de cinco painéis, abrangendo temas que aliam a responsabilidade socioambien-tal com a agenda empresarial e as ações cotidianas de todos nós, alémde dois cine-reflexão, comosdocumentários Zugzwang, sobre matrizes limpas, e A Sea Change, sobreaacidificaçãodosoceanos,comapresençadeconvidadosderelevâncianacio-naleinternacional.

A Semana começou com auditório lotado, onde, apósasboas-vindasdoreitorDr.OtaviodeMattosSilvares, foi avaliada a atuação das operadoras de rodovias em relação à sustentabilidade, com pales-trasderepresentantesdasempresasOHL,ABCReEcorodovias, mediadas pela professora Cássia Assis eojornalistaambientalVilmarBerna.

O painel seguinte tratou da Agenda Empresarial para o Futuro Sustentável, com coordenação do professorCarlosAlveseexpositoresdaCPFLEner-gia,SerasaExperianeLGElectronicsBrasil.Ospre-sentes puderam participar com perguntas que ani-maram discussões mesmo durante o intervalo do café, após o qual falaram executivos do Banco do BrasiledoGrupoDelphi.

Oterceiropainelteveapresençadinâmicadosjor-nalistas Felipe Aragonez e Maria Zulmira de Souza, dos programas Ecoprático e Sustentáculos, que fa-laramsobreEstilosSustentáveisdeVidaeRespon-sabilidade Pessoal, despertando o público para o valordesuasprópriasatitudes.

Nasequência,umdebateaconteceuapósaexibi-ção do instigante documentário sobre matrizes limpas de energia, como a biomassa, Zugzwang ou Hora de se Mexer (Compulsão pelo Movimento, emalemão),quemostracomclarezaeobjetividadeporque a vida humana na Terra precisa que as pes-soasmudemsua formadeveroplaneta.Ovídeoempolgou ao fazer uma avaliação da história dos combustíveis alternativos e apresentar suas pers-pectivas,comimagensdoBrasiledeoutrospaísesdo mundo, como França, China, Inglaterra, Estados Unidos, Índia e Japão, entre outros. Estemomen-to foi liderado pelo jornalista Reinaldo Canto, daAgênciadeNotíciasSocioambientaisEnvolverde,eDutoSperry,roteiristaediretordofilme.

SUSTENTABILIDADE

1ª Semana de Educação para a Sustentabilidade

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Vilmar Berna, diretor da REBIA

JáoterceiroeúltimodiadoeventoabriucomexposiçõessobreReci-clagem,ReúsoePolíticadeResíduos,eapresençadasprincipaisasso-ciaçõesligadasaestesetor:Abipet,Abrelpe,Abividro,Abinee,InstitutoCRIS de Construções Sustentáveis, além de pesquisadores no campo de ecodesigndaMauá,eumarepresentantedaempresadetelefoniaVivo,dadoovolumede lixoeletrônicoqueestesetorgera.Osconvidadosconversaram sob a moderação do professor Antonio Cabral e do pró--reitorRobertoPeixoto.

Emseguida,ofocofoioFuturodosNovosNegócios:EmpreendimentosSocioambientais, partindo-se de uma palestra magna do publicitário PercivalCaropreso,quediscorreusobreComunicaçãoResponsável.Aintervençãomotivouperguntasereflexõesprofundas,mediadaspelosuperintendentedoIMT,FabioBordin.Nasegundapartedestepainel,uniram-se à discussão o engenheiro Marcos Barbosa, diretor da Águas ClarasViveiroFlorestal,eHiginoMartinsdeAquinoJr.,diretordoIns-titutoBrasileirodeFlorestas.Estesmostraramcomoreflorestamentoeaçõessociaispodemcaminharjuntos,emaliançasquebeneficiamtantoaspessoascomoomeioambiente.Nela,aempresaÁguasCla-rasViveiroFlorestalemprega,naproduçãodemudas,internosdopre-sídiodeTremembéquedesejamsereintegrarnasociedadepormeiodestaatividade.

Paraencerrar,osparticipantesassistiramatentosaofilmeA Sea Change (UmaMudançanosOceanos)queexpõeoaumentodaacidezoceânicaeocolapsoqueelaacarretanavidamarinha.Aquestão,retratadaporSvenHuseby,quecresceuemcomunidadespesqueirasdaNoruegaaoAlasca,rendeuaodocumentáriootítulodemelhorlonga-metragemdoXIFestivalInternacionaldeCinemaeVídeoAmbientaldeGoiás.Partici-paramdaexibiçãoedodebateojornalistaMatthewShirts,editordaRe-vistaNationalGeographic,eometeorologistaMarceloSchneider,chefedaseçãodePrevisãodoTempodo7ºDistritodoInstitutoNacionaldeMeteorologia(Disme-Inmet),emSãoPaulo.

O saldo foi bastante positivo e empolgou tanto o público como a sua própriaorganização.Osencontrosedebatesserviramcomopalcoparaa avaliação de questões atuais e de interesse dos engenheiros e dos gestoresdeempresas.Aintençãofoifornecerelementosparaacomu-nidaderefletirepriorizarostemasdasustentabilidadecomosquaisdesejatrabalhar,segundocritérioscomooimpactonasociedade,ain-terfacedostemascomaprofissãodeengenheiroseadministradores,e o potencial de contribuição da engenharia e da gestão para a solução deproblemasoureduçãodosimpactosaomeioambiente.

De acordo com Alberto Branco, coordenador do evento, o objetivoprincipal foi internalizar a discussão sobre sustentabilidade, aprovei-tando o interesse dos alunos por este tema, dadas as transformações globaisatuais.Foramenfatizadasasresponsabilidades individuaisecorporativas, além do papel da academia diante da missão de educar, ensinar, promover ações sobre o tema e disseminar o conhecimento dentroe forada instituição. “Entendoestas reuniõescomoumpro-cessodeeducaçãoeaprendizagem.Osconceitosdesustentabilidadeainda não estão devidamente compreendidos e inseridos como rotina navidadosbrasileiros,sejamempresas,governosousociedade.Poroutrolado,muitasatitudesvoluntáriascomeçamaaflorar,sinalizan-do para um caminho de mudanças necessárias e também de opor-tunidades,nos levandoaumfuturocomum,melhorepossívelparatodos”,disseBranco.

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ESCOLAS DE NEGÓCIOS E SUSTENTABILIDADE

Desde que o tema sustentabilidade entrou de vez na agenda dos negócios, tem crescido a procura por formação na área. A adaptação de currículos e metodologias às questões socioambientais é uma ten-dência irreversível para as escolas, de forma geral. Em pesquisa realizada pela Princeton Review, que elabora o ranking das 600 melhores universidades dos Estados Unidos, 63% dos estudantes declara-ram que o compromisso com a sustentabilidade influencia sua escolha por uma faculdade.

O Brasil segue a tendência global. As escolas de negócios deram início ao processo de adaptação de currículos ao criar áreas específicas para pesquisar novas metodologias e acompanhar a evolução dos debates relacionados ao desenvolvimento sustentável.

A partir dos conhecimentos reunidos nesses núcleos de pesquisa, as instituições de ensino têm desen-volvido programas de especialização nestas áreas. O desafio pedagógico hoje, portanto, é dissemi-nar os conceitos da sustentabilidade dentro de uma visão sistêmica – de modo transversal na grade curricular – adequando-os a um modelo educacional teórico e também prático, mas que possibilite a convergência e a convivência com modelos clássicos, ainda que aparentemente dissonantes. Assim sendo, podemos concluir que, para que haja “prosperidade econômica, qualidade ambiental e progres-so social”, é preciso haver “progresso educacional”. Este deverá ser, portanto, um importante mote de atuação e engajamento das instituições de ensino frente aos atuais paradigmas do desenvolvimento e desafios da educação

Apoiado nessas premissas e convicções, o Instituto Mauá de Tecnologia promoveu em novembro de 2010, a 1ª Semana Mauá de Educação para a Sustentabilidade, no auditório do campus, em São Caetano do Sul. Com o apoio institucional de cerca de 50 entidades e empresas públicas e privadas, esta inicia-tiva inédita promoveu o debate sobre diversos assuntos ambientais e sociais, focados no interesse e capacitação profissional dos alunos e do público presente.

De fato, como objetivo principal ao promover o evento, a intenção foi fornecer elementos para que este público-alvo pudesse refletir e selecionar os temas da sustentabilidade com os quais deseja trabalhar, tendo em vista que o profissional do futuro precisará ampliar sua visão, adquirir novas habilidades ad-ministrativas, gerenciais e humanas, a partir de uma visão holística e entendimento sistêmico destes novos processos de trabalho, mundo globalizado, contexto de vida moderna e desafios ambientais.

Alberto Galvão Branco, coordenador da 1ª Semana Mauá de Educação para a Sustentabilidade

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Organizadores e palestrantes do evento

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OHL BRASIL

Tapete para a cidadania

AOHLBrasiléumaempresadecapitalaberto,com40%dasaçõesnegociadasnaBovespae60%con-troladas pelo grupo espanhol OHL Concesiones –umdosdezmaioresdomundoemtransportes.OGrupo OHL Brasil possui nove concessionárias derodoviasnopaís – quatrono Estadode São Paulo(Autovias, Centrovias, Intervias eVianorte) e cincofederais (AutopistasFernãoDias,Fluminense,Lito-ral Sul, Planalto Sul e Régis Bittencourt) –, além de trêsempresasdeengenharia.Administra3.226qui-lômetros, interligando cinco Estados das regiões Sul eSudeste.Gera4.800empregosdiretosemaisde6.500indiretos.Somenteem2009,investiuR$800milhões nos trechos de suas concessões, por onde passamaproximadamente720milveículospordia.

Paraserviraosseususuários,oGrupoOHLBrasilco-locanasestradasumafrotade400veículosquefa-zem,emmédia,2.650atendimentospordia–cercadedoisporminuto,envolvendosocorromecânicoemédico, resgate de animais, combate a incêndios e inspeçãodetráfego24horaspordia.

Emcadaconcessionária, temdisponívelumtelefo-ne 0800 para atendimento, informações sobre as condições das estradas e do tráfego, rotas a seguir, reclamaçõesesugestões.Estesistemase integraaemails, mensagens via site, cartas e atendimento pessoal, somando mais de duas mil interações a cada dia,alémdaouvidoria.Concomitanteaessasativi-dades, as três empresas de engenharia e serviços da companhia–LatinaManutenção,LatinaSinalizaçãoe Paulista Infraestrutura – atuam na conservação e namelhoriadasrodoviasadministradaspeloGrupo.

SustentávelO desenvolvimento é fruto de seus cidadãos e a elessedestina.Por isso,devesersocialmente jus-to e ambientalmente correto. Desta forma, podecontribuir para a evolução da sociedade em todas assuasesferas.Paraatingirestepatamar,oGrupoOHLBrasillançamãodeumagestãoeficienteedeprogramas social e ambientalmente responsáveis nas áreas de educação, saúde, meio ambiente e cultura.Entreeles,opremiadoProjetoEscolaOHLBrasil, de educação para o trânsito, que mobili-za mais de 140 mil estudantes das redes públicas municipaiseestaduais, eprogramascomooVivaMotociclista,VivaCiclista,PassarelaVivaeVivaMo-torista – que oferecem check-up médico, avaliação emanutençãobásicadeveículos,palestraseoutrasatividades. As concessionárias paulistas doGrupoOHL promovem também jornadas dedicadas aoscaminhoneiros,denominadasVivaSaúde.

As concessionárias federais, por sua vez, trabalham conceitosdeeducaçãoambientalcomoVivaMeioAmbiente,dirigidoacriançaseadolescentes.Epro-gramasambientaiscomoreflorestamentos,produ-ção de mudas, doação de sementes, coleta seletiva delixoemonitoramentodefauna,floraerecursoshídricos.Do lado cultural, aOHLBrasil investenaarteenofolclorebrasileiros,emprojetoscomoare-vista Porta-Luvas, a manutenção da Orquestra Sin-fônica de Ribeirão Preto, o incentivo ao cinema bra-sileiro,àFeiradoLivrodeRibeirãoPreto,àproduçãoliterária e ao Festival Chorando Sem Parar, em São Carlos,entreoutros.

Ao ter a cultura, a saúde, a educação e o meio am-bienteemsuaspremissasbásicas,aOHLBrasilin-cluioserhumanoeseuambientenestapaisagem.Estende-seotapeteàcidadania.

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TIPO DE OCUPAÇÃO NOVAS VIAS* VIAS EXISTENTES*

I - Locais tais como instituições de saúde, hospitais, casas de saúde, asilos, creches, unidades básicas de saúde 55 60ou atividades equivalentes.

II - Áreas onde as leis de zoneamento estipulam uso preferencialde residências, sendo, para efeito desta regulamentação,permitidos comércio e serviços de atendimento local, sem 60 65contribuição significativa ao nível de ruído.

III - Locais com a presença de instituições de ensino como escolas, faculdades, universidades ou atividades equivalentes 63 68e demais locais que não se enquadram nos tipos I e II.

Para eventuais avaliações noturnas, o padrão correspondente será 5 dB(A) inferior aos estabelecidos. * Em dB(A) (decibéis)

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CONCESSIONÁRIAS DE RODOVIAS

Regulamentação para ruídos em rodovias

Oruídoemáreasvizinhasarodoviaséfontedein-cômodos para a população que nelas reside ou tra-balha.Contudo,talquestãopermaneceu,atérecen-temente,semumaregulamentaçãoespecífica.Paraesta tarefa, são necessárias regras e procedimentos exatos e alguns pontos devem ser considerados, como:nãoteraadministradora/operadoradarodo-viacontrolesobreasfontessonoras,ouseja,osveí-culosqueporalitrafegam;queexistemníveismáxi-mosdeatenuaçãosonoratecnicamentepossíveisdeserobtidos; eque, tampouco,háplanejamentonaocupaçãodeáreasvicinaisarodovias;entreoutros.

Cientedetaisfatores,aCâmaraAmbientaldaIndús-tria da Construção Civil da Cetesb criou um Grupo deTrabalho (GT)paradesenvolvernormaespecífi-caparaavaliaçãoderuídoemsistemaslinearesdetransporte.EsteGTfoiformadoporrepresentantesdos órgãos ambientais e do setor rodoviário e ferro-viário, no qual tanto a ABCR (Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias) quanto a Cetesb tive-ramimportantepapel.Desdeoiníciodostrabalhos,oobjetivoeraumanormaespecíficaparaarealidadebrasileira,dentrodamelhortécnicapossíveleque,aomesmotempo,fossedeaplicaçãoviável.

A norma deverá sanear os problemas decorrentes da utilização equivocada dos padrões da Resolução Conama1/90,quecontemplaparâmetrosparaasfontesfixas,utilizadaatéentão.AprópriaResolu-çãoConama1/90,emseuArtigoIV,determinaqueaemissãoderuídosemitidosporveículosautomo-toresdeveriasernormatizadapeloConselhoNacio-naldeTrânsito(Contran).Frenteaestasituação,a

Cetesb decidiu elaborar uma nova regulamentação, específica para sistemas viários: a DD-100/2009,oferecendomeiosparaumacorretaanálise.

Seguindo os trabalhos, a Cetesb determinou limites legais de ruído emáreas vizinhas a rodovias, bus-cando padrões realistas, viáveis de serem cumpridos e que, ao mesmo tempo, garantissem aos recepto-resconfortoacústico,nomínimo,similaraoexisten-teemáreasurbanas,conformequadroabaixo.

A nova regra prevê a gradativa adequação de, apro-ximadamente, metade dos pontos receptores vizi-nhos a rodovias existentes, submetidos às condi-çõesacústicasmaiscríticas.Jánasnovasrodovias,osprojetosdeverãogarantirquetodososrecepto-ressemantenhamemníveissonorossimilaresaosdemelhorescondiçõesderuídorodoviário.

Como resultado deste trabalho, o Estado de São Paulo conta, agora, com uma regulamentação que deverá garantir condições acústicas na vizinhan-çaderodovias,similaràdepaíseseuropeus,cujasnormas apresentam padrões de mesma ordem dos hojevigentesnoEstado.Resta,ainda,muitotraba-lho a ser desenvolvido, por parte das concessioná-rias e do Departamento de Estradas de Rodagem do Estado, na implantação desta nova regulamen-tação e, tão importante quanto isso, será estender estapropostaparaosdemaisEstadosbrasileiros.

Por Eduardo Murgel, consultor da ABCR

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A sustentabilidade é importante porque proporcio-na uma estrutura para que seres humanos vivam em prosperidade e harmonia com a natureza, ao invésdeàscustasdela.Tudooquetemimportân-ciaparaossereshumanosficasolapadooudiminu-ídopelosefeitosdadegradaçãoambiental.Nossaliberdade está correndo riscos. Um clima radical-mente alterado, desastres ambientais que podem criar milhões de refugiados por todo o planeta, mercadosfinanceirospassíveisdeproduzirperdasde riquezas súbitas e colossais, e uma luta global porrecursosescassos,capazdedeflagrarguerrasefomentar o autoritarismo, são prognósticos nada animadores.

Vivemosemummundoondeaglobalizaçãoéumfato.Masosefeitosde tantagentenoplanetaseconectando e competindo em mercados livres po-demserassustadores.Aelevaçãodoconsumopodedevoraravidaexistentenasflorestas,nosriosenosoceanosdeummodoquepodemodificaroclimaeapaisagemaumavelocidadesemprecedentes.E, quando se tem um mundo tão interconectado, ondecontaminaçõesfinanceiraspodemsealastrartão depressa, derrubando inúmeras economias de umasóvez,éóbvioquenossoobjetivomaiortemdeserumaglobalizaçãosustentada.

Ummundodefinidopelosvaloresdasustentabili-dadeéummundomaisseguro,maisjustoemaisestável politicamente.Ummundo demercados eambientessustentáveiséummundodeabundân-cia, que, por conseguinte, favorece a liberdade e a democracia.Asustentabilidadeprega,emtodosossentidos,naeconomiaounaecologia, sejaaondefor,que“mecomportareicomosefossepermane-cer aqui para sempre e serei responsável pelo que acontece”.Estamentalidadenosconduzaosvalo-res que nos conectam de forma profunda a outras pessoas e, como povo, às instituições, às comunida-deseaomeioambiente.Valorescomotransparên-cia, integridade, honestidade e responsabilidade compartilhada.Estamentalidadesemprenos levaa pensar no impacto que nossas ações terão em longoprazo.

A biodiversidade do planeta é uma biblioteca in-comparável e valiosa que temos queimado de for-masistemática, e sem ler todosos livros. Sóparaseterumanoçãodaimportânciadeseconhecere

explorar de forma sustentável a biodiversidade, a aspirina nasceu do estudo do salgueiro branco eu-ropeu, a cura da malária foi descoberta a partir de umarbusto,aartemísia,umasubstânciaquímicada saliva das sanguessugas, permitiu a produção de um solvente que impede a formação de coágu-lossanguíneos,duranteenopós-operatório.Éfun-damental que as pessoas e as empresas percebam ovalordadiversidadebiológica.

Asustentabilidadenãoéumeufemismo.Trata-seagora de conseguirmos encontrar meios de ques-tionar os modelos tidos como “riquezas”. Cabe àhumanidade criar um novo projeto de vida, poiso modo como temos vivido nos últimos anos não pode ser transferido para as futuras gerações, sob penadeasconsequênciasseremcatastróficas.

Estamos em um modelo mundial de desenvolvi-mento no qual os lucros dos excessos, em todas asáreas,sãoprivatizadoseosprejuízossãosocia-lizados.Debitamostudonoscartõesdecréditodasfuturas gerações. Só que a natureza não faz em-préstimosdeemergência.Éimprescindívelvermoso momento atual como uma oportunidade de nos reinventarmos, priorizando a vida e as conexões queamantêm.

Por Marcos Barbosa, diretor da Águas Claras Viveiro Florestal

ÁGUAS CLARAS VIVEIRO FLORESTAL

Viveiro das árvores: desafios e oportunidades de um mundo novo

Controle dos aspectos ambientais A construção da Pista Descendente da Rodovia dos Imigrantes (1998 a 2002) permitiu à Ecovias demonstrar, pública e mundialmente, sua missão ecológica.Aobra,porsuasinovaçõestecnológicase cuidados ambientais, normatizados no Plano de Gestão Ambiental Integrada (PGAI), foi considerada modelo de gestão em obras de infraestrutura pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), queapartirdaípassouaexigiromesmoníveldecontroleemtodososempreendimentosquefinan-ciaaoredordomundo.

Por esta razão, em todas as etapas dos estudos paraoprojetodeconstruçãodaSegundaPistadaRodovia dos Imigrantes – a cargo do Consórcio Imi-grantes, formado pelas construtoras CR Almeida e Impregilo –, a premissa ecológica teve fundamental importância,queserefletiunaadoçãodemedidaspreventivas inéditas em todo o mundo, usadas, principalmente,nasescavaçõesdostúneis.

Essasmedidas,aliadasaumcomplexoplanologísti-co para execução da obra, resultaram na redução, em 40vezes,daáreaafetadadeMataAtlântica,emcom-paração com a construção da primeira pista, na dé-cadade1970.Naquelaocasião,foramafetados1.600hectaresdafloresta,reduzidosa40hectaresagora.

Meio ambiente AconsciênciaambientaldaEcoviasjáestáexpres-sa no nome escolhido para designar a empresa responsável pela administração e operação do Sis-tema Anchieta-Imigrantes, complexo rodoviário que corta boa parte do Parque Estadual da Serra do Mar, expressiva reserva deMata Atlântica rema-nescentenoBrasil.

A Ecovias foi a primeira concessionária de rodovias domundoaobteroCertificadodeGestãoAmbien-tal ISO 14001 e dispensa especial atenção às ques-tões ambientais relativas à operação do Sistema Anchieta-Imigrantes. Para isto, estabeleceu umapolítica ambiental clara e desenvolve uma sériede ações de preservação do meio ambiente, como monitoramento da qualidade do ar, da água, e da faunaeflora.

AEcoviastambémrealizaumasériedeprojetoseações ambientais, entre eles, a coleta seletiva de lixo, a coleta de óleo usado de cozinha, a utilização de asfalto borracha (produzido pela Usina da Eco-vias a partir de pneus velhos) e a recuperação de áreasdegradadas.

Parceria com o Parque Estadual Serra do Mar Ocenárioquesepodeapreciarnocurtotrajetodeaproximadamente 70 quilômetros entre a capital paulista e a Baixada Santista é apenas uma parte do Parque Estadual da Serra do Mar, a maior porção contínua preservada deMata Atlântica do Brasil,com 315 mil hectares, que se estendem da divisa entreosEstadosdeSãoPauloeRiodeJaneiroatéacidadedeItariri,nolitoralSulpaulista.

Para preservar este patrimônio ecológico, a Eco-vias mantém parceria com o Parque, promovendo algumasações juntoaosusuáriosecomunidadesvizinhas:

•manutençãodaestradadeserviçoedosacessosaoParque,importanteparafiscalizaçãodapolíciaflorestal;

•campanhas de conscientização pormeio da se-mana do meio ambiente e da distribuição de ma-terialinformativo;

•mensagensdemarcandooslimitesdaáreadepre-servação, chamando a atenção dos usuários para a venda ilegal de animais silvestres, poluição de rios e mananciais, a retirada de plantas nativas e sobreosriscosdequeimadas;

•distribuiçãodesacosparalixodeveículosepan-fletoscomdicasdepreservaçãoambiental.

ECORODOVIAS

Pista descendente da Rodovia dos Imigrantes: referência para a engenharia nacional

Seanalisadopelaóticados resíduos industriais, oprojetodeleiemquestãopropõefazerusodeferra-mentas da ecologia industrial (avaliação de ciclo de vida, logística reversa, redução, reciclagem, reúso,remanufatura e ecodesign) como instrumentos de gestãopública. Estaabordagemé inovadorae re-presentaumgrandedesafio,demodoqueatrans-formação desse marco regulatório em lei poderá proporcionar futuramente um grande avanço na gestãoderesíduosnopaís.

A abordagem da gestão e do gerenciamento de resíduos vem, aos poucos, passando do controleno descarte para o controle durante todo o ciclo de vida, comvistasnão sóànãogeraçãode resí-duos e à qualidade ambiental dos processos, como tambémàofertadeprodutossustentáveis.Contu-do, para fechar este ciclo, são necessárias, além da abordagem técnica, estratégias de cunho econô-mico,socialepolítico.Dentrodaesferasocial,con-vém ressaltar a intrincada e particular relação que ocorrenoBrasilentreresíduos,responsabilidadeeinserção social, aspecto importante a ser conside-rado.Porexemplo,pode-secitarocasodaslatinhasdealumínio,fontederendaparainúmeroscatado-res, pessoas geralmente marginalizadas do merca-dodetrabalhoformal.

O desenvolvimento econômico brasileiro aconte-ceu de forma não uniforme entre os diversos Esta-doseatémesmoentremunicípios.Adistribuiçãogeográficadasdiversasatividadeseconômicasnopaíscrioudiferentesníveisdeculturarelacionadoscomagestãoderesíduos.É,portanto,fundamen-tal compreenderosdiferentesníveisdedesenvol-vimentoexistentesemâmbitoregionalparaqueafuturaPolíticaNacionaldeResíduosSólidospossaser executada considerando-se uma perspectiva de sustentabilidaderealistaparacadaregião.

Mauro Silva RuizCoordenador do MBA Gestão Ambiental e Práticas de Sustentabilidade do Instituto Mauá de Tecnologia Cláudia Echevenguá TeixeiraProfessora do MBA Gestão Ambiental e Práticas de Sustentabilidade do Instituto Mauá de Tecnologia

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GESTÃO AMBIENTAL E PRÁTICAS DE SUSTENTABILIDADE

Comentários sobre o projeto de lei aprovado na Câmara dos Deputados que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos

Agestãointegradadosresíduossólidos,considera-danoprojetodelei,vemsendoadotadaemalgunsmunicípiose setores industriais.Apartirdaapro-vação da lei, espera-se que a adoção possa ser am-pliada para a gestão no contexto das cadeias pro-dutivas.Estavisãoé importantenosdiversoselosde uma mesma cadeia produtiva, bem como na intersecçãoentrecadeiasdistintas.Nestaúltimasi-tuação, são ilustrativos os casos de reutilização, re-úso e reciclagem de embalagens, destaque especial maisumavezàslatinhasdealumínio,quecolocamo Brasil como o primeiro do ranking mundial da re-ciclagemdessetipoderesíduo.

As iniciativas de gestão integrada são práticas dis-seminadas em países da comunidade europeia,comonaAlemanha,etambémnoJapão.NoBrasil,acoleta,transporteedisposiçãodeváriosresíduosperigosos (Classe I) jásãoobjetode regulaçãoes-pecífica (por exemplo, as resoluções Conama 257,258 e 264), porém, nem todos os Estados dispõem de mecanismos de comando e controle para que a gestãodetodooprocessosejafeitadeformaefi-ciente.Alémdisso,nemtodososEstadoselabora-ramseusinventáriosderesíduossólidosindustriaisno contextodo inventárionacionaldeflagradohápelomenosumadécada(resoluçãoConama313).

No Brasil, as inovações em gestão por parte dasempresas – com a utilização de avaliação de ciclo de vida, ecodesign, reciclagem,etc.–,sãoaindatí-midas, pois se situam na esfera das grandes com-panhias e corporações localizadas em sua grande maiorianoeixoSul-Sudeste.Emsuma,como“situ-ação-problema”, observa-se que a realidade atual dagestãodosresíduossólidosnopaís,noâmbitodas cadeias produtivas geradoras de resíduos in-dustriais, muitos deles perigosos à saúde humana e ao meio ambiente, ainda prescinde de uma ges-tão integrada. Esta gestão deve enfocar aspectostécnicos, econômicos, sociais e ambientais, que, por sua vez, demandam uma abordagem que desça aoníveldoselosdascadeiasprodutivas,pormeioda aplicação de conceitos e ferramentas de gestão como avaliação de ciclo de vida, reciclagem, reúso, ecodesign,entreoutros.

Nessecontexto,éimportantelembrartambémque,setransformadoemlei,oprojetodeleiemquestãoterá interrelação com vários outros diplomas le-gais,quaissejam:aLeidosConsórciosPúblicos(Lei11.107/2005)eseuDecretoregulamentador;aLeidoSaneamentoBásico(Lei11.445/2007);aLeiqueins-tituiuaPolíticaNacionaldeRecursosHídricos(Lei9.433/1997);aPolíticaNacionaldeMeioAmbiente(Lei 6.938/1981); a Política Nacional de EducaçãoAmbiental(Lei9.795/1999);oEstatutodasCidades(Lei10.257/2001);bemcomoresoluçõesdoConamapertinentesaotema.

Em função dessas interrelações com outras leis, a regulamentação da futura lei certamente não será umatarefafácil.Acrescentem-seaissoasdiferen-ças culturais que têm efeito na forma como as pes-soas abordam o problema dos resíduos em nívelregional.Destaque-setambémanecessidadedeseconstruirtodoumaprendizado,emâmbitonacio-nal, no contexto de cadeias produtivas, para que as ferramentas de gestão preconizadas pelo projetodeleipossamserutilizadasdeformaefetivaeefi-cienteapósaaprovaçãodalei.

DECOMPOSIÇÃO DOS MATERIAIS

MATERIAL TEMPO DE DECOMPOSIÇÃO

Papel De 3 a 6 meses

Tecidos De 6 meses a 1 ano

Metal Mais de 100 anos

Alumínio Mais de 200 anos

Plástico Mais de 400 anos

Vidro Mais de 1000 anos

Fonte: “Manual de Educação - Consumo Sustentável” - MMA e IDEC.

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Mauro Silva Ruiz, Roberto Domenico Lajolo e Adriana Ponce CerântolaProfessores do MBA em Gestão Ambiental e Práticas de Sustentabilidade do Instituto Mauá de Tecnologia

GESTÃO AMBIENTAL E PRÁTICAS DE SUSTENTABILIDADE

Práticas de sustentabilidade em empresas como resposta aos desafios da gestão ambiental

Asempresasglobais jácompreenderamqueoen-frentamentodosdesafiosrelacionadoscomabuscapela sustentabilidade demanda a adoção de mode-los de gestão avançados e de modelos de negócios quepropiciemumdiálogoabertocomasociedade.Elas jásederamcontadeque,semumadefiniçãoclaradeestratégias,nãoserápossívelobterresulta-dos de curto prazo, nem a necessária sustentabili-dadedosseusnegóciosemmédioelongoprazos.Amovimentação de grandes empresas na criação de gerências de sustentabilidade e de inovação está re-lacionadaàspreocupaçõescomessesdesafios.

Dadaaimportânciadessatendência,estetextobus-ca dar publicidade a algumas práticas de sustenta-bilidade de empresas, que vêm sendo divulgadas comocasosexemplares,porém,deformaisolada.

Cabe destacar que desenvolvimento sustentável é a perspectiva do desenvolvimento que considera a utilização dos recursos naturais no presente, para a produção de bens e serviços e melhoria da qualida-de de vida da população, de forma equilibrada para não comprometer o uso desses recursos pelas gera-çõesfuturas.Issopressupõeaadoçãodeaçõesquecombatam os modelos de produção, os padrões de consumo e o estilo de vida da sociedade moderna, que geralmente resultam em intenso uso de recur-sosnaturaiseemdegradaçãoambiental.

O entendimento da amplitude desse conceito é im-portante,poisentreosdesafiosdahumanidadenoSéculo 21 destaca-se a necessidade de se construir alternativas de desenvolvimento social sustentável paraomeioambiente.Aoseincorporaressapreocu-pação, aborda-se a gestão ambiental num patamar que transcende os padrões tradicionais considerados naspolíticaspúblicasenasempresas.Nele,asques-tõessociais,econômicasepolíticasestãointimamen-te associadas às ambientais, criando um quadro de complexidadedegrandesdesafiosa seremenfren-tados.Énessecenárioqueiniciativaslocaisoriginais–sejamelasdeempresas,ONGs,gruposorganizadosde cidadãos e municipalidades – estão fazendo a di-ferençaemtododomundo.

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Váriasorganizaçõesnomundo,signatáriasdoPactoGlobal, têm reportado suas evidências de compro-metimentogradativocomaconservaçãoambiental.OPrincípio9dessePactotratadocompromissocoma inovação em tecnologias ambientalmente amigá-veis.Esteeoutrosfatorestêmlevadoalgumasem-presas a priorizar a inovação como uma abordagem estratégica da sustentabilidade, para diferenciação nummercadocadavezmaiscompetitivo.

ÉocasodaBraskem,quehádoisanos inaugurouaprimeiraplantadepolietileno“verde”,equeatu-almente vem vislumbrando negócios, enfatizando fontes de matérias-primas renováveis (por exem-plo,resinasvegetais)edefinindonovasestratégiasdepesquisasembiocombustíveis.

A Basf (Divisão de Tintas) vem reaproveitando de 120 a 150 toneladas por mês de PET (Politereftalato de etileno), adquirido de cooperativas de catadores de materiais recicláveis, como matéria-prima para aproduçãoderesinasalquídicas,utilizadasnafa-bricaçãodastintasSuvinil.

ATetra-Paktemsedestacadonocenárionacionale internacional por incentivar a coleta seletiva e investir na reciclagem de suas embalagens longa vida, com a inovação tecnológica em parceria com instituiçõesdepesquisaeadoçãodeumapolíticade desenvolvimento de recicladores, que compram matéria-prima de aproximadamente 500 coopera-tivasdecatadores.

ANaturaproduzsabonetescombaseemgorduravegetal com embalagens concebidas para serem biodegradáveis. A empresa também desenvol-veu um projeto para incentivar as consultoras arecolherem as embalagens dos produtos de seus clientes e as encaminharem às cooperativas de re-ciclagem. Para a redução das emissões de C02, aempresaintroduziuavendaderefisdosprodutos,reduzindo substancialmente a circulação de emba-lagensnomercado.

Empresas globais do ramo de cimento, como a Holcim, também vêm estabelecendo metas de sus-tentabilidade“casadas”comestratégiasdeinova-ção,paramelhoraraeficiênciaenergéticadeseusprocessos produtivos, aumentar o uso de combus-tíveis alternativos, reduzir emissões de gases deefeito estufa e prospectar novas tecnologias, in-cluindobiocombustíveis.

A Faber-Castell foi uma das primeiras empresas de produtosdeconsumoareceberacertificaçãoFSC,doForestStewardshipCouncil(ConselhodeMane-joFlorestal),noBrasil.Atualmente,aempresatem9.600hectares de florestas certificadas e exibe oselonalinhadeprodutosbatizadadeEcolápis.

ArededelojasCasasBahiadesenvolveuoprograma“AmigosdoPlaneta”,baseadonoconceitodos3Rs(redução, reutilização e reciclagem de materiais), que inclui ações de conscientização, mobilização eprojetosdeecoeficiênciaparaareduçãodocon-sumoderecursosnaturaiseenergiaelétrica.Comoresultado,jáencaminhoumaisde17miltoneladasde materiais para reciclagem, contribuindo para a não utilização de mais de 22 mil metros cúbicos de aterrossanitários.

Cabe destacar, também, que foram empresas bra-sileiras as vencedoras de seis categorias do prêmio Global Reporting Initiative (GRI), realizado a cada doisanos:BancodoBrasil,BancoBradesco,ValeeNaturaCosméticos.

Todas essas ações conjugadas demonstram quemesmoasempresasbrasileiras jáestão internali-zando a sustentabilidade como um importante di-ferencial para a manutenção e promoção dos seus negócios. Mais importante que isto é que essaspráticas possam servir de exemplo para que muitas outrasempresasseengajemnessemovimentoqueainda precisa ganhar amplitude e maior enverga-duraemâmbitoglobal.

ExpedienteEste relatório foi publicado em setembro de 2011 pelo Departamento de Marketing do Instituto Mauá de Tecnologia.

Idealização do projeto: Alberto Galvão Branco Conselho Editorial: Fábio Bordin e Ana Beatriz Grimaldi, do Instituto Mauá de Tecnologia, Alberto Galvão Branco, consultor, e Adalberto Wodianer Marcondes, da Agência EnvolverdeCoordenação-Geral: Adalberto Wodianer Marcondes, da Agência EnvolverdeConcepção e Edição Gráfica: Ruschel & Associados Marketing EcológicoEdição: Rogerio R. RuschelCriação e Diagramação: Rafael Boni RuschelRevisão: Nanci VieiraImagens: Banco de imagens do Instituto Mauá, Sxc.hu e Shutterstock Image Bank

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