introducao a economia

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Introduo Economia ( A ) Conceito: uma cincia social que estuda como o indivduo e a sociedade decidem empregar recursos produtivos escassos na produo de bens e servios, de modo a distribu-los entre as pessoas e grupos da sociedade, a fim de satisfazer as necessidades humanas. Em qualquer sociedade, os recursos ou fatores de produo so escassos; contudo as necessidades humanas so ilimitadas, e sempre se renovam. Isso obriga a sociedade a escolher entre alternativas de produo e de distribuio dos resultados da atividade produtiva aos vrios grupos da sociedade. Sistemas Econmicos Pode ser definido como sendo a forma poltica, social e econmica pela qual est organizada uma sociedade. Os elementos bsicos de um sistema econmico so: A) Estoques de Recursos Produtivos ou Fatores de Produo: recursos humanos (trabalho e capacidade empresarial), o capital, terra, reservas naturais e a tecnologia. B) Complexo de unidades de produo: constitudo pelas empresas. C) Conjunto de instituies polticas, jurdicas, econmicas e sociais: que so base da organizao da sociedade. Os sistemas econmicos podem ser classificados em: A) Sistema capitalista, ou economia de mercado, aquele regido pelas foras de mercado, predominando a livre iniciativa e a propriedade privada dos fatores de produo. B) Sistema socialista ou economia centralizada, ou ainda economia planificada, aquele em que as questes econmicas fundamentais so resolvidas por um rgo central de planejamento, predominando a propriedade pblica dos fatores de produo. Os Problemas Econmicos Fundamentais Da escassez dos recursos ou dos fatores de produo, associa-se s necessidades ilimitadas do homem, originando problemas econmicos fundamentais: A) O qu e quanto produzir: Dada a escassez de recursos de produo, a sociedade ter de escolher, quais produtos sero produzidos e em que quantidades. B) Como produzir: A sociedade ter de escolher ainda quais recursos de produo sero utilizados para a produo de bens e servios, dado o nvel tecnolgico existente. C) Para quem produzir: A sociedade ter tambm que decidir como seus membros participaro da distribuio dos resultados de sua produo (demanda, oferta, determinao de salrios, das rendas das terras, dos juros etc). Continuao (A) Em economias de mercado, esses problemas so resolvidos pelos mecanismos de preos atuando por meio da oferta e da demanda. Nas economias centralizadas, essas questes so decididas por um rgo central de planejamento, a partir de um levantamento dos recursos de produo disponveis e das necessidades do pas, e no pela oferta e demanda no mercado. Curva de Possibilidades de Produo (ou curva de transformao). um conceito terico com o qual se ilustra, como a questo da escassez impe um limite capacidade produtiva de uma sociedade, que ter que fazer escolhas entre alternativas de produo. Devido escassez de recursos, a produo total de um pas tem um limite mximo, onde todos os recursos disponveis esto empregados.

Suponhamos uma economia que s produza mquinas (Bens de Capital) e alimentos (Bens de Consumo) e que as alternativas de produo de ambos seja as seguintes: Mostrar em grfico. Alternativas de Produo Mquinas (milhares) Alimentos (toneladas) A 25 0 B 20 30 C 15 45 D 10 60 E 0 70 Conceito de Custo de Oportunidade: A transferncia dos fatores de produo de um bem A para produzir um bem B implica um custo de oportunidade que igual ao sacrifcio de se deixar de produzir parte do bem A para se produzir mais do bem B. O custo de oportunidade por representar o custo da produo alternativa sacrificada, reflete em um custo implcito. Deslocamento da Curva de Possibilidade de Produo Isso pode ocorrer fundamentalmente tanto em funo do aumento da quantidade fsica de fatores de produo quanto em funo de melhor aproveitamento dos recursos j existentes, o que pode ocorrer com o progresso tecnolgico, maior eficincia produtiva e organizacional das empresas e melhoria no grau de qualificao da mo-de-obra. Funcionamento de uma economia de mercado: Fluxos Reais e Monetrios Para entender o funcionamento do sistema econmico, vamos supor uma economia de mercado que no tenha interferncia do governo e no tenha transaes com exterior ( economia fechada ).

Continuao ( A ) Os agentes econmicos so as famlias e as empresas. As famlias so proprietrias de fatores de produo e os fornecem s empresas, atravs do mercado dos fatores de produo. As empresas, atravs da combinao dos fatores de produo, produzem bens e servios e os fornecem s famlias por meio do mercado de bens e servios. Fluxo Real da Economia Mercado de Bens e Servios Demanda Famlias Oferta Oferta Empresas Demanda

Mercado de Fatores de Produo No entanto, o fluxo real da economia s se torna possvel com a presena da moeda, que utilizada para remunerar os fatores de produo e para o pagamento dos bens e servios. Desse modo, paralelamente ao fluxo real temos um fluxo monetrio da economia. Fluxo Monetrio da Economia Pagamento dos bens e servios

Famlias

Empresas

Remunerao dos Fatores de Produo Definio de Bens de Capital, Bens de Consumo, Bens Intermedirios e Fatores de Produo. Bens de Capital: so aqueles utilizados na fabricao de outros bens, mas que no se desgastam totalmente no processo produtivo. Exemplo: Mquinas, Equipamentos e Instalaes. Bens de Consumo: destinam-se diretamente ao atendimento das necessidades humanas. De acordo com sua durabilidade, podem ser classificados como durveis. (geladeiras, foges, automveis) ou como no durveis (alimentos, produtos de limpeza). Bens Intermedirios: so aqueles que so transformados ou agregados na produo de outros bens e que so consumidos totalmente no processo de produtivo (insumos, matrias-primas e componentes). Fatores de Produo: So constitudas pelos recursos humanos (trabalho e capacidade empresarial), terra, capital e tecnologia. Continuao (A) Cada fator de produo corresponde uma remunerao, a saber:

Fator de Produo Trabalho Capital Terra Tecnologia Capacidade empresarial

Tipo de Remunerao Salrio Juro Aluguel Royalty Lucro

Argumentos positivos versus argumentos normativos.

A Economia uma cincia social e utiliza fundamentalmente uma anlise positiva, que dever explicar os fatos da realidade. Os argumentos positivos esto contidos na anlise que no envolve juzo de valor, estando esta estritamente limitada a argumentos descritivos, ou noes cientficas. Por exemplo, se o preo da gasolina aumentar em relao a todos os outros preos, ento a quantidade que as pessoas iro comprar de gasolina cair. uma anlise do que . Definimos tambm argumentos normativos, que uma anlise que contm, explicita ou implicitamente, um juzo de valor sobre alguma medida econmica. Por exemplo, na afirmao o preo da gasolina no deve subir expressamos uma opinio ou juzo de valor, ou seja, se uma coisa boa ou m. uma anlise do que deveria ser. Suponha, por exemplo, que desejemos uma melhoria na distribuio de renda do pas. um julgamento de valor em que acreditamos. O administrador de poltica econmico dispe de algumas opes para alcanar esse objetivo (aumentar salrios, combater a inflao, criar empregos etc.). A Economia Positiva ajudar a escolher os instrumentos de poltica econmica mais adequado. Esse um argumento positivo, indicando que aumentos salariais, nessas circunstncias, no constituem a poltica mais adequada. Dessa forma, a Economia positiva pode ser utilizada como base para escolha da poltica mais apropriada, de forma a atender os objetivos individuais ou da nao.

Continuao ( A )

Inter-relao da Economia com outras reas do conhecimento

Economia : Apesar de ser uma cincia social, a Economia limitado pelo meio fsico, dado que os recursos so escassos, e se ocupa de quantidades fsicas e das relaes entre as quantidades, como a que se estabelece entre a produo de bens e servios e os fatores de produo utilizados no processo produtivos. A Economia apresenta muitas regularidades, sendo que algumas relaes so inviolveis. Por Exemplo: O consumo nacional depende diretamente da renda nacional. A quantidade demandada de um bem tem uma relao inversamente proporcional com o seu preo. As exportaes e as importaes dependem da taxa de cmbio. A rea que est voltada para quantificao dos modelos a Econometria, que combina Teoria Econmica, Matemtica e Estatstica. * Economia e Poltica: So reas muito interligadas, tornando-se difcil estabelecer uma relao de casualidade entre elas. A estrutura poltica se encontra muitas vezes subordinadas ao poder econmico. Citemos alguns exemplos: Poder Econmico dos latifundirios, poder dos oligoplios e monoplios, poder das corporaes estatais. * Economia e Histria: A pesquisa histrica extremamente til e necessria para Economia, pois ela facilita a compreenso do presente e ajuda nas previses para o futuro com base nos fatos do passado. As guerras e revolues, por exemplo, alteraram o comportamento e a evoluo da Economia. * Economia e Geografia: A Geografia no o simples registro de acidentes Geogrficos e climticos. Ela nos permite avaliar fatores muito teis anlise econmica, como as condies geoeconmicas dos mercados, a concentrao espacial dos fatores produtivos, a localizao de empresas e a composio setorial da atividade econmica. * Economia, Moral, Justia e Filosofia: Na pr-economia, antes da Revoluo Industrial do sculo XVIII, que corresponde ao perodo da Idade Mdia, a atividade econmica era vista como parte integrante da Filosofia, Moral e tica. A Economia era orientada por princpios morais e de justia.

Diviso do Estudo Econmico A anlise econmica, para fins metodolgicos e didticos, normalmente dividida em quatro reas de estudo: 1) Microeconomia ou Teoria da Formao de Preos. 2) Macroeconomia. 3) Economia Internacional. 4) Desenvolvimento e Crescimento Econmico. Introduo Microeconomia ( B ) Conceito: Microeconomia, ou Teoria Geral dos Preos, analisa a formao de preos no mercado, ou seja, como a empresa e o consumidor interagem e decidem qual o preo e a quantidade de um determinado bem ou servio em mercados especficos. A microeconomia estuda o funcionamento da oferta e da procura na formao do preo no mercado, isto , o preo sendo obtido pela interao do conjunto dos consumidores com o conjunto de empresas que fabricam um dado bem ou servio. Do ponto de vista da economia de empresas, onde se estuda uma empresa especfica, prevalece a viso contbil financeira na formao do preo de venda de seu produto, baseada principalmente nos custos de produo, enquanto na Microeconomia prevalece a viso do mercado. O conceito de empresa possui 2 vises: a econmica e a jurdica. Do ponto de vista econmico, empresas ou estabelecimento comercial a combinao pelo empresrio, dos fatores de produo: capital, trabalho, terra e tecnologia, de modo organizados para se obter o maior volume possvel de produo ou de servios ao menor custo.

Na doutrina jurdica reconhece-se o estabelecimento como uma universalidade de direito, incluindose na atividade econmica um complexo de relaes jurdicas entre o empresrio e a empresa. Pressupostos bsicos da anlise microeconmica A hiptese coeteris paribus ( tudo o mais permanece constante ): o foco de estudo dirigido apenas quele mercado, analisando o papel que a oferta e a demanda nele exercem, supondo que outras variveis interfiram muito pouco, ou que no interfiram de maneira absoluta. Papel dos preos relativos Na anlise microeconmica, so mais relevantes os preos relativos, isto , os preos dos bens em relao aos demais, do que os preos absolutos ( isolados) das mercadorias. Exemplo: se o preo do guaran cair 10%, mas tambm o preo da soda cair em 10%, nada deve acontecer na demanda dos dois bens, mas se cair apenas o preo do guaran, permanecendo inalterado o preo da soda, deve-se esperar um aumento na quantidade procurada de guaran e uma queda na soda. Embora no tenha havido alterao no preo absoluto da soda, seu preo relativo aumentou, quando comparado com o guaran.

Princpio da Racionalidade Por esse princpio, os empresrios tentam sempre maximizar lucros condicionados pelos custos de produo, os consumidores procuram maximizar sua satisfao no consumo de bens e servios ( limitados por sua renda e pelos preos das mercadorias). Continuao ( B ) Aplicaes da anlise microeconmica A teoria microeconmica no um manual de tcnicas para a tomada de decises do dia-a-dia, mesmo assim ela representa uma ferramenta til para esclarecer polticas e estratgias, dentro de um horizonte de planejamento, tanto em nvel de empresas quanto de nvel de poltica econmica. Para as empresas, a anlise microeconmica pode subsidiar as seguintes decises: Polticas de preos da empresa. Previso de demanda e faturamento. Previso de custos de produo. Decises timas de produo (melhor combinao dos custos de produo). Avaliao e elaborao de projetos de investimentos (anlise custo/benefcio) Poltica de propaganda e publicidade. Localizao da empresa. Em relao da poltica econmica, pode contribuir na anlise e tomada de decises das seguintes questes: Efeitos de impostos sobre mercados especficos. Poltica de subsdios. Fixao de preos mnimos na agricultura. Controle de preos Poltica Salarial Polticas de tarifas pblicas. (gua, luz, etc.). Diviso do estudo microeconmico Anlise da Demanda: A Teoria da Demanda ou Procura de uma mercadoria ou servio divide-se em Teoria do Consumidor e Teoria da Demanda de Mercado. Anlise da Oferta: A Teoria da Oferta de um bem ou servio tambm se subdivide em oferta de firma individual e oferta de mercado.

Anlise das estruturas de mercado: A partir da demanda e da oferta de mercado so determinados o preo e a quantidade de um bem ou servio. * As estruturas de mercado de bens e servios so: a) concorrncia perfeita; b) monoplio; c) oligoplio d) concorrncia imperfeita ou monopolista; As estruturas de mercado de fatores de produo so: a) concorrncia perfeita; b) monoplio bilateral; c) monopsnio; d) oligopsnio. Teoria do equilbrio geral: A anlise do equilbrio geral leva em conta as inter-relaes entre todos os mercados, procurando analisar se o comportamento independente de cada agente econmico conduz todos a uma posio de equilbrio global, embora todos sejam, na realidade, interdependente. Demanda, Oferta e Equilbrio de Mercado (C)

Breve Histrico: Os fundamentos da anlise da demanda ou procura esto alicerados no conceito subjetivo de utilidade. A utilidade representa o grau de satisfao que os consumidores atribuem aos bens e servios que podem adquirir no mercado. Como est baseada em aspectos psicolgicos ou preferncias, a utilidade difere de consumidor para consumidor (uns preferem usque, outros preferem cerveja etc.). A Teoria do Valor Utilidade contrapem-se chamada Teoria Valor Trabalho, desenvolvida por economistas clssicos. A Teoria do Valor Utilidade pressupe que um valor de um bem se forma pela sua demanda, isto , pela satisfao que um bem representa para o consumidor. A Teoria Valor Trabalho considera que um bem se forma do lado da oferta, atravs dos custos do trabalho incorporado ao bem. Os custos de produo eram representados basicamente pelo fator mo-de-obra, em que a terra era praticamente gratuita e o capital pouco significativo. Pode-se dizer que a Teoria do Valor - Utilidade veio complementar a Teoria Valor Trabalho, pois no era mais possvel predizer o comportamento dos preos dos bens apenas com base nos custos da mo de obra ( ou mesmo custos em geral ) sem considerar o lado da demanda ( padro de gostos, hbitos, renda etc.). Ademais, a Teoria do Valor Utilidade permitiu distinguir o valor de uso do valor de troca de um bem. O valor de uso a utilidade que ele representa para o consumidor. Valor de troca se forma pelo preo no mercado, pelo encontro da oferta e da demanda do bem. Demanda de Mercado Conceito: A demanda ou procura pode ser definida como a quantidade de um determinado bem ou servio que os consumidores desejam adquirir em determinado perodo de tempo. A procura depende de variveis que influenciam a escolha do consumidor. So elas: o preo do bem e servio, o preo dos outros bens, a renda do consumidor e o gosto ou preferncia do indivduo. Para estudar-se a influncia dessas variveis utiliza-se a hiptese do coeteris paribus, ou seja, considera-se cada uma dessas variveis afetando separadamente as decises do consumidor. Relao entre a quantidade procurada e preo do bem: A Lei Geral da Demanda H uma relao inversamente proporcional entre a quantidade procurada e o preo do bem. a chamada Lei Geral da Demanda. Essa relao pode ser observada a partir dos conceitos de escala de procura, curva de procura ou funo demanda. A relao preo/quantidade procurada pode ser representada por uma escala de procura, conforme apresentada a seguir:

Continuao ( C )

Alternativa de preo ($) 1,00 3,00 6,00 8,00 10,00

Quantidade Demandada 12.000 8.000 4.000 3.000 2.000

A curva da demanda negativamente inclinada devido ao efeito conjunto de dois fatores: o efeito substituio e o efeito renda. Se o preo de um bem aumenta, a queda da quantidade demanda ser provocada por esses dois efeitos somados: a) Efeito substituio: se um bem possui um substituto, ou seja, outro bem similar que satisfaa a mesma necessidade, quando seu preo aumenta, o consumidor passa adquirir o bem substituto, reduzindo assim sua demanda. Exemplo: Fsforo. b) Efeito renda: quando aumenta o preo de um bem, o consumidor perde o poder aquisivo, e a demanda por esse produto diminui. Outras variveis que afetam a demanda de um bem Efetivamente, a procura de uma mercadoria no influenciada apenas por seu preo. Existe uma srie de outras variveis que tambm afetam a procura. a) Se a renda dos consumidores aumenta e a demanda do produto tambm, temos um bem normal. b) Bem inferior, cuja demanda varia em sentido inverso s variaes da renda; exemplo se o consumidor ficar mais rico, diminuir o consumo de carne de segunda, e aumentar o consumo da carne de primeira. c) Bens de consumo saciado, quando a demanda do bem, quase no influenciada pela renda dos consumidores (arroz, farinha, sal, etc.), muitas vezes ocorre a diminuio do consumo deste tipo de bem, devido ao aumento da renda. d) Bens substitutos, quando h uma relao direta entre o preo de um bem e a quantidade de outro. Exemplo: um aumento no preo da carne deve elevar a demanda de peixe. e) Bens complementares: So bens que podem ser utilizados em conjunto ou que ficam melhores utilizados. Ex: Se aumentar o preo da impressora e a quantidade demandada de cartuchos diminuir porque a impressora e o cartucho so complementares no consumo. Oferta de Mercado Pode-se conceituar oferta como as vrias quantidades que os produtores desejam oferecer ao mercado em determinado perodo de tempo. Da mesma maneira que a demanda, a oferta depende de vrios fatores; dentre eles, de seu prprio preo, dos demais preos, dos preos dos fatores de produo, das preferncias do empresrio e da tecnologia. Diferentemente da funo demanda, a funo de oferta mostra uma correlao direta entre a quantidade ofertada e nvel de preos. a chamada Lei Geral da Oferta. Continuao ( C ) Podemos expressar uma escala de oferta de um bem X, ou seja, dada uma srie de preos, quais seriam as quantidades ofertadas a cada preo:

Preo ( $ ) 1,00 3,00 6,00 8,00

Quantidade Ofertada 1.000 5.000 9.000 11.000

10,00

13.000

Equilbrio de Mercado

A interao das curvas de demanda e de oferta determina o preo e a quantidade de equilbrio de um bem ou servio em um dado mercado. Veja o quadro a seguir representativo da oferta e da demanda do bem X: Preo Quantidade Procurada Ofertada Situao de Mercado

1,00 3,00 6,00 8,00 10,00

11 9 6 4 2

1 3 6 8 10

Excesso de procura (escassez de oferta) Excesso de procura (escassez de oferta) Equilbrio entre oferta e procura Excesso de oferta (escassez de procura) Excesso de oferta (escassez de procura)

Como se observa na tabela, existe equilbrio entre oferta e demanda do bem X, quando o preo igual a 6,00 unidades monetrias. Interferncia do Governo no equilbrio de mercado O governo intervm na formao de preos de mercado, a nvel microeconmico , e quando fixa impostos e subsdios, estabelecem critrios de reajustes do salrio mnimo, fixa preos mnimos para produtos agrcolas decreta tabelamentos ou ainda congelamento de preos e salrios. A) Estabelecimento de Impostos: sabido que quem recolhe a totalidade do tributo a empresa, mas isso no quer dizer que ela quem efetivamente paga. Assim, saber sobre quem recai efetivamente o nus do tributo uma questo da maior importncia na anlise dos mercados. Os tributos se dividem em impostos, taxas e contribuies de melhoria. O impostos dividem-se em: Impostos Indiretos: impostos incidentes sobre o consumo ou sobre as vendas. Exemplo: Imposto sobre Circulao de Mercadorias (ICMS), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Impostos Diretos: Impostos incidentes sobre a renda. Exemplo: Imposto de Renda. Entre os impostos indiretos destacamos: Imposto Especfico: Recai sobre a unidade vendida. Exemplo: para cada carro vendido, recolhe-se, a ttulo de imposto, R$ 5.000 ao governo (esse valor fixo e independente do valor da mercadoria). Imposto ad valorem: um percentual (alquota) aplicado sobre o valor de venda. Exemplo: supondo a alquota do IPI sobre automveis de 10 %, se o valor do automvel for de R$ 50.000, o valor do IPI ser de R$ 5.000; se o valor aumentar para R$ 60.000, o valor do IPI ser de R$ 6.000. Assim, como se pode notar, a alquota permanece inalterada em 10%, enquanto o valor do imposto varia com o preo do automvel. Poltica de preos mnimos na agricultura: Trata-se de uma poltica que visa dar garantia de preos ao produtor agrcola, com propsito de proteg-lo das flutuaes dos preos no mercado, ou seja, ajud-lo diante de uma possvel queda acentuada de preos e conseqentemente da renda agrcola. O governo, antes do incio do plantio, garante um preo que ele pagar aps a colheita do produto.

Tabelamento: Refere-se interveno do governo no sistema de preos de mercado visando coibir abusos por parte dos vendedores, controlar preos de bens de primeira necessidade ou ento refrear o processo inflacionrio, como foi adotado no Brasil ( Planos Cruzado, Bresser etc.), quando se aplicou o congelamento de preos e salrios. Exerccios

1) O que so e como podemos identificar se os bens so substitutos na produo? Exemplifique. 2) Dada uma curva de possibilidade de produo, explique: a) Pleno Emprego b) Crescimento: 3) O que so e como podemos identificar se os bens so complementares no consumo? Exemplifique. 4) Por que no mercado monoplio o limite para o consumo a renda do consumidor? 5) Por que na concorrncia monopolstica a diferena dos produtos est na cabea dos consumidores? 6) Dada a tabela abaixo:

Preo 5 4 3 2 1

Quantidade Demandada 100 200 300 400 500

Quantidade Ofertada 500 400 300 200 100

Pede-se: a) Construir o grfico do equilbrio. b) Identificar a que preo ocorre um excedente de produo de 200 unidades: c) Identificar a que preo ocorre a situao de equilbrio: d) Identificar a que preo ocorre um excedente de consumo de 400 unidades:

7) Explique e demonstre graficamente o comportamento dos consumidores de acordo a hiptese abaixo: (2,0) Hiptese: aumentou a renda dos consumidores Bem demandado: po 8) Em um mercado de concorrncia pura ou perfeita, oferta e demanda de um produto so dadas respectivamente pelas seguintes equaes: Qd = 30 4p Qo = 6 + 2p

A quantidade transacionada, neste mercado quando estiver em equibrio ser:

Custos de Produo (D) Introduo O objetivo bsico de uma firma a maximizao de seus resultados para a realizao e continuidade de sua atividade produtiva. Assim sendo, procurar sempre obter a mxima produo possvel em face da utilizao de certa combinao de fatores. A otimizao dos resultados da firma poder ser obtida quando for possvel alcanar um dos dois objetivos seguintes: a) maximizar a produo para um dado custo total ou b) minimizar o custo total para um dado nvel de produo. Em qualquer uma das situaes, a firma estar maximizando ou otimizando seus resultados. Custos Totais de produo Conhecidos os preos dos fatores, sempre possvel determinar um custo total de produo timo para cada nvel de produo. Assim, define-se custo total de produo como o total das despesas realizadas pela firma com a utilizao da combinao mais econmica dos fatores, por meio da qual obtida uma determinada quantidade do produto. Os custos totais de produo (CT) so divididos em custos variveis totais (CVT) e custos fixos totais (CFT): CT=CVT+CFT Custos Fixos Totais (CFT) Correspondem parcela dos custos totais que independem da produo. So decorrentes dos gastos com os fatores fixos de produo. Por exemplo: aluguis, iluminao etc. Na contabilidade empresarial, so tambm chamados de custos indiretos. Custos Variveis Totais (CVT) Parcela dos custos totais que depende da produo e por isso muda com a variao do volume de produo. Por exemplo : folha de pagamentos, gastos com matrias-primas etc. Na contabilidade empresarial, so chamados de custos diretos. Na Teoria da Produo, a anlise dos custos de produo tambm dividido em curto e longo prazos: a) Custos totais de curto prazo: So caracterizados pelo fato de serem compostos por parcelas de custos fixos e de custos variveis. b) Custos totais de longo prazo: So formados unicamente por custos variveis. Ou seja, em longo prazo no existem fatores fixos.

Continuao (e) Diferenas entre a viso econmica e a viso contbil financeira dos custos de produo Existem muitas diferenas entre a tica utilizada pelos economistas e a utilizada nas empresas, por contadores e administradores. Em linhas gerais, pode-se dizer que a viso econmica mais genrica, olhando mais para o mercado (ambiente externo da empresa), enquanto na viso tica contbil-financeira a preocupao centra-se mais no detalhamento dos gastos da empresa especfica. As principais diferenas esto nos seguintes conceitos: Custos de oportunidade e custos contbeis Externalidades Custos e despesas Custos de oportunidade versus custos contbeis

Os custos contbeis so os custos como normalmente so conhecidos na contabilidade privada, ou seja, so custos explcitos, que envolvem um dispndio monetrio. o gasto efetivo da empresa, na compra ou aluguel de insumos. Os custos de oportunidade so custos implcitos, que no envolve desembolso monetrio. Representam os valores dos insumos que pertencem empresa e so usados no processo produtivo. Esses valores so estimados a partir do que poderia ser ganho no melhor uso alternativo. Continuao (e) Externalidades ( economias externas ) As externalidades podem ser definidas como as alteraes de custos e benefcios para a sociedade derivadas da produo de empresas, ou tambm como as alteraes de custos e receitas da empresa devidas a fatores externos. Uma externalidade positiva, e quando uma unidade econmica cria benefcios para outras, sem receber pagamentos por isso. Por exemplo: uma empresa treina a mo de obra, que acaba, aps o treinamento, transferindo-se para outra empresa; beleza do jardim do vizinho, que valoriza sua casa; uma nova estrada; os comerciantes de um mesmo ramo que se localizam na mesma regio. Temos externalidades negativas ( ou deseconomia externa), quando uma unidade econmica cria custos para outras, sem pagar por isso. Por exemplo, poluio e congestionamento causados por automveis, caminhes e nibus; uma indstria que polui um rio e impe custos a atividades pesqueiras.

Exerccio

1) Resolva o seguinte problema: Preo de Venda Impostos + Comisso Custo da Mercadoria Aluguel R$ 5,00 10 % R$ 3,00 R$ 900,00

a) Monte uma tabela e construa um grfico com base nos dados acima; b) Calcule o ponto de equilbrio em quantidade e valor; c) Qual o resultado para uma venda de 500 unidades; d) Qual o resultado para uma venda de R$ 4.000,00.

Estruturas de Mercado ( E ) Introduo Nas aulas anteriores vimos, quais variveis afetam a demanda e a oferta de bens e servios, e como so determinados os preos, supondo sem interferncias, o mercado automaticamente encontra seu equilbrio. Implicitamente, estava sendo suposta uma estrutura especfica de mercado, qual seja, a de concorrncia perfeita. As vrias formas ou estruturas de mercados dependem fundamentalmente de trs caractersticas: a) nmero de empresas que compe esse mercado; b) tipo do produto ( se as firmas fabricam produtos idnticos ou diferenciados); c) se existem ou no barreiras ao acesso de novas empresas nesse mercado. A maior parte dos modelos existentes pressupe que as empresas maximizam o lucro total, especificamente para o caso de estruturas oligopolistas de mercado, veremos que existe uma teoria alternativa, que pressupe que a empresa maximiza o mark-up, que margem entre a receita e os custos diretos ( ou variveis )de produo. Concorrncia pura ou perfeita

um tipo de mercado em que h um grande nmero de vendedores ( empresas ), de tal sorte uma empresa, isoladamente, por ser insignificante, no afeta os nveis de oferta do mercado e, consequentemente, o preo de equilbrio. Nesse tipo de mercado devem prevalecer ainda as seguintes premissas: Produtos homogneos: No existe diferenciao entre os produtos ofertados pelas empresas concorrentes. No existem barreiras: para o ingresso de empresas no mercado. Transparncia do mercado: Todas as informaes sobre lucros, preos etc. so conhecidas por todos os participantes do mercado. Monoplio O mercado monopolista se caracteriza por apresentar condies diametralmente opostas s da concorrncia perfeita. Nele existe, de um lado, um nico empresrio (empresa) dominando inteiramente a oferta e, de outro, todos os consumidores. No h, portanto concorrncia, nem produto substituto ou concorrente. Nesse caso, ou os consumidores se submetem s condies impostas pelo vendedor, ou simplesmente deixaram de consumir o produto. Nessa estrutura de mercado, a curva de demanda da empresa a prpria curva de demanda do mercado como um todo. Ao ser exclusiva no mercado, a empresa no estar sujeita aos preos vigentes. Mas isso no significa que poder aumentar os preos indefinidamente. Para a existncia de monoplios, deve haver barreiras que praticamente impeam a entrada de novas firmas no mercado. Essas barreiras podem advir das seguintes condies: Monoplio puro, elevado volume de capital, patente e controle de matrias-primas bsicas, existem ainda, os monoplios institucionais ou estatais em setores considerados estratgicos ou de segurana nacional (petrleo, *energia, *comunicao). Continuao (f) Oligoplio um tipo de estrutura normalmente caracterizada por um pequeno nmero de empresas que dominam a oferta de mercado. Pode caracterizar-se como um mercado em que h um pequeno nmero de empresas, como a indstria automobilstica, ou ento onde h um grande nmero de empresas, mas poucas dominam o mercado, como a indstria de bebidas. O setor produtivo no Brasil altamente oligopolizado, sendo possvel encontrar inmeros exemplos: montadoras de veculos, setor de cosmticos, indstria de papel, indstria farmacutica etc. Nos oligoplios, tanto as quantidades ofertadas quanto os preos so fixados entre as empresas por meio de cartis. O cartel uma organizao formal ou informal de produtores dentro de um setor que determina a poltica de preos para todas as empresas que a ele pertencem. Podemos caracterizar tambm tanto oligoplios com produtos diferenciados (como a indstria automobilstica) como oligoplios com produtos homogneos (alumnio). Concorrncia monopolista Trata-se de uma estrutura de mercado intermediria entre a concorrncia perfeita e o monoplio, mas que no se confunde com o oligoplio, pelas seguintes caractersticas: a) Nmero relativamente grande de empresas com certo poder concorrencial, porm com segmentos de mercados e produtos diferenciados, seja por caractersticas fsicas, embalagem ou prestao de servios complementares (ps-venda). b) Margem de manobra para fixao dos preos no muito ampla, uma vez que existem produtos substitutos no mercado. Essas caractersticas acabam dando um pequeno poder monopolista sobre o preo de seu produto, embora o mercado seja competitivo (da o nome concorrncia monopolista). Estrutura do Mercado de fatores de produo At aqui identificamos as estruturas de mercados de bens e servios. O mercado de fatores de produo mo de obra, capital, terra e tecnologia tambm apresenta diferentes estruturas. As estruturas no mercado de fatores de produo so resumidas a seguir: A) Concorrncia Perfeita no mercado de fatores

um mercado onde existe oferta abundante do fator de produo (por exemplo), (Mo de obra no especializada), o que torna o preo desse fator constante. Os ofertantes ou fornecedores, como so em grande nmero, no tm condies de obter preos mais elevados por seus servios.

Continuao (f) B) Monopsnio Trata-se de uma forma de mercado na qual h somente um comprador para muitos vendedores dos servios dos insumos. o caso da empresa que se instala em uma determinada cidade do interior e, por ser a nica, torna-se demandante exclusiva da mo de obra local e das cidades prximas, tendo para si a totalidade da oferta de mo de obra. C) Oligopsnio um mercado onde existem poucos compradores que dominam o mercado para muitos vendedores. Exemplo: indstria de laticnios. Em cada cidade existem dois ou trs laticnios que adquirem a maior parte do leite dos inmeros produtores rurais locais. A indstria automobilstica, alm de oligopolista no mercado de bens e servios, tambm oligopsonista na compra de autopeas. D) Monoplio bilateral O monoplio bilateral ocorre quando um monopsonista, na compra de um fator de produo, defronta-se com um monopolista na venda deste fator. Por exemplo, s a empresa A compra um tipo de ao que produzido apenas pela siderrgica B. A empresa A monopsonista, porque s ela compra esse tipo de ao, e a siderrgica B monopolista, porque s ela vende este tipo de ao. Nesses casos, a determinao dos preos de mercado depender no s de fatores econmicos, mas do poder de barganha de ambos: o monopsonista tentando pagar o preo mais baixo (usando a fora de ser o nico comprador), e o monopolista tentando vender por um preo mais elevado (usando o poder de ser o nico fornecedor).

Principais Caractersticas das Estruturas Bsicas de Mercado

Caracterstica

Concorrncia Perfeita

Monoplio

Oligoplio

Concorrncia Monopolista Grande

1. Quanto ao nmero Muito grande de empresas

S h uma empresa

Pequeno

2. Quanto ao produto Homogneo. No h diferenas

No h substitutos prximos

Pode ser homogneo Diferenciado ou diferenciado

3.Quanto ao controle das empresas sobre os preos

No h possibilidade de manobras pelas empresas

As empresas tm Embora dificultado grande poder para pela interdependncia manter preos entre as empresas, relativamente elevados estas tendem a formar cartis

Pouca margem de manobra, devido existncia de substitutos prximo.

4.Quanto concorrncia extrapreo

No possvel Nem seria eficaz.

A empresa geralmente intensa, sobretudo recorre a campanhas quando h institucionais diferenciao do produto

intensa

5.Quanto as condies No h barreiras de ingresso no mercado

Barreiras de acesso de Barreiras de acesso de No h barreiras novas empresas novas empresas

Introduo Macroeconomia (F)

Introduo A macroeconomia estuda a economia como um todo, analisando a determinao e o comportamento de grandes agregados, tais como: renda e produto nacionais, nvel geral de preos, emprego e desemprego, estoque de moeda e taxas de juros, balana de pagamentos e taxa de cmbio. Ao estudar e procurar relacionar os grandes agregados, a Macroeconomia negligencia o comportamento das unidades econmicas individuais e de mercados especficos, estas so preocupaes da Microeconomia. Entretanto, embora exista um aparente contraste, no h um conflito entre a Micro e a Macroeconomia, uma vez que o conjunto da economia a soma de seus mercados individuais. A diferena primordialmente uma questo de nfase, de enfoque. Ao estudar a determinao de preos numa indstria, na Microeconomia consideram-se constantes os preos das outras indstrias. Na macroeconomia estuda-se a nvel geral de preos ignorando-se a mudana de preos relativa dos bens das diferentes indstrias. A Teoria Macroeconmica propriamente dita preocupa-se mais com aspectos de curto prazo. Especificamente, preocupa-se com questes como desemprego, que aparece sempre que a economia est trabalhando abaixo de seu mximo de produo, e com as implicaes sobre os vrios mercados quando se alcana a estabilizao do nvel geral de preos. parte da Teoria Econmica que estuda questes de longo prazo denominada Teoria do Crescimento Econmico. Na tentativa de se determinar como os preos e as quantidades so estabelecidos, desenvolveramse 2 mtodos de anlise bsicos: a) Abordagem de equilbrio parcial: analisa um determinado mercado sem considerar os efeitos que este mercado pode ocasionar sobre os demais mercados existentes na economia. b) Abordagem de equilbrio geral: acredita-se que tudo depende de tudo, e assim, se quisssemos determinar como so formados os preos dos bens, deveramos listar todos os

bens que so produzidos pela economia e todos os diferentes tipos de insumos que so utilizados. A curva de Phillips, expressava simplesmente uma curva de oferta agregada positivamente inclinada. Phillips relacionava a taxa de crescimento dos preos ( inflao ) com a taxa de desemprego. Caso a taxa de desemprego fosse mais elevada, isto indicaria um maior excesso de oferta, e conseqentemente haveria uma presso para que a taxa de crescimento dos salrios nominais fosse mais baixa. Essa taxa menor corresponderia a uma taxa de inflao menor.

Continuao (G) Metas de poltica macroeconmica Alto nvel de emprego Estabilidade de preos Distribuio de renda socialmente justa Crescimento econmico Alto nvel de emprego Desde a Revoluo Industrial, em fins do sculo XVIII, at o incio do sculo XX, o mundo econmico parece ter funcionado sobre o pensamento liberal, que acreditava que os mercados, sem interferncia do Estado, conduziam a Economia ao pleno emprego de seus recursos, como se guiados por uma mo invisvel, determinariam os preos e a produo de equilbrio, e, desse modo, nenhum problema surgiria no mercado de trabalho. Entretanto, a evoluo da economia mundial trouxe em seu bojo novas variveis, como o surgimento de sindicatos de trabalhadores, os grupos econmicos e o desenvolvimento de mercado de capitais e do comrcio internacional, de sorte a complicar e trazer incertezas sobre o funcionamento da economia. A ausncia de polticas econmicas levou quebra da Bolsa de Nova York em 1929, e uma crise de desemprego atingiu todos os pases do mundo ocidental nos anos seguintes. Com a contribuio de Keynes, fincaram-se as bases da moderna Teoria Econmica, e da interveno do Estado na economia de mercado, que nos passa qual o grau de interveno do Estado na economia e em que medida ele deve ser produtor de bens e servios. A corrente dos economistas liberais (hoje neoliberais), prega a sada do governo da produo de bens e servios.

Estabilidade de preos Define-se inflao como um aumento contnuo e generalizado no nvel geral de preos. Por que inflao um problema? Primeiramente, porque a inflao acarreta distores, principalmente sobre a distribuio de renda, sobre as expectativas dos agentes econmicos e sobre o balano de pagamentos. importante salientar que, enquanto nos pases industrializados o problema central o desemprego, nos pases em via de desenvolvimento o foco mais importante de anlise o da inflao. Esse tema de difcil abordagem, dado que as causas da inflao diferem entre pases (deve-se levar em conta, por exemplo, o estgio de desenvolvimento e a estrutura dos mercados), e num dado pas, diferem no tempo.

Continuao (G) Distribuio Eqitativa de Renda A economia brasileira cresceu razoavelmente entre o fim dos anos 60 e a maior parte da dcada de 70. Apesar disso, verificou-se uma disparidade muito acentuada de nvel de renda, tanto a nvel pessoal coma a nvel regional. Isso fere, evidentemente, o sentido de eqidade ou justia.

No Brasil, os crticos do milagre argumentavam que haviam piorado a concentrao de renda no pas, nos anos 1967-1973, devido a uma poltica deliberada do governo baseada em crescer primeiro para depois distribuir (chamada Teoria do Bolo). A posio oficial era de que um certo aumento na concentrao de renda seria inerente ao prprio desenvolvimento capitalista, dada as transformaes estruturais que ocorrem (xodo rural, com trabalhadores de baixa qualificao, aumento da proporo de jovens etc.). Nesse processo gera-se uma demanda por mo de obra qualificada, a qual por ser escassa, obtm ganho extra. Assim o fator educacional seria a principal causa da piora distributiva. Crescimento Econmico Se existe desemprego e capacidade ociosa, pode-se aumentar o produto nacional atravs de polticas econmicas que estimulem a atividade produtiva. Mas, feito isso, h um limite quantidade que se pode produzir com os recursos disponveis. Aumentar o produto alm desse limite exigir: a) Um aumento nos recursos disponveis; b) Ou um avano tecnolgico (melhoria tecnolgica, novas maneiras de organizar a produo, qualificao da mo de obra). Quando falamos em crescimento econmico, estamos pensando no crescimento da renda nacional per capita, ou seja, colocar disposio da coletividade uma quantidade de mercadorias e servios que supere o crescimento populacional. A renda per capita considerada um razovel indicador o mais operacional para se aferir melhoria do padro de vida da populao, embora apresente falha ( os pases rabes tm as maiores rendas per capita, mas no o melhor padro de vida do mundo). Instrumentos de poltica macroeconmica A poltica macroeconmica envolve a atuao do governo sobre a capacidade produtiva e despesas planejadas, com objetivo de permitir que a economia opere a pleno emprego, com baixas taxas de inflao e uma distribuio justa de renda. Os principais instrumentos para atingir tais objetivos so as polticas fiscais, monetrias, cambiais e comerciais, e de rendas.

Continuao (G) Poltica Fiscal Refere-se a todos os instrumentos que o governo dispe para arrecadao de tributos e o controle de suas despesas. Alm da questo do nvel de tributao, a poltica tributria, por meio da manipulao da estrutura e alquotas de impostos. utilizada para estimular (ou inibir) os gastos de consumo do setor privado. Se o objetivo da poltica econmica reduzir a taxa de inflao, as medidas fiscais normalmente utilizadas, so a diminuio de gastos pblicos e/ou o aumento da carga tributria (o que inibe o consumo). Ou seja, visam diminuir os gastos da coletividade. Se o objetivo um maior crescimento e emprego, os instrumentos fiscais so os mesmos, mas em sentido inverso, para elevar a demanda agregada. Poltica Monetria - Refere-se atuao do governo sobre a quantidade de moeda e de ttulos pblicos, os instrumentos disponveis para tal so: a) emisses b) reservas compulsrias c)open market (compra e venda de ttulos pblicos) d) redescontos ( emprstimos do Banco Central aos bancos comerciais ) As polticas monetrias e fiscal representam meios alternativos diferentes para as mesmas finalidades. A poltica econmica deve ser executada atravs de uma combinao adequada de instrumentos fiscais e monetrios. Pode-se dizer que a poltica fiscal apresenta maior eficcia quando o objetivo uma melhoria na distribuio de renda, tanto na taxao s rendas mais altas como pelo aumento dos gastos do governo com destinao a setores menos favorecidos.

Polticas Cambial e Comercial : A poltica cambial refere-se atuao do governo sobre a taxa de cmbio. O governo, atravs do Banco Central, pode fixar a taxa de cmbio, ou permitir que ela seja flexvel e determinada pelo mercado de divisas. A poltica comercial diz respeito aos instrumentos de incentivos s exportaes e/ou estmulo ou desestmulo s importaes, ou seja, refere-se aos estmulos fiscais. (crdito - prmio do ICMS, IPI etc.) e creditcios (taxas de juros subsidirias) s exportaes e ao controle de importaes (via tarifas e barreiras quantitativas sobre importaes). Poltica de Rendas A poltica de rendas refere-se interveno direta do governo na formao de renda (salrios, aluguis), atravs de controle e congelamentos de preos. A caracterstica especial que, nesses controles, os preos so congelados, e os agentes econmicos no podem responder s influncias econmicas normais de mercado. Continuao ( G ) Estrutura de anlise macroeconmica Tradicionalmente, a estrutura bsica do modelo macroeconmico compe-se de cinco mercados: No Mercado de Bens e Servios, para tentar responder como se tem comportamento o nvel de atividades, efetua-se uma agregao de todos os bens produzidos pela economia durante um certo perodo de tempo e define-se o chamado Produto Nacional. A demanda agregada depende fundamentalmente da evoluo da demanda dos quatro grandes setores ou agentes macroeconmicos: consumidores, empresas, governo e setor externo. O Mercado de Trabalho tambm representa uma agregao de todos os tipos de trabalhos existentes na economia. Neste mercado, determinamos como estabelece a taxa salarial e o nvel de emprego. O Mercado Monetrio, consiste em que todas as transaes da economia so efetuadas atravs da utilizao de moeda. Neste mercado supomos a existncia de uma demanda de moeda ( em funo da necessidade de transaes dos agentes econmicos, ou seja, da necessidade de liquidez ) e uma oferta de moeda, determinada pelo Banco Central e atuao dos bancos comerciais. A demanda e a oferta de moeda determinam a taxa de juros. O Mercado de Ttulos, consiste de agentes econmicos superavitrios e agentes deficitrios. Agentes superavitrios so aqueles que possuem um nvel de gastos inferior a seu volume de renda, assim podem efetuar emprstimos para os agentes econmicos deficitrios. O Mercado de Divisas, como o mercado mantm transaes com o resto do mundo, existem mercados de divisas ou de moeda estrangeira. A oferta de divisas depende das exportaes e da entrada de capitais financeiros, enquanto a demanda de divisas determinada pelo volume de importaes e sada de capital financeiro. Inflao ( H ) Conceito de inflao: definida como um aumento persistente e generalizado dos ndices de preos, ou seja, os movimentos inflacionrios so aumentos contnuos de preos, e no podem ser confundidos com altas espordicas de preos, devidas s flutuaes sazonais, por exemplo. As fontes de inflao costumam diferir em funo das condies de cada pas, como por exemplo: a) Tipo de estrutura de mercado ( oligopolista, monopolista, etc.). b) Grau de abertura da economia ao comrcio exterior: quanto mais aberta economia competio externa, maior a concorrncia interna entre fabricantes, e menores os preos dos produtos.

c) Estrutura das organizaes trabalhistas: quanto maior o poder de barganha dos sindicatos, maior a capacidade de obter reajustes de salrios acima dos ndices de produtividade, e maior presso sobre os preos. Inflao de demanda: Refere-se ao excesso de demanda agregada em relao produo disponvel de bens e servios. A probabilidade de ocorrer inflao de demanda aumenta quando a economia est produzindo prximo do pleno emprego de recursos. Nessa situao, aumentos de demanda agregada de bens e servios, com a economia j em plena capacidade, conduzem a elevaes de preos, principalmente em setores de insumos bsicos. Para combater um processo inflacionrio de demanda, a poltica econmica deve basear-se em instrumentos que provoquem uma reduo da procura agregada por bens e servios (reduo dos gastos do governo, aumento da carga tributria, arrocho salarial, controle de crdito, aumento das taxas de juros). Inflao de custos: A inflao de custos poder ser associada inflao tipicamente de oferta. O nvel de demanda permanece o mesmo, mas os custos de certos fatores importantes aumentam. Com isso, ocorre uma retrao da produo, deslocando a curva de oferta para trs, provocando um aumento de preos no mercado. As causas mais comuns dos aumentos dos custos de produo so: Aumentos salariais: Um aumento das taxas de salrios que supere os aumentos na produtividade da mo de obra acarreta um aumento dos custos unitrios de produo, que so normalmente repassados aos preos dos produtos. Aumentos do custo das matrias primas: Por exemplo, as crises do petrleo da dcada de 70, ao elevar sensivelmente os preos dessa matria primam, provocaram um brutal aumento nos custos de produo, em particular nos custos de transporte e de energia com base no diesel. Estruturas de mercado: A inflao de custos tambm est associada ao fato de algumas empresas, com elevado poder de monoplio ou oligoplio, terem condies de elevarem de elevar seus lucros acima da elevao dos custos de produo.

Continuao ( K ) Efeitos provocados por taxas elevadas de inflao

Uma das distores mais srias provocadas pela inflao diz respeito reduo relativa do poder aquisitivo das classes que dependem de rendimentos fixos, com prazos legais de reajustes. Nesse caso esto os assalariados que, com o passar do tempo, vo ficando com seus oramentos cada vez mais reduzidos, at a chegada de um novo reajuste. Os comerciantes, industriais e o prprio Governo tm condies de repassar os aumentos de custos provocados pela inflao, garantindo, assim, a participao de sua parcela no produto nacional. A distoro provocada por altas taxas de inflao, afeta tambm o balano de pagamentos. As elevadas taxas de inflao, em nveis superiores ao aumento de preos internacionais encarecem o produto nacional relativamente ao produzido externamente. Assim devem provocar um estmulo as importaes e um desestmulo as exportaes, diminuindo o saldo da balana comercial, normalmente lanam mo de desvalorizaes cambiais, as quais, tornando a moeda nacional mais barata relativamente moeda estrangeira, podem estimular a colocao de nossos produtos no exterior, ao mesmo tempo em que desestimulam as importaes. Nas finanas pblicas, a inflao tende a corroer o valor da arrecadao fiscal do governo, pela defasagem existente entre o fato gerador e o recolhimento efetivo do imposto. Maior a inflao, menor a arrecadao real do governo. A Poltica econmica brasileira de combate inflao A inflao tornou-se crnica na economia brasileira a partir dos anos 50, vrias eram as explicaes para o surgimento dos dficits governamentais. De um lado, a necessidade de o governo fornecer a infra-estrutura de transportes, energia, saneamento etc., para que o setor privado pudesse produzir o volume de bens e servios do governo e a conseqente ineficincia na

aplicao de seus recursos, associadas impossibilidade do o governo aumentar a carga tributria (e, portanto a sua receita), dada o baixo nvel de renda per capita da populao. O governo no podia aumentar os impostos para financiar o desenvolvimento econmico, fez a opo pela emisso de dinheiro. Com isso gerou-se uma tpica inflao de demanda: quanto mais dinheiro circulava, maiores eram as compras, relativamente a uma capacidade produtiva que no tinha condies de crescer no curto prazo. O perodo de 1968 a 1973 foi o do milagre econmico, com elevadas taxas de crescimento obtidas na economia brasileira. Com o crescimento da produo, a taxa de inflao passou de 25,4 %, em 1968, para 15,7%, em 1973. A partir de 1973, a crise do petrleo trouxe repercusses profundas na economia mundial, e, desde essa data, a economia brasileira passou apresentar taxas de inflao crescente. O principal mecanismo de poltica econmica de combate inflao para a corrente liberal estava na reduo da demanda agregada, atravs da reduo dos gastos do governo, de uma poltica salarial mais restritiva e do controle da oferta monetria ( razo pela qual os economistas ortodoxos so tambm chamados monetaristas ). Continuao ( K ) Alguns tericos constataram que a partir de maro de 1986, foi mudado o diagnstico sobre a inflao brasileira, ou seja, todos os negcios, contratos, etc. eram firmados com base num ndice que procurava garantir a correo monetria dos valores envolvidos. Dessa forma, todos aos aumentos de preos eram captados pelo ndice, e automaticamente eram repassados para todos os demais preos da economia, gerando um processo automtico de realimentao da inflao. A esse fenmeno auto-alimentador denomina-se inflao inercial. A inflao inercial seria provocada, fundamentalmente, pelos mecanismos de indexao formal ( salrios, aluguis, contratos financeiros ) , e indexao informal ( preos em geral, impostos, e tarifas pblicas). Foi com esse diagnstico inercialista, que o Plano Cruzado procurou romper com esse mecanismo de propagao da inflao, congelando os preos, salrios e o cmbio ( a chamada poltica heterodoxa ), numa tentativa de eliminar a memria inflacionria. O Plano Cruzado teve vida efmera. Muitas foram suas falhas, a comear pela manuteno do congelamento por um perodo muito longo ( 9 meses ). Quando foi implantado, os preos relativos encontravam-se fora do equilbrio, e muitos preos estavam defasados, o que provocou o aparecimento do gio e a maquiagem de muitos produtos. Por ocasio do descongelamento, no incio de 1987, com o chamado Plano Cruzado II, houve uma nova acelerao inflacionria. Outro planos, como o Plano Bresser e o plano Vero, ainda durante o Governo Sarney, e mais tarde o Plano Collor, tambm utilizaram o congelamento de preos e salrios para tentar conter o processo inflacionrio brasileiro. O Plano Collor, de maro de 1990, foi o mais ousado na prtica de inconstitucionalidades , ao promover um bloqueio total nos ativos mantidos pelos agentes econmicos juntos s instituies financeiras. Em 1994, no Governo Itamar Franco, implementou-se o Plano Real, este por sua vez reconheceu que as causas da inflao brasileira estavam no desequilbrio do setor pblico e nos mecanismos de indexao. Numa primeira etapa procurou-se equilibrar o oramento pblico por meio da criao do IPMF, que incidia sobre as transaes bancrias. Numa segunda etapa processou-se a quase total desindexao da economia, atravs da mudana da moeda: passagem do cruzeiro real para URV e desta para uma nova unidade monetria, o real, de forma muita bem sucedida. A terceira etapa est na consolidao do Plano, que s ocorrer se forem implementadas as reformas que visam modernizar a economia, e principalmente o setor pblico brasileiro. A corrente estruturalista: O estruturalista supe que a causa da inflao se localiza no comportamento do setor privado (oligoplios, latifndios) e no do setor pblico. Esses economistas tornaram-se defensores de uma economia mais centralizada, baseada num planejamento e numa grande participao do Estado. Os estruturalistas consideram que as causas da inflao devem-se aos conflitos distributivos, que se estabelecem na tentativa dos vrios setores da sociedade buscarem manter ou elevar a sua parcela na renda nacional: os empresrios, atravs de preos que preservem suas margens de lucros; o governo atravs de impostos, preos e tarifas pblicas: e os trabalhadores, atravs de seus salrios. Nessa disputa, segundo os estruturalistas, os principais beneficirios so os oligoplios os maiores perdedores so os trabalhadores.

Exerccios

1) A empresa Tabajara apresentou em 1997 um faturamento de aproximadamente 400 mil, em 1998 aumentou seu faturamento para 650 mil, se a inflao no perodo de 1998 foi de 40%, qual foi o aumento/diminuio real do faturamento desta empresa em comparao com o perodo de 1997? 2) A empresa Mouse apresentou em 1998 um faturamento na ordem de 250 mil, no ano de 1999 aumentou seu faturamento para 285 mil, se a inflao no perodo de 1999 foi de 25%, qual o aumento/diminuio real do faturamento desta empresa em comparao como perodo de 1998? 3) A empresa Teclado apresentou em 2000 um faturamento na ordem de 285 mil e no ano de 2001 reduziu seu faturamento para 250 mil, se a inflao no perodo de 2001 foi de 25%, qual o aumento/diminuio real do faturamento desta empresa em comparao como perodo de 2000? 4) O Sindicato dos Metalrgicos fez uma avaliao dos salrios da classe operria e constataram que em 2002 o salrio lquido de um operrio classe 2 era de R$ 2.500,00 e aps o dissdio em 2003 o salrio foi para R$ 2.635,00, qual foi o aumento/diminuio real dos salrios dessa classe trabalhadora? 5) Um diretor de uma multinacional americana tinha um salrio R$ 9.800,00 no ano de 2000. Em 2002 o seu salrio foi reajustado em 23,5%. Neste intervalo de tempo a inflao foi de 21,9%, qual foi a aumento/diminuio salarial deste empresrio?

O Setor Externo ( I ) 1) Fundamentos do comrcio internacional: a teoria das vantagens comparativas O que leva muitos pases a comercializarem entre si? Esta uma questo bsica a ser respondida. Os economistas clssicos fornecem a explicao terica bsica para o comrcio internacional atravs do chamado Princpio das Vantagens Comparativas. O Princpio das Vantagens Comparativas sugere que cada pas deva se especializar na produo daquela mercadoria em que relativamente mais eficiente (ou que tenha um custo relativamente menor). Esta ser, portanto a mercadoria exportada, por outro lado este pas dever importar aqueles bens cuja produo implicar um custo relativamente maior. A Teoria das Vantagens Comparativas foi formulada por David Ricardo em 1817. No exemplo construdo por esse autor, existem dois pases (Inglaterra e Portugal), dois produtos (tecido e vinho) e apenas um fator de produo (mo de obra). Quant de homens/hora para a produo de uma unidade de Tecidos mercadoria Inglaterra Portugal 100 90 Vinho 120 80

Em termos absolutos, Portugal mais produtivo na produo de ambas as mercadorias. Mas em termos relativos, o custo da produo de tecidos em Portugal maior do que o da produo de vinho, e na Inglaterra, o custo da produo de vinho maior que o da produo de tecidos. Comparativamente, Portugal tem a vantagem relativa na produo de vinho, e a Inglaterra na produo de tecidos. Segundo Ricardo, os dois pases obtero benefcios ao especializarem-se na produo da mercadoria em que possuem vantagem comparativa, exportando-a, e importando outro bem. No importa aqui, o fato de que um pas possa ter vantagem absoluta em ambas as linhas de produo, como o caso de Portugal, no exemplo acima. A teoria desenvolvida por Ricardo fornece uma explicao para os movimentos de mercadorias no comrcio internacional, a partir da oferta ou dos custos de produo existentes nesses pases. Logo, os pases exportaro e se especializaro na produo dos bens cujo custo for comparativamente menor em relao queles existentes, para os mesmos bens, nos demais pases exportadores.

Segundo a corrente estruturalista, os produtos manufaturados apresentam elasticidade - renda da demanda maior que um, e os produtos primrios, menor que um, significando que o crescimento da renda mundial provocaria um aumento relativamente maior no comrcio de manufaturados, acarretando uma tendncia crnica ao dficit no balano de pagamentos dos pases exportadores de produtos bsicos ou primrios. Determinao da taxa de cmbio Quando dois pases mantm relaes econmicas entre si, entram necessariamente em jogo duas moedas, exigindo que se fixe a relao de troca entre ambas. A taxa de cmbio a medida de converso da moeda nacional em moeda de outros pases. Exemplo: dlar pode custar 0,97 de real, 1 libra pode custar 1,27 real etc. Continuao ( L ) A determinao da taxa de cmbio pode ocorrer de dois modos: institucionalmente, atravs de deciso de autoridades econmicas com fixao peridica das taxas (taxas fixas de cmbio), ou atravs do funcionamento do mercado, onde as taxas flutuam automaticamente, em decorrncia das presses de oferta e demanda por divisas estrangeiras (taxas flutuantes). A oferta de divisas realizada tanto pelo os exportadores, que recebem moeda estrangeira em contrapartida de suas vendas, como atravs da entrada de capitais financeiros internacionais. Como as divisas no podem ser utilizadas internamente, precisa ser convertida em moeda nacional. Isso feito pelo Banco Central da seguinte forma: recebe dos importadores do exterior a quantia em divisas dlar, por exemplo, retendo-as em seus cofres, e paga, ao exportador nacional em moeda nacional, em reais, a importncia correspondente. Uma taxa elevada de cmbio significa que o preo da divisa estrangeira est alto, ou que a moeda nacional est desvalorizada. Assim, a expresso desvalorizao cambial indica que houve um aumento da taxa de cmbio maior nmero de reais por unidade de moeda estrangeira. Por sua vez, valorizao cambial significa moeda nacional mais forte, isto , paga-se menos reais por dlar, por exemplo, tem se uma queda na taxa de cmbio. As taxas de cmbio esto intimamente relacionadas com os preos dos produtos exportados e importadas e conseqentemente, com o resultado da balana comercial do pas. Se a taxa de cmbio se encontrar em patamares elevados, estimular as exportaes, pois os exportadores passaram a receber mais reais pela mesma quantidade de divisas derivadas da exportao; em conseqncia haver maior oferta de divisas. Por exemplo: Suponhamos uma taxa de cmbio de 0,90 real por dlar, e que o exportador vendia 1000 unidades de seu produto a 50 dlares cada. Seu faturamento era de 50.000 dlares ou 45.000 reais. Se o cmbio for desvalorizado em 10% , a taxa de cmbio subir para 0,99 real por dlar e, vendendo as mesmas 1000 unidades, receber os mesmos 50.000 dlares, s que valendo agora 49.500 reais. Isso estimular o exportador a vender mais, aumentando a oferta de divisas. Do lado das importaes, a situao se inverte, pois se o preo dos produtos importados se elevam, em moeda nacional, haver um desestmulo s importaes e, conseqentemente, uma queda na demanda de divisas. A inflao interna e seus efeitos sobre a taxa de cmbio At aqui analisamos a paridade cambial sem considerarmos os efeitos da inflao. No entanto, o aumento do nvel de preos internos ocorrncia da inflao provoca uma reduo da taxa real de cmbio, ou seja, com a inflao gera-se, internamente, uma queda no poder aquisitivo da moeda. Os efeitos da perda do poder aquisitivo so: um desestmulo s exportaes, uma vez que o preo do produto exportado no sofre correlao equivalente inflao; e um estmulo s importaes, j que os bens importados, ao no serem corrigidos, ficam mais baratos. Continuao ( L )

A atuao Governamental no mercado de divisas: polticas externas O governo pode atuar atravs da poltica cambial ou da poltica comercial. A poltica cambial diz respeito a alteraes na taxa de cmbio, enquanto a poltica comercial constitui-se de mecanismos que interferem no fluxo de mercadorias e servios.

As polticas cambiais mais freqentes so: A) Regime de taxas fixas de cmbio; B) Regime de taxas flutuantes ou flexveis de cmbio; C) Regime de Bandas cambiais: Dentre as polticas comerciais externas, podemos destacar as seguintes: A) Alteraes das tarifas sobre importaes; B) Regulamentao do comrcio exterior. A estrutura do balano de pagamentos O balano de pagamentos o registro estatstico contbil de todas as transaes econmicas realizadas entre os residentes do pas com os residentes dos demais pases. Desse modo, esto registrados no balano de pagamentos, por exemplo, todas as exportaes e importaes do perodo considerado: os fretes, os seguros, os emprstimos obtidos no exterior etc. Ou seja, todas as transaes com mercadorias, servios e capitais fsicos e financeiros entre o pas e o resto do mundo. O balano de pagamentos apresenta as seguintes subdivises: Balana Comercial: Essa conta compreende basicamente o comrcio de mercadorias. Se as exportaes FOB excedem as importaes FOB, temos um supervit no balano de comrcio; caso contrrio temos um dficit. Balano de Servios: Registram-se todos os servios pagos/ recebidos pelo Brasil, tais como fretes, seguros, lucros, juros, royalties e assistncia tcnica, viagens internacionais. Transferncias Unilaterais: Tambm conhecidas como conta donativos, registram as doaes interpases. Estes donativos podem ser em divisas como em mercadorias. Balano de Transaes Correntes: O somatrio dos balanos comercial, de servios e de transferncias unilaterais resulta no saldo em conta corrente ou balano de transaes correntes. Se o saldo do balano de transaes correntes for negativo, temos uma poupana externa positiva, pois indica que o pas aumentou seu endividamento externo, em termos financeiros, mas absorveu bens e servios em termos reais no exterior.

Continuao ( L ) Movimento de Capitais ou Balano de Capitais: Na conta de capital aparecem as transaes que produzem variaes no ativo e no passivo externos do pas e que, portanto, modificam sua posio devedora ou credora perante o resto do mundo. A conta de capital subdivide-se em duas: Movimento autnomo de capital, na forma de investimentos diretos de empresas multinacionais, de emprstimos e financiamentos para projetos de desenvolvimento do pas e de capitais financeiros de curto prazo, aplicados no mercado financeiro nacional. Movimentos induzidos de capital, para financiar o saldo do balano de pagamentos. Inclui as contas Atrasadas Comerciais (quando o pas no paga suas obrigaes na data do vencimento) e Emprstimos de Regulamentao do FMI (quando o pas tem problemas de liquidez internacional). Cabe uma observao sobre a rubrica Erros e Omisses. a diferena entre o saldo do balano de pagamentos e o financiamento do resultado que surge quando se tenta compatibilizar transaes fsicas e financeiras. A regra internacional admitir para Erros e Omisses um valor de, no mximo, 5% da soma das exportaes com as importaes.

Organismos Internacionais As grandes guerras mundiais, assim como os conturbados anos da Grande Depresso, que culminaram com a crise dos anos 30, provocaram enormes perturbaes na economia de praticamente todos os pases, e por seguinte nas. (relaes econmicas internacionais). J ao final da Segunda Guerra Mundial evidenciava-se a necessidade de mudanas no sistema de pagamentos internacionais. Tais eram as preocupaes reinantes nos ltimos anos da Segunda Guerra Mundial, quando se via no comrcio mundial um importante instrumento para potencializar o desenvolvimento do mundo capitalista. Dentro desse contexto foram criados os trs principais organismos econmicos internacionais do ps-guerra: A) Fundo Monetrio Internacional (FMI); Um dos objetivos principais do FMI socorrer os pases a ele associados quando da ocorrncia de desequilbrios transitrios em seus balanos de pagamentos. B) Banco Mundial; Tambm conhecido por BIRD, foi criado com intuito de auxiliar a reconstruo dos pases devastados pela guerra e, posteriormente, para promover o crescimento dos pases em vias de desenvolvimento. Continuao ( L ) C) Organizao Mundial do Comrcio (OMC); Foi criada com objetivo bsico de reduzir as restries ao comrcio internacional e a liberalizao do comrcio multilateral. Atravs do GATT (Acordo Geral de Tarifas e Comrcio), procurava-se estruturar um conjunto de regras e instituies que regulassem o comrcio internacional e encaminhassem a resoluo de conflitos entre os pases. Nesse sentido, o GATT estabeleceu como princpios bsicos: reduo das barreiras comerciais, a no discriminao comercial entre os pases, a compensao dos pases prejudicados por aumentos de tarifas alfandegrias e a arbitragem de conflitos comerciais.

O BALANO DE PAGAMENTOS DO BRASIL O incio da contabilizao do balano de pagamentos no Brasil data de 1947, quando os levantamentos eram feitos pelo Banco do Brasil e pela Fundao Getlio Vargas. Atualmente, essa tarefa atribuio do Banco Central do Brasil. Desde o incio, o saldo do balano de pagamentos em transaes correntes tem sido predominantemente deficitrio, o que considerado natural para economias pobres, que dependem de poupana externa para se desenvolver. Na maior parte do perodo, os dficits foram decorrncia de saldo negativo na conta servios, pois a balana comercial mostrou predomnio de resultados positivos. A dcada de 70 constitui a exceo mais expressiva, pois nesse perodo o pas acumulou dficits nos balanos comercial e de servios. A maior parte das dificuldades na balana comercial dessa poca resultou do brusco aumento dos gastos com importao em razo do choque do petrleo ocorrido em 1973. A crise da dvida externa dos anos 80 fez ressurgirem os supervits comerciais. Essa crise se caracterizou pelo corte abrupto nos fluxos de capitais das naes industrializadas para as menos desenvolvidas. Alm disso, os pases devedores, em particular os da Amrica Latina, foram submetidos a fortes presses para pronto pagamento dos crditos tomados no passado. Com isso, foram forados a adotar programas de ajustamento que tinham como meta obter rpido incremento de divisas para honrar os compromissos externos. Entre 1990 e 1991, houve uma drstica reduo dos investimentos diretos no pas, bem como dos emprstimos e financiamentos a longo prazo, reflexo da insegurana dos investidores internacionais quanto s atitudes do governo Collor. De 1992 em diante, a crise de confiana em

nosso governo foi superada e o pas voltou a captar recursos internacionais em volumes crescentes. Em julho de 1994, o Plano Real foi implantado. Dentre suas conseqncias, destaca-se a valorizao da moeda nacional, que estimulou importaes e reduziu exportaes. Esse fato contribuiu para nova transformao nas relaes econmicas brasileiras com o resto do mundo, deixando o pas numa situao muito vulnervel aos movimentos especulativos internacionais.

BALANOS DE PAGAMENTOS ( EXERCCIOS ) 1) Dadas seguintes informaes sobre o Balano de Pagamentos, em milhes de reais: Fretes Pagos Emprstimos Externos Recebidos Importaes ( FOB ) Exportaes ( FOB ) Donativos Recebidos e Reais Amortizaes Pagas Juros Investimento Direto Viagem ( Turismo Estrangeiro ) 30 40 80 110 10 20 15 70 30

Pede se: A) O Saldo da Balana Comercial ( BC ) B) O Saldo da Balana de Transaes Correntes ( BTC ) C) O Saldo da Balano de Pagamentos ( BP ) 2) Dadas as seguintes informaes sobre o Balano de Pagamentos, em milhes de reais: Fretes Pagos Emprstimos Externos Recebidos Importaes ( FOB ) Exportaes ( FOB ) Donativos Recebidos e Reais Amortizaes Pagas Pede se: A)O Saldo da Balana Comercial ( BC ) B)O Saldo da Balana de Transaes Correntes ( BTC ) C)O Saldo da Balano de Pagamentos ( BP ) 3) Numa economia, durante um determinado ano, efetuaram-se as seguintes transaes com exterior ( em dlares ): a) Importao de Mercadorias a vista: 350 milhes. b) Importao de equipamentos: 50 milhes financiados a longo prazo. c) Ingressam 20 milhes de dlares em equipamentos para firmas estrangeiras. d) Exportao a vista: 400 milhes. e) Pagamento de fretes, a vista, no valor de 50 milhes. f) Remessa ao exterior: lucros de companhia estrangeiras ( 10 milhes ), amortizaes ( 30 milhes ) e juros ( 20 milhes ). g) Recebimento de 10 milhes de dlares em donativos. Pede-se montar o Balano de Pagamentos completo do pas. BALANOS DE PAGAMENTOS ( EXERCCIOS ) 1) Dadas seguintes informaes sobre o Balano de Pagamentos, em milhes de reais: 20 20 80 100 5 10

Viagem ( Turismo Estrangeiro ) Emprstimos Externos Recebidos Importaes ( FOB ) Donativos Recebidos e Reais Amortizaes Pagas Juros Investimento Direto Exportaes ( FOB ) Fretes Pagos

15 25 45 25 55 35 70 85 30

Pede se: A) O Saldo da Balana Comercial ( BC ) B) O Saldo da Balana de Transaes Correntes ( BTC ) C) O Saldo da Balano de Pagamentos ( BP ) 2) Dadas as seguintes informaes sobre o Balano de Pagamentos, em milhes de reais:

Fretes Recebidos Fretes Pagos Emprstimos Externos Recebidos Importaes ( FOB ) Exportaes ( FOB ) Donativos Recebidos e Reais Amortizaes Pagas

45 35 10 180 100 35 20

Pede se: A)O Saldo da Balana Comercial ( BC ) B)O Saldo da Balana de Transaes Correntes ( BTC ) C)O Saldo da Balano de Pagamentos ( BP ) 3) Numa economia, durante um determinado ano, efetuaram-se as seguintes transaes com exterior ( em dlares ): a) Importao de Mercadorias a vista: 250 milhes. b) Importao de equipamentos: 80 milhes financiados a longo prazo. c) Ingressam 30 milhes de dlares em equipamentos para firmas estrangeiras. d) Exportao a vista: 360 milhes. e) Pagamento de fretes, a vista, no valor de 45 milhes. f) Remessa ao exterior: lucros de companhia estrangeiras ( 15 milhes ), amortizaes ( 30 milhes ) e juros ( 10 milhes ). g) Recebimento de 40 milhes de dlares em donativos. Pede-se montar o balano de pagamentos completo do pas. Estrutura do Balano de Pagamentos A. Balana Comercial ( Mercadorias ) Importaes ( dbito ) Exportaes ( crdito ) B. Balano de Servio Viagens ( turismo ) Transportes ( fretes ) Seguros Rendas de Capitais ( juros, lucros, dividendos e lucros reinvestidos pelas multinacionais ).

Servios diversos ( royalties, assistncia tcnica ) Servios governamentais ( embaixadas ) C. Transferncias Unilaterais ( Donativos em Divisas ou Mercadorias ) D. Balano de Transaes Correntes ou Saldo em Conta Corrente ( Resultado Lquido de A + B + C ) E. Movimento de Capitais Autnomos ( Transaes Monetrias ) Investimento diretos lquidos ( novas firmas estrangeiras ) Reinvestimentos ( multinacionais j instaladas no pas ) Emprstimos e financiamentos ( Banco Mundial, BID, bancos privados e oficiais estrangeiros ) Amortizaes Capitais de curto prazo F. Saldo do Balano de Pagamentos ( Resultado Lquido de D + E )

Aspectos da Distribuio da Renda no Brasil ( J ) Apresentao O crescimento econmico constitui um processo atravs do qual a renda per capita de uma dada sociedade se eleva persistentemente. Acompanhando este crescimento, ocorre uma srie de transformaes estruturais de ordem quantitativa e qualitativa. Dentre essas destacam - se: diminuio das taxas brutas de natalidade e mortalidade, que alteram a estrutura etria da populao e da fora de trabalho; ampliao do sistema escolar e de sade; maior acesso aos meios de transportes, de comunicao e culturais; urbanizao das atividades econmicas e da fora de trabalho em detrimento do setor primrio e a favor das atividades de servios; maior integrao com as economias mundiais; e o aumento da produtividade mdia da economia nos diferentes setores da atividade econmica, liberado pelo setor industrial. O desenvolvimento econmico, por sua vez, pressupe que, paralelamente ao primeiro processo, a maior parte da populao dessa sociedade seja a principal beneficiria desse conjunto de transformaes estruturais. Entende-se que, ao longo do tempo, para a maior parte da populao, devam ocorrer melhorias no padro de vida material, maior tempo de vida e sade, ampliao no exerccio da cidadania, e maiores oportunidades de aperfeioamento pessoal. Assim sendo, estudos sobre a evoluo da distribuio de renda e de outros indicadores sociais so importantes para detectar se de fato o crescimento econmico est atingindo estes objetivos. No caso brasileiro, essas mudanas se fizeram sentir, principalmente aps a dcada de 50, em que o pas, assim como outros pases denominados de em desenvolvimento, ingressou num processo de crescimento econmico acelerado, sob a liderana do setor industrial. No entanto, ao contrrio de outros pases do leste asitico, que tambm cresceram de forma acelerada, a evoluo dos indicadores sociais apresentou resultados pfios.

Pases

Populao Esperana Mortalidade Percentagem Percentagem ndice de de vida ao infantil at dos dos desigualdade na 1993 nascer um ano matriculados matriculados distribuio da (anos) 1993 2 Grau 3 Grau renda 1993 1992 1992 (+20%/-20%) em torno de 1989

Brasil Indonsia Malsia Mxico Chile Argentina

156,5 187,2 19 90 13,8 33,8

63 63 71 71 74 72

57 56 13 35 16 24

39 38 72 55 72 69

12 20 23 12 23 23

32,2 4,9 11,9 13,6 18,3 11,4

Continuao ( n ) Especificamente, com relao distribuio da renda familiar, o relatrio do Banco Mundial de 1995 indica, para o final da dcada de 80, que entre 43 pases, em apenas um, o Brasil, as famlias 10% mais ricas possuam mais do que 50% da renda total. Entre os pases mais industrializados, o denominado Grupo do 7 ( EUA, Canad, Alemanha, Frana, Itlia, Reino Unido e Japo ), por exemplo, esse indicador tem um valor entre 27,8 no Reino Unido e 22,8% no Japo. O Brasil caracteriza-se por grandes diversidades regionais e entre estados da mesma regio. Os ndices de desenvolvimento humano, calculados para as unidades da federao brasileira, mostram que: * oito Rio Grande do Sul, So Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal, Santa Catarina, Paran, Mato Grosso do Sul e Esprito Santo apresentam ndices elevados de desenvolvimento humano > 0,8, embora inferiores queles pases industrializados >0,9 e de pases do continente latino americano, como Argentina, Uruguai e Chile > 0,88; * outros onze Amazonas, Amap, Minas Gerais, Mato Grosso, Gois, Roraima, Rondnia, Par, Acre, Sergipe e Bahia possuem ndices menores, entre 0,6 e 0,8, mas ainda superiores mdia dos pases em desenvolvimento; * os ltimos seis Pernambuco, Rio Grande do Norte, Maranho, Cear, Alagoas e Piau -, entre 0,46 e 0,6, abaixo da mdia dos pases em desenvolvimento e prximo dos pases que apresentam os menores ndices de desenvolvimento humano, pases do continente africano.

Educao, crescimento e distribuio de renda. Muito se tem discutido e escrito sobre o papel reservado ao sistema educacional como instrumento para a melhora da distribuio de renda e da riqueza no Brasil. Normalmente os economistas, a partir da constatao de correlao positiva entre educao ( anos de escolaridade ) e nvel de renda, conclu-se que as desigualdades na distribuio de renda so resultantes do rpido crescimento da demanda de pessoal qualificado, como conseqncia do crescimento acelerado da economia brasileira nas ltimas duas dcadas, para a melhora dessa situao suficiente a ampliao da oferta de pessoal qualificado, ou seja, basta ampliar a capacidade do sistema educacional brasileiro. A lgica por trs desses resultados parece bastante simples. Os pases pobres apresentam escassez relativamente alta de mo de obra qualificada. Sem este tipo de mo de obra, que s pode ser obtido por meio da educao formal, no seria possvel o desenvolvimento da economia. Conseqentemente, ao lado de aumento de estoque de capital, dever-se-ia dar prioridade a investimentos que ampliassem a oferta de capital humano, para que os pases pobres pudessem desenvolver-se. Os mecanismos com os outros quais a ampliao do estoque de capital humano poderia contribuir para o crescimento econmico seriam os seguintes: I melhoria da fora de trabalho, dotando-a de conhecimento e especializando-a; II - criao de uma liderana intelectual apta a preencher os cargos que se abrem nos setores pblico e privado; e III criao do tipo de treinamento e educao que elimine o analfabetismo e habilite a fora de trabalho, qualificando-as para atividades ditas modernas. Continuao ( n )

O Caso Brasileiro: a argumentao tradicional Muitos tm argumentado que uma das explicaes para a deteriorao da distribuio da renda no Brasil, principalmente a partir da dcada de 60, foi a escassez relativa da mo de obra especializada. Como nesse perodo a economia cresceu a taxas elevadas, com conseqncia da expanso da demanda da mo de obra especializada, em mesmo tempo em que a oferta deste tipo de mo de obra no se expandiu no mesmo ritmo, o resultado constituiu um aumento substancial da renda dos que possuam especializao. Como conseqncia, a soluo proposta para resolver o problema distributivo tem sido no sentido de ampliao da oferta de mo de obra especializada. E, para isso, seriam necessrias polticas que levassem ampliao de vagas em todos os nveis do sistema educacional brasileiro, com o que o prprio mercado se encarregaria de reduzir o diferencial existente entre as rendas de mo de obra especializada e no especializada. As falhas da argumentao tradicional A razo bsica para supor que o sistema educacional seja concentrador de renda repousa exatamente na correlao positiva que se observa entre nvel educacional e renda no ciclo de vida do indivduo. E rendas mais elevadas constituem de fato uma realidade para aqueles que conseguem concluir o ciclo secundrio e superior. comum encontrar diferenciais de renda acima de 1.000% entre os indivduos com o primrio incompleto e aqueles com formao superior. Uma vez que o nvel de renda depende to claramente do nvel de escolaridade, pode-se afirmar que as desigualdades de rendas so mantidas ou ampliadas, caso os estudantes dos escales intermedirios e inferiores de renda sejam desproporcionalmente representados no ciclo secundrio e universitrio. Existem duas razes econmicas fundamentais para justificar a proposio de que o sistema brasileiro inerentemente no igualitrio, no sentido de que estudantes pobres tm menores chances de completar um dado ciclo educacional que aqueles de famlias ricas. Primeiro, o custo da educao fundamental, especialmente o custo de oportunidade do trabalho das crianas, para as famlias pobres, mais elevado que para as famlias ricas. Segundo, os benefcios esperados da educao primria so mais baixos para os estudantes pobres que para os estudantes ricos. Os custos mais elevados e os benefcios esperados menores atuam no sentido de tornar as taxas de retorno do investimento, na educao dos filhos, menores para as famlias pobres que para aquelas relativamente ricas. Conseqentemente, os pobres tm uma probabilidade maior de abandonar a escola em seus primeiros anos. Seria, portanto, interessante discutir as razes que contribuem para essas diferenas entre os ricos e os pobres nos custos e benefcios da educao. Em primeiro lugar, os jovens contribuem com seus trabalhos para a renda da unidade familiar pobre, o que significa que, mesmo que os primeiros anos da escola sejam gratuitos, eles acarretam um custo para a famlia: a renda sacrificada ou o custo de oportunidade do trabalho do jovem. Este o ponto mais elevado para a famlia pobre do que para a rica.

Continuao ( n ) Nas zonas rurais, e mesmo nas zonas urbanas, comum o trabalho de crianas em idade escolar. Se uma criana no pode trabalhar porque est na escola, a famlia sofrer queda razovel em sua produo de subsistncia ( no caso das zonas rurais ) ou ser obrigada a contratar mo de obra para substituir a mo de obra da criana. Em qualquer das situaes existir um custo para as famlias pobres, cuja significncia diminui medida que a escala de renda da famlia elevada e que as famlias esto no setor urbano. A conseqncia destes custos de oportunidade elevados de que a freqncia s aulas e, portanto, o prprio desempenho tende a ser muito menor para as crianas de famlias pobres que para aquelas oriundas de famlias relativamente mais bem situadas economicamente. Ento, apesar de no Brasil existir educao primria gratuita, e de ser obrigatria por lei, as crianas pobres e, em especial, as das zonas rurais muito dificilmente conseguem ir alm do ensino Mdio. Seu mau desempenho escolar no tem nada a ver com a falta de capacidade de aprendizado. Pelo contrrio, reflete meramente circunstncias econmicas desfavorveis. Em outras palavras, para qualquer nvel educacional ( talvez com alguma exceo no nvel superior ) o estudante pobre tende a ter uma probabilidade muito menor de ocupar um emprego que requeira um dado nvel de escolaridade que um estudante rico. Mesmo na agricultura, seria possvel argumentar que, apesar de a educao contribuir para o aumento da produtividade, os benefcios

correntes so maiores para aquelas famlias que possuem terra e tambm os demais recursos financeiros para modernizar suas tcnicas de produo que para aqueles que no so proprietrias. A distribuio de renda no Brasil O pas mantm aps os anos 60, perodo no qual comeam a existir estatsticas sistematizadas, um elevado grau de desigualdade na distribuio de renda pessoal que se agrava ao longo das dcadas seguintes ( Tabela 19.3 ). Este perfil deve ser remetido em primeiro lugar aos determinantes estruturais desse fenmeno e em seguida inexistncia de polticas distributivas contnuas e consistentes conduzidas pelo Estado aps os anos 50, quando se inicia um processo persistente de industrializao. Tabela 19.3 Distribuio de Rendimento da Populao Economicamente Ativa. Brasil 1960-1993. Percentuais 10% mais pobres 30% mais pobres 50% mais pobres 30% mais ricos 10% mais ricos 1% mais ricos 1960 1,9 5,9 17,4 66,1 39,6 12,1 1970 1,2 6,2 15,1 71,7 46,5 14,5 1980 1,2 6,2 14,1 73,2 47,9 13,5 1985 0,9 5,3 13,1 74,6 47,7 13,3 1989 0,7 4,5 10,9 77,5 52,2 15,9 1993 0,7 5,4 12,9 74,4 49,0 15,5

Continuao ( n ) O passado colonial e escravocrata o ponto de partida da concentrada distribuio de riqueza e da renda no Brasil. A posse da terra desde o incio da colonizao caracterizou-se pelo elevado grau de concentrao, pela violncia na expropriao de terras ocupadas e pelas dificuldades enfrentadas pelos novos ocupantes para legalizarem suas propriedades. Essa base, no nica, mas inicial do poder econmico refletiu-se numa estrutura de poder poltico concentrado, autoritrio e paternalista que se manteve de forma persistente no Pas at a segunda Grande Guerra, recortados por breves perodos de maior participao poltica. Por outro lado, o Brasil, apresenta especificidades regionais quanto a essa questo. O processo de industrializao inicia-se no final do sculo XIX na regio Sudeste que representava o plo dinmico da economia, centro da economia exportadora, devido ao cultivo e exportao do caf. Esta a regio que passa a ser a maior beneficiria do processo de crescimento econmico que se estabelece no Pas nos anos 30 e de maneira mais acelerada e persistente aps os anos 50. Os anos 60 Entre os anos 60 e 70, todos os percentuais de renda perderam participao, exceto os 10% mais ricos. Isto deflagrou um intenso debate nos anos 70 sobre as principais causas que motivaram tal fato. Entre as interpretaes divergentes e complementares interessante reportar pelo menos duas. A primeira liderada por Langoni ( 1973 ), postulou o efeito de 2 mecanismos transitrios e auto-corrigveis ao longo do rpido processo de crescimento econmico no perodo, para explicar o grau de desigualdade, referia-se s mudanas na composio da fora de trabalho, por regio, setor econmico, sexo e, especialmente na distribuio da escolaridade. O segundo dizia respeito ao crescimento da demanda por mo de obra qualificada como conseqncia da complementaridade entre capital e mo de obra mais qualificada ao longo do processo de crescimento econmico. Os anos 70

No anos 70, a tendncia concentradora continuou, embora de uma maneira menos exacerbada do que na dcada anterior. A manuteno das altas taxas de crescimento econmico e a expanso do emprego urbano permite ganhos reais para todos os estratos de renda, embora os grupos mais elevados, especialmente os 10% mais ricos, tenham apresentado novamente taxas de crescimento da renda superiores aos demais. Estudo realizado por Hoffmann para os anos 70 mostra que a renda familiar para o Brasil permaneceu praticamente inalterada nesta dcada. Este fato deveu-se, segundo este autor, a dois motivos: maior nmero de membros por famlia que trabalham, menor tamanho mdio das famlias e menor grau de desigualdade na regio Sudeste. Por sua vez, os indicadores calculados de acordo com o conceito de rendimento familiar per capita revelaram que ocorreu uma reduo sensvel no ndice de desigualdade. Este fato tambm explicado pelo aumento do nmero de membros ativos por famlia e pela diminuio do nmero mdio das famlias, que declinou de 4,8 para 4,4 membros.