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INTRODUÇÃO AO AGRONEGÓCIO AMENDOIM 1 Gil Miguel de Sousa Câmara 2 1. INTRODUÇÃO A cultura do amendoim é feita visando a obtenção de grãos, destinados principalmente à alimentação humana. Os grãos podem ser consumidos na forma in natura, torrados ou empregados na arte culinária da confecção de doces. Industrialmente, o grão é processado para a extração do óleo, sendo este de qualidade nobre e rico em ácido oléico, também utilizado na indústria de conservas (alimentos enlatados) e de produtos medicinais. Presta-se ainda, para fins carburantes, tendo sido incluído em proposta de um programa de óleos vegetais para fins energéticos no País (Pró-Diesel), no início dos anos oitenta. Na nutrição animal, as ramas das plantas (hastes + folhas) em culturas bem conduzidas, representa excelente alimento para ser usado como forragem na forma de feno. A torta ou farelo, subproduto da extração do óleo, possui elevado valor comercial. Devido a sua riqueza em proteína é indicada para a alimentação animal, principalmente bovinos de corte, sob a forma de farelo. Entretanto, devido ao problema da aflatoxina, tem sido mais comum a sua utilização como adubo orgânico em culturas perenes, principalmente em café e citros. De 1996 a 2005 a cultura do amendoim passou por uma nova fase de evolução tecnológica, efetivando a transição de uma tecnologia de produção semimecanizada para totalmente mecanizada. Essa transição tecnológica surgiu da necessidade de adaptação da cultura aos atuais moldes de gerenciamento técnico e empresarial da produção vegetal, voltada à conquista de novos mercados, tanto internos como externos. Mercados estes, cada vez mais exigentes em qualidade do produto obtido. 1.1. Origem e Difusão Geográfica O amendoim cultivado é planta originária do continente sul americano. Justifica-se esta origem pelo fato de no mundo, espécies selvagens serem encontradas em abundância, apenas na região compreendida entre o sul do estado 1 Texto básico da disciplina optativa LPV 506: Plantas Oleaginosas, do curso de graduação em Engenharia Agronômica da USP/ESALQ. 2 Professor Associado do Departamento de Produção Vegetal da USP/ESALQ e Professor Responsável pela disciplina LPV 506: Plantas Oleaginosas.

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INTRODUÇÃO AO AGRONEGÓCIO AMENDOIM1

Gil Miguel de Sousa Câmara2

1. INTRODUÇÃO

A cultura do amendoim é feita visando a obtenção de grãos, destinados

principalmente à alimentação humana. Os grãos podem ser consumidos na forma

in natura, torrados ou empregados na arte culinária da confecção de doces.

Industrialmente, o grão é processado para a extração do óleo, sendo este de

qualidade nobre e rico em ácido oléico, também utilizado na indústria de conservas

(alimentos enlatados) e de produtos medicinais. Presta-se ainda, para fins

carburantes, tendo sido incluído em proposta de um programa de óleos vegetais

para fins energéticos no País (Pró-Diesel), no início dos anos oitenta.

Na nutrição animal, as ramas das plantas (hastes + folhas) em culturas bem

conduzidas, representa excelente alimento para ser usado como forragem na forma

de feno. A torta ou farelo, subproduto da extração do óleo, possui elevado valor

comercial. Devido a sua riqueza em proteína é indicada para a alimentação animal,

principalmente bovinos de corte, sob a forma de farelo. Entretanto, devido ao

problema da aflatoxina, tem sido mais comum a sua utilização como adubo

orgânico em culturas perenes, principalmente em café e citros.

De 1996 a 2005 a cultura do amendoim passou por uma nova fase de

evolução tecnológica, efetivando a transição de uma tecnologia de produção

semimecanizada para totalmente mecanizada. Essa transição tecnológica surgiu da

necessidade de adaptação da cultura aos atuais moldes de gerenciamento técnico e

empresarial da produção vegetal, voltada à conquista de novos mercados, tanto

internos como externos. Mercados estes, cada vez mais exigentes em qualidade do

produto obtido.

1.1. Origem e Difusão Geográfica

O amendoim cultivado é planta originária do continente sul americano.

Justifica-se esta origem pelo fato de no mundo, espécies selvagens serem

encontradas em abundância, apenas na região compreendida entre o sul do estado

1 Texto básico da disciplina optativa LPV 506: Plantas Oleaginosas, do curso de graduação em

Engenharia Agronômica da USP/ESALQ. 2 Professor Associado do Departamento de Produção Vegetal da USP/ESALQ e Professor Responsável

pela disciplina LPV 506: Plantas Oleaginosas.

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INTRODUÇÃO AO AGRONEGÓCIO AMENDOIM 2

do Amazonas, no Brasil, e o norte da Argentina, aproximadamente entre as

latitudes de 10º e 30º Sul. Atualmente, admite-se que o local referente à região dos

vales dos rios Paraná e Paraguai (antigo lago do Gran Chaco), seja o principal

centro de origem genética do amendoim (Gillier & Silvestre, 1970).

Os indígenas foram os responsáveis pela difusão inicial do amendoim às

diversas regiões da América do Sul, sendo levado às ilhas do mar das Antilhas e,

possivelmente, à América Central e México. Sua introdução na Europa ocorreu no

século XVIII, sendo cultivado inicialmente no Jardim Botânico de Montpellier e, ao

final deste século, proveniente da América, foi introduzido em Valença na Espanha,

onde sua cultura se propagou (Peixoto, 1972).

A primeira referência escrita sobre o amendoim data de 1578 e foi registrada

por Jean De Lery, a partir de relatos de viagens de franceses pelo Nordeste do

Brasil, compilados no texto “Voyage au Brésio”.

Existiram duas rotas de distribuição da cultura do amendoim pelo mundo. No

início do século XIX, os portugueses levaram o amendoim do Brasil para a costa

ocidental da África. Ao mesmo tempo, os espanhóis o disseminaram do Peru para

as costas do Oceano Pacífico, chegando posteriormente às Filipinas, de onde foi

transportado para a China, Japão e Índia. A sua entrada nos Estados Unidos

corresponde ao período de escravatura, quando do comércio de escravos negros a

partir da costa ocidental africana.

1.2. Importância da Cultura

O grão de amendoim, seja in natura, seja semi ou totalmente processado

industrialmente, proporciona uma série de produtos e subprodutos que atendem a

mercados específicos, gerando empregos e rentabilidade econômica, desde os

pequenos grupos familiares, que manufaturam os grãos nas chamadas “fabriquetas

de fundo de quintal”, até as grandes agroindústrias nacionais e multinacionais.

A importância sócio-econômica da cultura reside na comercialização e

utilização dos produtos e subprodutos descritos a seguir.

1.2.1. Produtos derivados dos grãos de amendoim

O grão de amendoim pode ser consumido in natura (cru) ou,

preferencialmente, torrado. Inicialmente de produção caseira, cada vez mais tem

sido industrializado, devido ao seu largo consumo como aperitivo. São

comercializados em diferentes embalagens por várias empresas, na forma de grãos

despeliculados e salgados, amendoim japonês, pralinés e outros. Os grãos devem

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sofrer uma torração parcial para liberar a película que os recobre, sendo destinados

a amendoim torrado sem película. Também podem ser utilizados no recheio de

bolos, bombons, chocolates, sorvetes e em inúmeras outras formas.

A utilização do grão em confeitos é rotineira no Brasil, principalmente para a

confecção das paçocas e pés-de-moleque, tradicionais doces brasileiros de paladar

e aroma agradáveis. Estes produtos são obtidos tanto em grandes empresas do

ramo alimentício, como em micro empresas caseiras, gerando renda para

considerável segmento da economia informal. As diferenças entre os produtos

residem nos padrões de qualidade que cada estrutura é capaz de estabelecer e

manter. Além do amendoim torrado e moído, os seguintes ingredientes entram na

composição das paçocas: sal, açúcar, mel, xarope de glicose, água e aditivos

conservadores.

Pastas e cremes de amendoim são produtos derivados dos grãos

desintegrados e finamente divididos, de textura suave, podendo ou não ser

adicionados de outros ingredientes como: sal, açúcar, mel, gordura e aditivos. Os

cremes são elaborados para consumo direto no pão, por exemplo, ou para uso em

confeitarias. As pastas são mais usadas em bolos, biscoitos, sorvetes, bolachas,

produtos de confeitaria e em batidas de aguardente.

O uso mais tradicional dos grãos tem sido a extração do óleo, originando,

como subproduto, o farelo ou torta de amendoim. Entretanto, o maior destino

comercial dos grãos de amendoim tem sido a agroindústria alimentícia,

especificamente a de confeitaria, seja na linha doce ou salgada. Atualmente, a

produção de óleo está condicionada ao que exceder para uso como alimento, ou à

sobra de grãos inapropriados para consumo humano.

1.2.2. Produtos derivados do óleo de amendoim

O óleo de amendoim refinado possui as propriedades exigidas pelo

consumidor, sendo utilizado tanto para alimentação, quanto para usos

farmacêuticos e medicinais. É um óleo de belo aspecto, sabor agradável, aroma

suave, fluido, pouco solúvel em álcool e pouco suscetível ao ranço. Do óleo podem-

se obter os seguintes produtos derivados:

Maionese: emulsão cremosa obtida com ovos e óleo vegetal, adicionada de

condimentos e outras substâncias comestíveis. Não pode ser adicionada de

corantes e deve ter, no mínimo, duas gemas de ovo por litro de óleo e 65% de óleo

vegetal comestível em sua composição. No máximo, pode ter 0,5% de amido e

conter alguns aditivos das classes dos acidulantes, conservadores e acidificantes,

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de acordo com a legislação brasileira.

Gordura hidrogenada: é elaborada a partir da hidrogenação parcial do óleo,

sob condições controladas e específicas, para originar um produto com plasticidade

desejada que atenda as mais variadas necessidades da indústria de panificação,

confeitaria e para frituras.

Margarina: emulsão de água em óleo, onde a fase gordurosa é uma mistura de

óleos e gorduras vegetais, às vezes, animais, em quantidade e proporção suficientes

para assegurar sua solidificação em temperaturas ambientes normais. A fase

aquosa é constituída por leite magro, ou água, ou uma mistura de ambos.

Como todo óleo vegetal, o óleo de amendoim possui elevado valor energético

para fins carburantes, visando a substituição total ou parcial do óleo diesel. Foi o

próprio Rudolph Diesel, na Alemanha, quem propôs o uso de óleos vegetais como

combustíveis de motores, ao usar óleo de amendoim in natura para funcionar, com

sucesso, um motor Elko. Entretanto, ainda existem alguns obstáculos a serem

considerados, como: alta viscosidade, ausência de volatilidade nas temperaturas

normais de trabalho dos motores e tendência à deposição de gomas e vernizes.

Atualmente, poucas agroindústrias processam amendoim visando a extração e

exportação de óleo bruto, cujos principais compradores são os Estados Unidos e a

União Europeia. Além dos usos apresentados, o óleo de amendoim pode,

potencialmente, ser utilizado como substituto do silicone em próteses mamárias.

1.2.3. Produtos derivados do farelo de amendoim

Após a extração do óleo, sobra uma massa parcialmente desengordurada

denominada de torta (óleo residual > 1%) ou farelo (óleo residual < 1%) de

amendoim. O farelo de amendoim foi muito utilizado até 1961/62, quando se

constatou o problema da presença da aflatoxina em rações para animais. Nessa

época, houve significativa mortalidade de perus ingleses, cujo fato foi atribuído à

ração elaborada a partir de farelo de amendoim importado do Brasil. Desde então, o

farelo de amendoim brasileiro sofre com esse estigma e foi, gradativamente,

substituído pelo farelo de soja.

A torta, resíduo da extração do óleo por prensagem, contém de 7 a 12% de

óleo. Não é utilizada em rações e nem em outras finalidades, pois o teor de óleo

deve ser recuperado, possuindo maior valor econômico que o farelo. O uso do farelo

com torta é desaconselhável, pois o óleo pode rançar, originando sabor

desagradável e rejeição pelos animais.

O farelo, com teor de óleo de 0,5 a 0,8%, é comercializado de acordo com o

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seu valor protéico, exigindo-se no mínimo, 45% de proteína em sua composição.

A qualidade do farelo é função direta do processo de obtenção e da qualidade

do amendoim processado. Podem-se encontrar dois tipos de farelo: a) farelo

proveniente do processamento do amendoim descascado: neste caso, é de melhor

qualidade, contendo 45% de proteína, média de 8,5% de matéria graxa e no

máximo 9,5% de celulose; b) farelo obtido a partir do processamento de amendoim

em vagem: neste caso é de qualidade inferior (Tasso Junior et al., 2004).

Farelos de qualidade inferior, com presença de areia e com risco de aflatoxina,

devem ser direcionados ao mercado de fertilizantes orgânicos, onde são utilizados

na adubação de café e citros.

1.2.4. Subprodutos derivados do processamento do amendoim

Borra: no processo de extração do óleo, resta um subproduto constituído por

água, óleo residual e pequena quantidade de glicerídeos, denominado de borra.

Esta tem aplicação direta na confecção de sabões, após sofrer um processo de

saponificação e lavagem.

Cascas: o amendoim vem do campo em vagens, que são debulhadas para a

retirada dos grãos, sobrando assim as cascas. Estas são lignificadas e ricas em

carboidratos, normalmente encontrando-se as seguintes utilizações: a)

“combustível” sendo queimadas nas caldeiras da própria indústria extratora de

óleo; b) “ração animal” onde, após trituração, as cascas são misturadas em rações

para ruminantes, embora os valores energético e nutritivo sejam baixos;

entretanto, este uso não é comum, devido ao problema da aflatoxina; c)

“fertilizante”, isolada, ou em mistura (compostagem) com outros produtos

orgânicos, inclusive o farelo, é destinada à adubação orgânica de culturas perenes.

1.3. Conjuntura Atual: Brasil e Mundo

O continente asiático é o que mais produz amendoim no mundo. A produção

de amendoim em vagem se concentra em 10 países, que representam mais de 80%

da produção mundial. A China é o principal país produtor, com cerca de 41% do

volume produzido. Juntos, China e Índia produzem 55% do volume mundial de

amendoim (tabela 1). Os maiores importadores mundiais de amendoim são

Holanda, Reino Unido, Canadá, Japão e Singapura.

Com relação à produção nacional de amendoim em casca, dez estados da

federação são produtores, destacando-se o estado de São Paulo como o maior

produtor, respondendo por cerca de 90% da produção brasileira (tabela 2).

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O Brasil já foi um grande produtor de amendoim. Na segunda metade do

século XX, a cultura se expandiu a partir dos anos 50, quando as gorduras animais

começaram a ser substituídas pelos óleos vegetais, especialmente de amendoim e

algodão, em decorrência do processo crescente de urbanização do país. Em função

disso, a produção aumentou ano a ano, até atingir o volume de 1,7 milhões de

toneladas em 1972. Porém, com o crescimento da cultura da soja, mais barata e

abundante, as áreas de cultivo e a produção foram diminuindo gradativamente,

estabilizando-se na faixa atual de 85 mil a 95 mil hectares cultivados, com volume

de produção entre 300 mil e 350 mil toneladas por ano.

Tabela 1. Produção obtida, área colhida e produtividade agrícola de amendoim em

vagem dos principais países produtores em 2012

Países 1 Produção

(t)

Relação (%)

Área Colhida

(ha)

P. A. 4

(kg ha-1) P/M 2 A/M 3

01 China 16.800.000 40,8 - 4.700.000 3.574

02 Índia 5.779.000 14,0 54,8 4.900.000 1.179

03 Nigéria 3.070.000 7,5 62,3 2.420.000 1.269

04 EUA 3.057.850 7,4 69,7 650.740 4.699

05 Myanmar 1.371.500 3,3 73,0 880.000 1.559

06 Sudão 1.032.000 2,5 75,5 1.619.520 637

07 Tanzânia 810.000 2,0 77,5 839.631 965

08 Indonésia 712.874 1,7 79,2 559.532 1.274

09 Argentina 685.722 1,7 80,9 307.166 2.232

10 Senegal 672.803 1,6 82,5 708.986 949

Sub-Total 33.991.749 - - 17.585.575 -

Outros 7.194.184 17,5 100,0 - -

17 Brasil 334.224 0,8 - 110.366 3.028

Mundo 41.185.933 - 100,0 24.709.458 1.667 1 Países classificados por volume de produção. 2 P/M = participação percentual do país em relação ao Mundo. 3 A/M = participação percentual acumulada dos países em relação ao Mundo. 4 P.A. = produtividade agrícola. Fonte: FAOSTAT (2014).

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Tabela 2. Produção obtida, área colhida e produtividade agrícola de amendoim em

vagem (total duas safras) dos principais estados brasileiros produtores.

Safra 2012/2013

Estados 1 Produção

(t)

Relação (%)

Área

(ha)

P.A. 4

(kg ha-1) E/P 2 A/P 3

01 SP 293.000 89,8 - 80.500 3.640

02 MG 9.800 3,0 92,8 2.900 3.379

03 PR 6.800 2,1 94,9 2.400 2.833

04 TO 6.000 1,8 96,7 1.500 4.000

05 RS 5.200 1,6 98,3 3.400 1.529

06 BA 3.100 1,0 99,3 3.000 1.033

07 SE 1.400 0,4 99,7 1.100 1.273

08 PB 400 0,1 99,8 500 800

09 CE 300 0,1 99,9 1.100 273

10 MT 300 0,1 100,0 200 1.500

Brasil 326.300 100,0 - 96.600 3.378 1 Estados classificados por volume de produção. 2 E/P = participação percentual do estado em relação ao Brasil. 3 A/P = participação percentual acumulada dos estados em relação ao Brasil. 4 P.A. = produtividade agrícola. Fonte: CONAB (2014).

Historicamente, os principais fatores que explicam a redução da atividade

econômica com amendoim no Brasil são:

a) a concorrência crescente da soja, cujo processo de produção sempre foi

totalmente mecanizado, desde a semeadura até a colheita;

b) a baixa produtividade por área em alguns anos, devido a adversidades

climáticas e ou ocorrência de doenças foliares para as quais há carência de

genótipos resistentes;

c) baixa qualidade do produto quanto aos níveis permitidos de ocorrência de

aflatoxina nos grãos;

d) variação sensível nos preços, principalmente quando da comercialização;

e) escassez, em alguns anos, de sementes de boa qualidade, refletindo-se na

elevação dos preços das sementes, e consequentemente, encarecendo o custo de

produção;

f) custo elevado do arrendamento da terra, variando de 15 a 20%, conforme a

região produtora;

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INTRODUÇÃO AO AGRONEGÓCIO AMENDOIM 8

g) dificuldade de captação de crédito em virtude de ser considerada cultura de

alto risco e de produção incerta pelos agentes financiadores;

h) desvalorização cambial da moeda nacional, encarecendo os insumos,

aumentando os custos de produção e a descapitalização dos produtores de

amendoim.

Tradicionalmente, o amendoim em vagem sempre foi beneficiado e os grãos,

debulhados, destinados à indústria extratora de óleo bruto e ou à pequenas

indústrias, geralmente caseiras, para a fabricação de confeitos. Entretanto, a partir

de meados da década de oitenta, uma nova linha de processamento industrial

cresceu no estado de São Paulo, caracterizada pela utilização de grãos graúdos de

amendoim na fabricação de diversos produtos alimentícios, tanto na linha de doces

como na de salgados. Mais exigente em qualidade, este novo tipo de produto gerou

forte competitividade na área agrícola e do pré-processamento. Em conseqüência,

forçou a seleção de produtores, de maneira que, os mais cuidadosos com a

tecnologia da produção e com a qualidade do produto colhido, permaneceram no

mercado.

Atualmente, no estado de São Paulo, a produção ocorre em duas regiões

distintas: a região Norte, antigamente conhecida como “Alta Mogiana”,

representada, pelos municípios de Ribeirão Preto, Jaboticabal, Sertãozinho e

Dumont e a região Sudoeste, antigamente conhecida como “Alta Paulista”,

representada pelos municípios de Marília, Tupã, Lins, Pompéia e Oswaldo Cruz.

A primeira caracteriza-se pelo predomínio de solos mais argilosos, com

fertilidade variável de média a alta, onde predomina o cultivo do amendoim “das

águas” em áreas de reforma de canaviais. Nesta região, as áreas cultivadas variam

de 90 a 1.450 hectares (40 a 600 alq.), com maior diversificação de cultivares. É

também, nesta região, que se observam maiores esforços no sentido de evoluir a

tecnologia da produção de amendoim. Na tabela 3 são apresentados os principais

estados da federação, responsáveis pela produção da 1ª safra de amendoim, mais

conhecida como “amendoim das águas”.

Na região norte do estado de São Paulo, o amendoim é cultivado nas áreas de

reforma de canaviais. Feito o último corte econômico da cana-de-açúcar, o solo é

preparado e corrigido quimicamente para receber um novo ciclo canavieiro.

Normalmente, a área de reforma é liberada pelas usinas e destilarias em setembro

ou outubro, para o cultivo do amendoim das águas. Este deve ser colhido

preferencialmente, até meados de fevereiro, ou no mais tardar, até a primeira

semana de março, quando é feito o plantio da cana-de-ano-e-meio.

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USP/ESALQ - Departamento de Produção Vegetal - LPV 0506: Plantas Oleaginosas (2014)

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Tabela 3. Produção obtida, área colhida e produtividade agrícola de amendoim em

vagem, primeira safra (“amendoim das águas”), nos principais estados

brasileiros produtores. Safra 2012/2013

Estados 1 Produção

(t)

Relação (%)

Área

(ha)

P.A. 4

(kg ha-1) E/P 2 A/P 3

01 SP 284.900 92,9 - 77.600 3.671

02 MG 9.800 3,2 96,1 2.900 3.379

03 PR 6.800 2,2 98,3 2.400 2.833

04 RS 5.200 1,7 100,0 3.400 1.529

Brasil 306.700 100,0 - 86.300 3.554 1 Estados classificados por volume de produção. 2 E/P = participação percentual do estado em relação ao Brasil. 3 A/P = participação percentual acumulada dos estados em relação ao Brasil. 4 P.A. = produtividade agrícola. Fonte: CONAB (2014).

Na região Sudoeste, predomina solos mais arenosos, com fertilidade variável

de média a baixa, onde era mais freqüente o cultivo do amendoim “das águas”

seguido pela cultura do amendoim “da seca”, principalmente nas antigas fazendas

de café com problemas de nematóides formadores de galhas. Também era comum o

arrendamento de terras de pastagens degradadas para produtores de amendoim.

Neste caso, o produtor de amendoim assumia os custos das operações de calagem

e adubação da cultura. O tempo mínimo de arrendamento era de dois anos, após o

qual, o proprietário recebia a terra de volta com resíduos minerais e orgânicos

provenientes das duas safras de amendoim, podendo reinstalar a pastagem.

Hoje, a região Sudoeste se caracteriza pela consolidação da expansão da

atividade canavieira, iniciada a partir de meados dos anos noventa. Também se

observa maior participação do amendoim “das águas” em relação ao amendoim “da

seca”, em áreas cultivadas que variam de 25 a 1.200 hectares (10 a 500 alqueires).

“Das águas” e “da seca” são terminologias de mercado, próprias da cultura do

amendoim, e referem-se às épocas de colheita das vagens. Assim, quando a

colheita do produto se concentra nos meses de janeiro e fevereiro, tem-se a colheita

do amendoim das águas, devido a maior freqüência das chuvas nesses meses.

Quando a colheita do amendoim ocorre nos meses de junho a julho, tem-se a safra

do amendoim da seca, devido ao predomínio de ambiente mais seco nessa época do

ano. Atualmente, veem sendo adotadas as terminologias “amendoim primeira safra”

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INTRODUÇÃO AO AGRONEGÓCIO AMENDOIM 10

e “amendoim segunda safra” em substituição aos termos “amendoim das águas” e

“amendoim da seca”, respectivamente.

Em ambas as regiões, a produção agrícola é realizada por produtores que

cultivam o amendoim em terras próprias e ou arrendadas, sendo o arrendamento

mais comum.

1.4. A Rede Agroindustrial do Amendoim

Independente da região de produção, a unidade básica de comercialização no

mercado é a saca de 25 kg de amendoim em vagem. Normalmente, o amendoim é

avaliado pelo comprador, denominado “cerealista”, que dá preferência ao produto

que não tenha tomado chuva (amendoim “chuvado”), livre de aflatoxina (micotoxina

causada por Aspergillus flavus) e que apresente, no máximo, 12% de umidade na

vagem e “renda” mínima de 16 a 17 kg de grãos para os cultivares de porte ereto e

de 18 a 19 kg de grãos para os de hábito rasteiro.

“Renda” é a terminologia própria do comércio de amendoim utilizada pelos

cerealistas e se refere à relação percentual, em massa, de sementes para frutos,

para designar a quantidade de grãos que todas as vagens rendem ou produzem.

Em média, os cultivares nacionais apresentam uma “renda” de 70%, isto é, de

cada 100 kg de amendoim em vagem, retiram-se 70 kg de grãos, ou, três sacas de

25 kg de amendoim em vagem rendem, aproximadamente, uma saca de 50 kg de

grãos HPS. Com estas características, o produtor recebe o melhor preço pelo

produto.

Como “cerealista” ou “maquinista” compreende-se a pessoa jurídica

(particular, agroindústria, cooperativa, etc.) ou seu representante comercial, que

possui a infraestrutura de beneficiamento. Ele recebe o produto em vagens

ensacadas ou a granel, armazenando-o em pilhas ou a granel, enquanto não é

encaminhado para a pré-limpeza (ventilação).

A seqüência básica de beneficiamento para produção de sementes é:

a) recepção das vagens (em sacas ou a granel);

b) ventilação das vagens a granel (ou após a abertura das sacas);

c) separação das impurezas (tocos de cana-de-açúcar, torrões de solo, pedras,

pedaços da própria planta, além de outras);

d) debulha das vagens (abertura da vagem e retirada das sementes);

e) classificação das sementes por tamanho em peneiras de crivos circulares e

em mesas densimétricas;

f) tratamento químico das sementes com fungicida e inseticida;

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g) acondicionamento em sacas com capacidade para 40 kg, seguido do

armazenamento.

A seqüência básica de beneficiamento para produção de grãos HPS é:

a) recepção das vagens (em sacas ou a granel);

b) ventilação das vagens a granel (ou após a abertura das sacas);

c) separação das impurezas (tocos de cana-de-açúcar, torrões de solo, pedras,

pedaços da própria planta, além de outras);

d) debulha das vagens (abertura da vagem e retirada dos grãos);

e) classificação dos grãos por tamanho em peneiras de crivos circulares e em

mesas densimétricas;

f) seleção eletrônica dos grãos com descarte automático daqueles que se

encontram fora de padrão (despeliculados, ardidos, manchados, quebrados);

g) seleção manual dos grãos para retirada daqueles que ainda se encontram

fora de padrão, após passagem pela seleção eletrônica.

h) acondicionamento em sacas com capacidade para 50 kg, seguido de

armazenamento.

Paralelamente ao beneficiamento, o cerealista determina o grau de umidade

do amendoim e a presença ou não de aflatoxina. Para tanto, possui laboratório

próprio com técnico devidamente treinado, ou contrata serviços de terceiros.

Grandes cerealistas possuem o seu próprio laboratório de avaliação de aflatoxina

em amendoim.

A classificação por qualidade para o mercado mais exigente da agroindústria

alimentícia é feita em duas seqüências básicas de seleção: eletrônica e manual.

Nesta última, os grãos maiores são encaminhados por meio de esteiras rolantes até

as máquinas de ensacamento. Em ambos os lados das esteiras, funcionárias

devidamente treinadas, retiram, “literalmente” com as mãos, todos os grãos fora de

padrão. Este produto é conhecido como amendoim “HPS” (Hand Picked up

Selected). Atualmente, todo processo de beneficiamento e classificação é

mecanizado e informatizado.

O amendoim do tipo HPS é o que recebe maior remuneração, pois é vendido

às grandes indústrias de alimentos nacionais e multinacionais. Estas avaliam em

laboratório próprio os níveis de aflatoxina nos grãos. Se não estiverem de acordo

com o padrão nacional e ou internacional (tipo exportação) de toxicidade, o lote do

produto é devolvido ao cerealista. Uma vez aprovado, o produto é encaminhado

para a torração com despeliculamento simultâneo. Em seguida, entra nas linhas de

produção de confeitos doces e salgados, que serão adquiridos pelo consumidor

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INTRODUÇÃO AO AGRONEGÓCIO AMENDOIM 12

final, normalmente mais exigente.

Os grãos menores, porém, de razoável qualidade, são vendidos aos pequenos

empresários que produzem as paçoquinhas e pés-de-moleque de “fundo de

quintal”, enquanto os ardidos, despeliculados e quebrados, muito pequenos, são

vendidos para a indústria extratora de óleo bruto. Nesta, o rendimento industrial é

da ordem de 41% para a extração de óleo e de 57% para a produção de farelo, ou

seja, de cada 100 kg de grãos, obtém-se 41 kg de óleo e 57 kg de farelo.

A semente de amendoim representa um insumo relativamente oneroso para o

produtor de amendoim. Na figura 1 encontra-se, de maneira sumarizada, a rede

agroindustrial do amendoim.

1.5. Fatores que Influenciam o Preço do Amendoim

Basicamente, são quatro os fatores que interferem no preço do amendoim no

campo:

1.5.1. Clima

As chuvas constituem o principal componente do clima que determina o preço

do amendoim. A água disponível no solo e a umidade no ambiente são importantes

durante todo o ciclo da cultura. A falta no início determina a perda ou o atraso na

semeadura do amendoim ”das águas”, reduzindo a produção e sugerindo a

elevação do preço no mercado. A seca durante os estádios da granação da vagem

resulta no chochamento destas, dando origem ao amendoim “bombinha”, isto é, ao

ser pressionado pelos dedos da mão estoura, produzindo um som característico de

vagem vazia. Isto se reflete em frustração de safra e elevação de preços. Por outro

lado, chuvas na época da colheita, seja amendoim “das águas” ou “da seca”,

acarretam em perda de qualidade do produto, risco de aflatoxina e com certeza,

redução do preço pago ao produtor.

1.5.2. Preço da cana-de-açúcar

Se o preço da cana-de-açúcar diminui, a tendência do fornecedor que sabe

cultivar amendoim é aumentar o cultivo desta espécie nas áreas de reforma e

buscar a compensação na venda do amendoim em vagem. O mesmo raciocínio é

adotado pelas usinas, ofertando mais terras para arrendamento.

Conseqüentemente aumenta a oferta do produto com a inevitável redução de preço.

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Figura 1. Resumo da rede nacional do agronegócio amendoim.

1.5.3. Política de exportação

No momento não interfere tanto, pois o amendoim produzido no Brasil é

consumido internamente, sendo muito pouca a quantidade exportada. Entretanto,

se for pensada uma política de produção visando o mercado externo, há que se

tomar cuidado sob três aspectos básicos: a) a Argentina, mais agressiva no

mercado internacional, possui maior quantidade de terras em cultivo com

amendoim, com volumes de produção, conforme o ano safra, duas a três vezes

maiores que a produção brasileira; além disso, o custo de produção do amendoim

argentino tem sido menor que o do correspondente brasileiro; b) não se pode abrir

total e repentinamente o mercado de exportação, sem antes preparar o nosso

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INTRODUÇÃO AO AGRONEGÓCIO AMENDOIM 14

produtor para “enfrentá-lo”; caso contrário, corre-se o risco de alijar bons

agricultores do sistema produtivo; c) estimular a estruturação e ou reestruturação

de todo o setor produtivo, de maneira a estabelecer anualmente, um fluxo contínuo

e de grande escala, para atender a demanda do mercado internacional liderada

pelos países asiáticos, especialmente China.

1.5.4. Taxa de câmbio

A taxa de câmbio influencia diretamente nos preços dos insumos utilizados na

instalação e condução da cultura, aumentando as relações de troca, o custo de

produção e reduzindo a margem de lucro do produtor. Portanto, atua mais nos

custos de produção do que propriamente no preço do produto.

2. O INCENTIVO DA COPLANA À CULTURA DO AMENDOIM

2.1. Introdução

Localizada no município de Jaboticabal, SP, a Cooperativa dos Produtores de

Cana da Região de Guariba (COPLANA), possui toda a infraestrutura necessária à

recepção, beneficiamento, armazenamento e comercialização do amendoim

produzido nas áreas de reforma de cana-de-açúcar e provenientes de todas as

regiões abrangidas pela cooperativa.

2.2. Histórico

A tecnologia adotada pelos cooperados não era diferente daquilo que

tradicionalmente se fazia ao longo dos anos 60, 70 e até 80, ou seja, predomínio do

cultivar Tatu, que apresenta hábito de crescimento indeterminado, limitando a

produção devido aos problemas que ocorrem nas operações manuais de arranquio

e chacoalhamento das plantas e vagens de amendoim arrancadas e no subsequente

enleiramento manual das plantas, para secagem no campo e posterior

recolhimento mecanizado. Havendo descuido nas operações relacionadas à

colheita, principalmente o chacoalhamento e enleiramento, ocorria o contato

indesejável do solo com as vagens úmidas, possibilitando assim, o desenvolvimento

do fungo Aspergillus flavus e a ocorrência de aflatoxina em níveis totalmente fora

do admissível pelo mercado consumidor. Face à situação crítica a que chegou a

atividade durante os anos 90, agravada ainda mais pela redução na oferta de mão-

de-obra qualificada para as operações manuais de colheita e perante a importância

econômica do amendoim para os produtores da região, a COPLANA assumiu a

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posição pioneira de programar estudos avançados e aplicados na cultura do

amendoim para que a atividade adquirisse um novo conceito profissional e

competitivo, de acordo com os atuais padrões da economia globalizada.

2.3. Pesquisa

Por meio de convênios e parcerias com pessoas e instituições afins, a partir de

meados dos anos noventa a COPLANA deu início à busca de conhecimentos sobre

os sistemas de produção de amendoim em uso nos Estados Unidos da América e

na Argentina, para, a partir de uma visão mais ampla, direcionar os estudos

básicos que possibilitassem a aplicação de uma nova tecnologia de produção de

amendoim no Brasil, porém, acessível técnica e economicamente ao produtor

brasileiro. Paralelamente, em áreas de produção sob sua influência, a COPLANA

passou a avaliar novos cultivares de hábito prostrado (argentinos e brasileiros, com

destaque ao IAC-Caiapó), de ciclo mais longo e com dormência de sementes, de

maneira que pequenos atrasos de colheita não resultassem em germinação de

sementes nas vagens dentro da terra como acontece normalmente com o cultivar

Tatu. Da mesma forma, passou a estudar, por meio da utilização de máquinas e

implementos agrícolas importadas dos EUA e da Argentina, a mecanização total da

cultura, principalmente das operações de colheita, o que é facilitado pelo porte

prostrado dos desses novos cultivares. Além disso, avaliou e continua avaliando a

tolerância e a resistência genética dos cultivares às principais doenças do

amendoim, resultando na confirmação do cultivar IAC-Caiapó como resistente à

verrugose e tolerante às cercosporioses.

2.4. Mecanização Total do Sistema de Colheita de Amendoim

Em áreas de reforma de canaviais, o amendoim é cultivado quase que

exclusivamente sem adubação, semeando-se, preferencialmente para mecanização

total, um cultivar que apresente porte mais decumbente (prostrado), em linhas

espaçadas entre si de 90 cm, com densidade de semeadura de 14 sementes/m.

Cultivares argentinos e o próprio IAC Caiapó foram avaliados nessas condições,

obtendo-se inicialmente, rendimentos comerciais da ordem de 100 sacas de 25 kg

por hectare ou 2.500 kg de amendoim em vagem por hectare. Lagartas e larva

alfinete são as principais pragas que demandam vigilância e controle. As principais

doenças são as tradicionais manchas preta e parda, a verrugose e a ferrugem.

Devido à significativa crise de deficiência de mão-de-obra no ano agrícola

1997/98, a COPLANA importou quatro implementos arrancadores dos EUA,

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INTRODUÇÃO AO AGRONEGÓCIO AMENDOIM 16

provenientes da Geórgia, maior estado norte americano produtor de amendoim.

O implemento denominado no Brasil de “Arrancador Invertedor de

Amendoim” ou “Arrancador Enleirador de Amendoim é oferecido,

predominantemente, no modelo de duas linhas. Trata-se de implemento com

massa bruta variável de 950 a 1050 kg, tracionado por trator traçado de 80 a 90 HP

de potência recomendada (engate de três pontos), cuja TDP trabalhando entre 540

e 1000 rpm aciona os componentes ativos que promovem, em uma única passada

sobre fileiras duplas de amendoim, o corte da raiz, arranquio e enleiramento das

plantas (Figuras 2 e 3). Em plena operação, esse implemento arranca e enleira 7 ha

de amendoim por dia de 8 horas de trabalho, o que equivale a substituir 120

homens-dia no campo.

Esse implemento é utilizado há mais de quarenta anos nos EUA e o princípio

de funcionamento reside nos seguintes aspectos: a) sistema de corte da raiz

principal do amendoim; b) sistema de elevação e chacoalhamento das plantas; c)

sistema de inversão e enleiramento das plantas.

O sistema de corte da raiz principal é constituído de duas lâminas, que podem

trabalhar em profundidades variáveis de acordo com o tipo de solo e cultivar.

Assim, para cultivares que frutificam mais superficialmente ou para solos arenosos

ou pouco argilosos a profundidade de corte é de 10 cm; já para cultivares cuja

frutificação seja mais profunda ou para solos mais argilosos as facas aprofundam a

15 cm no solo.

O sistema de elevação e chacoalhamento das plantas é constituído de uma

esteira metálica vibratória que capta as plantas arrancadas, elevando-as e

chacoalhando-as de maneira a retirar o excesso de terra e promover uma rápida

secagem no campo.

O sistema de inversão e enleiramento é constituído por duplo jogo de discos

(tambores) giratórios e aletas (varetas) metálicas. Ao atingirem o topo da esteira

elevatória, as plantas caem por gravidade sobre os discos giratórios e as varetas

metálicas dispostas lateralmente na parte posterior do implemento, promovem a

inversão das plantas e a sua deposição de “cabeça para baixo” ou com as “vagens

para cima” em leiras uniformes sobre o solo (Figuras 4 e 5).

Cultivares com porte prostrado e frutificação mais superficial permite melhor

eficiência do sistema mecanizado de arranquio e enleiramento, de maneira que as

leiras formadas são uniformes em altura e largura. Quando se trabalha com o

cultivar Tatu ou outro que apresente porte mais ereto, há necessidade de se roçar

parcialmente a parte aérea para que o implemento promova uma boa inversão e

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enleiramento das plantas. Apesar da vantagem dos cultivares de porte decumbente,

é imprescindível o acompanhamento e monitoramento da fase de maturação do

amendoim, para que não se perca o ponto de colheita, pois, caso contrário, poderá

ocorrer a germinação de sementes na vagem (cv. Tatu) ou desenvolvimento dos

fungos Sclerotinia minor ou Sclerotinia sclerotiorum causadores da doença Mofo

Branco, que causará perdas de vagens, independente do cultivar (Figura 6). Essa

doença é favorecida por baixas temperaturas (18ºC), umidade relativa do ar elevada

(95% a 100%) e solo úmido (Barreto, 1997).

Uma vez enleiradas as plantas de amendoim, finaliza-se a primeira etapa da

colheita mecanizada. No momento do arranquio das plantas, o amendoim é colhido

com cerca de 45% de umidade nos grãos. Não havendo chuvas, o amendoim

enleirado seca no campo, reduzindo a umidade para cerca de 16% a 10% em 2 a 6

dias, conforme as condições de insolação, temperatura e ventilação do ambiente.

Após a secagem do amendoim no campo, é realizada a segunda etapa da

colheita mecanizada, conhecida como recolhimento. No sistema tradicional, o

recolhimento das leiras secas (11% a 10% de umidade no grão) é feito por

implementos recolhedores que também são tracionados por tratores de média

potência (engate de três pontos) e cuja TDP aciona o molinete captador ou

recolhedor de plantas na leira, elevador de correia que conduz as plantas até o

cilindro batedor, onde as vagens sofrem o despencamento mecânico, isto é,

separação física das vagens em relação à “planta mãe”. Esta é picada e direcionada

ao saca palhas, retornando na forma de palha ao solo agrícola. Nos implementos

antigos, as vagens eram encaminhadas para o sistema de ensacamento e

acondicionadas em sacos de polietileno de malha grossa com capacidade para 25

kg. Atualmente, após o despencamento, as vagens são encaminhadas ao tanque

graneleiro de tela metálica do implemento. Atingida a plena carga, o conjunto trator

+ implemento desloca-se para fora do talhão, onde por meio de báscula lateral,

abastece um veículo de transporte, que conduz as vagens a granel para o sistema

de beneficiamento.

No sistema COPLANA, as leiras de amendoim são recolhidas quando a

umidade nos grãos encontra-se em 16%. Desta forma, reduz-se o tempo de

secagem de 5 a 6 dias, quando se quer 11% a 10% no campo, para 2 a 3 dias

apenas. Posteriormente as vagens sofrem duas pré-limpezas, retirando-se as

impurezas grosseiras. Em seguida, as vagens são encaminhadas para a secagem

artificial.

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INTRODUÇÃO AO AGRONEGÓCIO AMENDOIM 18

2.5. Determinação da Renda e do Teor de Água

Quando o amendoim úmido chega do campo, é retirada uma amostra

homogênea desse material para ser analisado em laboratório. A amostra é

constituída por 500 gramas de vagens onde é retirado e calculado o percentual de

impurezas. Em seguida, as vagens são debulhadas, isto é, abertas para a retirada

dos grãos. Estes são separados em bons, brocados e ardidos, calculando-se o

percentual em peso de cada categoria. Por exemplo: se 500 g de vagens

corresponderam a 375 g de grãos de boa qualidade, isto significa que a amostra

revelou renda de 75% ou seja, o lote de amendoim representada pela amostra de

500 g rende “17,5”, isto é, 25 kg de amendoim em vagem do campo renderão 17,5

kg de grãos no beneficiamento.

Para determinação da umidade, é utilizado o método de Brow Duwel, que

consiste na retirada de 100 g de grãos provenientes da mesma amostra. Estes são

colocados em um “erlenmeyer”, no qual se adiciona óleo até cobrir o nível dos grãos

de amendoim. Em seguida, o sistema é aquecido a 180ºC, de maneira que o vapor

d’água a 100ºC volatiliza e passa por um condensador. Após 10 minutos a água

condensada é coletada e seu volume medido. Por exemplo: se a mesma amostra

considerada anteriormente resultou em 17 ml de água, isto significa que o lote de

amendoim amostrado contem 17% de umidade no grão. Como a umidade desejada

é de 8%, aplica-se um valor de correção, que reverterá em certa penalização ao

produtor daquele amendoim. Lembrar que o produto é remunerado com base na

sua renda e umidade no grão.

2.6. Secagem

Após as duas operações de pré-limpeza, as vagens são depositadas em

carretas secadoras, isto é, carretas que possuem sistema de captação de ar quente.

O ar é aquecido em pressurizadores que a cada 15 segundos queimam gás

liquefeito de petróleo (GLP) e injetam ar quente no interior da carreta. Esta

secagem deve ser feita a baixa temperatura (41ºC), para que não haja quebra dos

grãos durante o beneficiamento posterior à secagem. O ar quente é insuflado na

parte inferior da carreta, onde passa de maneira ascendente pela massa de vagens

e grãos. Cada carreta comporta cerca de 250 sacas de 25 kg de amendoim em

vagem, cuja umidade inicial nos grãos situa-se entre 18% e 16%. Após 16 a 20

horas de secagem, a umidade nos grãos diminui para 8%. Neste nível de umidade e

após ser beneficiado, o amendoim pode ser armazenado sem risco de ser

contaminado pelo fungo Aspergillus flavus, cujo desenvolvimento é favorecido por

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umidade no grão acima de 8% (Figuras 7 e 8).

2.7. Beneficiamento e Classificação

Na COPLANA e em muitas outras beneficiadoras, o beneficiamento do

amendoim era ou ainda é feito por máquinas adaptados do café. Primeiramente o

amendoim proveniente do campo passa por um processo de pré-limpeza e secagem

(item anterior).

A pré-limpeza retira os pedaços de colmos e de touceiras de cana-de-açúcar e

funciona com base em três princípios: vibração, peneiramento e ventilação. Após a

pré-limpeza, o amendoim passa por um “catador” de impurezas grosseiras,

separando pedras, torrões, etc. Em seguida, as vagens são encaminhadas ao

“debulhador”, que consiste em um sistema de quatro facas que promovem a

abertura da vagem e a retirada dos grãos. Na próxima etapa, os grãos passam por

uma coluna de ar que separa os grãos inteiros dos cotilédones ou “amendoim

banda” e das impurezas mais leves (casquinha ou película, pedacinhos de grãos e

embrião). Em seguida, o amendoim passa por um classificador com peneiras

vibratórias, que os separam em diferentes classes de tamanho, conforme o

diâmetro dos orifícios padronizados em décimos de avos de polegadas. Por exemplo,

peneira 20 representa o diâmetro dos grãos de lotes de amendoins, que passaram

pela peneira 21, porém, foram retidos pela peneira 20, cujos orifícios possuem o

diâmetro de “20/64” avos de polegada.

Os grãos de tamanho inferior ao da peneira 16 vão para a indústria de óleo.

Os grãos de peneiras 16 e 17 são destinados para as indústrias de confeito. Os de

peneiras 18, 19 e 20 são os preferidos para semente, pois têm maior rendimento na

semeadura; por exemplo, usando amendoim da peneira 18, os produtores gastam

cerca de 200 kg de sementes por alqueire ou 83 kg/ha. Os cultivares de porte

rasteiro, do grupo Virgínia, como por exemplo, os cultivares Runner e IAC 886

apresentam mais de 60% dos grãos classificados na peneira 24 ou acima.

Além do classificador, o amendoim passa pelas mesas densimétricas, que

separam o amendoim com base no peso específico dos grãos. Nessas mesas

identificam-se os grãos mais pesados que ficam na parte superior da mesa

densimétrica (cabeça) e que são encaminhados ao seletor eletrônico para separação

de amendoins de melhor padrão de qualidade para atender o mercado mais

exigente; a porção intermediária que é destinada aos mercados menos exigentes e a

parte inferior (calda) que fica na parte mais baixa da mesa densimétrica e é

constituída pelos grãos mais leves e que são destinados às indústrias de óleo. Os

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INTRODUÇÃO AO AGRONEGÓCIO AMENDOIM 20

grãos quebrados correspondentes aos cotilédones separados são denominados de

amendoim “banda” e são destinados a confeitaria mais caseira que produz as

famosas paçoquinhas e pés-de-moleque.

O termo “HPS” (Hand Picked up Selected) significa em português o

amendoim “catado e selecionado à mão” (Figura 9), correspondente ao amendoim

da peneira 18 e que, antigamente, era selecionado por mão-de-obra feminina.

Devido ao custo dessa mão-de-obra especializada, atualmente essa operação é feita

através de uma máquina denominada “seletora eletrônica”, também adaptada do

produto café, que substitui, aproximadamente, 20 funcionárias seletoras.

2.8. Seletora Eletrônica

Trata-se de um equipamento que classifica eletronicamente os grãos de

amendoim com base em sua coloração. Nesse equipamento, os grãos de amendoim

caem em forma de bica corrida, deslizando por dois roletes de metal. Em um

determinado ponto do trajeto, passam por um feixe de fibra ótica, que promove um

reflexo da tonalidade da cor dos grãos. O sistema reconhece quatro cores, a saber:

a) branco para os cotilédones (banda); b) amarelo para os grãos imaturos ou de

cultivares de coloração creme; c) preto para os grãos ardidos e batatinhas de

tiririca; d) vermelho para os grãos inteiros e desejáveis. O seletor é ajustado de

acordo com a cor do tegumento dos grãos do cultivar em classificação. Por exemplo,

se este for vermelho como o cv. Tatu, o ajuste será feito para a retirada dos grãos

de outra cor; para isto, o ajuste da cor vermelha fica no nível zero, enquanto os

demais níveis são determinados de acordo com o rigor da seleção. A capacidade da

máquina é de 600 grãos/segundo. O grão descartado recebe um jato de ar,

desviando-o para outra bica. Os grãos descartados ou rejeitados são encaminhados

para outra máquina seletora eletrônica, de maneira a retirar somente os grãos

ardidos. Estes vão para as indústrias de óleo. Os demais, quebrados, bandas e

inteiros passam novamente por uma mesa densimétrica para separá-los.

A seleção eletrônica determina os defeitos dos grãos e os classificam de

acordo com as especificações que constam em uma tabela de padrões de

amendoim, definidos pelo Ministério da Agricultura. Segundo essa tabela os

amendoins classificam-se em HPS 1, HPS 2 e HPS 3. Após a seleção eletrônica os

grãos são acondicionados em sacas com capacidade de 50 kg ou em big bags com

capacidade para 1.000 kg. De cada 2 toneladas de amendoim ensacado é retirada

uma amostra para análise de aflatoxina.

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2.9. Análise de Aflatoxina

Na própria COPLANA existem laboratório e técnicos qualificados para

realização da análise de aflatoxina nos grãos. Essa análise consiste em

cromatografia de camada delgada. O Ministério da Saúde permite até 20 ppb de

aflatoxina, com exceção do tipo B1 que se for o único presente no grão, não pode

ultrapassar o limite de 5 ppb. A amostra é composta de várias subamostras de 20 g

coletadas de sacas de 50 kg. Após o preparo da amostra, esta é comparada com o

padrão, sob luz ultravioleta; o reflexo dessa luz identifica o nível e o tipo de

aflatoxina.

Figura 2. Vista posterior do arrancador enleirador de

amendoim estacionado.

Figura 3. Vista posterior do arrancador enleirador de

amendoim, em operação.

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INTRODUÇÃO AO AGRONEGÓCIO AMENDOIM 22

Figura 4. Vista posterior dos componentes de

chacoalhamento, elevação e inversão das plantas de amendoim.

Figura 5. Leiras de amendoim distribuídas mecanicamente pelo implemento

arrancador enleirador de amendoim.

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Figura 6. Doença mofo branco em plantas enleiradas

de amendoim, causada pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum.

Figura 7. Pilhas de amendoim em vagem a espera da

pré-limpeza.

Figura 8. Carretas secadoras de amendoim em vagem.

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INTRODUÇÃO AO AGRONEGÓCIO AMENDOIM 24

Figura 9. Seleção de grãos de amendoim pelo método da

catação manual.

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