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INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS DA PERFORMANCE – LEDA MARIA MARTINS Aula – 24/08/11 – O que é performance? Performance: conjunto de atos simbólicos / performer: executa a ação / compromisso c/ o público procedimento ritualísticos corpo, espaço, palavra, entre o cotidiano e a cena movimento que instaura... foco na ação / elaboração estética do acontecimento presença, ritual “comportamento restaurado” – Schechner qualquer ação perante uma audiência pode ser improvisada ou não crise do cotidiano – experiência estética repetição efemeridade e permanência discurso (?) Qual seria a diferença entre ator e performer? Ritual: repetição Corporeidade Quem seria a audiência da performance? Vinculação da performance com as artes – Cohen: âmbito do ocidente – parafraseia os textos de Schechner Elementos sonoros e visuais De que tempo nós estamos falando? Tempo presente?

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INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS DA PERFORMANCE – LEDA MARIA MARTINSAula – 24/08/11 – O que é performance?

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  • INTRODUO AOS ESTUDOS DA PERFORMANCE LEDA MARIA MARTINS

    Aula 24/08/11 O que performance?

    Performance:

    conjunto de atos simblicos / performer: executa a ao / compromisso c/ o pblico

    procedimento ritualsticos

    corpo, espao, palavra, entre o cotidiano e a cena

    movimento que instaura...

    foco na ao / elaborao esttica do acontecimento

    presena, ritual

    comportamento restaurado Schechner

    qualquer ao perante uma audincia

    pode ser improvisada ou no

    crise do cotidiano experincia esttica

    repetio

    efemeridade e permanncia

    discurso (?)

    Qual seria a diferena entre ator e performer?

    Ritual: repetio

    Corporeidade

    Quem seria a audincia da performance?

    Vinculao da performance com as artes Cohen: mbito do ocidente parafraseia os textos

    de Schechner

    Elementos sonoros e visuais

    De que tempo ns estamos falando? Tempo presente?

  • No ritual no caberia o presente como tempo da enunciao (aqui e agora) e do enunciado

    (rito sincronicidade outras temporalidades passado e devir sincronizados no ato presente,

    da ao)

    Quais so os mbitos da performance?

    Performamos o tempo todo? Papis sociais?

    Problemtica: tudo includo termo inclusivo termo guarda-chuva

    H algo de repetio na performance no h uma ao que seja totalmente original

    Performing Arts crise do cotidiano

    Se texto, no performance (Daiana Taylor)

    Ato de fala que institui o casamento no representa, mas o casamento (ato de fala)

    Em que medida a performance se distancia da representao e da interpretao? Em que

    medida se distancia do discurso?

    Linguagem verbal: j se institui como representao

    Saussure: todo ato de lingaugem em si um ato de representao a coisa retomada,

    reativada por meio de imagens significante alude uma possibilidade de significado

    (possibilidade do significado dada no contexto) signo lingustico

    Peirce: signo em sua compeltude primeirdade / secundidade / terceiridade

    Objeto (representao interpretante) x Coisa

    cone: expressa mais mimeticamente a coisa que foi perdida

    ndice

    Smbolo: natureza completa e complexa convencional extremamente longe do que

    representa abstrato / geral

    Natureza pura difcil de ser encontrada

    Som em sua potencialidade abandono pelo ocidente potncia performtica

    Prtica performtica encontrada em vrios mbitos teatro (arte da representao)

  • Teatro como drama Realismo

    Posso presenciar uma performance que no seja necessariamente uma cena (termo dado pelo

    teatro)

    Schechner performances de grande magnitude (desfiles juventude hitlerista)

    Rituais pensados como performance

    O que mesmo performance?

    Ritual: quem executa a ao se v como performer? No necessariamente.

    Atos ou prticas performticas

    Variedade de prticas que no se resumem ao teatro e nem s artes cnicas

    Linguagem literria

    Oralidade se institui como performance do mbito da oralidade a escrita pode ser

    performtica?

    Textos que almejam o estatuto performtico no seria todo tipo de texto narrativo

    O que ns elegemos como objeto? Pode ser o texto literrio, teatro, dana, rito, solenidade

    pblica mbito da expeirncia em si, do acontecimento, do ato, do evento

    Ato: pressupe uma continuidade

    A tragdia clssica grega no tem ato ato: organizao

    A performance borra a progressividade, a linearidade

    PERFORMANCE:

    Prtica

    Episteme campo de conhecimento terico, conceitual, metodolgico disciplina

    (elementos para nomerar as prticas como performticas)

    O termo uma construo terico-conceitual

    Prtica que se quer como performance e no como teatro

    H vrias construes tericas sobre a performance

    Permanncia e Desaparecimento

  • Carter efmero da performance prtica que tende ao desaparecimento constituiria a

    prpria natureza da performance no haveria nada que permanecesse esquecimento,

    lembrana

    Colonizador / colonizado apagamento do conhecimento negao construo do

    desaparecimento

    As prticas no desaparecem completamente de que modo elas permanecem? Corpo e voz

    atravs da performance

    Modo de construo do saber que escapa ao conquistador o corpo e a voz se tornam ou so

    um modo tambm de inscrio de saberes o corpo em performance permanncia h algo

    que permanece mas que constantemente reconfigurada / transformada

    O que a performance restaura? O que repete? O que permanece na performance?

    Relao mimtica especular tendncia a se afastar de um certo escopo de construo da

    cena ou da dramaturgia (performer)

    Lanar o nosso olhar sobre objetos diferenciados o que eu vou tomar como objeto de estudo,

    de reflexo, de construo epistmica

    Textualidade escrita / textualidade oral

    Oralitura escrita que se quer performtica

    Como tornar o corpo o lugar de construo da obra? Obra que necessita do corpo do sujeito

    participante ativo da experincia sem o sujeito no possvel a arte corpo vivo que

    constitui a arte

    Experimentao

    Digital: corpo como evento (no representao) corpo como inscrio do conhecimento

    De que maneira corpo se inscreve nesses vdeos?

    NORA: ambientes de memria (espaos em que o saber tambm se contri fora dos lugares

    de memria oficiais) e lugares de memria (museus, bibliotecas)

    Escrever o outro texto Leda

  • Grcia pavor em relao ao outro Medusa petrificao: morte

    O lugar do outro era um lugar de amea, aquele que me aterroriza

    Dionsio: olhar que se abre para o outro / outro que em si mesmo se esconde

    O texto do outro me destri ele no me reconhece

    Textos dionisacos: o outro como desejo Guimares Rosa

    Vocalidade (Zumthor) inscrio do outro

    Como o outro est inscrito nesse texto/ (vdeos de Felipe Neto performance da lngua)

    Meu tio Guimares Rosa

    Universidade de New York

    Franceses x Norte-americanos

    Etnocenologia: UFBA Arlindo Bio

    Zumthor especialista em poesia medieval texto literrio potico performance da

    oralidade

    PUC-SP:Estudos sobre Zumthor Maria Ins (UFMG) poticas da oralidade

    Oratura: construo terica de escritores africanos

  • Aula 31/08/11 O que performance?

    Schechner Performance Studies University of New York

    Diana Taylor Instituto Hemisfrico das Amricas

    UniRio Universidade Catlica do Peru

    p.25 noes ordinrias sobre o termo, como pensamos cotidianamente

    Como se... ex.: preparar o jantar como se fosse performance

    1) Nem ser, nem fazer mostrar-se fazendo performar (artstica, ritualstica ou cotidiana)

    no uma relao de entre-lugar

    Processo de realizao do ato em si

    Explicar aes demonstradas campo epistemolgico reflexo sobre performar

    No estudaremos qualquer tipo de ao, mas sim aes demonstradas

    2) O mundo da performance (ambiente/audincia) / O mundo como performance (parte de

    quem v)

    3) A matizao do termo feita aos poucos sem um ideal conclusivo

    O ritual pode tambm no estar ligado necessariamente ao sagrado

    4) Performar comportamentos duplamente exercidos twice behavior behaved

    contrapondo a questo do essencialmente novo e original das vanguardas artsticas o

    comportamento restaurada est presente na performance mais experimental ou na

    performance mais tradicional

    O que se repete na performance?

    Lidamos com a ordem do simblico no temos mais acesso coisa, lidamos com a

    representao (Peirce)

    Ex.: Bb que aprende a levar a colher de comida boca at mesmo o momento inaugural

    j possui uma dimenso mimtica, de repetio ato tornado prprio (como eu repito?)

    Estudos de neurocincia

  • Marcel Mauss Tcnicas Corporais (livro) naturalidade nada natural, tudo aprendido

    socialmente

    Comportamento restaurado reforar / ratificar padres

    Ex.: Japonesas p 38 com sapato 34 modo de andar

    Ex.: Espartilho

    As performances implicam em ensaio / treinamento

    Treinamento: como devo realizar certo tipo de ao

    Ex.: performance da presidncia maquiagem, gestos, modos de chegada

    Nem sempre a performance est no mbito da mudana radical

    Ex.: Performance de 11 de setembro performance da nacionalidade

    Ex.: Passagem da faixa presidencial Lula / Fernando Henrique classe social abaixar para

    pegar o culos o estatuto da presidncia demanda certo tipo de comportamento

    Ex.: Barack Obama em sua chegada ao Brasil esposa a um passo atrs do marido

    Ex.: Troca de cargos performance corporal

    Caixa italiana: vai elimando a participao do pblico quarta parede separao do palco e

    espectador

    Algumas performances propiciam a participao ativa do pblico

    Teatro shakespeariano: participao ativa da audincia comia durante o espetculo e

    comentava: Olha, isso no est bom no!

    Tribunais, igrejas, salas de aula

    Constragimento

    Inusitado deslocamento do performance

    Ex.: Sada da plateia no intervalo de uma pea teatral

    Efemeridade (apagamento / desaparecimento) e repetio apesar da repetio a

    performance no igual alguma coisa sempre se perde

    Tudo performance? Eu posso refletir sobre isso como se...

  • Precisamos criar instumentais que nos permitem lidar com essa variedade de atos

    TEATRO: lugar de onde se v

    A textualidade oral demanda a performance (ZUMTHOR)

    Que tipo de comportamento se restaura? O comportamento corporal corporeidade

    Performing Arts artes visuais

    Tipo de fazer artstico que no encontra uma designao na dana, no teatro, nas artes visuais

    passa a ser designado como Performing Arts

    Flvio Carvalho performance brasileiro

    Os estudos de performance incluem o teatro

    Se algo se perde de uma performance para outra, alguma coisa se transforma movimento

    em espiral, muito mais que pendular

    Nem efmera, nem permanente os dois movimentos se encontram na performance, alguns

    deles so ressaltados / acentuados

    Acentuao daquilo que se quer mostrar

    VDEO perdeu o fazendo remisso ao passado, ato j feito perda da dimenso de AO

    VIVO processamento making off

    Ao exibir o vdeo eu devolvo algo do fazendo pois h o espectador

    Quais elementos se repetem nos vdeos de Felipe Neto/ (entonao, gestos, palavras...)

    Ex.: Esporte jogadores olhando para as cmeras, querendo se ver ausncia de

    espontaneidade

    A performance no se detm ao campo da esttica at mesmo a categoria do belo

    hegemnica

    At o Renascimento Arte como ofcio // Ociedente separao das artes, umas das outras

    Deleuze e Guatarri Lngua gaguejante

    Alguns tericos no utilizam o termo performance para tratar do rito

  • Performance no sinnimo de representao (sentido mimtico) e/ou interpretao (Diana

    Taylor)

    Etnocenologia espetacularidade

    UFBA estudos etnocenolgicos / estudos do espetculo

    Aimagem da coisa no a coisa

    Para ns, a imagem est na ordem da duplicao, da produo semitica

    No h nada que eu crie do nada criar um movimento a partir da lembrana de outro

    movimento

    Qual a diferena entre ser performance e como se fosse performance?

    Nomeao das aes como performance lente epistemolgica

    Teatro romano: teatro do espetacular / espetculo

    Cristiaismo: um s Deus teatro associado religio politesta

    O teatro renasce na igreja canto gregoriano vrias vozes fim fa mdia Idade Mdia

    dramaturgia

    Fim do sculo XIX atividade teatral inveno da luz

    Artaud como se ele quisesse um texto performtico em contraposio ao texto realista

    menos o papel e a personagem, mais a dico se bate contra a palavra em estado

    discursivo

    Pirandelo desconstruo (DERRIDA) de espacialidade, papel, personagem, autor

    Becket A dramaturgia se quer performance

    Vestido de nova performance do espao

    Teatro Ps-dramtico Teatro Performtico (cabe no modelo e no rtulo de teatro)

    PUC-SP estudos sobre Zumthor

    Performance que no tenha texto (palavra)

    Narratividade x Discurso (verbal)

    A performance no como se fosse um discurso verbal

  • A civilizao traduzida pela capacidade discursiva, de escrita

    Arte medieval necessariamente visual a maioria das pessoas no sabiam ler

    Em performance, o ato a coisa tambm

    Ex.: Ceia comer o corpo de Cristo canibalismo o po o corpo de Cristo

    Roland Barthes texto legvel e texto escritvel h um texto que me solicita a leitura e

    outro que me solicita mais escritura no deixa parar por causa do enenunciado, mas por

    causa da enunciao (canto das sereias o que fascina o canto e no o discurso) texto no

    necessariamente discurso

    Fora do discurso no haveria produo de sentido

    Texto Roland Barthes Aula a lngua fascista

    O ato performtico refora o status quo

  • Aula 14/09/11 O que performance?

    Instrumentais dados pela teoria da performance

    Carlson mbito do teatro

    Quais as ferramentas que iro me permitir analisar a minha empiria?

    TAYLOR, Diana. O Arquivo e o repertrio. lugar de memria e ambientes de memria

    Letria (Revista Letras UFMG) texto da Diana Taylor Performance e Trauma

    * Olhar textos de Diana Taylor sobre Performance e Digital

    Hemispheric Institute of Performance and Politics of the Americas (Hemi)

    A primeira utilizao do termo se d no mbito das artes visuais

    PERFORMANCE = arte da ao

    * Olhar texto Carlos Mendona e Andr Brasil Comps 2011

    Representao x Encenao x Performance

    Reao da audincia ao movimento

    Quando termina a performance?

    Mscara da representao

    Construo do espao montagem

    Evento que foge ao ordinrio

    O espao cenegrfico constitudo pela performance

    Performer da Costa Rica: texto vocalizado substitudo pelo corpo. O que provoca a

    performance? Nos convida a interagir, mas no fora a interao solidariedade com o corpo.

    No h um texto organizado.

    H performances que foram a nossa participao

    Cinema / Teatro: corpo revestido de beleza

    O corpo lembra e reage ao outro que participa da performance

    Ao reiteradas (Diana Taylor)

  • Comportamentos teatrais (p.18) teatral como categoria mais ampla teatralidade

    Fingir

    A street car named desire (filme) Uma rua chamada pecado / Um bonde chamado desejo

    Evento

    Velrios analisados como se fossem performance: roupas em tonalidades mais escuras, falar

    baixo

    o ser que nomeia a performance (Diana Taylor) independe do evento em si mesmo

    (Schechner) dizer que algo uma performance equivale a uma afirmao ontolgica

    (TAYLOR, 2003, p.18) como se fosse (dimenso epistemolgica) performance como

    lente metodolgica (TAYLOR)

    H um saber que transita em toda a performance

    Mmoria como sinnimo de saber constitui o sujeito / saber no qual ele se reconhece

    A fruio tambm algo aprendido aprendemos a gostar das coisas (sons, sabores)

    Transmisso de conhecimento pelo corpo

    Prtica in-corporada uma determinada forma de conhecimento

    Real / Construdo ao nomearmos um evento o construmos epistemologicamente tomado

    como objeto de reflexo

    Nomeada ou no a performance no deixa de existir a nomeao uma construo, uma

    fundao, uma constituio refletir sobre essas prticas epistemologicamente, retirando

    delas mesmas elementos instrumentais

    TURNER Parfournir: levar a cabo por completo

    Performance: efmero // histria / memria

    O que se perde? O que fica?

    Schechner algo que permanece

    Intraduzibilidade campo inclusivo revelador

    Performance ao vivo

  • A exibio do vdeo se constitui em performance interao / corpo do espectador

    Deleuze imagem-tempo (mais ligada performance) no consegue colar a ideia da

    personagem com a ideia do ator a descontinuidade elemento constitutivo

    Performativo (Austin) o ato em si funda o seu significado no representa, ela como

    se o escrito tivesse a potncia da performance em si

    Relao dinmica entre o que permance e o que se transforma (Performance)

    Missa: o Padre tem que ler a palavra escrita, mesmo que ele saiba de cor o livro tambm

    objeto sagrado mudana mais conformado por alguns limites

    O ato fundador um ato performtico, se funda pela palavra

    Quebrar a relao entre significado e significante (atos de fala)

    Falar instituir a coisa diabo, demnio, lcifer se voc disser o nome da coisa a coisa

    (bicho)

    Palavra luminosa, aurtica a palavra a coisa (a palavra a lei)

    Somos sujeitos lgicos

    Eu tenho que pronunciar: eu aceito; no posso anunciar

    Significante: imagem sonora

    Propriedade do ato de fala no posso dizer ao meu aluno eu aceito circunstncia /

    contexto

    Performance: instituir em si o significante e o significado (ao mesmo tempo)

    Representao Mimesis (Plato / Aristteles) reproduo mimtica

    Representao / Espetculo / Performance

    A mmese no somente especular a mmese pode tentar rasurar o especular

    Plato: mundo das coisas perfeitas (Beleza, Verdade etc.) temos acesso ao mundo das

    ideias (cpia inperfeita do modelo, pois no temos acesso a ele) mundo das ideias como

    referente

    Aristteles: a arte melhor ou pior em funo de questes de verosimilhana

  • Porosidade nas palavras: representao (mmese especular)

    Espetacularidade, teatralidade

  • Aula 28/09/11 Performance e Potica

    Paul Zumthor

    Mesmo o texto em sua forma escrita possui alguns ndices que nos levam para outros

    contextos que no so necessariamente os do texto escrito

    Expanso das molduras do literrio

    Volta ao contexto para a melhor fruio dos textos

    Forte ndice de vocalidade

    Corporeidade: gestos, coreografias etc. (estaria includa a vocalidade)

    Guimares Rosa: o texto escrito se apresenta como um entre-lugar das relaes entre

    textualidade escrita e textualidade oral

    Meu Tio (Guimares Rosa): busca por algum que anda matando gente e animais pelas

    redondezas o narrador a prpria ona universo do fantstico ns acompanhamos a

    transformao do personagem em ona ao longo de sua fala

    Metamorfose do eu no outro: se traduz por uma concreta metaformose do sujeito

    manipulao da vocalidade e corporeidade

    pela linguagem que o corpo transborda da letra, que a voz arruina a fala, leva ao limite

    tambm a potncia do texto escrito de manter o ndice de oralidade

    Oralidade = corpo + voz

    Metfora da transformao do eu no outro (cf. Mead)

    A ona em si mesma uma pluralidade de falas e lnguas

    MARTINS, Leda. Escrever o outro. (texto)

    Sujeito no como metfora, mas como sujeito que se metamorfoseia no outro (Guimares

    Rosa)

    KAFKA. A metamorfose. modo de figurao do outro em inseto

    Incluso definitiva do outro em mim mesmo

  • Escrever o outro

    O outro passa a ser constitutivo desse eu que se forma

    A incorporao do outro em mim mesmo deve se dar de forma antropofgica pela

    linguagem

    De que maneira eu incorporo o outro?

    NONADA: nada e tudo imagem sonora / paisagem significante / horizonte de vocalidade

    Zumthor: o texto medieval carece de um sujeito fruidor

    A poesia medieval era para ser falada e cantada (performance oral) canto falado / fala

    cantada performance do corpo e da voz

    Trovadores: trazem notcias e o canto

    O texto escrito se realiza pela vocalidade e corporeidade

    O texto s se constitui em performance

    Letra atravessada pela melodia e vice-versa

    O oral se constitui pelo gesto, pelo movimento, pela coreografia, pelo corpo

    Tipos de narrao: 1a pessoa / 3a pessoa (indiretas)

    Foco narrativo: pressupe no apenas quem narra mas como narra, de onde narra

    Expresses faciais, modulaes de voz

    Provrbios: enunciado e enunciao (sonoridade)

    Enigmas: jogos de linguagem

    Anos 80 Oratura (Literatura Oral)

    Anos 90 Oralitura (o que prevalece certo tipo de construo performtica)

    Rock: corpo e dana

    A performance diz tambm do lugar e do seu contexto

    No existem sujeitos grafos (sem escrita)

    Escrita: forma de inscrio

  • Aula 05/10 /11 Apresentao Poticas da Performance

    Introduo Poesia Oral Paul Zumthor

    Nasceu em Genebra, Sua, em 1915

    Estudioso das poticas da voz

    Viveu na Frana, Holanda e Canad, onde faleceu em 1995

    Preocupao com as formas no estritamente informativas da palavra e da ao vocal, ou seja

    a palavra e a voz potica

    Anlise global da voz, que ultrapassa disciplinas particulares e que rompe com os pontos de

    vista etnocntricos e grafocntricos

    Poesia: arte da linguagem humana, independente da literatura

    O que texto no se refere, necessariamente, ao que escrito

    A corporeidade reduzida pelos meios eletrnicos?

    O corpo no vem mais desprovido de outros significantes

    O contato mais com a imagem do corpo do que o corpo em si

    Ao vivo: momento da recepo (ex.: DVD)

    Interao com a imagem (ausncia do significante). Ex.: Raul Seixas e a imagem de Raul

    Seixas no cartaz de divulgao do show

    Graus de performatividade

    Maior grau: instantneo

    O espectador consitui/funda a performance (Schechner)

    A experincia da presena intransfervel

    Performance: presena, realidade vivida que determina minha relao com o mundo

    A performance se refere a um acontecimento oral e gestual e est sempre ligada presena

    do corpo

  • A performance Paul Zumthor

    A literatura consolida a sua identidade na Idade Mdia

    A voz, em performance, extrai a obra do texto

    Obra: comporta a totalidade dos fatores da performance, pois inclui texto, sonoridades,

    ritmos, elementos visuais

    Texto: sequncia lingustica legvel; possui estrutura fechada por causa da escrita impressa

    Poema: o texto da obra

    O suporte medieval por excelncia a voz

    A mensagem potica transmitida e percebida ao mesmo tempo

    Dilogo entr eintrprete e espectador

    Integrao de expresso e fala

    Artes prdicas (sc. XIII)

    Mistura de pregao e stira

    Pregao com acompanhamento musical

    Sermes cantarolados

    Domino da linguagem potica

    Teatro medieval (sc. XIV, XV)

    Textos com poucos indcios de performance

    Linguagem narrativa (no menos teatral)

    Performance teatral

    No se trata do teatro stricto sensu

    Teatro catalogao dos textos em dilogo

    Rubrica ndice performtico por excelncia

    Ex.: Macbeth: noite. (performance da noite) o espectador tem que imaginar a noite

    A narrativa tambm performtica

  • Teresinha Taborda

    No possvel se desvincular do ritmo das palavras

    Textualidade: o corpo cultural do contador

    Trao de oralidade / escrita oraliturizada (p.95) seleo e combinao de elementos

    Encenao: como se / o ato de fingir a realidade (p.70,71)

    Operador conceitual: encruzilhada locus tangencial; instncia simblica e metonmica

    processa vias diversas de elaboraes discursivas; lugar radical de centramento e

    descentramento (intersees e desvios, fuses e rupturas, origem e disseminao)

    Gesto: jeito de contar

    Encenar a voz encenar o corpo

  • Aula 19/10 /11 Arquivo e Repertrio Diana Taylor

    Performance como prtica como pens-la epistemologicamente?

    Arquivo Repertrio (onceitos operacionais para a performance)

    Pierre Nova (anos 80): lugares de memria / ambientes de memria

    crtica histria monumental

    O que esta rea (performance) nos permite fazer?

    Performance como sistema de armazenamento e transmisso de sabe/conhecimento

    Saber incorporado transmisso da memria, da identidade

    Do discursivo para o performtico

    Cenrios que no reduzem gestos e prticas corporificadas a descries narrativas

    Cultura mexicana: lugar de pertencimento de Diana Taylor

    Maias, Astecas, Egpcios: escrita pictogrfica desenho de posies corporais

    Papel do corpo na constituio desse tipo de escrita (pictogrfica)

    Performance oral: transmisso de conhecimento

    Astecas: dana durante 40 dias com a pele do corpo sacrificado (remoo da pele e do

    corao do ser vivo)

    Colonizadores: apagamento das prticas

    Saberes que desafiam as prticas do apagamento

    Performance: recuperao de saberes que encontram outros modos de sobrevivncia, ainda

    que transformados

    O corpo o lugar do sacrifcio

    Corpo pecaminoso (Ado e Eva)

    Corpo sacrificial dodo / corpo como o lugar da dor e do sofrimento (Cristo cruxificado)

    Mesmo o corpo em performance o corpo em contenso

    Corpo: lugar de construo e constituio do ser, da existncia

  • Corpo: constituio de um lugar

    Busca de matrizes (Artaud, Brecht)

    Modo de vestir, de andar: traduz condicionamentos saber incorporado

    Qual o resduo da performance?

    Repertrio: deixa resduos diferentes que os resduos deixados pelo arquivo // saber que

    nunca se apaga em sua totalidade

    Os termos arquivo e repertrio no se diferenciam hierarquicamente

    PODER os mais velhos

    desloca as prticas incorporadas

    constri uma outra hierarquia (letrados e no letrados)

    Narrador da experincia (Benjamin O narrador) narrador da performance (AO VIVO)

    Saberes mascarados (em performance)

  • Aula 26/10 /11 Na rota dos acenstrais: palavra e corpo no ato

    A Oralitura da Memria

    Performance e cultura / Performance e memria

    Corporeidades e transferncia

    Ritos e ambientes de memria: os ritos transmitem e instituem saberes estticos, filosficos,

    metafsicos, dentre outros, alm de procedimentos, tcnicas, quer em sua moldura simblica

    Corpo: lugar da memria e dos saberes

    Voz e corpo como portais de inscrio de saberes de vrias ordens

    Memria e Performance

    Capoeira

    Que saber se instala na capoeira?

    Memria de qu?

    Saber que se d no timbre das vozes e na maneira como o corpo se movimenta

    Academias ao redor do mundo: capoeira como modo de preparao do corpo / exerccio

    corporal

    Exerccios corporais x tcnicas corporais

    Ballet: eixo / apoio na ponta dos dedos dos ps

    ASSIMETRIA trazida pelas culturas africanas

    As tcnicas de cotruso do movimento muda os eixos do corpo

    Diferentes eixos do corpo so movidos por diferentes tcnicas

    Danas de matrizes africanas: tendem a mudar os eixos

    Dana clssica europeia: centrada na simetria

    Dependendo do que eu quero, eu desloco eixos do corpo

    Forma de organizao (estruturante): roda desenho espacial forma de ocupao do espao

    em crculo

  • Verticalizao das cidades hierarquias

    Formas de organizao sociais

    Reverncia (formas egpcias)

    No dar as costas s divindades

  • Aula 09/11/11 Performance e teatro

    Segunda metade do sculo XIX: teorias sobre o tetatro que iro influenciar o fazer teatral de

    ento

    Snteses do conhecimento que so definitivas para o que vir em seguida

    Darwin: A origem das espcies

    O humano deslocado da categoria do divino e colocado na categoria do orgnico

    A aura profundamente rasurada no final do sculo XIX

    Manifestos das vanguardas: fundamentadas no novo, na velocidade

    O olhar sobre a paisagem muda

    As vanguardas esto ligadas ao Modernismo

    Novas reflexes sobre as temporalidades Bergson

    Surrealismo ideias ancoradas na psicanlise (inconsciente)

    Texto dramatrgico

    Dramaturgo: umas das figuras exponenciais da prtica teatral

    O primeiro ator

    Espectador / cena

    Well made play modelo dramatrgico escrito e modelo de palco

    Escritura dramatrgica

    Escritura cnica

    Texto excrito / texto espetacular

    Renascena: criao de terorias aristotlicas sem se ler Aristteles

    Aristteles traduzido no mbito do Cristianismo

    Arte pensada como cpia privilgio da figurao an pintira e na escultura

    Tentativa de colocar o espectador face ao real

    Descrio pormenorizada

  • Imerso do sujeito na descrio Romantismo

    Realismo primazia da Cincia Cientificismo ndices de objetividade / sujeito objetivo

    Tentativa de trazer os temas contemporneos para dentro do teatro

    Pea no mais em verso, mas em tom coloquial mais verossmil

    Cenrio / figurino / linguagens / temas / enredo

    Arte que se quer como fotografia

    Luz eltrica

    Quarta parede

    Encenador algum que concebe a montagem, no simplesmente a direo algum que

    teoriza sobre colocado no mesmo patamar do autor / se coloca como um criador

    pensamento esttico e crtico

  • Aula 16/11/11 Movimento e linguagem: atualizaes e encarnaes

    Tudo o que podemos fazer recompor e justapor criativamente, num experimento com

    afirmaes e inseres do espacial no veio preponderante do tempo. (SOJA apud

    MIRANDA, 2008, p.70)

    A ao se esvai no tempo

    Experimentos com a espacialidade

    Ponto de partida: teoria de rudolph Laban

    Como o corpo se relaciona com o espao?

    MOVIMENTO: Processo constante de contnuas mudanas. (LABAN apud MIRANDA,

    3008, p.70)

    Processo: algo em construo

    Constante: incessante, aquilo que no pra

    Aquilo que est permanentemente em transformao

    O corpo que constroi a ao

    A transformao se d no encontro com o espctador

    A mudana contnua no exclui o que permanece

    Laban e os slidos platnicos

    Corutica: corpo e sua relao com o espao

    Bauhaus: 1919 1933

    Ballet Tridico a trade dana, traje e msica movimentos calcados na repetio

    Crculo, quadrado, tringulo

    Amarelo, azul e vermelho

    (SCHLEMMER apud GLUSSBERG, 2005, p.21)

  • Figurino: pea limitativa no caso do ballet tridico

    Coreografia: desenha geometria no espao

    Performance: inscrio de conhecimento e saberes

    Kinesfera bailarino localizado ao centro da kinesfera

    DELEUZE imagem-pensamento cristais (imagem cristal a imagem que em si um

    pensamento)

    Quebra da simetria ginga

    Assimetriaeixo deslocado pelas danas de matrizes africanas

    A performance ndice de conhecimento

    A imagem-pensamento no descritiva, ela em si a experincia do movimento

    Laban: movimento e linguagem

    Mudanas se organizam no ser humano em determinadas ordenaes rtmicas, que formam

    padres regulares

    Contnuo vir-a-ser

    Na relao entre os indivduos, a singularidade aparece conviver

    O corpo a mais plstica e dctil das matrias significantes, a expresso biolgica de uma

    ao cultural. (GLUSSBERG, 2005, p.52)

    A performance trabalha com o discurso do corpo e no com o corpo (GLUSSBERG)

    A linguagem no precisa ser necessariamente discurso (certo modo de construo da

    linguagem)

    ARTAUD: palavra enclausurada ao discurso

    A performance no se reduz ao discurso

    Laban: movimento e linguagem

    Conexo ou deslocamento (metonmia)

  • Substituio ou condensao (metfora)

    Inconsciente pensado como uma linguagem

    Fenomenologia da obra literria (livro, editora UFMG, 2011)

    O corpo tambm um modo de construo cultural

    A atualizao reinventa o passado o presente e, no surgimento do novo e singular, aponta

    para outros possveis futuros. (MIRANDA, 2008, p.78)

  • Aula 23/11/11 Performance e Teatro

    O TEATRO PS-DRAMTICO

    Recusa ao textocentrismo e aos padres de percepo dominantes da sociedade

    miditica

    O conceito expandido de drama: totalidade, iluso e drama

    A Potica da Morte: o espao-tempo comum de mortalidade

    A des-hierarquizao dos signos teatrais teatro que revela uma mudana de

    atitude

    O teatro ps-dramtico se ope sociedade do espetculo / lgica miditica e relaes de

    consumo

    Corpus: 1970 1990

    Esvazia e amplia o conceito de drama

    Bob Wilson

    Encenao controlada: 47% de luz

    Os elementos conformam a configurao da personagem

    Dramaturgia de sons

    O TEATRO E A PERFORMANCE

    Roselee Goldberg: o novo teatro, a nova performance

    Gumbrecht: a produo da presena encontro, estar no mesmo lugar, experincia

    reflexiva Que presena essa? Aqui / agora a presena se pretende fazer ao vivo

    Schechner: o ritual e o divertimento

    Bohrer: a esttica do terror

  • Representao: concepo naturalista personagem como duplo do real

    Presentificar

    H uma relao diferente com o espectador nos termos do teatro e nos termos da performance

    CRTICAS AO PS-DRAMTICO

    A pluralidade fragmentria da cena contempornea

    A reduo do drama

    Autorreferencialidade

    As conotaes polticas