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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
INSTITUTO DE COMPUTAÇÃO
ESPECIALIZAÇÃO EM INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO
INVESTIGANDO O POTENCIAL DA INTERNET COMO
FERRAMENTA EDUCACIONAL NAS AULAS DE
EDUCAÇÃO FÍSICA
ANDRÉIA LUIZA NÉIA COSSULIN MARQUES
CUIABÁ – MT
2011
UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
INSTITUTO DE COMPUTAÇÃO
ESPECIALIZAÇÃO EM INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO
INVESTIGANDO O POTENCIAL DA INTERNET COMO
FERRAMENTA EDUCACIONAL NAS AULAS DE
EDUCAÇÃO FÍSICA
ANDRÉIA LUIZA NÉIA COSSULIN MARQUES
Orientador: Prof. MSC. EUNICE PEREIRA DOS
SANTOS NUNES
Monografia apresentada ao Curso de
Especialização em Informática na Educação –
Modalidade a Distância – do Instituto de
Computação da Universidade Federal de Mato
Grosso, em parceria com a Universidade
Aberta do Brasil, como requisito para
conclusão do Curso de Pós-graduação Lato
Sensu em Informática na Educação.
CUIABÁ – MT
2011
UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
INSTITUTO DE COMPUTAÇÃO
ESPECIALIZAÇÃO EM INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO
CERTIFICADO DE APROVAÇÃO
TÍTULO: INVESTIGANDO O POTENCIAL DA INTERNET COMO
FERRAMENTA EDUCACIONAL NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA
AUTOR: ANDRÉIA LUIZA NÉIA COSSULIN MARQUES
Aprovada em 20/05/2011
______________________________________
Prof. MSc. Eunice Pereira dos Santos Nunes
IC/UFMT
(Orientador)
______________________________________
Prof. Msc. Clodoaldo Nunes
IC/UFMT
______________________________________
Prof. Dr. Patrícia Cristiane de Souza
IC/UFMT
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a todos os profissionais da áreade Educação Física, que como eu, não medemesforços para desenvolver bem seu papel deeducador, sempre trilhando novos caminhos.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, a meu esposo Leonardo pelos incentivos e aos
meus alunos que me ajudaram a desenvolver esta pesquisa.
RESUMO
A partir de 1971 a informática passou a ser vista como ferramenta educacional no
Brasil, primeiramente no ensino da Física. No final do século passado duas áreas
que mais se desenvolveram foram a informática e telecomunicações e neste período
um novo meio de comunicação tomou conta do mundo: a Internet. Assim este
trabalho tem como objetivo geral apresentar um levantamento bibliográfico expondo
o pensamento de vários autores sobre o papel da internet na educação, por meio de
um estudo de caso demonstrar o potencial da internet como recurso pedagógico nas
aulas de Educação Física na abordagem de conteúdos que não são possíveis de
serem praticados na escola. Esta pesquisa foi desenvolvida tendo como objeto a
Escola Municipal de Ensino Fundamental Eça de Queirós, em Lucas do Rio Verde,
Estado de Mato Grosso, direcionado as aulas de Educação Física, especificamente
àquelas ministradas teoricamente de 6ª a 8ª séries, buscando evidenciar o potencial
da internet como ferramenta educacional . A pesquisa foi realizada por meio de uma
revisão bibliográfica, complementada com o estudo de caso. Foi desenvolvido um
projeto de Informática na Educação junto aos alunos nas aulas teóricas de
Educação Física e ao final do estudo de caso foi aplicado um questionário, para
verificar a aprendizagem por meio da internet. Os resultados foram satisfatórios, pois
os alunos aprenderam de maneira prazerosa, as aulas tiveram maior participação e
alto índice de interesse, e todos os conteúdos apresentados foram assimilados
fazendo com que o processo de ensino aprendizagem alcançasse sucesso. Assim
concluiu-se que não é somente por meio da “prática física” que os alunos da
disciplina de Educação Física podem aprender os conceitos relacionados, e
verificando as aulas pode seguir também outras metodologias como os recursos
proporcionados pela internet, para alcançar a eficácia no processo de ensino
aprendizagem.
Palavras-chave: tecnologias da informação e comunicação, internet, educação
física.
SUMÁRIO
DEDICATÓRIA.........................................................................................................................4
AGRADECIMENTOS ..............................................................................................................5
RESUMO...................................................................................................................................6
LISTA DE GRAFICOS ............................................................................................................8
LISTA DE FIGURAS ...............................................................................................................9
LISTA DE TABELAS.............................................................................................................10
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS..................................................................1111. INTRODUÇÃO ....................................................................................................122
1.1 Objetivo Geral...........................................................................................1331.2 Objetivos Específicos ..............................................................................1441.3 Justificativa ..............................................................................................1451.4 Metodologia ..............................................................................................166
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..........................................................................188 2.1 Histórico da Internet....................................................................................18
2.2 A Internet na Educação.............................................................................202.3 O Potencial Educativo da Internet............................................................252.4 A internet como meio facilitador da comunicação .................................28
3. ESTUDO DE CASO ............................................................................................3663.1. Etapas .......................................................................................................3663.2. Resultados e Discussões ........................................................................400
4. CONCLUSÕES...................................................................................................544REFERÊNCIAS ...................................................................................................................611
8
LISTA DE GRAFICOS
Gráfico 1 – faixa etária...............................................................................................41
Gráfico 2 – quantidade de pessoas por sexo.............................................................41
Gráfico 3 – quantidade de alunos por série...............................................................42
Gráfico 4 – número de alunos x local de acesso Internet .........................................42
Gráfico 5 – frequência de acesso à internet...............................................................43
Gráfico 6 – período do dia em que mais acessa a internet........................................43
Gráfico 7 – motivo de acesso à internet.....................................................................44
Gráfico 8 – aprendendo através da internet...............................................................44
Gráfico 9 – meios de aprendizagem..........................................................................45
Gráfico 10 – aprender educação física com a internet..............................................45
9
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Linha do tempo da internet (Percys, 2008)...............................................18
Figura 2 – História da internet no Brasil (Percys, 2008).............................................19
10
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Lista de Conteúdos de Difícil Prática em Sala de Aula..............................37
11
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
ADSL
ARPA
ARPANET
Assymmetric Digital Subscriber Line
Advanced Research Projects Agency
Rede criada pela Advanced Research Projects Agency
CSILE
IPNEWS
ITU
MB
Computer Supported Internacional Learning Environments
Comunicação Interativa
União Internacional de Telecomunicações
Megabyte
NETPUTER Project Home Downloads Wiki Issues Source
ONU
RNP
Organizações das Nações Unidas
Rede Nacional de Pesquisa
TICs
TV
Tecnologias da Informação e Comunicação
Televisão
WEB World Wide Web ou Rede de Alcance Mundial
WEBTV TV na Internet
WWW World Wide Web
12
1
INTRODUÇÃO
A informática passou a ser vista como ferramenta educacional no Brasil, a
partir de 1971, quando se passou a discutir seu uso no ensino de Física. Buscava-
se, nesta época, "construir uma base que garantisse uma real capacitação nacional
nas atividades de informática, em benefício do desenvolvimento social, político,
tecnológico e econômico em âmbito nacional” (MORAES, 2007, p.21). Desde então,
o poder público criou diversos órgãos com a finalidade de fomentar o
desenvolvimento tecnológico no país.
Duas das áreas que mais evoluíram nesta fase final do século passado
foram as áreas de Informática e Telecomunicações. Neste período um novo espaço
de comunicação globalizou-se e deixou de estar restrito apenas a algumas pessoas:
a Internet. Com este poderoso meio de comunicação é possível trocar informações
instantaneamente, e aceder rapidamente a novas soluções. Assim, é pertinente
considerar que os recursos proporcionados pela internet podem auxiliar o processo
de aprendizagem, consideravelmente, em especial na aprendizagem de temas
distantes do cotidiano.
Este trabalho buscou evidenciar o potencial da internet como ferramenta
educacional nas aulas teóricas de Educação Física, por meio de um estudo de caso
aplicado em algumas turmas do Ensino Fundamental II, na Escola Municipal Eça de
Queirós em Lucas do Rio Verde – MT.
13
Com os recursos proporcionados pela internet abordaram-se temas de
difícil realização prática, devido a inúmeros fatores, tais como: diferenças regionais,
falta de equipamentos adequados, falta de domínio prático do docente, dificuldades
físicas do aprendiz para realização dos exercícios, entre outros.
O uso da internet foi imprescindível tanto para estruturação das aulas
teóricas, as quais utilizaram imagens, vídeos, textos e outras informações advindas
da Internet, quanto como ferramenta educacional nas aulas teóricas de Educação
Física “praticadas” no laboratório de informática.
O estudo foi desenvolvido por meio de pesquisa bibliográfica e estudo de
caso, buscando demonstrar o potencial da internet na abordagem de temas difíceis
de ser abordados de forma prática nas aulas de Educação Física, enriquecendo o
processo de ensino aprendizagem por meio de uma forma alternativa de
aprendizagem.
Considerando este cenário o objetivo principal desta pesquisa é identificar
de que maneira a Internet pode auxiliar os professores da área de Educação Física,
na abordagem de conteúdos que não são possíveis de serem praticados fisicamente
na escola.
Este trabalho possui além desta introdução, três capítulos a saber: o
Capítulo 2 apresenta os fundamentos da revisão bibliográfica sobre o tema em
questão, o Capítulo 3 apresenta o desenvolvimento do estudo de caso e os
resultados obtidos e o Capítulo 4 apresenta as conclusões deste trabalho e
considerações finais.
1.1 Objetivo Geral
Apresentar um levantamento bibliográfico expondo o pensamento de
vários autores sobre o papel da internet na educação, e por meio de um estudo de
14
caso demonstrar o potencial da internet como recurso pedagógico nas aulas de
Educação Física na abordagem de conteúdos que não são possíveis de serem
praticados na escola.
1.2 Objetivos Específicos
Para alcançar o objetivo geral proposto nesta pesquisa, os seguintes
objetivos específicos foram estabelecidos:
� Realizar uma pesquisa bibliográfica sobre a evolução da internet, os
seus recursos e sua aplicação na educação, e também buscar na literatura como os
recursos da rede mundial de computadores podem auxiliar no processo de ensino-
aprendizagem.
� Identificar na proposta curricular da rede municipal de educação os
conteúdos que não são possíveis de serem praticados nas aulas de Educação
Física nas turmas do Ensino Fundamental II.
� Desenvolver um estudo de caso utilizando os recursos da internet nas
aulas de Educação Física das turmas do Ensino Fundamental II, explorando
conteúdos não possíveis de serem praticados na escola, que é objeto de estudo.
1.3 Justificativa
Na atualidade o fenômeno da globalização apresenta a necessidade de
transmissão da informação de maneira rápida e atualizada. Sendo assim, o uso do
computador se tornou essencial numa perspectiva global. Nesse sentido, as
tecnologias da informação e comunicação na educação tornaram-se uma poderosa
ferramenta no processo ensino-aprendizagem em diversas áreas de domínio.
A informática passou a ser vista como ferramenta educacional no Brasil a
partir de 1971, quando se passou a discutir seu uso no ensino de Física. Buscava-
15
se, nesse momento, "construir uma base que garantisse uma real capacitação
nacional nas atividades de informática, em benefício do desenvolvimento social,
político, tecnológico e econômico" em âmbito nacional (MORAES, 2007). Desde
então o poder público criou diversos órgãos com a finalidade de fomentar o
desenvolvimento tecnológico no país, buscando inserir o uso dos computadores na
educação de forma cada vez mais ampla.
Essa globalização, identificada como a era da informação, onde se
transmite informações de um local a outro com uma velocidade espantosa, torna o
mundo das crianças e adolescentes mais dinâmico, tendo como carro chefe a
Internet, que vem acompanhada de muitas ferramentas tecnológicas que podem
auxiliar no processo ensino-aprendizagem, devido as diversas possibilidades
metodológicas que a internet emprega na área educativa.
Formada na área de Educação Física há 14 anos e sempre procurando
meios de melhor desenvolver minha função de educadora, comecei articular os
conteúdos com a internet para auxiliar o processo de ensino e aprendizagem.
Seguindo a proposta curricular da disciplina de Educação Física, os
professores se deparam com alguns conteúdos que são de difícil abordagem. Esta
dificuldade pode ocorrer por diversos fatores, tais como falta de equipamentos
adequados, condições climáticas, o conteúdo a ser abordado não fazer parte da
cultura nacional, falta de domínio do professor, impossibilidade física por parte do
aluno em realizar determinados movimentos, entre outros. Um exemplo é a ginástica
olímpica que necessita de aparelhos adequados, esportes de realização no gelo e
lutas como Sumo.
Porém, não é somente por meio de prática que os alunos podem
aprender os conceitos relacionados à Educação Física, a abordagem das aulas
16
pode seguir também outras metodologias para alcançar a eficácia no processo
ensino-aprendizagem, como por exemplo, utilizando os recursos proporcionados
pela internet.
Utilizando o laboratório de informática com os computadores conectados
a internet, tanto a preparação das aulas do professor pode ser mais rica, quanto a
execução das atividades por parte dos alunos pode ocorrer de forma mais
prazerosa, garantindo assim que os conteúdos sejam abordados, independente da
dificuldade encontrada pelo professor.
Além disso, com o auxílio da internet os alunos têm a oportunidade de
buscar o conhecimento em qualquer lugar do mundo, aperfeiçoando seus
movimentos atléticos, e até mesmo aprendendo novas técnicas, inclusive com seus
ídolos do esporte.
1.4 Metodologia
A pesquisa foi realizada por meio de uma revisão bibliográfica,
complementada com um estudo de caso. A pesquisa bibliográfica foi realizada em
livros, revistas e materiais bibliográficos disponíveis na internet. Conforme Cervo e
Bervian (2002, p.89), “[...] na pesquisa bibliográfica, a fonte das informações, por
excelência, estará sempre na forma de documentos escritos, estejam eles impressos
ou depositados em meios magnéticos ou eletrônicos [...]”.
A revisão bibliográfica foi conduzida buscando identificar como a internet
pode auxiliar o processo de ensino-aprendizagem, para posteriormente aplicá-la em
um estudo de caso.
Esta pesquisa foi desenvolvida tendo como objeto de estudo a Escola
Municipal de Ensino Fundamental Eça de Queirós, em Lucas do Rio Verde-MT,
17
direcionado as aulas de Educação Física, especificamente àquelas ministradas
teoricamente nas turmas de 6ª a 8ª séries.
Em meio a sua estrutura física a escola possui um laboratório de
informática com 21 máquinas, ligadas em rede e conectadas a internet ADSL 2mb
do Governo Federal. Possui ainda cinco computadores conectados a internet para
uso dos professores, onde os mesmos podem utilizar cerca de 4 horas semanais
fixas mediante um cronograma, para a preparação de suas aulas.
A pesquisa também se apoiou na análise dos projetos, onde os alunos
utilizavam a internet durante as aulas para pesquisar, ver e aprender,. De acordo
com Lakatos e Marconi (1991, p.174), “característica da pesquisa documental é que
a fonte de coleta de dados está restrita a documentos, escrita ou não”.
18
2
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Histórico da Internet
Buscando evidenciar o potencial da internet como ferramenta educacional
nas aulas de Educação Física, faz-se necessário conhecer a evolução da internet,
bem como sua história e aplicações na área educacional.
De acordo com Percys1 acontecimentos importantes que marcaram a
história da Internet estão apontados na linha do tempo ilustrada na Figura 1.
Figura 1 – Linha do tempo da internet (Percys, 2008)
De acordo com Percys (2008), a história da Internet no Brasil se iniciou
efetivamente em 1991, quando a RNP (Rede Nacional de Pesquisa) deu início a
uma operação acadêmica subordinada ao MCT (Ministério de Ciência e Tecnologia).
Em 1994 a Embratel disponibilizou o serviço da Internet em caráter experimental,
para melhor conhecer o seu funcionamento. E em 1995 foi o marco da abertura da
1http://percyugb.blogspot.com/2008_08_01_archive.html acesso em 08/05/2011.
19
Internet ao setor privado para exploração comercial da população brasileira,
principalmente para uso nas universidades do país.
A Figura 2 ilustra a linha do tempo da história da Internet no Brasil
(Percys, 2008).
Figura 2 – História da internet no Brasil (Percys, 2008)
Com base na Wikipédia2 acesso em 30/01/2011:
A Internet surgiu a partir de pesquisas militares nos períodos áureos daGuerra Fria. Na década de 1960, quando dois blocos ideológicos epoliticamente antagônicos exerciam enorme controle e influência no mundo,qualquer mecanismo, qualquer inovação, qualquer ferramenta nova poderia contribuir nessa disputa liderada pela União Soviética e Estados Unidos: asduas superpotências compreendiam a eficácia e necessidade absoluta dosmeios de comunicação.
Por meio dessa disputa entre os dois países, os EUA temendo um ataque
que viesse a público informações sigilosas, idealizaram um modelo de troca e
compartilhamento de informações. Com esta preocupação surgiu a rede ARPANET,
criada pela ARPA (Advanced Research Projects Agency)3 que tinha como objetivo
interligar as bases militares e os departamentos de pesquisa do governo americano.
2http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_da_Internet acesso em 30/01/2011.
3http://pt.wikipedia.org/wiki/ARPANET acesso em 08/05/2011.
20
Entre o final da década de 80 e o início dos anos 90, a rede foi
aperfeiçoada e começaram a aparecer os serviços que dão à Internet sua feição
atual. O principal deles é a World Wide Web (WWW), lançada em 1991, que
viabilizou a transmissão de imagens, som e vídeo pela rede. Até então circulavam
praticamente só textos pela Internet. Com a WWW, a Internet se popularizou entre
os usuários comuns de computador. Nessa época surgiram também os provedores
de acesso, que são empresas comerciais que vendem aos clientes o meio de
"navegar" na Internet, suprimida hoje pelas próprias companhias telefônicas que já
oferecem este serviço aos seus clientes.
A Internet evolui e com isso revolucionou a comunicação mundial ao
permitir, por exemplo, a conversa entre usuários a milhares de quilômetros pelo
preço de uma ligação local, e dependendo do software utilizado, pode-se até realizar
ligações telefônicas de forma gratuita.
Conforme noticiado pelo secretário geral da União Internacional de
Telecomunicações (ITU) (agência da ONU para assuntos relativos às TICs),
Hamadoun Toure, no jornal eletrônico IPNEWS4 em 26/01/11, o número de usuários
de internet em todo o mundo já chegou aos 2 bilhões. (...).
Esta evolução da rede Internet se deu em todo mundo de maneira muito
rápida, intensificando o uso da internet em todos os campos de domínio,
principalmente na área educacional. Portanto, a próxima seção irá abordar o uso da
internet na educação, que é o foco deste trabalho de pesquisa.
2.2 A Internet na Educação
O sentido educacional do uso da internet remete a Borges (2000, p.62-
63):
4http://ipnews.com.br/telefoniaip/index.php acesso em 08/03/2011.
21
Internet é uma nova forma de realizar o trabalho pedagógico e, portanto,estará cada vez mais influenciando o processo educacional. [...] e atribuindonovos usos e novas finalidades à Internet, o homem poderá estarredefinindo sua própria identidade, capacitando-se para uma nova ordemglobal das relações humanas, e assim, estará gerando uma novatransformação da realidade sócio-histórico-cultural.
Se entendida como elemento cultural, a Internet que atua possibilitando
um processo de intercâmbio social estará produzindo segundo uma interpretação
Vygotskiana, modificações no processo de comunicação, de percepção, de
raciocínio lógico, uma vez que, cria novas formas de representação dos signos já
existentes no sistema de linguagem humana, e podendo inclusive criar outros
(BORGES 2000, p. 61-62).
Ao possibilitar a transformação e criação de signos, a Internet está
possivelmente contribuindo para a transformação do próprio pensamento humano.
Como elemento cultural, a Internet deste modo, modificando as funções psicológicas
superiores humanas ao integrar som, imagem e escrita. Assim cria novas formas de
expressão e isto significa que a linguagem inclui-se na dinâmica de constituição do
ser humano mediando igualmente a recriação do saber, dos valores, das condutas,
das experiências de todas as gerações agora também pelo uso da Internet
(BORGES 2000, p. 61-62).
No século XVII, o pedagogo Jan Amos Komenski, também conhecido
como Comenius, nascido na Boêmia, promovia a teoria e a prática para valorizar o
uso da imagem em processos educacionais. Em Didática Magna, de 1638, ele
defende repetidas vezes que imagens devem ser utilizadas ao máximo nas escolas.
Sua obra Obis sensualium pictus, de 1658 é baseada em ilustrações, feitas pelo
próprio autor para a aprendizagem de palavras e conceitos. É conhecida como o
primeiro texto ilustrado com fins pedagógicos.
22
Em consulta ao site Didática5 aplicada com postagem em 07/12/2008 cita
que Comenius já propunha uma educação onde seriam utilizados recursos outros
que facilitassem o aprendizado. Agora, com o computador, além de podermos
visualizar o que antes era apenas exposto, apresentado ao aluno.
Borges (2000 p.78) salienta que ao utilizar a internet mediatizando ações
na construção de conhecimentos, o professor e o aluno mudam a relação, passando
ambos a ser ativos em todo o processo de formação acadêmica; destaca ainda que
a internet deve ser usada como apoio na construção do conhecimento, assim nos
remete para ações mediadas e compartilhadas das informações disponíveis
consolidando um ambiente digital de produção ou reconstrução de informações
contidas na internet.
Ainda mais, salienta o autor, se não for usada pelo exposto acima,
apenas estaremos subutilizando este recurso inovador, poderoso e nada
contribuindo para formar sujeitos críticos e reflexivos e que não tenham habilidades
e competências para se fazer uma leitura ou re-leitura do mundo.
Mas ensinar utilizando a Internet exige uma forte dose de atenção do
professor. Diante de tantas possibilidades de busca, a própria navegação se torna
mais sedutora do que o necessário trabalho de interpretação. Os alunos tendem a
dispersar-se diante de tantas conexões possíveis, de endereços dentro de outros
endereços, de imagens e textos que se sucedem ininterruptamente. Tendem a
acumular muitos textos, lugares, ideias, que ficam gravados, impressos, anotados.
A Internet é uma tecnologia que facilita a motivação dos alunos, pela
novidade e pelas possibilidades inesgotáveis de pesquisa que oferece. Essa
motivação aumenta se o professor leciona em um clima de confiança, de abertura, 5 Site didatica: www.abed.org.br acesso em: 12/02/2011
23
de cordialidade com os alunos. Mais que a tecnologia o que facilita o processo de
ensino-aprendizagem é a capacidade de comunicação autêntica do professor, de
estabelecer relações de confiança com os seus alunos, pelo equilíbrio, competência
e simpatia com que atua.
O uso da Internet e, em especial das páginas web, introduz um novo
modo de lidar com a informação e com o conhecimento, criando formas alternativas
de estudo e de pesquisa com impacto direto no processo de ensino aprendizagem.
A existência da Internet introduz mudanças na sala de aula e no papel do
professor. Matayoshi (2009) apresenta uma lista que constitui uma revisão e
adaptação dos potenciais efeitos e práticas emergentes que a Internet proporciona:
� Acesso à informação é facilitado: criando o potencial de recolha deinformação sobre um acontecimento independentemente da sua origemgeográfica, e possibilitando múltiplos pontos de vista de um mesmo assunto;� A quantidade de informação disponível sobre determinado tema éelevada: o tratamento da informação retirada da rede tem de obedecer acritérios bem definidos e restritos. Mesmo desta forma, a quantidade deinformação é maior do que a humanamente assimilável;� A qualidade e valor da informação disponível têm de ser avaliada:cabe ao utilizador efetuar a avaliação da informação a que acedeu, poiscoexiste na rede informação boa e má como acontece em relação à rádio, àtelevisão, à imprensa, e a todos os outros media;� A origem da informação é global: independentemente do local de acesso é possível obter informação em locais distintos, em diferenteslínguas e inclusive, obter contatos e questionar pessoas responsáveis pelaorigem dessa informação;� O conhecimento dos programas e conteúdos em universidadesnacionais e estrangeiras está acessível a todos: introduz modelos decomparação mais alargados e também mais competitivos;� Permite o recurso a demonstrações de conceitos e serviços: mesmo anível nacional já é possível discutir muitos temas de forma prática,consultando a informação, transferindo textos e software disponibilizadospor outras instituições;� Faculta o acesso a textos e apresentações em formato eletrônico:desta forma, a produção de textos pode ser facilitada ou mesmoverificarem-se com maior frequência situações de quebra de direitos deautor ou de reconstituição de um texto;� Acesso a informação diária: constituindo um desafio permanente deatualização e uma dificuldade de lidar com a "última palavra" sobredeterminado assunto;
Inquestionável é a influência que o professor tem no correto
aproveitamento das potencialidades oferecidas pela Internet. Os alunos já utilizam,
24
talvez por moda, por curiosidade ou por necessidade de alguma informação, maqs o
que é fato é que a internet está trazendo inúmeras possibilidades de pesquisa para
professores e alunos, dentro e fora da sala de aula.
Nesse cenário o professor pode coordenar pesquisas com objetivos bem
específicos, monitorando de perto cada etapa, orientando nas anotações dos dados
mais importantes, e que reconstruam ao final os resultados. É importante sensibilizar
o aluno antes para o que se quer conseguir neste momento, neste tópico. Se o aluno
tem claro ou encontra valor no que vai pesquisar, o fará com mais rapidez e
eficiência. O professor precisa estar atento, porque a tendência na Internet é para a
dispersão fácil. O intercâmbio constante de resultados, a supervisão do professor
pode ajudar a obter melhores resultados.
Pode-se também, ao final do período da aula-pesquisa, pedir aos alunos
que relatem a síntese do que encontraram de mais significativo. Os alunos terão
gravadas as principais páginas, junto com um roteiro de anotações, para esclarecer
a navegação feita e encontrar melhores relações, ao final.
Segundo Moran (1997):
Ensinar na e com a Internet atinge resultados significativos quando estáintegrada em um contexto estrutural de mudança do ensino-aprendizagem, onde professores e alunos vivenciam processos de comunicação abertos,de participação interpessoal e grupal efetivos. Caso contrário, a Internetserá uma tecnologia a mais, que reforçará as formas tradicionais de ensino.A Internet não modifica, sozinha, o processo de ensinar e aprender, masdepende essa mudança da atitude básica pessoal diante da vida, domundo, de si mesmo e do outro e das atitudes fundamentais das instituiçõesescolares.
A palavra chave é integrar, ou seja, integrar a Internet com as outras
tecnologias educacionais, como vídeo, televisão, jornal e computador. Integrar as
tecnologias avançadas com as tecnologias convencionais, integrar o humano e o
tecnológico, dentro de uma visão pedagógica criativa e aberta.
25
É notável na literatura que a Internet é uma ferramenta fantástica para
abrir novos caminhos, para abrir a escola para o mundo, para trazer inúmeras
formas de contato com o mundo. Mas essas possibilidades só acontecem se, na
prática, as pessoas estiverem atentas, preparadas, motivadas para querer saber,
aprofundar, avançar na pesquisa, na compreensão do mundo. Quem está
acomodado em uma atitude superficial diante dos acontecimentos, pesquisará de
forma superficial.
2.3 O Potencial Educativo da Internet
Muito se tem falado e escrito sobre as virtualidades e potencialidades da
utilização educativa dos serviços da internet. Como rede mundial de computadores
que disponibiliza diversos serviços como a World Wide Web ou simplesmente Web
que nos permite aceder através de um browser a uma série de documentos
interligados, a internet faz parte integrante da vida de todos nós que a ela
recorremos para aceder a um mundo imenso de informação e comunicar com o
mundo.
A Web é uma tecnologia que tem claro potencial para criar ambientes de
aprendizagem inovadores e desafiantes ao facultar o acesso a fontes de informação
dificilmente acessíveis por outros meios, assim como muitas quantidades de
recursos multimídia. Para além de permitir aceder e disponibilizar materiais, a web
disponibiliza fóruns eletrônicos que suportam a comunicação e o trabalho
colaborativo o que, “reforça a concepção de aprendizes como agentes ativos no
processo de aprendizagem, e não receptores passivos de conhecimento” (Souza,
2005:130). Segundo o mesmo autor, adequa-se a uma perspectiva de aprendizagem
construtiva, colaborativa e significativa.
26
Proporcionar uma “aprendizagem significativa consiste em considerar a
maneira própria de pensar das pessoas e procurar perceber as contradições, as
inconsistências, o que sabem e o que ainda precisam saber” (Silva, 2005: 48).
A influência da internet na educação é visível em vários níveis tanto nos
modelos de formação presencial como e, sobretudo, nos de formação a distância
e/ou mistos – blended learning (Silva, 2002). Na educação presencial, a internet
desenraiza o conceito de ensino-aprendizagem localizado e temporalizado
potencializando o conceito de que a aprendizagem pode ocorrer em vários lugares,
ao mesmo tempo, on-line e off-line, e on/offline. Com a implementação das redes, o
ensino a distância combina-se com a possibilidade de comunicação instantânea, de
criação de grupos de aprendizagem, integrando a aprendizagem pessoal com a de
grupo. Por outro lado, a educação presencial começa a utilizar tecnologias, funções,
atividades que, até aqui, eram típicas da educação a distância. A interação e a
comunicação “sem hora e local marcado” ampliam as possibilidades de exploração
de novas experiências interpessoais, profissionais, culturais e educacionais para
além de fomentar o estabelecimento de novas formas de sociabilidade.
Cada vez se produz mais informação on-line socialmente partilhada.
Machado (2006) declara que com a internet abriu novas possibilidades de ensino
que podem ser divididas em dois grupos: uma, em que o computador funciona como
suporte a novos ambientes de aprendizagem e outra, que vem dar uma nova
vivência à educação a distância por meio de diversas modalidades de educação on-
line.
Com este recurso o aluno pode ter um ensino individualizado ou
colaborativo (Dias, 1999; D´Eça, 1998). Segundo Machado (2006), a internet é
reconhecida como um meio por excelência para educar em rede. Estas
27
comunidades são geradoras de conhecimento, pois contribuem para o
desenvolvimento pessoal e profissional dos indivíduos, baseado no ambiente
colaborativo e na partilha, ajudando a ultrapassar os problemas da infoexclusão e
criando uma sociedade “autora” do seu próprio conhecimento (BAPTISTA, 2005;
GOMES, 2004; HARASIM et al., 2000).
Castells (2002) afirma que a internet contribui para um sistema científico
global, conduzindo as alterações na economia, na cultura e no cotidiano de cada
um. As redes de computadores, em especial a internet, têm servido de suporte para
que os grupos de alunos possam refletir sobre determinados temas e, desse modo,
ter uma aprendizagem efetiva (HARASIM et al., 2000). Como exemplo desta
utilização dos computadores, temos o CSILE (Computer-Supported Intencional
Learning Environments) (BRANSFORD, BROWN e COKING, 2000).
O uso da internet na escola para além de facultar a utilização de
documentação atualizada, permite o acesso a bibliotecas digitais que
complementam ou substituem bibliotecas escolares pouco equipadas (Ringstaff e
Kelley, 2002). São frequentemente enumeradas como fragilidades da internet o fato
de constituir um emaranhado amorfo e caótico de informações, onde predominam as
opiniões em detrimento dos fatos, dada a liberdade de criação de páginas web, onde
cada um escreve ao sabor das suas paixões e convicções.
Machado (2006) salienta que apesar dos ambientes com recurso à
internet facultarem potencialidades educativas, há que ter em atenção alguns
problemas que podem surgir, tais como o excesso de informação e a falta de
qualidade da informação, opinião esta partilhada por Bartolomé (2005) e também
Silva (2002). Levy (2000) acrescenta ainda o problema do isolamento, da
28
dependência (vício da navegação) e ainda da dominação (domínio quase
monopolístico das potências econômicas sobre importantes funções da rede).
Ainda que existam obstáculos, consideramos os aspectos positivos que
podemos permitir. O site é uma ferramenta pedagógica que possibilita aos
professores acesso integral e gratuito aos conteúdos podem acessar diversos
canais para atualização de conteúdo e troca de experiências.
2.4 A internet como meio facilitador da comunicação
Machado (2006) salienta que a internet veio facilitar a comunicação na
escola em vários níveis: professores, alunos, escola e os responsáveis pelos alunos
(pais ou encarregados de educação). Para os responsáveis, é mais prático saber o
que os seus educandos estão a fazer na escola, acompanhar o processo de
aprendizagem e saber quais são os seus compromissos para com a escola.
Esta é sem dúvida uma grande vantagem, sobretudo se tivermos em
conta o ritmo da vida moderna, que deixa tão pouco tempo aos pais para se
deslocarem às escolas, contatarem com os professores e saberem todo o tipo de
informações tais como calendário escolar, horários das turmas, datas de reuniões,
etc. Podemos assim dizer que a internet veio facilitar o processo de comunicação
entre toda a comunidade escolar.
Há uma década, computador em escola brasileira era, quando muito,
privilégio de elite. Seu uso praticamente se restringia a processar textos e a internet
era novidade absoluta. Hoje esses recursos são os mais básicos de uma enorme
gama de opções. As escolas públicas com laboratório de informática ainda são 11%
do total, segundo o Ministério da Educação. Mais cedo ou mais tarde, contudo, eles
estarão em toda a rede de ensino.
29
Fazer parte dos novos tempos não depende apenas de equipamentos
modernos. A interação que eles permitem pede uma revisão dos métodos
tradicionais de ensino. Quanto mais se mantiverem os hábitos que relegam o aluno
a um papel meramente receptor, menos diferença a tecnologia fará no aprendizado.
Em muitas escolas, os computadores ficam durante a maior parte do tempo
confinado a salas que só se abrem para aulas de informática, sem se incorporar ao
projeto pedagógico. É como deixar trancados os livros da biblioteca ou limitar seu
uso ao processo estrito de alfabetização.
Em geral, crianças e jovens sabem aproveitar por conta própria as
oportunidades oferecidas pelo mundo digital, ainda que - claro - com propósitos
recreativos. Segundo o Comitê Gestor da Internet no Brasil6, dos 32,1 milhões de
usuários da rede no país, a maioria é jovem. Alguns professores ficam constrangidos
diante dessa desenvoltura, mas não há razão para isso. "O que o estudante quer é
ser orientado e ouvido, e não provar que entende mais de computador", diz
Fagundes (2010), do Laboratório de Estudos Cognitivos do Instituto de Psicologia da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
O papel do professor, portanto, é dar um sentido ao uso da tecnologia,
produzir conhecimento com base em um labirinto de possibilidades. "O computador
trouxe novas situações de aprendizagem que o professor deve gerenciar", diz
Fichmann(2010), da Escola do Futuro da Universidade de São Paulo. É possível, por
exemplo, estimular o raciocínio lógico com jogos virtuais, ou criar páginas na internet
para a garotada publicar seus textos, os famosos blogs.
A tela em que trabalhamos e vemos televisão (Netputer ou WebTV)
aproxima áreas tecnológicas que até agora estavam separadas. A chegada da
6 Disponível em: http://www.cgi.br acesso em 07/02/2011
30
Internet à TV a cabo, sem dúvida, foi um marco decisivo para visualizar imagens em
movimento e sons, integrando o audiovisual, a hipermídia (combinação de hipertexto
e multimídia, portanto, um sistema de obtenção de informação que provê acesso a
textos, gravações de áudio e vídeo, fotografias e gráficos), o texto linkado (palavra
ou ícone destacado em um texto que remete a uma conexão com outra informação
em outro texto) e a narrativa do cinema e da TV.
As universidades se abrem para o mundo, professores e alunos começam
a intercomunicar-se, a trocar informações, a participar de pesquisas, de projetos em
conjunto. A educação continuada é facilitada pela possibilidade de integração de
várias mídias, acessando-as tanto em tempo real como assincronicamente, isto é,
no horário favorável a cada indivíduo, facilitando o contato entre educadores e
educando.
Na Internet encontram-se vários tipos de aplicações educacionais: de
divulgação, de pesquisa, de apoio ao ensino e de comunicação. A divulgação pode
ser institucional ou particular, a pesquisa pode ser feita individualmente ou em
grupo; ao vivo durante a aula ou fora da aula; pode ser uma atividade obrigatória ou
livre. Nas atividades de apoio ao ensino, pode-se conseguir textos, imagens, sons e
tema específico do programa, utilizando os como um elemento a mais, junto com
livros, revistas e vídeos. A comunicação se dá entre professores e alunos, entre
professores e professores, entre alunos e outros colegas da mesma ou de outras
cidades e países. A comunicação se dá com pessoas conhecidas e desconhecidas,
próximas e distantes, interagindo esporádica ou sistematicamente.
Há um pouco de confusão entre tecnologias interativas e processos
interativos. Uma tecnologia pode ser profundamente interativa, como por exemplo, o
telefone, que permite o intercâmbio constante entre quem fala e quem responde.
31
Isso não significa que automaticamente a comunicação entre pessoas pelo telefone
seja interativa no sentido profundo.
Mas, na prática, se uma escola mantém um projeto educacional
autoritário, controlador, a Internet não irá modificar o processo já instalado. A
Internet será uma ferramenta a mais que reforçará o autoritarismo existente: a
escola fará tudo para controlar o processo de pesquisa dos alunos, os resultados
esperados, a forma impositiva de avaliação, não possibilitando a construção do
conhecimento.
Faremos com as tecnologias mais avançadas o mesmo que fazemos
conosco, com os outros, com a vida. Se somos pessoas abertas, utilizaremos as
tecnologias para comunicar-nos mais, para interagir melhor. Mas se somos pessoas
fechadas e desconfiadas, utilizaremos as tecnologias de forma defensiva e
superficial.
Se formos pessoas autoritárias, utilizaremos as tecnologias para
controlar, para aumentar o nosso poder. O poder de interação não está
fundamentalmente nas tecnologias, mas nas nossas mentes.
Ensinar com a Internet será uma revolução, se mudarmos
simultaneamente os paradigmas educacionais. Caso contrário, servirá somente
como um verniz, um paliativo ou uma jogada de marketing. As profissões
fundamentais dos próximos anos serão as ligadas à educação, à informação e à
comunicação.
Pessoas diferentes aprendem de maneira diferente em diferentes
períodos de tempo. É importante apresentar a informação de maneiras diferentes
para que as pessoas possam absorvê-la.
32
É interessante perceber que estas tecnologias tão disseminadas na
sociedade estão trilhando o caminho inverso de outro tipo de tecnologia essencial
para a educação: a escrita. Conhecida por inicialmente ser de uso exclusivo
daqueles detentores do poder (o clero, principalmente), foi a escola quem a
democratizou que a expandiu para o conhecimento do povo. Já estas novas
tecnologias, ao invés de sair da escola e ir de encontro à sociedade, sofrem uma
pressão da sociedade em favor de sua entrada na escola.
Observa-se que os alunos, fora da escola, estão permanentemente em
contato com tecnologias cada vez mais avançadas, onde a máquina transforma,
modifica e até substitui as tarefas humanas. Enfatizam-se aqui, as Tecnologias de
Comunicação que, de maneira lúdica imprimem nesses alunos uma educação
continuada. São exemplos disto, os filmes ou documentários em vídeos, os
programas de TV, o rádio, o computador e a Internet. Esses recursos tecnológicos
de comunicação estão presentes na vida cotidiana da maioria dos cidadãos e não
podem ser ignorados ou desprezados. A vantagem da utilização dessas tecnologias
de comunicação na escola é a possibilidade de estar conectado com as
transformações que estão ocorrendo na sociedade.
Consideremos sendo este momento como o da terceira revolução
causada pela tecnologia no campo educacional: a primeira decorrente da escrita; a
segunda advinda da invenção da imprensa; e esta decorrente da invenção e meios
de comunicação eletrônicos que, agora, convergem todos para o computador.
O computador é a primeira invenção humana que faz mais de uma coisa:
pode ajudar a "costurar" as diferentes matérias curriculares, auxiliando a tratar a
interdisciplinaridade; pode trazer os alunos de volta ao prazer de ler e escrever
textos; pode interconectar escolas; pode servir como ferramenta para auxiliar os
33
professores na apresentação de conceitos complexos que exijam desenhos e sons
para sua melhor compreensão e muito mais.
Podemos também fazer uso de recursos como apresentação de
animações e teleconferências, enfim, uma infinidade de novas estratégias de ensino
surgem a cada momento. Ou seja, utilizando os recursos multimídia que o
computador nos oferece, podemos organizar planos de ensino muito mais ricos,
apoiados no fato de que a interatividade que conseguimos entre o aluno e o objeto
de estudo é muito maior quando nos utilizamos de uma ferramenta como o
computador. A informática em educação nos presta a evitar a mera replicação de
situações tradicionais de ensino, propondo novas abordagens.
Trata-se de um instrumento que possibilita o aumento da motivação dos
alunos e que cria atividades que são oportunidades especiais para aprender e
resolver problemas, colocando o aluno em contato senão direto, pelo menos mais
próximo do objeto do conhecimento que muitas vezes só é possível utilizando
apenas giz e saliva.
Para Castells (2002, p.71):
“O que se pretende, então, é que a internet seja incorporada aos ambientesda escola como uma tecnologia intelectual de grande potencial,enriquecedora das atividades desenvolvidas pelos alunos. Um dosdiferenciais apresentados pelo uso da informática comparado ao uso dastecnologias até então utilizadas na escola, é a possibilidade que ela oferece de ampliar as relações com os objetos do conhecimento”
Sendo assim, a forma tradicional de transmissão do conhecimento
encontra dificuldades para atingir seus objetivos e os recursos multimídia vêm de
encontro com aquela necessidade latente da escola em se renovar pelo fato de
viabilizar a criação, o aprendizado, e o raciocínio dos usuários, através de
aplicações bem dinâmicas e estruturadas que prendem a atenção dos alunos.
34
Principalmente com a utilização da Internet e dos recursos de hipermídia,
o computador se torna um grande facilitador do processo de ensino-aprendizagem
promovendo seu enriquecimento, já que estas ferramentas possibilitam ao aluno
buscar por si só o aprofundamento do estudo em determinado assunto, ganhando
mais autonomia e consequentemente, construindo a aprendizagem de acordo com
suas próprias necessidades.
Ao professor, selecionar o conteúdo a ser aplicado, expandindo-o até
onde lhe pareça necessário e/ou conveniente e utilizá-lo com aspecto facilitador da
aprendizagem de um conteúdo impossível de se praticar ou de difícil assimilação
dentro da disciplina de Educação Física, são algumas das vantagens.
Segundo Brasil (1997) as relações entre Educação Física e sociedade
passaram a ser discutidas sob a influência das teorias críticas da educação,
questionando-se seu papel e sua dimensão política. Ocorreu então uma mudança de
enfoque, tanto no que diz respeito à natureza da área quanto no que se refere aos
seus objetivos, conteúdos e pressupostos pedagógicos de ensino e aprendizagem.
No primeiro aspecto, se ampliou a visão de uma área biológica,
reavaliaram-se e enfatizaram-se as dimensões psicológicas, sociais, cognitivas e
afetivas, concebendo o aluno como ser humano integral. No segundo, se abarcaram
objetivos educacionais mais amplos (não apenas voltados para a formação de um
físico que pudesse sustentar a atividade intelectual), conteúdos diversificados (não
só exercícios e esportes) e pressupostos pedagógicos mais humanos (e não apenas
adestramento).
Atualmente se concebe a existência de algumas abordagens para a
Educação Física escolar no Brasil que resultam da articulação de diferentes teorias
35
psicológicas, sociológicas e concepções filosóficas e buscam dar corpo ao objeto de
estudo desta disciplina.
Os avanços tecnológicos se encontram em constante evolução, neste
contexto surgiu a INTERNET, que é composta por meios de comunicação,
ferramentas tecnológicas, informática de modo geral e vídeo games, assim a escola
tenta se inserir neste âmbito a partir da utilização dos meios que compõem a Internet
e por consequência estes vão se tornando agentes do desenvolvimento de aulas da
disciplina de educação física escolar. Procura-se buscar uma reflexão quanto ao uso
destes meios dentro da disciplina de educação física, pois sabe-se que existe dentro
da disciplina conteúdos que são impossíveis de se abordar na prática escolar.
Não se deve negar aos alunos o acesso a estes meios, por isso os
profissionais da área de educação física devem estar preparados, não apenas para
saber manusear os recursos da Internet, mas também deve estar capacitado a
apresentar o que é veiculado na mídia de maneira a possibilitar uma reflexão aos
alunos e uma intervenção usando estes meios onde pode-se inserir os diversos
conteúdos referentes à educação física procurando buscar a essência dos
conteúdos deixados em segundo plano, pela impossibilidade de serem abordados
na prática.
36
3
ESTUDO DE CASO
Esta pesquisa foi desenvolvida tendo como objeto de estudo a Escola
Municipal de Ensino Fundamental Eça de Queirós, em Lucas do Rio Verde-MT,
direcionado as aulas de Educação Física, especificamente as ministradas
teoricamente nas turmas de 6ª a 8ª séries. Nestas turmas, a carga horária das aulas
de Educação Física corresponde a três aulas semanais, sendo duas aulas práticas e
uma teórica, sendo que esta pesquisa foi aplicada na aula teórica.
Foram selecionados conteúdos que não são praticados na escola, mas
que se encontram na proposta curricular, e que precisam ser apresentados aos
alunos de alguma maneira.
Em meio a sua estrutura física a escola Eça de Queirós possui um
laboratório de informática com 21 máquinas, conectadas em rede e com acesso a
internet ADSL 2mb do Governo Federal, onde as aulas teóricas de Educação Física
puderam ser ministradas. Também se faz necessário ressaltar que a escola possui
uma sala de audiovisual onde se pode ministrar aulas que necessitam de recursos
multimídia.
3.1.Etapas
A primeira etapa do trabalho foi identificar na proposta curricular, por meio
de discussões nas formações continuadas e na elaboração dos planejamentos da
rede municipal de educação os conteúdos que não são possíveis de serem
37
praticados mas que precisam ser abordados na disciplina, apresentados na Tabela
1.
Tabela 1: Lista de Conteúdos de Difícil Prática em Sala de Aula
BLOCO DE CONTEÚDO ATIVIDADES SÉRIESMovimentos socialmente
construídosLutas como Greco-Romana, Sumo,
Judô6 e 7
Ginástica Olímpica, Rítmica 6Atividades rítmicas e
expressivasDanças regionais de diversos lugares
do mundo6,7 e 8
Esportes Esportes praticados no gelo,Futebol Americano, Rúgbi, Beisebol,
Hipismo, Aquáticos, Provas deAtletismo, Esportes Radicais e
Automobilismo
6,7,e 8
A Tabela 1 destaca os blocos de conteúdos que não são possíveis de
serem praticados nas aulas por diversos aspectos como: falta de equipamentos
necessários, local apropriado, domínio do docente, influência da regionalidade
cultural, entre outros.
Destacam-se também outros temas como cuidados com o corpo,
doenças, nutrição, anatomia e fisiologia; que são difíceis de abordar apenas de
forma explicativa.
A segunda etapa foi realizar uma pesquisa bibliográfica para demonstrar
como os recursos da rede mundial de computadores poderiam auxiliar no processo
ensino- aprendizagem (apresentada no capítulo II).
Na terceira etapa (estudo de caso) foi proposta uma metodologia para
utilizar a internet como ferramenta educacional na área de Educação Física nas
turmas do Ensino Fundamental II, especialmente nas aulas teóricas.
A metodologia das aulas foi desenvolvida da seguinte forma: seguindo o
planejamento anual, o professor possui horas atividades que antecedem suas aulas,
destinadas a melhor preparação das mesmas. Nessas horas foi realizada uma
38
pesquisa na internet referente aos conteúdos que não costumam ser abordados na
prática e uma coleta de informações tais como, imagens, vídeos e depoimentos.
Na sequência foram elaboradas aulas com as informações pesquisadas
na internet e criou-se uma apresentação em forma de slides, por meio de um
software de apresentação. Essas aulas agregam desde a parte teórica, como
imagens, vídeos, depoimentos, tudo seguindo uma sequência nos slides de maneira
que o professor consiga se orientar, e os alunos possam ter o maior número de
informações possíveis.
Projetos também foram desenvolvidos para serem aplicados nas turmas,
como “Aprendendo Xadrez no Computador”, “”Atividade Física, Males e Benefícios”,
“Ginática Ritmica no Brasil”. A seguir apresentamos em detalhes o Projeto Eça de
Queirós na Copa 2010, que foi aplicado nas 6ª, 7ª e 8ª séries do Ensino
Fundamental de 8 anos.
TÍTULO DO PROJETO: EÇA DE QUEIRÓS NA COPA 2010.
OBJETIVO: Possibilitar aos alunos da escola Eça de Queirós conhecer o
país que sediará a Copa do Mundo de Futebol e também a trajetória histórica deste
evento, por meio de recursos da rede internet.
DISCIPLINAS ENVOLVIDAS: História, Geografia, Informática, Educação
Física e Língua Portuguesa.
CONTEÚDOS:
• Localização espacial;
• Estudo das regras do futebol;
• Conhecimento histórico esportivo;
39
• Pesquisa histórica sobre grandes jogadores e curiosidades do
campeonato;
• Produção de texto;
• Diversidade cultural.
PÚBLICO ALVO: 6ª, 7ª e 8ª séries do Ensino Fundamental de 8 anos.
NÚMEROS ESTIMADO DE ALUNOS: 512 ALUNOS.
TEMPO ESTIMADO: 9 aulas de 50 minutos cada.
MATERIAL: Computadores com acesso a internet, pacote Office ou
BrOffice e Google Earth.
DESENVOLVIMENTO:
É essencial combinar com os outros professores as datas e a ordem das
realizações de cada etapa das atividades do projeto, que serão descritas a seguir:
1ª ETAPA - apresentar o projeto aos alunos e o cronograma de realização
das atividades.
2ª ETAPA - dividir os alunos nos computadores e auxiliar para que criem
suas contas de e-mail e pastas para arquivar seus trabalhos. Explorar com os alunos
os programas do pacote que serão utilizados no decorrer das atividades.
3ª ETAPA – por meio de um site de busca os alunos pesquisarão sobre a
história das Copas do Mundo de Futebol, coletando e arquivando dados importantes.
4ª ETAPA - através de um site de busca os alunos pesquisarão sobre o
país sede dos jogos a África do Sul, coletando e arquivado dados importantes sobre
o país.
5ª ETAPA – com o Google Earth os alunos localizarão a África do Sul e
os locais de competição.
40
6ª ETAPA - elaborar um relatório em um editor de textos contendo os
dados da pesquisa e enviar por e-mail aos professores.
7ª ETAPA - criar por meio de um conjunto de slides em um software de
apresentação para apresentar as conclusões das atividades desenvolvidas e
apresentar no seminário final.
AVALIAÇÃO:
Verificar se os alunos coletaram dados importantes para a composição
dos trabalhos e se conseguiram estabelecer uma noção abstrata de localização da
África do Sul e explorar seus pontos principais e principalmente se aprenderam
sobre o histórico do esporte, mudanças de regras e sobre os grandes jogadores do
futebol mundial.
O seminário final de conclusão dos trabalhos contou com a união de
todas as turmas envolvidas, para que todos possam se apropriar dos resultados e
visualizar novas maneiras e direções de pesquisa via web.
3.2.Resultados e Discussões
Após o desenvolvimento do projeto Eça de Queirós na Copa 2010 em 8
turmas do Ensino Fundamental II, totalizando 510 alunos, aplicou-se um
questionário buscando identificar o perfil dos alunos envolvidos no projeto, bem
como suas dificuldades e/ou facilidades de utilizar o computador, principalmente a
internet nas aulas teóricas de Educação Física.
Aplicado no momento da aula e após os trabalhos acima citados terem
sido desenvolvidos e analisado pela pesquisadora o questionário que é composto de
questões objetivas e encontra-se no Apêndice A deste trabalho, os resultados
obtidos encontram-se detalhados nesta seção.
41
As perguntas 1, 2 e 3 buscaram identificar o perfil dos alunos pela faixa
etária, sexo e série, e foi possível observar a predominância do sexo masculino, com
idade entre 13 e 15 anos, cursando a 7ª. Série do EFII, como ilustra os Gráficos 1, 2
e 3.
0
100
200
300
400
500
até 12 anos13 a 15 anos
mais de 15anos
Gráfico 1 – faixa etária
0
200
400
600
femininomasculino
Gráfico 2 - quantidade de pessoas por sexo
42
0
50
100
150
200
250
6ª SÉRIE7ª SÉRIE
8ª SÉRIE
Gráfico 3 – quantidade de alunos por série
O gráfico 4 mostra que a maioria dos alunos acessa a Internet em casa e
em segundo plano em espaços de lan house. Cerca de 10% dos alunos, totalizando
52 alunos não possuem acesso a internet.
050
100150200250
300
CASALAN HOUSE
OUTROS
Gráfico 4 – número de alunos x local de acesso à internet
Já os Gráficos 5 e 6 mostram que a maioria dos alunos acessa a rede
diariamente no período vespertino, ficando evidente a facilidade que os alunos
possuem em interagir com rede.
43
0100200300400
Gráfico 5 - frequência de acesso à internet
0
50
100
150
200
250
MATUTINOVESPERTINO
NOTURNO
Gráfico 6 - período do dia em que mais acessa a internet
Os resultados ilustrados no Gráfico 7 comprovaram que cerca de 85%
dos entrevistados acessam a rede com objetivo de entretenimento, principalmente
para jogos.
44
0100200300400500
Gráfico 7 - motivo de acesso à internet
Nos Gráficos 8, 9, 10 e 11 é possível observar que a maioria dos alunos
acredita que podem aprender melhor por meio da Internet, em comparação a outros
meios convencionais de estudo, afirmando que a imagem é fundamental para o
aprendizado e que a tecnologia associada à educação é o caminho para deixar o
estudo mais motivador, evidenciando que o meio influencia na motivação dos
alunos.
0
100
200
300
400
500
SIMNÃO
ÀS VEZES
Gráfico 8 - aprendendo através da internet
45
0
100
200
300
400
500
VENDOOUVINDO
FAZENDO
Gráfico 9 – meios de aprendizagem
0100200300400500
Gráfico 10 - aprender educação física com a internet
Contudo, com a aplicação do questionário verificou-se que a escola e os
saberes por ela distribuídos na forma tradicional, ou seja, sem a utilização dos
recursos computacionais, principalmente em relação à Internet, quase não
apareceram nas respostas dos participantes da pesquisa, demonstrando que os
métodos de ensino antigo não atraem os jovens de hoje. Portanto, as aulas por meio
de métodos convencionais, isto é, que utilizam apenas livros e aulas expositivas com
uso do quadro negro, não motivam os alunos, o que pode comprometer a
aprendizagem.
46
De acordo com o autor, “[...] talvez o pouco valor que os jovens conferem
ao aprendizado de conteúdos curriculares não seja resultante do seu ‘desinteresse’,
e sim da sua dificuldade de encontrar um ‘sentido’ para aquilo que os professores
ensinam” (CHARLOT, 2001, p. 47).
Alguns depoimentos dos alunos são importantes destacar, como de um
da sétima série, que disse: “A internet está presente em todo lugar, e hoje é o meio
de comunicação que mais chama a atenção do jovem, e pode ser utilizada para
tudo, principalmente nas aulas, acredito que no futuro a escola terá aulas apenas
com o uso da Internet, aposentando os livros de papéis.”
Mais adiante se tem outro depoimento de uma aluna da 6ª série: “[...] com
a ajuda da Internet fica tudo mais fácil de entender, sempre morei aqui que é bem
calor e não tenho noção de cidades com gelo, até a professora abordar os esportes
no gelo, nossa parece que eu estava lá.”
Outro fator que merece destaque na pesquisa, foi que a maioria dos
alunos afirma que a tecnologia cresce a cada dia e a escola parece não
acompanhar, citaram também que muitos deles possuem celulares, vídeo game,
computadores em casa ou freqüentam a lan house, e que tudo que precisam
recorrem à internet e sabem do potencial que ela tem; mas a escola parece que
evita esses meios que tornam mais atraentes e significativas as aulas.
Tendo em vista a importância do tema, verificou-se por meio estudo de
caso, direcionado as aulas teóricas de educação física na escola, procurando
identificar a utilização da internet como ferramenta educacional adequada. Toda
pesquisa procurou sintetizar a importância da internet nas aulas de Educação Física
teóricas.
47
Perguntar pelos motivos em razão dos quais os alunos justificam o
interesse ou desinteresse por algum conteúdo em Educação Física pode se
constituir como um ponto para auxiliar a responder se Internet é uma eficaz
ferramenta educacional para a Educação Física no ambiente escolar e sua
justificativa como componente curricular.
Questionar sobre o interesse ou desinteresse dessa disciplina para os
alunos pode revelar o sentido que a ela é atribuída e o que os alunos compreendem
como os saberes que deveriam ser tematizados/ensinados nas aulas de Educação
Física, para tanto deve-se driblar os obstáculos de ensinar conteúdos impossíveis de
se praticar nas aulas.
Conhecer e ingressar no mundo das crianças é condição para que
possamos planejar e propor atividades e interações que realmente promovam a
participação e a integração não apenas dos alunos mas também da disciplina de
Educação Física com a vida deles.
Partindo deste pensamento e considerando a importância que a internet
tem hoje na vida dos jovens, dentro do papel de educadora somando com o
potencial educativo da rede com as aulas de educação física resultou na motivação
e busca pela construção do conhecimento.
Durante as horas atividades as aulas eram preparadas utilizando
programas de apresentação, pesquisa na internet (captura de textos, imagens,
vídeos), bem como a preparação com auxílio da professora de informática do
laboratório. A cada aula aplicada os erros eram sanados e os acertos explorados em
outras aulas.
48
Um dos pontos importantes da pesquisa, se deu a partir das trocas de
experiências, pois mesmo que aula estivesse preparada os alunos sempre tinham
algo novo a contribuir e a participação deles foi total.
O prazer que os alunos tinham em buscar, pesquisar sobre o conteúdos e
principalmente no final de cada aula sempre se mostravam ansiosos para que
chegasse logo a próxima aula, confirmando assim o potencial educativo da internet
nas aulas de educação física.
De acordo com o autor Charlot (2000 p. 66), [...] ante esses objetos,
essas atividades, esses dispositivos e formas, o indivíduo que “aprende” não faz a
mesma coisa; o aprendizado não passa pelos mesmos processos. Existe aí um
problema cuja dimensão não é apenas cognitiva e didática.
Assim, a definição de aprender de cada professor, depende de um
modelo que caracteriza suas concepções sobre aprender. PORLÁN & RIVERO apud
MORAES (1999), afirmam que as concepções sobre aprender podem ser agrupadas
em cinco grandes modelos, e a seguir será feito um breve apanhado das
características de cada um deles, a saber:
� Receptiva
� Por assimilação
� Por descoberta
� Por substituição de conhecimentos, e
� Por construção.
No modelo de aprendizagem receptiva o processo de aprendizado é
caracterizado pela memorização de conteúdos, pela acumulação de conhecimentos.
Assim a aprendizagem acontece pela retenção a partir da fala do professor, onde os
conhecimentos anteriores dos alunos são desconsiderados ou considerados
errôneos.
49
O modelo de aprendizagem por assimilação valoriza o estabelecimento
de relações com conhecimentos escolares anteriores, valorizando a aprendizagem
significativa (aquilo que pode ser conectado com aprendizagens escolares
anteriores). Assim, aprender por assimilação é apropriar-se de um conhecimento
novo, e o fato de aplicar aquele novo conhecimento, evidencia o aprendizado.
A aprendizagem por descoberta enfatiza a descoberta de princípios e
conceitos por meio do esforço do próprio aluno, valorizando a experimentação e o
trabalho prático como fatores facilitadores do aprendizado.
Na aprendizagem por substituição de conhecimentos já existentes,
considera-se que cada aluno constrói conhecimento ao longo de sua vida,
entretanto, esses conhecimentos são considerados como errôneos ou informais por
não atenderem aos critérios de validade de conhecimentos científicos. Assim,
aprender neste modelo consiste em substituir as concepções erradas ou
espontâneas pelos conhecimentos científicos.
Já no modelo de aprendizagem por construção (aprendizagem por
evolução de conhecimentos) valorizam-se os conhecimentos prévios dos alunos,
tomando-os como ponto de partida para a construção de novos conhecimentos.
Assim, aprender é tornar mais complexo o conhecimento cotidiano, fazendo com
que a aprendizagem ocorra por mudanças conceituais, no sentido de evolução de
conceitos já existentes.
Nos modelos de aprendizagem receptiva, por assimilação e por
descoberta, entende-se que o conhecimento se origina no meio (ou ambiente), e o
aluno o capta, assimila, absorve ou o descobre. Mesmo no modelo por descoberta,
onde o aluno tem uma atitude mais participativa, ele só pode descobrir o que o meio
lhe oferece, algo que já está pronto na realidade, e por ele é descoberto. Já os
50
modelos por substituição de conhecimentos e por construção defendem que o
conhecimento prévio influi em novas aprendizagens, e a aprendizagem é entendida
como uma construção do indivíduo, sendo essa construção resultante da interação
do aluno com o objeto de conhecimento.
De acordo com Charlot (2000) as relações epistêmicas com o saber,
inscrevem-se de duas maneiras: uma em que o saber assume forma de objeto,
principalmente por meio da linguagem escrita, e outra em que o saber se concretiza
por meio do domínio de uma atividade, ou no capacitar-se a utilizar um objeto de
forma pertinente, ou seja, do não-domínio ao domínio. Domínio esse, segundo o
autor, que se inscreve no corpo. Citando Merleau-Ponty, Charlot (2000, p. 69) afirma
que “[...] o corpo é o lugar de apropriação do mundo, um ‘conjunto de significações
vivenciadas’, um sistema de ações em direção ao mundo, aberto às situações reais,
mas, também virtuais”. Essa relação, não necessariamente engendra um produto
que poderia tornar-se autônomo.
A relação dos alunos com os saberes compartilhados, forma de um saber-
objeto que poderia ser nomeado sem referência a uma atividade. Destacando a
relação epistêmica com o saber, projetada em termos de domínio de um objeto de
forma pertinente, ou do domínio de uma atividade, Charlot (2000) utiliza como
referência o caso da natação.
Para ele, um tipo de saber que procede da atividade da natação não está
desprendido da ação de nadar, mais especificamente “[...] aprender a nadar é
aprender a própria atividade, de maneira que o produto do aprendizado, nesse caso,
não pode ser separado da atividade” (CHARLOT, 2000, p. 69).
Os saberes que se inscrevem no corpo, por meio do domínio de uma
atividade, são mais difíceis de enunciação e muitas vezes uma enunciação
51
exaustiva é impossível. Remetendo a Schwartz, define o autor que “[...] nem tudo
pode ser enunciado, subsistindo uma fronteira entre ‘experiência’ e ‘conhecimento’
[...]” (CHARLOT, 2000, p. 75) o que, por outro lado, indica que “[...] a apropriação do
enunciado, por mais exaustiva que seja, nunca é equivalente ao domínio da
atividade” (CHARLOT, 2000, p. 70).
Do mesmo modo, a figura do aprender que se projeta em termos de
dispositivos relacionais, como “[...] aprender a ser solidário, desconfiado,
responsável, paciente [...], a mentir, a brigar, a ajudar os outros [...]” (CHARLOT,
2000, p. 70) faz parte dos processos epistêmico da relação com o saber e, nesse
caso, assim como no anterior, [...] aprender é passar do não-domínio para o domínio
e, não, constituir saber objeto.
Trata-se, dessa vez, porém, de dominar uma relação com os outros e
reciprocamente. Aprender é tornar-se capaz de regular essa relação e encontrar a
distância conveniente entre si e os outros, entre si e si mesmo; e isso, em situação
(CHARLOT, 2000, p. 70).
Analisando as respostas dos alunos que responderam ao questionário,
pode-se perceber a dificuldade que eles possuem em transformar o que sabem, o
que aprenderam no seu processo de escolarização em relação à Educação Física,
em linguagem escrita fica evidentemente facilitado com ajuda da internet, sendo pelo
professor na elaboração de suas aulas ou na interação dos alunos com a rede..
Acredita-se que tal fato muito se deve ao tipo de figura do aprender que é mobilizado
por meio dessa disciplina.
Os saberes tematizados pela Educação Física são, em sua maioria,
saberes que se projetam por meio do domínio de uma atividade, no caso as
atividades que demandam controle e uso do corpo e dos movimentos, em que não
52
existe referência a um saber-objeto, pelo menos por parte dos alunos, mas à
capacidade de saber usar um objeto de forma pertinente.
Então o caso não é indicar o que os alunos não conseguiram definir
como suas aprendizagens em relação aos saberes compartilhados pela Educação
Física, mas pedir que demonstrem o que sabem fazer com os objetos, ou quais
atividades sabem realizar.
Desse modo, uma possibilidade que se abre para futuras investigações,
quando se buscar compreender o que os estudantes sabem, ou conseguiram
sistematizar sobre a Educação Física no seu processo de escolarização, não é
apenas inquirir para que falem de, mas que façam com.
Os conhecimentos com os quais a disciplina Educação Física lida, como
os esportes, jogos, danças, lutas e ginástica, são atividades constantemente
submetidas à mini variações de situações de aplicação, por isso, como indica
Charlot (2000), a dificuldade de expô-las integralmente em forma de enunciados.
Outro fator que demarca uma posição diferenciada da disciplina
Educação Física em relação às demais disciplinas escolares é o fato de ela se
desenvolver fora do ambiente de sala de aula.
Quando perguntados por que gostavam da aula de Educação Física, as
respostas dos alunos, em sua maioria, caminharam na direção de apontar o
momento da aula desta disciplina, é o momento no qual se sentem mais livres, mais
propensos a novas experiências sociais, aos estímulos e relações em grupo.
Disseram que gostam da Educação Física por estimular o trabalho em grupo, por ser
capaz de integrá-los a partir de objetivos comuns, porém promovendo o
entretenimento.
53
Como se percebe, o estatuto da Educação Física diferencia-se das outras
disciplinas, pois os saberes com os quais trabalha, mesmo que não se dê conta
disso, organizam-se em uma esfera diferente do ponto de vista epistêmico.
Seus saberes não tomam forma de saberes-objetos, mas inscrevem-se
como saberes de regulação, relacionais para consigo mesmo e para com os outros,
e mesmo “[...] os locais nos quais a criança aprende possuem estatutos diferentes
do ponto de vista do aprendizado” (CHARLOT, 2000, p. 66-67). Com relação à sala
de aula, à quadra ou ao pátio, apenas os dois últimos, na visão dos alunos, podem
propiciar a um mesmo tempo distrair, fazer a prática dos esportes e ser local de
aprendizagens relacionais.
54
4
CONCLUSÕES
Sem dúvida nossa sociedade está muito modificada se comparada com
aquela de algumas décadas atrás. Estima-se que o conhecimento adquirido no
último século foi equivalente àquele obtido durante toda a história da humanidade.
Trazendo assim inúmeras consequências para as pessoas.
Nosso mundo é dinâmico, mas para estarmos bem adaptados a ele
precisamos cada vez mais ter noção do conhecimento geral acumulado e estar
aptos para assimilar, em velocidade cada vez maior, conhecimentos específicos
importantes para nossas pseudo-profissões (estas mesmas estão se transformando,
surgindo, desaparecendo de maneira surpreendente).
As crianças também estão vivendo nesse turbilhão, expostas a uma mídia
muitas vezes sem escrúpulos, sem valores éticos e morais, mas que incute suas
mensagens com a ajuda de tecnologias eficientes. Não se pode negar que dentro
dessa parafernália existem iniciativas louváveis que conseguem ao mesmo tempo
cativar as crianças e transmitir suas mensagens educativas. Contudo, esse
dinamismo em geral passa longe das salas de aula. Escolas e professores têm de
competir com esse mundo superficial de distrações para despertar interesse e
motivar as crianças.
Os professores são responsáveis pela preparação dos novos cidadãos,
eles deveriam ter condições de repensar os currículos quase que anualmente para
adaptá-los a novas realidades, deveriam usar as mesmas "armas" na transmissão
55
do conhecimento que as mídias (e ter treinamento para tal), e estabelecer uma
comunicação intensa com a sociedade em geral e com seus pares. Em vez disso,
chegamos a um modelo de escola no qual os professores passam quase todo o seu
tempo dentro de salas de aula aplicando conhecimentos adquiridos há muito e
pouquíssimas vezes atualizados ou reciclados, ficando claro que um dos setores
menos sensíveis ao desenvolvimento tecnológico desta sociedade é o sistema
educacional. Para adaptar a educação ao mundo atual são necessárias
transformações no processo educacional.
Para que os cidadãos de hoje se integrem ao mundo em que vivem
espera-se que sejam críticos, bem informados, trabalhem de modo harmonioso em
grupos e reciclem continuamente seus conhecimentos, mostrando-se aptos a
desenvolver raciocínios cada vez mais complexos. As novas diretrizes da educação
brasileira indicam esforços nesse sentido.
Pelo simples fato de se agregar tecnologia à educação já se tira a inércia
do processo educacional, pois o agente transformador se vincula ao processo.
Como consequência, aparece naturalmente uma valorização do ensino e em
particular do papel do professor junto à sociedade. O uso efetivo de tecnologia serve
também para eliminar desigualdades impostas por condições socioeconômicas ou
geográficas. Além disso, estudos de casos confirmam que as novas tecnologias
apoiam processos de raciocínio mais complexos, estimulam a motivação e a
autoestima, preparam os estudantes para o futuro e favorecem mudanças na
estrutura escolar.
Por suas características, a Internet pode se tornar imprescindível ao
processo educacional em seu conjunto. Ela possibilita o uso de texto, sons, imagens
e vídeo para a transmissão de conhecimentos. Permite que conhecimentos gerados
56
em qualquer parte do mundo sejam acessíveis a todos. Permite que alunos e
professores consultem especialistas em diversas áreas. Incentiva a colaboração
entre diferentes centros e culturas para a formação de conhecimento ou o trabalho
na resolução de problemas comuns. Permite que alunos mostrem seus progressos a
uma comunidade muito maior que aquela restrita a sua escola e seus pais, trazendo
motivação extra e abrindo possibilidades para métodos de avaliação mais
abrangentes.
Diante destas informações, articuladas com as práticas em sala de aula,
sempre empregando o potencial da internet como ferramenta educacional nas aulas
de Educação Física, demonstrou-se satisfatoriamente os inúmeros benefícios desta
prática como: atenção total dos alunos, satisfação em aprender, motivação para a
aula, assimilação de conteúdos prazerosamente, aproximação de situações reais
mundiais, entre outros.
Outro fator rico desta pesquisa foi o fato de que ao término da aula, os
alunos demonstraram ansiedade e interesse pela próxima aula.
Mas, é importante ressaltar aqui que o professor deve estar bem
preparado e capacitado tanto na sua área quanto como conduzirá suas aulas com
auxilio da internet, pois muitas informações serão encontradas e os alunos terão
dúvidas do conteúdo e uma grande facilidade de manuseio da rede, o profissional
tem que acompanhar o estágio que seus alunos se encontram.
Do ponto de vista dos estudantes, as mudanças são radicais. Quando
eles trabalham por projetos ou buscando informações na Internet, constroem seu
conhecimento por meio de problemas da vida real. Usam as mesmas ferramentas
que os profissionais de diversas áreas. Eles têm consciência da importância que a
sociedade dá a essa habilidade. Sabem que estão adquirindo know-how
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imprescindível para suas vidas futuras e valorizam isso. Para eles esse tipo de
trabalho é muito divertido. Os recursos da Internet permitem que produzam projetos
finais muito mais sofisticados. O aluno deixa de ser um receptor passivo de
informações e passa a ter um papel extremamente ativo. Tudo isso traz motivação e
autoestima indispensáveis para o processo de ensino-aprendizagem.
Outra habilidade favorecida pelo uso da Internet e comumente
negligenciada em aulas tradicionais é a capacidade de colaboração em trabalhos em
grupo. Projetos colaborativos desenvolvidos na Internet incentivam uma
preocupação extra com design, clareza, novas informações, argumentação
fundamentada e busca de novos recursos. Ou seja, a construção do conhecimento e
do processo de ensino-aprendizagem com a participação do próprio aluno. Quando
os projetos envolvem a comunidade ou têm objetivos sociais, o aluno se sente
recompensado pela sua contribuição social e valoriza mais a escola e a
aprendizagem.
Logicamente os alunos têm de superar barreiras, entre elas a de aprender
a lidar com a tecnologia e selecionar e usar material original. Eles também têm de
achar um ponto de equilíbrio entre a qualidade do design, o tempo despendido com
essa atividade e a produção efetiva de material interessante. A partir de alguns
relatos do uso da informática nessas situações nota-se um ambiente altamente
colaborativo entre os alunos, no qual eles se ajudam reciprocamente e incorporam
com rapidez os progressos alcançados.
Outro benefício do uso da Internet é que os alunos passam a ter mais
uma maneira de mostrar seus conhecimentos, permitindo que aqueles com
dificuldades em avaliações do tipo lógico-matemáticas melhorem seu desempenho.
Por não ser um simples exercício de decorar conteúdos, mas sim um instrumental
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para se trabalhar com o conhecimento, os alunos têm muito mais consciência do
estágio em que estão e são mais capazes, se incentivados, de fazer auto
avaliações.
A escola, como é pensada hoje, ainda não é questionada quanto à sua
forma, portanto não tem verba para redirecionamentos.
Mas existe cada vez mais a consciência, seja por parte do governo, seja
por parte da comunidade, de que devemos repensar o processo educacional para
adequá-lo aos tempos atuais. Enquanto as mudanças tiverem de ser feitas com
recursos mínimos, a Internet se mostra como uma das poucas soluções viáveis para:
atualizar professores, consultar especialistas, saber propor temas, aulas, que
aproveitem situações de momento, saber consultar bases de dados com material
original e contribuir para a mudança e melhoria do sistema. Os professores podem
expor suas experiências e dificuldades e colaborar com os colegas através de
grupos de discussão.
Os alunos se mostraram empolgados com as atividades, uma ação
diferente de sua prática nas aulas de Educação Física, mas que está presente no
seu dia-a-dia das mais diferentes maneiras, e quando trazido para dentro do
ambiente formal estabelece uma dinâmica e um vínculo importante para um
processo de reflexão sobre os conteúdos da Educação Física.
A utilização desses conceitos e desse olhar sobre o estudo, longe de
tornar simplista, mas de forma a esclarecer ao leitor o porquê dessas relações,
ocorre para que ao identificar o aluno como sujeito de um processo constante e
amplo no convívio com os conteúdos da Educação Física, ele compreenda as
estruturas e relações que estão por trás do simples contato com estes conteúdos. O
que é para ele aquele conteúdo que ele prática, que assiste, que aprende, e desta
59
forma não reduzir e compreender apenas as estruturas, mas também as relações
que se estabelecem. Indicando formas de atuação práticas que estimulem a
discussão desses temas por parte dos alunos.
Deve-se ter atenção ao trabalhar com esses conteúdos, a fim de evitar
uma reprodução sem sentido e sem reflexão, porém, como diz Ferrés (1996), a partir
das emoções que despertam e do envolvimento que provocam, pode ser um grande
instrumento.
A utilização da Internet nas escolas pode ser visto como uma extensão da
utilização de outras mídias no passado e no presente. Muitos professores utilizaram
os jornais nas disciplinas de estudos sociais, de português, para desenvolver a
capacidade de interpretação e para desenvolver a habilidade do aluno para
selecionar assuntos de interesse. Agora, os professores podem se virar para a
Internet para realizar atividades semelhantes, mas com maior potencialidade.
Aproveitando este trabalho de pesquisa, os profissionais da área de
Educação Física, podem aproximar os conteúdos da disciplina à realidade dos
alunos por meio da internet, solidificando assim o processo de ensino aprendizagem.
Também como é utilizado no esporte de alto nível o profissional pode
utilizar a rede para efetuar correções precisas nas movimentações práticas dos
alunos. E esta aproximação com o real só tem a contribuir para a assimilação dos
conteúdos, e tudo isto com auxilio da rede mundial de computadores.
Assim a introdução da Internet na escola funciona como catalisadora de
mudanças e o professor tem ganhado em motivação e autoestima, na sua
valorização como profissional. Abrem-se possibilidades para que ele ensine usando
problemas e situações mais próximas à vida real, estabelecendo contato com o
60
mundo fora da escola e aprimorando os conhecimentos cada vez mais necessários
para qualquer profissão.
61
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62
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APÊNDICE A
QUESTIONÁRIO
1. Qual a sua faixa etária?
( ) Até 12 anos ( ) 13 a 15 anos ( ) mais de 15 anos
2. Sexo:
( ) Masculino ( ) Feminino
3. Qual sua série?
( ) 6ª série( ) 7ª série( ) 8ª série
4. Em qual(is) local(is) você possui acesso à Internet?
( ) Empresa (no trabalho)( ) Em sua Casa( ) Escolas( ) Lan House( ) Outros, descreva ___________
5. Com que freqüência você acessa mais a Internet?
( ) diariamente ( ) semanalmente( ) mensalmente ( ) anualmente
6. Em qual(is) período(s) a Internet é mais acessada por você?
( ) Matutino (manhã) ( ) Vespertino (tarde) ( ) Noturno (noite)
7. Para qual(is) finalidade(s) utiliza à Internet?
( ) Pesquisas, buscas ( ) Notícias ( ) Compras virtuais ( )Entretenimento( ) Institucionais de empresas( ) Outros, descreva_________________
8. Você acredita que possa aprender conteúdos da escola através da internet?
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( )não( )sim( )às vezes
9. Como você aprende melhor?
( )Vendo( )Ouvindo( )fazendo
10. Você aprendeu melhor, com os projetos desenvolvidos nas aulas de educaçãofísica através da internet?
( )bem melhor( )normalmente( )não aprendi
11. Você se sente motivado em aulas com a utilização da internet?
( ) muito( ) sim( ) pouco( ) não
12. Deixe um depoimento de suas experiências nas aulas de Educação Física queutilizaram a internet como ferramenta educacional.
MUITO OBRIGADA!