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I N V E S TI G A Ç Õ E S S O B R E A EF I C Á C I A D A C N I C A D E A LE X A ND E R N A PR Á T IC A D O CA N T O DEP ART A MEN T O D E MÚSI CA I N ST I TU T O D E ARTES Amand a Gonsale s d e Arauj o (Bolsis t a PIB I C/CNPq ) e - mail : [email protected] r Prof. ª D r . ª Regin a Machad o e - mail : reginamachado @ ia r .unicamp . b r (Orientadora ) Palavras-chave: Técnica de Alexander - Canto Me t od o l o gi a Para poder rea li zar essa aná li se, fo i fe i ta a l e i tura da b i b li ogra a prev i amente se l ec i onada e depo i s d i sso as entrev i stas com professores e a l unos da Técn i ca de A l exander ap li cada ao canto para i dent i car se ta l Técn i ca age sobre o canto de mane i ra bené ca e compreender como i sso acontece, re l ac i onando as respostas de cad a u m co m o s Co n c e i t o s e P r i n c í p i o s d a c n i c a . I n t ro d u ç ão A Técn i ca de A l exander fo i cr i ada por Freder i c k Matthi as Alexander, um ator australi ano, que começou a sofrer com uma rouqu i dão crôn i ca n o auge de sua carre i ra. Ta l d i sfon i a l evou A l exander a i n i c i ar um estudo prát i co e i nd i v i dua l , com base e m observações constantes de seu própr i o corpo par a tentar detectar onde estava o prob l ema e como so l uc i oná- l o. Esse estudo resu l tou em Pr i ncíp i os e Conce i tos que permi t i ram que a prát i ca da Técn i c a de A l exander fosse l evada ad i ante. Fo i a part i r d e s e u s e s t u d o s q u e A l ex a nd e r c u r o u - s e e co n q u i s t o u u ma vo z qu e d es p e r t o u cu r i o s i d a d e e m ou tr o s atores, a l ém de suas descobertas começarem a bene c i ar ma i s pessoas e chamar a atenção d e prossionais de diversas áreas, inclusive da med i c i na. Com a d i ssemi nação da Técn i ca de A l exander , começaram a surgi r pesqui sas ci entí cas que estudam os benefíc i os da Técn i ca re l ac i onada à práti ca do canto, dessa forma, nasceu essa pesquisa que teve como intuito analisar se real mente a Técni ca de Al exander i nterfere n a p r á t i c a v o ca l c a n t a d a e de q u e ma n e i r a . R ef e rên c ia s Bibli o grá ca s ALEXANDER, Freder i ck Matth i as. O uso de s i mesmo . São Pau l o: Mart i ns Fontes, 2010. C AMP OS , Pa u l o H en r i qu e . O i m pac t o d a T éc n i c a A l e x and e r n a p t i c a d o ca nto: Um es tud o qua li tat i vo sobre as percepções de cantores com exper i ênc i a nessa i nteração. 161 s.: il . D i ssertaçã o ( mes t rad o ) . U n i v e rs i d ad e Fe d era l d e M i n a s G era i s , E sco l a d e s i ca , 2 0 07 . V IEI R A , R eg i n a . T écn i c a d e A l ex a nd e r : P o stu r a , e qu i l íbr i o e mo v i me n to . Ed i t o r a T erc e i r o Nome , 2 0 09 . C onc l usõe s A part i r do quest i onamento proposto no i níc i o d a pesqu i sa, fo i poss í ve l ana li sar como a Técn i ca d e A l exander atua no canto. A i ntersec ç ão entre o s mater i a i s obt i dos a part i r das entrevi stas e o s Pr i ncíp i os e Conce i tos da Técn i ca de A l exander , poss i b ili taram esc l arecer uma boa parte do process o de atua ç ão da mesma na produ ç ão voca l e o porqu ê d e s eu s res u l ta d o s b en é co s . R esu l tado s Re l ac i onando as respostas das entrev i stas co m os Pr i ncíp i os e Conce i tos da Técn i ca pôde-se nota r que: Somos uma un i dade ps i cofís i ca i nd i v i síve l ; O corpo func i ona como um todo; In i b i ção; Contro l e pr i mord i a l e D i reção foram Conce i tos e Pr i ncíp i os d a Técn i ca que puderam ser re l ac i onados com o s benefíc i os notados na prát i ca do canto, à part i r do s re l atos das entrev i stas. Em uma das perguntas fe i tas , a professora 1 re l atou que depo i s que i n i c i ou se u traba l ho com a Técn i ca, consegu i u reverter u m quadro de frustração profunda em v i rtude do qua l estava quase des i st i ndo de cantar; da mesma mane i ra que a professora 2 a rmou que se sent i u ma i s segura com re l ação ao seu fazer mus i ca l . Dessa mane i ra, nota-se que as questões ps i co l óg i ca s que afetam d i retamente a voz e, por consequênc i a, o canto, também são amen i zadas e equ ili bradas com o traba l ho da Técn i ca, por consequênc i a do Conce i to : Somos uma un i dade ps i cofís i ca i nd i v i síve l . O a l uno 1 d i z que percebeu ma i or fac ili dade a o cantar depo i s do traba l ho com a Técn i ca e o a l uno 2 , uma i ntegração entre corpo e voz que não ex i st i a ; po i s ao ganhar consc i ênc i a corpora l passaram a i dent i car com ma i s re namento suas tensões, j á qu e e nte n d i a m qu e qu a l q u e r t i p o d e te nsã o i r i a i n terf e r i r e m u m f unc i on a ment o v oc a l sa udá v e l e e c i e nte . Dessa forma, notaram o Conce i to: o Corp o func i ona como um todo. Com re l ação a e li mi nação das tensões qu e i nterfer i am no uso da voz, ap li ca-se o Pr i ncíp i o d a Ini bi ção, control e que a professora 1 diz ter conqu i stado depo i s do traba l ho com a Técn i ca, i sto é , i n i be-se a i nterferênc i a que fazemos em um process o orgân i co do nosso func i onamento corpora l - que n a maioria das vezes existe como uma tensão desnecessár i a. Os do i s pr i ncíp i os ut ili zados pe l a professora 2 e m suas au l as de canto, são: Contro l e pr i mord i a l , qu e cons i ste em um certo re l ac i onamento entre cabeça , pescoço e tronco, como fator de control e na d i str i bu i ção das tensões pe l o corpo todo e a D i reção , que resul ta em um corpo alongado, sempre d i rec i onando cabeça e pescoço para c i ma. Dessa mane i ra, li bera-se a reg i ão do pescoço , consequentemente da l ar i nge, promovendo uma sonor i dade da voz ma i s li vre, a l ém de permi t i r u m a l ongamento e amp li ação das costas. O a l uno 2 c i to u que percebeu uma grande me l hora - pr i nc i pa l ment e com re l ação às passagens dos reg i stros e os do i s armaram que perceberam uma melhora na s on o r i d a d e d a v oz . Exemplo de direção. Fonte: ALCAN TAR A, apud CAMPOS, 2007, p. 65

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INVESTIGAÇÕES SOBRE A EFICÁCIA DA TÉCNICA DE ALEXANDER NA PRÁTICA DO CANTO

DEPARTAMENTO DE MÚSICA – INSTITUTO DE ARTES

Amanda Gonsales de Araujo (Bolsista PIBIC/CNPq) – e-mail: [email protected] Prof.ª Dr.ª Regina Machado – e-mail: [email protected] (Orientadora)

Palavras-chave: Técnica de Alexander - Canto

Metodologia Para poder realizar essa análise, foi feita a

leitura da bibliografia previamente selecionada edepois disso as entrevistas com professores ealunos da Técnica de Alexander aplicada aocanto para identificar se tal Técnica age sobre ocanto de maneira benéfica e compreender comoisso acontece, relacionando as respostas de cadaum com os Conceitos e Princípios da Técnica.

Introdução

A Técnica de Alexander foi criada por FrederickMatthias Alexander, um ator australiano, quecomeçou a sofrer com uma rouquidão crônica noauge de sua carreira. Tal disfonia levou Alexander ainiciar um estudo prático e individual, com base emobservações constantes de seu próprio corpo paratentar detectar onde estava o problema e comosolucioná-lo. Esse estudo resultou em Princípios eConceitos que permitiram que a prática da Técnicade Alexander fosse levada adiante. Foi a partir deseus estudos que Alexander curou-se e conquistou

uma voz que despertou curiosidade em outrosatores, além de suas descobertas começarem abeneficiar mais pessoas e chamar a atenção deprofissionais de diversas áreas, inclusive damedicina.

Com a disseminação da Técnica de Alexander,começaram a surgir pesquisas científicas queestudam os benefícios da Técnica relacionada àprática do canto, dessa forma, nasceu essapesquisa que teve como intuito analisar serealmente a Técnica de Alexander interfere naprática vocal cantada e de que maneira.

Referências Bibliográficas

ALEXANDER, Frederick Matthias. O uso de si mesmo. São Paulo: Martins Fontes, 2010.

CAMPOS, Paulo Henrique. O impacto da Técnica Alexander na prática do canto:Um estudoqualitativo sobre as percepções de cantores com experiência nessa interação. 161 fls.: il. Dissertação(mestrado). Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Música, 2007.

VIEIRA, Regina. Técnica de Alexander: Postura, equilíbrio e movimento. Editora Terceiro Nome, 2009.

Conclusões

A partir do questionamento proposto no início dapesquisa, foi possível analisar como a Técnica deAlexander atua no canto. A intersecção entre osmateriais obtidos a partir das entrevistas e osPrincípios e Conceitos da Técnica de Alexander,possibilitaram esclarecer uma boa parte do processode atuação da mesma na produção vocal e o porquêde seus resultados benéficos.

Resultados Relacionando as respostas das entrevistas com

os Princípios e Conceitos da Técnica pôde-se notarque: Somos uma unidade psicofísica indivisível; Ocorpo funciona como um todo; Inibição; Controleprimordial e Direção foram Conceitos e Princípios daTécnica que puderam ser relacionados com osbenefícios notados na prática do canto, à partir dosrelatos das entrevistas. Em uma das perguntas feitas,a professora 1 relatou que depois que iniciou seutrabalho com a Técnica, conseguiu reverter umquadro de frustração profunda em virtude do qual estava quase desistindo de cantar; da mesmamaneira que a professora 2 afirmou que se sentiumais segura com relação ao seu fazer musical.Dessa maneira, nota-se que as questões psicológicasque afetam diretamente a voz e, por consequência, ocanto, também são amenizadas e equilibradas com otrabalho da Técnica, por consequência do Conceito:Somos uma unidade psicofísica indivisível.

O aluno 1 diz que percebeu maior facilidade aocantar depois do trabalho com a Técnica e o aluno 2,uma integração entre corpo e voz que não existia;pois ao ganhar consciência corporal passaram aidentificar com mais refinamento suas tensões, já queentendiam que qualquer tipo de tensão iria interferir

em um funcionamento vocal saudável e eficiente.Dessa forma, notaram o Conceito: o Corpofunciona como um todo.

Com relação a eliminação das tensões queinterferiam no uso da voz, aplica-se o Princípio daInibição, controle que a professora 1 diz terconquistado depois do trabalho com a Técnica, isto é,inibe-se a interferência que fazemos em um processoorgânico do nosso funcionamento corporal - que namaioria das vezes existe como uma tensãodesnecessária.

Os dois princípios utilizados pela professora 2 emsuas aulas de canto, são: Controle primordial, queconsiste em um certo relacionamento entre cabeça,pescoço e tronco, como fator de controle nadistribuição das tensões pelo corpo todo e a Direção,que resulta em um corpo alongado, sempredirecionando cabeça e pescoço para cima.

Dessa maneira, libera-se a região do pescoço,consequentemente da laringe, promovendo umasonoridade da voz mais livre, além de permitir umalongamento e ampliação das costas. O aluno 2 citouque percebeu uma grande melhora - principalmentecom relação às passagens dos registros e os doisafirmaram que perceberam uma melhora nasonoridade da voz.

Exemplo de direção. Fonte: ALCANTARA, apud CAMPOS, 2007, p. 65