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Interiorização da Indústria Sistema FIEB Ações -‐ 2012
Centro das Indústrias do Estado da Bahia (CIEB) / Superintendência de Desenvolvimento Industrial (SDI)
Julho de 2012
1
1 Contextualização
A política de atração de empresas industriais para a Bahia tem sido relativamente
bem-‐sucedida nas últimas décadas. Mesmo sem apresentar uma alteração significativa
no grau de concentração, historicamente apoiado em grandes empresas dos
segmentos petroquímico e de refino, novos negócios como a instalação de um
complexo automotivo, fábricas de pneus, de celulose, de calçados e de bebidas
possibilitaram ao Estado diversificar a matriz industrial, com a consequente
dinamização de toda a economia.
Não houve, no entanto, mudanças significativas na distribuição espacial da produção,
com a desejável industrialização das cidades do interior do Estado. Apenas a Região
Metropolitana de Salvador (RMS) e o Recôncavo Baiano respondem por 64,7% do
Valor Adicionado Bruto (VAB) industrial do Estado (PIB 2009 – IBGE). Em contraste, a
Região Oeste, que abrange 23 municípios e ocupa 20% do território baiano, responde
por aproximadamente 5% do PIB e 2,5% do Valor Adicionado Bruto da Indústria do
Estado.
A excessiva concentração econômica não é desejável e traz problemas complexos,
conhecidos como deseconomias de aglomeração. O elevado e desordenado
crescimento da cidade de Salvador, por exemplo, trouxe problemas graves quanto à
mobilidade urbana, reduzindo a produtividade do trabalho e aumentando os custos da
atividade empresarial. Aliam-‐se a isso condições precárias de moradia e a escalada de
violência, evidências da deterioração do tecido urbano da capital.
Reduzir o desenvolvimento assimétrico entre a RMS/Recôncavo e o interior é um dos
principais desafios para o crescimento sustentável da Bahia. É preciso proporcionar
condições para que as cidades de médio porte possam se desenvolver, aproveitando
suas potencialidades para criar riquezas e reduzir os fluxos migratórios para Salvador.
Neste contexto, o Sistema Federação das Indústrias do Estado da Bahia vê na
industrialização o caminho para o desenvolvimento sustentado do Estado. A
transformação industrial agrega valor e multiplica os negócios gerados em sua base
territorial. Para uma cidade do interior, esse efeito multiplicador é ainda maior em
comparação ao mesmo investimento em regiões já amplamente industrializadas.
2
Há oportunidades reais para a diversificação da cadeia produtiva industrial no interior
do Estado. Projetos em execução, como a Ferrovia de Integração Oeste-‐Leste e a
implantação do complexo Porto Sul, apontam para um reordenamento do crescimento
econômico, com espaços para alavancar investimentos desde o oeste baiano até o
litoral.
O notório crescimento das atividades agroindustriais no oeste e de mineração no
semiárido baiano, que conta com uma base mineral diversificada, gera enormes
oportunidades de desenvolvimento e elevação da renda, principalmente em caso de
beneficiamento local. Da mesma forma, embora com menor impacto econômico e
social, a geração eólica contribuirá para dinamizar a economia de alguns municípios do
semiárido baiano, até então pouco beneficiados pelo crescimento da economia baiana.
Na região sul do estado, o polo de informática de Ilhéus apresenta alternativas viáveis
para crescimento, agregação de valor e densificação da cadeia produtiva, assim como
as indústrias de vestuário e alimentos.
A interiorização da indústria em um estado com as dimensões da Bahia requer um
esforço conjunto, envolvendo o poder público (estado e municípios), empresários,
sindicatos e outras entidades representativas. O reconhecimento dos vetores de
crescimento regionais e setores industriais potenciais, assim como a infraestrutura
logística necessária, são fundamentais para adequar serviços de capacitação
empresarial, qualificação de mão de obra, ensino fundamental e a oferta de serviços
públicos qualificados.
O Sistema FIEB (FIEB, SENAI, SESI, IEL e CIEB) detém expertise no apoio às lideranças
empresariais, no estímulo ao associativismo, qualificação de pessoas, apoio
tecnológico, oferta de serviços de lazer e de saúde. Entretanto, as possibilidades de
desenvolvimento industrial demandam um conjunto maior de ações que exigem o
protagonismo de todas as instituições capazes de contribuir para a economia da Bahia.
Uma aliança entre governo, FIEB, sindicatos, lideranças industriais, segmentos civis
organizados e a população local potencializará os impactos das ações previstas a
seguir.
Interiorizar a produção, aproveitando as vantagens comparativas de cada região, é um
dos atalhos rumo a uma sociedade mais justa e equilibrada.
3
2 Atendimento atual – Sistema FIEB
O primeiro objetivo quando se aborda o tema interiorização é ampliar
significativamente o percentual de atendimento às empresas do interior. Em 2011,
foram atendidas pelos projetos e serviços do Sistema FIEB apenas 11% das
empresas/estabelecimentos industriais do interior1 do estado da Bahia.
Este percentual sobe para 34% quando os dados são analisados pela base do Guia
Industrial da FIEB (GUIA), em cuja versão 2011 constavam 3.383 empresas no interior
do Estado (ver quadro evolutivo de atendimento dos últimos 3 anos).
Fonte: SPM/GP
Outro desafio importante é aumentar a representatividade da indústria por meio do
estímulo ao associativismo, criando ou ampliando mecanismos para que as empresas
sejam encorajadas a participar dos sindicatos patronais do setor industrial.
O Sistema FIEB atua através da própria Federação ou do CIEB, mas o desempenho
pode ser considerado modesto. De acordo com dados da base SIGA/CNI, verifica-‐se
que apenas 5% das empresas do interior estão associadas ao Sistema FIEB. Existem
desafios a superar como a pouca atratividade decorrente da grande oferta de
organizações associativas (especialmente pela existência de associações mistas de
comércio e indústria em todos os principais municípios da Bahia) e a baixa percepção
por parte das empresas do valor gerado pelos benefícios proporcionados.
1 Considerando os dados do cadastro industrial de arrecadação SIGA/CNI. Neste programa, considera-‐se interior todos os municípios exceto aqueles que integram a Região Metropolitana de Salvador. Estabelecimento é um empreendimento com CNPJ próprio; assim, uma empresa pode ter vários estabelecimentos (a exemplo das empresas de Construção Civil).
16%
25%
34%
1905ral 1905ral 1905ral
4
A título ilustrativo, pesquisa realizada em 2009 no âmbito do Programa Cooperar
(SRI2/FIEB) aponta que apenas 16% das empresas não-‐sindicalizadas têm interesse em
se associar.
Dentro do Sistema FIEB, o CIEB se apresenta como um agente de grande potencial
para o associativismo empresarial e promoção do desenvolvimento regional no
interior do Estado. Por ter uma constituição flexível, que possibilita uma penetração
junto aos diversos setores produtivos, o CIEB pode ampliar o atendimento para
empresas ligadas à cadeia de valor da indústria e trabalhar com extensões territoriais
maiores.
Um programa integrado de interiorização deve oferecer uma infraestrutura de serviços
voltada para o fortalecimento da atividade empresarial, combinada com um sistema
de inteligência e ação de defesa de interesses, que possibilitem a competitividade
sistêmica da indústria.
Em síntese, as premissas de atuação podem ser apresentadas como segue:
• Atuação proativa para captura de assuntos que demandam defesa de
interesses;
• Articulação interna para atuação integrada e coordenada das instituições do
Sistema FIEB, orientadas às demandas das indústrias locais;
• Parceria com instituições locais de representação empresarial;
• Ênfase na mediação com os agentes públicos municipais, estaduais e federais; e
• Orientação das competências do Sistema FIEB para o fortalecimento do
associativismo (Sindicatos e CIEB).
2 Superintendência de Relações Institucionais.
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3 As Regiões Estratégicas
As regiões escolhidas para atuação do Sistema FIEB, no âmbito do Programa de
Interiorização, foram aquelas que atenderam ao menos dois dos seguintes critérios:
i. Densidade industrial (no. de empresas);
ii. Notório crescimento do PIB industrial em período recente;
iii. Ausência de uma estrutura de atendimento às indústrias da região.
Com base nos critérios estabelecidos, o Programa de Interiorização do Sistema FIEB já
contempla as regiões oeste (Barreiras e Luís Eduardo Magalhães) e sul (Ilhéus), que
integraram a fase piloto, está sendo implantado na região central (Feira de Santana) e,
em breve, estará no sudoeste e norte.
Cada uma destas regiões apresenta características e dinâmicas industriais próprias, o
que tem determinado diferentes desempenhos e taxas de crescimento do valor
adicionado da indústria ao longo do tempo. No gráfico abaixo, o crescimento da
indústria em três regiões selecionadas pode ser observado.
Fonte: IBGE (2009), elaboração FIEB/SDI
75
100
125
150
175
200
225
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Crescimento da Indústria: Bahia x Regiões Selecionadas (2002 -‐ 2009)(número índice: 2002 = 100)
Bahia Região Oeste Ilhéus Feira de Santana
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A indústria na região Oeste, ancorada na agroindústria, apresentou crescimento
vigoroso nos anos de 2003 e 2004, caindo abruptamente entre 2005-‐2006 por conta
das influências de câmbio e oscilação dos preços das commodities agrícolas no
período. Percebe-‐se uma trajetória de recuperação a partir de 2007.
A indústria de Ilhéus não tem apresentado evolução positiva. Os segmentos de
alimentos e, principalmente, o de informática têm enfrentado problemas de
competitividade e perdas de indústrias. O valor adicionado pela indústria registrou
queda acentuada entre os anos de 2006 a 2008, estabilizando-‐se em um patamar
baixo em 2009 (18% inferior ao nível de 2002).
A indústria da região de Feira de Santana destaca-‐se com um elevado crescimento,
impulsionado por sua localização estratégica e pelo aproveitamento eficaz das políticas
de incentivos dos governos estadual e federal, especialmente as da Sudene.
A Representatividade e o Atendimento de Serviços3 por parte da FIEB nas três regiões
atendidas ainda é baixa, conforme mostrado na tabela abaixo:
Indicadores Oeste Ilhéus Feira de Santana
Representatividade 12% 18% 16%
Atendimento de Serviços 6% 22% 21%
Fonte: SPM/GP/FIEB. Base de dados SIGA/CNI
O perfil sintético da situação socioeconômica de cada uma das regiões da fase piloto
está descrito a seguir.
3.1 A Economia da Região Oeste da Bahia
A região econômica Oeste da Bahia ocupa cerca de 20% do território baiano (114 mil
km2), abrangendo 23 municípios, com uma população total de 568 mil habitantes
(censo 2010).
3 Representatividade é medida pelo percentual de empresas associadas aos sindicatos e ao CIEB em relação ao total de empresas industriais em cada região. Já Atendimento de Serviços do Sistema FIEB é medido pelo percentual de empresas beneficiadas por alguma ação SESI/SENAI/IEL em relação ao número total de empresas em cada região.
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O PIB da Região alcançou R$ 7,3 bilhões em 2009 (5,3% do PIB estadual), enquanto o
PIB per capita atingiu R$ 12.661 (valor 35,2% superior à média estadual).
Os municípios mais importantes são: Barreiras, Luís Eduardo Magalhães e São
Desidério. Note-‐se na tabela abaixo que a população da Região corresponde a 4,1% do
total da Bahia.
No caso específico da indústria, a Região possui baixa representatividade no cenário
estadual, com uma participação relativa de apenas 2,5% do valor adicionado. O setor
agropecuário tem uma posição de destaque na Bahia, com uma participação superior a
25% do total gerado no estado. A economia da Região tem a seguinte distribuição
setorial: 34% agropecuária, 13% indústria e 53% serviços.
O grande vetor de crescimento da região é o setor agropecuário, notadamente as
culturas de soja, milho e algodão. Condições favoráveis de clima e solo, tecnologia
aplicada e organização empresarial eficiente promovem uma produção de grãos com
os mais altos índices de produtividade do País. Especificamente para a soja, superiores
aos verificados no maior produtor mundial, os Estados Unidos.
O Guia Industrial FIEB registra 101 empresas industriais instaladas em Barreiras,
empregando 2.785 trabalhadores. Há 23 segmentos industriais, destacando-‐se:
Produtos Alimentícios; Obras de Infraestrutura; Produtos de Metal e Produtos Têxteis.
Em Luís Eduardo Magalhães estão presentes 67 empresas industriais (que geram 2.240
Município População (1) PIB (em R$ milhões) (2)
Ranking em relação ao PIB (2)
PIB per capita (em R$) (2)
Indústria (em R$ milhões) (2)
Número de Empresas
industriais (3)
Número de Empregos
industriais (3)
Barreiras 137.428 1.693 14 12.285 266 101 2.785
Luís Eduardo Magalhães 60.179 1.888 11 36.274 420 67 2.240
São Desidério 27.692 981 21 35.657 32 16 630
Outros 343.023 1.981 - 7.006 139 47 882
Subtotal da região 568.322 6.544 - 12.661 886 249 6.537
Total da Bahia 14.016.906 137.075 - 9.365 34.821 6.466 368.537
Região Oeste/Bahia (%) 4,1 4,8 - 135,2 2,5 3,9 1,8
Fontes: (1) Censo IBGE 2010; (2) IBGE/SEI 2009 e (3) Guia Industrial FIEB, acesso em 26/07/2012. Elaboração FIEB/SDI
Indicadores Econômicos Selecionados da Região Oeste da Bahia
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postos de trabalho) em 18 segmentos industriais, com destaque para Produtos
Alimentícios, Produtos Químicos e Produtos de Metal. Já São Desidério apresenta 16
empresas industriais, empregando 630 trabalhadores, catalogados em 8 segmentos
industriais, com destaque para Produtos Têxteis, Eletricidade, Gás e outras Utilidades e
Extração de minerais não-‐metálicos.
Um grande potencial para a região está no maior desenvolvimento dos segmentos
industriais têxtil e de produtos alimentares. Embora a produção local de matérias-‐
primas desses segmentos apresente elevados padrões de competitividade, ambas as
cadeias produtivas precisam de uma política de verticalização encadeada ao
agronegócio local.
A produção local de algodão carece de um processo de industrialização que agregue
valor ao produto (como fiações e tecelagens). Já a indústria de produtos alimentares
Empresas Empregados Empresas Empregados Empresas Empregados
Fabricação de produtos alimentícios 29 1.380 14 956 - -Obras de infraestrutura 3 391 - - 1 30Produtos de metal 10 184 10 227 1 5Fabricação de produtos têxteis 4 109 8 182 8 387Produtos de minerais não-‐metálicos 4 100 2 20 1 19Construção de edifícios 2 96 4 130 - -Confecção do vestuário e acessórios 11 93 4 23 - -Produtos de borracha e de material plástico 5 72 2 32 - -Impressão e reprodução de gravações 5 70 4 43 - -Fabricação de móveis 5 63 1 5 - -Fabricação de produtos químicos 2 50 2 322 - -Fabricação de produtos de madeira 4 34 - - - -Fabricação de bebidas 1 31 1 4 - -Serviços especializados para construção 1 20 1 1 1 6Veículos automotores, reboques e carrocerias 2 16 4 43 - -Fabricação de produtos diversos 3 15 1 5 - -Manutenção de máquinas e equipamentos 3 11 3 70 1 6Fabr. de equipamentos de transporte 1 11 - - - -Extração de minerais não-‐metálicos 1 10 - - 2 62Extração de minerais metálicos 1 10 - - - -Fabricação de máquinas e equipamentos 1 7 3 142 - -Informática, produtos eletrônicos e ópticos 1 7 - - - -Celulose, papel e produtos de papel 2 5 - - - -Coleta, tratamento e disposição de resíduos - - 2 27 - -Máquinas, aparelhos e materiais elétricos - - 1 8 - -Eletricidade, gás e outras utilidades - - - - 1 115
Total 101 2.785 67 2.240 16 630
Fonte: Guia Industrial FIEB, acesso em 26/7/2012
Barreiras Luís Eduardo São DesidérioAtividade Econômica
Número de Empresas e Empregados da Indústria da Região Oeste da Bahia, em 2012
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apresenta-‐se ainda em um processo inicial de verticalização, contando com a presença
de poucas empresas grande porte, a exemplo da Cargill, Bunge e Galvani.
Os recentes investimentos anunciados em infraestrutura geram um ambiente de
expectativa para desenvolvimento da produção e geração de novos negócios na
região. Um dos principais investimentos em curso é a Ferrovia da Integração
Oeste-‐Leste, que deve reduzir o preço do frete, facilitar o escoamento e potencializar a
produção.
3.2 A Economia da Região Sul da Bahia
O município de Ilhéus, localizado na região Litoral Sul da Bahia, vem passando por um
acelerado processo de urbanização nos últimos anos, alcançando atualmente uma taxa
estimada entre 80-‐90%. Este fenômeno decorre essencialmente da grave crise na
lavoura cacaueira (base tradicional da economia regional), que desestruturou a
economia das regiões vizinhas e intensificou os fluxos migratórios.
A população no município alcança 184 mil habitantes, com um PIB da ordem de R$ 1,9
bilhão (10ª posição no ranking da Bahia). O PIB per capita é inferior à média do estado
da Bahia, alcançando cerca de R$ 8,8 mil. A economia do município tem a seguinte
distribuição setorial: 4% agropecuária, 32% indústria e 64% serviços. A tabela abaixo
mostra os principais indicadores do município de Ilhéus.
O Guia Industrial FIEB informa a existência de 106 empresas industriais em Ilhéus, com
geração de 3.836 postos de trabalho. Estão catalogados 19 setores industriais, entre os
quais se destacam: Fabricação de Equipamentos de Informática, Produtos Eletrônicos e
Município População (1) PIB (em R$ milhões) (2)
Ranking em relação ao PIB (2)
PIB per capita (em R$) (2)
Indústria (em R$ milhões) (2)
Número de Empresas
industriais (3)
Número de Empregos
industriais (3)
Ilhéus 184.236 1.926 10 8.782 542 106 3.836
Total da Bahia 14.016.906 137.075 - 9.365 34.821 6.466 368.537
Ilhéus/Bahia (%) 1,3 1,4 - 93,8 1,6 1,6 1,0
Fontes: (1) Censo IBGE 2010; (2) IBGE/SEI 2009 e (3) Guia Industrial FIEB, acesso em 26/07/2012. Elaboração FIEB/SDI
Indicadores Econômicos Selecionados do Município de Ilhéus
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Ópticos; Fabricação de Produtos Alimentícios; Fabricação de Produtos de Borracha e
de Material Plástico; e Construção de Edifícios.
Políticas de diversificação industrial minimizaram as graves consequências da crise da
produção cacaueira. Em 1995, por meio do Decreto 4.316/95, o governo do estado da
Bahia viabilizou a criação de um Polo de informática na Região, com incentivos fiscais
estaduais, além de incentivos federais concedidos pela SUDENE e Ministério da Ciência
e Tecnologia (MCT), por meio da Lei de Informática.
O Polo de Informática de Ilhéus está situado basicamente no Distrito Industrial de
Ilhéus. De acordo com o Guia Industrial FIEB, este segmento em Ilhéus conta com 40
Empresas Empregados
Informática, produtos eletrônicos e ópticos 40 1.717Fabricação de produtos alimentícios 19 997Produtos de borracha e de material plástico 3 333Construção de edifícios 3 331Veículos automotores, reboques e carrocerias 1 90Produtos de minerais não-‐metálicos 9 89Fabricação de produtos químicos 1 50Confecção do vestuário e acessórios 8 48Produtos de metal 3 40Máquinas, aparelhos e materiais elétricos 2 39Impressão e reprodução de gravações 4 27Fabricação de produtos têxteis 2 17Fabricação de bebidas 2 15Celulose, papel e produtos de papel 1 13Extração de minerais não-‐metálicos 2 11Fabricação de móveis 2 9Fabricação de produtos diversos 2 7Fabr. de equipamentos de transporte 1 2Calçados, couros e artefatos de couro 1 1
Total 106 3.836
Fonte: Guia Industrial FIEB, acesso em 26/7/2012
Número de Empresas e Empregados da Indústria de Ilhéus, em 2012
Atividade EconômicaIlhéus
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empresas, que representam 38% das unidades industriais do município e geram 1.717
empregos diretos, ou seja, 45% do emprego industrial.
Na Região Sul da Bahia, mais especificamente em Ilhéus, estão em curso alguns dos
mais importantes projetos de infraestrutura do Estado, que deverão mudar, no médio
prazo, o patamar de desenvolvimento da região, a saber:
§ Complexo Porto Sul -‐ deverá se constituir em um dos principais centros
logísticos do estado da Bahia, oferecendo uma alternativa para o escoamento
da produção agrícola e mineral e para a importação de insumos e produtos
para o Estado e para a região central do Brasil. Além de um porto moderno,
com calado de até 21m, estão previstos um novo aeroporto internacional e
uma Zona de Processamento de Exportações (ZPE) nas redondezas.
§ Ferrovia da Integração Oeste-‐Leste -‐ extensão de 1.527 km, com investimentos
estimados em R$ 6 bilhões. A ferrovia vai operar sob o novo modelo de
concessão, que separa a infraestrutura da operação ferroviária (diversos
transportadores ferroviários operando a mesma linha).
§ Gasene – capacidade de transporte 20 milhões de m3/dia de gás natural e
extensão de 1.371 km, ligando Cabiúnas-‐RJ a Catu-‐BA. O Gasene tem um dos
seus 8 pontos de entrega em Itabuna, justamente no nó logístico que articula a
BR-‐101, a Ferrovia Oeste-‐Leste e o Porto Sul. Um ponto de entrega representa
um local de internalização do recurso energético sem necessidade de
gasodutos adicionais de transporte.
3.3 A Economia da Região Central da Bahia
O município de Feira de Santana está localizado no Território de Identidade Portal do
Sertão do Governo da Bahia, numa zona de planície entre o Recôncavo e os tabuleiros
semiáridos do nordeste baiano. Feira de Santana situa-‐se na região Agreste, uma área
de transição entre a Zona da Mata e o Sertão, que se estende da Bahia ao Rio Grande
do Norte. Em sua vizinhança há importantes cidades como Santo Estevão, São Gonçalo
dos Campos e Conceição do Jacuípe, que, somadas a outras de menor população,
12
formam uma microrregião de quase 1 milhão de habitantes. Em julho de 2011 o
Governo do Estado da Bahia sancionou o Projeto de Lei Complementar nº 106/2011,
criando a Região Metropolitana de Feira de Santana (RMFS) formada por mais cinco
municípios: Amélia Rodrigues, Conceição da Feira, Conceição do Jacuípe, Tanquinho e
São Gonçalo dos Campos.
A Região de Feira de Santana é um entroncamento rodoviário para onde convergem as
mais importantes vias rodoviárias da Bahia, destacando-‐se as BR 324, BR 101, BR 116 e
BR 242. Esse sistema é a principal ligação da RMS ao interior do Estado e conecta os
centros produtores aos portos de Aratu e Salvador. Por sua vez, é também um
caminho quase obrigatório para cargas e passageiros que saem do Sul/Sudeste em
direção ao Nordeste e em sentido contrário. Tais fluxos comerciais, existentes antes
mesmo da emancipação da cidade em 1833, foram responsáveis pela criação do
município, que atualmente representa a maior concentração urbana do interior do
Nordeste brasileiro considerando as cidades fora das regiões metropolitanas das
capitais.
De acordo com o censo 2010, Feira de Santana possui 556,6 mil habitantes e tem um
PIB de R$ 6,4 bilhões (4ª posição no ranking da Bahia). O PIB per capita alcança R$ 10,7
mil, sendo 14,7% superior à média do Estado.
A economia do município é caracterizada pela predominância do setor de serviços,
notadamente pela atividade comercial, mas o setor industrial apresentou crescimento
expressivo nos últimos anos, o que pode ser constatado pela evolução da participação
da indústria no PIB do município, que alcançou cerca de 24% em 2009, contra uma
participação de menos de 20% em 2002. No ano de 2009, o setor de serviços
Município População (1) PIB (em R$ milhões) (2)
Ranking em relação ao PIB (2)
PIB per capita (em R$) (2)
Indústria (em R$ milhões) (2)
Número de Empresas
industriais (3)
Número de Empregos
industriais (3)
Feira de Santana 556.642 6.358 4 10.745 1.293 710 25.055
Total da Bahia 14.016.906 137.075 - 9.365 34.821 6.466 368.537
Feira/Bahia (%) 4,0 4,6 - 114,7 3,7 11,0 6,8
Fontes: (1) Censo IBGE 2010; (2) IBGE/SEI 2009 e (3) Guia Industrial FIEB, acesso em 26/07/2012. Elaboração FIEB/SDI
Indicadores Econômicos Selecionados do Município de Feira de Santana
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representava 75% do total da economia, a indústria 24% e a atividade agropecuária
apenas 1%.
O setor industrial tem empregado dinamismo à economia de Feira de Santana,
crescendo mais do que o setor de serviços. A taxa de crescimento real da indústria
ultrapassa o percentual de 110% no período 2002 a 2009, uma média de quase 10% ao
ano. Outro indicador importante diz respeito à média de crescimento do emprego, que
alcança 14% ao ano nos últimos anos. As atividades que crescem acima da média no
município são: (i) Construção Civil (Obras de Infraestrutura, Construção de Edifícios e
Serviços Especializados para Construção), (ii) Fabricação de Produtos Minerais não-‐
metálicos, (iii) Produtos de Metal, e (iv) Fabricação de Produtos de Borracha e de
Material Plástico.
Há ainda elevado potencial identificado de crescimento. O segmento da Construção
Civil foi identificado como o de maior potencial futuro na região. Verifica-‐se em Feira
de Santana um boom da construção, com inúmeros novos empreendimentos na
cidade. Outro segmento com grande potencial é o de Alimentos e Bebidas. Várias
empresas que se instalaram recentemente, a exemplo da Nestlé, Pepsico e Perdigão,
estão em fase de ampliação ou planejam crescimento no curto prazo. Segundo
executivos da Nestlé, desde sua inauguração, em 2007, a produção na fábrica de Feira
de Santana cresce a uma taxa média de 50% ao ano. Em adição, a Nestlé desativou
outros centros de distribuição no Nordeste e concentrou toda a distribuição na cidade.
O setor de Borracha e Plástico também apresenta forte potencial baseado em três
fatores: (i) várias pequenas empresas de fabricação de plásticos (injetoras) foram
abertas recentemente para aproveitar o crescimento da renda da população local; (ii)
verifica-‐se uma grande demanda por embalagens plásticas e de papelão; (iii) o
segmento borracha apresenta expansão da produção de pneus e materiais, refletindo
a demanda de novas montadoras. Por fim, o setor Automotivo foi apontado como
potencial, caso a atração de novas montadoras para o estado seja concretizada. As
empresas Yazaki e Vipal podem ser diretamente beneficiadas, gerando um efeito
multiplicador na cadeia de fornecedores automotivos da região.
O Guia Industrial da FIEB apresenta 710 empresas industriais em Feira de Santana, com
o emprego de 25.055 trabalhadores. Ao contrário de outras regiões da Bahia, em que
14
se observa uma concentração em poucos segmentos, há no município uma maior
variedade de indústrias. A localização facilita o escoamento da produção e possibilita
às empresas atuarem também como distribuidoras. Desse modo, Feira de Santana
conta com 28 segmentos industriais, entre os quais se destacam: Construção de
Edifícios; Fabricação de Produtos de Borracha e de Material Plástico; Fabricação de
Produtos Alimentícios, Confecção do Vestuário e Acessórios e Fabricação de Veículos
Automotores, Reboques e Carrocerias.
Empresas Empregados
Construção de edifícios 27 6.133Produtos de borracha e de material plástico 25 3.037Fabricação de produtos alimentícios 89 2.899Confecção do vestuário e acessórios 127 1.802Veículos automotores, reboques e carrocerias 14 1.555Produtos de metal 60 1.204Produtos de minerais não-‐metálicos 49 1.159Fabricação de produtos têxteis 16 966Celulose, papel e produtos de papel 22 844Metalurgia 4 580Fabricação de produtos diversos 41 567Fabricação de móveis 41 560Impressão e reprodução de gravações 49 508Fabricação de produtos químicos 20 452Máquinas, aparelhos e materiais elétricos 6 390Coleta, tratamento e disposição de resíduos 10 309Serviços especializados para construção 15 300Fabricação de máquinas e equipamentos 16 292Calçados, couros e artefatos de couro 23 269Fabricação de bebidas 5 238Extração de minerais não-‐metálicos 7 205Manutenção de máquinas e equipamentos 16 199Produtos farmoquímicos e farmacêuticos 2 184Fabricação de produtos de madeira 16 153Obras de infraestrutura 6 120Fabricação de equipamentos de transporte 2 64Biocombustíveis, coque e derivados do petróleo 1 58Informática, produtos eletrônicos e ópticos 1 8
Total 710 25.055
Fonte: Guia Industrial FIEB, acesso em 26/7/2012
Número de Empresas e Empregados da Indústria de Feira de Santana, em 2012
Atividade EconômicaFeira de Santana
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A presença das duas mais importantes rodovias federais, BR 101 e BR 116, tornam o
município de Feira de Santana atrativo para projetos de centros logísticos ancorados
no modal rodoviário. O desenvolvimento destes projetos cria oportunidades para os
segmentos atacadistas e de serviços, destacando-‐se os de transportes. Estes
empreendimentos podem ainda alavancar novas empresas industriais para a Região.
Os principais objetivos definidos para a região central e as ações estratégicas
necessárias para a sua consecução estão indicados a seguir.
▪ Assegurar escala e efetividade de atendimento às indústrias, trabalhadores e
dependentes.
Ações Estratégicas
• Ampliar a capacidade de atendimento do Sistema FIEB na região;
• Diversificar o portfolio de serviços do Sistema FIEB na região.
▪ Fortalecer o sistema de representação industrial do Estado da Bahia.
Ações Estratégicas
• Fortalecer ações de promoção do desenvolvimento associativo na
região;
• Elaborar agenda com assuntos de defesas de interesse para a indústria
da região;
• Fortalecer ações de promoção ao desenvolvimento associativo no
segmento de micro e pequenas empresas, priorizando as ações via
sindicatos e CIEB.
▪ Promover a inovação para a competitividade do segmento industrial.
Ações Estratégicas
• Intensificar a prospecção de oportunidades para realização de projetos
de pesquisa aplicada na região;
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• Implantar serviços técnicos e tecnológicos – STT na unidade do SENAI de
Feira de Santana.
▪ Promover capacitação executiva aderente às necessidades dos clientes.
Ação Estratégica
• Ampliar as atividades de capacitação empresarial na região.
▪ Adequar a infraestrutura do Sistema FIEB em Feira de Santana.
Ações Estratégicas
• Construir uma escola de ensino básico em Feira de Santana para
implementar o EBEP;
• Requalificar a unidade do SESI em Feira de Santana;
• Requalificar a unidade do SENAI em Feira de Santana.
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4 Objetivos e Metas
A finalidade do Programa de Interiorização da Indústria é o de contribuir para
melhorar as condições de atratividade e competitividade de regiões estratégicas do
estado da Bahia. De modo específico, este programa pretende aumentar a
participação da indústria no interior do estado da Bahia, contribuindo para elevar o
emprego e a renda das regiões.
Espera-‐se que com a implantação desse programa seja possível alcançar as seguintes
metas gerais:
§ Meta 1.1: Crescimento do Valor Adicionado Bruto da Indústria (VAB-‐Indústria)
das regiões selecionadas acima da média da Bahia. Indicador: Taxa Anual de
Crescimento do Valor Adicionado Bruto da Indústria (VAB-‐Indústria). Prazo: a
partir do final de 2012.
§ Meta 1.2: Crescimento do emprego formal das indústrias das regiões
selecionadas acima da média da Bahia. Indicador: Taxa de crescimento do
emprego formal da indústria – CAGED. Prazo: a partir do final de 2012.
No caso específico do Sistema FIEB, espera-‐se ampliar a representatividade e
aumentar a oferta de serviços nas regiões estratégicas, conforme metas descritas a
seguir:
§ Meta 2.1: Alcançar os percentuais de atendimento às empresas industriais
indicados na tabela abaixo, via serviços do SESI/SENAI/IEL. Indicador: Índice de
cobertura de serviços/projetos/programas do Sistema FIEB. Prazo: até o final de
2012.
Atendimento de Serviços Oeste Ilhéus Feira de Santana
Meta 2012 5% 11% 12%
Fonte: SPM/GP. Base de Dados SIGA/CNI
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§ Meta 2.2: Elevar para 15% o percentual mínimo de empresas associadas ao
Sistema FIEB nas regiões oeste, sul e central. Indicador: Índice de cobertura de
serviços/projetos/programas do Sistema FIEB. Prazo: até o final de 2012.
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5 Gestão do Programa
A gestão do Programa de Interiorização deve ser compartilhada entre empresários e
governo, com foco no aumento da competitividade:
• Empresarial: fatores internos da empresa (organização, planejamento e
execução) que asseguram a eficácia operacional.
• Estrutural: aspectos do entorno à atividade empresarial (fornecedores, mão de
obra qualificada, clientes e mercados, logística, meio-‐ambiente etc.) que são
determinantes para atração e expansão de atividades industriais em
determinados espaços territoriais.
• Sistêmica: aspectos legais, regulatórios, políticas industriais e de comércio
exterior, programas de desenvolvimento regional, entre outros fatores que
exercem um papel de influência crucial no desempenho empresarial.
Com a execução destas propostas, o interior terá mais produtividade, qualidade da
mão de obra, qualificação dos empresários e disponibilidade de soluções tecnológicas.
Para o Sistema FIEB, a atuação nestas dimensões desdobra-‐se em três níveis, conforme
descrição abaixo:
1. Agenda de Defesa de Interesses: a FIEB utiliza a sua representatividade para
desenvolver ações de influência no âmbito político institucional, visando
sempre os interesses da indústria. Por meio dos Conselhos Temáticos e da
Superintendência de Relações Institucionais, realizará o acompanhamento dos
assuntos legislativos e executivos para dar plena assistência aos industriários.
2. Melhoria do Ambiente de Negócios: criação de estruturas que viabilizem a
execução dos serviços prestados pelo Sistema FIEB e programas que fortaleçam
o associativismo e a multiplicação de negócios empresariais. Além da criação da
estrutura de serviços por meio de novas unidades integradas ou unidades
móveis de atendimento.
3. Assistência à Atividade Empresarial: a partir do portfólio de competências do
SESI/SENAI/IEL serão implantados projetos para a melhoria da produtividade e
da gestão dos negócios, aumentando a competitividade, a qualidade de vida do
trabalhador e a capacitação profissional.
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Em relação ao Sistema FIEB, o programa deve ser alcançado com a elevação
significativa da oferta de serviços e atividades de apoio às indústrias do interior.
Integra-‐se à proposta de interiorização o programa de estímulo à inovação às
empresas das regiões priorizadas, que será implementado desde que haja empresas
interessadas e atendimento aos requisitos do mesmo.
No entanto, o processo de interiorização da indústria exige ações que extrapolam o
campo de atuação da FIEB. Ações tipicamente do setor público, como prover
infraestrutura adequada, conceder incentivos fiscais, apoiar as atividades dos
empresários, dentre outras, são imprescindíveis para o êxito do programa.
Um projeto de interiorização requer um esforço conjunto, envolvendo o setor público
(tendo o governo estadual como principal protagonista) e o privado. Assim, a FIEB
espera contar com o Governo do Estado e as Prefeituras Municipais para participarem
do esforço em levar a indústria para o interior da Bahia. As ações específicas do setor
público devem ser objeto de estudo dos respectivos representantes dessas
instituições.